Taxa de letalidade do vírus, ‘primo’ do Ebola que causa febre hemorrágica, é de 88%; nove mortes já foram confirmadas
A Guiné Equatorial, na África Central, confirmou seu primeiro surto do vírus de Marburg, da mesma família do Ebola. A regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) na África informou na segunda-feira, 13, que nove mortes foram confirmadas e 16 casos são investigados como suspeitos.
A doença de Marburg causa febre hemorrágica, com taxa de letalidade
de até 88%, de acordo com a OMS, o que faz dele um dos vírus mais
mortais do mundo. O quadro começa abruptamente, com febre alta, dor de
cabeça e mal-estar intensos. Muitos pacientes desenvolvem sintomas
hemorrágicos graves dentro de sete dias.
“Marburg é altamente infeccioso. Graças à ação rápida e decisiva das
autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de
emergência pode atingir todo o vapor rapidamente para salvarmos vidas e
determos o vírus o mais rápido possível”, disse, em nota, Matshidiso
Moeti, diretor regional da OMS na África.
A doença foi detectada pela primeira vez em 1967, com surtos
simultâneos nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt, e em Belgrado, na
Sérvia. O vírus é transmitido aos humanos por morcegos frugívoros e se
espalha entre os humanos por meio do contato direto com os fluidos
corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados.
Por ora, não há vacinas ou tratamentos antivirais. Contudo, segundo a
OMS, cuidados de suporte (reidratação com fluidos orais ou
intravenosos) e tratamento de sintomas específicos melhoram a sobrevida
do paciente.
Em 2004, um surto do vírus na Angola matou 90% dos 252 infectados. No
ano passado, houve duas mortes relatadas pelo Marburg em Gana.
Reunião de emergência
Frente aos nove óbitos confirmados, a OMS anunciou na terça, 14, uma
reunião de emergência do consórcio denominado Marvac, que promove a
colaboração internacional para o desenvolvimento de vacinas contra o
vírus de Marburg. O consórcio é coordenado pela OMS e inclui
representantes da indústria farmacêutica, organizações sem fins
lucrativos, autoridades e academia.
Os membros se reuniram para fazer um balanço da situação
epidemiológica no país, bem como dos possíveis tratamentos e vacinas
disponíveis./COM AGÊNCIAS
Além do Hype Três palavras do mundo dos negócios que estão na moda (e o que elas realmente significam)
Por Allan Costa – Gazeta do Povo
Para além do hype: hoje, três palavras ganharam o mundo dos
negócios. Mas o que elas realmente significam?| Foto: Rawpixel Busbus /
Freepik
Já falei em artigos anteriores que, de tempos em tempos. o
mundo dos negócios passa por hypes. Essas ondas são bons
direcionamentos para mostrar para onde o mundo está indo, mas também
trazem muitas armadilhas para aqueles que não souberem como se expor a
estas novidades. Se expor cedo demais pode fazer com que você esteja
oferecendo uma solução inovadora demais para a época. Contudo, se expor
tarde demais pode fazer, no mínimo, com que você perca grandes
oportunidades.
Pensando nisso, trouxe três palavras da moda do mundo dos negócios e o
que elas realmente significam – para além do hype. Veja que algumas
dessas palavras podem não estar na moda agora – enquanto outras estão –
mas, com certeza, serão cada vez mais faladas ao longo dos próximos
anos. Com isso, é fundamental separar aquilo que é um sinal daquilo que é
um ruído.
Inteligência Artificial
A maior buzzword do momento, e que deve ser a principal palavra da
moda de 2023, a Inteligência Artificial ganhou os noticiários depois do
lançamento do ChatGPT, da OpenAI. A IA é, sem dúvida, revolucionária.
Ela já é utilizada há muito tempo por gigantes da tecnologia e, agora,
está se tornando uma tecnologia acessível a todos. Contudo, ela não é
perfeita e não, não faz tudo, ao contrário do que muitas pessoas parecem
acreditar. A Inteligência Artificial é uma ferramenta – sobretudo, de
produtividade – que trará diversos ganhos para a sociedade, mas que não
resolve todos os nossos problemas num estalar de dedos.
Comunidade
Outra palavra da moda que tem ganhado cada vez mais espaço no mundo
dos negócios. Acredito fortemente que todo negócio, ainda esta década,
precisará ter estratégia de construção e gerenciamento de comunidades.
Ter uma comunidade forte será um grande diferencial competitivo. No
entanto, ainda estamos a alguns anos de distância de descobrir quais são
as reais boas práticas para chegarmos lá.
Como sempre, falar é muito mais fácil do que fazer. Além disso,
construir uma comunidade não é o mais difícil. Mantê-la engajada ao
longo do tempo é o que importa. Acredito que chegaremos lá, mas como
sempre, precisaremos separar o que realmente faz sentido e o que é
apenas conversa fiada para vender curso.
Blockchain
Já há alguns anos, blockchain é descrita como uma das tecnologias
mais revolucionárias deste século. Continuo acreditando firmemente
nisso, embora eu veja que ainda precisamos derrubar diversas barreiras
para chegarmos lá. Esta tecnologia tem funcionado em ciclos. Desde o
primeiro bloco do bitcoin, em 2009, passamos por diversos ciclos
diferentes, como DeFi e NFTs. Cada um deles trouxe muito hype, mas
também muitas inovações tecnológicas que ajudam a levar o ecossistema
pra frente.
Blockchain nada mais é do que uma base de dados com características
especiais, como imutabilidade, compossibilidade e o fato de ser auditado
por qualquer um, a qualquer momento. A adoção em massa da blockchain
não virá tão facilmente como a adoção da IA, como no caso do ChatGPT,
mas terá tanto impacto quanto, conforme negócios e profissionais comecem
a construir mais e mais, utilizando esta nova infraestrutura.
Conheça como o mercado de carne feita de plantas tem se desenvolvido
no Brasil e no mundo – e quais são as startups para ficar de olho!
Embalagem da Fazenda Futuro para o mercado europeu (foto: Fazenda Futuro)
Acredite se quiser: a startup Meati, localizada em Montana, Estados
Unidos, quer produzir milhares de toneladas de “carne” bovina e frango a
partir de raízes de cogumelos – que, surpreendentemente, têm um gosto
bem parecido com a proteína animal.
Como funciona? O fundador da companhia, Tyler Huggins, explicou que é
possível obter o valor nutricional e a textura desejados ajustando a
temperatura e os nutrientes para criar as condições ideais para o
desenvolvimento das raízes.
De acordo com a Fast Company, quando a empresa estiver em pleno
funcionamento no final de 2023, ela será capaz de produzir milhares de
toneladas de produtos por ano, em uma escala comparável às maiores
fazendas de gado dos Estados Unidos, utilizando praticamente 1% da
terra. Será que vai dar certo?
CARNE FEITA DE PLANTAS: ENTENDA COMO FUNCIONA ESSE MERCADO BILIONÁRIO
Você pode até não comer as carnes “feitas de plantas”, mas deve
começar a olhar atentamente para elas por outro motivo: o potencial
mercadológico. Em 2019, o mercado global de carne vegetal foi avaliado
em US$ 3,3 bilhões, de acordo com a GrandView Research.
Nos supermercados, esses produtos já concorrem com as carnes
“tradicionais” nas gôndolas. São muitas as opções: hambúrgueres,
linguiças, almôndegas, frangos e peixes. Elas são criadas com diferentes
matérias-primas: soja, ervilha, batata, grão de bico, beterraba… A
receita varia de acordo com o fabricante.
As carnes feitas de planta conquistam paladares pela semelhança e por
todo o caminho percorrido até a mesa do consumidor. Isso porque não há
sacrifício animal; e, em algumas marcas, há a premissa de um menor
impacto ambiental.
Além da perspectiva ambiental, existe também a social: a estimativa
da ONU é de que a população mundial alcance cerca de 10 bilhões de
pessoas em 2050. Como alimentar tanta gente é uma das preocupações no
mundo inteiro desde já – e a carne plant-based e até de laboratório se
tornam alternativas cada vez mais viáveis.
Em 2017, Marcos Leta, fundador da empresa de sucos Do Bem, e seu
sócio Alfredo Strechinsky criaram a startup Fazenda Futuro. A empresa
foi fundada após estudarem o mercado brasileiro de alimentos. Desde o
início, a premissa foi concorrer com os frigoríficos, para ganhar o
paladar de quem consome carne. O plant-based não se restringe aos
vegetarianos e veganos.
A foodtech carrega em seu nome o que acredita – que, em breve, as
carnes feitas de planta farão parte da fazenda do futuro. A iniciativa
já é, em parte, uma realidade: a startup brasileira exporta seus
produtos para 14 países.
Segundo dados do Grupo Pão de Açúcar disponibilizados pela companhia,
a venda de carnes à base de plantas cresceu a uma média constante de
150% desde maio de 2019 nas lojas Extra e Pão de Açúcar. Atualmente,
alternativas plant-based representam 1/3 da venda bruta total dos
hambúrgueres congelados.
Mariana Tunis, líder de marketing da Fazenda Futuro, explica como a
companhia tem trabalhado para se desempenhar em cada país: “Temos
mercados que estão em desenvolvimento, como o Brasil, e ainda mercados
mais competitivos tanto em produtos quanto em marcas. Em cada um deles
temos algo novo a aprender sobre posicionamento. Aprendemos como
consumidores entendem a categoria e como já é de nossa essência,
hackeamos, e nos adaptamos para ser uma marca que efetivamente fala com o
consumidor local”.
A RESPOSTA DOS FRIGORÍFICOS
No Brasil e no mundo, grandes frigoríficos não estão alheios à
tendência. A americana Tyson Foods, por exemplo, já possui suas versões
de nuggets plant-based. A JBS estuda criar uma empresa independente
apenas para lidar com proteína vegetal. Nas prateleiras, a companhia
traz seus produtos na linha “Incrível”, da Seara.
“Já esperávamos um movimento deles [frigoríficos] em relação a nossa
chegada. Essa abertura de mercado é importante para a categoria, mas nós
seguimos acreditando que temos um diferencial importante: além de
pioneiros no Brasil, temos propósito. Queremos mudar como as pessoas
consomem carne, trazendo também sustentabilidade, saudabilidade e sem
sofrimento animal”, afirma Mariana Tunis.
… E DOS RESTAURANTES
McPlant oferecido no site do McDonald’s Dinamarca (foto: montagem/McDonald’s)
A mudança tem acontecido também em restaurantes, que passaram a
oferecer alternativas plant-based, inspiradas em carnes ou não. No
Brasil, a alternativa vegetariana do McDonald’s é um queijo coalho
empanado, enquanto no Burger King existem duas opções: hambúrguer
plant-based inspirado em carne ou de grão-de-bico.
Já nos Estados Unidos, o McDonald’s não apenas oferece uma versão de
carne feita de plantas, como realizou uma parceria com a Beyond Meat –
uma das maiores empresas do mercado – para desenvolvimento do “McPlant”,
uma alternativa exclusiva para o fast-food de arcos dourados.
Enquanto isso, o Burger King dos Estados Unidos optou por fazer uma
parceria com a concorrente da Beyond Meat. A Impossible Foods foi a
empresa escolhida para oferecer os hambúrgueres na rede de restaurantes.
A Beyond Meat, fundada em 2009, possui capital aberto e o valor de
mercado de US$ 8,97 bilhões. Já a Impossible Foods, de 2011 e do Vale do
Silício, é de capital privado e já recebeu US$ 1,4 bilhão em
investimentos.
A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma Plataforma
Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um
forte relacionamento com a tecnologia.
Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito
inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades
do mercado.
Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no
modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o
mercado já oferece para se destacar ainda mais.
Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma
ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a
inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a
concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas
funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até
mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.
A inovação é
a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções
criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas
pelo mercado.
Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Carnes de cogumelos: será que é uma boa ideia?
Tainá Freitas – Jornalista da StartSe
INOVAÇÃO
Conheça como o mercado de carne feita de plantas tem se desenvolvido
no Brasil e no mundo – e quais são as startups para ficar de olho!
Embalagem da Fazenda Futuro para o mercado europeu (foto: Fazenda Futuro)
Acredite se quiser: a startup Meati, localizada em Montana, Estados
Unidos, quer produzir milhares de toneladas de “carne” bovina e frango a
partir de raízes de cogumelos – que, surpreendentemente, têm um gosto
bem parecido com a proteína animal.
Como funciona? O fundador da companhia, Tyler Huggins, explicou que é
possível obter o valor nutricional e a textura desejados ajustando a
temperatura e os nutrientes para criar as condições ideais para o
desenvolvimento das raízes.
De acordo com a Fast Company, quando a empresa estiver em pleno
funcionamento no final de 2023, ela será capaz de produzir milhares de
toneladas de produtos por ano, em uma escala comparável às maiores
fazendas de gado dos Estados Unidos, utilizando praticamente 1% da
terra. Será que vai dar certo?
CARNE FEITA DE PLANTAS: ENTENDA COMO FUNCIONA ESSE MERCADO BILIONÁRIO
Você pode até não comer as carnes “feitas de plantas”, mas deve
começar a olhar atentamente para elas por outro motivo: o potencial
mercadológico. Em 2019, o mercado global de carne vegetal foi avaliado
em US$ 3,3 bilhões, de acordo com a GrandView Research.
Nos supermercados, esses produtos já concorrem com as carnes
“tradicionais” nas gôndolas. São muitas as opções: hambúrgueres,
linguiças, almôndegas, frangos e peixes. Elas são criadas com diferentes
matérias-primas: soja, ervilha, batata, grão de bico, beterraba… A
receita varia de acordo com o fabricante.
As carnes feitas de planta conquistam paladares pela semelhança e por
todo o caminho percorrido até a mesa do consumidor. Isso porque não há
sacrifício animal; e, em algumas marcas, há a premissa de um menor
impacto ambiental.
Além da perspectiva ambiental, existe também a social: a estimativa
da ONU é de que a população mundial alcance cerca de 10 bilhões de
pessoas em 2050. Como alimentar tanta gente é uma das preocupações no
mundo inteiro desde já – e a carne plant-based e até de laboratório se
tornam alternativas cada vez mais viáveis.
Em 2017, Marcos Leta, fundador da empresa de sucos Do Bem, e seu
sócio Alfredo Strechinsky criaram a startup Fazenda Futuro. A empresa
foi fundada após estudarem o mercado brasileiro de alimentos. Desde o
início, a premissa foi concorrer com os frigoríficos, para ganhar o
paladar de quem consome carne. O plant-based não se restringe aos
vegetarianos e veganos.
A foodtech carrega em seu nome o que acredita – que, em breve, as
carnes feitas de planta farão parte da fazenda do futuro. A iniciativa
já é, em parte, uma realidade: a startup brasileira exporta seus
produtos para 14 países.
Segundo dados do Grupo Pão de Açúcar disponibilizados pela companhia,
a venda de carnes à base de plantas cresceu a uma média constante de
150% desde maio de 2019 nas lojas Extra e Pão de Açúcar. Atualmente,
alternativas plant-based representam 1/3 da venda bruta total dos
hambúrgueres congelados.
Mariana Tunis, líder de marketing da Fazenda Futuro, explica como a
companhia tem trabalhado para se desempenhar em cada país: “Temos
mercados que estão em desenvolvimento, como o Brasil, e ainda mercados
mais competitivos tanto em produtos quanto em marcas. Em cada um deles
temos algo novo a aprender sobre posicionamento. Aprendemos como
consumidores entendem a categoria e como já é de nossa essência,
hackeamos, e nos adaptamos para ser uma marca que efetivamente fala com o
consumidor local”.
A RESPOSTA DOS FRIGORÍFICOS
No Brasil e no mundo, grandes frigoríficos não estão alheios à
tendência. A americana Tyson Foods, por exemplo, já possui suas versões
de nuggets plant-based. A JBS estuda criar uma empresa independente
apenas para lidar com proteína vegetal. Nas prateleiras, a companhia
traz seus produtos na linha “Incrível”, da Seara.
“Já esperávamos um movimento deles [frigoríficos] em relação a nossa
chegada. Essa abertura de mercado é importante para a categoria, mas nós
seguimos acreditando que temos um diferencial importante: além de
pioneiros no Brasil, temos propósito. Queremos mudar como as pessoas
consomem carne, trazendo também sustentabilidade, saudabilidade e sem
sofrimento animal”, afirma Mariana Tunis.
… E DOS RESTAURANTES
McPlant oferecido no site do McDonald’s Dinamarca (foto: montagem/McDonald’s)
A mudança tem acontecido também em restaurantes, que passaram a
oferecer alternativas plant-based, inspiradas em carnes ou não. No
Brasil, a alternativa vegetariana do McDonald’s é um queijo coalho
empanado, enquanto no Burger King existem duas opções: hambúrguer
plant-based inspirado em carne ou de grão-de-bico.
Já nos Estados Unidos, o McDonald’s não apenas oferece uma versão de
carne feita de plantas, como realizou uma parceria com a Beyond Meat –
uma das maiores empresas do mercado – para desenvolvimento do “McPlant”,
uma alternativa exclusiva para o fast-food de arcos dourados.
Enquanto isso, o Burger King dos Estados Unidos optou por fazer uma
parceria com a concorrente da Beyond Meat. A Impossible Foods foi a
empresa escolhida para oferecer os hambúrgueres na rede de restaurantes.
A Beyond Meat, fundada em 2009, possui capital aberto e o valor de
mercado de US$ 8,97 bilhões. Já a Impossible Foods, de 2011 e do Vale do
Silício, é de capital privado e já recebeu US$ 1,4 bilhão em
investimentos.
A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma Plataforma
Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um
forte relacionamento com a tecnologia.
Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito
inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades
do mercado.
Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no
modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o
mercado já oferece para se destacar ainda mais.
Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma
ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a
inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a
concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas
funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até
mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.
A inovação é
a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções
criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas
pelo mercado.
Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
O presidente da Câmara, Arhur Lira, e o presidente Lula, durante a
solenidade de posse presidencial, em 1.º de janeiro.| Foto: Tauan
Alencar/Câmara dos Deputados
O modus operandi do PT, quando se trata de conquistar maioria
parlamentar para aprovar os projetos de seu interesse, ficou conhecido
do país inteiro ainda no primeiro mandato de Lula, entre 2003 e 2006: a
compra pura e simples de votos, individualmente ou em bloco. Foi assim
com o mensalão e, uma vez desvendado o esquema e sendo fechada esta
torneira, o petismo logo buscou outra forma de cooptar aliados. As
estatais, principalmente a Petrobras, passaram a ser saqueadas em
conluio com empreiteiras e partidos da base aliada, por meio da
indicação de diretores e gerentes e das propinas em contratos. O
petrolão era o “filhote maior” do mensalão, como chegou a dizer o
ministro do STF Gilmar Mendes em 2016. E, logo no início do terceiro
governo Lula, já está claro que não são apenas os mesmos nomes que estão
de volta ao Planalto; os métodos também voltaram.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada na sexta-feira,
dia 10, mostra que Lula e seu novo melhor amigo, o presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-PE), estão articulando a entrega de R$ 3
bilhões em emendas parlamentares a 219 deputados recém-chegados. A
lógica é bem simples: o deputado pode destinar alguns milhões de reais
para investimentos em sua base eleitoral e, em troca, entrega seu voto
ao governo, que hoje estima ter o apoio de 260 deputados, quase no
limite mínimo para aprovar projetos de lei (a maioria simples é
garantida com 257 votos) e bem abaixo dos 308 votos necessários para
emendar a Constituição.
O brasileiro elegeu um Congresso pouco alinhado com o petismo. Mas,
em vez de acenar aos parlamentares com um programa de governo mais ao
centro, Lula prefere acenar com maços de dinheiro para poder seguir em
frente com suas propostas mais tresloucadas
Mas tão evidente quanto a lógica do balcão é a sua ilegalidade: quem
definiu as emendas parlamentares que serão executadas em 2023 foram os
congressistas de 2022. Os 219 estreantes só teriam direito legal a
emplacar emendas ao Orçamento de 2024. Mas, como se diz em inglês, “when
there’s a will there’s a way”: quem realmente quer fazer algo acaba
encontrando um jeito – e, de fato, Executivo e Legislativo já estão
estudando as melhores formas de abrir o balcão, por exemplo usando parte
dos quase R$ 10 bilhões adicionais que os ministérios conquistaram
quando o Supremo decidiu pelo fim do “orçamento secreto”. Com isso, cada
novato teria à disposição algo em torno de R$ 13 milhões, valor
parecido com o que cada deputado da legislatura anterior adicionou às
suas indicações, usando a fatia do “orçamento secreto” que acabou
destinada a engordar emendas individuais.
Mas há uma diferença significativa. Talvez contando que a anestesia
moral da tal “frente ampla” que “fez o L” em outubro de 2022 tenha longa
duração, o deputado petista Jilmar Tatto – ele mesmo um “novato”,
voltando à Câmara este ano depois de ter sido deputado entre 2007 e 2015
– admitiu sem o menor pudor que se trata de negociata para conquistar
maioria parlamentar. “Se o governo estivesse forte, poderia não dar para
os novos”, disse ao Estadão, reconhecendo que, por mais que o eleitor
brasileiro (ou ao menos a maioria dos que optaram por algum candidato)
tenha escolhido colocar Lula na cadeira presidencial, também elegeu um
Congresso pouco alinhado com as convicções econômicas e morais do
petismo. Mas, em vez de acenar a esses parlamentares com um programa de
governo mais ao centro, Lula prefere acenar com maços de dinheiro para
poder seguir em frente com suas propostas mais tresloucadas, capazes de
devolver o país ao abismo. E aqui é preciso dizer que, se é lamentável
(embora nem um pouco surpreendente) que o petismo continue agindo dessa
forma, é também lamentável que haja quem aceite tal oferta, em muitos
casos traindo explicitamente o voto recebido de eleitores que esperavam
de seu representado um outro tipo de atuação no parlamento.
VEJA TAMBÉM: Um país em marcha a ré (editorial de 4 de janeiro de 2023) O Lula sindicalista está de volta (editorial de 7 de fevereiro de 2023) O petismo e o controle estatal da economia (editorial de 6 de fevereiro de 2023)
Mais uma vez assumindo o papel de bombeiro, como fez com os
ataques de Lula ao Banco Central, o ministro Alexandre Padilha fez uma
ressalva: só serão contemplados os deputados que tiverem “bons projetos,
boas propostas”. Só faltou explicar como a “bondade” justifica o
atropelo da legalidade – um dos princípios da administração pública
consagrados no artigo 37 da Constituição, ao lado da moralidade. Além
disso, a essa altura o país inteiro já sabe, ou deveria saber, que para o
PT só existe um critério para definir o que é “bom”: aquilo que atende
aos interesses do partido e o ajuda a consolidar seu projeto de poder.
Encontro de Lewandowski com o MST rompe com isenção prevista na Constituição e em códigos de ética
Por Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo
O ministro Lewandowski plantando um ipê amarelo ao fim do evento com o MST| Foto: Reprodução/MST/Sara Sulamita
A
participação do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal
Federal (STF), em um evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), neste sábado (11), rompe o distanciamento necessário entre
magistrados e atividades político-partidárias, preconizado pela
Constituição Federal e pelos Códigos de Ética da Magistratura e do STF.
Segundo juristas ouvidos pela Gazeta do Povo, ao se aproximar
publicamente do movimento, o ministro perde a isenção indispensável em
julgamentos futuros ou passados envolvendo o MST.
No artigo 95, a Constituição Federal veda aos juízes a participação
em “atividade político-partidária”. O artigo 4º do Código de Ética do
STF preconiza, entre os “princípios éticos que norteiam a conduta
funcional dos servidores” do Supremo, “a impessoalidade e a
imparcialidade”, além da “neutralidade político-partidária, religiosa e
ideológica”.
Orientação semelhante aparece no Código de Ética da Magistratura,
publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No artigo 5º, o
dispositivo afirma que “impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho
de suas atividades sem receber indevidas influências externas e
estranhas à justa convicção que deve formar para a solução dos casos que
lhe sejam submetidos”. E completa no 7º que “a independência judicial
implica que ao magistrado é vedado participar de atividade
político-partidária”.
A relação do MST com o PT é histórica e amplamente conhecida. Nas
últimas eleições, o Movimento elegeu seis de seus 15 candidatos (dois
deputados federais e quatro estaduais), todos filiados ao Partido dos
Trabalhadores. “Uma vez que o MST é uma organização notadamente política
vinculada ao PT, poderíamos considerar a participação do ministro,
ainda mais pela sua fala clara de apoio ao movimento, uma inadequação”,
analisa o advogado e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo
Alessandro Chiarottino.
“Os juízes deveriam guardar um certo distanciamento de participar
desse tipo de manifestação de hipotecar apoio público, para que isso não
possa deslegitimar sua atuação quando forem instados a julgar causas em
que esses grupos podem figurar como parte”, explica o advogado
civilista Afonso Oliveira. “Mas infelizmente estamos falando de um STF
que faz militância política, o ativismo judicial do STF é flagrante”,
lamenta o jurista, reforçando que Lewandowski e outros pares “do mesmo
viés” demonstram dar pouca importância “ao que diz o Estatuto da
Magistratura, a ética e o bom senso”.
“A participação em um evento promovido pelo MST, para nós do Direito,
é uma afronta à postura que o magistrado deveria guardar”, completa
Olivera. Ele recorda que Lewandowski, que foi indicado por Lula, em
2006, já agiu “na direção contrária à Constituição”, no impeachment de
Dilma Rousseff, em 2016.
“Lewandowski é aquele que, no processo de impeachment da Dilma,
fatiou a Constituição Federal e, de uma forma arbitrária, preservou os
direitos políticos depois que ela foi condenada. Ela deveria ser
destituída imediatamente do cargo de presidente da República e perder os
direitos políticos por oito anos, entretanto ele manteve esses direitos
políticos, inovando, com uma interpretação totalmente absurda”,
recorda.
Crítica ao Estado de Direito
Alessandro Chiarottino ressalta que, além da participação
“questionável” do ministro no evento, merece atenção sua crítica ao que
chamou de “democracia liberal” e “democracia burguesa”.
Durante o evento, Lewandowski afirmou que “a democracia está em
crise, todos dizem isso. Mas o que está em crise, na verdade, é a
democracia representativa, liberal burguesa, a democracia dos partidos,
na qual, tenho certeza, nenhum de nós se sente representado
adequadamente. Essas crises sucessivas têm uma raiz profunda, que é o
sistema político que, de fato, não nos representa”.
Chiarottino lembra que, ao longo da história, o Estado de Direito só
existiu em democracias liberais ou democracias que o ministro chama de
burguesas. “As democracias populares, que tivemos diversos exemplos no
século XX, foram sempre sistemas ditatoriais, que não poderíamos
reconduzir de modo algum ao Estado de Direito. Parece uma crítica
bastante estranha, porque, enquanto ministro do STF, ele deveria, ao
contrário, se pautar pela defesa do Estado de Direito”, opina.
Liberdade de expressão tem preço
Para Chiarottino, um dos principais objetivos da imparcialidade
preconizada aos magistrados é “que o público tenha a visão de uma
magistratura imparcial”. “Isso é importante. A legitimidade das nossas
instituições judiciais está muito ligada à questão da imparcialidade. Se
o público começa a ter uma percepção de que tal juiz esposa apoio a uma
determinada instituição ou partido político, isso evidentemente é
ruim.” O jurista defende que, como ocorre na Suprema Corte americana,
que serve de modelo à brasileira, os juízes “devem ter suas convicções
do ponto de vista jurídico”. “Os juízes lá têm posições mais
conservadoras ou mais progressistas, mas não existe esse envolvimento
com determinados partidos e movimentos sociais. Há uma razão forte: isso
mina a visão de imparcialidade que o público deve ter sobre nossos
tribunais”, explica.
O advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão,
entende que, ao proibir a vinculação de magistrados a partidos políticos
e a manifestação deles sobre processos em julgamento, a Lei Orgânica da
Magistratura não pretende violar o direito constitucional à liberdade
de expressão dos juízes. Assim sendo, “um juiz pode ir a um evento do
MST e se manifestar, pode ter ideologia. Não há impedimento legal”,
defende.
“Não vejo nem impedimento ético, seria ótimo que os juízes dissessem o
que pensam, em quem votam, qual visão possuem de mundo e parassem de
ficar dando indiretas na televisão. O que entendo ser antiético e ilegal
não é que manifestem suas preferências políticas, mas que, ao julgarem
pessoas e partidos alinhados a seus gostos, não se declarem impedidos e
suspeitos”, completa o jurista.
Nesse caso, entretanto, Marsiglia ressalta que, ao fazer uso de sua
liberdade de manifestar preferências políticas, o juiz precisa
“declarar-se suspeito e não julgar nenhum caso de pessoas e partidos
alinhados com seus gostos”. “Se ele assume ser fã do MST e julga o MST,
não apenas será antitético, mas ilegal”, assegura o advogado,
acrescentando que o princípio vale para processos antigos e futuros. “Se
já há processos com ele do MST é imperativo que ele se afaste já, ou
passará a poder ser questionado eticamente e legalmente, por demonstrar
preferência por esse movimento.”
Câmara dos Deputados Para “enquadrar” governo após críticas ao BC
Por Rodolfo Costa – Gazeta do Povo Brasília
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou teor da ata do
Banco Central sobre a manutenção da Selic a 13,75% ao ano: oposição do
governo na Câmara quer convocar o chefe da equipe econômica| Foto: Fabio
Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
A oposição ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara articula a convocação do ministro
da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para prestar esclarecimentos sobre a
política econômica do governo e se posicionar sobre as recentes críticas
de Lula e de parte da base governista contra a autonomia do Banco
Central (BC) e a gestão do presidente da autoridade monetária, Roberto
Campos Neto.
O objetivo da oposição é responder à altura as críticas e movimentos
do governo e da esquerda de forma estratégica. O deputado federal
Lindbergh Farias (PT-RJ), por exemplo, protocolou na quarta-feira (8) um
requerimento para que Campos Neto seja convocado pela Comissão de
Finanças e Tributação (CFT) e explique a política monetária do país.
Os requerimentos de convocação são diferentes dos de convite e são
usados politicamente como formas de “enquadrar” a autoridade em questão,
uma vez que, na convocação, existe a obrigação de comparecimento sob
pena de incorrer em crime de responsabilidade. É com o mesmo intuito que
os opositores planejam uma convocação de Haddad, a fim de emparedar
Lula e seu governo tendo seu chefe da equipe econômica como
intermediário.
“Só vamos esperar passar o carnaval e, assim que as comissões
estiverem instaladas e os trabalhadores voltarem tudo certinho, podemos
propor isso”, diz o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), que é
cotado para assumir a liderança da minoria na Câmara, um espaço de
oposição ao governo vigente.
O parlamentar propõe uma oposição programática e estratégica contra
Lula e sustenta que o regimento da Câmara permite o instrumento do
convite e até o da convocação a um ministro de Estado. O parlamentar
cita, porém, a proposta de um convite, que poderia ser negado por
Haddad. “A oposição não tem dificuldade em fazer convite de uma
audiência pública e posso ser até o autor de um convite”, destaca.
A proposta de convite não inviabiliza uma posterior convocação, mas
outros opositores discordam da estratégia. O deputado federal Sanderson
(PL-RS), por exemplo, fala em convocar não apenas Haddad, mas também o
ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. “Vamos pedir a convocação dos
dois, para que possam responder sobre essa questão do Banco Central,
como também sobre a questão da substituição do atual presidente do Banco
dos BRICS, um economista respeitado, pela [ex-presidente petista] Dilma
Rousseff”, sustenta.
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) é outro a defender a ideia. Ele
entende e concorda com as críticas de Lula ao atual patamar da taxa
básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano, mas discorda sobre a forma
como o PT tem se posicionado. Para ele, o partido constrói uma narrativa
de associar Campos Neto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e de
responsabilizar o presidente do BC pelos juros elevados.
“O PT tenta criar uma narrativa de politização do Banco Central de
que tem um bolsonarista na presidência que teria interesses do não
crescimento do país [pare prejudicar Lula]. Então, se o PT acha que
Bolsonaro tem a presidência do BC, Lula tem a liderança da Fazenda”,
comenta. “Se eles querem politizar convocando o presidente Campos Neto
para fazer politização, nós também vamos convocar o homem de Lula
[Haddad]. E aí, cada um vai ter o seu espaço para defender a sua
política econômica”, complementa Otoni.
Lula durante entrevista à CNN americana nesta sexta-feira (10).| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente da República está visitando o Nordeste. Na visita que
fez a Washington, antes de se encontrar com o presidente dos Estados
Unidos, ele deu uma entrevista para a CNN americana. Na maior parte do
tempo, Lula se saiu muito bem na argumentação, mas discordei de alguns
trechos, como quando ele disse que metade das mortes por Covid foi
causada por irresponsabilidade do governo. Vocês sabem muito bem o que
eu vi no dia a dia, marido de médica curando umas 200 pessoas, havia
essa possibilidade de cura em poucos dias, três, quatro, cinco dias. Mas
evitaram que muitas pessoas fossem tratadas e curadas. E nem preciso
falar da vacina: as pessoas foram vacinadas e continuaram pegando Covid,
ou seja, a vacina não imunizou.
Outra afirmação de Lula pode até ter um pouco de verdade, mas o
presidente poderia ter dito de uma forma diferente. A entrevistadora,
Christiane Amanpour, perguntou se Lula não via dificuldades em um Brasil
dividido pela metade, com uma dessas metades que não gosta dele. Lula
disse que não, que o brasileiro não é radical, porque o brasileiro gosta
mesmo é de carnaval, de dançar e de cantar. Poderia ter dito que o
brasileiro também gosta de trabalhar, gosta de ver as coisas certas,
gosta que o país todo cumpra a lei, dito que queremos ser um país sério…
mas a resposta de Lula dá a impressão de aqui vivemos de festa,
cantando feito bobos. Dessa parte eu não gostei, mas, no geral, ele se
saiu bem na entrevista.
VEJA TAMBÉM: Lula não perde uma chance de mostrar que não entende nada de economia Um outro lado sobre a questão dos yanomamis Caso dos yanomamis não deve ser usado como propaganda política
Lula puxa a economia para baixo, agro puxa a economia para cima Onde
Lula não está se saindo bem é nessa briga com o Banco Central. Os
ataques ao BC estão prejudicando a economia brasileira, não vão baixar
os juros, mas elevam o valor do dólar e desvalorizam o real; com isso, a
inflação sobe e o Brasil cresce menos. É um problema muito sério.
Enquanto isso, o agro está respondendo: toda a preparação do ano passado
vai resultar, neste ano, em um recorde de 302 milhões de toneladas, 15%
a mais em relação à safra anterior, sendo que a ocupação do solo subiu
apenas 3,5%. Isso significa aumento de produtividade, crescimento
vertical e não horizontal. Eu fico me perguntando: são 39 milhões de
toneladas a mais de um ano para o outro, mas será que o agro vai
continuar tendo apoio, agora que o governo está cheio de pessoas cuja
ideologia é de preconceito contra o agro, que está segurando a economia
brasileira já há muitos anos?
Novo prazo para garimpeiros deixarem terra yanomami é sensato A
Força Aérea Brasileira, com muita sensatez, prorrogou para 6 de maio o
prazo de saída dos garimpeiros das áreas dos yanomamis. É a melhor forma
de tratar o assunto. Não adianta querer fazer como disse o ministro da
Justiça, “vamos lá, vamos prender os garimpeiros”. Vão prender 30 mil
brasileiros que estavam trabalhando de sol a sol, sob o mosquito da
malária, em busca de um futuro na vida, gente paupérrima? Sim, estão
ilegais, ocupando reserva indígena, algo que só o Congresso Nacional
pode autorizar; têm de sair, mas pacificamente, como brasileiros que
foram tentar a vida. Enfim, se saírem aos montes, improvisadamente, vai
haver muita morte no caminho, de confronto com índio a picada de cobra e
gente perdida na floresta. As distâncias são imensas, a reserva é do
tamanho de Portugal, do tamanho de Pernambuco, sem contar o lado
venezuelano, que é ainda maior. É uma boa solução dar mais tempo para
uma retirada pacífica, inclusive e principalmente por via aérea.
Há poucos
escândalos no Brasil que alcançam, em matéria de perversidade em estado
puro, a situação dos índios condenados às suas terras ancestrais,
protegidas em reservas e isoladas da civilização por leis de todo o
tipo, proclamações de respeito e dogmas da esquerda. A natureza deste
escândalo é exatamente o contrário daquilo que se ouve nas pregações de
alta moral publicadas todos os dias na mídia, e aos gritos. O que a
imprensa oferece ao público é um barulho histérico, durante o tempo
todo, contra a “perseguição” que os índios sofrem da “civilização
branca” – e, por extensão, da “direita”, etc. etc. O que acontece no
mundo das realidades é a flagrante exploração dessas comunidades para
satisfazer os interesses materiais de ONGs, padres e movimentos
supostamente políticos. Essa brutalidade acontece em absoluto silêncio.
Seus beneficiários estão protegidos por terem o certificado de
“progressistas” – é virtualmente proibido, portanto, dizer o que eles
fazem, e qualquer menção aos delitos que cometem é apontada de imediato
como “ato antidemocrático”. É por isso que a população não é informada
quase nunca sobre a situação real dos índios brasileiros.
As ONGs e demais agrupamentos que exigem todos os dias “mais terras”
para os índios, e o seu isolamento do resto da humanidade, não estão
agindo na defesa de índio nenhum – estão num negócio. Salvo uma ou outra
exceção, falam em “proteger” a “cultura ancestral” das tribos e
promover a sua felicidade como habitantes da Idade da Pedra, mas querem
mantê-las na miséria, na ignorância e na falta de acesso aos benefícios
básicos da civilização humana para poder ganhar dinheiro com isso. Índio
cidadão não rende nada. Índio morrendo de fome no meio do mato rende
doações em dólar ou euro, por parte de americanos, europeus e demais
condôminos do bioma rico – aflitos com suas consciências, obcecados pela
“natureza” e ansiosos em participar de alguma causa politicamente
correta. Esse dinheiro é coletado pelas ONGs; os índios não veem
realmente um tostão da fortuna capturada em seu nome. Se vissem, por que
continuam na miséria de sempre?
O que acontece no mundo das realidades é a flagrante exploração
dessas comunidades para satisfazer os interesses materiais de ONGs,
padres e movimentos supostamente políticos
A defesa da “cultura” indígena também serve para atender a baixos
interesses políticos. O presidente da República, naturalmente, não
poderia estar ausente deste bonde. Inventou um “Ministério do Índio”,
que está forrando a militância de esquerda com empregos e vai torrar
bilhões em dinheiro público – sem diminuir em um átomo a desgraça geral
das comunidades indígenas. Numa de suas primeiras viagens, foi ao
território dos yanomamis para uma ação indecente de falcatrua política;
disse que os índios, enterrados durante os seus dois governos na mesma
miséria em que vivem hoje, tinham sido vítimas de um “genocídio”
executado deliberadamente durante o mandato do seu antecessor. Os
yanomamis, a propósito, são um dos exemplos mais trágicos do escândalo
todo. Sua tribo, com 20.000 pessoas, tem um território maior que a
Bélgica – mas muitos são moradores de rua nas cidades fora da reserva, e
os que vivem lá estão devastados pela doença e pela fome. O que adianta
para eles toda essa terra? Não adianta nada. Mas as ONGs querem
aumentar as suas reservas – e, principalmente, não querem que ninguém
chegue perto. É essencial que permaneçam na sua desgraça. O dia em que
tiverem a situação resolvida, os yanomamis, e quaisquer outros índios
brasileiros, deixam de ser uma fonte de renda – e de motivo para
exploração política.
Contratos irregulares de estatais de saneamento em municípios viram dor de cabeça para a União
Foto: Fabio Motta|Estadão
Por Amanda Pupo – Jornal Estadão
Assunto foi discutido ontem durante segunda rodada de reuniões com
associações de saneamento promovida pela Casa Civil e pelo Ministério
das Cidades
BRASÍLIA – O governo Lula deve enfrentar impasse nas negociações para resolver o embaraço em cerca de 1 mil operações de estatais de saneamento que hoje estão em situação irregular.
De um lado, a entidade que reúne as companhias estaduais públicas,
Aesbe, tenta saídas para apresentar ao Executivo uma forma de viabilizar
e salvar todo o pacote, o que garantiria a manutenção das estatais na
prestação de serviços de água e esgoto.
Já as empresas privadas indicam que só aceitam a regularização de 393
contratos que, inicialmente, não passaram na fase de comprovação da
capacidade econômico-financeira, exigida pelo marco legal do saneamento.
Para esse setor, não há forma de as estatais se manterem nas outras 567
operações irregulares sem que a lei seja violada. Outro questionamento
levantado é por qual razão dar mais uma chance às companhias públicas,
após o predomínio delas por décadas não ter levado o País à
universalização do atendimento de água e esgoto.
O assunto foi discutido ontem na segunda rodada de reuniões com
associações de saneamento promovida pela Casa Civil e pelo Ministério
das Cidades. As pastas tentam mediar acordo entre as entidades, que
rivalizaram sobre vários aspectos da nova lei durante as discussões no
Congresso.
Licitação
Em especial, a briga ocorre em torno dos contratos de programa,
fechados diretamente entre as estatais e as prefeituras. Como o marco
legal passou a exigir licitação para que os municípios fechem novos
acordos, as companhias públicas estaduais tentaram embutir na lei algum
tipo de sobrevida aos negócios atuais. Há hoje três tipos de operações
irregulares: 446 contratos de programa vencidos, mas que ainda há
prestação de serviços pelas estatais, 121 operações que são feitas sem
contrato por essas companhias, e as 393 operações que não passaram na
comprovação de capacidade econômico-financeira.
O secretário executivo da Aesbe, Sergio Antonio Gonçalves, citou a
possibilidade de se fechar um “instrumento precário” entre Estado e
município que seja condicionado a uma modelagem para Parceria
Público-Privada (PPP) pela estatal, por exemplo. Diretor executivo da
Abcon, Percy Soares afirmou que, mesmo que se encontre uma “chicana
jurídica”, a insegurança poderia inviabilizar as parcerias entre as
estatais e a iniciativa privada para gerar investimentos.
Novas Regras
Tanto a Aesbe quanto a Abcon afirmaram que a palavra de ordem na mesa
de negociação é de não mexer na lei do marco do saneamento. Nesse
contexto, as empresas privadas e especialistas não conseguem ver
maneiras de salvar via decreto as 567 operações que não têm contratos ou
que estão com contratos vencidos, justamente porque a lei proibiu que
novos negócios sem licitação sejam assinados. Como essas companhias
rejeitam qualquer iniciativa de alteração legal, se cria um impasse
entre as entidades.
Diretor executivo da Abcon, Percy Soares afirmou que uma solução
precária pode trazer problemas. “Quando você cria uma relação que não é
juridicamente estável, que não para em pé, tende a gerar contestação. E,
se gera contestação, gera insegurança jurídica, e aí tem menos apetite
para investimento”, disse Soares ao Estadão/Broadcast.
Para a Abcon, um novo decreto pode abarcar 393 contratos que não
passaram na fase de comprovação da capacidade econômico-financeira.
”Não vemos forma de regularizar contratos de programa vencidos ou
operações irregulares, porque ensejaria a assinatura de um novo contrato
sem licitação”, explicou. “Estamos dispostos a ouvir as alternativas.
Mas, do ponto de vista jurídico, do entendimento da Abcon, o contrato de
programa não existe mais”, disse.
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‘Boa vontade’
Gonçalves, da Aesbe, também afirmou que a entidade está aberta para a
negociação e que há “boa vontade de todos os lados”. Por ora, porém, a
associação insistirá no plano de salvar o máximo de contratos possíveis.
Por isso não há, nesse momento, uma posição sobre aceitar ou não o
“meio do caminho”, em que sejam resgatadas apenas 393 operações,
explicou.
“O pessoal está quebrando a cabeça. Pode ser até que se chegue e
fale: não dá. Mas enquanto não tivermos a garantia, estamos tentando as
saídas para todos os tipos de municípios”, afirmou.
Será que algum dia aviões serão movidos a ar? Companhias aéreas estão apostando nisso
Foto: EFE/Johan Nilsson
Por Paige McClanahan – Jornal Estadão
Novas tecnologias, entre elas um combustível extraído da própria
atmosfera, podem transformar as viagens aéreas em algo mais sustentável;
porém, ainda há muitos desafios e não se sabe quando isso poderia ser
possível
Até a metade deste século, a maioria dos carros e dos ônibus devem
ser movidos a combustíveis derivados de energia renovável, enquanto
bicicletas, trens elétricos e nossos próprios pés vão continuar a ter
pouco impacto no clima. E se a aviação global
alcançar a meta traçada no ano passado, então seu voo em 2050 de Nova
York para Hong Kong lançará “zero” emissões líquidas de dióxido de carbono na atmosfera.
Não há garantias de que o setor vá conseguir isso, mas as tecnologias sendo desenvolvidas com este objetivo mudarão a aviação, independentemente de a meta ser alcançada ou não.
Nos anos que antecederam a pandemia, a aviação emitiu aproximadamente
um bilhão de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, quase o
mesmo que todo o continente sul-americano em 2021. E os números estão
voltando rapidamente àqueles níveis conforme os passageiros retomam as
viagens. Contudo, as principais companhias aéreas, inclusive seis das
maiores dos Estados Unidos, comprometeram-se a zerar as emissões
líquidas de carbono até 2050, se não antes. Em uma reunião realizada em
outubro da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI), agência
das Nações Unidas dedicada à aviação civil, delegados de 184 países
adotaram o objetivo de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050
como um “objetivo global ambicioso de longo prazo”.
“Ambicioso” é a palavra-chave. A aviação é vista pelos especialistas
como um setor de transição difícil no processo de zerar as emissões
líquidas de carbono, pois atualmente não existem tecnologias simples e
prontas para o mercado que possam reduzir de forma drástica suas
emissões de carbono. E o qualificador “líquidas” que acompanha o
objetivo significa que as companhias aéreas podem responder por qualquer
CO2 que continuem a emitir, seja recorrendo às tradicionais
compensações de carbono, uma prática bastante criticada, ou por meio da
captura de dióxido de carbono diretamente da atmosfera.
s cientistas também descobriram que as trilhas de condensação –
aquelas nuvens ralas e de curta duração que às vezes aparecem como
rastro de um avião – afetam a temperatura do planeta, talvez ainda mais
do que o dióxido de carbono liberado pelas aeronaves. Tudo isso
contribui para um cenário complexo, principalmente levando em
consideração que a demanda global da aviação deverá duplicar nos
próximos 20 anos.
Mas novas tecnologias estão em desenvolvimento, como as aeronaves
movidas a hidrogênio, os aviões totalmente elétricos e o combustível de
aviação sintético feito de dióxido de carbono extraído da atmosfera.
Várias companhias aéreas já começaram a adicionar uma pequena quantidade
de biocombustível de combustão mais limpa – conhecido no setor como
combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) – ao seu
abastecimento habitual, uma tendência que deve se intensificar. Muitas
empresas estão se adiantando às regulamentações governamentais,
investindo em melhorias na eficiência para diminuir as emissões e, em
alguns casos, fazendo grandes apostas em inovações que são tiros no
escuro, mas poderiam reduzir drasticamente as emissões no futuro.
“Temos que começar agora”, disse Steven Barrett, professor de
aeronáutica e astronáutica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT) e diretor do Laboratório de Aviação e Meio Ambiente da
instituição. “Há uma inércia tão grande no sistema que é preciso de
verdade começar por conta própria décadas antes.”
Mas a mudança não está acontecendo tão depressa quanto poderia, disse
Pedro Piris-Cabezas, diretor sênior de transporte global e
economista-chefe do Fundo de Defesa Ambiental (EDF, na sigla em inglês),
um grupo ambientalista sem fins lucrativos com sede em Nova York.
Ele observou que os delegados daquela reunião de outubro da OACI
ainda não tinham adotado um plano concreto para alcançar seu objetivo em
2050. “Precisamos que essas metas de curto e médio prazo comecem a se
tornar mais rigorosas”, disse Piris-Cabezas.
Rumo aos combustíveis alternativos
As companhias aéreas já estão investindo em melhorias que podem
proporcionar vitórias relativamente rápidas: deixar de usar as aeronaves
mais antigas, encontrar rotas mais eficientes, fazer com que seus
aviões taxiem com apenas um motor ligado. Mas essas medidas têm efeitos
limitados.
Outra inovação de curto prazo é o combustível sustentável de aviação,
um tipo de biocombustível que costuma ser feito a partir de óleo de
cozinha usado e biomassa semelhante. Durante seu ciclo de vida, o SAF
produz menos dióxido de carbono que o combustível de aviação
convencional, com o qual ele pode ser misturado. No entanto, a produção
de SAF continua limitada e tem custo elevado, por isso a adesão a ele
pelas companhias aéreas tem sido lenta, com elas misturando pequenas
quantidades dele ao seu estoque de combustível convencional em locais
específicos.
Contudo, o entusiasmo dentro do setor é grande.
“Nós amamos o SAF como uma indústria”, disse Sara Bogdan, chefe de
sustentabilidade e governança ambiental e social da JetBlue Airways. Ela
disse que o SAF é adicionado ao combustível convencional no
abastecimento das aeronaves da JetBlue que partem dos aeroportos
internacionais de São Francisco e Los Angeles. A escolha dos locais não é
aleatória: um dos poucos grandes fornecedores de SAF tem uma instalação
de produção na Califórnia, além disso, o estado aprovou uma lei para
combustíveis com baixa emissão de carbono que incentiva o SAF e outras
alternativas.
A United Airlines também concentrou o uso do SAF em alguns de seus
voos na Califórnia. Lauren Riley, diretora de sustentabilidade da
empresa, disse que o SAF era misturado ao combustível de todos os aviões
da United que partiam do Aeroporto Internacional de Los Angeles, desde
2016, e do Aeroporto de Schiphol, em Amsterdam, desde o ano passado. A
United também reuniu um grupo de empresas – entre elas a Deloitte, a
Nike e a Siemens – que pagam para ajudar a companhia aérea a cobrir os
custos adicionais com o SAF em suas viagens de negócios.
“Comprar combustível sustentável de aviação por conta própria seria
de duas a quatro vezes mais caro do que o custo do combustível de
aviação convencional”, disse Lauren. “Não podemos arcar com isso
sozinhos.”
Lauren acrescentou que, em qualquer ano, o SAF representa menos de
0,1% do fornecimento total de combustível da United – um valor que vale
para todo o setor. A United e a JetBlue estão entre as mais de vinte
companhias aéreas que participam de uma aliança, liderada pelo Fórum
Econômico Mundial, que se comprometeu a tornar o SAF responsável por 10%
do abastecimento de combustível da aviação até 2030.
Mas Piris-Cabezas advertiu que é fundamental se proteger contra o
risco de, por exemplo, o óleo de cozinha supostamente usado na produção
do SAF não ser de fato óleo de palma fresco que nunca entrou numa
cozinha. Em uma situação como essa, afirmou, o SAF feito a partir de
biomassa poderia, na verdade, ter um impacto negativo, promovendo o
desmatamento de florestas para plantações de monoculturas.
“É extremamente importante garantir que tenhamos um sistema robusto,
com rastreabilidade e que incentive apenas combustíveis de confiança que
não terão esses impactos negativos nas florestas”, disse Piris-Cabezas,
que classificou o SAF em circulação hoje como “não transparente” e
observou que os consumidores poderiam pressionar as companhias aéreas
por uma maior transparência.
Combustível da atmosfera
Transparência à parte, há um empecilho importante para a produção de
grandes volumes de SAF, disse Andreas Schäfer, diretor do Laboratório de
Sistemas de Transporte Aéreo da Universidade College London: não temos
óleo de cozinha usado o suficiente ou resíduos de biomassa semelhantes
para produzir algo próximo da quantidade de combustível que a aviação
requer. (Schäfer também disse que combustível sustentável de aviação não
é um nome adequado: “Deveria ser combustível mais sustentável de
aviação”, afirmou, porque a alternativa ainda emite dióxido de carbono.)
Os cientistas estão pesquisando fontes alternativas de carbono para o
SAF, incluindo algas, restos de gramas cortadas e resíduos alimentares.
Mas talvez a possível fonte mais intrigante seja o ar que respiramos,
que, naturalmente, está repleto de dióxido de carbono.
Os pesquisadores já desenvolveram a tecnologia para este processo,
conhecida como “power to liquid” (energia para líquidos, em tradução
livre). Ela usa ventiladores enormes para remover o dióxido de carbono
da atmosfera e, em seguida, extrair o carbono da molécula de CO2 antes
de combiná-lo com o hidrogênio produzido a partir de eletrólise da água,
que acontece usando energia renovável. O resultado é um hidrocarboneto
que pode ser usado como combustível para um avião.
“É promissor”, disse Schäfer, “porque houve um desenvolvimento
bastante rápido nesta área. O principal desafio é o custo elevado”.
Esse custo deve-se principalmente à enorme quantidade de energia
limpa necessária para produzir o combustível em volumes consideráveis.
Porém, o custo da eletricidade de fonte renovável está caindo tão
depressa que, até 2035, as tecnologias que convertem eletricidade em
combustível sintético com emissão neutra de carbono poderiam ser mais
baratas de se produzir do que a maioria dos SAF feitos com biomassa.
Outra inovação tem estado no radar desde, pelo menos, a Guerra Fria:
os aviões movidos a hidrogênio. Mas os desafios de engenharia nesse caso
são consideráveis. Por ser um gás, o hidrogênio é volumoso demais para
ser armazenado em quantidades adequadas a bordo de um avião, então
precisa ser resfriado até -253 °C, a temperatura na qual o hidrogênio se
condensa num líquido. Também seria necessário construir infraestruturas
criogênicas para abastecimento e armazenamento nos aeroportos de todo o
mundo.
Entretanto, a tecnologia existe: a NASA e a Agência Espacial Europeia
a utilizam com sucesso há muito tempo, e os pesquisadores de empresas
como a Airbus e a Rolls-Royce estão trabalhando para adaptar a
tecnologia à aviação comercial.
“Com o hidrogênio, é possível realmente chegar ao ponto em que não há
emissões de carbono”, disse Lahiru Ranasinghe, gestora sênior de
sustentabilidade da easyJet, companhia aérea europeia de baixo custo que
está investindo na tecnologia a base de hidrogênio.
Aeronaves movidas a eletricidade são outra opção com baixa emissão de
carbono. Devido às limitações atuais de baterias para acionar seus
motores, as aeronaves totalmente elétricas não têm força suficiente para
voos de longa duração, mas poderiam oferecer uma solução para aviões
menores voarem rotas mais curtas. Nesta área, a Noruega parece estar
abrindo o caminho. De acordo com a Avinor, a operadora aeroportuária
norueguesa, todas as aeronaves usadas em voos domésticos no país devem
ser totalmente elétricas até 2040. A Wideroe, companhia aérea norueguesa
com destaque na região, planeja ter sua primeira aeronave totalmente
elétrica em serviço até 2026.
Um inimigo ralo e congelante do clima
O setor de aviação tem focado em cortar as emissões de carbono, mas
muitos estudiosos dizem que há uma missão mais simples em termos de
redução do impacto dos voos no clima. Descobriu-se que as trilhas de
condensação têm um efeito enorme na temperatura do planeta.
“Sabemos há mais de 20 anos que, em um grau muito elevado, o
aquecimento provocado pelas trilhas de condensação tem sido bastante
significativo – e comparável ao causado pelo CO2″, disse Barrett, do
MIT.
A ciência por trás disso não é simples, disse Barrett, porque o
efeito do rastro depende da hora do dia em que ele é lançado na
atmosfera. À noite, as trilhas de condensação conservam o calor
irradiado pela superfície terrestre, levando a um aquecimento adicional.
Mas durante o dia, os rastros também irradiam a energia do sol de volta
para a atmosfera e podem, na verdade, causar um efeito de resfriamento.
Entretanto, estudos mostram que o impacto global no geral é um
aquecimento considerável – algo em torno de metade a três vezes o efeito
das emissões de dióxido de carbono do setor de aviação.
Barrett está trabalhando em parceria com a Delta Air Lines para
analisar como fazer pequenas mudanças nas rotas de voo poderia ajudar.
Ele diz que há potencial para conquistas simples: os rastros se formam
apenas em condições específicas (quando está frio e úmido) e em faixas
limitadas de altitude. Isso significa que é relativamente fácil – e
barato – para as companhias aéreas redirecionar seus aviões e evitá-los.
“Acabar com as trilhas de condensação é uma ação importante para mitigar o impacto da aviação no clima”, disse ele.
David Victor, codiretor da Deep Decarbonization Initiative
(Iniciativa de Descarbonização Profunda) da Universidade da Califórnia
em San Diego, fez coro sobre a importância de abordar os impactos do
aquecimento provocado pelos rastros, assim como Schäfer, da Universidade
College London.
Mas em relação às iniciativas do setor para cortar as emissões de
carbono, Victor argumentou que, num mundo ideal, o mercado de
compensação de carbono estaria fora de cogitação.
“O histórico de demonstrar virtudes é tão atroz”, disse Victor a
respeito das tradicionais compensações de carbono. “Você tem essa
enxurrada de compensações de lixo no mercado. Isso tem feito cair o
preço como um todo, assim como a qualidade.”
Ele sugeriu que os viajantes preocupados com o tema poderiam usar uma
calculadora on-line de pegada de carbono para ver como seus hábitos de
voo se enquadram no impacto geral no clima. Mas frisou que as decisões
individuais só vão fazer diferença nas margens; o sistema todo precisa
de uma mudança radical, afirmou.
“Se fizermos tudo isso de uma forma que nos torne infelizes, então
não é sustentável”, disse Victor. “Tem que ser algo que toda a sociedade
vai fazer.” / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA