quarta-feira, 5 de julho de 2023

LULA PRESIDENTE DO MERCOSUL ENDURECE CRÍTICAS À UNIÃO EUROPEIA

Cúpula

Por
Guilherme Grandi – Gazeta do Povo


Presidente classificou instrumento como “inaceitável” e disse que Mercosul vai dar resposta “contundente” às restrições.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse da presidência rotativa do Mercosul, na manhã desta terça (4) em Puerto Iguazu, na Argentina, com um endurecimento das críticas às restrições impostas pela União Europeia ao acordo comercial entre os dois blocos. Ele classificou o chamado “Instrumento Adicional” das negociações, apresentado em março deste ano, como “inaceitável”.

“Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente. É inadmissível abrir mão do poder de compra do estado – um dos poucos instrumentos de política industrial que nos resta. Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matéria primas, minérios e petróleo”, disse durante o discurso de posse.

Lula ressaltou durante a apresentação que a gestão à frente do Mercosul até o final do ano terá como foco o estabelecimento de novos acordos comerciais bilaterais com países como China, Indonésia, Vietnã e de regiões como América Central e Caribe, e a revisão e avanço em tratados com o Canadá, a Coreia do Sul e Singapura.

O comércio interno e com outros países da América do Sul também está no radar da gestão de Lula no Mercosul, como a ampliação de acordos com o Chile, Colômbia, Equador e Peru e a aprovação da adesão da Bolívia ao bloco. “Temos urgência para o acesso da Bolívia como membro pleno e trabalharei pessoalmente por sua aprovação no Congresso brasileiro”, afirmou.

No entanto, Lula não fez qualquer menção à Venezuela, país com que restabeleceu relações diplomáticas e a classificar como uma “democracia” durante a visita com honras de Nicolás Maduro ao Brasil, em maio. O ato foi duramente criticado principalmente pelos presidentes do Uruguai e Chile, além da própria oposição venezuelana.

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Moeda única do Mercosul volta à discussão
Ainda durante o discurso de posse no cargo de presidente rotativo, Lula reafirmou a necessidade de se criar uma moeda única para transações comerciais entre os países do bloco em vez de se utilizar o dólar. No entanto, restrita às negociações.

“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse.

O presidente ainda ressaltou os produtos agrícolas, minerais e manufaturados produzidos no bloco, mas que ainda tem uma “agenda inacabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava rodada de liberalização do comércio de serviços”.

Lula afirmou ainda, durante o discurso, que os países membros do bloco precisam implantar políticas que promovam uma integração regional mais profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação.

“Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações”, afirmou.

Financiamento estrangeiro à infraestrutura
O presidente ressaltou que, com a presença de Dilma Rousseff (PT) à frente do Banco dos Brics, será possível ajudar a financiar projetos de desenvolvimento nos países membros do Mercusul para “reduzir as assimetrias dos seus membros”.

Além do Banco dos Brics, também devem ser utilizados recursos junto a bancos nacionais e organismos regionais de desenvolvimento, como a CAF, o Fonplata e o BID.

Lula pretende, ainda, fortalecer o Parlasul, o Parlamento do Mercosul, que tem como atribuição legislar sobre matéria de interesse comum à integração regional; do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos; do Instituto Social e do Tribunal Permanente do Mercosul. Por fim, também pretende propor a reinstalação do Foro Consultivo de Municípios e Estados Federados, e realizar a Cúpula Social em formato presencial.

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QUEIMADAS NA AMAZÔNIA E NO CERRADO AUMENTAM

Meio ambiente
Por
Aline Rechmann – Gazeta do Povo

– AFP PICTURES OF THE YEAR 2019 – Smokes rises from forest fires in Altamira, Para state, Brazil, in the Amazon basin, on August 27, 2019. – Brazil will accept foreign aid to help fight fires in the Amazon rainforest on the condition the Latin American country controls the money, the president’s spokesman said Tuesday. (Photo by Joao Laet / AFP)


Em junho de 2023, os focos de incêndio na Amazônia e no Cerrado atingiram os maiores números desde 2007.| Foto: João Laet/AFP

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que junho foi o mês com o maior número de focos de incêndio na Amazônia e no Cerrado, nos últimos 16 anos.

Na Floresta Amazônica, foram registrados no mês passado 3.075 focos de incêndio. O número só é superado pelo registro de 2007, quando 3.519 focos foram contabilizados. Em junho do ano passado, o Inpe registrou 2.562 focos de incêndio, o que representa um aumento de 37% entre junho de 2022 e junho de 2023.

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No Cerrado, em 2022, o mês de junho registrou 4.239 focos de incêndio. No mesmo mês de 2023 foram 4.472 ocorrências, um crescimento de 5%. Da mesma forma que o bioma amazônico, no cerrado os maiores números de focos também foram registrados em 2007, quando houve 7051 focos de incêndio.

Os dados são considerados altos para o mês de junho, pois a média de focos no Cerrado é de 3.779 e na Amazônia, de 2.682.

Historicamente os meses de julho, agosto e setembro são os meses com os maiores registros de focos de incêndio nos dois biomas. Dados do Inpe apontam que nos meses de julho a setembro, o Cerrado registra, em média, entre 12 mil e 22 mil focos, enquanto na Amazônia, a média pode variar entre 16 mil e 32 mil.

Na Amazônia, queimadas foram mais frequentes do que em 2022
Os dados do Inpe também mostram que o primeiro semestre de 2023 registrou mais focos de incêndio do que o mesmo período do ano passado. Enquanto que nos seis primeiros meses de 2022 ocorreram 7.533 queimadas na Amazônia brasileira, os satélites registraram 8.344 no bioma entre janeiro e junho de 2023 – um aumento de 10%.

No Cerrado, o acumulado do primeiro semestre de 2023 mostrou uma redução dos focos de incêndio quando comparado com o mesmo período de 2022: de 10.869 para 10.322, uma queda de 5%.


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REFORMA TRIBUTÁRIA DO GOVERNO LULA É CENTRALIZANTE E DESAGRADA GOVERNADORES E PREFEITOS

 

Impostos

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Dinheiro / Real – 25-05-2017 – O Real é a moeda corrente oficial da República Federativa do Brasil. A cédula de um real deixou de ser produzida, entretanto continua em circulação alguns exemplares. As demais cédulas de real continuaram sendo produzidas normalmente pela Casa da Moeda. Entre elas, as notas de: 2,5,10,20,50 e 100.


Temor de aumento da carga tributária com reforma é grande entre setores da economia e analistas.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / arquivo

Prefeitos, governadores, entidades do comércio, da indústria, do agro, estão se mobilizando em torno dessa reforma tributária em tramitação na Câmara. Todos dizem que vão aumentar os impostos, a carga fiscal. Nós já trabalhamos até o fim de maio para sustentar o Estado brasileiro nos seus três níveis – município, estado e União – e nos seus três poderes. O Estado parece cada vez mais inchado e centralizado na União, principalmente em Brasília, quando deveria estar espalhado pelos 5.570 municípios, se não me engano. Diz-se federativo, mas os municípios recebem migalhas. A União centraliza tudo e os prefeitos ficam devendo favores à União, quando o Ministério da Fazenda repassa os impostos.

Neste 4 de julho recordamos a Revolução Americana, que tornou os Estados Unidos independentes por causa de impostos. A Inconfidência Mineira, de Tiradentes, aconteceu por causa do quinto sobre o ouro. Quinto significa 20%, mas hoje nós pagamos em impostos quase o dobro disso. E o pior imposto é aquele que está embutido em tudo que compramos. Porque nós é que pagamos o imposto, não é o empresário. Ele repassa para o produto ou serviço, para sustentar o Estado brasileiro.

Não é que o imposto seja alto. Eu vou repetir aqui uma conversa que tive com os meus amigos da Rádio Guaíba, de Porto Alegre. Encontrei um brasileiro de Governador Valadares que vive em Tampa, na Flórida. Ele me contou que lá em Valadares era comerciante e sonegava tudo que podia, porque o serviço público era péssimo. “Eu estava pagando imposto para não receber um bom serviço de educação, de saúde, de segurança, então não vale a pena pagar imposto.” Mas em Tampa, ele disse, paga cada centavo com gosto, porque a rua está limpinha, há a mais absoluta segurança, os filhos estão numa escola pública excelente, e quando ele precisa de saúde pública ele tem. Essa é a questão: o tamanho do imposto corresponde à qualidade do serviço que o Estado nos presta? Aqueles servidores nossos que operam o Estado estão trabalhando direito?

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Os juízes que estão entrando têm vocação para a magistratura?
O corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, numa entrevista à TV Migalhas, foi perguntado sobre essa história de concurso público com infiltração do PCC, com o crime organizado botando candidatos que vão fazer concurso para virarem juízes e trabalharem pelo crime. Isso aconteceu na Península Ibérica em outras épocas, quando o Partido Comunista colocava gente nos seminários. Ele respondeu que há muitos candidatos a juiz, mas temos de perguntar: quem estamos selecionando? Estamos selecionando exclusivamente os vocacionados? Será que a pessoa tem vocação para juiz?

Agora, para a corte suprema, para o posto mais alto do Judiciário, não é preciso nem ser formado em Direito, nem ter sido juiz. Basta ter mais de 35 anos e menos de 65, ter supostamente conduta ilibada e notável saber jurídico. Será que esse critério também seleciona gente vocacionada para ser juiz? Tenho dito que, quando um advogado entra no Supremo, a natureza dele é defender uma causa, defender um cliente que tenha necessidade de ser defendido. O juiz é diferente: o juiz defende a lei, a Constituição; o juiz é o fiel da balança, fica no centro, tem de ouvir a acusação e a defesa e ser o mais isento possível. Eu acho estranho isso.

Recordar é viver: Flávio Dino contra a urna eletrônica
Queria recomendar a vocês, mas acho até que vocês já viram: está nas redes sociais uma magnífica, brilhante defesa do comprovante do voto, uma exposição dos riscos da urna eletrônica, feita há dez anos por Flávio Dino, quando ainda era deputado pelo PcdoB; uma argumentação cristalina e brilhante.

GAZETA DO
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SAÚDE BRASIL IGNORA VACINA IMPORTADA CONTRA A DENGUE E ESPERA A VACINA NACIONAL PARA 2025


Por
Gazeta do Povo

cretaria de Estado da Saúde confirmou nesta quinta-feira (14) o quarto caso de febre amarela no Estado. A pessoa infectada é de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, mas o local de infecção ainda está sob investigação. Tags: Mosquito, Aedes Aegypt, pernilongo,


Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue.| Foto: divulgação/Sesa

O Ministério da Saúde deve esperar pelo menos até o final de 2024 para começar a distribuir uma vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan que ainda está em estudos, em detrimento de uma versão importada que já tem a eficácia comprovada em mais de 80% e foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. A informação foi revelada pelo jornal O Globo nesta terça (4) e confirmada pela pasta.

Segundo a apuração, o ministério está acompanhando a pesquisa da vacina nacional, mas ignorando a desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda que já pode ser encontrada na rede privada por R$ 400 a R$ 500 a dose. A versão importada tem uma eficácia geral de 80,2% contra qualquer tipo de sorotipo da dengue e pode ser aplicada em crianças acima de 4 anos, adolescentes e adultos até os 60 anos de idade.

Já a versão nacional está em estudos desde 2009 e só deve ter a pesquisa enviada para análise da Anvisa no final do ano que vem – o que levaria a aprovação e distribuição para 2025.

Em uma nota à imprensa, o Ministério da Saúde afirmou que “tem uma política de garantir a produção nacional, evitando a tragédia observada na pandemia da Covid-19, quando faltaram ventiladores e até equipamentos de proteção individual elementares”.

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BENEFÍCIOS DE ENVELHECER MANTENDO O CORPO EM MOVIMENTO

 

É possível manter uma rotina intensa de exercícios físicos depois dos 50? Elas provam que sim

Barriga trincada, saúde mental e autoestima em dia: são muitos os benefícios de envelhecer mantendo o corpo em movimento. E nunca é tarde para começar

Por Ana Carolina Sacoman – Jornal Estadão

“Mulheres, não deixem ninguém dizer que vocês já passaram do seu auge.” A frase é do discurso da vencedora do Oscar 2023 Michelle Yeoh, de 60 anos, mas poderia ser da Susanne, da Mônica, da Maria e de outras mulheres que já passaram dos 50 ou dos 60 anos e estão no ápice do condicionamento físico. Elas meteram o shape, como dizem por aí, com exercícios de força e treinos diários que deixam muito marombeiro com metade da idade no chinelo. Não tem milagre: barriga tanquinho, braço torneado e coxa de atleta são reflexos de alimentação equilibrada e disciplina militar para malhar.

Elas apostaram nos exercícios físicos intensos – esqueça a hidroginástica, a pegada aqui é nível Gracyanne Barbosa – pelos mais variados motivos: falta de autoestima, uma barriguinha aqui, uma dor acolá e a chegada da menopausa, que traz com ela doenças evitáveis, como a osteoporose e problemas cardíacos. A motivação? Muito além da aparência física, elas querem chegar aos 70, 80, 100 anos cheias de energia e com a saúde mental em dia – estudo recente do Dartmouth College, dos EUA, mostra que os exercícios podem ser benéficos até mesmo para a memória, assunto especialmente importante para quem passou dos 60.

Aos 61 anos, Mônica Bousquet treina pesado e vai participar de um concurso de fisiculturismo
Aos 61 anos, Mônica Bousquet treina pesado e vai participar de um concurso de fisiculturismo Foto: Mônica Bousquet/Acervo pessoal

E quem vê esses corpos saradíssimos mal consegue imaginar que alguns deles já foram sedentários. Caso da influenciadora Mônica Bousquet, que aos 61 anos vai estrear em um concurso de fisiculturismo. Após anos parada, um grave problema no joelho a levou ao caminho sem volta da malhação. Mas não foi fácil. Entre começar a levantar peso e tomar gosto pela coisa, foram dois longos anos de insistência pura. Só aos 54 ela engrenou de vez e não parou mais.

“Achava academia um lugar de gente desocupada, não me via lá, não era para mim”, diz. Ela não está sozinha nessa. Pesquisa feita em 2021 pela Ipsos mostra que o Brasil é um dos países em que as pessoas menos se dedicam a exercícios físicos no mundo: em média, três horas por semana, metade dos números globais. Pior: quase um terço da população (31%) diz não praticar nenhum tipo de atividade.

Mônica começou a mudar de ideia quando as dores nos joelhos diminuíram. “Hoje me sinto melhor do que aos 30 anos, sem dor e sem nenhum tipo de remédio. Nosso corpo é uma máquina maravilhosa.”

Muita calma nessa hora

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Claro que essa máquina maravilhosa precisa dar a partida com calma, aos poucos. Não adianta nada sair afoita fazendo exercícios sem critério. “É possível começar aos poucos (e chegar a um bom resultado), sim. Se você consegue levantar dois quilos, tenha paciência e não tente levantar dez e acabar se machucando”, diz o médico ortopedista Joaquim Grava, do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede D’Or.

Susanne Neumann, de 62 anos, vive na Alemanha e quer motivar mulheres com seus treinos.
Susanne Neumann, de 62 anos, vive na Alemanha e quer motivar mulheres com seus treinos. Foto: Susanne Neumann/Acervo pessoal

A lista de benefícios para quem adere a esse estilo de vida só aumenta a cada estudo publicado. Um do ano passado, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, aponta que a atividade física pode até mesmo amenizar quadros de ansiedade crônica – lembrando que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o melhor tipo de exercício? “Aquele que você faz”, responde Susanne Neumann, de 62 anos, que vive na Alemanha, curou uma “quase depressão” com exercícios físicos, se recuperou de um câncer de mama e exibe um corpão torneado e empolgação de menina ao falar sobre o assunto. “Experimente diferentes tipos de esporte, até achar um que combina com você.”

E aí as possibilidades são infinitas – e não exigem uma academia totalmente equipada nem muito investimento. Durante a pandemia, viraram febre os vídeos ensinando a malhar em casa com produtos de limpeza e cabos de vassoura. Patrícia Silva, de 50 anos, costuma compartilhar os exercícios feitos na sua sala, no espacinho entre o sofá e o rack, com quase 70 mil seguidores no Instagram. Ela usa equipamentos simples, como minibands, aqueles elásticos para treinos de força, e também mostra que é possível usar o próprio peso do corpo para ter bons resultados.

Outra adepta do exercício em casa é Solange Frazão, que chegou aos 60 anos com quatro netos e o corpão que a deixou famosa há mais de duas décadas. “O treino em casa pode ser muito eficiente”, diz ela. Ele também serve para quem está começando e tem vergonha de ir a uma academia lotada de desconhecidos.

Solange Frazão, de 60 anos, acorda às 5h30 todos os dias para treinar em casa.
Solange Frazão, de 60 anos, acorda às 5h30 todos os dias para treinar em casa. Foto: Werther Santana/Estadão

A rotina de Solange Frazão, aliás, começa às 5h30, com meditação e pelo menos uma horinha de treino pesado todos os dias, “até a falha”. A expressão no universo maromba significa “até você não aguentar mais”. Uma caminhada ou corrida fecham o dia. “Sou um exemplo de que é possível (mulheres mais velhas malharem pesado). Cada um tem o seu possível, mas é preciso se perguntar: você está fazendo o seu possível para curtir seus netos, bisnetos, ter saúde e se amar?”

Redes sociais

Além de belos corpos definidos, saúde mental e autoestima em dia, essas mulheres estão conquistando outra coisa: seguidoras fiéis que veem nelas um espelho e a esperança de que é possível melhorar os hábitos. Com mais de 260 mil seguidores no Instagram, Maria Moya, de 56 anos, costuma ver seus vídeos de treino pesado contabilizarem milhões de visualizações em poucas horas. “Tem gente que fala que não vai para a academia sem antes olhar os meus stories”, conta ela, que sempre malhou, mas o corpo atual, todo definido, foi conquistado aos 53 anos.

“A internet mudou a minha vida. Nunca imaginei que aos 56 anos poderia influenciar positivamente tantas mulheres, é maravilhoso”, afirma. “Recebo mensagens maravilhosas (pelas redes). Quero mostrar que a vida não acabou porque você envelheceu”, conta Susanne Neumann. “Descobri que podia motivar outras mulheres.”

Maria Moya, de 56 anos, mostra rotina de malhação para seus mais de 260 mil seguidores no Instagram.
Maria Moya, de 56 anos, mostra rotina de malhação para seus mais de 260 mil seguidores no Instagram. Foto: Maria Moya/Acervo pessoal

Junto com os fãs vêm os haters, certo? Elas juram que não é o caso e que a parcela dos que desaprovam a exposição é mínima. “As redes têm mais troca de experiência, de informação. Eu inspiro minhas seguidoras, mas elas me inspiram também, me motivam a ir treinar”, conta Karina Lucco, mãe do cantor Lucas Lucco e “caçula” entre as entrevistadas, com 47 anos. “Até tem um ou outro hater, mas eles são minoria”, diz Maria Moya.

O mesmo, afirmam, serve para a malhação in loco. As olhadelas na academia são mais de admiração e surpresa do que preconceito ou desprezo.

Chip da beleza

As mudanças que chegam com a menopausa também podem ser o empurrãozinho que muitas esperam para mudar o estilo de vida. “Parece que, com a menopausa, todo dia você acorda diferente. O cabelo começa a cair, a pele fica ressecada”, diz Patrícia Silva, que começou a jornada fitness há 10 anos, aos 40.

Karina Lucco, de 47 anos, mãe do cantor Lucas Lucco, transformou o corpo com exercícios de força.
Karina Lucco, de 47 anos, mãe do cantor Lucas Lucco, transformou o corpo com exercícios de força. Foto: Karina Lucco/Acervo pessoal

Junto com a menopausa vêm a reposição hormonal e algumas polêmicas, como o famoso chip da beleza. O dispositivo de silicone de até 5 centímetros é implantado no corpo para liberar um ou mais hormônios continuamente e, apesar de não ter sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso para fins estéticos não é incomum. A promessa é de aumento da disposição física, emagrecimento e ganho de massa muscular.

“Algumas mulheres que fazem exercícios intensos estão buscando o chip da beleza como um caminho mais fácil (para ganhar massa muscular). Está virando uma febre, e isso preocupa”, afirma Luciana Janot, cardiologista e referência médica do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. Isso porque o dispositivo pode trazer vários efeitos colaterais, como inchaço, queda de cabelo e acne, entre outros.

Patrícia Silva, de 50 anos, aderiu ao mundo fitness aos 40 e divulga seus treinos em casa.
Patrícia Silva, de 50 anos, aderiu ao mundo fitness aos 40 e divulga seus treinos em casa. Foto: Patrícia Silva/Acervo pessoal

Karina Lucco está no quarto implante de reposição hormonal e diz que sentiu mais força nos treinos, mas que o chip não faz milagres. “O chip da beleza não vai ajudar nada se você não treinar. As pessoas acham que ele vai fazer milagre, não é assim.” A menopausa, é bom lembrar, não diminui a força nem a resistência.

E para os que chegaram até aqui pensando que na verdade o que essas mulheres têm em comum é uma boa genética, um recado do médico Joaquim Grava: “A genética influencia na sua estrutura corporal, mas gosto de dizer que o que influencia mesmo é a genética da boa vontade. A boa vontade de levantar e se movimentar. Não existe genética que deixa o abdômen definido”.

O que aprendi com elas

  • Comece a treinar. Do jeito que der: em casa, na academia do bairro, na praça. Apenas comece;
  • Não há idade certa para começar a se exercitar. E nunca é tarde para isso;
  • Ninguém na academia está prestando atenção em você – ou não como você pensa. Pare de se preocupar com os outros e faça seus treinos;
  • Alimentação é mais da metade do caminho para a construção de um corpo saudável – eu não disse magro, ok? Pense em fazer uma reeducação alimentar, se for o caso;
  • Cuidado para não sair afoita levantando um monte de peso e se lesionar. Comece aos poucos;
  • Se for treinar em casa, cuidado redobrado para executar os exercícios. Se puder, tenha um espelho para conferir os movimentos;
  • A pessoa toda definida que está treinando do seu lado não é melhor do que você. Ela só começou antes;
  • Experimente vários tipos de esportes até encontrar o preferido;
  • Persistência. Pode ser que demore para você engrenar nos exercícios e para ver os resultados;
  • Não se culpe por desistir. É só voltar quando achar que é a hora.

AS MARCAS QUE NÃO ESTÃO PRESENTES NO DIGITAL JÁ SAEM ATRÁS DA CONCORRÊNCIA

Por Wagner Wolff, CMO da 3C Plus

De acordo com o Think With Google, 63% das jornadas de compra se iniciam online. As pessoas passam cada vez mais horas nas redes sociais, consumindo conteúdo, pesquisando preço e adquirindo novos produtos.

Isso significa que as marcas que não estão presentes no digital, ou que não tem um bom posicionamento, já saem atrás da concorrência na disputa pela atenção do consumidor.

Por isso é fundamental ter as empresas bem posicionadas no espaço digital, principalmente nas redes sociais. O responsável por fazer isso com excelência é o setor de marketing. Por isso, deixo algumas dicas sobre como construir esse setor dentro de uma empresa.

Primeiro passo: terceirizar o serviço ou montar um time internamente?

Ter um grupo de pessoas imersas, olhando e respirando a cultura do negócio, e dedicando 100% da sua energia produtiva, é muito melhor do que uma equipe que está atendendo outras empresas, simultaneamente. Na prática, ter o próprio time é muito mais poderoso porque trará mais resultados. O oposto disso acontece quando se deixa o marketing nas mãos das agências, que influenciam em desempenhos e resultados inferiores.

Mas, o que acontece na realidade é que a maioria das empresas não possuem recursos para investir em um time próprio de marketing. Nesse caso, a melhor solução é terceirizar o serviço. Por mais que os resultados sejam menores, eles existem.

O importante é ter um marketing ativo dentro da empresa, porque ele será responsável por gerar demanda e, consequentemente, pela expansão da organização.

Encontre um bom head

O piloto do time será o Head. Por isso, ao decidir montar um time, o primeiro passo é encontrar a pessoa que vai ser a cabeça desse grupo.

Essa pessoa precisa ter um combo de skills, sendo as principais: 

Conhecimento em marketing;

Visão empreendedora;

Entendimento sobre alocação de recursos;

Ter um perfil analítico;

Ter habilidades de liderança.

Depois de conhecer a fundo esse profissional, identificar as habilidades e ver os resultados que estão sendo gerados para a empresa, uma possibilidade é fazer com que ele também seja um membro decisor no conselho.

Por onde começar a contratar?

Com o head definido, é ele quem vai dar início as próximas contratações. É esse profissional que vai planejar e dizer quais são os cargos que precisam ser preenchidos no primeiro momento.

Nessa etapa, é muito importante ter definida a pessoa que vai dar a direção e o planejamento das ações, para só então começar a contratar os especialistas em copywriting, design, e outras funções.

Sobretudo, se o investimento para admitir os profissionais não for o suficiente, uma opção é reter um profissional multidisciplinar e aproveitar o advento das inteligências artificiais para agilizar as tarefas.

Qualificando e treinando a equipe

No início, o ideal é refinar o conhecimento teórico por meio de cursos e treinamentos, e depois abrir espaço para aplicar tudo na prática.

A partir da prática, o líder direto começa a lapidar as habilidades com feedbacks. Ele vai apontar o que está bom e o que precisa melhorar, vai trazer referências e novas fontes de aprimoramento. Esse é o processo de rampagem pelo qual todos os profissionais precisam passar.

Mantenha o time motivado e produtivo

A melhor forma de manter o time motivado e engajado com o propósito da empresa é dar uma visão de futuro e de crescimento para o colaborador.

Mesmo assim, é difícil manter todos motivados e com a mesma energia. Com isso, alguns se destacam e outros acabam se mostrando incompatíveis com a cultura da empresa. As pessoas erradas vão sair naturalmente. É assim que se começa a construir uma cultura forte e um ambiente mais agradável.

Olhe onde ninguém mais está olhando

É fundamental começar pela performance, gerar demanda para a equipe comercial vender. Quando o capacity do comercial estiver 100% ocupado com as demandas que o marketing está gerando, significa que a equipe teve sucesso na primeira etapa.

A partir disso, o marketing começa a gerar ROI (Retorno sobre o investimento) para a empresa, e aí sim é a hora de ir para a segunda etapa: investir na parte subjetiva, como o branding.

Depois, o foco é projetar e gerar reconhecimento de marca, focando cada vez mais na experiência, autoridade e se tornar a marca preferida dos seus consumidores.

Nesse processo, existe uma vantagem competitiva que poucas empresas estão olhando. Essa vantagem chama-se audiovisual.

A maioria das empresas e das agências não trabalham com a produção audiovisual dentro do time, sendo comumente um processo terceirizado. Muitos criam peças para anúncios e redes sociais, mas não conseguem trabalhar em grandes produções. No B2B, ter um conteúdo audiovisual forte vai trazer a vantagem de fazer o que ninguém mais está fazendo, de difundir a marca e contar histórias para vender mais.

Todas essas etapas compõem um trabalho de marketing ligado à receita, que gera resultados e impulsiona o crescimento da empresa.

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Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

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A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

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terça-feira, 4 de julho de 2023

REFORMA TRIBUTÁRIA EM DISCUSSÃO NA CÂMARA AUMENTA OS IMPOSTOS EM 60%

Câmara dos Deputados
Proposta de reforma tributária, que Lira quer por à votação, ainda é alvo de controvérsias

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo


Plenário da Câmara dos Deputados: parlamentares devem votar proposta de emenda à Constituição da reforma tributária nesta semana| Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados

Com o empenho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a proposta de reforma tributária apoiada pelo governo Lula pode ir à votação no plenário da Casa ainda nesta semana. Mas o texto que será analisado pelos parlamentares, um substitutivo do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PI) à proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019, tem uma série de pontos controversos que colocam em conflito interesses da União, estados e municípios e de setores da economia.

O ponto central da proposta é a criação de um único tributo sobre consumo, no modelo de Imposto de Valor Agregado (IVA), a partir da unificação de cinco tributos: IPI, PIS e Cofins, hoje de competência federal; ICMS, administrado pelos estados; e ISS, de responsabilidade dos municípios.

O IVA brasileiro receberia o nome de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e teria regras únicas, mas duas gestões distintas, uma em nível federal e outra compartilhada entre estados e municípios – daí ser chamada de “IVA dual”.

Haveria três alíquotas: a padrão; uma reduzida em 50% para alguns setores (transportes, saúde, educação, produtos agropecuários, alimentos, higiene pessoal, atividades artísticas e culturais);e uma zerada (medicamentos, Prouni e produtor rural pessoa física). Caberia à lei complementar fixar os percentuais.

Além disso, é proposta a criação de um imposto seletivo, que incidiria sobre bens e serviços considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como forma de desestimular seu consumo. Cigarros e bebidas alcoólicas, por exemplo, poderiam entrar na lista de produtos tributados.

Para compensar perdas com o fim de benefícios fiscais e reduzir o desequilíbrio econômico entre as unidades federativas com a reforma, é previsto ainda um Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), que teria uma contrapartida também da União.

O governo espera alguma folga na aprovação do texto na Câmara. “Não queremos votar essa PEC com apenas 308 votos. Queremos votar com bastante apoio porque é uma coisa para a sociedade, para o Brasil”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.

No domingo (2), Lira reuniu-se com líderes partidários para debater a reforma tributária. Embora não esteja totalmente alinhado ao governo, o presidente da Câmara tem defendido a aprovação da matéria, que ele diz considerar importante para o país.

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Aumento de carga sobre agronegócio e serviços


Uma das preocupações de alguns segmentos da economia tem a ver com a alíquota única do IVA, com possibilidade de diferenciação em casos específicos. Embora a premissa sirva para simplificar o atual sistema de impostos, a mudança poderia prejudicar setores como o de serviços e o agronegócio.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que a alíquota única para bens e serviços poderia elevar em mais de 22% o preço da cesta básica. “Considerando que a população nacional está concentrada nas classes C, D e E, se a carga tributária de impostos sobre o consumo subir para 25% ou mais, os brasileiros teriam menos acesso aos serviços e alimentos”, diz nota assinada pela entidade.

No sábado (1º), o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, apresentou a Haddad uma estimativa de que a reforma tributária pode provocar um aumento de 59,83%, em média, nos impostos sobre a cesta básica e itens de higiene.

O número é questionado pelo governo. À Agência Brasil, o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, disse que o patamar de tributos que incidem sobre a cesta básica deverá permanecer na mesma linha atual.

Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) calculou que, caso a alíquota do IVA seja de 12%, o aumento de carga tributária para o setor de serviços pode chegar a 84%. A proposta que será votada na Câmara nesta semana prevê que haja tratamento diferenciado apenas para as áreas de saúde, educação e transporte público, mas não para todo o setor de serviços.

O discurso do governo é de que não haverá aumento de carga tributária. Na semana passada, o argumento foi destacado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em evento com empresários na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba.

Temor de perda de postos de trabalho
Em relatório produzido pelo grupo de trabalho da reforma tributária na Câmara, considera-se que as mudanças teriam o potencial de acelerar o crescimento do PIB, de modo que o aumento da atividade econômica compensaria a diminuição percentual do bolo arrecadatório da maioria dos estados e municípios que teriam redução nas receitas.

A tese é colocada em dúvida pelo economista Erik Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) e hoje diretor-executivo do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), ligado ao governo de Goiás. “Isso é baseado em um modelo que ninguém sabe de fato se funciona, se foi calibrado da forma correta”, disse à Gazeta do Povo.

Considerando ainda que a reforma elevará a carga tributária sobre setores que hoje empregam 37,2 milhões de pessoas, Figueiredo calculou que pode haver uma perda de cerca de 500 mil empregos formais. A estimativa parte de um modelo que correlaciona a elasticidade do emprego em relação à carga tributária, calculada para 30 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Insatisfação em relação ao Fundo de Desenvolvimento Regional
Entre os representantes dos estados, há uma insatisfação em relação ao valor que a União teria de repassar ao Fundo de Desenvolvimento Regional. Os recursos serviriam para compensar as unidades federativas pelo fim da chamada “guerra fiscal”, na qual governos estaduais concedem benefícios tributários para atrair fábricas. Como o IVA teria como um de seus princípios o recolhimento no destino, não haveria mais disputa entre estados.

Para compensar perdas com a mudança, o fundo teria participação dos entes subnacionais, mas contaria com uma contrapartida de R$ 40 bilhões da União. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), no entanto, pede que o valor seja elevado para R$ 75 bilhões.

A entidade também defende uma definição mais clara sobre a distribuição dos recursos no texto da PEC. “Foi uma deliberação quase que unânime que esse critério de divisão do fundo não seja delegado para uma lei complementar e esteja no texto constitucional, para dar segurança aos estados”, disse o presidente do Comsefaz, Carlos Eduardo Xavier, à Agência Câmara.

Apesar de a Confederação Nacional de Municípios (CNM) ter declarado apoio à proposta patrocinada pelo governo, outra entidade que representa as administrações municipais, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), defende outra PEC de reordenação dos sistema tributário, a 46/2022, de autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).

A proposta alternativa preserva os atuais impostos sobre o consumo, mas unifica as respectivas legislações. O principal ponto é que o texto preserva o IPTU e o ISS, principais fontes de renda dos municípios.

Imposto seletivo é motivo de dúvidas
A criação do imposto seletivo também é alvo de críticas. O texto dá à União a prerrogativa de se instituir a tributação sobre “produção, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos da lei”.

Sem uma definição clara de quais bens e serviços se enquadrariam no critério, opositores veem o risco da utilização arbitrária do mecanismo e do aumento de carga tributária.

“Os ‘doutores’ petistas resolveram, para o bem da nossa saúde e do planeta, nos cobrar mais impostos”, criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) suas redes sociais. “Carnes (picanha), combustíveis fósseis, refrigerantes, bebidas alcoólicas, entre outros, seriam sobretaxados”, disse.

Para Erik Figueiredo, a polêmica seria afastada caso fosse apresentado junto à PEC um rascunho da lei que regulamentará o tema. “Sem uma prévia da lei complementar, não haverá uma discussão transparente”, disse o ex-presidente do Ipea.

Cashback precisa de mais detalhamento

Outro item da reforma que precisa de mais detalhamento é o sistema de devolução de impostos, o cashback. A ideia é que parte do IVA pago embutido no preço de produtos possa ser restituído aos consumidores como ocorre com o ICMS em alguns estados para quem informa o CPF no momento da compra.

O Instituto Millenium, por exemplo, defende que o texto deveria definir as principais premissas do instrumento e que a renda precisa ser o critério principal para a devolução, beneficiando contribuintes de menor renda.

Deixar a questão em aberto neste momento poderia abrir espaço para grupos sociais organizados desvirtuarem o instrumento durante a tramitação do projeto de lei complementar que o regulamente, considera a entidade.

Texto deve enfrentar resistência da oposição
No Congresso, o texto apoiado pelo governo também deve enfrentar resistência da oposição. O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) já afirmou que votará contra. Autor de uma PEC alternativa de reforma tributária, inspirada no padrão norte-americano, o parlamentar é crítico do modelo de IVA. Sua proposta prevê a extinção de 15 impostos para dar lugar a apenas três tributos, sobre renda, consumo e propriedade.

Também contrário à adoção do IVA, o senador Oriovisto Guimarães acredita que a mudança elevaria a carga tributária para alguns setores, aprofundando as desigualdades sociais, e afetaria principalmente os brasileiros de baixa renda.

Para ele, a indústria é único setor que seria beneficiado com o IVA. “Mas não vai se beneficiar tanto, porque, já em seguida, vai perder consumidores”, disse recentemente em pronunciamento no plenário do Senado.

Outro parlamentar que questiona a PEC é o deputado federal André Fernandes (PL-CE). “Li o texto preliminar da reforma tributária e afirmo com certeza absoluta: está horrível. Um dos absurdos é o ‘imposto seletivo’, onde o estado vai sobretaxar aqueles produtos que julgar ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente”, disse. “Precisamos debater esse assunto.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/reforma-tributaria-lira-votacao-camara-alvo-controversias/
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GOVERNO LULA EM 6 MESES MUITO TURISMO E VINGANÇA

 

Balanço de governo
Seis meses de Lula 3 são marcados por vingança, “turismo” e incongruência na economia

Por
Sílvio Ribas
Brasília


No seis primeiros meses de 2023, o presidente Lula ficou 32 dias fora do país, revelando prioridade para assuntos externos| Foto: Ricardo Stuckert/Secom

Os primeiros seis meses do terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram marcados por ações controversas que geraram resultados abaixo do esperado que surpreenderam até mesmo opositores. A combinação de promessas a eleitores e apoiadores não cumpridas aliada à persistência em erros estratégicos na implementação do plano de governo tem impedido avanços significativos na economia, nas relações parlamentares e na política externa.

Especialistas consultados pela Gazeta do Povo avaliam que o discurso eleitoral persistente e agressivo de Lula tem afetado negativamente o ambiente político e social, enquanto a ênfase dada pelo presidente a viagens internacionais numerosas e custosas facilitam críticas. Para as fontes, a gestão do semestre pode ser resumida ao binômio “vingança e turismo”.

“Vingança” por atitudes que o presidente vem tomando, como críticas sistemáticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ou declarações que mostraram grande rancor – como o episódio em que Lula insinuou que o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR), que o condenou, teria “armado” a divulgação, pela Polícia Federal (PF), de um plano criminoso para matá-lo. A PF, no entanto, trouxe evidências suficientes de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) armou um atentado contra Moro.

Nos meios políticos, as críticas sobre as constantes viagens internacionais apontam para o fato de que elas resultaram em gastos expressivos de recursos e não trouxeram resultados concretos, além de terem gerado muita polêmica. Ainda sobre a política externa, a maior obra anunciada pelo governo pode ser um gasoduto na Argentina, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na China, o governo chegou a dizer que acordos da ordem de US$ 50 bilhões teriam sido fechados, mas nenhuma outra informação sobre eles foi posteriormente divulgada.

Ao longo de todo o semestre, a gestão petista sustentou a disposição de atrelar a agenda externa a temas ambientais, mesmo enfrentando crescentes pressões da oposição endossadas pela bancada ruralista. Lula também teve que lidar com a falta de disposição das potências do Ocidente em apoiá-lo depois que começou a manifestar apoio à Rússia na guerra da Ucrânia. O apreço do brasileiro por governos totalitários, como de Vladimir Putin (Rússia), Nicolas Maduro (Venezuela) e Xi Jinping (China) tem fechado as portas de parceiros tradicionais do Brasil no Ocidente.

Legislativo com mais poder de barganha surpreendeu Lula
O relatório de risco político da agência BCW Brasil indica que o governo foi também afetado pela construção de um novo modelo de presidencialismo de coalizão, com avanço do Legislativo sobre verbas do orçamento federal. Mesmo depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) extinguir o chamado “orçamento secreto”, a indicação de verbas, por parlamentares, por meios burocráticos continua. “Em paralelo, em razão da pulverização dessa sistemática não há fiscalização na ponta, onde recursos são aplicados, favorecendo a corrupção e a perda de recursos públicos”, sublinha.

No campo econômico, o estudo da BCW Brasil, que é coordenado pelo professor Eduardo Galvão, avalia que inflação, câmbio, desemprego e confiança do mercado, apesar de apontarem um cenário negativo, favoreceram Lula no curto prazo, sobretudo no segundo trimestre. Os indicadores deram ao governo a chance avançar na agenda econômica, sobretudo em relação à política monetária, ao marco fiscal e à reforma tributária. “No entanto, esses avanços ainda dependem da implementação das reformas macroestruturais prometidas na campanha”, observam os pesquisadores.

Quanto à condução política, o cientista político descreve um começo de governo dominado por conflitos e desencontros. “Lula e seus articuladores demoraram a perceber que o sistema político mudou muito desde 2003, quando ele chegou ao poder. O Congresso se fortaleceu e é cada vez menos dependente da boa vontade do Executivo”, disse.

Essa realidade exigiu esforço grande de convencimento e de articulação para avançar com pautas prioritárias, o que era facilitado no passado só com liberação de emendas parlamentares ou de cargos no primeiro escalão.

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Incongruência de ações do governo geraram turbulências na economia
O cientista político Ismael Almeida avalia que o governo encerra o primeiro semestre marcado pela dubiedade na economia, emplacando pautas importantes como o marco fiscal e renovando trunfos de gestões petistas como os programas Minha Casa, Minha Vida e Bolsa Família.

Mas, por outro lado, nada disso é congruente com o discurso da gestão de Lula, sobretudo nas falas do próprio presidente, que não ajudam a estabelecer clima favorável à retomada da economia. Ele cita como exemplo as falas agressivas do petista contra o agronegócio, setor que há décadas assegura resultados positivos na balança comercial e contra o Banco Central, que Lula tenta intimidar para forçar uma redução nos juros. “Tal incoerência acaba por anular o impacto positivo que algumas medidas poderiam ter tido, pois gera insegurança sobre as reais intenções do Planalto”, disse.

Almeida aponta como agravante desse cenário a inexistência de qualquer sinalização firme em relação ao controle de gastos públicos. “A essência do novo arcabouço fiscal, inclusive, não representa a austeridade, mas sim a garantia do crescimento das despesas mesmo em cenário de baixa arrecadação”, sublinhou.

Por fim, a prioridade que Lula deu à agenda internacional também deixou transparecer despreocupação com os problemas domésticos. Nesses seis meses, o presidente passou um sexto deles fora do país – foram 32 dias de ausência. Segundo o governo, o objetivo das viagens é aliviar “tensões diplomáticas” causadas pelo governo anterior. Mas a diplomacia do petista tem sido ainda pior.

“A insistência de Lula em tentar destruir a imagem do seu antecessor mostra que não parece haver um plano próprio, a não ser desfazer o que foi feito por governos anteriores, ainda que tenham resultados positivos para o país”, pontuou Almeida.

Para o analista político José Amorim, o governo “patinou” nos primeiros seis meses por ignorar completamente o cenário nacional. “A impressão é que Lula pensava em governar a exemplo dos mandatos anteriores. Além disso, a chamada frente ampla teve problemas de comunicação, com ministros se contradizendo”, disse. Ele destaca que, mesmo nomeando o vice Geraldo Alckmin (PSB) como ministro para melhorar a interlocução com o mercado, as falas do petista baseadas no “nós contra eles”, que se mantêm após o período eleitoral, de nada ajudam.

Para completar os efeitos do espírito de vingança, houve demora em liberar dinheiro para parlamentares. Ou seja, Lula levou tempo demais para reagir a movimentos do Legislativo com o repasse de verbas que já tinham sido combinadas. Isso teve como consequência derrotas em votações importantes para o Executivo e a instalação de CPIs que pioraram a imagem do governo.


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A DEMOCRACIA NÃO PODE SER RELATIVA "VEJA BEM"

 

Sem relativismo
Democracia é relativa? Explicamos a Lula por que a Venezuela é uma ditadura

Por
Eli Vieira – Gazeta do Povo


Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, com Lula, presidente do Brasil, em Brasília, 29 de maio.| Foto: EFE/ Andre Coelho

Resumo da reportagem

O presidente Lula defendeu a legitimidade democrática da Venezuela, uma visão questionada por observadores e instituições internacionais.
Relatórios apontam que a Venezuela falha em critérios essenciais para democracia, incluindo eleições justas, respeito aos direitos humanos, Estado de direito, pluralismo político e participação cidadã.
Acusações sérias como manipulação de eleições, violações de direitos humanos e censura à imprensa reforçam há uma ditadura na Venezuela: é um fato objetivo, não flexível à relativização.
Na quinta-feira passada (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma resposta relativista a respeito da democracia ao ser questionado durante entrevista na Rádio Gaúcha. “Por que o senhor, seu governo e parte da esquerda brasileira”, perguntou o jornalista Rodrigo Lopes, “têm tanta dificuldade em considerar a Venezuela uma ditadura?” Lula respondeu que “a Venezuela tem mais eleições do que o Brasil” e que “o conceito de democracia é relativo para você e para mim”. Ele também sugeriu que a rádio mandasse um emissário para checar a legitimidade das próximas eleições por lá.

“Presidente, eu fui preso na Venezuela três anos atrás”, informou Lopes. “O senhor diria hoje que a Venezuela é uma democracia?” Em resposta, Lula deu uma série de argumentos que sugerem que, para ele, a resposta é afirmativa. “Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral. Nem todo mundo é como o Lula”, disse. Ele insinuou que o jornalista “não conhece o assunto profundamente” e arrematou que “quem quiser derrotar o [Nicolás] Maduro, derrote nas próximas eleições”.

Desde a sua fundação grega, o conceito de democracia é submetido a amplos debates. Isso não significa que todas as opiniões têm o mesmo peso. Um consenso pode ser claramente aferido de fontes como a Carta Internacional dos Direitos Humanos (da ONU, que inclui a Declaração Universal dos Direitos Humanos), a Comissão de Veneza, os Critérios de Copenhague (pré-requisitos de inclusão da União Europeia), a Carta Democrática Interamericana (da OEA) e a Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governança (da União Africana). Na lista abaixo, que sintetiza esse consenso, a Venezuela falha em todos os critérios como democracia.

  1. Eleições livres e justas
    Democracias devem ter um sistema para os cidadãos escolherem seus líderes por meio de eleições regulares e justas. Em dezembro de 2020, houve eleições parlamentares na Venezuela. Contudo, observadores viram claros sinais de ilegitimidade no pleito.

A Universidade Católica Andrés Bello (Ucab, melhor instituição de ensino superior da Venezuela) e o Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, entidade sediada em Estocolmo com 33 países membros, incluindo o Brasil) concluíram, em relatório conjunto, que a ditadura de Nicolás Maduro manipulou o pleito pela eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral sem a aprovação da Assembleia Nacional, a única casa legislativa do país; intervenção de juízes em partidos, aumento ilegal do número de parlamentares e ameaça a eleitores que, de alguma forma, dependessem de auxílio do regime, além de supressão da liberdade de imprensa. Problemas similares foram observados na votação de 2018 que “reelegeu” Maduro, para a qual observadores internacionais não foram convidados.

  1. Respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais
    Regimes democráticos devem respeitar o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, bem como a liberdade de expressão, pensamento, imprensa, religião e reunião. O regime de Maduro viola todos esses direitos e liberdades.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea) acumulam milhares de denúncias de tortura, espancamento, estupro, execução e cárcere ilegal. Desde 2013, são no mínimo 1600 torturados e 40 mil vítimas da violência estatal. Essas denúncias são corroboradas por mais de uma missão da ONU ao país e por grandes organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch. Tramitam processos no TPI contra o regime ditatorial venezuelano por crimes contra a humanidade.

No período aproximado de um ano e meio desde a reeleição ilegítima de Maduro em 2018, a ONU registrou 6.856 execuções partindo diretamente de um órgão de repressão fundado pelo ditador.

Há pesada censura e a imprensa não é livre. Em 2013, 121 veículos operavam no país. Em 2021, o número baixou para 22. Esses poucos que operam são submetidos a assédio constante, acusados de colaborar com forças estrangeiras. O judiciário capturado impõe pesadas multas de “difamação” quando jornais fazem críticas ao regime. Na classificação do Repórteres sem fronteiras, com 180 países, a Venezuela está na 159ª posição em liberdade de imprensa.

  1. Estado de direito e governança democrática
    Uma democracia pode até matar, pela via da pena de morte, mas isso deve ser previsto por lei e o amplo direito à defesa deve ser respeitado. A ideia é resumida com o termo “império da lei” ou “governo da lei”. As leis devem ser aplicadas de maneira igual, justa e consistente, com um judiciário independente e controle democrático sobre as forças militares e de segurança.

Mais uma vez, a Venezuela falha nisso. Não apenas pelas violações já ilustradas, mas porque, em certo sentido, quem tem império no regime é o narcotráfico. Em vez de controle democrático, há traficantes importantes nas forças armadas como Vladimir Padrino, Gerardo Rangel e Nestor Reverol. A denúncia é do Departamento de Tesouro dos EUA. O apreço pelo tráfico de cocaína, por exemplo, data do início da “revolução bolivariana” que implantou o regime ditatorial, o que leva alguns analistas a caracterizar o país como refém de um “narcoestado”. O governo é do crime, não da lei, a julgar pelas conexões de Maduro ao grupo terrorista Hezbollah e aos mercenários russos do Grupo Wagner, acusado de fazer terrorismo na África por parlamentares locais.

  1. Pluralismo político e responsabilidade
    Na democracia, a diversidade de opiniões políticas deve ser permitida e respeitada, com transparência nas ações do governo e responsabilização dos funcionários por suas ações.

Em 2020, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, capturado pela ditadura, destituiu autoridades e líderes de partidos políticos da oposição e indicou outras pessoas para liderá-los, à revelia da vontade dos membros. Foram alvos os partidos Voluntad Popular, Acción Democratica e Primero Justicia, os principais da oposição ao PSUV — Partido Socialista Unido de Venezuela, fundado pelo falecido ditador Hugo Chávez, antecessor de Maduro, em 2007.

Até os dias atuais, isso não mudou. Dias após a alegação de Lula de que basta alguém concorrer contra Maduro para tirá-lo do poder, a Controladoria-Geral da Venezuela tornou inelegível por 15 anos a pré-candidata de oposição María Corina Machado, do partido de centro Vente Venezuela. A Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos condenou a decisão e a caracterizou como “contrária ao Estado de direito”.

Portanto, na Venezuela a diversidade política oficialmente reconhecida é fajuta, manipulada pelo partido que detém o poder para assegurar sua própria continuidade. A Anistia Internacional estimou que o país soma entre 240 e 310 presos políticos recentemente.

  1. Participação dos cidadãos
    Uma democracia não se faz apenas do aparato estatal e as regras que ele segue. Os cidadãos devem ter o direito e os meios de participar do processo político, sem discriminação arbitrária. Como resultado de todas essas violações, o povo venezuelano está batendo em retirada. Já são mais de sete milhões que fugiram da ditadura. Como o país tinha 30 milhões de habitantes em 2015, o número dos que partiram desde então se aproxima de um terço. Os dependentes do Estado são ameaçados caso pensem em votar na oposição, como denunciou a Anistia Internacional. Como o jogo eleitoral não é limpo, muitos também boicotam as eleições. A oposição pediu que seus eleitores se abstivessem no pleito de 2020. A abstenção atingiu 54%.
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GENERAL FILMADO NO PALÁCIO TEM MUITO QUE EXPLICAR À CPMI DO 8 DE jANEIRO

 

Ex-ministro do GSI

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


General da reserva Marco Edson Gonçalves Dias aparece em vídeo de câmeras de segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, quando era chefe do Gabinete de Segurança Institucional.| Foto: Reprodução/ CNN Brasil

Na CPMI do 8 de Janeiro, o senador Sergio Moro está insistindo, com mais um requerimento, na convocação do general Gonçalves Dias, que era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Lula. Como se sabe, ele foi visto circulando no Planalto, enquanto Lula estava em Araraquara e enquanto o ministro da Justiça estava olhando tudo pela janela do seu gabinete no ministério. Moro quer esclarecimentos com base em um documento que o Exército enviou no último dia 30 à CPMI, a pedido da comissão. Ali se explicava que a tropa estava em prontidão do Comando Militar do Planalto – há referência a duas unidades; devem ser o Batalhão da Guarda Presidencial e o Regimento de Cavalaria de Guardas, que são as guardas do Palácio do Planalto, cerimonial e de segurança, embora não sejam a segurança mais próxima pessoal do presidente Lula. E que o CMP só foi avisado por telefone, verbalmente, às 11h54, quase ao meio-dia do dia 8 de janeiro.

Moro lembra que o próprio general G. Dias, no depoimento à CPI do Legislativo de Brasília, admitiu ter cancelado avisos da Abin enviados nos dias 6 e 7. O general disse também que não podia falar de nenhuma responsabilidade de Anderson Torres, que está em prisão domiciliar, assim como o comandante de Operações da PM, o coronel Jorge Naime, que está preso sem motivo nenhum que não seja uma declaração da ex-mulher dele, que disse que ele pretendia fugir, não sei o quê. E ele está aí. Ele estava de folga no dia 8 de janeiro, se apresentou, vestiu a farda e agiu, inclusive foi ferido inclusive. O exército ainda esclareceu que chegou um pelotão do BGP e depois, às 12h30, vieram mais 182 soldados. Às 14h50, o pessoal começou a entrar no Palácio do Planalto, pela rampa e pelo térreo. Depois chegaram mais tropas, que fizeram prisões e evacuação do prédio. É isso que G. Dias está sendo chamado para explicar.

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Pela Constituição

Agora, entre nós aqui, a grande explicação que nos devem é: por que os governistas, ou seja, a liderança do governo, comandaram essa votação e, por 22 votos, negaram o requerimento de convocação do general G. Dias? Deve ser pelo mesmo motivo pelo qual o governo não queria mostrar as imagens, nem queria CPI. Ficamos nos perguntando, será que ninguém avisou o presidente? Ele saiu de Brasília naquele dia; deveria ter ficado no Alvorada para comandar a proteção do palácio, mas foi para Araraquara. Tudo isso intriga muito o pessoal da CPMI e, de um modo geral, os eleitores, os cidadãos brasileiros. Foram 22 votos impedindo a convocação de G. Dias, e agora se insiste para ele vir. A CPI aceitou, mas ele está protelando a data e ficamos nos perguntando por quê.

Bolsonaro entra com recurso, mas sua situação parece irreversível
Jair Bolsonaro entrou com recurso na Justiça Eleitoral contra sua condenação. O recurso vai ser examinado pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Ainda pode ter embargo, pode ter agravo, mas, quando a pessoa entra com recurso, não há embargo nem agravo. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come: é mais ou menos essa a situação de Bolsonaro, e tudo indica que ela é irreversível. Bem diferente da Dilma, que, ao ser condenada, não ficou inelegível por oito anos, como manda a Constituição expressamente, claramente, com todas as linhas da língua portuguesa, que o artigo 13 da Carta Magna diz ser a língua oficial do Brasil. Até hoje, temos de lembrar dessa sessão presidida pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, com o Senado presidido por Renan Calheiros, em que a maioria dos senadores optou por rasgar a Constituição.


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