Senador Marcos do Val.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
A
política brasileira vive tempos sombrios. Eleições tumultuadas,
polarização extrema, censura, interferências, excessos do Judiciário e
desvarios golpistas marcaram os últimos meses, dificultando a tão
necessária retomada da normalidade. O mais recente capítulo dessa triste
sina foram as declarações – contraditórias e até agora não
suficientemente claras – do senador Marcos do Val (Podemos – ES).
Em entrevistas a diversos veículos e publicações nas redes sociais, o
senador acusou a existência de um plano rocambolesco – que não foi
levado a cabo – para tentar prender o ministro do STF Alexandre de
Moraes e impedir a posse do presidente Lula (PT). Tal denúncia é
extremamente grave e precisa ser devidamente esclarecida, em todos os
sentidos.
Ainda há muito para se esclarecer, mas uma coisa é certa: o clima de
perseguição e os abusos praticados sob justificativa de se defender a
democracia devem aumentar.
São tantas as versões apresentadas que até é difícil de
acompanhá-las. Em um primeiro momento, do Val disse ter sido
“pressionado” por Bolsonaro a participar de um golpe; depois, que o
então deputado Daniel Silveira foi o autor da proposta e que Bolsonaro
apenas estava presente; por fim, deu a entender que está dando
informações desencontradas de propósito – sua intenção seria “ludibriar o
inimigo”, como explicou aos seus seguidores nas redes sociais na
sexta-feira (4). Caberá ao inquérito aberto para investigar as denúncias
do senador tentar esclarecer o que houve de fato. A depender do
resultado das investigações, Marcos do Val poderá ser acusado de crimes
de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação.
Por enquanto, só há as versões apresentadas por do Val. Os outros
dois participantes da reunião, que teria acontecido em dezembro do ano
passado, Daniel Silveira e Jair Bolsonaro, ainda não se pronunciaram
oficialmente. Flávio Bolsonaro admitiu que, de fato, o pai estava
presente na reunião, mas não falou nada; Alexandre de Moraes confirmou
ter sido informado por Marcos do Val do ocorrido, mas disse que na época
o senador não quis prestar um depoimento oficial e o assunto não foi
adiante.
É preciso que se ressalte que não há justificativa razoável para um plano como o denunciado por Marcos do Val.
Uma história tão mirabolante e ao mesmo tempo tão desvairada precisa
ser analisada com calma, sem paixões. Há muitas lacunas que não foram
esclarecidas. Se, de fato, houve uma tentativa de armar uma armadilha
para prender Alexandre de Moraes, a operação exigiria o apoio de várias
pessoas, desde pessoal técnico habilitado a usar equipamentos de
monitoração e gravação, juristas para embasar uma possível ordem de
prisão, órgãos de segurança e mesmo do Exército. Igualmente não há
informações sobre como isso levaria à anulação dos resultados das
eleições – única forma de Lula não tomar posse do cargo.
Alguns analistas têm associado o documento apócrifo encontrado na
casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF,
Anderson Torres, a “Minuta do Golpe”, ao plano relatado por do Val. Uma
vez obtida a confissão de Moraes e decretada sua prisão, o então
presidente Bolsonaro poderia ter uma justificativa para decretar uma
intervenção direta no TSE, colocar os resultados das eleições em xeque
e, por fim, manter-se no poder. Mas são meras especulações.
De qualquer modo, é preciso que se ressalte que não há justificativa
razoável para um plano como o denunciado por Marcos do Val. Já o
afirmamos inúmeras e repetidas vezes que o Judiciário, em especial
ministros do STF e do TSE, tem tomado decisões equivocadas, contrariando
preceitos constitucionais e interferindo na atuação dos outros Poderes.
Como dissemos em outra ocasião, até Daniel Silveira foi alvo de
perseguição, tendo sua imunidade parlamentar violada pelo STF por conta
de um vídeo onde fazia pesados ataques a vários integrantes da corte
suprema.
VEJA TAMBÉM: O desvario golpista e o direito à manifestação A insensatez dá ao Brasil um Capitólio para chamar de seu Um país de suspeitos até prova em contrário Daniel Silveira e o ataque do STF à imunidade parlamentar
Mas isso não é desculpa para se agir fora da legalidade para
tramar a prisão de um ministro do Supremo e reverter o resultado das
eleições. Tenha ou não falado durante a reunião, Jair Bolsonaro foi, no
mínimo, conivente com a proposta. Se o então presidente não sabia do
plano de Daniel Silveira – é o que uma das últimas versões de Marcos do
Val dá a entender – sua obrigação era impedir a continuidade da reunião
ao perceber o que estava sendo proposto e denunciá-la. A um presidente
que sempre frisou agir dentro das quatro linhas da Constituição não cabe
participar de planos conspiratórios que poderiam mergulhar o país num
caos sem precedentes. Agora, como mostrou a Gazeta do Povo, é quase
certo que o caso deve complicar a situação de Bolsonaro.
Também causa estranheza a reação de Alexandre de Moraes ao ser
informado do caso. Para um ministro que já mandou prender por muito
menos, era de se esperar uma atitude mais enérgica, ao menos para tentar
esclarecer os fatos. Agora que as declarações de Marcos do Val se
tornaram públicas, o ministro já classificou o incidente como “proposta
com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito” e que “deve
ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente
no que diz respeito a eventual intenção golpista”, além de determinar a
abertura de um inquérito para investigar o caso.
Ainda há muito para se esclarecer, mas uma coisa é certa: o clima de
perseguição e os abusos praticados sob justificativa de se defender a
democracia devem aumentar. É preciso esclarecer o que realmente
aconteceu, mas com serenidade. Se não tomarmos cuidado, esse plano
esdrúxulo que nem chegou perto de ser executado será só mais um pretexto
para que o Judiciário continue a cometer abusos.
Diplomacia abalada Destroços devem ser recuperados do mar para investigação
Por Eli Vieira – Gazeta do Povo
Balão da China foi abatido para cair ao mar na costa sudeste dos Estados Unidos.| Foto: Reprodução/YouTube/Fox
Um
balão de possível espionagem da China foi abatido neste sábado (4) por
volta das 16h35, horário de Brasília, pela Força Aérea americana. Ele
foi detectado pela inteligência sobrevoando o território dos EUA na
quinta-feira, mas o governo Biden havia decidido inicialmente não abater
o grande objeto voador, maior que três ônibus, para evitar que os
destroços causassem danos em solo.
Sob o trajeto aparente estavam bases com mísseis intercontinentais e
nucleares no estado de Montana, mas os americanos dizem ter tomado
precauções para evitar que ele colhesse informações sensíveis. A decisão
de derrubar o objeto com caças veio quando ele se aproximou do Oceano
Atlântico. A Administração Federal de Aviação fechou o espaço aéreo ao
longo do litoral nos estados das Carolinas do Norte e do Sul. A Guarda
Costeira também esvaziou as águas na área estimada para a queda.
Funcionários do governo esperam poder recuperar alguma coisa do que
restou do balão antes que ele afunde no mar.
O Secretário de Estado, Antony Blinken, adiou uma visita oficial a
Pequim que estava marcada para o domingo após o balão espião ter sido
descoberto. As relações diplomáticas entre os dois países, que começavam
a superar um período de desconfiança maior desde o governo Trump e o
início da pandemia, voltam a murchar. “Na verdade, EUA e China nunca
anunciaram visita nenhuma, os EUA anunciarem é coisa deles, e
respeitamos”, disse o ministro de relações exteriores da China em um
pronunciamento na manhã de sábado. A agência de notícias Reuters,
contudo, disse que a visita havia sido planejada conjuntamente por Joe
Biden e Xi Jinping em novembro passado.
A China diz que o balão era apenas para pesquisa meteorológica que
por acidente foi levado pelo vento para fora do itinerário planejado. Um
outro balão que os EUA dizem que é espião foi encontrado sobrevoando a
América Latina — sua localização exata ainda não foi informada. A
ativista nascida na China Jennifer Zeng mostrou documentos nas redes
sociais que provariam que os balões são feitos pelo Instituto China
Zhuzhou de Pesquisa e Design em Borracha, “um instituto militar de
pesquisa de propriedade do governo com licenças de produção de armas”.
A Câmara dos Deputados americanos baniu o aplicativo chinês TikTok
nos seus próprios celulares, suspeitando espionagem. O TikTok monitorou
jornalistas e mentiu a respeito. Outro país que acusa a China de
espionagem é o Reino Unido — as forças de segurança do país acharam um
dispositivo de geolocalização escondido em uma peça importada para um
carro oficial.
Ataques às sedes dos três poderes: entenda os diferentes inquéritos em andamento no STF
Por Renan Ramalho – Gazeta do Povo Brasília
Relator das investigações, Alexandre de Moraes vistoria STF após
atos de vandalismo contra as desde dos três poderes.| Foto: Rosinei
Coutinho/STF
A abertura de sete novas investigações no Supremo
Tribunal Federal (STF) para apurar os crimes ocorridos na invasão às
sedes dos três poderes, no dia 8 de janeiro, deram ao ministro Alexandre
de Moraes um poder inédito dentro da Corte na seara criminal. Com esses
inquéritos, o ministro passou a supervisionar diligências, prisões ou
acusações contra mais de 1,4 mil pessoas envolvidas no caso.
A maior parte dos investigados é composta por gente que participou
diretamente dos atos de vandalismo nos edifícios do Congresso, do
Palácio do Planalto e do STF, ou que estavam acampados, no dia seguinte,
em frente do quartel-general do Exército, sendo presos por ordem do
próprio Moraes. Esses são investigados em inquérito específico, focado
no “executores” de atentados contra o Estado Democrático de Direito.
Há um segundo inquérito para apurar a responsabilidade de autores
intelectuais ou instigadores dos atos do 8 de janeiro. Outro investiga
os financiadores e pessoas que prestaram auxílio material para as
manifestações. Um quarto examina a conduta de autoridades do Distrito
Federal responsáveis pela segurança pública, que podem ser punidos por
omissão. Há ainda outros três inquéritos, muito semelhantes, para
analisar se alguns deputados incentivaram os ataques.
Todos os inquéritos foram pedidos pela Procuradoria-Geral da
República (PGR) e encaminhados a Moraes por ter conexão com
investigações anteriores que já apuravam o modo de atuação de grupos
formados nas redes sociais e em outras manifestações de rua para
criticar ou protestar contra as decisões do STF e a atuação dos
ministros. São os chamados inquéritos das “fake news”, das “milícias
digitais” e outro aberto por ocasião das comemorações do Dia da
Independência em 2021, quando caminhoneiros e militares da reserva
fizeram ameaças de violência contra ministros do Supremo nas redes
sociais.
Essas investigações sempre foram vistas com reservas por parte da
comunidade jurídica e entre alguns dos ministros do STF. A razão foram
as medidas duras proferidas por Moraes, tais como restrições excessivas à
liberdade de expressão e à imunidade de parlamentares que se tornaram
alvo das investigações. Também há críticas por razões processuais, como a
falta de competência para investigar pessoas sem foro privilegiado no
STF e pela falta de clareza em relação ao objeto do inquérito, ainda que
quase sempre o foco estivesse em apoiadores do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
A invasão e depredação das sedes dos três poderes deram força a
Moraes e dissiparam boa parte dessas críticas. Um dos motivos é porque
os pedidos de investigação partiram do Ministério Público, que agora
participa ativamente do caso (ao contrário dos inquéritos anteriores, em
que tinha participação secundária). Outra razão para o esvaziamento das
críticas ocorreu porque os atos efetivamente ocorreram dentro das
dependências físicas do STF – requisito do regimento interno da Corte,
que tem força de lei, para abertura de investigações próprias pelo
Supremo, ainda que contra pessoas sem prerrogativa de foro.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, por sua vez, também
passou a ser pressionado nos bastidores, por ministros do STF. Na Corte,
sempre houve o entendimento de Aras deveria ter se empenhado mais na
defesa das instituições, investigando mais a fundo, denunciando e
pedindo a prisão de opositores do Supremo. Essa é uma razão
frequentemente apontada para justificar a abertura e continuidade dos
primeiros inquéritos conduzidos por Moraes e em curso até hoje.
Não à toa, logo nos primeiros dias após os atos de 8 de janeiro, Aras
se mobilizou para organizar uma resposta contundente do Ministério
Público Federal (MPF) no caso. Designou um experiente penalista da
Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador Carlos Frederico
do Santos, para chefiar um “Grupo Estratégico de Combate aos Atos
Antidemocráticos”. O grupo reúne outros membros auxiliares para
processar a grande quantidade de pessoas envolvidas no vandalismo em
Brasília.
Para dar eficácia à persecução penal e alguma rapidez ao grande
volume de trabalho, sem deixar de individualizar as imputações a cada um
dos alvos, Carlos Frederico dividiu o trabalho em subgrupos, separados
pelos inquéritos dos autores intelectuais do 8 de janeiro, o das
autoridades locais, dos executores e dos parlamentares. Até o momento, a
PGR já denunciou ao STF 479 pessoas, das mais de 1,4 mil presas e/ou
investigadas.
A maior parte dessas investigações está sob sigilo. Abaixo, está uma
breve descrição do que já existe de conhecimento público sobre cada um
desses inquéritos.
Inquérito contra os “autores intelectuais” O alvo mais importante e
conhecido dessa investigação é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele
foi inserido no caso após a abertura do inquérito. Isso porque, em 10
de janeiro, dois dias após as invasões às sedes dos três poderes, postou
um vídeo na internet que atribuía ao STF e ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
insinuando um conluio para dar a vitória ao petista.
Esse tipo de discurso passou a ser considerado criminoso por ecoar a
ideia de que o processo eleitoral foi viciado – motivação para os
pedidos de intervenção militar feitos pelos manifestantes que, desde o
fim da eleição, passaram a se concentrar em frente aos quartéis do
Exército e que, em 8 de janeiro, depredaram as sedes dos poderes em
Brasília.
“A postagem em tela, ainda, feita na atual conjuntura, teve por
efeito alimentar a narrativa de que, não sendo confiáveis as
instituições democráticas, as Forças Armadas deveriam sobre elas
intervirem – algo que, aliás, Bolsonaro tem sugerido em diversas
manifestações públicas, desde 7 de setembro de 2021”, afirmou a PGR no
pedido de investigação do ex-presidente.
A Procuradoria-Geral da República considerou que as palavras de
Bolsonaro têm um “peso fundamental” para mover “atos antidemocráticos
graves e violentos”, podendo configurar crimes como os de dano,
tentativa de homicídio e de violenta de abolição do Estado de Direito.
A PGR deu como exemplo o caso do militante George Washington de
Oliveira Sousa, de 54 anos, preso pela suspeita de planejar um atentado
que explodiria um caminhão perto do aeroporto de Brasília. Em depoimento
à Polícia Civil, Sousa afirmou que, após a derrota de Bolsonaro, passou
a participar de atos em frente aos quartéis no Pará, mas resolveu ir
Brasília em novembro, levando na caminhonete dinamites, escopetas,
revolves, pistolas e fuzil. “A minha ida até Brasília tinha como
propósito participar dos protestos que ocorriam em frente ao QG do
Exército e aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas
e derrubar o comunismo. A minha ideia era repassar parte das minhas
armas e munições a outros CACs [ caçadores, atiradores e colecionadores]
que estavam acampados”, disse.
Questionado sobre o motivo de ter se licenciado como CAC respondeu:
“O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente
Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil
dizendo o seguinte: ‘Um povo armado jamais será escravizado’ e também a
minha paixão por armas que tenho desde a juventude”.
Ao aceitar o pedido da PGR para investigar Bolsonaro, Moraes afirmou
que “afirmações falsas”, como a de que o resultado das eleições foi
fraudado, cria uma narrativa “que, a um só tempo, deslegitima as
instituições democráticas e estimula que grupos de apoiadores ataquem
pessoalmente pessoas que representam as instituições, pretendendo sua
destituição e substituição por outras alinhadas ao grupo político do
ex-presidente”. “De maneira ainda mais grave, instiga que apoiadores
cometam crimes de extrema gravidade contra o Estado Democrático de
Direito, como aqueles ocorridos no dia 8/1/2023”, completou o ministro.
A PGR pediu a investigação de Bolsonaro por incitação ao crime, que
tem pena leve: de três a seis meses de detenção – punição não implica
prisão em regime fechado – ou multa.
Como o inquérito corre em sigilo, ainda não se sabe quais os outros alvos do inquérito.
Inquéritos sobre as autoridades do Distrito Federal Trata-se da
primeira e mais transparente investigação até o momento. Tem como
principais alvos o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis
Rocha; o ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres, o
ex-secretário-executivo da pasta Fernando de Sousa Oliveira; e o
ex-comandante da Polícia Militar Fábio Augusto Vieira. Todos são
suspeitos de omissão dolosa [intencional], por suposta conivência com os
atos violentos, por deixarem de prover a devida proteção das sedes dos
poderes.
Foram acusações feitas pelo próprio Moraes, em sua primeira
manifestação sobre o caso, ainda no dia 8 de janeiro, quando afastou
Ibaneis do cargo. Nessa decisão, o ministro do STF escreveu que o
“descaso e conivência” de Anderson Torres “com qualquer planejamento que
garantisse a segurança e a ordem no Distrito Federal, tanto do
patrimônio público – Congresso Nacional, Presidência da República e
Supremo Tribunal Federal – só não foi mais acintoso do que a conduta
dolosamente omissiva do governador”.
Em relação a Ibaneis Moraes relatou que o governador deu declarações
públicas defendendo as manifestações dos apoiadores de Bolsonaro em
Brasília, “mesmo sabedor por todas as redes que ataques as instituições e
seus membros seriam realizados”. Além disso, segundo o ministro,
Ibaneis “ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um
plano de segurança semelhante aos realizados nos últimos dois anos em 7
de setembro, em especial, com a proibição de ingresso na esplanada dos
Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo
acesso”.
Moraes ainda afirmou de forma genérica, que em tese pode incluir
todos os envolvidos, que as autoridades também podem ter cometido, por
“omissão dolosa”, os crimes de terrorismo, dano, associação criminosa,
abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
A PGR ainda não denunciou nenhuma dessas autoridades do Distrito Federal.
Por ser aberto e público, esse inquérito também tem recebido
manifestações de outras partes interessadas em punir envolvidos. Foi
nele, por exemplo, que um grupo de advogados próximo de Lula, o
Prerrogativas, pediu a Moraes para impedir a posse de 11 deputados
recém-eleitos por supostamente terem incentivado as invasões no dia 8,
em postagens nas redes sociais. Seguindo parecer da PGR, Alexandre de
Moraes já negou esse pedido, dizendo que cabe à Comissão de Ética da
Câmara analisar a situação deles.
Inquéritos sobre deputados Apesar de ter opinado contra a
suspensão da posse desses 11 deputados, a PGR pediu para investigar três
deles – Silvia Waiãpi (PL-AP), André Fernandes (PL-CE) e Clarissa
Tércio (PP-PE). A suspeita é de possível cometimento do delito de
incitação ao crime de abolição violenta do Estado Democrático de
Direito, que consiste em incitar, publicamente, animosidade entre as
Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as
instituições civis ou a sociedade. A pena é de três a seis meses de
detenção (que não leva a regime fechado) ou multa.
Para pedir a investigação de Waiãpi, a PGR citou uma postagem dela no
Instagram, em meio a vídeos da manifestação, com a seguinte frase:
“Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder
pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho”.
Contra André Fernandes, a PGR citou a seguinte postagem do deputado
em rede social: “Neste final de semana acontecerá, na Praça dos Três
Poderes, o primeiro ato contra o governo Lula. Estaremos lá”.
A base para pedir a investigação de Clarissa Tércio foi a postagem de
um vídeo em que uma mulher dizia: “Acabamos de tomar o poder. Estamos
dentro do Congresso. Todo povo está aqui em cima. Isso vai ficar para a
história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos”.
Para a PGR, “o discurso em apoio [à manifestação] e a conclamação dos
atos que culminaram na invasão às sedes dos Poderes constitucionais são
indicativos de que o incitamento difundido pelo requerido [deputado ou
deputada] por meio da referida postagem estimulou a prática das ações
criminosas acima narradas”.
Cada um dos três deputados está sendo investigado em um inquérito à
parte. Caso sejam denunciados e condenados, é possível que o STF
determine a perda do mandato. Mas a palavra final sobre a cassação é
sempre da própria Câmara dos Deputados.
VEJA TAMBÉM: Como suposto plano de golpe revelado por senador pode complicar Bolsonaro na Justiça Quais são os impactos da derrota de Marinho para a oposição a Lula no Senado Por que o MDB “tampou os ouvidos” para fala de Lula sobre Temer ser “golpista” Inquérito sobre os executores Na
investigação sobre os executores dos atos de vandalismo em Brasília
está a maior parte das pessoas já denunciadas pela PGR. São aquelas
identificadas por invadirem e depredarem as sedes dos três poderes. Até o
momento, são ao menos cinco pessoas acusadas por vandalizarem a Câmara,
outras cinco por danos causados ao STF e mais 39 pelo vandalismo no
Senado.
Eles responderão por uma quantidade maior de crimes: associação
criminosa armada (com pena de 1 a 3 anos de reclusão), abolição violenta
do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos), golpe de Estado (4 a 12
anos); dano qualificado pela violência e grave ameaça com emprego de
substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável
prejuízo para a vítima (6 meses a 3 anos); e deterioração de patrimônio
tombado (6 meses a 1 ano).
Para todas essas pessoas, a PGR defendeu a prisão preventiva, por
tempo indeterminado. A Procuradoria entendeu haver risco de que, se
forem soltas, venham a cometer novos ataques, atrapalhem as
investigações ou fujam do país. Além disso, a PGR pediu que, se
condenadas, paguem mais de R$ 40 milhões de reparação aos cofres
públicos em função dos danos que causaram.
“No interior do prédio sede do Congresso Nacional e insuflando a
massa a avançar contra as sedes do Palácio do Planalto e do Supremo
Tribunal Federal, os denunciados destruíram e concorreram para a
destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União,
fazendo-o com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de substância
inflamável e gerando prejuízo considerável para o erário”, diz uma das
denúncias.
A PGR não seguiu o entendimento de Alexandre de Moraes para imputar
terrorismo a essas pessoas. Argumentou que, apesar da gravidade dos
atos, juridicamente esse crime não pode enquadrar quem comete atentados
por motivação política, mas somente por por razões de xenofobia,
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião.
Um outro grupo maior de denunciados pela PGR foi acusado apenas por
estar em frente do quartel-general do Exército, em Brasília, no dia
seguinte às invasões, apesar da ordem de Moraes para que o acampamento
fosse desfeito. A estes, o órgão acusou de associação criminosa (1 a 3
anos de reclusão) e incitação à animosidade das Forças Armadas contra os
poderes constitucionais (3 a 6 meses de detenção).
Nessas denúncias, a PGR destaca que os acusados cometeram esses
crimes porque pediam um golpe militar. “A associação criminosa insuflava
as Forças Armadas à tomada do poder. Para tanto, a ação delituosa
engendrada pelos agentes, da qual participou o denunciado, com o
imanente dolo de impedir de forma contínua o exercício dos Poderes
Constitucionais e ocasionar a deposição do governo legitimamente
constituído, incitando o Exército Brasileiro a sair às ruas para
estabelecer e consolidar o regime de exceção”, diz a acusação.
Ao menos 429 pessoas foram denunciadas nessa categoria, mas a PGR
entende que eles não representam perigo e poderiam ser soltos. Ainda
assim, ao menos boa parte deles continua em prisão preventiva.
Devido à grande quantidade de denunciados nesse inquérito, há
conversas para que, após as denúncias, os processos sejam enviados à
primeira instância judicial.
Projeto de lei pode desestruturar ainda mais família brasileira
Por Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo
Relatório Moynihan, de 1965, apontou que o pior desempenho
econômico e social dos negros nos EUA estava ligado ao colapso da
estrutura familiar| Foto: Bigstock
Um projeto de lei em
tramitação na Câmara dos Deputados prevê o pagamento de um auxílio
permanente de R$ 1.200 mensais para mães solteiras no Brasil. Dados
divulgados em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, 68% dos moradores de domicílios
chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos
estavam abaixo da linha da pobreza no país. O cenário nacional,
portanto, atesta a urgência da busca de soluções para o problema da
vulnerabilidade dessa população. Por outro lado, experiências
internacionais e especialistas alertam que programas de transferência de
renda que naturalizem e incentivem, mesmo que indiretamente, a
monoparentalidade podem ter um resultado maléfico no médio e longo
prazo, gerando ainda mais pobreza e vulnerabilidade.
O ex-diretor na Secretaria Nacional da Família, sociólogo e professor
universitário Marcelo Couto Dias, acentua que o desafio das mulheres
chefes de família é real e não deve ser desconsiderado, recordando que
os mais vulneráveis a essa situação são as crianças. Ainda de acordo com
o IBGE, quase metade (46,2%) das crianças menores de 14 anos viviam
abaixo da linha da pobreza no Brasil em 2021. “Um dos problemas mais
graves do Brasil talvez seja esse, que pode comprometer todo o futuro da
pessoa, o desenvolvimento cognitivo e a aquisição de capital humano.”
Para ele, portanto, as políticas deveriam centrar foco nesse público
vulnerável e não no primordial cuidador, que mais frequentemente no
cenário atual é a mulher sem cônjuge. “Não precisa de muita ciência para
saber que uma criança está mais protegida e tende a se desenvolver
melhor na presença de dois adultos e não de um só. Quando você incentiva
uma condição que não é a mais adequada para a criança, pode criar um
estímulo. As relações conjugais são marcadas por crises, isso é fato
desde sempre. A chance dessas crises terem como desfecho a ruptura do
vínculo é maior quando tem incentivo público para a condição de
monoparentalidade”, afirma Dias.
Levando em conta que o vínculo familiar é positivo para o
desenvolvimento da criança e respeitando as liberdades individuais, o
sociólogo defende a criação de incentivos para a manutenção de relações
conjugais saudáveis. “Há países que investem em terapia de casal, por
exemplo, para prevenir a ruptura dos vínculos. Não basta que exista
renda, é importante incentivar uma parentalidade positiva, que está
diretamente relacionada a desfechos positivos para a criança e o
adolescente. Estudos mostram que a parentalidade adequada é fator de
prevenção para a exposição a álcool e drogas, iniciação sexual precoce,
evasão escolar e vários desfechos negativos. Mas são trabalhos de longo
prazo”, ressalta.
Preceito constitucional em risco O PL 2099/20 foi aprovado pela
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, em 2021, e ainda precisa
tramitar pelas comissões de Seguridade Social e Família; Finanças e
Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Caso aprovada, a
matéria segue para a votação em plenário na Câmara e no Senado e, se for
o caso, para a sanção presidencial. Como o benefício precisa ser
previsto no Orçamento da União, são grandes as chances de a ideia não
chegar a sair do papel.
A proposta é que mulheres provedoras de famílias monoparentais
(aquelas chefiadas por apenas uma pessoa, sem cônjuge ou companheiro, e
que tenha pelo menos um indivíduo menor de 18 anos na composição)
recebam mensalmente o benefício. Os requisitos são ter mais de 18 anos,
não ser titular de outro benefício previdenciário ou assistencial, não
ter emprego formal ativo, e contar com renda familiar mensal per capita
de até meio salário mínimo ou renda mensal total que não ultrapasse três
salários mínimos.
Marcelo Couto Dias acentua que um dos riscos de propostas assim é
naturalizar uma condição inadequada de não participação dos homens na
criação dos filhos, “o que viola um preceito constitucional de direitos e
deveres exercidos igualmente por homens e mulheres”. A Constituição
Federal dispõe no artigo 226 que “os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher” e
no 229 que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores”.
Ele explica que um programa de transferência de renda com foco na mãe
solteira “acaba naturalizando uma condição que estatisticamente é a
mais frequente, mas não é bom que seja assim”. Além da sobrecarga da
mãe, a solução pode levar a um incentivo à informalidade e até a uma
quebra das conquistas da mulher no mercado de trabalho.
Maior envolvimento masculino Diretor executivo da Family Talks –
Ong que busca impactar as famílias através do apoio público ao cuidado –
e especialista em gestão de políticas públicas, Rodolfo Canônico
concorda que “é peculiar” o enfoque do projeto de lei na situação da
mulher e não na vulnerabilidade da criança. “Me parece que valeria
discutir medidas mais universais que restritivas. Trata-se de uma
preocupação legítima, mas o foco poderia ser a renda domiciliar,
independentemente do arranjo familiar. Isso beneficiaria a mãe solteira
também. Poderia haver um escalonamento desse benefício (quem tem
rendimento maior recebe menos), além de alguma regra mais específica
para um domicílio liderado por uma mulher, como uma melhoria, em função
da necessidade”, opina.
Canônico completa que, embora não tenha evidências concretas para
afirmar quais seriam os efeitos colaterais da legislação em debate (se
incentivaria rupturas familiares ou não, por exemplo), há alguns dados
já aceitos globalmente que podem lançar luzes sobre o tema. Um deles é a
necessidade de maior envolvimento masculino no cuidado, fator que
impacta diretamente na desigualdade, e que carece de um olhar mais
profundo nas políticas públicas. “Existe uma necessidade de
corresponsabilidade masculina e cabe ao estado promover ações nesse
sentido. Hoje, no cenário global, o tempo que os homens dedicam ao
cuidado é metade do dedicado pelas mulheres. É importante que isso seja
algo compartilhado. Ou seja, pode haver medidas que levem ao
contraditório, que reforcem um papel exclusivamente feminino”, ressalta.
Um documento da ONU Mulheres reforça a crítica, dizendo que as
condições impostas pelo poder público para manter esse tipo de
transferência de renda ativa pode “ter um impacto negativo nas
perspectivas do mercado de trabalho feminino”. “Com a multiplicação de
estudos qualitativos aprofundados, crescem as evidências de que a
imposição de condições pode ser incômoda e punitiva para as mulheres”,
afirma o relatório. Entre essas condicionalidades, que pressupõem uma
“disponibilidade sem limites” da mãe, estariam frequência escolar e em
consultas de saúde, além da utilização de serviços pré-natais pelas
gestantes, exigidas por muitos países para a manutenção de benefícios.
Colapso da família nos EUA No ano de 1965, o secretário adjunto
do Trabalho dos EUA, Daniel Patrick Moynihan, apresentou um documento
conhecido como Relatório Moynihan, com foco nas disparidades entre
negros e brancos americanos. A descoberta foi que o pior desempenho
econômico e social dos negros estava ligado ao colapso da estrutura
familiar. As famílias, escreveu ele, “moldam o caráter e a habilidade de
seus filhos. Em geral, a conduta adulta na sociedade é aprendida quando
criança”.
O economista Thomas Sowell, cuja tese é que os programas
assistenciais desenhados para beneficiar os mais pobres, especialmente
os negros, geralmente têm o efeito inverso, recorda que, em 1960, antes
da expansão do estado de bem-estar social, 22% das crianças negras dos
EUA eram criadas com apenas um dos pais. Em 1985, esse número subiu para
67%. “Um estado de bem-estar amplamente expandido na década de 1960
destruiu a família negra, que sobreviveu a séculos de escravidão e a
gerações de opressão racial”, defende.
Se o fenômeno da família monoparental disparou em meados da década de
1980, primeiramente entre os negros, posteriormente atingiu os brancos.
O diretor do Programa de Política e Governança Educacional da
Universidade de Harvard, Paul Peterson, explica que “alguns programas
desencorajavam ativamente o casamento”, porque “a assistência social ia
para as mães, desde que não houvesse nenhum homem morando na casa. O
casamento com um homem empregado, mesmo que ganhasse o salário mínimo,
colocava em risco o bem-estar econômico da mãe”.
Peterson estima que, em 1975, um chefe de família americano
precisaria ganhar 20 mil dólares por ano (hoje o equivalente a 90 mil
dólares) para superar os recursos que poderiam ser obtidos em programas
sociais. Isso talvez ajude a explicar por que em 1964 somente 7% das
crianças americanas nasciam fora do casamento, em comparação com os 40%
atuais.
Para Peterson, entre as soluções para o problema estaria o governo
recompensar “o casamento, especialmente para aqueles em risco de baixa
renda”, redesenhando programas de transferência de renda “para que seus
incentivos tenham efeitos positivos para casais casados, não apenas para
pais solteiros”. “De modo mais geral, as políticas sociais da Europa
voltadas para a criança, que reduzem o estresse sobre famílias de dupla
renda com filhos, devem ser estudadas de perto por suas qualidades de
melhoria do casamento”, sugere.
Um relatório da Heritage Foundation sobre os prejuízos dos programas
de bem-estar às crianças aponta uma série de problemas oriundos da
criação em um lar monoparental: “triplica o nível de problemas
comportamentais e emocionais entre as crianças; quase triplica o nível
de atividade sexual adolescente; duplica a probabilidade de uma jovem
ter filhos fora do casamento; dobra a probabilidade de um menino se
tornar uma ameaça para a sociedade, se envolver em atividades criminosas
e acabar na prisão”. Além disso, a ausência de um dos pais na criação
atrasa o desenvolvimento na primeira infância e impacta em menor
desempenho educacional e em menor realização de trabalho.
Benefício como complemento ao trabalho Um relatório da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
publicado em fevereiro de 2022, aponta que famílias monoparentais estão
entre os domicílios mais vulneráveis, com uma taxa média de pobreza três
vezes maior do que as famílias com dois ou mais adultos em casa. Com os
pais solteiros enfrentando vulnerabilidades combinadas (como
dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, ausência de renda
adequada, múltiplas responsabilidades e falta de apoio emocional e
prático de um parceiro), as políticas públicas de apoio a famílias
monoparentais buscam o equilíbrio trabalho-família e a garantia do
bem-estar econômico dos membros. Isso é feito, geralmente, por meio de
assistência social, benefícios econômicos universais ou direcionados,
além de políticas de acesso ao mercado de trabalho.
Nesse ponto, as experiências internacionais apontam que a exigência
de não ter trabalho formal para receber o benefício seria um aspecto
falho da proposta brasileira. Segundo a OCDE, “a participação de pais
solteiros na força de trabalho oferece a melhor proteção contra a
pobreza para as crianças”. Ainda assim, mesmo que o pai ou mãe
responsável pelos filhos trabalhe e receba pensão alimentícia,
“transferências e benefícios muitas vezes são indispensáveis para pais
solteiros”. “As prestações familiares destinadas a famílias
monoparentais complementam os rendimentos do trabalho e, por
conseguinte, colocam-nas acima do limiar da pobreza, embora este não
seja necessariamente o caso das famílias monoparentais”, completa o
documento.
Em dez países da OCDE (Dinamarca, Finlândia, França, Lituânia,
Holanda, Nova Zelândia, Polônia, Eslováquia, Eslovênia e Suécia), as
transferências de renda ultrapassam 30% da renda líquida de famílias
monoparentais de baixa renda. Dezessete países oferecem auxílio para
moradia alugada e em 11 há benefícios trabalhistas. “A maior parte do
apoio financeiro é testada em termos de recursos e o apoio é reduzido
com salários mais altos”, explica o relatório.
Na prática, nem sempre há nos países um benefício exclusivo para
famílias monoparentais, mas um complemento aos benefícios universais, de
acordo com as necessidades específicas. Na Itália e em Portugal,
famílias conduzidas por apenas um dos pais não se beneficiam de alguma
prestação especial, mas recebem montantes maiores de abono do que as
famílias biparentais.
Além de transferência de renda, políticas que facilitem o acesso ao
trabalho e à sua conciliação com o cuidado familiar (com acesso a
atividades extracurriculares e cuidado após a escola, além de licenças
especiais, jornadas de trabalho flexíveis ou em tempo parcial para pais
solteiros) são outras experiências relatadas por países da UE para
apoiar as famílias monoparentais.
Na Eslováquia, há um período prolongado de licença maternidade para
mães solteiras, e na Grécia esse benefício atinge o dobro do tempo da
licença parental comum. Na República Tcheca, também são oferecidos
períodos mais longos para a assistência de longo prazo para crianças com
menos de 10 anos, criadas em famílias monoparentais.
Desfile de tropas do Exército no 7 de setembro.| Foto: Exército/divulgação
A
nossa história, desde a época da Proclamação da República até os dias
que correm, registra a presença marcante e persistente dos militares na
política. De modo bem resumido, ela revela que até meados do século
passado os fardados exerceram uma espécie de poder moderador. Nas
décadas de sessenta a oitenta, por meio de um golpe, detiveram as rédeas
do governo; e nesses últimos quatro anos, sob a liderança do partido
verde oliva, atuaram para a vitória eleitoral de Bolsonaro. Eles
assumiram milhares de cargos na administração federal e se envolveram
com os bolsonaristas radicais desejosos da instauração de um condenável
golpe capaz de impedir a posse do atual presidente da República.
Esses acontecimentos recentes provocaram reações contestatórias no
âmbito da sociedade já a partir da primeira ação depredatória em
Brasília e principalmente após os atos de vandalismo incidentes na Praça
dos Três Poderes. As críticas recaíram na censurável anuência para
permanecerem em frente aos quartéis, na execrável manifestação de uma
reação colaborativa e na ajuda prestada no momento da invasão criminosa
dos prédios públicos.
Parece claro que é incorreto e inviável a proposta de proibir
terminantemente os militares de manifestar suas preferências políticas.
Com base em tais eventos emergiu a ideia relativa à
imprescindibilidade de despolitizar as Forças Armadas. Quanto a ela,
alguns eminentes personagens apresentaram suas posições: eliminar a
atuação indevida dos militares na política; voltar ao que sempre fomos e
deu certo; uma instituição de Estado e sem participar de política; veto
efetivo a manifestações políticas tanto pelo pessoal da ativa como da
reserva remunerada; se dedicar à sua tarefa principal, a defesa da
pátria.
Não é preciso fazer qualquer esforço analítico para entender estas
concepções porquanto são muito óbvias, expressam de modo claro e
inequívoco o dissentimento de qualquer exteriorização política aos
militares. Embora não declarados, tais juízos se assentam em dois
pressupostos que precisam ser examinados. Primeiro, existem dois tipos
específicos de cidadãos, o civil e o militar, porém, só ao civil é
outorgado o direito da manifestação política. Segundo, é viável e
correto que uma parcela de cidadãos, no caso os fardados, leve uma
existência de maneira apartada da vida política.
Embora talvez se desconheçam as bases teóricas dessas concepções,
elas estão em consonância com uma das duas mais relevantes teses da
sociologia militar que é a da profissionalização por meio do temerário
enclausuramento dos fardados na caserna. De modo sintético, ela
estabelece a concessão de autonomia profissional aos militares pelos
civis, a subordinação deles aos líderes políticos paisanos, a não
intervenção dos mesmos na política e a não ingerência política nas
Forças Armadas por parte dos civis.
Vale expor que desde há muito tempo essa diretriz vem orientando a
vida da quase totalidade das Forças Armadas do mundo, especificamente as
dos países regidos pela democracia. Entretanto, em seu desenrolar ela
se mostrou totalmente inviável. Veja-se o que aconteceu no continente
europeu. Na França, durante os anos sessenta do século passado emergiu a
Organização do Exército Secreto cujos generais integrantes tentaram dar
um golpe de Estado e fracassaram. Recentemente apareceram dois
manifestos assinados por militares, um advertindo sobre o crescimento do
caos no país com a provável convocação das Forças Armadas para
controlá-lo, e outro com a acusação da incapacidade do governo para
enfrentar o avanço do islamismo, da imigração e da violência interna.
Nessa mesma década, na Grécia, foi deflagrado pelos fardados o Plano
Prometheus, norteador da Ditadura dos Coronéis e destinado a salvar a
nação de um suposto regime comunista, e em Portugal veio à tona a
alcunhada Revolução dos Cravos na década de setenta.
Na América Latina, muitos golpes militares foram aplicados, tais como
no Chile, na Argentina e no Brasil, onde, além os servidores
uniformizados se intrometeram na política por meio do poder moderador e
nos últimos quatro anos se envolveram em demasia com o bolsonarismo.
Contemporaneamente, outras intervenções foram praticadas em Mianmar,
Sudão, Mali e Chade que estavam tentando firmar o regime democrático. Em
Israel, é marcante e muito duradoura a presença de um Estado Guarnição
sustentado pelo poder castrense.
Quanto ao primeiro pressuposto apontado ele é extremamente frágil. A
errônea insistência em continuar distinguindo, essencialmente, civis de
militares só é viável por causa do uso de um raciocínio baseado nos
princípios da identidade e da não contradição que não servem para
explicara real existência dessa dualidade, mesmo porque o fenômeno da
civilinização está apagando celeremente as diferenças entre ambos.
Por outro lado, é invalidado pela legislação em vigor, haja vista que
nossa Carta Magna não atribui apenas aos civis o direito à livre
expressão que inclui a manifestação política. Ressalte-se que há décadas
ele foi outorgado aos citizens in uniform europeus. De resto, inexiste
um consistente princípio ético justificador dessa restrição e nem
procedimentos adequados para efetivá-la mesmo porque a sociedade civil,
desacertadamente, não controla a educação formal e o processo de
socialização dos fardados.
VEJA TAMBÉM: Intervenção das Forças Armadas e a Lei De Segurança Nacional Uma agenda propositiva para a Defesa Nacional nas eleições brasileiras Pré-requisitos para uma política industrial e tecnológica para a defesa Uma mulher no Ministério da Defesa
O segundo também se revela inócuo, pois nenhuma corrente ideológica
democrática defende a presença na vida em sociedade de indivíduos
desligados da atividade política, uma vez que ela constitui uma
experiência essencial do ser humano que não pode ser barrada. Outrossim,
considerando que a política gira em torno do exercício do poder, os que
dela se distanciam podem tornar menos ou mais difícil a ação daqueles
que governam, bem como favorecer os vitoriosos aptos a assumir o
governo. Isto significa que é impossível a existência de pessoas
afastadas da vida política. Ademais, fica demonstrado que não é factível
a existência de um comportamento neutro. Diga-se ainda, que nenhuma
concepção filosófica ou científica admite a neutralidade da conduta
porquanto é impossível sustentar sua aparição e permanência.
Frente a essas colocações, parece claro que é incorreto e inviável a
proposta de proibir terminantemente os militares de manifestar suas
preferências políticas. No entanto, revela-se necessário e acertado
impedir que tais manifestações ocorram no âmbito da caserna, no horário
do expediente e com a chancela e envolvimento de seus comandantes.
Aliás, cabe ressaltar que não é conveniente que qualquer ambiente de
trabalho, estatal ou privado, seja transformado em palco e arena para
manifestações políticas uma vez que ele se destina à prática
ocupacional.
A democracia disponibiliza a todos, inclusive aos militares, o espaço
cívico da esfera pública para o exercício da cidadania ativa. Portanto,
a despolitização não pode ser entendida como uma ação incidente na
pessoa do militar e sim com como profissional no interior do quartel, a
qual deve ser feita por meio de regulamentação apropriada.
Antônio Carlos Will Ludwig é professor aposentado da Academia da
Força Aérea, pós-doutor em Educação pela USP e autor de “Democracia e
Ensino Militar” (Cortez) e “A Reforma do Ensino Médio e a Formação Para a
Cidadania” (Pontes).
Che Guevara, o homem que não gostava de trabalhar, mas sentia prazer em matar
Por Tiago Cordeiro – Gazeta do Povo
Ernesto “Che” Guevara, no centro, em fotografia publicada pela
primeira vez pelo jornal cubano Juventud Rebelde em 2005, tirada 45 anos
antes pela inglesa Nicola Seyd.| Foto: EFE/Alejandro Ernesto
Em
17 de fevereiro de 1958, em Sierra Maestra, o camponês Eutimio Guerra
foi julgado e condenado à morte por Ernesto Che Guevara. Ele havia se
unido à guerrilha que combatia o governo cubano, atuando como guia, mas
teria colaborado com o exército do presidente Fulgencio Batista. As
evidências contra ele eram tão fracas que ninguém queria executar a
sentença. Guevara então pegou uma pistola calibre .32 e disparou contra a
têmpora do cubano de 37 anos.
Este é o primeiro caso documentado de assassinato a sangue frio
liderado por Che. Centenas de outros se seguiriam. Quando a revolução
fora vitoriosa e os guerrilheiros se instalaram em Havana, em 1959, o
argentino, que dizia ter abandonado a vida confortável de classe média
para lutar pelos mais pobres, conduziu fuzilamentos diários ao longo de
meses. No posto de juiz chefe do Tribunal Revolucionário, agiu dentro da
fortaleza La Cabaña, uma antiga fortaleza espanhola transformada em
prisão. O fosso em torno das instalações ficou lotado de cadáveres. As
famílias autorizadas a visitar detentos eram conduzidas diante do
paredão ensanguentado onde aconteciam os fuzilamentos.
Foi em La Cabaña que Jesús Carrera Zayas, de 27 anos, tombou em 11 de
março de 1961. Deixou uma viúva de 20 anos e uma filha de seis meses.
Zayas era comandante do exército rebelde. Após a vitória, passou a se
opor a uma série de decisões de Che. Acabou detido, acusado de trair os
companheiros. Seu assassinato foi conduzido por Fernando Flores Ibarra,
mais conhecido pelo apelido “Charco de Sangre” (algo como “poça de
sangue”). Uma escola enviou crianças para assistir à execução. Elas eram
encorajadas a gritar: “Morte ao verme!”. “Foi Che quem determinou a
morte de Zayas. Ele presenciou a execução”, relata, no livro Che
Guevara’s Forgotten Victims, María C. Werlau, diretora executiva do Free
Society Project, uma organização que atua a partir de Washington para
denunciar crimes contra a humanidade cometidos em Cuba.
O livro é referência quando se trata dos crimes de Che. Relata as
histórias de vítimas como Angel Maria Clausell García, Demetrio Clausell
González, Fidel Díaz Merquías, Cornelio Rojas Fernández e José Castaño
Quevedo. “Ernesto Guevara é o maior símbolo do ‘revolucionário chique’,
um ícone da cultura de massa. Ironicamente, a maior parte de seus
devotos sabe muito pouco, ou mesmo nada, sobre ele”, argumenta Werlau em
seu texto. “Na Sierra Maestra, por exemplo, ele se mostrou um
verdadeiro serial killer”.
Em La Cabaña, ela prossegue, “durante os julgamentos, regras básicas
da jurisprudência foram ignoradas e as acusações do promotor eram
consideradas provas irrefutáveis. Cuba, que até então não tinha pena de
morte, viu Che Guevara conduzir uma máquina de matar. Ele insistia com
seus subordinados: ‘Não atrasem os procedimentos. Esta é uma revolução.
Não usem métodos legais burgueses; a evidência é secundária’”.
Com relação aos assassinatos, o próprio Che admitiu, em 1964, diante
da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas: “É claro que
executamos! E continuaremos executando enquanto for necessário”. Em
1957, durante as atividades da guerrilha, escreveu para o pai: “Hoje
descobri que realmente gosto de matar”.
Mitos e lendas De fato, quase toda a trajetória de Che é marcada
por versões distorcidas da realidade. Não há, por exemplo, provas de que
ele tenha de fato terminado a faculdade de medicina em Buenos Aires.
“Ele concluiu os ensinos num tempo mais curto do que seria possível, e a
Universidade de Buenos Aires alega que não tem mais os documentos da
época”, escreve Fernando Díaz Villanueva em Vida y mentira de Ernesto
“Che” Guevara. “Não havia tempo hábil entre o período em que ele retomou
os estudos e as exigências da instituição de ensino para os estudantes
de medicina, que incluíam um período obrigatório de prática”.
Talvez por isso, não conseguiu empregos como médico em diferentes
países por onde passou em meados da década de 1950, incluindo Colômbia e
Peru, num momento em que ele sonhava em chegar aos Estados Unidos para
fazer dinheiro. Ele tampouco participou ativamente da defesa do governo
de esquerda na Guatemala, como se diria posteriormente – na época,
enquanto o presidente Jacobo Árbenz Guzmán renunciava e tinha início uma
ditadura militar, ele se escondeu na embaixada argentina, enquanto sua
noiva a economista peruana Hilda Gadea Acosta, que o sustentava, era
presa. Aliás, depender financeiramente de Hilda não representava um
constrangimento para o revolucionário, que poucas vezes na vida
trabalhou em emprego fixo. Quando o fez, foi sempre por pouco tempo.
Mesmo como presidente do Banco Central e ministro da Indústria, em
Cuba, Che era conhecido por aparecer perto do meio-dia, com roupas
militares, lançar as botas sobre a mesa e acompanhar, entediado, os
relatórios de seus funcionários, economistas que tentavam, sem sucesso,
explicar ao líder os fundamentos mais básicos da rotina do trabalho.
Guevara dizia que, caso os técnicos o desagradassem, poderia colocar
camponeses para exercer a mesma função. A reforma agrária que ele
liderou, assim como o esforço de industrialização do país, tiveram
resultados catastróficos. Ele era mais eficiente em gerenciar
assassinatos. E em escrever e ditar artigos e panfletos, se deixar
fotografar e criar comendas e honrarias para si mesmo.
Campo de reeducação Entediado, Che deixou Cuba em 1965, em busca
de incentivar guerras e revoluções em outros países, especialmente Congo
e Bolívia, onde seria preso e executado em 9 de outubro de 1967. Seu
interesse maior estava em liderar homens armados. “Precisamos seguir o
exemplo perene da guerrilha. O ódio é um elemento básico da luta.
Devemos alimentar um ódio sem fim em relação ao inimigo, que nos impele a
abandonar quaisquer limitações naturais para nos tornarmos máquinas de
matar eficientes e violentas”, ele escreveu, em 1967.
A violência não abria espaço algum para a democracia. Em 1959, ele já
tinha declarado: “Precisamos eliminar todos os jornais. Não se faz
revolução com imprensa livre, porque os jornais são instrumentos da
oligarquia”. Em 1961, fundara na península de Guanahacabibes, no extremo
oeste de Cuba, o primeiro campo de trabalho para “reabilitação” para
cidadãos considerados transgressores. Entre as punições previstas por
Che estavam: beber, apresentar sinais de preguiça, tocar música alta,
praticar uma religião ou demonstrar sinais de homossexualidade – o líder
era obcecado em perseguir gays.
Ainda assim, a imagem que insiste em permanecer, inclusive nos
cinemas, é a do motociclista aventureiro, do revolucionário romântico
que se tornou um símbolo sexual e um exemplo de comprometimento com a
humanidade. O fato de que ele se instalou em uma das maiores mansões de
Havana, com piscina, salão de massagens e cais para iates, não costuma
aparecer nos filmes. Nem o fato de que ele promoveu queimas de livros e
ajudou a construir a polícia secreta cubana, aos moldes da Stasi da
Alemanha Oriental.
Como resume Villanueva: “Che é um quase médico que se especializou em
matar. Um comunista que queria fazer fortuna nos Estados Unidos. Um
inimigo da propriedade privada que tomava mansões para si. Um defensor
dos trabalhadores que quase nunca trabalhou. Um humanista desumano”.
BossaBox Cenário de incertezas? Por João Zanocelo* – Gazeta do Povo
Com toda incerteza, é difícil não se perguntar o que temos que fazer agora.| Foto: Way Home Studio / Unsplash
Estamos
passando por um momento de baixa no mercado de Venture Capital. Para
aqueles que trabalham com VCs ou startups isso não é nenhuma novidade.
Segundo o Inside Venture Capital, no primeiro trimestre de 2022 vimos
uma queda de 13% na quantidade de rodadas quando comparado ao mesmo
período de 2021.
Há alguns meses estive em um evento feito com alguns especialistas
para falar um pouco sobre o que vem acontecendo no mercado. Nele, uma
fala do Edoardo Freschet do Itaú BBA me chamou atenção. Segundo ele,
existem três movimentos acontecendo simultaneamente. Quero destacar dois
pra explicar o que estamos passando:
O primeiro é o técnico, uma vez que estamos vendo valuations sendo
corrigidos para múltiplos normais. A alta de juros e inflação tornam os
investimentos de renda fixa mais atrativos do que os de renda variável.
Como a capacidade do VC está diretamente relacionada aos retornos das
suas investidas na bolsa, se sente um efeito “trickle down” para
startups menores também. O segundo é um movimento cíclico em resposta há
anos de uma abundância de capital sem precedentes. Muitos são os casos
de valuations exorbitantes em startups com pouco ou nenhum track record
que justifique o valuation em milhões.
Com toda essa incerteza, é difícil não se perguntar o que temos que
fazer agora. A primeira recomendação é entender o tamanho do buraco. O
buraco sendo quanto tempo você tem pra sobreviver caso você mantenha seu
nível de despesa, ou seja, o seu runway.
Com isso, vamos ao título do artigo: como continuar inovando quando existe tanta incerteza?
O primeiro passo é entender que o downturn impacta setores de forma
diferente. A a16z recomenda que olhe para empresas de capital aberto no
seu setor como benchmark, uma vez que o efeito sempre é sentido primeiro
nas empresas da bolsa e depois ajustado para as privadas. Depois, o
conselho é olhar pro seu burn multiple. Essa é uma métrica de eficiência
financeira. Ele é calculado usando quanto que você queimou versus
quanto trouxe de nova receita em um determinado período.
Até então estamos apenas diagnosticando a situação atual. Agora
decisões estratégicas precisam ser tomadas. O nosso objetivo é: poder
negociar um valuation saudável, alcançando objetivo de receita com base
no múltiplo de mercado, e um runway acima de 12 meses ou infinito
(breakeven).
Para isso, você precisa ser eficiente financeiramente. Ou seja, focar
na coisa certa. Quais são as áreas que contribuem diretamente com
atração ou retenção de receita na sua empresa? O conselho aqui é
evidenciá-las. A pergunta então se torna o que fazer com as outras áreas
que não contribuem diretamente com receita, e para isso, existem
algumas opções.
A primeira é cortar áreas que não tem influência na receita. Os
custos de rescisão e de recontratação estão escondidos aqui. Por isso, é
importante tomar a decisão pensando se essas pessoas geram receita e/ou
se têm capacidade técnica para contribuir de outra forma.
Há também a possibilidade de remanejar as pessoas. É o favorito pois é
o menos disruptivo pro time e pode ser a solução mais rápida. Você já
sabe que é pessoa manda bem e a pessoa já sabe bastante sobre a sua
empresa.
Além disso, pensar em garantir um retorno mais rápido e maior. Aqui é
onde as áreas de Produto e Tech na maioria das vezes estão. São o
recurso mais caro das empresas e muitas vezes o investimento que se faz
nessas áreas é de longo prazo. Além disso, seria interessante em
alternativas menos custosas, como a contratação de terceiros para
desenvolvimento do seu produto.
Também, é possível manter essas áreas como estão. Entendo que seja o
mais descartável de todos, uma vez que as coisas não estão normais.
Recomendo pensar no conselho 2, é ali que mora a inovação. É possível
alguém de Legal ajudar em Sales acelerando negociações de contrato?
O cenário é bem crítico, mas a notícia boa é que grande parte do
problema depende da gente resolver. Importante lembrar que as dinâmicas
de mercado são cíclicas e que esses momentos difíceis também geram boas
oportunidades de negócio.
Mara Lemes Martins – BNI Brasil – Business Network International
Com a chegada do mundo digital e um mundo pós pandemia, empreender
tem sido uma grande opção para as pessoas. Porém, manter um negócio em
pé, requer muitos desafios no dia a dia e nem sempre é tão fácil como
parece.
Empresas precisam ser geridas por um profissional capacitado para
enfrentar todos os desafios do mundo do empreendedorismo; especialista
explica
Com a chegada do mundo digital e um mundo pós pandemia, empreender
tem sido uma grande opção para as pessoas. Porém, manter um negócio em
pé, requer muitos desafios no dia a dia e nem sempre é tão fácil como
parece – mesmo com as oportunidades das redes sociais e da internet em
geral. Para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento realizado
pelo Serviço Brasileiro de Apoio a estes negócios (Sebrae), cerca de 23%
das micro e pequenas empresas fecham as portas antes de completar cinco
anos de atividade no Brasil.
Mas quais características um empreendedor deve ter ou desenvolver
para manter o seu negócio em evidência por anos e anos? Abaixo, a
Vice-Presidente da BNI Brasil – Business Network International – a maior
e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo,
Mara Lemes Martins, lista 10 competências necessárias. Confira:
1- Liderança: essa é a característica principal de
um empreendedor, afinal, como abrir um negócio se você não tem espírito
de liderança? Essa característica é essencial, já que provavelmente você
terá uma equipe. “Saber gerenciar pessoas e negócios não é uma tarefa
fácil, e um empreendedor deve ter esse dom de natureza, ou então fazer
cursos para desenvolver essa característica. Um bom negócio sempre tem
uma boa liderança por trás”, explica a especialista.
2- Humanização: é necessário entender e compreender o
que o colaborador está passando na vida pessoal e profissional. Isso
porque, as duas precisam estar alinhadas com o mesmo propósito. Além
disso, ele precisa saber que está lidando com pessoas e não com objetos.
“Pessoas felizes produzem mais, de acordo com uma pesquisa realizada
pela Sodexo Benefícios e Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que
seu propósito de vida está conectado com seu trabalho atual. A
responsabilidade de um líder é engajar e engajar o seu colaborador a não
desmotivar”, explica Mara.
3- Espírito de equipe: de acordo com uma pesquisa
divulgada pela The Adler Group, cerca de 85% das oportunidades de
trabalho são preenchidas através de indicações vindas de contatos,
provando o valor de desenvolver um trabalho em equipe adequado.
Por isso, assim como saber liderar e ter ideais de humanização, um
gestor também deve ter espírito de equipe e saber delegar funções.
“Existem pessoas que sabem realizar todo o trabalho e preferem
concentrar tudo em suas mãos, porém é necessário investir em
colaboradores, com funções específicas, para que eles ajudem no
desenvolvimento de atividades e melhorem os resultados da empresa. Cada
um pode agregar de alguma forma para que a corporação cresça”, salienta.
4- Autogestão: essa soft skill não é apenas
importante para o empreendedor, mas também para o colaborador que queira
crescer dentro de uma empresa. “Saber controlar a sua própria gestão é
uma habilidade não técnica mega necessária nos dias atuais, ainda mais
pensando no mundo digital, onde cada vez mais as pessoas estão
trabalhando home office. Um empreendedor necessita ter essa
característica e ainda apostar em pessoas que também tenham – pensando
no bem-estar e desenvolvimento da corporação”, comenta Mara.
5- Resiliência: o que mais existe no mundo do
empreendedorismo são problemas, e eles aparecem em todo momento. “Por
isso, é preciso ter resiliência para poder tomar as decisões com calma,
sem impulsividade e não prejudicar a empresa. Saber agir sobre a pressão
de um problema é de extrema importância para o perfil empreendedor”,
diz Mara Leme.
6- Planejamento: saber incluir prazos e definir bem
as suas atividades, bem como as atividades da equipe, é uma
característica de extrema importância para aqueles que desejam abrir um
negócio. “Desenvolver as tarefas de forma objetiva faz com que se torne
possível gerar resultados mensuráveis, criando um controle maior sobre o
seu projeto”, diz Mara.
7- Sede de conhecimento: existe uma forte opinião
hoje em dia que não é mais necessário estudo para empreender. E com a
chegada da internet, ganhar dinheiro online realmente se tornou uma
opção para muitos jovens. Mas é preciso lembrar que as pessoas podem
tirar tudo de você, menos o conhecimento. “Por isso, ter vontade de
estudar, investir em cursos é sempre importante para seu crescimento e
também o da sua empresa. Aprender nunca é demais”, complementa Mara.
8- Inovação: além de pensar em cursos para melhorar o
autoconhecimento, o empreendedor também deve ter uma mente inovadora,
ou seja, estar sempre pensando em ideias e melhorias para a corporação.
“E isso vale também para ideias que melhorem a estrutura física da
empresa, ou até em medidas para beneficiar um colaborador”, salienta.
9- Autoconfiança: essa soft skill é necessária para o
empreendedor saber que é capaz de enfrentar qualquer dilema que vier em
sua jornada empreendedora. “Quanto mais confiante, se torna cada vez
mais possível racionalizar as tomadas de decisões. Se você é inseguro,
se afunda nos problemas e triplica os gargalos de uma corporação”,
explica Leme.
10- Comprometimento: o empreendedor precisa cumprir
com uma agenda de tarefas, ele, geralmente, tem muitas responsabilidades
em suas mãos, e tudo isso requer um comprometimento sério com todos os
afazeres. “Além disso, ele deve servir como um exemplo para quem
trabalha no local”, finaliza Mara.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a
oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de
divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma
Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa
livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua
empresa seja oficializada.
A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando
para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as
melhores marcas do varejo e um mix de opções.
O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o
cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de
compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.
Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que
pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa
plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é
muito abaixo do valor praticado pelo mercado.
Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:
O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação
das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site
de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a
comunicação dos clientes com as lojas.
Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim
trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da
compra.
No país, as lojas online, que também contam com lojas
físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com
relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que
compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
O número de visitantes do Site da Valeon tem crescido exponencialmente, até o momento, tivemos 200.000 visitantes.
O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de
comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e
ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros
marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e
promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como:
empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de
produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais
do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.
Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos
tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa
história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.
Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) colocou como prioridade propostas legislativas que, na visão de
líderes do centrão, dividirão a aliança da esquerda.
PT, PC do B, PSOL e outras siglas aliadas do presidente serão
empurrados a discutir -fora do campo ideológico- mudanças no sistema de
tributos e impostos no país e uma nova regra de controle de gastos.
Mas vão votar a favor dessas propostas?
Parlamentares influentes do centrão acham que o primeiro racha no
núcleo da base política de Lula se dará então ainda neste semestre.
É o momento em que esses partidos, como Republicanos, PP e até o PL
do ex-presidente Jair Bolsonaro, acham que ganharão ainda mais força.
Oficialmente, vão voltar a espalhar o discurso de que o bloco garante a
governabilidade ao país e representa a estabilidade política. Mas isso
tem um preço.
Lula colocou em prática uma negociação para atender separadamente pedidos de alas dessas três legendas e também da União Brasil.
São cargos de segundo e terceiro escalões. Alguns com grande
potencial político, como comando de Codevasf e Correios. Outros de
influência apenas local.
O centrão aproveita a pulverização do poder nesses partidos para negociar no varejo.
A estratégia dos articuladores de Lula é atrair aliados no corpo a
corpo com parlamentares dessas bancadas, o que, na visão de integrantes
do Planalto, abre espaço para uma aliança mais robusta no futuro.
Líderes dessas siglas dizem que não é possível, por ora, embarcar
oficialmente na base de Lula. A transição tem que ser mais lenta.
Lula defende Judiciário e diz que ‘o povo brasileiro não quer conflitos entre as instituições’ (Dailymotion)
A União Brasil, que foi criada após a fusão do PSL com o DEM, tem
diferentes grupos políticos e, apesar de ter três ministérios na
Esplanada de Lula, ainda se declara um partido independente do governo.
PP e Republicanos já vislumbram uma reforma ministerial para
consolidarem a adesão ao governo petista. O Ministério da Saúde é um dos
alvos, especialmente do PP, que já ocupou esse espaço em governos
anteriores.
A pasta tem orçamento elevado, tem cacife políticos e atualmente é
comandada por um quadro técnico, a ministra Nísia Trindade, que foi uma
escolha pessoal de Lula.
Também há interesse pelo MEC (Educação) e Mdic (Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), esse último ocupado
pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Articuladores do presidente não descartam uma reforma ministerial
ainda neste ano, pois a verba que era de emendas deve ser usada nas
negociações mais imediatas, como em votações importantes.
O jogo da política começou agora (que Congresso iniciou os
trabalhos). E Lula, experiente, no terceiro mandato, guardou um pacotão
de bondades aos parlamentares para as negociações.
Além de cargos, auxiliares do petista também afirmam que haverá
distribuição de emendas -mas em um formato menos transparente do que as
antigas emendas de relator.
Os candidatos de Lula, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), reelegeram-se para as presidências da Câmara e do Senado.
Agora, dizem articuladores do petista, é hora de acelerar a formação da
base do governo no Congresso.
Tudo será liberado no tempo da política.
O recado de Lula ao Legislativo é que ele quer conversar com todos,
até mesmo com o PL, e que é natural, numa democracia, dividir o espaço
do governo com aliados.
As notícias do balcão de negociações no Palácio do Planalto geram
ciúmes dentro do centrão -o bloco geralmente é coeso, mas a corrida por
cargos e favores segue o interesse de cada núcleo dos partidos.
Lula tem atendido a pedidos políticos, mas no ritmo da costura de acordos para que ele possa governar com o Congresso.
O roteiro de integrantes do Planalto e de membros do centrão é
bastante convergente. Mas o momento de um movimento político mais
ostentoso vai depender da dependência do governo em relação ao
Congresso.
Como Lula quer se livrar do teto de gastos e tocar em assuntos
econômicos caros para a esquerda, a base do governo precisará ser mais
estável. E antigos aliados de Bolsonaro já se apresentaram para a
missão.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanha o
Chanceler alemão, Olaf Scholz, após entrevista coletiva, no Palácio do
Planalto, em Brasília (Brasil). no dia 30 de janeiro de 2023| Foto: EFE /
André Borges
Que o presidente Lula tem se mostrado pródigo em fazer declarações
sem sentido ou mesmo falsas não é novidade. Logo após se encontrar com o
chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no último dia 30, em Brasília, mais
uma vez o presidente brasileiro não se conteve. Falando com
jornalistas, Lula disse que Putin não é o único responsável pelo
conflito com a Ucrânia. “Acho que a Rússia cometeu um erro crasso de
invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer,
dois não brigam”, disse ele.
Pouco antes, durante reunião com Scholz, o brasileiro já havia
reiterado que o Brasil não atenderia ao pedido feito pela Alemanha para
envio de munições de tanques de guerra que seriam repassadas para o
governo ucraniano. “O Brasil não tem interesse em passar munições para
que sejam utilizadas entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é país de paz. O
Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo indireta”, justificou
Lula. Para ele, a solução é formar um “clube das pessoas que vão querer
construir a paz no planeta”, um grupo de países que “sente na mesa com a
Ucrânia e a Rússia para tentar chegar à paz”.
Se Lula não quer enviar armas para que os ucranianos continuem
resistindo às investidas russas, que pelo menos não tente justificar sua
posição com falácias e frases feitas.
Não foi a primeira vez que Lula demonstra essa visão, simplista e
equivocada da invasão da Ucrânia. Em maio do ano passado, ele já havia
criticado o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pela invasão russa.
Em entrevista à revista Time, Lula disse que Zelensky “quis” a guerra.
“Se não quisesse, teria negociado um pouco mais”, justificou o
brasileiro na época.
A insistência do presidente brasileiro em declarar-se neutro em um
conflito onde não há dúvida entre quem é agressor e o agredido,
estranhamente o aproxima de seu antecessor. Jair Bolsonaro também
preferiu não criticar os russos, mesmo que na ONU o Brasil tenha se
colocado junto aos demais países que condenaram a invasão russa. Para
justificar sua decisão, Bolsonaro alegou na época questões econômicas,
como a necessidade de manter negócios com o país de Putin, como a compra
de fertilizantes – pelo menos 22% dos fertilizantes consumidos no
Brasil vem da Rússia.
Passado quase um ano desde a invasão russa, a Ucrânia mantém a
resistência contra todos os prognósticos, incluindo os da própria
Rússia, graças à tenacidade do povo ucraniano em defender seu
território, e o auxílio de países ocidentais. A Alemanha de Olaf Scholz
desde o início do conflito tem apoiado a Ucrânia e recentemente anunciou
o envio de tanques de guerra ao país.
VEJA TAMBÉM: O mundo não pode se cansar do apoio à Ucrânia Os interesses do Brasil e a política externa de Lula A diplomacia volátil e o “carinho” de Lula com Maduro A crise política no Peru e a escalada da violência
Os EUA também têm contribuído para a resistência dos ucranianos e
deve anunciar um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de US$ 2
bilhões, incluindo tanques, sistemas de defesas aéreos Patriot,
armamento teleguiado e munição para combate. A compreensão dos líderes
ocidentais é a de que, como ressaltou Scholz, a invasão da Ucrânia não é
apenas uma questão europeia, mas uma “violação flagrante dos direitos
internacionais e da ordem internacional”.
Embora sempre seja realmente preferível que a resolução de conflitos
seja feita pela via pacífica, é, no mínimo, ingenuidade acreditar que
uma simples conversa entre Putin e Zelensky, como sugeriu Lula, teria
resultado positivo neste momento. Putin já deixou claro, mais de uma
vez, que o que lhe interessa é a rendição da Ucrânia e desistência sobre
os territórios invadidos.
Hoje, o apoio estrangeiro à Ucrânia é a única maneira de frear o
avanço russo e criar condições para que uma real negociação, em que a
Ucrânia tenha sua integridade territorial e política restabelecida. Se
Lula não quer enviar armas para que os ucranianos continuem resistindo
às investidas russas, que pelo menos não tente justificar sua posição
com falácias e frases feitas.