segunda-feira, 10 de abril de 2023

PAI DO CHAPGPT NÃO ESTÁ PREOCUPADO COM A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Sam Altman, pai do ChatGPT, não está preocupado com os perigos da inteligência artificial

Foto: Ian C. Bates/The New York Times

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Por Cade Metz

Presidente executivo da OpenAI defende que ferramenta deve ser introduzida aos poucos para as pessoas

THE NEW YORK TIMES – Esbarrei com Sam Altman pela primeira vez em 2019, dias depois de a Microsoft concordar em investir US$ 1 bilhão em sua startup de três anos, a OpenAI. Por sugestão dele, jantamos num restaurante pequeno, sem dúvidas moderno e não muito distante de sua casa em São Francisco.

No meio da refeição, ele levantou seu iPhone para que eu pudesse ver o contrato que havia passado os últimos meses negociando com uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. O documento dizia que o investimento de um bilhão de dólares da Microsoft ajudaria a OpenAI a construir o que foi chamado de inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês), uma máquina que poderia fazer qualquer coisa que o cérebro humano fosse capaz.

Mais tarde, enquanto Altman tomava um vinho doce como sobremesa, ele comparou sua empresa ao Projeto Manhattan. Como se estivesse falando da previsão do tempo do dia seguinte, disse que a tentativa dos Estados Unidos de construir uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial foi um “projeto com a dimensão da OpenAI – o nível de ambição a que aspiramos”.

Ele acreditava que a AGI traria prosperidade e riqueza para o mundo como nunca havia sido visto. E também temia que as tecnologias em desenvolvimento por sua empresa pudessem causar sérios danos – espalhar desinformação, prejudicar o mercado de trabalho. Ou até mesmo destruir o mundo tal como conhecemos.

“Tento ser franco”, disse ele. “Estou fazendo algo bom? Ou muito ruim?”.

Em 2019, isso parecia ficção científica.

Em 2023, as pessoas estão começando a se perguntar se Altman era mais presciente do que imaginavam.

Agora que a OpenAI lançou um chatbot online chamado ChatGPT, qualquer pessoa com conexão à internet está a um clique de distância da tecnologia que responderá a dúvidas urgentes sobre química orgânica, escreverá um artigo de duas mil palavras a respeito de Marcel Proust e sua madeleine, ou criará um programa de computador que lança flocos de neve digitais em uma tela de laptop – tudo isso com uma habilidade que parece humana.

ChatGPT é um serviço de chatbot de inteligência artificial da OpenAI
ChatGPT é um serviço de chatbot de inteligência artificial da OpenAI Foto: Dado Ruvic/Reuters

Sam Altman é acusado de imprudência

Conforme as pessoas percebem que essa tecnologia também é uma forma de espalhar mentiras ou até mesmo convencer as pessoas a fazer coisas que não deveriam, alguns críticos estão acusando Altman de imprudência.

Recentemente, mais de mil especialistas em IA e líderes da tecnologia pediram à OpenAI e a outras empresas que interrompessem seu trabalho em sistemas como o ChatGPT, dizendo que eles apresentam “grandes riscos para a sociedade e a humanidade”.

E, no entanto, quando as pessoas agem como se Altman quase tivesse concretizado sua visão de longa data, ele recua.

“A propaganda exagerada sobre esses sistemas – mesmo se tudo o que esperamos for certo no longo prazo – está totalmente fora de controle no curto prazo”, disse ele em uma tarde recente. Segundo Altman, há tempo para entender melhor como esses sistemas vão, no fim das contas, mudar o mundo.

Muitos líderes do setor, pesquisadores de IA e especialistas veem o ChatGPT como uma mudança tecnológica fundamental, tão significativa quanto a criação do navegador da web ou do iPhone. Mas poucos conseguem entrar em acordo quanto ao futuro dessa tecnologia.

Alguns acreditam que ela irá proporcionar uma utopia na qual todos têm todo o tempo e dinheiro necessários. Outros acreditam que ela poderia destruir a humanidade. Também há aqueles que gastam boa parte de seu tempo defendendo que a tecnologia nunca é tão poderosa como todos dizem ser, insistindo que nem o nirvana, nem o dia do juízo final estão tão próximos quanto pode parecer.

Sam Altman é o presidente executivo da OpenAI, empresa de inteligência artificial dos Estados Unidos
Sam Altman é o presidente executivo da OpenAI, empresa de inteligência artificial dos Estados Unidos Foto: Stephen Brashear/AP – 7/2/2023

Altman, 37 anos, empresário com cara de garoto e esbelto, dos subúrbios de St. Louis, mostra-se tranquilo no meio disso tudo. Como CEO da OpenAI, ele de alguma forma personifica cada uma dessas visões aparentemente contraditórias, na esperança de equilibrar as inúmeras possibilidades à medida que faz avançar essa tecnologia estranha, poderosa e com falhas para o futuro.

Isso significa que ele é frequentemente criticado por todos os lados. Entretanto, aqueles mais próximos a ele acreditam que as coisas estão como deveriam ser. “Se você está incomodando igualmente ambos os lados, então você está fazendo algo certo”, disse o presidente da OpenAI, Greg Brockman.

Passar um tempo com Altman é entender que o Vale do Silício impulsionará essa tecnologia, apesar de não estar muito seguro de quais serão as implicações. Em um determinado momento durante o nosso jantar em 2019, ele parafraseou Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan, que acreditava que a bomba atômica era um avanço científico inevitável. “A tecnologia acontece porque é possível”, afirmou. (Altman chamou a atenção para o fato de que, por acaso, ele e Oppenheimer fazem aniversário no mesmo dia.)

Ele acredita que a IA vai surgir de uma forma ou de outra, fazer coisas maravilhosas que nem mesmo ele consegue imaginar e que podemos encontrar formas de amenizar os danos que ela possa causar.

É um ponto de vista que reflete a própria trajetória de Altman. Sua vida tem sido uma ascensão bastante constante em direção a uma maior prosperidade e riqueza, impulsionada por um conjunto eficaz de habilidades pessoais – sem falar de um pouco de sorte. Faz sentido que ele acredite que algo bom vai acontecer e não algo ruim.

Mas se ele estiver errado, há uma saída de emergência: em seus contratos com investidores como a Microsoft, o conselho da OpenAI se reserva o direito de acabar com a tecnologia a qualquer momento.

O pecuarista vegetariano

O alerta, enviado junto com com as instruções de como chegar até o destino, era “cuidado com as vacas”.

A casa de fim de semana de Altman é um rancho em Napa, na Califórnia, onde os fazendeiros cultivam uvas para vinho e criam gado.

Durante a semana, Altman e seu parceiro, Oliver Mulherin, um engenheiro de software australiano, dividem uma casa em Russian Hill, na região central de São Francisco. Mas quando chega sexta-feira, eles vão para o rancho, um lugar tranquilo entre as colinas rochosas e cobertas de relva. A casa construída há 25 anos foi reformada para ter uma aparência simples e contemporânea. O aço corten que cobre as paredes externas é oxidado de forma impecável.

À medida que você se aproxima da propriedade, as vacas vagam pelos campos verdes e pelas estradas de cascalho.

Altman é um homem que vive entre contradições, mesmo em seu refúgio: um vegetariano que cria gado de corte. Ele diz que o seu parceiro gosta deles.

Durante uma recente caminhada à tarde pelo rancho, paramos para descansar à beira de um pequeno lago. Observando a água, discutimos, mais uma vez, o futuro da IA.

Sua perspectiva não mudou muito desde 2019. Mas as palavras usadas por ele foram ainda mais ousadas.

Ele disse que sua empresa estava desenvolvendo tecnologia que “resolveria alguns dos nossos problemas mais urgentes, aumentaria de verdade o padrão de vida e também descobriria usos muito melhores para a vontade humana e a criatividade”.

Ele não estava exatamente seguro quanto aos problemas que ela iria resolver, mas argumentou que o ChatGPT mostrava os primeiros sinais do que é possível. Então, depois de dar um suspiro, disse temer que a mesma tecnologia pudesse causar sérios danos se acabasse nas mãos de algum governo autoritário.

Altman tende a descrever o futuro como se ele já existisse. E faz isso com um otimismo que parece descabido no mundo de hoje. Ao mesmo tempo, ele tem um jeito de concordar rapidamente com o outro lado da discussão.

Kelly Sims, sócia da empresa de capital de risco Thrive Capital, que trabalhou com Altman como consultora da diretoria da OpenAI, disse ter a sensação de que ele estava constantemente discutindo consigo mesmo.

Segundo ela, “em uma conversa, ele defende ao mesmo tempo dois pontos de vista”.

Sam Altman em palestra na Califórnia em 2017, quando era presidente da Y Combinator
Sam Altman em palestra na Califórnia em 2017, quando era presidente da Y Combinator Foto: Lucy Nicholson/Reuters – 18/10/2017

Origem no Vale do Silício

Ele é em grande parte um produto do Vale do Silício, que cresceu muito depressa e com entusiasmo em meados da década de 2010. Como presidente da Y Combinator, uma aceleradora de startups do Vale do Silício e investidora de startups em estágio inicial e semente, de 2014-19, ele assessorou um número incontável de novas empresas – e foi perspicaz para investir pessoalmente em várias que se tornaram marcas famosas, entre elas AirbnbReddit e Stripe. Ele se orgulha de reconhecer quando uma tecnologia está prestes a atingir um crescimento exponencial – e depois imaginar a curva no futuro.

No entanto, ele também é o produto de uma comunidade on-line estranha e extensa que começou a se preocupar, na mesma época em que Altman chegou ao Vale do Silício, que a IA um dia destruiria o mundo. Chamados de altruístas racionalistas ou eficazes, os integrantes desse movimento foram fundamentais para a criação da OpenAI.

A questão é saber se os dois lados de Altman são, no fim das contas, compatíveis: faz sentido trabalhar naquela curva se ela puder terminar em desastre? Altman está sem dúvidas decidido a ver como tudo vai se desenrolar.

Ele não é necessariamente motivado pelo dinheiro. Como muitas fortunas pessoais no Vale do Silício que estão vinculadas a uma ampla variedade de empresas de capital aberto e fechado, o patrimônio de Altman não está bem documentado. Mas, enquanto passeávamos por seu rancho, ele me disse, pela primeira vez, que não tem participações na OpenAI. O único dinheiro que pode ganhar com a empresa é um salário anual de cerca de US$ 65 mil – “independentemente do valor mínimo para o seguro saúde”, disse ele – e uma fatia irrisória de um antigo investimento na empresa pela Y Combinator.

Seu mentor de longa data, Paul Graham, fundador da Y Combinator, explicou a motivação de Altman assim: “Por que ele está trabalhando em algo que não o tornará mais rico? Uma resposta é que muitas pessoas fazem isso quando têm dinheiro suficiente, o que provavelmente é verdade no caso de Sam. A outra é que ele gosta do poder.”

É assim que Bill Gates deve ter sido

Georgeann Kepchar, ex-professor de Sam Altman

No final da década de 1990, a John Burroughs School, uma escola privada de ensino fundamental e médio batizada com o nome do naturalista e filósofo americano do século 19, convidou um consultor independente para observar e analisar a vida cotidiana em seu campus nos subúrbios de St.Louis.

O relatório do consultor incluiu uma crítica importante: o corpo discente estava repleto de homofobia.

No início dos anos 2000, Altman, um estudante de 17 anos da John Burroughs, começou a tentar mudar a cultura da escola, persuadindo individualmente os professores a afixar placas de “espaço seguro” nas portas de suas salas de aula como uma declaração em apoio aos estudantes gays como ele. Altman saiu do armário durante seu último ano na escola e disse que a St. Louis de sua adolescência não foi um lugar fácil para ser gay.

Georgeann Kepchar, que ministrou a disciplina de ciência da computação na escola, via Altman como um de seus alunos mais talentosos na matéria – e com um raro dom de encorajar as pessoas a seguir novos caminhos.

“Ele tinha criatividade e visão, combinadas com a ambição e a personalidade forte para convencer os outros a trabalhar com ele para colocar em prática suas ideias”, disse ela. Altman também me disse que havia pedido a um professor claramente homofóbico para afixar uma placa de “espaço seguro” só para trollar o cara.

Graham, que trabalhou ao lado de Altman durante uma década, via a mesma persuasão no homem de St.Louis.

“Ele tem um talento natural para convencer as pessoas a fazer as coisas”, disse Graham. “Se não é inato, é algo que foi completamente desenvolvido antes de ele fazer 20 anos. Conheci Sam quando ele tinha 19 anos, e lembro pensar naquela época: ‘Então é assim que Bill Gates deve ter sido’.”

Gates e o futuro CEO da OpenAI se conheceram em 2005, quando Altman se candidatou para uma vaga na primeira leva de startups a receber investimentos da Y Combinator. Ele conquistou a vaga – que incluía um aporte semente de US$ 10 mil – e depois de cursar seu segundo ano na Universidade Stanford, largou a faculdade para fundar sua nova empresa, a Loopt, uma startup de rede social que permita o compartilhamento da localização do usuário com amigos e familiares.

Hoje ele diz que, durante sua curta estadia em Stanford, aprendeu mais com as inúmeras noites que passou jogando pôquer do que com a maioria das demais atividades universitárias. Depois de seu primeiro ano na instituição, ele trabalhou no laboratório de IA e robótica supervisionado pelo professor Andrew Ng, que viria a fundar o principal laboratório de IA no Google. Contudo, o pôquer ensinou Altman a ler as pessoas e a avaliar os riscos.

Mostrou-lhe “como perceber padrões nas pessoas ao longo do tempo, como tomar decisões com informações não muito precisas, como decidir quando valia a pena o desconforto, de certa forma, para conseguir mais informações”, ele me disse enquanto passeávamos por seu rancho em Napa. “É um ótimo jogo.”

Depois de vender a Loopt com um lucro modesto, ele passou a integrar a Y Combinator como sócio em regime parcial. Três anos depois, Graham deixou o cargo de presidente da empresa e, para surpresa de muitos em todo o Vale do Silício, escolheu Altman, então com 28 anos, como sucessor.

Trajetória na Y Combinator

Altman não é um programador nem um engenheiro nem pesquisador de IA. Ele é a pessoa que define a agenda, reúne as equipes e fecha os acordos. Como presidente da Y Combinator, ele expandiu a empresa quase abandonada, criando um novo fundo de investimento e um novo laboratório de pesquisa, aumentando em centenas o número de instituições assessoradas a cada ano.

Ele também começou a trabalhar em diversos projetos fora da empresa de investimento, inclusive na OpenAI, que fundou como uma organização sem fins lucrativos em 2015 com um grupo que incluía Elon Musk. De acordo com o próprio Altman, a Y Combinator cresceu cada vez mais preocupada que o envolvimento dele em tantas atividades prejudicasse seu desempenho.

Altman decidiu voltar a focar num projeto que teria, como ele mesmo disse, um impacto real no mundo. Ele cogitou a política, mas escolheu a IA.

Altman acreditava, segundo seu irmão mais novo Max, que ele era uma das poucas pessoas que poderiam mudar de forma significativa o mundo por meio da pesquisa em IA, ao contrário de tantas outras que poderiam fazer isso por meio da política.

Em 2019, quando a pesquisa da OpenAI estava decolando, Altman assumiu as rédeas, pedindo demissão do cargo de presidente da Y Combinator para focar em uma empresa com menos de cem funcionários que não estava segura de como faria para pagar as contas.

Em um ano, ele transformou a OpenAI em uma organização sem fins lucrativos com um braço com fins lucrativos. Dessa forma, ele tinha a possibilidade de conseguir o capital necessário para construir uma máquina que pudesse fazer qualquer coisa que o cérebro humano fosse capaz.

Arrecadando ‘10 contos’

Em meados da década de 2010, Altman dividia um apartamento de três quartos e três banheiros em São Francisco com seu namorado na época, seus dois irmãos e as namoradas deles. Os irmãos deixaram de viver juntos em 2016, mas continuam reunidos num grupo de bate-papo, onde passam bastante tempo zoando uns aos outros, como só irmãos podem fazer, disse seu irmão Max. Então, um dia, Altman enviou uma mensagem dizendo que planejava levantar US$ 1 bilhão para a pesquisa de sua empresa.

Um ano depois, ele tinha conseguido fazer isso. Depois de dar de cara com Satya Nadella, CEO da Microsoft, em uma reunião anual de líderes de tecnologia em Sun Valley, Idaho – muitas vezes chamada de “acampamento de verão para bilionários” –, ele negociou pessoalmente um acordo com Nadella e o diretor de tecnologia da Microsoft, Kevin Scott.

Alguns anos depois, Altman enviou uma mensagem para seus irmãos novamente, dizendo que planejava conseguir mais US$ 10 bilhões – ou, como ele disse, “10 contos”. Em janeiro, ele conseguiu isso também, assinando outro contrato com a Microsoft.

Brockman, o presidente da OpenAI, disse que o talento de Altman está em entender o que as pessoas querem. “Ele realmente tenta encontrar o que mais importa para uma pessoa – e, depois, descobre como dar isso a ela”, disse Brockman. “Esse é o algoritmo que ele usa sem parar.”

O acordo colocou a OpenAI e a Microsoft no centro de um movimento que está prestes a criar uma nova versão de tudo, desde motores de busca a aplicativos de e-mail e tutores online. E tudo isso está acontecendo em um ritmo que surpreende até mesmo aqueles que acompanham essa tecnologia há décadas.

Em meio ao frenesi, Altman continua com a tranquilidade habitual – embora admita usar o ChatGPT para ajudá-lo a resumir rapidamente a avalanche de e-mails e documentos que chegam para ele.

Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg deixaram uma marca indelével na estrutura do setor de tecnologia e do mundo. Sam Altman vai ser uma dessas pessoas

Kevin Scott, diretor de tecnologia da Microsoft

Scott acredita que Altman acabará sendo estudado ao mesmo tempo que Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg.

“Essas são pessoas que deixaram uma marca indelével na estrutura do setor de tecnologia e talvez na estrutura do mundo”, disse ele. “Acho que Sam vai ser uma dessas pessoas.”

O problema é que, ao contrário dos dias em que a Apple, a Microsoft e a Meta estavam começando, as pessoas estão bem conscientes de como a tecnologia pode transformar o mundo – e como ela pode ser perigosa.

O homem do meio

Em março, Altman tuitou uma selfie com uma luz alaranjada na qual se via ele sorrindo entre uma mulher loira fazendo o sinal da paz e um cara barbudo usando um chapéu fedora.

A mulher era a cantora canadense Grimes, ex-esposa de Musk, e o cara de chapéu era Eliezer Yudkowsky, alguém que se autodescreve como pesquisador de IA e acredita, talvez mais do que qualquer pessoa, que a IA poderia um dia destruir a humanidade.

A selfie – tirada por Altman durante uma festa que sua empresa estava realizando – mostra como ele está próximo desse modo de pensar. Mas ele tem suas próprias opiniões a respeito dos perigos da IA.

Yudkowsky e os textos escritos por ele tiveram um papel importante na criação tanto da OpenAI como da DeepMind, outro laboratório determinado a desenvolver inteligência artificial geral.

Ele também ajudou a dar origem à vasta comunidade online de altruístas racionalistas e eficazes que estão convencidos de que a IA é um risco existencial. Este grupo surpreendentemente influente é representado por pesquisadores de muitos dos principais laboratórios de IA, inclusive da OpenAI. Eles não veem isso como hipocrisia: muitos deles acreditam que, como entendem os perigos com maior clareza do que qualquer outra pessoa, estão na melhor posição para desenvolver essa tecnologia.

Altman acredita que os altruístas eficazes desempenharam um papel importante no surgimento da IA, alertando o setor para os perigos. Ele também acredita que eles exageram sobre esses perigos.

Conforme a OpenAI desenvolvia o ChatGPT, muitos outros, inclusive o Google e a Meta, estavam construindo tecnologias semelhantes. Mas foram Altman e OpenAI os escolhidos para compartilhar a tecnologia com o mundo.

Muitos da área criticaram a decisão, argumentando que isso provocou uma corrida para lançar uma tecnologia que não dá respostas corretas, inventa coisas e, em breve, poderia ser usada para espalhar desinformação de forma rápida. Recentemente, o governo italiano proibiu temporariamente o ChatGPT no país, mencionando preocupações com a privacidade e receios com a exposição de menores a conteúdo inadequado.

Altman defende que, em vez de desenvolver e testar a tecnologia totalmente em segredo antes de lançá-la para o público, é mais seguro compartilhá-la aos poucos para que todos possam compreender melhor os riscos e como lidar com eles.

Ele me disse que seria um “início bastante lento”.

Quando perguntei a Altman se uma máquina que pudesse fazer qualquer coisa que o cérebro humano fosse capaz acabaria anulando o preço do trabalho humano, ele rejeitou a ideia. E disse que não conseguia imaginar um mundo no qual a inteligência humana fosse inútil.

Caso esteja errado, ele acha que pode se redimir com a humanidade.

Altman reconstruiu a OpenAI como o que chamou de empresa com lucro limitado. Isso lhe permitiu conseguir bilhões de dólares em recursos financeiros, prometendo lucro a investidores como a Microsoft. Mas esses lucros têm um valor máximo possível, e qualquer receita além desse teto será redirecionada para a parte sem fins lucrativos da OpenAI fundada em 2015.

Seu grande plano é que a OpenAI atraia boa parte da riqueza do mundo por meio da criação da AGI e, em seguida, redistribua essa riqueza para as pessoas. Em Napa, enquanto conversávamos sentados perto do lago no coração de sua fazenda, ele descartou vários valores – US$ 100 bilhões, US$ 1 trilhão, US$ 100 trilhões.

Se a AGI criar de fato toda essa riqueza, ele não tem certeza de como a empresa irá redistribuí-la. O dinheiro pode significar algo muito diferente nesse novo mundo.

Como me disse uma vez: “Sinto que a AGI pode ajudar com isso”.

 

HABILIDADES DA ROBÔ CHATGPT PREOCUPA MUITA GENTE

 

Por Leonardo dos Reis, desenvolvedor na Mouts TI

A nova versão do já famoso Chat GPT – a GPT-4 – voltou a preocupar muita gente com a evolução das habilidades do robô. Porém, é preciso avaliar a situação: essa preocupação é realmente necessária? Neste momento, não. O Chat GPT é de fato uma ferramenta muito inteligente, mas é isso: uma ferramenta. Ele não vai atuar sem receber uma instrução ou permissão de um operador – que via de regra, é um humano. Mas, além de receber e cumprir orientações, o Chat GPT pode ser um aliado no trabalho – e não um inimigo.

Tendo em mente que o GPT é um modelo de linguagem – ou seja, o objetivo dele é gerar textos de maneira autônoma, é possível prever que ele será uma ferramenta útil para profissionais de áreas de produção de conteúdo como jornalistas, roteiristas, escritores – mas, no fim das contas, qualquer profissional precisa produzir textos. E por isso o robô pode ajudar profissionais de muitas áreas a alavancarem suas carreiras, basta entender o funcionamento dele.

Além dos produtores de conteúdo, na área de Tecnologia da Informação o Chat GPT pode ser um aliado na produtividade. Por exemplo: uma função muito corriqueira em Desenvolvimento de Softwares é pesquisar soluções para os problemas que aparecem e muitas vezes, essa tarefa demanda muito tempo. Este é um caso em que a tecnologia do GPT pode encurtar o tempo na busca por essa solução – como encontrar o erro em uma linha de código – o que melhora a produtividade. E conforme temos mais experiência, essa busca vai se tornando mais rápida ainda.

Outras áreas também podem se aproveitar dos conhecimentos do Chat GPT. Nutricionistas, por exemplo, podem pedir a elaboração de uma tabela nutricional de acordo com as orientações fornecidas ao robô. Além disso, ele é capaz de fazer revisões e correções de acordo com a estrutura gramatical do idioma selecionado, e até mesmo traduções muito confiáveis. O grande segredo é saber explicar o que se quer para o robô – quanto melhor o usuário sobre o que precisa, melhores serão os resultados.

Mesmo com todas essas funções – e com as atualizações que devem melhorar significativamente a atuação – o Chat GPT ainda não pode substituir um bom profissional porque ele não tem compreensão de negócio. Um jornalista ainda precisará revisar o texto escrito pelo robô. Um nutricionista terá que validar a tabela nutricional sugerida. Um desenvolvedor terá que verificar se o código obedece a todas as necessidades. Ou seja, a compreensão do que é necessário ainda é feita pelo ser humano. O que o chat faz é facilitar a parte operacional – e é desta que precisamos saber tirar proveito. A evolução da Inteligência Artificial é uma realidade e o Chat GPT é apenas um dos vários aplicativos que já existem com esse tipo de tecnologia, o que precisamos é entender como obter os melhores resultados e aplicar aos negócios.

Vendas pela internet com o site Valeon

Você empresário que já escolheu e ou vai escolher anunciar os seus produtos e promoções na Startup ValeOn através do nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace aqui da região do Vale do Aço em Minas Gerais, estará reconhecendo e constatando que se trata do melhor veículo de propaganda e divulgação desenvolvido com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas daqui da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e conseguimos desenvolver soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.

Insistimos que os internautas acessem ao nosso site (https://valedoacoonline.com.br/) para que as mensagens nele vinculadas alcancem um maior número de visitantes para compartilharem algum conteúdo que achar conveniente e interessante para os seus familiares e amigos.

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nas lojas passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nas lojas a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para as empresas.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por mais de 195.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por mais de 4.300.000 de pessoas, valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

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domingo, 9 de abril de 2023

GOVERNO LULA IGNORA BONS PROJETOS PARA NELHORAR OS NEGÓCIOS

 

Congresso
Governo ignora “herança bendita” de projetos que podem melhorar ambiente de negócios

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


O Palácio do Planalto e, ao fundo, o Congresso Nacional: governo Lula ignora projetos da gestão Bolsonaro que podem melhorar ambiente de negócios.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Projetos que estão parados no Congresso, longe dos holofotes e ignorados pelo novo governo, têm o potencial de contribuir para melhorar o ambiente de negócios, ampliar a produtividade e facilitar a vida de empresas e empreendedores.

São, em sua grande maioria, medidas apresentadas na segunda metade do governo de Jair Bolsonaro (PL) e que têm em comum os benefícios que podem proporcionar, como segurança jurídica, redução da burocracia, combate a distorções da economia brasileira e aumento da eficiência na alocação de recursos.

Há pelo menos seis projetos com essas características, dos quais quatro já foram aprovados pelo plenário da Câmara, e ainda dependem de análise do Senado. Outra proposta já recebeu o aval dos senadores, e precisa passar pelo crivo dos deputados.

O maior obstáculo a essa pauta está justamente na falta de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prefere outras abordagens para estimular o crescimento econômico – entre elas, a atuação direta do Estado na economia.

Entre os projetos estão:

PL 414/21: Modernização do setor elétrico (aprovado no Senado)
PL 4188/21: Novo Marco de Garantias (aprovado na Câmara)
PL 1583/22: Autoriza a União a ceder direito à parcela do excedente em óleo do pré-sal (parado na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara)
PL 591/21: Privatização dos Correios (aprovado na Câmara)
PL 3729/04: Simplificação do licenciamento ambiental (aprovado na Câmara)
PL 6726/16: Combate a supersalários (aprovado na Câmara)


Segundo o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Fernandes Maciel, são temas cruciais para garantir o aumento da oferta de bens e serviços, o que ajuda no combate à inflação, e o crescimento do PIB per capita, que está praticamente estagnado há 40 anos.

“Eles têm alguns pontos em comum, como o aumento da segurança jurídica e da previsibilidade e redução das incertezas e burocracia para que o setor privado consiga aportar recursos e investir, principalmente no setor de infraestrutura”, diz Maciel, que também é professor do mestrado em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“Basicamente, eles tornam o ambiente de negócios favorável ao investimento por parte do setor privado, garantindo que ‘surpresas’ não venham a ocorrer ao longo do processo e do contrato”, acrescenta.

As medidas fazem parte da agenda microeconômica, que, segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, é tão relevante quanto a macroeconômica, porque dizem respeito à eficiência da economia. “As distorções existentes acabam afetando a formação de um ambiente favorável para as empresas”, diz o pesquisador Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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Privatização dos Correios não tem chance no governo Lula

Uma das propostas, aprovada na Câmara, e que por ora não tem chance de ir adiante, é a privatização dos Correios. O novo governo, que defende participação ativa do Estado na economia, retirou a empresa do Programa Nacional de Desestatização.

O monopólio dos Correios é uma questão que nos próximos meses pode ir a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma ação protocolada há quase 20 anos e que questiona o comportamento da estatal foi retirada da pauta de julgamento do dia 1.° de março e aguarda remarcação.

“No Brasil, os Correios têm um monopólio sobre muitos serviços postais, o que limita a entrada de outras empresas no mercado e impede a concorrência. Isto pode dificultar a inovação e a criação de novos modelos de negócios”, diz Diogo Costa, CEO do Instituto Millenium, organização que defende valores liberais como a economia de mercado.

Marco Legal das Garantias pode reduzir juros

Enquanto o governo faz pressão por queda nos juros e adota medidas desastradas como a canetada para reduzir a taxa do consignado do INSS, aguarda votação no Senado uma proposta que tem o potencial de reduzir estruturalmente o custo do crédito no país, e com isso ampliar significativamente a concessão de empréstimos e financiamentos: o Novo Marco Legal das Garantias.

Segundo cálculos feitos pelo Ministério da Economia no governo Bolsonaro, a possibilidade de usar uma garantia imobiliária, que seria facilitada com o novo marco, pode reduzir em até 37% o valor da parcela mensal de um empréstimo.

Veloso, do Ibre, aponta que um dos efeitos potenciais dessa medida é reduzir os spreads do mercado financeiro – isto é, a diferença entre o custo de captação dos bancos e o juro que cobram dos clientes.

“É uma medida que dá mais competitividade às micro e pequenas empresas, que, na maioria das vezes, não têm como oferecer boas garantias”, diz Veloso.

Segundo o Banco Central, a diferença média para as operações de crédito com recursos livres estava em 30,61 pontos percentuais, em média, em janeiro, a maior desde agosto de 2019. Para as empresas, o spread médio era de 12,63 pontos percentuais, enquanto que, para as pessoas físicas, de 43,54 pontos percentuais.

A medida se somaria a outros avanços no sistema financeiro, que iniciaram entre 2016 e 2017, no governo Temer, com a implantação da Taxa de Longo Prazo (TLP) no BNDES – que eliminou subsídios e baixou a taxa de juros neutra da economia –, a criação do cadastro positivo e a implantação do “open finance”.

Modernização do setor elétrico daria mais liberdade ao consumidor
O projeto de modernização do setor elétrico, que prevê liberdade para os consumidores de energia escolherem seu fornecedor, já passou pelo Senado e tem de ser analisado pela Câmara. Para Veloso, ele assegura maior competição na área. “O preço da energia elétrica no Brasil é muito regulado”, diz Veloso.

A medida também pode ajudar a baratear o preço do insumo, que é um dos mais caros do mundo. A indústria desponta como um dos setores mais beneficiados pela proposta.

Combate a supersalários no funcionalismo
Uma das propostas mais consolidadas é a que regula os salários do funcionalismo público. O projeto foi apresentado ainda em 2016, no Senado. Foi aprovado no mesmo ano e em 2021 recebeu o aval da Câmara, com modificações. Desde então aguarda a análise final dos senadores.

O projeto normatiza as regras para o pagamento de adicionais aos salários de servidores públicos, de modo a garantir a aplicação do teto remuneratório, que hoje equivale ao vencimento de um ministro do STF, atualmente em R$ 41.650,92.

O objetivo é o de definir, entre os chamados “penduricalhos”, as parcelas que são de natureza remuneratória e que, por isso, devem ser somadas ao salário-base para a incidência do teto.

Licenciamento ambiental
Outra medida que já passou pela Câmara e aguarda votação no Senado é o PL do Licenciamento Ambiental, que data de 2004. O texto elimina a necessidade de licenciamento para obras de saneamento básico, manutenção de estradas e portos, redes de distribuição de energia, atividades militares e obras emergenciais de infraestrutura. Também permite que as autoridades possam abrir mão do licenciamento em obras de porte insignificante.

Veloso, do Ibre, diz que o Brasil tem vantagens competitivas na área ambiental. “É preciso que as análises sejam feitas com equilíbrio, não se tornem burocráticas e não seja demorada a concessão das licenças”, diz.

Venda da parte do governo nos campos de partilha do pré-sal
O governo Bolsonaro enviou ao Congresso, em junho do ano passado, o PL 1583, que permite à União vender antecipadamente o petróleo e o gás natural que lhe cabem nos contratos de partilha de produção. Na prática, isso corresponderia à privatização da PPSA, estatal encarregada da comercialização da fatia da União no pré-sal.

Pela proposta, que se encontra na Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE), e teve a última movimentação em 2 de agosto de 2022, quando se encerrou o prazo de cinco sessões para apresentação de emendas ao projeto, a cessão dos direitos da União seria feita por licitação, desde que houvesse anuência do consórcio operador de cada contrato.

Como se trata de petróleo e gás que ainda serão produzidos, é possível que haja um deságio (desconto) em relação aos preços atuais dessas commodities.

Ainda assim, a receita potencial para a União chega a R$ 390 bilhões, segundo cálculos feitos no governo passado. Além de ser um reforço e tanto para as receitas federais num momento em que o novo arcabouço fiscal depende justamente delas, a antecipação reduz, para as contas públicas, o risco relacionado à variação futura dos preços do petróleo.

Espaço político para a aprovação é restrito
O professor do Mackenzie aponta que para destravar esses projetos no Legislativo é necessário que o Executivo, por meio da bancada governista, coloque energia e prioridade na aprovação. Contudo, ele não vê um cenário favorável para isso.

“Não é uma agenda do atual governo. A agenda atual, que ainda não está claramente anunciada, mas que vem se firmando aos poucos, tem viés macroeconômico e estatizante e não microeconômico e pró-ambiente de negócios e setor privado”, diz ele.

Para Maciel, o caminho ideal é o fortalecimento dos marcos legais. Isto passa pelo Poder Executivo. “Ele deve se empenhar para colocá-los em prática e exercê-los”, diz.

Outro desafio, na avaliação dele, é garantir segurança jurídica – o que passa principalmente pelo Poder Judiciário. “É preciso respeito e cumprimento dos contratos firmados, independência política do Judiciário, práticas jurídicas modernas, redução da judicialização e alteração do modus operandi do Judiciário. Ele não pode legislar, não é o papel do Judiciário, mas do Legislativo.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/governo-ignora-heranca-bendita-de-projetos-que-podem-melhorar-ambiente-de-negocios/
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ACUSAÇÕES E PRISÕES INJUSTAS DO 8 DE JANEIRO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Denúncias oferecidas pela PGR no caso do 8 de janeiro são praticamente idênticas, mudando apenas o nome e os dados pessoais de cada denunciado, sem individualização da conduta.| Foto: Andre Borges/EFE

No início de março, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu uma demonstração evidente de que era totalmente desnecessário manter presas quase mil pessoas que teriam participado da invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro ou acampado diante do Quartel-General do Exército, em Brasília, quando usou o Dia Internacional da Mulher como pretexto para determinar a soltura de quase 150 mulheres – afinal, os únicos critérios para alguém ser privado de sua liberdade ou tê-la restituída são aqueles dos códigos legais, e que não têm relação nenhuma com datas comemorativas. Nos dias seguintes, outros grupos de presos do 8 de janeiro enfim puderam deixar os presídios da Papuda (masculino) e da Colmeia (feminino), deixando quase 300 pessoas ainda detidas após a análise de todos os pedidos de liberdade provisória. Com isso, encerrou-se um capítulo dos arbítrios cometidos na repressão aos atos golpistas, mas há outros por vir.

Reportagem da Gazeta do Povo analisou as mais de mil denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e constatou que elas foram feitas de maneira genérica, em um enorme “copia e cola” jurídico que altera apenas nomes e dados pessoais dos denunciados, desrespeitando alguns dos princípios mais básicos do processo penal. O maior grupo, com cerca de 800 pessoas, é o dos “incitadores” e descreve os participantes do acampamento. Estes estão sendo acusados de associação criminosa e incitação de animosidade das Forças Armadas contra as instituições democráticas. Um grupo menor – dos chamados “executores”, presos em flagrante na invasão do Planalto, do Congresso ou do Supremo – responderá por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Uma pessoa só pode ser privada de sua liberdade pelo que efetivamente fez de criminoso; as denúncias genéricas da PGR sobre o 8 de janeiro violam esse princípio básico e deixam a porta aberta para a perpetuação do arbítrio

No caso dos “incitadores”, por exemplo, as denúncias em série se limitam a afirmar que o objetivo dos acampamentos era pedir um golpe militar para “a tomada dos Poderes Constituídos e a instalação de uma ditadura” e que o acampado em questão “aderiu a essa associação, cujo desiderato era a prática de crimes contra o Estado Democrático de Direito”, bastando a sua presença no local para que lhe sejam imputados os crimes. Que havia um animus golpista movendo muitos dos que estavam nos acampamentos é algo que reconhecemos quando eles ainda estavam montados, embora também tenhamos mencionado a possibilidade de muitas pessoas ali presentes se guiarem por uma leitura totalmente equivocada da Constituição, julgando haver um amparo legal em uma “intervenção militar”, em um erro de interpretação que dificultaria sua responsabilização objetiva. A questão, entretanto, nem é essa, mas o fato de que as denúncias não descrevem em nenhum momento as condutas individuais – se o acusado levou faixas ou cartazes pedindo golpe de Estado, ou se entoou slogans golpistas, ou se chegou a conversar com militares neste sentido. Ou seja: falta o que, no jargão jurídico, se chama de “individualização da conduta”.

A necessidade de tal individualização é evidente mesmo para quem não tenha formação jurídica. Afinal, uma pessoa só pode ser privada de sua liberdade pelo que efetivamente fez de criminoso; mesmo quando se trata de crimes cometidos coletivamente, seja um ataque em grupo, seja um esquema de corrupção, o papel e a ação de cada indivíduo precisam ser devidamente descritos para que todos sejam punidos de acordo com a gravidade de seus atos. As denúncias genéricas da PGR sobre o 8 de janeiro, portanto, violam esse princípio básico e deixam a porta aberta para a perpetuação do arbítrio.

VEJA TAMBÉM:
O abuso das prisões pós-8 de janeiro (editorial de 26 de fevereiro de 2023)
A omissão perpetua a exceção (editorial de 8 de fevereiro de 2023)
Macarthismo à brasileira (editorial de 15 de janeiro de 2023)
O fim dos acampamentos e a “criminalização no atacado” (editorial de 10 de janeiro de 2023)


Seria possível alegar que a PGR teria a chance de realizar essa individualização em uma fase posterior, durante os julgamentos. No entanto, a jurisprudência do STF aponta para a rejeição das denúncias em que falta a descrição detalhada dos crimes atribuídos a cada acusado: ao menos desde 2016, Supremo, STJ e cortes de instâncias inferiores têm recusado denúncias carentes de individualização em casos diversos, que incluem esquemas de corrupção, crimes societários e formação de milícias – o episódio mais célebre foi a anulação, em 2016, das sentenças dos policiais acusados pelo massacre de presos no Carandiru. Se aceitar as denúncias genéricas, portanto, o Supremo estará revertendo seu entendimento – o que, a bem da verdade, não é uma raridade quando se trata da suprema corte brasileira.

O que não falta, no caso do 8 de janeiro, é documentação – imagens produzidas por câmeras de segurança que registraram a invasão das sedes dos três poderes, fotos e vídeos feitos pelos próprios denunciados nos acampamentos, publicações em mídias sociais. A PGR, que se imagina estar ciente do entendimento do STF a respeito da necessidade de individualização de condutas já no momento da apresentação da denúncia, teve ao menos dois meses para analisar todo esse material; se o melhor que conseguiu produzir foram denúncias genéricas e idênticas, estamos diante de um autêntico descaso na investigação do ato mais grave da vida política nacional dos últimos meses, que não se resumiu a mero vandalismo, mas foi “o ponto culminante de um movimento que pretendia uma ruptura antidemocrática após a vitória de Lula nas urnas em outubro de 2022”, como já descrevemos em outra ocasião, ainda que nem todas as pessoas ali presentes tivessem a exata percepção disso ou compartilhassem dos mesmos objetivos em todos os seus detalhes. E essa apuração feita sem critério, caso seja aceita pelo STF no momento de julgar o 8 de janeiro, deixará as portas abertas para um arbítrio ainda maior que o das prisões preventivas: o de sentenças definitivas sem que ninguém saiba ao certo o que cada condenado fez para merecer sua pena.


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CONFLITO IBAMA E FAZENDEIROS POR ÁREAS EMBARGADAS NO AMAZONAS

 

Operação Retomada
Ibama ameaça apreensão e dá prazo de 5 dias para retirada de gado de áreas embargadas no AM
Por
Aline Rechmann – Gazeta do Povo


Ibama faz operação contra uso de áreas de preservação para criação de gado no Amazonas| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr.

Pecuaristas de municípios do sul do Amazonas vêm recebendo do Ibama um prazo de apenas cinco dias para retirar rebanhos inteiros de áreas embargadas. Quem não obedecer a determinação pode ter seu gado apreendido. Até agora ao menos 2.400 animais já teriam sido expropriados e destinados a programas sociais.

De acordo com o Ibama, a operação, intitulada “Retomada”, tem como objetivo “cessar a degradação ambiental e propiciar a recuperação da área degradada”. Os alvos são terras não regularizadas para a prática da pecuária. A operação é um reflexo da mudança de comando no órgão sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas, os fazendeiros estão apreensivos e alegam dificuldade para mover milhares de animais por centenas de quilômetros em um prazo tão curto. Eles temem a apreensão do gado e cobram a regularização fundiária das áreas embargadas pelo Ibama.

No último dia 5, o governador do Amazonas, Wilson Lima, recorreu ao Ibama e disse que haverá a possibilidade dos produtores solicitarem ao órgão prorrogação do prazo. Porém, a assessoria de imprensa do governo não deu mais detalhes sobre como esse processo poderá ser realizado.

Segundo o governo do Amazonas, há 19 áreas, dentre elas Manicoré e Lábrea, no sul do estado, onde o órgão identificou infrações e pede os cumprimentos de notificações.

De acordo com as notificações recebidas pelos pecuaristas, e compartilhadas nas redes sociais, os animais devem ser retirados das áreas embargadas e destinados para áreas de pastagem em propriedades rurais regularizadas. As notificações também exigem que os pecuaristas informem previamente ao Ibama sobre a retirada do gado e seu local exato de destino.

Em caso de descumprimento, o Ibama apreende o rebanho, com base no artigo 103 do Decreto 6.514/2008, que prevê que, uma vez encontrado gado em área embargada, o produtor poderá ter seus animais apreendidos.

VEJA TAMBÉM:
No Brasil “sem dono”, milhares vivem no limbo à espera de regularização
Senadores de oposição se movimentam para compor CPI das ONGs na Amazônia
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Destruição florestal é um dos motivos alegados pelo Ibama para embargar terras
Em declarações feitas à imprensa local, o coordenador da “Operação Retomada”, Bruno Barbosa disse que se trata de uma ação que objetiva frear o desmatamento na região. Baseado em imagens de satélites, o Ibama vem monitorando as áreas embargadas.

“Com as imagens de satélite percebemos que este desmatamento precisa ser controlado. Essa operação tem como principal objetivo a verificação do cumprimento de embargos efetuados por destruição florestal e que têm sido descumpridos com a atividade pecuária”, completou o servidor.

As 2.400 cabeças de gado apreendidas na operação estavam no município de Manicoré desde 2017, de acordo com Barbosa. Elas foram retiradas de seus proprietários por descumprimento da legislação ambiental.

A operação ocorre após a troca de comando no Ibama no governo Lula. O órgão é chefiado desde fevereiro pelo biólogo, ambientalista e advogado Rodrigo Antonio de Agostinho Mendonça, que assumiu o cargo dizendo sonhar com a “redução pela metade do desmatamento ainda este ano”.

Pecuaristas e lideranças locais pedem regularização fundiária  
A “Operação Retomada” tem como alvo áreas que, em sua maioria, aguardam há anos pela conclusão dos processos de titulação de terras. “Há propriedades com mais de 20 anos de ocupação pelos pecuaristas”, afirma o vereador de Humaitá e advogado Valdeir Malta. “Os governos vêm sendo lenientes com a nossa região. O que precisamos é sentar para negociar e regularizar essas terras e não criminalizar os pecuaristas dando a eles prazos impraticáveis de cinco dias para retirada de rebanhos numerosos”, completou o vereador.

Uma estimativa feita pelas prefeituras dos municípios amazonenses de Humaitá, Apuí, Lábrea e Manicoré contabiliza o rebanho das áreas que são alvo da operação em 400 mil cabeças de gado. O prazo de cinco dias corre a partir da notificação do fazendeiro.

Lideranças dos municípios envolvidos têm se mobilizado também para enfatizar a importância econômica que a atividade pecuária tem na região. Em discurso na tribuna da Câmara Municipal de Manicoré, o vereador Charles Meireles destacou que a atividade “coloca comida na mesa do povo da região”.

Ainda de acordo com o vereador de Humaitá, algumas das propriedades foram embargadas por estarem dentro de áreas de preservação. “Um decreto, no apagar das luzes do governo Dilma, transformou áreas do sul do Amazonas em áreas de preservação, gerando um caos social muito grande para a nossa região”, destacou Valdeir Malta. Ele se referia a decretos de 11 de maio de 2016 que criaram o Parque Nacional do Acari, localizado nos municípios de Apuí, Borba e Novo Aripuanã e a Área de Proteção Ambiental dos Campos de Manicoré.


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PERSEGUIÇÃO DOS DEMOCRATAS FAVORECEM A REELEIÇÃO DE TRUMP NOS EUA

 


Os democratas preferem enfrentar Trump

Por
Leonardo Coutinho – Gazeta do Povo


O ex-presidente americano Donald Trump, indiciado em Nova York por 34 acusações de falsificação de registros comerciais| Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH
Ouça este conteúdoUm promotor e um juiz de Nova York estão dispostos a enviar para cadeia o ex-presidente Donald Trump, que tem planos de voltar a disputar a presidência dos Estados Unidos no ano que vem. Eles já conseguiram que o júri considerasse a procedência da denúncia e, pela primeira vez na história, um ex-presidente americano saiu da condição de investigado para réu.

Os detalhes das denúncias revelaram que tanto o promotor, filiado ao Partido Democrata, quanto o juiz, pai de uma prestadora de serviços para campanhas eleitorais democratas, talvez fiquem no quase. A dupla, que é celebrada por muitos como operadores da tão desejada prisão de Trump, parece ter nas mãos muito menos do que prometeram entregar.

Aliás, talvez eles não saibam que podem estar ajudando Trump na consolidação de sua desejada candidatura. Ou talvez saibam muito bem o que estão fazendo, pois o caso – que reúne falhas processuais, como ilegitimidade de jurisdição e prescrição, apenas para citar dois exemplos que não isentam Trump de culpa alguma, mas impedem um processo em Nova York – está sendo empurrado para 2024, para coincidir com as primárias que definirão quem será o candidato do Partido Republicano na eleição do ano que vem.

Um cenário interessante foi prospectado no Twitter pelo estatístico americano Nate Silver. Ele lançou uma enquete, na qual perguntou aos democratas quem eles prefeririam enfrentar nas eleições.

O preferido dos democratas é Donald Trump.

Entre as várias leituras possíveis, há uma que passa pela impressão de que Trump é mais fácil de ser batido. Os processos em Nova York, por exemplo, seriam um dos pontos fracos do ex-presidente.

Possivelmente, os democratas estão pensando como o núcleo duro bolsonarista, que entendia que enfrentar o então presidiário Lula era o melhor dos mundos.

Fizeram corpo mole em defender a Lava Jato e, de certa forma, atiçaram a base contra a operação. Enterraram a CPI da Lava-Toga. O final da história já é conhecido. Lula soube se aproveitar dos erros do rival e mostrou para os Bolsonaro que subestimar a sua capacidade de resiliência foi o seu maior erro.

Em Washington, há quem pense que o plano democrata é levar para o ringue eleitoral um Trump iludido sobre seu potencial.

O efeito colateral imediato do indiciamento de Trump tem sido um reagrupamento dos republicanos. Os absurdos em torno de seu processo têm deixado até quem havia virado as costas para ele indignado. Trump voltou a crescer para além de sua base militante.

A questão é saber quão duradouro será o processo de aglutinação de forças ao redor de Trump. Se ele chegará nas eleições sangrando, como sonham os democratas, ou se ele surpreenderá seus rivais, assim como fez Lula.

A comparação entre Estados Unidos e Brasil tem, evidentemente, uma série de limitações. Lula não jogou sozinho. Teve o apoio irrestrito da imprensa, da Justiça, dos acadêmicos e artistas, sem falar de um sem número de líderes estrangeiros.

Trump terá um cenário inverso, com a sorte de que, apesar de o tribunal de Nova York ter assumido características banânicas, a Justiça nos Estados Unidos ainda está longe de subir no palanque, como o fez no Brasil.

Portanto, a Justiça é apenas o cenário para o circo eleitoral que já começou. O picadeiro promete muita animação.

Feliz Páscoa.

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CONFLITOS EM ISRAEL AMEAÇAM O PRIMEIRO MINISTRO

 

Israel

Por
Filipe Figueiredo


Policiais israelenses trabalham no local de um ataque a tiros em Tel Aviv, Israel, 07 de abril de 2023. Um turista foi baleado e morto e cinco outros foram feridos quando um motorista bateu com seu carro em transeuntes no calçadão da praia de Tel Aviv.| Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN

Uma guerra é tudo o que Benjamin Netanyahu precisa politicamente nesse momento. Após grandes protestos e uma greve geral obrigarem ele a suspender sua reforma do Judiciário, que transformaria Israel em uma autocracia, Netanyahu ficou em posição delicada. Se sua principal pauta na última década, e também a de seu partido, é a questão da segurança, uma escalada de tensões serve como bóia de salvação política.

Kahanismo
Como explicado aqui em nosso espaço na semana passada, Netanyahu sofreu um dos maiores reveses de sua longeva carreira política. De um lado, as manifestações e a greve geral forçaram ele a recuar. Por outro lado, os partidos da direita religiosa, interessados na reforma do Judiciário, ameaçaram romper a coalizão de governo, o que causaria uma nova eleição, com a aprovação de Netanyahu em uma baixa histórica.

Para impedir o rompimento, Netanyahu teve que ceder a Itamar Ben-Gvir, ministro de Segurança Nacional e líder do Otzma Yehudit, o partido kahanista. O termo faz referência ao rabino Meir Kahane, condenado por terrorismo e assassinado em 1990. O Kahanismo é uma mistura de nacionalismo, racismo e teocracia, resultando em uma ideologia que é uma versão local do fascismo.

A concessão de Netanyahu foi a criação de uma guarda nacional sob comando de Ben-Gvir, uma polícia ideológica que será formada por colonos de assentamentos na Cisjordânia. O mesmo Ben-Gvir, em janeiro, fez uma aparição no complexo da mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, um dos mais conhecidos cartões postais da cidade, com o Domo da Rocha. O local é importante para as três religiões monoteístas abraâmicas.

Religiões
Para as três religiões, é onde está a Rocha Fundamental, o local primordial por onde começou a criação do mundo. Também é o local onde Abraão sacrificaria seu filho. Para os judeus, é seu local mais sagrado, onde foram construídos os templos de Salomão e de Herodes. Eles se referem ao local como Monte do Templo, onde está o popularmente chamado Muro das Lamentações, possível resquício do templo de Herodes.

O Monte do Templo também está ligado à chegada do Messias no judaísmo, e a construção do Terceiro Templo. No Cristianismo, o local possui também importância pelas passagens que envolvem a vida de Jesus Cristo ali. Finalmente, para os muçulmanos, que chamam o local de Esplanada das Mesquitas, foi dali que Maomé visitou o Paraíso, após ser levado de Meca na montaria Buraq.

A mesquita de al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do Islã e a mesquita é a segunda mais antiga da religião. Claro que isso é um resumo extremamente conciso de uma História que começou há mais de dois mil e quinhentos anos atrás. Não há pretensão de debater teologia ou arqueologia aqui, apenas apontar o fato que o mesmo local é sagrado para as três religiões, por diferentes motivos.

Nesses dias de abril de 2023, as três religiões também estão em momentos sagrados. Para o Judaísmo e para os cristãos, trata-se da Páscoa, a data mais importante do calendário judaico e, para algumas vertentes, também a data mais importante do Cristianismo. Para os muçulmanos, estamos no Ramadã, o mês que celebra a revelação divina para Maomé. O mês é variável no calendário religioso, determinado pelos ciclos lunares.

Provocações e incidentes
Um local já propenso à mexer com as paixões humanas torna-se, por uma coincidência do calendário, ainda mais importante e sensível. Essa breve explicação religiosa serve para explicar alguns comportamentos de pessoas comuns, não para justificar suas ações, muito menos podemos perder de vista que as ações e atos de lideranças políticas são movidos por cálculos, não necessariamente por paixões religiosas.

Na sexta-feira, dia 31 de março, um palestino foi morto em Jerusalém, perto da mesquita de al-Aqsa, após ser parado pela polícia e ter tentado tomar a arma de um deles, e barreiras policiais foram colocadas em Jerusalém após o incidente. Mais de duzentos mil muçulmanos estavam na região, e a sexta-feira é o dia sagrado da semana no Islã. No dia seguinte, mais um grande protesto foi realizado contra Netanyahu.

Em um sábado, o dia sagrado do Judaísmo, cerca de 150 mil pessoas protestaram em Tel-Aviv contra a proposta de reforma do Judiciário. Dois dias depois, a polícia israelense deteve um fundamentalista religioso judeu que pretendia realizar o sacrifício de uma cabra na Esplanada das Mesquitas, ou Monte do Templo. O sacrifício de animais faz parte da Páscoa de alguns judeus ultraortodoxos e o ato tinha como intenção ser uma provocação.

O Rabinato de Israel, inclusive, proíbe que judeus visitem o local, o que é desafiado pelos nacionalistas. Na quarta-feira, dia cinco, a polícia israelense prendeu cerca de 400 muçulmanos, incluindo cenas de agressões contra pessoas orando dentro da mesquita, assim como o uso de gás lacrimogêneo na Esplanada das Mesquitas. Segundo o governo de Israel, a polícia estava agindo contra um “tumulto”.

Na véspera, o Hamas orientou que palestinos muçulmanos fizessem uma barricada na mesquita, para impedir um novo plano de judeus ultraortodoxos realizarem um sacrifício no local. Após as orações, muçulmanos permaneceram dentro de al-Aqsa, de onde teriam disparado fogos de artifício contra os policiais, segundo as autoridades israelenses. As imagens da polícia israelense dentro da mesquita circularam rapidamente.

Não foi o primeiro incidente de segurança dentro da mesquita, mas talvez o mais grave. A Jordânia, custodiante dos locais sagrados do Islã em Jerusalém, protestou formalmente, assim como a Turquia e o Egito. O ocorrido é uma mistura de questões religiosas, provocações nacionalistas e violência de forças estatais, em um dos locais mais sensíveis do mundo, em um contexto ainda mais complicado.

Após o incidente, no dia seis, foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra Israel, ou pelo Hamas ou pela Jihad Islâmica Palestina. No mesmo dia, cerca de trinta foguetes foram disparados de território libanês, possivelmente por células locais dos mesmos grupos palestinos. Três civis israelenses ficaram feridos e ainda está incerta uma eventual participação do Hezbollah no ataque.

Reação de Israel e Netanyahu
O premiê libanês, Najib Mikati, condenou os ataques e afirmou que o governo libanês não autoriza o uso de seu território para essas ações. Como ordena a constituição libanesa, ele é muçulmano sunita, ou seja, não conta com o apoio do Hezbollah. Como consequência dos ataques, as forças israelenses atacaram alvos em Gaza e em Tiro, no Líbano. É a maior escaramuça envolvendo Israel e Líbano desde 2006.

Netanyahu publicou fotos da reunião de seu Conselho de Defesa e usou sua conhecida retórica, e capacidade de oratória, sobre a necessidade de defesa de Israel contra seus inimigos. Se não é possível afirmar com todas as letras que as ações da polícia israelense foram calculadas para gerar uma crise de segurança que poderia beneficiar Netanyahu, é inegável que uma situação dessas favorece politicamente o premiê.

O pilar de seus governos e de suas campanhas eleitorais é a questão da segurança. Tanto que ameaçar o ministro de Defesa de demissão, dez dias atrás, foi um dos principais danos na imagem de Netanyahu. Não se sabe ainda se teremos uma guerra ou uma continuidade das hostilidades, mas o premiê de Israel está em sua situação favorita para reverter suas derrotas, a de colocar a si mesmo como o defensor que Israel não pode abrir mão.

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100 DIAS CONTURBADOS DO GOVERNO LULA 3

 

100 dias do governo mostram Lula 3 preso na polarização e em sua própria ‘bolha’

Foto: Estadão

Por Vera Rosa – Jornal Estadão

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento em Brasília

Programas sociais são relançados, presidente cobra “criatividade” e PT disputa rumos da gestão, que não consegue sair do “nós contra eles” nem formar base sólida no Congresso

BRASÍLIA – O terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa nesta segunda-feira, 10, 100 dias sob o desafio de encontrar marcas de gestão, criar programas de crédito para incentivar o crescimento e se aproximar da classe média, num momento de incertezas na economia. Até agora, Lula cobrou “criatividade” da equipe e mostrou pressa por resultados, mas não conseguiu sair do clássico “nós contra eles” que tem marcado a polarização política no Brasil.

A frente ampla de partidos que apoiou Lula no segundo turno da campanha apareceu para defender a democracia após os atos golpistas de 8 de janeiro, mas pouco “apita” no governo. Nesse período de turbulência, a comunicação do presidente ficou concentrada em sua própria “bolha”, em estratégia desenhada para reforçar laços com o eleitorado de esquerda.

Depois da reprise de programas, como Minha Casa, Minha Vida (foto), Lula lança campanha 'O Brasil Voltou', mesmo slogan usado por Temer.
Depois da reprise de programas, como Minha Casa, Minha Vida (foto), Lula lança campanha ‘O Brasil Voltou’, mesmo slogan usado por Temer. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Sob o slogan “O Brasil Voltou” – o mesmo usado por Michel Temer para resumir seus dois anos à frente da Presidência, após o impeachment de Dilma Rousseff –, Lula tenta iniciar, a partir desta semana, o que vem chamando de “nova fase” da administração. O núcleo duro do governo sustenta que o Estado precisa atuar como “indutor” do desenvolvimento, mas não detalha o plano. A meta é aposentar privatizações, retomar obras de infraestrutura paralisadas e anunciar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) versão 3.0.

“Não existe milagre. Somente com uma política de crédito vamos motivar os empresários a voltar a fazer investimentos”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas, na quinta-feira passada, dia 6. “Não é possível imaginar que, num País do tamanho do Brasil, você possa dar um cavalo de pau para mudar radicalmente as coisas. Quando você é oposição, fala o que quer. Quando você é governo, faz o que pode.”

Uma espécie de “Vale a pena ver de novo” deu a tônica dos primeiros 100 dias de governo, com o relançamento de programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos, vitrines de gestões petistas. Ficou evidente, porém, uma disputa interna no PT e entre pré-candidatos à sucessão de Lula, como os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, pelos rumos do governo. Em mais um capítulo do “nós contra eles”, Lula pediu empenho dos auxiliares para destacar a “herança maldita” recebida do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Âncora

Atacado dentro e fora do governo, Haddad apresentou a proposta de arcabouço fiscal para o ajuste das contas públicas, mas, para ficar de pé, o País precisa aumentar sua receita em R$ 150 bilhões. Os projetos serão enviados ao Congresso na esteira de uma queda de braço entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que divergem sobre o modelo de tramitação das medidas provisórias.

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Embora Lula tenha tentado enquadrar o PT, as críticas já começaram. “Não dá para zerar o déficit no ano que vem, às custas do arrocho, para atender o mercado”, protestou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). “Se o desemprego aumentar, haverá crise política sem precedentes. Aí Bolsonaro volta.”

Em recente conversa com senadores, Haddad disse ser difícil fechar uma proposta de âncora fiscal que agrade tanto ao PT e à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, como ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Todo o nosso esforço é para mostrar que temos responsabilidade fiscal. O problema é que, no PT, tem muito intérprete do pensamento alheio”, provocou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).

Campos Neto e a atual política monetária, com juros de 13,75% ao ano, viraram inimigos do País, no diagnóstico do PT, de Lula e da maioria dos ministros. “Razão econômica que justifique essa dosagem de remédio amargo não há, mesmo porque a inflação já caiu. A não ser que o Banco Central tenha outra motivação, que não sabemos qual é”, afirmou Rui Costa.

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Há no Congresso, porém, a leitura de que a batalha de vida ou morte travada com o Banco Central foi a maneira encontrada pelo Palácio do Planalto para apontar um culpado e um bode expiatório na crise, caso a economia desande de vez.

“Esse governo precisa dizer a que veio porque, até hoje, é um trailer de novela mexicana. Está um tédio”, reclamou o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE). O partido de Forte comanda três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), mas, mesmo assim, não se compromete a dar sinal verde às medidas de interesse do Planalto.

Na prática, apesar da aliança com o Centrão, Lula ainda não conta com maioria sólida no Congresso para aprovar propostas, como a da reforma tributária. Desde que tomou posse, o presidente enfrentou dias atípicos – da invasão do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) à crise humanitária dos Yanomamis –, mas não passou por teste no plenário da Câmara e do Senado.

“O principal desafio do governo continua a ser o equilíbrio fiscal. É preciso aprovar o arcabouço junto com medidas de corte de renúncias tributárias”, avaliou o ex-secretário da Fazenda de São Paulo Felipe Salto, economista-chefe da corretora Warren Rena.

Ruídos e cotoveladas entre ministros não faltaram nessa temporada. Em tom irônico, Lula apelidou de “genialidades” algumas ideias divulgadas antes que fossem submetidas ao crivo da Casa Civil, como a de passagens aéreas por R$ 200 para aposentados, servidores e estudantes. “Cada um está no seu papel”, amenizou o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que espera ver o programa Voa Brasil pronto até julho.

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O titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também entraram em rota de colisão. Silveira anunciou que haverá mudança na política de preços de combustíveis. A cúpula da Petrobras reagiu mal. Para conter a briga, Lula afirmou que as declarações do ministro foram “extemporâneas”, embora o defenda nos bastidores.

“Nenhuma área do governo pode ter dissenso. A palavra de ordem tem de ser unidade, com o reconhecimento de que quem está legitimado para formular a política pública é o presidente”, argumentou Silveira. “Quem não quiser entender o que ele falou, que peça para sair porque o ônus (de eventual erro) sempre recai sobre quem o povo escolheu como líder”.

Nenhuma área do governo pode ter dissenso. Quem não quiser entender o que o presidente falou, que peça para sair

Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia

Até mesmo os decretos assinados por Lula para revisar o marco legal do saneamento provocaram atritos, que atravessaram a Praça dos Três Poderes.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quando o Senado aprovou o novo marco regulatório com o seu voto, em 2020, não foi agora nem sequer chamada para as discussões.

Na Câmara, Lira definiu os decretos de Lula como “retrocesso” e avisou que mudanças precisam ser feitas pelo Congresso. No Planalto, circula a máxima de que é da natureza do Centrão sempre criar dificuldades para vender facilidades.

AMEAÇA ENERGÉTICA DE PUTIN NÃO DEU CERTO NA EUROPA

 

Foto: Michael Probst/AP – 15/3/2023

Por Paul Krugman – Jornal Estadão

Países europeus resistiram notavelmente bem à perda de suprimentos importados da Rússia após a invasão da Ucrânia

Vladimir Putin invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Desde então, a Rússia lançou quatro grandes ofensivas. Três foram militares; a quarta foi econômica. E embora você não ouça muito sobre essa última ofensiva, seu fracasso apresenta algumas lições muito importantes.

Todos sabem da primeira ofensiva militar: a tentativa de blitzkrieg que deveria tomar Kiev e outras grandes cidades ucranianas em questão de dias. Muitos observadores – especialmente, mas não apenas, os direitistas ocidentais que fetichizaram as supostas proezas das Forças Armadas russas – esperavam que essa blitzkrieg fosse bem-sucedida. Em vez disso, ela se transformou em uma derrota épica: paralisados por uma obstinada defesa ucraniana, os russos acabaram recuando após sofrer enormes perdas.

A segunda ofensiva foi mais limitada em escopo: um ataque de primavera no leste da Ucrânia. Mais uma vez, muitos observadores esperavam uma decisiva vitória russa, talvez o cerco de grande parte do Exército ucraniano. E os russos fizeram alguns avanços graças à esmagadora superioridade da artilharia. Mas essa ofensiva parou quando a Ucrânia adquiriu armas de precisão ocidentais, especialmente as agora famosas Himars, que causaram estragos nas áreas de retaguarda russas. A Ucrânia acabou conseguindo lançar contra-ataques que recuperaram terreno significativo, principalmente a retomada Kherson.

Em imagem de arquivo, trens de hidrogênio em estação de Wehrheim, na Alemanha
Em imagem de arquivo, trens de hidrogênio em estação de Wehrheim, na Alemanha Foto: Michael Probst/AP – 5/4/2023

A terceira ofensiva russa, um ataque de inverno na região de Donbas, ainda está em andamento, e é possível que a Ucrânia opte por se retirar da cidade de Bakhmut, um local de pouca importância estratégica que, no entanto, se tornou palco de combates incrivelmente sangrentos. Mas a maioria dos observadores que li vê o empreendimento como mais um fracasso estratégico.

De certa forma, porém, a derrota mais importante da Rússia não ocorreu no campo de batalha, mas na frente econômica. Eu disse que a Rússia lançou quatro grandes ofensivas; a quarta foi a tentativa de chantagear as democracias europeias para que abandonassem seu apoio à Ucrânia cortando o fornecimento de gás natural.

Havia motivos de preocupação nessa tentativa de transformar o abastecimento de energia em arma de guerra. A invasão russa da Ucrânia de início interrompeu os mercados de várias commodities – a Rússia é um grande produtor de petróleo, e tanto a Rússia quanto a Ucrânia eram grandes exportadores agrícolas antes da guerra – e o gás natural parecia um ponto de pressão especialmente sério. Por quê? Porque o gás natural não é negociado em um mercado global. A maneira mais barata de enviar gás é por meio de gasodutos, e não estava claro como a Europa substituiria o gás russo se o fornecimento fosse interrompido.

Muitas pessoas, incluindo eu, ficaram preocupadas com os efeitos de um embargo de gás russo. Isso causaria uma recessão europeia? Os tempos difíceis na Europa prejudicariam sua disposição de continuar ajudando a Ucrânia?

Para lembrar

Bem, a grande história aqui – uma história que não foi muito divulgada na mídia, porque é difícil relatar coisas que não aconteceram – é que a Europa resistiu notavelmente bem à perda de suprimentos russos. O desemprego na zona do euro não aumentou; a inflação subiu, mas os governos europeus conseguiram, por meio de uma combinação de controle de preços e ajuda financeira, limitar (mas não eliminar) as dificuldades criadas pelos altos preços da gasolina para as pessoas.

Fontes alternativas

A Europa conseguiu continuar funcionando apesar do corte da maior parte do gás russo. Por um lado, isso reflete uma transição para outras fontes de gás, como o gás natural liquefeito enviado dos EUA.

Por outro, resulta dos esforços de economia que reduziram a demanda. Uma parte representa um retorno temporário à geração de eletricidade a carvão, outra parte maior reflete o fato de que a Europa já obtém muito de sua energia a partir de fontes renováveis.

E, sim, foi um inverno excepcionalmente quente, o que também ajudou. Mas o resultado final, como diz um relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores, é que “Moscou fracassou em seu esforço de chantagear os estados da UE por meio do corte de gás”. De fato, a Europa intensificou seu apoio militar à Ucrânia, principalmente enviando tanques de guerra que podem ajudar na contraofensiva ucraniana que se aproxima.

Balanço

Então, o que podemos aprender com o fracasso da ofensiva energética da Rússia? Primeiro, a Rússia parece mais do que nunca uma superpotência Potemkin, com pouco por trás de sua fachada imponente. Seu tão alardeado Exército é muito menos eficaz do que se anunciava; e, agora, está claro que é muito mais difícil do que se pensava transformar em arma de guerra seu papel como fornecedor de energia.

Em segundo lugar, as democracias estão mostrando, como muitas vezes no passado, que são muito mais duronas, muito mais difíceis de intimidar do que parecem. Por fim, as economias modernas são muito mais flexíveis, muito mais capazes de lidar com a mudança, do que alguns interesses investidos querem nos fazer acreditar.

Desde que me lembro, os lobistas dos combustíveis fósseis e seus apoiadores políticos têm insistido que qualquer tentativa de reduzir as emissões de gases do efeito estufa seria desastrosa para os empregos e o crescimento econômico.

Mas o que estamos vendo agora é a Europa fazendo uma transição energética nas piores circunstâncias possíveis – repentina, inesperada e drástica – e lidando muito bem com isso, o que sugere que uma transição gradual e planejada para a energia verde seria muito mais fácil do que os pessimistas imaginam. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

CARACTERÍSTICAS QUE UM EMPREENDEDOR DEVE TER PARA DESENVOLVER E MANTER O NEGÓCIO

 

Mara Lemes Martins – BNI Brasil

Empresas precisam ser geridas por um profissional capacitado para enfrentar todos os desafios do mundo do empreendedorismo; especialista explica

Com a chegada do mundo digital e um mundo pós pandemia, empreender tem sido uma grande opção para as pessoas. Porém, manter um negócio em pé, requer muitos desafios no dia a dia e nem sempre é tão fácil como parece – mesmo com as oportunidades das redes sociais e da internet em geral. Para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio a estes negócios (Sebrae), cerca de 23% das micro e pequenas empresas fecham as portas antes de completar cinco anos de atividade no Brasil.

Mas quais características um empreendedor deve ter ou desenvolver para manter o seu negócio em evidência por anos e anos? Abaixo, a Vice-Presidente da BNI Brasil – Business Network International – a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo, Mara Lemes Martins, lista 10 competências necessárias. Confira:

1- Liderança: essa é a característica principal de um empreendedor, afinal, como abrir um negócio se você não tem espírito de liderança? Essa característica é essencial, já que provavelmente você terá uma equipe. “Saber gerenciar pessoas e negócios não é uma tarefa fácil, e um empreendedor deve ter esse dom de natureza, ou então fazer cursos para desenvolver essa característica. Um bom negócio sempre tem uma boa liderança por trás”, explica a especialista.

2- Humanização: é necessário entender e compreender o que o colaborador está passando na vida pessoal e profissional. Isso porque, as duas precisam estar alinhadas com o mesmo propósito. Além disso, ele precisa saber que está lidando com pessoas e não com objetos. “Pessoas felizes produzem mais, de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida está conectado com seu trabalho atual. A responsabilidade de um líder é engajar e engajar o seu colaborador a não desmotivar”, explica Mara.

3- Espírito de equipe: de acordo com uma pesquisa divulgada pela The Adler Group, cerca de 85% das oportunidades de trabalho são preenchidas através de indicações vindas de contatos, provando o valor de desenvolver um trabalho em equipe adequado.

Por isso, assim como saber liderar e ter ideais de humanização, um gestor também deve ter espírito de equipe e saber delegar funções. “Existem pessoas que sabem realizar todo o trabalho e preferem concentrar tudo em suas mãos, porém é necessário investir em colaboradores, com funções específicas, para que eles ajudem no desenvolvimento de atividades e melhorem os resultados da empresa. Cada um pode agregar de alguma forma para que a corporação cresça”, salienta.

4- Autogestão: essa soft skill não é apenas importante para o empreendedor, mas também para o colaborador que queira crescer dentro de uma empresa. “Saber controlar a sua própria gestão é uma habilidade não técnica mega necessária nos dias atuais, ainda mais pensando no mundo digital, onde cada vez mais as pessoas estão trabalhando home office. Um empreendedor necessita ter essa característica e ainda apostar em pessoas que também tenham – pensando no bem-estar e desenvolvimento da corporação”, comenta Mara.

5- Resiliência: o que mais existe no mundo do empreendedorismo são problemas, e eles aparecem em todo momento. “Por isso, é preciso ter resiliência para poder tomar as decisões com calma, sem impulsividade e não prejudicar a empresa. Saber agir sobre a pressão de um problema é de extrema importância para o perfil empreendedor”, diz Mara Leme.

6- Planejamento: saber incluir prazos e definir bem as suas atividades, bem como as atividades da equipe, é uma característica de extrema importância para aqueles que desejam abrir um negócio. “Desenvolver as tarefas de forma objetiva faz com que se torne possível gerar resultados mensuráveis, criando um controle maior sobre o seu projeto”, diz Mara.

7- Sede de conhecimento: existe uma forte opinião hoje em dia que não é mais necessário estudo para empreender. E com a chegada da internet, ganhar dinheiro online realmente se tornou uma opção para muitos jovens. Mas é preciso lembrar que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o conhecimento. “Por isso, ter vontade de estudar, investir em cursos é sempre importante para seu crescimento e também o da sua empresa. Aprender nunca é demais”, complementa Mara.

8- Inovação: além de pensar em cursos para melhorar o autoconhecimento, o empreendedor também deve ter uma mente inovadora, ou seja, estar sempre pensando em ideias e melhorias para a corporação. “E isso vale também para ideias que melhorem a estrutura física da empresa, ou até em medidas para beneficiar um colaborador”, salienta.

9- Autoconfiança: essa soft skill é necessária para o empreendedor saber que é capaz de enfrentar qualquer dilema que vier em sua jornada empreendedora. “Quanto mais confiante, se torna cada vez mais possível racionalizar as tomadas de decisões. Se você é inseguro, se afunda nos problemas e triplica os gargalos de uma corporação”, explica Leme.

10- Comprometimento: o empreendedor precisa cumprir com uma agenda de tarefas, ele, geralmente, tem muitas responsabilidades em suas mãos, e tudo isso requer um comprometimento sério com todos os afazeres. “Além disso, ele deve servir como um exemplo para quem trabalha no local”, finaliza Mara.

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