segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

RELAÇÃO DE LULA COM O CONGRESSO

 


Qual é o nível de independência que o Congresso vai ter em relação ao governo de Lula

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo


Fachada do Congresso Nacional.| Foto: Pedro França/Agência Senado

O apoio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), declarado no fim de novembro, foi um gesto importante para assegurar sustentação e governabilidade em seu terceiro mandato, mas pode ser insuficiente para evitar um maior grau de independência do Congresso Nacional na legislatura que começa em fevereiro. As sinalizações de apoio do PT à reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também têm pouco potencial para alterar os rumos do protagonismo do Parlamento. Na atual legislatura, esse protagonismo em relação ao Executivo aumentou, com um maior controle de parlamentares sobre a pauta debatida no Congresso e mais influência deles junto ao governo federal na construção de políticas públicas.

“Não consigo enxergar espaço para o Legislativo abrir mão desse empoderamento”, diz o analista político Pedro Araújo, sócio-diretor da Action Relações Governamentais. Levantamento da consultoria mostra que, até o recesso parlamentar do meio do ano de 2022, o Congresso havia aprovado 103 propostas de autoria de deputados e senadores e apenas 33 de origem do governo federal. Em 2021, foram aprovadas 79 propostas de congressistas e 41 do Executivo. Até 2020, o governo federal conseguia impor ou ao menos “igualar” a sua agenda à do Congresso.

Em parte, é possível atribuir o protagonismo do Congresso em 2021 e 2022 à pandemia da Covid-19 – que exigiu uma série de ações emergenciais que tiveram de passar pelo Legislativo. Mas Araújo diz que esse movimento é histórico. Em 2012, por exemplo, foram 43 projetos do Executivo aprovados, contra apenas 18 de iniciativa do Congresso. Naquele ano, foi aprovado o Código Florestal, considerado um marco para o início do processo de fortalecimento dos congressistas. “Foi um marco porque foi o primeiro grande projeto de autoria do Legislativo aprovado e que virou lei. Ali, deputados e senadores viram que tinham essa capacidade institucional”, diz Araújo.

Os parlamentares perceberam as vantagens político-eleitorais de ter comando da pauta legislativa. “Traz grandes possibilidades para o congressista se relacionar com as bases ao pautar assuntos de interesse delas”, explica Araújo.

Outra razão que reforça a tendência de maior independência do Congresso é o controle sobre o Orçamento federal. O projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, enviado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), previa uma reserva de R$ 38,7 bilhões para emendas parlamentares, o maior valor já registrado. Desse montante, R$ 19,4 bilhões está previsto para o chamado orçamento secreto – as emendas de relator, que devem ser mantidas em razão da articulação pela aprovação da PEC fura-teto. O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), defende ainda a impositividade dessas verbas, ou seja, tornar sua execução obrigatória.

Como gesto ao Congresso, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), disse na terça-feira (29) que a PEC fura-teto pode liberar receitas extraordinárias para gastar R$ 22,9 bilhões ainda este ano, o correspondente a 6,5% da arrecadação excedente prevista para o ano. Do total, R$ 7,7 bilhões poderiam ser utilizados para pagar recursos de emendas parlamentares que, hoje, estão bloqueadas.


Esforços de Lula podem ser insuficientes para equilibrar forças
“É muito difícil o Legislativo abrir mão dessa capacidade de controlar o Orçamento”, diz o analista político Pedro Araújo. “Nas semanas em que os prefeitos vão a Brasília, os gabinetes dos deputados ficam cheios, com filas externas para entrar na Câmara. Antes, a realidade era toda diferente; esse movimento ia para os ministérios.” Ou seja, atualmente é mais importante para um prefeito conseguir liberar verbas com um parlamentar do que com um ministro.

Araújo diz que a PEC fura-teto proposta pelo gabinete de transição de Lula foi a forma que o governo eleito encontrou para tentar elevar o controle do Orçamento pelo Executivo e, assim, ter alguma margem de manobra financeira. Além disso, ao flexibilizar o Orçamento e garantir mais dinheiro para si, o futuro governo fica menos dependente do Congresso e ganha espaço para negociar em condições melhores as pautas de seu interesse com o Legislativo.

Mas o cientista político Enrico Ribeiro, sócio-diretor da Consillium Soluções Institucionais e Governamentais, entende que a PEC é uma aposta arriscada para Lula. Ele reconhece que a PEC contribui para antecipar a construção da base governista, mas diz que ela eleva os desafios em caso de insucesso na tramitação e aprovação do texto. “O presidente eleito já está governando e queimando todo o capital político para aprovar algo sem que sequer tenha sido empossado”, diz Ribeiro.

Em caso de insucesso na condução da PEC, Ribeiro alerta para um cenário desfavorável a Lula. “Se o Executivo for fraco, o poder de pauta do Legislativo será mais intenso. Como o governo vai gastar muito tempo para organizar sua base de sustentação, é provável que haja um fortalecimento do Legislativo, mas é algo que ainda vamos observar pelo menos até o início do ano que vem”, diz.

O cientista político e sociólogo André César, analista da Hold Assessoria Legislativa, concorda com os riscos de insucesso na articulação da PEC e alerta para o ineditismo de toda a discussão. “Um governo que ainda não assumiu já está tendo que negociar uma questão crucial para a sobrevivência e já começa se desgastando. Se a PEC não passa ou não dá tempo, seria um início trágico e dramático que reforçaria o poder de fogo do Congresso”, observa.

Um insucesso na aprovação da PEC fura-teto também se somara à dificuldade de construção de governabilidade com um Parlamento mais alinhado à centro-direita, como o que saiu das urnas. “Mesmo dentro do MDB e do PSD há parlamentares que não necessariamente vão votar com o governo e concordar com todas as agendas”, diz o analista Pedro Araújo.

O analista André César ressalta o ambiente de divisão da sociedade após o resultado eleitoral apertado e todas as manifestações feitas por opositores nas ruas e nas redes sociais. “Lula não vai ter vida fácil e vai ter que ‘matar um dragão por dia’, que passará, muitas vezes, por quem está sentado na Câmara e do Senado. Ele vai precisar de um bom articulador político para ter alguém ali que tenha a sensibilidade para sentar, ouvir e não gerar mais barulho e terremoto”, diz.

Mas, em caso de aprovação da PEC fura-teto, o futuro governo pode ter benefícios. “A PEC pode contribuir para que antecipe a lua de mel com o Congresso e, em caso de sucesso em bases que deem alguma força ao governo, é possível recuperar o capital gasto. O poder político caminharia mais para o Executivo, que voltaria a ter um poder de agenda maior”, diz Enrico Ribeiro.

Como o Congresso assumiu o protagonismo em relação ao Executivo
Três fatores explicam o protagonismo assumido pelo Congresso nos últimos dez anos. A Action Relações Governamentais aponta que isso ocorreu devido a mudanças no trâmite das Medidas Provisórias (MPs), no Orçamento e na apreciação dos vetos presidenciais.

Todo o processo de fortalecimento do Legislativo começou ainda em 2009, com o então presidente da Câmara, Michel Temer (MDB). Por meio da Questão de Ordem de Plenário n.º 411/09, Temer restringiu o trancamento da pauta dos trabalhos legislativos em decorrência de MPs ainda não submetidas a votação. Até então, medidas provisórias trancavam pauta após 45 dias de tramitação, por determinação da Emenda Constitucional n.º 32/01. A ação de Temer garantiu maior autonomia do Congresso e possibilitou que fossem votadas em plenário propostas ainda que as MPs não tivessem sido aprovadas no prazo previsto.

Parte do processo de fortalecimento do Congresso também teve influência do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2012, o ministro Luiz Fux acolheu uma questão de ordem da Advocacia-Geral da União (AGU) e determinou a exigência de que MPs tramitassem em comissões mistas e que elas só trancariam a pauta de plenário caso já tivessem sido aprovadas por esses colegiados.

Em 2020, o Ato Conjunto n.º 1 do Congresso suspendeu todas as comissões e inviabilizou a instalação das comissões mistas para a análise das MPs, que voltaram a ser analisadas exclusivamente pelos plenários da Câmara e do Senado. Diferente de antes, porém, elas só passaram a trancar a pauta do plenário após 45 dias de tramitação caso o presidente da Câmara tivesse definido o relator da matéria.

Sobre os vetos presidenciais, o crescimento do poder de agenda do Parlamento veio por meio da Resolução 1/13 do Congresso Nacional. A resolução determina que vetos trancam a pauta legislativa 30 dias após serem recebidos pela presidência do Senado, e apenas podem ser rejeitados pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores. Dois anos depois, a Resolução 1/15 do Congresso passou a prever quórum especial de votação dos vetos. O trancamento de pauta para a votação de vetos favorece o Legislativo pois obriga o governo a negociar a manutenção de vetos, sob pretexto de paralisia de outras matérias de interesse do Executivo.

Quanto ao Orçamento, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional n.º 86/15 e passou a prever a execução obrigatória de emendas parlamentares individuais, obrigando a destinação à saúde de metade do volume orçamentário. Antes, os parlamentares apenas sugeriam as dotações ao governo, que era o responsável pela execução.

Em 2016, a Emenda Constitucional nº 95 elevou o protagonismo dos parlamentares ao estabelecer o Teto de Gastos. O teto tirou margem de manobra do Executivo para gastos e, desse modo, o poder do Legislativo de alterar as propostas orçamentárias por meio de emendas foi fortalecido. O governo passou a ter de negociar mais com os parlamentares.

Em 2019, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional nº 100, que passou a determinar a execução obrigatória de emendas parlamentares das bancadas estaduais. O dispositivo, que prevê que metade do montante precisa ser destinado a obras, também deixou uma parcela maior do Orçamento nas mãos de deputados e senadores.

Além disso, na atual legislatura foi criado o chamado orçamento secreto – as emendas de relator, cujo rastreamento da origem da indicação dos recursos é difícil, daí o apelido. O orçamento secreto acabou virando uma importante ferramenta de negociação para o governo Bolsonaro ter apoio no Parlamento – e isso deu poder ao relator do orçamento (um deputado ou um senador).

E o orçamento secreto quase teve sua execução tornada obrigatória. Em 2020, o Congresso chegou a aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevendo a execução obrigatória das emendas do relator-geral do Orçamento. Bolsonaro vetou e o Parlamento reagiu, retomando a impositividade com a aprovação do PLOA 2020. Bolsonaro vetou mais uma vez e, após negociação com parlamentares, manteve o veto.

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BOLSONARO PODE ACUMULAR APOSENTADORIAS

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Jair Bolsonaro no desfile cívico-militar do Bicentenário da Independência.| Foto: Alan Santos/PR

A reforma da Previdência aprovada no início do governo Bolsonaro prometia cortar privilégios no serviço público, mas as regalias do cidadão Jair Bolsonaro foram mantidas. Ele foi aposentado na última sexta-feira (2) de acordo com as generosas normas do Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), extinto em 1999, mas ainda hoje custeado pela União. Já aposentado pelo Exército, com renda de R$ 11,3 mil, terá nova pensão de 30,2 mil. Considerando o futuro salário do Partido Liberal (PL), a sua renda acumulada chegará a R$ 80 mil.

O ato do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é claro. A aposentadoria foi concedida “com fundamento” na Lei 7.087/1982, que dispõe sobre o IPC. Bolsonaro tem direito a pensão por tempo de serviço. O art. 34 dessa lei exige “idade mínima de 50 anos”. O art. 35 diz que a pensão será proporcional aos anos de mandato, somados a mandatos estadual ou municipal “averbados”, mediante pagamento. Bolsonaro averbou (aproveitou) dois anos de mandato como vereador pelo Rio de Janeiro.

Mas por que Bolsonaro e outros parlamentares federais podem acumular pensões e salários? Ocorre que o art. 40 da Lei 7.087 prevê mais uma benesse. Diz que “é permitida a acumulação da pensão do IPC com pensão e provento concedidos por outras instituições”. Questionada pelo blog sobre a legalidade do acúmulo de pensão com salário, com o valor acima do teto constitucional, a Câmara citou o Acórdão 3.632/2013 do Tribunal de Contas da União (TCU), que assim definiu: os benefícios oriundos do extinto IPC estão excluídos da incidência do teto remuneratório constitucional.


A conta sobrou para a viúva
A aposentadoria também foi assegurada com base na Lei 9.506/97, que extinguiu o IPC e transferiu à União, por intermédio da Câmara e do Senado, a concessão e manutenção dos benefícios. Foram preservados os direitos adquiridos em relação às pensões já concedidas e às pensões a conceder. Ninguém ficou sereno. A previdência de deputados e senadores ficou a cargo do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC).

Com a extinção do IPC, em 1999, os parlamentares que já tinham adquirido direito à aposentadoria puderam ingressar no PSSC, visando incorporar ao valor da futura pensão 1/35 do subsídio parlamentar a cada ano de mandato. Segundo os arquivos da Câmara, Bolsonaro se filiou ao IPC em 1º de fevereiro de 1991, dia da posse no seu primeiro mandato de deputado. A adesão facultativa ao PSSC ocorreu em 2 de fevereiro de 1999.


E tem mais mordomias
Além da farta remuneração, Bolsonaro terá à sua disposição, na condição de ex-presidente, uma equipe de apoio de oito integrantes, com seguranças, motoristas e assessores, além de dois carros blindados, passagens e diárias para a equipe de apoio, gasolina, serviços de telefonia e comunicações. Os gastos do governo – leia-se dos contribuintes – com os atuais ex-presidentes, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, chegam a cerca R$ 6 milhões por ano.

Bolsonaro chegou a apresentar um projeto de lei, em março de 2018, em parceria com o deputado Francischini (SD-PR), para acabar com essa mordomia. A Justificativa do projeto registra que, “num momento de crise financeira, quando se exige esforço da sociedade e do governo para reequilibrar as contas públicas, não é cabível a existência de uma legislação ultrapassada. Vale destacar, ainda, que desses cinco ex-presidentes, dois tiveram seus mandatos cassados e ainda assim dispõem dessas regalias”. Depois de eleito, Bolsonaro não tocou mais no assunto. O projeto está parado nas gavetas da Câmara desde março de 2019.

“Entendimentos jurisprudenciais” furam teto
Na maior parte do seu mandato, Bolsonaro sofreu abate-teto sobre o acúmulo da aposentadoria de capitão do Exército com o salário de presidente da República – R$ 30,9 mil. Mas ele e um grupo de pelo menos 36 oficiais generais foram beneficiados pela Portaria 4.975 do Ministério da Economia, publicada em 30 de abril de 2021, para promover “a sua adequação aos entendimentos jurisprudenciais do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TCU”.

Em nota enviada ao blog, a Economia disse que, a partir de 1º de maio de 2021, o cálculo do teto remuneratório passou a incidir isoladamente sobre cada um dos vínculos, nas hipóteses de acumulação admitidas constitucionalmente. Assim, “nas hipóteses de acumulação entre vínculo de aposentado ou militar na inatividade com cargo em comissão ou cargo eletivo, o limite remuneratório incide isoladamente em relação a cada um dos vínculos”. Como mostrou o blog, a renda de alguns generais beira os R$ 70 mil.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/por-que-bolsonaro-pode-acumular-aposentadorias-e-salario/
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ORÇAMENTO SECRETO PRECISA ACABAR?

 

Política

Por
Diogo Schelp

Ministra Rosa Weber


A presidente do STF Rosa Weber| Foto: Roberto Jayme/Ascom /TSE

Os atuais ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) são acusados frequentemente de desrespeitar a Constituição, da qual eles deveriam justamente ser guardiões. Muitas dessas críticas são justas e a maioria — mas nem todas — partem do grupo político do presidente Jair Bolsonaro. Na quarta-feira (7), a adesão dos ministros do STF aos princípios constitucionais será novamente colocada à prova no julgamento que pode acabar com o orçamento secreto (ou emendas de relator, ou RP-9, como queiram), colocado na pauta por Rosa Weber, presidente da corte e relatora do caso. Se permitirem a manutenção do mecanismo de distribuição de recursos do orçamento por critérios políticos, o STF estará mais uma vez pisoteando sobre a Constituição Federal. Se julgarem as emendas de relator inconstitucionais, contudo, os ministros estarão fazendo o certo e cumprindo com seu papel de guardiões da Carta.

Os parlamentares já possuem um instrumento para destinação de recursos para suas bases eleitorais, as chamadas emendas parlamentares, que são distribuídas de maneira mais igualitária e justa. A partir de 2019, porém, foram criadas as emendas de relator, supostamente para corrigir pequenas falhas do orçamento, mas que na prática servem para favorecer aliados do governo no Congresso ou para uma forma institucionalizada de compra de voto parlamentar. Trata-se de um mecanismo que dá enorme poder aos presidentes do Senado e da Câmara, mas principalmente ao segundo, atualmente na figura do deputado federal Arthur Lira (PP-AL).

O problema das emendas de relator não é só a falta de transparência (por não deixar claro quais parlamentares decidiram quais gastos e por qual critério eles ganharam esse direito), motivo pelo qual receberam a justa alcunha de orçamento secreto. Elas são inconstitucionais também por outros motivos.

As emendas de relator violam os artigos 195 e 198 da Constituição, que determinam como deve ser definida a transferência de recursos para a saúde e para a assistência social (os critérios são determinados na Lei Complementar 141). Ao forçar o cancelamento de despesas obrigatórias, as emendas de relator também ferem os artigos 166 e 167 da Constituição. Já a falta de transparência sobre a autoria das emendas representa um desrespeito aos artigos 37 e 163-A do texto constitucional.

Bolsonaro sempre disse que não teve nada a ver com a criação das emendas de relator, mas o fato é que, depois de idas e vindas, ele deixou passar o mecanismo e com isso consolidou sua aliança com o Centrão no Congresso. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2023 o governo federal reservou 19,3 bilhões de reais para essas emendas.

O orçamento secreto é o grande trunfo na manga de Arthur Lira em suas negociações com Lula para a aprovação da PEC Fura Teto, aquela que pretende colocar quase 200 bilhões de reais fora das regras do teto de gastos no orçamento dos próximos anos, e para a sua reeleição à presidência da Câmara no ano que vem.

E também por esse motivo, aliados políticos de Bolsonaro, que a partir de 1º de janeiro vão se tornar oposição ao governo, encontraram uma nova desculpa para defender com unhas e dentes as emendas de relator — mesmo admitindo que o mecanismo é inconstitucional. O argumento é que o orçamento secreto deve ser mantido porque enfraquece o governo federal. Não importa que viole a Constituição. Não importa que seja vulnerável à corrupção, a desvios de nacos dos impostos pagos pelos brasileiros. O que importa é que fortalece o Legislativo e enfraquece o Executivo, que será ocupado por um adversário.

Isso foi dito de maneira cristalina, por exemplo, pelo deputado federal Luiz Phillippe de Orléans e Bragança (PL-RJ) em entrevista à Jovem Pan News na quinta-feira (1). “Quero ver o Congresso com mais controle do orçamento”, disse o deputado ao responder a uma pergunta deste colunista sobre as emendas de relator. O político admitiu que, em outras circunstâncias, é contra as emendas de relator e as emendas parlamentares em geral. “Muito perigoso para o Brasil reforçar o Executivo e acabar com o RP-9 e com as emendas parlamentares. Por incrível que pareça, eu sou contra do ponto de vista constitucional, mas nesse momento político eu sou extremamente a favor, porque isso dá mais poder ao Parlamento”, concluiu o deputado bolsonarista.

Então é assim que funciona. A Constituição deve ser defendida a qualquer custo… mas só enquanto isso servir aos próprios interesses políticos. Quando se trata de enfraquecer os adversários, é melhor deixar a obediência à Constituição para lá.

As emendas de relator (orçamento secreto, RP-9…) são inconstitucionais. O STF deve derrubá-las, doa a quem doer.


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ÚLTIMA PRIVATIZAÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO

 


Copel segue tendência e é uma das últimas do setor energético brasileiro a abandonar o formato estatal

Por
Elvira Fantin – Gazeta do Povo


Uma das três últimas estatais do setor, Copel segue rumo à privatização.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

Referência em qualidade de serviços prestados e em gestão, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) segue a tendência do setor e, em menos de um ano, passará à iniciativa privada. O projeto de lei que autoriza o estado do Paraná a vender parte das ações tramitou em tempo recorde na Assembleia Legislativa. Em quatro dias, o projeto foi apresentado, passou por todas as comissões parlamentares, votado em dois turnos e sancionado.

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É uma das últimas empresas do setor elétrico em todo o Brasil que ainda tem o controle do estado. Restarão apenas a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc).

Para o advogado especialista no setor Fabio Appendio, sócio do Rolim, Viotti, Goulart, Cardoso Advogados, as companhias privatizadas ganham agilidade na tomada de decisões, favorecendo a competição no mercado. Appendio, que assessorou o processo de privatização da Celg-T, hoje EDP Goiás,  destaca o que tem motivado os processos de privatização do setor no Brasil: “Foco dos recursos do Estado em setores prioritários – saúde, educação e segurança”.

O diretor-presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivam, lembra que “mesmo privatizada, a Copel não deixará de ser uma concessionária de serviço público e terá todo um regramento em termos de tarifa, investimentos e resultados que são determinados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”.

Grandes grupos dominam o setor
Fora as duas companhias que seguem sob o controle do estado, o setor de energia elétrica hoje no Brasil está nas mãos de grupos internacionais e fundos de investimentos. São eles: Enel (italiana), Iberdrola (Neoenergia – espanhola), CTG, State Grid e Spic (chinesas) e EDP (portuguesa). Tem ainda a IsaCteep (colombiana) e alguns grupos brasileiros grandes e fundos de investimentos (Energisa, Equatorial e Alupar).

O diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, diz que numa avaliação geral, o que se tem observado é que as privatizações foram benéficas para o setor elétrico, para os consumidores e para a sociedade em geral. “Tem as vedetes, como a Copel e a Cemig, que são exemplos, são bem geridas, têm eficiência e qualidade no atendimento, mas não é tudo assim. Algumas têm dificuldades”, observa. Para Vivan, no entanto, mesmo para essas que têm bons resultados, a privatização traz ganhos à sociedade. “Coloca a empresa numa situação de competitividade com os demais agentes do setor, flexibiliza a operacionalização, as contratações, a tomada de decisão, sem as amarras da burocracia”.

O que pretendem as duas estatais restantes no setor energético brasileiro

A Gazeta do Povo procurou as duas estatais, Cemig e Celesc, para saber se o caminho deve ser o mesmo que o adotado pelo Paraná e demais estados. Em nota, a Cemig informou que o assunto “deverá ser objeto de discussão deste governo no segundo mandato” (o atual governador, Romeu Zema, do Novo, foi reeleito) e que “quaisquer discussões sobre eventuais processos de privatização devem ter aprovação da Assembleia Legislativa”.


A Celesc, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que “não há movimentação nesse sentido”.  E acrescentou que “a expectativa no momento é para a nova composição da diretoria da empresa, com a troca de governo”. O atual governador, Carlos Moisés, do Republicanos, será substituído por Jorginho Mello, do PL, eleito em outubro.

Cerj, Energipe e Eletropaulo: as primeiras privatizadas

As primeiras privatizações no setor de emergia aconteceram na década de 1990. Em 1996, a Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro (Cerj) foi vendida em leilão. Em 1997, foi a Empresa Energética de Sergipe (Energipe) e, em 1999, foi a vez da Eletricidade de São Paulo S.A (Eletropaulo).

Mais recentemente, outras privatizadas foram a Companhia Energética de Brasília – Distribuição (CEB-D), a Companhia Elétrica do Amapá (CEA), a Companhia de Transmissão de Energia de Goiás (Celg-T), a Companhia Estadual de Energia do Rio Grande do Sul (CEEE) e a Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras).

Em boa parte delas, a opção foi por desmembrar Geração, Transmissão e Distribuição antes da venda. Em alguns casos, se optou por vender apenas uma parte do serviço, como a CEB-D, que teve apenas a distribuição privatizada. No Rio Grande do Sul, tudo foi privatizado, porém em separado e em três etapas.

“O modelo da Copel é a antítese disso”, disse em entrevista à Gazeta do Povo o presidente da companhia, Daniel Pimentel Slaviero. “A Copel tem força em ser uma empresa integrada e ter participação relevante na geração, na transmissão, na distribuição e na comercialização, com atuação sinérgica entre os seus negócios”.

Bancada de oposição contesta mudança na Copel
A transformação da Copel para o modelo corporação encontrou resistência dos cinco deputados estaduais do PT no Paraná (Arilson Chiorato, Luciana Rafagnin, Professor Lemos, Requião Filho e Tadeu Veneri) e do deputado Goura (PDT). Eles protocolaram mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná contra a tramitação.

A ação alega que o projeto “impacta de forma absolutamente severa a economia, não apenas da própria Administração Pública, mas também de toda a macrorregião paranaense”. E argumenta que “foi apresentado em regime de urgência, tolhendo a possibilidade de que fosse amplamente discutido pelo Parlamento no âmbito de suas Comissões e no Plenário, bem como perante a Sociedade Civil, mediante a realização de Audiências Públicas”. Mesmo com o projeto tendo sido aprovado e a lei já sancionada, a ação prossegue, podendo ainda anular a tramitação.


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MUITA GENTE QUERENDO UMA BOQUINHA NO GOVERNO LULA

 

Espaço na Transição

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante reunião com parlamentares das bancadas aliadas na sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).


O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião com parlamentares das bancadas aliadas na sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente eleito [Luiz Inácio Lula da Silva] esteve no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para fazer uma avaliação da cirurgia que fez na garganta. Está tudo ok. Ele já está voltando a Brasília. A recomendação insistente é não usar demais a voz. Eu sabia! Quando anunciaram que ele ia ficar calado por três dias, eu disse: ‘olha eu já fiz essa cirurgia e demora muito mais tempo, no mínimo uns 10 dias sem forçar a garganta’.

Estão pedido mais cadeiras para o CCBB, em Brasília
No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está o governo de transição, na sexta-feira (2) pediram mais cadeiras. Cada vez está chegando mais gente. Não tem mais cadeira pra tanta gente. Começou com 30, 50, 100, 300, 500 (…). Agora estão falando que são mil pessoas. Nunca se viu nada igual.

Um integrante da primeira equipe de transição do primeiro governo Lula disse que eram 15. Todo mundo querendo uma boquinha, um DAS, que é Direção e Assessoramento Especial. DAS 5, 4, 3, 2, 1. É uma graninha que entra sem precisar fazer concurso. E fica por ali, assinando coisas, carimbando, olhando, chefiando. Sem ter feito concurso, sem conhecer o setor. Serão 34 ministérios pra abrigar todo mundo. São 23 hoje. Serão mais 11. Nem vai caber na Esplanada, como nas cadeiras do Centro Cultural Banco do Brasil. A Esplanada dos Ministérios tem 19 prédios para ministério, incluindo aí o Itamarati e o Ministério da Justiça. Bota mais três ministérios no Palácio do Planalto, ainda sim vai faltar.

Tudo isso a gente paga, né? Cada ministro tem chefe de gabinete, tem secretário-geral (…). Cada secretário-geral e cada chefe de gabinete tem por sua vez o seu chefe, isso, aquilo e aquilo outro, né? Aquela profusão de cargos em comissão de gente que não precisa fazer concurso simplesmente porque é dos partidos que compõem o governo. É aquela festa com o seu dinheiro. Por isso que você paga imposto. Por isso que quando você vai num supermercado e paga tudo que compra um pouquinho mais caro porque você está pagando o imposto, assim como quando abastece seu carro, ou até quando paga passagem do ônibus. Tem imposto em tudo, e a empresa de ônibus paga imposto também.

Estão anunciando quem serão os ministro e estão dizendo que vai ser o [Fernando] Haddad o ministro da Fazenda. É um negócio assim incrível. O Lula disse que já tem 80% dos ministros na cabeça, são 27 já. E tem que ter uma boa memória pra guardar tanta gente, nome de tanta gente na cabeça.

Deputado do PT e Calheiros querem proibir uso da bandeira e manifestações

Uma outra questão é um deputado do PT de Sergipe, que está com uma proposta de lei para proibir o uso da bandeira nacional e do hino. Se você quiser cantar o hino, assim numa manifestação, ele quer proibir. Se você quiser levar uma bandeira do seu país, bandeira que representa você, seus filhos, seus netos, seu avô, seu bisavô, você não vai poder pelo projeto. Nem cantar o belo hino nacional brasileiro. É um projeto de um deputado do PT de Sergipe.

Algo semelhante é do [senador] Renan Calheiros (MDB-AL), com o apoio do presidente do senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não é surpresa pra nós. É aquele “status quo” querendo se proteger, porque descobriram que o povo está se descobrindo como mandante e eles são os mandatários. Eles são apenas os representantes do povo, empregados do povo, o povo é o patrão. Querem conter o patrão.

O Renan Calheiros está fazendo um projeto de mudança constitucional que restringe manifestações. Para considerá-las todas assim, aquilo que a gente vê hoje numa certa mídia, que sãos os atos antidemocráticos. Isso significa total censura, mas isso é impossível, porque é proibido mudar direitos e garantias fundamentais, artigo 5º. E a liberdade de expressão está prevista no artigo 5º, assim como o direito de locomoção, a liberdade de reunião. Está lá prevista. Isso é impossível.

Estou apenas dizendo que é impossível, agora como impedir isso, cabe a cada eleitor, cidadão e pagador de impostos. Por isso, dono do Estado brasileiro. O Estado funciona em função do povo. A Constituição é feita para conter os abusos do Estado. Pra garantir a liberdade do povo, não custa repetir o óbvio.


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CONSTITUIÇÃO ESTÁ SENDO DESRESPEITADA

 

País tem de sair da arapuca montada por Bolsonaro. Relação entre civis e militares não é mais nem menos delicada do que a relação entre civis com quaisquer outras instituições de Estado

Por Notas & Informações

É espantoso o rumo que tomou o debate público sobre a relação entre as autoridades civis e militares no País. É como se o que está escrito na Constituição – que determina em português cristalino quais são os papéis de uns e de outros na República – tivesse virado letra morta. Eis mais um legado nocivo do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos quatro anos, o atual mandatário instrumentalizou politicamente as Forças Armadas em seu benefício pessoal, inclusive dando voz a uma interpretação extravagante do artigo 142 da Lei Maior, e tentou por diversas vezes minar o poder dos governadores sobre as Polícias Militares.

Toda essa celeuma criada em torno da nomeação do futuro ministro da Defesa é o exemplo mais recente desse debate totalmente desarrazoado que se instalou no País.

Desde a criação do Ministério da Defesa, em 1999, a escolha do titular da pasta nunca despertou tanta atenção da sociedade nem tampouco gerou tanta apreensão como agora. É como se, a depender do nome escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, os militares fossem se insurgir ou permanecer leais ao seu futuro comandante em chefe.

Ora, no Estado Democrático de Direito, o poder militar (armado) submete-se ao poder civil (político). As Forças Armadas, portanto, não são atores institucionais com ingerência sobre atos próprios da vida civil nem muito menos sobre as prerrogativas constitucionais do presidente da República. Diálogo ou até mesmo negociação jamais devem ser confundidos com chantagens ou ameaças, veladas ou explícitas.

Estadão apurou que, no dia 28 passado, Lula convidou José Múcio Monteiro, ex-ministro de Relações Institucionais (2007-2009) e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (2019-2020), para assumir o comando da Defesa. Tido e havido como um hábil negociador, Múcio foi incumbido pelo presidente eleito de criar “um ambiente de diálogo” entre o futuro governo e a caserna.

Consta que a escolha de Lula teria desagradado aos dirigentes de partidos políticos aliados e aos parlamentares petistas, que pugnavam por outro nome à frente do Ministério da Defesa. Nos bastidores, os críticos de José Múcio Monteiro dizem que ele seria “o candidato do Forte Apache”, em referência ao quartel-general do Exército, como se isso fosse uma mácula por si só. De fato, Múcio é figura benquista no meio militar; e o momento tormentoso que o País atravessa impõe diálogo e temperança às autoridades constituídas.

Mas a questão fundamental é a seguinte: a rigor, o apreço ou a antipatia de lideranças civis ou militares em relação a José Múcio Monteiro – ou a qualquer outro ministro escolhido por Lula – são sentimentos absolutamente irrelevantes à luz da Constituição.

Cabe única e exclusivamente ao presidente da República, convém lembrar, “nomear e exonerar os ministros de Estado” e “exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos” (artigo 84, incisos I e XIII, da Constituição, respectivamente).

Portanto, Lula da Silva pode estabelecer os critérios que julgar mais convenientes não apenas para nomear seus ministros, como também os comandantes das Forças Armadas. Esse poder deriva da legitimidade conferida aos mandatários pelas urnas. E todos devem respeitar a decisão do presidente eleito, seja qual for. É o que determina a Constituição.

Do mesmo modo, não tem qualquer cabimento discutir projetos que ampliem ou reduzam o poder de governadores de Estado sobre as Polícias Civil e Militar. A Constituição também é de uma clareza solar nessa matéria.

O País tem de se desvencilhar da arapuca montada por Bolsonaro. A relação entre autoridades políticas constituídas e as Forças Armadas não é mais ou menos delicada do que a relação com quaisquer outras instituições de Estado. Trata-se de uma relação pautada, antes de tudo, pelos termos da Constituição e pelo interesse público. Qualquer coisa fora disso serve a desejos de poder e veleidades, não ao Brasil.

FUTEBOL DA SELEÇÃO BRASILEIRA NÃO DÁ MUITAS ESPERANÇAS

 

Tite enfrenta críticas por escolhas, falta de gols e futebol burocrático da seleção na Copa

Foto: Martin Divisek / EFE

Por Ricardo Magatti – Jornal Estadão

Brasil chega às oitavas de final na condição de favorito diante da Coreia do Sul, mas lida com pressão

ENVIADO ESPECIAL A DOHA – O sentimento de euforia e otimismo como consequência das duas primeiras vitórias na Copa do Mundo deu lugar a questionamentos e preocupação na seleção brasileira depois da derrota para Camarões no encerramento da fase de grupos. Tite passou a enfrentar suas primeiras críticas mais intensas antes de o Brasil enfrentar a Coreia do Sul nas oitavas de final.

A escolha por preservar titulares diante dos camarões, o futebol pobre tecnicamente apresentado pelos reservas, a baixa eficiência no ataque dos suplentes e a aposta em nomes questionados, como o veterano Daniel Alves e o atacante Gabriel Jesus, fizeram Tite ouvir seus primeiros questionamentos mais contundentes no Catar.

O Brasil de Tite se despediu da fase de grupos com apenas três gols marcados, o pior ataque desde a Copa de 1978, ano em que foi às redes duas vezes nas três primeiras partidas. Entre todas as 16 que avançaram às oitavas, é a que teve a menor eficiência nas conclusões. O time fechou a primeira fase como o segundo que mais finalizou. Foram 51 chutes, mas apenas três gols marcados. “Não transformamos as oportunidades em gol”, admitiu o auxiliar César Sampaio.

Os problemas táticas, técnicos não tiram Tite do sério. Ele disse, na véspera de enfrenta a Coreia do Sul, que está “em paz”, repetindo o que falara em sua primeira coletiva de imprensa no Catar. “Estou em paz em função de saber que estamos preparados para a sequência”.

“Quem ficou fora está mais descansado para o jogo. Quem jogou e jogou bem está mais confiante. Quem jogou e não jogou bem, vai ter a oportunidade melhorar e preparar. Nós, da comissão, temos mais um recorte em cima de cada atleta, mesmo em cima de uma difícil derrota”, explicou ele.

Tite concede entrevista coletiva na véspera da partida diante da Coreia do Sul
Tite concede entrevista coletiva na véspera da partida diante da Coreia do Sul  Foto: Rungroj Yongrit / EFE

O que lhe preocupa são as lesões. Foram cinco lesionados em três jogos. Alex Sandro continua em recuperação de um problema muscular no quadril, e Alex Telles e Gabriel Jesus foram cortados por lesão de joelho. O caso do lateral é mais grave, visto que se trata de uma ruptura parcial do ligamento.

A boa notícia é que Danilo e Neymar estão recuperados e reforçam a equipe que enfrenta os sul-coreanos. O treinador confia em seu craque para colocar o time nas quartas com uma atual convincente e afastar as críticas.

“Temos que tirar lições para se reerguer e continuar. Dificilmente temos outras oportunidades, então lutaremos de todas as maneiras para evitar um insucesso”, afirmou o zagueiro Thiago Silva. “Na Copa de 2018, perdi um jogo e fui para casa. Em 2022, perdi um jogo e estou aqui nas oitavas de final”.

O defensor vai se igualar a Cafu e Dunga como o jogador que mais vezes usou a braçadeira de capitão do Brasil em Copas. Será a 11ª vez que ele usará a faixa em partidas de Mundiais.

Tite, até agora, tem demonstrado estar tranquilo apesar das intercorrências. Só ergueu o tom para desmentir que tenha convocado Gabriel Jesus machucado. “Não pode ecoar ali fora coisas que são mentiras, de quem quer fazer o ruim para os outros. Em nenhum momento aqui na seleção pagamos o preço de vitória por saúde do atleta”, rebateu o técnico, furioso com os “haters”, para os quais não deu nome e que ficam “plantando mentira”.

“O Arsenal tem um departamento médico, nós temos um departamento médico, ética profissional, e nunca ia acontecer desta forma”.

RECONHECIMENTO DAS EMPRESAS ESTIMULA OS FUNCIONÁRIOS A MELHOR PRODUZIR

 

Pedro Bannura, presidente da Digi

Pesquisa do IMA (Incentive Marketing Association) destaca os pilares para o sucesso de uma campanha de incentivo: reconhecimento, capacitação, pertencimento e recompensa

Os programas de incentivo implementados em pequenas, médias, grandes empresas e multinacionais vão muito além da contagem de pontos, metas superadas e premiação em dinheiro. As campanhas estão fundamentadas em quatro pilares primordiais: reconhecimento, capacitação, pertencimento e recompensa, nesta ordem de importância.

Pesquisa do IMA (Incentive Marketing Association ou Associação de Marketing de Incentivo), maior entidade do setor de marketing de relacionamento e incentivo do mundo, mostra que Reconhecimento é o principal fator que leva os colaboradores a participar e se engajar em uma campanha.

“É o motor que desperta no colaborador a vontade de crescer e continuar na empresa. Reconhecer o esforço ou meta alcançada é um aspecto que não precisa de alto investimento e é essencial para atrair público para a campanha e fazer a ação dar certo”, explica Pedro Bannura, presidente da Digi, uma das mais relevantes agências de marketing de incentivo e relacionamento do Brasil, que atende grandes companhias como Coca-Cola Brasil, Vigor e TIM.

O segundo pilar é a Capacitação, que dá oportunidade de o colaborador crescer dentro de uma empresa. O treinamento dentro da campanha de incentivo traz subsídios para que o público participante evolua e se desenvolva dentro da companhia e, consequentemente, gere resultados. Um público bem treinado e bem capacitado vai vender mais e melhor e impactar o ponteiro das vendas.

“A capacitação também permite que o público participante galgue posições, ‘voe’ dentro das empresas, impactando o plano de carreira. Se hoje um vendedor de campo é capacitado, amanhã poderá ser um supervisor, depois um gerente e um dia, quem sabe, chegar a gerente de trade marketing para cuidar da estratégia nacional de posicionamento do produto no PDV”, comenta Bannura.

O terceiro pilar é o Pertencimento, que significa trazer a percepção do participante para a construção do projeto. Pedro Bannura reforça que para conseguir gerar a sensação de pertencimento é muito importante trabalhar com pesquisas, além do SAC, que pode ser uma fonte robusta de informações e insights para a agência.

“Ouvir as reclamações do público participante da campanha, além de gerar boas ideias para implantar correções de rota, cria a sensação de que o público está sendo ouvido e respeitado e que a mudança foi feita em decorrência da opinião de cada um”.

De acordo com o executivo, vale destacar que, quando tomamos a ação de mudar pelo feedback dos participantes, eles se sentem parte da construção da campanha. E muitas vezes fazer parte da construção é um fator mais importante do que a Recompensa, que está em quarto lugar na pesquisa feita pelo IMA.

A recompensa nada mais é do que premiar o participante por algum objetivo alcançado. Pode ser por uma meta global, uma meta individual, uma performance coletiva, de equipe, de canal ou de regional.

Experiência, produto e dinheiro

Nas campanhas de incentivo existem, geralmente, três tipos de recompensa: experiência, produto ou dinheiro. Dados do IMA mostram que entre as três opções, a experiência é a melhor das recompensas, do ponto de vista das companhias, porque ela gera uma conexão maior do participante com a empresa que a proporcionou e por um tempo mais longo.

O produto como recompensa é o segundo fator de relevância quando falamos de conexão com a marca/empresa. Já o dinheiro como recompensa vem em terceiro lugar como melhor opção de premiação para conectar os participantes de uma campanha com a empresa ou marca.

“Se perguntarmos para colaboradores de uma empresa, obviamente, eles vão optar pelo dinheiro, devido à situação econômica – é instintivo. Mas em termos de relevância para a empresa, a partir do momento que o participante da campanha pagar a conta de luz ou a mensalidade da escola acabou a lembrança – e a conexão com a marca”, explica o presidente da Digi.

Reforçando os pilares estruturais de uma boa campanha e focando nas recompensas que mais conectam e que mantêm a lembrança da marca por mais tempo, com certeza, os resultados e o sucesso dos programas de incentivo serão mais assertivos, duradouros e satisfatórios, tanto para empresa, quanto para os colaboradores. 

A importância do bom site da Valeon para o seu negócio

Moysés Peruhype Carlech

Antigamente, quando um cliente precisava de um serviço, buscava contatos de empresas na Lista Telefônica, um catálogo que era entregue anualmente ou comprado em bancas de jornais que listava os negócios por áreas de atuação, ordem alfabética e região de atuação.

De certa forma, todos os concorrentes tinham as mesmas chances de serem encontrados pelos clientes, mas existiam algumas estratégias para que os nomes viessem listados primeiro, como criar nomes fantasia com as primeiras letras do alfabeto.

As listas telefônicas ficaram no passado, e, na atualidade, quando um cliente deseja procurar uma solução para sua demanda, dentre outros recursos, ele pesquisa por informações na internet.

O site da Valeon é essencial para que sua empresa seja encontrada pelos seus clientes e ter informações sobre a empresa e seus produtos 24 horas por dia.  Criamos uma marca forte, persuasiva e, principalmente, com identidade para ser reconhecida na internet. 

Investimos nas redes sociais procurando interagir com o nosso público através do Facebook, Google, Mozilla e Instagram. Dessa forma, os motivos pelos quais as redes sociais ajudam a sua empresa são inúmeros devido a possibilidade de interação constante e facilitado como o público-alvo e também a garantia de posicionamento no segmento de marketplaces do mercado, o que faz com que o nosso cliente sempre acha o produto ou a empresa procurada.

A Plataforma Comercial site Marketplace da Startup Valeon está apta a resolver os problemas e as dificuldades das empresas e dos consumidores que andavam de há muito tempo tentando resolver, sem sucesso, e o surgimento da Valeon possibilitou a solução desse problema de na região do Vale do Aço não ter um Marketplace que Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos e o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

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Moysés Peruhype Carlech

Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?

Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto resulta em mais vendas.

Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

domingo, 4 de dezembro de 2022

REVOGAÇO DE LULA NÃO ENCONTRA APOIO NO CONGRESSO

 

Desenhado por equipe de Lula esbarra em negociação com Congresso

História por Beatriz Bulla, Adriana Ferraz e Lauriberto Pompeu • Jornal
Estadão

BRASÍLIA E SÃO PAULO – Debatida antes mesmo da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, a lista de revogações de medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro abrange áreas como desarmamento, educação, saúde, ambiente e economia. São regras editadas ao longo dos últimos quatro anos que, a partir de 2023, podem ser anuladas ou substituídas com uma canetada do presidente eleito. A extensão do “revogaço”, porém, dependerá de negociação com o novo Congresso.

Parlamentares de oposição querem ser chamados para tratativas. Em café da manhã na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na quarta-feira passada, integrantes da chamada “bancada da bala” disseram que estão atentos à pretendida mudança na política armamentista de Bolsonaro. Eles ameaçam resistir.

A dimensão da base será determinante para diminuir a resistência a um revogaço. Foto: Reprodução/TV Globo© Fornecido por Estadão

“Não será da maneira como Lula acha que vai (ser). Temos um Congresso conservador e não vai prosperar um revogaço”, afirmou o deputado federal eleito Alberto Fraga (PL-DF), político próximo de Bolsonaro que volta à Câmara na próxima legislatura.

O encontro dos deputados com Lira ocorreu horas antes de o presidente da Câmara se reunir com Lula. O petista passou a semana em Brasília em articulações para construir a base do governo. Lula conversa com líderes do MDB, PSD e União Brasil para tentar atraí-los e anunciou apoio à reeleição de Lira, o que abre diálogo também com o PP.

Transição de governo

  • ‘Revogaço’ desenhado por equipe de Lula esbarra em negociação com Congresso© Fornecido por EstadãoEquipe de transição de Lula monta arsenal de propostas para novo governo

A dimensão da base será determinante para diminuir a resistência a um revogaço. A bancada da bala, por exemplo, será composta por 44 deputados em 2023 – dos quais sete deles são do União Brasil. Segundo Fraga, os parlamentares estão abertos a negociar, mas, para isso, Lula não deve “atropelar” o Congresso. “Muita coisa pode ser conversada e certamente o governo vai entender”, disse.

Coordenador do grupo, Capitão Augusto (PL-SP) afirmou que a bancada tem tamanho para paralisar os trabalhos na Câmara. “Se não tivermos a maioria, temos número suficiente para pegar o ‘kit obstrução’ e não deixar tramitar nada, nem nas comissões nem no plenário”, disse ele, que passará o comando da bancada para Fraga no próximo ano.

Revogação será ‘gradual’, diz aliado de Lula

De acordo com o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo de Justiça e segurança Pública da transição, Lula não fará nenhum revogaço sem ouvir quem milita na área. “A revogação será gradual, escalonada no tempo. Há decretos que vão ser revogados de imediato e outros nos cem primeiros dias do governo”, afirmou ele, sobre as propostas relacionadas à política de desarmamento.

A intenção é reverter, em pouco tempo, ao menos os decretos 9.845, 9.846 e 9.847, que flexibilizam a compra e o porte de armas. “Aqueles que têm armas para se defender em propriedades rurais e os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) de verdade não têm motivo para temer”, disse Carvalho.

Revogaço em início de gestão tem um precedente internacional que inspira o futuro governo. Horas depois de tomar posse como presidente dos Estados Unidos, Joe Biden assinou 17 medidas que alteraram políticas adotadas no governo Donald Trump. “O estrago que Trump fez na democracia americana é o mesmo que Bolsonaro fez (no Brasil)”, afirmou Lula a jornalistas na sexta-feira.

É nesse contexto que o novo governo pretende revogar também 20 medidas de comércio exterior, como informou a Coluna do Estadão. Estão na mira, ainda, atos que estabeleceram protocolos sanitários sem comprovação científica durante a pandemia da covid-19, além de cem decretos e atos normativos relacionados à proteção ambiental, como medidas que impedem a aplicação de multas.

Escolhido para comandar a bancada ruralista a partir do próximo ano, o deputado Pedro Lupion (União Brasil-PR), afirmou, no entanto, que o PT indicou que vai abrir espaço para o diálogo. Segundo ele, as revogações na área de fiscalização ambiental não serão feitas de forma brusca.

“O novo governo tem enviado sinais de que não quer radicalizar”, disse. Ele, no entanto, se queixou que, ao mesmo tempo em que emite essas mensagens, petistas têm agido contra projetos de interesses dos ruralistas no Congresso.

O deputado citou a tentativa da Comissão de Agricultura do Senado de votar o projeto que flexibiliza o uso de agrotóxicos. A análise foi adiada após os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), ambos aliados de Lula, pedirem que o tema seja discutido com o governo eleito.

Lula também tem sido pressionado por entidades da sociedade civil. A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, por exemplo, propõe uma agenda de desenvolvimento sustentável elaborada por mais de 400 colaboradores e pensada para ser colocada em prática nos cem primeiros dias da gestão. Apresentadas aos diversos grupos da equipe da transição, as sugestões estão traduzidas em projetos de lei, decretos e resoluções.

De acordo com o sociólogo Bruno Gomes, que coordenou o grupo de trabalho de mineração da iniciativa, as propostas são resultado de um vasto estudo que não apenas visa a revogação de regras em vigência, mas também alterações. “Não dá para simplesmente revogar, tem de substituir por algo e não deixar nenhum setor sem regras”, disse Gomes.

Apesar da pressão de congressistas e da sociedade civil, o entorno de Lula quer deixar a negociação sobre mudanças normativas para o próximo ano. A avaliação é que a fase atual é de propor a revogação, por parte das equipes técnicas, mas caberá a Lula manejar a execução das sugestões de acordo com condições políticas. “Todos os grupos de transição encaminharam aquilo que acham que é importante para a sociedade, para o setor produtivo, para as dinâmicas de governo”, afirmou a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), do grupo do Meio Ambiente na transição.

Medida não pode gerar insegurança jurídica, afirma professor

O professor Floriano de Azevedo Marques, ex-diretor da Faculdade de Direito da USP, disse que do ponto de vista legal é possível promover revogações respeitando o mesmo status hierárquico da norma que se quer alterar.

“Se a regra foi determinada por meio de um decreto é necessário outro decreto para revogá-la. Se foi por meio de portaria, outra portaria pode modificá-la. Do mesmo modo, uma lei se altera com outra lei”, disse. No último caso, o especialista em direito público afirmou que uma medida provisória tem o poder de sustar os efeitos de uma lei, mas apenas por prazo determinado. Depois, será preciso aval do Congresso.

Marques alertou, porém, que o pretendido revogaço não pode gerar vácuo normativo ou mesmo insegurança jurídica. “Antes de se anular determinada regra é preciso deixar claro o que entrará no lugar, a não ser que a intenção seja somente dar fim a uma liberação, como no caso das armas, ou a um sigilo de dados públicos. Mas, se a ideia é estipular outra situação legal, então será preciso debate público, transparência e tempo.”

CASA BRANCA CONFIRMA A VINDA DE ASSESSOR PARA ENCONTRO COM LULA E BOLSONARO

 

Visita ao Brasil
Agência EFE


Na reunião em Brasília, assessor de política externa do presidente americano deve discutir com Lula visita aos Estados Unidos que deve ocorrer ainda este mês| Foto: EFE/André Borges

BRA300. BRASILIA(BRASIL), 02/12/2022.- El presidente electo de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ofrece una conferencia de prensa hoy, en el Gabinete de transición del Gobierno, en Brasilia (Brasil). EFE/ Andre Borges


Jake Sullivan, principal assessor de política externa do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajará ao Brasil na próxima segunda-feira (5) para buscar uma aproximação com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e definir a data de uma visita a Washington que pode acontecer ainda este mês.

A Casa Branca já havia informado à EFE nesta semana que Sullivan pretendia ir ao Brasil, mas nesta sexta-feira (2) a assessoria de imprensa revelou que a viagem inclui um encontro com o próprio Lula.

O governo Biden quer se aproximar de Lula antes que tome posse em 1º de janeiro de 2023, com o objetivo de assentar as bases para um bom relacionamento entre os dois líderes, assim como fez o governo do republicano George W. Bush (2001-2009) com o brasileiro na primeira vez que se tornou presidente.

Naquela ocasião, Bush convidou Lula à Casa Branca em dezembro de 2002, pouco antes da posse.

Embora Bush e Lula estivessem em polos opostos do espectro ideológico, construíram um bom relacionamento pessoal que ajudou a melhorar as relações bilaterais.

Lula revelou em entrevista coletiva na sexta-feira que pensa em se encontrar com Biden ainda este mês. A visita deve acontecer entre 12 de dezembro, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizará sua diplomação como próximo presidente, e antes de sua posse, marcada para 1º de janeiro.

Segundo Lula, a data será definida durante a visita a Brasília de Sullivan e outros funcionários de alto escalão do governo americano.

Sullivan também deve se reunir com o secretário especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha, e com o senador Jaques Wagner, amigo pessoal de Lula, informou a Casa Branca em comunicado nesta sexta-feira.

Além disso, se reunirá com a equipe do presidente Jair Bolsonaro, mas a Casa Branca não citou um encontro com o próprio governante, grande defensor do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), a quem Biden derrotou nas eleições de 2020.

Segundo a Casa Branca, os encontros de Sullivan com autoridades brasileiras serão pautados por quatro temas: combate à mudança climática, segurança alimentar, migração regional e promoção da diplomacia, temas que Washington quer priorizar na relação bilateral.

Os Estados Unidos foram um dos primeiros países a reconhecer a vitória de Lula sobre Bolsonaro em outubro deste ano. Lula e Biden, que já se conhecem de quando o americano era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), conversaram por telefone um dia após a confirmação da vitória do brasileiro, quando ambos já se comprometeram a trabalhar juntos.


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