domingo, 8 de janeiro de 2023

LULA QUER EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

Decreto revogado
Por que isso é um erro
Por
Gabriele Bonat – Gazeta do Povo

A disabled student in a wheelchair in primary school.


Há 124.072 escolas públicas e privadas com matrículas da educação especial| Foto: bigstock

Com a revogação do decreto de Jair Bolsonaro que instituiu uma nova Política Nacional de Educação Especial (PNEE), o governo Lula volta à antiga medida do PT, implantada em 2008, de inclusão obrigatória de crianças com necessidades especiais – autistas, surdos, superdotados, etc. –, em salas de aula regulares. A decisão, na contramão de pesquisas científicas sobre o tema, pode ter o efeito inverso e ser uma forma de exclusão em alguns casos, alertam especialistas e pais de crianças especiais.

A PNEE de Bolsonaro, instituída em setembro de 2020, continuou a dar preferência a matrículas em escolas regulares – não houve nenhuma proibição à inclusão -, mas oferecia flexibilidade e alternativas para alunos que não estavam aprendendo nas salas de aula comuns por necessitar de atendimento especial. “O direito de todos estarem juntos não é maior que o direito individual ao desenvolvimento”, apontou o MEC, em 2020. Antes de ser implantada, porém, a medida foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) poucos meses depois, por um pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB). E, agora, revogada definitivamente por Lula no seu primeiro dia de governo.

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“Boa vontade” não é suficiente para ajudar crianças com necessidades especiais 

As intenções apresentadas pelo PT para tratar todas as crianças da mesma forma são positivas: eliminar preconceitos, fomentar a convivência com outras crianças, evitar que sejam privadas de conteúdos de aprendizagem. O problema é que a mera “boa vontade” de colocar todos na mesma sala de aula, sem ajuda personalizada e especializada, não é suficiente para atingir essas metas, podendo até prejudicar as crianças em muitos casos. Sem contar que a política de 2008 levou muitas escolas especiais, que realmente faziam a diferença na vida dessas crianças, ao abandono dos poderes públicos pela falta de recursos e políticas de fomento.

A primeira consequência da política de 2008 do PT foi a queda de matrículas nas escolas especiais e a transferência de alunos em salas de aulas comuns – sem recursos especiais e com professores despreparados para lidar com alunos com necessidades especiais (um autista, um surdo, etc.) em turmas de 20, 30 alunos ou mais. De 2010 para 2020 houve um aumento de 138% no número de matrículas de alunos com deficiência em classes comuns, de 484 mil para 1,15 milhão, segundo dados do Anuário Brasileiro de Educação Básica 2021. Já em escolas especializadas ou classes especiais, houve uma redução de 218 mil para 156 mil matrículas, de 2010 para 2020.

Não houve acompanhamento ou pesquisas pra analisar os resultados de aprendizagem e de inclusão dessa política pública. Relatos de famílias, professores e especialistas (leia abaixo) somados a questionamentos de pesquisas internacionais sobre o tema apontam que algo não vai bem.

Um artigo publicado em 2018, por exemplo, “Has inclusion gone too far? Weighing its effects on students with disabilities, their peers, and teachers”, de Alisson Gilmour, professora na Temple University, na Filadélfia, com base em pesquisas científicas realizadas em salas de aula nos Estados Unidos, é um dos levantamentos científicos que questionam a inclusão universal obrigatória.

O estudo apresentou como consequências dessa política o atraso do progresso na aprendizagem e a desmotivação dos alunos com deficiência, por não conseguirem acompanhar as aulas e não terem um acompanhamento personalizado. Ao mesmo tempo, os alunos regulares, que estudam em classes inclusivas, tiveram o seu desempenho afetado, apresentando baixo resultado acadêmico e comportamental. Além disso, o artigo apontou que os professores de salas inclusivas passam mais tempo no gerenciamento da sala de aula e menos tempo na instrução e ensino.

No Brasil, a maior parte dos docentes também não está preparada para atender a demanda desses alunos com necessidades especiais. Dados do Anuário Brasileiro de Educação Básica 2021 mostraram que apenas 5,8% dos professores da educação básica fizeram algum curso destinado à formação continuada para atuar na educação especial.

Lucelmo Lacerda, doutor em Educação pela PUC-SP, pós-doutor em Psicologia pela UFSCar e pai de um menino de 12 anos com autismo severo, explica que, no cenário internacional, a inclusão de crianças com deficiência foi implementada com alguns efeitos positivos. Entretanto, a educação inclusiva funciona quando há adequações necessárias, além do apoio de escolas especializadas para os alunos que não se encaixam nesse modelo, como a proposta de 2020 permitia. Lacerda frisou que no Brasil não há valorização da educação especializada e nem planos individualizados, ou seja, um projeto de desenvolvimento para a criança com deficiência.

“As escolas comuns não estão preparadas para pessoas com deficiência ou sem deficiência. O Brasil não tem implementado soluções”, diz ele, que fez um estudo comparativo da proposta do PT de 2008 e de Bolsonaro, de 2020. Lacerda afirmou que é preciso observar cada caso para concluir a melhor forma de escolarização, seja em uma escola comum ou especial, para que o estudante com necessidades especiais realmente tenha crescimento cognitivo e afetivo.

“Inclusão não é a matrícula em uma escola comum. A inclusão é um sistema e depende de uma série de processos que envolve escolas especiais e salas especiais”, destacou. Entretanto, segundo ele, no Brasil não há esse estudo individual para cada deficiente e isso dificulta a verdadeira inclusão.

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Inclusão total tende a reduzir investimento em escolas especiais, fundamentais para muitas crianças 
A política de inclusão total é mais barata para o governo: o documento do PT de 2008 chegava a prever punições a qualquer tentativa de adaptação das escolas para atender melhor alunos com necessidades especiais por considerá-las “excludentes”. Ao mesmo tempo, não há nenhuma política de fomento às escolas especializadas para alunos que delas precisam – sem falar da perseguição que elas sofrem pela esquerda ao serem acusadas de promover “segregação dos estudantes”, quando, pelo contrário, são as que conseguem, em muitos casos, ensinar a ler e escrever e preparar crianças com necessidades especiais para o mercado de trabalho.

“As escolas especiais continuam existindo, mas existe um limbo jurídico. Não há orientação, regulamentação e não existe nenhum documento sobre escolas especiais. Então, continuam do mesmo jeito que estavam [antes da decisão do STF de suspender a PNEE de 2020], sem financiamento e supervisão. E esse é o cenário ideal para abusos e reduz a oferta de serviço público para os deficientes”, criticou o doutor em Educação, Lucelmo Lacerda.

O presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Brasil, José Turozi, defende que, como estava prevista na PNEE de Bolsonaro, cabe aos pais decidir a melhor solução educacional para o filho deficiente. Mas afirma que a política de inclusão de Lula também é positiva, desde que não provoque um desmonte nas escolas especiais. “Se não houverem pessoas com deficiência frequentando o ensino regular, a escola comum nunca será inclusiva, pois não será provocada para ser”, disse. Dessa forma, a inclusão é um processo e “que está sendo construído ao longo do tempo e com a participação ativa de diversos entes sociais”.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ainda que o Programa de Educação Especial não tenha sido implantado pela decisão do STF, alguns investimentos foram realizados na área educacional especializada. Segundo a Semesp/MEC, através do Programa Dinheiro Direto na Escola – Sala de Recursos Multifuncionais e Bilíngues de Surdos foram investidos em torno de R$ 500 milhões, nos últimos quatro anos, alcançando 20 mil escolas e 630 mil estudantes.

O programa Dinheiro Direto na Escola – Acessibilidade foram investidos mais de R$ 100 milhões, beneficiando mais de 4 milhões de estudantes e 8 mil escolas. A formação continuada de professores na rede básica de ensino foi outro foco do governo. Somente em 2022, foram ofertados 31 cursos voltados para educação especial desenvolvidos por 18 instituições, com 16 mil vagas oferecidas.

O repasse de recursos para as escolas especiais foi feito pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. As instituições receberam investimentos de programas, como Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e Programa Nacional da Alimentação Escolar. Outros projetos, como Programa Sala de Recursos Multifuncionais e Bilíngues de Surdos e o PDDE Escola Acessível também auxiliam as instituições de ensino a adquirirem equipamentos, tecnologia assistiva e materiais pedagógicos.

“A inclusão nunca é como deveria ser”, diz mãe   
Atualmente, o atendimento a crianças com necessidades especiais é reduzido e precário em muitos lugares. Thami Nascimento, mãe de duas meninas com deficiência auditiva, relatou a experiência das filhas com escolas especiais e regulares. A filha mais velha, Geovana, já estudou em escola especial e regular. Atualmente, está em uma escola estadual somente para surdos. A mãe contou que no colégio regular não havia uma estrutura e preparação dos profissionais. “Era uma má vontade da direção da escola e a professora fazia bullying com ela”.

Thami contou que a escola não estava auxiliando no desenvolvimento da filha e, por isso, optou por colocá-la em uma escola somente para surdos. Mas a mãe criticou o fato de somente ter uma opção de escola para surdos de ensino fundamental e médio para colocarem as meninas na cidade que reside.

“A solução não é tirar escolas especiais, mas criar mais. Se consegue separar os tipos de deficiência, fazer uma triagem e colocar as crianças com desenvolvimento parecido, isso pode ajudar”, afirmou. “Eu sou muito a favor de escola especial. Há casos que a criança vai para escola regular e consegue acompanhar. Mas a escola especial oferece o que a gente não pode fazer no particular. Nas escolas especiais, há o ensino de sinais e o trabalho com oralização”, complementou.

Thami ainda comentou que a inclusão na escola regular “não é como dizem na teoria”, em que há um atendimento para todos, socialização e diversidade. “A inclusão nunca é como deveria ser. Nunca é da forma que precisa ser. Uma inclusão se torna uma exclusão. Você coloca a criança na escola regular achando que será incluída, mas ela acaba sendo excluída e fica no canto de sala”, apontou a mãe de duas meninas surdas.

Outra mãe, Nadia do Prado, relata que sempre colocou o filho Pedro, que tem síndrome de Stuve Wiedemann (afeta os membros do corpo com encurtamento e deformidades), em escola regular. Ela conta que em todos os colégios que o filho estudou não havia preparação para atender as necessidades dele. A principal carência, segundo ela, é a estrutura. Em todas as escolas havia muitas escadas e a criança precisa de rampas, pois anda com cadeira de rodas. Além disso, a mãe afirmou que os professores não estão preparados para esses estudantes especiais.

Embora o filho tenha tutor designado para auxiliá-lo no colégio em que estuda, esse profissional raramente está disponível, contou Nadia. “Sempre colocam o tutor para fazer outro trabalho”. Com isso, ela se dispôs a ir ao colégio todos os dias para ajudar. “Eu vou ao colégio todos os dias, levo na sala, arrumo a mesa, tiro ele da cadeira de rodas, depois vou no intervalo dar o lanche, pois não tem ninguém para ajudar”, explicou.

Segundo Nadia, é preferível ficar com ele, pois já chegaram a estragar a cadeira de rodas do filho e deixá-lo excluído no intervalo. “Ele teve somente uma professora de educação física que pensou em incluir ele na aula”, relatou. Ela disse que, recentemente, teve um passeio em que as professoras avisaram que o Pedro não poderia ir, pois no ônibus não teria como colocar uma cadeira de rodas e que não havia quem pudesse cuidar dele.

“Não tem nenhuma inclusão. Os professores não sabem o que fazer. Por isso, eu me empenho em participar na escola para ajudar ele nas atividades, porque meu filho gosta de estudar”, afirmou a mãe.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/lula-retoma-educacao-especial-baseada-em-inclusao-total-por-que-isso-e-um-erro/
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MANIFESTAÇÕES CONTRA O GOVERNO EM BRASÍLIA

 

Mais de 100 ônibus chegam a Brasília

Foto: Andreza Matais

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Por Andreza Matais e Daniel Weterman

Acampamento na frente do QG do Exército que tinha 200 pessoas já tem 3,9 mil; segurança na capital foi reforçada

BRASÍLIA – Relatórios de inteligência em poder do governo indicam que 100 ônibus com 3.900 pessoas chegaram em Brasília com disposição de retomar protestos de rua contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Convocados pelas redes sociais, os extremistas falam em um ato na capital federal neste domingo. Para evitar depredações como as que ocorreram no dia 12 de dezembro, a segurança em Brasília foi reforçada e o governo passou a falar em endurecer o tratamento contra quem adotar discurso golpista.

Desde a posse de Lula, o acampamento dos extremistas no QG do Exército vinha sofrendo esvaziamento. Na última semana, apenas 200 pessoas permaneciam por ali. Com a chegada das caravanas de ônibus, em viagens organizadas por grupos de Whatsapp, o contingente voltou a preocupar o governo.

Autoridades do Executivo relataram ao Estadão que a movimentação dos extremistas vem sendo monitorada. Até o momento, os que estavam acampados na frente do Quartel General do Exército vinham recebendo tratamento respeitoso, sem que fosse forçada uma saída do local.

A partir de informações de que os extremistas decidiram retomar atos em Brasília e seguem com discurso de enfrentar o governo eleito, até com pregação de atos para impedir distribuição de combustível e ir para “o tudo ou nada”, a cúpula do governo Lula mobilizou o aparato de segurança federal: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional foram acionadas para proteger a Esplanada. Também houve uma articulação com o governo do Distrito Federal para reforçar a proteção.

Segundo um integrante do governo, apesar de ainda acampados na porta de quartéis, os extremistas não têm apoio dos militares. Mas o relato que tem sido levado ao presidente Lula é de que ainda há dúvidas entre parte dos oficiais sobre o resultado da eleição. Nas palavras de um auxiliar do presidente, os militares estão “pacificados, mas não totalmente convencidos”. Assim, o cenário descrito é de situação pacífica, porém “delicada”.

Com esse diagnóstico em mãos, ministros do governo decidiram neste fim de semana deixar claro que a atual gestão não poupará esforços para reprimir atos extremistas e espera contar com apoio das forças de segurança para isso. Neste sábado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, passou o dia em conversas telefônicas com seu colega da Defesa, José Múcio. Dino também conversou com diretores da PF e da PRF. O próprio Dino acabou relatando que teve as conversas em rede social: “Sobre uma suposta “guerra” que impatriotas dizem querer fazer em Brasília, já transmiti as orientações cabíveis à PF e PRF. E conversei com o governador Ibaneis e o ministro Múcio”, escreveu.

Estadão apurou que Dino e Múcio pretendem inspecionar pessoalmente a situação da Esplanada neste fim de semana. O acesso de veículos à Praça dos Três Poderes foi fechado.

“Pauta unificada”

Pelas redes sociais, os grupos que organizam os atos em Brasília alegam que não pretendem depredar nada, mas falam em intervenção militar e enfrentamento ao governo. Uma “pauta unificada” foi distribuída em grupos para explicar o que os extremistas querem.

“O que deve ser nosso Movimento daqui pra frente? Desobediência Civil; Qual o nosso objetivo imediato? Limpeza dos 3 Poderes; Quais os nossos objetivos finais? Impedir a implantação do Comunismo ou Socialismo no Brasil e erradicar a Corrupção; Qual a nossa exigência? Intervenção imediata das Forças Armadas; Quais as nossas ações? Ocupar a Praça e as Edificações dos Três Poderes, bloquear todas as refinarias, paralisar o transporte rodoviário, paralisar as atividades industriais, comerciais e agropecuárias, e suspender todos os pagamentos de impostos”, diz o texto.

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COMO LIDAR COM OS SIGNOS

Caio Bittencourt – MeuPatrocínio

Descubra o signo dos homens mais poderosos do mundo, como lidar com cada um e o mais importante de tudo: vamos te dizer onde encontrá-los

Sem tempo a perder, indo a bares para conhecer novas pessoas, percebemos que a alta classe masculina não procura companhias somente nos locais que frequenta, mas também no conforto de suas cadeiras office de luxo Herman Miller em sites de relacionamentos luxuosos. Como algumas plataformas de relacionamento sugar, que tem como principal atrativo homens bem-sucedidos e é lá que você certamente pode conhecer o homem dos seus sonhos.

O especialista em relacionamentos bem-sucedidos do MeuPatrocínio, Caio Bittencourt, diz que “Se você almeja ser uma pessoa bem-sucedida, deve se relacionar com pessoas do meio, que sejam experientes, inteligentes e poderosas, pois na vida o meio em que vivemos determina quem somos”.

Enquanto muitos não acreditam nos signos do zodíaco, outros fazem questão de saber até o ascendente para decidir se, então, vão se relacionar com a outra pessoa. Mas, a verdade, é que o horóscopo nunca erra e temos que ficar por dentro das características de cada um. Especialmente se você estiver à procura de se inspirar ou conhecer um dos homens mais poderosos do mundo.

Por isso, pesquisamos a fundo e listamos o top 5 dos homens mais bem-sucedidos deste planeta, seus signos e personalidades, para que você já chegue sabendo tudo sobre eles.

Capricórnio

É óbvio para você que o homem mais rico do mundo fosse capricorniano? É sim, né? Eles são muito ambiciosos e comprometidos com suas responsabilidades, focados em seus objetivos, disciplinados e muito talentosos.

Jeff Bezos, através de sua determinação e persistência, fundou a Amazon, avaliada em U$ 177 bilhões. Além de possuir a Blue Origin e o famoso jornal The Washington Post, ele também segue a linha sábio do capricorniano e é investidor do Twitter, NextDoor e ZocDoc.

Até porque a ambição faz com que eles trabalhem muito e nunca estejam plenamente satisfeitos. Quanto mais a gente ganha, mais a gente quer, né? Além conhecidos por serem frios e calculistas, eles são super certinhos e também podem ser muito orgulhosos e rígidos.

Por isso, pode gerar um certo “mau humor” quando as coisas não saem exatamente como o esperado. E também por serem muito versáteis, o sentimentalismo e o “draminha” do dia a dia não fazem parte de sua personalidade.

Peixes

Piscianos são sensíveis, temperamentais, emocionais e cheios de espírito, ou seja, eles são super sociáveis. Foi com essa intuição e alma sonhadora que Bernard Arnault se tornou o presidente e diretor executivo da LVMH, com nada mais, nada menos que U$150 bilhões, sendo a maior empresa de artigos de luxo do mundo, investindo em marcas como Louis Vuitton, Christian Dior e Sephora.

São ótimos ouvintes, confiáveis e muito preocupados com o próximo. Ideais para aquela conversa em que desabafamos. Entretanto, podem demorar a decidir qual será o restaurante eleito para o jantar (eles são bem indecisos).

Também temos que ficar atentos, porque como são muito emocionais, eles tendem a ter depressão e podem ser bem rancorosos.

Escorpião

Escorpianos são sempre atraentes (cada um com seu jeitinho, claro) e super intensos, além de terem uma ótima intuição e autoconfiança invejável, que deu a Bill Gates a astúcia e inteligência de criar a Microsoft, acumulando um patrimônio de U$ 124 bilhões.

Além da Microsoft, ele possui participações em outras empresas, como Canadian National Railway, Deere & Company, Walmart e Berkshire Hathaway. Ou seja, são super dedicados e apaixonados, além de se lembrarem sempre de datas comemorativas com suas ótimas memórias.

Mas também possuem muito ciúmes em seus relacionamentos, podendo até mesmo se tornar uma obsessão. Cuidado, tendem a serem vingativos e rancorosos. A intensidade nesse signo é o forte da casa.

Touro

Teimosos, são muito persistentes, obstinados, além de materialistas e muito produtivos, tendo como um dos exemplos desse signo do zodíaco Mark Zuckerberg, dono da quantia de U$ 97 bilhões. O fundador do Facebook, por meio da persistência incansável inerente de um taurino, hoje é também o atual dono do Instagram e do nosso famoso WhatsApp.

Amados por todos, são considerados o signo mais estável do zodíaco, onde uma boa comida e um bom sono são suficientes para a felicidade deles, além de serem pessoas em quem podemos confiar.

Mas eles não costumam gostar muito de mudanças, então, é aconselhável não sair da rotina com eles.

Virgem

NEW YORK, NY – SEPTEMBER 19: Philanthropist Warren Buffett is joined onstage by 24 other philanthropist and influential business people featured on the Forbes list of 100 Greatest Business Minds during the Forbes Media Centennial Celebration at Pier 60 on September 19, 2017 in New York City. (Photo by Daniel Zuchnik/WireImage)

Virginianos são organizados, analíticos e perfeccionistas, e devido a isso não, é à toa que Warren Buffett é o diretor executivo da Berkshire Hathaway, que investe em empresas como Apple, Coca-Cola, Bank of America e American Express. Sozinho ele chegou a uma fortuna de U$96 bilhões.

São observadores, eficientes, atenciosos e sinceros, sempre tentando a melhor maneira de resolver seus problemas e também dos outros.

Eles são cheios de manias, críticos, além de desconfiados, o que os tornam também ansiosos. Mas quem conquista um virginiano e aprende a lidar com sua personalidade, tem um amor para a vida inteira.

 E aí, com que tipo de signo você quer se relacionar?

Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?

Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)

Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local, pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer “milão” é “caro demais”.

Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A lógica deveria ser justamente a inversa.

Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.

O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR DIA!).

Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.

Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?

Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?

Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?

Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?

Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…

Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Absolutamente nenhuma além da internet.

E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?

Marketing Digital é barato, mas não é de graça.

Vamos fazer uma conta de padaria:

Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?

Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.

Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.

Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.

Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.

Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno de R$ 5,51.

Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.

Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…

E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.

Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números disparados na frente do marketing tradicional.

Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.

Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?

Deixo a reflexão.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

 

sábado, 7 de janeiro de 2023

STF PODE PROIBIR DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA?

 


STF pode proibir demissão sem justa causa? Entenda a polêmica sobre o julgamento

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília


Presidente do STF e oriunda da Justiça do Trabalho, Rosa Weber já votou pela aplicação da convenção da OIT| Foto: Divulgação/STF

Um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que se arrasta há quase 20 anos, em razão de sucessivas suspensões por meio de pedidos de vista, voltou a alarmar parte dos empresários: a análise de uma ação que busca restabelecer no Brasil a validade da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige que toda demissão tenha uma “causa justificada”.

A possibilidade de o julgamento ser retomado ocorreu depois que o STF fixou, em dezembro, que todo pedido de vista tem um prazo máximo de 90 dias. Depois disso, o processo tem de ser liberado novamente pelo ministro que solicitou a vista.

Com o novo prazo, até o meio do ano, poderá ser retomada a análise da ação que pode proibir as demissões sem justa causa. Já há oito votos entre os 11 ministros e a data de retomada do julgamento só dependeria da presidente do STF, Rosa Weber, que fez carreira na Justiça do Trabalho.

A apreensão surgiu da suposição de que a adoção dessa norma internacional, caso determinada pelo STF, acabaria com a demissão sem justa causa no Brasil. Parlamentares e empresários protestaram nas redes sociais, dizendo que isso inviabilizaria a gestão e competitividade das empresas. Se toda dispensa tiver de ser motivada, isso criaria não só mais uma burocracia para o empregador, mas também um novo risco: de uma avalanche de novas ações trabalhistas para questionar o motivo alegado, com demitidos exigindo na Justiça a reintegração no emprego ou uma indenização pesada da empresa.

É o que manifestou, no processo, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). “Na prática, com a Convenção 158, todos os empregados da iniciativa privada serão ‘estáveis’”, argumentou a entidade, acrescentando que outra exigência da convenção é a negociação prévia com sindicatos antes de uma demissão coletiva – algo “inexequível”, em seu entender. A consequência lógica, no mercado de trabalho, seria uma forte inibição nas contratações.

“Por certo que haveria uma nova leva de demissões de empregados, além do encarecimento dos produtos e de favorecimento aos produtos importados”, alertou a entidade patronal. “A criação de obrigações não compatíveis com a Constituição, como no caso concreto, provocará o surgimento de um passivo bilionário para as empresas, o que prejudica o princípio da proteção do Direito do Trabalho num aspecto coletivo.”

A Convenção 158 da OIT tem por objetivo proteger o empregado contra demissões arbitrárias. Ela admite como justificativas para a dispensa a falta de capacidade do trabalhador para o serviço, comportamento inapropriado, por um lado, mas também as “necessidades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço”.

Assim, ao demitir um empregado, a empresa poderia alegar dificuldades financeiras ou mesmo inovações tecnológicas que tornaram aquele trabalhador desnecessário para suas atividades. Não seriam aceitas como causas justificadas para a demissão a participação do trabalhador em atividades sindicais, queixas formais contra o empregador por violação de leis ou regulamentos, além de raça, cor, sexo, estado civil, responsabilidades familiares, gravidez, religião, opiniões políticas, ascendência nacional ou origem social do empregado.

A convenção prevê a possibilidade de o trabalhador recorrer à Justiça do Trabalho para questionar o motivo da demissão e diz que caberia à empresa provar a existência de uma causa para a dispensa. Os juízes poderão rejeitar essa justificativa, especialmente nos casos em que a demissão se deu por necessidades da própria empresa.

Nos casos de demissões coletivas, por motivos econômicos, tecnológicos, estruturais ou análogos – ou seja, da própria empresa –, o empregador ainda teria de comunicar e negociar com os sindicatos formas de evitar ou reduzir a quantidades de dispensas ou atenuar seus impactos, encontrando novos empregos para os demitidos, por exemplo.

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Como surgiu debate sobre proibir demissão sem justa causa
Essas regras foram criadas na 68ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Genebra, em 1982, entraram em vigor no plano internacional em 1985 e, no Brasil, foram aprovadas em 1992 pelo Congresso. Em abril de 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso promulgou sua vigência, mas, em dezembro do mesmo ano, a revogou. Em 1996, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) acionou o STF para cassar a revogação, alegando que ela deveria também ser aprovada pelo Congresso.

Desde então, e com uma composição diferente da atual, a maior parte dos ministros já votou, mas em diversas sessões ao longo dos anos, com julgamentos sempre interrompidos com pedidos de vista. A primeira interrupção ocorreu em 2003 e a última, em novembro de 2022.

Até o momento, há oito votos entre os 11 ministros, todos no sentido de que o Congresso deve mesmo aprovar a revogação. Mas dentro desse grupo, há variações. Três ministros –Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa (já aposentado) – entendem que, pelo fato de o decreto de revogação não ter sido aprovado pelo Congresso, ele é inconstitucional e a convenção deve valer de imediato. Outros três ministros – Dias Toffoli, Nelson Jobim (aposentado) e Teori Zavascki (já falecido) – entendem que a aprovação pelo Congresso de revogações deve valer só para casos futuros. Maurício Corrêa e Carlos Ayres Britto entenderam que o Congresso ainda deve referendar a revogação para ela valer de fato. Faltam agora os votos de Gilmar Mendes, o último a pedir vista, André Mendonça e Nunes Marques.

A expectativa, nos bastidores, é que o STF não determine a aplicação imediata das regras, dando ao Legislativo oportunidade de confirmar a revogação. Um sinal negativo de incorporação da convenção já foi dada pelo próprio Congresso diversas vezes. Em 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem à Câmara questionando se a norma internacional deveria, afinal, ser aprovada novamente. Desde então, três comissões emitiram pareceres contrários, em 2008, 2011 e 2019.

Na última vez em que o tema foi discutido, em outubro de 2019, o então secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, que relatou em 2017 a reforma trabalhista, disse que a aprovação da convenção iria aumentar a informalidade no mercado de trabalho. “O empregador se sentiria ainda mais temeroso de estabelecer o vínculo formal, uma vez que haveria restrição clara para o desligamento do trabalhador em caso de dificuldade econômica ou necessidade da empresa”, disse à época.

“Não estamos diante de algo tão revolucionário”, diz advogado trabalhista
O advogado, mestre e doutor em Direito do Trabalho pela USP Carlos Eduardo Ambiel não acredita, no entanto, que eventual incorporação das regras traria grande impacto no mercado de trabalho, exceto pela maior burocracia para as empresas. Ele diz que a própria convenção já estabelece que, em caso de demissões injustificadas, caberia uma indenização.

Isso já existe no Brasil desde a década de 1960, que é o direito do trabalhador sacar o saldo depositado pelo empregador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), acrescido da multa de 40% sobre o montante, em caso de demissões sem justa causa.

Mesmo nos casos em que a empresa demite o funcionário por enfrentar dificuldades financeiras, a indenização também é paga – a convenção da OIT, em tese, permitiria que ela se livrasse da multa nessas situações. Fora isso, o empregado demitido sem justa causa ainda tem direito a receber valores relativos ao aviso prévio e férias não gozadas.

“Não estamos diante de algo tão revolucionário. Não vai ter mudança nas demissões individuais porque o Brasil já tem proteção contra dispensa sem justa causa. Só quando o empregado é dispensado por justa causa, por falta disciplinar, mau comportamento ou desempenho, que ele perde indenização. E nesses casos ainda pode questionar na Justiça. E quando é mandado embora, por causa econômica ou tecnológica, ganha indenização. Somos mais protetivos que a convenção”, diz Ambiel.

Segundo ele, é possível que, caso a convenção seja adotada no Brasil, juízes possam obrigar a empresa a reintegrar o funcionário, mas ele prevê que tribunais superiores, como o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou o próprio STF derrubem determinações do tipo. Um problema maior, em caso de aplicação da convenção, estaria relacionado às demissões coletivas.

Para esses casos, porém, já existe decisão do STF, proferida em junho de 2022. Num julgamento sem relação com a convenção, a Corte estabeleceu que as empresas não precisam de autorização prévia dos sindicatos para dispensas em massa, mas devem comunicá-los para tentar atenuar seus impactos e ouvir das entidades possíveis alternativas.

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PARA MINISTRO ATACA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E GARANTIAS DEMOCRÁTICAS

 

Opinião
Editorial
Por
Gazeta do Povo


O presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes.| Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ataque frontal do Poder Judiciário à liberdade de expressão e outras garantias democráticas no Brasil parece sempre pronto a romper novos limites. Quando aquilo que meses atrás parecia inimaginável já se torna corriqueiro – é o caso, por exemplo, da censura prévia sem nenhum motivo razoável que a justifique –, ministros e juízes partem para novas investidas, violando outras liberdades ou beirando a paranoia.

É o que ocorreu, por exemplo, com os jornalistas e comentaristas Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza (ambos colunistas da Gazeta do Povo) e Paulo Figueiredo (empresário e comentarista da Jovem Pan News). Todos eles tiveram suas contas em redes sociais sumariamente suspensas, mas no caso de Constantino e Figueiredo, ambos radicados nos Estados Unidos, a Justiça resolveu ir além, cancelando-lhes o passaporte e bloqueando suas contas bancárias no Brasil. Se o direito constitucional à liberdade de expressão da dupla já havia sido severamente prejudicado pelo banimento das mídias sociais, agora é seu direito de ir e vir que é violado por meio do cancelamento do passaporte, medida que faz de seu alvo um “prisioneiro” no país onde vive; não pode nem voltar ao Brasil, nem ir para qualquer outro país; Constantino só mantém essa possibilidade por ter dupla cidadania – e, mesmo assim, tanto ele quanto Figueiredo também estão proibidos de deixar o Brasil caso entrem com passaporte de outro país.

Já o bloqueio das contas bancárias, se já era uma aberração no caso de empresários multimilionários como os que têm sido alvo da perseguição de Alexandre de Moraes (e mesmo assim o desbloqueio já ocorreu), ainda mais o é quando aplicado a jornalistas cujo poder econômico é muito menor. Para adicionar mais um contorno de surrealidade e arbítrio a tudo isso, não se sabe nem mesmo de quem partiu a ordem judicial no caso de Fiúza e Figueiredo – o STF não confirma que as decisões tenham saído da corte; de certo, apenas que as decisões contra Constantino vieram da caneta de Moraes.

Além da liberdade de expressão, agora o direito de ir e vir e o direito à privacidade são depredados pela Justiça de forma completamente desproporcional. Mesmo assim, a sociedade e a opinião pública parecem ainda anestesiadas

O relator dos inquéritos abusivos das fake news, dos “atos antidemocráticos” e das “milícias digitais”, aliás, é também o autor de outra decisão que faz do Brasil o tipo de Estado policial semelhante às ditaduras comunistas do leste europeu ou dos totalitarismos distópicos de vigilância permanente. Segundo o portal Metrópoles, Moraes ordenou a quebra de sigilo telefônico e telemático de oito investigados, cujos nomes se desconhece, e também de todas as pessoas com quem eles tenham tido contato algum contato – no caso de ligações telefônicas, desde 2017. Trata-se de uma “quebra de sigilo no atacado” que tem consequências catastróficas para os direitos e liberdades no Brasil.

O direito à privacidade é protegido pelo inciso X do artigo 5.º da Constituição, e o inciso XII do mesmo artigo acrescenta: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. A lei que regulamenta este trecho é a Lei 9.296/96, dita Lei de Interceptação Telefônica. Ela afirma explicitamente em seu artigo 2.º, inciso I, que a interceptação só pode ocorrer se “houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal”. Ainda que a interceptação (o chamado “grampo”) consista na gravação das conversas futuras, ocorridas após a decisão judicial, a doutrina tem entendido que os mesmos requisitos se aplicam à quebra de sigilo telefônico (a identificação dos números que ligaram ou receberam ligações) e, especialmente, à quebra do sigilo telemático (que permite o acesso ao conteúdo das conversas e e-mails). Ora, desde quando o mero ato de manter contato com alguém que está sendo investigado é “indício razoável de autoria” de infração penal? Aqui já fica demonstrada, de forma inequívoca, a ilegalidade dessa quebra de sigilo coletiva. E o segredo kafkiano que o Judiciário insiste em manter sobre todas essas investigações torna impossível a “demonstração de que a sua [da quebra de sigilo] realização é necessária à apuração de infração penal”, outro dos requisitos legais para a interceptação.

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O cuidado legal se justifica: a privacidade é um bem tão precioso que é preciso haver motivos muito graves para que as autoridades tenham acesso às conversas alheias. Mas Moraes, com sua decisão, praticamente extingue esse direito no Brasil. Se a Polícia Federal passa a ter acesso a todas as conversas não apenas dos oito investigados, mas de todas as pessoas com quem eles tiveram contato em alguma ocasião nos últimos anos, não há limite para o tipo de material que os policiais passam a ter em mãos. A prática abusiva da “pesca probatória” já não tem fronteiras. Todo cidadão pode ter suas conversas devassadas, sendo tratado como potencial suspeito de algum crime que nem se sabe ao certo qual é, já que, ao que tudo indica, a única coisa realmente digna de sigilo no país são os inquéritos conduzidos por Moraes. Como agravante, ficam vulneráveis até diálogos que deveriam estar protegidos por uma camada adicional de sigilo, o funcional (com advogados, jornalistas, médicos ou psicólogos, por exemplo), e o STF já cometeu um erro grosseiro em 2017, ao publicar conversas entre o jornalista Reinaldo Azevedo e a irmã do então senador Aécio Neves.

Além da liberdade de expressão, agora o direito de ir e vir e o direito à privacidade são depredados pela Justiça de forma completamente desproporcional. Mesmo assim, a sociedade e a opinião pública parecem ainda anestesiadas; quando muito, fala-se em “risco de abusos”. Mas o abuso, o arbítrio, o estado de exceção não são um “risco”; eles já se tornaram realidade há muito tempo, mas uma realidade que parte significativa do país tolerou e segue tolerando (quando não elogiando) porque dirigida contra bolsonaristas. As liberdades, no Brasil, estão como o famoso sapo em água fervente, com magistrados elevando cada vez mais a temperatura sem que suas decisões recebam a merecida crítica de entidades outrora defensoras da democracia. Atividade de risco no Brasil de hoje não é apenas ter opinião e manifestá-la, quando tal opinião não está devidamente aprovada pelas instâncias que se tornaram “donas” do pensamento; basta trocar algumas palavras com quem ouse criticar essas instâncias para se tornar também um alvo. As polícias secretas soviética e alemã oriental não teriam feito melhor.


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CASOS DE RETROCESSO NO COMBATE À CORRUPÇÃO

 

Saldo negativo

Por
Isabella Mayer de Moura – Gazeta do Povo

Sessão extraordinária em que julga as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC) 43, 44 e 54. Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF (07/11/2019)


Ministros do STF antes de sessão de julgamento: várias decisões que enfraqueceram o combate à corrupção vieram do Supremo.| Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Os últimos quatro anos deixaram um saldo negativo no combate à corrupção, na avaliação de especialistas engajados na causa. Decisões nas três esferas de poder minaram a Operação Lava Jato e enfraqueceram regras que anteriormente possibilitaram prisões de políticos envolvidos com corrupção e lavagem de dinheiro. A anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a reforma da Lei de Improbidade Administrativa e a transferência de processos de corrupção à Justiça Eleitoral são alguns dos retrocessos apontados.

Do Congresso e do Judiciário saíram as decisões que mais prejudicaram o combate à corrupção, na opinião da jurista Vera Chemin, especialista em Direito Constitucional. Ela cita como especialmente danosas, do ponto de vista processual, o fim da prisão após condenação em segunda instância judicial, a anulação das condenações de Lula e a suspeição do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro.

Já o procurador Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, avalia que decisões do governo federal nos últimos quatro anos diminuíram a transparência do poder público. Ele classificou como retrocesso a quantidade de informações que foram colocadas sob sigilo de 100 anos – caso das visitas ao Palácio do Planalto.

Livianu também citou a decisão de Bolsonaro de não escolher o procurador-geral da República a partir da lista tríplice apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). Para ele, foi um enfraquecimento da instituição.

Veja a seguir sete retrocessos no combate à corrupção, de 2019 até agora.

  1. Corrupção associada a caixa 2 é da Justiça Eleitoral
    Em uma votação apertada em março de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que crimes comuns que estivessem relacionados a crimes eleitorais, como “caixa 2”, deveriam tramitar na Justiça Eleitoral. Era o caso da corrupção e lavagem de dinheiro associadas ao caixa 2 eleitoral.

A decisão afetou várias ações oriundas da Lava Jato e outros casos de corrupção. O ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ), o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), o ex-ministro do PT Antonio Palocci, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD) e o senador José Serra (PSDB-SP) foram alguns dos políticos que se beneficiaram da decisão. Em alguns casos, as condenações na Justiça Federal foram anuladas por incompetência de juízo e outros casos foram arquivados após chegarem à Justiça Eleitoral.

Na época do julgamento no STF, procuradores alegaram que a falta de estrutura da Justiça Eleitoral e o fato de ela ser composta por membros temporários poderiam tornar mais difícil a responsabilização dos réus. A Justiça Federal, por outro lado, tem estrutura especializada na investigação de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Portanto, eles defendiam o desmembramento das investigações, o que permitiria que os casos de corrupção e lavagem de dinheiro continuassem tramitando na Justiça comum. 

A maioria dos ministros do STF, porém, foi a favor do envio desses casos para a Justiça Eleitoral, em respeito à legislação que diz que é “inviável a competência da Justiça comum, que é residual quando há Justiça especializada (no caso, a eleitoral)”.

O deputado federal eleito Deltan Dallagnol (Podemos), ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, avalia que mais de 90% das condenações anuladas ou dos processos que sofreram atrasos na operação tiveram como causa a transferência dos casos de corrupção para a Justiça Eleitoral.

  1. O precedente da anulação da condenação de ex-presidente da Petrobras

Em 2019, outro entendimento do STF levou a anulações de condenações por corrupção. A Segunda Turma do Supremo decidiu que os réus que firmaram acordos de delação premiada devem apresentar alegações finais antes dos demais réus no processo, o que na época levou à anulação das sentenças contra Paulo Bendine, ex-presidente da Petrobras, delatado e condenado em primeira e segunda instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Menos de um mês depois, o mesmo argumento foi usado para anular a condenação do ex-gerente da Petrobras Márcio de Almeida Ferreira, no plenário do STF.

As alegações finais são a última oportunidade de os réus rebaterem as acusações contra eles antes da sentença do juiz. O juiz que conduz o processo abre prazo primeiro para as alegações finais do Ministério Público, depois para assistente de acusação e, por fim, aos réus. Quando há delatores entre os réus, o prazo para entrega das alegações finais era o mesmo para eles e os demais acusados.

Porém, naquele julgamento de setembro de 2019, o STF considerou que as alegações dos réus devem ser separadas: primeiro os delatores e depois os delatados. O intuito era garantir ampla defesa a todos os acusados, dando oportunidade aos delatados de rebater acusações dos delatores. A regra não era aplicada pelos juízes, porque não estava prevista em lei.

Recentemente, o STF decidiu limitar o alcance dessa decisão ao estabelecer que as condenações em processos que não obedeceram à ordem das alegações finais só podem ser invalidadas quando as defesas apontaram o problema na instância originária. Isso, porém, só vale para ações penais anteriores à Lei 13.964/19 (o Pacote Anticrime elaborado pelo então ministro da Justiça Sergio Moro e modificado pelo Congresso. A lei garantiu formalmente o direito ao réu delatado de fazer suas alegações finais após o delator.

Quanto à Bendine, ele foi novamente condenado pelos mesmos crimes em 2020, e posteriormente a sentença foi confirmada em segunda instância.

  1. Fim da prisão após condenação em segunda instância

O STF reverteu em 2019 o entendimento de apenas três anos antes de que condenados em segunda instância judicial já podiam começar a cumprir a pena de prisão. Com a mudança, para o início do cumprimento de uma pena, é preciso esgotar todos os recursos em tribunais superiores – muitas vezes na quarta instância, o próprio Supremo.

A decisão, que acabou com a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, levou à soltura de vários políticos condenados e presos no âmbito da Operação Lava Jato: o hoje presidente Lula; o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu; o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; e os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Jorge Zelada. Também se beneficiaram empresários como Sérgio Cunha Mendes, José Carlos Bumlai e Salim Taufic Schahin.

Além de ser considerada por defensores do combate à corrupção como um benefício a poderosos que tenham condições de arcar com os custos dos recursos judiciais até que a ação chegue às instâncias superiores, a decisão aumentou a percepção de impunidade. O fim da prisão em segunda instância também é visto como um desincentivo a colaborações premiadas e um retrocesso em termos de segurança jurídica devido ao curto espaço de tempo em que a jurisprudência sobre o tema foi alterada.

  1. As desfigurações do pacote anticrime no Congresso
    Em 2019, quando assumiu o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, o ex-juiz Sergio Moro apresentou ao Congresso propostas para tornar a legislação brasileira mais rigorosa no combate ao crime organizado e a corrupção. O conjunto de projetos de lei ficou conhecido como pacote anticrime. Previa inicialmente a criminalização do caixa 2 eleitoral, a prisão em segunda instância e a alteração da competência para julgamento de crimes complexos relacionados a eleições (para evitar que as ações fossem para a Justiça eleitoral).

Contudo, durante os meses de tramitação no Congresso, o pacote anticrime foi desidratado e desfigurado. Muitas das propostas originais de Moro foram rejeitadas e os deputados incluíram emendas que significaram um retrocesso no combate à corrupção. 

Da forma como foi aprovada, a nova lei limitou as prisões preventivas, passando a exigir a “existência concreta de fatos novos ou contemporâneos” que justifiquem a detenção. Também dificultou novos acordos de colaboração premiada ao prever, no processo, a participação da defesa das pessoas delatadas.

Outra medida incorporada no projeto pelos parlamentares foi a criação da figura do “juiz de garantias”, que passaria a cuidar apenas da fase de investigação, enquanto outro magistrado deveria atuar na fase do processo e julgamento. A aplicação do juiz de garantias, porém, foi suspensa por decisão do ministro do STF Luiz Fux em janeiro de 2020 e ainda não foi pautada no plenário da Corte. Na visão do ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol, o juiz de garantias aumentaria “a morosidade e a impunidade num sistema já lento e leniente em relação a crimes econômicos como a corrupção”.

  1. A nomeação de Augusto Aras na PGR e o fim das forças-tarefas

Em 2019, ao nomear Augusto Aras como procurador-geral da República, o então presidente Jair Bolsonaro ignorou a lista tríplice de nomes indicados pelos membros do Ministério Público Federal (MPF) para comandar a Procuradoria Geral da República (PGR). A recusa em indicar alguém de fora da lista acabou com uma prática consolidada desde 2003 e adotada por três ex-presidentes: Lula, Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Em 2021, a lista tríplice foi novamente ignorada para uma nova indicação de Aras ao posto.

Apesar de ser prerrogativa exclusiva do presidente a escolha do PGR e de que a indicação de Aras tenha sido aprovada pelo Senado, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Transparência Internacional Brasil e outras organizações avaliam que tal posicionamento “fragilizou” o Ministério Público. “O não atendimento da lista enfraquece o anseio pela independência do Ministério Público Federal (MPF) e fragiliza a posição da instituição no exercício de seu papel”, afirmou a ANPR em nota, na época da indicação de Aras.

No comando da PGR, Aras deu espaço a queixas de advogados, determinando, em 2020, que a instância central do Ministério Público Federal obtivesse acesso aos dados das forças-tarefas da Lava Jato de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Aras acusou-as de “deficiência de institucionalidade, sobretudo em alguns procedimentos de investigação”. Também levantou a suspeita de que procuradores de primeira instância poderiam estar realizando investigações clandestinas contra autoridades com foro privilegiado. Na época, em um evento online, ele disse que era “hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure”. 

Foi durante o mandato de Aras que as forças-tarefas acabaram – inclusive a da Lava Jato, oficialmente encerrada em 1.º de fevereiro de 2021. O modelo passou a ser substituído por investigações organizadas dentro dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos). Na prática, a extinção das forças-tarefa tirou seus integrantes de dedicação exclusiva para tocar casos complexos.

  1. A revisão da Lei de Improbidade Administrativa
    O Congresso também teve participação nas investidas contra o combate à corrupção. A principal delas, na avaliação de Roberto Livianu, foi a aprovação de uma nova Lei de Improbidade Administrativa, em outubro de 2021. A partir da revisão, passou-se a considerar que só podem ser classificados como atos de improbidade administrativa (passíveis de punição, portanto) aqueles em que o agente público comete uma ação ou omissão dolosa – ou seja, com intenção.

Isso significa que o acusador tem que provar que houve intenção por parte do agente público de praticar a improbidade para que ele possa ser punido. Atos culposos (não intencionais), por mais que gerem prejuízos à administração pública, não são passíveis de punição pela nova Lei de Improbidade Administrativa. Os prazos do processo também ficaram mais curtos. 

O Congresso ainda determinou que a lei se aplicaria a atos processuais realizados no passado, o que geraria uma revisão gigantesca de condenações. Em agosto de 2022, porém, o STF decidiu que a nova Lei de Improbidade não retroage para os processos que já tenham sido encerrados. Contudo, abriu-se uma brecha para absolvições futuras de quem foi condenado apenas por ato de improbidade culposo, sem que as possibilidades de recurso tivessem sido esgotadas.

  1. Competência de Curitiba e suspeição de Moro

Em 2021, outras decisões do STF ajudaram a enfraquecer os legados da Operação Lava Jato. 

Atendendo a um pedido de habeas corpus da defesa de Lula, a Corte decidiu que a 13.ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar os casos relacionados ao petista. Na visão dos ministros do STF, as acusações contra Lula não se limitaram à Petrobras e, portanto, a análise dos processos não caberia à Justiça Federal em Curitiba, que só poderia tratar de casos relacionados exclusivamente com a estatal.

O resultado imediato foi a anulação das condenações de prisão de Lula por corrupção nos processos do sítio de Atibaia do triplex do Guarujá. Assim, o ex-presidente ficou livre para concorrer às eleições presidenciais de 2022.

Poucos dias depois, também a pedido da defesa de Lula, a maioria do STF declarou que Moro foi parcial ao condenar o petista no caso do tríplex do Guarujá (SP), valendo-se de provas obtidas ilegalmente por ação de um hacker que divulgou mensagens privadas trocadas entre Deltan e Moro. Como resultado da decisão, todas as provas colhidas pela força-tarefa da Lava Jato e que davam sustentação ao processo foram anuladas – não puderam nem sequer ser reaproveitadas pelo juízo do Distrito Federal, para onde a investigação foi enviada por decisão do próprio Supremo quando julgou a incompetência da 13.ª Vara Federal para julgar vários casos da Lava Jato.

A decisão favorável à suspeição de Moro também fez com que outros condenados pelo então juiz da Lava Jato, como Eduardo Cunha, questionassem a validade das sentenças.


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MINISTRA DE LULA TEM LIGAÇÕES COM MILÍCIAS

 

Por
Guilherme Macalossi – Gazeta do Povo

AME3123. BRASILIA (BRASIL), 29/12/2022.- El presidente electo de Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, posa al lado la designada ministra de Turismo, Daniela Carneiro, durante una conferencia de prensa en la que anunció ministros de su futuro Gobierno, hoy, en Brasília (Brasil). Lula da Silva quien asumirá el próximo domingo, anunció este jueves a 16 nuevos ministros, con lo que su gabinete tendrá un total de 37 carteras, una de ellas volcada por vez primera a los asuntos indígenas. EFE/ Andre Borges


Daniela Carneiro foi empossada ministra do Turismo pelo presidente Lula no último domingo (1º)| Foto: André Borges/EFE

Não completou uma semana e o governo Lula já contabiliza seu primeiro escândalo: as relações políticas da ministra do Turismo com o miliciano Juracy Alves Prudêncio, conhecido como Jura. Titular da pasta, Daniela Carneiro foi indicada pelo União Brasil, no esforço do novo presidente em compor com os partidos do centrão.

Tão logo tomou posse, passaram a circular imagens dela junto ao criminoso e também da esposa. Os dois participaram de atos de sua campanha nas eleições de 2018 e 2022. Segundo informações do UOL, a milícia chamada “Bonde do Jura” é responsável por cerca de cem assassinatos cometidos na Baixada Fluminense nos anos 2000. Certamente não é alguém com quem se deva posar alegremente para fotografias, muito menos ter como cabo eleitoral.

Ao invés de ser demitida, Daniela Carneiro participou normalmente da 1ª reunião ministerial do governo. Ao que parece, o lulopetismo tem seus milicianos de estimação.

Por meio de sua assessoria a ministra afirmou que “o apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito”. Por óbvio, fotos não comprovam associação criminosa. Fica evidente, entretanto, uma ligação perigosa que inviabiliza Daniela Carneiro como titular na pasta. Deveria ser sumariamente demitida. A política, afinal, é um campo em que sobrepesa o decoro. É inadmissível que se ache normal ou razoável que alguém que ocupa um cargo público de função tão elevada tenha esse tipo de companhia.

Questionado sobre a situação, o ministro da Justiça, Flavio Dino, tratou de minimizar o elo entre sua colega e o assassino. “A bem da verdade, políticas e políticos do Brasil, principalmente em momentos eleitorais, e, hoje, nesses dias de celular, têm fotos com todo mundo”, disse a jornalistas. Mas não é o caso de apenas uma foto aleatória tirada com um eleitor qualquer. Dado o tamanho da organização que Jura comandava é difícil imaginar que Daniela Carneiro não o conhecesse. Aliás, isso se torna ainda mais improvável na medida em que ela o elogiou. Em 2018, quando ele estava no regime semiaberto após uma condenação de 26 anos por associação criminosa e homicídio, a então candidata o chamou de “liderança” numa postagem em redes sociais.

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Em 2008, a CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo, indiciou Jura. No ano seguinte, ele foi preso. Freixo é outro que não demonstrou qualquer indignação com as fotos. Nomeado para presidir a Embratur, órgão subalterno ao Ministério do Turismo, ele disse que não se sente constrangido pelas relações passadas de sua atual chefe. “Eu acho que cabe a ela falar sobre isso”, disse ao jornal O Globo. É uma bela passada de pano para quem fez carreira a denunciar grupos de milicianos e investigar as conexões desses com políticos.

Cabe a pergunta óbvia: se fosse uma ministra do governo Bolsonaro, Flavio Dino, Marcelo Freixo e Lula (que ainda não disse nada sobre o assunto), teriam essas mesmas reações? O atual presidente passou a campanha a denunciar seu antecessor exatamente pelas ligações que sua família teria com integrantes de milícias no Rio de Janeiro. Agora observa em silêncio enquanto uma aliada tem revelada a proximidade com esses mesmos elementos. Ao invés de ser demitida, Daniela Carneiro participou normalmente da 1ª reunião ministerial do governo. Ao que parece, o lulopetismo tem seus milicianos de estimação.


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MINISTRO DE LULA FOI CONDENADO POR CORRUPÇÃO

 

Por
Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo

Integração e Desenvolvimento Regional – Waldez Góes


Waldez Goes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Depois de enganar a morte mais de uma vez, Sísifo foi condenado a carregar um rochedo pesado até o cume de uma montanha, lugar do qual cairia novamente, cena que se repetiria infinitamente. Assim como na mitologia grega, o Brasil caminha a passos largos para a mesma condenação de Sísifo.

Na quinta-feira passada, Lula se cercou mais uma vez de condenados pela Justiça. Você aceitaria alguém condenado por desviar dinheiro de outras pessoas administrasse o seu dinheiro, a sua conta bancária ou os recursos do seu condomínio? Aceitando ou não, é isso que vai acontecer.

O atual presidente indicou como ministro da Integração e Desenvolvimento Regional Waldez Góes, o ex-governador do Amapá, condenado pelo Superior Tribunal de Justiça em novembro de 2019, pela prática de corrupção (peculato) intencional (dolosa), a cumprir seis anos e nove meses de prisão, pagar uma multa de 650 salários-mínimos e devolver para os cofres públicos R$ 6,3 milhões.

Segundo a condenação, ao longo dos anos de 2009 e 2010, o ex-governador descontou do salário dos servidores pelo menos R$ 68 milhões para pagar empréstimos consignados, mas, ao invés de pagá-los, usou os recursos para pagar despesas do governo.

Enquanto isso, as autoridades relataram no processo que as despesas com programas sociais feitas pela Secretaria de Estado chefiada por sua esposa, candidata a deputada estadual nas eleições de 2010, saltaram 282% entre setembro de 2009 e setembro de 2010, o que sugere um possível objetivo eleitoral na ação criminosa.

Você aceitaria alguém condenado por desviar dinheiro de outras pessoas administrasse o seu dinheiro, a sua conta bancária ou os recursos do seu condomínio? Aceitando ou não, é isso que vai acontecer

Assim, Góes desviou recursos privados, pertencentes aos servidores, em favor do Estado e, como consequência, os servidores ficaram inadimplentes, tiveram seus nomes inscritos no SERASA e foram acionados na Justiça junto com o governo pelas empresas financeiras. Devido às incontáveis multas, juros e honorários decorrentes da inadimplência, foram desperdiçados mais de R$ 6 milhões em recursos públicos.

Alguém que mereceria a punição com cadeia de acordo com a segunda mais alta corte judicial do país, por malversação de dinheiro público, receberá em seu lugar um prêmio: o poder de decidir o destino de cerca de 90 bilhões de reais nos próximos quatro anos, assim como de gerenciar as atividades de 10 mil servidores públicos e 2.500 servidores comissionados – presumindo que serão preservados os recursos orçamentários e humanos da pasta documentados no Portal da Transparência.

Dentro do ministério, estão a defesa civil, as superintendências do desenvolvimento do nordeste, da Amazônia e do centro-oeste, uma parte da Agência Nacional de Águas e Saneamento e a cobiçada Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a qual atua em 35% do país, abrangendo 2.675 municípios.

Com orçamento bilionário e sua ampla abrangência, a CODEVASF tem grande potencial não só para gerar votos mas também para desviar dinheiro público. Isso porque, por ser uma estatal, como a Petrobras, possui procedimentos de contratação mais flexíveis do que os ministérios e secretarias. Não foi à toa que, segundo levantamento do Estadão, parlamentares indicaram a estatal para realizar operações com verbas do orçamento secreto. Em 2022, a empresa pública foi alvo de operação da Polícia Federal em razão de suspeitas de corrupção e fraudes licitatórias.

Alguém que mereceria a punição com cadeia de acordo com a segunda mais alta corte judicial do país, por malversação de dinheiro público, receberá em seu lugar um prêmio

Como é possível que um condenado se torne ministro, em vez de ser preso?

Ao condenar o então governador, o ministro João Otávio de Noronha decretou a perda do cargo, entendendo que “é absolutamente inadmissível que o chefe de um dos Estados da Federação – motivo que exige mais acuidade no trato da coisa pública, cabendo-lhe, além da boa administração, o exemplo maior para os servidores e para a população em geral – continue a exercer a função mesmo depois de condenado a crime relativo a ilícito administrativo”.

Seguiu o ministro afirmando que “é inconcebível que um governador de Estado condenado pela prática de peculato possa continuar no exercício de cargo para qual é condição sine qua non a idoneidade. Ademais, se não foi pela questão relativa à probidade, não há como um administrador público exercer suas funções enquanto cumpre pena privativa de liberdade, não só inviável, como desonrosa para o cargo tal possibilidade”.

Tanto a função de governador como a de ministro são altos cargos de gestão administrativa do Poder Executivo. Se o peculato, a desonestidade e a necessidade de bom exemplo são incompatíveis com a permanência de Waldez Góes na função pública de governador, como ele reuniria condições para ser ministro?

A Transparência Internacional se manifestou sobre o caso, alertando que “a sociedade e as instituições devem impedir que um Ministério fundamental para o desenvolvimento de regiões desassistidas do país continue usado como máquina de corrupção e feudalização eleitoreira”.

Um país que premia criminosos e pune quem cumpre a lei jamais prosperará. A justiça, a ordem, o rule of law, a segurança jurídica, são bases fundamentais do desenvolvimento das nações. O lugar do condenado não é na liderança do ministério, mas sim na cadeia. E como a Justiça permite que esteja solto?

No início de 2020, Góes conseguiu uma decisão liminar, provisória, do Ministro Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus, suspendendo os efeitos da condenação, com o mesmo argumento que derrubou condenações de Lula, Cabral e Eduardo Cunha: o de que o tribunal que o julgou não seria o competente.

O caso foi a julgamento em abril de 2021 na primeira turma do STF e dois ministros, Barroso e Marco Aurélio, votaram pela rejeição do habeas corpus e manutenção da condenação. O ministro Alexandre de Moraes, em seguida, pediu vista, suspendendo o julgamento. A nomeação de Góes torna urgente a retomada e conclusão do julgamento.

A indicação de Góes revela dois problemas: o da impunidade sem fim no Brasil e o do mau exemplo que vem de cima. O próprio presidente Lula foi condenado em três instâncias por corrupção, foi preso e, depois de se tornar presidente, nomeou ao menos 67 investigados e condenados para a equipe de transição. Agora, indica um condenado por peculato para ser Ministro.

A corrupção ou a aparência de corrupção está sendo normalizada. Isso é muito preocupante porque, como modernas pesquisas comportamentais demonstraram, a desonestidade contagia. Albert Schweitzer, teólogo laureado com o Prêmio Nobel da Paz, afirmou que “dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única”. O exemplo arrasta.

Como na história de Sísifo, depois de combatermos a corrupção até o cume do sistema em nosso país, a pedra da corrupção rola abaixo, espalhando destruição e contaminando todo o sistema. Enquanto o mau exemplo vier de cima, viveremos a eterna repetição desse problema.


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POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRAS IDEFINIDA PELO NOVO GOVERNO

 

Governo Lula não demonstra transparência quando o assunto é o futuro da Petrobras e a política de preços dos combustíveis a ser adotada

Por Celso Ming – Jornal Estadão

Desde a elaboração das “Diretrizes” que pontuaram o jogo eleitoral do PT, a Petrobras vem sendo alvo potencial de intervenções do novo governo.

O presidente Lula proclamou que os preços dos combustíveis serão “abrasileirados”, que a construção de novas refinarias é de alta prioridade e que a generosa política de dividendos será revertida. No entanto, será preciso enfrentar as consequências, independentemente do que esteja certo ou errado.

O novo presidente indicado da Petrobras, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), adiantou três coisas sobre a nova política de preços. Afirmou que defende a criação de um fundo de estabilização; disse que o atual critério de preços pela paridade internacional será substituído por outro, mas que os preços finais não sofrerão intervenção do governo e continuarão tendo como referência o mercado internacional; e disse que não se podem cobrar preços homogêneos no País sujeito a tão diferentes custos logísticos. Até agora, ninguém explicou o que seria o tal “abrasileiramento dos preços”, mas sem intervenção.

A função de um fundo de estabilização é pagar parte do preço do consumidor quando as cotações disparam e cobrar mais do consumidor quando acontece o contrário. Tem, portanto, função reguladora, análoga à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que nunca funcionou direito.

Como esse fundo não existe, primeiro é preciso dotá-lo de recursos. Nesta condição de penúria do Tesouro é necessário identificar outras fontes e garantir a sustentabilidade desses recursos. Se for para tirá-los dos royalties e das contribuições especiais das petroleiras nacionais, serão recursos que poderão fazer falta na execução orçamentária. Se for para incidir sobre os preços dos combustíveis, será inevitável certo impacto inflacionário. De todo modo, se esses problemas forem pré-equacionados, será preciso esperar que o fundo ganhe corpo até poder ser usado. Não é mecanismo que produz efeito imediato.

O Senador Jean Paul Prates, indicado para comandar a Petrobras, defende a proposta de criação de fundo de estabilização de preços dos combustíveis.
O Senador Jean Paul Prates, indicado para comandar a Petrobras, defende a proposta de criação de fundo de estabilização de preços dos combustíveis.  Foto: Adriano Machado/Reuters

A incorporação dos custos logísticos nos preços finais em princípio parece correta. Mas estaria onerando o consumidor distante dos grandes centros.

Outros pretendem que a Petrobras pague parte do preço dos combustíveis com seus próprios lucros, o que implicaria cálculo de preços não pela lei da oferta e da procura, mas pelos custos, uma aberração em economia. De mais a mais, a Petrobras não é a única produtora brasileira de petróleo e gás.

A questão não termina aí porque o Brasil tem de importar cerca de 30% do diesel e 15% da gasolina que consome, porque não tem capacidade suficiente de refino. Se a Petrobras for obrigada a praticar preços abaixo dos vigentes no mercado internacional, o risco maior é o de desabastecimento, pois nenhum importador se sujeitaria a vender por preço inferior ao que pagaria pelo produto importado.

Nesse campo sobram mais perguntas do que respostas.