Após 40 dias, o presidente Jair Bolsonaro rompeu o silêncio na
sexta-feira (9) e disse que a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas
eleições presidenciais “dói na alma”.
“Estou há praticamente 40 dias calado. Dói, dói na alma. Sempre fui
uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida no meio
do povo”, disse Bolsonaro ao falar a apoiadores em frente ao Palácio da
Alvorada, em Brasília.
“Alguns falam do meu silêncio. Há poucas semanas, se eu saísse aqui e
desse bom dia, tudo seria deturpado, tudo seria distorcido”,
justificou.
O presidente permaneceu em silêncio e quase sem agenda pública depois
que Lula venceu o segundo turno, em 30 de outubro, por uma estreita
margem: 50,9% a 49,1%.
Desde então, Bolsonaro participou de seu primeiro evento oficial em 26 de novembro em uma academia militar.
Após a derrota, milhares de apoiadores bloquearam rodovias e
protestaram em frente a quartéis militares, pedindo uma intervenção das
Forças Armadas para impedir a posse de Lula, em 1º de janeiro.
Bolsonaro considerou nesta sexta que “as Forças Armadas são
essenciais em qualquer país do mundo (…), são o último obstáculo para o
socialismo”.
O presidente disse, ainda, que “é o povo quem decide o destino”.
“Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide
para onde vão as Forças Armadas são vocês”, acrescentou, destacando que
“vivemos um momento crucial, uma encruzilhada”.
Enquanto avança a transição, Lula anunciou os cinco primeiros
ministros de seu gabinete: Fernando Haddad para a Fazenda, Rui Costa
para a Casa Civil, Flávio Dino para a Justiça e Segurança Pública, José
Múcio Monteiro para a Defesa e Mauro Vieira para as Relações Exteriores.
O ICMS do combustível vai mudar de novo. O que se sabe do acordo entre União e estados
Por Guilherme Grandi
As regras de tributação do ICMS dos combustíveis vão mudar de novo após um acordo entre a União e os estados.| Foto: Bigstock
A
queda de braço entre o governo federal e os estados por causa da
redução do ICMS dos combustíveis pode estar chegando ao fim. O que
significa, também, que as regras para a cobrança do imposto vão mudar
novamente, com possível prejuízo ao consumidor.
No início do mês, representantes dos estados e da União chegaram a um
acordo para modificar pontos das leis complementares (LCs) 192 e 194,
aprovadas neste ano como parte do esforço do governo de Jair Bolsonaro
(PL) e do Congresso para conter a escalada de preços em meio à alta do
dólar e do petróleo.
O acordo foi desenhado na Comissão de Conciliação e Mediação criada
no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Gilmar Mendes, mas não entra
em vigor imediatamente. Ele ainda depende da chancela formal das partes,
de homologação do STF e, por fim, da aprovação de projetos no Congresso
para modificar as leis citadas.
Na prática, o acordo devolve aos estados a autonomia para definir as
alíquotas cobradas de combustíveis como etanol, diesel, biodiesel, GLP
(gás de cozinha) e gás natural, desde que respeitando o chamado “teto do
ICMS”.
A gasolina, porém, ficou de fora desse acordo e terá a tributação
discutida por outra comissão, e apenas no ano que vem. Não se sabe,
portanto, se esse combustível continuará subordinado ao teto do ICMS –
dispositivo que, junto com a isenção temporária dos tributos federais
(PIS, Cofins e Cide), foi fundamental para a forte queda dos preços e da
inflação geral de julho em diante.
Os demais serviços declarados essenciais pela LC 194, como energia
elétrica, comunicações e transporte coletivo, não terão alteração,
segundo informou o Ministério da Economia à Gazeta do Povo. Isso
significa que para eles o teto do ICMS continuará valendo.
“As propostas consensualizadas na audiência da última sexta-feira [2
de dezembro] representam um avanço na busca do reequilíbrio federativo”,
disse o Comsefaz.
O que dizem as leis complementares 192 e 194, que serão modificadas A
LC 192, de março, disciplinou alguns pontos que já eram previstos na
Constituição. Determinou que o ICMS dos combustíveis seja uniforme em
todo o território nacional (ou seja, para cada combustível haverá
tributação idêntica em todos os estados) e de regime monofásico (isto é,
incidindo uma única vez na cadeia de fornecimento e sendo recolhido
pelos produtores ou importadores). A lei também diz que as alíquotas
devem ser específicas (“ad rem”), isto é, fixadas em reais por litro e
não em um porcentual do preço.
A LC 194, de junho, criou o “teto do ICMS”. Ela determinou que
combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte
coletivo são “bens e serviços essenciais e indispensáveis, que não podem
ser tratados como supérfluos”. Com isso, os estados ficaram proibidos
de tributar esses itens acima das alíquotas padrão do ICMS, de 17% ou
18% na maioria dos casos. Até então, vários estados cobravam alíquotas
próximas de 30% sobre a gasolina – em Minas Gerais e Rio de Janeiro, os
porcentuais chegavam a 31% e 34%, respectivamente.
Essas e outras medidas causariam, às unidades da federação, uma perda
de arrecadação estimada em R$ 124 bilhões por ano pelo Comitê Nacional
de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e
do Distrito Federal (Comsefaz).
As perdas de arrecadação levaram governadores a acionar a Justiça, o
que por fim resultou na criação de uma comissão de conciliação no STF.
Em paralelo, algumas unidades da federação enviaram às assembleias
legislativas propostas para aumentar a tributação de outros produtos ou
então elevar as alíquotas gerais do ICMS.
Recentemente, o Comsefaz calculou que a alíquota média padrão do ICMS
em todo o país teria de subir de 17,5% para 21,5% a fim de recompor a
arrecadação dos estados e garantir o mesmo nível de recursos e
investimentos anteriores aos cortes aprovados pelo Congresso Nacional.
O que vai mudar no ICMS dos combustíveis O acordo entre estados e
União estabelece que estados terão a competência de escolher se a
alíquota uniforme e monofásica do ICMS dos combustíveis será fixada em
reais por litro (“ad rem”) ou em porcentual (“ad valorem”). Ou seja, não
serão mais obrigados a adotar a alíquota “ad rem” prevista na LC 192. A
definição será feita por meio do Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz), que reúne os secretários estaduais da área.
Além disso, não haverá mais um prazo mínimo para o reajuste dessas
alíquotas. Pela LC 192, as unidades da federação não poderiam alterá-las
nos primeiros 12 meses de vigência, e depois teriam de obedecer um
intervalo mínimo de seis meses para alterações. Os estados também foram
dispensados de observar a evolução dos preços dos combustíveis “de modo
que não haja ampliação do peso proporcional do tributo na formação do
preço final ao consumidor”. Em outras palavras, o peso dos impostos
poderá subir.
Por outro lado, o acordo impõe aos estados a obrigação de finalmente
celebrar o convênio que definirá as tais alíquotas uniformes e
monofásicas, que estão previstas desde a sanção da LC 192. Após algumas
prorrogações, o ministro André Mendonça, do STF, determinou que elas
sejam implementadas até o fim do ano, o que foi reforçado pelo acordo.
Para Gilberto Luiz do Amaral, presidente do conselho superior do
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a
uniformização das alíquotas vai permitir que os consumidores saibam
exatamente quanto estão pagando de imposto, “com uma previsibilidade que
é também um passo anterior à reforma tributária que terá o ICMS como um
dos alvos”.
Como já citado, essa uniformização não vai abranger de imediato a
tributação da gasolina – “que deverá ser objeto de acordo posterior”,
segundo comunicado do STF.
Assim, embora pelo acordo os estados se comprometam a reconhecer de
imediato que diesel, GLP e gás natural são bens essenciais (e, portanto,
sujeitos ao teto do ICMS, conforme a LC 194), a “essencialidade” da
gasolina ainda será discutida.
Caso ao fim dos debates esse combustível não seja declarado
essencial, parece natural que sua tributação seja elevada além dos
limites atuais, que respeitam o teto. Com aumento no imposto, a
consequência óbvia é um aumento do preço ao consumidor.
Outro ponto do acordo diz respeito à compensação que a União terá de
pagar aos estados por perdas de arrecadação decorrentes do teto do ICMS.
A LC 194 determinou o ressarcimento de eventuais perdas, em 2022, que
superem 5% da arrecadação do tributo em 2021, mas os critérios de
cálculo sempre foram motivo de controvérsia entre os governos locais e a
União.
Na comissão de conciliação, as partes decidiram criar um grupo de
trabalho específico para revisar, em até 120 dias, os critérios de
apuração da perda de arrecadação. Já ficou definido, de todo modo, que a
base de comparação será mensal (arrecadação em determinado mês de 2022
versus mesmo mês de 2021) em vez de anual (arrecadação no ano de 2022
versus 2021).
Amaral, do IBPT, considera indevido falar em perdas para os estados,
considerando o histórico de elevada tributação. “Na verdade, eles
deveriam devolver à população, pois se aproveitaram durante anos para
arrecadar antes do STF determinar os produtos e serviços considerados
essenciais, cobrando alíquotas que chegaram a 34%”, diz. “Sempre houve
um excesso de tributação.”
No fim de 2021, o STF definiu que os estados não podiam cobrar, em
energia elétrica e telecomunicações, alíquotas de ICMS superiores às
alíquotas das operações gerais. Isso é, o próprio STF definiu um teto de
tributação para esses dois serviços. A pedido dos estados, o STF
definiu que tal teto valeria a partir de 2024, dando dois anos para a
adaptação.
O que o governo Bolsonaro e o Congresso fizeram meses depois, com a
LC 194, foi estabelecer um teto do ICMS não só para energia elétrica e
telecom, mas também para combustíveis e transporte coletivo. E com
vigência imediata, isto é, sem esperar até 2024.
O que falta para o acordo entre estados e União entrar em vigor O
acordo ainda precisa ser aprovado pelo governo federal – passando pelo
próprio Ministério da Economia e também pelo Ministério de Minas e
Energia, Casa Civil e Advocacia-Geral da União – e pelos governadores.
Vencidas essas etapas, o STF poderá finalmente homologar o acordo.
Após a homologação, um projeto de lei será encaminhado ao Congresso para
modificar as LCs 192 e 194. Tal encaminhamento só deve ocorrer na
próxima legislatura, ou seja, de fevereiro de 2023 em diante.
“O que fará com que a definição das novas alíquotas já comece
atrasada no próximo ano, e que pode ser prolongada caso algum estado
precise levar a discussão novamente à Justiça”, diz Luciano Bernart,
advogado tributarista e conselheiro do Conselho de Administração de
Recursos Fiscais (Carf).
Acordo à parte, estados já elevam ICMS de outros produtos e serviços Independentemente
da conciliação no STF, alguns estados já promovem minirreformas
tributárias para elevar a arrecadação. Alguns deles, como Pará e Paraná,
já elevaram a alíquota padrão do ICMS, aquela que vale para a maioria
das operações (e que serve de limite máximo para os bens e serviços
sujeitos ao teto estabelecido pela LC 194).
Para Francisco Mendes de Barros, membro do conselho deliberativo do
Instituto Justiça Fiscal (IJF) e mestre em administração pública e de
governo pela FGV-SP, isso vai significar um aumento não apenas no preço
dos combustíveis, mas nos custos de vida e de produção em geral.
“Não vejo nenhum sentido nisso, os estados estão querendo voltar a
arrecadar o que não precisam. Se for nessa direção, daqui a pouco essa
alíquota interna [geral] vai estar em 30%, sendo que o imposto que se
deixou de arrecadar com os combustíveis acabou compensado em outros
setores por conta da alta dos preços provocada pela inflação”, analisa.
Gilberto Amaral, do IBPT, diz que quem vai sair perdendo é o
consumidor. “A consequência disso é que o consumidor vai pagar mais ICMS
sobre determinados alimentos e produtos não apenas por causa dos
combustíveis, que impactam a cadeia inteira. Com a elevação da alíquota
básica nos estados, como já vem ocorrendo, todos vão pagar mais”,
explica.
No Paraná, a alíquota geral do ICMS subiu de 18% para 19%. No Pará,
de 17% para 19%. No Piauí, o governo do estado encaminhou um projeto
pedindo tributação de 21,5%.
Por outro lado, no estado de São Paulo, o governador eleito Tarcísio
de Freitas (Republicanos), disse que não pretende aumentar a alíquota de
17% sobre os produtos e serviços essenciais, alegando que o aumento da
carga tributária pressiona a produção. “Quero desonerar a produção para
gerar investimento, que gera emprego, trabalho e faz a arrecadação
subir”, falou ao Poder360.
Banda larga para todos deve ser prioridade do próximo governo
Por Célio Martins
| Foto: Reprodução/PwC
Um estudo recente, realizado pela
PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra que a
desigualdade de acesso à internet no Brasil é uma das grandes barreiras
para o país se desenvolver. Denominado “O abismo digital no Brasil”, o
levantamento revela que, embora 81% da população brasileira acima dos 10
anos tenha acesso à internet, somente 20% conta com uma conexão de
qualidade. Esse levantamento se junta a diversos outros que expõem as
dificuldades e limitações que uma grande parcela da população enfrenta
quando o tema é internet de qualidade. Os dados já coletados e
disponíveis são suficientes para que o próximo governo coloque o tema
como prioridade em suas ações a curto e médio prazos.
A pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação
nos domicílios brasileiros, TIC Domicílios 2021, retrata de forma clara a
disparidade de acesso à internet no país. Enquanto 100% dos domicílios
da classe A e 98% da classe B estão conectados, apenas 61% das classes D
e E tem acesso à rede. Essa realidade se agrava pelo fato de que a
qualidade de conexão da maior parte dos domicílios de baixa renda é
ruim.
O mundo iluminado da internet e as trevas dos países pobres retratam a exclusão digital.| Reprodução/DT Global A
população de menor poder aquisitivo também não tem acesso a
equipamentos adequados. Enquanto praticamente a totalidade dos
domicílios da classe A (99%) e a grande maioria da classe B (83%) tem
computador, menos da metade dos domicílios da classe C (41%) e apenas um
em cada dez (10%) da classe D dispõe do equipamento.
Voltando ao estudo da PwC Brasil em parceria com o Instituto
Locomotiva, fica evidente que a falta de qualidade no acesso à internet
impacta principalmente as classes de menor poder aquisitivo. “Entre as
principais razões para a dificuldade de acesso à internet estão a baixa
qualidade do sinal e o alto custo dos planos e dos equipamentos. A
pesquisa demonstra que a infraestrutura é deficitária em todo o país,
mas que o problema é mais grave em regiões periféricas”, diz o
relatório.
Outro dado negativo é que, sem dispor de computador, a grande maioria
dos ususários de internet das classes C, D e E acessam a rede
exclusivamente por smartphone, “o que limita ainda mais o uso de
recursos digitais para informação, aprendizado e utilização de
serviços”. Sem contar que, devido ao alto custo dos planos de dados de
telefonia móvel, essa parcela da população fica desconectada a maior
parte do tempo.
Sem oferecer condições de acesso à grande parcela da população hoje
excluída digitalmente, o Brasil ficará cada vez mais para traz do mundo
desenvolvido. Acesso à internet é fundamental não só para buscar
informação, diversão (música, esportes, jogos) ou usar as redes sociais.
A conectar-se à rede com qualidade, toda pessoa tem as portar abertas
para fazer negócios, transações financeiras, acesso facilitado à
justiça, aos serviços públicos, ao estudo, a vagas de emprego e muito
mais.
Para cumprir as promessas de impulsionar o desenvolvimento econômico,
social e cultural do país, o governo Lula não poderá deixar em segundo
plano a igualdade de acesso à internet. O ex-ministro das Comunicações e
do Planejamento Paulo Bernardo, coordenador do grupo de trabalho de
Comunicação na equipe de transição do próximo governo, diz que a
determinação de Lula já foi dada: buscar medidas para baratear o acesso
por banda larga. Esse seria um dos passos mais importantes para que
muitas pessoas hoje desconectadas tenham acesso à rede.
Na mesa estão colocadas algumas propostas que se tem conhecimento.
Uma delas prevê oferecer bônus junto com o pagamento do Bolsa Família.
Seria uma espécie de tarifa social de conexão de banda larga para as
famílias de baixa renda.
O que muitos já apelidaram de “bolsa internet” pode permitir avanços,
mas não é tudo. É preciso investimento em infraestrutura para conectar
com banda larga regiões em que há apagão digital (periferias, zonas
rurais e áreas remotas) e melhorar a rede nas escolas.
O trabalho em conjunto com estados e municípios é fundamental para
que o país reduza as desigualdades de acesso à internet. É urgente que a
infraestrutura de fibra ótica e o aumento da velocidade média da banda
larga no país chegue a todas as cidades e bairros, nas estradas, nas
instituições de ensino de todos os níveis.
O acesso à internet de qualidade e barata é condição imprescindível para atingir as metas de desenvolvimento.
Ucrânia: visitando Bakhmut, a frente leste de batalha
Por Luis Kawaguti – Gazeta do Povo
Prédio bombardeado em Bakhmut: cidade no Donbas é atualmente o
principal objetivo militar da Rússia na Ucrânia| Foto: Luis Kawaguti
A
estrada para Bakhmut passa pelos campos de trigo de Donbas, em uma
planície sem fim que lembra as cores amarela e azul da bandeira
ucraniana. Aliás, essa é a origem do símbolo, segundo se fala por aqui:
as plantações e o céu. Sinto uma pancada na lataria da Land Cruiser e
penso que algo se soltou no porta-malas. Meu amigo Kostya está dirigindo
em alta velocidade. “Isso me preocupa”, diz ele. “Se eu mandar descer,
corra para longe do carro.”
Pancadas fracas e secas na lataria e agora também nos vidros do carro
começam a se repetir com frequência cada vez maior. Percebo que elas
são provocadas pelas explosões das granadas de artilharia disparadas à
distância em Bakhmut, a principal frente de batalha da guerra na
Ucrânia. As ondas de choque reverberam pelos campos de uma maneira que
não achei que fosse possível.
Lembro-me imediatamente do dia 14 de abril deste ano. Estava em uma
vila na frente de batalha de Zaporizhzia, no sul, no mesmo carro, em
companhia do jornalista ucraniano Konstantin Kuzhelniy, o Kostya, e do
famoso correspondente de guerra da rádio espanhola RNE, Fran Sevilla.
Naquela tarde, a explosão de uma granada de artilharia a menos de dez
metros de nós destruiu as janelas e perfurou a lataria do veículo em
diversos pontos. Descemos do carro e ficamos sob bombardeio perto de um
grupo de soldados. Agradeço por nenhum de nós ter se ferido, mas não sei
daqueles soldados até hoje.
Mas, no caminho de Bakhmut, a sensação não era de medo. Ao menos eu
sabia o que esperar em caso de ataque. Aliás, o medo sempre está
presente na cobertura jornalística dos conflitos. Primeiro, há o medo da
decisão: eu vou ou não vou? Não dá para pensar muito, ou a decisão
acaba sendo não ir. É melhor simplesmente começar a caminhar.
Mas quando a cobertura começa de fato, você começa a ver as coisas
com naturalidade. O som praticamente ininterrupto das granadas de
artilharia explodindo ou passando assobiando sobre nossas cabeças vira
um zumbido disforme, que acaba fazendo parte do dia a dia. Não há o
pensamento: “E se uma cair aqui?”. Ao ouvir o som do assobio da bomba, é
só deitar no chão e não pensar.
Você também deixa de achar estranho o fato de todo o tráfego na
rodovia ser de blindados, ambulâncias e caminhões repletos de tropas,
combustível ou suprimentos.
Kostya acelera muito até sairmos do campo aberto e entrarmos na
cidade. São 9 horas da manhã do dia 5 de dezembro, um bom horário para
entrar – os bombardeios normalmente se intensificam ao cair da noite,
por volta de 16 horas. Depois dessa hora, é melhor não estar na cidade
sem acesso a um porão ou trincheira.
Há pouquíssimas pessoas na rua. A maioria faz fila em frente a portas
de prédios onde está sendo distribuída ajuda humanitária – comida e
água. Elas depois caminham para suas casas com pequenas sacolas. Algumas
correm.
Paramos o carro em frente ao complexo esportivo da cidade. Há um
ginásio com quadra e pista de atletismo. O teto está todo perfurado por
estilhaços e bombas. Em uma das paredes, há um rombo de uns 15 metros de
diâmetro. Dá para ver através dele um campo de futebol do lado de fora.
O gramado está cheio de estilhaços, concreto e cadeiras arrebentadas da
arquibancada – que foram lançados lá provavelmente com a explosão do
mesmo foguete que fez o rombo na parede do ginásio. Há muito vidro e
pedaços de parede de alvenaria espalhados pelo chão.
Foto: Luis KawagutiRastros da guerra em Bakhmut, incluindo um rombo no centro esportivo da cidade.
Foto: Luis Kawaguti Membros do exército ucraniano se aproximam e
querem saber o que estamos fazendo. Eles autorizam que continuemos nosso
trabalho, mas dizem que não podemos avançar até a zona zero, que fica a
menos de um quilômetro de distância – onde os exércitos da Ucrânia e da
Rússia se enfrentam diretamente. Mas estamos tão perto que já dá para
distinguir o barulho do fogo de artilharia do som das metralhadoras
pesadas disparando.
Avançamos mais um pouco, até uma zona onde só se vê prédios
incinerados e destroçados, além de crateras de mais de cinco metros de
profundidade, abertas pela artilharia pesada. Mas não quero repetir a
experiência de Zaporizhzia, quando Fran, Kostya e eu ficamos uma hora
sob bombardeio direto, abrigados entre a Land Cruiser e uma pequena
casa. Por isso, decidimos acatar o “pedido” dos soldados e voltamos para
o centro da cidade para procurar os moradores.
Passamos pelo mercado central completamente destruído. Barracas de
comércio arrebentadas, lojas reduzidas a escombros e muito lixo e vidro
pelo chão. Não há uma janela inteira.
No caminho para o centro da cidade, relativamente mais seguro,
passamos por barreiras antitanque feitas com barras de ferro soldadas
num formato de x – chamado por aqui de ouriços. Encontramos mais prédios
parcialmente destruídos ou incendiados, fios da rede elétrica
espalhados pelas ruas quase desertas e cheias de escombros.
Bakhmut é atualmente o principal objetivo militar dos russos na
Ucrânia. As tropas do Kremlin estão avançando nesta direção desde abril,
quando foram expulsas da região de Kyiv, no norte do país. No meio do
ano, o exército de Moscou tomou as cidades irmãs de Severodonetsk e
Lysychansk, completando a conquista de Luhansk e iniciando a ofensiva
sobre o norte da província (oblast) de Donetsk.
Os ucranianos se retiraram então para Bakhmut, uma cidade sem grande
importância política, mas que fica na estrada que liga Lysychansk a
Kramatorsk, uma das maiores cidades do norte de Donetsk. Para acabar de
conquistar a província, os russos têm que passar por lá.
Juntas, as províncias de Luhansk e Donetsk formam a região conhecida
como Donbas – a mais industrializada e rica em recursos minerais da
Ucrânia. Aqui ficam siderúrgicas, termoelétricas, mineradoras e jazidas
de gás natural. Esse gás, se fosse explorado, em teoria poderia fazer a
Ucrânia competir com a Rússia como grande fornecedor de gás para a
Europa.
Foi aqui que em 2014 o Kremlin organizou rebeldes separatistas que
criaram as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk.
Foi naquele ano que começou a guerra na Ucrânia. Mas até 24 de
fevereiro deste ano, as tropas russas não tinham interferido direta e
oficialmente. Por isso é comum dizermos que a guerra começou em
fevereiro deste ano.
Hoje os russos controlam praticamente a totalidade de Luhansk e a
parte sul de Donetsk, inclusive a capital de mesmo nome. A Rússia
declarou em setembro ter anexado ambas as províncias após a realização
de referendos – que não foram reconhecidos pela comunidade
internacional.
A Rússia conseguiu avançar muito na região devido à superioridade da
sua artilharia. Os combates em Donbas lembram algumas características da
Primeira Guerra: combate de trincheiras e grandes bombardeios quase que
indiscriminados de artilharia. Em Bakhmut, a batalha se estende por
mais de quatro meses.
Mas a Ucrânia recebeu muitas armas de alta precisão enviadas pelos
países da OTAN, a aliança militar ocidental. Em paralelo, graças a um
sistema marcial de recrutamento, as tropas ucranianas chegaram a 700 mil
– ou seja, 500 mil a mais que o contingente utilizado pelos russos no
início da invasão em fevereiro. O Pentágono calcula que ambos os lados
tiveram cerca de 100 mil mortos ou feridos cada.
Esses fatores possibilitaram que Kyiv iniciasse uma grande
contraofensiva em setembro, que libertou praticamente toda a província
de Kharkiv, no nordeste do país, e Kherson, no sul, a única capital de
província que havia sido tomada por Moscou desde 24 de fevereiro.
Em Kherson, cerca de 50 mil soldados ucranianos se preparavam para
sitiar a cidade, quando a Rússia decidiu retirar do local entre 20 mil e
30 mil combatentes em 11 de novembro.
Tanto russos quanto ucranianos então redirecionaram suas tropas para
Donetsk. Por isso, hoje é lá que os combates são mais intensos.
No centro de Bakhmut, Kostya e eu encontramos Alexandra Mikhalna, de
86 anos. Ela havia acabando de receber pão e carne enlatada de uma
organização não governamental. A temperatura na região era de cerca de
-10ºC e nevascas esporádicas tinham deixado algumas pilhas de neve em
locais esporádicos das ruas.
“Os meus vizinhos criaram um ponto de aquecimento coletivo. Todos vão
para lá de noite e eu comecei a ir também. Para ajudar, entrei no
sistema de revezamento da limpeza do chão”, disse a idosa.
Ela nos contou que já morou nos Estados Unidos e ainda trabalha
fazendo arte – quadros e camisas bordadas. Apesar de seus familiares
terem até servido no exército soviético e saber falar apenas russo,
Alexandra é uma grande crítica da política do Kremlin. Ela diz que os
discursos de que todos os moradores de Donbas querem ser “libertados”
pela Rússia é uma grande mentira. Segundo ela, há partidários de Moscou,
mas a grande maioria quer a liberdade, prefere que a região permaneça
na Ucrânia.
Ela mostra uma placa que fez com uma foto do presidente russo
Vladimir Putin oferecendo um brinde com um copo de champanhe. Abaixo da
foto, lê-se em russo: “Aos idiotas”. Segundo ela, aos idiotas que
acreditaram no discurso de Moscou de que está protegendo cidadãos russos
ao invadir a Ucrânia. Ela conta que até chegou a ser mal interpretada
durante uma manifestação na cidade: “Algumas pessoas não entenderam a
ironia”.
Na entrada de casa, noto que a idosa acumulou uma pequena pilha de
lascas de lenha. Ela não tem condições de carregar galhos pesados, por
isso fez uma pequena pilha de ripas de madeira.
Perguntei como ela utilizava a lenha e me mostrou que havia dois
tijolos sobre seu fogão, sujos com cinza. “Não tem mais gás na cidade. É
perigoso sair na rua, por isso é assim que eu cozinho”, disse. A luz,
ela mostrou, vem apenas de uma lamparina alimentada por óleo vegetal.
Mesmo que houvesse eletricidade, não há internet e telefone na cidade,
ou seja, não há comunicação civil.
Apesar de todas essas dificuldades, a senhora mantém a esperança e se
recusa a abandonar sua cidade e seus vizinhos. Ela mora só.
Mas as tropas da Rússia estão cada vez mais perto de sua casa.
Kostya corre até o carro e volta com uma sacola de comida. Alexandra
sorri e pede para ele acender sua lamparina. Ela reza e nos abençoa. Nos
despedimos. Quando Kostya acelera pela estrada deixando Bakhmut,
ouvimos explosões mais intensas que o normal. Uma coluna de fumaça se
ergue sobre a cidade. Torço para que essa explosão não tenha sido perto
da casa de Alexandra.
Venda “casada” pode garantir mais valor à Copel na privatização
Por Elvira Fantin – Gazeta do Povo
Privatização da Copel será efetivada em 2023.| Foto: Divulgação/Copel
Ao
contrário do que tem acontecido em outros processos de privatização no
setor elétrico pelo Brasil, o governo do Paraná optou pela venda
“casada” da Companhia Paranaense de Energia (Copel). No “Fato Relevante”
comunicado ao mercado e no projeto de lei encaminhado pelo Executivo à
Assembleia Legislativa do Paraná (já aprovado e sancionado), a
informação é de que as ações a serem ofertadas são da holding. Ou seja,
da controladora de todas as subsidiárias, o que inclui as operações de
Geração, Transmissão e Distribuição de energia.
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O que tem sido mais comum nas recentes experiências no setor é a
divisão prévia da empresa, antes da privatização. Os motivos estão
relacionados à estratégia do negócio, bem como à saúde financeira do
ativo. Em alguns casos, a opção é “fatiar” a empresa antes da venda como
forma de atrair mais compradores, tendo em vista que é menos comum
encontrar interessados em todos os segmentos. Outra estratégia é vender o
que está dando prejuízo e manter a parte lucrativa da companhia em
poder do Estado.
VEJA TAMBÉM:
Presidente da Copel detalha venda da estatal e sua transformação em corporação
Um dos mais recentes processos de privatização ocorridos no setor
elétrico do país foi o da Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do
Sul (CEEE). Lá, o processo se encerrou em agosto deste ano, com o
leilão de transmissão. Em julho, havia sido leiloada a empresa de
geração e, em março de 2021, a distribuição. “O entendimento foi de que a
venda em separado atrairia mais concorrentes para o leilão, já que
poucas empresas atuam em todas as áreas”, explica o secretário de
parcerias do governo do Rio Grande do Sul, Marcelo Spilki.
No Distrito Federal, a opção foi por vender apenas a distribuição,
por ser a única parte endividada. “Todas as dificuldades que
enfrentávamos era na distribuição”, conta Edison Garcia, presidente da
Companhia Energética de Brasília (CEB). Segundo ele, a distribuição dava
prejuízo e acumulava dívidas. Em nenhum momento se cogitou vender a
geração. “Mantivemos a geração com o Estado por ser lucrativa e por não
ter nenhum passivo”, explica.
O processo do Distrito Federal começou em 2019, com a análise
econômica. O leilão foi realizado no ano seguinte e, em março de 2021,
foi assinado o contrato de compra e venda e a distribuição foi entregue à
iniciativa privada. Em Goiás também houve o desmembramento. A Companhia
de Energia Elétrica de Goiás – Distribuição (Celg-D) foi vendida em
2016 e, o segmento de Transmissão (Celg-T) privatizado em 2021.
Em recente entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Copel, Daniel
Pimentel Slaveiro, destacou que “o modelo da Copel é a antítese disso”
[dos exemplos do Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal]. “A Copel
tem força em ser uma empresa integrada e ter participação relevante na
geração, na transmissão, na distribuição e na comercialização, com
atuação sinérgica entre os seus negócios”. A previsão é que a
privatização da Copel seja efetivada no segundo semestre de 2023.
O que dizem os especialistas sobre a privatização da Copel Para o
advogado especialista no setor Fabio Appendino, sócio do Rolim, Viotti,
Goulart, Cardoso Advogados, no modelo de privatização escolhido para a
Copel – venda de ações em bolsa com dispersão do capital – a melhor
opção é a preservação da estrutura atual da companhia porque “o valor
para o acionista de bolsa está no conjunto dos ativos”.
Ele explica que faria sentido segregar – Geração, Transmissão e
Distribuição – se a opção fosse de venda em leilão na B3 para players
estratégicos (geralmente companhias do setor e fundos de private
equity), como foi feito na Companhia de Energia Elétrica de Goiás –
Celg. “Cada player estratégico tem interesse em segmentos distintos de
ativos, considerando o seu portfólio e diretrizes de investimentos”,
observa.
O diretor presidente da Associação Brasileira de Companhias de
Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, diz que o desmembramento
justifica-se caso um dos segmentos ou empresa tenha situação financeira
melhor do que outro, para facilitar precificação ou para aumentar
interessados na venda. “No caso da Copel, são três segmentos saudáveis,
com grande perspectiva de crescimento e rentabilidade futura”, pontua
Vivan.
O presidente da ABCE esclarece que o que se pretende, no caso da
Copel, é a venda das ações da holding, ou seja, das ações da empresa que
detêm o controle dos segmentos de Geração, Transmissão e Distribuição.
Com isso, quem adquirir as ações será sócio diretamente da holding e,
indiretamente, das empresas controladas pela holding.
“Assim, o governo do Paraná não só aumenta o valor a ser arrecadado
pelo Estado com a venda, em benefício dos cofres públicos, mas também
melhora a atratividade da venda, pois o acionista passará a receber
dividendos e terá participação na Geração, na Transmissão e na
Distribuição, ainda que indiretamente”, conclui.
O futuro ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad.| Foto: Pedro França/Agência Senado.
Entre os economistas que, tanto no primeiro quanto no segundo
turno da campanha presidencial, declararam apoio a Lula, não faltavam
nomes comprometidos com a defesa da responsabilidade fiscal. Mas o
presidente eleito estava realmente empenhado em confirmar as piores
expectativas que estavam se desenhando a respeito de quem comandaria a
política econômica do próximo governo; em vez de um nome qualificado,
capaz de dissipar as incertezas que se avolumam a ponto de merecer
menção especial no último relatório do Copom, Lula escolheu aumentar a
tensão ao indicar Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda, pasta
que será recriada com o desmembramento do atual Ministério da Economia.
O novo ministro rapidamente invocou o “histórico” na esperança de
amenizar as reações a seu nome. “É só olhar o histórico e ver que a
Prefeitura de São Paulo recebeu grau de investimento pela primeira vez
durante minha gestão”, afirmou na sexta-feira. É o que Lula vem fazendo
há um bom tempo, recordando resultados de sua primeira passagem pelo
Planalto. Mas administrar uma prefeitura, ainda mais de uma das
locomotivas do país, é diferente de administrar as finanças de uma nação
inteira; e as circunstâncias de 2023 são bem diferentes das de 2003,
quando Lula recebeu uma “herança bendita” de Fernando Henrique Cardoso,
na forma do tripé macroeconômico. Jair Bolsonaro e Paulo Guedes entregam
um Brasil com desemprego e inflação em queda, mas ainda longe dos
níveis ideais; a pressão por mais gasto público é enorme e vem de dentro
do próprio governo eleito; e a economia global ainda passa por enormes
dificuldades que afetarão o Brasil, ao contrário do clima positivo visto
nos dois primeiros mandatos de Lula. Histórico, portanto, não significa
muito diante da mudança radical no cenário brasileiro e mundial; um
guia mais certeiro está nas ideias defendidas pelo futuro ministro.
A julgar pelas convicções demonstradas pelo presidente eleito e pelo
futuro ministro, o ajuste fiscal só acontecerá se a realidade se impuser
à dupla de forma muito contundente
Analisando publicações de Haddad na imprensa paulista, o colunista da
Gazeta do Povo Diogo Schelp levantou um conjunto de plataformas
bastante preocupante: crítica a privatizações, ao teto de gastos, à
reforma da Previdência e à independência do Banco Central; defesa da
fracassada política de “campeões nacionais”; e a repetição da grotesca
distorção da verdade que culpa a Operação Lava Jato pela “destruição” de
empregos. As falas recentes de Haddad, tanto nos dias que antecederam
sua indicação como já na qualidade de futuro ministro, não tentam
desfazer a má impressão deixada por esses textos; o petista limitou-se a
referências genéricas à necessidade de uma reforma tributária e de um
novo marco fiscal para substituir o teto de gastos, sem explicitar
alguma linha-mestra que permita concluir se as reformas pretendidas
caminhariam na direção correta.
Como a PEC fura-teto deixa claro que o futuro envolve mais gasto
público, o bom senso mandaria que o próximo governo já enviasse sinais a
respeito de como pretende contrabalançar a pressão gastadora por meio
de um ajuste fiscal. Mas isso não tem ocorrido – pelo contrário: membros
da equipe de transição e defensores da PEC fura-teto têm argumentado
que não há risco inflacionário nem recessivo na elevação súbita da
despesa pública e que o caminho está na repetição das políticas
expansionistas de Guido Mantega durante o segundo mandato de Lula, entre
2007 e 2010.
VEJA TAMBÉM: A incerteza cobra seu preço na taxa de juros (editorial de 8 de dezembro de 2022) O PIB desacelera (editorial de 5 de dezembro de 2022) Os vários erros da política econômica de Lula entre 2003 e 2010 (editorial de 27 de novembro de 2022) É
possível que Haddad, em vez de repetir Guido Mantega, acabe seguindo os
passos de Antônio Palocci, o primeiro ministro da Fazenda de Lula e que
se pautou pela austeridade fiscal, a ponto de ter conseguido aprovar
uma reforma da Previdência do setor público em 2003? A chance existe,
mas, a julgar pelas convicções demonstradas pelo presidente eleito e
pelo futuro ministro, isso só acontecerá se a realidade se impuser à
dupla de forma muito contundente. É será péssima notícia para o Brasil
se a responsabilidade fiscal só virar política de governo depois que o
estrago estiver feito, e não como forma de prevenir mais inflação,
juros, desemprego e recessão.
Início de 2023 Ainda mais radical? Por Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo
Reunião do grupo técnico de direitos humanos no gabinete de
transição. Lideranças do PT evitam manifestações sobre eventual PNDH-4
no novo governo| Foto: Reprodução Facebook Maria do Rosário
O
novo mandato de Lula (PT) na Presidência da República é visto por uma
parcela de militantes do partido como uma oportunidade aguardada há
tempos para editar nova edição do Programa Nacional de Direitos Humanos
(PNDH). O programa, que tem como função nortear a atuação do poder
público em relação aos direitos humanos no país, existe desde 1996 e
recebeu sua terceira e mais recente atualização em 2009, no final do
segundo mandato de Lula na presidência, em meio a críticas de vários
setores da sociedade, como a imprensa, religiosos, empresários e
militares.
O documento inicial propunha, por exemplo, punição com a perda da
concessão de rádio e TV a veículos de comunicação que não tratassem os
direitos humanos da forma proposta pelo partido. Na época, a forte
resistência a dispositivos do PNDH-3 fez com que Lula voltasse atrás e
suspendesse trechos do decreto publicado.
A ideia de reeditar o programa e avançar em temas considerados
importantes para o partido, é defendida principalmente pelo setorial
petista de Direitos Humanos. Durante o Encontro Nacional de Direitos
Humanos do PT, realizado em dezembro de 2021, o setorial, composto por
lideranças de 21 estados mais o Distrito Federal, aprovou diversas
propostas com o objetivo de serem aplicadas em caso de vitória de Lula
nas eleições.
Uma delas é “convocar, nos primeiros dias de governo, uma grande
Conferência Nacional Popular de Direitos Humanos, que vai desenhar as
linhas mestras do PNDH-4, recriando e reconstruindo toda arquitetura
institucional das políticas de proteção, defesa e promoção dos DH no
Brasil”.
Outras figuras influentes do partido, como Nilmário Miranda,
ex-ministro de Direitos Humanos no governo de Lula, que tem participado
de reuniões do grupo de trabalho sobre o tema na equipe de transição do
governo, apoiam a ideia de reeditar o programa logo no início do novo
mandato de Lula. “Tão logo acabar esse desgoverno, o Brasil terá que,
urgentemente, trabalhar para um PNDH-4”, disse Miranda, recentemente, ao
jornal Extra Classe.
Lideranças do PT que encabeçam a equipe de transição, no entanto, têm
evitado se manifestar sobre o tema. A Gazeta do Povo tentou contato com
a deputada federal Maria do Rosário, que coordena o grupo temático de
Direitos Humanos na equipe de transição do novo governo, para tratar do
assunto, mas sua assessoria alegou indisponibilidade de agenda.
Em gestão petista, PNDH subiu de oito para mais de 500 medidas
Os programas nacionais de direitos humanos em diferentes países
tiveram início a partir de recomendação estabelecida na Conferência
Mundial de Direitos Humanos de Viena, organizada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1993. No Brasil, a primeira edição do programa
foi editada em 1996 durante o primeiro mandato de Fernando Henrique
Cardoso.
Em 8 artigos, o programa propunha um levantamento sobre a situação
dos direitos humanos no país, bem como a criação de medidas para
assegurar o cumprimento dessas garantias, em especiais quanto àquelas
presentes no artigo 5º da Constituição Federal, como os direitos à vida,
à igualdade, à segurança, à liberdade e à propriedade.
A segunda edição, datada de 2002 durante o segundo mandato de FHC,
trouxe também 8 artigos e focou na redução de condutas e atos de
violência, intolerância e discriminação, e na diminuição das
desigualdades sociais.
Já o PNDH-3, cujo decreto foi publicado em dezembro de 2009, foi a
primeira edição do programa feita durante um governo petista. Em
contraste com os oito artigos de cada decreto anterior, a mais recente
disposição trouxe mais de 500 propostas em um extenso documento
criticado por decretar medidas relacionadas a temas sensíveis que não
passaram pelo Congresso Nacional.
Entre as medidas mais questionadas do texto estavam a
descriminalização do aborto; a proibição de símbolos religiosos em
locais públicos; a modificação das regras para a reintegração de posse
de terras invadidas no país, o que era visto por críticos do programa
como possível estímulo para invasões do MST; mudanças nos currículos
escolares; a criação da Comissão da Verdade, para apurar torturas e
desaparecimentos durante a ditadura militar, e menção à “desconstrução
da heteronormatividade”.
Outro ponto bastante criticado foi o relacionado à liberdade de
imprensa – o partido propunha a criação de um ranking nacional de
veículos de comunicação com base na forma como esses veículos abordavam
os direitos humanos, prevendo punições aos que cometessem “violações”.
As punições poderiam chegar à cassação, por parte do governo federal, de
concessões de rádio e TV.
Na época, o senador Arthur Virgílio, então líder do PSDB no Senado,
chegou a apresentar um Projeto de Decreto Legislativo para que o
programa fosse anulado. Na fundamentação da proposta, o parlamentar
argumentou que o conteúdo do PNDH “colide com princípios constitucionais
essenciais como o da livre iniciativa privada, o direito de propriedade
e a liberdade dos meios de comunicação, contendo diretrizes
político-ideológicas parciais e totalitárias que restringem os direitos e
garantias individuais e fragilizam as instituições democráticas”.
As críticas fizeram com que, em maio de 2010, Lula editasse novo
decreto suspendendo algumas das medidas que foram alvo de mais críticas –
a grande maioria das determinações, entretanto, seguiram válidas.
No ano passado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, do governo federal, deu início a um grupo de trabalho com o
objetivo de revisar o atual PNDH e propor aprimoramentos ao programa. À
Gazeta do Povo, o ministério informou que “a produção do relatório final
das atividades do Grupo de Trabalho (GT) foi concluída e se encontra em
fase final de tramitação neste órgão”.
Medidas ensaiadas por setorial de direitos humanos foram apagadas do site do PT durante campanha eleitoral Entre
as resoluções definidas no Encontro Nacional de Direitos Humanos do PT,
de dezembro de 2021, que foram validadas na reunião do Coletivo
Nacional em fevereiro deste ano, várias delas atingem campos sensíveis,
como o da segurança pública. No rol de sugestões constam, por exemplo,
desencarceramento em massa, desmilitarização das polícias,
descriminalização das drogas e fim da “guerra às drogas” – termo
comumente usado por políticos de esquerda para defender a redução de
operações policiais de enfrentamento ao narcotráfico.
O texto chega a apontar o modelo das forças armadas e das polícias
militares brasileiras como obstáculo aos direitos humanos e cita que há
“profunda incompatibilidade entre as polícias militares e qualquer
arremedo de regime democrático” para, em seguida, defender a
desmilitarização das forças de segurança.
Algumas das demais proposições aprovadas no encontro, que poderiam compor eventual nova edição do PNDH, são:
“Desarmar o país” por meio de uma “campanha massiva anti-armas” e uma
“política radical de redução do número de armas circulando no país”; “rever toda a arquitetura de segurança pública do país”; atuar na educação com “propaganda massiva de valores democráticos, pluralistas” para “enfrentar o neofascismo”; Criar uma espécie de tribunal para processar e punir os responsáveis pelo “genocídio” durante a pandemia da Covid-19; Criar marco legal dos direitos da população LGBT Outras
medidas presentes no documento, a exemplo da criação de novos
ministérios como Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos, já foram
sinalizadas por Lula. No aspecto financeiro, o setorial defende, sem
maiores detalhamentos, que o orçamento para direitos humanos será
“enormemente ampliado”.
Em meio a críticas ao teor das propostas durante a campanha
eleitoral, o PT decidiu apagar do seu site a página que contém tais
sugestões. Além disso, passou a direcionar o link da página com o
conteúdo excluído para um site do PT que se propõe a combater “fake
news” contra o partido. Apesar disso, ainda é possível acessar as
resoluções do encontro nacional de direitos humanos da legenda por este
link.
VEJA TAMBÉM: Opinião: O estrago que um novo governo Lula faria ao Ministério de Direitos Humanos Transição: Equipe de Lula deixa policiais de lado no grupo técnico de segurança pública Quais são as ideias predominantes no núcleo de Justiça e Segurança de Lula Sem força de lei, PNDH-4 teria função principal de orientar atuação do governo Conforme
explica Alessandro Chiarottino, doutor em Direito Constitucional pela
USP,em regra os decretos presidenciais funcionam como um detalhamento de
medidas em relação a uma lei aprovada, mas existem situações em que é
permitido ao governo federal emitir decreto sem a necessidade de haver
uma lei que o embase.
Nesses casos, em que se encontra a figura do PNDH, trata-se do
chamado Decreto Autônomo. Como não possui força de lei, na prática o
programa atua principalmente como uma diretriz para orientar os
ministérios do governo federal a atuarem de acordo com a visão
implementada no documento.
“O que se pode dizer é que embora a última edição do PNDH declare uma
grande quantidade de medidas e intenções, a efetiva implementação disso
dependeria de leis a serem aprovadas no Legislativo. O programa é mais
uma declaração de intenções do que realmente uma norma que provocará
mudanças efetivas”, explica o doutor em Direito Constitucional.
Como já dizia Caetano Veloso, o tempo é um “Compositor de destinos e tambor de todos os ritmos”.
Tanto que sempre estamos em busca de otimizá-lo para conseguir “dançar” cada vez mais em seus acordes.
Quem nunca se viu correndo contra o tempo para conseguir terminar alguma tarefa no prazo estipulado?
E justamente por conta dessa correria da vida que o seu negócio precisa atender com agilidade, sem perder a qualidade.
Pode até parecer algo muito complicado, mas com as dicas e
ferramentas certas é possível! E é claro que a gente não iria te deixar
na mão, né?
Por isso, essa semana eu trouxe conteúdos selecionados para te ajudar nessa tarefa.
Então não perca tempo e vem comigo entender como proporcionar cada vez mais eficiência no atendimento aos seus clientes.
Como ampliar a agilidade no atendimento? Dicas e benefícios
Oferecer uma boa experiência ao cliente é uma das principais preocupações quando se pensa em ter um negócio de sucesso.
Então, qual é (ou deveria ser) o principal foco nesse caso?
Proporcionar um atendimento de qualidade!
E isso não sou só eu quem está falando, tá?! Pesquisas revelam que
uma experiência positiva de atendimento aumenta em 92% as chances das
pessoas realizarem – ou repetirem – uma compra.
Dentre as características de um atendimento eficiente está a
capacidade de ser ágil. Isso, claro, sem perder a principal função de
suporte e solucionador de problemas.
Existem ao menos 5 dicas para proporcionar essa agilidade no atendimento:
[1] Investir no treinamento da equipe;
[2] Ter um software de atendimento ao cliente;
[3] Automatizar o atendimento;
[4] Usar respostas simples e objetivas;
[5] Integrar as ferramentas de atendimento.
O que é marketplace e por que investir nessa plataforma
ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech
Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer
compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele
funciona na compra e venda de produtos.
Afinal, o que é marketplace?
O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.
Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto
específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar
as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de
comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir
outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.
Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de
marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e
segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar
produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento
unificado.
Os principais marketplaces do Brasil
A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto
No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a
plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações
digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.
Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas,
Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C,
estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas
dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.
Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma
Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais
Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através
de sua divulgação online.
Como escolher o marketplace ideal para sua loja
Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja,
definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é
fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de
decidir onde incluir sua marca:
Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão
sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que
determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor
atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais
anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará
uma comissão maior.
Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.
Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial
identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.
Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.
Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que
já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para
competir com os ofertados por elas.
Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.
Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus
resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas
promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na
entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento
ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar
naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se
de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e
pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já
cadastradas.
Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.
Vantagens do marketplace
A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.
Para o consumidor
Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;
Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.
Para o lojista
Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;
Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de
vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário
pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na
abertura de uma loja física ou online.
Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:
• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;
• Atraímos visualmente mais clientes;
• Somos mais dinâmicos;
• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;
• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;
• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.
• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em
buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para
impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as
suas vendas.
Para o Marketplace
Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;
Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que
reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo
para fidelizar clientes.
Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e
proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal
procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos
ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que
realizamos.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
Senador Alexandre Silveira (PSD-MG), relator da PEC fura-teto,
durante a sessão que aprovou o texto no Senado.| Foto: Waldemir
Barreto/Agência Senado
O plenário do Senado, que poderia ter dado sua contribuição para
colocar a PEC fura-teto em patamares um pouco mais próximos de algo
aceitável para um país de saúde fiscal já bastante combalida, escolheu
se omitir. Na noite de quarta-feira, os senadores aprovaram, já nos dois
turnos exigidos, o texto da PEC da forma como veio da CCJ: foram 64
votos favoráveis em ambas as votações, enquanto os contrários foram 16
no primeiro turno e 13 no segundo. Somando-se os partidos que orientaram
o voto favorável e os apoios vindos de legendas que liberaram suas
bancadas ou que orientaram a rejeição do texto, Lula conseguiu uma folga
considerável, já que emendas à Constituição precisam do apoio de 49
senadores para serem aprovadas – a lista dos que votaram a favor da PEC
incluiu até mesmo os autores de propostas alternativas, como os tucanos
Alessandro Vieira, José Serra e Tasso Jereissati.
Justiça seja feita, não faltaram tentativas de colocar alguma
racionalidade na PEC. Tanto o PP quanto o PL apresentaram destaques
supressivos. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) teve o apoio de outros 30
colegas para apresentar uma emenda reduzindo o valor do cheque para R$
100 bilhões (suficientes para bancar o aumento do Bolsa Família, e ainda
haveria recursos para outras recomposições orçamentárias) com duração
de apenas um ano. Na hora da votação, entretanto, parte do apoio sumiu: a
emenda teve apenas 27 votos favoráveis e 50 contrários. Com isso, o
texto que chega à Câmara para análise, na próxima semana, dá ao governo o
poder de gastar cerca de R$ 150 bilhões além do valor permitido pelo
teto de gastos tanto em 2023 quanto em 2024, e obriga o Executivo a
propor, até meados do ano que vem, um novo arcabouço fiscal que
substitua a regra do teto.
Uma vitória de Lula, com a aprovação na Câmara da PEC fura-teto da forma como veio do Senado, será uma derrota para o Brasil
Na Câmara, não há muito mistério quanto ao que fará o presidente da
casa, Arthur Lira. Por mais que no Senado seu partido, o PP, tenha
orientado voto contrário à PEC, Lira está mais empenhado em se manter à
frente da Câmara por mais dois anos que em satisfazer sua legenda. E,
tendo já garantido o apoio do PT e de outros partidos de esquerda, é
muito improvável que agora Lira resolva botar a perder este acerto
colocando empecilhos a um projeto que Lula considera essencial para
conseguir governar. Será preciso que outros deputados tomem para si a
missão de reduzir o tamanho do buraco – já que algum furo no teto de
gastos será inevitável, a essa altura do campeonato. A proposta de
Oriovisto Guimarães, derrotada no Senado, pode ser ressuscitada na
Câmara, pois tem seus méritos: permite tanto o reajuste do Bolsa Família
quanto algumas outras despesas menores que o governo julgar necessárias
e tem a duração ideal, deixando um ano para que o governo elabore a
nova regra fiscal e acomode o novo Bolsa Família dentro do orçamento de
2024.
O fato é que o Brasil é um país que gasta mais do que arrecada de
forma sistêmica. Se neste século tivemos uma boa dose de anos com
superávit primário (que exclui o pagamento dos juros da dívida), quando
se trata do resultado nominal (que inclui esse pagamento) a série
histórica é dominada pelos déficits. Ora, se não há dinheiro sobrando
nos cofres do governo para novos gastos – ainda que fossem apenas as
dezenas de bilhões de reais necessários para o aumento do Bolsa Família
–, e se não existe geração espontânea de dinheiro público, sobram apenas
os caminhos do aumento na carga tributária, da emissão de dívida ou da
emissão de moeda. Nenhum deles termina bem.
E, por isso, uma vitória de Lula, com a aprovação na Câmara da
PEC fura-teto da forma como veio do Senado, será uma derrota para o
Brasil. Ela enterra de vez a esperança de que, ao menos pelos próximos
quatro anos, tenhamos um governo ou um Congresso convicto de que a
melhor forma de ajudar os mais pobres é colocar a economia em ordem,
promovendo saúde fiscal, inflação e juros baixos, e o clima de confiança
necessário para os investimentos que trazem emprego e renda. São os
mais pobres os que mais perdem com a recessão e a inflação; isso ficou
claríssimo na crise de 2015-16, que o petismo provocou. Mas não é da
natureza do PT admitir erros e aprender com eles, e por isso não
surpreende que o partido queira repetir a receita que desembocou na
recessão – e a escolha de Fernando Haddad para a Fazenda é demonstração
cabal disso. Pior é que centenas de parlamentares se mostrem dispostos a
compactuar com a irresponsabilidade. Que na Câmara eles sejam superados
pelos que entendem a importância de conjugar sensibilidade social com
disciplina fiscal.
Casa Civil vai articular com estados e empresas para ampliar investimentos, diz Rui Costa PorGazeta do Povo
O futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, durante anúncio de
ministros no CCBB Brasília.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
O
futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta
sexta-feira (9) que a pasta vai atuar com prioridade na articulação com
estados, municípios e o setor privado para ampliar concessões e
parcerias público-privadas (PPP). Em entrevista no fim da tarde, Costa
anunciou que a pasta coordenará a gestão do governo e não cuidará da
articulação política, que será exercida por outra pessoa a ser anunciada
na próxima semana pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).
Segundo Costa, o aumento do número de concessões e de PPP terá
destaque no futuro governo, principalmente por meio de diálogos com os
governos locais. O novo ministro disse que o governo federal poderá
entrar em PPP sozinho ou em conjunto com os governos estaduais. Ele
afirmou que a participação da iniciativa privada é importante para
contornar as restrições orçamentárias no próximo ano.
“Buscaremos intensificar o retorno de investimentos através do número
de concessões e de parcerias público-privadas. Vamos estudar isso. Os
estados brasileiros têm tido sucesso nessa modelagem de PPP para
alavancar investimentos. O que sai do aprisionamento fiscal que estamos
neste momento e possibilita obras de longo prazo estruturantes que
ajudariam na retomada dos negócios e dos investimentos”, declarou.
Entre as áreas que seguirão esse modelo, Costa citou o saneamento
básico e os investimentos em energias renováveis. O novo ministro
afirmou ainda que pretende revisar o Marco Regulador do Saneamento que,
segundo ele, travou as obras na área. Todo o processo, ressaltou, será
feito com diálogo amplo com o setor privado e com as empresas públicas
estaduais, que executam mais de 85% do saneamento no país.
“O que nós queremos é destravar os investimentos. Entendemos que, no
formato em que ficou, os investimentos ficaram travados. Isso ficou
engessado e, desde que foi votado e regulamentado, não vimos a explosão
dos investimentos, como se esperava. Na época da votação [em que o
Congresso alterou o projeto de última hora], eu adverti para esse
risco”, disse.
Em relação às energias renováveis, Costa informou que a prioridade
será impulsionar investimentos em usinas de hidrogênio produzido com
energias limpas e em leilões de linhas de transmissão para destravar
projetos já licenciados e com áreas reservadas, que não são concluídos
justamente por causa do atraso nos leilões de linhas de transmissão. Com
informações da Agência Brasil.
Benefício Pagamento do vale-gás em dezembro será de R$ 112 e começa no dia 12, diz Caixa PorGazeta do Povo
O pagamento ocorrerá de 12 a 23 de agosto, com base no dígito final
do Número de Inscrição Social (NIS). | Foto: Pedro Ventura/Agência
Brasília
A Caixa Econômica Federal informou nesta sexta-feira (9) que
cerca de 5,6 milhões de famílias receberão R$ 112 de vale-gás em
dezembro. O pagamento ocorrerá de 12 a 23 de agosto, com base no dígito
final do Número de Inscrição Social (NIS). As datas são as mesmas datas
das parcelas do Auxílio Brasil, que teve o calendário de pagamento deste
mês antecipado.
Tradicionalmente, os dois benefícios são pagos nos últimos dez dias
úteis do mês, sendo que o Auxílio Gás é bimestral, pago a cada dois
meses. Com a emenda constitucional que elevou benefícios sociais, o
Auxílio Gás teve o valor dobrado, equivalendo a 100% do valor médio do
botijão de 13 quilos nas parcelas de agosto, outubro e dezembro. Em
2023, o benefício voltará a valer metade do preço médio do botijão.
Setor Bancário Febraban diz que Haddad já assumiu compromisso com responsabilidade fiscal PorGazeta do Povo
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante anúncio de
ministros no CCBB, em Brasília. | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
A
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) cumprimentou e desejou
sucesso nesta sexta-feira (9) ao futuro ministro da Fazenda do governo
Lula, Fernando Haddad. No dia 25 de novembro, Haddad participou do
almoço de fim de ano organizado pela entidade. Em nota, o presidente da
Febraban, Isaac Sidney, diz que o futuro ministro “já assumiu
compromisso com responsabilidade fiscal”.
“Político experiente, ex-prefeito de São Paulo, afeito ao diálogo e
com qualidades reconhecidas, Haddad já assumiu compromisso com o
crescimento, agenda social e responsabilidade fiscal, como demonstrou em
discurso durante o almoço anual de Dirigentes de Bancos, realizado em
25 de novembro”, diz o comunicado.
Reforma Tributária Objetivos Para 2023 Marco fiscal e reforma tributária serão prioridades da Fazenda, diz Haddad PorGazeta do Povo
O futuro ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad. | Foto: Pedro França/Agência Senado.
O
futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira
(9) que a discussão sobre o novo marco fiscal, a reforma tributária e a
revitalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia serão
prioridades da equipe econômica no primeiro ano de governo. A declaração
foi feita pouco depois de Haddad ser confirmado ao cargo pelo
presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O futuro ministro disse já ter em mente alguns nomes para a equipe
econômica, mas que só começará a fazer os convites agora, após ter sido
confirmado ao cargo. Sobre a preparação para assumir o Ministério da
Fazenda, Haddad informou que a Prefeitura de São Paulo ganhou grau de
investimento (selo de bom pagador) durante sua gestão.
União Europeia
Governo Paulista Tarcísio diz que começará privatizações pela Emae PorGazeta do Povo
O governador eleito de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). | Foto: Douglas Gomes/Divulgação.
O
governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos),
afirmou nesta quinta-feira (8) que vai começar as privatizações em sua
gestão com a venda da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae).
Depois, ele pretende privatizar a Sabesp.
“Vamos começar pela Emae, porque é uma empresa que não faz mais
sentido o Governo de São Paulo ter”, explicou Tarcísio em um evento do
banco Itaú. “Vamos pensar simples, fatiar o gorila como algumas pessoas
dizem. Tá fácil vender a Emae? Tá. Então vende a Emae primeiro,
enquanto isso a gente vai trabalhando naquela que vai ser a grande
privatização do estado de São Paulo, que é a Sabesp”, disse,
posicionando-se contra a privatização conjunta das companhias.
Ministro De Minas E Energia Sachsida rebate governo de transição: “Foram medidas do PT que quase quebraram setor elétrico” PorGazeta do Povo
Adolfo Sachsida, ministro de Minas e Energia | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O
ministro de Minas e Energias, Adolfo Sachsida, rebateu nesta
quinta-feira (8) críticas feitas pela equipe de transição do governo
Lula ao atual governo, afirmando que foram os governos do PT que “quase
quebraram” a Petrobras e o setor elétrico.
“A equipe de transição falou de ‘herança maldita’ no Ministério de
Minas e Energia. Vamos esclarecer: as medidas do PT, lideradas pela
ex-presidente Dilma, QUASE QUEBRARAM O SETOR DE ENERGIA. A maior herança
maldita do setor foi gerada pelo próprio PT. Espero que tenham
aprendido”, tuitou o ministro.
Transição diz que governo Bolsonaro deixa conta de R$ 500 bilhões no setor elétrico PorGazeta do Povo
Os integrantes do Grupo Técnico (GT) de Minas e Energia dão
entrevista coletiva no CCBB, em Brasília. | Foto: José Cruz/Agência
Brasil.
O grupo técnico de Minas e Energia da equipe de transição
anunciou nesta quinta-feira (8) que o governo Bolsonaro deixará uma
dívida de de R$ 500 bilhões, a serem pagos nos próximos anos pelos
consumidores. De acordo com o coordenador executivo do grupo, Mauricio
Tolmasquim, o principal impacto é uma das consequências da privatização
da Eletrobras, com um custo de R$ 368 bilhões nas contas.
Uma das emendas inseridas pelos parlamentares no projeto que aprovou a
venda da estatal no Congresso obriga o governo a comprar energia de
termelétricas a gás natural nas regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e
Sudeste a partir de 2026. “Lugares distantes onde não há gás natural”,
alertou Tolmasquim, durante entrevista coletiva no Centro Cultural Banco
do Brasil (CCBB), em Brasília.
Transição Cotado para Fazenda, Haddad se reúne com Paulo Guedes em Brasília PorGazeta do Povo
Haddad disse que a reunião com Guedes é uma etapa natural do processo de transição. | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O ex-ministro Fernando Haddad (PT) se encontrou na manhã desta
quinta-feira (8) com o ministro da Economia Paulo Guedes. Os dois se
reuniram durante pouco mais de uma hora na sede do próprio ministério,
em Brasília. Haddad é um dos nomes cotados para assumir o futuro
ministério da Fazenda do governo Lula (PT).
Na saída da reunião, Haddad falou rapidamente com jornalistas e
declarou que a conversa com Guedes foi cordial e educada, afirmando que
durante o encontro foram debatidos assuntos importantes, sem entrar em
detalhes. Segundo ele, ficou definida entre os dois uma agenda de
trabalho a partir da próxima semana. Haddad disse que a reunião com
Guedes é uma etapa natural do processo de transição.