Veja o que Haddad pensa sobre os desafios à frente da Fazenda
Foto: Redação
Por Adriana Fernandes e Beatriz Bulla – Jornal Estadão
Ex-prefeito de São Paulo diz que vai ouvir economistas para definir a regra substituta do teto de gastos
Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad contrapõe
a preocupação do mercado financeiro de que seria um ministro “gastador”
com o “selo” de boa gestão dado pelas agências de risco durante sua
gestão à frente da Prefeitura de São Paulo. Ele
disse que vai ouvir economistas de sua confiança para definir a regra
que subsituirá o teto de gastos, norma que atrela o crescimento das
despesas à inflação. Como prioridades para o primeiro ano, ele elencou a aprovação da reforma tributária e a retomada de acordos internacionais.
Veja o que o novo ministro da Fazenda pensa sobre os principais desafios econômicos, em declarações feitas recentemente:
Nova regra fiscal
“Estamos ganhando com a PEC (da Transição) o tempo necessário para
abrir discussão com sociedade (sobre âncora fiscal). Temos perspectiva
boa de aprovar a reforma tributária ano que vem. O ideal é que, com
reforma tributária, a gente paralelamente remeta para o Congresso um
novo arcabouço fiscal, porque aí vai ser coerente com a reforma que terá
sido feita.”
Expansão de gastos
“O que procuramos passar na transição é o conceito de neutralidade
fiscal. A despesa em proporção ao PIB de 2023 não pode ser menor que a
despesa em proporção ao PIB de 2022, para que não chegue em dezembro do
ano que vem com os problemas de dezembro deste ano.”
Reforma tributária
“A determinação clara do presidente Lula é que nós possamos dar logo
no início do próximo governo prioridade total à reforma tributária. Me
parece que Lula vai dar prioridade à reforma tributária do (Bernard)
Appy. O Estado é acusado muitas vezes de onerar o crédito com a cobrança
de tributos, de não aprovar certas leis que permitam uma execução de
garantias de forma mais ágil por parte do credor. Isso tudo vai estar na
ordem do dia no próximo governo.”
Tensão entre os Poderes
“Queremos recuperar uma visão mais institucional do processo
político, diminuir a tensão entre os Poderes. Estamos dialogando com o
Congresso, que é parte da solução. A partir do momento em que o governo
parte para uma negociação política no Congresso Nacional, fortalecendo a
institucionalidade, o respeito entre os Poderes, é uma aposta que o
presidente está fazendo na volta à normalidade democrática no País.”
Moeda comum no Mercosul
“O início de um processo de integração monetária na região (países da
América do Sul) é capaz de inserir uma nova dinâmica à consolidação do
bloco econômico, ao oferecer aos países as vantagens do acesso e gestão
compartilhada de uma moeda com maior liquidez, válida para relações com
economias que, juntas, representam maior peso no mercado global.”
Articulação no Congresso
“Eu, como ministro da Educação, nunca tive um voto contra do PSDB (no
Congresso), porque eu negociava com o PSDB. Eu nunca perdi um projeto
no Congresso: Prouni, cotas, FIES sem fiador, Fundeb, criação do Ideb,
reforma do Enem, Sisu.”
Relação com os Estados
“Precisamos virar a página da guerra entre Presidência da República,
Estados e demais Poderes. Você não vai fazer boa gestão de saúde, de
educação, sem pacto federativo. Vamos refazer o acordo federativo com
governadores e prefeitos. Não há conflito distributivo superável
crescendo 0,5% ao ano. Nós não vamos nos entender com esse crescimento.”
São Paulo
“São Paulo já estava perdendo empregos para os outros Estados. Minas,
Paraná e Mato Grosso do Sul. São Paulo está correndo sério risco de
sofrer um processo ainda mais agudo de desindustrialização. Isso está
acontecendo em várias regiões do Estado.”
Privatizações
“Outro dia me perguntaram ‘Você é a favor da privatização?’ Eu
respondo: ‘Do quê? Da Sabesp, não. Do Ceagesp, sim.’ Então, me dê o
caso, me apresenta o caso e eu vou me colocar com a maior
transparência.”
PPPs
“É uma coisa interessante de a gente retomar, inclusive mudando
alguns detalhes da legislação que são obstáculos que têm refreado a
contratação de parcerias. Às vezes, dificultando o aval do Tesouro, às
vezes dificultando a participação da União em projetos de Estados e
municípios. Acho que tem um campo para a gente restabelecer o patamar de
dez anos atrás em relação à carteira de investimentos.”
Novo Ministério do Planejamento
“Eu acho que o Planejamento fica, às vezes, muito prejudicado por
essa demanda diária. Quando você tem secretaria de planejamento e o
mesmo ministro está tocando Orçamento, PPA, gestão, recursos humanos,
logística, TI, não dá conta.”
Jovens destaques podem ganhar chance na seleção brasileira após a Copa de 2022
Foto: CESAR GRECO
Por Redação – Jornal Estadão
Endrick, de apenas 16 anos, já acumula jogos pelo time principal alviverde e tem convocações para representar o Brasil sub-20
Uma nova geração de talentos do futebol brasileiro aguarda ansiosamente a próxima convocação da seleção sonhando fazer parte do ciclo da Copa do Mundo de 2026,
nos Estados Unidos, México e Canadá. Tanto jovens que não receberam
oportunidades em vestir a camisa do Brasil quanto os que tiveram poucas
chances com Tite esfregam as mãos para aguardar uma oportunidade na
primeira data Fifa pós-Mundial do Catar.
Brasil não vence europeus em mata-matas de Copas desde o penta
Desde a final contra a Alemanha e 2002, a Seleção Brasileira perdeu
todos os mata-matas que disputou com europeus em Copas do Mundo.
Endrick até recebeu apoio do craque Ronaldo Fenômeno para
receber uma oportunidade na delegação do Brasil na Copa deste ano no
Catar. “É um menino com um futuro promissor demais, que já está atuando
no profissional. Para ele seria uma experiência sensacional, para o
futuro da seleção brasileira também”, disse o ex-jogador, atual dono do
Cruzeiro, em novembro.
Os volantes Danilo, do Palmeiras, JoãoGomes, do Flamengo, e André, do Fluminense,
foram alguns dos principais nomes da posição no futebol brasileiro
neste ano e podem ganhar oportunidades em 2023. Os três têm “perfil de
futebol europeu” e colecionaram atuações de alto nível, além do
histórico de convocações para as seleções de base. Danilo até chegou a
ser convocado para os amistosos contra Coreia do Sul e Japão em junho,
mas não entrou em campo.
Alguns com passagens pela seleção brasileira sub-20 também podem receber oportunidades no futuro próximo. O jovem MarcosLeonardo,
destaque do Santos, tem apenas 19 anos, mas já apresentou suas
credenciais em 2022. Ótimo posicionamento e pontaria afiada levaram-no a
ser uma das revelações do futebol brasileiro. Seu companheiro de time Ângelo é outro apontado como um atacante rápido e habilidoso de lado de campo com muito potencial para evoluir.
O Athletico-PR tem dois nomes que podem ganhar chance na seleção. O atacante Vitor Roque tem
apenas 17 anos, mas suas atuações elevaram o nível do time neste ano.
Ele já é monitorado por grandes clubes europeus. Ele foi eleito para a
seleção da Libertadores 2022 divulgada pela Conmebol.
Já o goleiro Bento, de 23 anos, foi um dos destaques
do rubro-negro paranaense e também já recebeu sondagens para se
transferir ao futebol do Velho Continente.
O zagueiro Gabriel Magalhães, do Arsenal, de 24
anos, era cotado para integrar a delegação da seleção brasileira para a
Copa do Mundo, mas acabou perdendo a vaga para Bremer, da Juventus. Ele
já havia sido convocado para a seleção olímpica no ano passado, mas foi
cortado após se lesionar.
O defensor revelado no Avaí teve um início de temporada com erros
individuais, mas deu a volta por cima e ajuda o time londrino a se
manter na liderança do Campeonato Inglês. Canhoto, é rápido e se destaca
na bola aérea. Thiago Silva, com 38 anos, disputou sua última Copa do Mundo.
Eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar tem dois grandes candidatos a vilão
Por Arnaldo Ribeiro
A eliminação precoce da seleção brasileira em mais uma Copa do Mundo tem dois grandes candidatos a vilões. Óbvios vilões. O técnico e o craque. Comecemos pelo técnico. Tite já
havia anunciado que sairia do cargo após o Mundial do Catar, com
qualquer resultado. E mais uma vez fez uma competição abaixo do esperado
como comandante.
Seis anos de trabalho, a queda na mesma etapa (quartas de final) e de
novo para um adversário europeu (como ocorreu em 2018, diante da
Bélgica, que foi para casa mais cedo). E de novo com algumas falhas
semelhantes. Escalação, substituições, decisões.
Tite não virou um técnico de ponta no comando da seleção porque foi
mal na hora em que os mais fortes se defrontam. Não parece também ter
conquistado mercado no futebol europeu, por exemplo, para onde queria ir
após o torneio. Foi dominado pela Bélgica em 2018 no primeiro tempo e
não soube dominar a Croácia quatro anos depois – com jogadores melhores à
disposição.
A seleção de Tite continuou sendo a seleção de Neymar nesses seis
anos sob sua batuta. Evoluiu muito pouco em termos de conjunto, no
aspecto coletivo – e também no mental. Sim, no mental. O que a Croácia
tem de equilíbrio, o Brasil não tem.
Não deixa de ser curiosa a ausência de psicólogo na comissão técnica
da seleção brasileira nesse tempo todo. Inexplicável. As histórias de
Tite e Neymar se confundem nas duas últimas Copas com a da seleção
brasileira. Na derrota para o Croácia, os dois vão padecer da escolha
(ou não escolha) no momento decisivo. Por que Neymar não bateu o
primeiro pênalti da seleção brasileira? Decisão de quem?
Qualquer resposta é injustificável. Neymar chegou a dizer também que
essa seria sua última Copa do Mundo, depois de três edições, a contar
com essa do Catar. Não é uma decisão oficial, diga-se. Mas… Na Copa em
que ele se machucou de novo, mas que chegou mais preparado também,
esteve a um passo da glória – justamente quando chegou aos 30 anos. Ia
decidindo, enfim, uma partida grande com um golaço.
Mas a questão do pênalti… vai pegar. Não ter batido o tiro na
decisão, como Sócrates e Zico fizeram, não é algo perdoável ao craque. A
questão para Neymar passa a ser outra: e vai além da possibilidade de
ele jogar a próxima Copa, em 2026. Qual será a motivação principal para
Neymar nessa fase mais derradeira da carreira? Melhor do mundo ele
dificilmente será. Além da idade, a geração Mbappé vem atropelando.
Aliás, até no PSG, Neymar não é mais a estrela da companhia. O trono é
do francês, que foi campeão mundial aos 19 anos com a camisa 10.
O futuro de Tite parece ser mais previsível. Sem proposta tentadora
da Europa, pode voltar ao futebol brasileiro. O Corinthians o receberia
de braços abertos, numa espécie de resgate – com gosto de prêmio de
consolação para o treinador.
Mas e o futuro de Neymar? A Copa mostrou que a seleção ainda não tem
um jogador melhor do que ele. Ainda não… Mas a ascensão de Vinícius
Júnior e de outros bons jogadores pode também colocá-lo em segundo plano
neste aspecto nos próximos anos. E ele tem de estar preparado para
isso. Será que está?
Essa coluna foi enviada na íntegra primeiramente aos leitores
inscritos na newsletter “Craques da Copa”. Cadastre-se gratuitamente aqui e
receba em primeira mão. “Craques da Copa” são enviados diariamente, às
19 horas. Neste sábado, quem escreve para a coluna é Benjamin Back.
Resta saber se Haddad usará do seu poder de articulação apenas para
fazer passar um projeto intervencionista do PT ou fazer o que tem de ser
feito para desamarrar a economia
O presidente eleito já avisara que nomearia um político, e não, como é
habitual, um profissional da Economia. Aconteceu outras vezes. Fernando Henrique Cardoso, na qual se consagrou por ter lançado o bem-sucedido Plano Real, é sociólogo; Antonio Palocci, médico; e Henrique Meirelles, engenheiro. Na República Velha, o ministro da Fazenda do governo Marechal Deodoro foi o jurista Ruy Barbosa.
Mas os tempos são outros e Haddad não é FHC. As encrencas à frente,
se mal resolvidas, poderão demolir qualquer reputação que um
administrador público possa pretender.
Haddad é de boa conversa e tem jeito para enfrentar conflitos. O que
se deve perguntar é se usará esse jogo de cintura apenas para fazer
passar um projeto intervencionista do Partido dos Trabalhadores (PT) ou se o usará para fazer o que tem de ser feito para desamarrar a economia.
Logo de cara, terá de conquistar a confiança dos agentes mais
diretamente envolvidos com as coisas da economia. E isso passa, logo
nos primeiros dias, pela maneira como tentará equacionar o enorme e
ainda não bem dimensionado rombo fiscal. Por aí se verá o quanto a
administração Lula será fiscalmente responsável, como vem prometendo e como dela se espera.
Vistas as coisas com os olhos de pássaro em sobrevoo, Haddad terá de conduzir as contas públicas na contramão da atuação do Banco Central.
Enquanto o Tesouro está sendo empurrado para despejar dinheiro de
helicóptero, o Banco Central será obrigado a usar rodo e pano de chão de
sua política de juros para retirá-lo dos mercados. Se for bem-sucedido,
estará puxando os juros para cima. O principal efeito disso poderá ser
mais puxada nos freios da economia.
A acreditar nas reiteradas declarações do novo presidente e do próprio Haddad, uma das prioridades será conduzir a reforma tributária.
Pela retórica esforçada, trata-se de produzir uma arrumação do sistema
tributário de modo a dar-lhe um mínimo de racionalidade. Na prática,
todos sabem que a verdadeira intenção é aumentar a carga de impostos,
estopim mais do que conhecido de revoltas ao longo da História, série de
que não ficou de fora nossa Inconfidência Mineira. Logo veremos se o
governo PT não tentará exumar a nefasta CPMF, o extinto imposto do
cheque, com a mesma conversa de que será uma taxa módica – que logo
adiante será automaticamente elevada – destinada a dar mais um
instrumento antissonegação para a Receita Federal.
Uma das preocupações do presidente Lula será a de fazer seu sucessor,
tendo Haddad como candidato a ser preparado para isso. No entanto, ao
fim de quatro anos, a condução dos negócios da economia poderá acarretar
tanta impopularidade que esse projeto de sagrar um novo condutor
carrega o risco de dar errado.
Esse é um dos raríssimos casos em que um parasita confere vantagem ao parasitado
Por Fernando Reinach
Ratos têm medo de gatos. E com razão. Em 2011, descrevi aqui um parasita capaz de alterar o comportamento dos ratos. Quando infectados pelo Toxoplasma gondii, ratos perdem medo de gatos e são atraídos sexualmente pelos bichanos. E acabam devorados.
O hospedeiro final é sempre o felino que ingere o parasita ao devorar o
rato, que, por sua vez, se contamina a partir das fezes do felino. Ao
se instalar no cérebro do animal, alterando seu comportamento, o
parasita pula mais facilmente para o felino.
Nos anos seguintes, cientistas que estudam hienas nas estepes africanas descobriram que hienas infectadas pelo Toxoplasma gondii se
tornam mais ousadas e perdem parte do medo que têm dos leões. Esse
comportamento faz com que muitas acabem mortas, devoradas pelos leões.
Essa descoberta confirmou, na natureza, a descoberta feita com ratos e
gatos no laboratório.
E agora um grupo de cientistas que estuda os lobos no parque de Yellowstone, no Wyoming, EUA, descobriu uma mudança de comportamento em lobos parasitados pelo Toxoplasma gondii. O parque tem 9 mil km² e no início do século 20 tanto os lobos (Canis lupu) quanto os cougars (Puma concolor)
estavam extintos no parque. Os cougars recolonizaram espontaneamente o
parque por volta de 1930 e os lobos foram introduzidos em 1985. Agora
essas duas espécies convivem em certas áreas.
A comunidade de lobos consiste em 120 animais divididos em 10 a 12
alcateias. Durante os últimos 26 anos, os cientistas têm estudado a vida
social dessas alcateias, formação, cisão e desaparecimento. Além disso,
exames de sangue têm sido feitos periodicamente. Lobos e cougars são
carnívoros, predadores e competem pelas mesmas presas, no mesmo
território, mas não são presas ou predadores um do outro. Mesmo assim,
exames de sangue mostraram que parte dos cougars e uma fração dos lobos é
parasitada pelo Toxoplasma gondii.
Nesse estudo, os cientistas compararam o comportamento social dos
lobos infectados com aqueles que não apresentavam o parasita. Para tanto
usaram as observações diretas do comportamento de cada animal, sua
localização (com colares com GPS), e exames de sangue que detectam a
presença do parasita. Os dados foram coletados ao longo de 26 anos e
envolvem toda a população de lobos do parque. Um feito extraordinário do
ponto de vista da dificuldade experimental e da longevidade do estudo.
O resultado demonstra que os infectados se comportam de maneira
diferente. São os que têm maior chance de se separarem dos grupos e de
migrarem para novos territórios. Esse comportamento leva à formação de
novos grupos em novas áreas do parque. Além disso, os lobos infectados
têm maior probabilidade de se tornarem líderes dos grupos, o que faz com
que eles tenham um papel preponderante nas decisões de deslocamento do
grupo e, no caso dos machos, tenham mais acesso às fêmeas. Ou seja, os
lobos infectados pelo parasita se tornam líderes e pioneiros.
Os cientistas acreditam que o parasita diminui o medo dos animais e
aumenta seu apetite pelo risco, de maneira semelhante ao observado nos
ratos e nas hienas. Mas, no caso dos lobos, existe uma diferença
fundamental: eles não são predados pelos cougars e não têm predadores no
ambiente do parque. Dessa forma, sua maior ousadia e apetite pelo risco
não faz com que eles se tornem presas fáceis, mas que se tornem
líderes.
Esse é um dos raríssimos casos em que um parasita confere uma
vantagem ao parasitado e essa vantagem ocorre por meio de uma mudança de
comportamento. Uma descoberta interessantíssima. O Toxoplasma gondii infecta
seres humanos, mas não sabemos ainda se ele afeta nosso comportamento.
Será que vale a pena verificar se nosso líderes e empreendedores de
sucesso são pessoas infectadas pelo parasita? E, se esse for o caso,
será que no futuro os jovens ambiciosos que hoje usam drogas para
aumentar sua coragem tentarão se infectar com esse parasita?
Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)
Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor
Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe.
Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar
lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).
É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E
como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma
espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira
outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas,
conhecendo culturas diferentes.
Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do
Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não
duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a
diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator
entre fracasso e sucesso.
Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo.
“Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e
manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é
fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das
pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.
De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o
foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo
ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi
possível para o melhor resultado”, avisa.
Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as
coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma
situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde
você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das
coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o
empreendedor.
Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica
importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes
adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso
é a superação”, destaca Junior Borneli.
Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no
primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito
comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes,
receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”,
afirma.
É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será
fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior
parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado
expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria
fica pelo caminho”, diz.
É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá
que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a
sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a
trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky
Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto
aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.
O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham
glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com
super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa
espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à
tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.
Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são
persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará
valer a pena!,” destaca o empreendedor.
DERROTA TAMBÉM ENSINA
Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá,
tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos
ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova
tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos
Estados Unidos”, afirma Junior.
No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e
aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já
falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou
capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.
Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para
não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e
entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e
suportáveis”, salienta.
Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos
traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo
dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são
fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao
orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão.
Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e
siga firme em frente”, afirma.
É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você
não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se
você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm
coragem e disposição para fazer”, completa.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na
internet.
Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a
sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar
você para o próximo nível.
Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.
Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
Os integrantes do Grupo Técnico (GT) de Minas e Energia dão
entrevista coletiva no CCBB, em Brasília.| Foto: José Cruz/Agência
Brasil.
O grupo técnico de Minas e Energia da equipe de transição
anunciou nesta quinta-feira (8) que o governo Bolsonaro deixará uma
dívida de de R$ 500 bilhões, a serem pagos nos próximos anos pelos
consumidores. De acordo com o coordenador executivo do grupo, Mauricio
Tolmasquim, o principal impacto é uma das consequências da privatização
da Eletrobras, com um custo de R$ 368 bilhões nas contas.
Uma das emendas inseridas pelos parlamentares no projeto que aprovou a
venda da estatal no Congresso obriga o governo a comprar energia de
termelétricas a gás natural nas regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e
Sudeste a partir de 2026. “Lugares distantes onde não há gás natural”,
alertou Tolmasquim, durante entrevista coletiva no Centro Cultural Banco
do Brasil (CCBB), em Brasília.
Também aumentaram o rombo: um empréstimo feito ao setor elétrico
durante a pandemia de Covid-19 no valor de R$ 23 bilhões; a Conta
Escassez-Hídrica, o novo empréstimo de R$ 6,6 bilhões feito ao setor
elétrico para cobrir prejuízos com a crise energética de 2021; a
contratação emergencial de usinas termelétricas, realizada em outubro do
ano passado pelo governo, no valor de R$ 39 bilhões; e a obrigação de
reserva de mercado com a contratação de Pequenas Centras Hidrelétricas
(PCHs) nos leilões de energia, de R$ 55 bilhões, mais uma exigência
feita pelo Congresso no projeto de privatização da Eletrobras.
Segundo Tolmasquim, isso terá que ser pago pelos consumidores durante
esse período do governo que se inicia, mas por outros governos também. A
equipe de transição fará sugestões ao novo ministro de Minas e Energia
para reduzir esses valores, como a rescisão dos contratos emergenciais
com as usinas termelétricas e a revisão, junto ao Congresso, da
obrigação de instalar esse tipo de usina em lugares distantes, longe do
suprimento de gás e do centro de consumo.
Ele citou ainda a escalada da criação de subsídios no setor, como
para a energia fotovoltaica, “uma fonte altamente competitiva”. Nesta
semana, a Câmara dos Deputados aprovou a prorrogação, por mais seis
meses, do prazo final para instalação de microgeradores e minigeradores
de energia fotovoltaica com isenção de taxas pelo uso da rede de
distribuição para jogar a energia elétrica na rede. A isenção vai até
2045.
Ele afirmou que a expansão do setor deve passar pela visão de
transição energética, por fontes como solar e eólica, mas é preciso
pensar na segurança energética e capacidade de fornecimento no futuro,
que passa pela energia hídrica, atuação central da Eletrobras. Com
informações da Agência Brasil.
O setor elétrico brasileiro é um ente superendividado que, às voltas
com o vencimento de uma dívida impagável, consegue um aumento no limite
do cartão de crédito para continuar contraindo mais dívidas e pagando
mais juros.
A diferença é que, neste caso, os avalistas do empréstimo somos nós,
consumidores cativos, e não temos qualquer poder de influência ou tomada
de decisão: temos apenas o dever de manter o pagamento de nossas contas
de energia em dia, mesmo estando elas entre as mais elevadas do mundo.
Ou seja, temos de aceitar tais empréstimos à nossa revelia,
por decisões tomadas por aqueles que, no limite, deveriam justamente
salvaguardar-nos de custos excessivos.
A moda dos empréstimos à custa dos consumidores começou ainda em
2014, com a negociação de três tranches, num total de R$ 21,7 bilhões,
para a cobertura dos custos associados à descontratação das
distribuidoras na esteira da fatídica Medida Provisória 579/12.
Hoje, o consumidor mal começou a pagar a conta-covid – fechada no ano
passado para equilibrar o fluxo de caixa das concessionárias nos
primeiros meses da pandemia de covid-19 – e já querem que assuma um novo
empréstimo para cobrir custos extraordinários do setor, agora
associados à crise hídrica.
De acordo com informações da imprensa, a proposta em discussão entre
os ministérios de Minas e Energia e da Economia, a Agência Nacional de
Energia Elétrica e a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia
Elétrica (Abradee) é que seja criado um empréstimo de entre R$ 10
bilhões e R$ 15 bilhões para recuperar o caixa das concessionárias,
pressionado pelos custos excessivos da geração térmica.
A operação pode ser viabilizada via medida provisória, a ser encaminhada pelo Executivo ao Congresso Nacional.
O problema é que, além de penalizar ainda mais os consumidores, esse
tipo de encaminhamento ignora as reais causas do novo desequilíbrio de
caixa das distribuidoras. O fato é que o modelo de formação de preços da
energia não reflete as condições do setor.
Basta observar que hoje, enquanto os consumidores cativos
estão pagando a bandeira da escassez hídrica devido à combinação da pior
seca em praticamente um século com a falta de planejamento setorial, o
valor do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) está abaixo de R$ 200
por MWh.
Ou seja, a aplicação das atuais regras proporciona sinais trocados
aos agentes: pequenos consumidores, que já não sabem como cortar gastos
pressionados por tarifas excessivas, ficam sujeitos à bandeira da
escassez, enquanto a maioria dos demais agentes não percebe qualquer
restrição.
Na prática, temos tão somente medidas paliativas que postergam
eventuais repasses de custos, justamente como o empréstimo agora em
discussão.
A revisão das regras tem de ser feita no contexto da modernização do
setor elétrico, num processo que proporcione a correta alocação dos
riscos e que dê maior transparência ao setor, promovendo gastos
eficientes em todas as suas etapas.
Mais, nesse processo têm de ser incorporadas as práticas de ESG que as companhias do setor elétrico tanto alardeiam possuírem.
Afinal, a geração térmica necessária neste momento deveria justamente
ser considerada entre os riscos associados às mudanças climáticas e,
como tais, teria de ser corretamente precificada pelos agentes no
contexto das políticas relativas à sustentabilidade corporativa.
Nos anos 1980, o setor elétrico brasileiro viveu momentos críticos
devido à inadimplência entre as várias partes de sua cadeia, naquele
momento composta por estatais.
No arranjo atual, os débitos não são repassados de forma isonômica,
cabendo apenas à sua parte mais frágil e sujeita a sanções imediatas,
como o corte do fornecimento em caso de inadimplência. Esse tipo de
solução é injusto e enganador, baseado em uma lógica perversa que
atribui ao pequeno consumidor riscos que não são seus e perpetua
ineficiências setoriais.
Clauber Leite é coordenador do Programa de Energia e
Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e
Carlota Aquino Costa é diretora-executiva do Idec
O que era irresponsável vira “necessário”, só por favorecer Lula
Por J.R. Guzzo – Gazeta do Povo
Esplanada dos Ministérios, em Brasília.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O
Brasil vive num paraíso desde o último dia 3 de novembro. Até então,
era o pior país a ser encontrado no sistema solar; mas aí o TSE declarou
que Lula tinha ganhado a eleição para presidente e de um minuto para
outro o mundo mudou. Agora, haja o que houver e faça Lula o que bem
entender, tudo está certíssimo, tudo é virtude, tudo é alegria. Se desse
para saber que seria assim, bem que o STF poderia ter demitido o
presidente Bolsonaro, nomeado Lula para o seu lugar e feito a felicidade
geral começar antes, não é mesmo? Seja como for, o Brasil das
Maravilhas está aí – e sua primeira grande conquista é a capacidade de
transformar desastres, explícitos e aritméticos, em grande obra de
“engenharia política”.
Imaginem o que aconteceria neste país se o governo, antes do dia 3 de
novembro, tivesse dito que precisava gastar cerca de 170 bilhões de
reais a mais do que a lei permite para pagar as suas despesas. A
proposta não chegaria a cinco minutos de vida; iria desabar debaixo de
enfurecidas acusações de “irresponsabilidade fiscal”, “incapacidade de
governar”, “tentativa de golpe de Estado”, e daí para baixo. Mas os
árbitros do bem e do mal agora são outros, e são eles que definem o que é
a realidade. A realidade oficial, hoje, é que os mesmíssimos 170
bilhões que iriam arruinar o Brasil são indispensáveis para a
sobrevivência da nação; Lula, ao extorquir essa montanha de dinheiro
extra do pagador de impostos (poderia ter sido mais) se mostra não um
arrombador do erário, mas nos dá uma notável lição de “articulação
política”. Mudou-se até o nome da operação. Era “PEC da Gastança”. Foi
promovida a “PEC da Transição”. Muito mais sério, certo?
A partir de agora qualquer sujeito que tiver uma carteirinha de
ministro ou de “gente do governo” em geral (a começar pelo novo
presidente), só vai praticar acertos; ficam todos isentos da
possibilidade de errar, como é o caso do Papa. O que era errado vira
certo. O pecado mortal passa a ser exibição de bondade. O “orçamento
secreto”, que até o dia 3 de novembro era a maior desgraça dos 500 de
história do Brasil, se transforma em instrumento essencial para a
“governabilidade”; o PT, que era mortalmente contra, hoje é mortalmente a
favor. Chamam a coisa toda, agora, de “emendas do relator”, ou “emendas
parlamentares” – caso resolvido.
A realidade oficial, hoje, é que os mesmíssimos 170 bilhões que iriam
arruinar o Brasil são indispensáveis para a sobrevivência da nação
O resto é igual. Destruir a maior parte dos mecanismos de
estabilidade da economia passa a ser um mandamento da “Nova Teoria” que
pretende resolver os problemas do Brasil com soluções que são tentadas
há 100 anos e nunca deram certo. Socar 40 ministérios em cima da
população (incluindo aí o Ministério do Índio) torna-se uma exibição de
“capacidade administrativa”. Abrir embaixadas que foram fechadas em
ditaduras ou em republiquetas no fundão da África, ou conseguir
audiência com um assessor do presidente Joe Biden, é tido como grande
vitória diplomática – eis aí o Brasil de volta à liderança mundial. São
as vantagens de se “salvar a democracia” e colocar na presidência da
República um cidadão condenado pela justiça por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. Daqui para frente, os brasileiros não vão mais
receber notícia ruim – têm, enfim, um presidente e um governo
infalíveis.
Ministérios Como estão as negociações nas outras pastas Por Wesley Oliveira – Gazeta do Povo Brasília
Lula vai confirmar primeiros nomes de seu ministério nesta sexta-feira (9), em Brasília| Foto: André Borges/EFE
O
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar nesta
sexta-feira (9) os primeiros ministros que irão compor sua equipe a
partir de janeiro. A expectativa é que confirme pelo menos seis nomes da
chamada “cota pessoal”, ou seja, escolhidos de confiança e blindados da
disputa política entre os partidos aliados. Outro que deve ser
conhecido oficialmente é o futuro chefe do Itamaraty.
“Ele [Lula] estava querendo deixar [o anúncio] para depois da
diplomação, mas tem muita especulação, muita coisa. Aquilo que já tem
certeza, que está certo, ele quer divulgar amanhã [sexta]”, disse a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nesta quinta-feira (8), após reunião
do diretório do partido. Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin
(PSB) serão diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na
segunda-feira (12).
O presidente eleito deve anunciar os ministros da Fazenda, Defesa,
Justiça e Segurança Pública, Casa Civil, Relações Institucionais e Meio
Ambiente. Para a Fazenda, o favorito nas “bolsas de aposta” é o
ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, tido como um dos nomes mais
próximos de Lula. Apesar disso, Haddad é visto com desconfiança pelo
mercado financeiro. O receio é que ele repita políticas econômicas
equivocadas de governos anteriores do PT.
Para tentar dissipar temores, Haddad passou as últimas semanas
tentando se aproximar de setores empresariais. Nos encontros, tem dito
que o governo Lula dará “prioridade total” à reforma tributária em 2023,
acrescentando que a reforma é necessária para garantir um novo
arcabouço fiscal para o país.
“O compromisso do presidente com a agenda de realizar em 2023 a
reforma tributária conta com o apoio da sociedade, inclusive do setor
bancário, para que a gente tenha êxito no ano que vem. Uma reforma que é
essencial e estrutural”, afirmou o petista, durante reunião com
banqueiros.
Nesta quinta, Haddad também esteve reunido com o ministro da
Economia, Paulo Guedes, para tratar da transição. De acordo com o
petista, o encontro durou pouco mais de uma hora e a conversa foi
considerada “excelente, cordial e educada”.
Lula também deve confirmar o nome do ex-ministro do Tribunal de
Contas da União José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa. A
indicação é uma forma do futuro governo começar a preparar a transição
junto às Forças Armadas, uma área sensível em virtude da proximidade dos
militares com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na esteira da
confirmação de Múcio também devem ser conhecidos os nomes dos futuros
comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea.
Outro ministério a ser anunciado por Lula será o das Relações
Institucionais, pasta responsável pela articulação com o Congresso
Nacional, onde o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) é o mais cotado para
o posto.
Nomes para Justiça, Casa Civil e Meio Ambiente Nos bastidores,
aliados de Lula indicam ainda que o petista pretende confirmar os
escolhidos para os Ministérios da Justiça, do Meio Ambiente, da Casa
Civil e das Relações Exteriores. A tratativa com os escolhidos estava
sendo finalizada pelo presidente eleito ainda nesta quinta.
Para a Justiça, Lula pretende indicar o senador eleito Flávio Dino
(PSB-MA), depois de uma articulação para que a pasta mantenha a
segurança pública sob o mesmo guarda-chuva. Dino vinha negociando com
Lula para que a pasta não fosse dividida, no que foi atendido, segundo
integrantes da transição. De acordo com aliados de Lula, uma das
principais missões de Dino na pasta será coordenar as mudanças para
restringir o acesso às armas de fogo.
Outro nome a ser confirmado na Esplanada é o do atual governador da
Bahia, Rui Costa (PT), para a Casa Civil. Ele deixa o cargo no próximo
dia 31 e chega para o ministério de Lula como um aceno do presidente
eleito à sua base na Bahia e no Nordeste. Para chefiar o Itamaraty, o
nome mais cotado é o do diplomata Mauro Vieira, que já ocupou o cargo
durante parte do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele
também pode ser anunciado nesta sexta.
É esperada ainda a confirmação da deputada federal eleita Marina
Silva (Rede-SP) para o Ministério do Meio Ambiente. Se for confirmada,
será a segunda vez que Marina comandará a pasta – ela já esteve à frente
do ministério entre os anos de 2003 e 2008, também no governo Lula.
Integrante da comitiva do presidente eleito que foi à Conferência do
Clima das Nações Unidas, a COP-27, no Egito, em novembro, Marina avalia
que a maior pressão internacional em torno da questão ambiental pode se
tornar um trunfo a favor do Brasil.
Outros nomes do ministério de Lula serão apresentados após a diplomação
Segundo integrantes da cúpula do PT, outros nomes que irão integrar o
ministério de Lula devem ser anunciados na próxima terça-feira (13), um
dia após a diplomação no TSE. Diferentemente desse primeiro anúncio, os
demais escolhidos deverão sair de partidos da base aliada e poderão ser
nomes técnicos e políticos.
”Não precisa ninguém ficar angustiado, nervoso, criando expectativa
porque eu, no fundo, já tenho 80% do ministério na cabeça”, disse o
presidente eleito recentemente.
Nessa leva, Lula pretende indicar o nome que irá comandar o
Ministério da Saúde a partir do ano que vem. Ele se reuniu com diversos
nomes nas últimas semanas, mas a presidente da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Nísia Trindade Lima, é a mais cotada até o momento. Segundo
integrantes do PT, a indicação de uma mulher para o posto vem sendo
defendida por Lula ao longo da transição.
Corre por fora ainda o nome de Linamara Rizzo Battistella, médica e
professora da Universidade de São Paulo (USP). Linamara tem o apoio do
vice-presidente eleito Geraldo Alckmin. Ela foi secretária estadual dos
Direitos da Pessoa com Deficiência quando Alckmin era governador de São
Paulo. Na avaliação de petistas, uma mulher no posto faz parte do
esforço de Lula para tentar alcançar paridade de gênero em seu novo
governo.
Também deve ser confirmada por Lula nos próximos dias o nome da
senadora Simone Tebet (MDB) no novo Ministério de Desenvolvimento
Social. A indicação dela também é vista como parte da “cota pessoal” de
Lula, mas atende uma estratégia de atrair o MDB para a base do governo.
Além de atuar pela campanha do petista no segundo turno, a senadora foi
uma das articuladoras para aprovação da chamada PEC da transição,
aprovada pelo Senado na última quarta-feira (7).
Bolsonaro, Trump e Maduro vão pautar a relação entre Lula e Biden Rolls-Royce, chefes de Estado, shows: o que já se sabe sobre a cerimônia de posse de Lula Como a PEC fura-teto e a “mão amiga” do TCU podem ajudar o governo a fechar as contas de 2022 Demais indicações dependem de articulação com partidos da base Para
atender todos os partidos da base, Lula pretende ampliar de 23 para até
34 o número de pastas na Esplanada dos Ministérios. Essas indicações,
no entanto, dependem de acordo com os partidos que irão integrar a base
do governo no Congresso Nacional.
Responsável pela indicação de Alckmin na chapa de Lula, o PSB
pleiteia ao menos três ministérios no futuro governo. Entre eles, o
Ministérios da Cidades para o ex-governador Márcio França, que abriu mão
de sua candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Haddad na
disputa deste ano.
“Lula nos informou que a partir da próxima semana vai convocar os
partidos, inclusive o nosso PSB, para discutir a questão da montagem de
governo, de maneira que hoje não houve discussão sobre montagem de
governo”, disse o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, depois de
um encontro com Lula nesta semana.
Além do PSB, o MDB e o PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (MG), também cobram mais espaço no futuro governo de Lula. No
caso dos emedebistas, além da pasta de Tebet, o partido defende a
indicação de um segundo nome para o ministério de Lula. O senador
Eduardo Braga (AM), por exemplo, é candidato a comandar a pasta de Minas
e Energia.
Paralelamente, o PSD busca emplacar no Ministério dos Transportes o
senador Alexandre Silveira (MG), que foi o relator da PEC da transição
no Senado. Silveira foi um dos coordenadores da campanha de Lula em
Minas Gerais e é visto como um dos principais aliados de Pacheco dentro
do partido.
Ainda na ofensiva para atrair partidos para a base, aliados de Lula
indicam que o União Brasil deve ser contemplado com uma pasta e uma
estatal. Ainda sem a definição de nomes, a sigla deve indicar o ministro
do Desenvolvimento Regional e manter a presidência da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Para fechar o acordo, Lula pretende acompanhar as articulações para
aprovação da PEC da transição na Câmara dos Deputados.
Nomes técnicos para Educação e Indústria Ainda nos bastidores,
aliados de Lula indicam que o presidente eleito pretende escolher nomes
técnicos para as pastas da Educação e da Indústria. No caso da Educação,
a mais cotada para o cargo é a atual governadora do Ceará, Izolda Cela
(PDT).
A pedetista é do núcleo político do senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão
do ex-ministro Ciro Gomes. Professora, Izolda comandou a secretaria de
Educação do Ceará entre 2007 e 2014. Na pasta, ela foi responsável pelo
Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), que tinha como meta
alfabetizar todas as crianças com até os 8 anos de idade ao final do 3º
ano do ensino fundamental no estado.
Além de Izolda, o PDT deve assumir o Ministério do Trabalho, onde
o favorito é o presidente da sigla, Carlos Lupi, que já comandou a pasta
em governos anteriores do PT.
Já para Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, Lula tem
sinalizado que pretende indicar um empresário, mas sem confirmar nomes
até o momento. O ex-presidente da Embraer Defesa Jackson Schneider, que
já comandou a Mercedes e a Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea), é visto como um dos favoritos para o
posto. Atualmente, Schneider integra a equipe de transição.
Há os que se empenham pela justiça, e há os que transformam a Justiça em outra coisa
Por Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
A Justiça, estátua na Praça dos Três Poderes, diante do Supremo Tribunal Federal.| Foto: Agência Brasil
João de Deus, que fazia medicina espiritual em Abadiânia (GO), agora
está condenado a 223 anos de prisão. Daqui a pouco ele ultrapassa o
recorde do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que está para
sair, e tem lá um relógio em que o tempo para ele passa mais rápido.
João de Deus está com prisão domiciliar por causa do seu estado de saúde
dele; quando praticava os crimes pelos quais foi condenado, aí ele
estava bem de saúde. As condenações de agora somam 109 anos; com as que
já havia, totalizam 223 anos. Oito estupros e 26 violações sexuais. É um
total de nove condenações, inclusive por estupro de vulnerável.
Ele tinha amigos importantes, inclusive no Supremo. O ministro
Barroso já gravou um vídeo elogiando os poderes de João de Deus. Quando
ele estava preso, em dezembro de 2020, e pediu o habeas corpus no
Supremo, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux recusaram ser relatores,
alegando razões de foro íntimo. Tudo isso só para sabermos como é
possível que pessoas tenham tanta projeção e estavam praticando crimes,
crimes horrendos, aproveitando-se da fé, da crendice das pessoas.
Depois de ser Câmara de Vereadores, Alexandre de Moraes agora quer ser Detran
Falando em condenações, o ministro Alexandre de Moraes agora aumentou
a multa dos caminhoneiros pra R$ 100 mil – um valor impagável – se
participaram de manifestações. Os caminhoneiros ficaram ainda mais
estimulados por causa disso. Moraes agora está querendo ser o Detran,
depois de ter sido Câmara de Vereadores, afastando o prefeito de Tapurá
(MT).
Transição para baixo No Dia da Justiça, a homenagem a quem realmente merece Estou
gravando este comentário no Dia da Justiça, 8 de dezembro. A justiça
que eu acho que juiz de primeira instância merece. Uns vivem em fóruns
cedidos pela prefeitura em más condições, levam trabalho para casa,
trabalham como escravos da Justiça. Esses merecem. Já os outros, que
convertem a Justiça e o Poder Judiciário em Legislativo e Executivo,
esses acho que não entenderam bem o Montesquieu que estudaram na
faculdade de Direito.
Aliás, o Ministério Público está reclamando que os artigos 127 e 129
da Constituição não estão sendo cumpridos pelo Supremo. O 127 diz que o
MP é essencial à Justiça, e o 129 diz que compete privativamente ao MP a
iniciativa do processo. Mas no Supremo vemos que a iniciativa de
processos parte de políticos, que recorrem diretamente à corte, passando
por cima do MP. Isso sem falar daquele inquérito em que o Supremo, como
ofendido, tomou ele mesmo a iniciativa, algo que nenhum estagiário de
Direito, nenhum estudante de primeiro semestre pode acreditar que seja
verdadeiro.
Lula anuncia parte do ministério nesta sexta-feira Nessa
sexta-feira espera-se o anúncio, por parte do presidente eleito, de
parte do ministério. Por exemplo, espera-se para a Defesa o nome de José
Múcio Monteiro, pernambucano que era da equipe de Marco Maciel, foi da
Arena, do PFL, foi ministro do TCU, foi deputado federal por cinco
mandatos. Para a escolha dos comandantes militares, o critério é o do
mais antigo oficial general de quatro estrelas de cada força. Parece que
para o Itamaraty volta o embaixador de carreira Mauro Vieira, que já
foi ministro de Dilma. O ex-governador da Bahia Rui Costa deve ir para a
Casa Civil, e Márcio França, que foi governador de São Paulo, deve
ganhar um ministério, talvez o de Ciência e Tecnologia. Alexandre
Padilha, que foi ministro da Saúde, ficaria na Secretaria-Geral da
Presidência. Continuam falando em Fernando Haddad para o Ministério da
Fazenda, mas eu fico incrédulo. E Flávio Dino, ex-governador do Maranhão
que já foi inclusive presidente da Associação Nacional dos Juízes
Federais, é o cotado para o Ministério da Justiça.