quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

VERDADES SOBRE O CONSERVADORISMO

 l e Mundo

O que, ao certo, é o conservadorismo?

Byvaleon

Jan 4, 2023

Artigo
Por
Bradley J. Birzer
Tradução de Bruna Frascolla – Gazeta do Povo
The Imaginative Conservative


Por toda a história do conservadorismo, os conservadores quiseram promover tudo o que é bom, verdadeiro e belo.| Foto: Pixabay

Do Wall Street Journal ao Fund for American Studies, e a uma miríade de tuiteiros e usuários de Facebook no último mês, o conservadorismo e seu significado foram questionados. O que é, ao certo? O que significa? Quais são as suas limitações? O que fez pela humanidade? O Wall Street Journal (ou pelo menos o seu articulista de opinião convidado no fim de novembro) chegou ao ponto de proclamar que todos os avanços sociais nos Estados Unidos foram trazidos por progressistas (o que é uma absoluta falsidade histórica, a propósito).

Tudo bem, é verdade: essa conversa sobre conservadorismo dura há muito mais tempo do que um mês. De fato, vem acontecendo durante toda a história do conservadorismo. Mas eu diria que toda essa confusão recente resulta da eleição de Trump, que identificou incorretamente populismo e conservadorismo, assim como fundiu nacionalismo e patriotismo. Duas fotos de Trump até acompanharam o artigo de opinião do Wall Street Journal (ao menos na versão digital).

Então, como definimos ao certo o conservadorismo? Poderíamos nos voltar rapidamente para Russell Kirk e C.S. Lewis, ou para Dan McCarthy e Patrick Deneen. Uma coisa que une todos os conservadores, de Irving Babbitt a Deneen, é a questão: o que exatamente os conservadores querem conservar? De fato, para o conservador, não há questão maior.

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A inesgotável sabedoria de Russell Kirk
Irving Babbitt, o conservador impopular

Eu diria que, por toda a história do conservadorismo, os conservadores quiseram promover tudo o que é bom, verdadeiro e belo. Ao menos na tradição ocidental, acreditam na prudência, justiça, força, temperança, fé, esperança, caridade, labor, destino e piedade. Essas dez virtudes — gregas, romanas e cristãs — formaram a base da promoção do humano, promovendo o que significa ser humano, ser homem, ser mulher, ser uma pessoa.


Como é tradição desde os anos 1890, os conservadores também quiseram conservar o melhor da tradição ocidental (e eu remontaria isso até Edmund Burke, embora possa não haver uma ligação entre Burke e Babbitt, exceto por Tocqueville). Isso não é sugerir que ocidentais sejam únicos. Meu palpite (embora não seja mais que uma série de palpites) é que os hindus, budistas e confucianos quiseram preservar suas respectivas culturas também. Mas, dentro da Tradição Ocidental (sim, com T e O maiúsculos!), é digno de lembrar: Sócrates, Platão, Aristóteles, Zenão, Cleanto, Cícero, Tito Lívio, Tácito, Paulo, João, Perpétua, Ambrósio, Agostinho de Hipona, o Rei Alfredo de Wessex, Petrarca, Tomás de Aquino, Thomas Morus, Edmund Burke, George Washington, John Adams, Alexis de Tocqueville, Nathaniel Hawthorne, E.L. Godkin, Irving Babbitt, Paul Elmer More, T.S. Eliot, Christopher Dawson, Willa Cather, Russell Kirk, Robert Nisbet, Flannery O’Connor e outros. Cada uma dessas pessoas carregou o peso de todas as coisas anteriores a si, e passou para as gerações futuras só o que podia ser visto como verdades transcendentes e atemporais.

Quer dizer que todos os que adotaram o rótulo de “conservador” pelo último século são mesmo conservadores? Claro que não. O conservadorismo, como todos os termos bons, foi sequestrado — ora por demagogos, ora por populistas, ora por nacionalistas, ora pelos políticos e ora, simplesmente, por aqueles que se vendem ao público para ganhar dinheiro.

Ainda assim, o conservadorismo, entendido propriamente, permanece. É possível, e talvez até provável, que o verdadeiro conservadorismo — tal como herdado de Sócrates em diante — raramente seja entendido, e mais raramente ainda posto em prática, neste vale de lágrimas. Também é possível que as ideologias tais como populismo e nacionalismo simplesmente dominem o conservadorismo. Talvez o conservadorismo em 2022 ou 2023 não possa competir com o socialismo, o liberalismo ou o corporativismo. Nenhum desses nega o conservadorismo. Ao morrer, Sócrates chegou ao fim da Grécia clássica. Ao morrer, Cícero chegou ao fim da República Romana. Ao morrer, Thomas Morus chegou ao fim da Renascença. Ao morrer, C.S. Lewis, se acreditarmos em suas palavras ao pé da letra, chegou como o “último homem do velho Ocidente”. Cada um deles, ao seu modo, fez o que pôde — por meio da lógica e de não pouca nostalgia — para preservar aquilo que se havia perdido recentemente. No mínimo, esses homens ficaram de pé como exemplares, lembrando que nós também devemos ficar de pé e proclamar, toda hora, o que é bom, verdadeiro e belo, ao menos na medida em que nossas modestas luzes permitirem entender tais coisas.

Se o conservadorismo é verdadeiro, é verdadeiro para todas as épocas, todos os lugares e todas as pessoas. Pode tomar um caráter cristão aqui, ou um caráter judeu ali, ou um caráter estoico acolá, mas permanece universalmente ligado a certos princípios humanos, independentemente de suas manifestações locais. É a imaginação, talvez nossa faculdade cognitiva mais elevada, que permite que os conservadores fiquem de pé não somente em meio ao momento, mas também acima dele.

Um dos maiores sucessos do conservadorismo, bem como uma das coisas que volta e meia impossibilita a sua implementação, é que ele se baseia na humildade, admitindo que nem sempre compreendemos perfeitamente o mundo. Isto é, é difícil saber como aplicar à nossa situação específica os princípios universais. É claro que essa humildade é um reconhecimento crucial de nossa individualidade. Imaginemos um júri: doze pessoas assistem ao mesmo julgamento, as doze almejam a justiça (uma coisa transcendente), mas as doze pessoas também têm doze pontos de vista distintos trabalhando como uma comunidade. E, se houver uma dúvida razoável dentro do grupo, é preciso declarar a inocência. Não consigo pensar noutra instituição que entenda melhor as complexidades do mundo do que o júri. Para todos os efeitos, é uma instituição que, no melhor dos casos, equilibra o universal e o particular.

Há mais uma coisa que faz do conservadorismo, ao mesmo tempo, belo e frustrante. Ao contrário do liberalismo, do socialismo e do corporativismo, que são, por sua natureza, profundamente utilitários, o conservadorismo é profundamente poético. Ama o gótico, o tortuoso e o estranho. Ao contrário do liberalismo, do socialismo e do corporativismo, elogia as (verdadeiras) diferenças e até as celebra. A pessoa A tem talento para isso e a pessoa B tem talento para aquilo. Cada qual traz seus talentos à comunidade; estão aí para afiá-la, bem como para restringir nossas muitas falhas e arrogâncias.

Então, o que queremos conservar ao certo? Esta é uma pergunta que toda pessoa e toda geração tem de fazer. Se acertarmos, empregaremos prudência (a capacidade de entender o bem e o mal), justiça (dar a cada um o que lhe cabe), temperança (o uso dos bens criados para Deus) e a força (perseverança), mas devemos fazer isso por meio da fé (a capacidade de ver o não-visto), da esperança (o entendimento de que cada um de nós importa e que Deus não faz nada em vão) e, especialmente, do amor (dar-se a outrem). Isso se traduz em soluções imediatas para o mundo? Não, claro que não. Mas isso nos permite ver uns aos outros por meio do divino, não importando o quão obnubiladas as nossas vistas possam estar.

O conservadorismo permanece, como sempre deve permanecer, a despeito do que os seus críticos digam.


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DECLARAÇÕES DE LULA E SEUS MINISTROS NÃO SÃO MUITO BOAS

 

Quem produz está preocupado

Por
Alexandre Garcia


Ministra Esther Dweck se juntou ao coro de críticas ao teto de gastos.| Foto: Edu Andrade/ME

Você deve se perguntar por que a bolsa cai, por que há tanta preocupação no mercado econômico em geral. Agora temos as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reclamando contra os juros – como se sabe, juro é o que se cobra para alugar dinheiro, capital. Na bolsa de valores, quem investe em empresas está preocupado por causa de um discurso do próprio presidente da República, chamando de “estupidez” o limite de gastos do Estado, ou seja, gastos com o seu dinheiro, para sustentar o Estado brasileiro. E aí vem a nova ministra do novo Ministério de Gestão (antigamente se chamava Ministério da Administração, mas agora é mais bonito falar em “gestão”) e também diz que teto de gastos não pode, falando do limite que se impõe aos gastos do Estado, que devia estar a serviço da nação.

Nós pagamos impostos. Cada vez que compramos alguma coisa, cada vez que pagamos impostos diretos, estamos sustentando o Estado brasileiro para nos prestar bons serviços públicos. Precisamos ter noção disso, isso é cidadania. O povo é dono do Estado, o patrão do Estado, o dono da nação, o dono do país. Mas a nova ideologia, que não deu certo em lugar nenhum do mundo, diz que o principal é o Estado, e não o povo. Isso é terrível. O pessoal da área econômica está lá embaixo e o agro, que é a locomotiva do país, está preocupadíssimo, porque o novo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, chegou a dizer aos movimentos sociais que “venham pra cima do ministério para que tudo possa acontecer”. Estava se dirigindo ao MST. O que vai acontecer? O presidente Lula disse aos povos indígenas, no discurso dele, que serão revogadas as injustiças contra eles. O que isso quer dizer? Teria a ver com o marco temporal que já está no Supremo? Tudo isso é preocupante.

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O povo paga
Prepare-se que alguém terá de bancar o teto de gastos furado

O novo governo poderia continuar as obras do anterior, mas está havendo uma espécie de revanchismo sem reconhecer vitórias e avanços. O novo ministro da Previdência, Carlos Lupi, do PDT, cria de Brizola, que recebe um tremendo orçamento, já fala em fazer uma “antirreforma da Previdência”. A ministra da Gestão quer acabar com o limite de gastos. Então, quanto mais o Estado gastar, mais o contribuinte tem de contribuir, porque dinheiro não vem do céu, vem do trabalho de cada um. Se você acha que não paga Imposto de Renda porque ganha pouco, saiba que você está pagando imposto em tudo o que você compra, que fica mais caro porque está embutido ali o imposto.

Saiu na terça-feira mais uma parte dessa boa herança, a herança bendita que o novo governo recebeu. Tivemos um recorde na balança comercial, um superávit de US$ 62,3 bilhões. O que isso significa? É uma facilidade, um conforto na hora de pagar contas externas. Estamos com uma reserva internacional externa de US$ 320 bilhões. Então, o governo atual não recebe do anterior uma cobrança, e sim uma herança favorável que poderia aproveitar. Mas parece que o objetivo é apenas gastar mais, tanto que fizeram 37 ministérios no lugar de 22.

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VAMOS VIRAR UMA VENEZUELA?

 

Pessimismo

Por
Paulo Polzonoff Jr.


Lula presta reverência ao ditador Maduro: não há otimismo que resista às medidas recentes anunciadas por Lula e seu ministério de parasitas.| Foto: Reprodução/ Twitter

Tenho um amigo chamado Fábio que é a pessoa mais pé-no-chão que conheço. Tranquilo, simpático como um gordo de antigamente e dado ao deboche, ao longo dos últimos anos ele nem sabe, mas me ajudou muito contendo as exaltações do meu sangue dramaticamente russo. “Isso aí não vai dar em nada” era o bordão que ele usava para responder aos meus devaneios hiperbólicos. Hiperbolicíssimos.

Ontem Fábio me ligou. Mas já no “alô” percebi que havia algo de errado ou talvez até de muito errado com ele. Comigo. Com o país. “Cara, você tá vendo tudo o que o Lula tá fazendo?”, perguntou ele com seu sotaque caricatural de paulistano. Só faltou o “mêu” no final. Sem nem esperar por minha resposta, Fábio emendou: “Alteração do Marco do Saneamento, neta do Marighella na Funarte, decreto de desarmamento, desistência de entrar pra OCDE, discursos com ‘todos, todas e todes’, fim da Secretaria de Alfabetização. A gente tá lascado”, disse ele, que é avesso a palavrões.

Nessas horas é que a gente vê como são as coisas. Depois de tantos anos me aproveitando do efeito calmante da fabiosofia, senti que era a minha vez de retribuir com palavras que o tranquilizassem um pouco. O problema é que essas palavras me faltaram ontem e me faltam hoje. A única coisa que consegui dizer foi que tinha visto todas as coisas que ele mencionara e mais uma: a criação de uma tal de Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia. Ou simplesmente Ministério da Verdade Petista. “Que pesadelo!”, comentei à toa, irmanado num pessimismo que me é estranho.

“Eu sabia que seria ruim e até imaginava que o Brasil poderia se tornar uma Argentina rapidinho. Mas, do jeito que tá, acho que até o fim do ano teremos virado uma Venezuela”, disse ele. O Fabio. O fleumático, impassível, tranquilo, manso, pacato e quase-zen Fábio. A mim só me restou concordar e tocar um tango argentino. Mas não sem antes dar vazão ao meu lado mais catastrófico (aquele que tento esconder de todo mundo): “Vou almoçar enquanto tem comida”.

Inferno
Foi o que fiz. Só que, diferentemente do almoço a jato de todos os dias, desta vez fiz questão de comer ritualisticamente. Preparei o prato farto, mas não extravagante. Me sentei à mesa. E rezei. Agradeci pelo arroz, pelo feijão, pela farofa e pela carne. Saboreei cada garfada como se fosse a dádiva que de fato é, mas para a qual o cotidiano de pressa e abundância não me permite dar o devido valor.

Uma vez satisfeito, recorri ao estoicismo das minhas leituras de Sêneca e Marco Aurélio. Imaginei o pior cenário (i.e., uma mistura de Venezuela, China e Coreia do Norte) e, com algum esforço, me senti capaz de enfrentá-lo e até de sobreviver a ele. E foi assim que, tomado por uma paz absurda, tive pena daqueles que ontem fizeram o L, hoje estão comemorando a guinada radical de Lula à esquerda e amanhã certamente sofrerão também as consequências de um eventual colapso do país.

“Como é mesmo aquela passagem da ‘Divina Comédia’?”, perguntei para a Catota, que se empanturrava de ração. Fui até a estante e abri o livro no Canto V, no qual a adúltera e lasciva Francesca diz que “não há tão grande dor qual da lembrança de um tempo feliz, quando em miséria”. Poucas definições de inferno são mais pungentes do que essa. E, no entanto, talvez pela soberba de uns e estupidez de outros, talvez este seja o inferno que nos caberá suportar pela eternidade que durar o lulopetismo.

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GOVERNOS PETISTAS SÃO MUITO GASTADORES

 

Por
Paulo Uebel – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

O governo Lula III já deu sinais de que irá gastar mais: prova disso foi o empenho em aprovar a PEC para gastar bilhões fora do teto de gastos, que no final ficou oficialmente no valor de R$ 145 bilhões e garantia de outros R$ 23 bilhões em investimentos, antes mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vestir a faixa presidencial. E agora? Quando um governante quer (por necessidade ou capricho) incluir novos gastos no orçamento do país, ele se encontra diante de um dilema: cortar outros gastos que já existiam ou aumentar a arrecadação, tirando ainda mais do bolso dos pagadores de impostos e encarecendo o custo de vida da população. O presidente Lula sinaliza, desde o ano passado, antes de tomar posse, que escolheu a segunda opção. Ou seja, você vai pagar essa conta!

E o furo do teto de gastos não vai parar nos R$ 145 bilhões. Na verdade, a PEC fura-teto permite outros gastos, e, por isso, o furo no teto pode chegar ao valor de R$ 215,2 bilhões, o equivalente a 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto); de acordo com um novo estudo do Instituto Millenium. O estudo também lembra que, já que os “programas sociais” usados como desculpa para furar o teto não vão acabar em 2023, é provável que os gastos excessivos continuem nos anos subsequentes. A própria PEC tem um dispositivo para que isso aconteça. Por isso, muita gente chama de PEC da Gastança.

Fora o Auxílio Brasil ou Bolsa Família de no mínimo R$ 600, a PEC fura-teto também deixa fora do teto de gastos despesas como a execução de obras e serviços de engenharia custeadas por recursos transferidos dos estados para a União; despesas com projetos custeados com recursos decorrentes de acordos judiciais ou extrajudiciais de desastres ambientais e despesas das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), custeadas por receitas próprias, de doações ou de convênios, contratos ou outras fontes, entre entes da Federação ou entidades privadas. A PEC criou vários ralos que vão permitir gastos fora do teto.

No meio de suas aberrações, a PEC não apenas fura o teto de gastos, como também abre margem para que ele seja extinto de vez, “ao definir que o próximo governo encaminhe ao Congresso Nacional, até 31 de agosto de 2023, um projeto de lei complementar (PLC) para substituí-lo. Esta previsão permitirá que o novo governo transforme todos os gastos ‘temporários’ relativos a 2023 em definitivos, além de criar espaço legal para mais gastos, com uma proposta mais fácil de ser aprovada no Congresso (um PLC) do que uma PEC”, explicam Marcelo Faria, presidente do Instituto Liberal de São Paulo (Ilisp) e Wagner Vargas, cientista de dados especializado em políticas públicas, no estudo publicado pelo Instituto Millenium.

No meio de suas aberrações, a PEC não apenas fura o teto de gastos, como também abre margem para que ele seja extinto de vez

Como mencionado anteriormente, a consequência de tudo isso é óbvia: mais dinheiro tirado do bolso dos pagadores de impostos e mais custos para onerar a vida de todos brasileiros. A princípio, a materialização desses aumentos começam por meio dos tributos sobre combustíveis, que haviam sido reduzidos, mas que agora devem aumentar. Atendendo um pedido do próprio Lula, no final de dezembro, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ao então ministro da Economia, Paulo Guedes, que não gostaria que o governo de Jair Bolsonaro prorrogasse a suspensão da cobrança do Pis/Cofins sobre os combustíveis (suspensos até 31 de dezembro de 2022). Por pressões da sociedade, em seu primeiro dia de mandato, Lula prorrogou a desoneração sobre os combustíveis, mas por apenas 60 dias. Antes da prorrogação da desoneração, a estimativa era de que a volta da cobrança do imposto federal sobre combustíveis iria garantir aproximadamente R$ 50 bilhões a mais de arrecadação para o Governo em 2023 e nos próximos anos. Daqui a dois meses, quando a cobrança de tributos sobre os combustíveis retornar, toda a sociedade será penalizada.

Lula, sem dúvidas, poderia utilizar outras alternativas para ter recursos para investir em programas sociais, inclusive no longo prazo. A reforma administrativa, por exemplo, que daria fim a privilégios do alto escalão do setor público como licença-prêmio e férias de 60 dias, pode economizar cerca de R$ 330 bilhões (considerando União, estados e municípios) em 10 anos, conforme uma projeção do economista-chefe da RPS Capital, Gabriel Leal de Barros. Já um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calculou uma economia de R$ 1,751 trilhão em duas décadas considerando apenas a redução de gastos com servidores da União. Entretanto, até agora, Lula não sinalizou interesse algum em negociar a reforma administrativa com o Congresso — e, provavelmente, não o fará, já que sua base de apoio está repleta de sindicalistas inimigos da modernização do setor público e do fim dos privilégios.

Daqui a dois meses, quando a cobrança de tributos sobre os combustíveis retornar, toda a sociedade será penalizada

E, em vez de seguir com as privatizações, que tirariam responsabilidade do Governo com diversos gastos e investimentos com estatais, ainda na época da equipe de transição, Lula deixou claro que iria paralisar todas privatizações que pudesse. Assim que assumiu a Presidência, Lula já revogou o processo de privatização de 8 estatais, incluindo da Petrobras, dos Correios e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Por outro lado, vai aumentar os gastos com publicidade e propaganda das estatais: a mudança na Lei das Estatais aprovada na Câmara dos Deputados em dezembro concedeu a Lula o aval para aumentar os gastos com propagandas estatais em até R$ 20 bilhões. Falta o Senado votar. E, além disso, as torneiras do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) devem voltar a jorrar como na época em que Lula emplacou a política dos campeões nacionais (mais detalhes sobre isso em minha última coluna e também nesta outra anterior), um grande fracasso internacional.

O governo deveria trabalhar para melhorar a qualidade do gasto público, avaliando políticas públicas, cortando desperdícios, combatendo a corrupção, seguindo o programa de transformação digital do governo federal, dando continuidade a simplificação das estruturas organizacionais federais, bem como mantendo a reposição da força de trabalho de forma técnica, e não para contentar demandas sindicais. Infelizmente, essa não é a agenda do PT. Você não vai escutar nada sobre isso nos discursos do Lula. O PT vai seguir a velha cartilha de aumentar gastos, impostos e a inflação.

O aumento dos impostos e da inflação ampliam as desigualdades sociais e geram impacto em todos, principalmente nos mais pobres. É uma contradição que Lula tenha escolhido acabar com o teto de gastos supostamente para investir mais em programas sociais e assim ajudar os mais pobres quando o resultado disso é justamente tirar ainda mais dinheiro do bolso desses cidadãos mais vulneráveis.

Se Lula realmente quisesse reduzir a pobreza no Brasil de forma perene, deveria primeiro enxugar a máquina pública para poder fazer investimentos verdadeiramente inteligentes naqueles que mais precisam: e não apenas no que se refere a programas sociais como o Auxílio Brasil ou o Bolsa Família, mas também abrindo o mercado para que mais empregos e oportunidades sejam ofertados a essas pessoas. Ainda dá tempo de mudar a direção do governo Lula III: será que o presidente irá repensar suas escolhas ou vai querer continuar a velha prática de passar o custo da ineficiência estatal para os cidadãos?

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BRASILEIROS USAM OS MEIOS DIGITAIS PARA PAGAMENTOS

 

E garantirem o sucesso dos seus negócios em 2023

por Marcus Linhares – Bipp

Especialista em pagamentos defende que oferecer diferentes métodos é essencial na realidade econômica do país

O fim do ano já está se aproximando e os lojistas já se preparam para garantir o sucesso de vendas em 2023. Com um fim de ano movimentado no varejo, por conta de algumas datas sazonais, como: natal e ano novo, os empreendedores já buscam por dicas para entrar o ano na frente.  Com o mercado cada vez mais competitivo, os preços baixos não são mais o único fator que atrai os clientes. É preciso que os negócios também olhem com atenção e carinho a outros detalhes, como por exemplo as formas de cobrar produtos e serviços dos seus clientes, já que a experiência e jornada de compra são importantes para a economia doméstica brasileira, depois de dois anos de restrições.

“Aos poucos, o mercado está se normalizando dentro da realidade econômica do pós-pandemia. É preciso entender as necessidades de cada um. Dá para oferecer soluções em que nenhum dos dois lados saia perdendo, garantindo que os negócios tenham sucesso em suas vendas e os brasileiros consigam fazer compras dentro da sua realidade”, explica Marcus Linhares, CEO da fintech BIPP, plataforma que oferece serviços de pagamento digitais para pequenas e médias empresas.

De acordo com um relatório da Adyen, 41% dos brasileiros utilizam meios digitais como única forma de pagamento na hora das compras, evitando dinheiro ou cartões físicos, esses números só crescem e no próximo ano devem ser ainda maior.. As formas mais comuns são pagamentos por aproximação via cartão, celular ou smartwatch, Pix, QR code, carteiras digitais, WhatsApp Pay e links de pagamento online. Pensando nisso, Linhares separou algumas dicas para facilitar o pagamento em cada espaço e garantir o sucesso de vendas. Confira:

Continue apostando no PIX: Há dois anos, o Pix chegou para se tornar uma das ferramentas mais rápidas e práticas para fazer e receber pagamentos. Com mais de 26 bilhões de transações realizadas, as operações utilizando o meio de pagamento subiram 94%, segundo dados da Febraban. “As pessoas cada vez mais estão pagando por meio da carteira digital e deixando de lado o dinheiro em espécie. Portanto, crie uma chave Pix para seu negócio ou disponibilize uma imagem com o QR Code para garantir a venda”, comenta Linhares.

Links de pagamento podem garantir uma boa experiência ao cliente: Para quem vende pelo WhatsApp ou por outras redes sociais, o link de pagamento é uma alternativa rápida de envio. Ele pode ser encaminhado por mensagem direta nos aplicativos, SMS e e-mail. Os links dão aos clientes o poder de decisão sobre a melhor maneira de pagar por um produto ou serviço.  “Uma das primeiras dicas para fidelizar um cliente é deixar ele à vontade dentro das suas escolhas de compra, e isso cabe na hora do pagamento também. Os links são uma ótima opção para deixar a clientela decidir se deseja pagar por cartão de crédito, débito, Pix ou dinheiro. Essa liberdade garante uma ótima experiência”, explica o especialista.

Não descarte os boletos: Mesmo com a evolução das ferramentas digitais, há quem prefira o dinheiro e os boletos. Esteja preparado para receber meios de pagamento tradicionais. Mais da metade dos brasileiros preferem fazer compras com dinheiro por segurança, de acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral. “Os boletos são uma ótima opção, já que podem ser pagos em dinheiro em casas lotéricas e bancos”, continua Marcus.

Invista em novas soluções, como pagamento por recorrência: Para os estabelecimentos que oferecem serviços periódicos ou recebem mensalidades, é possível fazer cobranças recorrentes no cartão de crédito. É a mesma ferramenta utilizada por serviços de streaming e assinaturas online, como a Netflix e o Spotify. “Oferecemos aos negócios uma tecnologia própria para que eles insiram o pagamento por recorrência no leque de opções. Esse método não compromete o limite total do cartão de seus clientes, além de diminuir o risco de inadimplência”, explica o CEO da Bipp.

Fique de olho no controle de pagamentos: A gestão dos pagamentos é muito importante, não só para controlar o fluxo de caixa do seu negócio, mas para entender seus clientes, analisar as melhores formas de pagamentos, reduzir custos e aumentar as vendas.

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Moysés Peruhype Carlech

Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?

Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto resulta em mais vendas.

Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

BRASIL TEM MAIS MINISTÉRIOS QUE A VENEZUELA

 

Novo governo
Por
Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo

Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento em Brasília


Número alto de ministérios tende a gerar mais custos, tornar o governo burocrático em excesso e reduzir a eficiência da gestão.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Ao planejar Brasília, o urbanista Lúcio Costa imaginou que uma Esplanada dos Ministérios com 19 prédios seria suficiente. Fazia sentido: à época, o governo federal tinha apenas 15 ministros, incluindo um para a Aeronáutica, um para a Marinha e um para o Exército (então chamado Ministério da Guerra). De lá para cá, o Brasil passou a ter um número de ministérios muito maior. Falta espaço na Esplanada. E vai faltar mais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá 37 ministérios. A lista das pastas criadas (ou recriadas) inclui os ministérios dos Portos, dos Povos Originários e da Igualdade Racial.

O Brasil está acima da média global nesse quesito. O país tem mais ministérios que países com nível de desenvolvimento similar, como Argentina (18), Colômbia (18), México (20), África do Sul (27) e até a Venezuela (33), presidida pelo excêntrico ditador Nicolas Maduro. Na verdade, os 37 ministros de Lula colocam o Brasil em primeiro lugar nesse quesito na América Latina. A comparação com países desenvolvidos é ainda mais desfavorável: Lula terá muito mais ministros que os líderes de Estados Unidos (15), Itália(15), França (16), Alemanha (16) e Reino Unido (21).

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Lula, entretanto, ainda não alcançou o recorde estabelecido por Dilma Rousseff: em maio de 2013, ao criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa, ela passou a ter um governo com 39 ministros. Em 2015, já pressionada pelos protestos que pediam o seu impeachment e tentando criar uma agenda positiva, a presidente fez uma reforma e eliminou oito pastas.

Custo não é o maior problema
De forma geral, existem dois argumentos contra o número excessivo de ministérios no Brasil. O primeiro é o de que isso necessariamente gera aumento de custos. Cada ministério precisa de uma estrutura mínima que envolve funcionários, um espaço físico e insumos (computadores, carros, cadeiras etc). O próprio salário do ministro, por lei, é superior ao do chefe de uma secretaria, por exemplo. O segundo argumento é o de que o alto número de ministérios torna o governo burocrático em excesso e reduz a eficiência da gestão.

Segundo especialistas, o segundo problema é mais importante que o primeiro.

É razoável supor que mais ministérios implicam mais gasto público. Mas a relação pode não ser linear. Em tese, é possível desmembrar ministérios sem que isso gere um impacto financeiro visível. Da mesma forma, rebaixar um ministério ao status de secretaria, como fez o governo Bolsonaro em diversos casos, não necessariamente reduz os gastos. Se o número de funcionários for o mesmo, provavelmente a estrutura física necessária será idêntica e, assim, a redução de custos causada pela troca de status será próxima de zero. Obviamente, o governo pode cortar o orçamento das pastas por outros motivos (por exemplo, ao reduzir os valores previstos para investimentos). Mas a mudança de categoria não garante a redução de custos.

Redução na eficiência
Já o problema de gestão pode ser ter um impacto mais significativo. A comunicação entre os diferentes órgãos se torna mais lenta do que se eles estivessem sob o mesmo guarda-chuva, no mesmo prédio. As reuniões ministeriais passam a ser mais longas e menos produtivas. Impasses tornam-se mais prováveis, especialmente quando não há uma delimitação clara das atribuições de cada um.

Por exemplo: um governo que tenha ministérios distintos para a Agricultura e a Pesca terá mais dificuldades em colocar de pé um programa que deseje promover a instalação de tanques de criação de peixes em pequenas propriedades rurais. O Ministério da Agricultura, mais antigo, já tem a capilaridade para atingir a população alvo do programa. Mas, por se tratar de um projeto de aquicultura, o programa provavelmente ficaria sob o comando do Ministério da Pesca. Assim, ou a pasta com menos recursos (a da Pesca) pede o apoio da mais rica (a da Agricultura), ou o Ministério da Pesca teria de criar uma estrutura que, em grande medida, já existe no Ministério da Agricultura. De uma forma ou de outra, o resultado não é o mais eficiente.

Demandas sociais x alianças políticas
Segundo estudiosos do tema, o número elevado de ministérios que o Brasil terá no governo Lula pode ser explicado por dois fatores. Um é a pressão de grupos articulados (no caso do governo petista, por exemplo, militantes da causa negra terão uma pasta específica). O outro é a necessidade de garantir apoio no Congresso usando os cargos no Executivo como moeda de troca.

“Em alguns casos existe um aspecto político e simbólico. Já outros ministérios servem para atender às pressões políticas do presidencialismo de coalizão”, diz Ivan Ckagnazaroff, professor de Economia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Lula tem feito isto ao entregar cargos a representantes de partidos como MDB e PSD.

Além dos partidos políticos aliados, existe a pressão dos próprios correligionários por cargos que possam lhe render dividendos políticos. Talvez isso explique porque, apesar de sua disposição em fazer um governo mais austero economicamente, Jair Bolsonaro também não conseguiu implementar o que prometeu neste campo. Durante a campanha de 2018, ele afirmou que sua gestão teria “no máximo” 15 ministérios. Depois de receber um governo com 29 ministérios de Michel Temer, ele iniciou o seu mandato com 22. Encerrou com 23 (Bolsonaro recriou a pasta das Comunicações).

Critério de desempenho deve ser transparente
Criar ministérios é um sinal ao eleitorado de que o governo se preocupa com alguns temas em particular e vai tratá-los como prioritários. Em grande parte, a criação de pastas carrega um componente eleitoral. Mas, além dos eleitores, os sinais também podem ser importantes para o mercado financeiro, por exemplo. Um governo que tem quase 40 ministérios passa o recado de que a eficiência administrativa não é sua prioridade. Um presidente liberal, por outro lado, tende a reduzir esse número, mesmo que o impacto financeiro seja reduzido.

Economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carla Beni afirma que apenas com parâmetros de desempenhos objetivos, como no setor privado, é possível medir quantos ministérios são necessários. Isso não existe hoje.

“O Brasil poderia começar a apresentar resultado de produtividade por ministério para que pudéssemos avaliar esta questão de uma forma melhor. Nós podemos até chegar à conclusão de que se pode ter 40 ministérios, desde que eles apresentem resultado”, diz ela, que exemplifica: “Primeiro, o governo definiria qual é a meta de cada ministério para o ano. Ao final, o governo apresentaria o percentual da meta que foi atingido”, afirma.

Lentidão na tomada de decisões
O professor Ivan Ckagnazaroff concorda que a criação de ministérios muitas vezes significa a reorganização de estruturas que já existiam anteriormente, sem um salto nos gastos. “Se você vai observar as áreas para as quais os ministérios foram criados, bem ou mal todas elas já existiam – a única que salta aos olhos é a voltada para os Povos Indígenas”, afirma, em referência ao novo governo Lula.

Por outro lado, o professor alerta que, sem uma divisão clara das atribuições, o resultado é a ineficiência do Executivo. “A criação desses ministérios vai demandar uma definição clara de qual é a responsabilidade de cada um e de quais recursos eles vão ter para atuar. Sem isso, a eficiência vai ser extremamente afetada”, ele afirma.

O professor acrescenta que, mesmo que não haja um aumento significativo nos gastos, o tamanho da máquina em si já pode reduzir a agilidade do governo para lidar com as demandas que surgirem. “O tamanho pode tornar os processos decisórios um pouco mais lentos, à medida que algumas decisões, especialmente as mais conflitivas, vão passar pelo presidente – segundo ele mesmo disse”, afirma.

De uma forma ou de outra, o número de ministérios no Brasil não deve se aproximar tão cedo dos 19 planejados por Lúcio Costa. A última vez que isto aconteceu foi há três décadas, no governo Fernando Collor.


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GOVERNO USA CARGOS DO SEGUNDO ESCALÃO PARA DISTRIBUIR PARA ALIADOS

 


Como Lula usa cargos de 2º escalão para atender aliados e ampliar base no Congresso
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

A Primeira-dama Rosângela Lula da Silva e o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegam ao Palácio do Itamaraty


Definição dos cargos de segundo escalão do governo Lula vai ocorrer nos próximos dias| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Após os entraves para a composição ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende agora usar os cargos do segundo escalão do governo para tentar reduzir desgastes junto a aliados que não foram contemplados na Esplanada dos Ministérios e ficaram insatisfeitos. Em outra frente, o chefe do Palácio do Planalto também pretende atrair legendas como Cidadania e Podemos numa ofensiva de tentar ampliar a base no Congresso Nacional.

Entre os postos mais cobiçados do segundo escalão, estão o comando da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) e do Banco do Nordeste. Mesmo com 37 ministérios, 14 pastas a mais que a gestão do agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula não conseguiu contemplar partidos que apoiaram sua candidatura desde o primeiro turno.

Entre as legendas que ficaram de fora, o PV, que está federado com o PT e o PCdoB, foi preterido diante de sua bancada de apenas seis deputados na Câmara. O partido cobiçava pastas como a do Meio Ambiente e da Cultura, mas agora pode ser contemplado com postos em autarquias como o Ibama e o ICMBio.

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Completam a lista de aliados que ficaram de fora do primeiro escalão o Solidariedade, o Avante, o Pros e o Agir. O primeiro, liderado pelo deputado Paulinho da Força (SP), cobiçava o ministério da Previdência, que acabou ficando com Carlos Lupi do PDT.

O Solidariedade não atingiu a cláusula de barreira e negocia uma fusão com o Pros. A expectativa é de que o novo partido seja contemplado com o comando do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Ceagesp, o entreposto de abastecimento de São Paulo que pertence à União.

As negociações para distribuição dos cargos do segundo escalão começaram nesta segunda-feira (2) e são lideradas pela presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Também foram escalados para os encontros com os líderes partidários os líderes do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e o líder do governo no Senado, senador Jacques Wagner (PT-BA).

“Estamos dando passos na montagem do segundo escalão, o presidente Lula fez questão de convidar duas mulheres para presidente a Caixa e o Banco do Brasil. E vamos continuar dando esses espaços”, disse Padilha.

Lula tenta atrair o Podemos e o Cidadania por meio de cargos do segundo escalão
Além de reduzir os desgastes junto aos partidos aliados, o governo Lula pretende usar os cargos do segundo escalão para atrair legendas como o Podemos e o Cidadania. A estratégia visa ampliar a base do petista no Congresso Nacional de olho na aprovação de matérias no primeiro ano do governo.

No caso do Podemos, a cúpula do PT já vinha buscando atrair o partido desde a composição ministerial, mas as conversas ficaram travadas diante das resistências de lideranças que fazem oposição a Lula. Entre as resistências, o deputado eleito Deltan Dallagnol (PR), e os senadores Alvaro Dias (PR), Eduardo Girão (CE) e Jorge Kajuru (GO).

O Podemos, que elegeu 12 deputados federais nas eleições de 2022, vai incorporar o PSC, que elegeu seis. Com 18 deputados, terá a legenda terá a oitava maior bancada da Câmara, à frente do PSDB e do PDT. Apesar das resistências internas, avaliação de integrantes do PT é de que o partido conta com quadros pragmáticos e que poderiam ser atraídos através dos cargos no segundo escalão.

A mesma estratégia vai ocorrer com o Cidadania, que no segundo turno teve a senadora Eliziane Gama (MA) como uma das principais interlocutoras de Lula com o segmento evangélico. A Executiva do partido chegou a se reunir três dias antes da posse presidencial e aprovou por 16 votos favoráveis dos 21 totais a adesão ao governo petista. Outros cinco integrantes da Executiva restantes não participaram da votação, entre eles, o presidente do partido, Roberto Freire.

Codevasf entra nas negociações para tentar reduzir o racha dentro do União Brasil
Líderes do PT avaliam que, até o momento, os partidos que foram contemplados na composição de governo somam 282 deputados. O número, no entanto, fica abaixo dos 308 necessários para aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), por exemplo. Além disso, existe um racha dentro do União Brasil, que foi contemplado com três pastas, mas não deve garantir os 59 votos dos deputados da próxima legislatura.

Para vencer as resistências da bancada, o União Brasil deve manter, por exemplo, a influência sobre Codevasf, que é responsável por tocar obras nas regiões dos vales dos rios São Francisco e do Parnaíba. Atualmente a estatal é comandada por Marcelo Andrade Andrade Moreira Pinto, apadrinhado do deputado Elmar Nascimento (BA). O parlamentar baiano teve seu nome vetado para o Ministério da Integração Nacional, o que ampliou o racha dentro do partido.

Agora, a expectativa é de que Nascimento mantenha sua indicação na Codevasf como forma de atrair a maioria do União Brasil na Câmara. Haverá, no entanto, uma conversa de Lula com o novo ministro da Integração, Waldez Góes, e com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que liderou as negociações pelo partido.

Aliados do PT e do PSD foram preteridos da escalação do governo Lula 
A composição do primeiro escalão do governo Lula gerou desgastes inclusive dentro de quadros do PT e do PSD de estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os dois colégios eleitorais foram decisivos na disputa eleitoral, mas nomes desses estados que estavam cotados para a Esplanada dos Ministérios acabaram preteridos.

No caso do PT, o líder do partido na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), teve o nome especulado para três ministérios e chegou a ser convidado para assumir Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No entanto, teve seu nome barrado diante da necessidade de Lula de ampliar o espaço para partidos de centro.

“Fui convidado para assumir o MDA, mas como teve um novo arranjo de governabilidade, em que o União Brasil passa a ter três ministros e também o PSD, não foi possível”, afirmou o petista.

Com a reorganização, o MDA acabou ficando com o deputado Paulo Texeira (PT-SP), que estava contado para o Ministérios das Comunicações. A pasta foi entregue na última hora ao União Brasil, que indicou o deputado Juscelino Filho (União-MA) para o posto.

Outro que ficou de fora da Esplanada foi o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que ficaria com a pasta do Turismo. Ele era o nome indicado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), um dos coordenadores da campanha de Lula no estado fluminense no segundo turno. Contudo, a pasta acabou sendo levada pelo União Brasil, com a indicação de Daniela do Waguinho, também do Rio de Janeiro.

“Foi feito um primeiro passo de um governo que começa a ser montado, mas temos vários passos nessa caminhada ainda”, pontuou Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais.


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GOVERNO PROÍBE NOVA ABERTURA DE CLUBES DE TIRO

 

Medida de Lula
Pode quebrar clubes de tiro e lojas de armas
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília


Decreto assinado pelo presidente Lula promove série de restrições a CACs.| Foto: Hedeson Alves / Gazeta do Povo / Arquivo

O primeiro dia do governo Lula (PT) já trouxe notícias negativas para quem pretende ter e portar armas no Brasil. Na noite deste domingo (1º), pouco depois da posse, o presidente assinou um decreto para limitar o acesso a armas e munições no país, suspendendo a concessão de novos certificados de registro (CR) a caçadores, atiradores e colecionadores (CACs).

O decreto também restringe a quantidade de armas e munições que podem ser registradas por uma pessoa e suspende a possibilidade de registrar novos clubes e escolas de tiro. Além disso, o Exército não poderá mais autorizar qualquer tipo de nova aquisição de armas e terá que interromper os processos de aquisição que estavam em andamento.

Para o deputado federal eleito Marcos Pollon (PL-MS), advogado especialista em legislação sobre armas, a mudança poderá levar à falência clubes de tiro e lojas de armas, além de inviabilizar a prática do tiro esportivo. “Sacrificam em torno de 3 milhões de empregos sem ouvir absolutamente ninguém”, diz, em referência ao número de pessoas que trabalham em lojas de armas e clubes de tiros no Brasil hoje. “Não é democrático você começar o ano colocando 3 milhões de pessoas na rua.”

Pollon é pessimista em relação ao que vai acontecer a partir da nova regulamentação do Estatuto do Desarmamento, e afirma que o tempo durante qual o decreto vigorar poderá trazer prejuízos irreparáveis. “O grande problema é que não vai ter depois. São 30 dias para criar o grupo de trabalho, aí esse grupo tem 60 dias prorrogáveis por mais 60 (para elaborar um projeto). Só aí são 150 dias. Aí vai para o Ministério da Justiça, sem prazo. Isso pode representar um ano parado – na melhor das hipóteses, seis meses. Não tem setor que sobreviva parado por seis meses.”

Segundo o deputado eleito, “a situação vai ficar terrivelmente pior do que era em 2018”. Um exemplo disso é que o número de unidades de munição que CACs poderão comprar por ano passará a ser de 600 unidades – o número mais baixo da história, ressalta Pollon.

O decreto também proíbe o transporte de armas com munição e a prática de tiro esportivo por menores de 18 anos, além de reduzir de seis para três o número de armas permitidas para o cidadão comum.

Outra mudança é que todos os equipamentos adquiridos a partir de 2019 deverão ser recadastrados no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal em um prazo de 60 dias. Nesse processo, será exigida a comprovação de “efetiva necessidade” das armas adquiridas.

Quem escreveu o decreto sobre CACs não tem a menor noção do assunto, diz especialista
O decreto publicado no domingo ainda suspende a aquisição de insumos para a recarga de munições por pessoas físicas, o que, segundo Pollon, “inviabiliza o esporte”. “Um treino de IPSC (modalidade de tiro esportivo) usa 700, 800 tiros. Em um treino de tiro ao prato, em cada bateria são 100 disparos. Quem escreveu (o decreto) não tem a menor noção do que estava escrevendo.”

Outra mudança que revela falta de compreensão sobre o assunto, segundo ele, é a proibição do porte de trânsito com arma municiada – isto é, os atiradores não poderão carregar as armas com munição no deslocamento entre o local onde guardam a arma e o local onde a utilizam. Isso pode facilitar ações criminosas para roubar armas, explica Pollon.

“Proibir o porte de trânsito é colocar um alvo nas costas do atirador, porque está obrigando ele a ir para o treino sem uma arma para se defender. Basta o criminoso fazer campana na porta dos clubes. O porte de trânsito é previsto desde 2003, está na lei. Além disso, foi regulamentado em 2017. Não é do Bolsonaro”, comenta.

Outra mudança promovida pelo decreto é que pessoas sem registro de CAC não poderão mais praticar tiro em clubes. Pollon diz que isso não deverá afetar de maneira significativa esses estabelecimentos, já que hoje, normalmente, a grande maioria das pessoas que frequenta os clubes tem registro. “Quem não tem registro vai para fazer algum curso, aprender os fundamentos, conhecer o esporte ou fazer o exame para tirar o CR, que agora está proibido”, afirma.

Para o deputado, outro problema do decreto é sua justificativa: alega-se a necessidade de aumentar a segurança da população, mas, nos últimos anos, mesmo depois dos decretos sobre armas de Bolsonaro, os índices de homicídio caíram drasticamente. “A fundamentação é com base no combate à violência, sendo que os indicadores (do governo anterior) foram os melhores da história (em termos de redução dos homicídios)”, critica.

Para resolver os problemas que o decreto pode trazer, Pollon pretende investir em uma saída legislativa ao mesmo tempo em que recorrerá ao Judiciário. “A partir da posse do Legislativo, em fevereiro, a gente vai ingressar com um projeto de lei para tentar sustar esse decreto. Vamos buscar pelas vias judiciais a manutenção dos direitos, porque isso vai sacrificar um setor inteiro, que, efetivamente, gera emprego e renda”, diz.

O que diziam os decretos de Bolsonaro sobre armas
O decreto de Lula logo no primeiro dia de governo é uma resposta a quatro decretos que, em abril de 2021, Jair Bolsonaro publicou flexibilizando regras para a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e munição no país. Tratam-se dos decretos 10.627, 10.628, 10.629 e 10.630.

Entre as principais mudanças previstas por esses decretos estavam:

O aumento do limite para a compra de armas por parte de civis que tivessem o devido registro e de pessoas com prerrogativa de função.
Retirada de uma série de itens da chamada lista de produtos controlados pelo Exército (PCEs).
A permissão a cidadãos comuns para adquirir até seis armas de fogo de uso permitido – antes, o limite era de quatro unidades.
A permissão para pessoas com prerrogativa de função, como juízes e policiais, para comprar até oito armas de uso restrito.
A possibilidade de porte simultâneo de duas armas de fogo em território nacional para indivíduos ligados às forças armadas e às polícias.
Fim da necessidade de que os CACs apresentassem laudo de capacidade técnica, substituindo-os por um “atestado de habitualidade”, que poderia ser emitido por clubes de tiro.
Aumento do limite de compra de armas pelos CACs: caçadores registrados poderiam comprar até 30 armas, enquanto atiradores, até 60.
Aumento da quantidade de munições que os CACs podem adquirir por ano: de mil para 2 mil.

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GOVERNO ADIA A VOLTA DOS IMPOSTOS SOBRE COMBUSTÍVEIS

 

Medida provisória

Por
Alexandre Garcia


PIS/Cofins da gasolina deve retornar em março.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

Ontem eu mencionei aqui a tributação sobre gasolina, diesel e gás, e saiu a medida provisória. A gasolina ainda fica isenta de PIS/Cofins, ou seja, com o mesmo preço, até 28 de fevereiro. Aqui em Brasília já houve posto de combustível que estava botando quase R$ 1 acima do preço, pensando que a cobrança do imposto já estava entrando em vigor. Mas não: fica até o fim de fevereiro sem impostos federais; depois eles voltam, porque o governo está precisando de dinheiro, já que inchou o Estado brasileiro. Agora são 37 ministérios que nós temos de sustentar.

Quanto ao diesel, que é necessário para manter o transporte sem encarecer as mercadorias e para não irritar os motoristas de caminhão – que são bolsonaristas de modo geral –, o governo vai manter até o fim do ano a isenção de PIS/Cofins. A mesma coisa vale para os mais pobres no caso do gás, para não alterar o preço assim no primeiro dia de governo Lula, já que aí o pessoal não vai ter como cozinhar a picanha.

Lula já começou a desfazer o trabalho de Bolsonaro
Eu não sei por que o governo está se metendo agora com garimpeiros. O governo Bolsonaro publicou um decreto que está sendo cancelado agora, e que trata de um programa de apoio ao desenvolvimento artesanal e em pequena escala do garimpo. Isso não é invenção do Bolsonaro; é invenção dos constituintes. A Constituição diz – no artigo 174, parágrafo 3.º – que deve ser organizada a atividade garimpeira em cooperativas, protegendo o meio ambiente para a promoção econômico-social dos garimpeiros. O artigo 20 da Constituição, no item 25, também fala em promover o garimpo associativo. Então, está tudo na Constituição; Bolsonaro tinha de fazer isso, mas agora Lula revoga e eu não entendi o porquê.

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Outra mudança está no Coaf, órgão que controla transferências de dinheiro e ajuda a identificar lavagem de dinheiro, dinheiro ilícito, corrupção, dinheiro voando de um lado para o outro. Quando o Coaf foi para o Banco Central, que é independente, acabou a fofoca sobre vulnerabilidades de chantagem política; andavam atrás de transferência de numerário até de mulher de ministro do Supremo, porque vazava. Mas, agora, querem tirar o Coaf do Banco Central e levar para o Ministério da Fazenda, do Haddad, do PT. Como o Banco Central é independente, isso vai precisar de medida provisória ou lei. Dizem que é urgente, mas vai ter de ser aprovado no novo Congresso e é aí que fica difícil, porque eu duvido que deputados e senadores queiram se tornar vulneráveis à chantagem política por transferência de dinheiro de um banco para outro, ou de pagamentos.

Lula esqueceu um agradecimento, mas o PSol não

Aliás, falando em corrupção, o agora senador Sergio Moro comentou que Lula não usou essa palavra no discurso de posse; que ele devia ter dito algo como “o meu governo não tolerará corrupção”. Alguns estão dizendo que ele não vai receber nada de corrupção, já que no governo anterior isso não aconteceu, e então ele não vai ter de se preocupar com isso. Mas Lula se esqueceu de agradecer por estar recebendo o que não tinha recebido de Fernando Henrique Cardoso: contas públicas em dia, equilíbrio fiscal, endividamento público em queda, inflação menor que a dos Estados Unidos, PIB maior que o da China pela primeira vez na história, reservas externas de US$ 320 bilhões… esqueceu de agradecer, não foi? Uma pena.

Na verdade, quem se encarregou do “agradecimento” foi o PSol, partido que apoiou a eleição de Lula e já entrou no Supremo Tribunal Federal pedindo a prisão e quebra de sigilo telefônico de Bolsonaro. Começou a vingança.


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LULA MENTIU MUITO NO SEU DISCURSO DE POSSE

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

O governo Lula não esperou 15 minutos para mostrar a sua verdadeira cara – mentiu da primeira à última palavra do discurso de posse, o que deixa claríssimo que o Brasil viverá nos próximos quatro anos, ou sabe lá Deus quantos, sob o comando de uma impostura. Se está mentindo já no dia da posse, por que haveria de dizer a verdade daqui para diante? Não há surpresa nenhuma nisso, é claro. Lula mentiu durante toda a campanha eleitoral; mente, na verdade, há 40 anos, desde que começou sua carreira política. De lá para cá, só houve mudanças para pior. Mente mais, hoje, e está tomando decisões concretas muito mais malignas do que tomou na sua primeira passagem pelo governo – como fica óbvio pelo ministério francamente patológico que escolheu e por suas primeiras ações como presidente da República.

A mentira campeã absoluta da estreia de Lula, acima de qualquer outra, é a absurda afirmação de que recebeu “um país destruído” do seu antecessor – como havia dito em relação à FCH quando recebeu o governo em 2003. Mais uma vez, agora, ele faz a falsificação maciça da realidade para tentar cobrir os desastres que sua irresponsabilidade, incompetência e escolhas de governo estúpidas vão despejar em cima da população. Lula não foi capaz de citar, em todo o seu discurso de posse, um único número ou fato concreto, nem um que fosse, para dar alguma base lógica ao que estava falando. Não poderia, simplesmente, fazer isso. A realidade é o contrário do que Lula afirmou – nunca um presidente brasileiro recebeu o país numa situação materialmente tão boa quanto ele acaba de receber.

Lula mentiu durante toda a campanha eleitoral; mente, na verdade, há 40 anos, desde que começou sua carreira política. De lá para cá, só houve mudanças para pior.

A inflação está por volta de 6% ao ano – menor que a dos Estados Unidos, da Alemanha e de outros sacrários da competência mundial em matéria de gestão econômica. É a primeira vez que isso acontece na história. As empresas estatais, que segundo Lula estão “arruinadas”, deram lucro de 250 bilhões de reais em 2022 – quando ao fim do período Lula-Dilma estavam à beira da falência, arrasadas pela corrupção sem limites e pela inépcia na sua direção. O desemprego é o menor dos últimos oito anos, e isso depois de dois anos com a economia paralisada por conta da Covid. O agronegócio, a principal turbina econômica do Brasil de hoje, bateu mais um recorde de produção e exportações em 2022. As exportações em geral até novembro, última cifra disponível, tinham passado dos 300 bilhões de dólares – e produziram superavit também inédito na balança comercial. As contas públicas estão equilibradas. As reservas internacionais estão acima dos 320 bilhões de dólares.

O que mais Lula poderia querer? Mas o novo presidente é fisicamente incapaz de ser honesto diante de qualquer situação que lhe apareça pela frente – se acha que pode ter alguma vantagem mentindo, ele vai mentir. É o que acaba de fazer, mais uma vez. Ele finge que os números citados acima não existem; seu DNA político não admite que outros seres humanos possam ter feito alguma coisa certa, nem uma, e está convencido, de qualquer forma, de que sempre vai ganhar se mentir automaticamente, sobre tudo o que lhe aparecer pela frente. É o que fez o tempo todo em seu primeiro discurso como presidente do Brasil; é o que vai continuar fazendo. O que esperar de alguém que diz, com cara de indignado, que gastar apenas o que se arrecada é uma “estupidez”? É isso, o governo Lula.


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LULA CADA VEZ MAIS IMPOPULAR

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