Jair Bolsonaro em visita ao Forte Masmak, em Riad, em 2019.| Foto: José Dias/PR/Arquivo
O
segundo pacote de joias dado de presente pelo governo da Arábia Saudita
ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama, Michelle
Bolsonaro, foram declarados oficialmente segundo uma nota enviada pela
defesa dele na noite desta terça (7). De acordo com o advogado Frederick
Wasseff, o ex-presidente agiu dentro da lei que rege os acervos
privados de presidentes da República.
“O Presidente Bolsonaro agindo dentro da lei, declarou oficialmente,
os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo
qualquer irregularidade em suas condutas”, diz a nota.
Segundo Wasseff, as recentes denúncias envolvendo os pacotes de joias
dados de presente ao ex-presidente estão “tirando certas informações de
contexto, gerando mal entendido e confusão para o público”.
A defesa de Bolsonaro ressalta, ainda, que está havendo uma
“perseguição política” ao ex-presidente, com a tentativa de se criar
“diversas narrativas que não correspondem à verdade” por conta da
inexistência de “qualquer escândalo ou um único caso de corrupção”
durante seus quatro anos de gestão.
VEJA TAMBÉM: Caso das joias “contrabandeadas” eleva picuinha à condição de escândalo As joias “da Michelle”: questão é de alfândega, não de polícia nem de política Inquérito sobre joias dos sauditas vai correr em segredo de Justiça na PF
Após rumores de saída, ministra enfatiza reunião de trabalho com Lula
Ministra do Turismo, Daniela Carneiro, com o presidente Lula, após
reunião no Palácio do Planalto. | Foto: Presidência da República
A
ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), se reuniu nesta
terça-feira (7) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio
do Planalto, em Brasília. Na ocasião, ela apresentou ações da pasta e
prestou contas da viagem internacional, que realizou recentemente para
Lisboa, onde participou de uma das mais importantes feiras do Turismo na
Europa, a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).
“Conversamos sobre ideias e ações e prol desse setor que gera emprego
e renda e transforma vidas. Vamos atrair novos investidores, trabalhar o
turismo de natureza de forma sustentável e prezar pela qualificação
profissional”, escreveu a ministra sobre a reunião, no Twitter.
Câmara Dos Deputados Oposição articula criação de CPI para investigar invasões de terras PorGazeta do Povo
Frente Nacional de Luta é liderada por José Rainha Júnior, que foi expulso do MST | Foto: Divulgação/FNL
Integrantes
da oposição ao governo Lula e da bancada ruralista na Câmara dos
Deputados se articulam para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar às invasões de terras promovidas pelo Movimento Sem
Terra (MST) no Brasil.
Um pedido de investigação foi proposto pelo deputado
federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS). “Esta Casa deve
fiscalizar o que de fato acontece em nosso país”, argumentou Zucco.
Vida Pública Ex-governador Sérgio Cabral cria perfil no Instagram após ter prisão domiciliar revogada PorGazeta do Povo
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. | Foto: Alexandre Mazzo/Arquivo/Gazeta do Povo.
Menos
de um mês após ter a prisão domiciliar revogada, o ex-governador do Rio
de Janeiro, Sérgio Cabral, criou uma conta no Instagram nesta segunda
(6). Na descrição do perfil, o político se apresenta em profissões e
cargos que não exerce mais, como jornalista, diretor da TurisRio,
deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa do estado
(Alerj), senador e governador.
Em menos de 24 horas, Cabral fez três postagens e conseguiu mais de
dois mil seguidores. Na tarde desta terça (7), seu perfil já somava 3,7
mil seguidores.
Juscelino Filho foi recebido pelo presidente Lula e pelo ministro
Alexandre Padilha no Palácio do Planalto.| Foto: Reprodução/Twitter
Juscelino Filho, depois de ter asfaltado uma estrada que dá acesso à
sua fazenda, quando era deputado federal, com verba dos nossos impostos;
depois de ter posto, segundo o Estadão, seu patrimônio equino não
declarado à Justiça Eleitoral em nome de laranjas; e depois de ter, como
ministro, usado um jatinho da Força Aérea para passar por Anatel e
empresas de telecomunicações e ir a um leilão no interior de São Paulo;
depois de tudo isso, está tudo bem com o presidente Lula. Com 65 dias de
ministro, ele teve seu primeiro encontro com o presidente da República
para absolvê-lo de qualquer culpa.
O presidente Lula aceitou tudo em nome do apoio do partido de
Juscelino, o União Brasil, que tem 11 senadores e 59 deputados, sendo a
terceira bancada no Congresso Nacional. O líder do União Brasil na
Câmara, deputado Elmar Nascimento, disse que o partido está independente
do governo. Ora, não dá para acreditar, porque o União Brasil tem dois
ministros – além do ministro das Comunicações, a ministra do Turismo –;
então, não é independente.
Lula precisa do União Brasil para enterrar a CPI do 8 de janeiro
Lula fez vista grossa para os escândalos de Juscelino Filho, uma
porque talvez ele ache mesmo que não há problema nenhum, e duas porque
ele precisa dos votos do União Brasil na Câmara e no Senado. Inclusive,
foi um deputado do União Brasil, representando o Rio de Janeiro, que
retirou sua assinatura junto com um outro, do MDB de Goiás, da CPI para
investigar os atos de 8 de janeiro. Não entendo por que o governo não
quer apurar, quer que isso continue a ser um mero caso de delegacia de
polícia. Mas não é: foi um grande acontecimento político em que turbas
de vândalos invadiram as sedes dos três poderes de uma vez só, numa
mesma tarde. Foi um acontecimento político noticiado no mundo inteiro;
superou a simples invasão do Capitólio, foi como se nos Estados Unidos
tivessem invadido ao mesmo tempo a Casa Branca, o Capitólio e a Suprema
Corte.
A justiça exige que saibamos tudo sobre o 8 de janeiro Este
não é só um caso de polícia; é um caso político em que é preciso
investigar as causas, as raízes, quem financiou, quem transportou, o que
houve, que ideias, o que aconteceu, o que motivou, como é que entraram,
quem entrou, por que quebraram… pedir informações, convocar as pessoas
para explicar os motivos, para que isso não aconteça de novo. E o
governo não quer por quê? Temos de ouvir quem devia defender o
Congresso, o Supremo, o Palácio do Planalto, quem é responsável pela
segurança, como é que a porta abriu sozinha, quem são aquelas pessoas
que entraram lá e saíram, onde moram, o que fazem.
E saber também sobre as pessoas que foram presas lá no acampamento,
embarcadas em ônibus. Conversei na terça-feira com uma pessoa que estava
presa lá no ginásio da Polícia Federal; ela me disse que uma senhora
morreu nos braços dela, mas não tem prova disso; dizem que três pessoas
teriam morrido. Isso é muito grave, é preciso apurar e desmentir caso
não seja verdade, deixar muito claro que ninguém morreu. Então tem de
haver, sim, a CPI de deputados e senadores.
Fama infame Até quando continuaremos glorificando bandidos?
Por Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
A vida de Pedrinho Matador vai virar documentário e série.| Foto: Reprodução/ Twitter
Segundo
dia do exercício de concisão. Sou disciplinado, nas não muito. Sinto
falta dos floreios. De passar o pé por cima da bola. Dos adjetivos em
profusão. Mas agora chega de enrolar porque vou falar de Pedrinho
Matador, mais um bandido brasileiro cuja vida desgraçada, uma vida que
tanto sofrimento causou, será glorificada por meio de um documentário e
uma série.
Assim que me sopraram a notícia de que havia um novo psicopata super
star na área, me lembrei imediatamente da foto de uma vitrine de
livraria (abaixo). Em destaque, três livros sobre criminosas. Sobre
Elize Matsunaga, “a mulher que esquartejou o marido”; sobre Suzane [von
Richtofen], “assassina e manipuladora”; e sobre Flordelis, “a pastora do
diabo”. Se estavam ali em destaque é porque havia quem comprasse. E
lesse.
Há pouco tempo, Pedrinho Matador teria virado evangélico. Vi cenas do
batismo. Acreditar no arrependimento dele é difícil. No autoperdão,
mais ainda. Como alguém consegue conviver com o fato de ter tirado a
vida de mais de 70 pessoas? De qualquer modo, duvido que uma série sobre
Pedrinho Matador se ativesse à suposta redenção dele. Ao mundo de hoje
interessam apenas homens caídos. E mulheres também, como se vê pelos
livros que citei.
Enquanto isso, heróis brasileiros como a professora Heley de Abreu,
que salvou 25 crianças de um incêndio criminoso numa creche em 2017, ou
como o morador de rua Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, que salvou a
vida de uma mulher feita refém na Praça da Sé, em São Paulo, permanecem
convenientemente esquecidos pelos roteiristas e escritores. Porque
exaltar o bem dá trabalho. Exige humildade. Enquanto exaltar o mal
qualquer tarantinozinho da vida faz.
Ainda adolescente, Pedrinho passou a conviver com traficantes de drogas locais(foto: Reprodução/YouTube)
A violência se apossou da sua vida ainda no ventre da mãe. Depois de
vários espancamentos que ela sofreu do marido, mesmo grávida, Pedro
Rodrigues Filho nasceu com uma fratura craniana em uma fazenda em Santa
Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, no dia 17 de junho de 1954. O pai,
Pedro Rodrigues, que era lavrador à época, incluiu o menino ao lado da
mãe como alvo de suas agressões. A morte também entrou cedo para a sua
vida. Aos 9 anos, ajudava o avô em um matadouro de bois em Varginha,
mesma região, local onde os animais eram abatidos, esquartejados e onde
os dois tinham o costume de consumir o sangue dos bovinos. Essa foi a
gênese do maior assassino em série brasileiro, Pedro Rodrigues Filho, o
Pedrinho Matador, que dizia ter vitimado mais de 100 pessoas e que foi
assassinado em Mogi das Cruzes, em São Paulo, na manhã do último dia 5.
Solto desde 2018, após cumprir 40 anos dos 128 a que foi condenado –
só no sistema prisional matou 47 pessoas -, contou em podcasts e
entrevistas que sentiu vontade de matar pela primeira vez aos 13 anos,
quando um primo de 26 anos o agrediu. Por vingança, o rapaz emboscou o
parente e o empurrou em uma moenda elétrica de cana, onde o braço da
vítima acabou esmagado e dilacerado pelas prensas de cana-de-açúcar.
Seu primeiro assassinato não tardou. Foi em Alfenas, na mesma região,
em 1968, quando o pai foi demitido por suspeita de roubar mantimentos
da dispensa de uma escola pública onde era vigia noturno. O adolescente
de 14 anos pegou uma espingarda e executou a tiros o vice-prefeito da
cidade, que teria sido o responsável direto pela demissão do pai. Não
satisfeito, ao saber das suspeitas de que outro vigia da escola seria o
verdadeiro ladrão, ele o espreitou e o matou a tiros no mês seguinte.
Para não ser preso, fugiu para a casa dos padrinhos, em uma favela de
Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
O adolescente passou então a conviver com traficantes de drogas
locais e a dar vazão à sua violência nos conflitos territoriais das
gangues, onde afirma também ter matado, mas sem confirmação de sua
autoria. Foi nesse meio que conheceu uma viúva traficante, que tinha o
apelido de Botinha. Ao lado dela, seguiu com as atividades do tráfico e
matou três ex-comparsas de gangue. A mulher acabou morta em uma incursão
da polícia, mas Pedro conseguiu fugir. Já com fama de matador entre os
traficantes, arregimentou mais traficantes e assim começou com a sua
própria boca-de-fumo, em São Paulo.
Ainda com 17 anos, conheceu a mulher que declarou ser o grande amor
de sua vida, chamada Maria Aparecida Olímpia. A mulher engravidou, mas
não chegou a dar a luz, pois um traficante rival, de alcunha “China”,
mandou matar os membros da gangue de Pedro. Ele não foi encontrado, mas
ao retornar para sua casa, encontrou a amada fuzilada e jurou vingança.
Passados alguns dias, ele e seus comparsas invadiram uma cerimônia de
casamento onde China e sua gangue estavam e abriram fogo contra os
convidados. Pedro matou China com um tiro de espingarda no peito. Outros
seis membros da gangue rival foram mortos e 16 pessoas feridas a tiros
conseguiram escapar e sobreviveram. Ele buscou abrigo na casa de
parentes até que o tempo tirasse o foco deste massacre, mas o ímpeto
matador não parou. Nessa mesma casa da família, a prima de Pedro contou
que estava grávida e que o pai do filho dela não queria assumir o bebê e
nem casar com ela. A resposta do matador foi novamente com a
espingarda, matando o pai do bebê da prima.
O desejo de vingança do maior assassino em série mineiro o pôs frente
a frente com seu primeiro agressor, o próprio pai. Em 1973, ainda com
17 anos, soube da morte de sua mãe pelo próprio pai, Pedro Rodrigues,
que a teria golpeado 21 vezes com uma faca e tentado vítimas também os
outros filhos, que conseguiram fugir para as casas de vizinhos. Pedro
filho então visitou o pai na delegacia, onde conseguiu entrar com um
facão e desferiu 22 golpes no genitor, de quem arrancou o coração,
mastigou e cuspiu um pedaço, fugindo em seguida.
Com tanta atenção sobre si, Pedro acabou preso, em 24 de maio de
1973, aos 18 anos. Mas o cárcere não traria fim à matança, uma vez que
ele afirmava ter matado 47 pessoas atrás dos muros das penitenciárias
por onde passou. Nem todos foram confirmados e em alguns casos, segundo a
polícia, outras pessoas aparecem como assassinos confessos. Dessas
vítimas, Pedro afirma ter matado 11 logo no primeiro ano de prisão, o
que lhe valeu o apelido macabro de Pedrinho Matador.
Entre as mortes dentro da prisão, ele relatou ter decapitado um
detento por não gostar dele e dois companheiros de cela, um deles por
roncar demais. Outro, chamado Raimundão, conhecido por extorquir outros
presos, foi esfaqueado por Pedrinho e teve seu corpo atirado no poço do
elevador da instituição prisional. Em uma das ocasiões, cinco presos
tentaram emboscar Pedrinho, que revidou, matando três deles e
afugentando os outros dois. Na década de 1990, transferido para Taubaté
devido às hostilidades com os demais internos, passou para uma cela
separada, onde ficou até 2002 afastado dos demais internos. Apesar de
dizer ter matado mais de 100 pessoas, até o momento as autoridades
atribuíram a Pedrinho Matador, em condenações ou investigações, a marca
de 71 homicídios.
VIDA EM SÃO PAULO
Solto desde 2018, Pedrinho Matador, de 68 anos, vivia entre as
cidades da Baixada Santista, em São Paulo, mas tinha como endereço certo
para as visitas a casa dos tios e primos em Mogi das Cruzes. O lugar
era humilde, com barracos e casas pequenas em vielas labirínticas para
onde fugiu depois de iniciar sua carreira de assassinatos no Sul de
Minas Gerais. E foi nessa cidade da Grande SP, em frente à casa dos tios
na Rua José Rodrigues da Costa, no Bairro Ponte Grande, que o maior
assassino em série brasileiro encerrou sua história, por volta das 9h50
de domingo, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
De acordo com a investigação, Pedrinho passeava com a prima, de 23
anos, e a filha dela pela calçada, e perceberam que um VolksWagen Gol
preto com placa de São Paulo deu pelo menos três voltas no quarteirão.
Desse veículo saíram três homens com máscaras de palhaço do personagem
das histórias em quadrinhos Coringa, já gritando para a mulher e a
criança entrarem para dentro da residência.
No interior da casa, primos e tios ouviram vários tiros. Ao saírem do
imóvel, viram Pedrinho estirado no passeio, com pelo menos cinco
ferimentos de disparos de arma de fogo e o pescoço degolado por um corte
profundo, provavelmente feito por faca.
Ninguém ainda foi preso pelo homicídio. O carro preto foi encontrado
1,5 quilômetro adiante, abandonado, com um garrafão vazio em seu
interior. testemunhas relatam que seus ocupantes trocaram de veículo e
fugiram em um outro carro de cor branca. O caso foi registrado como
homicídio qualificado e localização/apreensão de veículo na Central de
Flagrantes e encaminhado ao Setor de Homicídios (SHPP) em Mogi das
Cruzes.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI).
Esposa de Dias foi escolhida para vaga no Tribunal de Contas do Piauí em
janeiro.| Foto: Roque de Sá/Agência Senado.
Você deve ter visto
que esposas de ministros do governo Lula ganharam cargos nos tribunais
de contas com salários a partir de R$ 35,4 mil. São cargos vitalícios,
com estabilidade até os 75 anos — ou seja, até elas se aposentarem. Um
emprego dos sonhos, regalia para uma seleta lista de pouquíssimos
privilegiados, que vivem num Brasil bem diferente daquele em que habitam
os pagadores de impostos. Deveríamos aceitar isso? Alguns até fizeram
malabarismo jurídico para negar o óbvio nepotismo do caso, mas a
sociedade viu e sentiu o abuso. Alguns até podem alegar que não seria
nepotismo quando se trata de tribunais de contas estaduais, em vez do
próprio governo federal, certo? Errado! Na verdade, é nepotismo, sim.
Neste caso, é o nepotismo cruzado, figura muito comum no Brasil.
A definição simples de nepotismo é quando há o favorecimento de
parentes na ocupação de um cargo público em vez da seleção das pessoas
mais qualificadas para a função. Já o nepotismo cruzado ocorre quando um
agente público emprega o familiar de outro, em uma troca de favores. A
imoralidade segue, mas fica mais difícil da justiça detectar e punir os
envolvidos. A legislação brasileira, para variar, pode ser interpretada
para, mesmo sendo eticamente incorreto, justificar a manutenção das
esposas nos cargos. O Brasil é o país dos malabarismos jurídicos.
A máquina pública deve servir aos brasileiros, e não ser cabide de emprego para aliados e parentes de políticos poderosos.
O nepotismo cruzado pode ser flagrado em diferentes poderes e em
todas esferas de poder, em vários órgãos. É o que ocorre no caso das
esposas dos ministros de Lula nos tribunais de contas. Em janeiro deste
ano, a esposa do ministro do Desenvolvimento Social e ex-governador do
Piauí (que governou até março de 2022), foi escolhida pela Assembleia
Legislativa do estado para ser conselheira no Tribunal de Contas do
Piauí. Um mês antes — e dois meses após Luiz Inácio Lula da Silva ser
eleito presidente —, a esposa do ministro dos Transportes foi eleita
pela Assembleia Legislativa de Alagoas para o Tribunal de Contas de
Alagoas. Seu marido governou o estado até abril de 2022.
Já a esposa do ministro do Desenvolvimento Regional foi a única
escolhida para um tribunal de contas antes de Lula ser eleito, mas o
caso dela ainda é de nepotismo cruzado: seu marido ainda era governador
do Amapá quando ela foi eleita para ser conselheira do Tribunal de
Contas do Amapá, em fevereiro de 2022. Como se não fosse escândalo
suficiente, uma quarta esposa de ministro de Lula pode se tornar
conselheira de um tribunal de contas: a mulher do ministro da Casa Civil
é a favorita para ser conselheira do Tribunal de Contas na Bahia. É o
trem da alegria dos políticos privilegiados e suas famílias!
Nada mais absurdo do que usar cargos do poder público para obter um
favor de outro servidor público em benefício próprio e de seus
familiares.
Há ainda outro detalhe importante sobre ela: para agravar, essa
cidadã omitiu da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) que continuou
servidora da Secretaria Estadual de Saúde mesmo após seu marido assumir o
cargo de governador do estado. “Caso ela de fato assuma, será o quarto
ministro do governo Lula a ter sua esposa como conselheira de um
tribunal de contas. É o nepotismo claro num cargo cuja função deveria
ser fiscalizar o gasto público. Mas tudo bem, afinal, o amor venceu,
né?”, ironizou nas redes sociais o empresário e ex-deputado estadual de
Santa Catarina Bruno Souza.
E os casos de nepotismo nos tribunais de contas não se limitam aos
ministros de Lula. Como já mencionado, o nepotismo é uma prática comum
no Brasil há muito tempo. Mais um caso recente prova a tradição dessa
prática: a esposa do governador do Pará foi indicada para ser
conselheira do Tribunal de Contas do Pará, também com salário inicial de
R$ 35 mil e estabilidade até os 75 anos. Jornalistas do Pará
denunciaram que ela foi indicada pelo número surpreendente de 11
partidos para o cargo.
VEJA TAMBÉM: BNDES: os avanços dos últimos anos e os retrocessos que Lula precisa evitar Moeda comum com a Argentina: precisamos disso? BNDES: portas reabertas para governos socialistas e empresários “amigos do rei”? No
início desta semana, o jornal O Globo também trouxe uma denúncia
assustadora: entre os 232 conselheiros dos tribunais de contas, 30% são
parentes de políticos. Muitos foram nomeados pelos próprios irmãos ou
cônjuges. 80% chegou aos tribunais por indicação de aliados após
construir carreira em cargos públicos. 32% são condenados na Justiça ou
alvos de investigações.
Mas, voltando ao governo Lula… se o nepotismo cruzado envolvendo
ministros do presidente brasileiro já é absurdo, é pior ainda se
considerarmos as funções dos tribunais de conta: eles auxiliam o
Legislativo na fiscalização do Executivo. Em que cenário seria razoável
que esposas de ministros do maior chefe do Executivo do país auxiliassem
na fiscalização do Poder Executivo em nível estadual? Mas é pior ainda:
nesse caso, são ex-primeiras damas dos próprios estados, com todos os
conflitos de interesses possíveis.
Apesar do nepotismo cruzado ser uma prática muito comum no Brasil, ele deveria ser tratado pelo que realmente é: corrupção.
“Os tribunais de contas podem, inclusive, deixar políticos
inelegíveis, caso as contas de seu governo sejam rejeitadas”, explica
Mariana Schreiber na BBC News Brasil. Na prática, as esposas dos
ministros podem favorecer aliados políticos de seus maridos e do
presidente, assim como podem prejudicar os governantes quando estes
forem seus antagonistas políticos. Parecem mais os tribunais do “faz de
conta”.
“Uma das razões por que defendo, há anos, que a indicação de
ministros do STF, STJ e tribunais de contas não pode ser política é
exatamente acabar com absurdos nepotistas, como esses. Por que será que
Lula é contra a independência do Banco Central e a favor de um Estado
grande?”, comentou sobre o assunto o economista Ricardo Amorim, o mais
influente do país, em uma publicação na internet.
VEJA TAMBÉM: Brasil: país sem segurança jurídica (e econômica), onde até o passado pode mudar O primeiro vilão do governo Lula: a independência do Banco Central O Brasil pode se tornar cada vez menos democrático (e as autoridades têm tudo a ver com isso) O
Brasil, infelizmente, segue muito atrasado em termos de regras sobre
conflitos de interesses e nepotismo cruzado. A sociedade assiste chocada
esse ataque brutal à independência e à moralidade das instituições
públicas. Isso é um verdadeiro golpe na credibilidade das instituições
que deveriam ser democráticas, mas parecem mais capturadas por
interesses de particulares e seus familiares, como se fossem capitanias
hereditárias. Como sociedade e país, precisamos avançar muito. O mais
assustador é assistir a passividade do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) e do próprio Ministério Público, que deveriam fiscalizar o
cumprimento da Constituição Federal e da lei.
Este é mais um caso de sobreposição de absurdos e de ataque aos
princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública.
Apesar do nepotismo cruzado ser uma prática muito comum no Brasil, ele
deveria ser tratado não apenas como um tema polêmico, mas pelo que
realmente é: corrupção. E tem de ser punido como crime! Nada mais
absurdo do que usar cargos do poder público para obter um favor de outro
servidor público em benefício próprio e de seus familiares. A máquina
pública deve servir aos brasileiros, e não ser cabide de emprego para
aliados e parentes de políticos poderosos. Chega dessa inversão de
valores! Precisamos preservar nossas instituições.
O empresário – que já disse não gostar de cerveja – adquiriu 3,76% da Heineken. Entenda possíveis motivações!
Mesmo não sendo um grande fã de cerveja, Bill Gates, o sexto homem
mais rico do mundo, comprou ações da Heineken Holding NV no valor de US$
902 milhões (R$ 4,6 bilhões) — o que significa que ele possui agora
3,76% da companhia.
A Autoridade de Mercados Financeiros da Holanda (AFM) informou que
6,65 milhões de ações foram compradas por Bill Gates, pessoa física, e
4,18 milhões foram adquiridas pela Bill & Melinda Gates Foundation
Trust, organização filantrópica
Na quarta-feira (22/02), as ações da cervejaria fecharam em alta de 1,51%, cotadas a US$ 104,59
AQUISIÇÃO BILIONÁRIA: COMO ISSO FOI POSSÍVEL?
A aquisição dos títulos ocorreu no mesmo dia em que a Femsa,
engarrafadora mexicana da Coca-Cola, desfez sua posse de quase 18
milhões de ações da Heineken, representando 6,24% da corporação.
Heineken (Fonte: divulgação)
O QUE INCENTIVOU O INVESTIMENTO BILIONÁRIO?
A Fundação Bill & Melinda Gates, ainda não comentaram sobre o
assunto, mas existem 5 motivos que, com certeza, despertaram o olhar do
bilionário. Confira:
1- A Heineken é uma das cervejarias mais conhecidas do mundo, com presença em mais de 170 países
2- É a segunda maior cervejaria do mundo, atrás apenas da Ambev
3- A empresa é conhecida por sua cerveja de mesmo nome, que é
produzida desde 1873, mas também possui outras cervejas, como Amstel,
Desperados e Sol
4- A Heineken tem sido pioneira na inovação e no marketing de suas marcas
5- A cervejeira emprega mais de 85 mil funcionários
OUTRO INVESTIMENTO DE BILL GATES
Apesar da maior parte do patrimônio do bilionário vir dos seus
empreendimentos em tecnologia, principalmente da gigante Microsoft, o
empresário também possui outros investimentos que não tem nada a ver com
a big tech – e um grande exemplo disso é a sua presença no agro.
Bill Gates é o maior proprietário de terras rurais dos EUA. Ele tem
mais de 100 mil hectares, localizados principalmente nos estados de
Louisiana, Arkansas, Nebraska e Arizona. Segundo ele, o objetivo
principal com as propriedades é o desenvolvimento tecnológico de
sementes e biocombustíveis, para erradicação da fome na África e redução
do desmatamento.
Entenda mais aqui: Rei do Agro? O lado de Bill Gates que você provavelmente não conhecia
POR QUE IMPORTA?
Bill Gates fundou uma das maiores empresas de tecnologia do mundo e,
mesmo assim, não restringiu todo o seu portfólio de investimentos à ela.
O motivo? Existem outros setores que são promissores e que podem
alavancar ou complementar seus negócios – uma grande lição que vale para
a sua empresa. Se você está passando por uma situação difícil na sua
organização, vale avaliar uma mudança de rumo, e quem sabe, ampliar o
escopo dos seus produtos (de forma estratégica, claro), e não se fechar
as possíveis oportunidades de mercado.
COMO DEVEM SER OS PARCEIROS NOS NEGÓCIOS
“Parceiros chegam de várias formas. Se juntam por diferentes motivos”.
Eu sei, é clichê, rss. E se a frase fosse minha eu acrescentaria: “O que eles tem em comum é o fato de acreditarem no que nós acreditamos”.
Parceria é a arte de administrar conflitos de interesses e
conexões de interesses, visando resultados benéficos para ambas as
empresas”.
É por isso que eu costumo comparar parceria com casamento. Quem é
casado sabe que administrar conflitos é fundamental para ambos terem
resultados nessa aliança.
Assim como no casamento, o parceiro não precisa ser igual a nós, mas
tem que ter o nosso ‘jeitão’! Nas parcerias eu defendo que o parceiro
precisa ter o DNA de inovação, a inquietude pra sair da zona de conforto
e uma preocupação muito grande com o cliente, não apenas no discurso,
mas na prática. É claro que no processo de análise do possível parceiro,
nós avaliamos o potencial financeiro e de escala da aliança, a
estrutura e o tamanho da empresa. Mas, tem um fator humano que não pode
ser desconsiderado, já que empresas são, na sua essência, pessoas.
É por isso, que normalmente, os parceiros são empresas formadas por
pessoas do bem, pessoas com propósito, que tem tanto o caráter quanto a
lealdade de continuar de mãos dadas, mesmo nos momentos mais difíceis. É
como um casamento mesmo!
É importante também que os parceiros tenham know how e competênciascomplementares,
que potencializem nossas fragilidades e deem mais peso aos nossos
pontos fortes. E como eu acredito que o primeiro approach de
uma boa parceria acontece no plano humano (onde existe emoção), e não no
corporativo, eu gosto muito da histórica da parceria entre Steve Jobs e Steve Wozniak.
Os dois Steves tornaram-se amigos durante um emprego de verão em 1970.
Woz estava ocupado construindo um computador e Jobs viu o potencial para
vendê-lo. Em uma entrevista de 2006 ao Seattle Times, Woz, explicou:
“Eu só estava fazendo algo em que era muito bom, e a única coisa
que eu era bom acabou por ser a coisa que ia mudar o mundo… Steve (Jobs)
pensava muito além. Quando eu projetava coisas boas, às vezes ele
dizia: ‘Nós podemos vender isso’. E nós vendíamos mesmo. Ele estava
pensando em como criar uma empresa, mas talvez ele estivesse mesmo
pensando: ‘Como eu posso mudar o mundo?’”.
Por que essa parceria deu certo? Habilidades e competências complementares.
As habilidades técnicas de Woz juntamente com a visão de Jobs fizeram dos dois a parceria perfeita nos negócios.
VOCÊ CONHECE A ValeOn?
A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO
TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
05/09/2017-
Após investigações decorrentes de dados coletados nas últimas fases da
Operação Cui Bono, a PF chegou a um endereço em Salvador/BA, que seria,
supostamente, utilizado por Geddel Vieira Lima como “bunker” para
armazenagem de dinheiro em espécie.
Foto: Policia Federal
Malas com dinheiro no apartamento do ex-deputado Geddel Vieira
Lima se tornaram símbolo da corrupção.| Foto: Policia Federal/Divulgação
Assumi,
no dia 1.º de fevereiro de 2023, o mandato de senador da República pelo
estado do Paraná. Representar os paranaenses é motivo de muito orgulho e
pretendo honrar a confiança de cada voto que me foi conferido, e também
a de todos os paranaenses. Inicio minhas colunas quinzenais na Gazeta
do Povo com a revelação dos meus compromissos com o mandato.
Entre os meus propósitos, encontra-se retomar a luta contra a
corrupção que logrou fortes avanços durante a Operação Lava Jato, mas
que, infelizmente, apresentou recuo nos últimos anos. Não serei um
senador de uma tecla só, defendendo uma só bandeira, mas não serei fiel
aos meus eleitores se não me dedicar a essa tarefa, fazendo dela parte
central de meu mandato.
A luta contra a corrupção deve ser um objetivo permanente na vida
pública. A corrupção é uma tema central na ciência política e boa parte
dos males que padecemos pode ser a ela relacionada.
Os filósofos antigos, ao tratarem da política, já relacionavam a
decadência à disseminação da corrupção. Aristóteles, ao elaborar sua
teoria das formas de governo, destacava que existiriam formas puras ao
lado das degeneradas, quando a busca pelo bem comum seria substituída
pela consecução do interesse próprio. Segundo ele, embora não usasse
exatamente esses nomes, a monarquia se degenera em tirania; a
aristocracia, em oligarquia; e a democracia, em governo de turba. Também
é conhecida a história de Roma, cuja derrocada foi associada à
corrupção dos imperadores, descrita em clássicos como o de Edward
Gibbon, A História do Declínio e Queda do Império Romano.
A corrupção disseminada debilita a economia, produz ineficiência do
governo e enfraquece a confiança na democracia, comprometendo a
consecução de qualquer objetivo político
No Brasil, no livro Os Donos do Poder, Raymundo Faoro relaciona nosso
subdesenvolvimento ao patrimonialismo, no qual há uma confusão entre os
bens públicos e os privados, com a captura do Estado em prol do
enriquecimento da elite política e econômica.
Há aqueles que reputam a corrupção como um mal menor, meros desvios
que devem ser tolerados em prol da governabilidade e por objetivos
maiores, entre eles a redução da desigualdade e o crescimento econômico.
Tenho, porém, essa perspectiva como falsa, pois a corrupção disseminada
debilita a economia, produz ineficiência do governo e enfraquece a
confiança na democracia, comprometendo a consecução de qualquer objetivo
político. A corrupção vai muito além dos desvios dos recursos públicos;
ela está também na origem do chamado “capitalismo de compadrio”, na
burocratização excessiva, no loteamento político dos cargos públicos,
todos causas de ineficiência do governo e do setor privado.
O funcionamento da democracia depende do sentimento de que os
representantes representam os representados e buscam, na representação, a
consecução do bem comum. Quando a corrupção se espalha, a confiança é
quebrada, gerando ceticismo quanto à política e descrédito generalizado
contra a democracia.
VEJA TAMBÉM: O combate à corrupção também precisa de nós (editorial de 11 de maio de 2021) Deltan Dallagnol: É preciso discutir como impedir que mensalão e petrolão se repitam Marcel van Hattem: Lula Ódio e Rancor
Em 2022, foi eleito um novo governo federal cujas prioridades
passam distantes do combate à corrupção. Na agenda oficial, não se
identifica qualquer preocupação com o tema. Ao contrário, a tentativa de
reescrever a história dos escândalos do mensalão e do petrolão, a busca
pela reabilitação de políticos condenados por corrupção, o loteamento
político indiscriminado da máquina pública e a investida contra a Lei
das Estatais bem ilustram que o foco do novo governo é o de continuar o
desmonte dos instrumentos de controle e prevenção da corrupção
conquistados em um passado não tão distante.
O que a história recente nos ensina é que a luta contra a corrupção
e, por conseguinte, pelo fortalecimento das instituições e da democracia
precisa ser um objetivo permanente. Ouvi, certa feita, do ex-ministro
Paulo Guedes uma metáfora interessante. Disse-me que retirar o combate à
corrupção da agenda política nos últimos anos equivaleu a retirar a
estaca do coração de um vampiro. O sistema da corrupção, a sanguessuga
dos recursos públicos e do bem comum, voltou com toda a sua força,
comprometendo os avanços anteriores.
Urge, com a determinação e a força moral necessárias, recolocar os
fatos no devido lugar e sem relativismos de qualquer espécie. A
corrupção é um roubo, todo corrupto é um ladrão. Considero essas
verdades como evidentes por si mesmas e direcionarei meu mandato para
que a lei trate o corrupto como um ladrão, nada mais, nada menos, antes
que nossas esperanças e o nosso futuro sejam roubados.
Jair Bolsonaro em visita ao Forte Masmak, em Riad, em 2019. Imagem ilustrativa| Foto: José Dias/PR/Arquivo
A
revelação de que a Receita Federal apreendeu um conjunto de joias,
avaliado em R$ 16,5 milhões e dado de presente a Jair Bolsonaro (PL)
pela Arábia Saudita, em 2021, tem potencial para complicar ainda mais a
situação do ex-presidente na Justiça. Ele deverá ser investigado por
suposto cometimento dos crimes de descaminho, peculato e lavagem de
dinheiro.
Nos Estados Unidos desde o ano passado, Bolsonaro ainda não havia
escalado advogados para defendê-lo na investigação até esta
segunda-feira (6). Sua linha de defesa, no entanto, foi antecipada pelo
ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, que divulgou nas redes
sociais documentos oficiais que mostram uma tentativa do governo de
regularizar a entrada das joias.
Os delitos citados anteriormente foram indicados pelo ministro da
Justiça, Flávio Dino, que determinou nesta segunda-feira (6) que a
Polícia Federal investigue o caso. “No caso, havendo lesões a serviços e
interesses da União, assim como à vista da repercussão internacional do
itinerário em tese criminoso, impõe-se a atuação investigativa da
Polícia Federal”, escreveu no ofício ao órgão.
A Receita Federal, primeira a descobrir a tentativa de trazer as
joias, e o Ministério Público Federal, a quem cabe uma eventual denúncia
criminal, já trabalham juntos no caso.
Já o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mobiliza para
explorar politicamente o caso. O ministro-chefe da Secretaria de
Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, disse que as joias eram
“propina”. “Na hora em que o governo estava negociando a venda de uma
refinaria para o mundo árabe, apareceu esse presente”, disse, em vídeo
espalhado nas redes sociais. Apesar das declarações, caberá à PF
investigar o que de fato ocorreu.
Sequência de fatos sobre as joias e documentos oficiais O
imbróglio começou no dia 26 de outubro de 2021, quando um auxiliar
direto do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi
abordado por fiscais da Receita Federal ao desembarcar no Aeroporto de
Guarulhos. Ele chegava de Riad, onde acompanhou o ministro num evento
sobre energia limpa promovido pelo reino da Arábia Saudita. Trazia na
bagagem um colar, par de brincos, anel e relógio de diamante da famosa
marca suíça Chopard.
Os itens não haviam sido declarados e os auditores informaram ao
assessor e ao ministro que eles só seriam liberados se pagassem imposto
de 50% do valor mais multa de 25%, o que daria R$ 12,3 milhões, ou
tratassem de incorporar os bens ao acervo da Presidência.
Questionado pela reportagem, Wajngarten disse que Bolsonaro “jamais
tentou se ‘apropriar’ de joias de forma privada. Nem ele e nem qualquer
integrante do Governo. O que sempre se tentou foi reaver para o
patrimônio da União as joias presenteadas pela Arábia Saudita”.
Para comprovar isso, apresentou uma série de documentos, trocados
entre diferentes órgãos do governo nos dias seguintes, para mostrar a
tentativa de liberação das joias.
O primeiro é um ofício de 28 de outubro, dois dias após a apreensão,
de José Roberto Bueno Junior, então chefe de gabinete de Bento
Albuquerque, a Marcelo da Silva Vieira, chefe-adjunto do setor de
Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência. No documento,
ele disse que “se faz necessário e imprescindível que seja dado ao
acervo o destino legal adequado”, o que indicava uma tentativa de
regularizar os bens.
No dia seguinte, Vieira respondeu e informou que fazia parte do setor
que recolhe, organiza e preserva os objetos colecionados pelo
presidente ao longo do mandato. Citando normas que regulam o assunto,
informou que o órgão analisaria o caso para “incorporação ao acervo
privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência
da República”. Ou seja, seria analisada a possibilidade de Bolsonaro
ficar com as joias ou se era o caso de elas passarem a fazer parte do
patrimônio da União, como um bem de Estado.
Para essa análise, os presentes deveriam ser registrados num
formulário próprio, estabelecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU)
em 2016 – na época, o órgão de fiscalização definiu que só poderiam
fazer parte do acervo privado “itens de natureza personalíssima ou de
consumo direto pelo presidente da República”.
Na semana seguinte, em 3 de novembro, José Roberto Bueno Junior, do
Ministério de Minas e Energia, enviou outro ofício, dessa vez dirigido
ao chefe de gabinete do então secretário da Receita, para tratar da
“liberação e decorrente destinação legal adequada” dos presentes
recebidos na Arábia Saudita. Neste documento, relatou que Bento
Albuquerque, representando Bolsonaro, participou de almoço com o
ministro da Energia da Arábia Saudita.
“Considerando a condição específica do Ministro – representante do
Senhor Presidente da República; a inviabilidade de recusa ou devolução
imediata de presentes em razão das circunstâncias correntes; e os
valores histórico, cultural e artístico dos bens ofertados; faz-se
necessário e imprescindível que seja dado ao acervo o destino legal
adequado”, dizia o ofício.
Informou ainda que já havia comunicado o setor de Documentação
Histórica, a fim de que fosse analisado que destino seria dado às joias.
Em 12 de novembro, a Receita Federal respondeu ao Ministério de Minas
e Energia. No ofício, encaminhou uma nota técnica esclarecendo as
providências necessárias junto à Receita para liberar os presentes, bem
como o contato da alfândega do Aeroporto de Guarulhos, onde as joias
ficaram retidas.
Em 22 de novembro, Bento Albuquerque enviou uma carta em inglês ao
ministro da Energia saudita, Abdulaziz Al Saud, agradecendo pela
participação do Brasil no evento e exaltando o potencial de cooperação
entre os dois países. No final da carta, referindo-se “aos presentes
gentilmente oferecidos pelo governo saudita”, o ministro brasileiro
informou que “devido ao seu valor artístico e material, eles foram
devidamente incorporados ao acervo oficial brasileiro, de acordo com a
legislação nacional e ao código de conduta da administração pública”.
É com base nesses documentos que os aliados de Bolsonaro querem
livrá-lo da suspeita de que teria tentado se apoderar das joias de forma
privada. “Todas as ações dele e dos agentes do governo tiveram a
intenção de reaver o bem público. Jamais houve qualquer outra intenção”,
afirma Wajngarten.
Para ele, quem está por trás da revelação do caso na imprensa é o
atual governo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interessado em
usar a máquina estatal para perseguir um adversário político. “O
Bolsonaro teve 50% dos votos há 4 meses. É fundamental [para o governo
petista] que haja uma desconstrução do maior líder da oposição.”
Pesa contra Bolsonaro o fato de, no final do ano passado, próximo ao
fim de seu mandato, ele mesmo ter tentado, por meio de auxiliares
diretos, liberar as joias junto à Receita. Já havia se passado mais de
um ano após as primeiras tentativas do governo de regularizar a entrada
dos presentes ao país.
No dia 28 de dezembro de 2022, três dias antes do fim do mandato de
Bolsonaro, o então secretário da Receita Federal, Julio Cesar Viera
Gomes, enviou um ofício para a alfândega do aeroporto em São Paulo
pedindo a liberação das joias. Os fiscais responderam que só liberariam
mediante pagamento do imposto. No mesmo dia 28, o gabinete do
ex-presidente Jair Bolsonaro enviou ofício à Receita cobrando a
devolução. Novamente, o pedido foi negado pela alfândega.
Em 29 de dezembro, o ex-presidente enviou a Guarulhos, num voo da
Força Aérea Brasileira (FAB), o sargento da Marinha Jairo Moreira da
Silva, um de seus ajudantes de ordens. Os itens, no entanto,
permaneceram apreendidos pela Receita.
O que dizem Bolsonaro e Michelle sobre as joias Questionado nos Estados Unidos sobre o caso, Bolsonaro disse que as joias iriam para o acervo da Presidência, e não para si.
“Eu estava no Brasil quando esse presente foi acertado lá nos
Emirados Árabes para o ministro das Minas e Energia. O assessor dele
trouxe, em um avião de carreira, e ficou na Alfândega. Eu não fiquei
sabendo. Dois, três dias depois a presidência notificou a alfândega de
que era para ir para o acervo. Até aí tudo bem, nada demais. Poderia, no
meu entender, a alfândega ter entregue. Iria para o acervo, e seria
entregue à primeira-dama. O que diz a legislação? Ela poderia usar, não
poderia desfazer-se daquilo”, disse ao SBT.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse, pelas redes sociais, que
não sabia das joias. “Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava
sabendo?”, postou no Instagram.
Fábrica
– indústria – produção – emprego – desemprego – maquinas – borracha –
pneu – recapagem – recapadora – recapagem de pneus agricolas – pneus de
caminhão – industria rodoviaria – mão de obra – Imagens de funcionários
trabalhando na recapagem de pneus de trator e maquinas agricolas na
Recapadora Taquarense na Cidade indústrial de Curitiba –
Indústria foi um dos setores que mais sentiram a desaceleração do
último trimestre de 2022.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do
Povo/Arquivo
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi assunto recorrente
nos últimos dias, inclusive em declarações do presidente da República,
graças à divulgação dos números fechados de 2022 e do último trimestre
do ano passado. Lula veio a público para, como de costume, assacar
críticas e desqualificações sobre seu antecessor, Jair Bolsonaro,
chegando a usar uma expressão ambígua. “A economia brasileira não
cresceu nada, nada, no ano passado”, declarou Lula, adicionando que “o
desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer, e temos de
fazer investimentos”. A primeira parte da fala presidencial é falsa; já a
segunda parte é um objetivo que deve ser assumido por todos os governos
em todos os momentos.
O PIB brasileiro caiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 em relação ao
trimestre anterior, mas a economia brasileira fechou o ano passado com
crescimento de 2,9% em relação a 2021, conforme divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira, 2 de
março. A queda do PIB no quarto trimestre sobre o trimestre anterior é
verdadeira, mas a declaração de Lula está muito longe da verdade, pois
ele disse que a economia “não cresceu nada, nada” no ano passado. Ao
fazer tal declaração ele pretendeu, por óbvio, que parte da população
ficasse com a impressão de que o ano de 2022 havia sido um fracasso de
Bolsonaro em termos de crescimento econômico.
A expressão de Lula “a economia brasileira não cresceu nada, nada” é
exemplo perfeito de fake news, com a agravante de vir do chefe da nação
Uma mentira é útil quando a verdade não serve para o objetivo que se
quer com a crítica. Se não é possível desmerecer alguém falando
verdades, passa a ser comum que políticos e governantes não se
envergonhem em mentir, torcer, distorcer e dar declarações falsas, mesmo
que elas possam ser desmentidas facilmente. No momento em que a própria
Justiça anda tentando parecer zelosa no combate às tais fake news
(notícias falsas), a expressão de Lula “a economia brasileira não
cresceu nada, nada” é exemplo perfeito de fake news, com a agravante de
vir do chefe da nação, de quem se espera seriedade e honestidade.
Sempre que há troca de governo e o novo presidente da República tenha
vencido o presidente anterior ou o candidato por ele indicado, a
baixeza do discurso político corrente dita que o novo governante fale
mal e desqualifique seu antecessor o tempo todo, nem que para isso seja
preciso mentir abertamente. Após a redemocratização, foi assim com
Collor desqualificando seu antecessor, José Sarney; o próprio Lula
criticara Fernando Henrique Cardoso de todas as formas possíveis (ficou
marcada a expressão “herança maldita” que Lula, mentirosamente, dizia
ter herdado de FHC); o hábito se repetiu com Bolsonaro, quando assumiu
desqualificando Dilma Rousseff e o PT – por mais que se reconheçam todos
os esquemas de corrupção montados pelo partido e os erros grotescos na
condução da economia, que levaram o Brasil à recessão de 2015-16; agora,
o triste ritual se repete com Lula criticando Bolsonaro, seja com
verdades ou com mentiras.
Todos os governantes, sem exceção, executam medidas boas e medidas
ruins, políticas acertadas e políticas erradas, em todas as áreas da
administração pública; logo, um balanço honesto sobre os governos requer
listar seus acertos e seus erros para, a partir daí, extrair um balanço
que comparativamente diga se aquele mandato teve um saldo positivo ou
um saldo negativo. De qualquer forma, fato é que o PIB cresceu em 2022,
mas teve queda no último trimestre, lembrando que o principal elemento
político a interferir no cenário geral da nação naquele trimestre foi a
vitória de Lula no pleito de outubro. É legítimo perguntar se o
resultado da eleição teve influência, negativa ou positiva, no
desempenho da economia dali em diante.
VEJA TAMBÉM: A inflação revisitada (editorial de 5 de março de 2023) O desemprego recua em 2022 – e as perspectivas para 2023 (editorial de 1.º de março de 2023) O futuro da dívida pública (editorial de 22 de fevereiro de 2023)
A economia e todos os seus movimentos de produção, circulação,
acumulação e consumo, emprego, renda e poupança são resultado de bilhões
de decisões individuais diárias de todos os agentes econômicos internos
e externos – pessoas, empresas, governos e investidores. Os agentes
econômicos tomam decisões que, em seu conjunto, agem sobre a economia e a
sociedade em todos seus aspectos e determinam os rumos de todas as
variáveis econômicas, políticas e sociais. Nos últimos dias, os jornais
noticiaram que o resultado do PIB no quarto trimestre do ano passado
confirmou um processo de desaceleração pelo qual a economia brasileira
vinha passando desde o início da segunda metade de 2022, justamente o
período em que a campanha eleitoral estava em andamento e o país se viu
dividido, a ponto de a eleição de Lula se dar em uma vitória frágil,
conferida por apenas metade do eleitorado que optou por um dos dois
candidatos no segundo turno.
Mas Lula não parece interessado em acalmar os ânimos e reduzir o
divisionismo imperante na sociedade brasileira. Bolsonaro pode ser
criticado, pois todos os governantes cometem erros, mas a afirmação
lulista de que “o PIB não cresceu nada, nada” é mentira e até mesmo
desnecessária, a não ser a mera vontade de disparar críticas
inverídicas. Por fim, a queda do PIB no quarto trimestre de 2022 precisa
ser examinada com olhar técnico e competente, para ser entendida e
tratada, pois a prioridade maior deve ser o crescimento do PIB, emprego e
renda. Segundo declarações do IBGE, a desaceleração no segundo semestre
do ano passado atingiu mais duramente a indústria de transformação e o
comércio, e aí está o começo do problema, que precisa de governantes
sérios e capazes de ajudar na compreensão das causas e encaminhar as
soluções de que tanto o país necessita.
Frente Nacional de Luta é liderada por José Rainha Júnior, que foi expulso do MST| Foto: Divulgação/FNL
Certamente vocês conhecem José Rainha Júnior. O nome dele já está, há
décadas, ligado a invasões de terras no Pontal do Paranapanema, em São
Paulo. José Rainha Júnior está preso em um centro de detenção provisória
em São Paulo. Foi detido pela Polícia Civil, junto com outro diretor da
Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade, chamado Luciano Lima. A
acusação é de extorsão. Na segunda-feira, o juiz fez a audiência de
custódia, verificou que nenhum direito de Rainha foi desrespeitado e ele
permanece preso.
O juiz não tem iniciativa – a iniciativa é do Ministério Público –,
mas há casos em que ele pode agir. Ele, por exemplo, funciona como juiz
de garantia até receber a denúncia do MP; ele está zelando pela garantia
daquele que é acusado, que é preso. Mas não toma a iniciativa de mandar
prender por conta própria ou de instaurar inquérito por conta própria;
isso quem faz é o Ministério Público, como diz o artigo 129 da
Constituição.
José Rainha, então, fica preso e será investigada a acusação de que
ele teria extorquido no mínimo seis proprietários rurais, mais ou menos
na base do “ou paga ou a gente invade”. Tanto que muitos proprietários
rurais se armaram diante do anúncio do Carnaval Vermelho, e a polícia
até apreendeu armas de alguns proprietários rurais que atiraram para
espantar os supostos invasores.
O interessante é que essa acusação de extorsão é algo que eu já ouvi
há muitos anos. Estava conversando com o então ministro José Dirceu, em
2003 ou 2004, e perguntei sobre o relacionamento com José Rainha Júnior
no Pontal do Paranapanema. A informação que Dirceu me deu é compatível
com a acusação que pesa agora sobre Rainha e pela qual ele foi detido.
VEJA TAMBÉM: Governo Bolsonaro teve três invasões de terra por ano; Lula, mais de 200 Vamos pagar mais pela gasolina para custear um governo inchado Não adianta nada tirar armas sem combater a cultura da violência
Por falar em invasões, temos aqui a estatística: no governo Lula,
que durou oito anos, houve 1.968 invasões. No governo Bolsonaro, que
durou quatro anos, foram 14. Ou seja, três invasões e meia por ano de
Bolsonaro, contra 246 invasões por ano de Lula.
Na invasão dessa grande empresa de papel e celulose na Bahia, os
invasores dizem que não se come eucalipto. Mas o pior é que o eucalipto
se usa para fazer o papel do livro, do jornal, do caderno… aprendemos e
nos educamos com a celulose, não é?
Brasil passa vergonha internacional ao não condenar ditadura da Nicarágua O
ministro do Desenvolvimento Agrário não quer saber de tirar os
invasores da Suzano pela via judicial, diz que tem de haver “diálogo”. É
a mesma conversa que Lula invocou para não endossar uma declaração da
ONU sobre o ditador Daniel Ortega. Quer “diálogo”, mas 55 países não
concordaram e a ONU, nesse fim de semana, publicou documento atestando o
desrespeito aos direitos humanos por parte do ditador da Nicarágua. O
Brasil não assinou, que vergonha! Imaginem um país que prendeu 222
presos políticos, tirou a nacionalidade deles e os expulsou do país.
Isso caracteriza bem uma ditadura, não?
Escândalo do colar é muito barulho para pouca denúncia Essa
questão do colar de brilhantes pra Michelle Bolsonaro, colar que ela
nunca viu, nunca tocou e nunca recebeu, está mais ou menos igual àquela
história das vacinas indianas dos irmãos Miranda, que o Brasil nunca
comprou. Ficou na Receita Federal, não foi possível botar no patrimônio
do Palácio do Planalto porque a Receita Federal não liberou. Agora, o
que passou pela Polícia Federal – relógio, caneta, abotoadura etc. – foi
para aquele gabinete de documentação histórica. Então, o que se está
fazendo aí é um grande barulho, que é mais ou menos como funciona aquele
consórcio que a gente conhece.
A política externa do governo Lula é digna de um grêmio estudantil: só apoia ditaduras
Por J.R. Guzzo – Gazeta do Povo
Lula é aliado antigo do ditador nicaraguense Daniel Ortega| Foto: EFE / Fernando Bizerra Jr.
O
governo Lula está fornecendo ao país pelo menos um tipo muito claro de
segurança: erra em tudo o que faz. Essa é uma certeza que se pode ter,
no meio do mar de instabilidade, de dúvidas e de decisões irresponsáveis
que marcam esse começo de caminhada. O governo decidiu alguma coisa?
Então ninguém precisa ter trabalho pensando a respeito: a decisão, com
certeza, foi errada.
A “política externa”, ou a conduta de grêmio estudantil que passa por
diplomacia no Brasil atual, é uma demonstração a mais dessa
incapacidade estrutural de acertar que faz o Lula-3 estar sendo o que é.
Seu último acesso de inépcia é exemplar.
É a terceira vez seguida, em apenas dois meses, que a política
externa do Brasil se põe em posição frontalmente contrária a das
democracias modernas.
O Brasil recusou-se a assinar um documento, promovido pelas mais
sagradas democracias do mundo, no qual se denuncia e reprova a ditadura
cada vez mais grosseira da Nicarágua. Era uma escolha fácil – até os
governos de esquerda do Chile e da Colômbia, para ficar só na América
Latina, assinaram o documento de condenação, por acharem que a Nicarágua
passou dos limites em matéria de abjeção. Era também uma oportunidade
para o Brasil se alinhar com as democracias de Primeiro Mundo que vivem
encantadas com Lula e com o que imaginam ser as suas virtudes de
“democrata”. O Itamaraty fez a escolha errada: ficou, na prática, do
lado da ditadura.
É a terceira vez seguida, em apenas dois meses, que a política
externa do Brasil se põe em posição frontalmente contrária a das
democracias modernas, civilizadas e anticarbono do mundo; começa a virar
uma opção permanente pelo conflito com a gente “de bem” da comunidade
internacional.
Lula sempre foi uma figura de sonho para o político intelectual
europeu – o nativo que foi catequisado, e transformado num boneco que só
emite sons politicamente corretos.
O Brasil já tinha se recusado a atender um pedido do governo da
Alemanha, um dos maiores puxa-sacos internacionais de Lula e do PT, para
enviar tanques brasileiros fabricados com tecnologia alemã ao teatro de
guerra na Ucrânia. Também permitiu, de forma ostensiva e militante, a
entrada de navios de guerra do Irã no porto do Rio de Janeiro. Negou-se,
aí, a atender um pedido expresso dos Estados Unidos.
Também violou um preceito básico das democracias mundiais, que
consideram o regime iraniano um incentivador ativo do terrorismo
internacional e não permitem que mande navios para os seus portos. Para
que isso? Para mostrar o que os diplomatas de Lula chamam de
“independência”.
VEJA TAMBÉM: Lula é um grande piadista: agora quer ressuscitar ideia do Trem-Bala entre São Paulo e Rio A Colômbia “progressista” e esquerdista quer legalizar ganhos de narcotraficantes Lula e a esquerda não suportam a liberdade de expressão e por isso querem censurar a internet
Seu recado para o mundo é aquela coisa terceiro mundista de 70
anos atrás, burra, obtusa, com prazo de validade vencido e, mais do que
tudo, diretamente contrária aos interesses do Brasil: “Gostamos do Irã,
da Palestina, das ditaduras bananeiras, do terrorismo, do
subdesenvolvimento. Não gostamos dos países que deram certo”.
Lula sempre foi uma figura de sonho para o político intelectual
europeu – o nativo que foi catequisado, como os padres jesuítas fizeram
com os índios 500 anos atrás, e transformado num boneco que só emite
sons politicamente corretos e serve aos interesses da matriz. Não vai
perder o cartaz que lhe deram lá fora, porque não têm ninguém para pôr
no seu lugar. Com a sua “política externa” quem sofre é apenas o Brasil.