quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTO DO DIA DA INVASÃO DE BRASÍLIA

 

Putz
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

AME4954. BRASILIA (BRASIL), 08/01/2023.- Manifestantes contra los resultados electorales y el gobierno del recién posesionado presidente Lula da Silva invaden el Congreso Nacional, el Supremo Tribunal Federal y el Palacio del Planalto, sede de la Presidencia de la República, hoy, en Brasilia (Brasil). Seguidores del expresidente brasileño Jair Bolsonaro invadieron este domingo el Palacio de Planalto, sede del Ejecutivo, y la Corte Suprema, después de haber irrumpido antes en el Congreso Nacional en actos golpistas contra el presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Los ventanales de la sede del poder Judicial y del Congreso Nacional fueron rotos por los manifestantes, que ya ocupan los edificios de los tres poderes en el país.EFE/ Andre Borges


Um terrorista? Um golpista? Um patriota? Um idiota? Dependendo de quem vê, o personagem dessa foto pode ser qualquer coisa.| Foto: EFE/ Andre Borges

Para reagirmos à realidade, antes de qualquer coisa precisamos identificar o que se desenrola à nossa frente. E nem tudo é tão óbvio quanto parece. Ou melhor, nada é tão simples quanto os militantes, sobretudo a imprensa petista que agora está por cima da carne seca, fazem parecer.

Peguemos, por exemplo, os acontecimentos do fatídico 8 de janeiro de 2023. Uns dizem que foram graves atos terroristas semelhantes às ações do ISIS ou, para meus leitores mais velhos, do ETA e do IRA. Outros apostam em tentativa de golpe de Estado ou no conceito sutil de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito”. Há ainda uma tese que me parece natimorta: a de que tudo não passou de uma conspiração de esquerda. Por fim, há os que atribuem o que aconteceu naquele domingo a uma revolta estúpida que, por algum motivo, encontrou na depredação do Congresso seu momento de catarse coletiva. Sou desses.

Atos terroristas
A esquerda tem certeza de que foram atos terroristas. Aliás, tinha certeza disso antes mesmo de a primeira janela ser quebrada. Afinal, o simples fato de eu discordar dessa idolatria toda em torno das sacrossantas instituições “democráticas” já bastaria para me transformar no Osama bin Laden das araucárias.

Talvez a esquerda aja assim porque seja necessário um terrorista para reconhecer outro terrorista – como diz aquela expressão que só fica boa em inglês (it needs one to know one). É assim, como atos terroristas, que a esquerda nomeia essa realidade a fim de justificar uma reação a meu ver exagerada, confinando idosos e crianças num abrigo improvisado que veste bem o apelido de lulag, prendendo autoridades por desapreço ideológico e, agora dinamitando uma cláusula pétrea da Constituição, a que garante o direito à manifestação pacífica.

Mas atos terroristas pressupõem várias coisas que faltam ao episódio de domingo. Uma liderança, por exemplo. Uma causa concreta. Ameaças. Mortos. E uma organização capaz de clamar para si a autoria do atentado.

Quando um homem-bomba do ISIS cometia um atentado terrorista, por exemplo, ele recebia instruções claras da organização. Ele tinha um ou vários líderes. A causa era o domínio islâmico ou algo assim. A ação era antecedida por várias ameaças e os mortos eram muitos – daí o nome “terror”. E o ISIS corria para a Internet a fim de se dizer responsável pela carnificina.

Tirando o homem-bomba e as dezenas de mortos, os mesmos pressupostos se aplicam às ações do MST, cujos membros invadem e depredam propriedades rurais, têm como causa declarada o “fim dos latifúndios”, e fazem questão de abrir a bandeirona vermelha do movimento para deixar claro do que são capazes.

Investigue aí a sua consciência para ver se esses pressupostos se aplicam aos vândalos de domingo. Reveja as imagens, repare bem nas expressões, ria do ar ridiculamente heroico dos patriotas, xingue-os de “patriotários”, se for o caso. Mas… terroristas?

Golpe de Estado
Tenho sérias dificuldades para entender os incidentes do dia 8 de janeiro de 2023 como uma tentativa de golpe de Estado. Se bem que as más línguas dizem que tenho sérias dificuldades para entender qualquer coisa, quanto mais o complexo cenário político brasileiro.

Que seja. O fato é que invasão e depredação de prédios públicos não são exatamente uma novidade no Brasil. Em 2013, quando esquerda e direita sem perceber se uniram naquelas mega manifestações que, à época, evidenciavam “o amadurecimento da democracia”, o Congresso foi invadido. E todo mundo achou lindo.

Antes de ser expulsa da presidência, Dilma Roulsseff convocou os camaradas dos movimentos sociais para um ato de resistência dentro do Palácio do Planalto. E nem por isso foi chamada de golpista ou contragolpista. Em 2017, a sede do Ministério da Agricultura em Brasília foi incendiada. Se alguém falou em golpe de Estado, falou bem baixinho, porque eu não ouvi.

Além disso, que golpe de Estado é esse que se dá sem liderança, sem armas, sem apoio da opinião pública e sem um plano para o dia seguinte? Sem a menor chance de sucesso?! E ainda por cima num domingo! Se foi mesmo uma tentativa de golpe de Estado para devolver ao poder a Jair Bolsonaro (que nessa fantasia aí chegaria num cavalo branco alado, ao som de harpas tocando marchas militares, etc.), foi o golpe de Estado mais desastrado da história.

E aqui até concedo que o bolsonarismo, em alguns bolsões (sem trocadilho), adquiriu mesmo certo tom messiânico que inflava para além do razoável o poder político de um personagem que fugiu do país, abandonando revolucionários de bengala à própria sorte. Mas dizer que a barafunda foi uma tentativa de golpe de Estado é um exagero. Na boa, e com todo o respeito, o pessoal não tem nem inteligência para isso.

Abolição violenta do EDD

A lei brasileira tem certas sutilezas que não fazem nenhum sentido na vida real. Exemplo disso é a existência do crime de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” – outra explicação possível para o que se viu em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Posso estar enganado, mas acredito que, neste caso, o espírito da lei tem a ver com uma revolução tradicional, tipo a bolchevique. Isto é, uma revolução que culmine com a morte das mais altas autoridades do Estado.

Por falar nisso, vou aproveitar o ensejo para perguntar por que não existe o crime de abolição não-violenta do Estado Democrático de Direito. Ou seja, o golpe sorrateiro, o golpe na surdina, o golpe na maciota, o golpe dos conchavos, o golpe come-quieto. Fica a dica para os nossos nobres parlamentares de oposição.

Reichstag
Ainda no domingo, houve uma tentativa de fazer prevalecer a narrativa de que os tumultos em Brasília tinham sido obra apenas de infiltrados esquerdistas que tentavam reproduzir no Brasil a mesma comoção causada pelo incêndio do Reichstag, o parlamento alemão, em 1933. O incêndio serviu de pretexto para Hitler esmagar qualquer oposição ao regime nazista e consolidar seu poder absoluto.

A narrativa de uma conspiração esquerdista, contudo, não para em pé. Digo, não duvido nada que tenha havido ali um ou outro infiltrado, de piromaníacos a jovens entediados. Mas seria desonesto isentar de responsabilidade o grosso da multidão que rompeu as barreiras e fez o que fez.

Este, aliás, é um fenômeno da Era da Informação que precisa ser observado com mais atenção: o desejo popular de viver ou reencenar um Grande Momento Histórico, de estar lutando constantemente contra evidentes conspirações, de ser o detentor de informações privilegiadíssimas que causarão sempre transformações drásticas e definitivas no mundo. Tic, tac.

Balbúrdia
Para mim, a explicação mais simples para o 8 de janeiro de 2023 é também a mais plausível. Os manifestantes que promoveram o quebra-quebra em Brasília agiram movidos pelo velho espírito da balbúrdia. Pela ideia de que o caos antecede necessariamente o restabelecimento da ordem. No caso concreto, talvez acreditassem que a mera existência de uma massa descontente fosse o bastante para sensibilizar o coração de gelo do ministro Alexandre de Moraes.

Isso torna os atos menos condenáveis? De jeito nenhum! Porque a balbúrdia (a confusão, o alarido, a baderna, o alvoroço, a desordem, a azáfama, a barafunda, o distúrbio, o escarcéu, a grita, o quebra-quebra, o tumulto, a revolta) é, antes de mais nada, burra e ineficiente. Mais do que isso, a balbúrdia (etc.) tira da indignação justa qualquer simpatia que a opinião pública possa vir a nutrir por ela. Afinal, ninguém gosta de ser confundido com vândalos.

Foi isso o que se viu no domingo: a expressão catártica e estúpida de uma indignação que até então contava com a solidariedade de quem a considerava justa. Agora é aguentar as consequências. Ou talvez a punição dos “deuses da democracia”, para usar a infame expressão do ministro Luís Roberto Barroso.

EBOOK GRÁTIS
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/o-que-de-fato-aconteceu-naquele-domingo-8-de-janeiro-de-2023/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

COMPORTAMENTO NA DITADURA

 

Dúvida cruel

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Ei, mãe, olha eu ali no meio!| Foto: Reprodução/ Facebook

Vou começar pelo asterisco. Para minha surpresa, fiquei sabendo que não há consenso de que vivemos sob uma ditadura. Eu digo que sim. Que há perseguição sistemática a um grupo político. Que a Constituição virou letra morta. Que não há separação entre os Poderes. Que a censura prévia é uma praxe. Mas você diz que não. Que talvez não vivamos uma democracia plena, vá lá, mas que o regime ainda é marginalmente democrático. Que há saídas institucionais, embora cada vez mais remotas. Que para ser considerado uma ditadura o regime tem que preencher certos requisitos.

Oquei. A discordância é válida. Mas me permita insistir e dizer que o que temos hoje é uma ditadura camuflada por decisões judiciais arbitrárias, baseadas na vontade, e não nos códigos democraticamente estabelecidos pela Constituição e legislações auxiliares. É uma ditadura por ora tímida, que não se identifica como tal porque, sabe como é, pega mal com os amigos. Mas que em breve, profetizo, perderá de vez os pudores e se desnudará diante de todos, expondo suas nojentas pelancas tirânicas. Me permita ir além e dizer que, se tem cara de ditadura, cheiro de ditadura, gosto de ditadura e soa como ditadura, é porque não pode ser outra coisa que não… ditadura.

Dito isso, começo a desenvolver e aprofundar a pergunta proposta no título falando de um ótimo filme: “Uma Vida Oculta”. Ele conta a história de Franz Jägerstätter, um homem comum executado pelo regime nazista por se recusar a prestar juramento de lealdade a Hitler. Lá pelas tantas do filme, um dos personagens diz (cito de cabeça) que as pessoas gostam muito de pensar que, se tivessem de escolher entre Barrabás e Cristo, escolheriam Cristo. Mas a verdade é que prefeririam e preferem cotidianamente Barrabás a Cristo.

Na versão secular dessa proposição filosófica, por assim dizer, somos levados a nos imaginar na Alemanha, por volta de 1938. Ao nosso redor, todo mundo estende o braço e grita “Heil, Hitler!”. Como você agiria em meio a esse frenesi político todo? Se juntaria à turba e encheria os pulmões para declarar amor pelo Füher ou arriscaria a vida lutando pela liberdade? Acho que não preciso dizer aqui que a maioria das pessoas se apressa em declarar que jamais!, em hipótese alguma!, de jeito nenhum! teria sido nazista. E, no entanto, o nazismo foi um movimento de massa e arrastou multidões.

Tupiniquiníssima
Há ainda uma terceira versão desse “dilema”. Uma versão verde e amarela. Tupiniquiníssima! Nela, você entra na máquina do tempo e é transportado diretamente para a Ditadura Militar em seu período mais repressivo. E aí? Você vai dar de ombros e seguir com a sua vida, como fez a maioria dos brasileiros, ou vai lutar contra os milicos, por mais que as vítimas também lutassem para implantar uma ditadura no Brasil? A maioria das pessoas gosta de se imaginar numa passeata, cantando “Pra não dizer que não falei das flores” ao lado do próprio Geraldo Vandré, quando não fazendo parte de uma célula do Movimento Revolucionário Oito de Outubro.

No entanto, são essas mesmas pessoas (ou seus filhos e netos) que agora, diante de uma ditadura que se insinua toda melíflua por entre a Esplanada dos Ministérios, sussurrando nos ouvidos dos incautos palavras como “democracia” e “civilização”, não hesitam em criar para si (e para os demais) as justificativas mais estapafúrdias a fim de explicar por que aderem à evidente tirania de Alexandre de Moraes.

E pior: fazem isso repetindo os clichês da publicidade oficial, reproduzida à exaustão pela imprensa cúmplice. Se ontem os comunistas da propaganda verde-oliva comiam criancinha, hoje os “direitistas” são perigosos terroristas. Se ontem Cristo pregava a incômoda Boa Nova, hoje os jornalistas inimigos disseminam “desinformação capaz de abalar a confiança nas instituições”. Se ontem o judeu era rato, hoje o bolsonarista é gado.

Essas, porém, são as justificativas mais “sofisticadas”, usadas para esconder o que no fundo motiva as pessoas a aderirem a ditaduras ou quaisquer outros regimes de exceção: a inveja, o ressentimento, o desejo de vingança, o inconfessável prazerzinho sádico e o ódio pelo divergente. E, no caso de Cristo, a escolherem Barrabás: a incapacidade de vislumbrar, se assustar e principalmente resistir to-dos-os-di-as à porção má que nos habita.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/a-escolha-e-sua-como-voce-vai-se-comportar-na-ditadura/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

INOVAÇÃO MOSTRA TENDÊNCIAS QUE JÁ SÃO REALIDADE

 

Grupo FCamara

Maior evento de tecnologia e inovação do mundo mostrou tendências que já são realidade e que vão marcar ainda mais em 2023

O Grupo FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios, levou mais uma vez a Imagine, sua plataforma de gestão da inovação, para o Web Summit 2022. O evento foi realizado no começo de novembro, em Lisboa, reunindo mais de 70 mil pessoas e as maiores empresas globais de tecnologia. A Imagine é voltada para gerir a inovação interna das empresas, engajando e dando voz aos colaboradores, incentivando a proposição de ideias e o intraempreendedorismo.

Considerado o maior evento de tecnologia e inovação do mundo, o Web Summit trouxe as principais tendências do setor para o próximo ano – algumas delas têm extrema relevância já em 2022. O destaque foi a tecnologia blockchain, que possibilita democratizar a internet, garantir segurança de dados e personalizar a experiência do usuário, entre outros usos.

Segundo Maiara Muraro Martins, Head do Imagine, tecnologia e inovação são setores complementares, e os que mais crescem no mundo. ”Ficamos lisonjeados de participar ao lado de empresas como Apple, Google, LinkedIn, Airbnb e Amazon. O Web Summit trouxe muitas tendências que já são realidade e outras que devem se destacar no próximo ano. Queremos implementá-las cada vez mais”, afirma Maiara.

A especialista listou as três principais tendências discutidas no evento. Confira:

1- Web

Definida como “nova fase” da World Wide Web, ou Web 3.0, tem como premissa democratizar a internet e a economia, além de dar mais controle e transparência ao usuário, utilizando blockchain e inteligência artificial. “A Web3 promete mais privacidade e melhorias no armazenamento de dados, mas o principal fator é o empoderamento, o poder de usar a internet sem um meio, canal ou intermediador”, conta Maiara.

2- NFTs

NFT é a sigla em inglês para non-fungible token (token não fungível, na tradução para o português). São ativos digitais que representam objetos no mundo real. Eles existem para serem utility tokens, chaves que dão acesso a um ativo digital e garantem a propriedade sobre ele. Cada NFT é único e insubstituível, como uma obra de arte – só que  registrada em blockchain.

3- Metaverso

Termo já conhecido e muito abordado em veículos de comunicação de todos os tipos, o metaverso vem para personalizar ainda mais a experiência do cliente, além de otimizar tempo. “Trata-se de uma réplica da realidade, usada por meio da tecnologia e do mundo digital. Também podemos falar em realidade virtual, ou aumentada”, explica Maiara.

O ponto em comum

Tanto o metaverso como as NFTs dependem do blockchain, seja para registro, construção ou negociação, e é através dele que as pessoas podem manusear seus dados do jeito que quiserem. Não há como dissociar o metaverso da Web3. O metaverso já utiliza a tecnologia de criptomoedas, dinheiro virtual inserido no universo dos games, na compra e venda de terrenos e imóveis, na customização de avatares e na oferta de bens e serviços virtuais, por exemplo As transações são autenticadas por meio da blockchain.

“Metaverso e Web3 realmente foram os grandes destaques, seja no palco principal ou nos painéis do evento. O fato é que fundos, aceleradoras, empresas e estúdios acreditam que são movimentos estruturantes e de longo prazo para uma economia que ainda vai se formar”, analisa Muraro. “Outro ponto é que embora tenha muita coisa no mercado, ainda existem muitas discussões sobre como estamos realmente no início dos debates, discutindo experiência do usuário e segurança, dois fatores também muito citados. Ou seja, essas tendências tendem a evoluir muito no próximo ano, e as empresas de tecnologia e inovação precisam se atualizar e andar conforme a carruagem”, pontua a executiva.

Depois dos aprendizados do Web Summit, Maiara Muraro Martins toma o próprio conselho para si e para a Imagine. “Para os próximos anos, é necessário evoluir o roadmap do nosso produto cada vez mais. Afinal, se a Alexa está com evolução de roadmap para se tornar um produto que proporcione uma experiência cada vez mais única, como bem nos disse Rohit Prasad, executivo da Amazon, porque nós não estaríamos?”, conclui.

Sobre o Grupo FCamara

O Grupo FCamara é um ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios ao prover desenvolvimento e soluções tecnológicas orientadas aos resultados dos clientes. Tem alta especialização e atua nos principais players do mercado de varejo, saúde, seguros, banking, indústria de transformação, entre outros. Após imersão no Vale do Silício, o grupo fundou sua própria Corporate Venture, que já lançou diversas startups com foco B2B. Saiba mais: www.fcamara.com.br/

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

PRINCIPAIS FALHAS NA SEGURANÇA EM BRASÍLIA

 

Brasília
Poderes

Por
Renan Ramalho
Brasília

Janelas danificadas no Palácio do Planalto após atos terroristas no ultimo domingo


Janelas danificadas no Palácio do Planalto após invasão no domingo (8)| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Uma sucessão de erros por parte de várias autoridades de segurança, no mínimo, permitiu que manifestantes invadissem e vandalizassem, no último domingo (8), as sedes dos Três Poderes, em Brasília, e causassem destruição. Desde então, ante a iminência da repressão por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vários órgãos, no âmbito federal e também distrital, têm se mobilizado para elucidar os motivos das falhas – se foram acidentais ou intencionais, se causadas por imprudência, imperícia, negligência ou mesmo de propósito.

Para entender esses fatores, a reportagem listou uma série de perguntas ainda não respondidas totalmente pelos responsáveis por proteger o centro do poder na capital federal, acrescentando as explicações dadas até o momento.

Quem definiu o efetivo de segurança no governo do Distrito Federal?
Um dos motivos mais claros, até o momento, para a inefetividade da contenção era a baixa presença de policiais militares na Esplanada dos Ministérios, para conter a invasão. Barreiras foram colocadas para impedir a chegada de manifestantes à Praça dos Três Poderes, mas em protestos semelhantes no passado, havia um batalhão maior de homens armados e grandes veículos, agrupados nas duas pistas que dão acesso aos edifícios, para confrontar invasores.

Durante o fim de semana, os responsáveis diretos pela gestão de pessoal mobilizado para a proteção eram o delegado Fernando de Sousa Oliveira, então secretário de Segurança Pública interino do Distrito Federal; e o coronel Fábio Augusto Vieira, que era comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal. Ambos foram afastados dos cargos por Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, que foi nomeado interventor federal na área de segurança. A suspeita de má alocação de pessoal recai também sobre Anderson Torres, que era o secretário titular, mas estava de férias nos Estados Unidos, embora tivesse assumido o cargo poucos dias antes.

Quem autorizou o então secretário de segurança do DF a viajar aos EUA?
Delegado da Polícia Federal, Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança do DF no dia 2, mas logo depois tirou férias e viajou para Orlando, nos Estados Unidos – é a mesma cidade onde está desde dezembro o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual era ministro da Justiça. Ao portal UOL, Torres disse que domingo era seu primeiro dia de férias. “Estou com minha família de férias. Primeiro dia de férias. Não encontrei Bolsonaro.”

Durante a tarde, quando invasores já haviam depredado o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, ele informou no Twitter que havia determinado a atuação de “todo efetivo da PM e da Polícia Civil”, “para que se restabeleça a ordem com a máxima urgência”. Pouco depois, ele foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha. Não se sabe se as férias foram concedidas pelo governo distrital ou pela própria PF.

Qual a responsabilidade de Anderson Torres no caso?
Ricardo Capelli, que assumiu o cargo de secretário como interventor, afirmou que “houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres”. O interventor informou que, logo após assumir a secretaria, o delegado exonerou todo o comando da área e deixou o país. Foram demitidos o secretário-executivo da pasta, Milton Rodrigues Neves, e o subsecretário de Inteligência, George do Couto.

Com isso, a segurança do DF ficou a cargo do secretário interino Fernando de Sousa Oliveira, que também foi exonerado após a invasão. Nesta terça-feira (10), Alexandre de Moraes mandou a PF prender Anderson Torres e o ex-comandante da PM Fábio Augusto Vieira. Torres disse que vai voltar ao Brasil e se apresentar à Justiça. E Vieira já foi preso pela Polícia Federal.

Por que o governo do DF mudou o esquema de segurança no domingo?
Até o momento, não foram dadas explicações convincentes para a mudança no esquema de segurança, no dia da invasão, que permitiu que os manifestantes entrassem a pé na Esplanada dos Ministérios, acompanhados da própria Polícia Militar do DF, que escoltou o grupo até o local.

Inicialmente, o plano era manter a área isolada com barreiras, já que era sabido que manifestantes iriam ao local e risco de invasão por radicais.

“Infelizmente, houve uma avaliação das autoridades locais de que seria possível na última hora mudar esse planejamento. E esse planejamento foi modificado. E isso ensejou para que essas pessoas descessem a Esplanada e, em seguida, teve o descontrole”, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino.

O que o governo federal fez com os alertas de que poderia haver violência?
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que se reuniu no sábado (7), véspera da invasão, com dirigentes da PF e da Polícia Rodoviária Federal, que o informou que mais de 100 ônibus, com quase 4 mil pessoas, estavam a caminho de Brasília para engrossar o acampamento em frente ao QG do Exército. Nenhuma providência para conter o movimento foi definida.

No mesmo dia, véspera do ato na Esplanada, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que tinha agentes infiltrados no acampamento, disparou alertas para vários órgãos do governo informando sobre o risco iminente de ataques aos prédios públicos da Esplanada.

“Mantêm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios públicos, principalmente na Esplanada dos Ministérios”, dizia o documento, revelado pela Folha de S. Paulo. Flávio Dino disse que não poderia ter agido antes das forças locais de segurança. “Fizemos o possível. A esfera federal só age quando a esfera local falha. Cada um tem o seu papel”, disse o ministro em entrevista à imprensa.

O que houve com a tropa do Exército que protege Palácio do Planalto?
A proteção do Palácio do Planalto é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e existe um efetivo próprio de militares designados para a tarefa, do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP). Nenhum deles informou o contingente mobilizado no domingo.

Conhecido como Batalhão Duque de Caxias, o grupo do Exército responsável pela proteção do palácio conta com cerca de mil soldados de infantaria. Geralmente, uma tropa fica posicionada no subsolo do Palácio do Planalto. No domingo, no entanto, parte dela foi vista caminhando em direção à sede da Presidência depois que Lula anunciou a intervenção na segurança do Distrito Federal, no fim da tarde.

O empenho do Exército vem sendo questionado no episódio, especialmente a partir de um vídeo em que um coronel foi flagrado em vídeo tentando impedir a prisão de invasores pela polícia. Dentro do governo, há desconfiança sobre o GSI, pelo temor de que ainda abrigue muitos militares apoiadores de Bolsonaro. Por isso, Lula tirou do órgão a função de sua segurança pessoal, a do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e de seus familiares, transferindo-a para uma nova estrutura, chamada Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata e comandada por delegados da PF de confiança do presidente e que já o protegiam durante a campanha.

Quem definiu o número de policiais da Força Nacional de Segurança?
Composta por policiais de vários estados requisitados pelo governo federal para situações de emergência, a Força Nacional de Segurança conta com 640 homens. No sábado, véspera da invasão, apenas 140 foram designados pelo ministro Flávio Dino, para reforçar a segurança da Esplanada dos Ministérios; o restante estava em missões em outros estados.

Na segunda (9), Dino admitiu que o número em Brasília era insuficiente, em razão da mudança no esquema de segurança montado pelo governo do Distrito Federal. “Obviamente, era uma atuação insuficiente pela revisão do planejamento do DF. Nós montamos a nossa atuação a partir de uma premissa. Essa premissa foi revista e não havia condições de mobilizar outros contingentes. Esse é o meu limite constitucional”, afirmou. “Se eu soubesse três dias antes que o planejamento era outro, eu teria tomado outras decisões possíveis”.

Por que não houve reforço da Polícia Legislativa do Congresso?
A Polícia Legislativa, subordinada à Presidência do Senado, informou que todo seu efetivo estava a postos dentro do Congresso. Já a Polícia da Câmara diz que tinha 100 agentes no local.

Presidente do Senado em exercício, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), afirmou que foi procurado, ainda na manhã de domingo, e antes da invasão, por integrantes da Polícia Legislativa, que manifestaram preocupação com manifestantes que chegavam à Esplanada.

Veneziano disse que entrou em contato com o secretário da Casa Civil do Distrito Federal, Gustavo Rocha, que o teria tranquilizado. “Recebi a informação de que não deveríamos nos preocupar, porque a situação estava plenamente sob controle.”

Houve conivência do comando das polícias ou falta de efetivo?
As decisões do ministro Alexandre de Moraes, baseadas em relatórios ainda sigilosos da Polícia Federal, indicam que houve omissão dolosa das autoridades do Distrito Federal, que não teriam mobilizado mais homens diante de um risco anunciado de invasão e vandalismo.

Na tarde de domingo, enquanto manifestantes desciam a Esplanada, em direção à praça dos Três Poderes, guiados e escoltados por policiais militares, o então secretário de Segurança interino, o delegado da PF Fernando Oliveira, mandou um áudio ao então governador Ibaneis Rocha (MDB) para tranquilizá-lo sobre a movimentação na capital.

Pelo WhatsApp, às 13h23, cerca de uma hora antes das invasões, ele enviou a seguinte mensagem a Ibaneis: “Governador, passar um último informe aqui, do meio-dia, para o senhor. Tudo tranquilo, os manifestantes estão descendo lá do SMU [Setor Militar Urbano, onde fica o QG do Exército, em frente ao qual estavam acampados], controlados, escoltados pela polícia. Tivemos uma negociação para eles descerem de forma pacífica, organizada, acompanhada. Toparam, não precisou conter lá em cima”, afirmou.

“Está um clima bem tranquilo, bem ameno, com uma movimentação bem suave e uma manifestação totalmente pacífica. Até agora, nossa inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade, ligada a esse tipo de comportamento”, completou, acrescentando que havia mais 150 ônibus no Distrito Federal, “mas todo mundo de forma ordeira e pacífica”.

Logo depois, Ibaneis respondeu escrevendo: “Maravilha”. Às 15h39, quando invasores já quebravam as sedes dos poderes, ele enviou outra mensagem: “Coloca tudo na rua”. Mais tarde, o agora governador afastado pediu desculpas a Lula, e aos presidentes do STF, da Câmara e Senado. “Nós vínhamos monitorando desde a tarde de ontem, juntamente com o ministro Flávio Dino, todos esses movimentos que estavam chegando ao Distrito Federal. Conversamos de ontem para hoje por várias vezes e não acreditávamos em momento nenhum que essas manifestações tomariam as proporções que tomaram”, disse ele, em vídeo divulgado nas redes.

Havia infiltrados que desencadearam os atos de vandalismo?
Diversos vídeos feitos pelos próprios manifestantes apontam supostos intrusos no ato que teriam iniciado as invasões, depredação e violência. Alguns foram denunciados para os policiais no local e foram detidos. A investigação e os depoimentos poderão esclarecer a mando de quem foram ao local e por que agiram de forma criminosa.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/10-perguntas-sem-respostas-falhas-seguranca-invasao-predios-tres-poderes/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

FIM DOS ACAMPAMENTOS E MUITAS PRISÕES

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Manifestantes detidos na Academia Nacional de Polícia em Brasília.| Foto: Reprodução/ Redes sociais

Na mesma decisão em que ordenou o afastamento temporário do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou também que todos os acampamentos diante de unidades das Forças Armadas em todo o Brasil fossem desmontados no prazo de 24 horas. De acordo com a decisão, a Polícia Militar de cada estado deveria se encarregar do cumprimento da decisão, com apoio da Força Nacional e da Polícia Federal se necessário, e auxílio das prefeituras e dos comandos de cada quartel-general diante do qual houvesse acampamentos. Felizmente, a julgar pelos relatos, este processo tem se desenrolado sem confrontos entre manifestantes e policiais.

Desde o início espontâneo desses acampamentos, montados por brasileiros indignados com a vitória eleitoral de Lula em 30 de outubro de 2022, o protesto foi marcado pelo tom pacífico. No entanto, o caos na Praça dos Três Poderes, com violência, vandalismo e depredação, mudou tudo. Por mais que haja denúncias sobre possíveis infiltrados de esquerda – o chamado false flag – e por mais que as investigações ainda estejam em curso para se identificar os instigadores da invasão dos prédios do Planalto, do Congresso e do Supremo, é inegável que os invasores partiram justamente do acampamento localizado diante do quartel-general do Exército em Brasília, no Setor Militar Urbano da capital federal, recebendo o reforço dos manifestantes que vieram em ônibus provenientes de todo o país. Diante disso, a ordem de desmonte do acampamento em Brasília é perfeitamente compreensível, correta e necessária; e sua aplicação ao restante do país também é legítima, para reduzir o risco de que os acontecimentos de domingo se repitam em escala menor em outras cidades brasileiras.

É preciso repudiar a caracterização de todos os acampados como “terroristas”; além de não corresponder à realidade, é um artifício conveniente para justificar uma repressão mais ampla contra qualquer um que manifeste seu desagrado com Lula ou com o STF

No entanto, a proporcionalidade da decisão termina aí e, como em praticamente tudo que envolve os inquéritos abusivos conduzidos por Moraes no STF, o excesso acaba se fazendo presente. Ao ordenar a “desocupação e dissolução total (…) dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares”, o ministro também determinou a “prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos 2.º, 3.º, 5.º e 6.º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei 13.260, de 16 de março de 2016, e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § 1.º, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)”.

Esta “criminalização no atacado” não se sustenta tecnicamente e foge completamente ao bom senso. Há uma diferença abissal entre o vândalo que pretende forçar uma ruptura institucional, provocando um caos que leve à ação das Forças Armadas, e o brasileiro que permaneceu pacificamente diante de um quartel em alguma cidade brasileira ao longo dos últimos 70 dias, ainda que munido de slogans como “Forças Armadas, salvem o Brasil”. Quanto aos primeiros, é razoável que sejam investigados pelos crimes listados, embora haja controvérsia quanto à qualificação de terrorismo, já que a Lei Antiterrorismo exclui desta tipificação “a conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas (…) direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar”. Esta excludente, ironicamente, foi patrocinada pela esquerda para preservar camaradas ideológicos como black blocs e o MST, e sempre foi duramente criticada pela Gazeta do Povo, mas acabou consagrada na lei e agora poderia ser usada em benefício dos vândalos de Brasília.

VEJA TAMBÉM:
Os brasileiros diante dos quartéis (editorial de 20 de novembro de 2022)
A insensatez dá ao Brasil um Capitólio para chamar de seu (editorial de 8 de janeiro de 2023)
Vandalismo não é pretexto para mais ativismo judicial (editorial de 9 de janeiro de 2023)
Situação muito diferente, no entanto, é a dos acampados em outras cidades – e mesmo daqueles que, em Brasília, porventura não tenham aderido à invasão da Praça dos Três Poderes, permanecendo diante do QG do Exército. Em ocasião anterior, muito antes do 8 de janeiro, afirmamos que, embora essas pessoas estivessem objetivamente pedindo que as Forças Armadas dessem um golpe de Estado, muitas delas acreditavam equivocadamente na constitucionalidade de tal “intervenção militar”, incorrendo em um erro de interpretação que dificultaria sua responsabilização por crimes contra o Estado de Direito. Pode-se argumentar (e é possível que tenha sido essa a linha que levou à determinação de Moraes) que, uma vez tendo ocorrido o episódio da Praça dos Três Poderes, mesmo quem não participou diretamente da invasão pudesse ser considerado, de alguma forma, cúmplice do que ocorreu. Mas esta interpretação nos parece bastante excessiva: uma prisão em flagrante por crimes contra o Estado de Direito ou por terrorismo não se justifica quando a conduta efetiva do detido não corresponde ao ato que se lhe imputa. No máximo, admitimos como plausível uma investigação pelo possível crime de incitação, embora mesmo neste caso seria preciso proceder com enorme cautela, levando em consideração todos os aspectos que já mencionamos aqui quando comentamos as reivindicações dos brasileiros que estavam diante dos quartéis.

Por isso, é preciso repudiar a caracterização de todos os acampados como “terroristas”; além de não corresponder à realidade, trata-se de um artifício bastante conveniente para que o governo, o Judiciário e seus aliados na opinião pública promovam uma repressão mais ampla contra qualquer um que manifeste seu desagrado com Lula ou com os excessos do Supremo – afinal, contra terroristas vale tudo, prometeu Moraes em seu despacho, ainda que obviamente tenha evitado essas palavras.

Ao excesso de tal ordem de prisão emitida contra manifestantes que não se envolveram na invasão da Praça dos Três Poderes soma-se, agora, a enorme lentidão na triagem realizada pela Polícia Federal no ginásio da Academia Nacional da PF, e que já motivou queixas de parlamentares e do Instituto Nacional de Advocacia, que disseram faltar condições básicas às cerca de 1,5 mil pessoas levadas pela PF ao local – o grupo inclui tanto vândalos quanto manifestantes que ficaram no acampamento até ele ser desmontado. A PF, no entanto, além de já ter liberado mais de um terço dos detidos (especialmente idosos e mães com crianças pequenas), afirmou em nota que todos estão recebendo alimentação, água e atendimento médico quando necessário; Moraes, por sua vez, preferiu o deboche ao dizer que “terroristas” querem “que a prisão seja uma colônia de férias”, mais uma vez deixando subentendido que o necessário esforço para investigar e punir o caos em Brasília deverá abrir a porta para uma repressão tão ampla quanto injusta.

DESGASTE DE MINISTROS DEVIDO A INVASÃO DE BRASÍLIA

 

Brasília
Por
Wesley Oliveira
Brasília


Vidros do Palácio do Planalto quebrados após atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O episódio de vandalismo e invasão ao prédio do Palácio do Planalto no último domingo (8) resultou em desgastes e críticas internas para pelo menos dois ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): José Múcio Monteiro Filho (Defesa) e ao general da reserva Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional – GSI). Durante a ação dos vândalos, os prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram atingidos.

Além das falhas apontadas na segurança pública do Distrito Federal, integrantes Planalto consideram que houve inação por parte dos dois ministros de Lula. A avaliação é de que ambos deixaram de agir diante das ameaças dos manifestantes críticos ao petista que estavam acampados no Quartel General do Exército em Brasília.

Na conta de Múcio, por exemplo, os integrantes do PT avaliam que o ministro da Defesa deveria ter sido mais contundente na desmobilização do acampamento em frente ao QG do Exército. Para essa ala do governo, o episódio de vandalismo e tentativa de invasão à sede da Polícia Federal no dia 12 de dezembro, data da diplomação de Lula, e o caso do artefato encontrado nas proximidades do aeroporto de Brasília nas vésperas da posse presidencial, deveriam ter sido suficientes para que Múcio costurasse a desmobilização do acampamento a partir do dia 1º de janeiro.

Apesar disso, Múcio fez um movimento contrário e chegou a dizer que nem todos os participantes dos atos eram radicais e que considerava a manifestação legítima. “Eu acho que aquilo vai se esvair. Aos pouquinhos aquilo vai se esvair e vai chegar ao lugar que todos nós queremos”, disse Múcio ao tomar posse como ministro da Defesa.

Ações de Múcio para conter manifestantes divergiram do ministro da Justiça  
Escalado por Lula para tentar pacificar a relação do petista com as Forças Armadas, Múcio foi visto pelos integrantes do PT como inerte aos manifestantes que invadiram os prédios da praça dos Três Poderes. A movimentação do chefe da pasta da Defesa foi na contramão de outros integrantes do governo Lula.

Logo após assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino orientou o novo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, a fazer um levantamento dos atos como terrorismo, vandalismo e incitação a golpes de Estado. “Atos terroristas, animosidade contra as Forças Armadas, são crimes políticos gravíssimos e estarão permanentemente à mesa do Ministério da Justiça, de acordo com o que a lei manda”, afirmou o ministro.

Após o episódio de vandalismo no Planalto, Dino afirmou que Múcio “optou pelo diálogo” para desmobilizar os acampamentos e que ele “não poderia ser condenado” por isso. Contudo, o chefe da Justiça indicou que não tinha “concordância integral” com o ministro da Defesa.

“A minha visão não é nesse sentido de martirização do ministro Múcio como sendo o grande vilão desse processo. Eu não compartilho dessa visão e tenho, ao contrário, solidariedade ao ministro Múcio, o que não significa concordância integral com as opiniões dele”, disse o ministro da Justiça.

Após a depredação aos prédios da República, Lula se reuniu com Múcio, com o general Júlio Cesar de Arruda, comandante do Exército; com o almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, e com o brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica, para cobrar ações mais eficientes. De acordo com interlocutores do governo, Lula não pretende causar nem um rompimento neste momento, mas eles avaliam que o petista pretende ampliar a pressão sobre os integrantes das Forças Armadas.

GSI pode perder a Abin depois da invasão dos manifestantes ao Planalto
Outro ministro de Lula que saiu desgastado do episódio de vandalismo em Brasília foi o general da reserva Gonçalves Dias, responsável pelo GSI. O ministério é o responsável pela proteção da área interna do Planalto, de onde o presidente da República e ministros despacham.

Na avaliação dos aliados de Lula, Gonçalves Dias subestimou os monitoramentos do setor de inteligência, que já havia detectado ameaças dos manifestantes durante a semana da invasão. Para essa ala do governo, o general da reserva deveria ter reforçado a equipe de segurança do Planalto durante todo o final de semana.

Além disso, os invasores reviraram pastas de documentos e levaram armas e munições que estavam guardadas na sala do GSI. Nesta terça-feira (10), a Polícia Militar do Distrito Federal informou que localizou uma das armas de choque furtadas. Para os governistas, a invasão ao Planalto foi orquestrada e Gonçalves Dias poderia ter agido, pois a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – subordinada ao GSI – havia emitido alertas sobre os riscos.

Agora integrantes do governo defendem que a Abin deixe o GSI e passe a ser subordinada a uma pasta do Palácio do Planalto. Uma das possibilidades ventiladas é de que o setor de inteligência fique sob o guarda-chuva da Casa Civil, comandada pelo ministro Rui Costa. A medida seria uma forma de esvaziar o GSI, que vem cercado de desconfiança dos petistas desde o período de transição.

Ao se instalar no Centro de Cultural Banco do Brasil (CCBB) para a transição, o governo Lula rejeitou computadores e a rede de wi-fi oferecida pelos militares do GSI. À época, a pasta era comandada pelo general Augusto Heleno, um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, a equipe de Lula retirou do GSI a função de segurança do presidente, que atualmente vem sendo exercida pela Polícia Federal.

Nesta semana, Flavio Dino afirmou publicamente que o GSI não atuou na segurança do Planalto durante as invasões. “Eu quero crer que o general Gonçalves Dias, que é o chefe do GSI, assim como o ministro Múcio estão avaliando essa circunstância. De fato, a sua premissa está correta: existe um contingente dedicado à proteção do que é a sede da Presidência da República. Os fatos mostram que esse contingente não atuou. E porque não atuou é realmente objeto de uma apuração que não se dá no âmbito do Ministério da Justiça; aí é uma apuração específica do GSI e do Ministério da Defesa. Quero crer que essa apuração ocorrerá”, disse Dino.

Apesar das críticas internas, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as reações do governo contra os integrantes do GSI. “O GSI, que é coordenado pelo general Gonçalves Dias, uma pessoa que comandou a segurança pessoal do presidente da República durante oito anos, nos primeiros governos do presidente Lula, certamente vai fazer a apuração se teve algum erro individual, como também essa apuração está sendo feito por outros ministérios”, afirmou Padilha.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/quais-ministros-de-lula-sairam-desgastados-apos-a-invasao-ao-palacio-do-planalto/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

COMBUSTÍVEIS VÃO DITAR A INFLAÇÃO EM 2023

 

Preços
Combustíveis e questão fiscal devem ditar rumos

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Fim da desoneração dos combustíveis deve impactar na inflação em 2023| Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo

A inflação em 2022 foi de 5,79%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, ela veio acima do esperado pelo mercado. O consenso era de 0,49% e o IPCA veio com alta de 0,62%. O acumulado em 12 meses foi menor desde março de 2021. Mas os desafios para 2023 são grandes, as expectativas para a inflação vêm aumentando nas últimas quatro semanas, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Elas estavam em 5,08% e agora passaram para 5,36%. “Já está se olhando para 2024”, diz Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais.

O Itaú aponta que, no curto prazo, o tom das revisões deve ser altista, devido à surpresa dos dados desta terça (10) e coleta de preços de combustíveis na bomba mais forte na primeira semana do ano.

“O cenário terminou 2022 mais benigno do que se imaginava no ano passado, o que ajudou nas decisões do BC e, caso a inflação siga sem grandes surpresas, a autoridade monetária deve seguir o plano de voo atual”, diz o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

VEJA TAMBÉM:

Por que o Brasil cresce pouco e o que esperar daqui em diante

Haddad, Tebet e Alckmin: até onde vai a harmonia do trio econômico de Lula?

Crédito cooperativo cresce no país puxado por agro, pessoa física e pequenos negócios
Aumento dos combustíveis e questão fiscal
O que também pode estimular a inflação nos próximos meses é o fim da desoneração de tributos federais sobre o preço dos combustíveis.

“Elevação de impostos é risco adicional”, aponta a XP Investimentos, que mantém em seu cenário-base a volta da cobrança de PIS/Cofins e da Cide este ano, apesar da recente prorrogação, até o final de fevereiro, no caso da gasolina e do etanol.

Outros fatores podem pesar: novos ruídos na esfera política, dificuldade na discussão sobre o novo arcabouço fiscal e a elevação de gastos públicos e seus efeitos indiretos sobre a atividade econômica. Isto pode fazer com que as expectativas de inflação comecem a subir de forma mais relevante.

Segundo Sung, neste caso, o Banco Central pode vir a tomar uma atitude mais tempestiva. A alternativa seria retomar a alta na Selic, interrompida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acredita que o Copom vai esperar até fim do primeiro trimestre para decidir sobre uma possível retomada do ciclo de alta nos juros.

“Nosso cenário básico é de que o BC não irá cortar a taxa Selic em 2023, mas dependendo da transmissão da inflação de serviços pela PEC da Transição e se a desoneração de combustíveis acabar, acreditamos que há chances significativas de o Copom retomar o ciclo de alta no segundo trimestre”.

Ariane vê espaço para uma queda na Selic ainda este ano, pelo fato de o Brasil estar com a maior taxa real de juro do mundo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já qualificou esta situação como anômala.

“Ter um alto juro real também tem um efeito nocivo para a economia. De um lado, aperta a atividade econômica, de outro não incentiva o investimento produtivo”, diz a economista.

Como o cenário externo pode impactar na inflação em 2023
Um fator que, em menor grau, pode impactar na inflação doméstica é o cenário externo. A inflação está mais comportada nas principais economias globais, porém em níveis ainda elevados.

Um levantamento divulgado nesta terça pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que, nos 12 meses encerrados em novembro, a inflação caiu para 10,3%, um pouco menos que o nível recorde, de 10,7%, registrado em agosto. Houve queda em 25 dos 38 países-membro.

Um dos principais componentes da inflação nessas economias, a energia, mostra sinais de arrefecimento. Os preços aumentaram 23,9% no período de 12 meses encerrados em novembro. É a menor taxa anualizada desde setembro de 2021.

“É um cenário que inspira cuidado, porque obriga as economias a manterem as taxas de juro elevadas”, diz Ariane. É o caso dos Estados Unidos, que ainda não terminaram o ciclo de alta na taxa referencial. Isto pode favorecer uma valorização do dólar frente ao real, contribuindo para aumentar o preço das commodities, que ainda se encontram em patamares elevados.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/inflacao-2023-combustiveis-questoes-fiscais/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

PRISÕES POR ATACADO DEVIDO A INVASÃO EM BRASÍLIA

 

Vandalismo em Brasília

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Manifestantes detidos na Academia Nacional de Polícia em Brasília.| Foto: Reprodução/ Redes sociais

Pelas regras do visto norte-americano, quem entra nos EUA com passaporte diplomático, como foi o caso do ex-presidente Bolsonaro, e depois perde o direito a esse passaporte diplomático porque já não exerce mais a função pública só pode ficar no país por mais 30 dias. Isso quer dizer que seu visto diplomático vence antes do fim de janeiro; se quiser permanecer nos EUA depois disso, Bolsonaro precisará de outro visto, como um de turista.

A última informação que tenho é a de que ele já está saindo do hospital, pois teve uma melhora. Mas ele tem de tomar cuidado com os excessos gastronômicos, porque seus intestinos têm aderências, como resultado de sete cirurgias, além da facada. Mexeram demais nos intestinos dele e Bolsonaro vai carregar isso para o resto da vida: a sequela da facada de um seguidor do PSol, que dizem ter agido sozinho, o que é impossível, já que naquele dia o nome de Adélio Bispo estava na Câmara, algum deputado autorizou uma entrada fictícia para servir de álibi; depois ainda apareceram advogados que certamente alguém chamou.

Prisão generalizada não está pegando bem e já virou notícia no exterior

Alexandre de Moraes continua prendendo. Agora, prendeu um ex-comandante da PM, um coronel, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres – que não tinha nem reassumido a Secretaria de Segurança do Distrito Federal –, como se fosse responsável pelo que aconteceu. Enquanto isso, senadores estão se unindo para convocar o ministro da Justiça, para que ele explique por que não houve reação, uma vez que todos os órgãos de segurança pública tinham a informação sobre o que haveria no domingo.

VEJA TAMBÉM:
Após invasões, Lula escolhe interventor do PCdoB ligado a Fidel Castro
Alexandre de Moraes faz declaração de guerra


De mal a pior
Em consequência dos acontecimentos de domingo, houve prisão preventiva de quatro pessoas; muitos dos manifestantes pacíficos já apontavam um homem e uma mulher como principais organizadores da facção extremista que queria arrombar e quebrar tudo – queria e conseguiu, porque teve uns 300 seguidores. Na hora em que fiz essa gravação havia 277 presos, e houve prisão indiscriminada de famílias, idosos, crianças e mães que estavam desmanchando o acampamento na frente do QG do Exército. Botaram todo mundo em ônibus, como lá na Alemanha se punha judeu em vagão, e levaram para um campo de concentração, que foi o ginásio da Academia da Polícia Federal. Eram 1,5 mil pessoas lá dentro, imagine se alguém lá tem Covid… Pessoas reclamando de falta d’água, de comida e outros inconvenientes. Gente passando mal, tendo pouca assistência médica, mas eu não vi aparecer o ministro de Direitos Humanos. Depois, foram liberadas 599 pessoas por serem idosos ou mães de crianças pequenas; para vermos como tinha muita gente desse perfil. Mas ainda ficaram lá detidos outros 527, decerto à espera de alguma triagem. Mais 277 estão presos temporariamente, além desses quatro com prisão preventiva, para preservar a ordem pública.

As prisões foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, mas caíram no colo do presidente Lula. Ele pegou o limão de domingo, fez uma limonada na segunda-feira com esse encontro com governadores, chefes de poder político e ministros do Supremo, mas ficou algo muito grave, que é esse campo de concentração. Na terça-feira, ele fez uma declaração em que se podia ver que ele sentiu o impacto, pois isso é notícia que está no exterior e falam até da Convenção de Genebra, que se aplica a prisioneiros de guerra. Lula disse que certamente a maioria dos manifestantes de direita é de pessoas pacíficas, de boa consciência, de boa índole, que não devem ter concordado com os extremistas que fizeram as invasões, o quebra-quebra, etc.

Domingo não houve terrorismo, houve baderna
O nome disso que aconteceu é baderna; eu ensinaria aos meus alunos de Jornalismo, no tempo que eu lecionei, que terrorismo é outra coisa, não é o que a mídia está dizendo. Eu cobri terrorismo no Líbano, em Paris, no Chile, na Argentina, em Angola e na África do Sul; sei que é terrorismo, e domingo não houve terrorismo. O que houve foi baderna, causada por bardeneiros extremistas como aqueles que já quebraram tudo na Câmara em 2006, ou os que jogaram bombas que acabaram matando um cinegrafista da Band. Isso é baderna, e é preciso descobrir aqueles que promoveram a baderna e puni-los exemplarmente. O problema é que os outros, que não tiveram nada a ver com isso e queriam fazer apenas uma manifestação lá na frente da Praça dos Três Poderes, acabaram envolvidos.

EBOOK GRÁTIS
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/prisoes-invasao-brasilia-discurso-lula/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

VIOLÊNCIA COM O POVO GERA MAIS VIOLÊNCIA DESTE

 

Precisamos cumprir a lei, não violá-la

Por
Paulo Uebel – Gazeta do Povo

AME4954. BRASILIA (BRASIL), 08/01/2023.- Policías antidisturbios accedieron este domingo al palacio presidencial de Planalto, sede del Gobierno de Brasil, que está tomado por cientos de seguidores radicales del expresidente Jair Bolsonaro, en Brasilia (Brasil). Decenas de agentes subieron la rampa que da acceso a la primera planta del palacio disparando gases lacrimógenos, mientras otro grupo de uniformados rodeaba el edificio. Seguidores del expresidente brasileño Jair Bolsonaro invadieron este domingo el Palacio de Planalto, sede del Ejecutivo, y la Corte Suprema, después de haber irrumpido antes en el Congreso Nacional en actos golpistas contra el presidente Luiz Inácio Lula da Silva. EFE/ Marcelo Camargo/Agencia Brasil/NO VENTAS/SOLO USO EDITORIAL/SOLO DISPONIBLE PARA ILUSTRAR LA NOTICIA QUE ACOMPAÑA (CRÉDITO OBLIGATORIO)


Prédios em Brasília foram invadidos e depredados.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Toda aquela movimentação em torno do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), supostamente pela democracia, resultou no contrário: ao invés de fortalecer as instituições, existe uma percepção de que as instituições não respeitam o Estado de Direito. Os exemplos vêm de cima e muitos cidadãos parecem seguir o mesmo caminho. Em 1º de janeiro de 2023, dia em que Lula tomou posse como presidente da República, ele fez dois decretos para instituir mecanismos para o governo perseguir opositores.

O Decreto 11.328, que reestrutura a Advocacia-Geral da União (AGU) e institui uma procuradoria para enfrentar a “desinformação” sobre políticas públicas; e o Decreto 11.362, que criou a Secretaria de Políticas Digitais para “combater a desinformação” nas redes sociais dentro da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom). Ou seja: o governo Lula será responsável por definir o que é e o que não é desinformação. Além disso, poderá usar isso para perseguir quem critica o governo e quem faz oposição.

Ninguém pode violar o Estado de Direito. Nenhum grupo, partido ou pessoa pode ter salvo conduto para invadir, depredar e violar o direito de terceiros.

A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, criada no Decreto 11.328, ficou responsável por, entre outras atribuições, “representar a União, judicial e extrajudicialmente, em demandas e procedimentos para resposta e enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas” e “promover articulação interinstitucional para compartilhamento de informações, formulação, aperfeiçoamento e ação integrada para a sua atuação”. O problema é qual será o critério do governo para definir o que é “desinformação sobre políticas públicas”? Será que dizer que a Previdência Social não é deficitária, como alegou o ministro Carlos Lupi, pode ser enquadrada como desinformação?

Quando um jornal descobrir uma obra superfaturada ou esquema de corrupção, será que ele seria enquadrado como disseminador de desinformação, já que seria uma informação desagradável para os políticos? E se um economista fizesse uma análise sobre a política fiscal do governo e mostrasse suas consequências catastróficas, será que seria censurado por “desinformar” diferente do que Lula gostaria? É um caminho extremamente perigoso contra a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de analisar o que os políticos fazem e a liberdade de fazer oposição ao governo. Na prática, qualquer informação que desagrade os políticos poderia ser falsamente enquadrada como “desinformação” e “fake news”.

Já a Secretaria de Políticas Digitais da Secom terá dois braços, o Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão e o Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática. Entre outras atribuições, o primeiro departamento será responsável por “propor e articular políticas públicas para promoção da liberdade de expressão, do acesso à informação e de enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio na Internet, em articulação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Mais uma vez, o perigo mora na definição do que é desinformação e discurso de ódio. Historicamente, a esquerda rotulou o impeachment de Dilma Rousseff de golpe e Jair Bolsonaro de fascista. Isso seria enquadrado como desinformação?

Se o governo Lula tem tomado as restrições da liberdade de expressão como prioridade, por outro lado, o bem da população está longe de ser priorizado além do discurso.

No ordenamento jurídico brasileiro, não há definição para “desinformação”. Sendo assim, essas análises ficarão sob responsabilidade de políticos e servidores que possuem seus próprios interesses. E o novo advogado-geral da União, Jorge Messias, já deu seu ultimato: “Ataques a autoridades que presenciamos nos últimos anos não serão mais tolerados”, disse. Será que o governo Lula vai defender o povo contra a desinformação ou a si e seus aliados das críticas do povo?

Se o governo Lula tem tomado as restrições da liberdade de expressão como prioridade, por outro lado, o bem da população está longe de ser priorizado além do discurso. Seu governo já prometeu acabar com as privatizações e avanços do Marco do Saneamento e extinguiu a Secretaria de Alfabetização, (Sealf), ambos criados no governo de Jair Bolsonaro. O Marco Legal do Saneamento foi feito para, com a ajuda da iniciativa privada, levar acesso à água potável para 99% da população e de coleta e tratamento de esgoto para 90% até 2033. Até abril do ano passado, ele atingiu R$ 72,2 bilhões de investimentos para atingir esse propósito. Mas o PT escolheu voltar às políticas medievais que deixaram mais de 100 milhões de brasileiros sem tratamento de esgoto.

VEJA TAMBÉM:
A segurança jurídica acabou no Brasil – e isso é péssimo
Vale censurar em nome da democracia?
As liberdades individuais não podem ser ameaçadas
O Grande Irmão está deixando de ser ficção?


A Política Nacional de Alfabetização (PNA) da Sealf chegou a ser reconhecida pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No programa Tempo de Aprender, por exemplo, uma criança do 2º ano do fundamental de uma escola vulnerável tem 22% a mais de chance de ser leitora iniciante ou fluente em comparação com uma criança que não participou do projeto. Por outro lado, em 2017, quase 14 anos depois da dinastia petista na Presidência, 33% das crianças do 5º ano apresentavam péssimos resultados em leitura.

Além disso, o novo ministro da Justiça e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), já deixou claro que deseja cooperar com as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra manifestantes críticos ao governo Lula. Ele também deixou a Polícia Federal (PF) à disposição do STF para investigar eventuais críticas aos ministros. Isso tudo seria correto se todos os manifestantes fossem violentos e cometessem atos criminosos, como os que ocorreram no último domingo (8) em Brasília, o que não é o caso. Além disso, quando o assunto são críticas a ministros do STF, cabe lembrar que, em setembro de 2021, um homem foi preso na frente de um clube de um bairro nobre na Zona Oeste de São Paulo por xingar um dos ministros do Supremo, sendo que o magistrado sequer estava presente para se ofender com os insultos.

Violência se combate com a lei, não com novos abusos e violações. Ao combater eventual violência tomando medidas sem respaldo legal, o tiro pode sair pela culatra.

Não há dúvidas de que toda e qualquer invasão e depredação de patrimônio deve ser punida. Aliás, a esquerda, historicamente, sempre apoiou invasões e depredações. Agora, parece que mudou de opinião. Ora, se o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pode, qual exemplo vamos dar para a população? Mas o ponto que precisa ficar claro é que as violações ao Estado de Direito devem ser combatidas dentro do Estado de Direito. Nada justifica inovações no ordenamento jurídico, medidas desproporcionais ou determinações que não possuem respaldo legal.=

O ministro Alexandre de Moraes ordenou, em 12 de dezembro, uma superquebra de sigilo contra oito apoiadores de Bolsonaro, de dados telefônicos e telemáticos de aparelhos celulares (que incluem e-mails e aplicativos de mensagens como o WhatsApp). Mas não para aí. Moraes também ordenou a quebra de sigilo de dados de todas as pessoas que entraram em contato com esses oito investigados, tornando o número de pessoas-alvo indefinido. Difícil não comparar tamanho autoritarismo com o “Grande Irmão” do livro 1984.

VEJA TAMBÉM:
Lula vai gastar mais e você vai pagar a conta
O que esperar da equipe econômica de Lula
Lula presidente: hora do protagonismo dos governadores

E as ameaças contra a liberdade de expressão não se limitam ao Executivo e ao Judiciário. O Ministério da Verdade que Lula está criando também pode contar com o Legislativo. Em novembro do ano passado, por exemplo, o senador Renan Calheiros (MDB), apresentou o “pacotão da democracia”, que tem uma série de penalidades contra aqueles que supostamente ameaçam a democracia. Quem fosse enquadrado por “ameaça política”, por exemplo, tomaria prisão de 6 meses a 2 anos ou mais. Por “intolerância política no ensino”, por exemplo, a prisão seria de 1 a 3 anos e multa.

Ao mesmo tempo, o combate às invasões e depredações precisa valer para todos. Ninguém está acima da lei. Ninguém pode violar o Estado de Direito. Nenhum grupo, partido ou pessoa pode ter salvo conduto para invadir, depredar e violar o direito de terceiros. Mas a percepção de impunidade no Brasil é generalizada. Por corrupção ao tráfico de drogas, invasões e depredações, parece que ninguém fica preso no Brasil. Isso corrói a credibilidade das instituições e gera um sentimento errado de que a Justiça precisa ser feita pelas próprias mãos. Precisamos restaurar o Estado de Direito e o império da lei.

É importante o governo ter mecanismos legais para garantir o Estado de Direito e o império da lei, mas isso deve valer para todos. Não podem existir conceitos vagos, interpretações discricionárias nem medidas sem respaldo legal. Violência se combate com a lei, não com novos abusos e violações. Ao combater eventual violência tomando medidas sem respaldo legal, o tiro pode sair pela culatra.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-uebel/violencia-gera-violencia-precisamos-cumprir-a-lei-brasilia/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O GOVERNO PODE GASTAR DINHEIRO A RODO SEM NENHUM EFEITO?

 

Artigo
É hora de enterrá-la para sempre
Por
David Sukoff – Gazeta do Povo
Foundation for Economic Education


A Teoria Monetária Moderna, é uma ramificação do keynesianismo na qual o governo pode gastar dinheiro a rodo, sem nenhum efeito ruim.| Foto: Pixabay

No fim dos anos 1960, Milton Friedman esclareceu o seu famoso chiste dizendo que, “num sentido, todos somos keynesianos agora; noutro, ninguém é keynesiano mais”.

Na primeira parte, somos todos keynesianos porque o gasto descontrolado do governo nos força a ser. No último sentido, não somos keynesianos porque esse gasto dizimou o nosso bem-estar. A Modern Monetary Theory (MMT), ou Teoria Monetária Moderna, é, em suma, uma ramificação do keynesianismo na qual o governo pode gastar ad nauseam e imprimir o dinheiro de modo proporcional, sem nenhum efeito ruim. Com a inflação histórica pela qual os EUA estão passando, a MMT foi exaustivamente repudiada. A MMT está morta. Agora, falta enterrar.

Em seus manuais de economia básica, o Professor Paul Krugman prega keynesianismo. Ensina aos estudantes sobre um multiplicador do gasto governamental. Em seu conto de fadas, o governo gasta um dólar e a economia cresce mais que um dólar. A primeira pergunta do aluno deveria ser: de onde vem esse dólar gasto? A pergunta seguinte do aluno deveria ser: se esse multiplicador místico fosse real, por que não gastar adoidado? As respostas são simples e compõem a base para repudiar a MMT. Um dólar do gasto governamental tem que vir do dólar dos impostos, em algum momento. Quanto à segunda, o governo federal do mito de Krugman e da MMT já gastou adoidado. Ao fim e ao cabo, o desfecho inevitável chegou, e não foi o de um conto de fadas.

Se não houvesse consequências perceptíveis do gasto governamental, então o incentivo para qualquer governo seria o de lançar dinheiro para todo lado. O keynesianismo, o multiplicador de Krugman e a MMT tentaram acobertar e dar licença ao governo para gastar. É simplesmente impossível negar, e não está em disputa, que em algum ponto o dólar das despesas tenha que vir do dólar dos impostos. Se houver um déficit orçamentário, o governo toma dólares emprestados para tapar o buraco. O governo em geral compra dólares lançando obrigações públicas. Para manter seu desejo insaciável por gastar, e ao mesmo tempo não aumentar os impostos para níveis desagradáveis, o governo lança uma dívida considerável.

Nos últimos anos, a razão dívida/PIB dos Estados Unidos ultrapassou o nível dos 100%, e agora está numa alta histórica. Isso cria vários problemas; entre eles, a alta das taxas de juros. Se o governo aumentar a oferta de obrigações, o preço cai, e os rendimentos (o retorno dos juros) sobem. Com essa dívida pantagruélica, os rendimentos crescentes obrigam o governo a gastar ainda mais em pagamentos, resultando em todo tipo de efeito negativo sobre a economia como um todo.

Sintam a mágica do Quantitative Easing (QE, ou Alívio Quantitativo) e da MMT. O governo quer gastar, mas sem aumentar demais os impostos. Então ele tem que rolar a dívida, mas sem aumentar as taxas de juros. Bem, a Reserva Federal [, análoga ao nosso Banco Central,] pode dar as caras e comprar obrigações! Parece ótimo — ótimo para os burocratas que querem gastar e dizer que estão estimulando a economia. Melhor ainda: não há limite real para o valor em dólares da quantidade de obrigações a Reserva Federal pode comprar. Podem trilhões e mais trilhões. O balanço patrimonial da Reserva Federal cresceu aproximadamente oito trilhões de dólares nos últimos 20 anos, sendo mais de quatro trilhões só dos últimos dois anos. Há um problema crucial, e é aí que a MMT é usada para ofuscar: Quando a Reserva Federal compra obrigações, está imprimindo dinheiro.

Na verdade, esse banco é uma mera impressora. A Reserva Federal compra uma obrigação de alguém que está vendendo. Quem vende entrega a obrigação à Reserva Federal, e esta aperta um botão para depositar dinheiro na sua conta. Esse dinheiro é criado com um dedo no botão. O som dessa impressora é Enter-Enter-Enter, click-click-click. E assim, num piscar de olhos, a Reserva Federal “imprimiu” quatro trilhões de novos dólares no último ano. A Reserva Federal também é, disparada, a maior dona de obrigações do Tesouro dos EUA — com um balanço patrimonial superior a oito trilhões de dólares. Mas a MMT disse que isso não é problema, e por anos ela parecia estar certa, já que a Reserva Federal estava aumentando seu balanço patrimonial sem nenhum sinal claro de inflação.

Mas havia inflação. Simplesmente se manifestava noutros lugares que não os preços dos consumidores. A inflação é um fenômeno monetário. É matemática básica. Se alguns novos dólares forem acrescentados a um estoque total de dólares, então o preço de tudo pelo que um dólar pode ser trocado deve subir. Isto é só um fato matemático — não uma teoria econômica, como multiplicador, ou imprimir e gastar ad nauseam. Dólares são criados, preços em dólar sobem. Enquanto a Reserva Federal estava fazendo o QE (alívio quantitativo) ao aumentar o seu balanço patrimonial e imprimir dólares, o preço dos recursos financeiros estava na lua. Assistimos a uma das maiores transferências de riqueza imagináveis para os detentores de recursos financeiros. Foi retirado sobretudo do público. Ironicamente, muitos dos que promoveram keynesianismo e MMT são os mesmos que reclamam com a maior estridência da desigualdade de renda que suas políticas causaram diretamente. As bolhas são infladas com dólares. E uma vez que a implementação do QE era a pedra angular da política da Reserva Federal, essa bolha não corria o risco de estourar, porque a Reserva iria simplesmente comprar mais obrigações e imprimir mais dinheiro. A MMT disse que tudo bem.

Tal como a água, o dinheiro, mais cedo ou mais tarde, rompe o dique. Com ações, criptomoedas e imóveis lá na lua, era uma questão de tempo até o dinheiro chegar aos bens de consumo. A inflação, tal como a entendíamos ordinariamente, enfim chegou. Estava matematicamente pré-ordenada; e, ainda assim, inesperada. Historicamente alta. Estamos falando de 1970 para cima. Orçamento das famílias estourando, crescimento econômico esmagado. E tudo por causa da falência em perguntar em voz alta essas duas questões muito básicas: de onde vem o dinheiro; e, se a teoria de fato funcionasse, o governo não deveria gastar um dinheiro infinito?

Talvez quem estava no governo simplesmente não quisesse perguntar, nem entender isso. Para alguns, foi divertido enquanto durou. Mas agora acabou. Essas perguntas precisam ser feitas, de novo e de novo. Porque as respostas são óbvias, claras e indisputáveis. Infelizmente, também é assim a dolorosa solução para a atual crise inflacionária. O governo precisa reduzir drasticamente o gasto, e a Reserva Federal precisa reverter o seu balanço patrimonial.

Tirar o governo e a Reserva Federal do vício de gastar e imprimir será um processo longo e agonizante. E inteiramente necessário. Ninguém deveria ser um keynesiano ainda. Com certeza, não se as metas forem a redução da inflação e uma economia crescente, robusta e livre.

O keynesianismo, o multiplicador de Krugman e a MMT foram todos, empírica, lógica, matemática e completamente repudiados.

David Sukoff é consultor da comunidade de gerenciamento de investimentos e cofundou e administrou anteriormente um fundo de valor relativo de renda fixa de US$ 500 milhões. Ele também é cofundador de uma empresa de software e inventor de várias patentes. Dave se formou no MIT em finanças e economia.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/a-teoria-monetaria-moderna-esta-morta-e-hora-de-enterra-la-para-sempre/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O que é a Teoria Monetária Moderna citada na PEC da Transição e por que o mercado reage mal a ela

Foto: Fábio Motta/Estadão

Por Luiz Guilherme Gerbelli

Modelo prevê que governos que emitem dívida em moeda local não enfrentariam risco fiscal ao promover a expansão de gastos; teoria foi citada em relatório discutido no Senado e retirada do texto após críticas

Citada no relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e depois retirada do texto, a Teoria Monetária Moderna (MMT, na sigla em inglês) assume, de forma geral, que os governos que emitem dívida em moeda local não enfrentariam um risco fiscal ao promover a expansão de gastos.

Essa teoria passou a ser debatida nos anos pré-pandemia, num cenário em que os Estados Unidos não conseguiam acelerar o crescimento econômico, mesmo com juros e inflação baixos. A MMT ganhou força, sobretudo, dentro da ala mais à esquerda do Partido Democrata, nos Estados Unidos.

“Essa teoria tem premissas irrealistas até para os Estado Unidos”, afirma Márcio Holland, professor da Fundação Getulio Vargas e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. “Não tem sustentação nas bases mais essenciais da teoria monetária. É uma ideia que veio de um grupo pequeno de economistas dos EUA, mas que é muito barulhento.”

A citação da MMT no relatório da PEC, não foi bem recebida pelo mercado financeiro e acabou retirada do texto por iniciativa de Fernando Haddad, nome mais cotado para ocupar o Ministério da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A preocupação é que, se a teoria for posta em prática, o País pode chegar a dois cenários: aumento da inflação e problemas no balanço de pagamentos.

“O resultado é que esse processo é inflacionário”, diz Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimento. “E com a inflação subindo, os juros aumentam, e o governo vai ter se endividar a uma taxa mais alta.”

“E há um segundo ponto: ninguém garante que essa emissão de moeda local não vá migrar para a moeda estrangeira. Se você pegar esse dinheiro que será emitido e o mercado passar a demandar mais dólares, aí não tem montante de US$ 300 bilhões de reservas (internacionais) que dê conta. Vai gerar uma crise no balanço de pagamentos”, acrescenta Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.

Há ainda um outro agravante que dificulta a implementação da MMT no Brasil, que tem a ver o curto prazo de emissão de dívida do País, de acordo com Holland. A dívida pública brasileira tem um período médio de apenas quatro anos. “Não dá para emitir moeda financiando o gasto, porque isso significa emitir dívidas no curto prazo muito caras”, afirma. Segundo ele, o Brasil não consegue emitir título na própria moeda “no longo prazo”. Nos Estados Unidos, como comparação, a maior parte da emissão da dívida é com títulos longos, de 20, 30 anos.

Relator da PEC da Transição no Senado, Alexandre  Silveira (PSD-MG), lê sua versão da proposta FOTO:  WILTON JUNIOR / ESTADÃO
Relator da PEC da Transição no Senado, Alexandre Silveira (PSD-MG), lê sua versão da proposta FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO 

Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a PEC da Transição abriu um espaço de R$ 145 bilhões no teto de gastos para bancar o novo Bolsa Família. No texto, o relator da proposta no Senado, Alexandre Silveira (PSD-MG), incluiu uma referência à MMT, citando que a teoria destaca o “papel central da política fiscal (em contraposição à política monetária) para recuperar a economia de um país”.

“Além de não comprometer a sustentabilidade da dívida, os gastos adicionais propiciados por esta PEC poderão, em verdade, ampliar a capacidade de pagamento do governo. Projeta-se em R$ 69,3 bilhões a expansão do Programa Auxílio Brasil (ou do que vier a substituí-lo). A teoria keynesiana tradicional, bem como a chamada Teoria Monetária Moderna (ou MMT) enfatizam o papel central da política fiscal (em contraposição à política monetária) para recuperar a economia de um país”, destacou o texto do relator.

Entre os economistas que integram a transição, André Lara Resende abraçou parte da teoria. O grupo econômico, no entanto, não participou das discussões do texto da PEC.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...