sexta-feira, 10 de março de 2023

MINISTROS DO STF E DO GOVERNO USAM JATINHOS DA FAB PARA OS SEUS VOOS SECRETOS


Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB)| Foto: Johnson Barros

Na planilha de voos da Aeronáutica, constam seis voos de ida e volta a São Paulo identificados como voos “à disposição do Ministério da Defesa”. Estão camuflados. Na realidade, são voos secretos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Eles alegaram questões de segurança para usufruir da mordomia.

A inclusão dos ministros do Supremo entre as autoridades que podem utilizar os jatinhos foi sugerida ao Ministério da Defesa pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, após pedido dos ministros do STF. Eles estariam sendo constrangidos e até ameaçados em aeroportos nos últimos meses, principalmente após a invasão e depredação dos prédios do Supremo, do Congresso e do Palácio do Planalto, dia 8 de janeiro.

Há uma brecha na legislação que permitiria estender aos demais ministros do STF o direito de usar jatos da FAB. O Decreto 10.267/2000 autoriza viagens em jatinhos da FAB aos presidentes do Congresso, da Câmara dos Deputados e do Supremo, além de ministros de Estado e comandantes militares. Mas o decreto também estabelece que o ministro da Defesa pode “autorizar o transporte aéreo de outras autoridades”.

O curioso é que, ao contrário do que ocorre com as autoridades citadas expressamente no decreto, atualmente não há como identificar qual ministro do Supremo fez determinada viagem. Os voos secretos estão incomodando as Forças Armadas, a quem são atribuídos os deslocamentos de ministros do STF em aeronave oficial da FAB. Uma alternativa analisada pelo governo é a alteração do decreto presidencial para incluir a autorização expressa dos demais ministros do Supremo. O decreto atual não deixa claro se a autorização do ministro da Defesa para o transporte de autoridades seria permanente ou em casos extraordinários.


Os voos sigilosos
Há dois voos de ministros do STF de São Paulo para Brasília às segundas-feiras, dias 6 e 27 de fevereiro. Há também um voo no mesmo trajeto no dia 23 de fevereiro, às 7h15, um dia após a quarta-feira de cinzas. Há dois deslocamentos de Brasília para São Paulo às quintas-feiras e um numa sexta-feira.

Pelo Decreto 19.267, os ministros de Estado e comandantes militares podem usar os jatinhos por motivo de serviço, segurança e emergência médica. Os presidentes do Judiciário e do Legislativo podem também utilizar as aeronaves oficiais para se deslocar ao local de residência permanente. Mas o decreto não especifica se as autoridades autorizadas pelo ministro da Defesa também podem usar o jatinho até a sua residência.

Reportagem do blog publicada nesta terça-feira (7) mostrou todos os voos dos ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país nos dois primeiros meses de governo.

Ministros de Lula usam mais jatinhos da FAB e privilegiam redutos eleitorais

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB)| Foto: Johnson Barros

Quanto mais ministros, mais despesas. Os ministros do presidente Lula gastaram 90% a mais do que os de Bolsonaro com voos pelo país em jatinhos da FAB. Foram 260 horas de voo em janeiro e fevereiro – quase quatro voltas em torno da Terra. Pelo menos 22 deslocamentos foram para seus redutos eleitorais, nos finais de semana, sem cumprir agenda oficial. Outros 21 também foram para os estados de origem, mas com agenda oficial. No governo Bolsonaro, foram 137 horas de voos de ministros pelo país nos dois primeiros meses.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez nove voos de ida e volta para São Paulo, cinco deles nos finais de semana sem cumprir agenda oficial. Em viagem a São Paulo, no início da noite de uma sexta-feira (6/1), a sua agenda era “despachos internos” no gabinete da Fazenda em São Paulo, em reunião com o seu chefe de gabinete, Laio Moraes. Naquela oportunidade, o ministro “visitou pela primeira vez o escritório”, disse o ministério.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, fez seis voos de ida ou volta para São Luís, quatro deles sem agenda. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, fez sete voos de ida e volta para São Paulo. Ele costuma viajar para a capital paulista na sexta e retornar na segunda, sempre no jatinho oficial.

Mas houve uma gastança extra no governo Bolsonaro – o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, voou mais 70 horas em viagens internacionais nos dois primeiros meses do governo. Ele esteve em Lima (Peru), Ottawa (Canadá), Varsóvia (Polônia), Valência (Espanha) e Cúcuta (Colômbia). O ministro das Relações Exteriores de Lula, Mauro Vieira, fez apenas uma viagem para a Argentina, com 3,5 horas de voo.


Viagem aos redutos eleitorais e “Uber” aéreo
A ministra da Saúde, Nísia Andrade, fez dez voos em aeronaves da FAB em dois meses. Sete deles foram de ida ou volta para o Rio de Janeiro. Esteve em eventos de incentivo à imunização pela vacina, em ações relacionadas à saúde da mulher, da criança e do adolescente e em reunião sobre hospitais federais no Rio de Janeiro. Os demais estados aguardam tratamento semelhante.

O ministro de Minas e Energia, o ex-deputado Alexandre Silveira (PSD-MG), fez 10 deslocamentos em aviões oficiais, cinco deles para Belo Horizonte, um sem agenda oficial. Esteve também no Rio e em Fortaleza. A ministra do Turismo, a deputada licenciada Daniela Carneiro (União-RJ), fez 11 deslocamentos em jatinhos, quatro deles de ida e volta ao Rio de Janeiro, com agenda oficial. Esteve também em outras três cidades.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macêdo, deputado licenciado (PT-SE), viajou pouco, mas fez uma viagem inusitada no início do ano. Ele pegou carona até Salvador no jatinho oficial utilizado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, no dia 6 de janeiro, uma sexta-feira. Dali, rumou para Aracaju, onde tem residência fixa, como único passageiro do jatinho oficial – quase um “Uber” aéreo. Na capital de Sergipe, teve reunião com o prefeito Edvaldo Nogueira, presidente da Frente Nacional de Prefeitos, para “preparar a pauta de um futuro despacho” do prefeito com o presidente Lula. No domingo, Macedo voou para Maceió, novamente em voo solo, onde pegou carona no jatinho do presidente da Câmara, Arthur Lira.


Ministros justificam gastança
O Ministério da Fazenda afirmou ao blog que o ministro Haddad retornou a Brasília no dia 9 de janeiro em no voo da FAB “em virtude dos atos terroristas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro”. O ministério acrescentou que as viagens realizadas pelo ministro Haddad “seguiram as regras estabelecidas pela Lei nº 8.112 (artigo 58) e pelo decreto nº 10.267”.

Após a publicação da reportagem, o Ministério da Fazenda acrescentou novos esclarecimentos sobre dias em que a matéria apontou que o ministro não teve compromissos. Sobre o deslocamento de São Paulo para Brasília, no dia 22 de janeiro, domingo, afirmou que o ministro “retornou a Brasília após ter compromissos no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo, no dia 20 de Janeiro, quando se reuniu com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Eduardo Sanovicz, e representantes de empresas do setor, e com o  Fundador e CEO do Nubank, David Vélez”.

O blog destaca que os eventos ocorreram na sexta-feira. O ministro passou o final de semana em São Paulo sem cumprir agenda.
O ministério acrescentou que, no dia 17 de fevereiro, o ministro teve, no escritório de São Paulo, os seguintes compromissos: reunião com o Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, às 16h; reunião com a Coalizão Indústria, às 17h; e reunião com o economista Felipe Salto. Sobre o deslocamento do ministro para Brasília, no dia 26 de fevereiro, domingo, o ministério afirmou que Haddad realizou missão oficial à Índia de 22 a 24. “O ministro chegou a São Paulo no dia 25 e retornou a Brasília no dia 26”, diz nota da sua assessoria.

O ministro Flávio Dino afirmou que a viagem de ida e volta a São Luís em janeiro foi por motivo de segurança, “em face dos constantes e recentes ataques antidemocráticos, inclusive contra o Sr. Ministro”. O decreto autoriza a viagem por meio de justificativa que fundamente a necessidade de segurança.

O Ministério da Saúde afirmou que “cumpre rigorosamente as regras estabelecidas pelo decreto nº 10.267/20 para o uso da FAB, de forma que os voos da ministra Nísia Trindade são referentes a agendas oficiais para tratar de temas relacionados ao seu trabalho frente à pasta com foco no fortalecimento do SUS. A agenda diária da ministra é pública e pode ser acessada pelo Portal da Saúde:

O ministério das Minas e Energia afirmou que, “em relação ao deslocamento entre DF – MG, no dia 14/02, o ministro participou do evento de lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, representando o presidente da República em Contagem (MG). O evento já consta na agenda oficial”. O blog perguntou a todos os ministros citados na reportagem se eles podem ir para casa de jatinho nos finais de semana, sem agenda oficial, ou se usam a aeronave oficial por questões de segurança. A maioria não respondeu.

Pela legislação vigente, os ministros de Estado podem utilizar jatinhos da FAB a serviço, por motivo de segurança e em casos emergência médica. O Decreto 10.267, assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em janeiro de 2020, manteve a proibição de voos de ministros para casa nos finais de semana, mas deixou brechas que permitem essas viagens por motivos de segurança.

O ministro retornou na segunda-feira (9) no voo da FAB em virtude dos atos terroristas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro.
Dia 22/01 –  Ministro retornou a Brasília após ter compromissos que constam na agenda pública no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo no dia 20 de Janeiro, quando se reuniu com o Presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Eduardo Sanovicz e representantes de empresas do setor, e com o  Fundador e CEO do Nubank, David Vélez.
Dia 17/02 – O ministro teve, no escritório de São Paulo, os seguintes compromissos, que constam na agenda pública:  
15h – Reunião com o Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil,16h – Reunião com a Coalizão Indústria  17h – Reunião com o economista Felipe Salto


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GOVERNO OFERECE CARGOS NAS ESTATAIS PARA BARRA CPI DE 8 DE JANEIRO

Governabilidade ameaçada

Por
Sílvio Ribas – Gazeta do Povo
Brasília

Em sessao presidida pelo 1? vice-presidente da Camara, deputado Marcos Pereira, o plenario do Congresso Nacional, aprovou credito para Petrobras e para pagamento por exploracao do pre-sal (Em sessao presidida pelo 1? vice-presidente da Cama


Deputados federais do União Brasil são principal alvo da investida do governo para evitar CPMI dos atos de 8 de janeiro| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta dificuldades em sua tentativa de barrar a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos de vandalismo de 8 de janeiro, proposta pela oposição.

O número mínimo de assinaturas de deputados e senadores para a abertura do inquérito já foi alcançado, mas os articuladores do Palácio do Planalto estão tentando persuadir parlamentares que já endossaram o pedido a retirar o apoio antes da próxima sessão do Congresso, ainda sem data marcada, quando o presidente das duas casas legislativas, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deverá dar início aos trabalhos.

O receio do Palácio do Planalto é que a CPMI atrase a tramitação de projetos urgentes da agenda econômica do governo – a exemplo da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal.

Esse imbróglio confirma a inconsistência da base governista, alertada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) no início da semana, e eleva custos da barganha política. Mas, para convencer os deputados e senadores, o governo poderá lançar mão da distribuição de cargos públicos no segundo escalão da administração federal e da liberação de emendas ao Orçamento.

O próprio ministro da Casa Civil, Rui Costa, já havia indicado, no começo do mandato, que usaria a distribuição de cargos nos escalões inferiores do governo para fortalecer a base no Congresso. Nomeações para diretorias de estatais como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ainda estão em disputa.

Os principais alvos desta investida do governo contra a CPMI são parlamentares do MDB, PSD e, sobretudo, União Brasil – partidos que comandam ministérios na Esplanada. A missão foi confiada pelo presidente Lula ao ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.

Uma portaria interministerial determinou que a liberação de recursos para emendas parlamentares deve passar pelo crivo de Padilha, antes de ir para a decisão dos respectivos ministérios. O aumento de poder da Secretaria de Relações Institucionais, sob responsabilidade do ministro, já pôde ser notada. Recentemente, ele recebeu em audiência até parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o deputado federal Zé Trovão (PL-SC).

“Estão convocando os parlamentares novos até o Palácio do Planalto para intimidá-los. Quem não tirar a assinatura da CPMI, não vai receber o dinheiro, que é um direito nosso para levar ao estado. E, eu estou dizendo isso porque fui até lá hoje nessa reunião, para saber o que eles iam falar. E eles têm a cara de pau de querer coagir os novos deputados que chegaram na casa”, afirmou Zé Trovão na terça-feira. O deputado é um dos alvos na investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos de 7 de setembro.

Padilha, ao se defender, afirmou que as acusações são mentirosas. “O que vai existir da minha parte e do governo, [é que] nós vamos dialogar com o parlamento, com os deputados, para tentar convencê-los que não é a melhor forma de apurar quem financiou, quem organizou [os atos de vandalismo contra as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro]”, explicou à CNN Brasil.

Além de nomeações para ocupar diretorias em superintendências regionais e estatais, o Executivo poderá usar nesse esforço de governabilidade o total de R$ 8,6 bilhões em restos a pagar de indicações de congressistas por meio do agora extinto orçamento secreto. Embora previsto na lei orçamentária, esse estoque de emendas não tem o seu desembolso obrigatório, o que dá munição às investidas de Padilha.

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TOLERÂNCIA ZERO NO GOVERNO LULA NÃO DUROU DOIS MESES

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Juscelino Filho foi recebido pelo presidente Lula e pelo ministro Alexandre Padilha no Palácio do Planalto.| Foto: Reprodução/Twitter

“Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será, simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo”, prometeu Lula em sua primeira reunião ministerial, ainda nos primeiros dias de janeiro. Apenas dois meses depois, e para a surpresa de ninguém, a “tolerância zero” do presidente da República foi reprovada em seu primeiro teste. Apesar de todas as suas estripulias com o dinheiro do “orçamento secreto”, o uso da jatinhos da Força Aérea para compromissos pessoais e o misterioso sumiço de seus cavalos na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Juscelino Filho continuará sendo o ministro das Comunicações. Aparentemente, Lula se contentou com as explicações dadas em uma reunião na segunda-feira, dia 6 – publicamente, o ministro falou em “erro no sistema” de contagem de diárias.

Nunca se há de descartar que o grau de patrimonialismo demonstrado pelo ministro – que, segundo apuração do jornal O Estado de S.Paulo, recebeu diárias pagas com verba pública e usou jatos da FAB para ir de Brasília a São Paulo, onde passou apenas duas horas em compromissos oficiais antes de gastar o fim de semana se dedicando a sua paixão, os cavalos Quarto de Milha – tenha sido considerado por Lula coisa pouca, uma irrelevância. Afinal, estamos falando do PT, que tomou para si não algumas diárias, nem duas viagens em avião da Força Aérea, mas estatais inteiras, como o Brasil descobriu graças à Operação Lava Jato. Perto do mensalão e do petrolão, Juscelino Filho seria um mero aprendiz; sacrificá-lo seria uma injustiça, ainda que ele não faça parte do panteão dos “guerreiros do povo brasileiro”. Mas, ao que tudo indica, Lula tem razões mais pragmáticas para mandar às favas sua promessa de rigor com “quem fizer errado”.

Haveria outras formas mais sensatas para Lula conseguir apoio sem precisar manter no primeiro escalão um ministro encrencado como Juscelino Filho, mas dividir espaços e governar para todos são coisas a que nem Lula nem o PT estão acostumados

Juscelino Filho e Daniela do Waguinho – a ministra do Turismo, às voltas com denúncias de ligação com milícias – pertencem ao União Brasil, que tem a terceira maior bancada na Câmara e a quarta maior no Senado. O apoio do partido como um todo a Lula será impossível, dado o perfil claramente antipetista de vários parlamentares eleitos pela legenda, mas o governo precisará trazer para sua base o máximo possível de deputados e senadores do partido, bem como de outros integrantes do Centrão. As lideranças mais “maleáveis” do União avisaram Lula de que rifar Juscelino não ajudaria na conquista de votos – e cada voto conta, a julgar pelo aviso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): “hoje o governo ainda não tem uma base consistente nem na Câmara e nem no Senado para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”, afirmou o deputado na manhã de segunda-feira, dia 6.

É claro que haveria outras formas mais sensatas para Lula conseguir apoio sem precisar manter no primeiro escalão um ministro encrencado como Juscelino Filho. Mas para isso precisaria realmente levar a sério, na composição do governo, a tal “frente ampla” formada em torno de Lula para vencer a eleição, em vez de tratar os não petistas que “fizeram o L” como inocentes úteis cuja serventia acabou às 18 horas de 30 de outubro de 2022. E precisaria apresentar à sociedade uma pauta realmente agregadora, indicando o desejo de governar para todos os brasileiros e não apenas para o cercadinho ideológico da esquerda.

VEJA TAMBÉM:
A tolerância de Lula com seus ministros encrencados (editorial de 2 de março de 2023)
Sergio Moro: Todo corrupto é um ladrão
Alexandre Garcia: Juscelino Filho ganhou o perdão de Lula


Mas isso é demais para Lula e o PT. O partido não governa dividindo, ele quer tudo; quando cede, especialmente a partidos que não são da esquerda, o faz muito a contragosto – e a ofensiva de líderes petistas pedindo a cabeça de Juscelino Filho não tem nada a ver com algum surto moralizador, mas apenas com o desejo de comandar também a pasta das Comunicações, essencial para o sonho petista de controlar a imprensa, na eufemisticamente chamada “regulação da mídia”. E não há como esperar moderação de um grupo que voltou ao poder com sede de vingança e o desejo claro de desfazer tudo o que foi construído no Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff, em meados de 2016. Assim, os meios que sobram para o petismo construir alguma base parlamentar são aqueles que o Brasil inteiro já conhece – e repudia.


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INVASÃO DE TERRA É CRIME E NÃO TEM ESSE NEGÓCIO DE DIÁLOGO COM OS INVASORES

 

Conflito no campo

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

INVASÃO MST – PONTA GROSSA – 06 FEVEREIRO 2010 – PARANÁ – Grupo de sem-terra invadiu 33 alqueires da fazenda do ex-coronel da Polícia Militar, Waldir Copetti Neves, na região do Botuquara, em Ponta Grossa. A fazenda já havia sido invadida pelo mesmo grupo de sem-terra em 2005 e 2007 – foto Henry Milléo / Agência de Notícias Gazeta do Povo


Sem-terras conversam com policiais militares durante invasão de fazenda em Ponta Grossa (PR), em 2010.| Foto: Henry Milléo/Arquivo Gazeta do Povo

O governador do Mato Grosso está dando um exemplo a outros governadores para garantir uma cláusula pétrea da Constituição, o direito à propriedade. O caput do artigo 5.º elenca os direitos e coloca a vida e a propriedade no mesmo nível, até na mesma linha. O governador Mauro Mendes Ferreira, tendo ao seu lado o secretário de Segurança, disse o seguinte: “não ousem invadir propriedade alheia aqui no Mato Grosso. Dei ordem ao secretário de Segurança para aplicar tolerância zero para esse crime”.

E é mesmo um crime invadir propriedade alheia. Tanto é assim que eu acho muito estranho que no sul da Bahia, onde agora houve essa invasão da Suzano, o governo estimule a negociação. Imagine você: alguém invade a sua casa, contra a sua vontade, claro, e você ainda tem que negociar? Vai negociar o quê? Está certo o governador de Mato Grosso, e tomara que esse exemplo se espalhe para outros governadores.

Mais uma prova de que o crime compensa no Brasil

São coisas incríveis que acontecem aqui no Brasil. Nesta quinta, o deputado Osmar Terra, do MDB, denunciou, na tribuna da Câmara, o assassinato de uma amiga: uma senhora de 63 anos que veio da Rússia pra acompanhar o marido, padre da Igreja Ortodoxa Russa. Ela estava em Porto Alegre, na parada de ônibus, e um condenado, que havia saído na “saidinha de Natal”, puxou a bolsa dela; ela agarrou a bolsa com força e ele a esfaqueou até matá-la. Como foi com faca, não sei se o pessoal lá do desarmamento vai ficar preocupado em ter de registrar facas agora, quantas facas cada um tem na cozinha… A senhora está morta, aos 63 anos, e o deputado mostrou sua foto na Câmara. E Terra sugeriu que, em vez de “saidinha de Natal”, fizéssemos como o presidente de El Salvador, que construiu uma prisão gigantesca para tirar de circulação todos os condenados, todos os assassinos, todos os criminosos, todos os assaltantes, todos os ladrões. E El Salvador passou vários dias sem homicídios depois que ele fez isso.

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Esquerda persegue diretor de escola porque não admite que pensem diferente
Certas filosofias e ideologias estão se impondo aqui no Brasil por medo do outro lado. Vejam esse caso em Jacutinga, um minúsculo município na região de Erechim (RS): Flávio Luís Gabardo, que é diretor de uma escola há 20 anos, leu num programa de rádio um trecho de uma reportagem da revista Oeste, que analisava os resultados das eleições. Dizia que Lula venceu por causa dos eleitores do Norte e Nordeste, que Bolsonaro teve voto no Sul e Sudeste; e aí já disseram que o professor estava expressando ideias racistas, quando ele estava apenas lendo a reportagem. O presidente do PT local fez um barulho danado e não é que o diretor, que estava no cargo havia 20 anos, foi afastado da direção? Não pode mais entrar na escola! Eles, da esquerda, não suportam o diálogo, não suportam que haja uma ideia diferente, posições diferentes. Porque a ideologia pressupõe sempre uma ditadura: onde quer que ela tenha sido aplicada, vira ditadura, porque só se aceita um partido, só se aceita uma ideia, não se aceita que outros divirjam. E então ocorrem injustiças como essa, com esse professor. Jacutinga tem 1,4 mil habitantes, praticamente a metade assinou uma moção de apoio ao diretor da escola, mas não sei se vai adiantar alguma coisa.

Geração de empregos em janeiro mostra insegurança do empregador
Estou preocupado com os empregos de janeiro. Foram exatamente metade do que um ano atrás. No último janeiro de Bolsonaro foram abertas 167,3 mil novas vagas; no primeiro janeiro de Lula, 83,3 mil – praticamente metade, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Isso é um sinal de que há uma preocupação muito séria com a estabilidade jurídica desse país e o respeito às leis, a estabilidade das medidas governamentais que estão sendo revogadas, alteradas, simplesmente porque foram feitas pelo outro governo.


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POR QUAL OU QUAIS MOTIVOS O GOVERNO NÃO QUER A CPI DO DIA 8 DE JANEIRO?

“Padrão moral Lula”

Por
J.R. Guzzo – Gazeta doPovo


O presidente Lula.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Pelo que determinam a lei, a lógica e a decência comum, é obrigação do governo administrar o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, que custa uma fortuna para os pagadores de impostos, de forma a executar obras contra a seca. Pelas mesmas razões, tem de dirigir a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba com o objetivo de atender as necessidades da população que vive em volta dos rios São Francisco e Parnaíba. Deve, enfim, gerir o Banco do Nordeste para cuidar das carências e problemas do Nordeste. Mas o governo Lula não respeita a lei, nem a lógica e nem a decência.

No caso, está utilizando pelo menos esses três órgãos para dar empregos e outras vantagens materiais a parlamentares que votarem contra a abertura de uma CPI para investigar o que de fato aconteceu nas depredações do dia 8 de janeiro em Brasília. É assim: fica contra a CPI e a gente te descola uma boa boca no DNOCS, na CODEVASF e no Banco do Nordeste. Que diabo uma CPI sobre atos de vandalismo em Brasília poderia ter a ver com o combate à seca no Nordeste? Não tem nada a ver, é claro – mas o Brasil vive num regime de vale-tudo, onde o governo faz uso desaforado da máquina pública para atender a seus interesses políticos particulares.

O padrão moral para o brasileiro comum é uma coisa. Para o governo Lula é outra, que não tem nada a ver.

O mesmo furor anti-CPI estaria levando Lula a manter no emprego o absurdo ministro das Comunicações – esse que usou um avião da Força Aérea para ir à uma exposição de cavalos de raça em São Paulo, e recebeu diárias do erário para levar no seu passeio. O homem pertence a uma das gangues partidárias do Centrão, que está casada hoje com o PT; sua turma não aceita que ele seja posto no olho da rua, como teria de fazer qualquer governo que exigisse um mínimo de integridade de seus ministros.

É mais um retrato perfeito do naufrágio moral desses dois meses e pouco de governo Lula. Não há escrúpulo nenhum para se fazer nada: o uso da máquina do Estado como propriedade privada do PT e seus cúmplices, tal qual está acontecendo no caso da CPI, tornou-se uma estratégia aberta e declarada do governo Lula.

Hoje o governo exige, com desespero, que toda a questão do 8 de janeiro fique restrita à punição dos que estão na cadeia; fora disso, ninguém pode abrir a boca para perguntar nada.

Da mesma forma, abusam das atribuições que têm na área econômica para aumentar o preço dos combustíveis, na obsessão de ter mais dinheiro para gastar, ou para inventar impostos sobre a exportação – uma aberração típica de governos que não têm competência para ampliar sua arrecadação através de crescimento econômico e do aumento da produção.

Resta o enigma da CPI. Ela está sendo solicitada para tentar apurar o que aconteceu realmente nos ataques aos edifícios-sede dos Três Poderes. Não há dúvida de que o governo Lula é uma vítima direta dessa agressão; o próprio presidente da República exigiu aos gritos a abertura da CPI, junto com os militantes mais irados do PT e da situação. Festejam os 900 presos políticos enfiados na Papuda por conta das depredações – mesmo os que não fizeram nada. Exigem punição “exemplar”, denunciam o “terrorismo” praticado contra eles e quem cobrar multas de 100 milhões de reais, ou outra estupidez do mesmo porte, de quem está preso.

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Lula não sabe lidar com os problemas reais do Brasil, por isso inventa inimigos
Mas, por um súbito mistério, o governo Lula fez um cavalo-de-pau na sua fúria repressiva: na medida em que foram sendo divulgadas mais informações sobre o episódio, eles foram ficando quietos, depois preocupados. Hoje são histericamente contrários à investigação do episódio pelo Congresso Nacional. Por que será?

O governo exige, com desespero, que toda a questão do 8 de janeiro fique restrita à punição dos que estão na cadeia; fora disso, ninguém pode abrir a boca para perguntar nada. É preciso dar emprego público, e outras vantagens físicas, para esconder os fatos? Podem dar à vontade; é exatamente o que estão fazendo. O padrão moral para o brasileiro comum é uma coisa. Para o governo Lula é outra, que não tem nada a ver. É essa que está valendo.


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CENSURA E A VIRADA PARA O PETISMO

 

Derrota
Mas há esperança (na última frase)


Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


A censura autoimposta, aliás, só aumenta minha sensação de derrota.| Foto: Reprodução/ Twitter

Preferia terminar a semana de uma forma mais alegre, mas não vai dar. Ainda na quarta-feira (8), respirava uns ares que vêm do norte e pensava no tamanho da derrota que nos impõem os progressistas. É avassaladora, mesmo que os conservadores sejamos maioria. Se lá nos Estados Unidos, no país fundado com base na liberdade, a situação está assim, imagine aqui.

O sapo que me foi servido eu o engolia pacientemente quando me chegou outra notícia: a de que um deputado fez o que fez e por isso vai ser cassado. Não ouso dizer quem nem por quê. O leitor do futuro que ficar curioso terá de consultar os anais da Câmara para entender. Só digo que fez e que vai. Que, se não houver uma mobilização em defesa da liberdade de se falar certas verdades autoevidentes, ele não só será cassado como preso.

A censura autoimposta, aliás, só aumenta minha sensação de derrota. Os progressistas, a turma do “perdeu, mané!”, venceram e agora saqueiam nossas almas com o furor típico dos bárbaros. Eles pilham nossas consciências com slogans, clichês travestidos (sic) de argumentos, estatísticas mentirosas e sentimentalismo. Eles nos violentam com a exaltação do mal disfarçada de modernidade. De progresso.

Somos manés. Ou melhor, somos vistos como manés. Não me importo. Tenho, aliás, a manezice como objetivo de vida. Ora, o que é o bom cristão senão um mané que almeja fazer o certo e que rejeita tudo o que possa ofender a Deus, mesmo que essa postura lhe renda humilhação? É sobre esses que os progressistas tripudiam. E não nos amole enquanto chafurdamos em nossas desgraças – dizem. Somos manés. Fomos derrotados. Mas enquanto ainda houver barro com que construir nossas fortalezas, haverá esperança.

Uma defesa improvável de Reinaldo Azevedo

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Reinaldo Azevedo tem todo o direito de petistar, ainda que deva às pessoas uma explicação para isso.| Foto: Reprodução/ Twitter

Será que consigo “defender” Reinaldo Azevedo em apenas quatro parágrafos? Outra dúvida: por que me dou ao trabalho, se não o conheço? Para a primeira pergunta a resposta está na própria existência deste texto. Se você estiver lendo é porque consegui. Para a segunda, a resposta é um pouco mais complicada e tem a ver até com o “escândalo das joias”. Aquele que ainda me cheira a nada.

Sou melhor defendendo do que atacando. Passando pano do que acusando. Zombando do que reverenciando. Porque em tudo e todos que vejo me espantam a fragilidade e o desespero. Daí o instinto de compreender (essa é a palavra!) Reinaldo Azevedo. Reveja a entrevista dele com Lula. Não há ali admiração; o que há é a angústia de um homem que caiu na areia movediça e não tem ninguém para salvá-lo. Está sozinho, ainda que pareça cercado pelos aliados de ocasião.

Dele gostaria de ouvir uma explicação clara sobre a mudança de postura. Como e por que virou discípulo do babalorixá de banânia? Que caminhos o levaram à conclusão de que estava errado em seus outrora divertidos ataques ao PT? Histórias de conversão me interessam. E a lealdade de Reinaldo Azevedo a Lula equivale a uma queda do cavalo, ainda que para vislumbrar e adorar as trevas do petismo. Não?

Me custa acreditar que a motivação tenha sido pecuniária. Vai ver é porque sou um privilegiado. Não vivo ao redor de pessoas venais. Pessoas só mudam assim porque emocionalmente lhes convém. De qualquer modo, e para além da decepção dos que celebrávamos o furor antipetista de Reinaldo Azevedo, não vejo problema no fato de ele petistar despudoradamente. Que se embriague na admiração pouco sincera dos novos amigos. E seja “feliz”.


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GOVERNO QUER REGULARIZAR O TRABALHO POR APLICATIVO

 

Atitudes simplistas e maniqueístas do governo ante o desafio complexo do trabalho por aplicativos prejudicam os esforços para encontrar uma regulação justa e eficiente para todos

Por Notas & Informações

Toda nova tecnologia traz novas oportunidades, riscos e desafios. Na Quarta Revolução Industrial, com seus paradigmas disruptivos de interconectividade e automação, todos eles são abundantes. Em particular, a regulação da chamada economia “gig”, em que serviços pontuais e temporários são contratados através de plataformas digitais, tem sido objeto de debate em todo o mundo.

Os benefícios para os consumidores são evidentes. Ao toque de um botão, qualquer um pode fazer um traslado, receber ou enviar uma encomenda ou contratar os serviços de uma faxineira, um contador ou um designer gráfico. Para os fornecedores de serviços, a intermediação das plataformas com a demanda reduz muito o tempo perdido. Muitos valorizam a autonomia e a flexibilidade.

No modelo-padrão, os trabalhadores são considerados autônomos. Os críticos acusam as plataformas de explorar o trabalho desses freelancers, impondo obrigações, como o uso de uniformes ou metas de produtividade, mas sem os encargos empregatícios, como aposentadoria, licenças remuneradas ou seguro-saúde ou desemprego. Em outras palavras, trata-se de uma precarização do trabalho.

Como solução, em geral apontam que os trabalhadores deveriam ser equiparados a empregados. Mas isso teria seus ônus. Muitos trabalhadores perderiam a liberdade e a flexibilidade que valorizam, como, por exemplo, trabalhar com múltiplas plataformas ao mesmo tempo ou trabalhar meio período. As plataformas teriam de reorganizar seu modelo de negócios. Dependendo da legislação, os preços para os consumidores poderiam subir demais; e os ganhos para os trabalhadores, diminuir demais, eventualmente inviabilizando o negócio para todos.

Há outras opções, como normatizar uma categoria intermediária entre o empregado-padrão e o autônomo-padrão, criar mecanismos de negociação coletiva similares aos sindicatos ou estabelecer um sistema de horas para determinar se o trabalhador é empregado ou autônomo. Todas essas opções têm seus benefícios – mas também seus custos.

É difícil negar que o status quo favorece os consumidores e as plataformas em detrimento dos trabalhadores. Mas identificar o problema é muito mais fácil do que encontrar soluções. Assim tem sido no mundo inteiro e no Brasil não é diferente. Por isso mesmo, a preocupação do governo em oferecer soluções é bem-vinda. Mas a maneira simplista, prepotente e maniqueísta com que as tem proposto é lamentável e contraproducente.

Recentemente, o presidente Lula da Silva comparou a economia gig a um “regime de escravos”: “As empresas de aplicativo exploram os trabalhadores como jamais em outro momento da história”. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, desdenhou: “Se a plataforma Uber for embora do Brasil é problema da Uber, não nosso”. Não, senhor ministro, isso seria um problema para os milhares de usuários e trabalhadores que contam com plataformas como a Uber para facilitar suas atividades e gerar renda. A sugestão caricata de Marinho de que os Correios poderiam substituir a Uber, provendo tecnologias que quebram cabeças no Vale do Silício, só expõe a leviandade com que a questão tem sido tratada.

Problemas novos e complexos exigem soluções novas e complexas. A maneira com que o governo trata do problema novo e complexo da economia digital ecoa a maneira com que o governo Bolsonaro tratava de outro problema novo e complexo: as mudanças climáticas. É a mesma arrogância, o mesmo reducionismo, o mesmo recurso a paradigmas forjados no século passado.

Uma arquitetura equilibrada do trabalho por aplicativos exigirá intensos debates e negociações entre as partes envolvidas e um trabalho cuidadoso do poder público para intermediar e regular essas relações. Todo esse processo depende de alguns princípios, sobretudo mais transparência e responsabilização por parte das plataformas e mais poderes de associação por parte dos trabalhadores. Ao apelar ao batido expediente do “nós contra eles” – nesse caso, tratando as plataformas como predadores e os trabalhadores como a sua presa –, o governo só prejudica os esforços para encontrar um modelo justo, eficiente e rentável para todos.

AS ÁREAS DE MARKETING DAS EMPRESAS ESTÃO OTIMISTAS

 

Jana Ramos, Growth Manager na Leap KPMG.

Negócios querem reduzir investimentos em mídia paga e expandir estratégias orgânicas, como marketing de conteúdo e SEO, mostra pesquisa

As áreas de marketing das empresas estão otimistas com 2023. É o que aponta uma pesquisa com quase 400 profissionais do setor produzida pela Conversion com a consultoria Leap/KPMG. Nela, seis em cada dez entrevistados (66%) disseram que terão mais recursos para investir em campanhas de marketing em suas organizações neste ano em comparação ao orçamento que tinham em 2022.

Mais do que isso, as perspectivas é que esses investimentos aumentem substancialmente: dentre essas empresas, um quarto (21%) afirmou que vai aumentar o dinheiro disponível para o marketing em pelo 25%, por exemplo.

“É uma sinalização inequívoca de que, apesar de alguns prognósticos negativos com a economia, as empresas estão se planejando com base em expectativas positivas para o ano”, observa Jana Ramos, Growth Manager na Leap KPMG.

“Não é à toa que, quando perguntamos para elas sobre o que esperam do país em 2023, as respostas também são majoritariamente otimistas”, continua ela.

O estudo ouviu 397 profissionais de marketing de diversas empresas e ramos do mercado entre dezembro de 2022 e janeiro deste ano. A margem de erro é de 5%.

Esse orçamento reforçado terá, como destinos principais, estratégias em marketing de conteúdo e de SEO, citados por 53% e 51% dos ouvidos na pesquisa como os canais que receberão mais investimentos, respectivamente.

Isso significa que, em 2023, as campanhas digitais darão novamente o tom da comunicação das empresas com seus públicos, focando na qualidade da mensagem e na experiência do usuário.

Isso fica ainda mais claro quando metade das empresas (53%) diz que pretende aumentar sua presença no Google, mais do que no Youtube (45%) e no Instagram (43%), rede social que penetrou em quase todos os negócios no Brasil nos últimos anos.

Para Diego Ivo, essa tendência em direção ao Google revela a importância de métricas que iluminam o comportamento dos consumidores no buscador.

“É cada vez mais significativo entender o que as pessoas procuram e como fazem isso e, então, direcionar as estratégias de vendas nesse sentido. Um indicador como o Share of Search é um exemplo disso”, afirma ele, lembrando da forma de mensurar o volume de buscas por uma marca dentro do segmento em que ela atua – métrica já utilizada em relatórios de e-commerce da Conversion.

“A pesquisa revela que há um perfil de marketing digital nos planos das empresas, voltado para o conteúdo e para a experiência do usuário e, sobretudo, para um melhor ranqueamento no Google. Tudo está interligado”, continua.

Desafios de 2023

O crescimento do orçamento e o planejamento de marketing de 2023 tentarão dar conta de alguns desafios herdados dos últimos anos.

A maioria dos entrevistados (60%) admitiu que, hoje, a principal dificuldade de suas empresas é em gerar leads qualificados. Em seguida, eles elencam as tentativas de gerar mais tráfego orgânico (47%) e de ligar as estratégias de marketing com expansão nas vendas (42%).

Mas há também questões que também devem entrar na pauta de discussões em 2023, como a mídia paga, por exemplo. Hoje, 56% das empresas colhem seus principais resultados de marketing a partir desse tipo de estratégia, em que precisam desembolsar dinheiro para colocar uma campana no ar.

O fato é que um terço delas (33%) pretende diminuir suas receitas com esse tipo de planejamento, reforçando, justamente, planos em marketing de conteúdo e SEO.

“O mercado parece estar interessado em explorar mais as ferramentas de marketing digital que conseguem ter mais aderência e precisão ao mesmo tempo. É por isso que há o esforço em melhorar as estratégias orgânicas”, afirma Ivo.

UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

quinta-feira, 9 de março de 2023

FRENTE AMPLA DE APOIO AO GOVERNO LULA ACABOU EM MENOS DE DOIS MESES

 

Governabilidade sob risco
Por
Sílvio Ribas – Gazeta do Povo
Brasília

Brasilia DF 01 10 2019 A senadora Simone Tebet e o senador Tasso Jereissati durante sessão da Comissão de constituição e justiça do Senado para votação do relatorio da Reforma da Previdencia. (Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil)


Ministra Simone Tebet (Planejamento), uma das fiadoras do “governo para todos”, que não se confirmou na visão do ex-senador Tasso Jereissati| Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / Arquivo

Em pouco mais de dois meses no cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdeu o apoio de quase todos os nomes de relevo da chamada terceira via, os quais apostaram nele para derrotar o rival Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi o último a declarar publicamente a sua decepção com a postura nada agregadora do petista, que resiste em sair do palanque eleitoral e promove uma gestão na economia inspirada no modelo fracassado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“A expectativa era de que o Lula viesse com disposição de fazer um governo para todos, mas isso não aconteceu. Estamos vendo um Lula até raivoso em determinados momentos. Ele mesmo falou que era preciso acabar com o “nós contra eles”. Não veio um “Lula Mandela”, veio um Lula anti-Bolsonaro”, comentou Jereissati nesta segunda-feira (6) ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele lamenta, sobretudo, os ataques do chefe do Executivo contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

O político cearense se soma à lista de outros nomes como os dos economistas liberais Arminio Fraga, Edmar Bacha, Pedro Malan e Elena Landau, além do banqueiro Roberto Setubal. Poucos dias após o resultado do segundo turno, eles foram surpreendidos com declarações de Lula contra o mercado financeiro e o empresariado. A exceção é André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, que endossa a crítica governista ao patamar atual da taxa básica de juros.

Apesar de ter votado no petista, o ex-presidenciável João Amoêdo (ex-Novo) diz não estar arrependido, mas reconhece que Lula cometeu erros com potencial de prejudicá-lo na próxima eleição.

Logo nas primeiras semanas de governo, Lula inverteu posicionamentos e desfez promessas eleitorais. Começou o terceiro mandato lançando dúvidas se não buscaria um quarto em 2026, depois provocou fissuras na estratégica relação com o MDB ao classificar de golpe o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), até mesmo em viagens ao exterior.

Ao menos com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), antes visto como inimigo, o diálogo ficou ameno já em 2022, na negociação da PEC fura-teto.

Para alimentar o desencanto dos que aderiram pragmaticamente ao então candidato mais competitivo contra Bolsonaro, Lula tem explicitado uma série de contradições.

Uma das ações do novo governo foi a aplicação da prerrogativa de sigilo presidencial, anteriormente criticada pelo próprio presidente, sobre as imagens do vandalismo no Palácio do Planalto em 8 de janeiro e sobre a lista de convidados para o evento da posse no Itamaraty. O último sigilo acabou sendo revisto após a repercussão negativa.

Lula também admitiu que não usará a lista tríplice das carreiras do Ministério Público na escolha do procurador-geral da República que substituirá Augusto Aras. O presidente vai repetir a prática adotada por Bolsonaro e que foi alvo de críticas por parte do PT à época.

Nessa toada, o discurso de frente ampla – que iria ampliar o leque de forças para além da esquerda e alcançaria centro, centro-esquerda e centro-direita – nunca se sustentou. Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo acreditam que, apesar da postura desagregadora, o problema maior ainda é abrir espaços para acomodar interesses partidários.

Para a Esplanada do Ministério foram incluídos representantes do MDB, PSD e União Brasil, mas com domínio do PT. As tensões entre o partido de Lula e os que não estavam na coligação vitoriosa, mas foram incorporados à gestão petista, não param de crescer. Um dos lances mais recentes foi a caça às indicações de nomes relacionados à gestão Bolsonaro por parte do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), para sua pasta e para a Petrobras.

Diante desses ruídos, Arthur Lira deu um recado direto a Lula: “o governo não tem maioria na Câmara e no Senado nem para aprovar um projeto de maioria simples, muito menos para matéria constitucional (três quintos do plenário)”. Ele também aproveitou para avisar que não irão prosperar no parlamento iniciativas como revisões das reformas trabalhista e previdenciária ou recuo na autonomia do BC.

A sobrevida dada por Lula na segunda-feira (6) ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), que está sendo pressionado a deixar o cargo pelo PT em razão das denúncias acumuladas, pode ser um gesto de cautela do presidente, em nome da governabilidade. A fidelidade de PSD e União Brasil tem sido cobrada, mas o governo sabe que depende dos votos do Centrão na Câmara para aprovar matérias essenciais a ele, como a âncora fiscal e a reforma tributária, além de medidas provisórias.

Economia é área mais sensível
A economia é a área mais sensível do governo e de cujo sucesso depende a sua própria governabilidade. Mesmo tendo dois fiadores da “frente ampla” nessa área, os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), a política econômica tem sido o palco preferencial dos embates entre ações mais técnicas do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e desejos populistas de figuras influentes do PT sobre o governo, como sua presidente nacional, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e seu secretário de Comunicação, Jilmar Tatto.

Por várias semanas, Lula, dirigentes do PT e até ministros da equipe econômica, embora de forma menos agressiva, protestaram contra o nível elevado da taxa básica de juros no Brasil, atualmente em 13,75% ao ano, questionando os argumentos apresentados pela autoridade monetária para conter a persistente inflação.

Com respaldo de partidos aliados da esquerda, como o PSol, os líderes petistas também defendiam a necessidade de revogar a independência do BC e de substituir Campos Neto – a alegação é de que ele está associado ao governo Bolsonaro.

Tal qual na chamada “Nova Matriz Econômica”, de Dilma Rousseff, também vieram propostas de financiar projetos considerados estratégicos com recursos do Tesouro, uso do caixa da Petrobras para estimular a economia e moderar preços de combustíveis e até taxar exportações de commodities. Essas sinalizações de mais ingerência nos fundamentos da economia levaram incertezas ao horizonte, refletidas em desvalorização de ativos brasileiros nas bolsas de valores, em altas do dólar e das taxas de juros futuras.

Em paralelo, em razão do próprio Lula, o discurso de moderação perde espaço e o PT continua alargando seu domínio dentro do governo. Não por acaso houve a reabilitação de figuras como Zé Dirceu, homenageado na festa de 43 anos do partido mês passado, além de Dilma.

Desde a linguagem neutra adotada pelo cerimonial do Planalto às promessas de crescente intervenção em preços de combustíveis e nos financiamentos do BNDES, passando por uma controvertida política externa, que inclui indiferença com atrocidades na Nicarágua na ONU, iniciativas para atrair “centro democrático” parecem ter sido sepultadas.

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LULA NÃO VAI UTILIZAR A LISTA TRÍPLICE PARA A ESCOLHA DO PGR

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Lula afirmou em entrevista que pode não seguir a lista tríplice da ANPR no momento de escolher um procurador-geral da República.| Foto: EFE/André Borges

Diz o artigo 128 da Constituição Federal que o procurador-geral da República é escolhido pelo presidente da República, em nomeação submetida ao Senado; o indicado precisa ser integrante do Ministério Público e ter 35 anos – nada mais que isso. E exatamente por esse motivo não há razão para o furor despertado pela afirmação do presidente Lula, em entrevista recente, de que poderia ignorar a lista tríplice enviada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) a cada dois anos, quando se trata de nomear ou reconduzir ao cargo um procurador-geral. “Não penso mais em lista tríplice da PGR… Vou ser mais criterioso”, afirmou Lula à rádio BandNews – repetindo, aliás, o que ele já havia dito em meados de 2022, quando ainda era pré-candidato.

Se há algo a criticar na postura de Lula, é a hipocrisia de um partido que criticou severamente a mesmíssima decisão quando ela partiu de Jair Bolsonaro. Em 2019, quando Bolsonaro ignorou a relação enviada pela ANPR e escolheu Augusto Aras (que seria mantido no cargo em 2021), o PT chamou a atitude de “o maior retrocesso em 20 anos”. A não ser que os petistas tenham passado por uma verdadeira epifania a respeito do assunto, levando-os a mudar radicalmente suas convicções, o seu silêncio diante da afirmação de Lula é apenas a comprovação de que, aos seus, o PT permite absolutamente tudo, enquanto aos outros não permite nem mesmo aquilo que é facultado pela lei.

A lista tríplice para a escolha do procurador-geral é um costume, não algo previsto legalmente. Os únicos requisitos são os constitucionais: idade mínima e pertencimento aos quadros do Ministério Público Federal

E o fato é este: a lista tríplice para a escolha do procurador-geral é um costume, não algo previsto legalmente (ao contrário, por exemplo, da escolha de reitores de universidades federais, em que o presidente é obrigado por lei a selecionar um dos integrantes das listas enviadas pela comunidade acadêmica). Os únicos requisitos são os constitucionais: idade mínima e pertencimento aos quadros do Ministério Público Federal. Pode-se até entender a lista da ANPR como uma recomendação, vinda dos próprios integrantes do MPF, que levam ao conhecimento do presidente da República os nomes daqueles que consideram mais adequados para chefiá-los, mas não como uma imposição que, no fim das contas, amarraria as mãos do chefe do Executivo e o submeteria a uma decisão corporativista.

Pretender impor goela abaixo do presidente da República a obrigação de escolher um integrante da lista alegando transparência ou a autonomia do Ministério Público é ignorar que o problema brasileiro não está nos métodos de escolha, mas nas pessoas que participam desse processo. Augusto Aras foi uma escolha ruim não porque não constasse da lista tríplice, mas porque, antes mesmo de ser escolhido, já dava indícios de que não era a melhor pessoa para conduzir o MPF, com suas críticas à Lava Jato e posições bem distantes daquelas do eleitorado de Bolsonaro – posições essas que ele foi amenizando apenas quando se tornou cotado para a PGR. Uma vez escolhido, deixou como grande legado justamente o fim da Lava Jato, com a dissolução da força-tarefa constituída em 2014; o apoio (revertido tardiamente) aos inquéritos abusivos do Supremo; e uma subserviência ao Planalto que ficou longe da missão institucional do MPF de defesa dos interesses da sociedade.

VEJA TAMBÉM:
Thaméa Danelon: A lista tríplice e a escolha do procurador-geral da República
O novo procurador-geral e as críticas dos apoiadores de Bolsonaro (editorial de 6 de setembro de 2019)
Um penduricalho institucionalizado para o Ministério Público (editorial de 1.º de fevereiro de 2023)


Assim como na escolha de ministros do Supremo, é salutar que sejam os representantes eleitos pelo povo – o presidente da República, que faz a indicação; e os senadores, que a avaliam e podem aprová-la ou recusá-la – a selecionar livremente, entre os que cumprem as exigências legais, aqueles que consideram dignos do cargo de procurador-geral da República, sem imposições externas. Se temos preocupação genuína com tais nomeações, que saibamos eleger para o Planalto e para o Senado pessoas que comprovadamente tenham bons critérios e escolham sabiamente os ocupantes desses cargos.

É aqui que mora o perigo quando se trata de Lula neste seu terceiro mandato. Durante seu primeiro período no Planalto, dois procuradores-gerais por ele escolhidos – Antônio Fernando de Souza e Roberto Gurgel, ambos oriundos da lista tríplice da ANPR – conduziram bem a denúncia do mensalão no STF, que resultou na condenação e prisão de uma série de chefões petistas como José Dirceu e José Genoino, e a memória deste processo pode guiar a próxima escolha para a PGR. Se Lula, em vez de repetir boas nomeações como as de Souza e Gurgel, quiser um procurador-geral camarada, um Aras para chamar de seu, esteja ele ou não na lista tríplice, que o Senado tenha a coragem de fazer o que jamais fez antes: rejeitar uma indicação presidencial para o posto.


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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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