Os números ruins de mentira e os números bons de verdade
Por Alexandre Garcia
Cruz
Machado, na região centro-sul do estado, tem 7% da população
beneficiada pelo bolsa familia. Este número é um indicativo alto de
pobreza na região. Na imagem, famílias que vivem no morro São José.
Expedição Paraná 2014.
Imagem de arquivo de Cruz Machado, uma das cidades mais pobres do Paraná.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo
Vocês devem ter ouvido durante toda a campanha eleitoral que o Brasil
tem 33 milhões de famintos. Pois é, a narrativa durou até o dia da
eleição. Logo depois, o Banco Mundial mostrou um estudo sobre o Brasil,
dizendo que o país tinha 1,9 milhão de pessoas abaixo da linha de
pobreza – o conceito descreve quem ganha até US$ 2,40 por dia. O Auxílio
Brasil paga o dobro disso, então só aí já são milhões acima desse
limite. Como é que fica uma coisa dessas? Esse é um caso de
fake news durante a campanha, mas, talvez porque ninguém tenha
reclamado, o TSE não disse nada. Até surgiu um jovem economista da
Fundação Getúlio Vargas tentando diminuir o tamanho da mentira, dizendo
que de 2020 para 2021 o número subiu. Mas continuam valendo os dados do
Banco Mundial.
Falando em números, teremos o melhor resultado das contas públicas em
oito anos: previsão de superávit primário de R$ 13,5 bilhões. Por quê?
Porque a arrecadação subiu apesar dos cortes nos impostos. E o
principal: a corrupção acabou. Sobrou dinheiro porque os ministérios e
estatais não foram entregues a partidos políticos.
TSE continua desprezando cláusulas pétreas e deixando o país sem resposta sobre urnas
Estamos na expectativa, nesta quarta-feira, do relatório do
Ministério da Defesa sobre o sistema eletrônico de votação. Estão todos
muito curiosos, principalmente depois que os argentinos demonstraram que
as urnas mais antigas tinham preferência de candidato. E até agora
estamos esperando uma resposta do TSE que nos dê alguma tranquilidade.
E o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, pediu para
identificar os veículos e as lideranças das manifestações. Ele não sabe
que isso é espontâneo, que as pessoas estão nas ruas do país inteiro,
incomodadas, exercendo um direito previsto em cláusula pétrea da
Constituição. Está no artigo 5.º, ninguém pode mexer – o Supremo mexe,
mas não poderia; ninguém pode mudar cláusula pétrea sob pena de estar
praticando uma ação antidemocrática, gravíssima, contra a Constituição. O
inciso IV diz que é livre a expressão do pensamento, sendo vedado o
anonimato. E o inciso XVI trata do direito de reunião: todos têm o
direito de se reunir, desde que sem armas – aliás, lamento que já tenha
ocorrido choque em Novo Progresso (sul do Pará) entre manifestantes e a
Polícia Rodoviária Federal. Parece que tudo começou com um spray de
pimenta dos policiais, e aí as coisas ficaram complicadas. Isso é muito,
muito ruim e preocupante.
PGR não encontrou motivo para investigar atos de Bolsonaro na pandemia
Sempre falei aqui que essa CPI da Covid era um palanque eleitoral.
Mas, infelizmente, foi pior: virou picadeiro de circo. Agora a
Procuradoria-Geral da República, por meio da procuradora Lindora Araújo,
número dois da PGR, disse que não foram encontrados os mínimos
elementos para se investigar o presidente da República, seus filhos e
seus seguidores por incitação ao crime durante a pandemia. Nada, zero.
Você sabe muito bem que eu tenho dito aqui que quem incitou ao crime foi
quem disse que não havia tratamento, que enganou as pessoas, induziu as
pessoas a não se tratarem e muitas delas morreram. Lá no início não
sabiam exatamente o tratamento; depois apareceu o tratamento, mas
ficaram insistindo nessa falácia e muita gente acabou morrendo por falta
de tratamento. Isso, sim, é incitação ao crime.
Prédio do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília: eventual
contestação do resultado das urnas deve ser feita no TSE.| Foto: Marcelo
Camargo/Agência Brasil
O apelo dos manifestantes que se
concentram pertos de quartéis para que as Forças Armadas façam uma
“intervenção federal” e impeçam a posse do presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) não encontra respaldo na Constituição. Tampouco é o
caminho legal para se contestar uma eleição. Para esse fim, o texto
constitucional e a própria legislação eleitoral preveem meios
apropriados de impugnação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
única instituição com poder de rever uma votação.
No último dia 30, ao proclamar o resultado da eleição, o presidente
do TSE, Alexandre de Moraes, foi indagado sobre a possibilidade de o
presidente Jair Bolsonaro (PL) questionar o resultado da disputa. O
ministro informou que havia ligado para Lula e Bolsonaro, e que não
vislumbrava nenhum risco de contestações. Mas disse que, caso houvesse,
elas seriam “analisadas normalmente”. “Isso faz parte do Estado de
Direito”, afirmou.
Para entender qual o caminho para questionar o resultado de uma
eleição presidencial, a Gazeta do Povo consultou a legislação com a
ajuda de especialistas. Eles consideram duvidosa a possibilidade de usar
o relatório das Forças Armadas, com o resultado da fiscalização que os
militares fizeram no sistema de votação eletrônica, e que será enviado
ao TSE nesta quarta-feira (9) – o teor do documento ainda não foi
divulgado. Além disso, consideram difícil eventual êxito de uma
impugnação com base na alegação de fraude nas urnas eletrônicas.
O instrumento processual cabível para uma acusação de vício
proposital no funcionamento das urnas eletrônicas, para supostamente
favorecer Lula, seria uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo,
conhecida como “Aime”. Ela está prevista no artigo 14, parágrafo 10, da
Constituição e serve para cassar o mandato de algum político que tenha
sido eleito com “abuso do poder econômico, corrupção ou fraude” na
eleição.
A Aime é o instrumento adequado justamente por prever a contestação
do resultado em razão de uma suposta “fraude” eleitoral. Esse tipo de
ação só pode ser ajuizada no TSE até 15 dias após a diplomação do
presidente eleito – que ocorrerá, neste ano, até o dia 19 de dezembro.
Além disso, já deve ser apresentada com as provas da acusação.
Ela tramita em sigilo no TSE, sob a condução do corregedor-nacional
da Justiça Eleitoral – atualmente, o ministro Benedito Gonçalves,
oriundo do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Não há um prazo fixo de
tramitação, mas estima-se que pode durar de um a três anos, com base em
casos passados.
O entendimento que prevalece no TSE é que essa ação tem de ser
apresentada com provas mais robustas da fraude. A própria Constituição
alerta que, se a Aime for ajuizada de forma “temerária” ou com
“manifesta má-fé”, o autor pode ser responsabilizado por crime
eleitoral, com pena de detenção de 6 meses a 2 anos, além de
inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa.
Quais são os obstáculos para contestar o resultado da eleição Para
o ex-juiz e advogado eleitoral Adriano Soares da Costa, o principal
obstáculo para ingressar com ações do tipo, para contestar o resultado
das urnas, reside na dificuldade para comprovar uma ação voluntária e
intencional para desviar votos em favor de um candidato, por meio de um
programa malicioso instalado nas urnas eletrônicas, por exemplo. “Não
pode só alegar uma suspeita, com base num suposto mau funcionamento da
urna”, diz.
Para o advogado, o sistema eletrônico de votação foi um grande avanço
no processo eleitoral por praticamente eliminar fraudes físicas que
ocorriam com votos em cédulas depositadas em urnas de lona. Mas, por
outro lado, ele avalia que é quase impossível para uma entidade externa
ao TSE fazer uma auditagem profunda e abrangente, seja antes da eleição,
nos programas que rodam nas urnas, seja depois, nos arquivos liberados
pelo tribunal após a votação. “Tudo é feito pelo TSE, mediante
controles. Nunca houve testes abertos e plenos das urnas.”
O TSE sempre refutou essas críticas, alegando que todos os
procedimentos de auditoria do sistema podem ser acompanhados por
cientistas de universidades convidadas, peritos da Polícia Federal,
técnicos de partidos, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU),
membros do Ministério Público e representantes do Congresso, OAB e
outras instituições.
Ainda assim, críticos do sistema dizem que nem todos se interessam em
examinar as tecnologias a fundo e outros dizem que há muitas limitações
para isso – seja porque o código-fonte não é disponibilizado de forma
pública e permanente, ou porque “hackers” convidados para atacar o
sistema e apontar vulnerabilidades também dizem enfrentar várias
limitações no Teste Público de Segurança (TPS), realizado em anos
anteriores aos das eleições.
No ano passado, as Forças Armadas também passaram a participar da
fiscalização, a convite do próprio TSE. O objetivo do então presidente
da Corte, Luís Roberto Barroso, era que os militares também chancelassem
a integridade do sistema. Mas, desde então, eles passaram a fazer
vários questionamentos e sugerir melhorias – algumas foram aceitas,
outras não.
Reações duras do TSE a questionamentos indicam rumo de uma Aime Nesta
quarta-feira, a Defesa entregará ao TSE um relatório com o resultado de
sua fiscalização. Embora o teor ainda seja desconhecido, a tendência é
que o documento não aponte uma fraude no código-fonte ou no
funcionamento normal das urnas, mas indique mais sugestões de melhorias
pontuais ao processo eleitoral – principalmente ligadas à auditoria que o
próprio TSE realiza no sistema.
Um dos exemplos de sugestões pode ser em relação ao teste de
integridade das urnas eletrônicas, no qual equipamentos são retirados da
eleição, no dia da votação, para registrarem votos previamente
preparados que também são inscritos em cédulas de papel, de modo que os
dois resultados sejam comparados no final.
Neste ano, por sugestão da Defesa, o TSE fez um projeto-piloto
para aprimorar esse teste: em 58 urnas em 19 estados e no Distrito
Federal, as máquinas foram ativadas pela biometria de eleitores reais
dentro ou perto dos locais de votação – normalmente, elas são levadas
para os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para serem testadas.
O objetivo dos militares foi aproximar o teste ao máximo possível de
uma votação real, de modo a evitar que as urnas reconhecessem que
estavam sendo testadas e se comportassem de maneira diferente, para
burlar a verificação.
Após o primeiro turno, Moraes anunciou que o teste de integridade,
tanto no modelo tradicional, quanto no proposto pelas Forças Armadas,
não detectou falhas no funcionamento. Mas militares avaliaram que poucos
eleitores voluntários foram chamados a participar. Uma quantidade maior
aproximaria ainda mais o teste de uma eleição real. De qualquer modo,
sugestões como essa não necessariamente seriam capazes de provar uma
fraude.
Além da fiscalização das Forças Armadas, o PL, partido de Bolsonaro,
também fez uma auditoria no TSE neste ano. Mas esse trabalho não
verificou dados de uma eleição real; somente procedimentos, normas e
tecnologias usadas na Corte ligadas à segurança da informação.
Em setembro, na semana anterior ao primeiro turno, parlamentares do
PL divulgaram um resumo do trabalho, com conclusões negativas, que
apontavam riscos de invasão do sistema e manipulação de votos, por
exemplo. Moraes, no entanto, considerou as afirmações mentirosas e
mandou investigar os responsáveis pelo trabalho dentro do partido.
Também em razão de reações duras como essa, a impugnação do
resultado, com base em acusações de fraude nas urnas, é considerada
inviável. “Como produz prova? Não tem meios. O sistema juridicamente é
insuscetível de questionamentos, ainda mais que quando se fala qualquer
coisa, isso é considerado um ato antidemocrático”, critica Adriano
Soares da Costa.
Aije é outro tipo de ação que pode contestar a eleição Ex-ministro
do TSE, o advogado Henrique Neves diz que outra possibilidade de
contestar o resultado da eleição presidencial no TSE é por meio da Ação
de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), que serve para apontar abuso
de poder político, econômico ou uso indevido dos meios de comunicação na
campanha. Ela deve ser ajuizada até a data da diplomação, mas não serve
exatamente para apontar fraude na eleição.
“Se for só questão de urna, o mais correto seria na Aime. Mas se
falassem que tem uma grande conspiração do mundo político, das TV e
rádios contra o candidato, poderia se falar em abuso de poder e uso
indevido dos meios. Depende do universo paralelo que a pessoa acredita”,
provoca o ex-ministro.
Para eventualmente cassar o mandato de um presidente eleito, tanto
uma Aime quanto uma Aije devem ser protocoladas no TSE por um candidato,
partido ou coligação que disputou a eleição presidencial. Durante a
campanha, Bolsonaro apresentou algumas Aijes para cassar o mandato de
Lula, a principal delas acusando o deputado federal André Janones
(Avante-MG) de propagar notícias falsas contra sua candidatura. As ações
ainda estão em fase inicial, sem coleta de provas. Ainda não se sabe se
Bolsonaro também pretende ajuizar uma Aime para contestar o resultado
das urnas.
Nos dois tipos de processo, há direito ao contraditório e produção de
mais provas. A decisão final cabe aos sete ministros do TSE ao final do
processo. Se uma eventual condenação ocorrer nos dois primeiros anos do
mandato, é convocada uma nova eleição geral – não seria empossado o
segundo colocado na eleição. Se a condenação ocorresse na segunda metade
do mandato, caberia ao Congresso escolher o novo presidente da
República.
Representantes do Alto-Comando do Exército participam de
cerimônia de promoção de oficiais-generais, em agosto deste ano| Foto:
Antônio Oliveira/Ministério da Defesa
Em aceno às Forças Armadas,
o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende respeitar o
critério da antiguidade na escolha dos próximos comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica, tradição na qual o chefe do
Executivo federal indica um dos oficiais-generais com mais tempo no topo
da carreira para assumir o comando de sua respectiva instituição.
Lula já deixou claro que seu ministro da Defesa será um civil, mas
quer ter uma relação amistosa com a caserna. A opção pelo critério de
antiguidade na escolha dos comandantes é o primeiro passo. O gesto foi
confirmados por interlocutores que iniciaram um diálogo com o Alto
Comando das Forças Armadas.
O general da reserva Gonçalves Dias, ex-chefe da segurança de Lula
durante a campanha e também nos oito anos em que o petista foi
presidente da República, é um dos nomes escalados para a construção de
pontes com as Forças Armadas e para a articulação dos nomes a serem
indicados para o comando das instituições militares.
O respeito à tradição da antiguidade é um gesto bem recepcionado pela
caserna e a definição dos comandantes costuma ser uma das primeiras
decisões na construção do relacionamento entre o presidente eleito e as
Forças Armadas. Em 21 de novembro de 2018, por exemplo, o então gabinete
de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro definiu os três
indicados pela adoção do mesmo critério.
Para o Exército, Lula tem quatro nomes para escolher que preenchem o critério de antiguidade. São eles:
General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste; General Valério Stumpf Trindade, chefe do Estado-Maior do Exército; General Julio Cesar de Arruda, chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC); Estevam Theophilo, comandante de Operações Terrestres. O
mais antigo na hierarquia do Exército é o general Arruda – ele chegou
ao posto de quatro estrelas (a mais alta patente) em março de 2019. A
CNN aponta, porém, que o general Paiva seria o favorito pela proximidade
que tem com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Paiva foi
ajudante de ordens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O general reformado Paulo Chagas avalia que quaisquer um dos quatro
agradaria a caserna. “O melhor critério para Lula é escolher o mais
antigo, mas todos os nomes são excelentes”, diz.
A articulação do entorno de Lula tem por intuito quebrar resistências
que existem a um terceiro mandato do presidente eleito e a um quinto do
PT. A caserna é leal à Constituição e a cúpula demonstra boa disposição
em dialogar, mas uma parcela das Forças Armadas vê com desconfiança o
governo eleito.
Quais são as resistências das Forças Armadas ao novo governo Lula O
argumento nas Forças Armadas para a oposição a uma nova gestão petista é
de que o PT tem uma ideologia “radicalmente” contrária à dos militares.
Embora as críticas ao partido sejam mais contundentes aos anos de
gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, uma parcela dos oficiais e
oficiais-generais da ativa e da reserva contesta o posicionamento de
alguns membros da legenda sobre as instituições.
O plano de Lula para os militares e as Forças Armadas não agradou a
caserna com sugestões de criação de uma Guarda Nacional e de
despolitização das instituições. “Criar uma Guarda Nacional para nós
‘cheira’ a milícia que tem na Venezuela, em Cuba e em outros países”,
critica o coronel da reserva Raul Sturari, presidente do Instituto
Sagres. “Também é importante destacar que as Forças Armadas se
mantiveram afastadas do jogo político e continuaram alheias à política”,
complementa.
Desafeto entre os militares, o diplomata Celso Amorim,
ex-ministro da Defesa, alimentou ainda mais a antipatia de parte dos
militares com o PT quando falou em “despolitizar as Forças Armadas” em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em setembro deste ano. Outro a
enfurecer a caserna foi o ex-deputado federal José Genoíno,
ex-presidente nacional do PT. Em novembro de 2021, ele defendeu reformas
e mudanças em várias diretrizes das Forças Armadas em entrevista ao
canal Opera Mundi, do YouTube.
Além da “despolitização” das instituições, Genoíno sugeriu uma
integração militar dos países latino-americanos; ajustes na mudança na
promoção de militares e reforma dos currículos; e a eliminação do artigo
142 da Constituição, que estabelece o papel das Forças Armadas.
Embora Genoíno não componha mais a cúpula PT, os militares acreditam
que as ideias defendidas por ele tenham lastro no partido. “Mexer nessa
parte de currículos e promoção de oficiais seria mexer num vespeiro.
Sobre essa questão de integração militar, isso seria uma tropa
internacional? Isso para nós não dá certo de jeito nenhum. Já mexer no
artigo 142 é até estranho, mas eu não diria que isso é uma preocupação
imediata nossa”, diz Sturari.
As análises do presidente do Instituto Sagres são endossadas pelo
general Paulo Chagas. “O que Lula precisa fazer para se aproximar e
construir pontes com as Forças Armadas é não mexer com os militares. São
leais à Constituição e vão cumprir o seu dever, não tem o que inventar.
Artigo 142, por exemplo: em todas as Constituições as Forças Armadas
estiveram subordinadas ao Poder Executivo”, afirma.
Que outros gestos Lula pode fazer para se aproximar dos militares Além
de evitar ajustes em temas sensíveis para as Forças Armadas, militares
consideram que Lula pode assumir compromissos adicionais à definição dos
comandantes pelo critério de antiguidade. A começar pela escolha de um
ministro civil com autonomia e o mínimo de “alinhamento” com a caserna.
Nos 14 anos em que o PT permaneceu no poder, os militares conviveram
com sete ministros da Defesa civis. Alguns são mais criticados que
outros, como Celso Amorim e Jaques Wagner, apontados como integrantes de
uma ala “radical” da esquerda. Outros são apontados como competentes,
“mas arrogantes”, como Nelson Jobim.
A fim de construir uma boa relação com os militares, Lula sinaliza
nos bastidores com os nomes de Alckmin e do ex-ministro Aldo Rebelo
(PDT), que comandou a Defesa no fim da gestão Dilma. O vice-presidente
eleito é visto por alguns militares como um perfil mais centrado, mas
outros têm suas reservas por declarações ditas por ele em 2017, quando
defendeu “unificar tudo” e propor um regime previdenciário para todos o
funcionalismo, inclusive as Forças Armadas.
A hipótese de mexer na Previdência dos militares enfrentaria
resistência. “Para nós, militares, isso é quase ponto pacífico. Seria
mesmo desastroso para as Forças Armadas, porque isso para nós é
caríssimo”, sustenta o coronel Raul Sturari.
Entre os militares reformados e da ativa ouvidos em caráter reservado
pela Gazeta do Povo, o nome mais bem aceito para a Defesa é Rebelo.
“Dos ministros civis, para mim, ele foi o melhor. Conhece bem e nos
respeita muito, é um estudioso da história militar brasileira e tem
muito orgulho dela. Ele é um cara extremo-nacionalista”, afirma o
general Paulo Chagas.
Mesmo tendo sido filiado ao PCdoB, Chagas assegura que as atitudes de
Rebelo não são de comunista, socialista ou mesmo petista. “Ele tem
perfil de nacionalista”, diz. “O Aldo é um nome muito bem aceito. Embora
tenha um posicionamento ideológico diferente, ele é um nacionalista e
tem pontes de contato com o Exército”, endossa Sturari.
Outro ponto observado por militares para uma boa relação entre a
caserna e Lula é o investimento nas Forças Armadas. “Continuar os
investimentos e dar fôlego em projetos estratégicos é um tema bastante
sensível. Nos outro governos do Lula, ele fez isso”, destaca o analista
político Alexis Risden, consultor especialista em segurança e defesa
nacional da BMJ Consultores Associados.
O especialista pondera, porém, que um terceiro governo Lula pode
enfrentar dificuldades em assegurar os investimentos dado o
comprometimento fiscal com outras pautas prioritárias. “O Lula não teve
medo de fazer grandes investimentos para ser amigo e ter bom contato com
as Forças. Mas com o rombo que tem pela frente, de onde ele vai tirar
dinheiro? Não sei se, agora, ele vai tirar mais da Defesa em comparação
ao que Bolsonaro fazia por causa disso”, diz.
Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios
Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O
vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo
Alckmin (PSB), anunciou nesta terça-feira (8) os nomes da equipe
econômica que vão atuar durante os trabalhos que se estenderão até a
posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação
era bastante aguardada pelo mercado financeiro.
Em coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB),
sede do gabinete de transição governamental, em Brasília, Alckmin
revelou que o grupo técnico da área de economia será coordenado pelos
economistas André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio
Arida.
O nome de Resende já havia sido antecipado como integrante da
transição. Ele e Arida são dois dos “pais” do Plano Real, que acabou com
a hiperinflação no Brasil na década de 1990, e ambos anunciaram voto em
Lula no segundo turno da eleição. Resende foi presidente do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo de
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e na eleição de 2018 assessorou a
candidata à Presidência Marina Silva (Rede Sustentabilidade).
Em entrevistas em anos recentes, Resende defendeu ousadia na adoção
de políticas públicas para permitir a retomada econômica e incremento na
capacidade produtiva. Ele é também um crítico da política de juros como
ferramenta para conter a inflação. Para Resende, a Selic elevada não
contribui para segurar os preços e ainda tem impacto na dívida pública e
no baixo crescimento.
Pérsio Arida é próximo a Alckmin e, além de ter atuado na formulação
do Real, foi presidente do BNDES e do Banco do Brasil, também no governo
FHC. A presença dele no grupo é vista como uma sinalização de
compromisso do futuro governo Lula com a responsabilidade fiscal.
Historicamente, Arida defende temas aos quais o PT já se mostrou avesso,
como a privatização de estatais.
Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo
Dilma Rousseff (PT), além de ter ocupado as secretarias de Política
Econômica e de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no
governo Lula, entre 2007 e 2010, e esteve na secretaria executiva da
pasta entre 2011 e 2013, também, sob Dilma Rousseff.
O economista Guilherme Mello foi indicado pelo PT e corrobora com a
linha que defende o papel do governo como indutor da economia. É
professor da Unicamp, integra a Fundação Perseu Abramo e apareceu como
porta-voz para a área econômica durante a campanha eleitoral deste ano. É
o único dos quatro que não tem uma experiência anterior de governo.
Futuro ministro da Fazenda pode sair dessa lista; Alckmin nega Após
anunciar os nomes do grupo técnico econômico, Alckmin reforçou que a
participação desses integrantes na equipe de transição não tem
necessariamente relação direta com o futuro ministério, conforme já
externou anteriormente o próprio Lula. “Podem participar [do futuro
governo], podem não participar, mas são questões bastante distintas.
Este é um trabalho de 50 dias, de agora até a posse”, frisou o
vice-presidente eleito.
Alckmin também negou que os economistas da transição tenham “linhas
divergentes”. Falou em “visões complementares”, classificadas por ele
como característica importante em um grupo técnico do tipo.
Ainda segundo o coordenador da transição governamental, esses grupos
técnicos podem crescer, não havendo limitações numéricas para sua
composição. Os núcleos devem aumentar, por exemplo, com a sugestão de
nomes a serem feitos por partidos que concordaram em participar da
transição. À medida que isso ocorrer, eles serão incorporados, disse o
futuro vice-presidente.
Também perguntado sobre uma possível participação de outro
ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, Alckmin afirmou que ele estará na
transição, mas deu a entender que estará em outro grupo temático, que
não o econômico. A transição coordenada por Alckmin será conduzida a
partir de 31 grupos técnicos.
Forças Armadas devem apresentar ressalvas, como a de que nenhum
sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento;
Bolsonaro pode usar o dossiê para judicializar resultado das eleições
BRASÍLIA – Após informar que levaria até 30 dias para concluir sua
fiscalização do processo eleitoral, o Ministério da Defesa promete
entregar já nesta quarta-feira, 9, o relatório com suas conclusões. O
prazo encurtado atende as pressões do presidente Jair Bolsonaro, que
trocou os holofotes pelos bastidores desde que perdeu a disputa para o
petista Luiz Inácio Lula da Silva, no último domingo. Nas poucas
declarações que concedeu de lá para cá, o presidente insinua que o
dossiê dos militares pode alterar o jogo. “Brevemente teremos as
consequências do que está acontecendo”, afirmou ele, na última
segunda-feira.
Como revelou o Estadão, o Comando do Exército não tem intenção de questionar o resultado das urnas, mas deve apresentar ressalvas, como a de quenenhum
sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento.
Bolsonaro explora essa informação politicamente, dizendo que o risco de
fraude é “quase zero, mas não é zero”. Grupos de apoiadores do
presidente lotam as portas de quartéis na expectativa de que o relatório
mude o resultado da eleição.
A atribuição sobre o resultado das eleições é do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Os militares dizem ver seu papel como o de uma entidade
fiscalizadora do processo apenas para aperfeiçoar a segurança dos
pleitos. Num contraponto a eventuais questionamentos, o Tribunal de Contas da União (TCU) já divulgou dois relatórios e descartou qualquer irregularidade na votação e apuração deste ano.
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira,
reiterou por diversas vezes que a função das Forças Armadas era de
contribuir para melhorar o processo de votação. Em comunicado oficial,
em 18 de outubro, disse agir à luz da Resolução 23.673/21, do TSE,
fiscalizando o sistema eletrônico a convite do próprio tribunal e não se dedicando a uma auditoria propriamente dita.
O
ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, ao falar do trabalho de
fiscalização das Forças Armadas na eleição durante audiência no Senado
em julho. Foto: Divulgação / Senado
Em 14 de julho deste ano, quando foi ao Senado, o ministro projetou
num telão uma apresentação com o título “A Colaboração das Forças
Armadas para Aperfeiçoamento da Segurança e da Transparência do Processo
Eleitoral Brasileiro”. Naquele dia, fez um histórico das perguntas e
sugestões que haviam sido enviadas ao TSE pelos militares.
Ao final, resumiu o pedido do ministério em três itens: realização de
teste de segurança no modelo 2020 da urna eletrônica; testagem das
urnas no dia da votação, com acionamento feito por digitais dos
eleitores, e auditoria dos partidos mais efetiva.
Trecho de apresentação feita pelo ministro da Defesa no Senado em julho deste ano
Quando assumiu em agosto a presidência do TSE, o ministro Alexandre
de Moraes concordou em atender os pleitos dos militares. A urna 2020 foi
submetida à inspeção por peritos de universidades federais; o teste
piloto com participação de eleitores foi realizado em seções eleitorais
dos dois turnos de votação e os partidos puderam realizar a auditoria,
respeitadas as regras eleitorais.
Os resultados dos testes dos quais participaram os eleitores, como
pediram os militares, foram divulgados após cada turno. Em vez de o
chamado teste de integridade ser totalmente realizado em um ambiente
controlado, e por servidores da Justiça Eleitoral, uma parte ocorreu nas
seções. Desta forma, eleitores acionaram urnas com o objetivo de
simular uma votação para o teste de segurança.
Cabia aos voluntários tão somente liberar os equipamentos com a
impressão digital. Todo o procedimento seguinte do teste continuou a
cargo de servidores. Nos locais de votação onde foram realizados os
testes com biometria, militares, policiais federais e técnicos da
Controladoria-Geral da União (CGU) acompanharam o passo a passo.
Simulação de teste de segurança no dia da votação no primeiro turno em Brasília Foto:
Nessa etapa de verificação da integridade das máquinas, urnas são
sorteadas para receber votos específicos, pré-registrados. Eles não
entram no somatório oficial. O resultado apontado pela máquina é, em
seguida, confrontado com a lista prévia.
A adesão voluntária de eleitores ao teste de biometria foi
considerada baixa. No primeiro turno, foram 2.044 pessoas. Os militares
pediram que o TSE se organizasse para convidar pessoas a dar sua
contribuição. O pedido foi negado. A Corte Eleitoral observou que não
poderia forçar eleitores a participar do teste piloto.
Boletins de urnas
O relatório que será entregue pela Defesa ao TSE consiste no
resultado de uma análise feita pelos militares sobre os boletins de
urnas de 462 seções eleitorais. Eles são impressos pelos equipamentos ao
fim das votações e informam os totais de votos de cada candidato,
registrados ao longo do dia naquela respectiva urna.
O objetivo inicial era simplesmente constatar se o resultado que a
urna imprime no boletim é o mesmo que a Justiça Eleitoral envia para a
totalização oficial dos votos. Nove dias após a declaração oficial dos
resultados, a verificação dos militares tornou-se inócua. Isso porque o
TCU realizou uma inspeção semelhante, mas com amostragem muito superior à
dos militares.
No primeiro turno, o TCU analisou boletins de 4.161 urnas. No
segundo, mais 604. Nas duas etapas nenhuma única divergência foi
encontrada. Ou seja, todos os votos que as urnas receberam e imprimiram
nos boletins foram corretamente enviados para a totalização oficial do
TSE.
A análise de boletins de urna passa ao largo da queixa central feita
há meses pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a segurança dos
equipamentos. Na reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em que
lançou suspeitas sobre a votação eletrônica, em julho, o presidente
focou em ataques cibernéticos contra o sistema. Ameaças de hackers,
contudo, não entraram no primeiro grau de preocupação de militares.
Na semana passada, uma nova narrativa falsa foi levantada por
apoiadores de Bolsonaro para tentar colocar em xeque o resultado que
impôs uma inédita derrota ao presidente que tentava a reeleição. A
partir de um dossiê apócrifo, um canal do YouTube controlado por um argentino próximo da família Bolsonaro falou
em problemas em modelos antigos de urnas eletrônicas, anteriores a
2020. As alegações são falsas e partem de premissa errada.
Segundo a teoria conspiratória, urnas de modelos anteriores não
teriam sido submetidas a teste e, com isso, computavam mais votos para
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente eleito. A versão é falsa.
Todas as urnas usadas nas eleições foram submetidas a testes.
Nesta terça-feira, 8, o TCU se manifestou sobre o dossiê apócrifo e classificou o questionamento sobre os modelos como irrelevante.
A Corte ressaltou que a discussão sobre modelos “novos” e “antigos” das
urnas sequer foi levantada na auditoria feita pelos técnicos do órgão
porque, durante todo o período de análise das informações, não foram
encontradas divergências. Entre as milhares de urnas usadas pelo TCE
para análise dos boletins impressos, 2.630 eram de modelos anteriores ao
de 2020.
Republicanos lideram corrida pela Câmara nos EUA e têm disputa apertada com democratas no Senado
Foto: Washington Post photo by Jahi Chikwendiu
Por Redação – Jornal Estadão
Pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a
inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia
favorecer os republicanos
O Partido Republicano saiu na frente na disputa pela Câmara dos Deputados nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos nesta terça-feira, 8, de acordo com as projeções da imprensa americana. No Senado, o partido mantém uma disputa apertada com o Partido Democrata, que saiu na frente,mas foi alcançado pela oposição, que tem ligeira vantagem.
Em uma das eleições mais importantes do país nos últimos anos, os
republicanos tentam tirar dos democratas a maioria nas duas Casas. As
sessões já foram encerradas na maior parte do país, incluindo Estados da
Costa Oeste, mas a conclusão da apuração deve levar dias.
Para a Câmara dos Deputados, segundo o jornal The New York Times, os republicanos saíram na frente e já garantiram 196 cadeiras, enquanto os democratas têm 167. O Partido Republicano conquistou três cadeiras na Flórida até
agora ocupadas pelo Partido Democrata, no que representa uma das
primeiras mudanças de tendências das eleições de meio de mandato. De
acordo com as projeções, três republicanos venceram em distritos da
Flórida que hoje são representados por legisladores progressistas.
Americanos enfrentaram longas filas e chuva para votar no Estado de Nevada Foto: Washington Post photo by Melina Mara
A primeira cadeira a ser virada pelos republicanos foi com Cory
Mills, que venceu no Sétimo Distrito para substituir a deputada
Stephanie Murphy, uma democrata que decidiu se aposentar. O mapa
eleitoral desse distrito foi fortemente manipulado pelos republicanos no
Estado, numa prática conhecida como gerrymandering, tornando-o um lugar
difícil para os democratas, mesmo que Murphy, uma veterana centrista,
tivesse decidido concorrer à reeleição.
Na Geórgia, a deputada Marjorie Taylor Greene,
cujas teorias de conspiração racistas e antissemitas a colocaram à
margem do Partido Republicano quando foi eleita há dois anos, foi
reeleita nesta terça-feira e deve desempenhar um papel mais central no
próximo Congresso. A projeção foi feita pela Associated Press. A vitória
de Greene no 14º Distrito Congressional da Geórgia nunca foi dúvida. O distrito é um dos mais republicanos do país.
Senado
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Para o Senado, de acordo com a Associated Press, o republicano Tim Scott venceu facilmente a reeleição na Carolina do Sul, e o deputado democrataPeter Welch ganhou a cadeira de Vermont na
disputa com o aposentado Patrick J. Leahy, mantendo esse assento para
seu partido. Ambos não enfrentavam corridas competitivas.
O senador republicano Rand Paul, de Kentucky, conquistou mais um mandato. Na Flórida, o também republicano Marco Rubio venceu a eleição e vai para o seu terceiro mandato. Ele derrotou o democrata Val Demings.
J.D. Vance, que já foi um crítico ferrenho de Donald Trump, mas se reformulou como um aliado de extrema direita do ex-presidente, venceu sua corrida em Ohio.
Ele derrotou o deputado democrata Tim Ryan, que fez uma campanha
tentando reconquistar alguns dos eleitores brancos da classe
trabalhadora que fugiram de seu partido na era Trump.
Maryland, Connecticut e Illinois também projetam vitória para os democratas, enquanto Alabama e Oklahoma (as duas cadeiras), para os republicanos. Com isso, segundo as projeções do jornal The New York Times, os democratas têm 47 senadores e republicanos, 46.
Fila
de votação na Prefeitura da Philadelphia; eleição de meio de mandato
teve forte participação de eleitores que votaram
antecipadamente Foto: Photo for The Washington Post by Caroline Gutman
Governadores
O Estado de Maryland elegeu o primeiro governador negro da sua história, o democrata Wes Moore,
segundo as projeções da Associated Press. Moore venceu o candidato
republicano Dan Cox, considerado de direita radical, e se torna o
terceiro governador negro da história dos Estados Unidos. Cox tinha o
apoio do ex-presidente Donald Trump.
Moore, um político que é ex-executivo de uma entidade sem fins
lucrativos e escritor, emergiu nas primárias do Partido Democrata com o
apoio de nomes como Oprah Winfrey. A campanha focou nas
propostas de erradicação da pobreza, mais investimento do Estado e
projetos de transporte público e energia renovável.
O
democrata Wes Moore será o primeiro governador negro do Estado de
Maryland e o terceiro governador negro na história dos EUA Foto: Nathan
Howard/AFP
O governador da Flórida, Ron DeSantis (republicano),
conquistou a reeleição, segundo a projeção da Associated Press. A
vitória consolida o poder republicano no Estado, que já foi mais
disputado. Ele derrotou o democrata Charlie Crist. DeSantis se tornou
governador em 2018 após uma disputa acirrada, na qual terminou com 32,4
mil votos a mais. A margem exigiu uma recontagem, que confirmou o
resultado.
Ao contrário de outros candidatos, Ron DeSantis fez campanha sem
buscar a direita moderada e apelou a uma “guerra cultural” para combater
a “esquerda”. Durante a crise de coronavírus, se posicionou contrário à
opinião de especialista em saúde pública. Mas sua vitória foi tão
retumbante que ele virou o Condado de Miami-Dade, que não votava em um
candidato republicano a governador havia duas décadas.
A ex-secretária de imprensa da Casa Branca do governo Trump Sarah Huckabee Sanders foi eleita governadora do Arkansas. Ela ocupará o cargo que seu pai ocupou por uma década.
Na Geórgia, a democrata Stacey Abrams reconheceu a
derrota para o atual republicano Brian Kemp, encerrando uma disputa
amarga e de alto nível que começou na disputa de 2018.
Kemp, que liderou o Estado enquanto seu partido controlava ambas as
câmaras da Assembleia Geral da Geórgia, fez campanha pelas vitórias
políticas conservadoras de seus últimos quatro anos, incluindo a
renúncia às orientações de saúde pública para manter os negócios da
Geórgia abertos durante a pandemia de covid-19 e aprovar legislação que
permitiria que os residentes do Estado comprassem uma arma de fogo sem
autorização.
Proposições
Os eleitores de Maryland aprovaram esmagadoramente a legalização da maconha,
de acordo com a Associated Press. Maryland é um dos cinco Estados com
proposições nas urnas nesta eleição permitindo que os eleitores decidam
legalizar a maconha recreativa.
Sinais confusos
Até agora, as dezenas de milhões de americanos que somaram suas vozes
nesta terça-feira, 8, a uma forte demonstração de votos antecipados
estavam enviando os mesmos sinais confusos apresentados nas pesquisas
nos últimos meses.
As pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a
inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia
favorecer os republicanos, escolhidos para corrigir a incerteza
econômica que o país atravessa.
As eleições de meio de mandato de 2022 estão se tornando uma das mais
importantes em anos, já que os eleitores determinam qual partido
controlará a Câmara e o Senado, 36 governadores e uma série de cargos
estaduais críticos, de secretários de estado a juízes da Suprema Corte
estadual. Suas escolhas influenciarão o restante da presidência deJoe Biden e podem impactar a própria democracia representativa.
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Há sinais, também, de que os Estados Unidos podem se encaminhar mais uma vez para uma batalha sobre o mecanismo de votação. No Arizona,
a candidata republicana ao governo do Estado, Kari Lake, denunciou
alegações imprecisas sobre um incidente com as urnas eletrônicas no
Condado de Maricopa, o mais populoso de seu Estado. Um juiz, no entanto,
negou um pedido de emergência dos republicanos para estender a votação
por três horas.
Eleitor deposita seu voto antecipadamente em uma das urnas do Condado de Maricopa, na Geórgia Foto: Matt York/AP – 1º/11/2022
Um advogado que representa Kari Lake e Blake Masters, o republicano
que concorre ao Senado, argumentou que os eleitores foram privados de
direitos devido às máquinas de apuração de votos com defeito, que
rejeitaram as cédulas por horas por causa de um problema na impressora
que os funcionários do condado diagnosticaram no fim da tarde.
O que está claro é que a noite das eleições pode não trazer as
respostas para as questões políticas mais urgentes de 2022: qual partido
controlará o Senado? Se os republicanos ganharem a Câmara, como é
amplamente esperado, por qual margem eles a controlarão? E quantos
governos cada partido terá?
As sessões não serão fechadas até tarde em alguns dos maiores campos
de batalha, Arizona, Nevada, Califórnia e Oregon. E a contagem de votos
provavelmente será prolongada na Pensilvânia, um Estado onde uma disputa
acirrada para governador moldará as leis de aborto e onde uma campanha
apertada para o Senado pode determinar o controle do partido nessa Casa./NYT e AP
A Black Friday 2022 vem aí e saber se comunicar de forma eficaz com
os clientes é a premissa no processo de vendas. Conhecer detalhadamente
seu produto ou serviço não são decisivos para convencer, por isso para
ter sucesso e conseguir fidelizar seu cliente, a comunicação precisa ser
clara, organizada e estratégica.
Segundo Fernanda de Morais, fonoaudióloga referência em comunicação e
oratória, uma ação da Black Friday planejada, organizada e que não tem
uma comunicação no mesmo nível pode ser um “tiro no pé”. Um
produto/serviço fantástico apresentado por um vendedor “mediano”, que
fala para “dentro”, que é confuso e se perde na hora de falar, que é
agressivo demais e intimida o cliente, que traz argumentos fracos
durante a venda ou que fala “pelos cotovelos” pode desvalorizar o seu
produto/serviço dificultando assim as vendas.
A boa comunicação em vendas pode:
– Ajudá-lo a construir melhores relacionamentos;
– A aumentar sua carteira de clientes;
– A superar suas metas e
– A ter notoriedade em sua equipe.
Tudo começa pelo planejamento! Escreva um discurso básico de vendas
de acordo com seu objetivo e cliente. Por exemplo, se você vende o
produto “A” para adultos de 30 a 35 anos, você vai pensar no tipo de
problema que esse cliente tem e o que você vai solucionar com seu
produto/serviço. “Escolha argumentos fortes, traga valor contando uma
história e trazendo um dado (pesquisa, estatística) e finalize
motivando-o a adquiri-lo. Você não precisa decorar, mas pode usá-lo como
base para apresentar para outros clientes. Seja estratégico!”, ressalta
a especialista.
O pós-venda eficiente é um dos passos mais importantes para fidelizar
um cliente e captar novos, pois a recomendação parte desse momento
crucial. É uma oportunidade de criar laços com este cliente e para isso a
comunicação precisa ser empática para tê-lo por perto e cativá-lo!
Lembre-se de:
– Prometer o que puder ser realmente cumprido.
– Resolver o problema que ele tiver com afinco.
– Ter foco no cliente e não nas vendas que ele pode te proporcionar.
Sabe aquela história de fazer o seu melhor! Cultive o relacionamento
com o cliente, como se fosse um novo amigo. Não adianta vender e
desaparecer! Se importe de verdade e demonstre isso em suas abordagens.
Para finalizar, Fernanda de Morais compartilha 5 conselhos para se comunicar melhor com o cliente:
1. Use expressões positivas
É comum falarmos algumas expressões como: “Desculpe te incomodar, mas
você precisa de ajuda?” ou “Você não quer ver esse outro produto?”.
Essas expressões empobrecem o discurso de vendas e reduzem a
assertividade na comunicação.
Mude para: “Você precisa de ajuda?” ou “Você quer ver esse outro
produto?”. Assim, certamente você aumentará a chance de ser ouvido.
2. Use a Linguagem corporal com propósito
Use uma linguagem corporal positiva e que reforce seus argumentos,
como: o sorriso no momento certo (quando cumprimenta, se coloca à
disposição ou durante algo leve e descontraído), gestos com as mãos
durante as ideias importantes – seu cliente irá adorar conversar com
você, acenos com a cabeça (quando escutar, acene com a cabeça como se
dissesse “sim” para reforçar e concordar com o cliente) e mantenha o
contato visual – nada substitui o olho no olho durante o processo de
vendas, por isso, não fique olhando para o céu ou para o chão durante
sua venda.
3. Escute ativamente
Se o vendedor tem o hábito de ouvir já pensando na resposta que irá
compartilhar ao cliente, você não está escutando ativamente. Quando faz
isso perde informações importantes! Por isso, concentre-se no assunto e
valorize cada história dita.
4. Faça perguntas estratégicas
Segundo estudos, os melhores vendedores são excelentes em fazer
perguntas e os que incluem perguntas inteligentes tendem a fechar mais
negócios, mas não são aquelas perguntas fechadas, em que as respostas
são: “sim” ou “não” somente, que em excesso pode até dar a impressão de
estar fazendo um interrogatório.
Inclua perguntas abertas (O que? Como? Quando? De que forma?) para
sondar as necessidades e aproveitar um comentário ou ideia do cliente
para usar em seu argumento e assim conduzir com muito mais eficácia.
5. Adaptar seu discurso de vendas
A maioria dos vendedores comete o erro de apenas descrever os
produtos e serviços do jeito que faz mais sentido para eles. Por esse
motivo, saber quem é o cliente, o que ele conhece e o que realmente ele
está procurando poderá mudar completamente o discurso de vendas.
Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver,
gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma
consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do
mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados
satisfatórios para o seu negócio.
Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.
Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?
Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada
para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui
profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem
potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto
resulta em mais vendas.
Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?
A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu
projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas
considerações importantes:
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma
permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão
interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não
estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar
potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos:
computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
VOCÊ CONHECE A ValeOn?
A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO
TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Há uma saída legal e simplificada para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bancar em 2023 os R$ 600 do Auxílio Brasil: usar a decisão sobre o mandado de injunção 7.300 de abril de 2021 (leia a íntegra – 937 KB), cujo redator do acórdão foi o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
O STF e o TCU (Tribunal de Contas da União) devem dar o aval para essa saída, segundo apurou o Poder360.
A decisão do STF havia sido sobre a lei 10.835, de 2004, de autoria de Eduardo Suplicy (leia a íntegra da
lei – 128 KB). Essa norma exigia que o governo pagasse 1 salário mínimo
para cada brasileiro. Depois de idas e vindas, o Supremo decidiu o
seguinte no mandado de injunção:
“[Determina] que o Poder Executivo Federal implemente,
no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julgamento do mérito
(2022), a fixação do valor disposto no art. 2º da Lei 10.835/2004 para o
estrato da população brasileira em situação de vulnerabilidade
socioeconômica.”
Prevaleceu, no julgamento, o voto no sentido de determinar o pagamento do benefício a partir de 2022, mas sem fixar valor.
O Poder Executivo argumentou que ao ter zerado a fila de inscritos
para receber o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família), cumpriu a
determinação do STF. Agora, Lula poderá se fiar nessa decisão e só
manter os R$ 600 com um crédito extraordinário —e não uma emenda
constitucional.
Usar a decisão sobre o mandado de abril de 2021 asseguraria o Auxílio
Brasil de R$ 600 e reduziria a necessidade de apoio do Centrão. Motivo:
ainda que uma MP e uma PEC sigam necessárias para alguns itens, seriam
esvaziadas de importância no Congresso. A discussão a respeito da PEC
fura-teto não ficaria para já. A tramitação poderia avançar em 2023.
PEC FURA-TETO
A equipe de transição do governo eleito estima que precisará de ao
menos R$ 85 bilhões fora do teto de gastos em 2023. O valor seria
necessário para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 com bônus de R$ 150
para cada criança de até 6 anos e para cumprir o mínimo constitucional
de investimento em saúde.
O custo da PEC fura-teto, também chamada de “PEC da transição”, deve ser ainda maior. Os petistas também querem que recursos para retomar obras paradas sejam tirados do teto de gastos.
A equipe de transição de Lula decidiu apresentar uma PEC com um “waiver” (licença
para gastar fora do teto de gastos) para viabilizar propostas do novo
governo. Também deve ficar fora do teto o dinheiro para conceder aumento
do salário mínimo de 1,3% acima da inflação.
Representantes da equipe de transição, liderados pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), se reuniram na 5ª feira passada (3.nov) com o relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Haverá nova conversa na 4ª feira (9.nov) para definir o valor da PEC e os programas abarcados.
Entrega na quarta-feira ao TSE relatório de auditoria
Julia Affonso – Jornal Estadão
BRASÍLIA – O Ministério da Defesa informou
nesta segunda-feira, 7 que vai entregar o relatório sobre a
fiscalização do sistema eleitoral daqui a dois dias. O documento,
segundo a pasta, será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quarta-feira, 9.
Como mostrou o Estadão, a Defesa havia dito à Corte Eleitoral que só entregaria o relatório após o segundo turno.
Os militares haviam sido cobrados pelo presidente do TSE, Alexandre de
Moraes, para que apresentassem a auditoria das urnas eletrônicas.
Observadores internacionais e o Tribunal de Contas da União (TCU) já
entregaram relatórios atestando a regularidade do processo de votação no
País.
Na ocasião, a Defesa sustentou que divulgar um documento parcial,
referente à primeira rodada da disputa, poderia resultar em
inconsistência. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o
presidente Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno por uma diferença de pouco
mais de 2 milhões de votos.
As Forças Armadas só começaram a acompanhar o processo eleitoral a
pedido do presidente Jair Bolsonaro, que concorreu ao segundo mandato
pelo PL. Durante a campanha, porém, Bolsonaro chegou a afirmar que “algo
de anormal” teria ocorrido no TSE caso não fosse reeleito no primeiro
turno, com 60% dos votos. Lula liderou a votação, com Bolsonaro em
segundo lugar. Após o resultado, ao ser perguntado sobre o sistema
eleitoral, o presidente disse que iria aguardar o parecer das Forças
Armadas. “Vai ser feito um relatório pelo Ministério da Defesa”, avisou o
presidente na ocasião.
Os militares formaram uma Equipe de Fiscalização do Sistema
Eletrônico de Votação, com 10 oficiais da ativa, oriundos do Exército,
da Marinha e da Aeronáutica. Segundo a Defesa, os integrantes da equipe
são especialistas em gestão e operação de sistemas de tecnologia da
informação, engenharia de computação, defesa cibernética, engenharia de
telecomunicações e auditoria. A Defesa disse, ainda, que as despesas de
diárias e passagens aéreas para o trabalho de fiscalização vem sendo
custeadas com recursos administrativos da pasta, mas não informou
valores despendidos
Desde o fim do 2º turno, apoiadores de Bolsonaro têm feito atos
antidemocráticos na porta de quarteis militares. Inconformados com o
resultado das eleições e vestidos de verde e amarelo, eles pedem “intervenção federal” aos militares, em ações por diversas capitais do País, como Brasília, Rio, São Paulo, Florianópolis e Belo Horizonte.
Durante os atos, os apoiadores têm citado o artigo 142 da Constituição para
embasar contestar resultado das urnas. Juristas afirmam que não há
respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa
sobre a função das Forças Armadas no País.
Alexandre de Moraes classificou os manifestantes bolsonaristas que participam dos atos como criminosos e antidemocráticos.
Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral vai apurar os responsáveis por
essas manifestações de viés golpista e os responsabilizará por crimes
contra o estado de direito.
Live
Bolsonaro levantou suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas
com frequência durante seu mandato. Quatro dias antes do 1º turno, o PL,
partido do presidente divulgou um documento em que apontava, sem nenhum
tipo de evidência, que as urnas eletrônicas podiam ser fraudadas por servidores do TSE.
No documento intitulado “Resultados da Auditoria de Conformidade do PL
no TSE”, a sigla repetiu acusações constantemente feitas por Bolsonaro.
A apresentação do dossiê foi publicada pelo canal La Derecha Diário,
controlado por Fernando Cerimedo. Ele mesmo se encarregou de apresentar
as informações falsas à audiência. Cerimedo é apoiador da família do
presidente Bolsonaro e recebeu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em
Bueno Aires no dia 13 de outubro, pouco antes do segundo turno das
eleições.
O principal argumento apresentado no vídeo é de que cinco modelos de
urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos
para Lula do que para Bolsonaro. Esses modelos, diz o dossiê, não teriam
sido submetidos a teste de segurança. Apenas a urna 2020 teria passado
pelo crivo de peritos de universidades federais e das Forças Armadas.
Essa informação é falsa porque todos os modelos da urna já tinham sido
submetido a teste.
Quando os militares apresentaram mais de 80 questionamentos ao TSE
sobre a urna eletrônica, uma das principais cobranças era que apenas o
modelo 2020 não tinha sido submetido a testagem. Por isso, o Ministério
da Defesa insistia que essa inspeção técnica fosse realizada. Os demais
aparelhos, fabricados em outros anos e já utilizados inclusive na
eleição de 2018 em que Jair Bolsonaro foi eleito, tinham sido submetidos
ao chamado Teste Público de Segurança (TPS) em anos anteriores. Diante
da pressão dos militares, o TSE submeteu o modelo 2020 a análise de
peritos de universidades federais. O vídeo mentiu ao dizer que os
modelos antigos nunca foram testados.
Há dois anos, Lula foi
solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019, um dia depois de o Supremo
Tribunal Federal derrubar a prisão após a condenação em segunda
instância, por uma apertada maioria de seis votos a cinco. Essa decisão
afeta a vida em sociedade mais do que você possa imaginar.
Além de Lula, José Dirceu, Vaccari, Delúbio e outros réus da Lava
Jato condenados por saquearem bilhões, cerca de cinco mil presos estavam
em condições de se beneficiar com a decisão, segundo informou na época o
Conselho Nacional de Justiça.
Essas pessoas não foram soltas porque eram inocentes, faltaram provas
ou ocorreu alguma injustiça no julgamento. Elas foram soltas porque o
Supremo entendeu que condenados só podem ser presos após o julgamento do
último recurso na última instância.
Um exemplo tornará mais claro o que isso significa. Imagine que sua
família entre em conflito com um vizinho e ele mate alguém da sua
família. Mesmo se for condenado por um juiz, ele não irá preso. Ele
poderá oferecer vários recursos até ser julgado, anos depois, por um
tribunal. Mesmo assim, ele ainda não irá preso ainda, podendo oferecer
vários recursos até ser julgado, em Brasília, por um novo tribunal, anos
mais tarde. Novamente, não irá preso, mas poderá oferecer novos
recursos até que, muitos anos depois, um quarto tribunal o julgue.
Há dois anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019,
um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão após a
condenação em segunda instância, por uma apertada maioria de seis votos a
cinco
Após vários recursos nessa quarta instância, o processo se encerrará,
mas provavelmente o condenado não será preso novamente. Isso porque o
processo terá prescrito. Como o caso demorou muito tempo na Justiça, o
criminoso não sofrerá nenhuma consequência. Em bom português, ele se
safa.
Foi assim com Omar Coelho Vítor, fazendeiro que alvejou Dirceu
Moreira Brandão Filho numa feira agropecuária, por ter cantado sua
mulher. Mesmo sendo atingido na boca e em região próxima à coluna,
Dirceu sobreviveu por sorte. Omar foi condenado a seis meses de prisão.
O processo se arrastou por 21 anos na Justiça e, em 2012, o crime
prescreveu.
Foi assim com Luiz Rufino, que matou Eusébio Oliveira após uma
discussão porque este estacionou na frente de sua banca de jornais. O
processo demorou vinte e cinco anos e, em 2016, ainda não tinha se
encerrado. Nessa época, Rufino tinha 87 anos e várias autoridades do
caso já haviam morrido. Ao fim, o crime também prescreveu.
O processo brasileiro tem recursos sem fim. O ex-senador Luiz
Estevão, condenado por desvios superiores a 3 bilhões de reais, recorreu
36 vezes, sem contar os habeas corpus – uma média de 9 recursos por
instância. Duas décadas após os crimes, seu caso ainda não havia acabado
e ele estava solto. Só foi preso quando o STF permitiu a prisão em
segunda instância, em 2016.
O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça
Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a garantia da impunidade
faz o crime compensar. A turma pega pela Lava Jato roubou bilhões,
sairá impune e aprenderá que vale a pena roubar.
José Dirceu aprendeu isso. Condenado como artífice do Mensalão, teve
sua pena perdoada dois anos após começar a cumpri-la em 2014. Na Lava
Jato, teve sua condenação a 27 anos de prisão mantida na terceira
instância do Judiciário no início deste ano. Contudo, segue solto.
O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça
Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a garantia da impunidade
faz o crime compensar
Se a turma do Mensalão e Petrolão voltar ao governo do PT, o que
impede que nos roubem de novo? Não há consequências legais para o
comportamento criminoso. Punir é necessário não por ódio ou vingança,
mas por amor. A vítima e a sociedade estão desprotegidas.
O Estado deixou de cumprir o seu papel mais essencial, de garantir
justiça. Isso enfraquece o império da lei e o estado de direito, que
estão na base da prosperidade das nações, como sustentam Acemoglu e
Robinson no seu célebre Por que as Nações Fracassam.
“Venham, roubem e vão embora. O caminho está livre. Saqueiem nosso
país à vontade”. Essa é a mensagem na porta da nossa casa, o Brasil. Ou,
para usar a frase dita no jantar de lançamento da candidatura do Lula:
“se o crime já aconteceu, de que adianta punir?”
Entre 2016 e 2019, enquanto a prisão após condenação em segunda
instância esteve em vigor, o medo real da punição conduziu delinquentes à
confissão em cascata, à devolução de 25 bilhões de reais e à delação de
centenas de criminosos que passaram a ser investigados.
Brasília tremeu. “Vai todo mundo delatar”, afirmou um assustado
Romero Jucá, então conhecido como “Resolvedor da República no
Congresso”, para Sérgio Machado, que entregou a gravação em seu acordo
de colaboração premiada. Para Jucá, era preciso “estancar essa sangria”.
Falaram em um “grande acordo nacional”.
O acordo nacional era previsível. O mundo todo sabe: “corruption
strikes back”, “a corrupção contra-ataca”. O fim da prisão em segunda
instância foi o início da morte da Lava Jato. Sem receio de prisão, não
havia mais delação. Sem delação, as investigações não mais se
multiplicavam.
Se queremos ressuscitar o combate à corrupção, precisamos começar
pela prisão em segunda instância, o que precisa ser uma das maiores
prioridades do novo Congresso Nacional. O papel da sociedade, cobrando
seus representantes, é fundamental. Precisamos mostrar que a integridade
e a honestidade também contra-atacam.