Advogado Cristiano Zanin será sabatinado pela CCJ do Senado| Foto: Alessandro Dantas/ PT Senado
O
que já era dado como certo realmente se confirmou: sem pejo algum, Luiz
Inácio Lula da Silva indicou seu advogado pessoal, Cristiano Zanin,
para ocupar a vaga no Supremo Tribunal Federal aberta com a
aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, oficializada em abril.
Embora a indicação seja uma prerrogativa do presidente da República, a
de Zanin é uma afronta direta ao espírito do Estado Democrático de
Direito e a todos os brasileiros. A nomeação não pode ser aprovada. Não
cabe outra posição aos senadores da República. Chancelar o nome de Zanin
seria um acinte – mais um – ao povo brasileiro e às instituições
democráticas.
O fato de Lula não ver problema algum em indicar seu advogado ao STF
não surpreende. O histórico e ações nos primeiros meses de seu terceiro
mandato como presidente da República são mais do que suficientes para
comprovar a insistência de Lula em tratar com desdém as instituições e
os demais poderes, em especial quando não se curvam aos seus interesses.
Mas se o presidente envereda por este mau caminho, é função do
Legislativo zelar pela honorabilidade e independência dos poderes e
evitar que o Supremo Tribunal Federal possa ter sua imagem e seu
prestígio junto aos cidadãos brasileiros ainda mais desgastados.
Zanin no STF simboliza e materializa a consolidação da inversão de
valores que se instalou no país com a perseguição aos protagonistas da
Operação Lava Jato.
Zanin esteve à frente da defesa de Lula durante as condenações do
petista em primeira e segunda instância, por crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro. Mais tarde, o advogado conseguiu a anulação pelo
STF das condenações contra o petista, o que possibilitou que Lula
pudesse concorrer à Presidência da República em 2022. A fidelidade
demonstrada pelo advogado ao longo da defesa é o que, para Lula e sua
moral distorcida, justifica a indicação de Zanin ao STF. Mas essa
proximidade é justamente o que, em qualquer Estado minimamente zeloso da
independência entre os poderes e da moralidade, impede a nomeação do
advogado como ministro do STF.
Quando Lula usa critérios meramente pessoais e políticos para indicar
um ministro ao STF, está minando a moralidade da corte, e em grande
medida sua independência, querendo transformá-la numa extensão do
governo federal, como bem denunciou a Transparência Internacional em
manifestação contra a indicação de Cristiano Zanin. Tal atitude não pode
ser tolerada pela sociedade e nem por seus representantes eleitos que,
insistimos, têm o dever de barrar Zanin. O advogado foi indicado por
Lula por ser seu fiel defensor – e deverá repetir esse papel no STF.
Seria de uma ingenuidade absurda acreditar que, uma vez empossado no
STF, Zanin deixe de lado seu histórico e passe a atuar de forma
independente, sem levar em conta os interesses pessoais de Lula e de seu
partido. Aliás, se Lula suspeitasse que Zanin pudesse fazer isso, com
certeza não o indicaria. Ao longo dos seus dois mandatos anteriores,
Lula indicou sete ministros ao STF, dos quais apenas dois ainda
permanecem na corte, Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Em diversas ocasiões,
Lula reclamou da atuação dos seus indicados, como o do hoje ministro
aposentado Joaquim Barbosa, que se tornou relator do mensalão e condenou
vários nomes do PT – o que, obviamente, desagradou Lula. Lula escolheu
Zanin porque sabe que ele não o decepcionará como fez Barbosa.
VEJA TAMBÉM: A quase certa indicação de Cristiano Zanin ao STF A crise moral que assola o Brasil A covardia da Câmara dos Deputados não apaga o legado de Deltan Dallagnol
Além das razões acima, de caráter institucional, que tornam a
indicação de Zanin passível de até de um questionamento de
constitucionalidade, outra, de caráter moral e político, precisa ser
fortemente levada em conta pelos parlamentares: Zanin no STF simboliza e
materializa a consolidação da inversão de valores que se instalou no
país com a perseguição aos protagonistas da Operação Lava Jato. Ceder
neste ponto é capitular ao que de mais perverso se deu no Brasil nos
últimos anos.
Evitar que mais esse absurdo se concretize caberá ao Senado Federal.
Zanin precisará passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) e também pelo plenário do Senado, onde terá de contar com o
voto favorável de pelo menos 42 senadores para ser nomeado. Barrar o
nome de Zanin, reiteramos, não deveria ser visto como uma simples
escolha, mas um dever do Senado. Infelizmente, como vimos em relação aos
membros da mesa diretora da Câmara dos Deputados, que aceitaram a
cassação injusta de Deltan Dallagnol, os parlamentares brasileiros nem
sempre estão à altura de seu papel. Esperemos que, ao menos desta vez,
os senadores tenham a hombridade de agir corretamente.
Principal biomassa na geração de energia do país hoje, o bagaço
de cana ainda é majoritariamente usado para abastecimento da necessidade
energética das próprias usinas.| Foto: Divulgação / Udop
Na
gíria, dizer que alguém ou alguma coisa está “no bagaço” é sinônimo de
esgotamento das energias. Mas, na realidade das usinas de cana-de-açúcar
e na diversificação da matriz energética brasileira, o bagaço é um
ativo valioso que já salvou o subsistema elétrico Sudeste/Centro-Oeste
do colapso na crise hídrica mais grave em quase cem anos. E tem um
potencial ainda maior.
Em 2021, a energia lançada no sistema elétrico brasileiro produzida
com bagaço de cana-de-açúcar e outras biomassas (licor negro de
celulose, cavaco de madeira e biogás, principalmente) possibilitou uma
poupança de 14% nos níveis de água dos reservatórios do subsistema
Sudeste/Centro-Oeste.
Sem esse socorro, a capacidade dos lagos ficaria reduzida de 18% para
4%, o que, na prática, inviabilizaria a operação das hidrelétricas,
elevando os riscos de apagão. Hoje o bagaço da cana representa 60,5% de
toda a cogeração – produção de duas ou mais formas de energia a partir
de um combustível – existente no país.
Essa história ainda pouco conhecida provou, segundo Newton Duarte,
presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), o
papel estratégico indispensável da biomassa na segurança do sistema
elétrico brasileiro.
A maior oferta de bagaço ocorre na safra da cana de açúcar do
Centro-Sul, entre abril e outubro, que coincide justamente com o período
seco e crítico para a geração das hidrelétricas. “A biomassa pode ser o
elemento que ajuda a guardar a água nos reservatórios. O ideal seria
usar a biomassa de forma a sempre manter dois terços dos reservatórios
guardados. Por que os períodos de seca vêm, inexoravelmente”, aponta.
Biomassa pode contribuir oito vezes mais Em pouco mais de uma
década e meia, o Brasil triplicou o volume de energia elétrica a partir
de biomassa da cana lançada no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Atualmente, são 17 gigawatts (GW) em operação comercial, o que
representa 8,8% da capacidade instalada da matriz elétrica do país (de
194 GW).
O potencial inexplorado, no entanto, pode ser oito vezes maior.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das
Minas e Energia, o potencial técnico de geração de bioeletricidade para
a rede é de 143 GW, enquanto o efetivamente lançado no sistema, em
2022, foi de 18,4 GW. Isso sem contar o efeito multiplicador que pode
ter o chamado retrofit (modernização) das operações nas usinas e o
aproveitamento da palha e do biogás.
Atualmente, a maior parte da energia gerada a partir da queima de
matéria orgânica renovável ainda é destinada para o autoconsumo das
indústrias, representando 51% do total gerado.
O excedente vendido no sistema elétrico nacional, acima da garantia
física declarada das usinas, é remunerado pelo Preço de Liquidação das
Diferenças (PLD), que estaria muito baixo devido ao bom nível dos
reservatórios das hidrelétricas, desestimulando a oferta no mercado de
curto prazo. “É uma regra idiota que me obriga a liquidar pelo PLD
quando poderia estar vendendo no mercado livre de energia. Estou há
quatro anos tentando mudar esse absurdo”, diz Duarte, da Cogen.
Plano Decenal de Energia está desatualizado, reclama Cogen
Apesar do crescimento expressivo em poucos anos, o setor de biomassa
reclama de equívocos no planejamento estratégico do governo federal.
Elaborado em 2022, o Plano Decenal de Energia 2031 da EPE projeta
crescimento do segmento entre 80 MW e 400 MW, ao máximo, por ano. Como
referência, 1 MW é suficiente para abastecer 1,3 mil residências.
“Isso é uma sacanagem, por que só no ano passado já entraram 900 MW
adicionais de biomassa produzida a partir de licor negro. A própria
Aneel já tem outorgado 2,4 mil MW até 2026. Nos últimos cinco anos, a
despeito dos problemas econômicos e da pandemia, nós entregamos 350 MW
por ano. Então, essa perspectiva de 80 MW por ano está absolutamente
equivocada”, afirma Duarte.
E qual o efeito dessas projeções oficiais excessivamente modestas?
“Imagine que eu sou uma multinacional da Alemanha ou dos EUA. Eu quero
investir no Brasil numa nova fábrica de turbina, de caldeira, de
conversores de velocidade. Mas daí vejo um documento desses, do governo,
e concluo que não vou fazer é nada. Por que o Plano de Expansão de
Energia do teu país antevê 80 MW por ano, e isso é pífio, não toca nem a
nossa fábrica nem a de nossos concorrentes”, acrescenta o executivo da
Cogen.
Newton Duarte é presidente da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia)| Divulgação / Cogen
Aproveitamento de audiência pública é questionado “Trabalhei em
multinacional a vida toda [Siemens e General Electric], eu sei
exatamente o que é isso. Uma política pública que não condiz com a
realidade e com as perspectivas de mercado, e, negando mercado, ela faz
mal para todo mundo”, sublinha.
Segundo Duarte, das mais de 300 sugestões feitas em audiência pública
para o Plano Decenal de Energia, a EPE não teria incorporado nenhuma.
“Será que eu sou tão burro ou eles são tão inteligentes que não
conseguem aproveitar nenhuma das 300 sugestões?”, questiona.
O parque de geração de energia a partir da biomassa já está instalado
no país há 40 anos, principalmente na região sucroenergética do
Centro-Sul. Em 2010, com aumento na demanda de etanol pós crise
financeira internacional, o setor agregou oferta de 1.750 MW em um único
ano.
“Realmente, ter previsão de crescimento de 80 MW ou 200 MW, significa
que você não está com olhar estratégico para essa fonte. É preciso
repensar a política pública. Potencial adormecido a gente tem, mas só
aproveitamos 13%”, diz Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade
da União da Indústria da Cana-de-Acúcar e Bioenergia do Brasil (Unica).
EPE diz que considerou sugestões na versão final do plano Em
resposta às críticas, a EPE enviou nota à Gazeta do Povo afirmando que
mantém frequentes reuniões e interações com o mercado bioenergético, e
que “distintas informações avaliadas e utilizadas pela EPE, inclusive as
que se refere a custos de implantação e operação de usinas de
bioeletricidade, têm como origem principal os próprios empreendedores e
são diretamente informadas por eles durante o processo de habilitação
técnica de leilões de energia elétrica”.
A empresa negou que nenhuma sugestão tenha sido recebida no plano
decenal, e assegurou ter analisado mais de 500 contribuições enviadas
por mais de 50 instituições, “muitas das quais foram consideradas para
aprimoramentos incorporados na versão final do plano”.
No mercado regulado de energia elétrica – que tem os preços
estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – o
setor sucroenergético reclama ainda da falta de remuneração diferenciada
para fontes energéticas renováveis, que emitem menos poluentes e têm
capacidade de fornecimento contínuo.
Cana-de-açúcar é a maior fonte de biomassa do país| Divulgação / Unifesp No
ano passado, o governo retirou da legislação o subsídio que era dado às
energias eólica, fotovoltaica, de biomassa e de Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs). Essas fontes pagavam apenas 50% da chamada “tarifa
do fio” que cobre custos da transmissão e distribuição da energia.
“Tiraram da lei com a promessa de, no futuro, restaurar a remuneração
pelo atributo ambiental dessas fontes. Mas esse processo ainda está
parado”, aponta Souza. Antes de findar o benefício, contudo, houve uma
corrida para aprovação de projetos, o que acabou criando um estoque de
outorgas que trazem embutido o subsídio.
Ter ou não subsídio, eis a questão Por algum tempo, no processo de
transição energética, incentivar as fontes renováveis ainda será
necessário, segundo o gerente de Bioeletricidade da Unica.
“Às vezes é uma questão de no leilão ter uma cota para compra de
biomassa de energia de PCH, por exemplo. No mercado mexicano, se paga
US$ 10 extras como atributo ambiental. Existem ‘n’ formas. É preciso
colocar os estudos no papel e transformar num mercado de carbono, que
represente valoração do atributo ambiental no setor elétrico”, completa
Souza.
Na avaliação de Claudio Ribeiro, presidente da 2W Ecobank, uma das
maiores operadoras do mercado livre de energia, já passou o tempo em que
as fontes eólica, solar e de biomassa eram caras e precisavam de
subsídios para ser competitivas.
Atualmente, o próprio mercado pede energia com estes selos
sustentáveis. “Essas energias já são competitivas por duas razões:
porque houve uma evolução tecnológica da geração renovável e porque os
consumidores cada vez mais estão indo para essas fontes, não querem
comprar de fonte convencional, porque eles têm metas de obtenção de ‘net
zero’. As pessoas estão utilizando cada vez mais a eletrificação, e
será preciso voltar a investir em geração. Não tem mais como expandir a
geração das grandes hidrelétricas, será pelas renováveis”, afirma
Ribeiro.
Dos novos investimentos em geração de energia, atualmente, 80% já são
em fontes renováveis. A própria 2W está investindo R$ 2 bilhões na
construção de duas usinas eólicas, de 139 MW no Rio Grande do Norte, e
de 261 MW no Ceará, que devem entrar em operação em janeiro e abril do
ano que vem. A meta da companhia é chegar em 2027 oferecendo no mercado 2
GW, o suficiente para atender 3 milhões de residências.
Palácio do Itamaray, em Brasília.| Foto: Wikimedia Commons
Em
todos os períodos da história existiram tiranos que sempre tinham
algumas características em comum. Uma delas é o uso da força. Outra é a
aversão a qualquer oposição ou crítica. Tiranos raramente se denominam
assim. Modernamente, eles preferem se chamar de democratas, e usam a
força para esmagar a oposição e destruir seus adversários sempre em
defesa de um tal Estado Democrático de Direito.
Claro.
Tiranos preferem uma sociedade e uma mídia subservientes. Cidadãos
rebeldes e jornalistas independentes devem ser processados até a
falência, desempregados até morrer de fome ou tratados com um soco no
peito.
Deram um soco no peito de uma jornalista, dentro do Palácio Itamaraty, na frente de magníficas autoridades brasileiras.
Até o momento em que escrevo esse artigo, ficou por isso mesmo.
Não é exagero dizer que, se isso tivesse acontecido no governo
Bolsonaro, o presidente já teria sofrido impeachment e provavelmente
estaria preso.
Não é exagero dizer que a imprensa teria explorado o caso até a
histeria, comparando o governo com os piores regimes totalitários e,
provavelmente, sugerindo seu julgamento pelo Tribunal Penal
Internacional de Haia.
Mas, como é o PT que governa, o silêncio da maior parte da grande mídia foi conivente, ensurdecedor e asqueroso.
Não é exagero dizer que, se isso tivesse acontecido no governo
Bolsonaro, o presidente já teria sofrido impeachment e provavelmente
estaria preso
Isso não torna o incidente menos grave. Uma arma apontada em nossa direção não desaparece se resolvermos ignorá-la.
Nada do que está acontecendo deveria ser surpresa para um jornalista.
Jornalistas profissionais – aqueles que investigam, pesquisam, estudam e
buscam o entendimento da realidade – tinham a obrigação de perceber a
serpente que se formava dentro do ovo transparente do amor que venceu as
eleições.
Obrigação de perceber e de alertar.
Mas um soco no peito de uma jornalista foi rapidamente esquecido
porque veio de um governo de esquerda – embora um soco raramente venha
sozinho.
A grande maioria dos profissionais de imprensa permanece cega para as tiranias esquerdistas.
É possível traçar as origens dessa estranha moléstia.
Ela começa com a imigração dos filósofos marxistas da Escola de
Frankfurt da Alemanha para os EUA, e a posterior contaminação do
pensamento acadêmico, primeiro americano e depois mundial, pela “Teoria
Crítica”, que é o uso do marxismo como único instrumento para entender,
descrever e criticar a realidade. A Escola de Frankfurt tornou-se
global, influenciando a maioria das disciplinas acadêmicas. Hoje, até em
aulas de música ou matemática os alunos são forçados a aprender sobre
“luta de classes” e convencidos da necessidade de destruir o “sistema
patriarcal” e a “herança colonialista” – termos marxistas usados para
descrever nosso patrimônio cultural: a filosofia grega, o direito romano
e a ética judaico-cristã. Tudo que é ocidental, tradicional e liberal
deve ser destruído.
O alcance dessas ideias foi amplificado com a estratégia de dominação
cultural criada pelo marxista italiano Antônio Gramsci em seus
“cadernos do cárcere”. Em vez de armas, a revolução comunista deveria
ser feita ocupando-se os espaços na cultura, ele sugeria.
Tudo isso, no Brasil, recebeu a ajuda da teoria da “panela de
pressão”, criada pelo general Golbery do Couto e Silva, que entregou a
cultura e o sistema de ensino – incluindo principalmente as escolas de
história, jornalismo e direito – à ocupação hegemônica da esquerda, como
“compensação” pela negação da atividade política.
Foi um erro colossal. A esquerda assumiu o controle dos espaços e das
ferramentas mais importantes para a formação moral e cultural das
gerações futuras.
É o preço desse erro que pagamos agora.
A grande maioria dos profissionais de imprensa permanece cega para as tiranias esquerdistas.
Ensino virou doutrinação ideológica. A maioria da mídia se uniu em um
inacreditável consórcio, formalizando uma torcida organizada da
esquerda.
Gerações de brasileiros são incapazes de articular uma visão de mundo
coerente ou de detectar as falácias e contradições do discurso
esquerdista, porque lhes faltam o vocabulário e a capacidade de
raciocinar logicamente. Milhões de jovens e adultos nunca aprenderam a
história por trás das ideias, dos conceitos morais e dos modelos
políticos que criaram e sustentam o Ocidente – e que promoveram, nos
últimos 200 anos, o maior progresso social e econômico já experimentado
pela humanidade.
Isso nunca lhes foi ensinado.
Jornalistas formados com uma dieta contaminada por marxismo
tropicalizado – hay gobierno, soy contra – e um ódio irracional pelo
sistema político-econômico que permite sua própria existência, pregam
noite e dia uma revolução que, sempre que acontece inclui, como um de
seus primeiros atos, a supressão da liberdade de imprensa e a prisão de
jornalistas.
Sempre foi assim em todos os sistemas totalitários. E nunca existiu um sistema socialista que não fosse totalitário.
Mas o jornalismo de esquerda imagina que dessa vez será diferente.
Até que vem um soco no peito, como sinal das outras coisas que virão.
Nos próximos dias, Lula terá que tomar decisões difíceis que
envolvem o agronegócio, ambientalismo e aliados políticos| Foto: André
Borges/EFE
Nos últimos dias, o presidente Lula, na solidão da praia baiana, lá
na base naval de Aratu, deve ter pensado muito sobre os seus dilemas,
que ele tem evitado voando para o exterior – agora, depois do dia 20,
vai para Paris.
Quais são os dilemas? Ele tem que tomar uma decisão: ele não gosta do
agro? O agro é fascista? O agro é contra ele? Ele adora a Marina e o
Ibama? E o ambientalismo? Vai ter que tomar decisões, porque as pessoas
ficam esperando. O que vai acontecer?
O agro hoje, que tem 300 deputados federais entre os 513, já é uma
pesada maioria em praticamente todos os partidos. E por outro lado, Lula
tem seus amores pelo MST e está meio em rusga com a Marina e com o
Ibama. Afinal sai uma ferrovia para escoar grãos, e “ah, mas tem um
parque ali, a ferrovia não pode…”. E pode explorar petróleo na foz do
Amazonas antes que o petróleo perca todo o valor? Vamos deixar essa
riqueza no solo? Ele vai ter que tomar uma decisão. É difícil, mas vai
ter que tomar uma decisão.
A estranha decisão do STF, que anulou apreensão de 695 quilos de cocaína E
outra decisão muito estranha – eu não comentei aqui ainda – foi a
anulação, pelo Supremo, da apreensão de 695 quilos de cocaína num
armazém no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, porque não houve mandado
de busca e apreensão. A polícia recebeu uma denúncia anônima, havia
indícios fortes do cometimento do crime, e estava lá a prova do crime. A
Polícia Civil foi a primeira a entrar, mas a Polícia Federal foi
chamada, porque era competência dela. E tudo foi anulado.
Mas aí eu comparo com o que fizeram com o celular do ex-ajudante de
ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Sid: apreenderam o aparelho para
ver a história do cartão de vacina, mas na verdade foi para bisbilhotar
as mensagens dele. Também a busca e apreensão não está aí para fazer
bisbilhotagem e quebrar todo o sigilo que é garantido pela Constituição.
E aí começa: “Ah, parece que nas mensagens fala em golpe e tal”. É um
negócio assim, o terreno da fofoca.
STF contrariou novamente entendimento do TRE, desta vez para mudar substituto de Deltan
Outra coisa estranha é que mais uma vez o Tribunal Regional Eleitoral
do Paraná (TRE-PR) é contrariado por Brasília, pelo Judiciário de
Brasília. Primeiro o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contrariou
cassando o Deltan Dallagnol, após o TRE do Paraná considerar o registro
dele pleno e legal. Mas depois acharam que sua candidatura era para
fugir da possibilidade de, no futuro, ele responder por uma ação
disciplinar.
E agora a escolha do suplente: O TRE-PR disse que suplente do Deltan
deveria ser o pastor Itamar Paim, do PL, que é bolsonarista e teve 47
mil votos nas eleições do ano passado. Mas o Supremo diz que é o Luiz
Carlos Hauly, que somou 11 mil votos. Ele é do mesmo partido do Deltan
Dallagnol – já foi sete vezes deputado federal. Enfim, são coisas que o
leigo não consegue entender, né? É meio difícil para o leigo entender.
Djokovic tricampeão e as vacinas Por fim, queria mencionar aqui a
vitória do Novak Djokovic no Roland Garros. Tricampeão! Ele, que está
com quase 100 títulos e mais de mil vitórias, esfrega na cara dos
australianos – que, numa atitude obscurantista, como lembra o deputado
Osmar Terra (MDB-RS), chegaram a impedi-lo de competir porque não tinha
cartão de vacina, e sim um certificado atestando que já havia tido
Covid-19 e, portanto, estava com a defesa natural em dia, em ordem, e
não tinha como pegar a doença de novo, nem passar para os outros.
Pois é. Essas coisas todas acabaram prejudicando, aqui no Brasil, a
necessidade de as pessoas tomarem as vacinas normais, já aprovadas,
testadas, que não são experimentais. Essa rotina de vacinas, inclusive
para as crianças, está sendo prejudicada, infelizmente, pelo que sobrou
da experimental. É uma pena isso.
O presidente Lula e ministros em balanço dos 100 primeiros dias
de mandato, em abril: governo se limita a relançar ideias velhas e não
inova na área social, dizem especialistas.| Foto: Fabio
Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se limitado a
relançar velhas ideias na área social. Especialistas defendem, no
entanto, que é preciso repaginar as iniciativas destinadas à população
de baixa renda.
“Com toda a inovação que o mundo está passando, precisamos trazer
nossas políticas sociais para o século 21”, diz o diretor-executivo do
Instituto Millenium, Diogo Costa.
O diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas
(FGV Social), Marcelo Neri, avalia que não adianta reapresentar velhas
ideias; é preciso reformulá-las para atender às novas demandas. “A
solução padrão tem sido dada. Parece que estamos voltando ao antigo
normal”, diz.
Para ele, falta o atual governo precisa fazer uma autocrítica em
relação às versões anteriores dos programas e conferir acertos e erros.
“É necessário pensar em alternativas 2.0 às atuais.”
O executivo do Millenium aponta que, de um lado, o governo deveria
reformar a rede de proteção social brasileira, simplificando e dando
maior autonomia à população de baixa renda, como o Bolsa Família e o
ProUni faziam. De outro lado, é fundamental remover gargalos na oferta
de bens e serviços, como habitação, saúde e educação.
“A remoção de gargalos regulatórios e a ampliação da oferta de
serviços e moradias e serviços podem tornar esses setores mais
produtivos e reduzir os custos para a população. A introdução de
instrumentos de competitividade, tecnologias e práticas inovadoras, como
inteligência artificial, pode suprir a carência de mão de obra e
melhorar a eficiência do atendimento”, diz Costa.
Soluções de baixo custo podem ser uma importante fonte para ajudar na
tentativa de buscar respostas aos problemas na saúde, educação e
habitação. O momento é favorável, comenta o especialista da FGV.
“A pandemia nos obrigou a inovar mais. Houve uma digitalização
forçada da sociedade. Resta saber se não estamos em uma onda de saltos
de digitalização. Temos muito a aprender em relação às agendas digitais,
como, por exemplo, a telemedicina e o ensino híbrido”, diz Neri.
Mas de nada adianta pensar em novas estratégias se não há recursos
disponíveis no Orçamento. Segundo o diretor do FGV Social, para 2023, as
verbas estão garantidas. As fontes foram estabelecidas pela PEC
Fura-teto, também conhecida como PEC da transição.
A grande questão é encontrar fontes de recursos para financiar esses
programas sociais nos próximos anos. “Falta sustentabilidade para
garantir resultados futuros”, diz Neri.
A situação das contas públicas está longe de ser confortável. A
expectativa mediana dos economistas consultados pelo Banco Central é de
déficit primário equivalente a 1% do PIB neste ano. E, apesar de o
arcabouço fiscal elaborado pelo governo projetar resultado neutro em
2024 e superávits nos anos seguintes, as projeções do mercado supõem
rombos até 2026 – ou seja, durante todo o governo Lula.
O especialista da FGV Social acredita que, apesar deste cenário
adverso das contas públicas, existe uma vontade política para encontrar
soluções para as questões sociais.
VEJA TAMBÉM: Obsessão por curto prazo, volta ao passado e “fogo amigo” do PT marcam início de Lula 3 Os dois lados da economia brasileira: agro brilha, consumo e investimento empacam Fábrica da Jeep visitada por Lula tem incentivo fiscal de R$ 34 mil por emprego, diz TCU
Saúde enfrenta falta de profissionais no Norte e no Nordeste Um
dos problemas enfrentados por sucessivas gestões é a demora no
atendimento e a insuficiência de profissionais, especialmente em lugares
mais remotos do Norte e Nordeste. Mesmo com a oferta de salários mais
elevados, é difícil preencher essas vagas.
“Temos uma média de médicos por habitante que não é distante de
economias mais avançadas”, diz Neri. Um estudo feita pela Associação
Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FM-USP) aponta que em janeiro de 2023 eram
2,6 médicos por grupo de mil habitantes.
Apesar de ser uma taxa inferior à média dos países da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que reúne
as principais economias desenvolvidas, que é de 3,36 por mil
habitantes, o Brasil apresenta uma densidade próxima à de países como
Japão (2,6), Coreia do Sul (2,51), Estados Unidos (2,64) e Canadá
(2,77).
A taxa de médicos dobrou no Brasil desde 2000. Segundo o estudo da
AMB e da FM-USP, a população médica ativa tem aumentado em consequência
da abertura de novas vagas de graduação. “Mas a entrada de médicos
estrangeiros, o prolongamento do tempo de atividade e o adiamento da
aposentadoria também são fatores a serem considerados”, destaca o
levantamento.
Os autores da pesquisa entretanto, destacam que o indicador possui
limitações, pois não expressa a heterogeneidade da distribuição de
médicos no território nacional. Norte (1,45 médico a cada mil
habitantes) e Nordeste (1,93) têm médicos abaixo da média nacional, O
Sudeste tem o melhor desempenho entre as regiões, com 3,39 médicos para
mil habitantes.
Uma das alternativas apontadas por Neri para tentar minimizar o
problema é o de reforçar a capilaridade de programas já existentes como o
Sistema Único de Saúde e o de vacinação. “O Brasil já possui uma boa
estrutura para atendimento. E conta com o trunfo de o direito à saúde
estar previsto na Constituição.”
Outro desafio para o Brasil, segundo Neri, é o de resgatar a
cobertura vacinal. “É algo que se perdeu muito na pandemia e que pode
ser corrigido no curto prazo. Basta lembrar o que se fazia antes”,
afirma.
Costa, do Instituto Millenium, aponta que a flexibilização do
licenciamento profissional como uma das alternativas para ampliar a
oferta de profissionais. Um dos caminhos, segundo ele, seria o de usar
um modelo usado em países desenvolvidos, como o Reino Unido e os Estados
Unidos, que é o de enfermeiros de prática avançada.
“Nele, os enfermeiros podem realizar alguns testes e exames e até,
eventualmente, prescrever medicamentos. Hoje, no Brasil, estas funções
são exclusivas de médicos. Então, poderíamos aumentar a produtividade e
reduzir os custos no setor de saúde se adotássemos um modelo semelhante
ao destes países”, afirma.
Investimentos em telemedicina e parcerias com organizações privadas
também podem ampliar a disponibilidade de profissionais em áreas
remotas, destaca Costa.
Outro obstáculo ao acesso à saúde, segundo ele, é o custo dos planos
privados. No período de 12 meses até maio, eles tiveram reajuste médio
de 17,5%, enquanto a inflação geral variou 3,9%, conforme a medição do
IPCA.
“A insegurança jurídica gerada por decisões intervencionistas, embora
possa beneficiar casos específicos, prejudica a sociedade em geral.
Planos de saúde mais acessíveis poderiam aliviar a demanda no SUS”,
conta Costa.
Ele aponta que decisões políticas têm caminhado na direção de
dificultar o acesso da população de mais baixa renda à saúde. Um dos
exemplos mais recentes nesse sentido é a aprovação do piso salarial da
enfermagem.
“Apesar da nobre intenção de valorizar esses profissionais
essenciais, acaba gerando demissões e reduções nas equipes, devido à
inviabilidade causada pelo aumento nos custos”, enfatiza o
diretor-executivo do Instituto Millenium.
Costa acredita que, mesmo diante de um governo que tem como uma das
principais características a maior presença do Estado na economia, é
possível aumentar a assistência pública sem aumentar o setor estatal.
Para isso, diz, é necessário promover maior abertura na área de saúde
e reduzir as barreiras à entrada de novos prestadores de serviços por
meio de programas de parcerias com outros setores da sociedade.
“Isso inclui incentivar a inovação, a concorrência e a cooperação
entre os setores público e privado, buscando aumentar a eficiência, a
qualidade e a acessibilidade dos serviços de saúde”, afirma.
Educação: reforma do ensino médio ameaçada Outro ponto de atenção
destacado pelos especialistas é a questão educacional. O Brasil é um dos
países que mais tem investimento público em educação: ele foi de
aproximadamente 5% do PIB em 2018, última informação disponível na base
de dados da OCDE, índice próximo ao de países como Israel e Dinamarca.
Quatro quintos do valor foram aplicados nos ensinos fundamental e médio.
O problema é que esse investimento não está se refletindo em
qualidade, apontam dados do Programa para a Avaliação Internacional de
Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). Os últimos disponíveis, para
2018, mostram que o Brasil tem o segundo pior desempenho entre as 20
maiores economias (G20) em matemática, ciências e leitura, à frente
apenas da Indonésia.
O especialista da FGV Social aponta que um dos caminhos para a
educação brasileira é avançar em medidas que já foram formuladas e
começaram a ser implantadas, como é o caso da reforma do ensino médio,
na qual adolescentes e jovens optam por trilhas de aprendizagem.
Mas, a implantação do novo ensino médio foi suspensa por 60 dias, por
meio de portaria do Ministério da Educação, no início de abril. A
suspensão atende à pressão de sindicatos de educação e movimentos de
estudantes que pedem mudanças na proposta aprovada no Congresso em 2017,
no governo Temer.
O presidente Lula disse em março, antes da suspensão, que o governo
quer modificar os termos da reforma. Entre as mudanças em implantação
estão o aumento na quantidade de aulas e a introdução dos itinerários
formativos.
Diogo Costa, do Millenium, diz que é preciso ir além de políticas
mais consensuais na sociedade, como avaliação e formação de professores.
“Devemos oferecer aos nossos gestores um amplo portfólio de inovações
em modelos de gestão”, cita o diretor.
Ele destaca que o mais importante é garantir o alinhamento de
incentivos entre gestores públicos, alunos e famílias, bem como
capacitar os gestores para administrar efetivamente as unidades de
ensino, podendo ter mais autonomia para contratar, demitir, realizar
mudanças na infraestrutura e ser responsabilizado por decisões tomadas.
É preciso também, segundo a avaliação de Costa, possibilitar que os
gestores públicos experimentem diferentes abordagens e identifiquem as
mais adequadas às necessidades locais.
Uma das referências vem do setor da saúde, como a participação de
organizações sociais. Para isso, o gestor público pode se valer de um
arcabouço legal já existente, como é o caso das Leis 9.637 (Programa
Nacional de Publicização), 13.019 (parcerias com organizações da
sociedade civil) e a nova Lei das Licitações.
Uma das estratégias defendidas pelo Instituto Millenium é o
oferecimento de vagas com mensalidades mais baixas. A entidade não
acredita que a lucratividade das instituições de ensino seja afetada,
uma vez que muitas escolas particulares já oferecem mensalidades mais
baixas do que o custo por aluno no ensino público.
“Possíveis ganhos de escala, especialmente com a adoção de novas
tecnologias, poderiam diminuir ainda mais o custo de uma vaga escolar
para o setor público”, afirma.
Costa avalia que este modelo pode ser implementado, mediante a
possibilidade de que as famílias escolham, dentro de um leque de opções,
a escola de sua preferência em vez de serem direcionadas por um órgão
central. “Essa abordagem criaria incentivos para que as escolas
competissem pelos alunos no mercado.”
O diretor do FGV Social, entretanto, não vê espaços para novas
experimentações ao longo do governo Lula. “Práticas como, por exemplo, a
implantação de um sistema de vouchers não são bem-vindas [pelo
governo]”, afirma Neri.
Habitação enfrenta desafio de falta de moradias Um grande desafio
para os governos federal, estaduais e municipais é o déficit
habitacional. O último estudo realizado pela Fundação João Pinheiro,
órgão ligado ao governo de Minas Gerais, sinalizava para a falta de 5,8
milhões de moradias no país em 2019. A situação pode ter piorado depois
da pandemia.
O caminho escolhido pelo governo federal passa pela reedição do
programa Minha Casa, Minha Vida, programa criado em 2009 no segundo
mandato do governo Lula, para facilitar a aquisição de moradias
populares por meio de subsídios e taxa de juro abaixo do mercado.
Costa, do Millenium, avalia que o caminho para buscar soluções para o
problema do déficit habitacional vai além desse programa. Segundo ele, é
crucial adotar políticas públicas e estratégias eficientes que aumentem
a oferta de moradias.
Uma delas seria reduzir burocracia e entraves regulatórios na
construção civil, mediante a facilitação da obtenção de licenças na
construção, o que baixaria o custo total dos projetos. Isso pode ser
alcançado por meio da coordenação entre os governos federal, estadual e
municipal.
Outra sugestão é promover a regularização fundiária e adotar
políticas de aluguel social, oferecendo auxílio financeiro para pessoas
em situação de vulnerabilidade social e econômica, permitindo que elas
possam pagar pelo aluguel de moradias adequadas.
Para Costa, essas iniciativas ajudariam a proporcionar moradia digna
para as famílias mais carentes, estimularia o mercado imobiliário e
contribuiria para a redução do déficit habitacional sem a segregação
social causada por programas de habitação tradicionais.
Mais de dois milhões de hectares de mata nativa foram destruídos no ano passado, mostra levantamento do MapBiomas
Por Roberta Jansen
O desmatamento no
Brasil cresceu 22,3% no ano passado em relação a 2021, superando 2
milhões de hectares destruídos em apenas 12 meses. Isso significa dizer
que, no ano passado, 21 árvores foram derrubadas a cada segundo somente
na Amazônia.
Os dados estão no mais recente Relatório Anual de Desmatamento (RAD2022), divulgado nesta segunda-feira, 12, pelo MapBiomas,
iniciativa do Observatório do Clima conduzida por uma rede de
universidades, ONGs e empresas de tecnologia. Quilombos e terras
indígenas seguem sendo as áreas mais bem preservadas do Brasil.
O primeiro RAD foi divulgado em 2019. Nesses quatro anos foram
reportados mais de 300 mil eventos de desmatamento, totalizando 6,6
milhões de hectares destruídos, o equivalente a uma vez e meia a área de
todo o Estado do Rio de Janeiro. No último relatório, referente aos
eventos do ano passado, foram registrados 76.193 alertas de desmatamento
em todos os biomas. A área devastada no ano passado é a maior desde que
o levantamento começou a ser feito.
O material revela que 90,1% de toda a área desmatada no ano passado no Brasil está concentrada em apenas dois biomas: Amazônia e Cerrado. Com exceção da Mata Atlântica, foram registrados aumentos no desmatamento todos os demais biomas.
“O desmatamento cresceu em todos os biomas, menos na Mata Atlântica,
onde permanece estável”, resumiu o coordenador geral do MapBiomas, Tasso
Azevedo. “O tamanho das áreas desmatadas também está maior, em média,
do que era nos anos anteriores, indicando um investimento maior no
desmatamento. Pode ser também um indicativo de que se esperava uma
impunidade maior, porque quanto maior a área, mais fácil de enxergá-la. O
desmatamento também cresceu muito ao longo das estradas BR-319 (Manaus-Porto Velho) e BR-163 (que liga o Rio Grande do Sul ao Pará).”
O levantamento mostra também uma aceleração no ritmo da destruição da
floresta. Foram desmatados 234,8 hectares por hora, 5.636 hectares por
dia, um incremento de 24,3% em relação ao ano anterior. O dia com maior
área desmatada no ano passado foi 25 de julho, com 6.945 hectares
retirados. Isso equivale a 804 metros quadrados por segundo. Ou seja, em
apenas 24 horas, foi desmatada uma área equivalente a 8.400 campos de
futebol.
Comunidades remanescentes de quilombos e terras indígenas permanecem
como os territórios mais preservados do Brasil. Desmatamentos nestas
terras representam 1,4% da área total desmatada no Brasil em 2022.
“As áreas indígenas e quilombolas são as mais protegidas do
desmatamento”, afirmou Azevedo. “Mesmo assim, tivemos um desmatamento
importante na terra indígena de Apitereua, em São Félix do Xingu, no
Pará, uma área em disputa, onde foram desmatados quase dez mil hectares.
Não pelos indígenas, mas pelos invasores.”
Agropecuária é principal vetor do desmatamento
O principal vetor do desmatamento no País segue sendo a agropecuária, que respondeu por 1,9 milhão de hectares, 95,7% de toda a área desmatada no ano passado. Para efeito de comparação, o garimpo foi responsável pelo desmatamento de 5.965 hectares.
O relatório conclui que praticamente não existe desmatamento legal no
Brasil. De acordo com os dados, 99% da área desmatada no País apresenta
indícios de atividades ilegais. E a impunidade predomina.
“As áreas de garimpo são pequenas quando comparadas às da
agropecuária, mas o problema é que o impacto local do garimpo é muito
maior, com a contaminação das águas e doenças”, explicou Azevedo. “Ainda
assim, também registramos uma área importante de desmatamento por
garimpo de quase 6 mil hectares.”
“Chamou atenção também 1.087 hectares desmatados para empreendimentos
eólicos e, ainda mais gritante, 3.203 hectares desmatados para
instalação de usinas fotovoltaicas, para gerar energia solar”, ressaltou
Azevedo. “Não importa se esses empreendimentos são legalizados ou não,
mas é no mínimo absurdo, num País como o Brasil, desmatar para gerar
energia solar.”
Outro dado importante levantado pelo trabalho é diz respeito às áreas
desmatadas. Pelo menos 84% delas estão oficialmente cadastradas.
“Isso significa que é possível indicar pelo menos um responsável”,
disse Azevedo. “Outro ponto é que essas áreas correspondem a 76 mil
propriedades rurais cadastradas, o que equivale a 1,1% dos imóveis
rurais do Brasil. Ou seja, 99% das propriedades não fizeram nenhum
desmatamento no ano passado. Era de se esperar que essa grande maioria
fizesse pressão sobre a minoria que está fazendo o estrago.”
O relatório analisou as ações realizadas pelos órgãos de controle
ambiental para conter o desmatamento ilegal e concluiu que as ações de
autuação e embargo realizadas pelo Ibama e pelo ICMBio até
maio de 2023 alcançaram apenas 2,4% dos alertas de desmatamento e 10,2%
da área desmatada identificada desde 2019 até o ano passado.
Quando considerados apenas os 59 municípios definidos como prioritários pelo Ministério do Meio Ambiente para
o combate ao desmatamento da Amazônia, o índice é um pouco melhor: 4,1%
do total de alertas e 17,7% da área desmatada. Quando se somam os
esforços estaduais, a área chega a 35,5% do total. O Espírito Santo é o
destaque positivo. As autoridades estaduais responderam a todos os
alertas de desmatamento no ano passado.
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente informou que não vai se pronunciar sobre o novo relatório.
Neste artigo, Daniele Avelino, LinkedIn Top Voice e Creator, expert
em inclusão e diversidade, palestrante, mentora e colunista da StartSe,
analisa o futuro do recrutamento no Brasil. Confira!
Decisões de remuneração, inclusão e mais: qual é o futuro do recrutamento no Brasil
O mundo do recrutamento está passando por transformações
significativas, e o Brasil não é exceção. Com o avanço da tecnologia e a
mudança nas expectativas dos candidatos, os profissionais de
recrutamento estão desempenhando um papel cada vez mais crucial na
atração e retenção de talentos.
Na coluna de hoje, exploraremos o futuro do recrutamento no Brasil,
com base no artigo “Futuro do Recrutamento no Brasil” liderado pelo
LinkedIn, em que aborda a importância crescente do recrutamento, a
influência dos profissionais nessa área sobre as decisões de remuneração
e o impacto na marca empregadora.
O recrutamento é um dos processos fundamentais para qualquer
organização que busca crescimento e sucesso. Atrair e reter os talentos
certos é crucial para construir equipes de alto desempenho e impulsionar
a inovação. No entanto, no futuro, o recrutamento não se limitará
apenas à identificação de habilidades e experiências relevantes.
Decisões de remuneração
À medida que o mercado de trabalho se torna mais competitivo, a
remuneração desempenha um papel cada vez mais importante na atração e
retenção de talentos. Nesse contexto, os profissionais de recrutamento
terão um papel decisivo na definição das estratégias de remuneração das
organizações. Eles estarão envolvidos não apenas na definição dos
pacotes salariais, mas também na análise de tendências salariais,
benchmarking com o mercado e na compreensão das expectativas dos
candidatos em relação à remuneração.
Além disso, com a crescente ênfase na equidade salarial e
transparência, os recrutadores terão a responsabilidade de garantir que
as políticas de remuneração sejam justas e alinhadas com os valores da
organização. Isso requer uma compreensão profunda das práticas salariais
e uma habilidade para negociar com candidatos qualificados.
Prioridades dos candidatos e impacto na marca empregadora
À medida que os candidatos se tornam mais seletivos em relação às
oportunidades de emprego, é importante destacar que a Geração Z está
trazendo novas prioridades para o cenário do recrutamento. Essa geração,
composta por indivíduos nascidos entre meados da década de 1990 e
meados da década de 2010, está mostrando um forte interesse no
desenvolvimento pessoal e profissional, bem como na diversidade e
inclusão no local de trabalho.
Para os candidatos da Geração Z, ter oportunidades de aprendizado e
crescimento contínuos é fundamental. Eles valorizam a possibilidade de
adquirir novas habilidades, participar de treinamentos e programas de
mentoria, e ter uma trajetória clara de desenvolvimento na empresa. Os
profissionais de recrutamento devem destacar essas oportunidades de
desenvolvimento durante o processo seletivo, mostrando como a
organização investe no crescimento de seus colaboradores.
Além disso, a Geração Z é conhecida por valorizar a diversidade e a
inclusão. Eles buscam trabalhar em ambientes que acolhem e respeitam a
diversidade de experiências, origens étnicas, identidades de gênero,
orientações sexuais e habilidades. Os candidatos desejam se juntar a
empresas que promovem a igualdade de oportunidades e criam um ambiente
inclusivo onde todos se sintam valorizados e respeitados. Os
profissionais de recrutamento devem ressaltar as políticas de
diversidade e inclusão da organização, bem como as iniciativas para
criar um ambiente de trabalho acolhedor para todos os colaboradores.
Ao atender às prioridades de desenvolvimento e diversidade da Geração
Z, os profissionais de recrutamento podem construir uma marca
empregadora forte e atraente para essa parcela do talento emergente. Ao
comunicar e demonstrar o compromisso da empresa com o desenvolvimento
pessoal, profissional e a promoção de um ambiente inclusivo, as
organizações serão capazes de atrair e reter os candidatos mais
qualificados e alinhados com seus valores.
À medida que o recrutamento no Brasil evolui, os líderes desempenham
um papel fundamental na construção de uma cultura organizacional
inclusiva. Eles têm a responsabilidade de liderar equipes
diversificadas, que podem trazer diferentes perspectivas e experiências
para a organização. A valorização da diversidade e inclusão deve começar
no topo, com os líderes estando atentos e sendo mais inclusivos em suas
abordagens.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais os líderes podem promover a inclusão no recrutamento:
Como podemos tornar o processo de recrutamento mais inclusivo?
1. Definindo diretrizes claras: líderes devem
estabelecer diretrizes claras e políticas de recrutamento que promovam a
diversidade e a inclusão. Isso pode incluir a adoção de práticas de
recrutamento sem viés, a garantia de que os comitês de seleção sejam
diversos e a promoção de uma cultura de abertura e respeito durante todo
o processo seletivo.
2. Fomentando uma cultura inclusiva: líderes devem
criar uma cultura organizacional inclusiva, onde todos os membros da
equipe se sintam valorizados e respeitados. Isso envolve estabelecer
canais de comunicação abertos, incentivar a colaboração e a troca de
ideias, e garantir que as vozes de todos sejam ouvidas.
3. Promovendo o desenvolvimento da equipe: líderes
devem investir no desenvolvimento de suas equipes, oferecendo
oportunidades de aprendizado e crescimento para todos os colaboradores.
Isso inclui identificar talentos internos e criar programas de mentoria e
treinamento que ajudem a promover a diversidade e a equidade.
4. Sendo exemplo de comportamento inclusivo: líderes
devem ser modelos de comportamento inclusivo. Eles devem demonstrar
respeito, empatia e abertura para diferentes perspectivas. Isso cria um
ambiente onde os colaboradores se sentem à vontade para expressar suas
ideias e contribuições.
Ao serem líderes atentos e inclusivos, os gestores desempenham um
papel fundamental na construção de equipes diversificadas e na promoção
de uma cultura organizacional inclusiva. Isso não apenas atrai talentos
diversos, mas também leva a um ambiente de trabalho mais produtivo e
inovador.
Todas as informações acima foram extraídas do artigo o Futuro do
Recrutamento no Brasil liderado pelo LinkedIn, o texto traz o resumo do
que foi lido do material e com base na minha opinião a respeito o tema.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
“Vingança privada” de inimigos da Lava Jato usa estrutura estatal e está longe do fim Por Sílvio Ribas – Gazeta do Povo Brasília
O ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) é visto como a
próxima vítima da perseguição contra a Lava Jato, depois da cassação do
deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol.| Foto: Marcelo
Camargo/Agência Brasil
A confirmação da cassação do deputado
Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pela Câmara na última terça-feira (6)
marcou o início da derradeira fase de desmonte da Lava Jato. A lista das
próximas investidas contra a operação e seus protagonistas inclui
pedidos de cassação do ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil-PR),
depoimento no Congresso de um dos maiores rivais dele e de Dallagnol e
até a tentativa de abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI)
para investigá-los.
VEJA TAMBÉM: Três questões para Deus nesse momento de perseguição A Câmara dos Deputados e a submissão ao Judiciário Lula indica Zanin para o STF; saiba quem é o advogado e as chances de ser aprovado no Senado
“O sistema trabalha não para combater a corrupção. O foco do
sistema é: vingança contra quem ousou colocar na cadeia políticos
corruptos. Foi assim na Itália e é assim no Brasil”, afirmou Dallagnol
em suas redes sociais na quinta-feira (8), referindo-se ao desfecho
similar da operação Mãos Limpas no país europeu.
Naquele mesmo dia, o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato tinha
sofrido mais um revés: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) resgatou uma
condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) contra Deltan, do ano
passado, exigindo que ele ressarcisse os cofres públicos em R$ 2,8
milhões que foram pagos pelo Ministério Público em diárias e passagens
áreas concedidas a procuradores que integravam a força-tarefa da Lava
Jato.
O acórdão do TCU sobre o caso havia sido anulado pela Justiça do
Paraná, sob o argumento de que Dallagnol não recebeu nenhum valor e
também não era responsável pela liberação da verba. Contudo, a Advocacia
Geral da União (AGU) pediu a anulação da sentença favorável ao então
deputado, o que foi acatado pelo STJ por 6 votos contra 5.
Ainda na mesma semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Dias Toffoli concedeu habeas corpus para o advogado Tacla Duran, inimigo
da Lava Jato, participar de uma audiência na Câmara, convocada por
deputados de esquerda. Tacla Duran, que hoje vive na Espanha, acusou
Moro e Dallagnol de perseguição e extorsão, mas nunca apresentou provas
que comprovassem suas alegações.
Moro havia solicitado a prisão de Tacla Duran em 2016, acusando-o de
ser operador da Odebrecht. O caso voltou à tona neste ano, quando o
então juiz da Lava Jato, Eduardo Fernando Appio – atualmente afastado da
13ª Vara de Curitiba – revogou o pedido de prisão de Duran.
Posteriormente, a ordem de prisão foi restabelecida pelo desembargador
Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Com
o habeas corpus, Toffoli garantiu que o advogado não seja preso ao vir
ao Brasil para participar da audiência na Câmara.
O ministro do STF determinou ainda a suspensão dos processos
envolvendo o empresário e ex-deputado paranaense Tony Garcia na 13ª Vara
Federal de Curitiba e no TRF4, depois que ele acusou o senador Sergio
Moro de usá-lo como “agente infiltrado” para “perseguir o PT”. Garcia
havia firmado um acordo de delação premiada em 2004, celebrado por Moro,
mas que foi suspenso em 2022, a pedido do Ministério Público. O caso
chegou ao STF depois que o juiz Eduardo Appio – atualmente afastado da
13ª Vara de Curitiba por suspeita de ter ameaçado o filho de um
desembargador do TRF4 – submeteu as denúncias contra Moro à Suprema
Corte. O senador reagiu às acusações de Garcia, afirmando que seus
relatos são mentirosos e sem amparo em provas.
Enquanto o cerco se fecha contra a Lava Jato, a imagem simbólica do
atual momento de hostilidades foi a celebração da cassação de Dallagnol
pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ao lado do
ex-ministro José Dirceu em Paris, fazendo o gesto do “L”, em referência
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em entrevista
concedida em março revelou a sua obsessão por “ferrar” Sérgio Moro desde
quando estava preso. Kakay disse que a operação não acabou e defendeu
que o ex-procurador federal Dallagnol e o ex-juiz Moro sejam
responsabilizados criminalmente.
Na opinião da constitucionalista Vera Chemim, os reveses sofridos no
combate à corrupção são equivalentes à aplicação da “vingança privada”
dos tempos primitivos, com a diferença de usar a estrutura estatal,
incluindo os poderes públicos, para concretizá-la.
Para consagrar o clima de revanche, na quarta-feira (7), o mesmo
ministro Toffoli negou o pedido da defesa de Dallagnol para suspender
decisão do TSE que anulou seu registro de candidatura e determinou que
Luiz Carlos Hauly (Podemos) seja empossado no lugar.
Moro defende mandato contra ataques vindos de várias frentes
Um dia após o TSE indeferir a candidatura e cassar o mandato de
Dallagnol na Câmara, o senador Sérgio Moro teve conversa reservada em
Brasília com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do tribunal.
Moro enfrenta diversas frentes contra ele nos Três Poderes, que podem
resultar na cassação do seu mandato no Senado. A principal é uma ação
em andamento no TSE, movida pelo PL. Além disso, há pedido de instalação
de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Lava
Jato, proposta no fim de março pelo deputado Washington Quaquá (PT-RJ).
Caso a Justiça Eleitoral não imponha ao senador mesmo destino de
Dallagnol, deputados governistas investirão no colegiado para cassá-lo.
Há rumores também de que senadores e juristas ligados a Lula cogitam
solicitar a cassação do ex-juiz no Conselho de Ética do Senado.
Quaquá, que é vice-presidente nacional do PT, argumentou ser
necessário investigar supostos “crimes” cometidos pelo ex-juiz Sergio
Moro, alegando que ele adotou métodos ilegais e criminosos na operação,
além de a ter utilizado com fins políticos, causando danos à democracia,
à economia e às instituições.
“Dallagnol já foi tarde. E como criminoso tentou se esconder na
Câmara, contrariando a lei. Foi cassado e bem cassado”, comemorou
Quaquá, em entrevista ao portal Metrópoles. “Estou reunindo assinaturas
para a CPI, que terá como alvos Rosângela (Moro), Dallagnol e Moro.
Moro, agora só falta você”, acrescentou.
No requerimento de CPI, Quaquá também solicita a inclusão do juiz
Marcelo Bretas, que comandou a Lava Jato no Rio de Janeiro, como alvo da
investigação. Bretas já está enfrentando processo disciplinar no
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) relacionado aos seus despachos na
operação tendo sido afastado das suas funções em março, em uma sessão
secreta do CNJ. Para que a CPI seja aberta, o requerimento precisa obter
171 assinaturas de apoio e a autorização do presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL).
Mas nem só a esquerda está comemorando os reveses dos protagonistas
da Lava Jato. Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, partido do
ex-presidente Jair Bolsonaro, expressou seu apoio à cassação de Deltan
Dallagnol, e ainda defendeu sanções contra Sergio Moro na Justiça
Eleitoral.
Na segunda-feira (5), ele afirmou: “Eles (Dallagnol e Moro)
ultrapassaram os limites da lei e vão pagar caro”. Ele acrescentou ser
sua obrigação como presidente do partido defender Paulo Martins (PL),
segundo colocado na eleição para senador no Paraná, vencida por Moro.
Ele acredita que o senador poderá ter problemas na Justiça Eleitoral em
razão de ter gastado com campanha para presidente da República antes das
convenções partidárias. O PL é autor desta ação contra Moro.
De acordo com Eduardo Galvão, coordenador do MBA em Políticas
Públicas e Relações Institucionais do Ibmec-DF, a Lava Jato cumpriu
papel importante num momento histórico, em que o combate à corrupção era
prioridade na agenda política da sociedade. “No entanto, a questão
perdeu relevância diante de outras emergências que surgiram, como a
pandemia e a inflação, que se tornaram as principais preocupações”,
disse. Conluio de poderes conseguiu extinguir a Lava Jato, diz jurista Para
juristas consultados pela Gazeta do Povo, o capítulo atual de ataques
sofridos pela Lava Jato consagra o avanço da desforra dos condenados
pela operação.
Vera Chemim, advogada especialista em direito constitucional e mestre
em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV),
acredita que “o sistema conseguiu acabar com a Lava Jato, numa espécie
de conluio entre os Poderes”, num esforço coletivo para resgatar o
status quo de políticos envolvidos em crimes contra a Administração
Pública.
Segundo ela, desde 2019 se previa a combinação de elementos nada
convencionais para fechar o ciclo em que se tentou, inutilmente,
oxigenar a administração pública. Ela teme, contudo que “os tentáculos
da velha e antiga política estejam renascendo ainda mais fortes, a ponto
de extirparem qualquer manifestação contrária à sua existência”.
Na atual conjuntura, ela destaca, logo após a ascensão do governo
Lula, uma série de providências para eliminar o deputado Dallagnol na
cena política, que deverão ser seguidas de outras tendo Moro como alvo.
“O sistema ainda não contente pretende reunir todas as forças para
tentar condenar penalmente os ex-protagonistas da Lava Jato, assim como
tem anulado todos os processos decorrentes da operação, por meio de
precedentes jurisprudenciais recentes do STF. “Tais pressupostos em
conjunto com a polarização política nos permitem afirmar a Lava Jato já
acabou”, disse.
Vera disse ainda que o país assiste à aplicação da “vingança privada”
dos tempos primitivos, com a diferença de usar a estrutura estatal para
concretizá-la. Paralelamente, observa-se a aplicação de um “direito
penal do inimigo”, no qual o sistema transforma heróis em vilões,
dando-lhes tratamento “especial” em relação aos demais cidadãos,
relativizando ou mesmo eliminando direitos e garantias fundamentais.
Assim, protagonistas e coadjuvantes da Lava Jato não estão protegidos
pela Constituição, ao contrário de atores que “estavam envolvidos em
atividades ilícitas e que agora integram a estrutura administrativa e
política do Estado”.
O jurista Fabricio Rebelo, por sua vez, lembrou que a operação Lava
Jato adquiriu contornos políticos que agora são determinantes para a
perseguição sofrida por Moro e Dallagnol. “Infelizmente, parece mesmo
que a Lava Jato, que deveria se restringir a questões jurídicas,
descambou para uma abordagem política, sendo agora determinante de uma
perseguição a quem esteve à frente da operação”, comentou.
Críticos da operação condenam supostos excessos e fins políticos Para
Cláudio Caivano, defensor de 15 manifestantes presos nos atos de
vandalismo de 8 de janeiro, a Lava Jato está pagando preço elevado por
suas próprias contradições. Segundo ele, a parte visível da operação foi
“a luta hercúlea e justa contra a corrupção sistêmica, o crime de
colarinho branco, o uso do erário público com fim particular”. Mas o que
estava oculto, segundo ele, era o seu uso da lei com fim político,
contra o devido processo legal e com o aval do STF, à época. “O legado
da Lava-Jato está sendo destruído, juntamente com a democracia”, disse o
advogado.
Em recente entrevista ao portal Perfil, o procurador-geral da
República, Augusto Aras, expressou duras críticas à Operação Lava Jato,
alegando que prejudicou negócios de importantes empreiteiras
brasileiras, especialmente a Odebrecht, e resultou no desemprego em
massa de três milhões de pessoas. Aras argumentou que a operação
criminalizou a política e causou perdas significativas nos negócios e
legados empresariais, os quais são difíceis de serem recuperados. Além
disso, ele destacou que a Lava Jato permitiu que corporações
estrangeiras ocupassem o espaço deixado pelo investimento em
infraestrutura no país, ampliando a presença estrangeira.
As declarações de Aras foram rebatidas pelo procurador Rodrigo
Chemim, em entrevista recente à Gazeta do Povo. “É um absurdo completo,
quase como se sugerisse que não interferir na corrupção seria melhor,
tolerando-a como se fosse a graxa da engrenagem econômica do país desde
os anos 1970”.
Petróleo Uso das refinarias brasileiras chega a 95% com picos de 99% em maio, diz Petrobras Por Gazeta do Povo
Petrobras diz que uso das refinarias brasileirais da estatal
alcançou a média de 95% com picos de 99% em alguns dias de maio.| Foto:
divulgação/Petrobras
A Petrobras informou, nesta semana, que as
refinarias da estatal atingiram a marca de 95% de processamento no mês
de maio, maior resultado mensal registrado desde julho de 2015. O
chamado Fator de Utilização Total (FUT) chegou a 99% em alguns dias da
segunda quinzena.
Segundo a companhia, o desempenho de maio foi registrado mesmo com
paradas programadas de manutenção na RPBC (Cubatão, SP), Refap (Canoas,
RS), Reduc (Duque de Caxias, RJ) e Replan (Paulínia, SP).
O FUT do refino de petróleo considera o volume de carga efetivamente
processado e a carga de referência das refinarias, ou seja, a capacidade
operacional respeitando os limites de projeto dos equipamentos,
requisitos de segurança, meio ambiente e qualidade dos derivados
produzidos, além da racionalidade econômica das decisões de produção.
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A estatal disse, ainda, que já investiu R$ 1,1 bilhão na modernização
de equipamentos e projetos nas refinarias de RPBC e Refap, além de ter
assinado contratos de ampliação e modernização das refinarias de Abreu e
Lima (PE) e Riograndense (RS).
“Estamos trabalhando para aprimorar ainda mais nossos derivados,
modernizar as refinarias e reduzir o impacto ambiental das operações,
com o máximo de segurança”, disse William França, diretor de processos
industriais e produtos da Petrobras.
O diretor explicou, ainda, que parte dos investimentos tem como meta avançar na descarbonização de processos.
PT-SP tem mais de 30 ações em discussão de R$ 45 milhões de dívidas da campanha de 2014 Por Luisa Purchio – Gazeta do Povo
Alexandre Padilha, então candidato ao governo de São Paulo, Dilma
Rousseff, candidata à presidente, e Luiz Inácio Lula da Silva em
campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores em 2014| Foto: EFE/Bosco
Martín
Passados mais de oito anos, o diretório estadual do
Partido dos Trabalhadores em São Paulo (PT-SP) possui pelo menos 35
ações em discussão na Justiça relacionadas à cobrança de serviços
prestados e não pagos para a campanha eleitoral de 2014. Um levantamento
realizado pela Gazeta do Povo verificou que, no total, elas somam R$
45,9 milhões. A pesquisa excluiu, ainda, ações que estão em segredo de
justiça.
Entre as partes que moveram as ações judiciais contra o PT-SP, estão
prestadores de serviço como gráficas, assessoria de imprensa, assessoria
jurídica, serviços de filmagem, realização de peças publicitárias,
páginas de website e conteúdos para redes sociais, assistência técnica e
aluguel de caminhões. As empresas foram contratadas para as campanhas
de candidatos como Dilma Rousseff, à reeleição para presidência,
Alexandre Padilha, que concorreu a governador de São Paulo, bem como à
deputados estaduais e federais por São Paulo.
A ação de maior valor totaliza R$ 20.018.971,18 em dívidas, movida
pela empresa Fg Marketing Eleitoral. De acordo com o processo, além de
criar peças gráficas em geral, jingles e materiais promocionais, ela foi
“responsável pela concepção e planejamento estratégico da campanha
publicitária e a criação, produção e gravação dos Programas e Comerciais
avulsos de televisão e rádio”, “exibidos durante o Primeiro Turno das
eleições no espaço reservado à Coligação ‘Para Mudar de Verdade’, do
Partido dos Trabalhadores (PT) e seus coligados”, para a campanha de
Alexandre Padilha.
Uma ação semelhante, movida pela Vg Marketing Eleitoral, questiona R$
6.428.397,15 relativos aos mesmos serviços da anterior, porém a
candidatos a deputado estadual e federal.
Já entre as ações de menor valor, está a movida pela empresa Monte
Fuji Transporte e Turismo Ltda, no valor de R$ 14.642,94. De acordo com a
ação movida, a empresa foi contratada para “fornecer os ônibus em
perfeitas condições, cumprir o itinerário predeterminado pelo tomador e
ainda responder pelos eventuais danos causados aos passageiros durante o
percurso”.
Como publicado pela Gazeta do Povo, recentemente o PT-SP teve suas
contas bancárias penhoradas devido a uma ação ganha, movida pelo
escritório de advocacia Alberto Rollo Advogados, que prestou serviços de
assessoria jurídica ao coligado Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em
contrato com o PT-SP. Apesar de a ação ter o valor de R$ 797 mil, a
Justiça encontrou no bloqueio judicial apenas 41,9 mil e um veículo
Corolla. Como o automóvel ainda será colocado para leilão, o partido
ainda deve R$ 755 mil ao escritório de advocacia.
Em nota, o diretório estadual do PT-SP respondeu que “o partido
contestou o valor devido e perdeu parte das ações” e que “os débitos já
reconhecidos pela justiça ainda não foram quitados porque as doações
recebidas foram insuficientes”. Além disso, afirmou que “o partido tem,
caso a caso, atuado para saldar as dívidas.”