segunda-feira, 17 de julho de 2023

IMPOSTO SOBRE O CONSUMO NO BRASIL SERÁ O MAIS CARO DO MUNDO

Segundo pesquisa do Ipea

História por ALEXA SALOMÃO • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com base na proposta de Reforma Tributária aprovada na Câmara, a alíquota efetiva do novo tributo brasileiro para taxar o consumo de bens e serviços ficaria em 28,4%, aponta nota técnica do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Seria a maior do mundo para um IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Hoje, a maior do gênero é a da Hungria, de 27%.

A alíquota brasileira vai ser definida em lei complementar. A expectativa inicial era que ficasse em 25%, mas efeitos de regimes favorecidos, alíquotas reduzidas e isenções incluídas no texto antes da votação pela Câmara devem pressionar por uma alíquota maior.

O estudo do Ipea é o primeiro a medir os possíveis efeitos da reforma, a partir do cruzamento de dados da Receita Federal para a arrecadação setorial e as exceções negociadas pelos deputados, tomando o cuidado de manter a carga tributária.

Os detalhes da simulação constam na Carta de Conjuntura intitulada “Propostas de Reforma Tributária e seus impactos: Uma avaliação comparativa”, do pesquisador João Maria Oliveira, que acompanha de perto o andamento do texto no Congresso.

Oliveira trabalha com modelos de projeção e usou a técnica para mostrar os impactos da revisão tributária na economia nacional, avaliando efeitos sobre crescimento, emprego e produtividade, por exemplo.

Os parâmetros de dois cenários tiveram como base as reformas apresentadas em duas PECs (Propostas de Emenda à Constituição): a PEC 45, com IVA único e nenhuma exceção, que entrou pela Câmara e previa alíquota de 25%, e a PEC 110, com dois tipos de IVA, apresentada no Senado, com alíquota de 26,9%.

Para o terceiro cenário, Oliveira projetou a alíquota a partir da proposta negociada na Câmara. A estimativa mantém a carga tributária atual e considera os efeitos de regimes favorecidos, alíquotas reduzidas e isenções que foram incluídas no texto até uma semana antes da votação pela Câmara -o que elevou a alíquota para 28,4%. As exceções inseridas de última hora não entraram nessa conta.

“A conclusão óbvia é que, quanto mais exceções forem oferecidas, maior será a alíquota efetiva para quem fica fora da exceção”, afirma Oliveira.

Manter os benefícios da Zona Franca de Manaus e Simples foi o que mais pesou para elevar a alíquota, explica Oliveira, mas também fazem diferença exceções para setores muito demandados, como transporte.

Mesmo que fosse mantida em 25%, a alíquota ainda seria elevada para a média mundial. Esse é o percentual na Dinamarca, Noruega e Suécia, considerados Estados de bem-estar social, que oferecem serviços públicos de primeira linha. Em países com reformas mais recentes, a alíquota costuma ser bem menor, caso de Austrália, com 10%, e Nova Zelândia, com 15%.

Oliveira pondera que, ainda assim, as projeções confirmam que a reforma vai mudar radicalmente, para melhor, o ambiente de negócios no Brasil.

Em todos os cenários, por exemplo, há crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). O melhor resultado ocorreria com a PEC 45, que teve entre os autores o economista Bernard Appy, hoje secretário extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda.

Considerando o cenário em que a proposta da PEC 45 começasse a valer em 2027, o PIB teria um crescimento adicional de 5,7% até 2036, gerado pelo impacto das mudanças nos tributos.

“Essa era a reforma ideal, mas não foi politicamente viável “, diz Oliveira.

No caso da PEC 110, o crescimento seria de 4,48% até 2032, quando o estímulo perderia fôlego. O texto que saiu da Câmara aponta que o crescimento nesse mesmo período seria de 2,39%.

EXCEÇÕES ACIMA DA MÉDIA GLOBAL

Conceitualmente, o Imposto de Valor Agregado costuma ser um só e valer para todos os setores, com poucas exceções. A versão brasileira será dual -haverá um para a União, e outro para estados e municípios — e o número de exceções extrapolou o usual.

O IVA brasileiro não chega a ser uma jabuticaba, mas tem particularidades, explica a portuguesa Rita De La Feria, professora de Direito Tributário na Universidade de Leeds, na Inglaterra. La Feria acompanha reformas no mundo todo, incluindo o Brasil. Já participou de audiência no Congresso sobre o tema. Em alguns países, como Portugal, Timor Leste, Angola e Uzbequistão, atuou na elaboração da legislação tributária.

“O IVA vai ser uma revolução para o sistema do Brasil, pois adota as melhores práticas em vigor, vai permitir que o brasileiro saiba o que paga e foi adaptado às condições federativas locais, o que não era uma coisa fácil de resolver, pois o país tem três níveis de governo, algo incomum”, explica La Feria.

“No entanto, não há muitas experiências no mundo com o IVA dual. A mais notória é a do Canadá. Mesmo Alemanha e Espanha, que têm sistemas federativos, adotam o IVA único. O Brasil vai sentir o efeito disso ao longo dos anos”, pondera.

Galeria Veja 8 pontos da Reforma Tributária que causaram divergência Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu início à discussão da PEC na noite desta quarta-feira (5). https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1770637563169026-veja-8-pontos-da-reforma-tributaria-que-causam-divergencia *** Ela explica que trabalhar com duas legislações sempre abre margem para interpretações, dificultando a aplicação da norma no dia a dia e abrindo espaço para questionamentos entre fisco e contribuintes. A proposta que foi para o Senado tenta reduzir o ruído ao determinar que algumas regras serão idênticas para os dois IVAs.

A maior diferença, no entanto, é o número de exceções. O Brasil já tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, e ninguém esperava uma alíquota muito baixa na largada da reforma, mas as exceções pioraram o cenário.

“Incluíram muitos regimes especiais, e um número grande de produtos terá alíquota reduzida”, afirma. “Ainda não se sabe o desenho jurídico exato dessas exceções, mas já podemos afirmar que o resultado ficou descolado dos IVAs mais avançados.”

As exceções nos novos IVAs, explica, são concentradas em poucos itens considerados de difícil tributação. Caso do spread (diferença entre a taxa de captação e dos empréstimos) de bancos, algumas transações imobiliárias e serviços públicos de saúde e educação.

Entre os segmentos que levam isenções costumam estar serviços postais, transporte de doentes e projetos culturais.

La Feria conta que, no aspecto das exceções, o IVA do Brasil fica mais parecido com os modelos antigos.

“É o caso dos IVAs europeus, que têm muitas exceções, isenções e taxas reduzidas que foram sendo criadas ao longo dos anos e que, por isso, agora têm alíquotas maiores”, afirma. “Mas entendo que essa foi a reforma politicamente possível no Brasil e espero que o Senado não aumente as exceções, pois é automático: quanto menor a base da tributação, maior a alíquota”, diz.

O Ministério da Fazenda já esta mapeando itens para debater no Senado na tentativa de reduzir a pressão sobre a alíquota, mas mantém o discurso com valores menores.

Appy evita falar em números, e quando lhe perguntam do risco de a alíquota ir a 30%, ele responde que não acredita nesse cenário. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, estimou que, por causa das exceções, a alíquota poderia ficar entre 26% e 27%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que “no tempo” a alíquota pode ser menor do que 25%.

ALTERNATIVAS PARA FREAR AUMENTO

O advogado Luiz Gustavo Bichara resume o pensamento dos tributaristas ao afirmar que o governo precisa dar mais clareza sobre como as negociações estão impactando a alíquota.

“A reforma é boa, não há dúvidas, todos queremos, mas tem uma incerteza muito grande sobre o valor final, e, do jeito que estamos indo, vamos ter, na comparação mundial, a maior alíquota do mundo”, diz.

Bichara considera positiva a proposta do relator no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), de definir uma trava para a alíquota dos novos tributos. Seria uma salvaguarda ao aumento da carga tributária.

Para ter um IVA menor, o governo precisaria olhar a reforma como um todo, avalia o advogado Bruno Santos, pesquisador do NEF FGV-SP (Núcleo de Estudos Fiscais da Fundação Getulio Vargas de São Paulo), criado para avaliar a relação entre tributação e desenvolvimento.

“Canadá e Suíça, por exemplo, têm IVAs menores, porque tributam menos o consumo e mais a renda”, afirma Santos. “O Brasil tem uma tributação muito baixa sobre a renda e, se o governo mantiver a carga tributária, terá a oportunidade de fazer o mesmo quando a reforma chegar à renda.”

A reforma do Imposto de Renda, cita Santos, seria uma alternativa. No cronograma do Ministério da Fazenda, ela ocorrerá ainda no segundo semestre deste ano.

EXCEÇÕES AO IVA

Reforma permite que um número significativo de segmentos adote regime diferenciado à regra geral

Regimes tributários específicos para:

Combustíveis e lubrificantes Sociedades cooperativas Serviços de hotelaria Restaurantes Aviação regional Parques de diversão e parques temáticos Serviços financeiros, operações com bens imóveis, planos de assistência à saúde e concursos Operações contratadas pela administração pública direta, por autarquias e por fundações públicas Regimes tributários favorecidos para:

Zona Franca de Manaus Áreas de Livre Comércio Simples Nacional Regimes aduaneiros especiais e ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação)

EXCEÇÕES À ALÍQUOTA ÚNICA DO IVA

O texto aprovado na Câmara também adota descontos para número expressivo de segmentos

100% de redução para

Cesta básica nacional (CBS e IBS) Produtos hortícolas, frutas e ovos (CBS e IBS) Prouni, serviços de educação superior (CBS) Perse, serviços do setor de eventos (CBS até 28/02/27) 60% de redução para

Serviços de educação Dispositivos médicos e de acessibilidade para pessoas com deficiência Serviços de saúde Medicamentos e produtos de cuidados básicos à saúde menstrual Serviços de transporte público coletivo Insumos agropecuários, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal Produções artísticas, culturais, jornalísticas e audiovisuais nacionais e atividades desportivas Produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura Bens e serviços relacionados à segurança e soberania nacional, segurança da informação e segurança cibernética Isenções para

Serviços de transporte coletivo rodoviário, ferroviário e hidroviário, de caráter urbano, semiurbano, metropolitano, intermunicipal e interestadual Entidades religiosas, templos de qualquer culto, incluindo suas organizações assistenciais e beneficentes Isenção ou redução em até 100% para atividades de reabilitação urbana de zonas históricas e de áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística (CBS e IBS)

Fonte: Machado Meyer

 

EMPRESÁRIO NEGA OFENSAS AO MINISTRO MORAIS

 

ISTOÉDINHEIRO

O empresário e corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto negou à Polícia Federal ter hostilizado ou agredido o ministro do Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal (STF), em Roma, na Itália. Zanatta prestou depoimento neste domingo, 16, na delegacia de Piracicaba, no interior de São Paulo.

Além de Zanatta, outras duas pessoas da mesma família são suspeitas de terem hostilizado Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em nota, a família confirmou que houve um “desentendimento verbal” com dois integrantes da comitiva de Alexandre de Moraes. O Estadão apurou que seriam o filho do ministro e a namorada do rapaz.

Na versão do empresário Roberto Mantovani Filho e da mulher dele, Andréa Munarão, suspeitos de terem hostilizado Moraes, ambos foram confundidos com outros brasileiros que teriam ofendido o ministro. “Dessa confusão interpretativa nasceu desentendimento verbal entre ela e duas pessoas que acompanhavam o ministro”, informou a família.

A nota diz ainda que a discussão ficou “acalorada” e Mantovani “precisou conter os ânimos” de um jovem que teria ofendido sua mulher. “Em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças ao ministro Alexandre, que casualmente passou por eles nesse infeliz episódio. Mesmo assim, se desculpam pelo mal entendido havido, externando o veemente respeito que nutrem pelas autoridades públicas, extensivo aos seu familiares”, disse a família.

Alex Zanatta, Roberto Mantovani e Andréa Munarão foram apontados pela polícia como os responsáveis pelo episódio de hostilidade e agressão. O filho de Alexandre de Moraes, um advogado de 27 anos, teria recebido um tapa no rosto de Mantovani.

Durante a confusão, uma pessoa próxima ao ministro fez fotos do grupo. As imagens e os relatos da chegaram para a Polícia Federal em São Paulo, que abordou os brasileiros no aeroporto de Guarulhos (SP).

Segundo a PF, a confusão começou quando Andréa passou a xingar Alexandre de Moraes de “bandido, comunista e comprado”, termos que costumam ser usados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra integrantes da Suprema Corte.

Na sequência, o marido dela teria reforçado os xingamentos agredido fisicamente o filho do ministro. Alex Zanatta teria se juntado aos dois usando palavras de baixo calão contra o ministro.

Ao Estadão, o advogado Tórtima Filho contou que o Zanatta disse à Polícia Federal que “não participou do início do problema, da discussão”. Segundo o advogado, o corretor “foi chamado quando a situação praticamente já estava contornada, resolvida” e não agrediu ou ofendeu ninguém.

“Ele deixou claro que não fez qualquer ofensa ao ministro e também que os demais familiares do sr. Roberto (Mantovani), inclusive, ele, negaram as ofensas que foram ventiladas”, contou Tórtima Filho.

Tórtima, porém, confirmou que houve um cenário de hostilidade, mas reiterou que o corretor não se envolveu. O advogado afirmou ao Estadão que a família acredita que “tudo tenha sido fruto de uma confusão”. Mantovani, o genro, os filhos e outros parentes passaram pelo local onde Moraes estava e teriam sido confundidos com passageiros que ofenderam o ministro.

“Quando o ministro chegou para ingressar nessa sala VIP, havia realmente pessoas que chegaram a proferir ofensas, mas não familiares do meu cliente. Eles estavam apenas passando na hora”, declarou Tórtima Filho. “Em razão disso, uma moça que estava na comitiva do ministro acabou direcionando, trocando ofensas com a esposa do Roberto, com a Andreia. Depois disso, veio um moço do mesmo grupo do dr. Alexandre e também, em solidariedade a essa moça, proferiu ofensas à Andreia. Nesse momento, na presença do Roberto.”

O caso está sendo investigado em sigilo. Mantovani e a mulher, Andreia, devem prestar depoimento na próxima terça-feira, 18, à Polícia Federal, em Piracicaba.

Em razão do ofício, Alexandre de Moraes costuma ter a segurança pessoal, no Brasil e no exterior, garantida por policiais do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte não informou se o ministro estava sob escolta no momento da confusão.

Moraes estava acompanhado por familiares no aeroporto. O ministro retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito. De lá, ele seguiu para outros compromissos na Europa e ainda não voltou ao Brasil.

PROBLEMAS NOS PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS E IDOSOS SOFREM COM AUMENTOS

É preciso revisar a Lei 9656/98, que trata dos planos de saúde privados, ou ficará cada vez mais difícil manter o sistema

Por Antônio Penteado Mendonça – Jornal Estadão

Nos últimos tempos, os planos de saúde privados têm frequentado a mídia em geral. As razões para isso são, basicamente, os reajustes anuais e o prejuízo do sistema como um todo, no ano de 2022. Um está ligado ao outro e não há como separá-los.

Os reajustes anuais levam em conta o resultado do exercício anterior, a inflação médica, a inflação real, a variação do dólar, as fraudes e outros custos que incidam sobre os planos. É com base nessa conta que as operadoras calculam seus reajustes nos planos fora do controle da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e, quando é o caso, os adequam aos planos familiares e individuais, cujos reajustes são determinados pela Agência.

O prejuízo consolidado quer dizer que todas as operadoras perderam dinheiro em 2022? Não, ele é um retrato da atividade, mas não espelha o desempenho individual de cada operadora. Tem as que ganharam dinheiro, as que empataram e as que perderam. Então, ao se falar em prejuízo, é necessário se ter claro que esse é o retrato do setor ao longo do ano, mas não significa que todos os planos foram deficitários.

Lei que trata dos planos privados restringe e engessa qualquer possibilidade de entendimento entre os consumidores e as operadoras.
Lei que trata dos planos privados restringe e engessa qualquer possibilidade de entendimento entre os consumidores e as operadoras. Foto: Gabriel Monteiro/Agência O Globo

Um dos pontos mais discutidos é a fraude contra os planos de saúde privados. As tentativas de fraudar o sistema estão num patamar elevado e vão de pequenos golpes, como emprestar a carteirinha do plano para outra pessoa indevidamente utilizá-lo, até ações muito mais relevantes, como a cobrança de procedimentos de alta complexidade não realizados.

Sem dúvida, as fraudes são um complicador importante. Da mesma forma, os reajustes por idade afetam a capacidade de pagar e a capacidade de manter o plano viável, atingindo interesses legítimos de segurados e operadoras, o que torna a discussão mais difícil porque todos, de certa forma, têm razão.

Acontece que uma boa quantidade dos problemas dos planos de saúde privados brasileiros é ainda mais complexa, com a agravante de que, com a legislação atual, eles não têm solução.

A Lei 9656/98, que trata dos planos de saúde privados, é uma lei muito ruim, completamente remendada desde sua promulgação e que está longe de atender com eficiência a real necessidade da sociedade. Ao contrário, ela restringe e engessa qualquer possibilidade de entendimento entre os consumidores e as operadoras. As operadoras podem oferecer apenas o que a lei determina, sem qualquer espaço para adaptação do produto à realidade do consumidor.

Além disso, as operadoras de saúde brasileiras não têm limite de responsabilidade. Elas são obrigadas a custear indefinidamente os tratamentos cobertos, o que, atuarialmente, encarece ainda mais os planos.

O fascinante na equação é que, com tudo para dar errado, os planos de saúde brasileiros funcionam e atendem bem mais de 50 milhões de pessoas. Mas a conta está chegando no limite, não tem muito mais como esticar a corda. Ou nós esquecemos os interesses menores em prol do bem comum ou ficará cada vez mais difícil o sistema se manter. Por isso, é mais do que hora de rever a lei.

Planos de saúde para idosos vão virar artigo de luxo? Como evitar isso?

Número de jovens em planos cai e o de idosos com mais de 70 anos é o que mais cresce; fenômeno pode levar a desequilíbrio nas contas

Por Fabiana Cambricoli – Jornal Estadão

O número de jovens com planos de saúde caiu nos últimos anos no País, enquanto o de idosos, em especial os mais velhos, aumentou de forma expressiva no mesmo período, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O fenômeno, dizem especialistas, amplia o desafio de equilibrar as contas do setor para operadoras de saúde e usuários, e escancara a urgência de alterações no modelo de prestação de serviço, que deve ter foco maior no acompanhamento de doenças crônicas e prevenção de complicações. Se nada for feito, afirmam, os custos podem aumentar a ponto de o plano de saúde passar a ser um artigo de luxo no futuro.

Historicamente, o maior volume de jovens entre os clientes ajuda a compensar o aumento de custos que acontece durante o envelhecimento, período da vida em que os beneficiários utilizam mais os planos. No Brasil, o envelhecimento populacional vem acontecendo de forma mais acelerada do que em outros países que passaram pelo processo, o que explica o aumento de clientes idosos.

Por outro lado, as crises econômicas de 2015 e dos anos de pandemia reduziram o número de empregos formais e, consequentemente, de beneficiários mais jovens. Isso porque 83% dos cerca de 50 milhões de brasileiros que possuem convênio médico são clientes de planos empresariais.

Segundo levantamento da ANS feito a pedido do Estadão, o número de beneficiários na faixa etária dos 20 aos 39 anos caiu 7,6% entre 2013 e 2023, enquanto o de maiores de 60 anos saltou 32,6% no período, índice muito superior à alta de 5,3% no total de clientes de convênios médicos.

A faixa etária com a maior queda foi a dos 25 aos 29 anos, com redução de 18,1% nos últimos dez anos. Já na outra ponta, o grupo de idosos de 70 a 74 anos aumentou 41,9%. A segunda faixa etária com maior aumento foi a de clientes com 80 anos ou mais – alta de 39,5%. Com isso, a proporção de idosos entre o total de clientes de convênios passou de 11,4% para 14,4% na última década.

“O progresso material e os avanços da Medicina estão permitindo que a gente viva mais. O que chama a atenção é a velocidade com que esse processo está acontecendo. O que estamos vivendo em 20 anos, países europeus demoraram mais de cem anos para viver”, diz José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Além de o número de idosos estar aumentando no País, esse segmento populacional é o que registra a menor rotatividade nos planos. “Eles saem menos e trocam menos de operadora porque é mais difícil conseguirem trocar e porque a percepção de necessidade é maior. Muitas vezes o plano de saúde do idoso é rateado por toda a família”, diz Martha Oliveira, especialista em envelhecimento e CEO da Laços da Saúde, empresa especializada em cuidados domiciliares para idosos.

“Já os jovens, por terem planos ligados a empresas e menor percepção de necessidade, costumam ser quem mais perde, cancela ou troca de plano, em especial em momentos de crise econômica”, afirma.

‘Não é o envelhecimento o vilão’, diz especialista

Martha ressalta que o cenário demográfico não pode ser usado para culpabilizar e punir os idosos sobre o aumento de custos. Ela afirma que, embora seja verdade que o idoso custe mais ao plano, é preciso lembrar que ele também paga um valor mais alto do que os jovens. “Atrelar essa alta de custos dos planos ao envelhecimento é muito ruim. O idoso utiliza mais o plano, sim, mas se você souber fazer a gestão dessas pessoas, essa utilização a mais é custeada pelo valor mais alto que ele paga”, diz.

Estudo do IESS mostra que o custo médio com um beneficiário a partir dos 60 anos é de seis vezes o de um usuário de zero a 18 anos. O valor da mensalidade da última faixa etária também só pode ser seis vezes maior do que a da primeira, segundo regra da ANS. Cechin afirma que, entre os idosos mais velhos, a partir dos 80 anos, o custo sobe muito e que nem sempre o valor pago pelo beneficiário idoso é suficiente para cobrir as despesas assistenciais, mas admite que não é repassando todos os custos aos usuários que o problema será resolvido.

“Isso exige uma reestruturação hospitalar e campanhas e ações para a gente evitar o adoecimento e controlar doenças crônicas. Se não fizermos nada, o valor dos planos, que já está subindo acima da inflação, vai ficar ainda mais caro e o plano poderá passar a ser um artigo de luxo”, diz.

Ele defende que, além das operadoras, os empregadores, que são os principais contratantes de planos de saúde, também desenvolvam ações de prevenção e promoção da saúde para seus funcionários, o que ajudaria a melhorar a condição de saúde dos usuários e a reduzir os custos.

Martha concorda que o caminho para redução de custos no sistema sem punir o elo mais vulnerável – os beneficiários – passa pela prevenção e acompanhamento de doentes crônicos, além de uso mais inteligente dos recursos do sistema de saúde.

“Com certeza não é o envelhecimento que é o vilão. É preciso tirar o preconceito de cima dessa população. O sistema está cheio de desperdício, de refazimento. Falta organização e gestão, a pessoa fica perdida na rede. Temos que requalificar essa prestação de serviço. Se continuar como está hoje, teremos mesmo uma elitização. Menos pessoas terão condições de pagar pelo plano”, diz.

‘Preço ficou inviável’, diz filha de idoso que paga R$ 9 mil de mensalidade

É o que já está acontecendo com o aposentado Nelson Roberti, de 84 anos. Cliente da SulAmérica desde a década de 1990, ele paga hoje uma mensalidade de R$ 9 mil. “Sempre foi um valor alto, mas, de uns tempos para cá, com os reajustes, está ficando inviável. A aposentadoria dele não dá para pagar esse valor, a gente completa com a conta da família, mas está difícil manter”, conta a filha do idoso, a advogada Tatiana Saldanha Roberti, de 46 anos.

Nelson Roberti, de 84 anos, e a filha, Tatiana, reclamam do alto custo e queda de qualidade do plano de saúde
Nelson Roberti, de 84 anos, e a filha, Tatiana, reclamam do alto custo e queda de qualidade do plano de saúde Foto: Felipe Rau/Estadão

Ela reclama que, além das mensalidades altas, o pai sofre com queda na qualidade do serviço prestado. “O preço está cada vez maior e o serviço já não corresponde mais. Tivemos o descredenciamento de hospitais, laboratórios. Descredenciaram um hospital que sempre usamos, que fica a poucos minutos de casa. É muito ruim passar por isso justamente no momento da vida de maior vulnerabilidade. A gente se sente abandonado”, afirma.

Tatiana conta que outra dificuldade enfrentada pelos idosos é a troca de plano. “Com esse valor, eu cheguei a tentar procurar um plano mais barato, mas não encontro quase nenhuma opção. Já cotei todos que você pode imaginar, mas ou não o aceitam ou o valor ficaria maior”, diz ela. Procurada, a SulAmérica afirmou que o descredenciamento mencionado “foi uma decisão unilateral” do hospital e que foram “sugeridas outras opções de rede de atendimento com a mesma qualidade do serviço prestado”.

Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), afirma que há operadoras focadas no nicho de idosos e que as empresas vêm ampliando suas ações para tentar acompanhar mais de perto essa população. Ele reconhece, no entanto, que é necessário acelerar e ampliar essas ações.

“Os custos estão crescendo, mas temos que trabalhar para que eles tenham um aumento sustentável. Para isso, temos que usar mais telessaúde, ter atendimento personalizado com atenção continuada. Cada vez mais o trabalho vai ser de acompanhamento, isso ajuda na gestão do plano, mas temos um limitador: não há equipes suficientes para fazer isso com todos os usuários”, diz.

Ele diz que o grande desafio é conseguir realizar essas mudanças no mesmo ritmo do processo de envelhecimento da população. “Como esse processo está acontecendo mais rapidamente no Brasil, a gente acaba tendo custos mais elevados porque nossos investimentos nessa nova infraestrutura precisam ser mais rápidos também”, diz.

O cenário é uma das razões apontadas pelos planos para a crise financeira vivida pelo setor. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), as operadoras registraram em 2022 prejuízo operacional de R$10,7 bilhões, o pior resultado desde o início da série histórica, em 2001. Procurada para comentar os desafios do setor frente ao envelhecimento, a entidade não quis dar entrevista.

Após a publicação da matéria, a FenaSaúde enviou nota afirmando que não há uma única medida que sozinha seja suficiente para garantir a sustentabilidade do setor, “visto que além dos fatores estruturais há fatores conjunturais que influenciam esse equilíbrio, como o cenário macroeconômico do país e o nível de emprego formal”.

Disse ainda que medidas para racionalizar o uso do sistema, aumentar a eficiência e reduzir custos são desafios em âmbito mundial e que a tecnologia ocupa papel central nessa estratégia, mas que sua adoção e disponibilização pelos planos de saúde “exigem análises rigorosas de custo-efetividade”. Ainda com foco no uso mais racional do sistema, diz a entidade, “faz-se necessário combater fraudes, abusos e desperdícios que drenam recursos escassos e que precisam ser melhor empregados no atendimento aos pacientes”.

Para os especialistas, podemos olhar para exemplos de outros países que já passaram pelo processo de envelhecimento para buscar soluções para a equação. Cechin, do IESS, cita a necessidade de ações por parte dos governos, operadoras e empregadores para combater a obesidade, por exemplo. “Reduzir a obesidade diminui também risco de doenças cardiovasculares, problemas nas articulações, alguns tipos de câncer. Tem países, como a Holanda, com programas para enfrentar essa questão”, diz.

Martha também cita o país europeu. “Eles reconstruíram todo o sistema de saúde sob essa ótica do envelhecimento, com uma lógica de levar o cuidado ao paciente no seu domicílio, promover a autonomia, o autocuidado. A Alemanha criou postos específicos para dar conta do envelhecimento. A França também reorganizou seu sistema de saúde. É verdade que esses países tiveram muito mais tempo para se preparar, mas eles já passaram por isso, então podemos olhar e aprender com eles”, diz.

 

TAXAÇÃO NO BRASIL DESANIMA COMPRAS NO EUA

Dois Estados norte-americanos mostram que é possível fazer boas compras e aproveitar o turismo local

VALÉRIA BRETAS – Jornal Estadão

Com a reforma tributária, ainda vale comprar produtos nos EUA?
New Orleans, a capital da Louisiana, é um dos estados que oferecem “tax free” aos visitantes (Crédito: Chris Granger / Louisiana Office of Tourism)
  • Nas últimas semanas, a reforma tributária entrou nos holofotes e norteou as discussões em todo o Brasil. Mesmo que ainda não haja uma definição sobre o valor da alíquota para bens e serviços, especialistas projetam impactos negativos para o setor
  • Nos EUA, a carga tributária é mais vantajosa porque os impostos sobre consumo são menores, uma estratégia diferente do que é praticado aqui
  • Há, contudo, somente duas regiões no país norte-americano que oferecem a vantagem de receber os valores dos impostos de volta em dinheiro: Texas e Louisiana

Seja em uma viagem de trabalho ou de férias, os Estados Unidos costumam estar no imaginário do brasileiro com a intenção de fazer compras no exterior. No país, cada Estado define os seus impostos sobre vendas, que podem variar entre 0% a 9,55% por transação, considerando a soma dos tributos locais e estaduais.

Quanto custa viajar durante 7 dias na Jordânia?

Engana-se, porém, quem acredita que os destinos mais procurados pelos turistas, como Nova York, Califórnia e Flórida, estão entre os melhores lugares para encher o carrinho. Os dois primeiros figuram entre os dez Estados com o maior imposto sobre compras do país, com uma média de 8,52% e 8,82%, respectivamente. A Flórida aparece na 23º posição do ranking dos 50 Estados, com 7,02%.

Os valores podem assustar à primeira vista, mas por aqui a realidade tributária é ainda pior. O Brasil tem o título de segundo país com o iPhone mais caro do mundo, atrás somente da Turquia, segundo levantamento anual realizado pelo portal Nukeni. No total, cerca de 40% do valor do aparelho vem de impostos federais, estaduais e importação, segundo cálculos realizados pelo escritório Domingues Sociedade de Advogados (DMGSA).

Nas últimas semanas, a reforma tributária entrou nos holofotes e norteou as discussões em todo o Brasil. Com a aprovação da proposta na Câmara dos Deputados, os brasileiros aguardam mais detalhes de como vai funcionar a mudança, que prevê unificar as alíquotas e simplificar o sistema. A substituição completa dos impostos só passa a valer a partir de 2027.

“Há décadas discutimos a necessidade de ter uma reforma para simplificar e trazer mais eficiência ao sistema. Quando isso acontecer, mais empresas e investidores estrangeiros virão e isso pode reduzir o valor do dólar e tornar o País mais competitivo”, diz Camila Tápias, advogada tributarista e sócia do Utumi Advogados.

O texto pode sofrer mudanças, portanto, não há uma definição sobre o valor da alíquota única de tributo que será considerada padrão para a maioria dos bens e serviços da economia. Os especialistas, no entanto, projetam impactos negativos no setor, com uma alíquota-base que pode ser superior a 25% sobre o consumo – se o cenário for concretizado, o Brasil estaria entre os países com um dos maiores Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) do mundo.

“A carga tributária nos EUA é mais vantajosa porque os impostos sobre consumo são menores, uma estratégia diferente do que é praticado aqui”, diz Cláudio Batista, sócio do escritório DMGSA e especialista em direito tributário internacional. “Por termos uma alíquota mais alta há um forte desincentivo do consumo.”

Vale comprar produtos nos EUA?

Quem costuma viajar talvez já tenha se deparado com o “tax free”, um sistema de reembolso de impostos por compras realizadas no exterior. O benefício é muito popular na Europa por devolver ao consumidor final o valor pago pelo imposto IVA, que pode chegar a 27% em alguns países.

Nos Estados Unidos, a política é outra. Há somente cinco Estados que não cobram a chamada “sales tax”: Delaware, New Hampshire, Oregon, Montana e Alasca. Isso significa que a cada US$ 1 mil gastos nesses lugares, o consumidor precisaria pagar US$ 88,2 a mais se os mesmos produtos fossem adquiridos na Califórnia, por exemplo.

Ainda assim, turistas de todo o mundo escolhem o país para fazer compras, especialmente de produtos eletrônicos e um enxoval. E há fundamento na procura. Os dados levantados pelo Nukeni também revelam que o iPhone 14 mais barato do mundo é comercializado nos EUA, com preço médio de US$ 829.

E há somente duas regiões no país norte-americano que oferecem a vantagem de receber os valores dos impostos de volta em dinheiroTexas e Louisiana. Por lá, todas as compras realizadas em lojas como Apple, Forever 21, Macy’s e Best Buy devolvem os tributos aos turistas. Para ter o dinheiro de volta na carteira, é necessário levar o passaporte e as notas fiscais em um dos postos de troca, instalados nas próprias lojas ou nos aeroportos.

Ou seja, se o seu objetivo é fazer compras, talvez você esteja escolhendo o destino errado. Afinal, aquele mesmo iPhone de US$ 829 pode sair até 10% mais caro em outros Estados americanos.

Além dos impostos

O “tax free” é somente uma das vantagens de viajar para a região Sul dos Estados Unidos. A Louisiana representa um dos lugares mais ricos do mundo do ponto de vista cultural, com influências que passam pelos franceses, nativos norte-americanos e espanhóis.

Foi na cidade mais populosa do estado, Nova Orleans, que o cantor e trompetista Louis Armstrong se destacou, transformando a cidade em um reduto lendário do jazz mundial. A culinária cajun e creole também foram eternizadas. E mesmo quem já conhece o país, ou vai pela primeira vez, se depara com uma atmosfera singular e sedutora ao caminhar pelas ruas de NOLA, como o local é popularmente conhecido.

Multicutural, a capital da Louisiana vai além da tradicional festa do Mardi Gras, similar ao nosso carnaval. O destino turístico vibra para quem aprecia uma culinária poderosa e se deixa levar pela musicalidade nos bares de rock, blues e jazz que rodeiam os bairros animados e o famoso calçadão de Bourbon Street. No DNA local, há muita natureza e o turista deve separar um dia para conhecer os pântanos e plantações históricas do local, que mostram um pouco da vida selvagem da cidade.

Depois de fazer as compras e viver um pouco da magia de NOLA, os visitantes podem aproveitar a viagem para explorar os outros Estados da região Sul. De carro, por exemplo, dá para fazer uma rota até Arkansas e planejar um roteiro por diferentes cidades, passando por Little Rock, Hot Springs, Ozarks e Bentonville. O Estado esconde um verdadeiro tesouro na América para quem gosta de experiências ao ar livre.

Como organizar as finanças para viajar

A professora e pesquisadora Gisele Liseane mora em Portugal, mas decidiu aproveitar uma viagem de trabalho no Estado do Mississipi para comprar um novo smartphone. “Sou adepta do “tax free” desde 2008 nos pontos da Europa, mas nos Estados Unidos existe um programa da Apple que faz a troca de um produto antigo por créditos, reduzindo o valor final no trade [troca]”, diz. “Durante a viagem me avisaram sobre o imposto zero na Louisiana e esse foi um fator decisivo para mudar a rota e fazer a compra por lá.”

A recomendação para quem decide viajar e ir às compras é começar um planejamento financeiro com antecedência. O primeiro passo é fazer como Liseane e pesquisar o valor médio do que se pretende comprar no exterior. O segundo, acompanhar o preço das passagens, comparar tarifas de hospedagens e projetar gastos aproximados com a alimentação. Para isso, o viajante deve monitorar a cotação do dólar de perto.

moeda está mais atrativa nos últimos meses, mas segue na faixa dos R$ 5 e exige fazer a conversão para simular as despesas. “Um ponto importante consiste em avaliar o destino porque a incidência de impostos é diferente em cada lugar e isso pode pesar dependendo do volume de compras”, afirma Eliane Tanabe, planejadora financeira CFP pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro).

Ela diz ainda que a melhor forma de se organizar financeiramente é entender o valor que deseja gastar em dólar com um enxoval ou o eletrônico. “Se a intenção é gastar US$ 1 mil, vale comprar a moeda aos poucos ou deixar o dinheiro em uma conta em dólar para se proteger da oscilação do câmbio“, afirma.

O último passo, e um dos mais importantes, fica com a definição da data da viagem para organizar a quantia mensal que deve ser separada até o dia do embarque. Se as contas não batem, a recomendação dos planejadores é olhar para o orçamento e entender se há gastos que podem ser cortados.

 

ACORDO MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA VAI SAIR?

Lula cita ressalvas

CNN BRASIL

Presidente da Comissão Europeia diz que ambição do bloco europeu é resolver quaisquer diferenças para concluir o acordo e Lula reforça resistênciasLula e Ursula von der Leyen na BélgicaLula e Ursula von der Leyen na BélgicaRicardo Stuckert

Em declaração à imprensa feita após o encontro bilateral em Bruxelas, nesta segunda-feira (17), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mencionou a intenção do bloco europeu em fazer o acordo com o Mercosul avançar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que discursou logo na sequência, ao lado de von der Leyen, não fez menção ao assunto inicialmente. Depois, na abertura do fórum empresarial da cúpula Celac-União Europeia, o presidente repetiu a intenção em finalizar o acordo este ano, mas mencionou ressalvas sobre pontos previstos pelo acordo.

A presidente da Comissão Europeia disse que o bloco quer “trabalhar de mãos dadas” com o Brasil para lidar com os grandes desafios atuais e enfatizou a importância do acordo em sua declaração junto a Lula.

“Queremos discutir hoje como conectar mais os nossos povos, empresas, como reduzir o risco, reforçar e diversificar as cadeias de abastecimento e como modernizar nossas economias de forma a reduzir as desigualdades e trazer benefícios a todos. Tudo isso é possível se conseguirmos concluir o acordo União Europeia e Mercosul”, disse von der Leyen.

VÍDEO – Análise: Brasil assume Mercosul com volta da Venezuela no radar

Análise: Brasil assume Mercosul com volta da Venezuela no radar | CNN 360°

A presidente da Comissão Europeia completou que o bloco quer resolver discordâncias entre os países para finalizar a parceria. “A nossa ambição é resolver quaisquer diferenças que ainda existam o quanto antes possível para podermos concluir este acordo. Queremos ser um parceiro que possa chegar a um acordo ‘ganha-ganha’ que dê benefícios a todos.”

No seu discurso com von der Leyen, o presidente Lula não mencionou nenhuma vez o acordo e focou sua declaração na questão climática, dizendo que a transição energética e a transição climática passam a ser uma prioridade do governo.

No compromisso seguinte, a abertura do fórum empresarial da cúpula, o presidente fez mais um discurso e chegou a dizer que pretende finalizar o acordo neste ano. Mas novamente repetiu suas resistências, citando as compras governamentais.

“Um acordo entre o Mercosul e a União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda neste ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder os presentes desafios e futuros. As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar a nossa política industrial”, disse Lula.

O presidente afirmou ainda que os Estados Unidos e a União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional.

O presidente teme que as empresas europeias roubem espaço das empresas nacionais com a permissão para participarem de licitações públicas, conforme prevê o acordo.

Também na abertura do fórum empresarial, Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, que assumiu a presidência da União Europeia em julho, afirmou que a Espanha fará esforços para que o acordo seja finalizado neste ano. Sanchez disse que está trabalhando para que os países resolvam as questões climáticas e superem dificuldades.

CNN já havia adiantado que havia expectativa que Lula, à frente do Mercosul, e Sanchez, à frente da União Europeia, falassem sobre esforços para o acordo avançar, já que ambos estão à frente dos seus respectivos blocos. Mas nenhum avanço concreto sobre o acordo é esperado na cúpula da Bélgica.

 

SERÁ QUE TODAS AS EMPRESAS SÃO IGUAIS SÓ MUDA DE ENDEREÇO?

 

5 recomendações para tomar a decisão assertiva

Virgilio Marques dos Santos – CEO da FM2S Educação e Consultoria

A vida é uma travessia. Estamos sempre indo do ponto A para o ponto B, às vezes em linha reta e muitas outras por vias tortuosas. Esta metáfora, tão usada por pensadores da área de negócios, é interessante. Digo isso porque, quando damos inícios a uma travessia, espera-se que cheguemos num lugar diferente do que saímos. Mesmo assim, quando chegamos, nos sentimos um estranho naquele novo lugar. Quantas vezes não mudou de empresa e se pegou com saudades da antiga casa?

Como exemplo, gosto de pensar em jovens que saem de uma pequena cidade e começam uma nova vida em um grande centro. Quando perguntados sobre o que estão achando, muitos se mostram preocupados com os novos costumes da cidade grande. É comum ouvir expressões saudosas, que servem para demonstrar o quanto as pessoas eram mais felizes. Agora, a pergunta que me veio foi: se estava tão bom, por que iniciou uma travessia? Afinal, se eu empreendo esforços nesse sentido, é natural esperar que o lugar que eu estou indo seja diferente do qual estava, não é mesmo?

Apesar de lógico, as coisas nem sempre são assim. Muitos, sentindo-se desconfortáveis com algo, buscam mudar sem saber ao certo o quê. Entender o que não está nos fazendo bem é algo que precisamos colocar esforço e análise. Encontrar a causa raiz do que nos incomoda não é trivial de ser achada. E, nesse momento de desconforto, pode aparecer uma oferta de vaga enquanto navega no LinkedIn ou no Instagram e você acaba clicando. Pronto. Está num processo seletivo e não sabe bem o porquê está lá. Apenas clicou.

Nesse meio tempo, enquanto o processo corre, você começa a achar que sua vida estagnou. Não há perspectivas de crescimento. Seu colega foi promovido, mesmo sendo você bem melhor que ele. Está péssimo, olhando as redes sociais para que o tempo passe mais rápido. E aí, recebe um convite de entrevista por e-mail! Uau! As pessoas ainda se interessam por você. Papo vai, papo vem, o entrevistador mostra todo potencial que você terá para mudar de empresa. Vai crescer! O céu é o limite. Salário maior já na largada; enfim, nunca mais se sentirá parado.

Muda. Despede-se. É admitido. Duas semanas de cordialidades. Na terceira semana, começa o ritmo normal e vem aquela sensação: empresa é tudo igual, só muda de endereço. Começa a rotular os puxa sacos. Cria uma lista mental dos fofoqueiros do café. Decora o organograma. Decora o namorograma (importante). Sente a primeira quebra de expectativa. Alguém te recrutou porque achou que a culpa do Projeto Transformador era o antigo profissional. E você, em três semanas, não conseguiu mudar tudo. Quebra-se o encanto e, em uns três meses, estará na mesma. Socorro. Por que mudei?

Calma, nem tudo é assim.

Como diziam os avós: pesei na tinta do exemplo citado, mas muitas vezes é esse o quadro que encontramos. Por isso, quando for fazer uma travessia corporativa, precisamos de mais avaliação. O profissional de hoje está diante de um cenário bem complexo e interessante. Estamos vivendo em um mundo globalizado, conectado e em constante mudança, com empresas disputando talentos e inovações surgindo a todo momento.

A primeira coisa que um profissional deve considerar antes de fazer uma mudança de empresa é: qual é o seu objetivo de carreira no longo prazo? É importante ter uma visão clara de onde você quer chegar. Essa mudança vai te aproximar dos seus objetivos ou é apenas um salto temporário que pode te desviar do seu caminho?

O segundo ponto é: entender o cenário do mercado. A empresa para a qual você está considerando mudar está em ascensão? Quais são as tendências para essa indústria nos próximos anos? Você terá oportunidades de crescimento e desenvolvimento lá?

A terceira consideração é se identificar com a cultura da empresa. Seus valores fazem sentido? A cultura de uma organização pode afetar significativamente a sua satisfação no trabalho e o seu desempenho. Além disso, a adaptação a uma nova cultura pode ser um desafio, por isso, é importante pesquisar e refletir sobre isso.

Além disso, o quarto – e essencial – ponto é considerar a oferta em si. O pacote de benefícios atende às suas necessidades? O salário é competitivo e justo pelo seu nível de experiência e habilidades? A posição oferece um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal?

Por fim, como quinta recomendação: refletir sobre o momento da mudança. Mudanças são estressantes e exigem adaptação. Este é um bom momento para você lidar com isso? Você está emocionalmente pronto para iniciar um novo capítulo em sua carreira?

Acredito, junto à FM2S, que a educação contínua e o desenvolvimento de habilidades são fundamentais para a sua carreira. Independentemente da empresa em que você está, investir em si mesmo é sempre a melhor opção. Nós não somos definidos pelas empresas em que trabalhamos, mas pelas escolhas que fazemos. E lembre-se: o trabalho é um palco onde você atua, e o papel principal é sempre seu. Portanto, escolha com sabedoria.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

ENSINO TRADICIONAL FAZ PERDER 40% DO POTENCIAL DAS CRIANÇAS

40% do potencial das crianças é desperdiçado no ensino tradicional brasileiro

Byvaleon

Jul 17, 2023

Luciana Pinheiro – Mestre e doutora em linguística

Especialistas em educação explicam vantagens do modelo nórdico, que chega a Goiânia em 2023, e pode aprimorar resultados da educação formando pessoas e profissionais mais felizes e capazes

O ensino tradicional brasileiro corre o risco de se tornar obsoleto. De acordo com o Relatório de Capital Humano Brasileiro, estudo inédito do Banco Mundial, uma criança brasileira nascida em 2019 deve alcançar em média apenas 60% do seu capital humano potencial ao completar 18 anos. O objetivo do levantamento é alertar governos sobre a necessidade de investir em pessoas, e a educação é parte fundamental desse processo, por isso é preciso criar alternativas.

Diante disso, Luciana Pinheiro, mestre e doutora em linguística e uma das diretoras da Winsford Global Education, destaca a importância de adotar um novo modelo de ensino que faça com que as crianças se tornem boas em aprender, mas também em viver. “As aprendizagens que acontecem dentro da sala de aula devem ter muita conexão real com o mundo das crianças. Fazer essa ligação é fundamental para que o aprendizado tenha significado real para elas”, pontua.

Isso é confirmado por dados do relatório The Future of Jobs (O futuro dos empregos), do Fórum Econômico Mundial. No futuro, é estimado que 65% das crianças que estão começando os estudos hoje realizarão trabalhos que ainda sequer existem. Colocando em números puramente econômicos, o Banco Mundial estima que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional poderia ser 158% maior se as crianças brasileiras desenvolvessem suas habilidades ao máximo. Essa conclusão deriva do Índice de Capital Humano (ICH), calculado pela entidade, que tem a escolaridade e os resultados de aprendizagem como um dos fatores principais.

O foco no futuro que essa busca por inovação leva em consideração tanto o desenvolvimento para o mercado profissional como para uma vida feliz. Afinal, embora tenha um dos IDHs mais altos do mundo, o Japão decidiu criar um “Ministério da Solidão” para lidar com a saúde mental de seus jovens e o elevado índice de suicídios.

Modelo finlandês

Os esforços para corrigir os resultados da educação nacional devem começar de imediato e, para isso, o modelo pedagógico finlandês é uma ótima opção do que se seguir. Dados mostram que o ensino do país nórdico alcança o primeiro lugar em rankings como o de melhor educação primária, melhor educação para o futuro, maior letramento e bem-estar e felicidade. Esse formato tem registrado crescimento em todo o mundo e defende um ensino menos padronizado em relação a avaliações que alimentam a competitividade, como as provas, e mais focados na cooperação e na adoção de novas tendências para o desenvolvimento de habilidades.

Dentre as principais mudanças no formato estrangeiro, que chega a Goiânia para o ano letivo de 2023, está a transformação na arquitetura das salas de aula, que não possuem fileiras de cadeiras voltadas para uma lousa, e no fim do foco na competitividade e no controle para favorecer o aprendizado mútuo. “Não se trata de impor o conhecimento às crianças, mas sim de adaptar o conhecimento que é necessário a todas elas para aquilo que elas consideram interessante, para que elas queiram aprender”, reforça Luciana.

A especialista acredita que para que esse novo modelo de educação seja eficaz é melhor que seja construída desde a base ao invés de reformada no futuro. “Queremos que as crianças se desenvolvam sabendo expressar suas ideias de forma complexa, mas também inovadora, tangível e rigorosa. As crianças sabem o que querem realizar e é por isso que acreditamos que a educação precisa ser significativa. Nós queremos empoderar cada aluno para ter confiança para escolher seu próprio caminho”, defende Luciana.

A pedagoga e diretora da Winsford, Rosariane Campos, explica que cada atividade que faz parte da rotina do aluno precisa se conectar com um propósito. Assim, se a criança pratica uma arte marcial, ela pode também aprender mais sobre a língua e a cultura do país onde ela teve origem, se ela tem uma alimentação natural no almoço, ela pode acompanhar o processo de plantio e colheita das verduras, por exemplo.

“Queremos oferecer uma experiência transformadora. A criança precisa aprender a estabelecer vínculos autênticos com sua cultura, e com as outras também, para que elas possam expandir suas visões de mundo. Queremos que elas se inspirem dentro da nossa escola para já visionar seus futuros, seja em uma universidade brasileira ou no exterior e que elas saibam ousar no pensar e no agir, mas que sejam respeitosas por si e pelos outros. É importante formar crianças livres e confiantes para serem, simplesmente, crianças”, finaliza a especialista.

 

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS JÁ ENXERGAM A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA PARA IMPULSIONAR OS SEUS NEGÓCIOS

 

Luiz Felipe Grilo – Diretor de Cibersegurança da Unentel

 Pesquisa revela que 98% das pequenas e médias empresas já enxergam a tecnologia como ferramenta ideal para impulsionar os negócios

Negócios que incorporaram e adotaram tecnologias emergentes em suas operações já estão colhendo os benefícios, principalmente nesse período pós pandemia, de acordo com uma pesquisa realizada em 2022 pela Microsoft em parceria com a agência de comunicação Edelman. O estudo constatou que 98% das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) – frequentemente vistas como incapazes de acompanhar a evolução das máquinas e softwares – estão passando por um processo de transformação digital, além de reconhecerem e conseguirem medir o impacto positivo da iniciativa.

“A maioria dessas companhias já experienciou essa inovação em algum nível, principalmente na pandemia. É fundamental desmistificar essa percepção e destacar as oportunidades que elas têm ao abraçar a tecnologia, de maneira que a transformação digital passe a ser vista como algo palpável para todos, e não apenas para empresas que possuem grande capital de investimento”, comenta Luiz Felipe Grilo, diretor de Cibersegurança da Unentel, empresa fornecedora de soluções tecnológicas com foco no público business-to-business (B2B).

O levantamento também revelou que grande parte dos empreendedores superou desafios como conectividade e hardware entre 2021 e 2022. Isso indica um progresso significativo na adoção de tecnologias digitais por parte das MPMEs. No entanto, essa mudança não se resume apenas a implementar novos sistemas e softwares, mas envolve uma mudança cultural e organizacional completa, redefinindo a forma como as empresas operam e interagem com o mercado.

“Na Unentel, esse foi um período crucial para nosso desenvolvimento interno e da equipe, já que distribuímos soluções físicas e de softwares que colaboraram na migração para o trabalho home office de mais de 200 mil profissionais na pandemia. É inegável o poder que as tecnologias emergentes têm para impulsionar o crescimento e, principalmente, a competitividade das companhias em todo o mundo”, relembra Grilo.

Desmistificando a transformação digital

Uma das principais maneiras pelas quais a transformação digital impulsionou crescimento é a otimização de processos, em andamento para 92% das empresas entrevistadas na pesquisa. Dessas, 81% informaram que a transformação está ocorrendo rapidamente, enquanto 47% estão priorizando a otimização do uso de dados para a inteligência de negócios.

Além de tudo, é importante destacar que todos os lados da moeda se beneficiam com as mudanças tecnológicas, não se tratando apenas de investir em tecnologia, mas também nas alterações de processos internos, estratégias de negócios, relacionamentos com parceiros — sendo eles PMEs ou grandes nomes do mercado —, desenvolvimento das habilidades digitais dos colaboradores e experiência do cliente.

“O aumento da conectividade e as possibilidades dos dispositivos móveis estão tornando os consumidores cada vez mais exigentes em relação às tecnologias. Empresas que investem em inovações neste meio conseguem oferecer uma experiência mais fluida e intuitiva, atendendo às expectativas dos clientes e gerando a tão sonhada fidelidade à marca ou serviço”, finaliza o especialista.

Marketplaces em alta: o sucesso no mercado

Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP

Certas estratégias são cruciais para alavancar as vendas e isso começa com o primeiro contato

Marketplaces são uma tendência no e-commerce. Isso porque, os benefícios existem tanto para quem tem seu próprio ambiente, quanto para os sellers, os quais vendem nas plataformas de outros empreendedores. Entretanto, apesar dessa alta, é fundamental as organizações se prepararem da melhor forma para receberem seus grupos alvo, independentemente da época do ano. Isso inclui uma elaboração iniciada pelo atendimento.

O que são marketplaces e qual a sua realidade no mercado?

Esse conceito se remete a uma noção mais coletiva de vendas on-line. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus artigos, dando ao cliente um leque de opções. Desse jeito, trata-se de uma rede cujos vendedores podem fazer suas ofertas dentro da mesma página. Ou seja, é como um shopping center virtual cujos visitantes têm acesso a vários estabelecimentos. Sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas, Amazon e a Valeon são ótimos exemplos, inclusive, de acordo com o último relatório Webshoppers, 84% dos empreendedores brasileiros possuem canais ativos em ambientes como esses.

Conforme a ChannelAdvisor, na China, esse tipo de comércio já representa 90% do faturamento do varejo on-line e, nos EUA, 33%. Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do setor em 2021 foi de 19%.

Principalmente em temporadas de forte atividade, como o Natal, Dia dos Namorados, das Mães e dos Pais, as movimentações tendem a ser significativas. O Dia do Consumidor, por exemplo, em 2022, chegou a um faturamento de R$ 722 milhões, com elevação de 22% em comparação a 2021, de acordo com dados da Neotrust. Contudo, para, de fato, chamar a atenção dos fregueses, apenas preços atrativos e propagandas não são o suficiente, é preciso oferecer uma experiência completa. “Para deixar uma marca positiva é necessário garantir um primeiro contato excelente, indo até o pós-venda. Os responsáveis por esse tipo de negócio tendem a pensar só no produto final entregue, mas toda interação importa”, explica Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP.

Um destaque em meio à concorrência é fundamental

Ciente de como apenas qualidade final não é o suficiente, diversos quesitos tendem a ajudar uma empresa a se destacar em meio a tanta concorrência. Logo, diferentes fatores influenciam a posição ocupada nas buscas, seja preço, custo do frete, avaliações, etc. Além disso, é imprescindível identificar como chamar a atenção em detrimento de sellers ocupando o mesmo espaço. Nesse contexto, conhecimento nunca é demais para descobrir como planejar condições visando se sobressair.

Outra questão importante diz respeito aos parceiros mantidos por perto e a estrutura do negócio em geral. Para a quantidade de vendas alcançadas por um programa como esse, investir na atração de indivíduos para promover suas corporações lá dentro, diversificando e ampliando o portfólio torna tudo mais robusto. Além disso, deve haver uma atenção especial à otimização das operações.

Todavia, de nada adianta tomar cuidado com tudo isso e não promover uma boa gestão operacional. Dentre diversos benefícios, a transformação de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das demandas. A partir desse ponto é crucial redobrar a cautela com estratégias adotadas no local omnichannel. Uma administração eficiente é o meio para a criação de modelos de vivência da persona para ela ter uma boa prática nessa aquisição. “Hoje em dia, uma pessoa transita por diferentes pontos de contato. É relevante, então, conseguir alcançar o preciso da melhor forma e naquele momento, assim, há grandes chances de fidelizar”, comenta o especialista.

Dicas para se sair bem no mercado

Antes de tudo é sempre interessante se colocar no lugar dos frequentadores, pois, somente conhecendo bem eles é viável proporcionar oportunidades e elementos favoráveis. Em circunstâncias assim, um bom levantamento de dados para analisar as dores e as necessidades é uma excelente alternativa, tendo em vista como, por meio dessas informações, é fácil identificar qual a busca e como agradar.

No entanto, o ditado é real e, de fato, a primeira impressão fica. Logo, a assistência inicial desse sujeito deve ser levada em consideração de forma primordial. Como anda o seu atendimento? Quais as abordagens utilizadas para lidar com esses interessados? Independentemente de qual seja, a Startup Valeon consegue auxiliar, incrementar e melhorar qualquer estratégia de forma inovadora.

A tecnologia de robôs tem sido cada vez mais utilizada em diversas esferas do cotidiano da população. No geral, essa indústria está em crescimento, de acordo com a VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais), as vendas do setor aumentaram em 13% em 2022. Nos primeiros quatro meses, os pedidos recebidos foram elevados em 38%, também em relação ao ano anterior, na Alemanha.

Em todo o mundo, já existem mais de três milhões deles operando em fábricas e pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos nos últimos anos em novas instalações utilizando esse tipo de modernização. Pelo menos 76% desses investimentos foram feitos por cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. As indústrias automotiva, elétrica, eletrônica e metálica se destacam nesse uso em seus parques industriais. Porém, no caso do apoio ao consumidor esse artifício também não poderia ficar de fora. Com a Startup Valeon isso é possível para todos os âmbitos. “Nós enxergamos essa assistência como parte do processo de conquista e a colocamos como um pilar principal para os nossos usuários.

Dessa maneira, a firma oferece serviços baseados na aprimoração desse suporte para as companhias parceiras, seja com os tão comentados robôs, responsáveis por atender chamadas e responder mensagens automaticamente, ou com outras ferramentas. Ao todo, há uma flexibilidade sem igual para atender a todo tipo de instituição, com humanos, chat, voz, redes sociais e WhatsApp, o propósito é aumentar os resultados e promover atualização constante.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

domingo, 16 de julho de 2023

PENDURICALHOS É UMA PRAGA QUE SE ESPALHA NA JUSTIÇA E NO SERVIÇO PÚBLICO

 

O STF leva 17 anos para constatar o óbvio: que é inconstitucional um escandaloso penduricalho do Ministério Público criado pelo próprio órgão cuja função é moralizar o MP

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

Está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) um processo que é uma aula de como as coisas funcionam no Brasil. Não é preciso generalizar, mas apenas reconhecer um padrão de comportamento por parte de vários órgãos e entidades, padrão esse que permite a captura do aparato estatal por setores da elite do funcionalismo público.

Proposta há 17 anos pela Advocacia-Geral da União (AGU), ainda no primeiro governo Lula, a ação questiona a constitucionalidade de um dos penduricalhos do Ministério Público: os chamados “quinto”, “décimo” e “opção”. São “vantagens pessoais” concedidas a quem exerceu cargos de direção, de chefia ou de assessoramento em algum momento da carreira, mas que continuam sendo pagas mesmo após o término dessas funções.

Chama a atenção, em primeiro lugar, a demora no julgamento de uma ação bastante simples. A Constituição de 1988 proíbe esse tipo de incorporação de benefício. Já era assim antes, mas a Emenda Constitucional (EC) 19/1998 deixou o tema ainda mais cristalino. Não se pode transformar em permanente o valor extra motivado por trabalho ou função adicional.

Agora, formou-se maioria, no plenário virtual, para declarar a inconstitucionalidade desse penduricalho. Seis votos acompanharam o entendimento do relator, ministro Luís Roberto Barroso, no sentido de que a Constituição de 1988 proíbe o “acréscimo de qualquer espécie remuneratória ou de vantagens pessoais decorrentes do exercício regular do cargo”. O julgamento terminará após o recesso do Judiciário.

Diante de tema cuja resolução é tão evidente, a pergunta que surge é: por que o STF precisou de 17 anos para reconhecer essa inconstitucionalidade? Aqui entram em cena os outros atores envolvidos na captura do Estado por interesses privados.

O penduricalho agora julgado pelo STF não nasceu por geração espontânea. Ele foi criado por uma norma de 2006 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), estabelecendo que os integrantes mais antigos do Ministério Público poderiam continuar recebendo, à parte dos holerites, valores referentes a funções de chefia que exerceram em alguma etapa da carreira. O Conselho também liberou o pagamento de adicional de 20% para quem tivesse se aposentado antes de 1998.

Eis a situação indignante. O CNMP foi criado em 2004 pela Reforma do Judiciário (EC 45/2004) para fiscalizar e disciplinar administrativa e financeiramente o Ministério Público. No entanto, o órgão que vinha moralizar fez, antes mesmo de completar dois anos de funcionamento, o exato contrário. Em vez de fiscalizar, ele autorizou o penduricalho inconstitucional.

Há um problema muito grave quando o órgão de fiscalização se torna o próprio agente de ilegalidades; no caso, de uma inconstitucionalidade. Não é apenas a realização de uma coisa malfeita, mas a aprovação – como se estivesse tudo bem – do que está fora da lei. Trata-se de violação descarada e aplaudida da República.

Mas há outro fator, sempre presente nas manobras de captura do Estado por setores do funcionalismo, que ajuda a explicar a demora do julgamento pelo STF. Desde que foi proposta pela AGU, a ação de inconstitucionalidade contra o penduricalho sofreu enorme oposição por parte de várias entidades privadas de membros do Ministério Público, a começar pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)– aquela que deseja submeter o processo de escolha do procurador-geral da República à sua lista de indicações. O argumento corporativista foi o mesmo de sempre: não se pode aplicar as regras constitucionais sobre os procuradores e os promotores, uma vez que eles têm “direito adquirido” ao penduricalho. Trata-se de manifestação evidente de que essas entidades atuam no interesse de seus membros, e não têm maiores pudores em usar interpretações criativas em seu benefício.

A Constituição deve valer para todos. A começar para quem, como o Ministério Público, tem o dever de defender a ordem jurídica e o regime democrático. Chega de penduricalho. Chega de tanta conivência com tamanha praga.

COMÍCIO DO MINISTRO BARROSO NA UNE CONTRA O BOLSONARO É UMA CONFISSÃO DE CONDUTA

J. R. Guzzo – Jornal Estadão

Desde quando é função de um ministro do STF ‘lutar’ para derrotar uma corrente política?

Por J.R. Guzzo

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, faz saudação ao ex-presidente do STF, Sepúlveda Pertence, homenageado com a Medalha Teixeira de Freitas do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

O ministro Luís Roberto Barroso, que será o próximo presidente do Supremo Tribunal Federal, não faz nexo no que diz em público. Lembra, a cada manifesto que faz à nação, um desses oradores que sobem num caixote na Praça da Sé e ficam falando que o mundo vai acabar na próxima terça-feira. O orador da Praça da Sé, é verdade, não dá prejuízo a ninguém – enquanto Barroso e os colegas, a cada vez que abrem a boca, pioram tudo o que já há de pior no Brasil. Mas, pensando um pouco, por que ele teria de dizer coisa com coisa? O Alto Comissariado que hoje governa o país não mantém nenhuma relação coerente entre as decisões que toma e aquilo que as leis em vigor mandam fazer.

Há quatro anos a Constituição Federal foi substituída por um inquérito policial perpétuo, que eliminou os mandamentos mais elementares de uma democracia. O STF, com base apenas na força armada da Polícia Federal, colocou a si próprio como um “Poder” da República. É óbvio, aí, que está valendo tudo.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso durante Congresso na UNE, em Brasília
O ministro do STF Luís Roberto Barroso durante Congresso na UNE, em Brasília Foto: Yuri Salavador/ UNE

No seu último surto, num comício na UNE, Barroso disse que “lutou contra o bolsonarismo”, para “permitir a democracia e a livre manifestação de todas as pessoas”. E desde quando é função de um ministro do STF “lutar” contra uma corrente política – que, por sinal, teve quase 50% dos votos na última eleição para presidente? É uma aberração; é também uma confissão de conduta ilegal. Nada do que disse tem alguma coisa a ver com a lógica comum. “Só ditadura cassa mandatos”, disse ele. A Junta STF-TSE cassou o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol. “Só ditadura cria censura”, afirmou em seguida.

O STF impõe, há anos, censura permanente na internet – proíbe que parlamentares se manifestem nas redes sociais, impediu que órgãos de imprensa publicassem informações desfavoráveis a Lula na campanha eleitoral e indiciou em inquérito um grupo de cidadãos que conversava no WhatsApp. “Só ditadura tem presos políticos”, disse ainda. Há, neste momento, mais de 250 presos políticos nos cárceres do STF em Brasília; já houve quase 2.000, sem contar o deputado Daniel Silveira, preso durante nove meses, solto e preso de novo, em violação frontal ao que diz a Constituição. E por aí foi ele, numa desordem mental contínua e sem maiores sinais de vida inteligente. Disse, depois, que não quis “ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente”, e até mesmo que autoriza os brasileiros a terem “uma visão conservadora” do mundo. Mas aí a casa já tinha caído.

Barroso, com o seu pronunciamento, conseguiu um feito inédito: até o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, achou que assim também já era demais. É onde o Brasil veio parar.