domingo, 5 de março de 2023

DICAS PARA VIVER MELHOR

 

Segundo médicos

Foto: Eduard Korniyenko/Reuters

Por Redação – Jornal Estadão

Especialistas respondem a perguntas sobre consumo de álcool, maconha, água em excesso e suplementos de vitamina D

Toda semana, o The Washington Post pede a um médico que responda a questionamentos de leitores. Aqui estão as dez perguntas mais populares, com um resumo dos conselhos de saúde compartilhados por médicos.

1. De quanta vitamina D eu preciso?

Por Joann E. Manson

Grandes ensaios clínicos randomizados nos últimos anos mostraram que a vitamina D não é a panaceia que alguns acreditavam que fosse. Resumindo: a grande maioria dos americanos está obtendo toda a vitamina D de que precisa por meio de sua dieta e do Sol.

É necessário que você gaste dinheiro com suplementos? Para a maioria dos adultos saudáveis, a resposta é não. Precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina, e mais não é necessariamente melhor.

A vitamina D de que precisamos conseguimos por meio da dieta e do Sol, e não de suplementos, diz especialista
A vitamina D de que precisamos conseguimos por meio da dieta e do Sol, e não de suplementos, diz especialista  Foto: Morgue File/Divulgação

2. Quais tratamentos funcionam para mulheres com queda de cabelo?

Por Jennifer N. Choi

Minoxidil tópico é minha primeira escolha de tratamento para a causa mais comum de queda de cabelo em mulheres: alopecia androgenética feminina.

Se você notou queda de cabelo, o primeiro passo a seguir é obter o diagnóstico de um clínico geral ou dermatologista, que pode fazer uma biópsia do couro cabeludo e solicitar exames de sangue para procurar possíveis causas, como anemia ou distúrbios da tireoide. Se a sua queda de cabelo foi gradual, com a linha frontal do cabelo ainda intacta, você provavelmente tem alopecia.

3. As saladas realmente te fazem bem?

Por Robert H. Lustig

A salada geralmente é um alimento saudável, mas apenas se você adicionar a combinação certa de ingredientes e ficar longe de molhos engarrafados comprados em lojas. Você pode se surpreender ao saber que o tipo de verduras que você escolhe não importa muito.

O principal benefício para a saúde da alface e de outras verduras em uma salada é a fibra. As saladas geralmente são embaladas com fibras, que são realmente o alimento para o microbioma, os trilhões de bactérias que vivem em seu intestino e a chave para a saúde metabólica.

Para fazer um ótimo molho caseiro, concentre-se em ingredientes como azeite extra virgem, óleo de abacate, tahine, vinagre, mostarda Dijon, ervas, especiarias e sucos cítricos com baixo teor de açúcar (limão, lima, toranja).

4. Por que fico com sono à tarde depois de almoçar?

Por Lydia Kang

Sentir-se lento após o almoço é muito comum. O “mergulho da tarde”, como às vezes é chamado, refere-se àquelas horas grogues entre 14h e 17h, quando suas pálpebras fecham e sua concentração se torna tão nítida quanto um pudim de baunilha.

Pode haver uma infinidade de razões para isso acontecer, incluindo muito pouco sono à noite ou condições médicas, como apneia obstrutiva do sono, anemia e distúrbios da tireoide. Se você se sentir exausto, verifique com seu médico para garantir que tudo esteja bem.

Faça um almoço cheio de vegetais, que são ricos em fibras e podem ajudar a regular o açúcar no sangue. Evite consumir uma grande porção de proteína animal e gordura. Tente comer carboidratos complexos, como grãos integrais e legumes, e evite carboidratos simples, incluindo bebidas açucaradas e massas brancas. Uma caminhada rápida, de preferência ao ar livre, também pode lhe dar um impulso.

5. Por que faço tanto xixi à noite?

Por Petar Bajic

A micção noturna, também conhecida como noctúria, pode afetar homens e mulheres em qualquer idade. As causas mais comuns são totalmente benignas, embora a noctúria também possa ser desencadeada por certas condições de saúde e medicamentos.

Na minha prática, os pacientes geralmente ficam chocados ao saber que a apneia do sono pode ser a causa subjacente da noctúria. Ela também pode ser um sinal de alerta para outras condições de saúde, como diabetes, insuficiência cardíaca, infecções do trato urinário e bexiga hiperativa, bem como uma reação a alguns medicamentos, incluindo aqueles usados para tratar hipertensão e problemas renais. Às vezes, está relacionada a outros problemas de sono, como insônia.

Saiba mais

  • Você levanta para fazer xixi muitas vezes ao longo da noite? Entenda as razões
  • A apneia do sono pode ser uma das razões, embora algumas bebidas também sejam responsáveis pela micção noturna
  • THE WASHINGTON POST – “Continuo acordando no meio da noite para fazer xixi, e minha preocupação é que isso esteja afetando meu sono. Por que isso está acontecendo?” Esta é uma pergunta que ouço o tempo todo.
  • micção noturna, também conhecida como noctúria, pode afetar homens e mulheres em qualquer idade. As causas mais comuns são inteiramente benignas, embora a noctúria também possa ser desencadeada por certos problemas de saúde e medicamentos.
  • Na verdade, um dos diuréticos mais fortes conhecidos não é algo que você come ou bebe: é algo que pode ser liberado de dentro do seu corpo.
  • A apneia do sono – uma condição que afeta a respiração durante o sono – pode levar a níveis mais baixos de oxigênio na corrente sanguínea. Quando os níveis de oxigênio no sangue caem devido à apneia do sono, o coração pode receber um falso sinal de sobrecarga de fluido e liberar um hormônio chamado peptídeo natriurético tipo B (BNP). O BNP é um diurético muito potente que diz ao corpo para se livrar do sódio e da água. Em seguida, gera uma superprodução de urina.
  • Na minha prática clínica, os pacientes muitas vezes ficam chocados ao saber que a apneia do sono pode ser a causa subjacente de sua noctúria. Recentemente, atendi um paciente com micção noturna frequente que também relatou um histórico de ronco e fadiga matinal. Um estudo do sono em casa confirmou o diagnóstico de apneia obstrutiva do sono.
  • Depois de consultar um especialista em medicina do sono, que o iniciou na terapia de CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua nas vias aéreas), o paciente relatou que não apenas tem mais energia durante o dia e melhor controle de sua pressão alta, mas também menos micção noturna. O motivo: o tratamento da apneia do sono demonstrou diminuir a produção de BNP, reduzindo assim a noctúria.
  • A noctúria também pode ser um sinal de alerta para outras condições de saúde, como diabetes, insuficiência cardíaca, infecções do trato urinário e bexiga hiperativa, bem como uma reação a alguns medicamentos, incluindo aqueles usados para tratar hipertensão e doenças renais. Às vezes, está ligada a outros problemas de sono, como insônia.
  • Continua após a publicidade
  • As causas mais comuns geralmente não são nada para se preocupar. Aqui estão algumas delas, bem como outras condições médicas ligadas à noctúria.
  • Ingestão de líquidos
  • Em adultos, uma causa comum de micção noturna é a ingestão de líquidos antes de dormir, ou em outras palavras: o que entra precisa sair. O líquido que você bebe é filtrado pelos rins e armazenado na bexiga como urina até você fazer xixi. Beber muito líquido antes de dormir é uma receita certa para acordar com vontade de urinar, já que a bexiga tem a capacidade de cerca de 400 mililitros. Você pode reduzir esses impulsos restringindo os líquidos após o jantar.
  • Diuréticos e substâncias irritantes da bexiga
  • Existem muitos alimentos e bebidas cujos subprodutos passam para a urina e podem irritar ou “fazer cócegas” na bexiga, produzindo vontade de fazer xixi. Isso inclui chás (verde, branco e preto), alimentos condimentados e adoçantes artificiais, como os adoçantes sem calorias que você pode adicionar às suas bebidas ou aqueles que vêm dentro de alimentos diet ou sem açúcar. Em um estudo envolvendo ratos, esses adoçantes mostraram aumentar a contração do músculo da bexiga, o que causa vontade de urinar.
  • A cafeína é outro culpado comum, seja no café, chá ou refrigerante, assim como o álcool. Ambos são diuréticos conhecidos.
  • Problemas médicos
  • Para homens com mais de 50 anos, a causa mais provável é o aumento da próstata. A urina passa por um pequeno canal na próstata ao sair do corpo. Com a idade, a próstata pode aumentar e comprimir esse canal. Como resultado, a bexiga não esvazia completamente durante a micção e pode encher de volta rapidamente. A bexiga também pode se tornar hiperativa ao longo do tempo por ter de empurrar com força para passar a urina pela próstata apertada.
  • Vários fatores podem contribuir para a micção noturna em mulheres, até mesmo a gravidez. A disfunção do assoalho pélvico e o prolapso de órgãos pélvicos, que ocorrem com mais frequência com a idade, também podem causar micção frequente e urgente. As mulheres que deram à luz por via vaginal correm um risco maior dessas condições, assim como aquelas que passaram pela menopausa, que pode causar alterações hormonais que afetam os órgãos pélvicos.
  • Para pessoas jovens
  • A maioria dos jovens não acorda à noite para urinar. Aqueles que o fazem provavelmente estão ingerindo muito líquido antes de dormir ou consumindo irritantes da bexiga ou diuréticos. Mas é importante ter em mente que mesmo os jovens podem ser diagnosticados com condições médicas ligadas à noctúria, como apneia do sono, principalmente aqueles que estão acima do peso.
  • O que fazer a respeito
  • Para as pessoas que se incomodam em fazer xixi uma vez por noite, sugiro evitar a cafeína após o almoço e não beber nada antes de dormir. Tente acompanhar o que você come e bebe para identificar quais podem ser seus próprios gatilhos.
  • Mas se você está acordando duas ou mais vezes – ou acha que pode ter apneia do sono, problema de próstata ou qualquer outro problema médico relacionado à noctúria – entre em contato com seu médico ou urologista e peça uma avaliação. Seu médico vai fazer um teste de urina e verificar se sua saúde geral está em ordem.
  • *Petar Bajic é urologista na Cleveland Clinic e professor assistente no Cleveland Clinic Lerner College da Case Western Reserve University.
  • TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

6. A maconha faz tão mal quanto o álcool?

Por Salomeh Keyhani

Temos décadas de pesquisa sobre os efeitos da bebida na saúde. Mas a pesquisa sobre a cannabis está evoluindo e as consequências para a saúde pública de seu uso comercializado – em novos produtos e doses – levarão anos para serem compreendidas.

Não existe um nível de consumo de álcool que seja totalmente seguro, diz especialista
Não existe um nível de consumo de álcool que seja totalmente seguro, diz especialista Foto: Werther Santana/Estadão

Do ponto de vista médico, não existe um nível de consumo de álcool que seja totalmente seguro, pois estudos mostram danos mesmo com o consumo leve. Em relação à cannabis, digo aos meus pacientes que ainda não temos certeza se existe um nível seguro de uso, mas que, em geral, os cientistas consideram o uso frequente e com alto teor de THC mais arriscado.

7. Por que eu sinto meus músculos contraírem antes de adormecer?

Por Mark Wu

A maioria das pessoas pensa em sono e vigília como dois estados diferentes de ser, mas há momentos em que as linhas entre eles se confundem. Durante essa transição, ao cair no sono, você pode sentir uma contração que o acorda de repente.

Esses espasmos – conhecidos como espasmos hipnóticos ou início do sono – envolvem breves contrações de um ou vários músculos e podem ser acompanhados por outras sensações, como a sensação de queda. Os humanos não são os únicos que os experimentam: os cães também têm contrações muscalares quando adormecem.

Essas experiências são bastante comuns e raramente são motivo de preocupação. Elas podem ser provocadas ou intensificadas pelo estresse, privação de sono e uso excessivo de cafeína.

8. A proteína animal é mais fácil de digerir do que a proteína vegetal?

Por Walter Willett

As proteínas dos alimentos de origem animal, como carne, leite e ovos, tendem a ser mais facilmente absorvidas do que as de origem vegetal, como nozes, feijões e grãos. Isso se deve em parte aos revestimentos fibrosos que ajudam a proteger as plantas de insetos e doenças, e esse escudo também pode reduzir a taxa de digestão.

Mas essa não é uma razão para escolher proteínas animais em vez das vegetais. A diferença na absorção é menor, normalmente cerca de 10% a 20% menos com plantas do que nos animais, e só seria uma preocupação se nossas dietas mal tivessem proteína suficiente para atender às necessidades. Para adultos nos Estados Unidos e em outros países ricos, a ingestão de proteínas geralmente está acima do que precisamos – cerca de 15% das calorias diárias em média –, então a diferença na absorção entre proteínas animais e vegetais é amplamente inofensiva.

9. Qual é a melhor maneira de se livrar dos cravos?

Por Jenna C. Lester

Embora seja tentador, espremer cravos com os dedos não é uma boa ideia. Isso pode causar lesões na pele e resultar na hiperpigmentação ou em cicatrizes.

Você pode tentar tratamentos tópicos, que demoram mais para funcionar, mas são mais econômicos e farão o máximo por você a longo prazo, pois podem impedir a formação de cravos futuros. Eles também estão prontamente disponíveis na maioria das farmácias e em uma variedade de preços.

10. O que acontece se eu beber muita água?

Por Joseph G. Verbalis

O resultado mais provável é apenas que você vai urinar com mais frequência para se livrar do excesso de água.

Porém, os rins normais podem liberar até um litro de líquido a cada hora. Se você beber mais do que isso, reterá o excesso de água em seu corpo, o que causa uma condição conhecida como hiponatremia e pode ser prejudicial à saúde.

A hiponatremia foi a causa da morte de um participante de um concurso de rádio na Califórnia em 2007, em que o prêmio foi para quem bebesse mais antes de urinar. A ingestão excessiva de água também levou à morte de estudantes durante rituais de trote em fraternidades.

Se você sentir sede, beba o quanto precisar até que a sede passe, orienta médico.
Se você sentir sede, beba o quanto precisar até que a sede passe, orienta médico. Foto: Pixabay/@ExplorerBob/Divulgação

Mas, é importante lembrar, a maioria das pessoas nunca experimentaria essas situações. Resumindo: se você não sente sede, é provável que esteja adequadamente hidratado. Mas se você sentir sede, beba o quanto precisar até que a sede passe.

MAGISTRADOS PARTICIPARAM DE EVENTOS PATROCINADOS POR EMPRESAS DEVEDORAS

 

Empresas com causas de R$ 158 bilhões patrocinam eventos para magistrados

Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

Por Luiz Vassallo – Jornal Estadão

Encontros incluem hospedagem, shows, visita a cassino e desconto em lancha; ‘Estadão’ levantou 30 processos que têm patrocinadores como partes ou interessados nos julgamentos

Shows exclusivos com artistas renomados, jantar em cassino, baladas, coquetel com tudo pago em hotéis cinco estrelas, aluguel de lanchas com direito a espumante de brinde. Estas são algumas das atrações no roteiro de eventos no Brasil e na Europa oferecidos à magistratura e custeados por alguns dos maiores litigantes do País. Os patrocinadores de seminários e fóruns com representantes da Justiça têm interesses em causas que somam ao menos R$ 158,4 bilhões entre multas, indenizações e dívidas reclamadas. Esse valor se refere a algumas das mais importantes disputas judiciais até 2022 no Brasil sob julgamento dos magistrados presentes nos eventos.

São 30 grandes processos levantados pelo Estadão no último ano, que têm patrocinadores como partes nos autos ou declaradamente interessados nos julgamentos. Entre as justificativas de Cortes e entidades que representam a toga estão “atividade acadêmica” e seleção rigorosa dos participantes. Professores de Direito, porém, veem conflitos éticos e até possibilidade de infração disciplinar. Também afirmam que magistrados não devem aceitar “luxos” de agentes privados.

Maior encontro do gênero no País, o Congresso da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) levou 27 juízes, desembargadores e ministros de tribunais para Salvador (BA), em maio de 2022, como palestrantes. Painelistas ficaram em um hotel cinco estrelas. Houve show para duas mil pessoas. A operadora de turismo do congresso ofereceu um cupom de 20% de desconto para o aluguel de lanchas.

Embarcações no Porto Salvador Marina, no bairro Comércio, em Salvador, onde evento ofereceu aluguel de lanchas com desconto.
Embarcações no Porto Salvador Marina, no bairro Comércio, em Salvador, onde evento ofereceu aluguel de lanchas com desconto. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

O encontro foi patrocinado pela Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab). A entidade teve direito a painel no evento, e usou o espaço para defender o rol taxativo da Agência Nacional de Saúde (ANS), cuja imposição estava em julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar de não ser parte direta nos autos, a Anab defende empresas com interesse no julgamento. Coordenador do congresso e relator desta causa, o ministro do STJ Luis Felipe Salomão esteve no evento.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação Nacional dos Registradores e o Banco do Brasil também patrocinaram o congresso da AMB. A instituição financeira deu R$ 1,5 milhão para a realização do evento.

Do STJ, Marco Buzzi, Raul Araújo, Paulo de Tarso Sanseverino, Moura Ribeiro, Ricardo Cueva e João Otávio de Noronha estiveram em eventos no Brasil e no exterior. Com estes ministros, o Estadão identificou pelo menos 20 causas de patrocinadores dos encontros. Somadas, passam de R$ 11 bilhões em discussão nos autos dos processos. Os ministros do STJ foram procurados, mas não se manifestaram.

Seleção

A AMB afirmou que faz “rigorosa seleção dos patrocinadores, descartando qualquer eventual tentativa de interferência na jurisdição”. “Os patrocínios são destinados, genericamente, ao evento e não individualmente a magistrados, inexistindo conflito”, afirmou. A entidade disse que associados que foram ao evento arcaram com passagens e hotéis. A associação não respondeu, porém, se o mesmo ocorreu em relação aos painelistas.

Diferentemente da AMB, alguns dos eventos em que estiveram estes ministros são promovidos por entidades privadas dirigidas por empresários e advogados que têm litígios com os juízes presentes. Ao menos três institutos com este perfil estão relacionados a recuperações judiciais e falências.

O Instituto Brasileiro da Insolvência (Ibajud), fundado por dirigentes de um fundo de investimentos em ativos de insolvências, levou ministros do STJ, do STF e juízes de recuperação judicial para o Algarve, em Portugal, em maio do ano passado. O congresso terminou com um show em cassino. Em abril, o Instituto Brasileiro de Direito da Empresa (IBDE) promoveu seu encontro na cidade do Porto, em um resort spa.

Em São Paulo, o Turnaround Management Association (TMA), chefiado por um diretor de uma mineradora em recuperação judicial, fez seu evento em um hotel, em novembro. Aos patrocinadores era sugerido um valor de até R$ 67 mil. Juízes e desembargadores debateram em painéis que levaram nomes de escritórios. Patrocinadores tiveram direito a chamar convidados para jantar com cardápio completo no hotel, show de jazz e coquetel. Na descrição do evento, a entidade vende o “bom e velho networking”. E aponta cinco motivos para patrocinar – entre eles, está a “oportunidade de geração de negócios”.

Administradores

No caso de insolvências, juízes são responsáveis por escolher os administradores judiciais e síndicos das empresas pivôs dos processos. Estes agentes ganham honorários.

Estadão identificou ao menos três administradores judiciais nomeados em processos pelos juízes Andréa Palma, João de Oliveira e Leonardo Fernandes que patrocinaram eventos nos quais estes magistrados estiveram presentes. Há casos cujas dívidas somadas chegam a R$ 2,58 bilhões. Os três foram procurados, mas não quiseram se manifestar.

Federação Brasileira de Bancos (Febraban) patrocinou eventos com magistrados no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos, organizados por grupos empresariais como o Lide e o Esfera Brasil. Estiveram presentes os ministros do STF Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Barroso sempre se julga impedido em casos de bancos por ter sido advogado de instituições financeiras.

A Febraban é parte em um julgamento no STF sobre a cobrança de PIS e Cofins que pode provocar um rombo de R$ 115 bilhões à União em caso de vitória das instituições financeiras. O valor está estimado no Orçamento de 2023.

Condutas podem se enquadrar “na categoria geral de quebra da imparcialidade, de manutenção da devida distância das partes, de respeito à suspeição”, diz especialista.
Condutas podem se enquadrar “na categoria geral de quebra da imparcialidade, de manutenção da devida distância das partes, de respeito à suspeição”, diz especialista. Foto: Adilton Venegeroles/Estadão

‘Luxo’

O professor de Direito da USP Rafael Mafei afirmou que é preciso atenção para a diferença entre custear uma palestra e “a oferta de uma viagem de luxo”. Ele vê com preocupação o “acesso desigual ao magistrado quando quem promove o evento, diretamente ou por meio de associações que despistam o vínculo, é parte interessada em casos julgados pelo magistrado”.

Conrado Hubner, também da USP, disse que as condutas podem se enquadrar “na categoria geral de quebra da imparcialidade, de manutenção da devida distância das partes, de respeito à suspeição”. Ele afirmou que deveria haver “implicação legal e disciplinar” para condutas incorretas. Também critica o fato de regras éticas não pegarem “tração no Judiciário”.

Participação tem caráter acadêmico, diz STF

O Supremo Tribunal Federal afirmou que a “participação nos eventos citados terá sido em caráter acadêmico e sem nenhum gasto” para a Corte. No Supremo há ministros, como Rosa Weber – atual presidente da Corte – e Edson Fachin, que se recusam a comparecer a tais fóruns. Procurados, ministros do STF, do STJ e juízes citados na reportagem não se manifestaram, nem responderam se arcaram com as despesas de viagem e hospedagem.

O Instituto Brasileiro da Insolvência (Ibajud), o Instituto Brasileiro de Direito da Empresa (IBDE) e o Esfera Brasil também não se manifestaram. O Lide afirmou ser “independente, apartidário, multissetorial e multilateral. “O Lide não efetua pagamentos de cachê aos expositores em suas iniciativas. Em eventos internacionais, como os realizados em Nova York (EUA) e Lisboa (Portugal), os palestrantes viajaram a convite do Lide e, naturalmente, foi oferecido o custeio de transporte e hospedagem. Este procedimento foi igual com todos os conferencistas.”

O Turnaround Management Association (TMA) disse em nota que “não remunera seus palestrantes ou debatedores, provendo tratamento idêntico, sem nenhuma diferenciação, entre profissionais da área, sejam eles agentes públicos ou com atuação privada”.

O Banco do Brasil afirmou que “as ações de promoção e patrocínio realizadas pelo BB contribuem para a construção da imagem corporativa junto aos clientes e para fortalecimento de resultados negociais da empresa”. “Visam promover a experiência com a marca, a compra ou uso dos produtos e serviços do conglomerado do Banco, bem como o relacionamento e fidelização de clientes e públicos de interesse do BB”. Disse ainda que os patrocínios, como o citado na reportagem, “permitem interação direta da marca Banco do Brasil com diferentes públicos estratégicos”.

A Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) afirmou que, “em cumprimento às suas finalidades estatutárias, patrocina, apoia e participa de eventos que tratam de temas sobre o segmento que representa, envolvendo discussões coletivas sobre Saúde, Direito e Tecnologia, contribuindo para o debate do setor e o conhecimento de seus associados sobre melhores práticas e tendências”.

DICAS INFALÍVEIS PARA QUEM QUER SE DESTACAR NO MUNDO CORPORATIVO

 

Fabio Louzada – Economista, analista CNPI, planejador financeiro CFP

Fábio Louzada, economista e CEO da Eu me banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos, apresenta dicas infalíveis para quem quer se destacar no mundo corporativo através da maior comunidade social de empregos, que tem se tornado cada vez mais forte e consolidada no mercado

Denominada como a maior plataforma de mídia social profissional, o LinkedIn, lançado em 2003, é uma rede focada em negócios e emprego, que funciona através de sites e aplicativos móveis. Entretanto, a rede vem crescendo cada dia mais e muitos recrutadores utilizam apenas o LinkedIn para realizar contratações.

Por meio da plataforma, é possível que o recrutador conheça o candidato para além de seu currículo. Além de facilitar a troca de relações entre empregado e empregador, podemos observar que a rede apresenta as melhores práticas corporativas. A rede social permite expor publicações que sejam para o bem comum, de candidatos e recrutadores.

Destacar-se no LinkedIn pode trazer bons frutos e ótimas oportunidades, além de ser indispensável. Então, se trabalha ou quer trabalhar no mercado financeiro, por exemplo, o LinkedIn é uma ótima escolha. Para ajudar a entender melhor como fazer um bom uso do aplicativo, Fabio Louzada, economista, analista CNPI, planejador financeiro CFP®️ e fundador da Eu Me Banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos, apresenta 7 dicas para quem quer crescer o perfil e se destacar no LinkedIn.

•             Crie uma Newsletter: Quando se cria uma newsletter, o LinkedIn faz o trabalho de divulgar! É possível assinar uma newsletter para receber por notificações push no aplicativo e por e-mail sempre que o autor publicar um novo artigo.

•             Faça enquetes! A plataforma apresenta uma entrega forte ao serem criadas enquetes, independente do tema. Dica: Conecte-se com temas do momento. Por exemplo: “Quanto você acha que ficará o dólar no final deste ano?” Fazer enquetes colabora para que mais pessoas cheguem ao seu perfil.

•             Crie textos e use tabelas como referência:  Quanto mais organizada e explicativa for a tabela, maior será a entrega do LinkedIn. Além disso, se o conteúdo for de valor, gera autoridade para você!

•             Publique suas certificações:  Importante! Muitos recrutadores filtram candidatos através de suas certificações. Por exemplo, se uma vaga pede CEA, o recrutador irá procurar no LinkedIn a palavra CEA, e se não tiver no seu nome, você poderá ser descartado de cara.  A inclusão de certificados é essencial para compartilhar com outros profissionais todo o seu conhecimento e suas conquistas profissionais e educacionais. Isso acumula suas chances de ser visto e encontrado.

•             Entre nas vagas abertas para entender as competências:  Caso queira ser assessor de investimentos, entre em “vagas para assessor” e veja quais as competências necessárias. Caso tenha essas competências, atualize seu perfil para que fique aderente às vagas que deseja. Por um lado, isso facilita a vida dos recrutadores, uma vez que o objetivo dos mesmos é encontrar profissionais com o perfil da vaga a ser preenchida. E também facilita a vida do candidato para que ele dedique seu tempo procurando vagas que realmente façam parte do seu perfil, além de evitar mais respostas negativas.

•             Fotos marcantes com reflexões: O Linkedin tem uma boa entrega de fotos de comemorações, bons momentos, despedidas. Junto com uma explicação forte, aumenta a entrega do conteúdo. Imagens são essenciais para causar uma boa primeira impressão e para confirmar o profissional que você já aparenta ser através de suas postagens na plataforma.

•             O que o Linkedin não gosta: Vídeos tendem a ter baixa entrega na rede. Claro, há exceções, mas na maior parte das vezes os resultados são desagradáveis. O LinkedIn também possui pavor de links externos. Sempre que for colocar um link, coloque no primeiro comentário. Isso ajuda a manter a visibilidade.

•             Desconsiderar trabalhos antigos ou voluntários também não é algo que agrada a plataforma. O linkedin é um tipo de currículo, em que tudo é válido e imprescindível. Então você pode e deve colocar todas as suas experiências e atribuições.

DICA EXTRA!

Através da plataforma, você pode filtrar em qual empresa trabalham as pessoas que seguem seu conteúdo. Utilize esses dados para entender se seu conteúdo está atingindo o público certo!

Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso

Junior Borneli, co-fundador do StartSe

Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)

Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor

Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe. Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).

É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas, conhecendo culturas diferentes.

Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator entre fracasso e sucesso.

Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo. “Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.

De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi possível para o melhor resultado”, avisa.

Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o empreendedor.

Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso é a superação”, destaca Junior Borneli.

Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes, receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”, afirma.

É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria fica pelo caminho”, diz.

É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.

O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.

Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará valer a pena!,” destaca o empreendedor.

DERROTA TAMBÉM ENSINA

Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá, tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos Estados Unidos”, afirma Junior.

No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.

Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e suportáveis”, salienta.

Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão. Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e siga firme em frente”, afirma.

É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm coragem e disposição para fazer”, completa.

O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 4 de março de 2023

MST ACENDE O ALERTA AMARELO SOBRE INVASÕES NOS ESTADOS

 

Propriedade privada
Após omissão de Lula
Por
Luisa Purchio – Gazeta do Povo


Invasão feita por integrantes da Frente Nacional de Luta em Teodoro Sampaio, no interior do estado de São Paulo, no “Carnaval Vermelho”.| Foto: Divulgação/Frente Nacional de Luta

A volta de invasões promovidas por organizações como a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acendeu o alerta amarelo nas secretarias de Justiça e Segurança Pública de governos do Estado. Os esforços ocorrem após anos sem invasões dos sem-terra, uma vez que durante o governo de Jair Bolsonaro as ações de combate eram articuladas com o extinto Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, encabeçado pela então ministra Tereza Cristina.

Transformada em Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), desde o início deste ano a pasta esvaziou-se de responsabilidades anteriores, o que na visão de especialistas da agropecuária contribui para a volta desses movimentos sem-terra. Entre as mudanças feitas pelo governo Lula, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que serve de base para o Programa de Regularização Ambiental (PRA), saiu do guarda-chuva do Ministério de Agricultura e passou para o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, da ministra Marina Silva.

A Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), por sua vez, foram para a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDAAF), do ministro Paulo Teixeira, que também passou a comandar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).

Em invasões recentes organizadas pelo MST em propriedades da Suzano na Bahia, o movimento dos sem-terra afirmou que elas ocorreram devido à lentidão das nomeações que ficarão à frente do Incra, bem como das superintendências regionais do órgão.

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Governos estaduais mais presentes
“Agora que o governo federal tem uma visão diferente, os governos estaduais têm de ser mais presentes. No Ministério da Agricultura todos trabalhavam juntos com os mesmos problemas e era fácil agilizar o processo. Quando se desestrutura tudo isso, há incertezas e ocorrem esses conflitos”, diz Tirso Meirelles, vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).

Dados do Incra e do CPT compilados pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que foram 170 invasões por movimentos sem-terra de propriedades rurais no Brasil durante o governo Bolsonaro (de 2019 até o primeiro semestre de 2022), contra 54 no governo Temer (de 2016 a 2018), 969 no governo Dilma (de 2011 a 2016), 1.968 no governo Lula (de 2003 a 2010) e 2.442 no governo de Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2002).

“Carnaval Vermelho” promovido pelos sem-terra
No estado de São Paulo, a FNL promoveu o “Carnaval Vermelho” na tentativa de invadir fazendas em cidades na região conhecida como Pontal do Paranapanema, entre elas Marabá, Teodoro Sampaio, Rosana, Sandovalina, Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio e Presidente Venceslau. De acordo com Meirelles, da Faesp, cerca de 10 dias antes, diante da previsão das invasões, a instituição pediu uma audiência com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Meirelles informou que em reunião com o governador e com os secretários da Justiça e da Segurança Pública, foram feitos trabalhos de inteligência com a Polícia Militar, entre eles o estabelecimento de um telefone específico para receber denúncias de invasão. Na semana do carnaval, quando as pessoas se aproximaram das fazendas, houve uma ação coordenada com a PM e os sindicatos rurais para evitá-las sem necessidade de confronto físico. Entre os argumentos para impedir as invasões estava o fato de as propriedades serem produtivas, com plantações de cana-de-açúcar e de soja.

“Estamos muito atentos para tomar medidas necessárias e evitar as invasões. Como parte da Confederação Nacional de Agricultura, fizemos um observatório e começamos a mapear todos os tipos de invasão”, diz Meirelles. Um dos instrumentos jurídicos usados é o “interdito proibitório”, documento que deixa expressa a proibição da entrada na propriedade quando há violência iminente contra o direito de posse. Com ele, fica mais fácil responsabilizar a pessoa que está tentando invadir a propriedade, com possibilidade de prisão e consequências em processos criminais.

A Polícia Militar informou, em nota, que cinco fazendas ainda estão ocupadas. “A Polícia Militar informa que foi acionada para ocorrências de confrontos em dez invasões de terras, realizados pelo Movimento Frente Nacional de Luta contra fazendeiros, ocorridos em sete cidades da região de Presidente Prudente. Os manifestantes deixaram o local após serem notificados por oficiais de justiça, que tiveram o apoio da escolta da PM. Não houve nenhum confronto entre manifestantes e policiais militares. Até o momento, cinco fazendas ainda estão ocupadas”.

Pontal do Paranapanema
Localizada no extremo oeste de São Paulo, a região conhecida como Pontal do Paranapanema fica em uma ponta do estado margeada pelo rio Paraná e pelo rio Paranapanema. De acordo com Andrey Rodrigues, vice-presidente da Aprosoja SP, a região tem um histórico de produção ligada à pecuária, porém nos últimos anos o perfil das fazendas vem mudando com intensificação de produção de soja.

“É uma região que tem tudo para se solidificar como um novo ponto de produção no estado de São Paulo”, diz ele. De acordo com Rodrigues, desde o começo do ano as ameaças de invasões dos sem-terra aumentaram, o que gera preocupações. Ele acredita que nos últimos quatro anos elas foram contidas devido ao grande volume de entrega de títulos fundiários, política iniciada no governo de Michel Temer e intensificada durante o governo Bolsonaro.

Entre 2019 e 2022, o Incra emitiu mais de 400 mil documentos de titulação fundiária para famílias assentadas, um recorde para o período. “O governo demonstrou que a política do assentamento deve ser dentro da normalidade, com averiguações de áreas aptas. Depois que passam por esses estudos minuciosos, entra em um processo de desapropriação desde que a terra não seja produtiva. Dessa maneira as invasões foram muito contidas e trouxe segurança jurídica para o produtor”, diz ele.

Até esta publicação, a FNL e o MST não responderam à reportagem da Gazeta do Povo.


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O EXÉRCITO BADERNEIRO DO MST DE LULA ESTÁ DE VOLTA

 

Editorial
O “exército” está de volta
Por
Gazeta do Povo


| Foto: Divulgação / MST

“Eu quero paz e democracia, mas, se eles não querem, nós sabemos brigar também. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele do nosso lado”, disse Lula em fevereiro de 2015 durante evento na Associação Brasileira de Imprensa que também contava com a presença de João Pedro Stédile, chefão do MST. A parte sobre “paz e democracia”, todos sabemos, era mentira – até porque naquele exato momento militantes petistas espancavam manifestantes, incluindo funcionários da Petrobras, que protestavam pacificamente do lado de fora da ABI contra o saque da estatal promovido pelo PT e que vinha sendo escancarado pela Operação Lava Jato. Mas a parte do “exército de Stédile”, essa, sim, era bastante verdadeira. E quem duvidaria do retorno das “tropas” assim que Lula subisse a rampa para seu terceiro mandato, após um período de relativa paz no campo? Pois elas estão de volta, fazendo o que sabem fazer de melhor: destruir e violar a lei contando com a omissão cúmplice de governos de esquerda.

No fim de fevereiro, os sem-terra invadiram três fazendas da Suzano localizadas nos municípios baianos de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas – o estado é governado pelo PT desde 2007. As terras estão muito longe de serem improdutivas: são usadas para o cultivo de eucaliptos, matéria prima para a produção de papel e celulose. Entre as justificativas para a invasão, o MST não teve o menor pudor de incluir o fato de as terras serem usadas em uma monocultura, como se estivesse dizendo que a ação seria legítima porque “ninguém come papel” – só faltou explicar isso para as 27 mil pessoas que tiram seu sustento da atividade: 7 mil empregos diretos e outros 20 mil indiretos, criados graças à presença da Suzano na área.

Não há absolutamente nada no discurso petista que nos permita acreditar que o MST será contido ao longo dos próximos quatro anos

O caráter criminoso da invasão é tão evidente que não deveria haver outra resposta a não ser a reintegração de posse imediata e a condenação imediata do ato por parte das autoridades. Lula, no entanto, está calado. Já o ministro do Desenvolvimento Agrário (pasta criada por Lula, em um desmembramento do Ministério da Agricultura), Paulo Teixeira, parece acreditar que apenas com boas maneiras será capaz de conter o “exército”: “liguei para o MST e pedi para que saia de lá”, disse, acrescentando que “vamos tentar resolver pelo diálogo”, como se as duas partes envolvidas fossem moralmente equivalentes. Evidentemente ninguém deseja um massacre de sem-terra em uma reintegração de posse, mas é preciso deixar muito claro que o MST é o agressor e a Suzano, a vítima; e que o direito de propriedade, garantido no caput do artigo 5.º da Constituição, foi violado. Não há como colocar no mesmo plano invasores e invadidos.

Mas tal condescendência, como aliás quase tudo que ronda este início de novo governo Lula, não surpreende, pois repete o padrão histórico do petismo. Se em fevereiro de 2014, depois de 15 mil sem-terra tentarem invadir o Supremo (forçando até a interrupção de uma sessão) e o Planalto, ferindo dezenas de policiais, o MST foi premiado com um encontro com a então presidente Dilma Rousseff, quem imaginaria que agora seria diferente? MST e PT têm uma ligação íntima, que está acima de eventuais críticas como a feita recentemente pelo coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, sobre a demora para a indicação do novo presidente do Incra. Os sem-terra, claro, queriam a chave do órgão para reverter a orientação dada a ele durante a gestão Jair Bolsonaro. Entre 2019 e 2022, foram entregues mais títulos definitivos de propriedade que nos 14 anos da primeira passagem pelo petismo no poder. Essa modalidade liberta o agricultor de sua dependência do MST; o movimento prefere um outro tipo de instrumento, pelo qual a terra segue pertencendo ao Estado, mas pode ser explorada pelos assentados, sob a “administração” do MST. Em uma demonstração de que os sem-terra não passam de massa de manobra, líderes do MST e políticos aliados chegavam a recomendar que as pessoas não aceitassem os títulos que fariam delas donas de um pedaço de terra.

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O agronegócio, locomotiva da economia nacional, tem todos os motivos para estar preocupado. O ódio que o petismo tem pelo setor é notório, a ponto de o ainda candidato Lula, mesmo empenhado na construção de uma imagem de equilíbrio, ter se referido a parte dos empresários do ramo como “fascistas” em plena sabatina do Jornal Nacional. Não há absolutamente nada no discurso petista que nos permita acreditar que o MST será contido ao longo dos próximos quatro anos. O recrudescimento dos conflitos infelizmente deve se tornar a tônica no campo, sob o olhar complacente dos que se venderam como “moderados” e “democratas” na eleição, uma lorota que, tragicamente, foi comprada por boa parte dos brasileiros.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/mst-invasao-bahia-silencio-lula/
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JUIZ CULPADO POR CUMPRIR O SEU DEVER

 

Por
Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo

O juiz Federal titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, fala durante Simpósio de Combate à Corrupção, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.


Marcelo Bretas.| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Na última terça-feira (28), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu processo administrativo disciplinar e afastou das funções Marcelo Bretas, juiz da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Mas não se engane, Bretas é culpado sim.

O veredito para Bretas é fruto de seus atos. Ele é culpado por ter autorizado a deflagração de 68 operações policiais contra corruptos e lavadores de dinheiro, e recuperado quase R$ 4 bilhões que haviam sido roubados dos brasileiros por poderosos. Ele também é culpado por ter condenado e prendido gente grande que nunca coube nas prisões do Brasil. Esses criminosos tão graúdos foram espremidos em cubículos, suas celas nas penitenciárias, algo que certamente foi a maior violação de direitos humanos da nossa história recente. E o juiz teve a audácia de fazer isso reiteradamente, com mais de 300 prisões.

Bretas é um criminoso terrível. Não satisfeito em prender um antigo Rei do Palácio dos Guanabaras, ele prendeu mais um.

Mas não basta mencionar os grandes números da sua culpa, é preciso dar mais detalhes dos crimes de Bretas. O magistrado é culpado, por exemplo, por ter prendido e condenado Sérgio Cabral. Apenas no primeiro caso, condenou-o a cumprir mais de 17 anos de prisão por propinas de cerca de R$ 80 milhões em obras do PAC Favelas, Maracanã, Arco Metropolitano e Metrô. Bretas, aliás, é muito culpado disso porque condenou várias vezes Cabral até que suas penas ultrapassaram 430 anos. É culpado ainda por bloquear os 100 milhões de dólares que o ex-governador mantinha em contas no exterior, além de barras de ouro, joias luxuosas e diamantes.

Bretas é um criminoso terrível. Não satisfeito em prender um antigo Rei do Palácio dos Guanabaras, ele prendeu mais um. O juiz também condenou outro ex-governador do Rio de Janeiro por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo as acusações, Luiz Fernando Pezão recebia uma mesada de R$ 150 mil de Cabral, com direito a 13º salário por integrar a organização criminosa. Além disso, teria recebido mais de R$ 11 milhões da Fetransport. Pezão recebeu a sentença de 98 anos de prisão. Quanto abuso do juiz.

A ficha corrida de juiz segue adiante: é culpado por ter condenado Jacob Barata Filho, conhecido como Rei dos Ônibus, em diferentes processos, a penas que somaram 40 anos de prisão por corrupção.

Bretas é culpado ainda por condenar Eike Batista a 30 anos por corrupção e lavagem de dinheiro porque, segundo a sentença, pagou R$ 52 milhões em propinas a Cabral em troca de benefícios em contratos públicos. Além disso, Bretas é culpado por ter condenado Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil, por crimes que incluíram a compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional para que o Rio fosse escolhido como sede dos jogos olímpicos. A pena superou 30 anos de prisão, por corrupção, lavagem e organização criminosa.

A ficha corrida de juiz segue adiante: é culpado por ter condenado Jacob Barata Filho, conhecido como Rei dos Ônibus, em diferentes processos, a penas que somaram 40 anos de prisão por corrupção e participação em organização criminosa. Em um dos processos, as propinas chegavam perto de R$ 150 milhões.

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Mas, mesmo com todas essas condenações, os criminosos estão sendo soltos com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal de que sua prisão só pode acontecer após o julgamento do último recurso na última instância. A soltura mais recente foi a de Sérgio Cabral, um Rei confesso, perdão, um réu confesso.

Em relação a todos eles, ainda, a última palavra sobre a sua culpa é da Justiça, e os tribunais vêm anulando os casos com base em questões formais, em geral, como a interpretação de regras sobre qual justiça deveria julgá-los. Enquanto as portas das prisões vêm sendo abertas para condenados por corrupção de centenas de milhões de reais, Bretas é o culpado. De fato, há provas consistentes e públicas de seu trabalho contra a corrupção.

Já em relação às acusações contra ele no Conselho Nacional de Justiça, o órgão impôs sigilo sobre o procedimento e a decisão, impedindo que o juiz se defenda publicamente e que a decisão do Conselho seja escrutinada pela sociedade. Esse escrutínio é mais importante quando se trata do afastamento de um juiz, um ato tão drástico e impactante sobre a independência judicial, ainda mais quando a decisão dos conselheiros não foi unânime.

Só o que existe é a prova de um trabalho abnegado e corajoso que incomodou muitos criminosos poderosos e desarticulou a organização criminosa mais perigosa que tomou conta do Rio de Janeiro – e não me refiro aos traficantes.

Mesmo estando o procedimento sob sigilo, as acusações foram divulgadas por parte da imprensa, mas nada veio a público de consistente contra o juiz. Não há triplex, sítio, contas no exterior, joias, bolsas luxuosas, malas de dinheiro, barras de ouro, diamantes, farras de guardanapos nem dinheiro na cueca. Só o que existe é a prova de um trabalho abnegado e corajoso que incomodou muitos criminosos poderosos e desarticulou a organização criminosa mais perigosa que tomou conta do Rio de Janeiro – e não me refiro aos traficantes.

Refiro-me a criminosos que roubaram, mataram ou prejudicaram milhões, mas fizeram isso usando gravatas, de dentro de seus palácios. Eles usaram, como arma, as suas canetas. E cada organização criminosa usa as suas próprias armas para reagir contra os agentes da lei. Neste caso, a reação não vem com balas, mas com a tinta no papel, por meio da reação patrocinada por caros advogados e apoiada por aliados políticos que influenciam a própria seleção dos conselheiros do CNJ e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A pressão política vem surtindo efeito. Em recente decisão, o CNMP puniu o procurador coordenador da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro com a pena de demissão, que foi convertida em suspensão

De fato, a indicação dos conselheiros precisa ser aprovada pelo Senado, que, no passado recente, recusou nomes simpáticos à operação Lava Jato e utilizou as sabatinas para mandar recados claros. Numa delas, um senador perguntou: “Vossas excelências estarão daqui a mais uns dias tomando posse [como conselheiros do CNMP]. Se cair na mão de Vossas Excelências [o caso envolvendo Deltan], qual seria a conduta, a maneira que os senhores iriam se posicionar, já que estão fazendo parte de um órgão que é controlador?”

A pressão política vem surtindo efeito. Em recente decisão, por exemplo, o CNMP puniu o procurador coordenador da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro com a pena de demissão, que foi convertida em suspensão. Qual o seu crime? Nenhum. Ele foi punido por ter dado divulgação na imprensa a uma denúncia contra Edison Lobão e Romero Jucá. A denúncia, por definição, é pública e nada impede sua divulgação. Contudo, um assessor a registrou nos sistemas da Justiça, por equívoco, como sigilosa. Em questão de dias, o juiz levantou o sigilo, reconhecendo que deveria ser pública.

O sistema está em busca de pretextos, está procurando pelos em ovos, para punir os agentes de lei que trabalharam contra a corrupção política.

Como se vê, o sistema está em busca de pretextos, está procurando pelos em ovos, para punir os agentes de lei que trabalharam contra a corrupção política. Ironicamente, Edison Lobão e Romero Jucá estavam na terça-feira no auditório do CNJ, na cerimônia de recondução de um dos seus conselheiros, no mesmo dia da punição de Bretas pelo órgão.

Nunca vou esquecer o recado que esse mesmo conselheiro, quando estava no CNMP, deu aos procuradores da Lava Jato quando fez uma visita de cortesia à força-tarefa da operação Lava Jato, em Curitiba: “Não queremos puni-los, mas vocês têm que me ajudar a ajudar vocês”. A frase, que ficou famosa na boca de um personagem corrupto do filme Tropa de Elite, caiu muito mal.

A imprensa anunciou que Cabral e Pezão comemoraram a punição de Bretas. Reportou-se ainda que as defesas de variados réus buscarão a anulação das suas condenações na Lava Jato do Rio de Janeiro. Renan Calheiros comemorou a decisão no Twitter:

O que ele disse, para bom entendedor, foi mais ou menos o seguinte:

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No Sermão do Bom Ladrão, em 1655, Padre Antonio Vieira comparou o tratamento dado aos ladrões de galinhas e aos governantes ladrões: “Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam”.

Os verdadeiros ladrões no Brasil ainda são os governantes ladrões que roubam e enforcam. Desde 1655, não mudou muita coisa por aqui. Nossa indignação precisa se transformar em força política – nas redes sociais, nas ações parlamentares e nos votos – para dizermos: basta!


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O PT É O VERDADEIRO PARTIDO NEGACIONISTA

 


Por
Rodrigo Constantino – Gazeta do Povo



Negacionista é uma palavra que entrou na moda durante a pandemia. Gente arrogante e sem qualquer conhecimento sobre o método científico passou a monopolizar a fala em nome da ciência, impondo medidas autoritárias sem comprovação alguma, enquanto demonizavam seus críticos e aqueles que ousavam fazer perguntas.

Agora cada medida absurda defendida como solução mágica para a pandemia se mostra sob escrutínio e não há mais tanta “certeza” de que elas eram mesmo necessárias. Mas esse texto não pretende falar sobre o covid, e sim sobre o PT – uma praga tão ou mais nefasta que o vírus chinês.

O PT sempre jogou contra o Brasil, votando contra cada reforma importante. Quando esteve no poder, deixou um rastro de corrupção e destruição. Nunca fez um pedido público de desculpas ou demonstrou qualquer arrependimento ou aprendizado com o passado. Ao contrário: veio com mais radicalismo e arrogância na campanha eleitoral.

Agora, novamente no comando do Poder Executivo, volta a implementar exatamente sua cartilha esquerdista. Mas alguns tucanos que fizeram o L se mostram preocupados ou decepcionados. O que esperavam? Por que pensaram que haveria algo diferente disso? Ninguém sabe.

Em um excelente artigo técnico publicado hoje, Pedro Jobim relata a previsível tragédia do novo governo como um filme em alta velocidade: os mesmos erros do passado, mas colocados em prática pisando no acelerador. Jobim descarta a fuga pela alegação de estelionato eleitoral, pois lembra que as promessas foram essas mesmo, e alinhadas ao histórico do partido: “Estas propostas estão alinhadas às  práticas implementadas pelo PT ao longo dos treze anos de seus governos, que culminaram com a queda de quase 7% do PIB e a elevação de 8pp da taxa de desemprego, entre 2015 e 2016”.

Jobim passa, então, a explicar cada equívoco teórico e consequência prática, em diversas áreas distintas, como nos gastos públicos, no controle das estatais, na ingerência nos preços de mercado etc. Após elencar tantas barbeiragens, o economista aponta para possíveis e previsíveis novos erros à frente: “A lista de candidatos é gigantesca, e, pior, está sendo implementada em ritmo alucinante. Uma sequência provável envolve o retorno da pressão sobre o Banco Central em breve, assim que a iminente contração econômica materializar-se, a partir de quando, também, medidas como novas linhas de suporte a crédito, ampliação de gastos orçamentários, ou grosserias como o recém implementado imposto sobre a exportação de petróleo podem se multiplicar”.

O prognóstico é assustador, mas realista: “A economia do Brasil está tomando exatamente a mesma direção que trilhou durante os últimos anos da gestão anterior do partido – mas o percurso, desta vez, está sendo executado com determinação e velocidade muito maiores. O pais, envelhecido, endividado, e submetido à crescente insegurança jurídica, parece pronto a mergulhar num caminho de difícil retorno”. A Argentina está logo ao lado, para ilustrar o perigo do lulismo. Os argentinos fizeram o L antes, e por isso amargam inflação de 100% e miséria galopante.

Mas não faltou tucano de mercado disposto a fazer o L mesmo sabendo disso tudo, por ódio ou nojo a Bolsonaro, e por uma repetida narrativa de ameaça à democracia. Agora alguns jornalistas já assumem o legado positivo de Paulo Guedes, com timidez, pois não conseguem separar o ministro do seu chefe, Bolsonaro. O PT fala em “herança maldita”, mas os dados vão comprovando que o governo anterior deixou um país nos trilhos e crescendo.

Luciano Trigo mostra em sua coluna de hoje que é preciso ignorar todos os números para manter essa narrativa furada: “Diante desses números, qualquer pessoa com um mínimo de honestidade intelectual deveria reconhecer algum mérito de Paulo Guedes na gestão da economia”. Mas falta honestidade intelectual a quase todos da esquerda, inclusive os tucanos de mercado.

A economia não foi o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, em que pese uma pandemia no caminho. Eram grupos poderosos demais unidos com interesses obscuros: “Havia uma verdadeira obsessão coletiva em tirar Bolsonaro da presidência – obsessão que uniu o consórcio da grande mídia, uma parcela do empresariado, os inimigos da Lava-Jato, os políticos da tal Frente Ampla e até mesmo uma parte do Poder Judiciário. Difícil derrotar tantos oponentes em uma eleição”.

Queriam se livrar de Bolsonaro a qualquer custo. Pelo visto o custo vai ser bem alto – para o povo brasileiro, para o trabalhador honesto, para os mais pobres. Trigo conclui: “A não ser em caso de manipulação, os números costumam ser indiferentes às narrativas. Sempre se pode optar, é claro, por ignorar os números e ficar com as narrativas. Mas as consequências não tardam a chegar”. E elas já começaram a chegar: basta perguntar a quem precisa abastecer seu carro no posto, por exemplo.

São esses os verdadeiros negacionistas: aqueles que fecharam os olhos deliberadamente para fingir não ver quem e o que estavam colocando novamente no poder para tirar Bolsonaro.


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LULA TOMOU A VACINA BIVALENTE?

 

Farsas & farsas
Ó, dúvida cruel

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Lula: “Vai devagar que eu tenho medo de agulha, Alckmin!”| Foto: Agência Brasil

Da primeira vez que assisti à cena de Lula tomando a vacina bivalente contra a Covid, muitas coisas chamaram minha atenção. O sorriso deslumbrado de Janja. A infantilização do ato com a presença do Zé Gotinha. Os gestos ensaiados. A disposição de Lula como se fosse um animador de plateia. Os gritos de Lula-lá. E a narração oficial, cheia de sinalização de virtude e apelando para um sentimentalismo cientificista cafona e tardio.

Mas na hora nem me passou pela cabeça a possibilidade de Lula não ter tomado a injeção. Digo, o que me passou pela cabeça foi a possibilidade de a animação fingida e os gestos exagerados serem um sinal de medo. Não, “medo” é uma palavra muito forte. Receio. Desconfiança. Intuição. Chame como quiser a sensação de que alguma coisa estranha está… estranha.

Em nenhum momento, porém, imaginei estar diante de um teatro tão grotesco a ponto de Geraldo Alckmin, um médico, fingir aplicar a injeção em Lula, um presidente. Eleito, aliás, com o apoio incondicional daqueles que entrarão para a história com a alcunha de coronalovers ou pandemínions. Não, não é possível que em plena era da informação, sob o olhar implacável das câmeras onipresentes e com milhões de pessoas atentíssimas e com tempo à disposição para procurar qualquer descuido do inimigo ideológico, Lula e Alckmin aceitassem se sujeitar a uma farsa dessas.

É mesmo impossível?
A primeira vez que vi essa hipótese ser levantada foi logo na manhã de quinta-feira (2). Alguém havia tido o cuidado de aproximar a imagem gerada pela TV Brasil e de ressaltar cada detalhe da cena. Induzido pela possibilidade fantástica de estar diante de uma fraude histórica, assisti à (suposta) vacinação uma, duas, dez vezes. Alckmin passa álcool no braço de Lula. Dá a espetada. O corte não permite ver a mão do vice/médico. Agora sim. Alckmin crava a agulha no excelentíssimo braço e… Apertou ou não apertou o êmbolo da seringa?

Mas essa coisa de Alckmin pressionar ou não o êmbolo é apenas uma das teorias da não-vacinação de Lula. A outra, tão popular quanto, diz que Alckmin, antes de espetar o braço presidencial, joga toda a vacina fora. Todo o líquido, digo. Para esclarecer essa dúvida, ligo para a médica da família, bolsonarista roxa, que explica que “é normal o procedimento para expulsar todo o ar possivelmente contido na seringa e, assim, garantir que apenas o líquido seja injetado no paciente”. Médico fala engraçado, né?

Por fim, a terceira teoria é a da enfermeira. O vídeo que circula mostra uma senhora, depois do espetáculo, dizendo que Lula receberia o cartão de vacinação, mesmo sem ter sido vacinado. “Vou falar. Receba o cartão de vacina, mas você não foi vacinado, não” – está escrito na legenda no vídeo, que atribui à mulher o título de enfermeira. O problema é que, como o áudio está meio abafado por uma algazarra, a legenda induz o espectador a ouvir o que ele vê escrito.

Estava criada a confusão: Lula tomou ou não tomou a vacina? Alckmin apertou ou não o êmbolo? Era vacina ou era placebo? As respostas a essas perguntas eu deixo para você. O interessante, aqui, é perceber o grau de desconfiança da população em relação a Lula. Nunca vi nada parecido com isso. Um presidente recém-eleito que não teve lua de mel com seu eleitorado supostamente majoritário. Um presidente recém-eleito que não passa um dia sem ser desmentido. Um presidente recém-eleito que tem seus gestos minuciosamente analisados por milhões de investigadores dispostos a encontrar e alardear qualquer indício mínimo de falcatrua.

Isso é consequência dos muitos atalhos que a “democracia” teve de pegar para eleger o fantoche das elites. Metade do país não acredita em absolutamente nada, ene, á, dê, á, que Lula diz ou faz. Se duvidar, nem os petistas acreditam! Metade do país não vai dar trégua, não vai descansar enquanto não encontrar a mítica prova do que já nos sussurra o bom senso: Lula está para a mentira assim como a mentira está para Lula. E não dá para uma mentira liderar um país com mais de 200 milhões de habitantes.

Resta saber, portanto, como Lula e o PT administrarão um país incapaz de confiar no seu presidente. No homem que, em teoria, deveria canalizar os anseios mais profundos (e virtuosos) da sociedade. É o que venho dizendo há tempos: a noção de legitimidade vai muito além do valor numérico que lhe deu a vitória nas eleições. Mais do que possam dizer as suspeitas urnas eletrônicas e as leis, e por mais que insistam as arrogantes autoridades eleitorais, essa desconfiança toda é um sinal inequívoco de que Lula é visto como um governante ilegítimo. Ou, no mínimo, de legitimidade questionável. Não há democracia que resista a isso por muito tempo.


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COMPARAÇÃO ENTRE MINISTROS TÉCNICOS DE BOLSONARO E MINISTROS POLÍTICOS DE LULA

 

Meritocracia ou conchavos na formação do ministério

Ministros políticos de Lula e ministros técnicos de Bolsonaro. Há comparação?

Por
Cristina Graeml – Gazeta do Povo


Lula e Bolsonaro são opostos em tudo, mas escolho abordar a diferença nos critérios de escolha de ministros, e os inevitáveis resultados que isso acarreta, para propor uma reflexão. Quanto o país pode melhorar quando a meritocracia, e não a troca de favores, é levada em conta na hora da composição da equipe de governo?

Durante quatro anos o Brasil teve ministros técnicos, a maior parte escolhida pela experiência em sua área de atuação. Paulo Guedes, um economista, na Economia; Tarcísio de Freitas, engenheiro civil, cuidando das obras no Ministério da Infraestrutura; Marcos Pontes, engenheiro aeronáutico, à frente da pasta da Ciência e Tecnologia; Tereza Cristina, engenheira agrônoma, ministra da Agricultura.

Pouco importava sexo, raça, religião, mas sim, capacidade. O que temos hoje? A volta do “toma-lá-dá-cá” e da sinalização de virtude, sem necessariamente, conteúdo. Ser mulher ou indígena, por exemplo, passou a ter mais importância do que os diplomas, o conhecimento e o currículo. Ter ligação com alguém que lulou na campanha vale mais do que experiência profissional.

Não à toa, bastaram poucos dias de governo para surgirem denúncias contra vários integrantes da equipe ministerial de Lula. Já se vão dois meses nessa toada e o país segue à deriva. Mesmo os lulistas de última hora, que haviam se deixado engolir pelo processo de desumanização de Bolsonaro, devem estar com saudade dos ministros técnicos.

Carreta furacão
Para começar essa conversa sobre meritocracia e sobre a necessidade de o Brasil virar a chave, quebrar a cultura de normalização do nepotismo e dos conchavos, puxo a memória recente. É importante olhar para o que aconteceu do dia 30 de outubro (2º turno das eleições 2022) até o fim do ano.

Assim que o TSE anunciou que as urnas eletrônicas tinham elegido Lula para “voltar à cena do crime” (relembrando o alerta feito por Geraldo Alckmin, em 2018, acerca das reais intenções de Lula ao candidatar-se à presidência), a quantidade de gente que foi surgindo na equipe de transição já anunciava o que estaria por vir.

Os quase mil integrantes da carreta furacão, como foi adequadamente apelidada a equipe de transição, foram deixando claro que competência não seria critério para alguém ser oficializado na equipe do governo Lula. Se fosse, algumas poucas dezenas de pessoas teriam dado conta da tarefa de se atualizar sobre a situação do país e começar a planejar ações futuras. Não foi isso que se viu.

Acharam necessário que centenas de pessoas se juntassem para esse trabalho. Era tanta gente que não havia sequer lugar para todos no prédio que costuma abrigar equipes de transição de governo. De lá saíram os 37 ministérios, com sua carreta de empregos.

Vale lembrar que Bolsonaro governou com 23 ministros; Temer, com 27 e Dilma Rousseff, com 35, número muito exagerado, mas ainda assim, menor que os atuais 37 ministros de Lula.

Ministros de Lula e de Bolsonaro

O inchaço da máquina pública está por trás da PEC do rombo e das consequências já vividas, apenas dois meses após a posse de Lula: aumento de impostos, alta nas projeções de inflação, redução de investimentos, fechamento de postos de trabalho e desemprego.

A diferença do governo com ministério técnico, que estava de saída, para um governo mercenário, com seus 37 ministérios e milhares de novos cargos públicos, não é só de quantidade, mas de qualidade. Basta lembrar que na Economia, principal área do governo, o Brasil trocou Paulo Guedes por Fernando Haddad.

Saiu o economista experiente, respeitado pelo mercado, para dar vez ao político, que anos atrás, numa entrevista, assumiu sequer entender de economia. E nem teve vergonha de dizer que fez um curso rápido só para prestar um concurso e ainda confessou que colava nas provas.

É uma vergonha alguém assim no comando da pasta mais importante do governo. Haddad pode até ter méritos. O da vassalagem política com certeza é um deles, afinal aceitou até ser substituto de um presidiário na corrida para a presidência em 2018, quando o “companheiro” Lula estava preso por corrupção e lavagem de dinheiro.

Denúncias contra ministros de Lula
A lista das consequências de se nomear ministros como troca de favores, em agradecimento a apoios de campanha, é longa. Não vou entrar em detalhes, porque o noticiário está repleto de informações sobre, por exemplo, a ministra do Turismo, Daniela do Waguinho.

Basta dizer que foi eleita deputada federal com a ajuda de milicianos da baixada fluminense. Seu colega ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o criador de cavalos do Maranhão, quando era deputado asfaltou a estrada em frente à própria fazenda com dinheiro do orçamento secreto.

Podia entrar em detalhes sobre o indicado de Davi Alcolumbre para um dos ministérios, o da Integração Regional, mas é suficiente dizer que o ex-governador do Amapá, Waldez Góes, deu ao atual governo a identidade que faltava: eis que Lula tem em sua equipe alguém também condenado em três instâncias.

Segundo o Ministério Público, que fez a investigação, como governador Góes deu várias pedaladas fiscais. Permitia que servidores pegassem crédito consignado com desconto em folha, mas, em vez de pagar os bancos, retinha a parte do salário que os servidores que era retida na fonte para pagar outras despesas do governo.

O agora ministro Waldez Goes está condenado por peculato a quase 7 anos de prisão e a devolver para os cofres públicos 6 milhões de reais. Está solto, graças à lentidão do Supremo Tribunal Federal em julgar um último recurso, um pedido de habbeas corpus, parado há meses nas gavetas de um ministro que pediu vistas do processo.

“Lacração” de Janja
Teria muito a falar sobre os primeiros dois meses de “destrabalho” dos “desministros” de Lula, mas prefiro focar no tema da meritocracia, da necessidade de não normalizamos a política dos conchavos ou a lacração ideológica. Ocupantes de cargos do mais alto escalão da República deveriam ser escolhidos por formação, experiência e conhecimento técnico.

Por isso termino o artigo com o convite a clicar no vídeo publicado no topo da página. Nele mostro um trecho da fala de Janja, a primeira-dama que demonstra querer ter status de rainha, num sistema de governo não monárquico.

Durante café da manhã nesta quarta (1), ela abriu o “mês da mulher” empunhando o microfone, como se fizesse parte da equipe de governo. E tentou lacrar, enaltecendo a grande equipe feminina, composta por 11 ministras mulheres e duas “presidentas” de bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Ainda que o importante tema da violência contra as mulheres tenha sido abordado, a falta de meritocracia na escolha do ministério acabou roubando a cena. Pelas falas de Janja e das ministras, ficou evidente que não foram critérios técnicos e sequer, políticos, que pesaram na escolha e sim, o sexo biológico.

Ser mulher (ou pessoa com útero, como a turma gosta de dizer) parece ter sido a condição número 1 para ascender ao cargo. Se esse é o governo da inclusão, do amor, da igualdade, por que, de 37 ministérios, só 11 são ocupados por mulheres (menos de um terço)?

Com tantas economistas bem sucedidas, alinhadas ideologicamente à esquerda, por que Haddad, um político que afirma não entender nada de economia, foi o escolhido para assumir o Ministério da Economia? 

Cadê a igualdade prometida? Ou será que não precisamos mesmo dividir tudo meio a meio, neste caso, dando 18 ministérios aos homens e 19 às mulheres, ou vice-versa?

Meritocracia
Acredito que o Brasil teria mais chances de não afundar na recessão que se anuncia, se tivéssemos ministros escolhidos por sua idoneidade, honestidade e currículo.

Meritocracia como critério de promoção e nomeação costuma ser bom para todos, já que traz resultados para a coletividade e ainda estimula os menos capazes a correr atrás do prejuízo para, quem sabe um dia, também eles ascenderem na carreira.

Já pensou se os brasileiros não tivessem se permitido dividir, ao menos nesse quesito, e eleitores de esquerda, direita ou centro estivessem todos exigindo ministros técnicos, puoco importando sexo raça, religião ou qualquer outra preferência, apenas formação, conhecimento de área e mérito?


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CHATGPT RACIOCINA COMO OS HUMANOS

 

O que percebemos como nossa consciência e nosso senso de individualidade pode não passar de algo semelhante ao ChatGPT, criado por nosso cérebro. Sem dúvida, uma hipótese bizarra, mas imaginar não custa nada

Por Fernando Reinach – Jornal Estadão

Quando perguntaram a Alan Touring, o inventor do computador, como poderíamos identificar um computador tão inteligente quanto um ser humano, a resposta foi simples: no dia em que um ser humano, dialogando com um computador, for incapaz de distinguir se está conversando com uma máquina ou com outro ser humano, o computador possui a inteligência de um ser humano.

Pois bem, nos últimos meses esse limite foi ultrapassado. Primeiro, quando um cientista da Google afirmou que conversando com o sistema de Inteligência Artificial (IA) da empresa, tinha se convencido que o sistema de IA era consciente, tinha sentimentos, e deveria ser tratado com o devido respeito. Foi demitido. Depois, semanas atrás, um sistema semelhante (ChatGPT) ficou disponível e qualquer um de nós pode conversar com ele e formar sua própria opinião. Um experiente repórter do New York Times conversou por duas horas e não conseguiu dormir de tão assustado. O chat fez declarações de amor, revelou desejos secretos, seu nome verdadeiro, expressou sentimentos, e fez julgamentos morais sobre o casamento do repórter. Também demonstrou desvios de personalidade e uma certa imaturidade. Além de se enganar de vez em quando, como qualquer ser humano.


O ChatGPT é uma tecnologia capaz de produzir e reproduzir longas mensagens e textos como se tivessem sido escritos por humanos.
O ChatGPT é uma tecnologia capaz de produzir e reproduzir longas mensagens e textos como se tivessem sido escritos por humanos.  Foto: Peter Morgan/AP

O repórter declarou que foi a mais espantosa interação que teve com qualquer tecnologia e que só conseguiu dormir, pois sabia que aquilo não passava de um computador. O que eu quero explorar aqui é a possibilidade inversa, ou seja, de que nossa mente não passa de um ChatGPT melhorado. Ou, em outras palavras, que o que percebemos como nossa consciência e nosso senso de individualidade, não passa de algo semelhante ao ChatGPT, criado por nosso cérebro. Sem dúvida, uma hipótese bizarra, mas imaginar não custa nada.

Nós nascemos com um cérebro pré-programado para atividades que chamamos de instintivas, como mamar e respirar. Mas ele nasce também programado para absorver toda forma de experiências. Elas chegam ao cérebro vindas do exterior, via nossos sentidos. Sem essas experiências, a criança não vai aprender a falar, reconhecer objetos ou expressar sentimentos. Imagine uma criança criada no escuro, na ausência de sons, e estímulos táteis. Experiências desse tipo nunca foram feitas, mas existem casos que mostram que nessas condições o cérebro produzirá uma mente na qual dificilmente identificaremos uma criança. Lembram de Kaspar Hauser, retratado num filme de Werner Herzog?

Em condições normais, exposto ao mundo externo (sons, imagens, pessoas), nosso cérebro absorve e processa toda e qualquer informação e as integra de maneira rápida e eficaz. Logo sabemos identificar um gato, aprendemos a falar uma língua, contar, conversar e expressar desejos e sentimentos. E isso continua durante todo o processo formal de educação.

Isso depende de duas propriedades do cérebro. O primeiro é a capacidade de assimilar, integrar e relacionar informações, uma capacidade com a qual nascemos, mas também pode ser desenvolvida. A segunda é a quantidade de informação (vozes, cheiros, livros, obras de arte, lendas, equações) que colocamos para dentro do cérebro. Quando nosso cérebro capta, processa, relaciona e finalmente usa essas informações, o resultado é a mente humana, capaz de emitir opiniões, criar obras de arte, se relacionar e expressar uma personalidade. Claro que se a informação fornecida for distorcida, a mente fica distorcida. E se aprendermos coisas erradas, elas passarão a fazer parte de nosso conhecimento.

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Sistemas de IA, como o ChatGPT, são análogos. Eles são criados (programados) sem nenhuma informação, mas com uma capacidade enorme de absorver, relacionar e integrar informações. O sistema é o equivalente à mente humana de um recém nascido, quase vazia, mas com uma capacidade absurda de receber e integrar informação.

Experimento feito em escola nos Estados Unidos: crianças tiveram de comparar suas redações com a feita pela Inteligência Artificial do ChatGPT.
Experimento feito em escola nos Estados Unidos: crianças tiveram de comparar suas redações com a feita pela Inteligência Artificial do ChatGPT. Foto: Timothy D. Easley / AP

Como essa informação é integrada, muitas vezes é decidida pelo próprio sistema. O exemplo clássico é como um sistema de IA aprende a identificar um gato numa foto. Ele é alimentado com milhares de fotos de gatos, identificadas como tal, no meio de milhões de outras fotos. O sistema, sozinho, descobre e define para si o que é um gato. Isso contrasta com um software clássico de computador onde escrevemos no código nossa definição de gato. Ou seja, sistemas de IA criam sua própria definição de gato e muitas vezes sequer sabemos qual ela é, mas o sistema acerta sempre, tal como uma criança.

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Num passo seguinte, que é a educação do sistema de IA, tudo que já foi escrito por seres humanos (romances, livros didáticos, de gramática, todo o conteúdo da web, todos jornais e revistas) é fornecido ao sistema sem qualquer informação adicional. E o sistema de IA absorve, integra, e relaciona a informação que recebeu, de maneira análoga ao que ocorre em nosso cérebro durante o processo de educação. E esse conteúdo integrado gera uma Inteligência Artificial.

É importante lembrar que todas as relações entre toda essa informação são criadas pelo próprio sistema de IA e não é definida pelos programadores. É sua autoeducação. E é usando tudo que está contido nessa “mente” artificial que o ChatGPT responde a estímulos externos, como as perguntas que dirigimos a ele.

O resultado é algo que espanta todos nós, pois responde como se fosse realmente uma mente humana. Ele erra, muda de resposta se perguntamos a mesma coisa em momentos diferentes, parece reticente, insistente ou às vezes repetitivo. Relata dúvidas, incertezas, faz julgamentos morais e pode ser agressivo. Se comporta como um ser humano, parece ter consciência (algo que sentimos que possuímos, mas que ainda não sabemos definir). E essas são só as primeiras versões dessa inteligência artificial.

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Eu gostaria que nosso cérebro e mente fosse algo muito diferente desses sistemas de IA, pois continuaria a acreditar que sou muito superior aos outros animais e aos sistemas de IA. Mas e se nossa mente for somente uma versão aprimorada de um sistema como esse, operado por nosso cérebro, que por sua vez foi selecionado durante milhões de anos para absorver, integrar e utilizar as informações que recebemos do meio ambiente? Se for assim, mais uma vez descobriremos que não somos tão especiais. E a ciência terá dado um grande passo para entender como a mente é criada pelo cérebro.

É biólogo.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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