domingo, 18 de junho de 2023

A MÚSICA SERTANEJA ELOGIA O AGRONEGÓCIO E A ESQUERDA NÃO GOSTA

 

Guerra cultural
Mas o alvo agora é o agronegócio

Por
Omar Godoy – Gazeta do Povo


Ana Castela: cantora representa a nova geração sertaneja que se orgulha de ser “agro”.| Foto: Divulgação/Maurcio Antonio

Atenção: este conteúdo não é sobre preferências musicais.

No último mês de abril, a cantora sul-mato-grossense Ana Castela liderou a parada semanal de vídeos do YouTube pela primeira vez, tornando-se a artista feminina mais ouvida / assistida do Brasil na atualidade. Esta marca, já alcançada por ela no Spotify, não representa apenas a confirmação de seu sucesso praticamente instantâneo (Castela tem só 19 anos e sua primeira gravação data de 2021). Simboliza a ascensão de uma novíssima geração do cenário sertanejo que se orgulha de ser “agro” – e já entrou na lista negra da militância contrária a essa indústria vital para o país.

Além de Ana Castela, nomes como Léo & Raphael, Luan Pereira, Loubet, Adson & Alana e Us Agroboy batem no peito para falar de suas vivências rurais em faixas que retratam a cultura jovem das cidades do interior e trazem títulos pró-agronegócio (“Respeita o Agro”, “Hino Agro”, “A Roça Venceu”, “Agro-Rotina”, “O Agro Nunca Para”, “Agro É Top”, “Os Menino [sic] da Pecuária”). Como era de se esperar, a turma do chamado “movimento agronejo” virou um dos alvos preferidos dos influenciadores de esquerda, sempre prontos para demonizar o setor da economia responsável por quase metade das exportações brasileiras.

Foi-se o tempo em que as críticas aos cantores sertanejos tinham como foco seu afastamento das raízes caipiras e a aproximação estética com o pop internacional.  A ordem agora é apontar um suposto conluio entre produtores rurais, artistas e políticos de partidos de direita. O objetivo da tramoia? Controlar as rádios, a internet, o circuito de shows e até as eleições.

Um dos materiais de propaganda mais utilizados pelos teóricos da conspiração é o trecho de uma entrevista concedida pela empresária Kamilla Fialho ao podcast ‘Corredor 5’. Apresentado no YouTube pelo produtor musical carioca Clê Magalhães, o programa é conhecido por discutir e revelar os bastidores da indústria fonográfica a partir de conversas com artistas, managers, divulgadores, etc. Ligada ao pop e ao funk (trabalhou com nomes como Anitta, Naldo e Lexa), Kamilla elogia a eficiência dos sertanejos no mercado, mas associa seu êxito à riqueza de quem investe em suas carreiras – segundo ela, fazendeiros e pecuaristas.

“Eu pago para tocar uma música na rádio e eles compram a rádio”, diz a empresária, denunciando também uma suposta prática “agro” de pagar para as emissoras retirarem da programação cantores de outros estilos. Magalhães dá risada e conta uma história que ouviu de um artista para quem prestou consultoria no Mato Grosso do Sul: “Sabe o que acontece? O fazendeiro já é rico há cinco gerações. A vida dele é um tédio. Quando ele vira sócio de um sertanejo, a vida dele passa a ter graça. Ele começa a ir para o show, tem camarim”. Como se não existisse diversão fora da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Em outro vídeo viralizado, a infuenciadora Laura Sabino explica que a ligação entre agronegócio, música sertaneja e a direita se iniciou quando “os portugueses invadiram estas terras e impuseram um modelo de produção agroexportador”. Assumidamente marxista, ela costuma listar suas fontes de informações na descrição de seus conteúdos – no caso, dados de organizações voltadas para a agricultura familiar e artigos de professores universitários acadêmicos ligados ao MST.

Até o Peninha tirou sua casquinha. Em um vídeo intitulado “O Advento do Sertanojo”, o jornalista e escritor Eduardo Bueno afirma em seu canal que a música sertaneja “apoia o lado mais nojento e conservador do Brasil” e “está saqueando os cofres públicos”. Também brinca com a frase imortalizada por Euclides da Cunha no livro ‘Os Sertões’ (1902): “O sertanejo, antes de tudo, é um bosta”.

“Agro malvadão”
“Eu até entendo que uma pessoa com intenções de fundo político diga que o ‘agro malvadão’ banca os artistas sertanejos. É a pauta dela, não tem o que fazer. Mas quem não é militante e acredita nisso está passando para frente informações incorretas e desrespeitando artistas que trabalham muito”, afirma o jornalista André Piunti. Criador do pioneiro blog ‘Universo Sertanejo’ e consultor da TV Globo para assuntos do gênero, Piunti já entrevistou todos os grandes nomes do cenário e garante: o mercado da música sertaneja é um negócio como qualquer outro dentro da indústria cultural.

“O segmento movimenta mais dinheiro porque atrai mais público. E quem investe quer retorno, isso é óbvio. As pessoas veem o meio da música com uma certa ingenuidade, como se fosse algo puro”, diz. “É claro que uma empresa de tratores vai patrocinar um evento sertanejo em vez do Mita [festival de rock alternativo realizado recentemente no Rio de Janeiro e em São Paulo]. É uma questão de identificação”, completa.

Piunti ainda destaca que os shows no interior do Brasil não são patrocinados apenas pelo agronegócio. Também há muito investimento em publicidade vindo dos setores automotivo, farmacêutico e do turismo – sem contar as cotas compradas pelos fabricantes de bebidas. “Essa ligação entre o agro e os artistas sertanejos não é tão organizada quanto as pessoas pensam”, afirma.

Para o jornalista, a nova tendência “agroneja” representa um resgate da cultura interiorana. Enquanto os sertanejos universitários tiraram o chapéu da cabeça, a geração atual não só o colocou de volta como ainda veio a cavalo. Nesse sentido, as letras em exaltação ao agronegócio também são uma reação à patrulha ideológica (não custa lembrar que o próprio presidente da República se refere ao setor como “fascista”). “Imagine você ouvir o tempo todo que o seu pai e o seu avô são os vilões, os culpados dos problemas do Brasil. Esses jovens cresceram se sentindo ofendidos”, diz.

“Descobridor” de Ana Castela, o cantor, compositor e empresário Rodolfo Alessi conta que é comum em entrevistas mencionarem uma possível ligação entre seu escritório e companhias ligadas ao agro. “Até no posto de gasolina, esses dias, ouvi um pessoal dizendo que deve ter alguém pagando para a Ana tocar tanto na rádio”, diverte-se.

Segundo ele, todo o investimento inicial na carreira de Castela foi realizado com recursos próprios – e até hoje a artista não fez nenhuma campanha publicitária para produtos produzidos pela indústria do campo. “Por incrível que possa parecer, não tivemos esse tipo de apoio. Mas é verdade que exaltamos o agro, por fazer parte da nossa realidade, e temos princípios mais conservadores, sim”, admite o empresário de vários nomes da geração “agroneja”

Dinheiro público

Há, no entanto, um aspecto realmente nebuloso envolvendo os artistas do gênero: os altos valores recebidos para se apresentar em eventos promovidos por prefeituras de pequenas cidades dos rincões do país. A chamada “CPI do Sertanejo” (na verdade uma série de investigações do Ministério Público) descortinou casos como o de Teolândia (BA), município arrasado por enchentes que em um único evento gastou R$ 1,2 milhão em cachês para cantores sertanejos – R$ 704 mil destinados apenas para Gusttavo Lima.

Esse tipo de contratação, sem licitação, não é ilegal. Porém está longe de ser razoável. Piunti concorda e acredita que o impacto negativo da “CPI” junto à opinião pública vai mudar o mercado a partir deste ano. “Não por parte dos prefeitos. Mas o artista vai pensar: ‘Se uma cidade tem 15 mil habitantes e eu cobrar quase R$ 1 milhão de cachê, vai pegar mal para mim’”, exemplifica.

Perserguição histórica
A implicância dos formadores de opinião, esquerdistas e artistas da MPB com os sertanejos não é nenhuma novidade. Começou ainda nas décadas de 1960 e 70, quando os cantores populares de origem mais humilde não eram apenas ridicularizados por gravarem músicas “cafonas” – também recebiam a pecha de alienados e ufanistas pelo fato de apoiarem os governos militares.

A partir da segunda metade dos anos 1980, com o termo “música sertaneja” já disseminado, a perseguição se intensificou. Em um primeiro momento, por conta de uma suposta diluição da cultura caipira por parte de astros como Chitãozinho & Xororó, que explodiram em todo o Brasil adotando uma sonoridade mais produzida, figurinos urbanos e inovações técnicas em termos de equipamentos de luz e som. Ironicamente, hoje há quem os considere “sertanejos raiz”.

Mais tarde, em meio aos escândalos de corrupção da breve “era Collor”, causaram polêmica os encontros entre artistas do gênero e o ex-presidente em sua residência, a Casa da Dinda. Promovidas em 1992 por Gugu Liberato, as reuniões contaram com a participação de Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó e Sula Miranda, entre outros nomes menos votados.

Em setembro daquele ano, Lulu Santos fez um desabafo no ‘Domingão do Faustão’: “Acho que a música sertaneja foi a trilha sonora dessa malfada administração. E gostaria que uma fosse embora junto com a outra”. A declaração ainda é considerada controversa, pois teria revelado o preconceito dos medalhões da MPB com relação aos novos concorrentes.

Uma trégua, porém, aconteceu na primeira década do novo milênio. Exatamente durante os governos petistas, quando o agronegócio se fortaleceu e iniciou uma campanha de marketing permanente para mostrar seus feitos à sociedade. Zezé Di Camargo se aproximou de Lula, a “tchurma” carioca da produtora Conspiração lançou o filme ‘2 Filhos de Francisco’ (com trilha sonora coordenada por Caetano Veloso) e as primeiras duplas de sertanejo universitário surgiram no cenário – sem muitos ataques da militância radical. Coincidência, não?


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-esquerda-esta-de-novo-em-guerra-com-a-musica-sertaneja-mas-o-alvo-agora-e-o-agronegocio/
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SLOGANS DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO NAS DECISÕES DO MINISTROS NÃO ESTÃO PREVISTOS NA LEI


Moraes cria mantra da liberdade de expressão para decisões de censura
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília


O ministro Alexandre de Moraes tem repetido slogans sobre liberdade de expressão em suas decisões.| Foto: Montagem com foto do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem repetido um mantra sobre liberdade de expressão em diversas decisões de censura publicadas nos últimos meses. Presente também na decisão da quarta-feira (14) que censurou o influenciador Monark, o mantra diz, sempre em negrito e com exclamações:

Liberdade de expressão não é liberdade de agressão!
Liberdade de expressão não é liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da dignidade e honra alheias!
Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!

A primeira vez que estes slogans apareceram em uma decisão foi em junho do ano passado, quando Moraes bloqueou as contas nas redes sociais do Partido da Causa Operária (PCO). Em julho do mesmo ano, Moraes retomou o mantra ao mandar prender um homem que fez ameaças a autoridades. Em setembro, uma decisão que tornou o senador Magno Malta (PL-ES) réu por declarações contra o ministro do STF Luís Roberto Barroso também continha as frases de efeito.

Neste ano, em 11 de janeiro, Moraes repetiu o mantra na decisão de bloquear as redes sociais de diversas personalidades – incluindo Monark e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) – que, segundo o ministro, teriam instigado os atos do 8/1. Em maio, o mantra também apareceu na decisão que ameaçou suspender o Telegram no Brasil.

O advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, afirma que slogans desse tipo não cabem em decisões judiciais. “Frases de efeito convencem pela repetição; decisões judiciais convencem pelo apuro técnico do fundamento jurídico utilizado”, diz.

Para o especialista em liberdade de expressão Pedro Franco, mestre em história social da cultura pela PUC-Rio e em estudos interdisciplinares pela Universidade de Nova York, “Moraes embarcou em uma cruzada moralista e está com um senso de autoengrandecimento que precisa ser sustentado de alguma forma” e “a maneira mais eficiente de sustentar isso é repetindo o slogan”. “É o mantra que ele está usando para sustentar essa imagem de que ele está fazendo a coisa certa. Porque valor jurídico não tem nenhum. O único propósito a que essas frases servem, a meu ver, é o propósito psicológico de autoengrandecimento”, acrescenta.

Franco recorda que no Brasil, durante a ditadura militar, adotava-se discurso parecido. “A justificativa da censura era exatamente assim. Só o palavreado era um pouquinho diferente. É claro que quem usa esse linguagem são os regimes ditatoriais. Não tem outra definição para isso aí”, diz.

Um decreto de 1970, por exemplo, dizia que não seriam “toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos costumes” e que o emprego de certos meios de comunicação obedecia “a um plano subversivo, que põe em risco a segurança nacional”.

A repetição de slogans para fixar conceitos no imaginário da população é uma das armas propagandísticas de regimes ditatoriais. Na Coreia do Norte, frases de apoio ao regime costumam ser publicadas em pôsteres gigantes nas cidades. Essa técnica publicitária costuma até ser parodiada em obras literárias de ficção científica sobre estados totalitários, como em “1984”, de George Orwell.

Trecho de “1984”, de George Orwell.VEJA TAMBÉM:
Moraes determina que PF tome depoimento de Monark
Moraes vê “má vontade” das big techs e volta a defender regulação de redes

Mantra da liberdade de expressão mostra visão deturpada e ditatorial da liberdade de expressão, diz jurista
Para Alessandro Chiarottino, professor de Direito Constitucional e doutor em Direito pela USP, o mantra da liberdade de expressão revela em Moraes “um completo desconhecimento do que seja o valor da liberdade de expressão”.

A pedido da Gazeta do Povo, ele comentou cada um dos três slogans que compõem o mantra da liberdade de expressão de Moraes.

Liberdade de expressão não é liberdade de agressão!
Chiarottino: “Ora, justamente existe a liberdade de expressão para que as pessoas possam manifestar a sua contrariedade, o seu inconformismo, a sua indignação, a sua revolta, de maneira pacífica, obviamente, mas de maneira verbal ou escrita. E essa expressão da indignação, essa expressão da revolta ou mesmo da raiva, sempre será uma agressão a algum valor ou a alguma instituição ou a alguma pessoa, mas ela é lícita. Isso faz parte da democracia, isso faz parte do conceito da liberdade de expressão.”

Liberdade de expressão não é liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da dignidade e honra alheias!
Chiarottino: “O que não é possível na democracia é o uso da força para a destruição das instituições democráticas. Mas me é perfeitamente lícito ter e expressar concepções não democráticas. Não sou daqueles, por exemplo, que querem proibir os partidos comunistas, os partidos socialistas. Esses partidos, sem dúvida, expressam e defendem concepções que não são democráticas. Mas se nós somos democráticos, se nós somos defensores da democracia, então cabe a nós derrotar essas ideias através do diálogo, do debate, da demonstração de que elas trariam consequências que nós não desejamos. Mas não proibir ideias. O que o senhor Alexandre fala aqui é a negação da democracia.”

Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!
Chiarottino: “Ter ódio e expressá-lo é lícito na democracia, esteja eu com razão ou não. Está na própria concepção da democracia que esse sistema é forte o bastante para deixar todas as ideias virem à tona – desde que de forma pacífica, evidentemente –, e o livre debate, o livre exame dessas ideias vão ser suficientes para depurar as ideias ruins e fazer com que só as ideias boas sobrevivam, mas não através da proibição.”

Para o jurista, o que Moraes está defendendo nesse conjunto de afirmações “é ditadura”.

“São os regimes autoritários que têm essa conformação, que tratam a liberdade de expressão dessa maneira. São os regimes fascistas, os regimes socialistas, comunistas, os regimes anteriores às revoluções liberais, eles que tratavam a liberdade de expressão dessa forma. Isso nada tem a ver com a concepção liberal de liberdade de expressão. Ele fala ainda em defesa da dignidade e da honra. Ora, para isso já existem os instrumentos no Código Penal, no Código Civil, se alguém se sentir ofendido na sua honra, na sua imagem. Mas o que o senhor Alexandre quer – proibir as ideias que ele não acha razoáveis, a expressão das ideias que ele acha inadequadas –, isso é ditadura, pura e simplesmente. Se implementadas, essas visões do senhor Alexandre de Moraes significariam o fim do Estado liberal, o fim do Estado de Direito e o fim da democracia”, conclui.


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LULA VETA NOVAS IDEIAS E REQUENTA VELHOS PROGRAMAS DO PAC QUE NÃO DERAM RESULTADOS

 

Novo PAC
Lula veta novas ideias e requenta velhos programas de governos do PT marcados por irregularidades
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília


Lula realizou reunião ministerial para fazer balanço de seis meses de governo| Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu a sua reunião ministerial de balanço de seis meses de gestão nesta quinta-feira (15) com um veto de novas ideias por parte deus 37 ministros do governo. Por outro lado, o petista aproveitou para sinalizar que pretende turbinar velhos programas de gestões do PT, alguns deles marcados por irregularidades, como forma de marcar o seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto.

Na esteira desses antigos programas, Lula prepara para o início de julho a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Como tínhamos uma quantidade enorme de políticas públicas que tinham dado certo, a gente resolveu recriar essas políticas públicas. A partir do dia 2 de julho, vamos lançar um grande programa de obras, um grande programa para o desenvolvimento nacional, com obra de infraestrutura em todas as áreas”, disse Lula ao abrir a reunião ministerial.

O PAC foi lançado pela primeira vez em 2007, no segundo mandato de Lula, buscando consolidar a política desenvolvimentista do PT por meio do investimento estatal em infraestrutura para “fazer a roda da economia girar”. Mas apesar de Lula considerar que o programa “deu certo”, um estudo da Inter.B Consultoria, divulgado em 2016, último ano do governo da petista Dilma Rousseff, concluiu que o programa era ineficiente, além de apontar para superfaturamento de obras.

A terceira edição do PAC vem com o mesmo objetivo da primeira: uma tentativa de Lula de aquecer a economia brasileira em um momento em que sua popularidade está em baixa e ele tem dificuldades de formar uma base no Congresso.

Neste primeiro momento, no entanto, o programa de Lula vai retomar apenas cerca de 3,5% das 14 mil obras que estão paradas em todo o país. Ou seja, a expectativa do governo é de que o novo PAC tenha como ponto de partida uma lista de 499 obras e projetos apresentados pelos 27 governadores em uma reunião com Lula em janeiro. Cada estado levou ao Palácio do Planalto uma relação de empreendimentos prioritários a serem considerados no novo programa.

“Nós estamos retomando 14 mil obras paralisadas, 4 mil delas em escolas. Este ano temos R$ 23 bilhões para investir na área de transporte, ou seja vamos fazer somente neste ano mais do que foi feito nos últimos quatro anos”, justificou Lula nesta semana.

Se confirmado, o lançamento do PAC 3 vai ocorrer com quase três meses de atraso em relação à promessa do governo. Inicialmente a ideia era lançar a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento no início de abril, por ocasião do balanço dos primeiros 100 dias de governo. O pacote, porém, não ficou pronto a tempo.

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Outras versões do PAC ficaram marcadas por diversas irregularidades
Principal aposta de Lula para esse ano, o PAC ficou marcado por diversas suspeitas de fraudes durante os outros governos petistas. Em 2007, ano em que Lula lançou a primeira versão do programa, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a bloquear recursos de 29 obras do PAC por conta de diversas irregularidades.

À época, a maioria dos problemas encontrados pelo TCU tratavam de irregularidades nas execuções dos convênios, superfaturamento de preços, alterações indevidas de projetos e problemas no processo licitatório, entre outros. Entre as obras do PAC que apresentaram irregularidades graves estavam as da rodovia BR-163, na divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as da integração do Rio São Francisco, em Pernambuco.

Já em 2011, durante a gestão de Dilma Rousseff, uma outra auditoria do TCU apontou irregularidades no planejamento e execução do projeto do Arco Rodoviário, obra de quase R$ 1 bilhão do PAC no Rio de Janeiro. Além disso, até 2016, apenas 16,8% das pouco mais de 29 mil obras anunciadas nas duas etapas do PAC haviam sido concluídas no período previsto.

Agora, Lula tenta desviar das críticas indicando que pretende “prestar contas para a imprensa brasileira” sobre o andamento da nova versão do PAC. “A gente vai prestar contas para a imprensa brasileira daquilo que estamos fazendo e do resolvemos fazer. Nada será escondido. Nenhuma dificuldade será escondida, nenhum problema será escondido e tudo aquilo que a gente fizer a gente quer tornar público”, prometeu Lula durante sua reunião ministerial.

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Em outra estratégia de tentar ampliar sua popularidade, o presidente Lula indicou nesta semana que pretende alterar o programa Minha Casa Minha Vida para atender o eleitorado da classe média. Como a Gazeta do Povo mostrou, o petista vem estudando medidas para conter o desgaste do PT com esse segmento da sociedade.

O governo avalia elevar o valor máximo da residência para atender ao pedido do mandatário para que famílias com renda mensal de R$ 10 mil ou R$ 12 mil também possam ter acesso ao programa habitacional. Atualmente, o limite de renda é de R$ 8 mil por mês.

O Ministério das Cidades, responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, ainda fará os cálculos para saber qual o modelo a ser proposto para a ampliação do programa para a classe média. A expectativa, no entanto, é de que com a ampliação seja possível financiar imóveis de até R$ 500 mil.

“Nós precisamos fazer não apenas o Minha Casa, Minha Vida para as pessoas mais pobres. Precisamos fazer o Minha Casa, Minha Vida para a classe média. O cara que ganha R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 8 mil esse cara também quer ter uma casa e esse cara quer ter uma casa melhor”, disse Lula.

O Minha Casa, Minha Vida foi criado no segundo governo Lula, em 2009. Em 2020, a iniciativa foi extinta pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) e uma nova foi lançada, chamada Casa Verde e Amarela, que trouxe alterações em diversos critérios.

Em fevereiro deste ano, o programa foi retomado pelo governo Lula por meio de uma medida provisória. A nova versão prevê, entre outras medidas, foco na população de baixa renda, com reserva de 50% das unidades do programa para famílias com renda de até R$ 2.640. A faixa havia sido extinta na versão do governo Bolsonaro.

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Câmara mudou MP que previa contratação de médicos sem o Revalida 


Outro programa reeditado por Lula, o Mais Médicos previa inicialmente a contratação de profissionais formados em países estrangeiros sem a prova prática do Revalida. O exame é necessário para validar o diploma no Brasil e poder exercer a profissão no país.

A falta dessa exigência foi inserida na Medida Provisória editada por Lula para relançar o programa. Deputados da oposição, no entanto, costuraram um acordo com o governo e retiraram esse trecho durante a votação da MP pelo plenário da Câmara nesta quarta-feira (14). O texto ainda precisa passar pelo Senado até o dia 02 de agosto.

“Defendo veementemente a continuação do Revalida, como forma de garantir a avaliação das competências e conhecimentos dos médicos formados no exterior que desejam exercer a profissão no país”, afirmou o deputado Dr. Luiz Ovando (PP-MS).

Já o deputado Dr. Frederico (Patriota-MG) afirmou que manter as regras atuais do Revalida foi fundamental para aprovar a proposta. “A gente quer levar qualidade de atendimento aos que precisam e, para isso, o Revalida é o mínimo”, disse.

O programa Mais Médicos foi criado em 2013 no governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). À época, gerou polêmica já que boa parte dos médicos vinha de Cuba, em uma parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas) que foi amplamente criticada, tanto pela falta de revalidação do diploma desses médicos para atuar no Brasil, quanto pela retenção de 75% do salário de cada profissional, que ficava com a ditadura cubana.


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JUIZ DE GARANTIAS PREVISTO NA LEI E NÃO COLOCADO EM PRÁTICA PELO STF

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Plenário do STF retoma o julgamento de ações sobre prisão em segunda instância. Luiz Fux e Dias Toffoli.


Os ministros do STF Luiz Fux e Dias Toffoli.| Foto: Fotos Públicas

O Supremo Tribunal Federal retomou esta semana o julgamento sobre a constitucionalidade ou não do dispositivo que cria o “juiz de garantias” – um magistrado que atuaria especificamente na fase de instrução do processo –, previsto no chamado Pacote Anticrime aprovado pelo Congresso em 2019, mas que não entrou em vigor por decisão do próprio STF. A corte irá avaliar especificamente se o Congresso feriu ou não a autonomia organizacional e financeira do Poder Judiciário com a proposta, uma vez que a implementação do juiz de garantias exigiria uma completa reorganização da Justiça criminal do país, alterando normas da organização judiciária, sobre as quais o Poder Judiciário tem iniciativa legislativa própria.

O argumento usado para sustentar a hipótese de inconstitucionalidade é a de que o projeto aprovado pelo Congresso cria uma regra que, na prática, estabelece dois novos órgãos – juízo das garantias e juízo da instrução – por meio de uma regra de impedimento processual, sem que tivessem sido discutidos os impactos, incluindo os financeiros, ou especificado de que maneira a proposta poderia ser implantada. Sem um estudo prévio aprofundado e sem consultar as instâncias envolvidas, o Legislativo teria simplesmente criado o juiz de garantias, e repassado a responsabilidade de planejar e concretizar a medida para o Judiciário.

Se já tivéssemos uma Justiça funcionando com razoável celeridade e eficiência, seria o caso de dar um passo além, como a instituição do juiz de garantias.

Sem dúvida, a condução do Parlamento neste caso foi apressada e descuidada e não há a mínima condição de se colocar a medida em prática, ao menos rapidamente. Ainda assim, não nos parece que a proposta seja inconstitucional. O artigo 22 da Constituição define que compete privativamente à União legislar sobre direito processual. Por sua vez, o artigo 24 autoriza a União, os estados e o Distrito Federal a legislarem concorrentemente sobre procedimentos em matéria processual, no âmbito do que a competência da União se restringirá ao estabelecimento de normas gerais. No caso do dispositivo que institui o juiz de garantias, o mesmo se deu dentro da Lei 13.964/2019, iniciativa do governo federal que traz uma série de medidas legais que alteram a Legislação Penal e Processual Penal. A ação do Parlamento de instituir o juiz de garantias, portanto, estaria dentro de suas prerrogativas. O que faltou – e ainda falta – são os detalhes de como efetivar a proposta.

As lacunas da proposição podem em parte ser explicadas pela pressa em aprovar a medida. Em 2019, parlamentares do grupo de trabalho que analisavam o Pacote Anticrime apresentado pelo então ministro da Justiça Sergio Moro, resolveram incluir no texto a figura do “juiz de garantias”: um magistrado que atuaria na fase de instrução do processo – seria ele, por exemplo, quem autorizaria uma interceptação telefônica, ou ordenaria uma busca e apreensão; uma vez aceita a denúncia, o julgamento propriamente dito caberia a outro juiz. Atualmente, na primeira instância, um único juiz atua na investigação, processo e julgamento. A justificativa do projeto seria garantir mais imparcialidade ao julgador. O argumento o é de que quando o juiz controla a investigação, fica inclinado a manter sua posição na sentença final. A mudança passou por uma comissão especial, pelos plenários da Câmara e do Senado, e foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro – tudo muito rapidamente.

O projeto traz uma mudança radical ao atual processo penal, e necessita de alterações muito mais profundas no Código de Processo Penal – o que o texto aprovado pelo Congresso, vago e pouco claro, não contempla.

Segundo a lei aprovada, a mudança deveria entrar em vigor a partir de janeiro de 2020, mas acabou suspensa, inicialmente por 180 dias, por decisão do ministro Dias Toffoli, que mesmo sendo um defensor da proposta, considerou ser necessário mais tempo colocá-la em prática. O ministro do STF argumentou era não “razoável” nem “factível” que todo o Judiciário brasileiro conseguisse implantar o juiz de garantias em apenas 30 dias – o que foi correto, tendo em vista as lacunas do projeto que precisam ser resolvidas. Posteriormente, outro ministro da corte, Luiz Fux, barrou a medida por tempo indeterminado, considerando-a inconstitucional. O tema permaneceu fora do calendário da corte até o último dia 14, quando a discussão foi retomada. Caso o STF decida pela inconstitucionalidade, a legislação aprovada pelo Congresso será considerada nula, o que, como dissemos, não nos parece ser o entendimento mais correto; por outro lado, tampouco se a lei for considerada constitucional há condições de se adotar o dispositivo imediatamente.

O projeto traz uma mudança radical ao atual processo penal, e necessita de alterações muito mais profundas no Código de Processo Penal – o que o texto aprovado pelo Congresso, vago e pouco claro, não contempla. Não há aprofundamento sobre o impacto financeiro, certamente gigantesco, ou como a mudança poderia ser implantada com o quadro atual da magistratura. No caso de comarcas com um único juiz, o que é comum no interior do país, o texto diz apenas que os tribunais deveriam criar um “sistema de rodízio” de magistrados, sem outros detalhes. São muitas, enfim, as lacunas que o texto do Legislativo deixou de responder. O que houve foi praticamente a transposição de um modelo adotado em outros países, sem levar em conta as especificidades do Sistema Judiciário brasileiro, a extensão da medida e suas implicações, como a possibilidade de aumentar ainda mais a já notória morosidade da Justiça.

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Hoje, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre a acusação e a sentença se passam em média 3 anos e 10 meses na Justiça estadual, onde tramitam mais de 90% dos casos criminais. Se há recurso, são outros dez meses no tribunal de apelação e mais oito no Superior Tribunal de Justiça, havendo a possibilidade ainda de se recorrer em alguns casos ao STF. Com a instituição do juiz de garantias, esse prazo deve aumentar ainda mais, havendo o risco de o crime prescrever antes de o processo ser concluído ou transitado em julgado, aumentando o número de casos de impunidade, já notórios na Justiça brasileira.

Mudanças que possam trazer aprimoramento ao processo penal são bem-vindas, mas elas precisam nascer de um diagnóstico correto e preciso, que aponte qual é a necessidade mais urgente do Judiciário. Com recursos escassos, é preciso escolher qual problema atacar de forma imediata, e não nos parece que a questão da imparcialidade judicial seja um problema de maior dimensão do que falta de efetividade da Justiça e a sensação de que a impunidade impera em nosso país, que tanto contribuem para o atual descrédito do Sistema Judiciário. Se já tivéssemos uma Justiça funcionando com razoável celeridade e eficiência, seria o caso de dar um passo além, como a instituição do juiz de garantias, mas estamos distante disso. Melhor seria se o Congresso tivesse partido de uma análise profunda e acurada do nosso Judiciário e do processo penal. Certamente encontraria outros pontos muito mais urgentes e necessários para resolver, como maneiras de dar mais agilidade ao processo criminal e diminuir a impunidade. Mas uma vez que a proposta já tramitou e foi sancionada, caberá ao próprio Congresso resolver as lacunas deixadas em aberto e elaborar formas de implantar a medida de forma organizada e gradual, e sem comprometer o funcionamento da Justiça ou, o que seria melhor ainda, reverter tal mudança.


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O TSE É UMA DEFORMAÇÃO LEGAL E NÃO EXISTE EM NENHUMA DEMOCRACIA PARA CASSAR OS VOTOS DO ELEITOR

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


O ex-juiz da Lava Jato, senador Sergio Moro.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Os eleitores do Paraná elegeram no ano passado Deltan Dallagnol e Sergio Moro para a Câmara dos Deputados e para o Senado Federal, achando que tinham exercido o direito constitucional de escolher seus representantes ao Congresso Nacional. Sua decisão não deixou dúvidas. Deram 350 mil votos a Dallagnol – a maior votação que qualquer candidato a deputado federal obteve no Paraná. Moro também ficou em primeiro lugar na preferência do eleitor; recebeu quase 2 milhões de votos.

Mas os paranaenses estavam enganados, num caso e no outro. Seu direito ao voto foi anulado, em Brasília, por um grupinho de burocratas que jamais recebeu um único voto de ninguém e funciona, hoje, como uma repartição pública a serviço do governo Lula, a quem presta obediência e oferece a possibilidade de eliminar adversários da vida política brasileira.

O Brasil de hoje tem eleições, mas os eleitores não têm o direito de escolher quem quiserem para os cargos públicos

Para atender os desejos pessoais de vingança do presidente da República, e as exigências de seus senhores, os ministros do Supremo Tribunal Federal, o TSE cassou o mandato de Dallagnol, sem fazer o menor esforço para justificar a sua decisão com algum motivo legal decente. Prepara-se, agora, para cassar o mandato de Moro, outro que está no topo da lista negra do consórcio STF-Lula. Vão inventar alguma desculpa, como no caso do deputado, mas a ilegalidade será a mesma.

O Brasil de hoje tem eleições, mas os eleitores não têm o direito de escolher quem quiserem para os cargos públicos. O TSE pode, simplesmente, anular os seus votos quando não gosta do nome que escolheram, como fica provado nestes dois casos. Às vezes é o STF, diretamente, quem ordena a cassação; aconteceu com o governador de Brasília, deposto do cargo por uma portaria do ministro Alexandre de Moraes, e depois colocado de novo lá, por decisão do mesmo ministro. Outros parlamentares estão na mira dos cassadores, a pedido do PT e dos seus partidos-satélites. É democracia, isso aí? O voto do cidadão só tem valor se receber a aprovação do TSE e do STF; o que adianta, na prática, um direito desses? Não é mais um direito – é uma concessão de quem manda no governo, e parte de uma encenação hipócrita que tem a finalidade de dar ao país e ao mundo a aparência de que há uma democracia no Brasil, com “eleição livre” e outros adereços.

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Para Moro e Dallagnol a lei é uma; para o “Batatinha”, a lei é outra
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A Câmara é cúmplice de Lula na vingança contra Dallagnol


O TSE é uma deformação legal que não existe em democracia nenhuma em todo o planeta – o que se tem, lá, são simples serviços que cuidam da parte operacional das eleições, e não se dão o nome de “justiça eleitoral”, nem escolhem quem pode ou não pode ser candidato e, muito menos, têm o poder de cassar mandatos. Eleição, numa democracia de verdade, é considerada um direito do eleitor – não um caso para a justiça. No Brasil de hoje é contrário: o mais importante numa eleição não são os eleitores, nem os candidatos, mas sim o TSE. É assim antes, durante e até depois da votação. Dallagnol já estava diplomado, ou seja, já era legalmente deputado federal, quando cassaram seu mandato.

Na Constituição está escrito, de forma indiscutível e sem espaço para nenhum tipo de dúvida, que só a Câmara pode retirar, com votação em plenário, o mandato de um deputado – mas e daí? É igual com Moro: estão querendo cassar o seu mandato de senador seis meses depois da eleição. Tudo isso, para completar, custa uma fábula para o pagador de impostos – 10 bilhões de reais por ano, mesmo nos anos em que não há eleições, incluindo-se aí o TSE, os 27 TREs estaduais e o resto da geringonça. É isso mesmo: 10 bi. É muito dinheiro, para sustentar uma polícia que não protege ninguém de nada, e só serve para suprimir direitos do cidadão.


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ASSISTA A TV PTRALHAS UM PROJETO DE DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA PENSANDO EM VOCÊ

 

Canal 13
EXCLUSIVO: Confira a programação da TV do PT!

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


TV do PT: um projeto de doutrinação pensado especialmente para você!| Foto: Pixabay

Num oferecimento de você, contribuinte, em parceria com a Receita Federal, vem aí… a TV do PT! Um projeto de doutrinação ideológica pensado especialmente para você! Serão 13 horas por dia de muito “jornalismo”, variedades, jogos e novelas. É muita informação e diversão para você apertar 13 com ainda mais força nas próximas eleições.

Logo cedo!
De segunda a sexta, bem cedinho, é hora de aprender o que o ensino tradicional burguês e fascista não te ensinou. Vem aí, TELECURÇO PAULO FREIRE, com aulas elaboradas por uma equipe multidisciplinar que o ajudará a se tornar um revolucionário muito melhor. O currículo inclui Matemática Antirracista, LNP (Línguas Nativas Pindoramenses) e Ciência Socialista.

Depois de aprender com os ensinamentos do mestre Paulo Freire, você ouve dicas de saúde, culinária e comportamento politicamente correto no MAIS PETÊ. A apresentação fica por conta de Gleisi Hoffmann, na companhia do papagaio Felipe Neto.

Logo depois você assiste ao único telejornal pré-aprovado pelo STF. O VERDADE VERDADEIRA, apresentado por Randolfe Rodrigues e André Janones, traz as principais notícias do Brasil e do mundo, sempre sob uma ótica petista de transformação da sociedade rumo à utopia socialista. Do jeitinho que você sempre quis!

Mas se você é daqueles que exageram na cachaça e não conseguem acordar tão cedo para bater ponto no sindicato, não tem problema! A TV do PT pensou em você com o telejornal mais animado de todos os tempos: BOM DIA, PRESIDENTE LULA! Estatísticas positivas, entrevistas dos maiores bajuladores do país, as mais recentes decisões do STF contra nossos inimigos e, direto de Oslo, a contagem regressiva para o Nobel da Paz do nosso querido e grande Timoneiro. Imperdível!

Em seguida, a animação toma conta do pedaço com o programa de variedades mais aguardado desde o julgamento do Mensalão: ENCONTRO COM JANJA. Ao lado de Margareth Menezes e Silvio Almeida, o ENCONTRO COM JANJA traz especialistas como Djamila Ribeiro, Bela Gil, Jones Manoel e Anitta, que o ensinarão a ser uma pessoa ainda mais woke.

Tarde

Na TV do PT, as tardes são de esmola com o chapéu alheio e começam com o emocionante AS PORTAS DA ESPERANÇA, que vai colocar frente a frente políticos carentes em busca de pixulecos e empreiteiras à procura de obras superfaturadas. Apresentação: José Dirceu.

Sua adrenalina política vai disparar com o jogo de perguntas e respostas mais famoso do Congresso Nacional: SHOW DO BILHÃO. Comandando pela lábia ágil de Arthur Lira, o Show do Bilhão trará deputados do baixo clero concorrendo a verbas bilionárias do Orçamento Secreto – desde que votem sempre com o governo, claro!

No final da tarde, o riso corre solto com a oposição mais atrapalhada do pedaço em A DESGRAÇA É NOSSA. Valdemar da Costa Neto recebe os personagens mais engraçados dessa gente que ainda acredita que o Brasil é uma democracia. Estrelando Marcos do Val, Eduardo Bolsonaro, General Mourão e ela, a impagável Damares Alves.

Novelas

A noite da TV do PT está reservada para o que há de melhor na teledramaturgia brasileira, com remakes de grandes sucessos do passado. Às 18 horas, você acompanha a vida e a obra do maior defensor da democracia de todos os tempos, Alexandre de Moraes, interpretado por Osmar Prado, em mais um campeão de audiência: O DONO DO MUNDO.

Logo depois é hora de o galã Fernando Haddad mostrar o peitoral num paraíso socialista do Caribe. Você não pode perder CUBANACAM, uma comédia com muita fome, prisão de opositores, tortura, e carros e casas caindo aos pedaços. Mas com a medicina mais avançada do mundo!

A programação diária da TV do PT termina com o drama eleitoral O SALVADOR DA PÁTRIA, que conta a luta de um ex-metalúrgico para ganhar as eleições presidenciais e poder viajar pelo mundo com a primeira-dama, enquanto deixa o país nas mãos de um ministério incompetente e picareta. Participação especial de Alexandre Nero (irreconhecível!) no papel de Flávio Dino e Letícia Sabatella no papel de Marisa Letícia.


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JANJA INTERFERE E TEM PODER DE VETO NAS DECISÕES DO GOVERNO

 

Janja tem poder de veto no governo e interfere em áreas como economia, Defesa e publicidade

Primeira-dama dá a palavra final em propagandas institucionais do governo, ordens para a equipe econômica e já tomou medidas que confrontaram o partido do presidente

Por Redação – Jornal Estadão

BRASÍLIA – Quando Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a socióloga Rosângela Silva, a Janja, como sua namorada ao deixar a prisão na tarde de 8 de novembro de 2019, em Curitiba, antigos companheiros do PT avaliaram que o “animal político” renovava ali o ânimo do partido para a corrida ao Palácio do Planalto. Mais de três anos depois, porém, a agora primeira-dama é vista como problema para um governo com entraves na articulação política. E a crítica vem justamente de velhos amigos do presidente, ministros e líderes de partidos.

Senadores e deputados petistas dizem que Janja se colocou como um poder entre o gabinete presidencial, a base aliada e ministros. Ainda na transição, ela tentou ser nomeada para um cargo no Planalto. Assessores avisaram Lula, no entanto, que isso era “nepotismo”. Sem função formal, a primeira-dama se instalou num gabinete de 25 metros quadrados bem ao lado da sala do presidente, no terceiro andar, e dali em diante tem aumentado seu espaço no governo.

Sob o argumento de que quer “ressignificar” o papel de primeira-dama, Janja participa de reuniões do presidente com ministros, impõe medidas para as áreas econômica, social e política, dá palpite sobre o relacionamento com os militares e afasta Lula de deputados e senadores.

LULA BRASÍLIA DF 04.05.2023  LULA / CONSELHÃO  NACIONAL OE - O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante Reunião do Conselho de Desenvolvimento  Econômico  Social sustentável, realizada na manhã  quinta-feira (04) no Palácio do Itamaraty em Brasília. Na foto, a primeira-dama Janja Lula da Silva e o presidente Lula.  FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
LULA BRASÍLIA DF 04.05.2023 LULA / CONSELHÃO NACIONAL OE – O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social sustentável, realizada na manhã quinta-feira (04) no Palácio do Itamaraty em Brasília. Na foto, a primeira-dama Janja Lula da Silva e o presidente Lula. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

Estadão apurou que a primeira-dama tem interferido em questões de governo, especialmente na publicidade, indo além de meras opiniões sobre peças de campanhas e com poder de veto. Janja determina mudanças, trocas e até vetos em campanhas importantes. Se ela não gostar, a propaganda não vai adiante.

Foi a primeira-dama, por exemplo, que barrou uma proposta do PT de remunerar blogueiros alinhados ao governo. Havia pressão do partido e do próprio ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, mas a decisão final foi de Janja. Ela determinou que os blogueiros continuassem na militância, sem remuneração. A primeira-dama também defende uma comunicação mais voltada para as TVs abertas. O governo nega que Janja tenha interferência na área de comunicação ou publicidade institucional.

Um integrante do primeiro escalão disse ao Estadão que Janja atropelou o rito de conversas com a equipe econômica ao fazer um pedido expresso para redução dos juros do cartão de crédito.

Auxiliares da Fazenda foram destacados para tocar a medida. Todos temem, no entanto, falar abertamente sobre Janja. “Me tira dessa” ou “Imagine se eu falar alguma coisa” são as frases mais ouvidas quando o assunto se refere à primeira-dama.

Insatisfação

Pelo relato de um interlocutor do Planalto, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, comentou numa reunião com Lula sobre a crise na articulação política. Ao fim do encontro, a primeira-dama o acompanhou até a porta. Na despedida, Janja pediu a ele que não levasse mais aquele tipo de problema para o presidente. Procurado, Dias também negou o diálogo. “Estranho essa história. Nunca houve este diálogo. Costumo receber os problemas e levar solução. Levo ao presidente apenas o que depende de sua decisão”, disse por meio da assessoria.

Outro interlocutor contou que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), procurou Lula para alertá-lo sobre a insatisfação de companheiros com atitudes de Janja. O presidente teria dito, então, que ele não deveria mais repetir a crítica, caso quisesse preservar uma amizade de décadas.

JANJA BRASÍLIA DF 08.03.2023    JANJA/DIA INTERNACIONAL DA MULHER   NACIONAL OE - A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, recebeu na manhã desta quarta-feira (08), o diploma Bertha Lutz, em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher, em solenidade realizada no plenário do Senado Federal em Brasília-DF. Na foto o Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco e a primeira-dama, Janja.  FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
JANJA BRASÍLIA DF 08.03.2023 JANJA/DIA INTERNACIONAL DA MULHER NACIONAL OE – A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, recebeu na manhã desta quarta-feira (08), o diploma Bertha Lutz, em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher, em solenidade realizada no plenário do Senado Federal em Brasília-DF. Na foto o Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco e a primeira-dama, Janja. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: Wilton Junior / Estadão

A assessoria de Wagner disse que o senador e a mulher, Fátima, têm “as melhores relações” com Janja. “Não há nenhum fundo de verdade nesse tipo de comentário, nesse tipo de ilação. O senador está absolutamente indignado com isso”, afirmou a assessoria.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, encabeça a lista dos auxiliares de Lula que, em conversas reservadas com aliados, demonstram insatisfação com interferências da primeira-dama. No círculo restrito de Costa há o entendimento de que Janja prejudica a interlocução política ao impedir que o presidente almoce com parlamentares e use mais o fim de semana para dar atenção aos representantes da base aliada.

“Ele está sem tempo para fazer política, que era o seu diferencial”, diz um deputado do PT, resignado, sob a condição de anonimato.

A reclamação pode soar como a de alguém que reclama que a mulher do amigo não o deixa sair de casa. Os petistas, porém, costumam lembrar que, nos seus dois primeiros mandatos, Lula almoçava no gabinete com convidados políticos e gastava tempo para agradar especialmente ao baixo clero da Câmara.

Os políticos antigos de Brasília também se recordam de um pensamento do ex-vice presidente Marco Maciel. Dizia ele que um presidente sem tempo para “namorar” deputados, especialmente os sem expressão política, tinha vida difícil no Congresso

Militares. Após a invasão às sedes dos três Poderes e a tentativa de golpe pelos bolsonaristas, no dia 8 de janeiro, Janja fez críticas ao titular da Defesa, José Mucio, em reunião com a presença de outros ministros. Ela o acusou de não “proteger” o presidente como deveria.

LULA BRASÍLIA DF 08.03.2023    LULA/DIA INTERNACIONAL DA MULHER   NACIONAL OE - O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a cerimônia de celebração do Dia Internacional das Mulheres e anúncio de conjunto de ações, realizada na manhã desta quarta-feira (08), no Palácio do Planalto em Brasília-DF. Na foto, o Presidente Lula e a primeira-dama, Janja da Silva.    FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
LULA BRASÍLIA DF 08.03.2023 LULA/DIA INTERNACIONAL DA MULHER NACIONAL OE – O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a cerimônia de celebração do Dia Internacional das Mulheres e anúncio de conjunto de ações, realizada na manhã desta quarta-feira (08), no Palácio do Planalto em Brasília-DF. Na foto, o Presidente Lula e a primeira-dama, Janja da Silva. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

No dia dos atos golpistas, Mucio chegou a propor que Lula baixasse um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter o vandalismo. O presidente estava em Araraquara e, ao ouvir a sugestão de Mucio, feita por telefone, Janja reagiu: “GLO não! GLO é golpe! É golpe”.

Interlocutores de Lula relatam que Janja já deu respostas ríspidas a Mucio, em cenas descritas como constrangedoras. Recentemente, contudo, a primeira-dama teria começado a se aproximar dele.

Petistas que atuaram como ponte entre Lula e a caserna reclamaram várias vezes que Janja contribuía para manter o clima de tensão entre o governo e as Forças Armadas. A primeira-dama teve participação decisiva para que o presidente criasse uma secretaria para cuidar da segurança dele e da família. O órgão é chefiado pelo secretário Alexsander Castro de Oliveira, delegado da Polícia Federal, chefe da segurança do petista na campanha.

Antes, a função era do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), formada por militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. No próximo dia 30, Lula terá de decidir se torna a secretaria permanente ou se devolve sua segurança pessoal para o GSI.

Exemplos

A presença atuante de Janja na campanha e no início do governo Lula vai na contramão do comportamento de primeiras-damas de esquerda no continente. Com um discurso “contemporâneo”, a cientista social Irina Karamanos, companheira do chileno Gabriel Boric, delegou funções tradicionais do posto para profissionais da área social e praticamente aboliu a figura da primeira-dama do La Moneda.

Foi no passado da política sul-americana que Janja identificou o que seria um exemplo de primeira-dama. Na campanha, ela se referiu a Evita Perón, segunda mulher do ex-presidente argentino Juan Domingo Perón, como “inspiradora”.

Em janeiro, durante viagem de Lula a Buenos Aires, Janja posou na sacada da Casa Rosada, onde Evita fazia seus discursos populistas e dramáticos nos anos 1940 e 1950. “A história de uma mulher forte e inspiradora aconteceu aqui”, escreveu Janja na postagem da foto no Instagram. Evita foi considerada uma primeira-dama que ajudava na popularidade de Perón.

LULA    BRASILIA DF  12/01/2023  PRESIDENTE LULA/CAFÉ IMPRENSA   -  NACIONAL -  OE -  O Presidente da República Federativa do Brasil,  Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, Janja, e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta,  receberam na manhã desta quinta-feira (12),  jornalistas para um café da manhã realizado no Palácio do Planalto em   Brasilia-DF.  FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
LULA BRASILIA DF 12/01/2023 PRESIDENTE LULA/CAFÉ IMPRENSA – NACIONAL – OE – O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, Janja, e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, receberam na manhã desta quinta-feira (12), jornalistas para um café da manhã realizado no Palácio do Planalto em Brasilia-DF. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

Os amigos de Lula dizem que Janja repete a mulher de Perón, mas a terceira. “Ela é a Janjelita”, reclama um antigo amigo do petista. Trata-se de uma referência a Isabelita Perón, que acumulou o posto de primeira-dama com o cargo de vice em mais um mandato de Perón, assumindo o poder na Argentina com a morte do marido, em 1974. Antes, porém, ela já causava problemas políticos.

O governo de Isabelita foi marcado pelo caos econômico e político. Ela foi deposta por um golpe militar, que levou o país à ditadura. Na Argentina, os peronistas só falam do mito Evita.

Influencer

Janja é uma figura constante nas redes sociais. Com 1,1 milhão de seguidores no Twitter e 2,2 milhões no Instagram, ela posta fotos e mensagens, dialoga com internautas e apoia campanhas de vacinação e do Enem. Na última quarta-feira, por exemplo, Janja visitou um hospital em Brasília com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e participou de encontro de mulheres quilombolas, onde defendeu maior presença feminina na política.

As postagens recebem tratamento de edição e contam com imagens e vídeos profissionais. Janja manteve, no entanto, uma prática da era Jair Bolsonaro: bloqueia jornalistas e quem a contesta.

Rosangela "Janja" da Silva, wife of Brazilian presidential pre-candidate for the leftist Workers Party (PT) and former President (2003-2010) Luiz Inacio Lula da Silva, sings during a political rally in Brasilia, on July 12, 2022. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
Rosangela “Janja” da Silva, wife of Brazilian presidential pre-candidate for the leftist Workers Party (PT) and former President (2003-2010) Luiz Inacio Lula da Silva, sings during a political rally in Brasilia, on July 12, 2022. (Photo by EVARISTO SA / AFP) Foto: Evaristo Sá/AFP

Em vídeo publicado no Instagram, no Dia da Mulher, 8 de Março, Janja mostrou seu gabinete no Planalto e uma equipe formada por três funcionárias. “Oi, galerinha, segunda-feira, quase meio-dia e meia, estamos aqui no meu gabinete… já estamos em reunião, aqui, com a minha galera, equipe toda”, disse.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, a Casa Civil informou que “não existem atos administrativos para a criação do ‘Gabinete da Primeira-Dama’”. A pasta se limitou a informar que não há uma rubrica orçamentária específica para Janja e que ela é atendida pela mesma assessoria de Lula em atividades de interesse público.

O Estadão, no entanto, identificou ao menos duas servidoras no atendimento exclusivo à primeira-dama, com salários de R$ 12 mil e R$ 16 mil por mês, em abril.

Como revelou o Estadão, uma ex-sócia de Janja foi contratada como assessora especial da Presidência, com salário de R$ 13,6 mil. Margarida Cristina de Quadros deveria acompanhar Lula, mas viaja com Janja em agendas sem a presença do petista.

Mesmo os pequenos gestos de Janja têm sido observados por antigos aliados de Lula. Durante o evento de comemoração do Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, o presidente arrancou risadas da plateia ao recusar que um subordinado retirasse de seu pescoço o colar entregue pelo cacique Raoni Metuktire, liderança histórica do movimento indígena.

O fato inusitado, não captado pelas lentes da TV Brasil, foi que a ordem de remoção do presente partiu de Janja. Ao final da cerimônia, ela própria subiu no palanque e removeu o colar do pescoço de Lula. Em seguida, acompanhou o presidente rumo à rampa de acesso ao terceiro andar do Planalto

APLICAÇÕES DO CHATGPT NO MARKETING E NOS NEGÓCIOS

Aplicações do ChatGPT para alavancar seu negócio através do marketing

Camila Silveira – Empreendedora

Camila ensina o que é e como utilizar a ferramenta para alcançar o sucesso profissional

Você já deve ter ouvido falar do ChatGPT? A ferramenta da OpenAI chegou para ficar e permite diversas aplicações, inclusive no campo do marketing.

“A sigla Chat GPT significa Generative Pre-Trained Transformer — ou seja, trata-se de um chat transformador pré-treinado para gerar conversas. Para isso, usa vertentes da IA como aprendizagem profunda. Ou seja, o Chat GPT é capaz de gerar respostas para qualquer tipo de pergunta ou comando que o usuário fizer — o que o torna uma ferramenta extremamente versátil e útil!”, explica a especialista em vendas pelas redes sociais e empreendedora, Camila Silveira.

A profissional diz que basicamente, o Chat GPT aprende com repetições. “Ele usa um algoritmo com redes neurais que analisam grandes volumes de dados para gerar respostas para qualquer tipo de pergunta ou comando que você fizer.

Quando um usuário pergunta, o Chat GPT analisa a entrada, processa a informação e retorna com uma resposta. Todo esse processo é baseado em probabilidades, entregando respostas que sejam as mais apropriadas para o seu questionamento”, esclarece.

O Chat GPT é gratuito e pode ser acessado pelo site oficial da ferramenta. “Para começar a usar a ferramenta, basta criar uma conta com nome de usuário e senha. Você também pode acessar conectando sua conta do Google ou da Microsoft”, completa Camila.

 E você pode usar o Chat GPT para acelerar a divulgação do seu negócio. “As possibilidades são infinitas! Com o Chat GPT, é possível responder perguntas, criar teorias, testar ideias e identificar possíveis soluções para problemas. Imagine agora tudo isso aplicado ao seu negócio. Essa ferramenta de IA pode ajudar a otimizar a gestão do seu negócio, a automatizar tarefas, a melhorar o relacionamento com clientes e a potencializar resultados, e até executar habilidades que o empreendedor não tenha como elaborar legendas e textos necessários para manter atividades profissionais”, destaca a também especialista em capacitar e treinar pessoas para crescimento profissional.

O Chat GPT pode ser usado para gerar ideias de conteúdo promocional, seja para anúncios de mídia paga ou para a criação de e-mail marketing. “Você só precisa informar o tema, o público-alvo e especificações importantes sobre o produto ou serviço, como quantidade e valores, por exemplo. Além de criar o texto de divulgação, a ferramenta ainda pode gerar ideias de títulos e criar fluxos de divulgação”

Para ajudar você nessa tarefa, Camila sugere alguns comandos para o chat:

• “Crie a chamada de anúncio para promover nossa promoção de volta às aulas”.

• “Quais vantagens ou benefícios podemos oferecer para incentivar os clientes a participar de nossa promoção?”

• “Como podemos usar as redes sociais para promover nossa promoção de fim de semana?”

Mas é claro iChatGPT envolve riscos. “Hoje tudo que é feito de forma 100% digital, corre um sério risco com a humanização da marca, que podemos afirmar que é um fator decisivo de compra neste momento”.

“Utilize todas as formas digitais para aprimorar seu treino de conversação como o próprio nome da plataforma determina, mas nunca deixe de humanizar este conteúdo com sua imagem e propósito empresarial, sempre que transformar seu negócio apenas em um robô corre um sério risco de ser substituído por empresas que mantenham a essência da necessidade do cliente em ver sua empresa ou serviço como a melhor solução”, acrescenta.

A especialista diz que ainda é possível elaborar estratégias para campanhas de marketing e criar textos que engajam. “Para ter uma boa presença digital, é importante veicular conteúdos persuasivos para impactar o público certo. Porém, não é necessário uma equipe grande e ferramentas caras para fazer o marketing do seu negócio”.

Ela elencou comandos que podem trazer respostas interessantes do chat:

• “Crie uma lista de recomendações de produtos para clientes X, com base em seus interesses, histórico de compras e dados demográficos”.

• “Crie uma mensagem personalizada para uma campanha de marketing por e-mail, com base no nome, idade, profissão e localização do destinatário”.

• “Crie uma descrição cativante e persuasiva do produto, destacando X detalhes e incentivando a compra”.

• “Crie uma lista de perguntas frequentes sobre o produto X, abordando as principais dúvidas dos clientes e fornecendo respostas claras e concisas.”

Com o Chat GPT, você pode criar conteúdos valiosos, aumentar a presença digital da sua marca e conquistar mais clientes. E o melhor de tudo: além de aumentar a satisfação do consumidor, você alcança esses resultados economizando tempo e dinheiro!”

Ela diz que é importante que você revise as respostas antes de sair publicando. “Isso porque, mesmo se tratando de uma inteligência artificial, os textos ainda podem conter erros de tema ou repetições”.

Outras tecnologias também podem ajudar sua empresa a crescer. “Mais do que nunca, a tecnologia tem gerado um grande impacto na realidade — especialmente no mercado e na forma como consumimos. Por isso, estar por dentro das tendências tecnológicas é importante para manter a sua empresa em destaque”.

A Statup Valeon utiliza essa ferramenta da IA que é o ChatGPT para direcionar as suas decisões e ações.

Camila listou as principais:

“• Big Data — muitas vezes é difícil lidar com grandes quantidades de informações, especialmente gerenciando e analisando dados de clientes. Apesar de ser uma tarefa complicada, é extremamente necessária!”

Para tanto, ferramentas de Big Data podem ajudar a identificar clientes em potencial e a gerenciar a prospecção de leads. Assim, você consegue organizar as ações e focar em atividades e clientes mais promissores e lucrativos”.

“• ERP (Enterprise Resource Planning) — Quer melhorar a eficiência da operação e aumentar a receita? Então você precisa de uma solução em ERP ou, em português, Planejamento de Recursos da Empresa.

Com essa ferramenta, é possível otimizar e automatizar processos, economizando tempo e custos. Por exemplo, você pode criar uma campanha de marketing e enviar automaticamente e-mails aos clientes”.

“Além disso, você tem acesso a dados que mostram o desempenho das ações em tempo real, assim como informações essenciais que ajudam a tomar decisões importantes. O software de gestão também facilita a comunicação entre os colaboradores, mesmo que estejam em departamentos diferentes”.

“• Cloud Computing — essa solução já é bastante popular, e provavelmente você já usa no seu dia a dia. Entretanto, se ainda não está familiarizado com o termo, explicamos: o cloud computing nada mais é que o armazenamento online de informações. “

“É importante, no entanto, estar atento às novidades sobre como essa tecnologia pode ser usada no futuro! Maior segurança, recursos de inteligência artificial e integração entre ambientes públicos e privados são algumas das prováveis abordagens”

De acordo com a especialista, ainda há muita especulação, mas uma coisa é certa: haverá empresas nascendo já na nuvem. “A nova cloud computing pode revolucionar a escalada digital, por isso é importante entender como sua empresa pode se beneficiar para não ficar atrás dos concorrentes”.

STARTUP VALEON UMA HOMENAGEM AO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

Por que as grandes empresas querem se aproximar de startups? Se pensarmos bem, é muito estranho pensar que um conglomerado multibilionário poderia ganhar algo ao se associar de alguma forma a pequenos empresários que ganham basicamente nada e tem um produto recém lançado no mercado. Existe algo a ser aprendido ali? Algum valor a ser capturado? Os executivos destas empresas definitivamente acreditam que sim.

Os ciclos de desenvolvimento de produto são longos, com taxas de sucesso bastante questionáveis e ações de marketing que geram cada vez menos retorno. Ao mesmo tempo vemos diariamente na mídia casos de jovens empresas inovando, quebrando paradigmas e criando novos mercados. Empresas que há poucos anos não existiam e hoje criam verdadeiras revoluções nos mercados onde entram. Casos como o Uber, Facebook, AirBnb e tantos outros não param de surgir.

E as grandes empresas começam a questionar.

O que estamos fazendo de errado?

Por que não conseguimos inovar no mesmo ritmo que uma startup?

Qual a solução para resolver este problema?

A partir deste terceiro questionamento, surgem as primeiras ideias de aproximação com o mundo empreendedor. “Precisamos entender melhor como funciona este mundo e como nos inserimos!” E daí surgem os onipresentes e envio de funcionários para fazer tour no Vale e a rodada de reuniões com os agentes do ecossistema. Durante esta fase, geralmente é feito um relatório para os executivos, ou pelas equipes de inovação ou por uma empresa (cara) de consultoria, que entrega as seguintes conclusões:

* O mundo está mudando. O ritmo da inovação é acelerado.

* Estes caras (startups) trabalham de um jeito diferente, portanto colhem resultados diferentes.

* Precisamos entender estas novas metodologias, para aplicar dentro de casa;

* É fundamental nos aproximarmos das startups, ou vamos morrer na praia.

* Somos lentos e burocráticos, e isso impede que a inovação aconteça da forma que queremos.

O plano de ação desenhado geralmente passa por alguma ação conduzida pela área de marketing ou de inovação, envolvendo projetos de aproximação com o mundo das startups.

Olhando sob a ótica da startup, uma grande empresa pode ser aquela bala de prata que estávamos esperando para conseguir ganhar tração. Com milhares de clientes e uma máquina de distribuição, se atingirmos apenas um percentual pequeno já conseguimos chegar a outro patamar. Mas o projeto não acontece desta forma. Ele demora. São milhares de reuniões, sem conseguirmos fechar contrato ou sequer começar um piloto.

Embora as grandes empresas tenham a ilusão que serão mais inovadoras se conviverem mais com startups, o que acaba acontecendo é o oposto. Existe uma expectativa de que o pozinho “pirlimpimpim” da startup vá respingar na empresa e ela se tornará mais ágil, enxuta, tomará mais riscos.

Muitas vezes não se sabe o que fazer com as startups, uma vez se aproximando delas. Devemos colocar dinheiro? Assinar um contrato de exclusividade? Contratar a empresa? A maioria dos acordos acaba virando uma “parceria”, que demora para sair e tem resultados frustrantes. Esta falta de uma “estratégia de casamento” é uma coisa muito comum.

As empresas querem controle. Não estão acostumadas a deixar a startup ter liberdade para determinar o seu próprio rumo. E é um paradoxo, pois se as empresas soubessem o que deveria ser feito elas estariam fazendo e não gastando tempo tentando encontrar startups.

As empresas acham que sabem o que precisam. Para mim, o maior teste é quando uma empresa olha para uma startup e pensa: “nossa, é exatamente o que precisamos para o projeto X ou Y”.

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sábado, 17 de junho de 2023

SENADO LAVA AS MÃOS NO CASO DO SENADOR DO VAL

Operação da Polícia Federal
Silêncio do Senado sobre operação autorizada por Moraes contra Do Val alcança até parte da oposição

Por
Sílvio Ribas – Gazeta do Povo
Brasília


Senador Marcos do Val (Podemos-ES)| Foto: Pedro França/Agência Senado

Um dia após a operação de busca e apreensão realizada, nesta quinta-feira (15), pela Polícia Federal (PF) em três endereços do senador Marcos do Val (Podemos-ES), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apenas uma parte da oposição manifestou opinião sobre o episódio. Esses criticaram a violação dos direitos de parlamentares e expressaram preocupação com a crescente ameaça à democracia. Mas 11 senadores oposicionistas contatados pela Gazeta do Povo optaram por adotar a postura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não fez nenhum pronunciamento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Do Val, e o seu clã político também não se manifestaram publicamente sobre o caso. Até mesmo o partido do senador investigado decidiu não divulgar posicionamento.

Analistas apontam que esse silêncio se deve a uma combinação de fatores. Primeiramente, há receio em lidar com o perfil imprevisível de Do Val, que entrou em contradições ao abordar os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro e está envolvido em embate pessoal com Alexandre de Moraes. Além disso, existe o temor de retaliações do STF, inclusive de suspensão de redes sociais, e preocupações com efeitos desses fatos nas negociações para eleições municipais de 2024.

Já os parlamentares que se manifestaram destacaram os excessos do Judiciário e pressionaram o Senado por uma reação adequada.

A imunidade parlamentar, prevista no artigo 53 da Constituição, impede que representantes eleitos sejam responsabilizados civil e criminalmente por “quaisquer opiniões, palavras e votos”. No entanto, o STF tem questionado esses limites, como mostrado no julgamento da Ação Penal 1044 envolvendo o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Nesse caso, o agora ex-parlamentar foi acusado de crimes contra o Estado democrático de direito e acabou sendo afastado e preso. Até mesmo o perdão da pena (graça) que recebeu de Bolsonaro acabou anulado pelo Supremo.

Marcos do Val teve acesso a documentos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desde fevereiro. Ele vem vazando trechos deles em suas redes sociais e tem insinuado haver neles conteúdos comprometedores para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até mesmo para o ministro Alexandre de Moraes. O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) foi o único a ir à tribuna para protestar contra a operação da PF realizada contra Do Val. Para um plenário esvaziado nessa sexta-feira (16), ele enfatizou o descumprimento, por parte do STF, da inviolabilidade constitucional dos mandatos parlamentares e alertou para a piora da reputação do Senado, caso não haja reação oficial. Girão afirmou: “Após inúmeras invasões de competência do Judiciário sobre o Legislativo, testemunhamos a invasão física do gabinete de um senador. Sem julgar o mérito, o que ocorreu foi mais uma violação da Constituição”.

O senador questionou a segunda apreensão do mesmo celular de Do Val, após o depoimento anterior prestado à PF, a falta de pedido formal ao Senado para realizar a operação e bloqueio das redes sociais do colega. Para ele, a única chance de reverter a crise institucional é a sociedade se manifestar pacífica e democraticamente. Mas Girão destacou que muitos cidadãos estão temerosos de se expressar diante da censura e das prisões de políticos, empresários, religiosos e pessoas comuns por terem manifestado opiniões.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), considerou ser “deplorável assistir a um senador da República em exercício sofrer uma ação de busca e apreensão em seu próprio local de trabalho”. Na sua primeira reação ao fato, mostrou perplexidade e pediu esclarecimento sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, inclusive questionando se ela é mesmo pertinente e se tem o “devido fundamento legal”.  “Por enquanto, estamos às escuras”, disse o senador em entrevista à rádio Jovem Pan.

O senador Carlos Portinho (RJ), líder do PL no Senado, expressou apreensão com ações do Judiciário contra parlamentares de direita, afirmando que elas têm reduzido a importância do Senado. Ele destacou a violação das prerrogativas de um membro da Câmara Alta e ações do Judiciário que levam à desarmonia entre poderes. Portinho mencionou a cassação do agora ex-deputado Deltan Dellagnol (Podemos-PR) como prova de movimentações que ainda podem atingir o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

“Agora, com a operação contra o senador Marcos do Val, que tem imunidade garantida por estar exercendo mandato, vemos que membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro também podem virar alvos do STF”, disse. Ele ressaltou a necessidade de lembrar a críticos da Lava Jato que o STF atua de forma semelhante, com concentração de poderes e “caça” sistemática de políticos.

Para o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), o STF ultrapassou os limites de novo e seguiu impondo censura ao determinar o bloqueio dos perfis de Do Val nas redes sociais. “É inadmissível que um parlamentar tenha seu direito de fala cerceado. Até quando Congresso ficará impassível?”, protestou.

O senador Magno Malta (PL-ES) afirmou à Gazeta do Povo que não discutiria a gravidade do mérito das investigações contra Do Val, até por não saber “qual crime foi cometido”. “Apesar disso, quero apenas citar o artigo 53 da Constituição, com redação atualizada pela emenda constitucional 35 de 2001, de que deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. A Carta Magna está na mão e ela é a Bíblia que rege a sociedade”, disse.

Na Câmara, ação do STF provoca protesto da oposição; PT quer afastar senador da CPMI
No embalo da operação da PF, deputados petistas, como Gleisi Hoffman (PR), presidente nacional da sigla, e Rogério Correia (PT-MG), membro da CPMI de 8 de janeiro, trataram de cobrar do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o afastamento do senador Marcos do Val do colegiado, além de estender o pedido ao deputado André Fernandes (PL-CE), por serem investigados pelo STF.

Para o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), a operação da Polícia Federal, dessa vez contra um senador da República, “foi mais um absurdo cometido pelo Judiciário, e que mostra a urgência de se investigar esses atos”. Ele é autor de proposta de CPI para investigar abusos do Judiciário.

Ao comentar a situação em suas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) lembrou que o Partido Liberal (PL) foi multado em R$ 22 milhões, o mesmo número usado nas urnas. “Multa de 22 milhões no PL, audiência do Bolsonaro pro dia 22 e busca e apreensão no dia do aniversário do Marcos do Val. Justiça ou vingança?”, indagou.

“Rodrigo Pacheco é o pior, o mais covarde e o mais indigno presidente que o Senado já teve em toda a sua história. A operação contra Marcos Do Val foi, entre outros motivos, por demonstrar que a Abin realmente sabia o que aconteceria no dia 8. O crime foi fiscalizar. Um senador é alvo de busca e apreensão por exercer suas prerrogativas e o presidente da Casa não se dá ao trabalho de sequer lançar uma nota de repúdio. Nem mesmo Renan Calheiros foi tão submisso. É absolutamente vergonhoso”, publicou o vereador paulistano Fernando Holiday (Republicanos), ex-deputado federal.

Investigação apura controvérsias envolvendo o senador e Moraes
A investigação em curso está diretamente ligada aos relatos do senador Marcos do Val sobre um suposto plano golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). No entanto, desde que Do Val alegou ter sido coagido a tentar incriminar Alexandre de Moraes por meio de uma reunião com o ministro, o senador já alterou sua versão várias vezes. Em um momento, ele admitiu ter inventado a história como uma estratégia para afastar Moraes da investigação contra Bolsonaro.

Na noite de quinta-feira (15), Do Val voltou a afirmar que a operação realizada pela Polícia Federal foi uma “tentativa de intimidação” arquitetada por Moraes. Ele declarou: “Se fui incluído como possível suspeito de ato antidemocrático, o ministro precisa ser incluído também, porque foi ele quem me pediu para participar dessa reunião”. Em fevereiro, Moraes confirmou ter ouvido a trama relatada pelo senador, mas alegou que Do Val se recusou a formalizar a denúncia. O senador também admitiu ter mentido para a imprensa, usando a estratégia da “persuasão”.

Nas redes sociais, Do Val vinha fazendo publicações acusando Moraes, Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, de omissão, e alegava que estavam em um suposto conluio para criar uma armadilha para os manifestantes dos atos de 8 de janeiro, em Brasília.

Durante a entrevista de quinta-feira (15), o senador reiterou suas publicações e afirmou que tinha documentos em seu gabinete que colocavam o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na lista de alertas feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de invasões na Praça dos Três Poderes, e que Moraes queria acessar eles. As redes sociais do senador foram suspensas por determinação judicial.

Complemento:

Primeiro levaram os negros
Bertolt Brecht (1898-1956)

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

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