sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

MINISTÉRIO DA VERDADE DE LULA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Sede da Advocacia-Geral da União (AGU), que criou procuradoria para combater “desinformação sobre políticas públicas”.| Foto: Sérgio Moraes/Ascom AGU

“Guerra é paz; liberdade é escravidão; ignorância é força”, repetia o Estado totalitário descrito em 1984, de George Orwell, demonstrando a importância do controle estatal sobre os discursos e a linguagem. No Brasil lulopetista, teremos também “censura é liberdade de expressão” e “perseguição é democracia”, a julgar por dois novos órgãos da estrutura estatal criados por decretos publicados já no primeiro dia do governo Lula, um na Advocacia-Geral da União e outro na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Ambos prometem ser uma valiosa ajuda ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em seu esforço para destruir a liberdade de expressão no Brasil.

A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, criada dentro da AGU, tem entre suas funções “representar a União, judicial e extrajudicialmente, em demandas e procedimentos para resposta e enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas”. Já o Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão, na Secom, deve “propor e articular políticas públicas para promoção da liberdade de expressão, do acesso à informação e de enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio na internet, em articulação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Os termos-chave, aqui, são “desinformação” e “discurso de ódio”, categorias suficientemente amplas para incluir, no fim das contas, qualquer crítica ao governo federal, a seus integrantes e às políticas que eles pretendam implantar.

As novas estruturas estatais poderão definir a seu bel-prazer o que é “desinformação” e “discurso de ódio”. Pior ainda: terão como lançar o peso do Estado contra qualquer um que desagradar o governo

O uso de um conceito aberto é proposital, pois fica sujeito às preferências de quem manda. Assim como hoje o Supremo já decide como bem entender o que é “fake news”, o que é “ato antidemocrático” e o que é “ataque às instituições” – por exemplo, incluindo neste último conceito qualquer crítica mais contundente, ainda que legítima, às ações dos ministros do STF –, as novas estruturas estatais poderão definir a seu bel-prazer o que é “desinformação” e “discurso de ódio”. Pior ainda: terão como lançar o peso do Estado contra qualquer um que desagradar o governo, ainda que não exista no ordenamento jurídico brasileiro crime de “desinformação”, como também não existe o de “fake news”.

Usemos como exemplo uma política pública real, e que o atual governo já manifestou a intenção de retomar. O Mais Médicos de Dilma Rousseff não passava de um truque para financiar a ditadura cubana usando como pretexto a falta de profissionais de saúde em determinados rincões do país – o caráter de negociata já era óbvio à época, com a retenção dos salários dos médicos cubanos, e ficou ainda mais evidente anos depois, com a divulgação de documentos e de áudios de reuniões internas do governo Dilma. Mesmo assim, se esses novos órgãos da AGU e da Secom já existissem em 2013, quem dissesse que o Mais Médicos era um artifício para bancar os comunistas cubanos poderia muito bem se ver em maus lençóis por propagar o que seria classificado como “desinformação sobre políticas públicas”; o Estado poderia lançar o peso de suas estruturas contra os críticos, com “medidas judiciais e extrajudiciais”, ainda que eles não tivessem violado nenhum artigo do Código Penal.

VEJA TAMBÉM:
Reconstruir a liberdade de expressão é vital para o Brasil (editorial de 2 de janeiro de 2023)
Controle da linguagem, o novo objetivo do TSE (editorial de 18 de dezembro de 2022)
100 dias de arbítrio (editorial de 3 de dezembro de 2022)
Como explicou à Gazeta do Povo o advogado, doutor em Direito Civil e professor Maurício Bunazar, a criação de estruturas de Estado para perseguir o que o próprio Estado considerar “desinformação” e “discurso de ódio” inverte completamente o que deveria ser uma relação saudável entre cidadão e governo, pautada pelo respeito amplo à liberdade de expressão. Citando o ex-ministro do STF Celso de Mello, Buzanar lembrou que é da natureza da autoridade estar mais sujeita a críticas, inclusive a críticas bastante contundentes; o limite está apenas naquilo que é efetivamente criminalizado pela lei penal (por exemplo, a calúnia, a injúria ou a difamação), não em conceitos abertos e sujeitos a definições mutáveis e arbitrárias conforme a conveniência, como “desinformação” ou “discurso de ódio”.

O Poder Judiciário – especialmente por meio do STF e do TSE – já havia se erigido como o equivalente tupiniquim do Ministério da Verdade da distopia orwelliana; agora, ganha companhia do Poder Executivo. Agirão em sintonia, jamais em concorrência, a julgar por todos os atos recentes em que apenas um lado do espectro político-ideológico tem sido perseguido, enquanto ao outro (agora transformado em governo) se faculta tudo, inclusive a mentira descarada. Tudo, sempre, em nome da “democracia” e da “promoção da liberdade de expressão”, termos cada vez mais sem sentido num Brasil em que, mais cedo ou mais tarde, será proibido criticar.


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A ORDEM DO NOVO GOVERNO É PERSEGUIR CAÇAR E PRENDER

 


Há loucos no poder

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo


A Nau dos Insensatos, em gravura alemã do século 16.| Foto: Wikimedia Commons/Domínio público

A ordem é perseguir, caçar, prender, tirar os proventos, cada centavo. A insanidade tem risinhos terríveis e mete-se em tudo, cerca, aprisiona. A loucura rompe direitos, garantias, a privacidade, o sigilo. Os desvarios invadem casas, bagunçam armários, gavetas. O mundo é dos loucos, dos raivosos, dos tiranos, dos violentos.

Não haverá mais opinião, críticas, não haverá mais leis, só as leis doidas dos doidos. Não haverá mais mundo real, só o mundo dos doidos. Eles exigem silêncio, inexistência. Não haverá mais horizonte, não haverá mais amplidão. Todo espaço será reservado aos malucos da pior espécie. Eles andam por aí, abraçados, se esparramando.

Os loucos de verdade não querem oposição, decidiram que jamais serão desmascarados. Não aceitarão sua doença, não se fecharão no hospício. São autoridades do abuso, do absurdo. São a ilegalidade e o veneno

Estão destruindo tudo, definindo com delírios o que é verdade e o que é mentira. Eles são um grande erro com poderes totais. É deles que vêm a intolerância, a discriminação, a injúria. Vêm deles a ameaça e a violência. Toda forma de injustiça, de descalabro, de incompetência. E o que se oferece nesse caos? A impossibilidade de defesa.

Tudo se inverteu, está tudo ao contrário. Sanidade e loucura foram viradas do avesso. E os loucos de verdade não querem oposição, decidiram que jamais serão desmascarados. Não aceitarão sua doença, não se fecharão no hospício. São autoridades do abuso, do absurdo. São a ilegalidade e o veneno.

São o poder absoluto, insano, a arbitrariedade, a ditadura, a tirania, o estado de exceção. São a exclusão do que realmente é certo, correto. São o veto a soluções. São criadores de caso. Loucos, mentirosos, é isso que eles são. Dão de comer ao ódio e se chacoalham em gargalhadas esganiçadas.

VEJA TAMBÉM:
A nova democracia
O rei dos porões


Democracia e censura
Querem tirar o ar, sufocar, esganar, estrangular, enforcar. Querem quebrar braços e pernas, esmigalhar. Liquidar, suprimir, exterminar, com a pose mais louca de salvadores da pátria, da humanidade tão pobrezinha. Estariam em camisa de força numa democracia de verdade, mas se estabeleceu o descompasso, e suas ordens passaram a ser cumpridas e aplaudidas.

Não ficará ninguém. Há loucos no poder. E precisamos fazer alguma coisa, incansavelmente. Precisamos, no mínimo, gritar contra eles. Há loucos no poder, e os que deveriam nos defender estão tratando cuidadosamente de seus conchavos. Há loucos no poder, e a maior loucura é não atuar contra eles.


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MINISTROS DE LULA ESTÃO DESORIENTADOS

 

Reunião ministerial
eles mesmos admitem divergências

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Posse da senadora Simone Tebet no Ministério do Planejamento e Orçamento.| Foto: Reprodução

Às 9h30 da manhã desta sexta-feira ocorre a primeira reunião ministerial do terceiro governo Lula (e quinto governo do PT). São 37 ministros; se cada um deles falar por dez minutos (e aí todos vão ter de falar), e se Lula tiver de responder e dar orientação para todos, serão 555 minutos, ou nove horas e 15 minutos sem parar para comer. Como se vê, pesa no relógio ter 37 ministros, mas pesa muito mais no bolso do contribuinte, com o aumento dos gastos.

Falando em gasto, a última ministra a tomar posse foi Simone Tebet, do Planejamento. Em seu discurso, ela foi sincera e disse que foi cair logo em um setor com o qual ela tem divergência. Que divergência? Ela quer equilíbrio fiscal, é contra gastos públicos ilimitados. Então, já começou confessando a divergência. Um dos objetivos da reunião ministerial desta sexta é afinar a linguagem, que está totalmente desafinada. Entraram 37 sem conhecer a música e foram botando letra. Acho que nem os eleitores de Lula conhecem essa partitura. Qual é a música, afinal? Vão fazer o quê? A última é a de que vão ressuscitar o PAC da Dilma. Só 17% do PAC original foi concluído, o governo Dilma gerou 12 milhões de desempregados e a maior recessão da história do Brasil, mas está aí o Programa de Aceleração do Crescimento, tudo se resume a nomes bonitos.

E as divergências não são apenas essas. Já tiveram de negar que vão interferir no preço da gasolina, que vão acabar com a reforma da Previdência e com a reforma trabalhista. Haddad disse que não falou em moeda única do Mercosul, mas eu ouvi a entrevista e está lá. Também ouvi uma entrevista em que perguntaram para ele sobre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Haddad não entendeu nada e falou outra coisa.

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Ministros de Lula já começaram a bater cabeça
Uma declaração pior que a outra


O povo paga
Aí, temos a ministra do Turismo, e descobrimos que um miliciano condenado fez campanha para ela. Na Saúde, entra uma socióloga – reclamaram que antes era um general, mas agora tem uma socióloga. No Ministério da Cultura temos uma cantora que ficou devendo para o Ministério da Cultura e foi flagrada pelo TCU. Fora esse monte de gente que não tem a menor noção de serviço público, não sabe que vai se responsabilizar pelas despesas do seu ministério, e vai acabar processada pelo TCU, Ministério Público, CGU, sei lá mais o quê. Tem ministro pensando que é só assumir no palanque e fazer discurso.

Ministra quer vulgarizar o aborto 
Como essa manifestação da ministra das Mulheres sobre aborto, dizendo que quer o “aborto legal”, que é uma questão de saúde da mulher. Mas não precisa mudar a lei; a lei está lá, o aborto é permitido no caso de estupro, risco de vida da mãe ou anencefalia do feto. O que estão querendo fazer é generalizar, como método anticoncepcional, vulgarizar o aborto. Mas essa é outra questão; tem de pensar na defesa da vida.

Presidente não “convoca” governador, apenas convida
Apenas para lembrar uma questão de formalidade: vi o noticiário dizendo que Lula vai “convocar” os 27 governadores para o dia 27. Ele deve estar pensando em abolir a República Federativa do Brasil, transformá-la em uma república única, monocrática, de governo unitário, como era no império. Não, os governadores têm autonomia para receber o convite e aceitá-lo ou não.


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NENHUMA LEI PERMITE AS ATITUDES TOMADAS PELO MINISTRO

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

Qual a lei em vigor no Brasil que permitiria ao ministro Alexandre de Moraes, sem o apoio de processo legal algum, apreender os passaportes e bloquear as contas bancárias dos jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo? Não é uma decisão judicial, tomada depois de terem sido observados os requisitos processuais que a lei exige para se reter o passaporte ou bloquear a conta de um cidadão no banco; é um despacho pessoal do ministro, que não presta contas a ninguém dessa ou de qualquer outra decisão do mesmo tipo. As vítimas também não têm a quem recorrer; só podem apelar ao próprio ministro que decretou as punições, uma aberração que obviamente não serve para nada em termos práticos.

A justiça brasileira, que sempre se mostra tão compreensiva com os criminosos, não permite que se faça nada disso com traficantes de droga ou salteadores de cargas, por exemplo – os acusados, aí, têm direito às mais extremadas garantias da lei. Só podem ter suas contas bancárias bloqueadas se ficar provado, perante o juiz, que o dinheiro ali guardado foi obtido pela prática de crime – e pode ser usado para se cometerem novos delitos. Só podem ter os seus passaportes cassados se ficar provado que querem fugir do país para escapar à justiça. Mas nem Constantino, nem Figueiredo, tiveram o mesmo direito. Não há o mais remoto sinal de que o dinheiro que têm em suas contas no banco tenha vindo da prática de algum crime; qual crime, então? O ministro deveria dizer quais os artigos do Código Penal brasileiro eles violaram – ou qual outra lei, qualquer lei, foi desrespeitada por ambos. Também não se vê como os dois poderiam estar planejando usar seus passaportes para fugir do Brasil. No caso específico de Constantino, aliás, a fuga é materialmente impossível – ele mora nos Estados Unidos. Não dá para fugir do Brasil se você não está no Brasil.

Os jornalistas são apenas dois brasileiros a mais na lista de centenas de cidadãos perseguidos de alguma forma pelo maior escândalo da história judicial deste país – o inquérito perpétuo, sem nenhum limite e notoriamente ilegal que o ministro Moraes conduz para combater, segundo diz, “atos antidemocráticos” ou ações de “desinformação”. O fato de serem só mais dois, porém, não faz que os crimes praticados contra eles – e ambos estão sendo vítimas de crime, porque sofrem flagrante violação dos seus direitos por parte da autoridade pública – deixem de ser crimes. Da mesma forma, a prática serial de agressões contra a Constituição e o restante das leis brasileiras não faz com que o ilegal se transforme em legal apenas porque se repete o tempo todo. Tornar o escândalo secreto, enfim, como fazem a mídia, o mundo político e o Sistema Lula-PT, não quer dizer que esse escândalo não exista.

A justiça brasileira, que sempre se mostra tão compreensiva com os criminosos, não permite que se faça nada disso com traficantes de droga ou salteadores de cargas, por exemplo

O fato é que brasileiros estão sendo punidos por crimes que não existem na lei – que escândalo poderia ser maior do que esse? Ninguém, nem no STF, consegue dizer o que é um “ato antidemocrático” ou o que é “desinformação” – e se você não pode descrever exatamente um crime (“tipificar”, como dizem os juristas) esse crime simplesmente não existe. A desculpa geral é que os interesses da “democracia”, supostamente defendida por Moraes e ameaçada por quem ele persegue, estão acima da lei escrita. Por esta maneira de ver as coisas, o ministro foi santificado pela imprensa brasileira; tornou-se, hoje, uma espécie de Tiradentes, ou coisa parecida. Ele salvou a “democracia”, dizem os jornalistas. Salvou o “estado de direito”. Salvou o Brasil de Jair Bolsonaro. Salvou o Brasil de um “golpe de direita”, que certamente iria rolar; jamais se demonstrou, com um mínimo de fatos, como uma coisa dessas poderia acontecer na vida real, mas a mídia garantiu que aconteceria. Salvou o Brasil do “fascismo”. Salvou isso. Salvou aquilo. Nunca antes, em toda a história nacional, alguém salvou o Brasil de tanta coisa.

Só pode continuar assim, e cada vez mais.


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PERDEU MANÉ NÃO AMOLA

 


Como foi a prisão de Alexandre de Moraes a mando de Alexandre de Moraes

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes.| Foto: EFE/ Joédson Alves

Naquele inesquecível dia 5 de janeiro de 2023, uma quinta-feira, o Brasil acordou mais apalermado que o de costume com a notícia de que o sempre implacável ministro Alexandre de Moraes mandou prender Alexandre de Moraes. “Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faça-se o L”, diz o documento histórico publicado no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e imediatamente levado a cabo pela prestativa Polícia Federal.

Os policiais federais se dirigiram à casa onde vive o ministro e, às 6h em ponto, como determina a legislação, apertaram a campainha. Para a surpresa dos agentes, que não esperavam nada menos do que uma reencenação do bangue-bangue protagonizado por Roberto Jefferson em outubro de 2022, o próprio Alexandre de Moraes atendeu a porta. De roupão e pantufas.

“O que está acontecendo?”, perguntou ele, todo descabelado, a um dos policiais. Que lhe estendeu o mandado de prisão, declamando uma versão tupiniquim dos miranda rights que a gente ouve os tiras recitando nos filmes: “Teje preso, excelência!”. Alexandre de Moraes não ofereceu resistência.

Mas, ao estender os braços para receber o metal frio das algemas democráticas, se sentiu como que possuído pelo espírito do Estado Democrático de Direito. “Do que estou sendo acusado?!”, perguntou ele. Com toda a calma do mundo, os policiais explicaram que o inquérito corria em sigilo. “Aqui só diz que a gente tem que levar o senhor pra bater um papo com o Cacique Sererê, chefia”, informou um dos agentes, contendo o riso.

A notícia chegou rapidamente às redes sociais, graças a umas tias do zap que estavam acampadas no QG do Exército de Brasília, mas se perderam em meio à arquitetura brutalista de Niemeyer e acabaram em frente à casa do ministro. Quando perceberam o que estava acontecendo, elas não hesitaram em usar os polegares para espalhar a boa nova. Menos uma, que por algum motivo só conseguia escrever com o indicador.

Perdeu, mané
Alexandre de Moraes, preso por ordem de Alexandre de Moraes, nem tinha chegado ao camburão e os sites noticiosos todos já estampavam em Arial Black 112 a situação kafkiana. Indignados, editorialistas ultrademocráticos deixaram o café-com-leite de lado e correram para suas máquinas de escrever, marretando apaixonadamente palavras como “Absurdo!” e argumentos como “Isso é coisa de ditadura!”.

Mesmo não sendo Alexandre de Moraes jornalista, a FENAJ se manifestou por nota, na qual se lia que a instituição, fiel a seu compromisso histórico, repudiava veementemente qualquer censura prévia. Ainda que o sol mal tivesse despontado no horizonte do cerrado, a OAB também já estava com a nota prontinha para ser divulgada. Nela, a nobre entidade (bu!) reclamava do ministro que mandou se autoprender sem qualquer previsão legal para isso. E ainda por cima dificultando o acesso do paciente aos autos do processo.

Mas sabiam eles que era justamente essa a discussão que se desenrolada no banco de trás da icônica viatura preta na qual já desfilaram personalidades distintas como Lula e Marcelo Odebrecht. “O senhor não pode ter acesso aos autos, dotô Alexandre. Aqui diz que só em papel, no seu gabinete no STF. E na sua presença!”, explicou um agente. “Mas eu não tenho como estar lá. Eu estou preso!”, retrucou Alexandre de Moraes, pela primeira vez percebendo que havia algo de muito errado com aquela situação.

“Tragam-me um espelho. Quero falar com o ministro Alexandre de Moraes AGORA MESMO!”, ordenou o preso, se sentindo magistrado. Ao que o policial federal reagiu com um sorrisinho maroto, antes de dizer: “Perdeu, mané! Não amola”.

E todos os brasileiros foram felizes para sempre.

Esta é uma obra de ficção. Quaisquer semelhanças com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terão sido mera coincidência.


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O SUCESSO NÃO É ESTÁTICO ACONTECE DURANTE O PERCURSO

 

Marcus Buckingham

“Sucesso é conseguir aquilo que se quer, independente do que seja”

“Resultado favorável”, “triunfo”, “êxito”, são alguns dos sinônimos de sucesso. Mas ainda assim, a palavra continua subjetiva. Para cada pessoa, ser bem-sucedido pode ter uma conotação diferente — e o que importa aqui é desenvolver autoconhecimento suficiente para entender o que ela significa para você.

Para traçar estratégias, criar um planejamento e, até mesmo, sonhar; é necessário saber para onde você quer ir. Mas vale ressaltar: o sucesso não é estático. Ele acontece justamente durante o seu percurso. Seu acontecimento depende diretamente da sua satisfação, realização pessoal ou profissional dentro do que coloca como objetivo para a sua vida e vai alcançando aos poucos.

Saber o que é o sucesso pode deixar a sua vida mais leve. Afinal, você saberá claramente para onde ir — e onde deixar de ir para conquistá-lo. Como disse Lewis Carroll:

“Se você não sabe aonde ir, qualquer caminho serve.”

E não é bem isso que queremos… certo?

QUAL É O SEGREDO DO SUCESSO?

Homem de terno segurando uma caixa com selo escrito “Top Secret” (Fonte: Getty Images)

Dito isso (que o sucesso possui uma conotação diferente para cada um, mas todos nós devemos estabelecê-lo para nossas vidas), qual será o segredo por trás dessa – tão perseguida – satisfação pessoal? Eu te digo:

1- O SUCESSO NÃO ACONTECE DA NOITE PARA O DIA

Sinto te dizer. Mas… Se você for uma pessoa ambiciosa como eu, é preciso ter coragem, vontade e muito esforço para atingir o que você planeja. Pode ter certeza que – por trás de pessoas extremamente satisfeitas com as suas vidas pessoais e profissionais, existe um longo percurso cheio de falhas e persistência.

2- É PRECISO APRENDER COM OS ERROS

Pare de se lamentar quando algo ruim acontece por sua culpa. Todos erramos! E  após estes momentos, nos tornamos mais fortes e inteligentes emocionalmente para lidar com os próximos passos. Assuma, olhe para trás, analise o que foi feito de errado e tire uma lição disso.

3- PARA QUEM QUER O SUCESSO, NÃO EXISTE COMPARAÇÃO

Cada um possui condições diferentes para atingir o que quer.  Além disso, como já comentei no início, todos temos nossas particularidades em definir o sucesso. Para mim, por exemplo, uma das definições da palavra é viajar – e eu não posso me comparar com as pessoas das redes sociais que viajam o tempo todo… Para elas, esse objetivo pode ser diferente. É algo individual que deve superar suas próprias expectativas.   

Homem no escuro com as mãos para cima (Fonte: Getty Images)

AFINAL, QUAIS SÃO AS DEFINIÇÕES DE SUCESSO?

Bom, agora após essa discussão sobre esse termo tão subjetivo, vou te ajudar a definir o que essa palavra pode significar para você:

Sucesso é acreditar na sua capacidade. Ou seja, ter autoestima suficiente para compreender que, mesmo em passos pequenos, você terá sabedoria o suficiente para encarar desafios e ultrapassar os seus limites.

Sucesso é saber equilibrar vida pessoal com profissional. Nada adianta ter um trabalho incrível, se você não tem amigos ou família para compartilhar as suas conquistas – é preciso saber dosar.

Sucesso é ter autoconhecimento. Saber os próprios gostos, ter coragem para dizer não, criar a sua própria rotina. Isso te dá liberdade.

Sucesso é viver o agora. É preciso entender que, por mais que existam planos traçados, o que há de mais grandioso na sua vida acontece no momento presente – e que você deve aproveitá-lo ao máximo.

MAIS SOBRE O ASSUNTO

Os 50 pensamentos que vão fazer você conquistar o que quiser

4 livros que vão fazer você conquistar o que quiser

4 livros que vão te ajudar a ter pensamento crítico

15 FRASES QUE VÃO TE AJUDAR A CRIAR UMA MENTALIDADE DE SUCESSO

“O sucesso não acontece por acaso. É fruto de trabalho duro, perseverança, aprendizagem, estudo e sacrifício.” Pelé

“Você sempre vai passar pelo fracasso em seu caminho para o sucesso.” Mickey Rooney

“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”Stubby Currence

“O sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz pensar que jamais vão cair.” Bill Gates

“Conhecer o homem – esta é a base de todo o sucesso.” Charles Chaplin

“O sucesso é uma consequência e não um objetivo.” Gustave Flaubert

“O segredo do sucesso é a constância do propósito.” Benjamin Disraeli

“Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem.” Peter Drucker

“Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada.” Albert Einstein

“O sucesso é caminhar de fracasso em fracasso, sem perder entusiasmo.” Winston Churchill

“Eu não falhei. Acabei de encontrar 10.000 maneiras que não funcionam.” Thomas Edison

“Você só pode ter sucesso se desejar ter sucesso; você só pode falhar se não se importar em falhar.” Philippos

“O primeiro passo rumo ao sucesso é dado quando você se recusa a ser um refém do ambiente em que se encontra.” Mark Caine

“As pessoas bem-sucedidas fazem o que as pessoas malsucedidas não estão dispostas a fazer. Não gostaria que fosse mais fácil; gostaria que você fosse melhor.” Jim Rohn

“Para ter sucesso, você deve aceitar todos os desafios que surgem em seu caminho. Você não pode simplesmente aceitar aqueles de que gosta.” Mike Gafka

SERÁ QUE EU TENHO O QUE É PRECISO PARA CONQUISTAR O SUCESSO?

Pessoas bem-sucedidas compartilham um segredo simples, mas poderoso: usam suas energias para aprimorar aquilo que fazem melhor, deixando seus pontos fracos em segundo plano. E, assim, tornam-se cada vez mais competentes, produtivos e felizes.

STARTUP VALEON UMA HOMENAGEM AO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

Por que as grandes empresas querem se aproximar de startups? Se pensarmos bem, é muito estranho pensar que um conglomerado multibilionário poderia ganhar algo ao se associar de alguma forma a pequenos empresários que ganham basicamente nada e tem um produto recém lançado no mercado. Existe algo a ser aprendido ali? Algum valor a ser capturado? Os executivos destas empresas definitivamente acreditam que sim.

Os ciclos de desenvolvimento de produto são longos, com taxas de sucesso bastante questionáveis e ações de marketing que geram cada vez menos retorno. Ao mesmo tempo vemos diariamente na mídia casos de jovens empresas inovando, quebrando paradigmas e criando novos mercados. Empresas que há poucos anos não existiam e hoje criam verdadeiras revoluções nos mercados onde entram. Casos como o Uber, Facebook, AirBnb e tantos outros não param de surgir.

E as grandes empresas começam a questionar.

O que estamos fazendo de errado?

Por que não conseguimos inovar no mesmo ritmo que uma startup?

Qual a solução para resolver este problema?

A partir deste terceiro questionamento, surgem as primeiras ideias de aproximação com o mundo empreendedor. “Precisamos entender melhor como funciona este mundo e como nos inserimos!” E daí surgem os onipresentes e envio de funcionários para fazer tour no Vale e a rodada de reuniões com os agentes do ecossistema. Durante esta fase, geralmente é feito um relatório para os executivos, ou pelas equipes de inovação ou por uma empresa (cara) de consultoria, que entrega as seguintes conclusões:

* O mundo está mudando. O ritmo da inovação é acelerado.

* Estes caras (startups) trabalham de um jeito diferente, portanto colhem resultados diferentes.

* Precisamos entender estas novas metodologias, para aplicar dentro de casa;

* É fundamental nos aproximarmos das startups, ou vamos morrer na praia.

* Somos lentos e burocráticos, e isso impede que a inovação aconteça da forma que queremos.

O plano de ação desenhado geralmente passa por alguma ação conduzida pela área de marketing ou de inovação, envolvendo projetos de aproximação com o mundo das startups.

Olhando sob a ótica da startup, uma grande empresa pode ser aquela bala de prata que estávamos esperando para conseguir ganhar tração. Com milhares de clientes e uma máquina de distribuição, se atingirmos apenas um percentual pequeno já conseguimos chegar a outro patamar. Mas o projeto não acontece desta forma. Ele demora. São milhares de reuniões, sem conseguirmos fechar contrato ou sequer começar um piloto.

Embora as grandes empresas tenham a ilusão que serão mais inovadoras se conviverem mais com startups, o que acaba acontecendo é o oposto. Existe uma expectativa de que o pozinho “pirlimpimpim” da startup vá respingar na empresa e ela se tornará mais ágil, enxuta, tomará mais riscos.

Muitas vezes não se sabe o que fazer com as startups, uma vez se aproximando delas. Devemos colocar dinheiro? Assinar um contrato de exclusividade? Contratar a empresa? A maioria dos acordos acaba virando uma “parceria”, que demora para sair e tem resultados frustrantes. Esta falta de uma “estratégia de casamento” é uma coisa muito comum.

As empresas querem controle. Não estão acostumadas a deixar a startup ter liberdade para determinar o seu próprio rumo. E é um paradoxo, pois se as empresas soubessem o que deveria ser feito elas estariam fazendo e não gastando tempo tentando encontrar startups.

As empresas acham que sabem o que precisam. Para mim, o maior teste é quando uma empresa olha para uma startup e pensa: “nossa, é exatamente o que precisamos para o projeto X ou Y”.

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

MINISTRA DEVE SER EXONERADA?

 

Entenda o caso

História por Edda Ribeiro • IstoE

A recém empossada ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), já esteve ao lado do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, miliciano na região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A informação veio à tona em menos de uma semana da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e já teve repercussão entre ministérios: Flávio Dino, da pasta da Justiça, afirma que “é preciso ir com calma” sobre o caso; Lula, no entanto, ainda não se manifestou a respeito. 

A recém empossada ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), já esteve em campanha com o ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, miliciano do Rio de Janeiro Reprodução/Youtube Ministério do Turismo© Reprodução/Youtube Ministério do Turismo

Ministra do Turismo de Lula teve apoio eleitoral de miliciano condenado

Uma imagem mostra Daniela do Waguinho, como é conhecida a ministra, ao lado de Jura em 2018 entregando santinhos de campanha política. O marido de Daniela, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, era prefeito de Belford Roxo, onde Jura conseguiu cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana.

Ele já cumpria, desde então, pena de 26 anos de prisão – atualmente, em regime semiaberto – pelos crimes de associação criminosa e homicídio. Vale lembrar também que Jura foi citado pela CPI das Milícias, presidida pelo atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que se filiou ao Partido dos Trabalhadores.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, minimizou a situação da relação entre uma ministra do governo federal com um integrante de atividade criminosa. Vale lembrar que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018, crime ainda sem solução atribuído a milicianos.

“A bem da verdade, políticas e políticos do Brasil, principalmente em momentos eleitorais, e, hoje, nesses dias de celular, têm fotos com todo mundo. O fato de ter uma foto com A, B ou C não significa ter ligação com as atividades eventualmente ilegais dessas mesmas pessoas. Eu penso que é possível, que é necessário a própria imprensa esclarecer melhor isso. Mas, até aqui, pelo que eu vi pela sua pergunta, se é uma foto não dá para jogar por foto”, exemplificou o ministro Flávio Dino ao explicar o caso para a Folha de S. Paulo.

Para Carlos Pereira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o problema da permanência de Daniela do Waguinho na equipe ministerial é mais político do que criminal. “Se o governo Lula fizer ‘vista grossa’ para potenciais conexões da ministra com o crime organizado, passará a imagem de conivência com práticas que não combinam com o decoro da administração pública. Ou seja: o problema deixará de ser apenas da ministra e também passará a ser do próprio governo”, avalia. 

Segundo Pereira, há a possibilidade de acusação contra Lula sobre improbidade administrativa, ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da administração pública, previsto na Lei 14.230/21. “Potencialmente sim. Mas identifico muito mais uma perda política e reputacional para o novo governo do que um problema jurídico. Pelo menos no curto prazo”.

O especialista crê que a atitude possa partir da própria Daniela, assumindo a situação e se afastando do posto de ministra para que as investigações ocorram de forma independente e sem interferência. “A continuidade no posto gera suspeita e desconfiança não apenas das potenciais conexões da ministra com o crime organizado, mas da conivência do governo com tais práticas desviantes”, finaliza o especialista.

Para a Folha, a assessoria de Daniela explicou que o apoio político recebido pelo ex-PM não significa compactuar com eventuais crimes cometidos por ele. “Daniela Carneiro salienta que compete à justiça julgar quem comete possíveis crimes”, informou a assessoria da ex-deputada.

IDEIAS RETRÓGRADAS DO GOVERNO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento em Brasília


Lula e Carlos Lupi: novo ministro assumiu criticando a reforma da Previdência.| Foto: José Cruz / Agência Brasil

“Nós precisamos discutir com profundidade o que foi essa antirreforma da Previdência”, disse o novo ministro da Previdência Social, o pedetista Carlos Lupi. O novo ministro do Trabalho, o petista Luiz Marinho (“novo” em termos, pois já ocupara o mesmo cargo entre 2005 e 2007), já anunciou a intenção de “rever” a reforma trabalhista para “corrigir erros”. E a caneta presidencial, por meio da Medida Provisória 1.154 (que reorganiza o governo federal) e de um decreto sobre a estrutura do Ministério das Cidades, tirou atribuições da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) e pode colocar em risco a regulamentação do novo marco legal do saneamento básico. São três demonstrações bastante evidentes de que o plano de Lula e de seus ministros para o Brasil não é uma “reconstrução”; é uma marcha a ré, à velocidade máxima.

O maior risco, no momento, é o que atinge o marco legal do saneamento, aprovado em 2019 na Câmara e em 2020 no Senado, sempre com oposição da esquerda. A regra aumenta a concorrência no setor ampliando as possibilidades de participação da iniciativa privada, impõe padrões de governança e proíbe a contratação de estatais sem licitação, tudo com o objetivo de eliminar uma vergonha brasileira: 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada, enquanto 100 milhões não têm serviço de coleta de esgoto – e apenas metade do esgoto coletado no país é devidamente tratado. A universalização do serviço até 2033 depende de novos investimentos, feitos por quem tenha a capacidade de realizá-los; mas o “revogaço” lulista, no que diz respeito ao saneamento, privilegia justamente empresas estatais que não puderam comprovar capacidade econômico-financeira para seguir fornecendo o serviço nos padrões estabelecidos pelo novo marco legal. No fim, isso pode se tornar um prêmio a quem não demonstrou ser capaz de proporcionar uma boa cobertura à população até agora.

Sem água, sem esgoto, sem aposentadoria e sem emprego – a julgar pelas promessas dos novos ministros e pelas primeiras canetadas de Lula, é neste perfil que o petismo quer ver muitos brasileiros

Não são menos preocupantes as declarações dos novos ministros de Lula, ainda que sejam manifestação de intenções, e não medidas concretas como a MP e o decreto que afetaram o marco do saneamento. A reforma da Previdência de 2019 certamente não é isenta de críticas, mas não aquelas que Lupi faz a ela – na verdade, o maior problema da reforma foi não ter avançado ainda mais e ter mantido alguns privilégios no setor público, especialmente para certas categorias, em vez de ser mais igualitária, como dizia a proposta original. Desfazer o que foi feito seria recolocar a Previdência Social no caminho da implosão já no médio prazo, e as declarações do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, desautorizando o colega de gabinete não chegam a tranquilizar, dado o histórico petista de ataques à reforma.

Lupi diz querer “discutir com números”, embora sua retórica indique que seu desejo é discutir com os números, quem sabe ressuscitando as falácias contábeis de quem dizia não existir déficit na Previdência ao colocar outros itens no papel para que as contas fechassem – a farsa chegou até a constar no relatório final de uma CPI. A matemática, no entanto, é implacável: o sistema previdenciário brasileiro, no atual sistema de repartição, é inviável no médio e longo prazo, com cada vez menos trabalhadores na ativa bancando cada vez mais aposentados. Este é o problema que precisa ser solucionado para que os brasileiros do futuro ainda possam ter a perspectiva de uma aposentadoria digna.

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Por fim, Marinho diz prometer “diálogo” para “modernizar a legislação” trabalhista, mas o mais provável é que não ocorra nem uma coisa, nem outra. Isso porque o conceito lulopetista de “diálogo” não é o da abertura a opiniões contrárias para que daí surja uma boa proposta de consenso, mas o da construção de caixas de ressonância em que só “dialogue” quem já esteja predisposto a apenas repetir o que o petismo determinar. E também porque todas as declarações anteriores de Lula e outros petistas sobre a reforma trabalhista de 2017 – um avanço que trouxe maior segurança jurídica para as relações de trabalho e criou novos modelos de contratação – apontam não para uma modernização, mas para um “re-engessamento”, desconsiderando todos os fatores atuais que atrapalham a geração de emprego com carteira assinada e ignorando que há outras configurações de relações trabalhistas que são de interesse tanto dos trabalhadores quanto dos empregadores. Apesar de Lula herdar um país com desemprego em queda, uma possível estagnação em 2023 – o desfecho óbvio da política econômica irresponsável que o PT pretende implantar – colocará muitos entraves ao mercado de trabalho; a função do poder público é de removê-los, não o de consolidá-los.

Sem água, sem esgoto, sem aposentadoria e sem emprego – a julgar pelas promessas dos novos ministros e pelas primeiras canetadas de Lula, é neste perfil que o petismo quer ver muitos brasileiros. No entanto, como muitos retrocessos não têm como passar sem o aval do Congresso Nacional, ainda há esperança de que uma oposição numerosa e combativa seja capaz de pisar no freio e, se não for possível recolocar o país no rumo certo, que ao menos impeça o desastre.


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LULA QUER INSTITUIR O MINISTÉRIO DA VERDADE PETISTA

 

Censura às críticas
Oposição tentará impedir criação de novo órgão da AGU comparado ao “Ministério da Verdade”
Por
Ana Carolina Curvello – Gazeta do Povo


Arte publicada na rede social do deputado Kim Kataguiri (União-SP)| Foto: Reprodução/ Redes sociais

O novo departamento da Advocacia-Geral da União (AGU), criado no governo Lula para “combater desinformação sobre políticas públicas”, vem recebendo uma série de críticas pela internet e será alvo de parlamentares de oposição.

O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) informou que entrou com uma representação no Ministério Público e apresentou um Projeto de Decreto Legislativo para impedir a iniciativa do governo petista. Segundo Kataguiri, não cabe ao poder Executivo fazer uma análise do que é ou não é verdade.

“Isso é coisa de um estado autoritário. E é absolutamente inaceitável que o executivo haja como ‘grande irmão’ observando os passos de cada cidadão e os punindo em razão disso”, acrescentou.

Para o parlamentar a iniciativa do governo petista, pode ser comparada ao “ministério da verdade” do livro 1984, de George Owell. No romance distópico, publicado pela 1ª vez em 1949, o órgão era responsável por reescrever documentos e obras literárias, de forma a editar fatos históricos de maneira inverídica.

“Acredito que seja um ministério da verdade, sim porque a gente nunca teve um monitoramento sobre a opinião das pessoas em relação às políticas publicas do governo, para depois processar essas pessoas, caso elas deem um informação que desagrade ao governo”, disse.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também informou que deve entrar com um PDL para barrar o decreto do governo de Lula. “Quem criticar política pública será processado. Quem vai pagar por isso? Você mesmo com seus impostos. Mais um PDL para entrar”, escreveu o parlamentar carioca.

Qualquer projeto para impedir a criação da Procuradoria precisará ser pautado e aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Portanto, só deve seguir para análise a partir de fevereiro no início dos trabalhos do Legislativo.

Procuradoria na AGU

A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia poderá, entre outras coisas, “representar a União, judicial e extrajudicialmente, em demandas e procedimentos para resposta e enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas”. Isso significa que qualquer membro do poder público terá à sua disposição um órgão da União capaz de representá-lo judicialmente em todo caso que couber no amplo e genérico conceito de “desinformação”, o que facilita a censura por parte do poder público.

No decreto de criação da procuradoria, não consta quais serão os critérios que serão utilizados pela área para a definição do que seria uma informação legítima ou “fake news”. Também não detalha como será a estrutura da nova procuradoria e qual metodologia para monitoramento dos fatos será utilizada.

Um aviso do novo advogado-geral da União, Jorge Messias, durante a cerimônia de sua posse, na segunda-feira (2), dá pistas sobre a utilidade do novo dispositivo: “Ataques a autoridades que presenciamos nos últimos anos não serão mais tolerados”, afirmou.

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Repercussão
A iniciativa do governo petista recebeu duras críticas e questionamentos nas redes sociais. O economista Alexandre Schwartsman perguntou aos seus seguidores no Twitter, com a imagem do decreto: “Qual a diferença entre crítica e desinformação quando tratamos de políticas públicas?”.

A deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) criticou o nome dado à procuradoria em “defesa da democracia”. “Nada abala mais a Democracia do que decretos “em nome” da Democracia. Para defender a República e a Democracia existe a Constituição! Basta cumpri-la sem canetadas”, escreveu a parlamentar.

Para a deputada eleita Sílvia Waiãpi (PL-AP), a iniciativa do governo petista fere o direito a informação e liberdade de expressão. “Ao meu ver, além de ser materialmente inconstitucional, isso vai extrapolar o poder regulamentar que a AGU, por lei não tem”, declarou.

O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, apontou como “retrocesso” a criação de uma procuradoria especial para “monitorar e processar críticos ao governo”. “A primeira semana do governo Lula nem chegou à metade e já ganhamos um pacotão de retrocessos”, escreveu.


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FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS NÃO ACEITAM O COMUNISMO

 

Positivismo

Por
Flávio Gordon – Gazeta do Povo


| Foto: Edvaldo Belitardo

Em 15 de abril de 1964, o general Humberto de Alencar Castello Branco comparecia ao Congresso Nacional para tomar posse como o 26.º presidente da República. A cerimônia ocorria duas semanas após os eventos que culminaram na queda de João Goulart, eventos que os militares da época decidiram batizar de “revolução”; a esquerda, de “golpe”; e parte da nova direita contemporânea – a meu ver, com mais razão –, de “contragolpe”. No discurso inaugural, Castello Branco exaltou o movimento cívico que se levantou em defesa da democracia, movimento por ele descrito como “uma Revolução nascida nos lares, ampliada na opinião pública e nas instituições e, decisivamente, apoiada nas Forças Armadas (…) uma Revolução a assegurar o progresso, sem renegar o passado”.

Em certo trecho do pronunciamento, o então chefe do Estado-Maior do Exército deu vazão à mentalidade tipicamente positivista da instituição militar brasileira. “Caminharemos para a frente, com a segurança de que o remédio para os malefícios da extrema-esquerda não será o nascimento de uma direita reacionária, mas o das reformas que se fizerem necessárias”. E, com efeito, a promessa foi mantida ao longo das duas décadas de regime militar brasileiro, que, embora seja retratado por nossa historiografia politicamente enviesada como uma “ditadura de direita”, tudo fez para impedir a consolidação de uma direita civil no país, previamente rechaçada por estigmas tais como “reacionária”, “extremista” e “radical”. Que boa parte da direita brasileira contemporânea se mostre decepcionada pela indiferença demonstrada pelos comandantes em relação aos manifestantes em frente aos quartéis-generais – bem como pela inação em face da tomada revolucionária do poder pelo socialismo do Foro de São Paulo – revela, talvez, uma má interpretação dos eventos dos anos 1960.

Embora seja retratado por nossa historiografia politicamente enviesada como uma “ditadura de direita”, o regime militar tudo fez para impedir a consolidação de uma direita civil no país, previamente rechaçada por estigmas tais como “reacionária”, “extremista” e “radical”

Antes de tudo, é preciso avaliar corretamente o sentido do positivismo no seio das nossas Forças Armadas. Em primeiro lugar, deve-se compreender o positivismo como uma espécie de movimento cujo gênero poderíamos chamar, grosso modo, de progressismo. Sim, primo próximo de movimentos intelectuais de massa como o marxismo e o liberalismo, o positivismo compartilha com esses outros rebentos do Iluminismo a crença utópica de que, graças ao progresso tecnocientífico, a humanidade atingiria um estágio de desenvolvimento em que a política se tornaria supérflua. De acordo com essa utopia, a mentalidade irracional e ultrapassada que havia caracterizado a humanidade ao longo dos séculos, e sobre a qual se haviam fundado todas as disputas político-ideológicas vigentes, tenderia mais cedo ou mais tarde a ser extinta pelo avanço do conhecimento e pela universalização da razão.

Assim entendido, o progressismo caracteriza-se principalmente por uma concepção teleológica e unilinear da história, que seria dotada de um fim predeterminado para o qual toda a humanidade, independentemente dos respectivos estágios evolutivos dos variados grupos humanos, caminharia necessariamente. Decorre dessa crença uma série de filosofias tripartites da história, começando por iluministas como Condorcet e Turgot, passando por Comte e sua lei dos três estados (teológico, metafísico e positivo), e chegando aos modelos da antropologia evolucionista, a exemplo da divisão entre as fases de selvageria, barbárie e civilização proposta pelo antropólogo americano Henry Lewis Morgan, que tanta influência exerceu sobre Marx e Engels.

Nesse esquema tripartite, concebe-se o último estágio como um “fim da história”, uma época de plenitude, de império da racionalidade e da ciência, na qual o pensamento irracional, supersticioso e mágico terá sido extirpado da mente humana. Em Comte, esse último estágio é chamado de “positivo” ou “científico”. Daí advêm as recorrentes propostas – incluindo as contemporâneas, referentes à gestão de pandemias – de uma sociedade inteiramente administrada pela ciência, na qual a política (a ação de uma vontade subjetiva contra outra) será substituída pela técnica (a ação de um sujeito sobre um objeto).

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Arquipélago Brasil
Nessa etapa da evolução histórica, creem os positivistas e demais progressistas, a política se tornará dispensável, porque todos os homens passarão a compreender a realidade da mesma maneira, ou seja, racional e objetivamente. O corolário é que quem assim não a compreender será tido por algo menos que um homem, no pleno sentido da palavra. Algo como um louco, um criminoso, uma fera, um “negacionista”… Curiosamente, vem do marxismo, e não do positivismo, uma das formulações mais emblemáticas dessa crença. Ela está no Anti-Dühring, no trecho em que Friedrich Engels anuncia a utopia do fim do Estado, que se seguiria à tomada do poder pelos proletários: “Em todos os domínios, a interferência estatal nas relações sociais torna-se supérflua, e acaba por morrer de inanição; o governo das pessoas é substituído pela administração das coisas”.

Os generais brasileiros de 1964 eram positivistas e, portanto, progressistas nesse sentido. Daí que, embora fossem difusamente anticomunistas, sobretudo no enfrentamento à luta armada, mostravam-se, no âmbito da história das ideias, bem mais hostis a conservadores do que a marxistas, com quem partilhavam uma série de premissas filosóficas. Eis por que o regime militar tenha investido muito mais energia contra o conservadorismo que contra o marxismo cultural. Se o primeiro foi simplesmente extirpado do debate público, o segundo floresceu justamente nesse período, sob a proteção e a benevolência do regime.

Embora fossem difusamente anticomunistas, os generais de 1964 mostravam-se, no âmbito da história das ideias, bem mais hostis a conservadores do que a marxistas, com quem partilhavam uma série de premissas filosóficas

Num antigo texto sobre o destino da filosofia brasileira, o intelectual colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, ex-ministro de Bolsonaro, dá pistas sobre o desaparecimento geral de uma intelligentsia de direita no país:

“Os artífices dessa façanha (ocorrida nas três últimas décadas do século passado) foram os burocratas da Capes no setor da filosofia, comandados pelo padre jesuíta Henrique Cláudio de Lima Vaz. Os fatos são simples: no período em que o general Ruben Ludwig foi ministro da Educação, ainda no ciclo militar, os antigos ativistas da Ação Popular Marxista-Leninista receberam, à sombra do padre Vaz, a diretoria dos conselhos da Capes e do CNPq, na área mencionada. Especula-se que o motivo da concessão fosse uma negociação política: eles prometiam abandonar a luta armada. A preocupação dos militares residia no fato de que foi esse o único agrupamento da extrema-esquerda que não se organizou explicitamente em partido político. Os grupos da denominada ‘direita’ (conservadores, ultraconservadores, liberais, liberais-sociais etc.), toda essa imensa gama, ficou do lado de fora dos favores oficiais, no período militar e após.”

Portanto, justamente ao contrário do que afirmaram alguns intelectuais de esquerda do período – e penso, por exemplo, em Roberto Schwarz e no seu conhecido ensaio Cultura e Política, 1964-1969 –, a hegemonia cultural da esquerda não surgiu apesar da ditadura de direita, mas justamente por causa dela. Essa hegemonia é um efeito da concepção particularmente autoritária e arrogante da elite fardada sobre a relação entre Estado e sociedade, concepção fundada no fetiche positivista da técnica e da ciência. Num estilo de governo que muitos chamam de “bonapartismo”, o regime militar caracterizou-se pela hipertrofia do Poder Executivo, que, pretendendo pairar tecnocraticamente acima das disputas ideológicas, restringiu a participação política e se afirmou como representante direto e verdadeiro da “nação”. Nesse processo, a direita civil desapareceu do país, e todo o espaço do debate público foi ocupado pelos símbolos, valores e referências da esquerda não armada, para a qual, nesse sentido específico, o regime militar acabou sendo uma mãe. Seguiremos daí no próximo artigo.

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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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