sexta-feira, 21 de julho de 2023

REFORMA TRIBUTÁRIA NO SENADO TEM QUE CORRIGIR VÁRIOS ERROS NA APROVAÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

Número de exceções e valor total da alíquota são questões que terão de ser resolvidas

Por Rogério Werneck – Jornal Estadão

Na votação da reforma tributária na Câmara, a tropa de choque de Arthur Lira permitiu-se fazer ampla distribuição prévia de benesses. Assegurou alíquota zero sobre produtos da cesta básica e garantiu a um vasto leque de setores que eles só terão de arcar com 2/5 da alíquota padrão que vier a ser fixada.

Se a prática for replicada no Senado, há boa chance de que as contas não fechem. A essência da reforma é extinguir cinco tributos, hoje cobrados de forma caótica, sobre bens e serviços, e substituí-los por uma tributação bem concebida – e viável – sobre valor adicionado, que recaia exclusivamente sobre consumo privado.

A que alíquota o consumo terá de ser taxado para que a arrecadação da tributação do valor adicionado gere a mesma receita total que os tributos que serão extintos hoje geram? Tendo contraposto tal meta de receita ao valor potencial do consumo passível de taxação, o governo vem anunciando que, caso a nova base potencial de tributação do valor adicionado possa ser integralmente taxada, a alíquota média requerida seria da ordem de 25%.

Mas, como já ficou mais do que claro na tramitação da PEC na Câmara, não é ajuizado supor que a nova base de tributação do valor adicionado – o consumo – poderá ser integralmente taxada. Mais prudente é trabalhar com a possibilidade de que, no final das contas, o “aproveitamento” dessa base potencial seja bem inferior a 100%. Nesse caso, a alíquota média requerida passaria a ser determinada pela relação entre a meta de receita e a base potencial de consumo devidamente corrigida pelo coeficiente de “aproveitamento”.

Discussão da reforma tributária na Câmara foi acelerada
Discussão da reforma tributária na Câmara foi acelerada Foto: Lula Marques / Agência Brasil

As contas são muito simples. Mas preocupantes. Quanto menor o “aproveitamento”, maior terá de ser alíquota. Disso, não há quem não saiba. O que é menos sabido é que a alíquota aumenta rapidamente, em proporções cada vez maiores, quando o aproveitamento diminui. Se somente 90% da base potencial do consumo puder ser taxada, a alíquota requerida passará a ser 27,8%. Se a base ficar limitada a 80% do potencial, a alíquota terá de ser 31,3%. No cenário impensável de que não mais que 70% da base potencial do consumo possa ser efetivamente taxada, a alíquota requerida saltará para 35,7%.

O plano inicial de deixar a discussão das alíquotas para a tramitação de uma lei complementar, em 2024, tornou-se inviável. Boa parte dessa discussão terá de ser antecipada e cuidadosamente tratada já nos próximos meses, na tramitação da PEC no Senado. Sem tal antecipação será difícil assegurar que a reforma tributária aprovada será viável.

DERRAPADAS NAS FALAS DE LULA CAUSAM GRANDES PROBLEMAS AO GOVERNO

Veja os casos:

Especialistas avaliam que derrapadas do presidente sobre escravidão, guerra na Ucrânia, obesidade e Sérgio Moro desgastam governo e contribuem para polarização

Por Isabella Alonso Panho

As derrapadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus discursos improvisados têm abalado a imagem do governo. Para especialistas ouvidos pelo Estadão, essas declarações incendeiam a polarização política e alertam para a necessidade de Lula conter as falas não programadas.

As raízes de Lula no sindicalismo é um dos motivos que, segundo especialistas, contribuem para a sua cultura de improvisar discursos
As raízes de Lula no sindicalismo é um dos motivos que, segundo especialistas, contribuem para a sua cultura de improvisar discursos  Foto: Werther Santana/Estadão

Na quarta-feira, 19, durante a visita que o presidente fez a Cabo Verde, ele disse, durante um discurso, ter gratidão à África “por tudo o que foi produzido pelos 350 anos de escravidão” no Brasil. Lula estava ao lado do presidente do país, José Maria Neves.

“Essas situações causam um enorme desgaste do governo e da figura do Lula. A oposição fica reverberando nas redes sociais esses tipos de ‘equívocos’ – que não são somente retóricos, ou causados por um orador que não está na melhor forma, mas que muitas vezes decorrem da falta de uma melhor definição sobre determinadas políticas”, avalia o professor da Unesp Milton Lahuerta, que é doutor em Ciência Política pela USP. A articulação política do presidente no Congresso enfrentou diversos reveses nesses primeiros meses de gestão.

Para o docente, “talvez tenha chegado a hora de Lula improvisar menos”. Um comportamento mais contido e discreto, na perspectiva de Lahuerta, seria necessário para que o governo entregue o que prometeu em campanha.

“Lula não vai poder ser tão espontâneo e intuitivo. Se ele quiser fazer um um governo compatível com as expectativas que ele próprio tem, vai ter que realizar um esforço de discrição, consistência e precisão, sobretudo no que se refere ao que ele fala”, diz o cientista político.

A origem política de Lula, no operariado do ABC Paulista dos anos 1970, é um dos fatores que contribui para essa cultura de improvisos ao palanque. “Lula é de uma escola política ligada ao sindicalismo. Esse fato marcou a trajetória dele e faz com que, até hoje, ele não consiga ficar na frente de um microfone de maneira contida”, avalia o cientista político Marco Aurélio Nogueira, doutor pela USP e professor aposentado da Unesp.

“Ele é um agitador permanente e claro. Mas uma coisa é ser um agitador como liderança sindical, no meio de uma assembleia de reivindicações. Outra coisa é ser um agitador como presidente.”

O professor também aponta para o tom passional das declarações do petista como algo que contribui para o acirramento da cena política. “Isso cria um problema com a opinião pública. A maior questão que estamos enfrentando no Brasil nos últimos anos é a polarização. Esse modo de falar de Lula não é uma coisa que ajuda a dissolvê-la.”

Relembre momentos em que o presidente comete gafes que causaram desgaste político.

‘Agradecimento’ à escravidão

O “agradecimento” pela escravidão repercutiu mal, sobretudo entre parlamentares da oposição. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teve que sair em defesa do presidente. “O que Lula disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o Presidente tem insistido – e já falei com ele sobre isso – é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, disse o ministro à Coluna do Estadão.

A assessoria de Lula, em nota, disse que a interpretação da fala do presidente “é de compreensão simples para quem não tiver má vontade” e destacou ações dele na luta pela igualdade racial.

“O sentido da fala é de compreensão simples para quem não tiver má vontade. Significa que o Brasil tem uma DÍVIDA com a África de gratidão por tudo que o país teve produzido aqui e toda a herança social, cultural e na formação do povo brasileiro. O presidente já falou várias vezes sobre esse tema e tem um longo histórico de ações pela igualdade racial e pela aproximação das relações do Brasil com a África, sendo muito querido no continente, como falou o próprio presidente de Cabo Verde na ocasião”, diz a íntegra da nota.

Guerra da Ucrânia

Um dos temas que mais concentra gafes do presidente é a Guerra na Ucrânia. Durante um evento na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no dia 30 de março de 2022, Lula disse que o conflito poderia ser resolvido “tomando uma cerveja”.

“A quem interessa essa guerra? A razão dessa guerra, por tudo o que eu compreendo, que eu leio e que eu escuto, seria resolvida aqui no Brasil em uma mesa tomando cerveja. Teria resolvido aqui, senão na primeira cerveja, na segunda; se não desse na segunda, na terceira; se não desse na terceira, até acabarem as garrafas a gente ia fazer um acordo de paz”, disse Lula na ocasião.

Já na presidência, em abril deste ano, Lula disse que tanto a Ucrânia quanto a Rússia eram igualmente responsáveis pela guerra. “A decisão da guerra foi tomada por dois países”, disse o petista quando passava por Abu Dhabi.

‘Piada’ com obesidade

Em duas situações, desde o começo da gestão, o presidente fez “piadas” com a obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino. A primeira foi no dia 16 de março, durante uma plenária de lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). “A obesidade causa tanto mal quanto a fome. É por isso que Flávio Dino está andando de bicicleta”, disse o presidente na ocasião.

No dia 15 de junho, Lula repetiu o gesto durante uma reunião ministerial. “Essa reunião vai demorar pelo menos umas seis horas ou um pouco mais. Não teremos almoço. O almoço será uma comida leve servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala, os outros comem e assim a gente vai se revezando a nossa degustação na hora do almoço. O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida para ele”, disse o presidente durante a abertura da reunião. O discurso foi transmitido no seu canal do YouTube.

Sérgio Moro

No dia 21 março, Lula concedeu uma entrevista na qual relembrou o período em que esteve preso. O presidente disse que, sempre que alguém lhe perguntava se estava bem, ele respondia “Só vou ficar bem quando eu foder com o Moro”.

Dois dias depois, quando veio à tona um plano do PCC para sequestrar Sérgio Moro e seus familiares, Lula desacreditou o episódio. O petista disse, durante uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio, que o plano era uma “armação” do seu antigo algoz da Lava Jato. “Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”, disse o presidente.

‘Grampinho’

No dia 11 de maio, em uma das plenárias estaduais do Plano Plurianual Participativo, em Salvador, Lula chamou ACM Neto (União Brasil-BA) de “grampinho”. A expressão pode ser considerada tanto um apelido pejorativo a pessoas de baixa estatura quanto uma referência ao avô de ACM Neto, Antonio Carlos Magalhães, que protagonizou um escândalo nos anos 2000 por causa de escutas telefônicas instaladas nas linhas dos seus colegas de Senado.

Durante seu discurso, o presidente relembrou um diálogo com o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Congresso. “Wagner, vai estar difícil, a gente vai perder. Vamos ver se tem outro nome aí. O cara vai ganhar. Eu vim para cá, Jerônimo (tinha) 3%. O ‘grampinho’, quase 80%”, disse o presidente. Ele se referiu à derrota de ACM Neto nas urnas para Jerônimo Rodrigues (PT-BA), atual governador.

 

 

ESCOLHA DO MELHOR IOGURTE NATURAL

 

Júri especializado avaliou 9 marcas de iogurte natural vendidas nas redes de supermercado; confira o ranking

Por Chris Campos

Foram avaliadas 9 marcas de iogurte natural feitas com leite de vaca
Foram avaliadas 9 marcas de iogurte natural feitas com leite de vaca Foto: FELIPE RAU

Iogurte natural leva basicamente dois ingredientes: leite e fermento. A versão natural, vendida em copinhos nos supermercados, às vezes leva um o outro ingrediente extra. Alguns produtos são mais firmes, outros bastante cremosos. Tem iogurte mais azedinho e também de sabor levemente adocicado. Mas, afinal, o que se espera de um bom iogurte?

“O iogurte deve ter um nível de acidez mínimo, é um fator importante na avaliação do produto”, diz a mestre queijeira Heloísa Collins. “Outro fator importante é o que você sente como gordura ou como corpo na textura, um iogurte muito ralo não é tão interessante quanto um produto com um corpo pelo menos médio”.

Os jurados avaliaram sabor, textura e aparência de cada produto
Os jurados avaliaram sabor, textura e aparência de cada produto Foto: FELIPE RAU

Na aparência, as marcas avaliadas, às cegas, por um time de quatro jurados especializados, se mostraram bem parecidas. Já no quesito sabor e textura, quantas diferenças…

“Quando você pensa em iogurte, a impressão é que não vai ter muita diferença entre uma marca e outra”, explica o empresário e gelataio Marcio Ohta. “Mas tem uma diferença grande em termos de textura e de sabor, principalmente”.

Para o queijista Bruno Cabral foi muito bom encontrar essa diversidade de características nos produtos avaliados: “Encontramos sabores bastante diferentes e também iogurtes que carecem da acidez desejada no produto.”

Os jurados na porta da Mercearia Mestre Queijeiro, onde foi realizado o teste de Paladar. A partir da esquerda, o empresário e gelataio Marcio Ohta, a mestre queijeira Heloísa Collins, a queijista Mônica Resende e o queijista Bruno Cabral
Os jurados na porta da Mercearia Mestre Queijeiro, onde foi realizado o teste de Paladar. A partir da esquerda, o empresário e gelataio Marcio Ohta, a mestre queijeira Heloísa Collins, a queijista Mônica Resende e o queijista Bruno Cabral Foto: FELIPE RAU

As diferenças entre um produto e outro dão ao consumidor a possibilidade de eleger um sabor favorito entre as marcas disponíveis nas geladeiras dos supermercados. Mas um quesito é básico na escoha, segundo Bruno Cabral: “O iogurte precisa ser cremoso, pode ser um pouco mais líquido ou mais denso, o que ele não pode ser é gelatinoso, o que indica a presença de ingredientes que fogem da receita clássica do produto”.

A qualidade do leite também é um diferencial. Um iogurte feito com leite integral geralmente ganha em sabor e textura de outro elaborado com leites magros. “Um leite mais gorduroso vai render um produto com maior cremosidade”, atesta a queijista Mônica Resende.

O que os jurados levaram em conta na hora da prova

Durante o teste, realizado na Mercearia Mestre Queijeiro. os jurados provaram 9 marcas de iogurtes naturais. Eles avaliaram características como sabor, textura e aparência de cada um dos produtos em mais esta rodada de testes realizada por Paladar.

Abaixo você confere quais foram os campeões da semana e também as considerações dos jurados a respeito de cada uma das marcas avaliadas.

As melhores marcas de iogurte natural

  • PRIMEIRO LUGAR – DANONE
  • SEGUNDO LUGAR – LEITÍSSIMO
  • TERCEIRO LUGAR – ATILATTE
As 9 marcas avaliadas pelos jurados convidados por Paladar
As 9 marcas avaliadas pelos jurados convidados por Paladar Foto: FELIPE RAU

As 9 marcas na avaliação dos jurados listadas em ordem alfabética

  • ATILATTE (R$ 4,39, embalagem com 170 g) O produto que levou o terceiro lugar no ranking de Paladar apresentou bom sabor e acidez equilibrada. Aparência grumosa e brilhante, textura firme, consistência cremosa e sabor de leite bem presente.
  • BATAVO (R$ 2,99, embalagem com 170 g) O iogurte foi avaliado como de textura firme, sem cremosidade e muitos grumos. Sabor neutro, sem residual.
  • DANONE (R$ 3,99, embalagem com 160 g) O nosso campeão da vez apresentou boa textura, aparência brilhante, cremosidade na medida, acidez equilibrada e sabor delicado, com bastante presença de leite.
  • DELICARI (R$ 7,29, embalagem com 170 g) Um produto de boa textura e aparência, porém praticamente sem acidez e levemente gorduroso.
  • FAZENDA BELA VISTA (R$ 2,99, embalagem com 170 g) Um produto com muita pouca acidez, boa textura e pouco sabor de leite.
  • ITAMBÉ (R$ 3,29 , embalagem com 170 g) Um iogurte de textura mais líquida, cremoso, uniforme e sem grumos. Sabor equilibrado e baixa acidez.
  • LEITÍSSIMO (R$ 4,69, embalagem com 170 g) O segundo colocado conquistou os jurados pela textura cremosa e sabor equilibrado, com um leve dulçor. O produto ainda ganhou pontos por ser um iogurte brilhante e com bom corpo.
  • NESTLÉ (R$ 3,49, embalagem com 170 g) Os jurados acharam a textura do iogurte muito líquida e o sabor um tanto ácido demais.
  • VIGOR (R$ 3,29, embalagem com 150 g) O iogurte foi avaliado como de sabor ácido, textura firme e grumosa. Pareceu mais “magro” que os demais produtos.

COMEMORAÇÃO DOS 150 ANOS DE SANTOS DUMONT

 

Peça de entusiasta do interior de São Paulo virou um ícone das comemorações dos 150 anos do nascimento do ‘Pai da Aviação’

Por José Maria Tomazela – Jornal Estadão

SOROCABA – Em 1988, um cliente de sua agência de turismo de aventura, na capital paulista, convidou Feodor Nenov Junior para voar com ele de balão. Nenov já tinha feito escaladas em rochas, mergulho livre, exploração de cavernas, mas nunca tinha embarcado em um aparelho daqueles. “Na hora eu não sabia, mas o convite incluía participar do 1º Campeonato Brasileiro de Balonismo como navegador dele. Aceitei e vencemos. Me apaixonei por balões e não parei mais”, conta.

Os moradores de São Pedro, de 34 mil habitantes, no interior de São Paulo, já não se surpreendem quando avistam um balão dirigível de 35 m de comprimento por 15 metros de diâmetro voando pelas encostas da Serra do Itaqueri. Poucos sabem que o balão em forma de charuto é inspirado no dirigível número 6, construído pelo brasileiro Alberto Santos Dumont e que entrou para a história da navegação aérea ao contornar a Torre Eiffel, em Paris, em 1901.

Feodor Nevov mostra estrutura que fica acoplada ao dirigível restaurado
Feodor Nevov mostra estrutura que fica acoplada ao dirigível restaurado Foto: Diego Soares/Estadão

Quem põe no ar o dirigível é Feodor, que se tornou também admirador de Santos Dumont. Restaurado por ele, o balão se transformou em peça icônica durante as comemorações dos 150 anos do ‘Pai da Aviação’, data comemorada neste 20 de julho. Nenov ganhou o dirigível de um amigo que o havia trazido da Inglaterra e passou os últimos seis anos restaurando o equipamento, fabricado no início dos anos 1990.

Como o célebre aviador, ele pôs a mão na massa e encarou o desafio do restauro, já que não havia mão de obra especializada. “O balão ficou abandonado durante muitos anos e foi preciso fazer um trabalho minucioso de restauração para que ficasse em condições de voo. Para recuperar o motor de quatro cilindros, a gasolina, de 28 HP, tivemos de fazer algumas peças que não encontramos por aqui. Mas ficou tudo conforme o original”, disse.

Como não tinha manual para regular o motor, o piloto pediu ajuda para mecânicos aeronáuticos e engenheiros que se envolveram com o projeto. O trabalho mais difícil foi estender e dar forma à lona do balão, no aeroporto municipal de São Pedro. “Precisamos de muitos braços para esticar a lona, fechar e checar as válvulas”, disse.

Diferente do dirigível estreado por Santos Dumont há 123 anos, que era cheio de hidrogênio, produto inflamável, o de Nenov é inflado com ar quente. Nos dois casos, o conjunto aerodinâmico é empurrado por um motor.

Feodor Nevov fez preparações com o dirigível em junho, na cidade de São Pedro
Feodor Nevov fez preparações com o dirigível em junho, na cidade de São Pedro Foto: Feodor Nenov/ acervo pessoal

Após realizar vários voos no interior paulista, Nenov foi convidado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para reproduzir, nos céus de Brasília, o voo histórico de Dumont em 1901. Ele conta que não imaginava se tornar piloto de dirigível, o que aconteceu só depois de ganhar o balão, quando passou a ir mais a fundo também na história do ‘Pai da Aviação’. “Já o admirava, mas agora o vejo com outros olhos, um cara fora de série, que fez coisas incríveis, por isso achei que devia tentar fazer essa homenagem.”

Em 19 de outubro de 1901, em Paris, a bordo de seu dirigível, o inventor contornou a Torre Eiffel em 29 minutos e 30 segundos. Ele foi o mais rápido a completar o trajeto de 11 quilômetros entre os 25 concorrentes e ganhou o prêmio Deutsch de La Meurthe, equivalente a R$ 700 mil em valores atuais.

Dirigível número 6 de Santos Dumont contornou a Torre Eiffel, em Paris
Dirigível número 6 de Santos Dumont contornou a Torre Eiffel, em Paris Foto: Museu Virtual Santos Dumont

No último dia 2, em Brasília, durante evento em comemoração aos 150 anos do nascimento de Santos Dumont, que é também patrono da Aeronáutica brasileira, o balão de Venov fez um sobrevoo pela Esplanada dos Ministérios. O dirigível, com a imagem tradicional de Dumont de chapéu impressa na lona, iniciou o percurso na Praça dos Três Poderes, contornou a Torre TV e pousou no mesmo local da partida, em um voo de 38 minutos, que percorreu 9,5 km.

‘Ver o mundo de cima deixa lembranças inesquecíveis’

A trajetória de Feodor, que nasceu na capital paulista, mas sempre gostou da natureza, também parece ter sido inspirada na do Pai da Aviação. Já no fim da década de 1970, ele se dedicava a caminhadas, escaladas em rocha, exploração de cavernas e mergulho livre. Nos anos 1980, Nenov criou uma agência de turismo de aventura, desenvolvendo roteiros por todo o Brasil. Ele também dava cursos de montanhismo e espeleologia.

Depois que passou a se dedicar aos balões, poucos lugares do Brasil ainda não foram vistos do alto pelo balonista. “Sendo paulistano, eu me perguntava porque ninguém voava de balão em São Paulo. Em 1993, conseguimos autorização”, contou. Em 1995, ele construiu seu primeiro de uma série de balões. No ano seguinte, atingiu a marca de 16 mil pés (5 mil metros) de altitude, decolando próximo à Academia da Força Aérea de Pirassununga (SP).

Em novembro de 1996, foi além, sobrevoando o Monte Fuji, no Japão, a 6 mil metros. Também sobrevoou o Monte Serrat, próximo a Barcelona. “Na época, eu me dedicava ao projeto de exploração vertical da atmosfera”, disse. Foi assim que atingiu 9.040 m em 2001, voando mais alto que o Everest para estabelecer o recorde sul-americano. No mesmo ano, realizou travessia entre dois balões em pleno voo, manobra que exige muita técnica. Em 2010, representou o Brasil no campeonato mundial de balonismo na Hungria.

Em 2016, Feodor saiu de balão do litoral do Rio Grande do Sul e foi até o litoral do Chile, indo do Atlântico ao Pacífico em 7 meses, para produzir a série ‘Mais Leve que o Ar’, do Canal Off. Feodor também voa de asa delta e já se lançou a 4,2 metros de altitude. Atualmente, o balonista mantém uma empresa especializada em atividades com balões de ar quente, em São Pedro.

“Sou construtor de balões, mas dirigível para mim ainda é uma coisa nova, mas acho que é algo que vai pegar. Voar de balão e ver o mundo de cima deixa lembranças inesquecíveis.”

CAMPANHAS DO COMÉRCIO PARA VENDER MAIS

 

Por Rodolfo Carvalho – CEO da Incentivar

A realidade socioeconômica brasileira tem exigido um esforço considerável das empresas nacionais, essencialmente as que atuam na indústria e varejo, uma vez que estes segmentos sofrem de imediato os impactos das políticas desenvolvidas para o controle inflacionário. Este fato, muitas vezes, compromete as expectativas de vendas. Consequentemente, o crescimento também é travado.

Para além das implicações geradas nos resultados, que podem tardar longos períodos para atingir patamares desejados, tal cenário também pode comprometer o desempenho dos colaboradores destes setores, os quais, muitas vezes, carecem de mecanismos e estratégias que os mantenham engajados e motivados. 

Com a taxa básica de juros (Selic) acima dos 13% a.a., num cenário que não apresenta em longo prazo a expectativa de uma redução significativa, a tomada de crédito encarece e fica mais restrita, de forma a afugentar os consumidores das lojas, bem como a afetar a performance econômica, tanto da indústria quanto do varejo, vide os recentes casos de pedidos de recuperação judicial.

Neste panorama onde as perspectivas para o consumo não são as melhores, os diferenciais de cada vendedor se tornam ainda mais necessários, e mais do que nunca esse profissional se torna decisivo para a manutenção dos resultados da companhia. Abre-se o espaço, então, para os programas de incentivos baseados em cumprimentos de metas. Eles não apenas se mostram como ferramenta efetiva de mobilização, como também servem de base para ações estratégicas futuras.

Um estudo publicado pela Benify, empresa global de tecnologia de RH – o Employee Happiness Index de 2019, revelou que os colaboradores mais satisfeitos com os benefícios oferecidos alcançam níveis de engajamento 11,5% maiores que a média e 25,2% superiores em relação aos colegas menos satisfeitos. Outra pesquisa, feita pela Social Market Foundation e intitulada “Happiness and productivity”, já apontava que os colaboradores que recebem “mimos” apresentam uma performance 20% superior na execução de suas tarefas.

Não à toa, gigantes da indústria, como a Colgate e a Faber Castell, aderiram a esta visão e estão desenvolvendo campanhas de incentivos cada vez mais abrangentes e diversificadas em termos de prêmios, o que contribui de forma significativa para o próprio varejo.

E, no caso dos varejistas, as plataformas especializadas na área ainda abrem espaço para uma estratégia que permite uma redução positiva de seus estoques, pois, por meio delas, o fornecedor expande suas vendas na medida em que os colaboradores engajados passam a resgatar as recompensas ofertadas pelas suas respectivas campanhas vigentes.

Torna-se um clico virtuoso, pois quanto mais os participantes de campanhas de incentivo recebem pontuações por resultados, mais elas são usadas para resgates de produtos em marketplaces, geralmente constituídos pela expertise e pela base de players que movem a indústria como um todo, a exemplo da Via Varejo. Outro fator positivo é o volume de vendas conjuntas que são concretizadas a partir dessa sistemática.

Todo esse cenário mostra o quanto é necessário o desenvolvimento de estratégias que sejam válidas e estruturadas de forma a oferecer aos colaboradores alternativas. E, às varejistas, possibilidades para suprir essas demandas.

Em tempos de Selic na estratosfera, é importante compreender que o reconhecimento profissional, além de ser uma forma de interagir positivamente com os colaboradores, pode ser uma ferramenta determinante para motivá-los na manutenção de uma carteira de clientes que englobe a meta antecipadamente categorizada. E não somente isso. A constância dessa carteira é ponto convergente para a sustentação e até ampliação das vendas das varejistas, sendo uma das principais medidas práticas para a expansão, tanto das vendas, quanto do faturamento.

 UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

BUSCAS E APREENSÕES AOS SUSPEITOS DE HOSTILIZAREM O MINISTRO DO STF NÃO TÊM QUALQUER UTILIDAEDE NO INQUÉRITO

 

Advogado André Marsiglia considera lamentável o episódio de que teria sido vítima o ministro do Supremo em Roma, mas considera que buscas que atingem investigados vão ‘além das medidas necessárias para se apurar o crime’

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Blog do Fausto Macedo

Por Pepita Ortega – Jornal Estadão

O ministro Alexandre de Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes. Foto: WILTON JUNIOR/ /ESTADAO

As fundamentações da ordem de busca e apreensão que atingiu suspeitos de hostilizarem o ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma, ainda não foram tornadas públicas, mas já são questionadas por constitucionalistas e criminalistas. Eles apontam que é necessária uma rígida apuração sobre as supostas ofensas ao ministro do Supremo, mas consideram que as buscas vão ‘além das cabíveis’ para se investigar o caso. Eles alertam que a medida pode não ter ‘qualquer utilidade’ para o inquérito.

O constitucionalista André Marsiglia aponta que a realização de busca e apreensão em casos de crime contra a honra é ‘absolutamente excepcional’. Em sua avaliação, a ação da Polícia Federal – a partir de autorização da ministra Rosa Weber, presidente do STF – se situa ‘além das medidas necessárias para se apurar o crime’.

Segundo Marsiglia, o caso ‘não pode ser apurado para além do que a lei permite’.

“Agressão verbal não tem conexão com qualquer coisa que possa ser encontrada na casa. É possível haver a busca, mas não me parece ser pertinente para esse caso. Desconheço qualquer razão jurídica que possa motivar uma medida assim”, considera.

O criminalista Diego Henrique diz que não há vedação às buscas a depender do crime sob suspeita, mas ressalta que, no caso, o fato sob suspeita ‘se deu em ato único ocorrido fora do País’.

“Olhando de fora (sem conhecer os autos no detalhe), não vislumbro qualquer utilidade da medida para as investigações, o que a torna ilegal e abusiva”, pondera.

Sobre a supervisão do inquérito, Diego Henrique diz não ver ‘qualquer hipótese’ que justifique a competência do STF. “A competência para processar e julgar crimes cometidos por brasileiro no exterior é da Justiça Federal da comarca onde reside o autor, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça e o artigo 88 do Código de Processo Penal”, explica.

Na mesma linha, Marsiglia não vê competência do STF para conduzir a apuração, considerando que os supostos autores do crime sob investigação não têm foro por prerrogativa de função.

“Um caso dessa natureza tramitar no Supremo nos leva a uma especulação de que a Corte entenda que ele merece ser apurado em inquérito sigiloso. E, para isso acontecer, a Corte precisa entender que essas pessoas estão ligadas aos atos do 8 de janeiro. Ou que uma agressão contra um ministro pode ser compreendida como uma agressão ao próprio Estado, como se os ministros personificassem a figura do Estado”, compara.

O constitucionalista rechaça tal entendimento. “Temos diversos agentes públicos que são diariamente ofendidos e isso não é nunca confundido como um atentado ao Estado. Se existiu essa interpretação é equivocada e perigosa”, ele diz.

Marsiglia cita a hipótese de se entender que o caso poderia ser apurado no bojo do inquérito das fake news – que mira ofensas contra os ministros do STF. “Se for compreendido dessa forma, vamos ter que entender que agressão a ministro é ao Estado. É uma confusão que não pode ser feita. É lamentável, mas não é agressão ao Estado. Há mecanismos próprios para apurar crimes contra agentes públicos”, frisa.

Já o criminalista Fernando Augusto Fernandes aponta que a busca e apreensão é possível ‘em todo e qualquer crime contra a honra’. “Havendo documento importante para que o Judiciário elucide algo, é possível a busca.”

Segundo Fernandes, o caso do ministro Alexandre de Moraes pode ser apurado como injúria qualificada pela violência contra funcionário público e ‘pode não estar isolada no fato do aeroporto, mas também conectada a atentados contra a democracia’.

HARMONIA ENTRE OS TRÊS PODERES A TROCA DE INTERESSES MÚTUOS

Acertos entre Executivo e Judiciário envolvem escolha de futuros ministros do STF e STJ

Por William Waack

Lula tem nas mãos uma inédita oportunidade de moldar a composição de tribunais superiores, dos quais tanto dependem governantes brasileiros. São as três próximas indicações para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), e a segunda que fará para o Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria da atual presidente Rosa Weber.

Essas nomeações coincidem com a escolha de um próximo ou a recondução ao cargo do atual Procurador Geral da República. Operadores políticos, especialmente no Supremo, consideram que esse conjunto de escolhas tem o potencial de solidificar o que se chama de “harmonia” entre os poderes, especialmente Executivo e Judiciário.

Reunião de Lula com presidentes do STF, Câmara e Senado
Reunião de Lula com presidentes do STF, Câmara e Senado Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação

Dado o peso político do Supremo, é “normal” que governantes (como Lula) busquem ter maioria lá dentro. Afinal, ministros do STF detém super poderes dentro do poder, e reagem imediatamente ao noticiário político. Mas é um processo bem mais complexo do que as aparências do “indico um amigo” (como acaba de acontecer).

As tratativas são uma via de mão dupla, na qual o chefe do Executivo tem de levar em conta também os interesses dos ministros do Supremo quanto à ocupação de altos postos no Judiciário – afinal, trata-se de uma gigantesca instituição com controle direto de vastas áreas da vida nacional, mas com dinâmica interna própria.

Nestes sete meses de Lula 3 essa costura política tem funcionado a contento para as duas partes. Um teste importante será a escolha do atual/próximo PGR, cuja capacidade de disrupção é conhecida.

Por julgá-lo muito técnico e independente, o partido do presidente não “compra” o nome (o do atual sub procurador geral eleitoral) sugerido por pesados “cabos eleitorais” do STF.

De fato, não é a republicana independência dos poderes e seu equilíbrio que se estabelece no sistema político brasileiro mas, sim, um curioso amálgama que inclui o Legislativo. O governo só pode fazer o que a Câmara dos Deputados permita, e ela se satisfaz aplicando o orçamento público sem nenhuma orientação central – mas atendendo aos interesses paroquiais de seus integrantes, de baixíssima representatividade.

Essa “maioria parlamentar sem alma”, na ácida definição do ex-deputado Roberto Brant, acertou as “moedas do escambo” com um Executivo que, por sua vez, topa qualquer coisa desde que o núcleo petista do governo seja preservado. Não existe uma rigorosa oposição parlamentar, o que significa vida mansa para Lula enquanto cuidar apenas da manutenção de rotinas de governo.

Esse é o sistema político ao qual se integra agora o Judiciário, compondo um conjunto harmônico e integrado. Ele opera e prolonga a inércia que satisfaz cada um de seus integrantes, que se suportam mutuamente. A razão de sua existência é apenas a autopreservação.

 

HADDAD QUER TRIBUTAR OS RICOS E QUAIS SÃO ELES

Segundo o ministro, projeto de lei para tributar fundos chamados também de exclusivos será encaminhado com o Orçamento em agosto

Por Fernanda Trisotto e Eduardo Rodrigues

BRASÍLIA – O ministro da FazendaFernando Haddad, afirmou que um projeto de lei para tributar fundos exclusivos estará no pacote de medidas a ser enviado pelo governo ao Congresso em agosto, junto do Orçamento. Também conhecidos como fundos dos “super-ricos”, eles são chamados de “exclusivos” por terem apenas um cotista, o que resulta num portfólio personalizado, organizado por um gestor de fundos profissional, conforme os objetivos de investimento.

“Acabei de vir da casa do presidente (da Câmara dos Deputados, Arthur) Lira para definir a pauta do segundo semestre. Temos um conjunto de medidas que vão com o Orçamento e que não passam pelo Imposto de Renda de Pessoa Física”, disse Haddad ao retornar ao ministério.

Ele confirmou que a tributação de fundos exclusivos está no pacote e deve ser enviado para a Câmara em agosto, como projeto de lei.

Não é a primeira tentativa de tributar esses fundos. O governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) chegou a editar uma medida provisória para aumentar em mais de R$ 10 bilhões a arrecadação com a tributação desses fundos de investimentos, mas a proposta enfrentou resistência do Congresso.

Haddad também disse ter expectativas para a votação do marco de garantias, já aprovado no Senado, ainda em agosto. Na conversa com Lira, ele disse que tratou também das apostas esportivas — tanto sobre a medida provisória que permite a criação de cargos para a secretaria que cuidará do tema quanto de um projeto de lei das apostas.

Medida deve ser enviada junto a pacote que incluirá o Orçamento
Medida deve ser enviada junto a pacote que incluirá o Orçamento Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Desaceleração

Haddad disse que o almoço que teve com o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, nesta quarta-feira, foi para aproximar as equipes e afinar informações. “Temos avaliação que a desaceleração está forte demais e isso inspira cautela. Galípolo vai ser ponte muito importante”, disse.

O ministro ainda afirmou que a reunião que fará nesta quarta com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) será sobre o plano de conformidade da Receita Federal, alvo de críticas do setor. Ele espera receber um material dos varejistas e lembra que, em agosto, entra em vigor o plano de conformidade dos Estados, que fecharam questão sobre uma alíquota de ICMS única para cobrança das varejistas internacionais.

 

MORAIS FOI A ITALIA PARTICIPAR DE UM EVENTO ORGANIZADO POR UMA FALCULDADE DO BRASIL

Ministro participou de evento patrocinado por grupo condenado pela Justiça; e se o caso bater no STF?

Por J.R. Guzzo

Houve um incidente no aeroporto de Roma e até agora não está claro o que realmente aconteceu. Pelo que deu para entender, a Polícia Federal e a mídia dizem que o ministro Alexandre de Moraes, a mulher e o filho foram insultados, e até agredidos, por um casal de brasileiros – um senhor de 70 anos e sua esposa. O acusado nega tudo; há alegações, inclusive, de que a agredida foi a sua mulher e que o agressor foi o filho do ministro. Os “especialistas” dizem que pode ter ocorrido um “ataque ao estado de direito”. Lula disse que os acusados são “animais selvagens” e precisam ser “extirpados”. Seu ministro da Justiça, também antes da apuração começar, já assinou a sentença de condenação dos suspeitos. Moraes, ele próprio, até agora não disse nada.

O ministro, pelo seu comportamento público, não é um homem do silêncio, da moderação e da harmonia. Em seu inquérito perpétuo (quatro anos, já), para investigar “fake news” e “atos antidemocráticos, mandou prender, multar, censurar, bloquear contas, quebrar sigilos legais, indiciar – e disse, tempos atrás, que “ainda falta muita gente pra prender, muita gente pra multar”. Se sofreu um atentado como o que foi descrito, contra a sua própria pessoa física, o normal é que estivesse tratando o episódio como um crime de lesa-pátria. Mas até agora não houve nenhum terremoto – e, mais que tudo, não apareceram as imagens das câmeras instaladas no aeroporto de Roma.

Casal suspeito de agredir Moraes diz que foi ‘gravemente ofendido’ por filho do ministro do STF
O ministro do STF Alexandre de Moraes; magistrado participou de evento na Itália
O ministro do STF Alexandre de Moraes; magistrado participou de evento na Itália Foto: Gustavo Moreno/AP

O que se sabe, no mundo das realidades, é a existência de outro tipo de problema. Segundo noticiou o jornalista Eduardo Oinegue, na Band, o ministro Moraes foi à Itália para participar de um evento em Siena. Mas não era ninguém de Siena, nem da Itália, quem promovia o evento. Era uma faculdade particular de Direito de Goiânia – uma UniAlfa, que já havia montado a primeira fase do evento em Valladolid, na Espanha. Dos 31 palestrantes da lista que foi divulgada, 20 eram do Brasil mesmo, e 11 deles da própria UniAlfa.

É uma história ruim, mas a parte menos edificante é a própria UniAlfa. Ela pertence a um grupo empresarial de Goiás que se dedica à múltiplas atividades – vende refrigerantes, aluga carros, lida com imóveis e, entre várias outras coisas, tem um laboratório farmacêutico, a Vitamedic. É aí que está a dificuldade. Essa Vitamedic fabrica ivermectina, uma das drogas que o ex-presidente Jair Bolsonaro recomendava contra a covid – e que foi amaldiçoada para todo o sempre pela imprensa, os defensores da democracia e a CPI do “genocídio”. Poucos dias antes dos colóquios de Siena, a Vitamedic foi condenada pela justiça do Rio Grande do Sul a pagar uma multa de R$ 55 milhões, por “danos coletivos à saúde”; a empresa, que faturou R$ 500 milhões com a venda de ivermectina durante a pandemia, deu apoio ao “kit covid”, um delito de “fake news” que o STF considera absolutamente hediondo.

Está certo um ministro do STF aceitar convites como o que recebeu do grupo que controla a UniAlfa? Ele, a mulher e o filho? E se a condenação da justiça gaúcha acabar batendo um dia no Supremo? O presidente da empresa, José Alves, já teve coisas a tratar ali – durante a CPI, na qual teve de depor, obteve um mandado de segurança contra a quebra do seu sigilo bancário e telefônico. O STF atravessa o pior momento de toda sua história. Não precisa, positivamente, de histórias como essa.

 

URUGUAI NEGOCIA COM A CHINA INDEPENDENTE DO MERCOSUL

 

Busca por acordo comercial com país asiático visa servir como contrapeso ao domínio dos Estados Unidos no hemisfério sul, mas negociação desandou após atuação do governo brasileiro

Por Peter S. Goodman – Jornal Estadão

THE NEW YORK TIMES, MONTEVIDÉU – A notícia de que o Uruguai estava em busca de um acordo comercial com a China provocou entusiasmo no rancho El Álamo, uma imensidão exuberante de pasto entremeado com cactos e rebanhos de gado nas planícies do leste do Uruguai.

A maior parte do gado tem como destino compradores na China, onde encara tarifas de 12% — mais do que o dobro da alíquota aplicada à carne da Austrália, o maior exportador de carne bovina para a China. Os criadores de gado na Nova Zelândia, o segundo maior exportador, usufruem da isenção de impostos na China.

“Consigam o acordo comercial”, disse Jasja Kotterman, que administra o rancho da família. “Isso igualaria as condições para nós.”

Uruguai exporta aproximadamente 80% de sua carne bovina, ganhando cerca de US$ 3 bilhões por ano
Uruguai exporta aproximadamente 80% de sua carne bovina, ganhando cerca de US$ 3 bilhões por ano Foto: Sarah Pabst/NYT

No entanto, o entusiasmo predominante no país sul-americano ultimamente deu lugar à resignação da improbabilidade de que um acordo comercial com a China aconteça tão cedo. O que chamou a atenção como uma nova oportunidade para o Uruguai se transformou em um alerta das armadilhas da política comercial para nações pequenas tentando lidar com realinhamentos geopolíticos complexos.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, apostou seu legado econômico na realização de um acordo comercial com a China. “Temos toda a intenção de alcançá-lo”, disse ele em julho do ano passado, ao anunciar o início das negociações formais. A China estava disposta a conversar sobre um acordo bilateral com o Uruguai.

Mas as aspirações do Uruguai provocaram a ira e acusações dos vizinhos Brasil e Argentina, assim como o que foi visto como retaliação econômica. Em conjunto com o Uruguai e o Paraguai, os dois países pertencem ao Mercosul, uma aliança formada há mais de três décadas para promover o comércio na região.

Nos últimos meses, o Brasil passou por cima do Uruguai enquanto tentava conseguir um acordo mais amplo com a China em nome do bloco.

Produtores de carne bovina uruguaios encaram impostos de 26% nos EUA e acima de 45% na União Europeia
Produtores de carne bovina uruguaios encaram impostos de 26% nos EUA e acima de 45% na União Europeia Foto: Sarah Pabst/NYT

“Queremos sentar à mesa (como Mercosul) e discutir com nossos amigos chineses um acordo Mercosul-China”, disse o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma visita em janeiro à capital uruguaia, Montevidéu.

Em abril, Lula viajou para a China, onde foi recebido com tratamento especial, e participou de uma reunião com o principal líder do país, Xi Jinping.

“Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China”, disse Lula.

Qualquer interesse que o governo chinês tenha tido em fechar um acordo com o Uruguai logo foi substituído pelo foco no Brasil, uma decisão explicada por um cálculo básico de matemática: o Uruguai é um país com 3,4 milhões de pessoas, enquanto o Brasil é a maior economia da América do Sul e tem 214 milhões de habitantes.

Entretanto, apesar do presidente do Brasil ter declarado interesse em intermediar um acordo comercial, a probabilidade de um acordo entre Mercosul e China parece ser mínima ou inexistente.

O Mercosul, uma organização notoriamente lenta, repleta de discórdias internas, passou mais de 20 anos tentando concluir as negociações de um acordo comercial com a União Europeia. Um dos seus membros, o Paraguai, não tem qualquer relação com Pequim. Em vez disso, mantém relações com Taiwan. Só isso tornaria quase inimaginável a possibilidade de um acordo entre o Mercosul e a China.

Tudo isso aumentou a probabilidade do Uruguai acabar prejudicando suas relações com os vizinhos e não alcançar conquistas econômicas.

“O Uruguai está sendo usado como moeda de troca para a China negociar com o Brasil”, disse Kotterman, supervisor do rancho Álamo, enquanto uma lua cheia iluminava o pasto.

Reconfigurando o mapa

O alcance de um acordo comercial do Uruguai com a China ia além do destino de seu gado. O governo do país estava tentando redefinir as regras de relacionamento com o restante do mundo, enquanto desassociava a nação do legado do protecionismo comercial que tem prevalecido nas maiores economias da América do Sul.

O governo estava claramente recorrendo à China como um contrapeso ao domínio dos Estados Unidos no hemisfério sul.

Raymond de Smedt, dono do rancho El Álamo, no Uruguai, diz temer que a política na América do Sul conspire para sabotar a economia do país
Raymond de Smedt, dono do rancho El Álamo, no Uruguai, diz temer que a política na América do Sul conspire para sabotar a economia do país Foto: Sarah Pabst/NYT

Os sindicatos se opuseram à perspectiva de um acordo por considerarem isso uma ameaça aos empregos com salários maiores nas fábricas, enquanto os políticos — alguns dentro da coalizão do governo — condenaram a aliança do presidente com a China dizendo que ela colocava em risco a segurança nacional.

Mas a maior fonte de preocupação se concentra nas consequências de uma possível ruptura dentro do Mercosul, formado em 1991.

O Mercosul opera como um coletivo para estabelecer tarifas com o resto do mundo. Ao tentar um acordo com a China, o Uruguai estava violando a unidade do grupo. O país abriria seus mercados aos produtos fabricados na China em troca de tarifas mais baixas sobre a carne bovina exportada para Pequim. As vendas extras para os ranchos do Uruguai aconteceriam às custas dos produtores de carne de bovina no Brasil e na Argentina.

Para muitos, o Mercosul tem ficado muito aquém no seu objetivo de catalisar um mercado comum na América do Sul. Seu suposto plano de promoção do comércio tem sido frequentemente impedido pelos interesses de setores politicamente poderosos no Brasil e na Argentina. Os dois países conseguiram obter dezenas de isenções que evitaram a concorrência de suas empresas com outras do bloco.

Entretanto, muitos líderes na região confiam na cooperação como solução para alcançar a prosperidade e libertar o continente de sua dependência desmedida da exploração de matérias-primas e cultivo de commodities como a soja.

“O Mercosul é importante, e deveria ser mais importante”, disse Martin Guzmán, ex-ministro da Economia da Argentina. “Não vejo uma saída para o problema da estagnação do continente sem ser por meio de uma maior integração.”

Ele criticou a busca do Uruguai por um acordo comercial com a China por ser uma ameaça ao bloco.

“Se todos se comportarem assim, haverá um preço a longo prazo”, afirmou.

Gaúchos conduzindo animas para pastagens verdes no rancho El Álamo
Gaúchos conduzindo animas para pastagens verdes no rancho El Álamo Foto: (Sarah Pabst/The New York Times)

Mais gado que pessoas

O Uruguai exporta aproximadamente 80% de sua carne bovina, ganhando cerca de US$ 3 bilhões por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Carnes, uma agência governamental em Montevidéu. Mas os produtores de carne bovina do país encaram impostos de 26% nos EUA e acima de 45% na União Europeia, depois de esgotar uma pequena cota tarifária.

Isso torna a China um objetivo óbvio, ao mesmo tempo que leva a conversas amargas, como a da recusa de Washington a negociar um acordo comercial para abrir os mercados do país às exportações de carne bovina do Uruguai.

“Os EUA falam muito de como valorizam a democracia e os direitos humanos do Uruguai, mas, no fim, dão as costas para nós”, disse Conrado Ferber, presidente do Instituto Nacional das Carnes. “É por isso que estamos negociando com a China.”

Jorge González, que dirige um matadouro na pequena cidade de Lavalleja, tem interesse principalmente nos compradores chineses porque eles compram a vaca inteira. Os compradores europeus costumam se interessar apenas pelas partes mais nobres que correspondem a menos da metade da vaca. Os americanos compram um pouco mais, transformando os cortes menos nobres em carne de hambúrguer.

Mas na China, uma variedade de pratos gastronômicos, como o hot pot (uma espécie de fondue chinês), gera demanda por até mesmo porções de carne menos nobres em fatias finas.

Jorge Gonzalez em abatedouro de Lavalleja, no Uruguai
Jorge Gonzalez em abatedouro de Lavalleja, no Uruguai Foto: Sarah Pabst/ NYT

González, 56 anos, compra gado dos ranchos nas imediações e envia a carne para uma linha de produção onde os trabalhadores realizam os cortes e distribuem o produto em caixas. Ele exporta a maior parte de sua produção para o mundo em navios porta-contêineres, 70% deles vão para a China.

Sua fábrica tem capacidade suficiente para abater cerca de cem mil animais por ano, quase o dobro do número atual. Um acordo comercial com a China levaria os donos de ranchos locais a produzir mais, disse ele.

González tem esperança de que algum tipo de acordo com a China ainda possa ser alcançado devido às virtudes do Uruguai como produtor de alimentos. O país tem espaços livres enormes e aproximadamente quatro vezes mais vacas do que habitantes, o que o torna um lugar útil para a produção de carne para exportação.

“Os chineses estão em busca de um fornecimento garantido de alimentos”, disse González./Tradução de Romina Cácia

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