Presidente classificou instrumento como “inaceitável” e disse que
Mercosul vai dar resposta “contundente” às restrições.| Foto: Ricardo
Stuckert/Secom
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou
posse da presidência rotativa do Mercosul, na manhã desta terça (4) em
Puerto Iguazu, na Argentina, com um endurecimento das críticas às
restrições impostas pela União Europeia ao acordo comercial entre os
dois blocos. Ele classificou o chamado “Instrumento Adicional” das
negociações, apresentado em março deste ano, como “inaceitável”.
“Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e
ameaça de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta
rápida e contundente. É inadmissível abrir mão do poder de compra do
estado – um dos poucos instrumentos de política industrial que nos
resta. Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel
de exportadores de matéria primas, minérios e petróleo”, disse durante o
discurso de posse.
Lula ressaltou durante a apresentação que a gestão à frente do
Mercosul até o final do ano terá como foco o estabelecimento de novos
acordos comerciais bilaterais com países como China, Indonésia, Vietnã e
de regiões como América Central e Caribe, e a revisão e avanço em
tratados com o Canadá, a Coreia do Sul e Singapura.
O comércio interno e com outros países da América do Sul também está
no radar da gestão de Lula no Mercosul, como a ampliação de acordos com o
Chile, Colômbia, Equador e Peru e a aprovação da adesão da Bolívia ao
bloco. “Temos urgência para o acesso da Bolívia como membro pleno e
trabalharei pessoalmente por sua aprovação no Congresso brasileiro”,
afirmou.
No entanto, Lula não fez qualquer menção à Venezuela, país com que
restabeleceu relações diplomáticas e a classificar como uma “democracia”
durante a visita com honras de Nicolás Maduro ao Brasil, em maio. O ato
foi duramente criticado principalmente pelos presidentes do Uruguai e
Chile, além da própria oposição venezuelana.
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Moeda única do Mercosul volta à discussão Ainda durante o
discurso de posse no cargo de presidente rotativo, Lula reafirmou a
necessidade de se criar uma moeda única para transações comerciais entre
os países do bloco em vez de se utilizar o dólar. No entanto, restrita
às negociações.
“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação
entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda
mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o
comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”,
disse.
O presidente ainda ressaltou os produtos agrícolas, minerais e
manufaturados produzidos no bloco, mas que ainda tem uma “agenda
inacabada com dois setores ainda excluídos do livre comércio: o
automotivo e o açucareiro. E buscaremos, também, concluir a oitava
rodada de liberalização do comércio de serviços”.
Lula afirmou ainda, durante o discurso, que os países membros do
bloco precisam implantar políticas que promovam uma integração regional
mais profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência,
tecnologia e inovação.
“Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e
na interconexão energética, viária e de comunicações”, afirmou.
Financiamento estrangeiro à infraestrutura O presidente ressaltou
que, com a presença de Dilma Rousseff (PT) à frente do Banco dos Brics,
será possível ajudar a financiar projetos de desenvolvimento nos países
membros do Mercusul para “reduzir as assimetrias dos seus membros”.
Além do Banco dos Brics, também devem ser utilizados recursos junto a
bancos nacionais e organismos regionais de desenvolvimento, como a CAF,
o Fonplata e o BID.
Lula pretende, ainda, fortalecer o Parlasul, o Parlamento do
Mercosul, que tem como atribuição legislar sobre matéria de interesse
comum à integração regional; do Instituto de Políticas Públicas em
Direitos Humanos; do Instituto Social e do Tribunal Permanente do
Mercosul. Por fim, também pretende propor a reinstalação do Foro
Consultivo de Municípios e Estados Federados, e realizar a Cúpula Social
em formato presencial.
Em junho de 2023, os focos de incêndio na Amazônia e no Cerrado atingiram os maiores números desde 2007.| Foto: João Laet/AFP
Dados
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que junho
foi o mês com o maior número de focos de incêndio na Amazônia e
no Cerrado, nos últimos 16 anos.
Na Floresta Amazônica, foram registrados no mês passado 3.075 focos
de incêndio. O número só é superado pelo registro de 2007, quando 3.519
focos foram contabilizados. Em junho do ano passado, o Inpe registrou
2.562 focos de incêndio, o que representa um aumento de 37% entre junho
de 2022 e junho de 2023.
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Cerrado, em 2022, o mês de junho registrou 4.239 focos de incêndio. No
mesmo mês de 2023 foram 4.472 ocorrências, um crescimento de 5%. Da
mesma forma que o bioma amazônico, no cerrado os maiores números de
focos também foram registrados em 2007, quando houve 7051 focos de
incêndio.
Os dados são considerados altos para o mês de junho, pois a média de focos no Cerrado é de 3.779 e na Amazônia, de 2.682.
Historicamente os meses de julho, agosto e setembro são os meses com
os maiores registros de focos de incêndio nos dois biomas. Dados do Inpe
apontam que nos meses de julho a setembro, o Cerrado registra, em
média, entre 12 mil e 22 mil focos, enquanto na Amazônia, a média pode
variar entre 16 mil e 32 mil.
Na Amazônia, queimadas foram mais frequentes do que em 2022 Os
dados do Inpe também mostram que o primeiro semestre de 2023 registrou
mais focos de incêndio do que o mesmo período do ano passado. Enquanto
que nos seis primeiros meses de 2022 ocorreram 7.533 queimadas na
Amazônia brasileira, os satélites registraram 8.344 no bioma entre
janeiro e junho de 2023 – um aumento de 10%.
No Cerrado, o acumulado do primeiro semestre de 2023 mostrou uma
redução dos focos de incêndio quando comparado com o mesmo período de
2022: de 10.869 para 10.322, uma queda de 5%.
Temor de aumento da carga tributária com reforma é grande entre
setores da economia e analistas.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo /
arquivo
Prefeitos, governadores, entidades do comércio, da indústria, do
agro, estão se mobilizando em torno dessa reforma tributária em
tramitação na Câmara. Todos dizem que vão aumentar os impostos, a carga
fiscal. Nós já trabalhamos até o fim de maio para sustentar o Estado
brasileiro nos seus três níveis – município, estado e União – e nos seus
três poderes. O Estado parece cada vez mais inchado e centralizado na
União, principalmente em Brasília, quando deveria estar espalhado pelos
5.570 municípios, se não me engano. Diz-se federativo, mas os municípios
recebem migalhas. A União centraliza tudo e os prefeitos ficam devendo
favores à União, quando o Ministério da Fazenda repassa os impostos.
Neste 4 de julho recordamos a Revolução Americana, que tornou os
Estados Unidos independentes por causa de impostos. A Inconfidência
Mineira, de Tiradentes, aconteceu por causa do quinto sobre o ouro.
Quinto significa 20%, mas hoje nós pagamos em impostos quase o dobro
disso. E o pior imposto é aquele que está embutido em tudo que
compramos. Porque nós é que pagamos o imposto, não é o empresário. Ele
repassa para o produto ou serviço, para sustentar o Estado brasileiro.
Não é que o imposto seja alto. Eu vou repetir aqui uma conversa que
tive com os meus amigos da Rádio Guaíba, de Porto Alegre. Encontrei um
brasileiro de Governador Valadares que vive em Tampa, na Flórida. Ele me
contou que lá em Valadares era comerciante e sonegava tudo que podia,
porque o serviço público era péssimo. “Eu estava pagando imposto para
não receber um bom serviço de educação, de saúde, de segurança, então
não vale a pena pagar imposto.” Mas em Tampa, ele disse, paga cada
centavo com gosto, porque a rua está limpinha, há a mais absoluta
segurança, os filhos estão numa escola pública excelente, e quando ele
precisa de saúde pública ele tem. Essa é a questão: o tamanho do imposto
corresponde à qualidade do serviço que o Estado nos presta? Aqueles
servidores nossos que operam o Estado estão trabalhando direito?
VEJA TAMBÉM: Reforma tributária deixa a república ainda menos federativa Lula quer um avião maior e ele será pago com o seu dinheiro Governo Lula insiste em espantar investidores
Os juízes que estão entrando têm vocação para a magistratura? O
corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, numa
entrevista à TV Migalhas, foi perguntado sobre essa história de concurso
público com infiltração do PCC, com o crime organizado botando
candidatos que vão fazer concurso para virarem juízes e trabalharem pelo
crime. Isso aconteceu na Península Ibérica em outras épocas, quando o
Partido Comunista colocava gente nos seminários. Ele respondeu que há
muitos candidatos a juiz, mas temos de perguntar: quem estamos
selecionando? Estamos selecionando exclusivamente os vocacionados? Será
que a pessoa tem vocação para juiz?
Agora, para a corte suprema, para o posto mais alto do Judiciário,
não é preciso nem ser formado em Direito, nem ter sido juiz. Basta ter
mais de 35 anos e menos de 65, ter supostamente conduta ilibada e
notável saber jurídico. Será que esse critério também seleciona gente
vocacionada para ser juiz? Tenho dito que, quando um advogado entra no
Supremo, a natureza dele é defender uma causa, defender um cliente que
tenha necessidade de ser defendido. O juiz é diferente: o juiz defende a
lei, a Constituição; o juiz é o fiel da balança, fica no centro, tem de
ouvir a acusação e a defesa e ser o mais isento possível. Eu acho
estranho isso.
Recordar é viver: Flávio Dino contra a urna eletrônica Queria
recomendar a vocês, mas acho até que vocês já viram: está nas redes
sociais uma magnífica, brilhante defesa do comprovante do voto, uma
exposição dos riscos da urna eletrônica, feita há dez anos por Flávio
Dino, quando ainda era deputado pelo PcdoB; uma argumentação cristalina e
brilhante.
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue.| Foto: divulgação/Sesa
O
Ministério da Saúde deve esperar pelo menos até o final de 2024 para
começar a distribuir uma vacina contra a dengue produzida pelo Instituto
Butantan que ainda está em estudos, em detrimento de uma versão
importada que já tem a eficácia comprovada em mais de 80% e foi aprovada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. A
informação foi revelada pelo jornal O Globo nesta terça (4) e confirmada
pela pasta.
Segundo a apuração, o ministério está acompanhando a pesquisa da
vacina nacional, mas ignorando a desenvolvida pelo laboratório japonês
Takeda que já pode ser encontrada na rede privada por R$ 400 a R$ 500 a
dose. A versão importada tem uma eficácia geral de 80,2% contra qualquer
tipo de sorotipo da dengue e pode ser aplicada em crianças acima de 4
anos, adolescentes e adultos até os 60 anos de idade.
Já a versão nacional está em estudos desde 2009 e só deve ter a
pesquisa enviada para análise da Anvisa no final do ano que vem – o que
levaria a aprovação e distribuição para 2025.
Em uma nota à imprensa, o Ministério da Saúde afirmou que “tem uma
política de garantir a produção nacional, evitando a tragédia observada
na pandemia da Covid-19, quando faltaram ventiladores e até equipamentos
de proteção individual elementares”.
É possível manter uma rotina intensa de exercícios físicos depois dos 50? Elas provam que sim
Barriga trincada, saúde mental e autoestima
em dia: são muitos os benefícios de envelhecer mantendo o corpo em
movimento. E nunca é tarde para começar
Por Ana Carolina Sacoman – Jornal Estadão
“Mulheres, não deixem ninguém dizer que vocês já passaram do seu auge.” A frase é do discurso da vencedora do Oscar 2023 Michelle Yeoh,
de 60 anos, mas poderia ser da Susanne, da Mônica, da Maria e de outras
mulheres que já passaram dos 50 ou dos 60 anos e estão no ápice do
condicionamento físico. Elas meteram o shape, como dizem por aí, com exercícios de força e treinos diários que
deixam muito marombeiro com metade da idade no chinelo. Não tem
milagre: barriga tanquinho, braço torneado e coxa de atleta são reflexos
de alimentação equilibrada e disciplina militar para malhar.
Elas apostaram nos exercícios físicos intensos – esqueça a hidroginástica, a pegada aqui é nível Gracyanne Barbosa – pelos mais variados motivos: falta de autoestima, uma barriguinha aqui, uma dor acolá e a chegada da menopausa, que traz com ela doenças evitáveis, como a osteoporose e
problemas cardíacos. A motivação? Muito além da aparência física, elas
querem chegar aos 70, 80, 100 anos cheias de energia e com a saúde mental em dia – estudo recente do Dartmouth College, dos EUA, mostra que os exercícios podem ser benéficos até mesmo para a memória, assunto especialmente importante para quem passou dos 60.
E quem vê esses corpos saradíssimos mal consegue imaginar que alguns deles já foram sedentários. Caso da influenciadora Mônica Bousquet, que aos 61 anos vai estrear em um concurso de fisiculturismo.
Após anos parada, um grave problema no joelho a levou ao caminho sem
volta da malhação. Mas não foi fácil. Entre começar a levantar peso e
tomar gosto pela coisa, foram dois longos anos de insistência pura. Só
aos 54 ela engrenou de vez e não parou mais.
“Achava academia um lugar de gente desocupada, não me via lá, não era
para mim”, diz. Ela não está sozinha nessa. Pesquisa feita em 2021 pela
Ipsos mostra que o Brasil é um dos países em que as pessoas menos se
dedicam a exercícios físicos no
mundo: em média, três horas por semana, metade dos números globais.
Pior: quase um terço da população (31%) diz não praticar nenhum tipo de
atividade.
Mônica começou a mudar de ideia quando as dores nos joelhos
diminuíram. “Hoje me sinto melhor do que aos 30 anos, sem dor e sem
nenhum tipo de remédio. Nosso corpo é uma máquina maravilhosa.”
Muita calma nessa hora
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Claro que essa máquina maravilhosa precisa dar a partida com calma,
aos poucos. Não adianta nada sair afoita fazendo exercícios sem
critério. “É possível começar aos poucos (e chegar a um bom resultado),
sim. Se você consegue levantar dois quilos, tenha paciência e não tente
levantar dez e acabar se machucando”, diz o médico ortopedista Joaquim
Grava, do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede D’Or.
A lista de benefícios para quem adere a esse estilo de vida só
aumenta a cada estudo publicado. Um do ano passado, da Universidade de
Gotemburgo, na Suécia, aponta que a atividade física pode até mesmo amenizar quadros de ansiedade crônica – lembrando que o Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
E o melhor tipo de exercício? “Aquele que você faz”, responde Susanne
Neumann, de 62 anos, que vive na Alemanha, curou uma “quase depressão”
com exercícios físicos, se recuperou de um câncer de mama e exibe um
corpão torneado e empolgação de menina ao falar sobre o assunto.
“Experimente diferentes tipos de esporte, até achar um que combina com
você.”
E aí as possibilidades são infinitas – e não exigem uma academia totalmente equipada nem muito investimento. Durante a pandemia, viraram febre os vídeos ensinando a malhar em casa com
produtos de limpeza e cabos de vassoura. Patrícia Silva, de 50 anos,
costuma compartilhar os exercícios feitos na sua sala, no espacinho
entre o sofá e o rack, com quase 70 mil seguidores no Instagram. Ela usa
equipamentos simples, como minibands, aqueles elásticos para treinos de
força, e também mostra que é possível usar o próprio peso do corpo para
ter bons resultados.
Outra adepta do exercício em casa é Solange Frazão,
que chegou aos 60 anos com quatro netos e o corpão que a deixou famosa
há mais de duas décadas. “O treino em casa pode ser muito eficiente”,
diz ela. Ele também serve para quem está começando e tem vergonha de ir a
uma academia lotada de desconhecidos.
A rotina de Solange Frazão, aliás, começa às 5h30, com meditação e
pelo menos uma horinha de treino pesado todos os dias, “até a falha”. A
expressão no universo maromba significa “até você não aguentar mais”.
Uma caminhada ou corrida fecham o dia. “Sou um exemplo de que é possível
(mulheres mais velhas malharem pesado). Cada um tem o seu
possível, mas é preciso se perguntar: você está fazendo o seu possível
para curtir seus netos, bisnetos, ter saúde e se amar?”
Redes sociais
Além de belos corpos definidos, saúde mental e autoestima em
dia, essas mulheres estão conquistando outra coisa: seguidoras fiéis
que veem nelas um espelho e a esperança de que é possível melhorar os
hábitos. Com mais de 260 mil seguidores no Instagram, Maria Moya, de 56
anos, costuma ver seus vídeos de treino pesado contabilizarem milhões de
visualizações em poucas horas. “Tem gente que fala que não vai para a
academia sem antes olhar os meus stories”, conta ela, que sempre malhou,
mas o corpo atual, todo definido, foi conquistado aos 53 anos.
“A internet mudou a minha vida. Nunca imaginei que aos 56 anos
poderia influenciar positivamente tantas mulheres, é maravilhoso”,
afirma. “Recebo mensagens maravilhosas (pelas redes). Quero
mostrar que a vida não acabou porque você envelheceu”, conta Susanne
Neumann. “Descobri que podia motivar outras mulheres.”
Junto com os fãs vêm os haters, certo? Elas juram
que não é o caso e que a parcela dos que desaprovam a exposição é
mínima. “As redes têm mais troca de experiência, de informação. Eu
inspiro minhas seguidoras, mas elas me inspiram também, me motivam a ir
treinar”, conta Karina Lucco, mãe do cantor Lucas Lucco e “caçula” entre as entrevistadas, com 47 anos. “Até tem um ou outro hater, mas eles são minoria”, diz Maria Moya.
O mesmo, afirmam, serve para a malhação in loco. As olhadelas na
academia são mais de admiração e surpresa do que preconceito ou
desprezo.
Chip da beleza
As mudanças que chegam com a menopausa também podem ser o
empurrãozinho que muitas esperam para mudar o estilo de vida. “Parece
que, com a menopausa, todo dia você acorda diferente. O cabelo começa a
cair, a pele fica ressecada”, diz Patrícia Silva, que começou a jornada
fitness há 10 anos, aos 40.
Junto com a menopausa vêm a reposição hormonal e algumas polêmicas, como o famoso chip da beleza.
O dispositivo de silicone de até 5 centímetros é implantado no corpo
para liberar um ou mais hormônios continuamente e, apesar de não ter
sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
seu uso para fins estéticos não é incomum. A promessa é de aumento da
disposição física, emagrecimento e ganho de massa muscular.
“Algumas mulheres que fazem exercícios intensos estão buscando o chip da beleza como um caminho mais fácil (para ganhar massa muscular).
Está virando uma febre, e isso preocupa”, afirma Luciana Janot,
cardiologista e referência médica do Centro de Reabilitação do Hospital
Israelita Albert Einstein. Isso porque o dispositivo pode trazer vários efeitos colaterais, como inchaço, queda de cabelo e acne, entre outros.
Karina Lucco está no quarto implante de reposição hormonal e diz que
sentiu mais força nos treinos, mas que o chip não faz milagres. “O chip
da beleza não vai ajudar nada se você não treinar. As pessoas acham que
ele vai fazer milagre, não é assim.” A menopausa, é bom lembrar, não
diminui a força nem a resistência.
E para os que chegaram até aqui pensando que na verdade o que essas mulheres têm em comum é uma boa genética,
um recado do médico Joaquim Grava: “A genética influencia na sua
estrutura corporal, mas gosto de dizer que o que influencia mesmo é a
genética da boa vontade. A boa vontade de levantar e se movimentar. Não
existe genética que deixa o abdômen definido”.
O que aprendi com elas
Comece a treinar. Do jeito que der: em casa, na academia do bairro, na praça. Apenas comece;
Não há idade certa para começar a se exercitar. E nunca é tarde para isso;
Ninguém na academia está prestando atenção em você – ou não como
você pensa. Pare de se preocupar com os outros e faça seus treinos;
Alimentação é mais da metade do caminho para a construção de um
corpo saudável – eu não disse magro, ok? Pense em fazer uma reeducação
alimentar, se for o caso;
Cuidado para não sair afoita levantando um monte de peso e se lesionar. Comece aos poucos;
Se for treinar em casa, cuidado redobrado para executar os exercícios. Se puder, tenha um espelho para conferir os movimentos;
A pessoa toda definida que está treinando do seu lado não é melhor do que você. Ela só começou antes;
Experimente vários tipos de esportes até encontrar o preferido;
Persistência. Pode ser que demore para você engrenar nos exercícios e para ver os resultados;
Não se culpe por desistir. É só voltar quando achar que é a hora.
De acordo com o Think With Google, 63% das jornadas de compra se
iniciam online. As pessoas passam cada vez mais horas nas redes sociais,
consumindo conteúdo, pesquisando preço e adquirindo novos produtos.
Isso significa que as marcas que não estão presentes no digital, ou
que não tem um bom posicionamento, já saem atrás da concorrência na
disputa pela atenção do consumidor.
Por isso é fundamental ter as empresas bem posicionadas no espaço
digital, principalmente nas redes sociais. O responsável por fazer isso
com excelência é o setor de marketing. Por isso, deixo algumas dicas
sobre como construir esse setor dentro de uma empresa.
Primeiro passo: terceirizar o serviço ou montar um time internamente?
Ter um grupo de pessoas imersas, olhando e respirando a cultura do
negócio, e dedicando 100% da sua energia produtiva, é muito melhor do
que uma equipe que está atendendo outras empresas, simultaneamente. Na
prática, ter o próprio time é muito mais poderoso porque trará mais
resultados. O oposto disso acontece quando se deixa o marketing nas mãos
das agências, que influenciam em desempenhos e resultados inferiores.
Mas, o que acontece na realidade é que a maioria das empresas não
possuem recursos para investir em um time próprio de marketing. Nesse
caso, a melhor solução é terceirizar o serviço. Por mais que os
resultados sejam menores, eles existem.
O importante é ter um marketing ativo dentro da empresa, porque ele
será responsável por gerar demanda e, consequentemente, pela expansão da
organização.
Encontre um bom head
O piloto do time será o Head. Por isso, ao decidir montar um time, o
primeiro passo é encontrar a pessoa que vai ser a cabeça desse grupo.
Essa pessoa precisa ter um combo de skills, sendo as principais:
Conhecimento em marketing;
Visão empreendedora;
Entendimento sobre alocação de recursos;
Ter um perfil analítico;
Ter habilidades de liderança.
Depois de conhecer a fundo esse profissional, identificar as
habilidades e ver os resultados que estão sendo gerados para a empresa,
uma possibilidade é fazer com que ele também seja um membro decisor no
conselho.
Por onde começar a contratar?
Com o head definido, é ele quem vai dar início as próximas
contratações. É esse profissional que vai planejar e dizer quais são os
cargos que precisam ser preenchidos no primeiro momento.
Nessa etapa, é muito importante ter definida a pessoa que vai dar a
direção e o planejamento das ações, para só então começar a contratar os
especialistas em copywriting, design, e outras funções.
Sobretudo, se o investimento para admitir os profissionais não for o
suficiente, uma opção é reter um profissional multidisciplinar e
aproveitar o advento das inteligências artificiais para agilizar as
tarefas.
Qualificando e treinando a equipe
No início, o ideal é refinar o conhecimento teórico por meio de
cursos e treinamentos, e depois abrir espaço para aplicar tudo na
prática.
A partir da prática, o líder direto começa a lapidar as habilidades
com feedbacks. Ele vai apontar o que está bom e o que precisa melhorar,
vai trazer referências e novas fontes de aprimoramento. Esse é o
processo de rampagem pelo qual todos os profissionais precisam passar.
Mantenha o time motivado e produtivo
A melhor forma de manter o time motivado e engajado com o propósito
da empresa é dar uma visão de futuro e de crescimento para o
colaborador.
Mesmo assim, é difícil manter todos motivados e com a mesma energia.
Com isso, alguns se destacam e outros acabam se mostrando incompatíveis
com a cultura da empresa. As pessoas erradas vão sair naturalmente. É
assim que se começa a construir uma cultura forte e um ambiente mais
agradável.
Olhe onde ninguém mais está olhando
É fundamental começar pela performance, gerar demanda para a equipe
comercial vender. Quando o capacity do comercial estiver 100% ocupado
com as demandas que o marketing está gerando, significa que a equipe
teve sucesso na primeira etapa.
A partir disso, o marketing começa a gerar ROI (Retorno sobre o
investimento) para a empresa, e aí sim é a hora de ir para a segunda
etapa: investir na parte subjetiva, como o branding.
Depois, o foco é projetar e gerar reconhecimento de marca, focando
cada vez mais na experiência, autoridade e se tornar a marca preferida
dos seus consumidores.
Nesse processo, existe uma vantagem competitiva que poucas empresas estão olhando. Essa vantagem chama-se audiovisual.
A maioria das empresas e das agências não trabalham com a produção
audiovisual dentro do time, sendo comumente um processo terceirizado.
Muitos criam peças para anúncios e redes sociais, mas não conseguem
trabalhar em grandes produções. No B2B, ter um conteúdo audiovisual
forte vai trazer a vantagem de fazer o que ninguém mais está fazendo, de
difundir a marca e contar histórias para vender mais.
Todas essas etapas compõem um trabalho de marketing ligado à receita, que gera resultados e impulsiona o crescimento da empresa.
Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver,
gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma
consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do
mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados
satisfatórios para o seu negócio.
Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.
Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?
Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada
para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui
profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem
potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto
resulta em mais vendas.
Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?
A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu
projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas
considerações importantes:
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma
permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão
interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não
estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar
potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos:
computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
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Câmara dos Deputados Proposta de reforma tributária, que Lira quer por à votação, ainda é alvo de controvérsias
Por Célio Yano – Gazeta do Povo
Plenário da Câmara dos Deputados: parlamentares devem votar
proposta de emenda à Constituição da reforma tributária nesta semana|
Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados
Com o empenho do presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a proposta de reforma
tributária apoiada pelo governo Lula pode ir à votação no plenário da
Casa ainda nesta semana. Mas o texto que será analisado pelos
parlamentares, um substitutivo do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PI) à
proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019, tem uma série de pontos
controversos que colocam em conflito interesses da União, estados e
municípios e de setores da economia.
O ponto central da proposta é a criação de um único tributo sobre
consumo, no modelo de Imposto de Valor Agregado (IVA), a partir da
unificação de cinco tributos: IPI, PIS e Cofins, hoje de competência
federal; ICMS, administrado pelos estados; e ISS, de responsabilidade
dos municípios.
O IVA brasileiro receberia o nome de Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS) e teria regras únicas, mas duas gestões distintas, uma em nível
federal e outra compartilhada entre estados e municípios – daí ser
chamada de “IVA dual”.
Haveria três alíquotas: a padrão; uma reduzida em 50% para alguns
setores (transportes, saúde, educação, produtos agropecuários,
alimentos, higiene pessoal, atividades artísticas e culturais);e uma
zerada (medicamentos, Prouni e produtor rural pessoa física). Caberia à
lei complementar fixar os percentuais.
Além disso, é proposta a criação de um imposto seletivo, que
incidiria sobre bens e serviços considerados prejudiciais à saúde e ao
meio ambiente, como forma de desestimular seu consumo. Cigarros e
bebidas alcoólicas, por exemplo, poderiam entrar na lista de produtos
tributados.
Para compensar perdas com o fim de benefícios fiscais e reduzir o
desequilíbrio econômico entre as unidades federativas com a reforma, é
previsto ainda um Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), que teria uma
contrapartida também da União.
O governo espera alguma folga na aprovação do texto na Câmara. “Não
queremos votar essa PEC com apenas 308 votos. Queremos votar com
bastante apoio porque é uma coisa para a sociedade, para o Brasil”,
disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.
No domingo (2), Lira reuniu-se com líderes partidários para debater a
reforma tributária. Embora não esteja totalmente alinhado ao governo, o
presidente da Câmara tem defendido a aprovação da matéria, que ele diz
considerar importante para o país.
VEJA TAMBÉM: Oposição vê armadilha no imposto seletivo da reforma tributária Associação dos Supermercados diz a Haddad que reforma tributária pode aumentar em 60% impostos da cesta básica Reforma não deve reduzir carga tributária, diz Alckmin Aumento de carga sobre agronegócio e serviços
Uma das preocupações de alguns segmentos da economia tem a ver
com a alíquota única do IVA, com possibilidade de diferenciação em casos
específicos. Embora a premissa sirva para simplificar o atual sistema
de impostos, a mudança poderia prejudicar setores como o de serviços e o
agronegócio.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que a
alíquota única para bens e serviços poderia elevar em mais de 22% o
preço da cesta básica. “Considerando que a população nacional está
concentrada nas classes C, D e E, se a carga tributária de impostos
sobre o consumo subir para 25% ou mais, os brasileiros teriam menos
acesso aos serviços e alimentos”, diz nota assinada pela entidade.
No sábado (1º), o presidente da Associação Brasileira de
Supermercados (Abras), João Galassi, apresentou a Haddad uma estimativa
de que a reforma tributária pode provocar um aumento de 59,83%, em
média, nos impostos sobre a cesta básica e itens de higiene.
O número é questionado pelo governo. À Agência Brasil, o secretário
extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, disse que o patamar
de tributos que incidem sobre a cesta básica deverá permanecer na mesma
linha atual.
Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC) calculou que, caso a alíquota do IVA seja de 12%, o aumento de
carga tributária para o setor de serviços pode chegar a 84%. A proposta
que será votada na Câmara nesta semana prevê que haja tratamento
diferenciado apenas para as áreas de saúde, educação e transporte
público, mas não para todo o setor de serviços.
O discurso do governo é de que não haverá aumento de carga
tributária. Na semana passada, o argumento foi destacado pelo
vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e
Serviços, Geraldo Alckmin, em evento com empresários na Federação das
Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba.
Temor de perda de postos de trabalho Em relatório produzido pelo
grupo de trabalho da reforma tributária na Câmara, considera-se que as
mudanças teriam o potencial de acelerar o crescimento do PIB, de modo
que o aumento da atividade econômica compensaria a diminuição percentual
do bolo arrecadatório da maioria dos estados e municípios que teriam
redução nas receitas.
A tese é colocada em dúvida pelo economista Erik Figueiredo,
ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) e hoje
diretor-executivo do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (IMB), ligado ao governo de Goiás. “Isso é baseado em um
modelo que ninguém sabe de fato se funciona, se foi calibrado da forma
correta”, disse à Gazeta do Povo.
Considerando ainda que a reforma elevará a carga tributária sobre
setores que hoje empregam 37,2 milhões de pessoas, Figueiredo calculou
que pode haver uma perda de cerca de 500 mil empregos formais. A
estimativa parte de um modelo que correlaciona a elasticidade do emprego
em relação à carga tributária, calculada para 30 países-membros da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Insatisfação em relação ao Fundo de Desenvolvimento Regional Entre
os representantes dos estados, há uma insatisfação em relação ao valor
que a União teria de repassar ao Fundo de Desenvolvimento Regional. Os
recursos serviriam para compensar as unidades federativas pelo fim da
chamada “guerra fiscal”, na qual governos estaduais concedem benefícios
tributários para atrair fábricas. Como o IVA teria como um de seus
princípios o recolhimento no destino, não haveria mais disputa entre
estados.
Para compensar perdas com a mudança, o fundo teria participação dos
entes subnacionais, mas contaria com uma contrapartida de R$ 40 bilhões
da União. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do
Distrito Federal (Comsefaz), no entanto, pede que o valor seja elevado
para R$ 75 bilhões.
A entidade também defende uma definição mais clara sobre a
distribuição dos recursos no texto da PEC. “Foi uma deliberação quase
que unânime que esse critério de divisão do fundo não seja delegado para
uma lei complementar e esteja no texto constitucional, para dar
segurança aos estados”, disse o presidente do Comsefaz, Carlos Eduardo
Xavier, à Agência Câmara.
Apesar de a Confederação Nacional de Municípios (CNM) ter declarado
apoio à proposta patrocinada pelo governo, outra entidade que representa
as administrações municipais, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP),
defende outra PEC de reordenação dos sistema tributário, a 46/2022, de
autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
A proposta alternativa preserva os atuais impostos sobre o consumo,
mas unifica as respectivas legislações. O principal ponto é que o texto
preserva o IPTU e o ISS, principais fontes de renda dos municípios.
Imposto seletivo é motivo de dúvidas A criação do imposto seletivo
também é alvo de críticas. O texto dá à União a prerrogativa de se
instituir a tributação sobre “produção, comercialização ou importação de
bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos da
lei”.
Sem uma definição clara de quais bens e serviços se enquadrariam no
critério, opositores veem o risco da utilização arbitrária do mecanismo e
do aumento de carga tributária.
“Os ‘doutores’ petistas resolveram, para o bem da nossa saúde e do
planeta, nos cobrar mais impostos”, criticou o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) suas redes sociais. “Carnes (picanha), combustíveis
fósseis, refrigerantes, bebidas alcoólicas, entre outros, seriam
sobretaxados”, disse.
Para Erik Figueiredo, a polêmica seria afastada caso fosse
apresentado junto à PEC um rascunho da lei que regulamentará o tema.
“Sem uma prévia da lei complementar, não haverá uma discussão
transparente”, disse o ex-presidente do Ipea.
Cashback precisa de mais detalhamento
Outro item da reforma que precisa de mais detalhamento é o sistema de
devolução de impostos, o cashback. A ideia é que parte do IVA pago
embutido no preço de produtos possa ser restituído aos consumidores como
ocorre com o ICMS em alguns estados para quem informa o CPF no momento
da compra.
O Instituto Millenium, por exemplo, defende que o texto deveria
definir as principais premissas do instrumento e que a renda precisa ser
o critério principal para a devolução, beneficiando contribuintes de
menor renda.
Deixar a questão em aberto neste momento poderia abrir espaço para
grupos sociais organizados desvirtuarem o instrumento durante a
tramitação do projeto de lei complementar que o regulamente, considera a
entidade.
Texto deve enfrentar resistência da oposição No Congresso, o texto
apoiado pelo governo também deve enfrentar resistência da oposição. O
deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) já afirmou
que votará contra. Autor de uma PEC alternativa de reforma tributária,
inspirada no padrão norte-americano, o parlamentar é crítico do modelo
de IVA. Sua proposta prevê a extinção de 15 impostos para dar lugar a
apenas três tributos, sobre renda, consumo e propriedade.
Também contrário à adoção do IVA, o senador Oriovisto Guimarães
acredita que a mudança elevaria a carga tributária para alguns setores,
aprofundando as desigualdades sociais, e afetaria principalmente os
brasileiros de baixa renda.
Para ele, a indústria é único setor que seria beneficiado com o IVA.
“Mas não vai se beneficiar tanto, porque, já em seguida, vai perder
consumidores”, disse recentemente em pronunciamento no plenário do
Senado.
Outro parlamentar que questiona a PEC é o deputado federal André
Fernandes (PL-CE). “Li o texto preliminar da reforma tributária e afirmo
com certeza absoluta: está horrível. Um dos absurdos é o ‘imposto
seletivo’, onde o estado vai sobretaxar aqueles produtos que julgar ser
prejudicial à saúde e ao meio ambiente”, disse. “Precisamos debater esse
assunto.”
Balanço de governo Seis meses de Lula 3 são marcados por vingança, “turismo” e incongruência na economia
Por Sílvio Ribas Brasília
No seis primeiros meses de 2023, o presidente Lula ficou 32 dias
fora do país, revelando prioridade para assuntos externos| Foto: Ricardo
Stuckert/Secom
Os primeiros seis meses do terceiro mandato
presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram marcados por ações
controversas que geraram resultados abaixo do esperado que surpreenderam
até mesmo opositores. A combinação de promessas a eleitores e
apoiadores não cumpridas aliada à persistência em erros estratégicos na
implementação do plano de governo tem impedido avanços significativos na
economia, nas relações parlamentares e na política externa.
Especialistas consultados pela Gazeta do Povo avaliam que o discurso
eleitoral persistente e agressivo de Lula tem afetado negativamente o
ambiente político e social, enquanto a ênfase dada pelo presidente a
viagens internacionais numerosas e custosas facilitam críticas. Para as
fontes, a gestão do semestre pode ser resumida ao binômio “vingança e
turismo”.
“Vingança” por atitudes que o presidente vem tomando, como críticas
sistemáticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ou declarações
que mostraram grande rancor – como o episódio em que Lula insinuou que o
ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR), que o condenou, teria
“armado” a divulgação, pela Polícia Federal (PF), de um plano criminoso
para matá-lo. A PF, no entanto, trouxe evidências suficientes de que o
Primeiro Comando da Capital (PCC) armou um atentado contra Moro.
Nos meios políticos, as críticas sobre as constantes viagens
internacionais apontam para o fato de que elas resultaram em gastos
expressivos de recursos e não trouxeram resultados concretos, além de
terem gerado muita polêmica. Ainda sobre a política externa, a maior
obra anunciada pelo governo pode ser um gasoduto na Argentina,
financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Na China, o governo chegou a dizer que acordos da ordem de US$
50 bilhões teriam sido fechados, mas nenhuma outra informação sobre eles
foi posteriormente divulgada.
Ao longo de todo o semestre, a gestão petista sustentou a disposição
de atrelar a agenda externa a temas ambientais, mesmo enfrentando
crescentes pressões da oposição endossadas pela bancada ruralista. Lula
também teve que lidar com a falta de disposição das potências do
Ocidente em apoiá-lo depois que começou a manifestar apoio à Rússia na
guerra da Ucrânia. O apreço do brasileiro por governos totalitários,
como de Vladimir Putin (Rússia), Nicolas Maduro (Venezuela) e Xi Jinping
(China) tem fechado as portas de parceiros tradicionais do Brasil no
Ocidente.
Legislativo com mais poder de barganha surpreendeu Lula O
relatório de risco político da agência BCW Brasil indica que o governo
foi também afetado pela construção de um novo modelo de presidencialismo
de coalizão, com avanço do Legislativo sobre verbas do orçamento
federal. Mesmo depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) extinguir o
chamado “orçamento secreto”, a indicação de verbas, por parlamentares,
por meios burocráticos continua. “Em paralelo, em razão da pulverização
dessa sistemática não há fiscalização na ponta, onde recursos são
aplicados, favorecendo a corrupção e a perda de recursos públicos”,
sublinha.
No campo econômico, o estudo da BCW Brasil, que é coordenado pelo
professor Eduardo Galvão, avalia que inflação, câmbio, desemprego e
confiança do mercado, apesar de apontarem um cenário negativo,
favoreceram Lula no curto prazo, sobretudo no segundo trimestre. Os
indicadores deram ao governo a chance avançar na agenda econômica,
sobretudo em relação à política monetária, ao marco fiscal e à reforma
tributária. “No entanto, esses avanços ainda dependem da implementação
das reformas macroestruturais prometidas na campanha”, observam os
pesquisadores.
Quanto à condução política, o cientista político descreve um começo
de governo dominado por conflitos e desencontros. “Lula e seus
articuladores demoraram a perceber que o sistema político mudou muito
desde 2003, quando ele chegou ao poder. O Congresso se fortaleceu e é
cada vez menos dependente da boa vontade do Executivo”, disse.
Essa realidade exigiu esforço grande de convencimento e de
articulação para avançar com pautas prioritárias, o que era facilitado
no passado só com liberação de emendas parlamentares ou de cargos no
primeiro escalão.
VEJA TAMBÉM: Perspectivas ruins minam promessa de Lula de repetir seu sucesso passado na economia Sinais de melhora da economia dão falso alento a Lula para resistir às cobranças do Centrão por poder “Democracia é um conceito relativo”, diz Lula ao ser questionado sobre a Venezuela
Incongruência de ações do governo geraram turbulências na economia O
cientista político Ismael Almeida avalia que o governo encerra o
primeiro semestre marcado pela dubiedade na economia, emplacando pautas
importantes como o marco fiscal e renovando trunfos de gestões petistas
como os programas Minha Casa, Minha Vida e Bolsa Família.
Mas, por outro lado, nada disso é congruente com o discurso da gestão
de Lula, sobretudo nas falas do próprio presidente, que não ajudam a
estabelecer clima favorável à retomada da economia. Ele cita como
exemplo as falas agressivas do petista contra o agronegócio, setor que
há décadas assegura resultados positivos na balança comercial e contra o
Banco Central, que Lula tenta intimidar para forçar uma redução nos
juros. “Tal incoerência acaba por anular o impacto positivo que algumas
medidas poderiam ter tido, pois gera insegurança sobre as reais
intenções do Planalto”, disse.
Almeida aponta como agravante desse cenário a inexistência de
qualquer sinalização firme em relação ao controle de gastos públicos. “A
essência do novo arcabouço fiscal, inclusive, não representa a
austeridade, mas sim a garantia do crescimento das despesas mesmo em
cenário de baixa arrecadação”, sublinhou.
Por fim, a prioridade que Lula deu à agenda internacional também
deixou transparecer despreocupação com os problemas domésticos. Nesses
seis meses, o presidente passou um sexto deles fora do país – foram 32
dias de ausência. Segundo o governo, o objetivo das viagens é aliviar
“tensões diplomáticas” causadas pelo governo anterior. Mas a diplomacia
do petista tem sido ainda pior.
“A insistência de Lula em tentar destruir a imagem do seu antecessor
mostra que não parece haver um plano próprio, a não ser desfazer o que
foi feito por governos anteriores, ainda que tenham resultados positivos
para o país”, pontuou Almeida.
Para o analista político José Amorim, o governo “patinou” nos
primeiros seis meses por ignorar completamente o cenário nacional. “A
impressão é que Lula pensava em governar a exemplo dos mandatos
anteriores. Além disso, a chamada frente ampla teve problemas de
comunicação, com ministros se contradizendo”, disse. Ele destaca que,
mesmo nomeando o vice Geraldo Alckmin (PSB) como ministro para melhorar a
interlocução com o mercado, as falas do petista baseadas no “nós contra
eles”, que se mantêm após o período eleitoral, de nada ajudam.
Para completar os efeitos do espírito de vingança, houve demora em
liberar dinheiro para parlamentares. Ou seja, Lula levou tempo demais
para reagir a movimentos do Legislativo com o repasse de verbas que já
tinham sido combinadas. Isso teve como consequência derrotas em votações
importantes para o Executivo e a instalação de CPIs que pioraram a
imagem do governo.
Sem relativismo Democracia é relativa? Explicamos a Lula por que a Venezuela é uma ditadura
Por Eli Vieira – Gazeta do Povo
Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, com Lula, presidente do Brasil, em Brasília, 29 de maio.| Foto: EFE/ Andre Coelho
Resumo da reportagem
O presidente Lula defendeu a legitimidade democrática da Venezuela,
uma visão questionada por observadores e instituições internacionais. Relatórios
apontam que a Venezuela falha em critérios essenciais para democracia,
incluindo eleições justas, respeito aos direitos humanos, Estado de
direito, pluralismo político e participação cidadã. Acusações sérias
como manipulação de eleições, violações de direitos humanos e censura à
imprensa reforçam há uma ditadura na Venezuela: é um fato objetivo, não
flexível à relativização. Na quinta-feira passada (29), o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva deu uma resposta relativista a respeito da
democracia ao ser questionado durante entrevista na Rádio Gaúcha. “Por
que o senhor, seu governo e parte da esquerda brasileira”, perguntou o
jornalista Rodrigo Lopes, “têm tanta dificuldade em considerar a
Venezuela uma ditadura?” Lula respondeu que “a Venezuela tem mais
eleições do que o Brasil” e que “o conceito de democracia é relativo
para você e para mim”. Ele também sugeriu que a rádio mandasse um
emissário para checar a legitimidade das próximas eleições por lá.
“Presidente, eu fui preso na Venezuela três anos atrás”, informou
Lopes. “O senhor diria hoje que a Venezuela é uma democracia?” Em
resposta, Lula deu uma série de argumentos que sugerem que, para ele, a
resposta é afirmativa. “Tem gente que não quer aceitar o resultado
eleitoral. Nem todo mundo é como o Lula”, disse. Ele insinuou que o
jornalista “não conhece o assunto profundamente” e arrematou que “quem
quiser derrotar o [Nicolás] Maduro, derrote nas próximas eleições”.
Desde a sua fundação grega, o conceito de democracia é submetido a
amplos debates. Isso não significa que todas as opiniões têm o mesmo
peso. Um consenso pode ser claramente aferido de fontes como a Carta
Internacional dos Direitos Humanos (da ONU, que inclui a Declaração
Universal dos Direitos Humanos), a Comissão de Veneza, os Critérios de
Copenhague (pré-requisitos de inclusão da União Europeia), a Carta
Democrática Interamericana (da OEA) e a Carta Africana sobre Democracia,
Eleições e Governança (da União Africana). Na lista abaixo, que
sintetiza esse consenso, a Venezuela falha em todos os critérios como
democracia.
Eleições livres e justas Democracias devem ter um sistema para os
cidadãos escolherem seus líderes por meio de eleições regulares e
justas. Em dezembro de 2020, houve eleições parlamentares na Venezuela.
Contudo, observadores viram claros sinais de ilegitimidade no pleito.
A Universidade Católica Andrés Bello (Ucab, melhor instituição de
ensino superior da Venezuela) e o Instituto Internacional para a
Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, entidade sediada em Estocolmo
com 33 países membros, incluindo o Brasil) concluíram, em relatório
conjunto, que a ditadura de Nicolás Maduro manipulou o pleito pela
eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral sem a aprovação da
Assembleia Nacional, a única casa legislativa do país; intervenção de
juízes em partidos, aumento ilegal do número de parlamentares e ameaça a
eleitores que, de alguma forma, dependessem de auxílio do regime, além
de supressão da liberdade de imprensa. Problemas similares foram
observados na votação de 2018 que “reelegeu” Maduro, para a qual
observadores internacionais não foram convidados.
Respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais Regimes
democráticos devem respeitar o direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal, bem como a liberdade de expressão, pensamento, imprensa,
religião e reunião. O regime de Maduro viola todos esses direitos e
liberdades.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Programa Venezuelano de
Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea) acumulam milhares de
denúncias de tortura, espancamento, estupro, execução e cárcere ilegal.
Desde 2013, são no mínimo 1600 torturados e 40 mil vítimas da violência
estatal. Essas denúncias são corroboradas por mais de uma missão da ONU
ao país e por grandes organizações de direitos humanos como a Anistia
Internacional e a Human Rights Watch. Tramitam processos no TPI contra o
regime ditatorial venezuelano por crimes contra a humanidade.
No período aproximado de um ano e meio desde a reeleição ilegítima de
Maduro em 2018, a ONU registrou 6.856 execuções partindo diretamente de
um órgão de repressão fundado pelo ditador.
Há pesada censura e a imprensa não é livre. Em 2013, 121 veículos
operavam no país. Em 2021, o número baixou para 22. Esses poucos que
operam são submetidos a assédio constante, acusados de colaborar com
forças estrangeiras. O judiciário capturado impõe pesadas multas de
“difamação” quando jornais fazem críticas ao regime. Na classificação do
Repórteres sem fronteiras, com 180 países, a Venezuela está na 159ª
posição em liberdade de imprensa.
Estado de direito e governança democrática Uma democracia pode
até matar, pela via da pena de morte, mas isso deve ser previsto por lei
e o amplo direito à defesa deve ser respeitado. A ideia é resumida com o
termo “império da lei” ou “governo da lei”. As leis devem ser aplicadas
de maneira igual, justa e consistente, com um judiciário independente e
controle democrático sobre as forças militares e de segurança.
Mais uma vez, a Venezuela falha nisso. Não apenas pelas violações já
ilustradas, mas porque, em certo sentido, quem tem império no regime é o
narcotráfico. Em vez de controle democrático, há traficantes
importantes nas forças armadas como Vladimir Padrino, Gerardo Rangel e
Nestor Reverol. A denúncia é do Departamento de Tesouro dos EUA. O
apreço pelo tráfico de cocaína, por exemplo, data do início da
“revolução bolivariana” que implantou o regime ditatorial, o que leva
alguns analistas a caracterizar o país como refém de um “narcoestado”. O
governo é do crime, não da lei, a julgar pelas conexões de Maduro ao
grupo terrorista Hezbollah e aos mercenários russos do Grupo Wagner,
acusado de fazer terrorismo na África por parlamentares locais.
Pluralismo político e responsabilidade Na democracia, a
diversidade de opiniões políticas deve ser permitida e respeitada, com
transparência nas ações do governo e responsabilização dos funcionários
por suas ações.
Em 2020, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, capturado pela
ditadura, destituiu autoridades e líderes de partidos políticos da
oposição e indicou outras pessoas para liderá-los, à revelia da vontade
dos membros. Foram alvos os partidos Voluntad Popular, Acción
Democratica e Primero Justicia, os principais da oposição ao PSUV —
Partido Socialista Unido de Venezuela, fundado pelo falecido ditador
Hugo Chávez, antecessor de Maduro, em 2007.
Até os dias atuais, isso não mudou. Dias após a alegação de Lula de
que basta alguém concorrer contra Maduro para tirá-lo do poder, a
Controladoria-Geral da Venezuela tornou inelegível por 15 anos a
pré-candidata de oposição María Corina Machado, do partido de centro
Vente Venezuela. A Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Americanos condenou a decisão e a caracterizou como “contrária ao Estado
de direito”.
Portanto, na Venezuela a diversidade política oficialmente
reconhecida é fajuta, manipulada pelo partido que detém o poder para
assegurar sua própria continuidade. A Anistia Internacional estimou que o
país soma entre 240 e 310 presos políticos recentemente.
General da reserva Marco Edson Gonçalves Dias aparece em vídeo de
câmeras de segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, quando era
chefe do Gabinete de Segurança Institucional.| Foto: Reprodução/ CNN
Brasil
Na CPMI do 8 de Janeiro, o senador Sergio Moro está insistindo, com
mais um requerimento, na convocação do general Gonçalves Dias, que era o
ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Lula. Como se
sabe, ele foi visto circulando no Planalto, enquanto Lula estava em
Araraquara e enquanto o ministro da Justiça estava olhando tudo pela
janela do seu gabinete no ministério. Moro quer esclarecimentos com base
em um documento que o Exército enviou no último dia 30 à CPMI, a pedido
da comissão. Ali se explicava que a tropa estava em prontidão do
Comando Militar do Planalto – há referência a duas unidades; devem ser o
Batalhão da Guarda Presidencial e o Regimento de Cavalaria de Guardas,
que são as guardas do Palácio do Planalto, cerimonial e de segurança,
embora não sejam a segurança mais próxima pessoal do presidente Lula. E
que o CMP só foi avisado por telefone, verbalmente, às 11h54, quase ao
meio-dia do dia 8 de janeiro.
Moro lembra que o próprio general G. Dias, no depoimento à CPI do
Legislativo de Brasília, admitiu ter cancelado avisos da Abin enviados
nos dias 6 e 7. O general disse também que não podia falar de nenhuma
responsabilidade de Anderson Torres, que está em prisão domiciliar,
assim como o comandante de Operações da PM, o coronel Jorge Naime, que
está preso sem motivo nenhum que não seja uma declaração da ex-mulher
dele, que disse que ele pretendia fugir, não sei o quê. E ele está aí.
Ele estava de folga no dia 8 de janeiro, se apresentou, vestiu a farda e
agiu, inclusive foi ferido inclusive. O exército ainda esclareceu que
chegou um pelotão do BGP e depois, às 12h30, vieram mais 182 soldados.
Às 14h50, o pessoal começou a entrar no Palácio do Planalto, pela rampa e
pelo térreo. Depois chegaram mais tropas, que fizeram prisões e
evacuação do prédio. É isso que G. Dias está sendo chamado para
explicar.
VEJA TAMBÉM: CPI local do DF é mais isenta que a do Congresso Para incriminar Bolsonaro, acharam só cartão de vacina e reunião com embaixador Pela Constituição
Agora, entre nós aqui, a grande explicação que nos devem é: por que
os governistas, ou seja, a liderança do governo, comandaram essa votação
e, por 22 votos, negaram o requerimento de convocação do general G.
Dias? Deve ser pelo mesmo motivo pelo qual o governo não queria mostrar
as imagens, nem queria CPI. Ficamos nos perguntando, será que ninguém
avisou o presidente? Ele saiu de Brasília naquele dia; deveria ter
ficado no Alvorada para comandar a proteção do palácio, mas foi para
Araraquara. Tudo isso intriga muito o pessoal da CPMI e, de um modo
geral, os eleitores, os cidadãos brasileiros. Foram 22 votos impedindo a
convocação de G. Dias, e agora se insiste para ele vir. A CPI aceitou,
mas ele está protelando a data e ficamos nos perguntando por quê.
Bolsonaro entra com recurso, mas sua situação parece irreversível Jair
Bolsonaro entrou com recurso na Justiça Eleitoral contra sua
condenação. O recurso vai ser examinado pelo presidente do TSE,
Alexandre de Moraes. Ainda pode ter embargo, pode ter agravo, mas,
quando a pessoa entra com recurso, não há embargo nem agravo. Se correr o
bicho pega, se ficar o bicho come: é mais ou menos essa a situação de
Bolsonaro, e tudo indica que ela é irreversível. Bem diferente da Dilma,
que, ao ser condenada, não ficou inelegível por oito anos, como manda a
Constituição expressamente, claramente, com todas as linhas da língua
portuguesa, que o artigo 13 da Carta Magna diz ser a língua oficial do
Brasil. Até hoje, temos de lembrar dessa sessão presidida pelo
presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, com o Senado presidido por
Renan Calheiros, em que a maioria dos senadores optou por rasgar a
Constituição.