sábado, 15 de abril de 2023

HISTÓRIA DO JUIZ ITALIANO QUE INSPIROU A OPERAÇÃO LAVA JATO

Giovanni Falcone
A máfia nunca perdoou o juiz que inspirou a Lava Jato. E não descansou até matá-lo

Por
Tiago Cordeiro – Gazeta do Povo


Pessoas visitam o local onde está sepultado o juiz Giovanni Falcone, na Igreja de San Domenico, em Palermo, na Itália| Foto: EFE/ Álvaro Padilla

Ao longo de mais de uma década, desde o início dos anos 1980, o procurador italiano Giovanni Falcone assumiu para si uma rotina marcada por restrições severas. Evitava restaurantes, lojas, bares ou situações sociais em que pudesse ser visto e fotografado ao lado de possíveis membros da máfia. Cada movimentação sua era estudada junto a uma equipe de segurança. Caminhar despreocupadamente na rua era impossível, ou mesmo tirar férias tranquilas.

Certa vez, os seguranças que o acompanhavam para todo lugar encontraram uma bolsa esportiva contendo uma bomba na praia do vilarejo de Addaura (na costa norte da Sicília), onde ele e a esposa haviam alugado uma casa – apenas alguns poucos policiais sabiam da tentativa de descanso, e ainda assim a informação vazou. O dispositivo era composto por dois mecanismos. Um deles seria ativado se alguém tivesse movido a mala de lugar.

Enquanto finalizava o texto do famoso maxi-julgamento, o processo de 8.607 páginas, divididas em 40 volumes, apresentado à Justiça italiana em novembro de 1985, Falcone chegou a viver por um mês e meio num apartamento improvisado dentro da prisão da ilha de Asinara. Seu colega, o magistrado Paolo Borsellino, o acompanhou. Levou a esposa e as três crianças. Falcone optara por não ter filhos. Dizia que não sabia se continuaria vivo para criá-los. A filha mais velha de Borsellino sofreu problemas psicológicos sérios em função do medo que rondava sua vida.

Mas, em 23 de maio de 1992, Falcone cometeu um pequeno gesto de liberdade: assumiu a direção de seu Fiat Croma blindado. Ele e a esposa, Francesca Morvillo, deixaram Roma em um avião do governo às 4h40, pousaram no aeroporto de Punta Raisi, em Palermo, pouco mais de uma hora depois, e pegaram a estrada a caminho de casa. O monitoramento da estrada por helicóptero, comum até o final dos anos 1980, não vinha mais sendo realizado. De forma que ninguém percebeu a movimentação estranha que acontecera na madrugada.

“Uma equipe de ‘homens de honra’, vestidos como operários da construção civil, havia finalizado os últimos detalhes de um enorme estoque de quinhentos quilos de explosivos plásticos, instalados em um grande cano de drenagem de metal que passava por debaixo da rodovia”, relata Alexander Stille, na biografia Morte a vossa excelência. “Um grupo de homens se aglomerava em uma pequena cabana a cem metros da beira da estrada, onde um detonador de controle remoto estava escondido, examinando o movimento do tráfego do aeroporto em direção à cidade.”

Francesca sentou-se no banco da frente, ao lado dele, enquanto o motorista, Giuseppe Costanza, foi para o banco de trás, prossegue o livro. “Quando a caravana passou por Capaci, a estrada inteira foi destruída por uma explosão gigantesca que parecia o epicentro de um terremoto. Todos os três carros foram engolidos, dobrados e torcidos pela explosão que criou uma cratera imensa, rasgando um quarto de milha de estrada”. Sismógrafos da região registraram o abalo.

Uma testemunha, um motorista que vinha logo atrás, viu Falcone preso nas ferragens, ainda se movendo, o rosto coberto por sangue. “Os três guarda-costas do último carro escaparam com ferimentos relativamente pequenos, enquanto Falcone, Francesca e seu motorista ficaram gravemente feridos, mas estavam vivos quando as ambulâncias chegaram. O motorista, no banco de trás, sobreviveu; Falcone foi declarado morto logo após chegar ao hospital. Se Falcone não tivesse insistido em dirigir, ele poderia ter sobrevivido”, relata o biógrafo. O procurador, ou magistrado investigador, como se denominava na Itália, faleceu aos 53 anos. Francesca, que também era magistrada, tinha 46. Não resistiu depois de duas cirurgias. Num breve momento de consciência, perguntou: “Onde está Giovanni?”.

Borsellino também seria assassinado, logo no ano seguinte. Era o fim de uma era. Apenas em 2021 a Itália realizaria um novo grande julgamento contra a máfia. Ele ainda não acabou. Até agora, mais de 300 suspeitos depuseram e 70 foram condenados. O procurador Nicola Gratteri, que lidera o novo esforço em conter o crime organizado no país, sabe que tem a cabeça a prêmio e vive uma rotina muito semelhante à experimentada por Falcone, três décadas antes.

Revolução nas investigações 
É compreensível que Falcone tenha incomodado tanto. Seu trabalho transformou para sempre a forma como as operações da máfia são investigadas, não apenas na Itália. Ao longo de viagens para dezenas de países, de Suíça a Tailândia, passando por Estados Unidos e Brasil, o magistrado conseguiu conciliar esforços e agregar informações que antes permaneciam dispersas. Mais do que isso: ele criou um método para gerar evidências e provas que pudessem, de fato, levar os criminosos à prisão.

“Falcone inaugurou uma revolução silenciosa nas investigações de casos da máfia. Ele fez uso de sua experiência nos tribunais de falências e aplicou-a ao mundo financeiro da máfia”, relata o biógrafo. Seguindo o caminho do dinheiro, ele começou a encontrar conexões que antes não eram evidentes para os investigadores, apesar de décadas de tentativas de investigar as ações dos grupos criminosos organizados. O esforço foi recompensado no momento em que ele conquistou a confiança de Tommaso Buscetta, o mafioso que vivia em exílio no Brasil

“As confissões de Buscetta revolucionaram os processos contra a máfia nos dois lados do Atlântico. Ele não apenas deu os nomes de centenas de mafiosos operando na Sicília, nos Estados Unidos e na América do Sul, como também possibilitou compreender a Cosa Nostra como um todo, conectando inúmeros crimes em um padrão inteligível”, descreve Stille, que cita um depoimento escrito do próprio Falcone: “Antes dele, eu tinha, nós tínhamos, apenas uma compreensão superficial do fenômeno da máfia. Com ele, foi possível entrar na estrutura. Ele explicou para nós inúmeros detalhes sobre a estrutura, as técnicas de recrutamento e as funções da Cosa Nostra. Acima de tudo, ele nos deu uma visão ampla e global do fenômeno. Ele nos deu uma chave interpretativa, a linguagem e o código”.

Falcone e Borsellino pagaram com a vida, assim como outras dezenas de agentes e investigadores. Mas, em 1992, seu legado tinha prosseguimento, em outra esfera, com a Operação Mãos Limpas, que duraria quatro anos e exporia toda a corrupção entre lideranças políticas e grandes corporações italianas.

Casos semelhantes 
Ao longo de quatro anos, investigadores italianos desenrolaram um novelo, que começou a ser puxado às 17 horas de 17 de fevereiro de 1992, com a prisão em flagrante de Mario Chiesa por crime de extorsão praticada por funcionário público. Coordenada pelo procurador da República Antonio Di Pietro e apoiada no modus operandi de Falcone, assim como nas lições sobre a máfia aprendidas com os depoimentos de Tommaso Buscetta, a operação gerou números expressivos: mais de 6 mil investigados, quase 3 mil mandados de prisão expedidos, 438 parlamentares acusados, incluindo quatro ex-primeiros-ministros.

Os paralelos com o Brasil, e com a Operação Lava Jato, são evidentes, como lembra Rodrigo Chemim, procurador do Ministério Público do Paraná, no livro Mãos Limpas e Lava Jato. “Não há como não notar as incríveis semelhanças entre Brasil e Itália quando se trata de política, futebol, paixão popular, preconceitos regionais, afrouxamento ético, corrupção institucionalizada, descuido no trato privado da coisa pública e também da legislação penal e processual penal benevolente com a criminalidade do colarinho-branco”, ele descreve. Não por acaso, o senador Sergio Moro já declarou, em diferentes ocasiões, que atuou tendo em Falcone um guia. O ex-juiz sabia que os paralelos poderiam trazer lições importantes para o caso do Brasil.

Publicado pela primeira vez em 2017, o livro de Rodrigo Chemim ganhou um posfácio em 2018, que terminava com a seguinte frase: “Em paralelo, é preciso acompanhar como se desdobrarão os outros seis processos e três investigações a que Lula responde. O tempo dirá se a Lava Jato terá destino similar ao da Mãos Limpas”.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Chemim comentou os acontecimentos dos últimos cinco anos. “O que aconteceu no Brasil foi uma reação muito mais forte do que a observada na Itália. Lá, a Operação Mãos Limpas e seus desdobramentos acabaram contidos pelo Poder Legislativo, que alterou uma série de leis para favorecer a corrupção, facilitando, principalmente, a prescrição dos casos, com base na possiblidade de interpor uma série de recursos. Aqui, a reação veio pelo Judiciário, pelo Executivo, pelo Legislativo, pela imprensa. Vimos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mudar o discurso de forma radical, e até mesmo ofender diversas vezes os investigadores, como fez Gilmar Mendes”.

Chemim entende que há um momento claro para a inflexão. “No início, havia um ambiente favorável ao trabalho dos procuradores. Mas, a partir de 2016, já havia suspeitas sobre quase todos os partidos e quase todos os presidentes do Brasil desde a redemocratização. Aconteceu da mesma forma na Itália: o momento de contenção aconteceu quando quase toda a classe política se viu a perigo”.

Há alguma lição a aprender com a forma como a Mãos Limpas e a Lava Jato foram contidas? “Talvez, no futuro, seja mais produtivo evitar grandes operações unificadas, distribuindo os casos”, ele recomenda. “Mas, de toda forma dificilmente vamos ver no Brasil uma investigação do porte da Lava Jato por pelo menos 20 anos. Não teremos outro procurador dando a cara a tapa da forma como o Deltan Dallagnol deu. Nem veremos mais punições severas para crimes de colarinho branco.”


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ALÉM DAS INÚMERAS INSEGURANÇAS PARA O EMPRESÁRIO DO COMPO APARECE OUTRA A DO MST

 


Insegurança agrária

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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Marcha do MST: movimento volta a ganhar protagonismo com Lula no Planalto.| Foto: Emilly Firmino/MST

O “general” de Lula e do MST, João Pedro Stédile, acaba de ameaçar os proprietários rurais com um abril cheio de invasões, numa Jornada Nacional em Defesa da Reforma Agrária, para punir latifúndios improdutivos. Anunciou que vão plantar árvores para mostrar a defesa do meio ambiente. O irônico é que invadiram este ano fazendas de eucaliptos e derrubaram as árvores de onde sai celulose para fazer papel – e é inesquecível aquela imagem de invasores tratorando laranjais de onde sai o suco que nos coloca em liderança no mundo. Mais irônico é falar em latifúndios improdutivos quando todas as terras produtivas já estão ocupadas – e interessante que a tal reforma agrária aparece depois que o governo Bolsonaro entregou mais de 400 mil títulos de terra em quatro anos, o dobro do que Lula e Dilma entregaram de 2003 a 2015.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz que invasões não serão toleradas, acompanhando o governador de seu estado, Mato Grosso. Outros governadores se manifestaram no mesmo sentido. A polícia de São Paulo já prendeu José Rainha Júnior por extorsão, o que quer dizer “paga ou invadimos” ou “paga que saímos”. Deixando de lado essa intenção bandida, a tal jornada de abril é oxigênio para manter acesa a chama da ideologia que estimula movimentos como esses. Uma ideologia de intelectuais que usa desempregados como massa de manobra, enquanto os faz acreditar numa utópica reforma agrária na ponta do arco-íris. Os da reforma real suaram bastante para receber seus títulos de terra.

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O Incra registrou apenas 16 das invasões que ocorreram nesses 100 dias de governo, mas pelas redes sociais se sabe que elas pipocam por todo o país. O agro, que já tem inquietações suficientes com o clima, o mercado, a insegurança jurídica na área tributária, agora tem mais essa, depois da paz fundiária dos anos Bolsonaro. Acresce que tem ainda pela frente o Supremo com o tal marco temporal das terras indígenas, em que seria melhor ouvir um professor de Português, para dizer o que significa um verbo no presente do indicativo.

Não custa repetir que o direito de propriedade é cláusula pétrea na Constituição, inscrito na mesma linha do direito à vida. Só que, para o cúmulo da insegurança jurídica, nem cláusula pétrea tem sido respeitada pela suprema corte que, em lugar de aplicar a Constituição, a tem modificado, mesmo sem poderes para isso. Agora a ameaça de Stédile junta-se a tantas outras ameaças que tornam cada vez mais difícil viver num país com tantas inseguranças.


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CEM DIAS DE DESGOVERNO DE LULA

 

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Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

Durante a campanha, Lula prometeu um governo com muita picanha, empregos e crescimento econômico. Cem dias após o início de seu mandato, a picanha está distante, o crescimento dos empregos foi modesto, menor do que no ano anterior, e o crescimento econômico só está se mostrando uma realidade para as grandes empreiteiras da Lava Jato, que podem ter seus acordos de leniência anulados, a pedido de partidos governistas, e receber de volta o dinheiro público que desviaram.

Com seu mote de “o Brasil voltou”, temos que concordar: ele voltou, regrediu, para um Brasil que demonstra proximidade ideológica com os ditadores da América Latina, como Maduro e Ortega. Um Brasil que retrocede, criando rusgas com as nações democráticas que estão ao lado da Ucrânia, enquanto Lula nos aproxima da Rússia, tentando fazer com que uma nação democrática invadida por uma ditadura ceda seus territórios pela “paz” proposta pelo governo brasileiro.

Voltamos também à nossa proximidade com a ditadura iraniana. Em fevereiro, o governo federal autorizou que duas embarcações de guerra iranianas atracassem no Rio de Janeiro. O Irã, país reconhecido mundialmente pelas suas violações massivas aos direitos humanos e perseguição às mulheres, é acusado de fornecer armas à Rússia na guerra contra a Ucrânia e produzir armas de destruição em massa. O ato foi duramente criticado pelos Estados Unidos, nosso segundo maior parceiro comercial, com quase 18% das nossas exportações.

Um Brasil que retrocede, criando rusgas com as nações democráticas que estão ao lado da Ucrânia, enquanto Lula nos aproxima da Rússia, tentando fazer com que uma nação democrática invadida por uma ditadura ceda seus territórios pela “paz” proposta pelo governo brasileiro

Além disso, retornou a ideia de que o BNDES, um banco para o desenvolvimento nacional, deve financiar projetos de engenharia em países vizinhos. A realidade é que o PT quer beneficiar as empreiteiras investigadas na Lava Jato, que, por sua vez, repassavam propinas ao partido e a governos estrangeiros. Enquanto há outras necessidades urgentes no Brasil, Lula quer financiar ditaduras como Venezuela e Cuba, que nos deram um calote de R$ 3,5 bilhões.

E sabe quem também voltou? O orçamento secreto. Outra contradição do petista ao longo dos últimos cem dias foi em relação ao orçamento secreto, que foi julgado inconstitucional por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de ter criticado o mecanismo criado durante a gestão do antecessor, o governo Lula tem permitido, em troca de apoio parlamentar, que o Congresso indique a destinação de verbas, o que deveria ser feito pelos ministérios.

Mudaram o mecanismo, das emendas do parlamentar relator do orçamento, as “RP9”, para as “RP2”, usadas na destinação de verbas dos ministérios. A transparência segue não existindo, dificultando a fiscalização e a investigação de desvios de recursos por parlamentares e seus aliados políticos nas suas bases, onde o dinheiro é recebido. Basta lembrar que em Pedreiras, no Maranhão, teriam sido extraídos, num ano, 540 mil dentes de seus 39 mil habitantes – um dado absurdo que provavelmente significa que houve um esquema escrachado de desvio de dinheiro público. Mas é preciso admitir que algumas coisas mudaram, pois antes o orçamento secreto chegava a R$ 19,4 bilhões e agora poderá alcançar R$ 46 bilhões.

Se o orçamento secreto é, como Lula o chamou na campanha presidencial, “o maior esquema de corrupção de todos os tempos”, esse foi o Brasil que cresceu: o da falta de transparência e do excesso de oportunidades para a corrupção. Lula sempre esteve em primeiro lugar nos maiores escândalos de corrupção brasileiros e certamente não poderia correr o risco de perder essa posição.

Mais uma vez, o Brasil que voltou é aquele da escolha de políticos para chefiar órgãos, ministérios e entidades públicas sem competência ou experiência para as suas funções, a fim de cumprir o programa político de loteamento e aparelhamento de estatais, para que elas sirvam aos interesses políticos do PT e de seus aliados, em detrimento de servirem aos brasileiros. No passado, vimos no que descambou esse sistema, cujas entranhas foram expostas no Mensalão e na Lava Jato.

Outro retrocesso é o do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que vai do Banco Central para as abas do Ministério da Fazenda, onde fica sujeito a interferências políticas. O COAF é o órgão de inteligência financeira brasileiro, que coleta informações para iniciar ou subsidiar investigações de lavagem de dinheiro proveniente de todo tipo de crime, especialmente corrupção e tráfico de drogas. Enquanto no discurso petista seus governos jamais interferiram em apurações, são gritantes as medidas para o  aparelhamento dos órgãos de investigação. Até o discurso de que o novo Procurador-Geral da República seria escolhido a partir da lista tríplice já mudou.

Se o orçamento secreto é, como Lula o chamou na campanha presidencial, “o maior esquema de corrupção de todos os tempos”, esse foi o Brasil que cresceu: o da falta de transparência e do excesso de oportunidades para a corrupção

Voltou também o Brasil que idolatra criminosos debaixo do governo do Partido dos Trabalhadores. O mesmo homem que retornou à cena do crime, como disse seu próprio companheiro de chapa Geraldo Alckmin, homenageia corruptos. Em fevereiro, no aniversário do PT, o condenado José Dirceu apareceu no palco e foi ovacionado pela militância petista quando anunciado.

Segundo reportagens, Dirceu tem andado pelos bastidores, onde sua presença é considerada “mais do que o normal” para o partido, que acredita que ele não só “deveria” como “merece” aparecer mais. José Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de reclusão por sua participação no esquema de corrupção do Mensalão, fora as várias condenações na Lava Jato. José Genoíno, que também apareceu em vídeo no aniversário do PT, foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão.

Tem mais: desmonte do setor de combate à corrupção na Controladoria-Geral da União, erosão da lei das estatais, ataque ao setor de compliance da Petrobras, manutenção nos cargos de ministros envoltos em escândalos de desvios e malversação de recursos, vingança contra agentes da lei que combateram a corrupção e a perspectiva de nomeação para o STF de alguém especializado em garantir a impunidade de corruptos são medidas que mostram que realmente o Brasil voltou, aquele mesmo que foi sitiado e saqueado por pessoas que diziam proteger o povo enquanto o roubavam.

É bem visível que o “Brasil da esperança” se converteu em um “Brasil da desilusão”. Neste ano, a criação de empregos está em declínio e não em ascensão como vinha ocorrendo. Em fevereiro, foram assinadas 241,8 mil carteiras de trabalho, uma queda de 26,4% em relação ao mesmo período de 2022. O aumento do salário mínimo prometido na campanha petista não passou de R$ 18, ficando em R$ 1.320, aquém dos R$ 1.400 prometidos por Bolsonaro. Tivemos o segundo pior desempenho da Bolsa num início de mandato desde o Plano Real, em 1994. Foi o pior fevereiro em 22 anos, com uma queda de 7,49%.

Lula, ao invés de assumir sua responsabilidade, segue culpando falsamente outros nomes e áreas. Ele tenta fazer de bode expiatório o Presidente do Banco Central, Campos Neto, economista renomado com formação na Universidade da Califórnia. Pretende jogar sobre ele a culpa pela estagnação econômica, mas ela é do Governo Federal, que apresentou um novo arcabouço fiscal que não foi capaz de afastar a desconfiança dos investidores na trajetória explosiva da dívida pública. Para conter o aumento da dívida, o novo marco fiscal do governo, segundo o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, “levará à alta brutal da carga tributária”, que já está dentre as mais elevadas do mundo.

Enquanto isso, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) reviu para cima a expectativa de inflação para 2023. Na nova projeção, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o valor saltou de 4,9% para 5,6%. A previsão de aumento da inflação nos serviços foi de 5,4% para 6%. A ausência de uma âncora fiscal confiável, a tendência de ampliação de despesas e os ataques à independência do Banco Central afastam a confiança do mercado e auxiliam no aumento inflacionário.

Tudo isso se reflete na falta de confiança, no Brasil e no exterior, de que a economia, as empresas e os brasileiros prosperarão neste governo. Pesquisa da Quaest divulgada há um mês apontou que 94% do mercado financeiro não confia em Lula. É praticamente uma unanimidade – contrária. O comportamento do governo Lula afasta investidores do Brasil De fato, menos confiança gera menos investimento. E menos investimento gera menos emprego. No primeiro trimestre após a eleição de Lula – novembro, dezembro e janeiro – o desemprego voltou a subir após dez quedas consecutivas, indo de 8,6 para 9 milhões de pessoas. Em fevereiro, o número subiu para 9,2 milhões – uma taxa de 8,6%. O clima econômico vai de mal a pior.

Certo ainda é que o governo Lula deixará milhões de brasileiros na merda. Literalmente. Por meio de dois decretos, Lula enfraqueceu o projeto de universalizar os serviços de água potável e esgoto para 99% e 90% dos brasileiros, respectivamente, até 2033. Hoje, 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 100 milhões não têm acesso ao esgoto. O Brasil investe entre 10 e 12 bilhões anualmente no setor, mas seria necessário investir cerca de R$ 24 bilhões para atingir a meta.

A ausência de uma âncora fiscal confiável, a tendência de ampliação de despesas e os ataques à independência do Banco Central afastam a confiança do mercado e auxiliam no aumento inflacionário

Diante da escassez de recursos, foi criada uma solução pelo Congresso em 2020: o marco legal do saneamento básico, que abriu espaço para empresas privadas, mediante licitação, realizarem os investimentos e prestarem o serviço. Contudo, Lula fez uma série de mudanças, por meio de seus decretos, que privilegiam as estatais de água e esgoto que não demonstraram ter capacidade financeira ou planos para os investimentos e a universalização dos serviços até 2033.

Isso é muito preocupante porque o Brasil perde vidas, saúde e riqueza com esse atraso. Segundo o IBGE, 11 mil brasileiros morrem anualmente por falta de saneamento. Além disso, 17,6 milhões se afastaram do trabalho por diarreia ou vômito só em 2017 e a universalização do serviço trará ganhos anuais de mais de R$ 9 bilhões, segundo dados do Instituto Trata Brasil. A visão estatizante de Lula amarra o Brasil ao passado e nos afasta da modernização.

Ao olharmos para o mote “O amor venceu”, temos a certeza de que essa foi a maior mentira da campanha. Que tipo de amor é esse que riu da ameaça de morte sofrida pela família de Sergio Moro durante uma coletiva de imprensa? Que amor é esse que constantemente nos divide entre “nós” e “eles”? Que amor é esse que deseja prejudicar os outros e cercear sua expressão por meio de um ministério da verdade? Onde está o amor na conivência desse governo com a violação de direitos por meio da invasão de terras produtivas?

Além disso, não podemos esquecer que esse “amor” luta contra a defesa da vida: Lula retirou o Brasil do acordo internacional do Consenso de Genebra, que visa proteger o nascituro e a saúde das mulheres. Durante a campanha, Lula chegou a dizer que era contra o aborto para diminuir sua rejeição entre o povo religioso, mas a retirada do acordo internacional mostra que ele estava apenas enganando os eleitores mais uma vez.

Há muito mais, mas não caberia neste artigo. Ao fim dos cem primeiros dias, o governo não entregou nenhum resultado. Certo é que, nestes primeiros cem dias de(s)governo, o slogan de Lula se consolidou: “o Brasil voltou” – de fato, voltou para trás. A principal missão do Congresso Nacional nestes quatro anos será a de lutar contra esses e outros retrocessos. E a cobrança ou apoio dos brasileiros será fundamental. Eu sei, você está lendo isso e sentindo toda a desmotivação do mundo. Está se sentindo revoltado e impotente. Mas não se engane, você não é.

Em  cem dias, nunca tivemos uma oposição tão atuante e cidadãos conservadores e liberais tão ativos. O fruto disso é claro: apesar dos inúmeros erros, Lula não conseguiu nenhuma vitória significativa no Parlamento. Com receio de testar sua possível fraqueza no Congresso, tem se mantido inerte.

Além disso, muitos parlamentares têm questionado os desmandos por meio de pedidos de informações, representações aos órgãos competentes, convocação de ministros para prestar esclarecimentos, pedidos de CPIs, decretos para sustar atos presidenciais, pedidos de impeachment, articulação de grupos de fiscalização e medidas no Supremo Tribunal Federal.

Nós não podemos desistir do Brasil, porque é exatamente isso que aqueles que atrasam o Brasil querem: que você desista, que você perca as suas esperanças. O Brasil que queremos pode ser e será construído mediante a soma de esforços de cidadãos com muito trabalho, estratégia, perseverança e fé. Não vou desistir. Conte comigo e seguirei contando com você.


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A ELITE DE LULA NÃO GOSTA DE POBRE

 


Por
Rodrigo Constantino – Gazeta do Povo


O Brasil vai mal, muito mal, e fica cada vez mais delicada a missão de defender o indefensável na velha imprensa, assessoria informal do PT. O calabouço fiscal é pretexto para aumento de gastos e impostos, no âmbito internacional o presidente flerta com os piores regimes tirânicos e os pobres serão “convidados” a pagar mais por tudo. Mas o amor venceu e tudo era necessário para “salvar a democracia”, alegam os militantes.

Vera Magalhães, por exemplo, comentou em sua coluna de hoje no Globo: “A filosofia que norteou a construção do arcabouço fiscal é boa, transparente e está em linha com o que foi prometido por Lula na campanha: trazer os mais pobres para o Orçamento e fazer quem está à margem do sistema de tributação, por privilégios históricos ou malandragens como essa de enviar os pacotes dos compradores da China em nome do Brad Pitt, pagar o que a lei manda”.

O que incomoda a militante tucana, no fundo, é o “erro de comunicação”. A jornalista que, durante a pandemia, mandou todos ficarem em quarentena tomando vinho com os pés para cima na banheira, acha que Lula deve apenas explicar que os pobres vão pagar mais pelas “blusinhas” mesmo: “O que não dá é para, por medo de fazer o debate na sociedade, o governo ficar se esquivando das palavras e dos temas, para tentar convencer alguém que não pagará a mais pela blusinha. Ora, se a compra não puder mais ser fracionada nem a remessa atribuída indevidamente a Shakira ou ao Papai Noel, vai pagar imposto, sim”. Simples assim.

Já o próprio Fernando Taxad tem a explicação na ponta da língua: ele compra na Amazon, não nesses sites asiáticos: “O único portal que conheço é a Amazon, porque compro todo dia um livro pelo menos”. O tucano Pedro Doria, também no Globo, tenta explicar ao ministro do que se trata o fenômeno: “No momento em que o Brasil estava indo em peso para o e-commerce por causa da pandemia, o país descobriu as três lojas e as adotou como suas. As periferias das grandes cidades, em particular, se encheram de produtos de consumo como não viam desde os tempos de Lula 1 para 2. Pois é — o preço chinês cabe na carteira, principalmente, da classe média baixa. Haddad pode se dar ao luxo de não conhecer as lojas por isso. A diferença é para quem vê distância intransponível entre R$ 100 e R$ 500 na hora de comprar um tênis”.

Isso não faz com que o tucano seja contra a medida, porém: “Isso não quer dizer que a decisão esteja incorreta — não está. O ministério está certo. Não podem as lojas brasileiras pagar um tipo de imposto e as asiáticas ter isenção porque driblam a Receita Federal. Até porque o Estado precisa fazer caixa”. O governo precisa de mais recursos, pois Lula e Janja gostam de móveis bem caros e porque são muitos comparsas, digo, companheiros à espera de torneiras estatais reabertas. É preciso agradar os “amigos do rei”, então o pobre que se exploda! Vai ficar esperando chuva de picanha até o final do mandato, tendo de se contentar com abóbora trans. Os memes não poderiam faltar:

Enquanto isso, Lula vai à China para fortificar os laços com o regime comunista ditatorial e alfinetar os Estados Unidos. Para quem alega se tratar do nosso maior parceiro comercial que demanda pragmatismo, Lula mesmo rebate o argumento: em discurso no início da reunião com Xi, Lula afirmou ter ficado “emocionado com o espetáculo das crianças” e destacou querer ir além do comércio na relação entre os dois países. “A compreensão que o meu governo tem da China é a de que temos que trabalhar muito para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial”, disse. “Queremos que a relação Brasil-China transcenda a questão comercial.”

Se ficou alguma dúvida, o presidente fez questão de esclarecer: pela manhã, no encontro com o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, Lula já havia dito querer “elevar o patamar da parceria estratégica e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial”. Lula quer desbancar o dólar como lastro internacional do comércio. A esquerda ocidental começa a se dar conta dos riscos de se fazer o L, como mostra reportagem do Washington Post. Lula não é o parceiro esperado, pois tem sua própria agenda…

Mas na imprensa brasileira, a militância segue fechada com Lula. Mesmo que seja preciso cair em contradições e demonstrar certa hipocrisia, como no caso de André Trigueiro: “Povo indignado c/taxação de produtos baratinhos importados de lojas virtuais da China, mas ninguém quer saber por que são tão baratinhos. Exploração de mão de obra? Ausência de direitos trabalhistas? Baixo custo da energia suja do carvão mineral? E a concorrência desleal c/a nossa indústria? Tudo isso junto? É natural que todos queiramos adquirir produtos mais baratos. Mas que quase ninguém se interesse em investigar por que certos produtos dão uma volta ao mundo e ainda assim tem o preço final tão acessível explica, em parte, a nossa crise civilizatória”.

Se fosse Trump dizendo isso, seria acusado de nacionalista xenófobo. Aliás, seria não: ele foi. Mas parece que tudo depende de quem diz, não do que é dito. E fica mais fácil dispensar produtos baratinhos quando se é da elite. A elite que fez o L para “salvar a democracia” ao lado de bajuladores de ditaduras. A turma que não precisa economizar tanto em produtos de consumo, pois torneiras estatais irrigam seus cofres. O pessoal que achou divertido mandar todo mundo se trancar em casa durante a pandemia enquanto dividia dicas de livros e filmes. Aquela gente que fica espantada quando descobre que o povo liga mais para emprego do que “mudanças climáticas”.

A elite do L não gosta de pobres. Fato.

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NOTÍCIAS RUINS ASSUSTAM OS EMPRESÁRIOS NESSE INÍCIO DE 2023

 

Odivan Carlos Cargnin – Sócio fundador da Razonet Contabilidade Digital

O ano de 2023 recém iniciou e não faltam notícias que assustam os empresários, em especial os pequenos. Juros a 13,75% ao ano que, somado ao spreed (margem de lucro do banco) facilmente supera os 20% ao ano, custos aumentando, crise nas empresas do varejo, bancos quebrando lá fora, demanda caindo. Dá um frio na barriga. Imagino quantos empresários estão perdendo noites de sono, preocupados com o futuro da sua empresa.

O cenário que estamos metidos de fato não é para amadores. Além das condições macroeconômicas adversas, ainda temos o crescente aumento de concorrentes. É para testar a inteligência emocional de qualquer um.

Mas essa é a vida do empresário brasileiro. Não tem trégua. É assim que o Brasil funciona e já sabemos que reclamar não vai resolver nada. A saída é esfriar a cabeça e pensar em estratégias para superar essa tempestade. Também sabemos que momentos ruins não duram para sempre, assim como os momentos bons. É preciso chegar na praia vivo para poder aproveitar o próximo ciclo de prosperidade.

Neste sentido é que algumas ações já testadas em crises anteriores podem ser novamente implementadas, a fim de garantir a navegação em segurança, enquanto a tempestade passa. Aqui vão algumas lições, que todo empresário deveria estar atento.

1)    Cash is king (o caixa é rei): a pior coisa que existe para um empresário é ficar sem liquidez, popularmente falando, ficar sem dinheiro. Neste momento não existe solução boa. Todas são ruins. Os bancos cobram caríssimo para renegociar dívidas e novas dívidas para capital de giro tem custo exorbitante. Uma empresa sem caixa entra em um ciclo vicioso de destruição rápida de riqueza. Portanto, proteja o caixa, a qualquer custo. E se você não tem um colchão de caixa para esses momentos (a reserva de emergência) lembre-se de fazer quando a tempestade passar. Em breve virá outra tempestade e você vai estar mais preparado. Mas agora, sente em cima do caixa e proteja cada centavo. Renegocie prazos, parcele compromissos existentes. Sempre com muita transparência e sinceridade. Os credores entendem e valorizam posturas éticas.

2)    Controle dos custos e das despesas: aqui é super importante um olhar criterioso. Os custos e despesas que podem ser adiados devem ser deixados para depois. Revise os contratos, geralmente é possível reduzir o escopo e renegociar valores. Mas muito cuidado para não fazer aquela economia burra, que no final do dia não melhora o caixa de forma significativa e impacta fortemente o negócio. Especialmente quando falamos em custos relacionados a pessoas. Temos que economizar, mas precisamos dos times focados e motivados mais do que nunca. Então, cuidado para não dar um tiro no pé. As pessoas são parte da solução. Uma dica importante é buscar ganhos de eficiência dentro da empresa que você ainda não se atentou. Pode ser via revisão de processos internos ou da adoção de novas tecnologias. Hoje em dia existem muitas tecnologias disponíveis que ajudam as empresas a reduzir custos e ganhar eficiência. A contabilidade digital da Razonet, por exemplo, é muito mais barata e eficiente que a contabilidade tradicional. Possui planos de baixo custo e auxilia o pequeno empreendedor nessa jornada. Desafie as pessoas a buscar estas soluções. Como diz o ditado: “nunca desperdice uma crise”. Ela é útil para isso.

3)    Investimentos: as empresas organizadas, que têm caixa, fazem investimentos justamente nesse momento mais conturbado. Elas conseguem acessar capital a custos melhores, pois os bancos ficam seletivos e direcionam os empréstimos para as melhores empresas. Também contratam fornecedores mais baratos, pois as empresas estão com menor demanda. Se esse não for seu caso, o recomendável é segurar todo investimento. A menos que o investimento tenha uma taxa de retorno (TIR) muito acima do custo do dinheiro – ou seja, deve ter uma TIR acima de 30% aa e com risco de execução muito baixo, não vá adiante. No caso do dinheiro da empresa estar curto, então nem pensar em investir, mesmo nos casos de TIR elevada. Essa TIR pode ir embora se a empresa for pega no contrapé e ficar sem dinheiro no meio do caminho.

4)    Reestruturação financeira: importante ter um fluxo de caixa bem feito para um horizonte de, no mínimo, 5 anos. Esse fluxo deve conter a geração de caixa operacional e os compromissos financeiros. É possível que você identifique a necessidade de refinanciamento (ter que tomar dívida) neste ano ou no ano que vem. Quanto antes você souber disso, muito melhor para buscar as alternativas, com tempo. Se deixar para a hora da necessidade, vai ter que pagar muito mais caro. Importante verificar o custo das dívidas atuais e analisar se não existem alternativas mais baratas no mercado. O fluxo de caixa é a principal arma do empreendedor. Não deixe de usá-la ao máximo.

Como dito, lembre-se que a tempestade passa e logo o mar estará mais tranquilo para navegar. Mas lembre-se também que o mar brasileiro é sempre revolto. Então, é preciso estar permanentemente preparado para a crise, pois ela certamente virá. Lembre-se disso na próxima vez que o mar estiver calmo. E, nesse barulho todo, as oportunidades sempre aparecem. E é aí que o empreendedor faz a diferença. Bora virar o jogo e fazer negócios!

Vantagens Competitivas da Startup Valeon

pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise.

Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras.

Em vez de andar pelos comércios, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira.

Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

Contudo, para esses novos consumidores digitais ainda não é tão fácil comprar online. Por esse motivo, eles preferem comprar nos chamados Marketplaces de marcas conhecidas como a Valeon com as quais já possuem uma relação de confiança.

Inovação digital é a palavra de ordem para todos os segmentos. Nesse caso, não apenas para aumentar as possibilidades de comercialização, mas também para a segurança de todos — dos varejistas e dos consumidores. Não há dúvida de que esse é o caminho mais seguro no atual momento. Por isso, empresas e lojas, em geral, têm apostado nos marketplaces. Neste caso, um shopping center virtual que reúne as lojas físicas das empresas em uma única plataforma digital — ou seja, em um grande marketplace como o da Startup Valeon.

Vantagens competitivas que oferece a Startup Valeon para sua empresa:

1 – Reconhecimento do mercado

O mercado do Vale do Aço reconhece a Startup Valeon como uma empresa de alto valor, capaz de criar impactos perante o mercado como a dor que o nosso projeto/serviços resolve pelo poder de execução do nosso time de técnicos e pelo grande número de audiências de visitantes recebidas.

2 – Plataforma adequada e pronta para divulgar suas empresas

O nosso Marketplace online apresenta características similares ao desse shopping center. Na visão dos clientes consumidores, alguns atributos, como variedade de produtos e serviços, segurança e praticidade, são fatores decisivos na escolha da nossa plataforma para efetuar as compras nas lojas desse shopping center do vale do aço.

3 – Baixo investimento mensal

A nossa estrutura comercial da Startup Valeon comporta um baixo investimento para fazer a divulgação desse shopping e suas empresas com valores bem inferiores ao que é investido nas propagandas e divulgações offline.

4 – Atrativos que oferecemos aos visitantes do site e das abas do shopping

 Conforme mencionado, o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores tem como objetivos:

  • Fazer Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Fornecer Informações detalhadas do Shopping Vale do Aço;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada aba desse shopping vale do aço e destacamos:
  • Média diária de visitantes das abas do shopping: 400 e no pico 800
  • Média mensal de visitantes das abas do shopping: 5.000 a 6.000

Finalizando, por criarmos um projeto de divulgação e propaganda adequado à sua empresa, temos desenvolvido intensa pesquisa nos vários sites do mundo e do Brasil, procurando fazer o aperfeiçoamento do nosso site para adequá-lo ao seu melhor nível de estrutura e designer para agradar aos mais exigentes consumidores. Temos esforçado para mostrar aos srs. dirigentes das empresas que somos capazes de contribuir com a divulgação/propaganda de suas lojas em pé de igualdade com qualquer outro meio de divulgação online e mostramos o resultado do nosso trabalho até aqui e prometemos que ainda somos capazes de realizar muito mais.

                                                               Site: https://valedoacoonline.com.br/

sexta-feira, 14 de abril de 2023

LULA E A CHINA PROVOCAM OS ESTADOS UNIDOS

 

Bloco Político
Lula sinaliza apoio à ofensiva da China para fortalecer o bloco dos Brics e desafiar os EUA
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília


Presidente Lula durante viagem à China| Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

Numa sinalização de um maior alinhamento com a China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou sua visita ao país asiático para mandar um recado para os Estados Unidos. Em Xangai, o petista fez um discurso contra o dólar e defendeu o fortalecimento do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O movimento do petista ocorre em meio a um esforço da China para dar um caráter político ao bloco, originalmente econômico, dos Brics. O objetivo de Pequim é fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos e de outros blocos como o G-7, o grupo das sete maiores economias do mundo.

A ideia de Brics foi criada em 2001 pelo economista do banco Goldman Sachs, Jim O’Neill, que agrupou inicialmente Brasil, Rússia, Índia e China em um acrônimo para designar economias em desenvolvimento com potencial para liderar a economia global no meio do século 21. Os países adotaram a ideia e fizeram a primeira reunião do bloco econômico em 2009. A África do Sul foi incorporada no ano seguinte.

Mas, quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022, a China, que estava na presidência rotativa dos Brics, passou a manobrar para aumentá-lo e utilizá-lo para confrontar politicamente seu maior rival, os Estados Unidos. Pequim vem então usando o sentimento anti-americano para aproximar países como o Irã e o Uruguai. Outras nações começaram a se interessar pelo grupo por entender que os EUA não teriam mais interesse em protegê-los, como no caso da Arábia Saudita.

Nesse contexto, Lula abraçou uma das principais bandeiras da China e da Rússia: tentar enfraquecer a hegemonia do dólar, usado como a principal moeda de trocas globais.

“Quem decidiu que era o dólar a moeda? Depois que desapareceu o ouro como paridade? Por que não foi o iene? Por que não foi o real? Por que não foi o peso? Porque as nossas moedas eram fracas, as nossas moedas não têm valor em outros países. Então, se escolheu uma moeda sem levar em conta a necessidade que nós precisamos ter uma moeda que transforme os países em uma situação um pouco mais tranquila”, disse Lula.

No último mês, o Banco Central brasileiro anunciou que havia fechado um acordo com chinês para conversão direta das moedas dos dois países em operações comerciais. Até então, as instituições precisavam fazer as operações com a intermediação do dólar americano.

Mas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad negou que os ataques de Lula ao dólar tenham fundamentação geopolítica. Ele afirmou que, do ponto de vista econômico, em paralelo ao novo sistema, as transações em dólar vão continuar acontecendo.

O dólar se consolidou como a moeda de comércio internacional após a Segunda Guerra. Na década de 1970, ele deixou de ser lastreado pelo ouro, o que rendeu a Washington um poder praticamente hegemônico sobre a economia mundial.

Além da declaração contra a moeda norte-americana, Lula visitou um centro de pesquisa da gigante de tecnologia Huawei, considerada pelos EUA um risco à segurança e um braço do governo chinês. Contudo, a Huawei afirma ser uma empresa privada que acabou indo parar no centro das disputas sino-americanas.

As declarações de Lula seguem um padrão diplomático iniciado em seu primeiro governo – época em que o mundo estava menos polarizado. O presidente brasileiro tenta dialogar com potências antagônicas e até com países autocráticos, como o Irã e a Venezuela. Para isso, adapta seu discurso de acordo com o país que visita.

Para Manuel Furriela, professor de Direito Internacional da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), o movimento de Lula, por enquanto, ainda não tem peso para gerar um desgaste com o governo norte-americano.

“Os Estados Unidos provavelmente farão algumas críticas a essas declarações do Lula, mas eu não acredito que isso, neste momento, vai levar a um desgaste das relações entre Brasil e Estados Unidos ou algum problema mais sério. Pelo menos no momento atual”, avalia Furriela.

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China defende que Brics seja ampliado e fortaleça os laços políticos dos membros 
A China, no entanto, tem defendido uma expansão dos Brics e se movimentado para atrair outros países para o bloco. Em maio do ano passado, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, realizou uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do bloco com a presença de outros nove convidados, incluindo da Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

No mês seguinte, como anfitrião de uma cúpula do Brics, o líder chinês, Xi Jinping, defendeu a expansão do grupo e propôs novos esforços cooperativos na economia digital, comércio e investimento e na cadeia de suprimentos. O líder comunista também convidou pelo menos 13 líderes mundiais para participar de um diálogo sobre desenvolvimento global com os países do Brics, incluindo o presidente iraniano Ibrahim Raisi e o primeiro-ministro cambojano Hun Sen.

Em julho, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a sugerir que os membros do grupo “criassem uma nova moeda de reserva mundial para melhor atender a seus interesses econômicos”. A estratégia seria uma forma de Moscou amenizar os efeitos das sanções internacionais impostas à Rússia pelo G7 depois da invasão da Ucrânia. A China e outros países que antagonizam com os EUA querem esvaziar a força do dólar para se proteger de eventuais sanções futuras. Contudo, segundo analistas, a hegemonia da moeda americana ainda deve perdurar por décadas.

Lula defende plano de paz para a Ucrânia que beneficia Moscou
Ainda neste ano, a Rússia defendeu o plano de paz proposto pela China para pôr fim à guerra na Ucrânia. A proposta é vista com bons olhos por parte dos integrantes do governo Lula e será tema de debate durante o encontro do brasileiro com Xi Jinping nesta sexta-feira (14).

“A minha sugestão é que a gente crie um grupo de países, que tente sentar à mesa com a Ucrânia e com a Rússia para tentar encontrar a paz”, declarou Lula antes de embarcar para Pequim, acrescentando que o Brasil está disposto a participar da mediação e que a China teria um papel importante na negociação pelo fim da guerra. O presidente brasileiro aparentemente parou de dizer que bastaria tomar uma cerveja com o líder russo e o presidente ucraniano para acabar com a guerra.

O plano de paz da China, no entanto, é considerado pró-Rússia e já foi descartado pela Ucrânia e pelos demais países do Ocidente. Isso porque ele não prevê a retirada das tropas do Kremlin do território ucraniano invadido em Luhansk, Donetsk, Zaporizhzia, Kherson e Crimeia.

Depois de sofrer críticas no Brasil e no exterior, Lula fez novas declarações sem mencionar as regiões tomadas em 2022 e passou a defender que a Rússia se aposse ilegalmente da Crimeia para selar a paz.

O chanceler russo, Sergey Lavrov, desembarcará na próxima segunda-feira (17) no Brasil para se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A posição de Lula agrada muito Moscou, pois dá suporte ao uso da guerra e da violência para resolver questões políticas. Essa prática havia sido banida pela comunidade internacional após o fim da Segunda Guerra.

A expectativa é que Vieira apresente a Lavrov um cenário da discussão feita por Lula e Xi Jinping sobre a guerra na Ucrânia. A visita de Lavrov ao Brasil ocorre menos de um mês após o assessor especial da Presidência para política externa, o ex-chanceler Celso Amorim, visitar a Rússia.

Pressão chinesa põe em risco a posição do Brasil no bloco dos Brics 
No discurso, o Brasil tem defendido que pretende manter a neutralidade na guerra da Ucrânia. O país também defende o “multilateralismo” em suas relações diplomáticas. A Rússia e a China também usam esse termo para passar a ideia de desejarem um mundo mais igualitário. Mas outra interpretação sobre esse posicionamento é que Moscou e Pequim na verdade tentam impor suas vontades a nações mais fracas em termos econômicos e de capacidade bélica.

Lula sugeriu por diversas vezes que a Ucrânia seria tão culpada quando a Rússia pela guerra, o que enfureceu a Ucrânia e deixou líderes ocidentais em estado de alerta. Isso porque a Ucrânia foi a vítima e a Rússia a autora da invasão armada.

Em uma votação nas Nações Unidas há duas semanas, o Brasil foi um dos únicos países a ficar ao lado de uma proposta da Rússia de criar um grupo de investigação no órgão para examinar as explosões nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no mar do Norte. Ao lado do Brasil estavam apenas a China e a própria Rússia. Em votações anteriores o Itamaraty vinha adotando posições ambíguas, sempre evitando acusar Moscou diretamente pela guerra.

A expectativa a partir de agora é de que a pressão da China e da Rússia por um maior alinhamento político entre os integrantes do Brics seja ampliada durante a próxima reunião da cúpula, que vai acontecer na África do Sul em agosto.

O líder sulafricano, Cyril Ramaphosa, que ocupa a presidência rotativa dos Brics, já deu sinais de ceder à pressão. Ele foi além da abstenção a críticas a Moscou na ONU. Neste ano, por exemplo, a África do Sul participou de um exercício militar naval em conjunto com as marinhas da Rússia e da China.

O alinhamento, que avançou além da linha do discurso político, já provoca desgastes para a diplomacia da África do Sul. A presença de Putin no próximo encontro do Brics virou uma incógnita, depois que o Tribunal Penal Internacional pediu a prisão do presidente da Rússia por crimes de guerra. Moscou agora tenta costurar com Pretória uma forma na qual Putin participe do evento sem ser preso.

Vicent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano, informou que o governo busca “mais compromissos em termos de como isso será gerenciado”, e que assim que as negociações forem concluídas os anúncios necessários serão realizados.

A Índia, outro membro dos Brics, é uma grande rival econômica da China e tem mantido uma posição de neutralidade no bloco. Mas, ela se beneficiou com o conflito por meio da compra de petróleo abaixo do preço de mercado oferecido pela Rússia por causa da guerra.

Publicamente, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, já deixou claro que recebeu de Lula a missão de reconstruir pontes e abrir canais nas relações com praticamente todas as regiões do mundo.

No Itamaraty, a avaliação é de que o Brasil voltou a fazer “diplomacia presidencial”. Isso quer dizer, na opinião dos governistas, que Lula vai tentar se engajar pessoalmente nas mais importantes discussões globais, além de viajar para os mais diversos países. Porém, na prática, o presidente está também reforçando laços com regimes ditatoriais.

Para o professor Furriela, a estratégia de Lula é tentar se manter independente dos EUA e da China, ao mesmo tempo que participa de um bloco fortalecido, como os Brics.

“Não interessa ao governo brasileiro a demonstração de um alinhamento com a China ou com os Estados Unidos. Agora fazer parte de um bloco, onde haverá um tratamento por igual a todos os integrantes, fortalece a proposta de agenda brasileira de independência internacional”, afirma o professor de Direito Internacional.

Comércio internacional
Como vai funcionar o acordo entre Brasil e China que dispensa o dólar nos negócios entre os dois países

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo


Cédulas de yuan, a moeda chinesa: Lula tentará implementar acordo que não conseguiu no seu segundo mandato| Foto: Pixabay

A “desdolarização” da economia global parece ter se tornado a nova empreitada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no cenário internacional. “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, questionou o petista nesta quinta-feira (13).

No fim de março, o governo brasileiro já havia anunciado um acordo entre Brasil e China para transações comerciais sem o uso do dólar americano como intermediário, em câmbio direto entre real e renminbi.

Embora chamada internacionalmente de yuan, renminbi é o nome oficial da moeda chinesa – yuan é o termo utilizado como unidade de contabilização monetária, em uma distinção terminológica que inexiste na maior parte das demais divisas globais.

Em meio à visita de uma comitiva de empresários brasileiros à China, a subsidiária brasileira do Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) passou a ser autorizada, no último dia 29, a fazer a compensação direta de renminbi para o real, atuação conhecida como de “clearing house”.

Nesta quarta-feira (12), o ICBC informou ter concluído a primeira transação no Brasil com a moeda chinesa. “Isso demonstrou vantagens significativas em termos de eficiência de compensação, custos de taxa de câmbio e a segurança dos fluxos de fundos e de informação”, declarou a instituição, segundo o jornal China Daily.

À Gazeta do Povo, o professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Carlo Cauti questionou a viabilidade do acordo. Para ele, não haveria a certeza da manutenção da estabilidade do câmbio da moeda chinesa, “já que ela é manipulado há décadas, desde sempre, pelo governo chinês”, o que tornaria muito difícil convencer exportadores brasileiros a aceitarem o pagamento em yuan.

Lula, no entanto, quer ir além do acordo com a China. “Por que um banco como o [do] Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do Brics?”, disse o presidente nesta quinta, em Xangai, em referência ao grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em janeiro, durante visita a Buenos Aires, ele já havia sugerido a possibilidade de uma moeda comum para países do Mercosul e mencionou iniciativa semelhante para o Brics. À época, discutia-se a criação de uma unidade de troca comum para transações comerciais e financeiras entre Brasil e Argentina.

“Por que não tentar criar uma moeda comum entre os países do Mercosul? Por que não tentar criar uma moeda comum entre os países do Brics? Eu acho que com o tempo isso vai acontecer e eu acho que é necessário que aconteça porque muitas vezes tem países que têm dificuldade em adquirir o dólar, e você pode fazer acordos, estabelecer um tipo de moeda para o comércio que os bancos centrais”, afirmou Lula na ocasião.

Nesta quinta, questionado por jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a defesa da dispensa do dólar em transações internacionais não tem relação com qualquer alinhamento geopolítico do Brasil e disse não acreditar em descontentamento por parte dos Estados Unidos. “Quando você abre uma porta, não está fechando a outra”, disse. “As transações em dólar vão continuar acontecendo; a maioria delas vai acontecer em dólar”, afirmou.

Para ele, no entanto, em casos específicos em que os parceiros comerciais são “muito fortes e tradicionais”, pode-se pensar em mecanismos “mais condizentes” com a situação. “Nosso comércio com a China hoje é estrondoso e só cresce, ano a ano.”

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimento no país. Segundo números da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em 2022, o volume de transações foi recorde, atingindo US$ 150 bilhões, sendo US$ 89,7 bilhões em exportações brasileiras e US$ 60,7 bilhões em importações.

Acordo com China pode deixar Brasil menos exposto a crises provocadas por conflitos internacionais
Já Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank, vê a iniciativa como positiva. Ele destaca que, embora o dólar seja a moeda mais utilizada em transações internacionais, países que não emitem a moeda estão expostos a diversos problemas.

“Dentre elas, a falta de controle na política monetária, que acaba guiada pelo emissor, inflação indireta e até algumas sanções econômicas, conforme política externa do emissor e a rastreabilidade do fluxo financeiro entre bancos e países por meio dos sistemas financeiros”, exemplifica.

“Temos visto cada vez mais sanções dos Estados Unidos junto a países com os quais possuem algum atrito, seja econômico, militar ou social”, diz. “Quando essas sanções ocorrem, os demais países se veem pressionados e tendem a reduzir suas negociações com os países sob sanção, visto o receio de também sofrerem com restrições”.

No ano passado, uma das sanções impostas à Rússia por países europeus e pelos Estados Unidos em razão da Guerra da Ucrânia foi desconectar os bancos russos do sistema de pagamentos Swift, uma plataforma de remessa de pagamentos que conecta 11 mil instituições financeiras de mais de 200 países.

Uma das consequências foi o estreitamento das relações entre Rússia e China, por meio da utilização do Cross-Border Interbank Payment System (Cips), sistema chinês alternativo ao Swift do qual já fazem parte 25 países.

O Cips foi criado pela China em outubro de 2015 como uma forma de mitigar riscos financeiros e econômicos associados à moeda norte-americana, além de fortalecer o renminbi. O sistema permite que as transações financeiras ocorram entre a China e outros países por meio de suas moedas próprias.

Operações pela plataforma de transações financeiras chinesa deve começar no segundo semestre

No último dia 29, ainda durante a visita da comitiva brasileira à China, o sino-brasileiro Bank of Communications BBM (Bocom BBM) tornou-se a primeira instituição financeira da América Latina a ser membro pleno do Cips.

O Bocom BBM é resultado da aquisição, pelo Bank of Communications, um dos cinco maiores bancos comerciais da China, do BBM, um dos mais antigos grupos financeiros do Brasil, fundado em Salvador em 1885.

“Assinamos o acordo para ser membro. O sistema vai estar plenamente operacional na segunda metade do ano. Nossa meta é que seja algo ao redor de julho”, disse à Reuters Alexandre Lowenkron, presidente-executivo do Bocom BBM.

Para a instituição, o acordo permitirá uma redução dos custos de transação direta entre renminbi e real e uma maior oferta de operações de proteção (hedge) de variação cambial entre as moedas.

A adesão do Brasil ao Cips teve início em 31 de janeiro de 2023, com a assinatura de um memorando de entendimentos entre os bancos centrais brasileiro e chinês. Conforme o documento, caberia à autoridade monetária do país asiático a prerrogativa de eleger uma instituição autorizada para atuar como “offshore clearing bank” no Brasil.

Em nota divulgada no início do mês, o BC destacou, entre os benefícios da entrada do Brasil no Cips, “aumento da liquidez local de RMB; manutenção de reservas cambiais em moeda forte no País; redução de intermediários nos pagamentos internacionais; e aproximação do sistema de pagamentos local ao chinês, com aumento da eficiência operacional em termos de redução de custo e tempo.”

Ainda segundo o órgão, as operações, dentro desse novo modelo, estão asseguradas a subordinação à nova lei cambial, às regulações infralegais pertinentes, às normas jurídicas referentes à autorização, à regulação, à supervisão e aos sancionamentos de eventuais modelos de negócio a serem desenvolvidos ou incrementados após a celebração do memorando de entendimentos.

“Para o Brasil, vejo como positiva a criação desse canal de pagamentos alternativo, visto que favorece o estreitamento de relações econômicas com um parceiro muito importante para a balança comercial brasileira; reduz a dependência do dólar e, consequentemente, dos movimentos correlacionados com a moeda, como inflação, crises e outros, além de diminuir custos e tempo no processamento de operações”, diz Cursino, do Braza Bank.

Brasil já integra sistema de pagamentos em moeda local com países do Mercosul
O Brasil já integra convênios para realização de transações em moedas alternativas ao dólar. Um deles é o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), estabelecido entre os bancos centrais brasileiro, argentino, uruguaio e paraguaio.

Nesse sistema, importadores dos países signatários contratam instituições financeiras para transferir em moeda local o valor equivalente ao preço do produto que desejam importar na moeda do exportador.

A instituição contratada, por sua vez, transfere ao banco central de seu país o equivalente em moeda nacional para o pagamento da operação na moeda do exportador, a uma taxa de câmbio fixada entre as duas moedas.

“As transações em moeda local já aconteciam. Mas o Mercosul se desestruturou, em parte por falta de liderança do Brasil nos últimos anos, em parte pela dificuldade de economias importantes, como é o caso da economia argentina”, disse Haddad nesta quinta. “Com a dinamização dos bancos multilaterais dos Brics, isso pode ser facilitado.”

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INFLAÇÃO E OS JUROS

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Gasolina, sozinha, respondeu por mais da metade do IPCA de março, graças à volta da cobrança dos impostos federais sobre o combustível.| Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

A última vez que o IPCA acumulado de 12 meses tinha ficado abaixo do limite superior de tolerância da meta de inflação havia sido em fevereiro de 2021: naquele ano, a meta era de 3,75% com 1,5 ponto de tolerância para cima ou para baixo, e o IPCA acumulado do mês era de 5,20%. Desde então, a inflação disparou, recuou, mas não voltou a ficar abaixo do limiar máximo em que o avanço dos preços seria considerado aceitável – até agora. O IPCA de março veio abaixo do esperado, com 0,71%, e trouxe o acumulado de 12 meses para 4,65%, sendo que, neste ano, a meta é de 3,25% e o limite máximo de tolerância é de 4,75%. Este passeio do índice pela região considerada tolerável, no entanto, tem tudo para ser temporário.

O evento mais relevante para a composição do índice foi o retorno da cobrança dos impostos federais sobre a gasolina, que começou a valer no início de março por decisão da equipe econômica. O combustível teve alta de 8,33% em março e o etanol subiu 3,20%, enquanto óleo diesel e gás de cozinha, que seguem desonerados, registraram recuo nos preços. A gasolina, sozinha, respondeu por 0,39 ponto porcentual do IPCA de março, ou seja, mais da metade da inflação do mês veio apenas deste combustível.

O fenômeno inflacionário brasileiro, infelizmente, tem se mostrado mais resiliente do que a retórica petista faz parecer

Uma inflação abaixo do esperado, influenciada em grande parte por uma questão tributária (ou seja, sem choques de oferta ou de demanda), e que trouxe o acumulado de 12 meses para dentro do limite de tolerância de uma meta que o governo já considera draconiana demais é munição para que Lula e seus aliados na opinião pública e na academia voltem a atacar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. O IPCA de março, argumentam, demonstraria com clareza que a Selic não tem por que ser mantida nos atuais 13,75% ao ano. Este, no entanto, é um raciocínio extremamente simplista e imediatista.

O fenômeno inflacionário brasileiro, infelizmente, tem se mostrado mais resiliente do que a retórica petista faz parecer. Dos nove grandes grupos que compõem o IPCA, oito tiveram elevação em março. A inflação de serviços, no acumulado de 12 meses, ainda está bem acima do índice geral, com 7,63%. E o Copom trabalha observando horizontes bem mais amplos que os próximos meses. É verdade que o 0,71% do IPCA de março substituiu, na janela de 12 meses, uma inflação de 1,62% registrada no mesmo mês de 2022; como a inflação de abril do ano passado ainda foi bem elevada, de 1,06%, é bem possível que o acumulado caia ainda mais quando vier o IPCA deste mês. No entanto, quando o segundo semestre vier, o que sairá da conta do acumulado serão as três deflações seguidas de -0,68%, -0,36% e -0,29% de julho, agosto e setembro de 2022 respectivamente. Com isso, o acumulado de 12 meses tem tudo para voltar a subir e, muito provavelmente, superar o limite de tolerância da meta deste ano. O mercado financeiro, a julgar pelo mais recente boletim Focus, segue estimando um IPCA na casa dos 6% em 2023.

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Quem olha o quadro completo, portanto, sabe que a inflação mantém sua força e que o acumulado de 12 meses só caiu porque os índices mais recentes estão substituindo avanços bem maiores ocorridos no ano passado. O aviso do Banco Central nos comunicados e atas de suas últimas reuniões continua tão válido como antes da divulgação dos números de março: as condições para se iniciar um ciclo de queda da Selic dependem muito da retomada do ajuste fiscal e de um arcabouço “sólido e crível” – e, quanto a isso, o plano apresentado pelo governo ainda desperta desconfiança por garantir aumento real de gastos independentemente do desempenho da economia, e persistem as dúvidas quanto a possíveis expectativas irreais de arrecadação e a necessidade de elevação da carga tributária. Se Planalto e Congresso não fizerem sua parte e ainda pretenderem atar as mãos do Banco Central, não há como esperar que o dragão volte sozinho para a jaula.

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QUEM GASTOU MAIS NOS PRIMEIROS 100 DIAS DE GOVERNO LULA OU BOLSONARO

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


O presidente Lula desembarcou nos Estados Unidos no dia 9 de fevereiro.| Foto: Ricardo Stuckert/PR

Qual presidente gastou mais com viagens internacionais nos primeiros 100 dias de governo? As despesas com diárias e passagens nas viagens de Jair Bolsonaro em 2019 somaram R$ 960 mil (em valores atualizados). Lula torrou R$ 1,7 milhão neste ano – 73% a mais. Se ele tivesse realizado a viagem programada para a China em março, as suas despesas teriam sido mais do que o dobro das realizadas pelo seu antecessor. O curioso é que Bolsonaro gastou como presidente o mesmo valor da sua viagem de férias a Orlando.

As diárias pagas às equipes de apoio e segurança a Lula em viagens ao exterior em 2023 somaram R$ 1,1 milhão em três meses. As passagens, mais R$ 500 mil. Outras despesas, principalmente seguro viagem, ficaram em R$ 55 mil. As diárias das comitivas de Bolsonaro custaram R$ 704 mil, em valores atualizados pela inflação, enquanto as passagens aéreas somaram R$ 395 mil.

A viagem mais cara de Lula foi para Washington, onde ele teve um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Biden. Custou R$ 860 mil, entre diárias, passagens e seguro viagem. A visita à Argentina custou mais R$ 580 mil. As despesas com a rápida passagem por Montevidéu somaram R$ 224 mil.

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Reinclusão e apoio a antigos aliados
A primeira viagem internacional de Lula, para Buenos Aires, marcou a reinclusão do país ao bloco da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a reaproximação com ditaduras como Cuba e Venezuela. “O Brasil está de volta”, afirmou Lula, marcando uma posição de antagonismo em relação ao governo Bolsonaro.

Mas Lula não ficou só no discurso. Firmou acordos de cooperação, defendeu a criação de uma moeda comum com a Argentina e prometeu usar Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar obras na América do Sul. Financiamento de obras pelo BNDES em países latino-americanos e africanos, de 2007 a 2015, com desembolsos de US$ 10 bilhões, resultou num calote de US$ 1 bilhão.

Num dos acordos firmados, o banco estatal brasileiro vai financiar o trecho do gasoduto da Patagônia argentina. Mas Lula não procurou aproximação apenas com a esquerda. Na rápida passagem por Montevidéu, Lula foi recebido pelo presidente uruguaio, Lacalle Pou, um político conservador. Trataram do projeto da hidrovia da bacia da Lagoa Mirim, na fronteira dos dois países.

A viagem aos Estados Unidos teve como principal objetivo recolocar Lula como interlocutor entre as grandes potências mundiais. Avançou pouco nesse campo. Não foi adiante o seu plano de paz para a guerra Rússia x Ucrânia. No dia 10 de fevereiro, os presidentes Lula e Biden divulgaram declaração conjunta protocolar, após reunião em Washington, quando ressaltaram que o fortalecimento da democracia, a promoção do respeito aos direitos humanos e o enfrentamento da crise climática permanecem no centro da agenda comum.

Numa ação conjunta contra seus principais opositores, Jair Bolsonaro e Donald Trump, Lula e Biden destacaram que continuam a rejeitar o extremismo e a violência na política e condenaram o discurso de ódio e a prática da desinformação.

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Bolsonaro apresenta sua pauta conservadora

Bolsonaro apresentou-se ao mundo no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 2019. O combate à corrupção e a defesa do meio ambiente foram os temas dominantes no seu discurso. “Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica”, afirmou o presidente. Disse que montou um ministério qualificado, “não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, geraram ineficiência do Estado e corrupção”. Acabou o governo dominado pelo Centrão.

O presidente também destacou o meio ambiente e a sua pauta conservadora: “Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada”. A viagem custou R$ 260 mil.

Em fevereiro, Bolsonaro esteve em Whashington. Além das declarações de boas intenções, como o apoio de Trump ao Brasil para o ingresso na OCDE – o clube das nações mais desenvolvidas –, de mais concreto, houve apenas dois anúncios em temas secundários. O primeiro foi o pré-acordo para que os norte-americanos pudessem fazer uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão. O segundo foi a isenção de visto para turistas norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses, sem a exigência de contrapartida por parte desses países. As despesas de viagem chegaram a R$ 364 mil. Bolsonaro visitou também Santiago do Chile e Tel Aviv.

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“Show do Milhão”
Bolsonaro perdeu o cargo de presidente da República, mas continua gastando muito com viagens internacionais na condição de ex-presidente. Com as últimas prestações de conta divulgadas no Portal da Transparência, as despesas com as férias/período sabático em Orlando (EUA) chegaram a R$ 1 milhão. As diárias e passagens aéreas dos seus seguranças e assessores de 1º de janeiro a 29 de março, pagas pela Presidência da República, somaram R$ 755 mil.

A equipe de apoio que acompanhou o então presidente de 29 a 31 de dezembro de 2022 recebeu mais R$ 150 mil em diárias. Cartões corporativos pagaram mais R$ 106 mil de taxas aeroportuárias, comissaria aérea e serviços de telefonia. Tudo pago pelo contribuinte. A Lei 7.474/1986 concede aos ex-presidentes uma equipe de apoio com até oito seguranças e assessores, com direito a diárias e passagens, dois carros blindados, combustível e telefonia.

Esses valores não incluem a remuneração da equipe de apoio do presidente, que é um gasto fixo, com ou sem viagens. O maior salário é do coronel de reserva Marcelo Câmara, tem aposentadoria de R$ 26,7 mil e ganha R$ 10,4 mil pelo cargo de assessor – num total de R$ 37 mil. O capitão da reserva Sérgio Cordeiro tem aposentadoria de R$ 20,5 mil e cargo de assessor especial de R$ 13,6 mil, totalizando R$ 34,2 mil.

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Comitiva presidencial sob sigilo
Questionada sobre as despesas das viagens de Lula, a Presidência da República afirmou que, de acordo com a Lei 8.112/90, os servidores em deslocamento fazem jus a diárias e passagens destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.

Acrescentou que as despesas de hospedagem e de diárias das autoridades integrantes das comitivas oficiais do presidente, do vice-presidente da República, do titular daquele ministério e dos servidores integrantes de equipe de apoio em viagem ao exterior são custeadas pela dotação orçamentária do Ministério das Relações Exteriores. Os dados estão disponíveis no Portal da Transparência.

Mas a Presidência fez uma ressalva: os dados das comitivas técnica e de apoio das viagens presidenciais, as quais se deslocam nas aeronaves da FAB em apoio à Presidência da República, são classificados com o grau de sigilo “reservado”, conforme prevê o Decreto 7.724/2012, que regulamenta a Lei de Acesso à Informação.


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LEIS BRASILEIRAS SÓ PROTEGEM OS CRIMINOSOS

 

Crime

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo



Turma do STJ trancou inquérito contra André do Rap porque policiais não estavam autorizados a realizar busca e apreensão no imóvel onde o traficante estava.| Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O crime compensa no Brasil. Vejam só o que decidiu a 6.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça sobre o André do Rap, que é um dos chefes do PCC. Ele está condenado a 25 anos por narcotráfico, usando o Porto de Santos para exportar cocaína. Ele foi preso em 2019 e agora a 6.ª Turma do STJ diz que essas provas não valem e que o inquérito vai ter de parar, porque no momento em que ele foi preso só estava autorizada a prisão, não podiam pegar documentos e provas na casa dele. Parece mentira. Não havia autorização de busca e apreensão nas gavetas, embaixo da cama, no armário, sei lá onde encontraram provas da atividade criminosa dele. Ele até foi preso, mas o ministro Marco Aurélio, do Supremo, mandou soltar dizendo que a prisão tinha sido ilegal também; depois revogaram isso, mas onde ele está agora? Evaporou-se.

Isso é para vermos como a Justiça trata criminosos como fidalgos, como príncipes. A polícia entra na casa deles, mas não pode abrir uma gaveta se não tiver a ordem expressa de busca e apreensão. Só podem pegar aquilo que estiver no bolso dele, na mão, embaixo do chapéu, escondido na cueca. Assim fica difícil, não? Por isso tenho dito aqui que o que estimula o crime nesse país é isso: leis e Justiça juntos.

Nesta quinta encontrei, aqui no Porto, uma senhora dona de uma escola brasileira, e ela me diz que os pais estão exigindo guarda armada na escola. Ela disse que perguntou aos pais se eles revistam a mochila de seus filhos para ver se não tem uma faca ou uma pistola. E eu acrescentei: pois é, o pior é revistar o cérebro, porque o cérebro é que arma tudo, a violência está no cérebro. E o cérebro do criminoso, no Brasil, sabe que é fácil, que o crime compensa, que há impunidade. Por causa de coisas como essa que acabamos de ver no caso do André do Rap.

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Eu tenho encontrado muitos brasileiros aqui em Portugal, e também brasileiros que vivem na Alemanha e na Itália, e todos me dizem que saíram do Brasil porque aqui as leis são respeitadas e aplicadas, e a consequência é que se tem segurança jurídica, sabe-se que os negócios serão cumpridos e as pessoas andam na rua sem medo. Em cada ruela escura de Portugal tem um caixa eletrônico e ninguém explode o caixa eletrônico e todos tiram dinheiro a hora que quiserem, nas 24 horas do dia. Será que nós, eleitores, pensamos a respeito disso na hora de votar? Escolher um legislador que faça leis que demovam os cérebros criminosos e que punam aqueles que cometeram um deslize.

Dilma virou presidente do Banco dos Brics, mas nem devia estar exercendo função pública
Outra coisa estranha do Brasil é o cumprimento das normas da Constituição. Nesta quinta o presidente Lula participou da posse da ex-presidente Dilma Rousseff na presidência do Banco dos Brics, em Xangai, na China. Se valesse a Constituição, ela nem poderia tomar posse na vaga brasileira porque quando ela foi cassada, em 31 de agosto de 2016, estava escrito no artigo 52, parágrafo único, da Constituição que o presidente condenado fica “inabilitado a exercer qualquer função pública por oito anos”. Então, ela deveria estar inabilitada até 31 de agosto de 2024. Só que não está: chegou a ser candidata ao Senado por Minas Gerais e perdeu para Rodrigo Pacheco, que estava lá aplaudindo também. São essas coisas que não entendemos no Brasil, e que as outras pessoas tampouco entendem.


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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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