segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

PROCURA-SE UM LUGAR PARA UMA APOIADORA NO GOVERNO

 


Na dança de cadeiras de Lula, Simone Tebet arrisca acabar sentando no chão
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Ex-senadora Simone Tebet durante CPI da Covid| Foto: Agência Brasil

Só pra gente pensar, né. O governador da Flórida pediu à Corte Suprema da Flórida, e lá cada estado tem sua corte suprema de justiça, que investigue as produtoras de vacinas, as consequências das vacinas, os efeitos das vacinas, a eficácia das vacinas.

E a Corte Suprema aceitou e vai investigar. Antes de esperar os resultados, a gente já sabe quais são, pelo noticiário por aí.

Por falar em vacina, a senadora Simone Tebet, que teve uma atuação lá na CPI da Covid que prejudicou a saúde de muita gente, porque foi uma das que falavam que não existe tratamento para a Covid, e também foi uma que lá no impeachment da Dilma foi a favor do impeachment, trabalhou muito, tá tendo dificuldade.

E o pior é que ela tem dificuldade dos dois lados. Com quem percebeu a atuação dela na CPI da Covid e quem percebeu a atuação dela lá no impeachment de Dilma. Resultado: até agora ela não achou um lugar, tá meio desesperada pelo jeito. Ela queria porque queria o Desenvolvimento Social, que foi para o Wellington Dias, ex-governador do Piauí. Aí ela aceitava o Meio Ambiente, desde que Marina Silva nada obstasse.  Só que Marina Silva já foi convidada por Lula para o Meio Ambiente.

Estão procurando alguma coisa para dar para ela. Parece a dança das cadeiras, ela não consegue sentar numa cadeira, tá sempre em pé dançando. Vai ser um vexame se acabar sentando no chão.

E os outros ministérios também não ficam atrás. O novo ministro da Justiça, em vez de saber quem é que ele estava anunciando, já teve que desanunciar dois. A ministra da Cultura foi escolhida, mas está enrolada até no Ministério da Cultura em prestação de contas que o TCU pegou. Fora pagamento de imposto e de Previdência Social. Agora mesmo ela nomeou o presidente da Fundação Palmares. É o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues. Ele se declarou filho de Xangô com Oxóssi e Ogum.

Entre tantos problemas, se descobriu agora que a futura ministra de Ciência e Tecnologia, que substitui um astronauta, a Luciana Santos quando era prefeita de Olinda foi processada e condenada por improbidade. Está na segunda instância agora. Ela recorreu. Ela é presidente do Partido Comunista do Brasil, o partido anterior do futuro ministro da Justiça.

Estão querendo revogar as escolas cívico-militares que eram o sonho dos prefeitos, porque resolvem o problema de droga entre a juventude, ensinam disciplina, respeito às leis, põem ordem numa juventude que pode estar sendo subjugada, tentada pelo vício e pelo traficante. Por tudo isso, o Estadão, que é um dos mais tradicionais jornais do país, no seu editorial disse o seguinte: “Absolutamente decepcionante a composição ministerial. Um governo radicalmente petista. Frustrante constatar que Lula e seu partido não entenderam nada, não aprenderam nada, não mudaram nada.

Eu acho também que o Estadão se declarando frustrado está confessando ingenuidade, é sinal que não aprendeu. Porque ingenuidade é pecado capital para o jornalista. Eu já cometi ingenuidade, mas o jornalista tem que ser cético. Não pode ser ingênuo de jeito nenhum. Estou dizendo isso porque o Estadão apoiou a candidatura Lula e foi contra Bolsonaro o tempo todo, inclusive durante os quatro anos de governo Bolsonaro. E para encerrar, o Lula desejou feliz Natal, disse que infelizmente muitas famílias não podem comemorar por causa da fome. E aí eu lembro que ele prometeu, enfim, picanha. Picanha com cerveja. É isso que o povo pode esperar para o próximo governo.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/na-danca-de-cadeiras-de-lula-simone-tebet-arrisca-acabar-sentando-no-chao/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O BRASIL SENTE A FALTA DE TUDO

 

Por
Flavio Quintela – Gazeta do Povo


Alexandre de Moraes e Lula no dia da diplomação no TSE.| Foto: Antonio Augusto/TSE

Diz-se que a falta de inteligência é a mais terrível das faltas, pois quanto menos inteligente formos, menos capazes seremos de perceber nossa falta de inteligência.

O Brasil que se avizinha, o de 2023, tem toda a pinta de ser o Brasil das faltas.

É certo que faltará vergonha na cara, pois somente num país sem o menor pudor em ser indecente é possível que alguém que tenha sido condenado e preso consiga ocupar o cargo de presidente da República.

Semelhantemente à falta de inteligência, a falta de liberdade é percebida de forma bem mais suave por aqueles que não fazem questão de ser livres,

Faltará dinheiro, é óbvio, pois já ficou claro que o novo governo pretende eliminar todos os limites institucionais à gastança pública e imprimir dinheiro em ritmo alucinante.

Faltará justiça. Já falta hoje, e o prognóstico não é de melhora, muito pelo contrário. O Judiciário brasileiro não tem em que se espelhar. O tribunal mais alto do país é também onde se praticam as maiores atrocidades contra as liberdades dos brasileiros.

Faltará honestidade. Creio que esse ponto dispensa explicações.

Faltará paz, pois as melhorias que vinham paulatinamente acontecendo na segurança pública serão canceladas e revertidas pelas políticas de leniência para com o crime, tão comuns na caixa de ferramentas do PT.

Faltará prosperidade. O PT segue à risca a cartilha básica do socialismo, que é a igualdade na pobreza. Mesmo para o mais competente dos governos seria quase impossível fazer com que o Brasil crescesse em ritmo suficiente para compensar a deterioração da renda do brasileiro. Dá para imaginar o resultado com um governo progressista e corrupto no poder.

A mesma parte da imprensa que aplaude Alexandre de Moraes é a que criticou o governo e a pessoa de Jair Bolsonaro sem absolutamente nenhuma consequência negativa à sua liberdade de expressão.

Mas, acima de tudo, faltará liberdade. Semelhantemente à falta de inteligência, a falta de liberdade é percebida de forma bem mais suave por aqueles que não fazem questão de ser livres, ou que entendem a liberdade de uma forma truncada e egoísta.

O sujeito que exalta Alexandre de Moraes por sua conduta durante o processo eleitoral de 2022, alegando que ele preveniu um golpe, não sabe o que é liberdade. E é justamente uma grande parte da imprensa nacional, aquele pessoal que deveria lutar com todas as forças contra qualquer tipo de censura, que está pavimentando o caminho para uma ditadura das mais terríveis.

A revista Isto É, por exemplo, elegeu Alexandre de Moraes como o Brasileiro do Ano de 2022, e definiu-o com o título de “fiador da democracia”.  O mesmo Alexandre de Moraes que extrapolou todos os limites do poder que lhe é garantido pela Constituição, desrespeitou a tripartição dos poderes, estabeleceu uma censura ferrenha à liberdade de expressão, desequilibrou o pleito eleitoral, mandou prender gente sem o devido processo legal, criou tribunais de exceção, puniu “crimes” de opinião e instaurou a maior crise institucional já vivida em toda a história da República. Esse homem, segundo os editores da Isto É, é o brasileiro do ano.

A mesma parte da imprensa que aplaude Alexandre de Moraes é a que criticou o governo e a pessoa de Jair Bolsonaro sem absolutamente nenhuma consequência negativa à sua liberdade de expressão. Xingaram o homem de tudo, escreveram milhares e milhares de linhas recheadas de mentiras, notícias falsas e relatos fantasiosos. Ninguém foi preso, sequer processado. Ninguém perdeu perfil de Twitter, ninguém foi desmonetizado, ninguém foi cancelado.

O grande erro dessas pessoas, provavelmente por sua falta de inteligência, é achar que a falta de consequência até o momento será o método que o novo governo adotará no tocante às críticas. Temos de conceder que boa parte dos críticos a Bolsonaro não tem a menor das intenções de criticar o futuro governo Lula. Basta lembrar da cena de comemoração que aconteceu no jornalismo da Globo quando da divulgação da vitória do petista. Festa efusiva é o que todos vimos, algo bastante incompatível com o conceito de “imprensa livre”.

VEJA TAMBÉM:
Para que serve uma suprema corte?
Ainda bem que o TSE é perfeito
Lula de novo na Presidência não faz o menor sentido

Mas tem gente que pretende criticar Lula. É a turma do nojinho. Rejeitaram Bolsonaro por sua estética, por seus palavrões, por suas idiotices, chegando a colocá-lo no mesmo nível de “ruindade” que o criminoso dos nove dedos. Votaram nulo ou 13, na esperança de não se contaminarem. Fizeram-no com a certeza arrogante de que, a partir de 2023, farão o mesmo com Lula. “O PT ficou 13 anos no poder e nunca nos censurou”, pensam. Sim, foram 13 anos de PT no poder e, sim, nossa liberdade de expressão permaneceu intacta. Mas não havia Alexandre de Moraes. Não havia policiamento virtual no nível de hoje. Não havia desmonetização, pois sequer havia monetização em nível considerável.

O terceiro governo de Lula vem aí, ao que tudo indica. Vem para fazer faltar tudo, principalmente a liberdade. Anote bem os nomes daqueles seus amigos que votaram 13 ou nulo, pois em breve, ainda que passe pela mesma crise que eles, somente você poderá dizer “eu te disse”. Não é muito, mas é melhor que estar do lado do arrependimento. E da falta de inteligência.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-quintela/o-brasil-da-falta/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

DIPLOMAÇÃO DE LULA REVELOU A FALTA DE UM ESTADISTA

 

A narrativa de Lula, construída de costas para a realidade, não é capaz de captar o sentimento profundo de gigantesca parcela do eleitorado

Por Carlos Alberto Di Franco

Eu tinha esperança de que a diplomação do presidente eleito pudesse representar aquilo que só os estadistas são capazes de fazer: entender o contexto, construir pontes verdadeiras, olhar para além da própria militância e estender a mão a todos os brasileiros. Não foi o que aconteceu.

A história sempre é rica em ensinamentos. O presidente Juscelino Kubitschek sofreu muito mais do que protestos de rua contra sua eleição. Após assumir a Presidência, e ainda no primeiro mês do seu mandato, o fundador de Brasília enfrentou uma revolta armada contra o seu governo. Militares da Aeronáutica se organizaram num levante contra o presidente. Sufocada a rebelião, como deveria ser, JK anistiou todos os envolvidos. O presidente era um homem sem retrovisor, sem ódios e sem amarguras. Olhava para a frente. Tinha a grandeza dos estadistas.

O que se viu no passado dia 12, na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi rigorosamente o contrário.

No seu discurso de diplomação, o presidente eleito disse que ele venceu “um projeto de destruição do País” e da democracia. Jogou no limbo do autoritarismo, da mentira e do ódio 58,2 milhões de brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro.

Ele afirmou que “o resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido”. Foi a vitória de “uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo”.

Para Lula, portanto, os cidadãos que votaram em Bolsonaro – quase a metade do eleitorado – aderiram a um projeto de destruição da democracia. A narrativa, construída de costas para a realidade, não é capaz de captar o sentimento profundo dessa gigantesca parcela do eleitorado: uma forte decepção com a entronização na Presidência da República de um personagem cuja imagem está intrinsecamente vinculada ao maior caso de corrupção da nossa história.

Lula carrega um passivo inescapável. Sua estratégia, aparentemente, será afogar e reprimir a verdade dos fatos. Como pretende evitar que eles se imponham? Segundo ele, “o combate precisa se dar nas trincheiras da governança global, por meio de tecnologias avançadas e de uma legislação internacional mais dura e eficiente”. O recado do que virá está dado: recorrer ao globalismo asfixiante para, em nome da suposta defesa da democracia, reprimir a liberdade de expressão nas redes sociais. Depois, estou certo, a repressão se estenderá às empresas jornalísticas tradicionais.

Mas não foi apenas Lula que decepcionou os brasileiros. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, aproveitou a cerimônia para escalar seu empenho contra a liberdade de expressão. Ao citar o que considera “grupos extremistas”, Moraes afirmou que as redes sociais foram subvertidas para a disseminação de notícias fraudulentas e que a liberdade de expressão foi “desvirtuada”.

O fato é que, objetivamente, o nível de repressão à liberdade de expressão adotado antes, durante e depois do período eleitoral nos tem colocado mais perto das nações autocráticas que das nações livres.

Não existe “democracia combatente”, como afirmam alguns. O Estado democrático se caracteriza, entre outros atributos, pela liberdade de expressão do pensamento e da crítica. É assim que a coisa se dá nas democracias maduras.

Na França, os gilets jaunes (movimento dos coletes amarelos), durante dois anos, pediram a destituição pura e simples do presidente Macron, em manifestações que se deram nas praças e em locais de grande aglomeração. Nem por isso houve alteração do princípio do livre protesto.

Nos Estados Unidos, agora mesmo, um número considerável de militantes republicanos continua questionando o resultado das eleições. Numa boa. A liberdade de expressão está preservada. A invasão do Capitólio, no entanto, é crime. Outra conversa. Deve ser punida.

A repressão à liberdade de pensamento é a completa deformação da natureza do regime democrático e do direito de criticá-lo, quando se sabe que a única maneira de levá-lo a aperfeiçoar-se está exatamente nas críticas profundas que se fazem num determinado momento.

Meus reparos ao Poder Judiciário não têm ânimo de antagonismo. As reservas que faço a certos comportamentos se apoiam na convicção da importância essencial da instituição. A Corte exige moderação, despolitização e recato.

Não foi o que aconteceu logo após a cerimônia no TSE. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a diplomação na casa do advogado criminalista e antilavajatista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. O evento, numa casa luxuosa no Lago Sul, em Brasília, foi organizado pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, ao som de samba e com garçons servindo whisky, vinho, champanhe e canapés às mais de 50 autoridades, entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares, que estiveram presentes.

Faz sentido a presença de ministros da Corte Suprema numa festa com as características acima descritas? É coerente com a discrição e o recato que se esperam dos membros do Poder Judiciário?

O Brasil precisa de estadistas. Com muita urgência.

Excelente ano novo!

*

BRASIL PRECISA DE UMA REFORMA ADMINISTRATIVA COM URGÊNCIA

 

Passa da hora de uma reforma administrativa

É compreensível a indignação pelo aumento dado a servidores públicos. Mas esse sentimento serve melhor ao País se direcionado a uma discussão profunda sobre estrutura estatal

Por Notas & Informações

A concessão de uma série de aumentos salariais para servidores públicos dos Três Poderes, a poucos dias do recesso parlamentar de fim de ano, provocou uma onda de indignação da sociedade. É compreensível. Há uma crise social instalada e o País não passa exatamente por um momento de exuberância econômica que autorize a aprovação desses aumentos pelo Congresso sem que isso cause um profundo mal-estar.

Os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, foram majorados pelos congressistas em 18%. Passarão dos atuais R$ 39.293,32 para R$ 46.366,19 – teto constitucional para a remuneração de todo o funcionalismo público, o que torna o efeito cascata inevitável.

Some-se a isso o fato inquestionável de que a imensa maioria dos trabalhadores da iniciativa privada nem sequer pode sonhar com reajustes que recomponham o poder de compra corroído pela inflação, que dirá com aumentos salariais que podem variar entre 37% e 50%, como são os casos dos deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República e ministros de Estado.

No entanto, o melhor para o Brasil é que toda essa indignação – justíssima – seja mais bem direcionada e sirva como um ponto de partida para uma discussão mais profunda sobre a estrutura do Estado e os fins a que ele se destina. Decerto não haveria tanta resistência aos aumentos salariais do funcionalismo público se os cidadãos percebessem que em troca de uma alta carga tributária podem contar com o Estado quando precisam dele para resolver alguns de seus problemas.

O caminho mais tentador – e fácil – é canalizar a fúria cívica para a concessão dos aumentos salariais por si só e desqualificar a chamada classe política como uma súcia indistinguível de saqueadores do Tesouro. Trata-se de uma abordagem não apenas errada, como extremamente perigosa.

Errada porque parte de uma premissa infundada. É claro que há uma casta de servidores públicos cobertos por um manto de privilégios que em tudo afronta a própria ideia de República. Mas não se pode tomar uma parte pelo todo e nem tampouco olhar para o serviço público, inclusive para a atividade política, como uma espécie de sacerdócio. Ora, servidores públicos são trabalhadores que devem ser remunerados à altura de suas responsabilidades como quaisquer outros.

A aversão indiscriminada aos políticos e a mera indignação quanto à sua remuneração, além de infrutíferas, são muito perigosas porque abrem uma avenida para aventureiros que fazem da negação da política uma plataforma para chegar a postos de liderança na própria esfera política, usando o sentimento popular como mola propulsora de suas ambições pessoais. O que foi a eleição de um histriônico deputado como Jair Bolsonaro para a Presidência da República se não o resultado dessa apropriação maliciosa e indigna da insatisfação generalizada de uma expressiva parcela de brasileiros?

A discussão sobre o funcionamento do Estado no País tem sido muito rasteira, especialmente contaminada pela mixórdia de opiniões difundidas pelas redes sociais. Em geral, opõe, de um lado, os que defendem um “Estado grande”, intervencionista, indutor do crescimento, e, de outro, os que pugnam por um “Estado mínimo”, que seja capaz apenas de oferecer serviços públicos básicos e garantir um ambiente fértil para os negócios.

Ora, esse debate em torno do tamanho do Estado – e os custos para manutenção de sua estrutura, incluindo o funcionalismo – é menos importante do que discutir o rol de objetivos que o País deve atingir coletivamente. Essa discussão deve ser primordialmente feita no Congresso, por meio de representantes eleitos, sem prejuízo da participação de organizações da sociedade civil, por óbvio, e derivar em uma reforma administrativa, há muito defendida por este jornal, que reflita esse conjunto de aspirações comuns da sociedade.

Mais do que acossar parlamentares pelos aumentos salariais concedidos aos servidores públicos, é preciso que a sociedade pressione o Congresso para dar seguimento a uma reforma administrativa sem a qual o passar dos anos não será nada além de uma sucessão de lamentos – justos, mas inúteis.

O AMBIENTE DE NEGÓCIOS EXIGE UMA CULTURA CRIATIVA

 

Sulivan França, Presidente da Sociedade Latino-Americana de Coaching (SLAC)

De acordo com Sulivan França, a chave para o sucesso está na construção uma nova cultura criativa direcionada ao ambiente de negócios

Ser dono do próprio nariz e poder escolher por onde, de que maneira e em qual momento irá fazer negócios se tornou um dos grandes desejos nacionais, é o que aponta o último levantamento Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado no Brasil juntamente com o Sebrae. De acordo com a pesquisa, quase metade dos novos MEIs (Microeempredores Individuais) empreendem por necessidade, ou seja, se aventuraram na atividade comercial porque não tiveram alternativa para adquirir renda.

À falta de uma educação formal para gerir empresas e à inexperiência no mundo corporativo, soma-se a instabilidade no mercado nacional, o que pode declarar o fechar de portas definitivo de empreendimentos, até aqueles com bastante experiência no segmento de atuação.

Na avaliação de Sulivan França, Presidente da Sociedade Latino-Americana de Coaching (SLAC) e empreendedor há mais de duas décadas, para além da baixa flexibilidade de empresas com a chegada de novas demandas, existem gargalos importantes na educação corporativa e cultura empresarial de operadores de negócios. “Não é raro encontrar empreendimentos, sobretudo com menos de 3 anos de vida, que vivem contratempos até com as operações e os conceitos mais simples da cadeia empresarial. A ausência de uma educação formal voltada aos negócios faz a diferença, mas, o que falta no país é criatividade, aquele ‘algo a mais’ que destaca a organização”, afirma. 

Para Sulivan, o êxito empresarial anda de lado a lado com uma cultura organizacional planificada, bem-estruturada e criativa. “Quando vemos as marcas que hoje dominam nossas vidas como Google, Apple e Meta, pensamos que a caminhada até o topo é impossível. Contudo, se fizermos uma análise retrospectiva e analisar o período em que essas organizações ganharam terreno, perceberemos que nenhuma dessas empresas ‘reinventou a roda’, elas somente somaram uma ideia excelente, um planejamento estratégico convencional, com uma necessidade que abrangia a todos na época – o que hoje chamamos de ‘visão empreendedora’”, explica.

De acordo com Sulivan, o universo do empreendedorismo representa uma travessia necessária, seja por necessidade, planejamento ou inspiração. “Trata-se de uma experiência em que não apenas atingimos a melhor versão de nós mesmos, mas sim, é vivência que permite transformar objetos, pessoas e negócios de maneira rápida e perene, assim revelando a faceta mais humana em cada um de nós: a aptidão para expandir e consolidar relacionamentos em ciclos duradouros”, conclui, ressaltando a importância da uma postura propositiva para negócios.  

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

domingo, 25 de dezembro de 2022

PT FAZ FRENTE AMPLA PARA GANHAR AS ELEIÇÕES MAS OS CARGOS TODOS SÃO DO PT

 

À imagem e semelhança do PTLula e PT não aprenderam nada. Não almejam um novo governo politicamente aberto e plural. Querem tudo para si, descumprindo sua promessa e ignorando necessidades do País

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

AME1793. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 06/07/2022.- El expresidente y candidato a la Presidencia de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva participa en una reunión con representantes de la Samba para participar en un debate sobre el sector cultural, hoy, en la cancha de la escuela de samba Unidos da Tijuca, en Río de Janeiro (Brasil). El dirigente de la izquierda brasileña Luiz Inácio Lula da Silva mantiene una distancia de 14 puntos porcentuales frente al presidente Jair Bolsonaro en una encuesta sobre intenciones de voto con vistas a los comicios del 2 de octubre divulgada este miércoles. EFE/ André Coelho

Depois de uma campanha eleitoral defendendo a necessidade de um governo formado por uma frente ampla e depois de um discurso da vitória no segundo turno afirmando que “esta não é uma vitória minha nem do PT”, é absolutamente decepcionante para o País verificar a composição dos Ministérios que vai sendo delineada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os postos decisivos estão a cargo do PT ou de gente que, por mais que esteja circunstancialmente em outra legenda, sempre teve e continua tendo a mesma visão do PT. Desenha-se, portanto, um governo radicalmente petista, justamente o contrário daquilo que foi repetidas vezes prometido.

A rigor, ninguém pode dizer que está surpreso com tal situação. O passado petista nunca possibilitou qualquer esperança de um governo do PT politicamente aberto e plural. Ao longo da história da legenda, observa-se uma firme constante: sempre consideraram que eles, apenas eles, têm as soluções para o País. Todo o restante do mundo político estaria equivocado. Não teria nada a acrescentar na discussão e no desenho das políticas públicas.

Daí se entende que a brutal e irracional oposição do PT ao governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, não foi mera tática circunstancial. A legenda nunca foi capaz de enxergar nada de bom além de suas linhas. A partir daí entende-se também, por exemplo, o esquema do mensalão. Para o PT, os outros partidos, desprovidos de ideias e propostas, seriam apenas peças de manobra disponíveis para compra. E sendo apenas as suas “soluções” boas para o País, os petistas ainda consideram que esse sistema criminoso e antidemocrático de compra de apoio político estaria plenamente justificado.

Não há, portanto, nenhuma novidade na composição que vai se delineando para o terceiro governo de Lula. É o PT sendo o PT. De toda forma, diante das grandes necessidades do País neste momento, não deixa de ser frustrante – reiteradamente frustrante – constatar que Lula e seu partido não entenderam nada, não aprenderam nada, não mudaram nada.

Nessa composição ministerial dominada pelo PT, há um fato especialmente preocupante. Não é que Lula esteja “apenas” descumprindo a sua principal promessa de campanha, o que, por si só, é grave. No regime democrático, o eleitor merece mais respeito. A monocromia político-ideológica dos Ministérios expressa uma profunda incompreensão do atual País a ser governado e dos desafios que terá pela frente.

Formar um governo de frente ampla não é uma concessão política que Lula deveria fazer em razão das circunstâncias excepcionais da campanha eleitoral. Não é uma ação voltada para o passado. Uma real e efetiva frente ampla é requisito para que o novo governo possa ser minimamente bem-sucedido em suas duas tarefas fundamentais e complementares: promover desenvolvimento social e econômico e promover a pacificação nacional. Insistir no lulopetismo implantado entre 2003 e 2016 é fornecer todas as condições para a reprodução e o fortalecimento do bolsonarismo.

O reconhecimento da necessidade de uma frente ampla não significa tirar ou reduzir o poder de o presidente eleito formar seu governo tal como ele entende que deve ser formado. Nas urnas, o eleitor conferiu-lhe essa atribuição. Goste-se ou não, a partir de 1.º de janeiro de 2023 o presidente da República será Luiz Inácio Lula da Silva. E, respeitando os limites e requisitos legais, ele tem direito a indicar quem ele quiser. O ponto é outro. Seja quem for, um presidente da República não tem direito de ignorar as necessidades nacionais, de desconhecer a complexidade social, política e econômica do país, de achar que seu partido se basta. Numa palavra, um chefe de Estado e de governo não pode se dar ao luxo de ser irresponsável. O poder não é arbítrio. Foi exatamente isso o que fez Jair Bolsonaro – e que tantos males causou ao País.

O grande apelo do eleitor nas eleições de 2022 foi a defesa da democracia. Não cabe defraudá-lo. Democracia exige participação, o que inclui uma tarefa inédita para o PT: ceder poder.

GOVERNO LULA TERÁ 10 MIL CARGOS COMISSIONADOS PARA DISTRIBUIR COM OS COMPANHEIROS

 

Foto: Dida Sampaio/Estadão – 14/6/2020

Por André Shalders – Jornal Estadão

Após negociar loteamento de ministérios, presidente eleito sofrerá pressão por vagas de segundo escalão; só na Presidência há 850 postos em funções sem necessidade de concurso

BRASÍLIA – Quando assumir o comando do governo, em 1.º de janeiro de 2023, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva herdará da administração de Jair Bolsonaro 9.587 cargos comissionados para distribuir na Esplanada, sem contar instituições de ensino e agências reguladoras. Desse contingente, 60% das posições devem ser ocupadas por servidores de carreira e as demais estão liberadas para qualquer pessoa. Após negociar o loteamento de ministérios com partidos, para obter apoio no Congresso, esses postos podem entrar na partilha com a legenda ou ainda ser distribuídos a outras agremiações, se a gestão do ministério vir a ser compartilhada entre aliados.

Existem, ainda, 31.185 funções comissionadas, que só podem ser preenchidas por servidores públicos efetivos. Nestes casos, o servidor ganha adicional no salário para fazer um trabalho diferente daquele para o qual foi contratado.

Lula anunciou 16 novos ministros na quinta-feira, 22; depois de tomar posse, também poderá indicar quase dez mil cargos comissionados no segundo escalão.
Lula anunciou 16 novos ministros na quinta-feira, 22; depois de tomar posse, também poderá indicar quase dez mil cargos comissionados no segundo escalão. Foto: André Borges/EFE

As informações foram levantadas pelo Ministério da Economia, a pedido do Estadão, e dizem respeito somente aos cargos que são indicados diretamente pelo governo. A conta não inclui agências reguladoras, universidades, institutos federais (IFs) nem o Banco Central, pois estas instituições têm autonomia para preencher os postos. Quando consideradas, o total de cargos e funções hoje ocupados no Executivo sobe para 90,1 mil. O número representa quase 16% de toda a força de trabalho, formada por 568,4 mil servidores, sem contar as empresas estatais.

A fatia a ser preenchida pelo novo governo dará a Lula a possibilidade de instalar em postos de chefia servidores concursados ligados a partidos, como o próprio PT, que foram alocados em funções de baixa relevância na gestão de Bolsonaro. O troca-troca na administração federal ainda envolverá uma situação a ser administrada pelo presidente eleito: a destituição de militares da ativa ou da reserva que passaram a ocupar cargos de confiança no atual governo. Como mostrou o Estadão, entre 2013 e 2021 houve um crescimento de 193% no número e militares nessas funções. O levantamento mais recente indicava que havia pelo menos 1 mil oficiais em postos que antes eram de civis.

Leia também

A partir de janeiro, há previsão de que novos cargos comissionados sejam criados para atender à nova configuração da Esplanada, que passará a ter 37 ministérios – ainda que a ideia seja manter um gasto total similar ao que existe hoje. Ao longo deste mês, coube ao futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, definir a estrutura e a quantidade de cargos disponíveis para cada ministério. Boa parte dos atuais comissionados deverá ser exonerada, mas não todos: em alguns casos, é impossível fazer a troca imediatamente sem paralisar a máquina pública.

Apesar de grande, o número de posições que podem ser ocupadas não se compara ao que existia em maio de 2016, quando o PT deixou o poder após o afastamento da então presidente Dilma Rousseff. Naquele momento, eram 21.155 cargos do tipo DAS (Direção e Assessoramento Superior), sem contar outros tipos de comissionados.

Lula já deu início a conversas com aliados que poderão definir o destino de pelo menos parte destes cargos e funções. O presidente eleito teve reuniões separadas com dirigentes do PSB, do Cidadania e do PDT, para tratar da montagem do governo. Para ter um mapa preciso de quais serão as posições a preencher, a equipe de transição solicitou ao governo atual informações sobre a quantidade de cargos comissionados, ocupados e vagos, em cada uma das pastas.

Força

De acordo com os últimos dados disponíveis no Painel Estatístico de Pessoal (PEP), o ministério com mais cargos a serem preenchidos é o de Economia, que hoje concentra quase 1,2 mil posições. Nem toda essa força de trabalho, porém, estará à disposição do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pois o atual modelo de Economia, montado por Paulo Guedes, será desmembrado.

Em seguida nesse ranking vem a própria Presidência da República, com 850 posições; a Agricultura, com 751; e a Cidadania, com 511. Na Advocacia-Geral da União (AGU) são mais 365 postos e 363 no Ministério da Defesa. Os dados do Painel estão atualizados até outubro.

Professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a cientista política Gabriela Lotta se dedica a estudar a burocracia brasileira. Na sua avaliação, o País não tem hoje um excesso de cargos de livre nomeação, mas, sim, um excesso de funções comissionadas, o que acaba resultando na politização de postos que deveriam meramente ser técnicos.

“Se a gente olhar só para esses 9 mil, a gente não tem um número absurdo de cargos, na comparação com outros países. É um número proporcional ao tamanho da nossa máquina pública (…). A questão é que, quando a gente junta as funções gratificadas, aí você cria um problema, que é a politização excessiva dos cargos de médio escalão, mesmo que sejam restritos às pessoas concursadas”, disse Lotta. “Esses cargos descem muito (na hierarquia) e politizam a máquina pública. Então, são pessoas que trabalham em áreas-meio. É o gerente de recursos humanos, a pessoa da Corregedoria. Áreas que deveriam ter um caráter técnico, até para proteger o servidor público, ficam à disposição do governo de turno”, completou.

“Áreas que deveriam ter um caráter técnico, até para proteger o servidor público, ficam à disposição do governo de turno”

Gabriela Lotta, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista política

Para o cientista político e professor do Insper Fernando Schuler, a grande quantidade de cargos e funções é coerente com o modelo de Estado que se consolidou no Brasil, no qual a prestação dos serviços públicos é feita diretamente pela administração pública.

“O Estado brasileiro arrecada 33% do PIB. É um Estado grande. E tem a ver com o modelo de gestão pública que construímos, que começa no governo de Getúlio Vargas (no período do Estado Novo, de 1937 a 1945), passa pela ditadura militar (1964-1988) e se consolida com a Constituição de 1988″, observou ele.

Reformulação

Os cargos comissionados no Executivo foram reformulados por uma medida provisória em setembro de 2021, durante o governo Bolsonaro. Aprovada pelo Congresso, a MP simplificou a estrutura existente antes e criou um novo tipo de posto, chamado de Cargo Comissionado do Executivo (CCE), que hoje forma a maior parte das posições, junto com os antigos DAS. No caso dos DAS, há certa defasagem dos salários, que hoje chegam a R$ 16,9 mil. Já os novos CCEs pagam até R$ 17,3 mil brutos para os ocupantes.

Na teoria, os ocupantes de cargos comissionados são profissionais comprometidos com o projeto político que venceu as eleições e integram a administração pública para ajudar os governantes de turno a adotar a agenda escolhida pela população no voto. Dos 9,5 mil cargos comissionados na estrutura do Executivo, 70% (ou 6,7 mil) estão em Brasília.

POLÍTICOS QUEREM FRAGILIZAR A LEI DAS ESTATAIS PARA PROVEITO PRÓPRIO

 


  1. ESTADÃO
  2. /
  3. POLÍTICA

Diz ex-diretor da Petrobras

Marcelo Zenkner diz que medida favorece a corrupção e vai na contramão das melhores práticas internacionais

ENTREVISTA COM

Marcelo ZenknerEx-promotor de Justiça e ex-diretor de Governança da Petrobras

Publicidade

about:blank

Por Eduardo Kattah e Luiz Vassallo – Jornal Estadão

Em fevereiro de 2021, quando deixou a Diretoria de Governança e Conformidade da PetrobrasMarcelo Zenkner alertou para “sinais concretos” de interferências do governo em sua área. Ex-promotor de Justiça no Espírito Santo, ele entende que seu receio se confirmou. A Petrobras mudou quatro vezes de CEOs em quinze meses, no governo Jair Bolsonaro.

Neste mês, a Câmara aprovou uma mudança na Lei das Estatais que reduziu de 36 meses para apenas 30 dias a quarentena para políticos ocuparem diretorias das empresas – a medida ainda será analisada pelo Senado. Ao Estadão, ele afirmou que a mudança permite que a “erva daninha da corrupção” encontre “terreno fértil para brotar, crescer e debilitar” as estatais. Abaixo, leia os principais trechos da entrevista.

Ex-diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Marcelo Zenkner falou sobre a Lei das Estatais e a corrupção no poder público.
Ex-diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Marcelo Zenkner falou sobre a Lei das Estatais e a corrupção no poder público. Foto: Gabriel Lordello/Estadão

Há quase dois anos o sr. deixou a Diretoria Executiva de Governança e Conformidade da Petrobras alertando para riscos ao sistema de integridade e para os “pilares da independência e autonomia da empresa”. Esses pilares foram comprometidos pela gestão política?

Quando optei por não renovar meu mandato, ainda no início do ano passado, já havia sinais bastante concretos de tentativas de interferência do acionista majoritário na governança da Petrobras, o que, à época, já não era admissível. Essa minha percepção, ao longo dos últimos dois anos, infelizmente se concretizou repetidas vezes. Basta lembrar as insistentes trocas de CEO’s – foram 4 em apenas 15 meses –, as quais eram sempre justificadas pela necessidade de redução dos preços dos combustíveis no Brasil. Um dos CEO’s indicados teve, inclusive, sua experiência profissional e sua formação acadêmica questionadas pelo Comitê de Elegibilidade à luz dos requisitos mínimos exigidos pela Lei das Estatais e pelo Estatuto Social da Petrobras. Houve, ainda, a indicação e eleição de dois conselheiros considerados impedidos pela legislação em vigor. Aliás, o Conselho de Administração da Petrobras, que havia confirmado esses impedimentos, retirou os nomes do boletim de voto ao convocar a assembleia geral de acionistas. Ainda assim, em agosto deste ano, durante a realização da assembleia, a União sobrepassou os impedimentos e insistiu na eleição desses candidatos explicitamente conflitados. Isso viola frontalmente a primeira diretriz da OCDE sobre governança corporativa em empresas estatais, a qual estabelece que os conselhos devem ser compostos de forma que possam exercer um julgamento objetivo e independente, além do que devem ser totalmente desvinculados dos mais altos níveis de governo e nomeados com base em méritos profissionais. Não bastasse tudo isso, ainda foram noticiadas constantes ameaças de troca de diretores, não por desempenho ou capacidade técnica, mas por não demonstrarem lealdade política ao governo. Vale recordar, inclusive, a substituição do diretor de Tecnologia e Transformação Digital às vésperas das eleições presidenciais, sem qualquer justificativa técnica.

Como avalia a disposição do futuro governo Lula em flexibilizar a Lei das Estatais?

Com enorme preocupação, pois segue na contramão das melhores práticas internacionais. A segunda diretiva da OCDE sobre políticas anticorrupção e integridade nas empresas estatais, por exemplo, recomenda que os governos se abstenham de intervir indevidamente nas operações ou de controlar diretamente a gestão das empresas públicas e as sociedades de economia mista. Essa manobra não é nova no Brasil e houve até uma tentativa do atual governo de alterar a lei, o que causaria reflexos diretos nos estatutos das empresas estatais, os quais não podem destoar dos preceitos legais. Agora, talvez se valendo da força política que todo chefe do Executivo recém-eleito possui, a história se repete com mais intensidade. Isso bem demonstra que a fragilização das regras de governança previstas na Lei das Estatais não é uma bandeira de direita ou de esquerda, mas sim de políticos retrógrados que pretendem fazer das empresas estatais um espaço de acomodação de seus aliados. Ocupar os cargos da alta administração das estatais com atores políticos significa orientá-las para a produção de resultados que atendam interesses político-partidários a curto prazo, no máximo em quatro anos. Isso se choca completamente com a visão moderna de empresas de impacto positivo, as quais buscam o lucro oferecendo soluções para os problemas da sociedade, melhoram o bem-estar das pessoas e adotam uma visão de longo prazo na geração de valor. Como a governança das empresas estatais brasileiras estabelecida em lei procura seguir as diretivas do Conselho da OCDE, caso o Brasil tenha mesmo a intenção de se tornar um país membro dessa importante organização para acelerar o seu desenvolvimento econômico e social, não pode, em hipótese alguma, se desviar das boas práticas internacionais.

“A fragilização das regras de governança previstas na Lei das Estatais não é uma bandeira de direita ou de esquerda, mas sim de políticos retrógrados que pretendem fazer das empresas estatais um espaço de acomodação de seus aliados”

Qual o impacto da remoção de marcos jurídicos que garantam o funcionamento de empresas públicas e de sociedades de economia mista? Não é uma contradição com o discurso do PT e da esquerda de valorização das estatais do País?

Em primeiro lugar, esse movimento coloca em risco o próprio Estado Democrático de Direito, à medida em que mistura os interesses das empresas estatais com os interesses da classe política, abrindo espaço para abusos e para a corrupção. Empresas, públicas ou privadas, precisam ser comandadas de maneira independente e autônoma por pessoas íntegras e com perfil técnico-gerencial compatível com suas respectivas diretorias executivas e seus conselhos. É assim que elas irão crescer, atrair investimentos, oferecer empregos, gerar lucros e recolher cada vez mais impostos, o que favorece a população e, em última análise, também o próprio governo. O modelo oposto já se mostrou na prática totalmente fracassado, quase levando a maior empresa do Brasil à bancarrota. Ouvi uma entrevista de um importante integrante do futuro governo dizendo que basta a existência de uma área de controles internos com um responsável capaz para que se evite a corrupção nas estatais, o que não é verdade. O compliance corporativo verdadeiro e robusto começa pelo compromisso e o patrocínio da alta administração em relação às medidas de proteção empresarial que serão implementadas. Assim, se as posições da alta administração (diretoria executiva e conselho) forem preenchidas por apaniguados políticos sem conhecimento técnico e/ou mal intencionados, o compliance officer jamais terá espaço para exercer o seu papel, pois será sabotado, atropelado ou ficará isolado até renunciar ao cargo. Com isso, a erva daninha da corrupção encontrará terreno fértil para brotar, crescer e debilitar a empresa estatal. O trabalho que foi realizado na Petrobras só foi possível porque eu contava, à época, com o apoio integral do Conselho de Administração.

Defensores da operação Lava Jato avaliam que ela foi enterrada. O ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o último preso da operação, deixou a prisão no início da semana. O que esperar do próximo Executivo federal já que o histórico no tema corrupção é manchado por dois escândalos (mensalão e petrolão)?

Em verdade a Operação Lava Jato jamais foi concebida como uma política anticorrupção definitiva dos órgãos de controle e, por isso, é natural que ela chegasse ao final em um determinado momento. O que me incomoda é perceber que as autoridades públicas brasileiras ainda insistem em um modelo repressivo de enfrentamento à corrupção, o qual, isoladamente implementado, já se mostrou completamente ineficaz para essa finalidade. É uma ilusão acreditar que corruptos ficarão eternamente na cadeia ou que voltarão purificados do cárcere. Nesse modelo, ainda que venham a ser afastados dos cargos, eles apenas serão substituídos por outros corruptos que estão apenas esperando a sua oportunidade. Para piorar, muitas vezes ainda vemos os acusadores, que empenharam enorme esforço pessoal, sendo, ao final, injustamente punidos, em uma inversão total de valores. Por isso, é fundamental a realização de um trabalho preventivo de disseminação da cultura de integridade pública e, nessa linha, acredito e defendo a implementação de sistemas de integridade públicos e corporativos como políticas de estado, e não de governo. Já demos passos importantes nesse sentido nos últimos dez anos com a Lei Anticorrupção Empresarial, a Lei das Estatais e com os decretos que tratam da governança pública e dos sistemas de integridade públicos. Assim, mesmo diante de um cenário desanimador, eu prefiro, como dizia Desmond Tutu, ser um prisioneiro da esperança e continuar trabalhando para que nosso sistema preventivo seja devidamente aprimorado.

O ingresso do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol na política partidária não ajudou a desvirtuar a operação do ponto de vista republicano?

É importante dizer que qualquer pessoa de qualquer profissão não só pode como deve participar da política, pois esse é o verdadeiro sentido do exercício da cidadania plena. Em um ambiente político saudável, um movimento nesse sentido de Magistrados e Membros do Ministério Público pode ser recepcionado de maneira natural. Rudolph Giuliani, por exemplo, foi um promotor que ganhou grande notoriedade nos Estados Unidos ao enfrentar a máfia de Nova Iorque e, posteriormente, se tornou prefeito daquela mesma cidade, com uma gestão profundamente elogiada. O próprio futuro ministro da Justiça, que por duas vezes governou o Maranhão, é um ex-juiz federal e não me lembro de essa condição pessoal ter sido contestada em algum momento. O problema é que vivemos no Brasil uma violentíssima polarização política e, assim, a opção dos expoentes da Lava Jato por um dos lados, por óbvio, acabou fortalecendo a narrativa previamente existente de que a operação realmente era um movimento antiesquerda ou direcionado contra uma determinada pessoa. Isso, sem dúvida nenhuma, não apenas abalou a reputação das autoridades públicas no exterior, como também enfraqueceu, de modo geral, o movimento anticorrupção no Brasil, o qual, por muitos anos, ainda será visto com desconfiança pela população. Isso não significa, entretanto, que a corrupção endêmica e institucionalizada não existiu e, por essa razão, é fundamental que os grupos que defendem as prerrogativas dos advogados dialoguem com as organizações que lutam contra a impunidade em prol de um interesse comum que é a Justiça.

Como avalia a decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional o orçamento secreto?

A expressão “orçamento secreto” já é contraditória por si própria, pois o orçamento é, por definição, o instrumento que detalha, anualmente, a maneira pela qual os recursos públicos serão destinados e aplicados. Assim, se há alguma reserva em torno do conhecimento, por qualquer cidadão, da forma como essa atividade administrativa ocorrerá, todos os princípios informadores da Administração Pública previstos na Constituição – legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – estarão violados. Quanto mais transparente for a ação estatal, mais íntegra ela será e menor será a chance de ocorrência de casos de corrupção. E a recíproca também é verdadeira, tanto que o orçamento secreto proporcionou aberrações como o pagamento de mais de 540 mil extrações dentárias em um município do interior do Maranhão de apenas 39 mil habitantes. Isso significa a extração de 14 dentes de cada cidadão da cidade, o que, por óbvio, constitui um fortíssimo indicativo de fraude. A inconstitucionalidade, portanto, é mais do que evidente e deveria ter sido reconhecida desde o ano passado, já que essa matéria foi levada ao STF em 2021. O fato é que a falta de tempestividade na prestação jurisdicional acabou criando um terreno fértil para a corrupção e até mesmo a democracia foi colocada em risco.

“Quanto mais transparente for a ação estatal, mais íntegra ela será e menor será a chance de ocorrência de casos de corrupção”

Em fevereiro deste ano, a ministra Rosa Weber pediu vista sobre uma ação trabalhista contra a Petrobras que pode causar um prejuízo de 47 bilhões. Este rombo já está precificado? Ele representa um erro de gestão? Qual é o risco para a empresa caso ele seja mesmo realizado? E qual é o impacto em termos de segurança jurídica para a Petrobras deste julgamento que se arrasta sem conclusão?

Esse caso sempre foi bastante rumoroso, mas, em verdade, é fruto de uma certa incompreensão de alguns magistrados ao interpretar uma cláusula do acordo coletivo que estabeleceu a política remuneratória da Petrobras. Felizmente, o STF está colocando fim a essa dúvida interpretativa, pois, no julgamento em andamento, já há três votos em favor da tese defendida pela empresa. Após o voto da ministra Rosa Weber, a questão será encerrada e, por isso, o risco de um resultado desfavorável é muito baixo. Caso isso venha ocorrer, o que, sinceramente, não acredito, a Petrobras teria que arcar com um passivo de aproximadamente 54 bilhões de reais e ainda terá que suportar um incremento nas futuras folhas de pagamento de 2 bilhões de reais ao ano. Seria uma verdadeira tragédia, pois recursos previstos para projetos de impulsionamento da economia nacional, com geração de empregos, pagamento de tributos e participações governamentais, acabariam sendo revertidos para pagar empregados que nem fazem mais parte dos quadros da companhia. Pelo bem da Petrobras e do nosso país, espero que o STF confirme o verdadeiro sentido dessa cláusula coletiva e que está em vigor há mais de 16 anos, pois, caso contrário, haverá uma enorme insegurança jurídica.

Temos assistido muito a ida de agentes do governo federal para a iniciativa privada. Muitos deles vão estar do outro lado do balcão em setores que eram geridos, ou regulados pelas pastas ou autarquias antes comandadas por eles. Atualmente, no máximo, quando há conflito de interesse demonstrado, eles recebem uma pena simbólica da Comissão de Ética Pública. Não seria necessário um arcabouço legal que impedisse de maneira mais efetiva esta porta giratória?

Essa questão é realmente importante e deve ser analisada até mesmo de maneira mais ampla, pois muitos executivos também são convidados para ocupar temporariamente cargos públicos que guardam vinculação direta com a atividade das empresas nas quais eles anteriormente trabalhavam. Por isso, a gestão dos conflitos de interesses deve ser realizada no âmbito de um sistema público de integridade, que possui a lealdade como um de seus principais vetores. No caso de migração do Poder Público para a iniciativa privada, o conflito de interesses pode ainda restar caracterizado no período de até 6 meses após o agente público deixar o cargo, conforme estabelece a Lei de Conflito de Interesses. Se configurada a hipótese, poderá haver responsabilização para a pessoa individualmente considerada por improbidade administrativa e, dependendo do caso, até mesmo para a empresa que a abrigou à luz da Lei Anticorrupção Empresarial. A falha estrutural que reconheço nessa lei é no sentido de ela ser aplicável apenas a agentes públicos federais, quando, na verdade, ela deveria alcançar também agentes públicos estaduais e municipais.

O BRASIL PODE ABASTECER O MUNDO COM O NOVO COMBUSTÍVEL MUNDIAL DA AVIAÇÃO


Brasil pode ser a “Opep” do novo combustível mundial da aviação

Por
Marcos Tosi – Gazeta do Povo


Quando comparado ao querosene de aviação, o SAF reduz de 70% a 90% das emissões| Foto: Pixabay

Na corrida para redução das emissões de gases de efeito estufa, está surgindo rapidamente um novo mercado global, o do Combustível Sustentável para Aviação (SAF, da sigla em inglês), em que os recursos naturais colocam o Brasil numa situação privilegiada, comparável até mesmo ao papel geopolítico atual da Arábia Saudita em relação ao petróleo.

Em um prazo relativamente curto, já em 2027, os aviões não poderão levantar voo entre vários destinos internacionais se não compensarem emissões, comprando créditos de carbono, ou se não forem abastecidos por uma mistura mínima de SAF. Esse biocombustível pode ser produzido tanto à base de resíduos agrícolas e florestais, óleos vegetais, gorduras animais e etanol, ou, ainda, por meio do hidrogênio verde, a partir de fonte de eletricidade renovável.

Ainda que a estratégia de descarbonizar a aviação inclua a substituição de frotas antigas por aeronaves mais novas e mais eficientes, maior eficiência operacional e novas tecnologias de propulsão, “o SAF é o elemento mais decisivo e imediato para remover o carbono da atmosfera” – destaca Landon Loomis, presidente da Boeing para a América Latina e o Caribe.

O compromisso da fabricante de aviões norte-americana é fornecer aeronaves comerciais capazes de voar com combustível 100% renovável até 2030.

Brasil possui terras e know-how para liderar produção de SAF
O Brasil está entre os poucos países que, estrategicamente, têm as melhores condições para produção de SAF, em suas diversas rotas tecnológicas. “A gente possui terras que outros países não têm e matérias-primas que outros países também não têm. Dá para produzir de maneira inovadora, mas precisamos começar, porque o tempo de maturação de um projeto desses é de dois a três anos. Temos tudo para ser a Opep da produção de combustível sustentável de aviação”, avalia Marcela Braga Anselmi, chefe da Assessoria Internacional e de Meio Ambiente da Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC). Ela aponta que somente os resíduos agrícolas e florestais gerados no país já seriam suficientes para produzir todo o SAF demandado por voos nacionais e internacionais que tocarem solo brasileiro, até 2030.

Grandes multinacionais do setor agro, como a Cargill, acompanham atentas o desdobramento deste mercado. “Isso tem grande chance de ser uma commodity global futura em que o Brasil tem tudo para brilhar. Esse SAF pode ser obtido ou através do etanol normal, de milho ou de cana, ou do biodiesel. Em voos com origem nos locais que são capazes de produzir o SAF, como os EUA e o Brasil, a tendência é o uso de 100% do combustível sustentável”, aponta Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil.

O executivo cita, como exemplo, o caso hipotético da empresa British Airways, em seu objetivo global de redução de emissões. “O custo para reduzir as emissões num voo Londres-Pequim é muito mais alto do que abastecer 100% de SAF um avião que saia do aeroporto JFK em Nova York e vá para Heathrow, em Londres. É muito mais eficiente. E no Brasil, qualquer um que saia daqui, de Guarulhos para o mundo afora, a tendência em poucos anos para tornar mais barato a redução das emissões das companhias aéreas é sair 100% com SAF”, disse Sousa no evento AgroVision, realizado em São Paulo no início deste mês.

First Green Diesel Flight of the ecoDemonstrator 787 K66249-01

Operação de abastecimento do primeiro voo da Boeing a utilizar mistura de biodiesel, em 2014| Divulgação / Boeing


Demanda por bioquerosene vai explodir em poucos anos
Uma vantagem importante dos combustíveis sustentáveis de aviação é que eles atendem o conceito drop-in, ou seja, podem ser usados em quaisquer motores e turbinas existentes. “O uso de aeronaves elétricas ou diretamente a hidrogênio exigiria a troca da frota existente, o que seria caro e demorado. Para produzir combustíveis avançados para aviação precisamos de uma matéria-prima de origem biológica – como óleos vegetais, gorduras animais ou etanol – ou precisamos de hidrogênio verde, produzido com eletricidade renovável. Em ambos os casos, o Brasil tem grande competitividade. O grande potencial do Brasil vem justamente dessa disponibilidade de matéria-prima competitiva, qualquer que seja ela”, aponta João Guillaumon, sócio da consultoria McKinsey.

Os números ilustram a oportunidade para o Brasil. A substituição da matriz fóssil tem caráter mandatório pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), devendo representar pelo menos 65% do consumo global das aeronaves até 2050, o que permitirá ao setor atingir a meta de carbono zero. Atualmente, no entanto, a produção de SAF atinge apenas 3,5% do consumo dos aviões. São 14 bilhões de litros num universo de 390 bilhões. Em 2050, quando o SAF se tornar o combustível-padrão, serão necessários 450 bilhões de litros.

Assim, a demanda está dada. O desafio é conseguir elevar a produção de maneira exponencial, ao mesmo tempo em que se buscar baixar os custos, que são até 5 vezes mais altos do que os do querosene de aviação. Instalar uma usina pode demorar de três a cinco anos. “Na hora em que você ganha escala e melhora a tecnologia de produção, a tendência é que os preços vão caindo. Daí a importância da pesquisa e do desenvolvimento, de os principais stake-holders estarem juntos, as associações de empresas, universidades e centros de pesquisas. O modelo do etanol é exemplo para ser replicado”, diz Carolina Grassi, gerente de políticas públicas e inovações da Roundtable on Sustainable Biofuels (RSB), certificadora internacional de biocombustíveis que reúne mais de 100 organizações dos setores público e privado e que orienta a conformidade para as indústrias.

Marco regulatório do SAF aguarda novo governo e Congresso
Estabelecer uma cadeia industrial de SAF depende, também, da regulamentação e de políticas públicas de cada país. Na Europa, discute-se obrigar as companhias a usar pelo menos 2% de mistura SAF a partir de 2025, enquanto, nos EUA, desde o ano passado existe um programa de incentivos para atingir produção de 3 bilhões de galões de SAF por ano até 2030. A meta é abastecer 100% da aviação americana até 2050, o que demandaria 35 bilhões de galões anuais.

No Brasil, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) instituiu em 2021 o Programa Combustível do Futuro, para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono. Desde então, o Ministério das Minas e Energia promoveu uma série de reuniões de trabalho com os principais stake-holders do mercado da aviação para subsidiar um projeto de lei que tratará, dentre outras diretrizes, da criação de um Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (PROBIOQAV). A proposta é começar com redução mínima obrigatória das emissões de dióxido de carbono em 1% por parte dos operadores aéreos, a partir de janeiro de 2027, percentual que poderá ser elevado pelo CNPE para até 10% nos dez anos seguintes.

O esboço do projeto de lei está pronto e deve ser discutido com o Congresso no início da próxima legislatura. Em vez de estabelecer uma mistura mínima de SAF ao querosene de aviação, como prevê outro projeto, o PL 1873/2021, do deputado Ricardo Barros, o executivo optou por metas de redução de emissões pelo uso de SAF. Na prática, isso evitaria que todos os aeroportos fossem obrigados a instalar pontos de mistura física do combustível. Em vez disso, haveria locais de abastecimento estratégicos, com melhor custo-benefício.

Fase mandatória para uso de SAF começa em 2027
O ano de 2027 será um divisor de águas para o combustível sustentável de aviação. Antes dessa data, os países cumprem metas voluntárias dentro do Sistema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (CORSIA). Depois, começa a fase mandatória. Todos os países com participação acima de 0,5% nas rotas internacionais deverão ter SAF para abastecer seus aviões. Na prática, a rota São Paulo-Miami, por exemplo, será obrigada a usar combustível renovável, porque os dois pontos interligados se enquadram na regra dos 0,5%. Isso não se aplicaria, num primeiro momento, à rota São Paulo-Buenos Aires, porque, diferente do Brasil, a Argentina não tem participação acima de 0,5% nos voos internacionais.

Em outubro, associações de biocombustíveis da América do Sul assinaram um manifesto pedindo que os governos de Argentina, Brasil, Colômbia, Paraguai e Uruguai promovam, de forma abrangente, uma estratégia de transição energética pelo desenvolvimento do setor, tanto para o transporte veicular, quanto para o aéreo, fluvial e marítimo. O manifesto sublinha a importância de marcos regulatórios que garantam os investimentos em biocombustíveis e em pesquisas científicas e tecnológicas, “de forma que os países sul-americanos aproveitem as capacidades de suas cadeias agrícola e pecuária, tanto para cumprir os compromissos de descarbonização assumidos no Acordo de Paris, como para liderarem globalmente a produção de energia limpa e renovável”.

Atualmente, mistura de SAF admitida na aviação é de até 50%| Divulgação / Boeing
Grupo brasileiro vai produzir SAF no Paraguai


Enquanto a regulamentação não sai, o empresário brasileiro Erasmo Battistella, do ECB Group, investe no Paraguai. O complexo Omega Green, apoiado pelo governo paraguaio num regime de Zona Franca, receberá investimento de R$ 5 bilhões, e é a primeira planta de biocombustíveis avançados do hemisfério sul. Vai produzir o chamado “diesel verde” HVO, SAF a partir de óleos vegetais e nafta verde. Cerca de 90% da capacidade inicial, de 20 mil barris/dia de biocombustível, já está contratada pela Shell e pela British Petroleum (BP). Os principais clientes estão nos EUA, Canadá e na União Europeia. O mesmo grupo ECB investe ainda R$ 556 milhões numa fábrica de etanol de trigo em Passo Fundo (RS).

Em outra frente, a Raízen, maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do mundo (joint-venture entre a Cosan e a Shell), firmou acordo com a Embraer para desenvolver a cadeia de produção de SAF. A meta da fabricante de aviões é chegar a 2030 com toda sua linha de produção apta a operar 100% com combustível sustentável.

USINA SÃO MARTINHO NA CIDADE DE PRADÓPOLIS NO INTERIOR DE SÃO PAULO – CANA DE AÇÚCAR – CASE – TRATOR

Colheita de cana na Usina São Martinho, em Pradópolis (SP)| Jonathan Campos / Arquivo Gazeta do Povo
Etanol é o biocombustível com menor pegada de carbono no mundo


O pioneirismo do Brasil no uso de motores movidos a etanol, que remonta à década de 70, será um know-how importante nas parcerias com empresas aéreas. Mateus Lopes, diretor de Transição Energética da Raízen, destaca ainda a sustentabilidade e a possibilidade de o etanol ser produzido em grande volume. “Em geral, o etanol é o biocombustível com menor pegada de carbono do mundo e o Brasil é o segundo maior produtor global deste produto, atrás apenas dos Estados Unidos. É uma das fontes mais eficientes na conversão de energia solar em biomassa, a base do nosso negócio e um dos recursos mais importantes do Brasil. Apesar de não descartar outras possibilidades e tecnologias, hoje nós vemos o etanol como a nossa maior aposta para a transição de baixo carbono e como a melhor fonte para alcançar a nossa meta de redefinir o futuro da energia”, sublinha Lopes.

No espaço aéreo brasileiro, a Gol informou que já tem em andamento um processo de troca de aeronaves, mais eficientes e com menor consumo de combustível, como seria o caso do Boeing 737 MAX8. A maior parcela da descarbonização, contudo, segundo nota da empresa enviada à Gazeta, “virá certamente da utilização do SAF, mas para que isto aconteça, é necessário o estabelecimento de políticas públicas que permitam a ampliação do mercado, hoje praticamente inexistente”. “Este é um caminho sem volta, mas que certamente ensejará ações de toda a sociedade para que se dê com o menor impacto possível”, diz a Gol.

A demanda pelo SAF já está criada e só tende a crescer. A Latam informou ter assumido compromisso de utilizar até 5% de SAF em suas operações até 2030, o que equivale a 300 milhões de litros, dando prioridade à produção na América do Sul. ”É importante ressaltar que, em busca da descarbonização do setor, o custo do voo não pode aumentar a ponto de inibir o acesso da população ao transporte aéreo. Diante disso, estamos participando ativamente das discussões que envolvem a criação de uma política pública no País em relação aos combustíveis sustentáveis de aviação para que haja as condições habilitantes para o seu desenvolvimento”, diz nota da Latam.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/brasil-pode-ser-a-opep-do-novo-combustivel-mundial-da-aviacao/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

GOVERNO BOLSONARO APLICOU 116,4 BILHÕES EM OBRAS DE INFRAESTRUTURA

 


Em quatro anos, Bolsonaro contratou R$ 116 bilhões em investimento privado em transportes

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo


Trecho da Via Dutra, que liga Rio de Janeiro e São Paulo: sistema da Nova Dutra e Rio-Santos deve receber R$ 14,8 bilhões em investimentos privados.| Foto: Divulgação/Ministério da Infraestrutura

Em quatro anos, o governo de Jair Bolsonaro (PL) garantiu um total de R$ 116,4 bilhões em investimentos privados em obras de infraestrutura de transportes por meio de concessões e arrendamentos. O valor veio da realização de 100 leilões de ativos nos modais aeroportuário, portuário, ferroviário e rodoviário, entre 2019 e 2022, que renderam ainda R$ 27,47 bilhões em outorgas pagas ao governo.

O programa de concessões tornou-se a “menina dos olhos” do governo e chegou a ser destacada no discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU de 2021. Além disso, ajudou a angariar capital político para o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que acabou eleito governador de São Paulo no pleito deste ano pelo Republicanos.

Embora exaltados pelo governo, os números ficaram abaixo das projeções do início do mandato. Até o ano passado, o Ministério da Infraestrutura falava em encerrar a gestão com R$ 250 bilhões em recursos garantidos do setor privado no programa de concessões. No início do ano, a estimativa havia sido reduzida para cerca de R$ 200 bilhões.

Desde 2019, 49 aeroportos foram concedidos à iniciativa privada, rendendo um aporte de R$ 17,3 bilhões das vencedoras dos leilões nos próximos anos para a manutenção e modernização dos terminais aéreos. Entre os destaques, o leilão do direito de exploração do Aeroporto de Congonhas (SP), o segundo mais movimentado do país, que foi arrematado em agosto pelo grupo espanhol Aena.

No setor portuário, foram garantidos mais de R$ 6,5 bilhões em investimentos privados. Além de 36 terminais arrendados, pela primeira vez na história foi desestatizada uma administradora portuária, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), responsável pelos portos de Vitória e de Barra do Riacho. O vencedor do leilão, realizado em março deste ano, foi o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Shelf 119 – Multiestratégia.

O negócio assegurou R$ 850 milhões em investimentos para os próximos 35 anos de contrato, sendo R$ 334,8 milhões em novas instalações e melhorias e R$ 515 milhões em obras de manutenção, como de dragagem dos canais de acesso aos terminais.

No modal rodoviário, foram concedidos sete lotes de rodovias, que preveem contratualmente R$ 48,9 bilhões em investimentos das concessionárias. Entre os leilões de maior relevância, destacam-se o sistema formado pela Nova Dutra (BR-116) e Rio-Santos (BR-101), que tem R$ 14,8 bilhões em investimentos previstos, e a Rio-Valadares (BRs 116, 465 e 493), que teve R$ 11,3 bilhões contratados.

Além disso, R$ 43,7 bilhões foram garantidos em sete projetos ferroviários. Foram concedidas a Ferrovia Norte-Sul (FNS) e a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol I), e renovados antecipadamente os contratos com a Rumo Malha Paulista (RMP), a Estrada de Ferro Carajás (EFC), a MRS Logística S.A e a Estrada de Ferro Vitória-Minas, a qual permitiu ainda, pelo mecanismo de investimento cruzado, o início das obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico I).

“Desde o primeiro dia da gestão, encaramos a infraestrutura como questão de Estado. Isso nos fez retomar e concluir obras paradas; executar novas intervenções e buscar parcerias para atrair o investimento privado, fazendo frente aos desafios impostos pelas restrições orçamentárias que enfrentamos nesses quatro anos”, declarou o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, em nota.

Por que as concessões ficaram abaixo das projeções do governo
Para além da suspensão de diversas agendas devido à pandemia do novo coronavírus entre 2020 e 2021, houve diversas razões para adiamentos de projetos. Um dos leilões que estava previsto para este ano e que acabou atrasando é o da concessão das rodovias integradas do Paraná, em razão do processo de análise do certame pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A desestatização do porto de Santos, também prevista originalmente para 2022, está igualmente travada no TCU, em razão de pedidos de vista de três ministros ao processo.

No setor aeroportuário, foram adiados ainda o leilão do Aeroporto Santos Dumont (RJ) e a relicitação do Aeroporto Galeão (RJ), devolvido no início do ano pela concessionária. O Ministério da Infraestrutura retirou os dois do conjunto de terminais aéreos que seriam entregues neste ano por falta de acordo com o governo estadual em relação às condições da operação.

A Ferrogrão, projeto ferroviário de 933 km de extensão que ligaria a região Centro-Oeste ao Porto de Miritituba, no Pará, está com o processo suspenso por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que acatou liminar sobre a ilegalidade de uma media para desafetação de 832 hectares do Parque Nacional do Jamanxim que tinha o objetivo de viabilizar o traçado da ferrovia.

Em outra frente, o programa Pro Trilhos, lançado em 2021 a partir da entrada em vigor aprovação de um novo modelo para construção de ferrovias por meio de autorizações federais, já viabilizou a execução de 32 projetos, que têm potencial para implantar 10,9 mil km de novos trilhos em 15 unidades da Federação. Ao todo, são projetados até R$ 149,6 bilhões em investimentos privados nas próximas décadas.

Confira os leilões realizados de 2019 a 2022:

Aeroportos – 49 concessões: R$ 17,3 bilhões em investimentos e R$ 8,41 bilhões em outorga
Alta Floresta (MT);
Altamira (PA)
Aracaju (SE);
Bagé (RS);
Belém (PA);
Boa Vista (RR);
Campina Grande (PB);
Campo Grande (MS)
Corumbá (MS)
Cruzeiro do Sul (AC);
Curitiba (PR);
Curitiba/Bacacheri (PR);
Foz do Iguaçu (PR);
Goiânia (GO);
Imperatriz (MA);
João Pessoa (PB);
Joinville (SC);
Juazeiro do Norte (CE);
Londrina (PR);
Macaé (RJ);
Macapá (AP):
Maceió (AL);
Manaus (AM);
Marabá (PA);
Montes Claros (MG)
Navegantes (SC);
Palmas (TO);
Paraupebas (PA);
Pelotas (RS);
Petrolina (PE);
Ponta Porã (MS)
Porto Velho (RO);
Recife (PE);
Rio Branco (AC);
Rio de Janeiro/Jacarepaguá (RJ);
Rondonópolis (MT);
Santarém (PA)
São Luís (MA);
São Paulo/Congonhas (SP)
São Paulo/Campo de Marte (SP)
Sinop (MT);
Tabatinga (AM);
Tefé (AM);
Teresina (PI);
Uberaba (MG)
Uberlândia (MG)
Uruguaiana (RS);
Várzea Grande (MT); e
Vitória (ES).
Portos – 33 arrendamentos e 1 desestatização: R$ 6,5 bilhões em investimentos e R$ 2,36 bilhões em outorga
Arrendamentos:

3 em Cabedelo (PB);
1 em Vitória (ES);
5 em Belém (PA);
2 em Vila do Conde (PA);
5 em Santos (SP);
2 em Paranaguá (PR);
2 em Aratu (BA);
2 em Maceió (AL);
2 em Mucuripe (CE);
4 em Itaqui (MA);
1 em Pelotas (RS);
1 em Santana (AP);
1 em Salvador (BA);
1 em Areia Branca (RN); e
1 em Imbituba (SC).
Desestatização:

Companhia de Docas do Espírito Santo (Codesa).
Ferrovias – 2 concessões, 4 renovações e 1 investimento cruzado: R$ 43,7 bilhões em investimentos e R$ 14,6 bilhões em outorga

Concessão da Ferrovia Norte-Sul (FNS);
Renovação da Rumo Malha Paulista (RMS);
Renovação da Estrada de Ferro do Carajás (EFC);
Renovação da MRS Logística S.A.;
Renovação da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EVFM) + Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico); e
Concessão da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol 1).
Rodovias – 6 concessões: R$ 48,9 bilhões em investimentos e R$ 2,1 bilhões em outorga
BR-101/290/386/448 (RS);
BR-364/365 (GO/MS);
BR-101 (SC);
BR-153/080/414 (GO/TO);
BR-163/230 (MT/PA);
BR-116/101 (SP/RJ); e
BR-116/465/493 (RJ/MG)
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/em-quatro-anos-bolsonaro-contratou-r-116-bilhoes-em-investimento-privado-em-transportes/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.