Nesta semana se mostrou que o governo praticamente vai impedir que a
CPMI investigue realmente tudo o que aconteceu no dia 8 de janeiro. As
suas origens, as suas motivações, os motivos a longo prazo, imediatos,
os personagens principais, as responsabilidades das autoridades. Vai ser
uma repetição daquilo que o noticiário já deu, a propaganda do governo
já deu, porque o governo numa maioria de 20 a 11 já mostrou que impede
as convocações pedidas pela oposição, e só aprova as convocações que
interessam ao governo.
Por exemplo, o general Gonçalves Dias, que foi visto pelas câmeras
circulando, enquanto o palácio era invadido, não puderam convocar. Em
compensação, semana que vem, ele vai depor na mesma CPI, com o mesmo
objetivo, no legislativo de Brasília, do Distrito Federal, dia 22. Ele
já devia ter feito o depoimento, mas pediu mais tempo para se preparar.
Então marcaram pra dia 22. Lá já depuseram o general Augusto Heleno, que
foi o antigo GSI, já havia prestado depoimento lá o comandante militar
do Planalto, o general Dutra, e os comandantes da PM naquele dia.
Então eu ouso imaginar que a CPI, a comissão parlamentar de inquérito
do legislativo local, vai estar mais equilibrada, mais isenta e chegar a
mais conclusões que a CPMI do Congresso. E é presidida por um petista
que eu conheço pessoalmente. Chico Vigilante, que já foi deputado
federal, é deputado distrital, não é de primeiro mandato, e é uma pessoa
que está preparada pelo exercício da política em Brasília nesses
últimos quarenta anos.
Politicofobia Enquanto isso, a Câmara dos Deputados realiza uma
votação vergonhosa de um projeto de lei que tramitou como um relâmpago.
Vinte e três dias desde que a filha de Eduardo Cunha apresentou o
projeto, em maio até o dia da aprovação, que foi na noite do dia 14. A
apresentação e votação da matéria foi em uma hora e pouco. Trata-se,
absolutamente, de um projeto de lei que visa legislar em causa própria,
no qual deputados se protegem do “preconceito contra os políticos”. Eu
diria assim, politicofobia. Mas não é quanto a críticas normais, né?
Isso até estava proposto lá, mas não tiveram coragem de deixar passar.
Vão punir banco que não dê crédito para deputado. O texto prevê multa
diária de R$ 10 mil e até a prisão de 2 a 4 anos. Será punido quem não
dê crédito, cartão de crédito, abertura de conta, mesmo sendo caloteiro,
mesmo já tendo dado calote no banco, mesmo estando com o nome sujo no
Serasa, mesmo sendo passador de cheque sem fundo. Mas não é só deputado,
não. Qualquer pessoa politicamente exposta: governador, prefeito,
presidente da República, vereador, deputado estadual, senador, ministro,
juiz, ministro do tribunal superior, secretário de ministério, chefe de
gabinete de ministério, qualquer pessoa cujo nome esteja vinculado à
política. É incrível.
E olha a quantidade de votos que aprovaram a ideia: 252 votos a
favor. Quem mais votou a favor foi o PT, depois o PL, que se dividiu, 37
votos a favor, 44 contra. Junto com o PL, votaram contra o PSOL, o
Novo, o PCdoB e a Rede. E junto com o PT e com o PL, votaram União
Brasil, Republicanos, MDB, PSD, PP, todos com alguns deputados
discordando, claro. O Partido Social Cristão foi o único que
inteiramente votou a favor. Deu seus três votos a favor. Votação em
causa própria vergonhosa, né? Como eu disse, a autoria da deputada Dani
Cunha, filha de Eduardo Cunha, e o relator Claudio Cajado, do
Progressistas da Bahia. Felizmente, ainda vai para o Senado.
Plenário do STF: corte proibiu a destruição das conversas
hackeadas dos celulares do senador Sergio Moro e do ex-deputado Deltan
Dallagnol.| Foto: TSE
Os dois Tribunais de Justiça mais elevados
do Brasil, o STF e o STJ, acabam de tomar duas decisões, quase
simultâneas, que vão ao contrário uma da outra. É uma lição muito
instrutiva sobre como funciona hoje a Justiça brasileira no mundo das
realidades práticas.
De um lado, o STF decidiu proibir a destruição das conversar copiadas
por hackers nas suas ações de invasão aos celulares do senador Sergio
Moro e do ex-deputado Deltan Dallagnol, durante a Operação Lava Jato.
Por que isso? As gravações constituem uma prova flagrantemente ilegal –
foram obtidas de maneira criminosa, e pela lei não podem valer nada num
processo penal.
De outro lado, e quase ao mesmo tempo, um ministro do STJ mandou
soltar um líder da organização criminosa PCC em São Paulo, conhecido
como “Batatinha” – alegando, justamente, que as provas contra ele tinham
sido obtidas de forma irregular pela polícia. De novo: por que isso?
Acredite se quiser: segundo o ministro, o réu ficou “nervoso” quando viu
passar um carro da polícia. Seu estado de nervos levou os policiais a
desconfiarem de que poderia haver alguma coisa errada e fazerem uma
revista; acharam, aí, dois quilos de cocaína. Segundo o magistrado do
STJ, a polícia não tinha o direito de revistar o cidadão “Batatinha”;
ele apenas estava “nervoso”, e isso não justificaria a abordagem
policial.
Se a prova era ilegal no começo do processo, ela continua ilegal no
meio e no fim – ou vai se tornar legal com a passagem do tempo?
As duas decisões são um novo marco no direito internacional; nunca se
viu nada parecido com isso, em lugar nenhum e em qualquer época. Como é
possível que a Suprema Corte de Justiça, nada menos que ela, mantenha
intactas provas que são publicamente ilícitas e, portanto, inválidas? Os
ministros dizem que a sua destruição poderia “frustrar” a aplicação da
justiça; seria preciso, pelo que deu para entender, que o processo
chegue até o final. É um argumento particularmente infeliz. Se a prova
era ilegal no começo do processo, ela continua ilegal no meio e no fim –
ou vai se tornar legal com a passagem do tempo?
Os hackers cometeram um crime indiscutível ao invadirem os celulares
de Moro e Dallagnol, e isso anula qualquer valor legal, como prova, das
fitas que o STF se recusa a descartar. Não é uma simples irregularidade
técnica. É um crime punido pela lei brasileira, e esse crime continua
sendo crime – na época em que foi cometido, no presente e no futuro.
VEJA TAMBÉM: Judiciário escolheu defender o bem-estar dos criminosos O programa estratégico de Lula é atender suas próprias vontades A Câmara é cúmplice de Lula na vingança contra Dallagnol
Já as provas contra “Batatinha” não valem, porque ele ficou “nervoso”
– ao ver o carro da polícia, subiu com sua moto na calçada, chamou a
atenção e acabou sendo revistado e preso por porte de drogas. É claro
que ficou nervoso: estava carregando dois tijolos de cocaína, com 2
quilos, no bagageiro da moto. O que o ministro do STJ queria? Que ele
ficasse calmo?
Não está claro, também, o que Sua Excelência sugere que os policiais
fizessem, ao ver na calçada um indivíduo em atitude claramente suspeita.
Deveriam passar reto e ir embora? A Justiça brasileira, hoje, é isso.
Para Moro e Dallagnol a lei é uma. Para “Batatinha” a lei é outra.
Tem muita gente espantada com o fato de Zanin trocar uma renda
milionária por um salário de R$37 mil. Mas o mistério não é tão
insolúvel assim.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo.
Outro dia meu
colega Alexandre Garcia disse que queria entender por que um advogado
que ganha milhões em cada causa, como parece ser o caso de Cristiano
Zanin, de repente faz um esforço enorme para ganhar R$37 mil por mês.
“Eu não entendo”, enfatiza ele, antes de confessar que não entende
também como alguém “com cabeça de advogado” pode querer virar ministro
do STF.
Eu entendo. Ou melhor, acho que entendo essa dúvida que não é
exclusiva do jornalista uber veterano. Muita gente por aí expressou o
mesmo assombro em relação à diferença na renda futura de Zanin. É quase
como se todo mundo previsse que o futuro ministro do STF fosse dar um
jeitinho de complementar a renda por fora. Ou como se ele fosse trocar o
que hoje é lícito pela emoção do ilícito.
Maldade. Se bem que, em se tratando de um advogado do PT, não duvido
de nada. E jamais arriscaria chamuscar a pele delicada das minhas mãos
para defender o sujeito. Mas me parece que na dúvida de Alexandre de
Garcia, bem como nas insinuações dessa gente desconfiada, sobra Marx (é,
o Karl!) e falta Dostoiévski. Ou Shakespeare. Ou mesmo Machado de
Assis, se é que você faz questão do produto nacional.
Análises desse tipo, isto é, que se atêm ao lado financeiro de
qualquer movimento político, filosófico ou religioso, estão por toda
parte. Sinal de que Marx (é, o Karl!) realmente contaminou a visão de
mundo das pessoas e, ao longo de décadas e décadas de doutrinação,
conseguiu reduzir o ser humano a um animal sem alma, movido apenas por
aquilo que os antigos chamavam de vil metal.
O problema é que essa ideia materialista do ser humano ignora o que
vou chamar aqui, sem qualquer compromisso com a exatidão do termo, de
cosmovisão. Todos temos uma. A cosmovisão de alguns é mais elaborada do
que a de outros. A do Lula é diferente da sua que é diferente da minha
que é diferente da de Cristiano Zanin. E há cosmovisões que de fato
privilegiam o dinheiro e só compreendem a vida do ponto de vista
contábil.
Tio Patinhas Mas nesse caso estamos falando de mentecaptos. Ou
então do Tio Patinhas. Pessoas normais, entre as quais vou cometer a
ousadia de incluir Zanin, são muito mais complexas e tomam decisões com
base em elementos que nos são insondáveis. Às vezes é para superar um
trauma de infância. Ou para realizar o sonho dos pais. Às vezes é por
querer entrar para a história e mudar o mundo. Ou pior, para impor uma
visão de mundo sobre os demais. O dinheiro, claro, pode entrar nessa
equação complexíssima, mas somente como uma entre tantas variáveis.
É para entender cosmovisões diferentes das nossas, aliás, que
consumimos literatura. É graças àqueles romanções russos ou peças do
(não acredito que vou usar esse termo!) bardo inglês ou ainda contos do
Machadão que temos acesso à alma de personagens fictícios, mas com um
pezinho no real. Zanin, Lula, Bolsonaro, Alexandre de Moraes – o
mistério quanto ao que os move para além da ambição material se torna
menos insolúvel depois que se atravessa as 800 páginas de um “Os Irmãos
Karamazov”, por exemplo.
No caso específico do advogado do
ex-presidiário-que-virou-presidente, a troca dos milhões pelas dezenas
de milhares faz todo o sentido. E pode ser explicada de várias formas.
Talvez o poder do cargo, para Zanin, seja mais valioso do que a conta
bancária – que, no mais, já deve estar recheada mesmo. Talvez ele
prefira os rapapés e a lagostinha nossa de cada dia à possibilidade de,
sei lá, comprar uma Ferrari. Talvez a vingança de estar ocupando um
lugar teoricamente reservado ao seu antípoda, Sergio Moro, valha mais do
que mil barras de ouro.
Dinheiro explica muito do comportamento humano, é verdade. Mas, para a
infelicidade do velho Marx (é, o Karl!), não explica tudo. O problema é
que, em casos como o de Cristiano Zanin, tendemos a projetar nessas
figuras públicas nossos próprios desejos. Alguns deles inconfessáveis,
como essa disposição quase automática de justificar escolhas de vida com
base no dinheiro. E, na pressa e virulência do debate público, nos
deixamos levar pelo lógica mais acessível – que em geral também é a mais
simples e pobre.
O regime comanda. O regime trabalha por
si e contra os seus opositores. A verdade é aquela que o regime
estabelece. Danem-se as evidências, as pistas, o que está na cara.
Dane-se a investigação, dane-se a busca ampla, profunda, imparcial e
equilibrada pelos fatos, pelo que realmente aconteceu. Não há nem
teatro. Não há tentativa malandra, arteira de fingir, de ludibriar. O
que impressiona é a desfaçatez. Quem está no poder já decidiu: o anormal
vai virar normal, e pronto.
Assim avança a revolução. Os bandidos não brincam em serviço. Não
queriam a CPMI do 8 de janeiro, mas foram encurralados e reagiram
violentamente. São mais ou menos como policiais que querem livrar a cara
de amigos suspeitos e a eles dão fuga, dão proteção. Nada se
investigará contra os seus, contra os seus cúmplices, contra todos eles.
Mesmo assim, cala-se a maioria, que protege o bando, a quadrilha. Não
há regime moral, há sem-vergonhice.
Não queriam a CPMI do 8 de janeiro, mas foram encurralados e reagiram violentamente
A farsa institucionalizada continua sendo farsa. E os indigitados são
escolhidos, um a um, ou na baciada. Tudo será atropelado, todo mundo
decente. A casta do mau-caratismo desmantela uma CPMI, desmantela um
país inteiro. É uma corja formada pelos neomarxistas, que nunca viverão
na realidade, apenas em narrativas. E, assim, serão destruídos… Seus
labirintos não têm saída, são prisões, mas os labirintos em que nos
jogam, desses, sim, há como escapar.
Não será, obviamente, por um esforço individual apenas, mas tudo
começa pelo indivíduo. A solução… Clamam por uma solução mágica,
construída rapidamente, imediata. Não será assim. É trabalho árduo,
pesado, desgastante e eterno. O que cada um de nós pode fazer? E nada
será pouco… Não se entregar ao desalento, à desesperança. Renovar
diariamente a força espiritual, renovar diariamente a fé…
É preciso estabelecer uma ordem interior, fazer o que estiver ao
nosso alcance, ter ações positivas, mesmo que aparentemente pequenas.
Vamos nos voltar para a família, para os amigos, os amigos dos amigos,
para aqueles que estão mais próximos, na nossa rua, no nosso bairro, na
nossa cidade. Vamos ocupar espaços nas escolas, nas universidades, na
cultura, na mídia, ocupar espaços. Parecem movimentos singelos,
ingênuos? Parecem, mas, feitos de forma incessante e corajosa, podem nos
transformar nos nossos próprios heróis.
Neste artigo, Daniele Avelino, LinkedIn Top Voice e Creator, expert
em inclusão e diversidade, palestrante, mentora e colunista da StartSe,
aborda a importância da diversidade e inclusão quando o assunto é
cultura organizacional. Confira!
A cultura organizacional de uma empresa é um conjunto de valores,
crenças e comportamentos que orientam o modo como a companhia opera e
interage com seus funcionários e clientes. A diversidade é uma parte
importante da cultura organizacional.
Como a diversidade pode influenciar na cultura organizacional?
A diversidade pode se referir a uma variedade de características,
como gênero, etnia, religião, orientação sexual e habilidades físicas e
mentais. As empresas que valorizam a diversidade tendem a ser mais
inovadoras e produtivas, pois as equipes diversificadas trazem
perspectivas únicas e abordagens para a solução de problemas.
Quais fatores a empresa precisa levar em consideração quando o assunto é diversidade e inclusão?
Como os vieses inconscientes impactam a diversidade nas empresas?
No entanto, a diversidade pode ser afetada por vieses inconscientes,
que são preconceitos que as pessoas possuem sem perceber. Esses
preconceitos podem afetar a maneira como as pessoas interagem umas com
as outras e na tomada decisões. Líderes da empresa podem ter
preconceitos inconscientes contra grupos minoritários, o que pode afetar
suas decisões de contratação e promoção. Os funcionários podem se
sentir desvalorizados ou ignorados devido aos seus traços de
diversidade, como sua etnia ou orientação sexual, o que pode levar a um
ambiente de trabalho hostil.
Para lidar com vieses inconscientes e criar uma cultura
organizacional que valorize a diversidade, as empresas podem adotar
várias estratégias. Segue algumas delas:
Como lidar com os vieses inconscientes?
Treinamento sobre vieses inconscientes: a empresa
pode oferecer treinamento aos funcionários para aumentar a
conscientização sobre vieses inconscientes e como eles afetam a cultura
organizacional. Isso pode ajudar a reduzir o impacto dos preconceitos
inconscientes nos processos de tomada de decisão.
Recrutamento diversificado: a companhia pode tomar
medidas ativas para atrair candidatos de diversos grupos minoritários.
Isso pode incluir a divulgação de vagas em canais específicos, o
estabelecimento de metas de diversidade e a implementação de políticas
de igualdade de oportunidades.
Liderança inclusiva: Os líderes do negócio podem
liderar pelo exemplo, demonstrando um compromisso com a diversidade e a
inclusão. Eles podem incluir a diversidade nas discussões de negócios e
estabelecer políticas para garantir que todas as vozes sejam ouvidas.
Comunicação aberta: A empresa pode estabelecer uma
cultura de comunicação aberta e honesta. Isso pode ajudar a criar um
ambiente de trabalho onde os funcionários se sintam confortáveis para
discutir questões de diversidade e vieses inconscientes.
Ao fazer isso, as empresas podem aumentar a conscientização sobre a
importância da diversidade e criar um ambiente de trabalho mais justo e
inclusivo.
Além dessas estratégias, as empresas também podem implementar
políticas específicas para lidar com a diversidade e os vieses
inconscientes. Essas políticas podem incluir:
Políticas de não discriminação: A empresa pode
estabelecer políticas claras que proíbam a discriminação com base em
raça, gênero, religião, orientação sexual ou outras características de
diversidade. Essas políticas podem ser aplicadas a todas as áreas da
empresa, desde a contratação até as avaliações de desempenho.
Comitês de diversidade: A empresa pode criar um
comitê de diversidade composto por funcionários de diversos grupos
minoritários. Esse comitê pode ajudar a identificar e abordar questões
de diversidade e vieses inconscientes dentro da empresa.
Programas de mentoria: A empresa pode estabelecer
programas de mentoria para ajudar os funcionários de grupos minoritários
a desenvolver suas habilidades e avançar em suas carreiras. Esses
programas podem fornecer aos funcionários mentores que podem oferecer
orientação e conselhos para enfrentar os desafios associados à
diversidade.
Flexibilidade no local de trabalho: A empresa pode
fornecer opções de trabalho flexíveis, como trabalho remoto ou horários
de trabalho alternativos, para acomodar as necessidades dos funcionários
de diversos grupos minoritários. Isso pode ajudar a garantir que todos
os funcionários tenham as mesmas oportunidades de sucesso na empresa.
Embora as empresas estejam cada vez mais conscientes da importância
da diversidade e da inclusão, muitas ainda têm muito a fazer para lidar
com os vieses inconscientes e promover uma cultura organizacional
verdadeiramente inclusiva.
Uma pesquisa realizada em 2020 pela McKinsey & Company revelou
que, embora a maioria das empresas reconheça a importância da
diversidade e da inclusão, muitas ainda estão lutando para traduzir esse
reconhecimento em ações concretas.
A pesquisa descobriu que apenas cerca de 30% das empresas tinham
metas de diversidade estabelecidas para cargos de liderança, e menos de
50% tinham metas para cargos de nível básico. Além disso, muitas
empresas ainda não têm medidas eficazes para lidar com os vieses
inconscientes e promover uma cultura inclusiva.
No entanto, há uma crescente conscientização sobre a importância do
tema, e muitas empresas estão implementando medidas para lidar com os
vieses inconscientes e promover uma cultura organizacional inclusiva.
Algumas empresas estão adotando práticas mais inovadoras para lidar
com os vieses inconscientes e promover uma cultura inclusiva, como o uso
de inteligência artificial para remover informações pessoais dos
currículos de candidatos durante o processo de triagem, ou a criação de
grupos de recursos de funcionários para fornecer suporte e
aconselhamento para funcionários de grupos minoritários.
Quais são os impactos positivos ao trabalhar com o tema?
Aumento da criatividade e inovação: uma cultura
organizacional inclusiva pode aumentar a diversidade de perspectivas e
habilidades, levando a ideias e soluções mais criativas e inovadoras.
Melhoria da produtividade e desempenho: quando os
funcionários se sentem valorizados e incluídos, eles tendem a ser mais
engajados e produtivos. Isso pode levar a um aumento no desempenho e
resultados da empresa.
Atração e retenção de talentos: uma cultura
inclusiva pode ajudar a atrair e reter funcionários talentosos e
diversificados. Isso é especialmente importante em um mercado de
trabalho competitivo, onde a diversidade é valorizada.
Melhoria da reputação e da marca: uma empresa que se
preocupa com a diversidade e a inclusão pode ganhar uma reputação
positiva e uma imagem de marca mais forte. Isso pode ajudar a atrair
novos clientes, parceiros e investidores.
Redução de conflitos e discriminação: abordar vieses
inconscientes e promover uma cultura inclusiva pode ajudar a reduzir
conflitos e discriminação no local de trabalho, o que pode levar a um
ambiente mais harmonioso e colaborativo.
Contribuição para a sociedade: empresas que promovem
a diversidade e a inclusão podem desempenhar um papel importante na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Em conclusão, embora muitas empresas ainda tenham
muito a fazer para lidar com os vieses inconscientes e promover uma
cultura inclusiva, há uma crescente conscientização sobre a importância
da diversidade e da inclusão, e muitas empresas estão implementando
medidas para enfrentar esses desafios. Ainda há muito trabalho a ser
feito, mas é importante que as empresas continuem a fazer progressos na
promoção da diversidade e da inclusão em suas culturas organizacionais.
ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON
1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?
O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do
Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes,
lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos
consumidores e usuários a sua audiência.
A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e
especialmente aos pequenos e microempresários da região que não
conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que
ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com
CNPJ ou não e coloca-las na internet.
2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?
A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora
disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e
Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem
concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades
locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer
outro meio de comunicação.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a
divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de
serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e
públicos.
O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao
resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus
clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que
permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa
expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao
utilizar a plataforma da ValeOn.
3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?
Estratégias para o crescimento da nossa empresa
Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro,
controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que
devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de
crescer.
Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se
estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao
destino final.
Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a
Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.
O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para
conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas
de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.
Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e
entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um
cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas
é um equívoco geralmente fatal.
Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao
estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as
melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos
identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim,
desenvolver a bossa empresa.
4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo
eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa?
Descreva suas marcas.
Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área,
sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas
competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que
desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.
Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é
formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de
TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no
mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.
5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?
A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e
concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo,
desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem
de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que
representem mudanças catastróficas.
“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle,
professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg
School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.
6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?
A escalabilidade é um conceito administrativo usado para
identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento,
sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou
seja: a arte de fazer mais, com menos!
Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é
aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem
aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida
por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem
acertadas.
Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também
passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o
funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e
eliminando a ociosidade.
Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável
até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se
trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.
Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:
objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
gerenciamento de recursos focado em otimização.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
Deputada Dani Cunha (União-RJ) também quer limitar acesso de
condenados em bancos e instituições financeiras| Foto: Câmara de
Deputados/Reprodução
Parlamentares de oposição criticaram o
projeto que criminaliza comportamentos considerados discriminatórios
contra “pessoas politicamente expostas”, ou seja, políticos e
autoridades. A proposição foi aprovada na Câmara dos Deputados na noite
desta quarta-feira (14). Foram 252 votos a favor da medida e 163 contra.
O texto segue para o Senado.
O projeto, de autoria da deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), foi
votado na sessão do plenário após a aprovação da urgência, que ocorreu
também nesta noite. De acordo com o texto, quem criticar uma pessoa
“politicamente exposta” ou denunciada e até mesmo condenada em processos
que ainda não tenham transitado em julgado poderá ser punido com dois a
quatro anos de prisão e multa.
São consideradas pessoas “politicamente expostas”: representantes dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; presidentes e autoridades
de outros países; presidentes de partidos políticos; autoridades de
entidades de direito internacional público ou privado, como ONU, OMS,
OEA e ONGs; entre outros. Os familiares dessas pessoas também estariam
blindados pela nova lei.
Já as discriminações são entendidas como: acusar políticos por
condutas que viraram caso de Justiça, mas ainda não foram julgadas;
negar emprego em empresa privada por associação política; negar abertura
de conta bancária, entre outros.
O texto prevê ainda que o acusado seja impedido de abrir ou
movimentar contas bancárias, além de ter negado qualquer pedido para
obtenção de crédito junto a instituições financeiras. Pela proposta,
qualquer manifestação legítima da opinião corre risco de ser
criminalizada. O conjunto de penas é maior que as previstas no Código
Penal para os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) e
similar a medidas adotadas para acusados de corrupção, tráfico de drogas
e terrorismo.
A autora da proposta é filha do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ),
que chegou a ser condenado a mais de 55 anos de prisão em três processos
por corrupção. No último dia 29 de maio, na esteira do entendimento que
descondenou Lula por suposta incompetência da Justiça do Paraná, o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela anulação de uma decisão que
havia condenado Eduardo Cunha por recebimento de propina no âmbito das
investigações da Lava Jato.
VEJA TAMBÉM: Censura é real: plataformas e STF já proíbem menção de certos temas As notícias e “um cadáver com enormes orelhas de abano” Câmara aprova projeto que prevê prisão por críticas a políticos e autoridades Oposição classifica projeto como absurdo e compara ao PL das Fakes News
O líder da oposição, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), classificou a
proposta como absurda e disse que ela concede privilégio a uma classe.
“É um absurdo. A pessoa que se sentiu injuriada pode recorrer na
Justiça, como já está previsto em lei. Não tem que ter uma nova
legislação para punir somente pessoas politicamente expostas”, afirmou.
Para o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), a proposta é semelhante ao PL
das Fake News. “Acho que toda e qualquer pessoa tem total direito de me
criticar e dizer o que quiser sobre mim. Eu assumi esse cargo e tenho
que está pronto para isso. Esse projeto é uma versão 2.0 do PL das Fake
News”.
No mesmo sentido, o deputado André Ferreira (PSC-PE) criticou a
proposta e destacou que a crítica faz parte da liberdade de expressão.
“Todo cidadão tem direito a se expressar. Claro, tudo tem limite. A
forma de se expressar tem os limites da lei, mas não podemos proibir as
pessoas de darem a sua opinião referente a um parlamentar ou autoridade
jurídica”, pontuou o deputado.
Na justificativa da proposta, Dani Cunha argumentou que o projeto
visa coibir uma “deturpação” do “sistema normativo”. “Nosso projeto visa
dar fim a essa deturpação no nosso sistema normativo. Não é cabível que
pessoas sejam impedidas de praticar atos necessários para a regular
convivência (e sobrevivência) no seio da sociedade tão somente pela
condição de serem pessoas politicamente expostas (ou que com estas se
relacionem), ou simplesmente por figurarem como parte ré de processo
judicial em curso ou por terem decisão de condenação sem trânsito em
julgado proferida em seu desfavor”.
Rio de Janeiro – Operação policial após ataques às bases das
Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nas comunidades do Cantagalo e
Pavão-Pavãozinho, em Copacabana.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Um dos deveres do Estado é trabalhar para garantir a segurança
pública dos cidadãos – tal dever encontra-se, inclusive, prescrito no
próprio texto constitucional. Em seu artigo 144, a Constituição Federal é
clara ao afirmar que a “a segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Concretizar tal
pressuposto constitucional não é simples: não são poucas as vezes em que
as forças de segurança se encontram em evidente desvantagem diante de
criminosos bem equipados e organizados. E, além disso, ainda há casos em
que o próprio Judiciário toma decisões equivocadas que cerceiam ainda
mais o já limitado poder de ação do Estado no combate ao crime.
É o caso das restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
às operações policiais no estado do Rio de Janeiro. Desde 2020, ONGs têm
encabeçado uma ofensiva na corte, com o apoio de partidos como PSB, PT e
PSOL, pedindo restrições à presença da polícia nas comunidades do Rio
de Janeiro, a partir da chamada Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que tramita
no Supremo sob relatoria do ministro Edson Fachin.
A segurança da população depende da capacidade do Estado em reagir com firmeza e prontidão aos avanços da criminalidade.
Em resposta, ministros do STF já sinalizaram positivamente a uma
série de demandas, proibindo, por exemplo, operações nas comunidades,
exceto em casos “absolutamente excepcionais”, durante a vigência da
pandemia – o que se prolonga até hoje, mesmo com a OMS tendo decretado o
fim da emergência internacional pela Covid-19 no início de maio. Outras
medidas impostas pelo STF foram a comunicação antecipada ao Ministério
Público antes de cada incursão; vedação ao uso de helicópteros, além de
obrigação de o estado de elaborar um plano de “redução da letalidade
policial”.
O efeito dessas restrições foi – sem surpresa alguma – o
fortalecimento da criminalidade, em especial do crime organizado, que
tem aumentado sua presença nas comunidades do Rio de Janeiro. Em nome da
proteção contra possíveis excessos policiais, o STF tem impedido o
combate ao crime nessas áreas, deixando os moradores sob o jugo dos
bandidos. Matéria da Gazeta mostrou que bandidos de outros estados
consideram os morros fluminenses como “locais seguros” – verdadeira
terra de ninguém onde o Estado não tem poder – para permanecerem impunes
enquanto comandam o crime em seus estados de origem.
Não se pode permitir que o direito de visita seja utilizado para o ingresso de drogas, celulares e comunicação entre criminosos.
Quadrilhas ligadas ao tráfico também têm aproveitado os obstáculos
para a polícia entrar nas favelas para assaltar caminhões e levá-los
para dentro das comunidades para descarregar toneladas de cargas, como
uma espécie de “central de distribuição” do crime. A gravidade da
situação levou até entidades como a Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro (Firjan) a ingressar com uma petição no Supremo para tentar
ingressar como “amigo da Corte” no processo das operações policiais e
assim poder defender o fim das restrições.
Mais recentemente, outra discussão em curso dentro do STF poderá ter
grande impacto negativo no combate à criminalidade. Trata-se da
possibilidade de se proibir, em todo o país, a prática de revistas
íntimas em presídios, o que poderá facilitar o acesso dos presos a
drogas, celulares e mesmo armas, bem como permitir a comunicação entre
chefes de organizações criminosas com seus subordinados. A corte analisa
recurso extraordinário ao Supremo, no qual a defesa de uma mulher do
Rio Grande do Sul pediu a anulação de provas obtidas mediante revista
íntima. O relator da ação, Edson Fachin, defende a tese de que a prática
é incompatível com a Constituição de 1988, entre outros pontos, por
violar a dignidade da pessoa humana. Como o julgamento teve repercussão
geral reconhecida, seu desfecho servirá de parâmetro para todos os casos
judiciais similares. O julgamento virtual do caso foi suspenso quando o
placar apontava 5 votos favoráveis à proibição e 4 contrários. O caso
voltará a ser analisado, no Plenário do STF, mas a data ainda não foi
definida.
VEJA TAMBÉM: A crise moral que assola o Brasil O fim dos manicômios judiciais e a segurança pública em risco A visão de Lula sobre a segurança pública
Trata-se de uma compreensão equivocada de Fachin que, ao propor a
proibição da prática de revista, deixa de considerar a segurança e
integridade de toda a população. Não se pode permitir que o direito de
visita seja utilizado para o ingresso de drogas, celulares e comunicação
entre bandidos de dentro e fora dos presídios. A proibição traria
consequências desastrosas para a repressão ao crime. Dados do
Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontam que somente no
primeiro semestre de 2020 foram apreendidos 25,5 mil aparelhos celulares
e 83 armas de fogos com visitantes de presos que tentavam ingressar com
os itens nas unidades prisionais, além 254 mil flagrantes de drogas.
É preocupante que ministros do STF pareçam tão deslocados da
realidade a ponto de não perceberem o que está em jogo. A segurança da
população depende da capacidade do Estado em reagir com firmeza e
prontidão aos avanços da criminalidade, em todos os territórios e
frentes. Certamente isso não significa carta branca para que as forças
de segurança ajam contra a legalidade – qualquer eventual abuso precisa
ser punido com rigor – mas não se pode continuar a confundir os mocinhos
com os bandidos.
Energia Uma “espiral da morte” pressiona cada vez mais a conta de luz dos brasileiros
Por Marcos Tosi – Gazeta do Povo
| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo
Como um
condomínio que perde moradores e precisa ratear as despesas entre menos
gente, o mercado brasileiro regulado de energia elétrica segue
encolhendo e deixando a conta de luz cada vez mais cara para os pequenos
comércios e indústrias e os clientes residenciais das concessionárias.
“Se continuar assim, o sistema vai explodir”, prevê um executivo do
setor, enquanto outro endossa o diagnóstico e classifica o modelo atual
como “espiral da morte”.
No Brasil, coexistem dois mercados de energia. Cerca de 88 milhões de
unidades consumidoras ainda estão no chamado mercado cativo, ou
regulado, em que não têm opção senão comprar energia de uma
distribuidora local. Em sua maioria são clientes do chamado Grupo B, de
baixa tensão.
Do outro lado, no mercado livre, já estão 30 mil pessoas jurídicas,
grandes consumidores da indústria e comércio, que não são obrigados a
manter contrato exclusivo com nenhuma concessionária, e podem comprar
energia de quem oferece o melhor preço. É o Grupo A, de alta tensão, que
totaliza 205 mil unidades consumidoras.
No ano passado, 30 mil consumidores desse grupo economizaram R$ 40
bilhões nas compras em ambiente livre, em comparação com o que gastariam
se estivessem no cativo.
Conta do subsídio energético já chega a R$ 36 bilhões Incentivos e
descontos para quem adquire energia de fontes renováveis como eólica,
solar, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa aceleram ainda mais a
debandada do mercado regulado. Esses descontos hoje estão na casa de R$
8,5 bilhões por ano e são pagos em maior parte pelos consumidores
cativos (os que permanecem no “condomínio”) por meio da Conta de
Desenvolvimento Energético, que já alcança R$ 36 bilhões anuais.
“Quando opta por sair do mercado regulado, e passa a comprar dessas
fontes incentivadas, o consumidor tem um desconto na tarifa de uso do
sistema elétrico de transmissão e distribuição. Esse custo vai hoje para
a conta CDE. Além da diferença no preço, ainda tem um incentivo para
quem migra e deixa o custo no mercado”, diz Marcos Madureira, presidente
da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica
(Abradee).
“É o que a gente chama de “espiral da morte”. Toda vez que alguém
sai, vai deixar mais caro para quem fica e vai aumentando essa saída”,
sublinha. E os penduricalhos na conta do condomínio só aumentam.
Madureira cita como exemplo mais recente a Medida Provisória que recriou
o Programa Minha Casa, Minha Vida.
“É algo que pode até parecer bom, uma compulsoriedade de comprar
sobras de energia de sistemas solares do programa Minha Casa, Minha
Vida. Mas se eles não consumirem tudo, o sistema terá que pagar R$ 400 o
megawatt-hora, que é o valor de referência. No entanto, como eu não
necessito essa energia no sistema elétrico, ela vai sobrar e será
comercializada a R$ 70 o megawatt-hora. E essa diferença vai onerar os
consumidores que estão no mercado regulado”, enfatiza o presidente da
Abradee. “São medidas como essa que aumentam o desequilíbrio. Toda vez
que se faz um tratamento diferenciado, você está penalizando os demais”.
Gráfico da Abradee mostra quanto os consumidores pagaram em subsídios
na conta de energia entre 1.º de janeiro e 7 de junho.| Abradee
Fuga do mercado cativo pode se acentuar em breve
| Pixabay
Seria como tentar conter vazamento numa caixa d’água? “Diria que
hoje já está parecendo mais uma peneira mesmo. A quantidade de
benefícios onerando o consumidor é muito grande. Somos favoráveis à
abertura de mercado, à geração distribuída e outras, mas somos
contrários que alguém tenha que pagar mais, que seja penalizado para que
outro tenha um benefício”, completa Madureira.
A partir de 1.º de janeiro de 2024 um novo contingente de 106 mil
unidades consumidoras de média e alta tensão (o restante do Grupo A)
estará igualmente habilitado a comprar energia no mercado livre, ao
entrar em vigor a portaria 50/2022 do Ministério das Minas e Energia
(MME).
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que
56% das indústrias que estão no mercado cativo têm interesse em migrar
para o mercado livre a partir de 2024.
Segundo a consultoria Greener, a conta de luz no mercado livre
costuma ficar entre 20% e 30% mais barata. “Contudo, não se espera uma
debandada geral desses 106 mil consumidores, até por falta de acesso à
informação. E também por desconhecimento, por medo, já que o mercado de
energia é volátil e você precisa estar muito bem assessorado por uma
comercializadora”, pondera Heloísa Burin, analista da Greener.
As comercializadoras de energia se multiplicaram no país – atualmente
já são quase 600 cadastradas – e tentam “abrir os olhos” dos
empresários para a oportunidade de pagar menos, pulando fora do mercado
regulado.
O executivo Claudio Ribeiro, presidente da 2W Ecobank, diz se sentir
como um capitão do Bope, o Batalhão de Operações Policiais Especiais.
“Digo que sou líder do Bope porque meu papel é liberar refém. Tirar você
do jugo da distribuidora. Digo aos empresários: você pode ser livre, e
vai continuar saindo energia no mesmo cabo na tua empresa. Mas vai pagar
mais barato, por uma energia renovável e sem precisar investir nada”,
enfatiza.
Para empresário, sistema atual está prestes a “explodir” A empresa
comandada por Ribeiro busca agressivamente trazer clientes para o
mercado livre: atualmente, apenas 31,5% dos já habilitados pelas regras
toparam migrar. Ribeiro viaja o país procurando mostrar aos empresários
que é possível migrar e economizar, sem precisar investir.
“O sistema como está hoje vai explodir. O grande já está no mercado
livre e o pequeno logo virá. A distribuidora está ficando cada vez com
qualidade pior de negócio, e consegue investir cada vez menos. Vai
piorar a saúde financeira, ficando a tarifa cada vez mais cara. O último
que ficar vai pagar a conta de quem saiu antes”, diz Ribeiro.
Em menos de três anos, ele já conseguiu uma carteira de R$ 1 bilhão
para sua comercializadora de energia. A 2W aposta ainda em geração
própria, e está investindo R$ 2 bilhões para levantar duas usinas
eólicas no Nordeste.
Claudio Ribeiro, presidente da comercializadora de energia 2W Ecobank| Divulgação / 2W Ecobank
A abertura do mercado de energia no Brasil está atrasada há mais de
uma década. Em Portugal todo consumidor, mesmo os residenciais, podem
escolher de quem comprar energia há 15 anos. Na Inglaterra, a liberdade
de escolha já é realidade há 25 anos. Por aqui, a liberalização do Grupo
B, de baixa tensão, só deve chegar em 2026 (pequenos comércios e
indústrias) e em 2028 (residências), e deve ser antecedida de consulta
pública e regulamentação legal.
Abertura não pode ser um “big bang”, diz ex-ONS Outro sintoma
desse cenário de “salve-se quem puder” do mercado cativo seria a corrida
dos consumidores de baixa tensão para a microgeração, implantando
telhados solares nas residências e comércio, e para a compra de energia
da geração distribuída das chamadas “fazendinhas solares”.
Para Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos
Consumidores de Energia e ex-diretor-geral do Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS), a abertura total do mercado é inevitável, como
já aconteceu há vários anos nas telecomunicações.
“Mas não pode ser um big bang, de uma hora para outra liberar para
todo mundo. Tem que ser feito de forma escalonada, para que não provoque
um baque tão grande para os consumidores e também para os provedores.
Poderíamos ter avançado na liberação para o consumidor numa velocidade
maior do que se fez. A perspectiva é de que nos próximos isso aconteça,
mas de uma forma muito bem pensada e planejada, sob o risco de criar
problemas maiores”, sublinha Barata.
O atual marco regulatório do sistema elétrico brasileiro, incluindo a
criação do mercado livre, foi construído em 1998, no governo de
Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Depois o marco sofreu mudanças em
2004, no governo Lula (PT), e mais tarde na gestão de Dilma Rousseff
(PT).
A questão é que, quando foi desenhado, o modelo não considerava um
mercado livre respondendo por 40% da energia comercializada, como hoje. E
abordava principalmente as fontes hidrelétrica e térmica. Atualmente,
contudo as fontes eólica e solar já superam a contribuição das
termelétricas.
“Também não se falava em geração distribuída quando o marco foi
estabelecido. Essas mudanças tornam imprescindível a revisão de todo
esse arcabouço”, afirma o ex-diretor do ONS.
Momento é de debate de mudanças no setor elétrico Na prática, em
curto prazo serão tomadas várias medidas que devem impactar o
funcionamento do mercado do sistema elétrico brasileiro. Desde a reforma
tributária, que poderia diminuir o peso dos impostos na tarifa, até a
definição dos parâmetros de renovação dos contratos de 21 distribuidoras
de energia do país que vencem até 2030, como a Enel São Paulo, CPFL,
Light e Escelsa.
Em agosto, começa a renegociação do Anexo C do tratado de Itaipu
Binacional, que obrigava que fosse destinada ao Brasil toda a energia
excedente não utilizada pelo Paraguai. Tudo isso, agora, deverá ser
renegociado.
“A mídia tem um papel fundamental de colocar esses assuntos em
manchetes, chamando atenção da sociedade para um problema fundamental,
que é o custo da energia. O legislativo e o executivo têm essa
responsabilidade, mas sobretudo a sociedade precisa se sensibilizar para
fazer pressão e colocar o assunto na pauta de discussão do país”,
conclui Barata.
Para a Abradee, é preciso estabelecer mecanismos que não permitam que
se continue a acrescentar custos para um mercado, em benefício de
outro. O caminho mais adiantado para isso seria o projeto de lei (PL)
414, que aguarda apreciação na Câmara dos Deputados.
O projeto prevê a abertura total do mercado em 42 meses, a partir de
sua promulgação, sendo que os pequenos consumidores (abaixo de 500 kW)
terão de comprar energia por meio de um comercializador varejista, que
os representará junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
“Ele não resolve problemas passados, mas pelo menos cria condições
para evitar que esse problema continue crescendo”, diz Madureira, da
Abradee.
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA) é relatora da CPMI do 8 de janeiro| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad
Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs) são um direito da minoria
parlamentar. Ponto. Não é por outro motivo que o instrumento é
protocolado e uma CPI precisa ser imediatamente instalada se cumprir
três requisitos: fato determinado a ser investigado, prazo certo para
funcionar e, frise-se com letras garrafais, a assinatura de um terço dos
membros da respectiva Casa Legislativa em que for proposta ou de ambas
as Casas quando for proposta em formato misto. Foi exatamente o que se
deu com a CPMI de autoria do deputado federal André Fernandes destinada a
investigar os atos de 8 de janeiro.
Apesar de ter obtido as assinaturas necessárias com relativa rapidez,
a CPMI enfrentou inicialmente, porém, grandes dificuldades. Houve uma
forte ofensiva do governo Lula para que deputados e senadores retirassem
as assinaturas antes de sua instalação. Matérias na imprensa e
conversas de bastidor davam conta de promessas de emendas parlamentares
na casa das dezenas de milhões de reais por assinatura retirada. O
resultado foi pífio: enquanto um número ínfimo de parlamentares
retiraram suas assinaturas, sob vaias e protestos populares nas redes
sociais, um número maior ainda de parlamentares somava-se à iniciativa,
tornando-a sob o ponto de vista do cumprimento dos requisitos formais e
constitucionais absolutamente inquestionável e inadiável.
A democracia e os poderes brasileiros, vilipendiados por vândalos em
janeiro, bem como os presos injustamente merecem resposta mais decente e
séria do Congresso Nacional.
A chicana política governista não parou por aí. Com o indispensável
apoio do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), seguiu-se uma injustificável protelação para a sua instalação.
Até vídeo com deputados e senadores da oposição foi gravado pelo
presidente Pacheco cravando uma data para sua instalação. Na hora H a
corda foi roída e a CPMI foi postergada sem prazo para instalação. A
frustração da oposição era nítida, mas o governo sabia que sua ação era
apenas paliativa.
Graças ao trabalho da imprensa livre, no dia 19 de abril deste ano
vieram a público imagens reveladoras da omissão, da incompetência e até
mesmo da ação de órgãos da segurança do governo Lula que contribuíram
para as depredações ocorridas no dia 8 de janeiro no Palácio do
Planalto. A CNN anunciava, naquela manhã, possuir centenas de horas de
gravação de dentro do prédio onde despacha o presidente da República, em
que vândalos receberam até mesmo copos d’água por agentes de segurança
do governo. O então ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, e
amigo de longuíssima data do presidente Lula (de cuja segurança pessoal,
Inclusive, já foi chefe nos mandatos presidenciais anteriores), foi
flagrado nas imagens em postura absolutamente condescendente e
inadequada para aquele grave momento de tensão.
É de se repudiar que a institucionalidade do Congresso Nacional seja
atacada com a tentativa de usurpação do governo de uma legítima e
constitucional prerrogativa da minoria de investigar.
As imagens revelavam ainda que o Gabinete de Segurança Institucional
estava efetivamente desguarnecido, a despeito dos informes da ABIN e de
inúmeros outros órgãos do próprio governo, feitos anteriormente às
manifestações de que elas poderiam desembocar em violência e depredação.
A omissão foi tão flagrante, a incompetência tão escancarada, que o
próprio governo decidiu rifar o ministro amigo de Lula. Entendia-se,
então, porque as imagens do circuito interno de TV haviam sido sonegadas
à Folha de São Paulo em pedido via Lei de Acesso à Informação e à
bancada do Partido Novo por meio de Requerimento de Informação. A ambos
os pedidos o governo respondeu informando que, “por segurança”, sobre
tais imagens se havia imposto sigilo.
Tão grave foi a repercussão das imagens reveladas pela CNN que o
governo mudou de narrativa e decidiu passar, então, a apoiar a criação
da CPMI do 8 de janeiro. Após a instalação da comissão parlamentar e
iniciados seus trabalhos, percebe-se, porém, que a intenção do governo
com a sua criação foi apenas a de barrar qualquer investigação e tentar
impor sua própria narrativa, em clara usurpação ao direito da minoria de
investigar e, principalmente, de revelar a verdade aos brasileiros.
Para começar, a atual composição da CPMI fere o direito da minoria a
ter direito à vaga do rodízio na Câmara dos Deputados garantida pela
Constituição e pelo Regimento Comum das Casas. A vaga é claramente
pertencente ao Novo, mas os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do
Senado, Rodrigo Pacheco, decidiram inovar ao estabelecer critério
inexistente de superação da cláusula de barreira nas eleições para que
um partido possa integrar comissões de inquérito. Cometeram uma
inconstitucionalidade que está agora sub judice no Supremo Tribunal
Federal: como pode a vaga pertencente expressamente à minoria ter sido
entregue ao PT, um partido da maioria? A ilegalidade é flagrante!
A oposição seguirá seu trabalho para a realização de todas as
diligências necessárias para que o objetivo desta CPMI seja alcançado: a
elucidação da verdade.
Continuando com indagações pertinentes, a CPMI tem maioria de membros
composta por parlamentares que não assinaram o requerimento de sua
criação. Qual interesse de investigar por parte daqueles que não
subscreveram o pedido de investigação? Além disso, a maior bancada
estadual representada na comissão é a do Maranhão, empatada com São
Paulo (estado com representação congressual quase quatro vezes maior),
com seis parlamentares dos quais cinco são governistas. Será
coincidência que Flávio Dino, ministro da Justiça e também alvo de
inúmeros requerimentos de convocação para dar explicações sobre ações e
omissões de sua pasta no dia 8 de janeiro, seja senador eleito pelo
Maranhão e ex-governador daquele estado? Finalmente, a relatora apontada
pelo presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA) é Eliziane
Gama (PSD-MA), também do estado do ministro da Justiça e da base
governista. Como garantir que, a despeito de suas manifestações públicas
por uma investigação independente, de fato ela será isenta na avaliação
dos graves fatos daquele fatídico segundo domingo de janeiro deste ano?
A prova de que está ocorrendo uma verdadeira usurpação do direito da
minoria no decorrer desta CPMI do 8 de janeiro está nos fatos: o plano
de trabalho proposto pela relatora não trouxe sequer cronograma para
realização das atividades da comissão, no que mais dá sinais de ser um
relatório prévio do que, efetivamente, um plano de trabalho. Na proposta
aprovada apenas com os votos governistas, a relatora limitou as
atividades da CPMI aos atos preparatórios ao 8 de janeiro e
desconsiderou completamente os desdobramentos, com os evidentes abusos
de autoridade cometidos pelo STF e pelo governo Lula.
A pá de cal veio nesta semana: avaliados todos os requerimentos de
convocação apresentados por governo e oposição, foram aprovados
majoritariamente aqueles que tinham como alvo pessoas ligadas ao governo
Bolsonaro e rejeitados os requerimentos de convocação de pessoas
vinculadas ao governo Lula, incluindo Flávio Dino e Gonçalves Dias. Ora:
se o governo declarou que tinha todo interesse em instalar a CPMI
justamente na esteira da grave revelação de que houve omissões graves de
um integrante seu reveladas em vídeo, por que agora quer blindar
inclusive o ex-ministro demitido por Lula? O então ministro, que antes
servia ao governo e deixou de servir após as imagens veiculadas na CNN,
agora voltou a ser-lhe útil? Por que protegê-lo? O que justifica a
incoerência entre o discurso da necessidade de instalação da CPMI feito
há menos de dois meses para a operação abafa que se realiza hoje nos
trabalhos da comissão?
No Congresso repete-se à exaustão que “a gente sabe como começa uma
CPI, não como termina”. A julgar pela preocupação do governo em não
investigar e tentar criar sua própria narrativa, parece ser questão
novamente de tempo para que toda a verdade venha à tona, como o foi com
as imagens reveladas pela mídia. É de se repudiar, porém, que mais uma
vez a institucionalidade do Congresso Nacional seja atacada com a
tentativa de usurpação do governo de uma legítima e constitucional
prerrogativa da minoria de investigar. A democracia e os poderes
brasileiros, vilipendiados por vândalos em janeiro, bem como os presos
injustamente no curso dos inquéritos ilegais conduzidos pelo STF merecem
resposta mais decente e séria do Congresso Nacional. Ainda assim, em
minoria e maltratada, a oposição seguirá seu trabalho para a realização
de todas as diligências necessárias para que, apesar de todos os
obstáculos, os maiores objetivos desta CPMI sejam alcançados: a
elucidação da verdade e a realização da justiça.
Fachada do edifício sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ)| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Eu quero saber se você consegue explicar isso para os seus filhos,
netos, sobrinhos, para as crianças em geral, ou até para os seus alunos.
O caso ocorreu em São Paulo. Na verdade aconteceu em Brasília.
No dia 28 de agosto de 2019, um traficante com o pomposo nome de
Leonardo 20, mas também com o sobrenome de Alves de Lima, estava de
moto, conduzindo dois quilos de cocaína, na Vila Andrade, São Paulo.
Quando viu uma viatura policial, se assustou, subiu na calçada, largou a
moto e tentou fugir. Os policiais o capturaram, revistaram a moto e
encontraram 2 quilos de cocaína. Foi preso e condenado a 10 anos de
prisão por tráfico. Muito justo. Justiça feita, transitou em julgado,
ponto final. Só que o processo veio para Brasília, para o Superior
Tribunal de Justiça. Esse Leonardo 20, também conhecido como Batatinha,
foi solto no dia 7. Sabem por quê? O juiz, Sebastião Reis Júnior disse
que a prova é ilícita. Por quê? A prova não vale. Portanto, a condenação
é nula. Porque o único motivo foi o nervosismo dele. Não tinha mandado
de busca e apreensão, não tinham uma suspeita forte de um crime sendo
cometido, de flagrante. Então ele foi vítima da ação policial por causa
do nervosismo dele. E o juiz decidiu isso, mandou soltá-lo.
Parece o André do Rap. Pois é, como é que você contaria isso para os seus filhos?
Gabriela Hardt Vejam só, lá em Curitiba, a juíza Gabriela Hardt
frustrou-se hoje porque um outro juiz com mais tempo de serviço ocupou a
vaga que ela queria, em Florianópolis, porque ela queria se livrar da
Lava Jato. Ela era juíza substituta de Sergio Moro. Ela que condenou
Lula pelo sítio de Atibaia, que teve melhorias e tal. Foi ela. Mas o
juiz titular, depois que Sergio Moro saiu foi Bernardo Appio, que foi
afastado por boas razões. Eu imagino que ela esteja sentindo a mesma
coisa que o senhor e a senhora estão sentindo agora ao ouvirem a
história do traficante de São Paulo. Descrença na justiça. Profunda
tristeza. Ela deve estar pensando o que está fazendo na Lava Jato, se
não adianta nada.
Contas de Bolsonaro Por falar em Atibaia, como não tem Atibaia no
currículo de Bolsonaro, nem triplex lá em São Paulo, a justiça de São
Paulo está bloqueando contas bancárias do ex-presidente, num valor
superior a R$ 500 mil, porque ele não usou máscara em São Paulo. E foi
multado e tem que pagar as multas, como se a máscara fizesse alguma
diferença para os 700 mil mortos, né? Porque estava todo mundo usando
máscara e morreram 700 mil. Há coisas incríveis desse período no Brasil e
talvez, um dia, a gente ainda vai estudar melhor.
CPMI na praia E por fim, o deputado que é presidente da CPMI, a
qual todos queremos que investigue os atos do 8 de janeiro. Na
segunda-feira, dia dos namorados, ele estava passeando com a mulher no
calçadão de Ipanema. Ele é deputado pela Bahia, e aí foi roubado.
Pegaram uma correntinha de ouro, um escapulário, que acabou sendo
devolvido porque pegaram o ladrão. Mas eu pergunto para o senhor e para a
senhora: o que os senhores estavam fazendo na segunda-feira? Não
estavam trabalhando? Criando riqueza, produzindo para pagar imposto? A
senhora e o senhor pagam imposto até fim de maio. Num ano inteiro, a
senhora e o senhor trabalham até fim de maio pra sustentar o deputado, a
CPMI, o Congresso Nacional, o Estado brasileiro. E o senhor e a
senhora, pagadores de impostos, gostariam muito – eu gostaria – que na
segunda-feira a CPMI estivesse trabalhando para descobrir mais do que
foi contado até agora, a narrativa contada. A gente quer que se descubra
mais. Está sendo impossível. Mas numa segunda-feira, o presidente da
CPMI estava passeando no calçadão de Ipanema.