terça-feira, 18 de abril de 2023

OS MARKETPLACES SÃO PROTAGONISTAS DO AUMENTO DO E-COMMERCE

 

A vez dos marketplaces: Como estruturar um modelo de negócios eficaz

Matheus Pedralli – CEO da Omnik

O comércio digital segue crescendo de forma exponencial, e, os marketplaces tem sido protagonistas quando se pensa em lucratividade da parte dos empreendedores e em custo benefício e personalização, quando se trata do consumidor.

Pensando nisso, o especialista em marketplaces, Matheus Pedralli, CEO da Omnik, empresa especializada em transformar e-commerces em marketplaces escaláveis, elencou algumas dicas de como estruturar um modelo de negócios eficiente.

Executivo elenca os pilares de sucesso para um modelo de negócios que atinja seu público alvo, traga experiência única e gere lucratividade

Aliados das vendas no comércio eletrônico, os marketplaces viraram os queridinhos de grande parte dos consumidores, por reunirem diferentes produtos e serviços em um só lugar. Mas as plataformas também caíram nas graças dos comerciantes, que puderam impulsionar suas vendas e economizar tempo para focar em outras estratégias e desenvolver a marca. De acordo com uma pesquisa realizada pela Americanas.com, 79.3% dos lojistas entrevistados disseram que seus negócios cresceram quando eles decidiram entrar nos marketplaces.

“Os dados mostram que vender em marketplaces tornou-se lucrativo para os empreendedores, que ganharam mais popularidade, maior retenção de clientes e maior alcance, além de precisarem de menos investimento em marketing para atrair consumidores, oferecendo experiências potencialmente mais satisfatórias e confiáveis”, pontua Matheus Pedralli, CEO da Omnik, empresa especializada em transformar e-commerces em marketplaces escaláveis, fornecendo recursos para todo o ciclo de gestão, operação e transação em modelos de negócios B2B e B2C. A empresa faz parte da FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa o futuro de negócios.

Outro estudo, levantado pelo Webshoppers, sugere que as vendas por marketplaces devem crescer 54% até 2024. Mas, para que esse crescimento ocorra de forma eficaz e atinja os objetivos, público e metas estipuladas pela empresa, é preciso saber estruturar um business model, ou modelo de negócios, em seu marketplace. “É preciso estruturar desde as dimensões organizacionais, passando pelo planejamento estratégico, tático e operacional, com a definição de estrutura de pessoas e definição de métricas e indicadores de acompanhamento do business. De forma mais objetiva, é o desenho de como você cria, captura e entrega valor aos seus clientes”, explica Pedralli.

Pensando nisso, o executivo elencou as cinco principais dicas para estruturar um modelo de negócios para o seu marketplace:

1- Defina a estratégia

Como primeiro passo, é preciso escolher uma entre duas principais estratégias: o Marketplace In ou o Marketplace Out. Ambos representam táticas importantes para aumentar a receita dos vendedores e de quem gerencia as plataformas. No Marketplace In, o foco é ampliar a diversidade da oferta. Isso se aplica, por exemplo, quando uma loja virtual identifica uma base de clientes consolidada que poderia estar comprando mais se tivesse acesso a uma diversidade maior de produtos. Já no Marketplace Out, o propósito principal é diversificar os canais de venda. Dessa forma, em vez de abrir seu próprio marketplace, as marcas buscam plataformas já estruturadas, onde possam ofertar os mesmos produtos e atingir mais pessoas. Algumas lojas já conseguem desenvolver os dois modelos de negócio ao mesmo tempo.

2- Entenda os principais pilares para implementação

Existem premissas importantíssimas que precisam ser seguidas para estruturação de um modelo eficaz de negócios nos marketplaces. O empreendedor precisa definir como será o tráfego, ou seja, como atrair clientes; quais serão as taxas financeiras, se a loja vai focar em menor preço ou maior número de parcelas; qual será o modelo de relacionamento com o cliente, ou como aumentar a retenção deles; como serão os investimentos em estrutura física e serviços, com foco na estratégia de omnicanalidade; e e quais serão os benefícios gerados para o comprador e para o seller na plataforma.

Aqui, a omnicanalidade é importante para que o cliente e o seller possam escolher as melhores formas de comprar e vender entre si, além de fazer retiradas, trocas e devoluções.

3- Defina sua proposta de valor

A proposta de valor está diretamente atrelada à forma que os negócios vão valorizar o cliente. É uma declaração que mostra de que forma o produto ou serviço em questão traz benefícios e vantagens mensuráveis.

Após entender qual é o seu nicho de mercado e sua persona, é hora de pensar em como atrair os consumidores para a plataforma, apresentando diferenciais que ofereçam uma experiência única. “É na proposta de valor que conseguimos mostrar aos clientes a relevância do nosso negócio, além de ser uma estratégia que mantém a empresa no mercado competitivo e traz posicionamento para a marca”, complementa Matheus.

4- Defina sua estrutura de receita

Para pensar em um modelo de receita, é preciso pensar em custos de curto, médio e longo prazo. O objetivo principal é se manter escalável e lucrativo. Podemos destacar a receita pelo modelo de comissão, em que uma parte do valor das transações fica para o gestor do marketplace e o restante será direcionado para o vendedor ou prestador de serviço responsável pelo fechamento do negócio. Nesse caso, o preço cobrado precisa estar alinhado com o faturamento médio da plataforma. Em paralelo, existe a receita por mensalidade, em que o vendedor ou prestador de serviço, como o próprio nome diz, paga um valor mensal ao gestor/dono da plataforma, que provavelmente investe esse dinheiro em visibilidade e marketing. Aqui, os valores costumam ser mais altos.

5- Valide o market fit do produto

O market fit de um produto ou serviço consiste em ajustá-lo às demandas e necessidades do mercado. Ele ajuda a manter a estabilidade dos negócios, criando uma maior aproximação com seu público alvo, que vai sentir no produto a resposta para uma dificuldade cotidiana. “Costumo dizer que a solução nunca vem antes do problema. Encontre a dor que você vai resolver e, a partir dela, desenvolva seu plano de negócio. No caso do marketplace, a métrica de market fit é capaz de avaliar se as demandas dos consumidores estão sendo atendidas, para que sejam criadas estratégias que garantam o solucionamento dessas dores”, conclui Pedralli.

STARTUP VALEON UMA HOMENAGEM AO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

Por que as grandes empresas querem se aproximar de startups? Se pensarmos bem, é muito estranho pensar que um conglomerado multibilionário poderia ganhar algo ao se associar de alguma forma a pequenos empresários que ganham basicamente nada e tem um produto recém lançado no mercado. Existe algo a ser aprendido ali? Algum valor a ser capturado? Os executivos destas empresas definitivamente acreditam que sim.

Os ciclos de desenvolvimento de produto são longos, com taxas de sucesso bastante questionáveis e ações de marketing que geram cada vez menos retorno. Ao mesmo tempo vemos diariamente na mídia casos de jovens empresas inovando, quebrando paradigmas e criando novos mercados. Empresas que há poucos anos não existiam e hoje criam verdadeiras revoluções nos mercados onde entram. Casos como o Uber, Facebook, AirBnb e tantos outros não param de surgir.

E as grandes empresas começam a questionar.

O que estamos fazendo de errado?

Por que não conseguimos inovar no mesmo ritmo que uma startup?

Qual a solução para resolver este problema?

A partir deste terceiro questionamento, surgem as primeiras ideias de aproximação com o mundo empreendedor. “Precisamos entender melhor como funciona este mundo e como nos inserimos!” E daí surgem os onipresentes e envio de funcionários para fazer tour no Vale e a rodada de reuniões com os agentes do ecossistema. Durante esta fase, geralmente é feito um relatório para os executivos, ou pelas equipes de inovação ou por uma empresa (cara) de consultoria, que entrega as seguintes conclusões:

* O mundo está mudando. O ritmo da inovação é acelerado.

* Estes caras (startups) trabalham de um jeito diferente, portanto colhem resultados diferentes.

* Precisamos entender estas novas metodologias, para aplicar dentro de casa;

* É fundamental nos aproximarmos das startups, ou vamos morrer na praia.

* Somos lentos e burocráticos, e isso impede que a inovação aconteça da forma que queremos.

O plano de ação desenhado geralmente passa por alguma ação conduzida pela área de marketing ou de inovação, envolvendo projetos de aproximação com o mundo das startups.

Olhando sob a ótica da startup, uma grande empresa pode ser aquela bala de prata que estávamos esperando para conseguir ganhar tração. Com milhares de clientes e uma máquina de distribuição, se atingirmos apenas um percentual pequeno já conseguimos chegar a outro patamar. Mas o projeto não acontece desta forma. Ele demora. São milhares de reuniões, sem conseguirmos fechar contrato ou sequer começar um piloto.

Embora as grandes empresas tenham a ilusão que serão mais inovadoras se conviverem mais com startups, o que acaba acontecendo é o oposto. Existe uma expectativa de que o pozinho “pirlimpimpim” da startup vá respingar na empresa e ela se tornará mais ágil, enxuta, tomará mais riscos.

Muitas vezes não se sabe o que fazer com as startups, uma vez se aproximando delas. Devemos colocar dinheiro? Assinar um contrato de exclusividade? Contratar a empresa? A maioria dos acordos acaba virando uma “parceria”, que demora para sair e tem resultados frustrantes. Esta falta de uma “estratégia de casamento” é uma coisa muito comum.

As empresas querem controle. Não estão acostumadas a deixar a startup ter liberdade para determinar o seu próprio rumo. E é um paradoxo, pois se as empresas soubessem o que deveria ser feito elas estariam fazendo e não gastando tempo tentando encontrar startups.

As empresas acham que sabem o que precisam. Para mim, o maior teste é quando uma empresa olha para uma startup e pensa: “nossa, é exatamente o que precisamos para o projeto X ou Y”.

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segunda-feira, 17 de abril de 2023

FORO DE SÃO PAULO PALATÁVEL E ATUALIZADO

 

Progressismo sul-americano
Como é a nova frente de esquerda que tem Boulos entre os idealizadores

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo


O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL)| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Parlamentares e líderes políticos progressistas de nove países da América Latina, incluindo o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), se reuniram no último fim de semana em Santiago, no Chile, para criar uma espécie de Foro de São Paulo alternativo. A chamada Rede Futuro, “um espaço de coordenação política para o avanço da justiça social na América do Sul”, seria uma resposta à “necessidade de modernização do discurso das esquerdas”, já que a organização criada em 1990 por Lula e Fidel Castro tornou-se ultrapassada, segundo a assessoria de imprensa do PSOL. Apesar da tentativa de parecer moderno, o Foro ‘light’ na prática professa as mesmas velhas ideias do Foro original.

A síntese dos pontos discutidos no encontro não foi divulgada, apenas uma declaração final, intitulada “Carta ao Futuro”. O documento explica que o objetivo da Rede Futuro é fortalecer o discurso e a unidade da esquerda sul-americana, “combater o neoliberalismo e a extrema-direita em todas as suas manifestações” e contribuir “para fortalecer o sonho de uma pátria grande, livre, justa e soberana”.

A Terraza Caupolicán, no Cerro Santa Lucía, uma das áreas verdes mais visitadas da capital chilena, com vista para a Cordilheira dos Andes, foi o cenário escolhido para a fundação da nova frente da esquerda latina. Assim como o Foro de São Paulo, nos anos 1990, buscava “refletir sobre os acontecimentos pós-queda do Muro de Berlim e os caminhos alternativos e autônomos pela visão da esquerda da América Latina e Caribe, para além das respostas tradicionais”, a Rede Futuro quer traçar diretrizes comuns para enfrentar os novos desafios apresentados ao continente.

Além de temas mais tradicionais da esquerda, como defesa da democracia e da justiça social, combate ao neoliberalismo e aos privilégios, a pauta da nova articulação, de acordo com os debates no evento, aponta para a defesa de pontos como política de reparação, combate à “extrema-direita fascista” por meio de uma acirrada guerra cultural, crise climática e identitarismo.

Guerra cultural 
“Historicamente, as transições no Brasil foram feitas de cima para baixo e sem reparação. Por isso, somos um país com racismo estrutural, onde a cor da pele define sua classe social. Na transição da ditadura para a democracia liberal não houve a punição de um único torturador, assassino. Isso normalizou uma cultura de violência, morte, assassinato político, que levou nossa companheira Marielle faz cinco anos”, disse Boulos em uma mesa-redonda. “Quando não enfrentamos as cicatrizes do passado, isso cria um obstáculo para o futuro. Uma das nossas lutas principais é contra a anistia a Bolsonaro e aos bolsonaristas”, defendeu.

A anistia ao final da ditadura militar brasileira também se estendeu a guerrilheiros que assassinaram pessoas ou participaram de ações armadas e da morte dos próprios companheiros. A atuação de guerrilheiros no período mergulhou o país em um estado não declarado de guerra civil, com assaltos a bancos e carros-fortes, atentados a bomba, sequestros de aviões e de diplomatas. Os chamados “justiçamentos” eram tribunais sem possibilidade de defesa, em que integrantes considerados traidores ou dissidentes eram condenados à morte pelos membros. Na Comissão da Verdade, criada por Dilma Rousseff, as execuções promovidas pela esquerda armada foram consideradas crimes comuns e já prescritos.

Boulos afirmou que a polarização com uma direita “mais ou menos democrática” chegou ao fim no Brasil, dando lugar a “uma extrema-direita fascista, sem nenhum compromisso sequer formal com a aparência democrática”, o que coloca a nova esquerda “em um campo mais amplo de defesa da democracia”. “Temos que fazer alianças para derrotar o fascismo. O Lula colocou um adversário histórico como vice para derrotar Bolsonaro. Nosso desafio é o de fazer a guerra cultural ideológica, porque eles fazem. A extrema-direita ganhou as eleições aproveitando a indignação geral política, aprofundada pelo lawfare [jargão usado pela esquerda para atribuir prisão e condenação de corruptos a perseguição judicial] e por golpes institucionais que sofremos no continente. Eles disputaram pela mente e pelo coração do povo, como deixamos de fazer”, analisou.

A “capacidade de atrair as consciências” novamente é, para Boulos, uma das pautas prioritárias diante dos novos desafios. “O que mobiliza os jovens são tipos que defendem as ideias mais atrasadas, as armas, a tortura. Esse desafio é crucial para derrotar a extrema-direita e estabelecer um novo signo. A extrema-direita não deu pão ao povo, o governo Bolsonaro piorou a vida do povo e criou um movimento de massas ideológico, cultural, pela disputa de ideias”, disse.

Contrariando o teor das falas de Boulos, o Banco Mundial elogiou a redução da pobreza no Brasil durante a pandemia, apontando que o país teve uma recuperação melhor do que outros da América Latina. O estudo do BID divulgado neste mês apontou que as transferências de renda durante a gestão Bolsonaro impediram que muitos “cruzassem” o limiar para a pobreza. “O país não apenas evitou que as famílias caíssem na pobreza, mas também retirou muitas pessoas da pobreza em 2020”, afirma o documento.

Com um cenário econômico mundial bastante diferente daquele existente quando a esquerda começou a ganhar força no continente, a economia é um dos pontos a serem trabalhados com atenção pela Rede, segundo Boulos. “A década ‘ganha’ foi um período de crescimento econômico internacional, com o boom das commodities, o que tornava possível avançar em direitos sem enfrentar privilégios. Essa não é mais a nossa situação. Isso põe um dilema econômico profundo das medidas que temos que tomar nesse momento”, acentuou.

Para ele, ou os progressistas “ousam mais economicamente”, com reformas tributárias e aumento de investimento público, para criar empregos e qualidade de vida, ou “vamos novamente abrir espaço para a extrema-direita, que tem base nos setores populares”.

Apesar do que afirma Boulos, a verdadeira “década perdida” para o Brasil foram os anos 2010, graças ao desastroso biênio 2015-2016. Os dois últimos anos do governo Dilma Rousseff (PT) foram piores para a economia brasileira do que a pandemia. “O Brasil passou por uma profunda recessão entre 2015 e 2016, o período com o pior biênio de crescimento econômico dos últimos 120 anos”, afirma o economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), em um estudo que mostra que, na década passada, o PIB do Brasil ficou abaixo de 160 dos 196 países analisados.

Outro ponto destacado no encontro foi a governabilidade da esquerda latino-americana que, como ocorre no Brasil e no Chile, não goza de maioria no parlamento. “Temos o desafio de aprofundar o modelo popular de governabilidade, avançar em um modelo de aprofundamento da democracia, com a mobilização vindo de baixo, por meio da participação popular.”

A estratégia de solapar a democracia tirando o poder dos representantes eleitos mostra resultados ruins quando aplicada. No Chile, a tolerância da violência como um meio necessário para viabilizar protestos, defendida pela esquerda, teve um preço alto para Gabriel Boric, que enfrenta a baixa aprovação da população em seu primeiro aniversário na presidência. Entre outras decisões perigosas, pressionado a cumprir uma promessa de campanha, o líder progressista concordou em libertar treze pessoas presas durante manifestações violentas de outubro de 2019, embora a polícia tenha desaconselhado e isso custe a confiança do país.

Idealização não partidária 

O encontro foi organizado pelo Rumbo Colectivo, um think thank chileno que busca tornar “as diversidades visíveis” e quer ser “reconhecido por uma perspectiva vanguardista, ecossistêmica e feminista”. Segundo o presidente do coletivo, Tomás Leighton, que também milita no partido esquerdista Revolución Democrática, o Encontro Construindo o Futuro, que deu origem à nova frente de esquerda, “consolida a relação e a cooperação de anos entre atores de esquerda de diferentes países da América do Sul”.

“O objetivo é discutir as possibilidades de integração regional e justiça social neste novo ciclo de governos de esquerda. Sem querer inventar a roda, é importante pensar no futuro de pessoas que já há algum tempo ocupam espaços na sociedade civil e no poder político”, destacou Leighton, sobre os convidados para o evento.

Ao todo, 25 líderes esquerdistas “emergentes” de nove países da América do Sul estiveram na capital do Chile no fim de semana da Páscoa. Venezuela, Nicarágua e Cuba ficaram for a do grupo. O presidente chileno, Gabriel Boric, era esperado para o encontro, mas não compareceu, de acordo com os registros nas redes sociais. O destaque da programação foi uma conferência com Álvaro García Linera, que foi vice de Evo Morales na presidência da Bolívia, sobre a “segunda onda progressista latino-americana, os desafios e alternativas no contexto mundial”.

Além de Boulos, os outros integrantes brasileiros são o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e a deputada do partido Célia Xakriabá (MG), além da deputada petista Ana Pimentel (MG). “O encontro não é organizado por partidos, mas por lideranças de esquerda que compartilham de visões comuns”, destaca Medeiros.

Entre os idealizadores da Rede Futuro também estão a senadora colombiana María José Pizarro, a ex-presidente do parlamento equatoriano Gabriela Rivadeneira, a ex-candidata à presidência do Peru Verónika Mendoza, o senador uruguaio Alejandro “Pacha” Sánchez e o senador boliviano Andrônico Rodríguez. Este último destacou a necessidade de “reconstituição dos governos de esquerda na região”, afirmando que “a direita populista” que tem surgido no continente é “mais perigosa que a direita tradicional”. “Temos que reescrever a história a partir de nossas identidades e triunfos, não de derrotas”, defende.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/foro-de-sao-paulo-gourmet-como-e-a-nova-frente-de-esquerda-que-tem-boulos-entre-os-idealizadores/?ref=escolhas-do-editor
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LULA FAZ INDICAÇÕES POLÍTICAS PARA AS ESTATAIS

Petistas e nomes do Centrão
Com brecha na Lei das Estatais
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília


Lula abriu espaço nas estatais para contemplar aliados, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)| Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

Numa ofensiva para contemplar aliados políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerou nas últimas semanas as nomeações de indicados políticos para diversas estatais. O movimento ocorre no momento em que o petista retirou sete empresas públicas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e três do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Todas as empresas foram inseridas nos dois programas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com isso, o Palácio do Planalto amplia o espaço para indicar aliados para pontos estratégicos das empresas públicas.

As negociações abrem espaço para a contemplação de pelo menos 753 cargos de diretores, presidentes e conselheiros de estatais, segundo dados do último Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais (Raeef), elaborado anualmente pela Secretaria Especial de Desestatização, do Ministério da Economia.

Essas indicações ganharam fôlego depois que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar retirando a quarentena de três anos para que dirigentes partidários, ministros e secretários assumam cargos de direção de empresas públicas. Lewandowski deixou a Corte na última terça-feira (11), e o julgamento da liminar pelo plenário foi suspenso depois de um pedido de vista do ministro Dias Toffoli.

Entre os aliados, Lula indicou, por exemplo, o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel para o cargo de presidente da estatal Emgea, vinculada ao ministério da Fazenda. O nome do petista foi aprovado pelo conselho de administração. Ele vai receber uma remuneração mensal de R$ 42.827,16, conforme dados disponíveis no site da empresa.

Além disso, o ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) foi indicado para assumir o Banco do Nordeste. Segundo o site oficial da instituição, a remuneração mensal mínima do presidente é de pouco mais de R$ 49 mil. O presidente do banco ainda tem participação nos lucros, que é um valor variável, conforme o resultado anual do banco.

Nos Correios, o indicado à presidência foi Fabiano Silva, advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas, que teve forte atuação na campanha do petista e ajudou a impor derrotas à Lava Jato na justiça. Na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o presidente indicou o ex-deputado estadual Edegar Pretto, que foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PT. Os salários mensais serão de R$ 52 mil e 31,5 mil, respectivamente.


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BOLSONARO CRITICA A DIPLOMACIA DE LULA, DILMA E STÉDILE

 

Política Externa
Bolsonaro diz que Lula, Dilma e Stédile, juntos em viagem à China, são um vexame para a diplomacia
Por
Gazeta do Povo


O ex-presidente Jair Bolsonaro disse que comitiva de Lula foi um vexame para a política externa do Brasil| Foto: Reprodução/TV Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em sua conta no Twitter que a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em companhia da ex-presidente Dilma Rousseff e do líder do Movimento Sem Terra, João Pedro Stedile, é “mais um vexame para a política externa brasileira”. Bolsonaro criticou especificamente as declarações controversas e de tom pró-Rússia que Lula fez sobre a guerra na Ucrânia.

“Da China o cara [Lula] acusa os EUA de incentivar a guerra. Diz também que o conflito, no momento só está interessando a Putin e a Zelensky”, escreveu Bolsonaro em um post que trouxe parte de um vídeo da TV Brasil com uma entrevista coletiva de Lula ainda na China.

O presidente Lula diz no trecho selecionado por Bolsonaro como vexame: “Outro país importante são os Estados Unidos. Ou seja, é preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz. Pra gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo o mundo e a guerra só está interessando por enquanto aos dois.”

O filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, senador do PL, escreveu no Twitter que o Brasil sempre foi parceiro dos Estados Unidos e, por causa das declarações de Lula, pode começar a ser alvo de sanções americanas.

Bolsonaro foi criticado por ter viajado à Rússia no início de 2022. O ex-presidente foi a Moscou antes de 24 de fevereiro, mas já era de conhecimento mundial que as tropas russas estavam concentradas na fronteira da Ucrânia. Na época, Bolsonaro alegou ter ido ao país para negociar fertilizantes e tecnologia para usinas nucleares, mas havia também uma pauta secreta para tentar adquirir armamentos.

VEJA TAMBÉM:
Lula volta a dizer que Ucrânia também é responsável por conflito com Rússia
Ucranianos e brasileiros preparam manifestações contra visita de chanceler russo ao Brasil
Lula admite que não tem plano de paz e acusa Ocidente de enviar armas para Ucrânia atacar Rússia
Quais são as distorções das falas de Lula?
As falas de Lula possuem diversas distorções de fatos. A principal delas é equiparar a Ucrânia, a nação invadida, com a Rússia, o país invasor.

Na madrugada de 24 fevereiro de 2022, sem que seu território ou tropas tivessem sido atacadas, Moscou lançou bombardeios sobre as principais cidades da Ucrânia. Horas depois, mais de 200 mil combatentes russos invadiram as fronteiras ucranianas em múltiplos pontos. Moscou dava início ao primeiro conflito de alta intensidade na Europa desde o fim da Segunda Guerra. As baixas já passam de 300 mil combatentes e as mortes de civis somam mais de 10 mil.

Ou seja, não há o mesmo tipo de interesse na guerra dos presidentes russo e ucraniano, como sugeriu Lula. Vladimir Putin, líder da Rússia, está interessado na guerra para manter os territórios que anexou e eventualmente conquistar mais áreas na Ucrânia. Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não quer invadir a Rússia, mas sim libertar as províncias de seu país que foram invadidas e evitar que mais cidadãos sejam mortos pelas tropas do Kremlin.

Assim, não é possível afirmar se a fala de Lula foi motivada por falta de conhecimento dos fatos ou se o presidente brasileiro aderiu à campanha de desinformação lançada pela Rússia.

Em um de seus aspectos, a versão difundida pelo Kremlin diz que a Rússia atacou a Ucrânia em uma atitude “defensiva”. O país alega ter agido contra a expansão da Otan (aliança militar ocidental) em direção a nações que Moscou acredita serem sua zona de influência legítima.

Mas, o que o governo russo não leva em conta é que a maioria dos países do leste europeu, que aderiram ou pediram para entrar na Otan, agiram com a motivação exatamente de evitar uma invasão russa como a de 24 de fevereiro.

Vexame: Bolsonaro criticou tendência anti-EUA em fala de Lula
Bolsonaro criticou a inversão de valores da frase de Lula sobre os Estados Unidos e a União Europeia. Lula acusou ambos de incentivar a guerra.

Os americanos e europeus têm enviado armas e recursos financeiros para ajudar o governo ucraniano a defender seu país, mas não mandaram oficialmente tropas ao terreno.

As armas ocidentais impediram que mais territórios ucranianos fossem conquistados pela Rússia e, especialmente as defesas antiaéreas, protegeram a população de ataques sistemáticos de mísseis e drones russos contra as cidades e a infraestrutura civil do país.

Nas províncias que foram invadidas, a Rússia conduziu centenas de execuções extrajudiciais comprovadas e removeu população de suas regiões, especialmente em ações que envolveram milhares de crianças. Elas foram separadas de suas famílias e adotadas à força por russos. Essa última acusação rendeu ao presidente Putin um mandado internacional de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra.

Por outro lado, empresas americanas de produção de armas têm faturado com o conflito. Isso porque os EUA já enviaram à Ucrânia o equivalente a R$ 225 bilhões em armamentos. A maioria dessas armas estavam em estoques americanos, que já estão sendo repostos pela indústria armamentista.

Ao suprir a Ucrânia, os EUA também indiretamente enfraquecem Moscou, que é um de seus rivais geopolíticos. A guerra também esfria as relações comerciais entre a Rússia e a Alemanha – aproximação entre nações temida por diversos teóricos da guerra. Mas, Lula não fez nenhuma menção a esses raciocínios em suas falas.


“Lula, Dilma e Stédile juntos, mais um vexame para a política externa brasileira”
A ex-presidente Dilma Rousseff acompanhou Lula na viagem à China para assumir a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco dos Brics.

Assim, ela deve passar a morar na China e ganhar um salário de cerca de R$ 2,6 milhões por ano. Porém, trata-se de uma posição mais decorativa do que prática, definida mais para mantê-la afastada do cenário político brasileiro, segundo aliados do governo ouvidos pela reportagem, que não pertencem aos quadros do PT .

O banco dos Brics foi criado para tentar fazer frente a instituições do Ocidente, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, mas nunca decolou, segundo analistas.

Stédile, o líder do MST, foi convidado para fazer parte da comitiva logo após anunciar em um vídeo que o movimento pretende retomar as invasões de terras ainda em abril. O anúncio fez a Frente Parlamentar da Agropecuária requisitar a prisão de Stédile em várias instâncias da Justiça.

Representantes do MST também têm viajado por diversos países para divulgar as bandeiras do movimento. A finalidade exata da presença de Stedile na China não foi divulgada pelo PT.

Chanceler russo será recebido no Brasil com protestos em quatro capitais

O chanceler russo Sergey Lavrov será recebido em sua visita ao Brasil a partir desta segunda-feira (17) com protestos de ucranianos, russos contrários a Putin e brasileiros, por causa da invasão russa à Ucrânia.

A guerra na Ucrânia deve ser um dos principais assuntos tratados. Lula vem afirmando desde fevereiro que quer criar um “Clube da Paz” para acabar com o conflito. Porém, na última sexta-feira (14), admitiu à emissora estatal chinesa CCTV não possuir nenhum plano concreto para obter a paz.

Lavrov deve discutir com o governo brasileiro a importação de fertilizantes e de diesel da Rússia. A Rússia fornece entre 20% e 30% do fertilizante consumido no Brasil. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, um quarto dos 1,5 bilhão de litros de diesel trazidos para o Brasil em março vieram da Rússia.

Outro assunto que não está na agenda oficial mas pode ser abordado é uma tentativa do Brasil de obter da Rússia tecnologia militar. O objetivo é construir o sistema de propulsão do submarino nuclear Álvaro Alberto, da Marinha, que até agora não foi obtido com ajuda de países do Ocidente.

Lavrov deve se encontrar com o chanceler brasileiro Mauro Vieira no Palácio do Itamaraty na segunda-feira (17). Por volta de 12h30, hora prevista para ele discursar, deve ocorrer um protesto do lado de fora do palácio.

A reportagem falou com pessoas que pretendem participar. Eles dizem que estão insatisfeitos com o apoio do presidente Lula à Rússia, na questão da guerra da Ucrânia. Lula deve ser convidado por Lavrov para viajar à Rússia em breve e intensificar ainda mais os laços políticos com o Kremlin.

Também haverá manifestações em São Paulo, no consulado russo na Avenida Lineu de Paula Machado, no Butantã; no Rio de Janeiro, no consulado da Avenida Professor Azevedo Marques, no Leblon, e em um local ainda não definido em Curitiba.

Após a visita ao Brasil, Lavrov deve visitar as ditaduras da Venezuela, Nicarágua e Cuba.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/bolsonaro-diz-que-lula-dilma-e-stedile-juntos-em-viagem-a-china-sao-um-vexame-para-a-diplomacia/
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STF FAZ DA FAB UM UBER AÉREO

 

FAB recebeu pedidos de ministros do STF para voos solo em jatinhos: quase um “Uber aéreo”

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


O presidente Lulal e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes trocando segredos no tribunal.| Foto: André Borges/EFE

Nos registros de voos dos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) constam pedidos de voos solos para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – 2 com previsão para 2 passageiros e 13 com previsão para apenas 1 passageiro. É como se fossem “Uber aéreos”, mas pagos pelo contribuinte. Os voos foram realizados. Entre os passageiros estavam os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Em maio de 2020, o ministro Dias Tofoli, então presidente, já havia realizado três voos solos de ida e volta ao Rio no período de uma semana.

Como revelou reportagem do blog, em 9 de março deste ano, esses voos secretos de ida e volta para São Paulo aparecem camuflados nas planilhas de voos da Aeronáutica. Aparecem como deslocamentos “à disposição do Ministério da Defesa”. Na época, eram apenas seis voos, mas agora já viraram rotina, num total de 15 voos em dois meses. Os ministros do STF alegam questões de segurança porque estariam sendo hostilizados nos aeroportos após os atos de 8 de janeiro, quando houve a invasão e depredação dos prédios do Supremo, do Congresso e do Palácio do Planalto. Os manifestantes foram identificados e presos preventivamente.

A inclusão dos ministros do Supremo entre as autoridades federais que podem utilizar os jatinhos foi sugerida ao Ministério da Defesa pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, após pedido dos ministros do STF. Foi aproveitada uma brecha no Decreto 10.267/2020, que regulamenta a utilização dessas aeronaves. O art. 2º cita expressamente as autoridades que podem requerer transporte aéreo em aeronaves da Aeronáutica: o vice-presidente da República, os presidentes do Senado, da Câmara e do STF, os ministros de Estado e os comandantes das Forças Armadas.

Mas o parágrafo 2º diz que o ministro da Defesa “poderá autorizar o transporte aéreo de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras”. Não está claro, porém, se esses voos seriam eventuais ou permanentes. Além disso, a solução encontrada não tem transparência. Os voos de ministros do Supremo não são identificados, como acontece com todos os demais beneficiários da mordomia. A solução definitiva seria a alteração do decreto presidencial.

O Ministério da Defesa afirmou ao blog que “está finalizando estudos para detalhar o uso de aeronaves da Força Aérea por autoridades do governo federal e do Poder Judiciário”. Uma proposta preparada pela Consultoria Jurídica da Defesa já foi encaminhada à Casa Civil da Presidência da República.

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Voos para casa nos finais de semana
Os voos dos ministros do STF de Brasília para São Paulo ocorrem geralmente às quintas-feiras, por volta das 19h. O retorno acontece às segundas ou terças pela manhã. Na agenda dos ministros do Supremo em fevereiro e março não há registro de compromissos oficiais ou eventos em São Paulo nas sextas ou nos finais de semana. Eles viajaram para casa. Mas essa é uma mordomia para poucos.

O Decreto 10.267 estabelece que os jatinhos oficiais podem ser usados pelas autoridades dos três poderes por motivo de emergência médica, viagem a serviço ou segurança. No caso do vice-presidente da República e dos presidentes dos três poderes, presume-se motivo de segurança na utilização de aeronave da Aeronáutica o deslocamento ao local de residência permanente.

Um dos voos secretos dos ministros de São Paulo para Brasília ocorreu no dia 23 de fevereiro, às 7h15, um dia após a quarta-feira de cinzas. Na sexta-feira, houve outra viagem de Brasília para São Paulo.

O blog questionou o STF se não seriam ilegais os voos dos ministros da casa, uma vez que, pela legislação, apenas o presidente do tribunal tem esse direito. Perguntou ainda se os demais ministros teriam utilizado os jatinhos da FAB em missões oficiais. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

À Casa Civil, o blog perguntou se haverá alguma alteração no decreto presidencial para permitir que os ministros do STF utilizem os jatinhos da FAB, como esses voos serão identificados e se os demais ministros do tribunal (além do presidente) poderão utilizar os jatinhos para se deslocar ao local de suas residências nos estados, sem agenda oficial. Não houve resposta até a publicação da reportagem.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/fab-recebeu-pedidos-de-ministros-do-stf-para-voos-solo-em-jatinhos-quase-um-uber-aereo/
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INVASOR DE TERRA FEZ PARTE DA COMITIVA DE LULA

Movimento sem Terra
Ao levar Stédile para a China, governo endossa invasões de terra

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.| Foto: Reprodução/YouTube MST.

O presidente Lula está de volta da viagem à China. Ele passou pelas arábias, pelo Oriente Médio, Ásia Menor. Os meus amigos me reportaram que os jornais de lá estão interpretando a viagem como um desafio de Lula contra o presidente Biden ao tomar partido da China, enfim, nessa disputa mundial.

Inclusive, os acordos feitos com a China mostram um aliado forte. A outra questão é a guerra Rússia e Ucrânia. Lula tomou partido da Rússia. Ele apresentou a Ucrânia como uma das causas, um dos motivadores da invasão russa e disse que a Europa e os Estados Unidos é que são responsáveis pela continuação da guerra.

Não creio que a Casa Branca esteja gostando dessas declarações, mas vamos ao que importa lá na China. Todos nós sabemos que a China tem censura, não tem liberdade de expressão, é um regime de força, um regime totalitário, de partido único. É o Partido Comunista Chinês que escolhe os dirigentes, na sua grande Assembleia.

No entanto, vejam só, os acordos nessa área que o presidente do Brasil fez com a China: “Memorando de entendimento sobre cooperação em informações e comunicações”, “Acordo de Coprodução Televisiva”. Eu lembro que em 1984, 1985, por aí, eu fui à China pela TV Manchete, que não podia pagar equipe.

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Nós contratamos uma equipe da TV estatal chinesa e eles estavam atrasadíssimos em televisão. Mas impunham sempre o seu método de trabalho. Não queriam saber do nosso método de editar um vídeo, era pelo método deles. Para ser mais claro, eu dizia que eu ia gravar a minha fala e depois ele punha as imagens em cima. Ele disse: não, eu escolho as imagens e você põe a fala em cima. Estão fazendo isso com o Brasil até hoje.

“Memorando de Entendimento entre Grupo de Mídia da China e a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.” Gente, mídia na China está sob censura, sempre. “Acordo de Cooperação entre agência Xinhua, que é a agência oficial chinesa, e a nossa agencia oficial a EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação.”

Eu notei também um acordo sobre espaço: “Programa de Cooperação Espacial entre as Administrações Espaciais da China e do Brasil, a Agência Espacial Brasileira”. Ora, todo mundo sabe que a conquista do espaço para a China é uma estratégia bélica. E a gente está se metendo nisso. Enfim, não há muita diferença também, né? Do jeito que as coisas andam.

No Brasil, ao contrário do que diz a Constituição, não há liberdade de expressão e não há liberdade de comunicação. E não está vetada a censura, porque a censura existe. Então, no fundo, são os parecidos fazendo acordos entre si.

Direito de propriedade é cláusula pétrea da Constituição
Um outro assunto dessa viagem à China é levar o João Pedro Stédile, do MST, que prometeu aqui que ia recrudescer as invasões de terra. Ou seja, agressões criminosas ao direito de propriedade, que é uma cláusula pétrea da Constituição, que está escrita na Constituição na mesma linha do direito à vida.

Seria o caso de dizer: “Puxa, está desconvidado, não vai”. Mas o fato é que o convite foi mantido e isso significa que o governo está endossando essa posição de João Pedro Stédile. Tanto que ele falou de novo na China, integrando a comitiva presidencial, ele falou de novo. Disse outra vez que vão recrudescer as invasões de terra aqui no Brasil.

Enfim, aí teve essa volta via Oriente Médio, em que os jornais de lá estão dizendo que Lula está escolhendo o aliado. Acabou de escolher, pelo jeito, a China, depois de ter ido aos Estados Unidos.


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JUÍZES FEDERAIS VÃO RECEBER R$ 1 BILHÃO DE PENDURICALHOS

 

Judiciário autoriza pagamento de penduricalho de R$ 1 bilhão a juízes federais

Foto: G.Dettmar/Agência CNJ

Por Weslley Galzo – Gazeta do Povo

Extinto havia 17 anos, adicional por tempo de serviço volta por decisão monocrática; magistrado com mais tempo de carreira poderá receber até R$ 2 mi e TCU apura bônus

BRASÍLIA – Juízes federais vão receber um penduricalho salarial que pode custar até R$ 1 bilhão aos cofres públicos. A cifra foi estimada por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e equivale ao pagamento retroativo do chamado adicional por tempo de serviço (ATS). Extinta havia 17 anos, a regalia voltará a ser paga e, por decisão monocrática do corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luis Felipe Salomão, de forma retroativa. Assim, magistrados mais antigos irão receber até R$ 2 milhões cada, referentes ao alegado pagamento atrasado.

A decisão beneficia todos os magistrados federais que ingressaram na carreira até 2006. A cada cinco anos de trabalho, eles tiveram o salário turbinado em 5%. Um juiz que ingressou na magistratura na década de 1990, por exemplo, teve o contracheque inflado em 30%. Ou seja, passou a ter direito a receber a mais cerca de R$ 10 mil todo mês por causa do benefício. Hoje, um juiz federal tem salário-base de R$ 33,6 mil, sem considerar os penduricalhos.

Corregedor do CNJ, o ministro Luiz Felipe Salomão chancelou pagamento de retroativo para juízes federais.
Corregedor do CNJ, o ministro Luiz Felipe Salomão chancelou pagamento de retroativo para juízes federais. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Além disso, em razão da decisão da Corregedoria Nacional do CNJ, o pagamento será equivalente a todo o período entre 2006 e 2022 em que o adicional ficou suspenso. O TCU acaba de calcular o montante bilionário para cobrir os retroativos.

O benefício é alvo de processo na Corte de contas, que apura se a liberação do pagamento retroativo fere os princípios da moralidade e da legalidade ao criar um mecanismo que pode levar a enriquecimento na magistratura. O bônus deve beneficiar parte dos 2 mil magistrados federais em atuação no País – juízes de primeira instância e desembargadores dos Tribunais Regionais Federais (TRFs). Em São Paulo, pelo menos 200 juízes iniciaram a carreira antes de 2006. No Distrito Federal, outros 200 estão na mesma condição.

Legalidade

O procurador Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao TCU, que investiga a concessão desse extra aos juízes, afirmou que o objetivo do processo é avaliar se o benefício fere a legalidade ao distribuir cifras milionárias a magistrados do País. “No serviço público, uma pessoa pode trabalhar a vida inteira e nunca chegar a receber R$ 1 milhão, por exemplo. O objetivo, portanto, é verificar se o pagamento atende aos princípios da razoabilidade e da legalidade”, disse Furtado.

Conforme revelou o Estadão, o Conselho da Justiça Federal (CJF) aprovou a volta do ATS no final de 2022. É esse penduricalho, também conhecido como quinquênio, que prevê o aumento automático e acumulativo de 5% nos vencimentos a cada cinco anos.

“No serviço público, uma pessoa pode trabalhar a vida inteira e nunca chegar a receber R$ 1 milhão, por exemplo. O objetivo, portanto, é verificar se o pagamento atende aos princípios da razoabilidade e da legalidade”

Lucas Furtado, procurador do Ministério Público junto ao TCU

Quando restituiu a medida, o CJF não soube estimar o impacto financeiro da decisão no orçamento. Agora, estimativas feitas pelo TCU apontam que a Justiça Federal já gastou cerca de R$ 130 milhões com os pagamentos retroativos e reconheceu outros R$ 750 milhões de benefícios atrasados que serão pagos mediante disponibilidade orçamentária.

Voto vencido

A presidente do CJF, ministra Maria Thereza de Assis Moura, que também preside o Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi contra a recriação do adicional na época, mas acabou vencida pela maioria do colegiado. A magistrada, então, recorreu à Corregedoria Nacional de Justiça, pertencente à estrutura do CNJ, para que o órgão dissesse se havia ou não impedimento formal para o início do pagamento aos juízes.

Ministra Maria Thereza de Assis Moura, presidente do CJF, foi contra a recriação do benefício e recorreu à Corregedoria Nacional de Justiça.
Ministra Maria Thereza de Assis Moura, presidente do CJF, foi contra a recriação do benefício e recorreu à Corregedoria Nacional de Justiça. Foto: Roberto Jayme|ASICS|TSE

O corregedor Luis Felipe Salomão não barrou a medida e, em despacho monocrático, liberou o pagamento retroativo. Ele alegou que só poderia ir contra o pagamento se houvesse uma ilegalidade no benefício. “Havendo manifestação oriunda do Conselho da Justiça Federal, no exercício de suas competências constitucionais, não é atribuição da Corregedoria Nacional exercer controle de legitimidade sobre suas decisões, ressalvada a hipótese de flagrante ilegalidade”, escreveu Salomão.

“Não se observa nenhuma circunstância que obste o seu prosseguimento em relação ao pagamento dos valores retroativos, nos exatos termos do acórdão proferido pelo Conselho da Justiça Federal, que deve ser cumprido sem ressalvas, inclusive quanto à sua consideração como gratificação de acúmulo”, defendeu o corregedor nacional de Justiça.

“Não se observa nenhuma circunstância que obste o seu prosseguimento em relação ao pagamento dos valores retroativos, nos exatos termos do acórdão proferido pelo Conselho da Justiça Federal, que deve ser cumprido sem ressalvas, inclusive quanto à sua consideração como gratificação de acúmulo”

Luis Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça

Cascata

A decisão individual de Salomão gerou efeito cascata em tribunais de todo o País, inclusive estaduais, que desde o ano passado deflagraram movimentos para reinserir o ATS em suas folhas de pagamento. A volta do benefício segue roteiro semelhante em vários Estados brasileiros.

As associações apresentam requerimentos de implementação do adicional e a direção dos TJs locais acata os pedidos que privilegiam a própria categoria. Foi assim, por exemplo, no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), onde o presidente Paulo Sérgio Velten Pereira atendeu à demanda apresentada pela Associação de Magistrados do Maranhão (AMMA), sob o argumento de “reconhecer o direito adquirido à incorporação do ATS no subsídio” dos juízes.

Penduricalhos no salário de magistrados começaram a ser aprovados em vários estados
Penduricalhos no salário de magistrados começaram a ser aprovados em vários estados Foto: Dida Sampaio/Estadão

No despacho, Pereira cita que a Coordenadoria de Pagamentos da Corte apresentou estimativa inicial de R$ 90 milhões para cobrir o retroativo referente ao período até 2022. O desembargador explica na decisão que a liberação dos recursos está fora da programação normal do orçamento de 2023 e só deve ocorrer por meio de suplementação ou sobras orçamentárias. O tribunal possui atualmente R$ 6 milhões em sobras, que, segundo Pereira, podem “ser utilizados para amortizar parte do passivo” com os magistrados.

O mesmo trâmite ocorreu no Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA), que, por unanimidade, aceitou o requerimento da Associação de Magistrados do Estado (Amepa) mediante a “existência de disponibilidade orçamentária e financeira em estrita observância às normas que regem a inafastável responsabilidade fiscal”.

‘Conquista’

Na capital do País, a Associação dos Magistrados do Distrito Federal e dos Territórios (Amagis) também apresentou pedidos para que os juízes recebessem as verbas retroativas.

Após a conquista, a entidade de classe emitiu um comunicado aos seus associados “a par de agradecer a lucidez, celeridade e disponibilidade da presidência do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e do Trabalho Pleno no encaminhamento de mais essa importante demanda associativa”.

No texto, a Amagis ainda afirma “que seguirá no acompanhamento diário do assunto, na busca pela implantação em folha de pagamento da parcela mensal, bem assim da quitação dos valores pretéritos”.

Segundo apurou o Estadão, a concessão do retroativo se espalhou por pelo menos outros quatro Tribunais de Justiça nos Estados de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Roraima. A retomada do penduricalho também está em discussão no TJ de Santa Catarina.

Vaivém do adicional por tempo de serviço

Volta do pagamento é aprovada pelo CJF

O Conselho da Justiça Federal (CJF) aprovou a volta do adicional por tempo de serviço no final do ano passado, 17 anos depois de sua extinção. À época, o órgão afirmou não ter a estimativa dos custos do penduricalho.

Quinquênio

Também conhecido como quinquênio, esse bônus estabelece o aumento de 5% nos vencimentos de magistrados a cada cinco anos.

Voto vencido

A presidente do CJF, ministra Maria Thereza de Assis Moura, que também comanda o Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi contra a medida, mas foi vencida pelo colegiado e recorreu à Corregedoria Nacional de Justiça, órgão pertencente ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Retroativo

Ao seguir os moldes da antiga regra, a regalia será paga de forma retroativa e magistrados mais antigos da Justiça Federal irão receber até R$ 2 milhões cada.

Corregedoria

O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, não barrou o penduricalho e, em despacho monocrático, liberou o pagamento retroativo do benefício.

Processo

O pagamento retroativo é alvo de processo no Tribunal de Contas da União (TCU), que apura se o penduricalho fere os princípios da moralidade e legalidade. De acordo com estimativa dos técnicos da Corte de contas, o impacto dos atrasados pode chegar a R$ 1 bilhão.

CHNCELER RUSSO CHEGA AO BRASIL HOJE PARA REUNIÃO COM LULA

 

De acordo com ministro, deve ocorrer conferência em vídeo entre Kiev e rebeldes pró-Rússia para discussão de cessar-fogo

Putin envia chanceler ao Brasil em primeira viagem desde o início da guerra na Ucrânia

Foto: Evaristo Sa/AFP Photo

Por Felipe Frazão – Jornal Estadão

Serguei Lavrov vai visitar o País nesta segunda-feira, a mando do presidente russo, depois de Lula despachar o assessor especial Celso Amorim a Moscou

BRASÍLIA – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, despachou para Brasília o chanceler Serguei Lavrov, que participará de reuniões no mais alto nível político, as primeiras desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado. O longevo chanceler russo, há 19 anos no cargo, desembarca no País nesta segunda-feira, 17. A visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, homem de confiança de Putin, ocorre sob olhar desconfiado de alguns dos principais parceiros do Brasil no Ocidente, como os Estados Unidos e potências da União Europeia.

Os chanceleres Mauro Vieira e Sergei Lavrov acertaram a visita do russo a Brasília durante encontro na Índia, por ocasião do G20.
Os chanceleres Mauro Vieira e Sergei Lavrov acertaram a visita do russo a Brasília durante encontro na Índia, por ocasião do G20.  Foto: Russian Foreign Ministry Press Service via EFE

A vinda de Lavrov é a principal de um enviado de Putin desde o início da guerra. Em 2022, o governo Jair Bolsonaro chegou a suspender uma visita ao Brasil do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, que estava prevista para abril, e uma reunião bilateral. A viagem, agora, será também a primeira de Lavrov ao País desde 2019, ano em que o próprio Putin esteve em Brasília, na cúpula dos BRICS.

Lavrov chegará horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter voltado da viagem à Ásia. Os dois devem se encontrar no Palácio do Planalto. O programa prevê uma reunião com o ministro Mauro Vieira no Itamaraty e declaração à imprensa. A visita foi acertada durante encontro prévio de ambos à margem do G20, na Índia, em fevereiro. Além das discussões sobre a guerra, o Itamaraty diz que o encontro tem como objetivos tratar da “parceria estratégica brasileiro-russa” e de oportunidades de cooperação bilateral em diferentes áreas, além de fortalecer o diálogo político.

“A visita também será ocasião para tratar do conflito na Ucrânia. O Brasil tem defendido, nos foros internacionais e em contatos bilaterais, a cessação imediata de hostilidades e a importância de conjugar esforços diplomáticos que facilitem o alcance de solução pacífica negociada”, disse o Itamaraty, em nota sobre a chegada de Lavrov.

Retórica

Depois da visita de Estado à China, vista como um país aliado à Rússia no momento, Lula adotou retórica compreendida em Washington e Bruxelas como cada vez mais amena e favorável aos russos, além de alinhada a Pequim. A China é hoje o principal adversário dos EUA, numa disputa de influência geopolítica e econômica. A viagem de Lula foi seguida com atenção pelo governo Joe Biden, assim como ocorrerá com a visita de Lavrov a Brasília.

Durante o último giro internacional, que incluiu uma parada nos Emirados Árabes Unidos, Lula disse que a guerra na Ucrânia havia sido uma decisão tomada “por dois países”, quando resultou de uma invasão russa ao território ucraniano. A alegação principal do governo Putin era que Kiev planejava integrar a Otan, aliança militar ocidental, o que significaria uma ameaça concreta à Rússia.

As declarações de Lula têm colocado os dois países no mesmo patamar de responsabilidade, embora a guerra tenha se iniciado com uma agressão unilateral das Forças Armadas de Moscou. Por isso mesmo, esse argumento não encontra respaldo nas principais democracias ocidentais.

Antes da viagem, o presidente brasileiro já havia sugerido que a Ucrânia deveria abrir mão da Crimeia para pôr fim ao conflito. A Rússia, nesse sentido, desocuparia as áreas invadidas no ano passado. Kiev prontamente rejeitou qualquer acordo nesses termos e reafirmou a intenção de recuperar o terreno, perdido em 2014.

Lula sugeriu que as nações que enviam armas à Ucrânia deveriam parar – um recado direto a norte-americanos e europeus, que mandaram recursos bélicos para a defesa ucraniana. Por mais de uma vez, Lula citou a necessidade de sensibilizar os Estados Unidos para que mudassem seu papel na guerra. Disse que nem Putin, nem Volodmir Zelenski, presidente da Ucrânia, tomavam a “iniciativa de parar”.

“A Europa e os Estados Unidos terminam dando uma contribuição para a continuidade dessa guerra”, afirmou Lula em Abu Dhabi, reiterando a proposta de formar uma espécie de “Clube da Paz” entre países que não têm lado no conflito para intermediar um cessar fogo.

Lula já discutiu sua proposta com líderes dos EUA, Joe Biden; da França, Emmanuel Macron; da Alemanha, Olaf Scholz; e da China, Xi Jinping. Ele sempre disse que os chineses desempenhariam papel crucial nessa negociação e tentou sensibilizar Xi Jinping. Mas a ideia não ganhou tração. O presidente e seus assessores mais próximos admitem agora que a paz não está no horizonte.

“Somente quem não está defendendo a guerra pode criar uma comissão de países e discutir o fim dessa guerra”, declarou Lula, em Pequim. “É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia. É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia. Mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem.”

Lula destacou que os dois países estão com dificuldade de tomar decisões. “É preciso terceiros países, que mantenham boas relações com os dois, (para) criarem as condições de termos paz no mundo”, argumentou. Na avaliação do presidente, a China tem um papel fundamental nessas negociações. “Possivelmente seja o mais importante. Agora, outro país importante são os Estados Unidos. É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para a gente convencer o Putin e o Zelenski que a paz interessa a todo mundo e a guerra, por enquanto, só está interessando aos dois.”

A declaração conjunta assinada com Pequim não cita o termo guerra e se refere ao conflito como uma “crise”. Tampouco faz referência à Rússia. Essa retórica, sobretudo a adotada por Lula, tem sido vista como uma posição ambígua, uma vez que o Brasil já votou contra a Rússia nas Nações Unidas, mas rejeita sanções unilaterais.

Ao mesmo tempo, Lula não conseguiu nenhuma declaração mais favorável da China à proposta brasileira de constituição de um grupo de países que possa mediar negociações de paz. Lula deixou o país sem a almejada adesão de Xi Jinping à sua proposta.

A China publicou antes uma proposta própria, um documento com 12 pontos-chave com a posição sobre a guerra. Não fala na necessidade de retirada das tropas russas do território ucraniano. Os dois países disseram receber positivamente a proposta um do outro e se comprometeram a continuar o diálogo sobre o assunto. E foi só.

ORIENTAÇÕES PARA QUEM VIVE UM MOMENTO DE DESLIGAMENTO OU MUDANÇA DE CARREIRA

Glaucy Bocci – Consultoria global Korn Ferry

Ou realizar o sonho de mudar de carreira

Com o layoff batendo à porta, estar conectado às novidades de mercado, ativar o networking e desenvolver soft skills aumentam as chances de novas oportunidades

Em alguns momentos do ano, uma onda de demissão parece tomar conta das organizações, independente do setor. O mercado mostra que janeiro de 2023 foi o momento escolhido pelas empresas para o layoff. A reestruturação de equipes e departamentos é comum nas companhias, por estratégia ou por necessidade, mas muitas vezes pega o colaborador de surpresa, deixando-o sem uma opção imediata de ocupação.

Cortes de 10 mil, 11 mil e até 18 mil funcionários são alguns dos números dos desligamentos em massa divulgados por grandes players do mercado, motivados por retenção de custos e por incertezas de uma recessão global.

Mesmo em um momento de muitos cortes, o colaborador que ocupa a estação de trabalho pode reverter uma situação negativa e tomar dois possíveis caminhos: recolocar-se no mercado de trabalho ou buscar aquela nova área de atuação tão sonhada e que não era possível por falta de oportunidade, achar que não era o momento certo ou por receio de tentar algo diferente.

Para ambos os casos, uma das principais estratégias é o networking. Glaucy Bocci, Senior Client Partner da Ferry consultoria global Korn explica que não é problema algum pedir orientação sobre novos caminhos. “Seja para uma recolocação ou para conhecer uma nova área, conte para a sua rede de contatos qual momento você está vivendo. Isso pode ajudar a expandir os horizontes profissionais e ajudar a desenvolver uma nova carreira”, explica a executiva.

A consultoria Korn Ferry reuniu cinco dicas para orientar o colaborador que vive um momento de desligamento ou de mudança de carreira.

1. Faça uma (re)organização

Bocci orienta que o profissional realize um momento de reflexão para entender quais caminhos ele quer trilhar para a carreira. “Reunir competências, lembrar quais são suas habilidades, conhecimentos e experiências e colocá-los em uma lista ajudará a mapear possibilidades reais de mudança ou recolocação”.

2. Faça um mapeamento completo do mercado

Seja para trilhar uma nova carreira ou mudar de empresa, faça um mapeamento completo do mercado para entender quais são as áreas mais aquecidas no momento, quais estão com alta demanda de contratação e que mais se assemelham com o seu perfil profissional. “Setores como mercado financeiro, logística, vendas, recursos humanos e marketing devem seguir bem aquecidos em 2023, com cargos que vão desde analista até direção. Em tecnologia, apesar de um 2022 bem turbulento, a escassez de talentos vai movimentar a área” comenta Bocci.

3. Ative suas redes estratégicas

Glaucy recomenda utilizar da sua lista de competências para atualizar as redes de contatos profissionais. “Atualize o seu currículo e o LinkedIn. Mostre para todos quais são suas principais habilidades, que está atualizado no mercado e onde quer chegar. Uma rede de contatos que te vê, é uma trilha repleta de oportunidades”.

4. Se não estiver tão atualizado...

Qualificações técnicas e comportamentais atualizadas aumentam, e muito, a empregabilidade no mercado. “O profissional precisa compreender que é fundamental estar conectado às novidades do mercado. Portanto, busque aprimorar tecnologias, um novo idioma, fazer cursos online ou presenciais que estejam em linha com a sua nova proposta profissional. Assim ficará mais fácil de colocar os planos em prática”, orienta Glaucy.

5. Conecte-se às soft skills que estão em alta

Muitas habilidades são importantes, mas algumas estão sendo mais demandadas do que outras, conta Glaucy Bocci, da Korn Ferry. “Empatia, proatividade, resolução de conflitos, atenção aos detalhes e análise de temas complexos são expertises chave nas empresas hoje. Isso se aprende fora de cursos, portanto, converse com colegas que conviveram com você ou um líder direto que confie para obter feedbacks e melhorar no que for possível”, aconselha a executiva.

Sobre a Korn Ferry

A Korn Ferry é uma empresa global de consultoria organizacional que ajuda seus clientes a alinhar estratégia e talento, impulsionando, assim, um desempenho superior. Apoia diretamente as organizações desenhando as suas estruturas, funções e responsabilidades e as auxiliam a contratar as pessoas certas para colocar sua estratégia em ação. Além disso, as orientam em como recompensar, desenvolver e motivar os seus colaboradores.

Mais de 8.000 colegas atendem clientes em mais de 50 países, através de cinco soluções essenciais:

• Estratégia organizacional

• Avaliação e sucessão

• Aquisição de talentos

• Desenvolvimento de lideranças

• Remuneração e benefícios

Presente nos Emirados Árabes, Europa, África, América do Norte, América Latina e Ásia, a Korn Ferry conta com mais de 100 escritórios ao redor do mundo, e desenvolve pesquisas exclusivas sobre liderança, comportamento empresarial, mercado de trabalho, recursos humanos e outros temas.

COMO DEVEM SER OS PARCEIROS NOS NEGÓCIOS

“Parceiros chegam de várias formas. Se juntam por diferentes motivos”.

Eu sei, é clichê, rss. E se a frase fosse minha eu acrescentaria: “O que eles tem em comum é o fato de acreditarem no que nós acreditamos”.

Parceria é a arte de administrar conflitos de interesses e conexões de interesses, visando resultados benéficos para ambas as empresas”.

É por isso que eu costumo comparar parceria com casamento. Quem é casado sabe que administrar conflitos é fundamental para ambos terem resultados nessa aliança.

Assim como no casamento, o parceiro não precisa ser igual a nós, mas tem que ter o nosso ‘jeitão’! Nas parcerias eu defendo que o parceiro precisa ter o DNA de inovação, a inquietude pra sair da zona de conforto e uma preocupação muito grande com o cliente, não apenas no discurso, mas na prática. É claro que no processo de análise do possível parceiro, nós avaliamos o potencial financeiro e de escala da aliança, a estrutura e o tamanho da empresa. Mas, tem um fator humano que não pode ser desconsiderado, já que empresas são, na sua essência, pessoas. É por isso, que normalmente, os parceiros   são empresas formadas por pessoas do bem, pessoas com propósito, que tem tanto o caráter quanto a lealdade de continuar de mãos dadas, mesmo nos momentos mais difíceis. É como um casamento mesmo!

É importante também que os parceiros tenham know how e competências complementares, que potencializem nossas fragilidades e deem mais peso aos nossos pontos fortes. E como eu acredito que o primeiro approach de uma boa parceria acontece no plano humano (onde existe emoção), e não no corporativo, eu gosto muito da histórica da parceria entre Steve Jobs Steve Wozniak. Os dois Steves tornaram-se amigos durante um emprego de verão em 1970. Woz estava ocupado construindo um computador e Jobs viu o potencial para vendê-lo. Em uma entrevista de 2006 ao Seattle Times, Woz, explicou:

“Eu só estava fazendo algo em que era muito bom, e a única coisa que eu era bom acabou por ser a coisa que ia mudar o mundo… Steve (Jobs) pensava muito além. Quando eu projetava coisas boas, às vezes ele dizia: ‘Nós podemos vender isso’. E nós vendíamos mesmo. Ele estava pensando em como criar uma empresa, mas talvez ele estivesse mesmo pensando: ‘Como eu posso mudar o mundo?’”.

Por que essa parceria deu certo? Habilidades e competências complementares.

As habilidades técnicas de Woz juntamente com a visão de Jobs fizeram dos dois a parceria perfeita nos negócios.

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domingo, 16 de abril de 2023

POLÍTICA ECONÔMICA DE LULA É UMA POLÍTICA DE VOO-DE-GALINHA

 


Obsessão por curto prazo, volta ao passado e “fogo amigo” do PT marcam início de Lula 3

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Na economia, início do terceiro mandato de Lula tem sido marcado por iniciativas voltadas para o curto prazo, relançamento de antigos programas, revogação de medidas dos antecessores e “fogo amigo” do PT sobre iniciativas na área fiscal.| Foto: Andre Borges/EFE

Os primeiros meses do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm sido marcados, na área econômica, por uma obsessão por soluções de curto prazo; reversão de medidas dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB); resgate de antigos programas e ideias; e “fogo amigo” do PT sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Lula e sua equipe vêm colecionando iniciativas de cunho populista em busca de resultados imediatos, tais como ganhar popularidade, anabolizar o crescimento econômico ou simplesmente demarcar território em relação ao governo passado.

Mesmo o chamado arcabouço fiscal apresentado por Haddad, que mira o longo prazo, está calcado em um conceito arraigado no PT que se provou desastroso no passado recente: a ampliação do gasto público para impulsionar a atividade econômica.

Recebido com certa condescendência por parte do mercado financeiro, o plano fiscal busca zerar o déficit primário das contas públicas no ano que vem e gerar superávits de 2025 em diante. O programa, porém, substitui o atual teto de gastos por um piso, com previsão em lei de aumento real das despesas todos os anos, a ser coberto por alta de arrecadação – o que, na visão de muitos analistas, só será possível com mais carga tributária.

Ainda que pretenda equilibrar as finanças do governo sem qualquer corte ou racionalização de gastos, o plano tem sido atacado por integrantes do PT, que o consideraram “conservador”.

O deputado Linderbergh Farias (PT-RJ), por exemplo, disse que a regra fiscal é “pacto com o diabo” e “pode ser mortal para Lula”. Na visão do parlamentar, o presidente pode pagar um “alto preço por não adotar posturas econômicas mais expansionistas e por manter o arcabouço conservador proposto por Haddad”.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o plano em reunião do Diretório Nacional do partido, afirmando que ele pode inibir o crescimento econômico, segundo relatos de participantes à “Folha de S.Paulo”.

Gleisi também havia feito duras críticas a outra medida de Haddad, a retomada de tributos federais sobre os combustíveis. A intenção do ministro era de reduzir o déficit público; a da deputada, de evitar perda de popularidade do governo.

As críticas do PT às medidas da Fazenda nas contas públicas refletem tanto o apego a facilidades que criem uma sensação de bem-estar no curto prazo – caso dos benefícios fiscais – quanto a crença do partido na capacidade do gasto público de gerar emprego e renda, que se baseia na ideia de que seria o Estado o principal responsável pelo desenvolvimento econômico.

“Esta é uma agenda não sustentável, que acaba contribuindo para a inflação”, comenta Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e sócia da Tendências Consultoria.

Lula prestigiou Haddad tanto na reoneração dos combustíveis quanto no caso do arcabouço fiscal. E deu um puxão de orelha no ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, por anunciar um programa para passagens aéreas de R$ 200 para aposentados e estudantes sem antes consultar a Casa Civil.

Mas o próprio presidente tem dado sinais de ansiedade, afirmando em discursos que não pode errar e que foi eleito para entregar resultados. Também cobra mais otimismo e menos lamentação de seus ministros sobre o crescimento econômico.

Veio de Lula a maior pressão para providenciar o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e da faixa isenta de Imposto de Renda para R$ 2.640 a partir de maio. Tanto Haddad quanto a ministra do Planejamento, Simone Tebet, buscavam empurrar para a frente esses reajustes, cientes de seu impacto sobre as contas públicas.

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O professor do Ibmec-MG Cláudio Shikida diz que historicamente os governantes brasileiros buscam facilidades que permitam puxar votos ou ampliar popularidade – tendência que o novo governo segue à risca. “Muitas vezes os ônus destes benefícios acabam sendo pagos no longo prazo”, aponta Shikida.

Embora o populismo econômico costume cobrar sua fatura a prazo, algumas medidas da nova gestão petista se provaram contraproducentes muito rápido.

Os sucessivos ataques de Lula contra o Banco Central e as metas de inflação, por exemplo, não apenas não ajudaram a reduzir a taxa básica (Selic) como pioraram as expectativas de inflação e juros. O resultado é que o início dos cortes na Selic, cobrado pelo presidente, parece ter ficado ainda mais distante.

O espaço para cortes diminuiu do fim do ano passado para cá. Se no início de novembro havia sinalização de um corte de dois pontos percentuais na taxa Selic em 2023, agora esse espaço caiu para um ponto percentual, segundo a mediana das projeções do mercado. Lula, apesar disso, mantém a pressão sobre o BC em declarações públicas.

Também no campo dos juros, uma canetada orquestrada pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, para reduzir a taxa máxima dos empréstimos consignados do INSS fez bancos privados e até públicos suspenderem a concessão de financiamentos nessa modalidade, empurrando aposentados para linhas muito mais caras. O dano foi tão grande que o governo teve de agir para rever a taxa.

Enquanto isso, o BNDES estuda revisar sua taxa de juros – a TLP, criada no governo Temer – e retomar a política de juros subsidiados, dentro de um plano para fazer o banco de fomento dobrar de tamanho. O que, se confirmado, reduzirá a “potência” da taxa Selic, que atua apenas sobre o crédito com recursos livres, podendo assim encarecer o crédito para quem não tem acesso às linhas do banco de fomento.

Outra medida que ainda está no campo das promessas e que também pode prejudicar a economia é a intenção do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de acabar com o saque-aniversário do FGTS, sob o pretexto de proteger o trabalhador. Além de impedir o acesso a um dinheiro que poderia ser direcionado ao consumo ou a investimentos mais rentáveis, a iniciativa acabaria com uma das modalidades de crédito mais baratas do mercado, que usa esse saque como garantia.

Governo relança antigos programas e reverte medidas de Bolsonaro e Temer
Lula já relançou ao menos três programas de cunho econômico adotados em suas gestões anteriores: o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Mas o retorno ao passado promovido pelo novo governo – refletido no lema “O Brasil voltou”, repetido várias vezes por Lula em discurso sobre os primeiros 100 dias de gestão – não se limita a essas iniciativas.

Está em curso uma ampla reversão de ações dos antecessores Bolsonaro e Temer, que vai bem além do fim do saque-aniversário do FGTS e da retomada do protagonismo do BNDES. Alguns exemplos:

a revisão da política de preços de mercado adotada pela Petrobras no governo Temer, com pressão para que a empresa reduza dividendos e amplie investimentos;
a retirada de várias estatais do programa de privatização, incluindo a Telebras, esvaziada há mais de duas décadas, desde a privatização das telecomunicações;
a tentativa de reverter a privatização da Eletrobras;
a ideia de modificar a reforma trabalhista;
a ideia de rever  partes da reforma da Previdência; e
as mudanças que desvirtuaram o marco do saneamento, abrindo brecha para a atuação de estatais sem licitação.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que o Brasil tem grandes dificuldades em avançar numa agenda de longo prazo. “Não houve reformas entre 2005 e o início do governo Temer, em 2016”, lembra. E mesmo as reformas realizadas de 2016 em diante agora estão ameaçadas.

Não há comprovação de essas medidas possam impulsionar o crescimento econômico de forma duradoura e sustentável. No caso do saneamento, o discurso oficial diz que as modificações do marco vão “destravar” investimentos no setor, permitindo desembolsos de R$ 120 bilhões até 2033.

Os números, porém, indicam que o marco facilitou o investimento privado. Apenas os contratos firmados até abril de 2022 sob o novo marco já asseguravam desembolsos de quase R$ 50 bilhões. “Investir em saneamento básico é uma das políticas mais importantes que há, pois reduz a necessidade de gastos com o Sistema Único de Saúde”, observa o professor do Ibmec-MG.

Um dos objetivos da legislação aprovada no governo Bolsonaro foi barrar estatais que não conseguissem comprovar capacidade econômico-financeira para cumprir as metas de universalização do acesso a água tratada e a coleta de esgoto. O que Lula fez com seus decretos foi reabrir as portas para estatais problemáticas – que não investiam o necessário – atuarem no setor.


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