quarta-feira, 9 de novembro de 2022

NÚMEROS DA POBREZA DITO NA ELEIÇÃO SÃO MENTIROSOS

 


Os números ruins de mentira e os números bons de verdade

Por
Alexandre Garcia

Cruz Machado, na região centro-sul do estado, tem 7% da população beneficiada pelo bolsa familia. Este número é um indicativo alto de pobreza na região. Na imagem, famílias que vivem no morro São José. Expedição Paraná 2014.


Imagem de arquivo de Cruz Machado, uma das cidades mais pobres do Paraná.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

Vocês devem ter ouvido durante toda a campanha eleitoral que o Brasil tem 33 milhões de famintos. Pois é, a narrativa durou até o dia da eleição. Logo depois, o Banco Mundial mostrou um estudo sobre o Brasil, dizendo que o país tinha 1,9 milhão de pessoas abaixo da linha de pobreza – o conceito descreve quem ganha até US$ 2,40 por dia. O Auxílio Brasil paga o dobro disso, então só aí já são milhões acima desse limite. Como é que fica uma coisa dessas? Esse é um caso de fake news durante a campanha, mas, talvez porque ninguém tenha reclamado, o TSE não disse nada. Até surgiu um jovem economista da Fundação Getúlio Vargas tentando diminuir o tamanho da mentira, dizendo que de 2020 para 2021 o número subiu. Mas continuam valendo os dados do Banco Mundial.

Falando em números, teremos o melhor resultado das contas públicas em oito anos: previsão de superávit primário de R$ 13,5 bilhões. Por quê? Porque a arrecadação subiu apesar dos cortes nos impostos. E o principal: a corrupção acabou. Sobrou dinheiro porque os ministérios e estatais não foram entregues a partidos políticos.

TSE continua desprezando cláusulas pétreas e deixando o país sem resposta sobre urnas

Estamos na expectativa, nesta quarta-feira, do relatório do Ministério da Defesa sobre o sistema eletrônico de votação. Estão todos muito curiosos, principalmente depois que os argentinos demonstraram que as urnas mais antigas tinham preferência de candidato. E até agora estamos esperando uma resposta do TSE que nos dê alguma tranquilidade.


E o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, pediu para identificar os veículos e as lideranças das manifestações. Ele não sabe que isso é espontâneo, que as pessoas estão nas ruas do país inteiro, incomodadas, exercendo um direito previsto em cláusula pétrea da Constituição. Está no artigo 5.º, ninguém pode mexer – o Supremo mexe, mas não poderia; ninguém pode mudar cláusula pétrea sob pena de estar praticando uma ação antidemocrática, gravíssima, contra a Constituição. O inciso IV diz que é livre a expressão do pensamento, sendo vedado o anonimato. E o inciso XVI trata do direito de reunião: todos têm o direito de se reunir, desde que sem armas – aliás, lamento que já tenha ocorrido choque em Novo Progresso (sul do Pará) entre manifestantes e a Polícia Rodoviária Federal. Parece que tudo começou com um spray de pimenta dos policiais, e aí as coisas ficaram complicadas. Isso é muito, muito ruim e preocupante.

PGR não encontrou motivo para investigar atos de Bolsonaro na pandemia

Sempre falei aqui que essa CPI da Covid era um palanque eleitoral. Mas, infelizmente, foi pior: virou picadeiro de circo. Agora a Procuradoria-Geral da República, por meio da procuradora Lindora Araújo, número dois da PGR, disse que não foram encontrados os mínimos elementos para se investigar o presidente da República, seus filhos e seus seguidores por incitação ao crime durante a pandemia. Nada, zero. Você sabe muito bem que eu tenho dito aqui que quem incitou ao crime foi quem disse que não havia tratamento, que enganou as pessoas, induziu as pessoas a não se tratarem e muitas delas morreram. Lá no início não sabiam exatamente o tratamento; depois apareceu o tratamento, mas ficaram insistindo nessa falácia e muita gente acabou morrendo por falta de tratamento. Isso, sim, é incitação ao crime.


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CONTESTAÇÃO DA ELEIÇÃO

 

O que diz a Constituição

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


Prédio do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília: eventual contestação do resultado das urnas deve ser feita no TSE.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O apelo dos manifestantes que se concentram pertos de quartéis para que as Forças Armadas façam uma “intervenção federal” e impeçam a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não encontra respaldo na Constituição. Tampouco é o caminho legal para se contestar uma eleição. Para esse fim, o texto constitucional e a própria legislação eleitoral preveem meios apropriados de impugnação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), única instituição com poder de rever uma votação.

No último dia 30, ao proclamar o resultado da eleição, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi indagado sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PL) questionar o resultado da disputa. O ministro informou que havia ligado para Lula e Bolsonaro, e que não vislumbrava nenhum risco de contestações. Mas disse que, caso houvesse, elas seriam “analisadas normalmente”. “Isso faz parte do Estado de Direito”, afirmou.

Para entender qual o caminho para questionar o resultado de uma eleição presidencial, a Gazeta do Povo consultou a legislação com a ajuda de especialistas. Eles consideram duvidosa a possibilidade de usar o relatório das Forças Armadas, com o resultado da fiscalização que os militares fizeram no sistema de votação eletrônica, e que será enviado ao TSE nesta quarta-feira (9) – o teor do documento ainda não foi divulgado. Além disso, consideram difícil eventual êxito de uma impugnação com base na alegação de fraude nas urnas eletrônicas.

O instrumento processual cabível para uma acusação de vício proposital no funcionamento das urnas eletrônicas, para supostamente favorecer Lula, seria uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, conhecida como “Aime”. Ela está prevista no artigo 14, parágrafo 10, da Constituição e serve para cassar o mandato de algum político que tenha sido eleito com “abuso do poder econômico, corrupção ou fraude” na eleição.

A Aime é o instrumento adequado justamente por prever a contestação do resultado em razão de uma suposta “fraude” eleitoral. Esse tipo de ação só pode ser ajuizada no TSE até 15 dias após a diplomação do presidente eleito – que ocorrerá, neste ano, até o dia 19 de dezembro. Além disso, já deve ser apresentada com as provas da acusação.

Ela tramita em sigilo no TSE, sob a condução do corregedor-nacional da Justiça Eleitoral – atualmente, o ministro Benedito Gonçalves, oriundo do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Não há um prazo fixo de tramitação, mas estima-se que pode durar de um a três anos, com base em casos passados.

O entendimento que prevalece no TSE é que essa ação tem de ser apresentada com provas mais robustas da fraude. A própria Constituição alerta que, se a Aime for ajuizada de forma “temerária” ou com “manifesta má-fé”, o autor pode ser responsabilizado por crime eleitoral, com pena de detenção de 6 meses a 2 anos, além de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa.

Quais são os obstáculos para contestar o resultado da eleição
Para o ex-juiz e advogado eleitoral Adriano Soares da Costa, o principal obstáculo para ingressar com ações do tipo, para contestar o resultado das urnas, reside na dificuldade para comprovar uma ação voluntária e intencional para desviar votos em favor de um candidato, por meio de um programa malicioso instalado nas urnas eletrônicas, por exemplo. “Não pode só alegar uma suspeita, com base num suposto mau funcionamento da urna”, diz.

Para o advogado, o sistema eletrônico de votação foi um grande avanço no processo eleitoral por praticamente eliminar fraudes físicas que ocorriam com votos em cédulas depositadas em urnas de lona. Mas, por outro lado, ele avalia que é quase impossível para uma entidade externa ao TSE fazer uma auditagem profunda e abrangente, seja antes da eleição, nos programas que rodam nas urnas, seja depois, nos arquivos liberados pelo tribunal após a votação. “Tudo é feito pelo TSE, mediante controles. Nunca houve testes abertos e plenos das urnas.”

O TSE sempre refutou essas críticas, alegando que todos os procedimentos de auditoria do sistema podem ser acompanhados por cientistas de universidades convidadas, peritos da Polícia Federal, técnicos de partidos, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU), membros do Ministério Público e representantes do Congresso, OAB e outras instituições.

Ainda assim, críticos do sistema dizem que nem todos se interessam em examinar as tecnologias a fundo e outros dizem que há muitas limitações para isso – seja porque o código-fonte não é disponibilizado de forma pública e permanente, ou porque “hackers” convidados para atacar o sistema e apontar vulnerabilidades também dizem enfrentar várias limitações no Teste Público de Segurança (TPS), realizado em anos anteriores aos das eleições.

No ano passado, as Forças Armadas também passaram a participar da fiscalização, a convite do próprio TSE. O objetivo do então presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, era que os militares também chancelassem a integridade do sistema. Mas, desde então, eles passaram a fazer vários questionamentos e sugerir melhorias – algumas foram aceitas, outras não.

Reações duras do TSE a questionamentos indicam rumo de uma Aime
Nesta quarta-feira, a Defesa entregará ao TSE um relatório com o resultado de sua fiscalização. Embora o teor ainda seja desconhecido, a tendência é que o documento não aponte uma fraude no código-fonte ou no funcionamento normal das urnas, mas indique mais sugestões de melhorias pontuais ao processo eleitoral – principalmente ligadas à auditoria que o próprio TSE realiza no sistema.

Um dos exemplos de sugestões pode ser em relação ao teste de integridade das urnas eletrônicas, no qual equipamentos são retirados da eleição, no dia da votação, para registrarem votos previamente preparados que também são inscritos em cédulas de papel, de modo que os dois resultados sejam comparados no final.


Neste ano, por sugestão da Defesa, o TSE fez um projeto-piloto para aprimorar esse teste: em 58 urnas em 19 estados e no Distrito Federal, as máquinas foram ativadas pela biometria de eleitores reais dentro ou perto dos locais de votação – normalmente, elas são levadas para os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para serem testadas.

O objetivo dos militares foi aproximar o teste ao máximo possível de uma votação real, de modo a evitar que as urnas reconhecessem que estavam sendo testadas e se comportassem de maneira diferente, para burlar a verificação.

Após o primeiro turno, Moraes anunciou que o teste de integridade, tanto no modelo tradicional, quanto no proposto pelas Forças Armadas, não detectou falhas no funcionamento. Mas militares avaliaram que poucos eleitores voluntários foram chamados a participar. Uma quantidade maior aproximaria ainda mais o teste de uma eleição real. De qualquer modo, sugestões como essa não necessariamente seriam capazes de provar uma fraude.

Além da fiscalização das Forças Armadas, o PL, partido de Bolsonaro, também fez uma auditoria no TSE neste ano. Mas esse trabalho não verificou dados de uma eleição real; somente procedimentos, normas e tecnologias usadas na Corte ligadas à segurança da informação.

Em setembro, na semana anterior ao primeiro turno, parlamentares do PL divulgaram um resumo do trabalho, com conclusões negativas, que apontavam riscos de invasão do sistema e manipulação de votos, por exemplo. Moraes, no entanto, considerou as afirmações mentirosas e mandou investigar os responsáveis pelo trabalho dentro do partido.

Também em razão de reações duras como essa, a impugnação do resultado, com base em acusações de fraude nas urnas, é considerada inviável. “Como produz prova? Não tem meios. O sistema juridicamente é insuscetível de questionamentos, ainda mais que quando se fala qualquer coisa, isso é considerado um ato antidemocrático”, critica Adriano Soares da Costa.

Aije é outro tipo de ação que pode contestar a eleição
Ex-ministro do TSE, o advogado Henrique Neves diz que outra possibilidade de contestar o resultado da eleição presidencial no TSE é por meio da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), que serve para apontar abuso de poder político, econômico ou uso indevido dos meios de comunicação na campanha. Ela deve ser ajuizada até a data da diplomação, mas não serve exatamente para apontar fraude na eleição.

“Se for só questão de urna, o mais correto seria na Aime. Mas se falassem que tem uma grande conspiração do mundo político, das TV e rádios contra o candidato, poderia se falar em abuso de poder e uso indevido dos meios. Depende do universo paralelo que a pessoa acredita”, provoca o ex-ministro.

Para eventualmente cassar o mandato de um presidente eleito, tanto uma Aime quanto uma Aije devem ser protocoladas no TSE por um candidato, partido ou coligação que disputou a eleição presidencial. Durante a campanha, Bolsonaro apresentou algumas Aijes para cassar o mandato de Lula, a principal delas acusando o deputado federal André Janones (Avante-MG) de propagar notícias falsas contra sua candidatura. As ações ainda estão em fase inicial, sem coleta de provas. Ainda não se sabe se Bolsonaro também pretende ajuizar uma Aime para contestar o resultado das urnas.

Nos dois tipos de processo, há direito ao contraditório e produção de mais provas. A decisão final cabe aos sete ministros do TSE ao final do processo. Se uma eventual condenação ocorrer nos dois primeiros anos do mandato, é convocada uma nova eleição geral – não seria empossado o segundo colocado na eleição. Se a condenação ocorresse na segunda metade do mandato, caberia ao Congresso escolher o novo presidente da República.


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APROXIMAÇÃO DE LULA COM OS MILITARES

 

Futuro governo

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


Representantes do Alto-Comando do Exército participam de cerimônia de promoção de oficiais-generais, em agosto deste ano| Foto: Antônio Oliveira/Ministério da Defesa

Em aceno às Forças Armadas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende respeitar o critério da antiguidade na escolha dos próximos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, tradição na qual o chefe do Executivo federal indica um dos oficiais-generais com mais tempo no topo da carreira para assumir o comando de sua respectiva instituição.

Lula já deixou claro que seu ministro da Defesa será um civil, mas quer ter uma relação amistosa com a caserna. A opção pelo critério de antiguidade na escolha dos comandantes é o primeiro passo. O gesto foi confirmados por interlocutores que iniciaram um diálogo com o Alto Comando das Forças Armadas.

O general da reserva Gonçalves Dias, ex-chefe da segurança de Lula durante a campanha e também nos oito anos em que o petista foi presidente da República, é um dos nomes escalados para a construção de pontes com as Forças Armadas e para a articulação dos nomes a serem indicados para o comando das instituições militares.

O respeito à tradição da antiguidade é um gesto bem recepcionado pela caserna e a definição dos comandantes costuma ser uma das primeiras decisões na construção do relacionamento entre o presidente eleito e as Forças Armadas. Em 21 de novembro de 2018, por exemplo, o então gabinete de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro definiu os três indicados pela adoção do mesmo critério.

Para o Exército, Lula tem quatro nomes para escolher que preenchem o critério de antiguidade. São eles:

General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste;
General Valério Stumpf Trindade, chefe do Estado-Maior do Exército;
General Julio Cesar de Arruda, chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC);
Estevam Theophilo, comandante de Operações Terrestres.
O mais antigo na hierarquia do Exército é o general Arruda – ele chegou ao posto de quatro estrelas (a mais alta patente) em março de 2019. A CNN aponta, porém, que o general Paiva seria o favorito pela proximidade que tem com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Paiva foi ajudante de ordens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O general reformado Paulo Chagas avalia que quaisquer um dos quatro agradaria a caserna. “O melhor critério para Lula é escolher o mais antigo, mas todos os nomes são excelentes”, diz.

A articulação do entorno de Lula tem por intuito quebrar resistências que existem a um terceiro mandato do presidente eleito e a um quinto do PT. A caserna é leal à Constituição e a cúpula demonstra boa disposição em dialogar, mas uma parcela das Forças Armadas vê com desconfiança o governo eleito.

Quais são as resistências das Forças Armadas ao novo governo Lula
O argumento nas Forças Armadas para a oposição a uma nova gestão petista é de que o PT tem uma ideologia “radicalmente” contrária à dos militares. Embora as críticas ao partido sejam mais contundentes aos anos de gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, uma parcela dos oficiais e oficiais-generais da ativa e da reserva contesta o posicionamento de alguns membros da legenda sobre as instituições.

O plano de Lula para os militares e as Forças Armadas não agradou a caserna com sugestões de criação de uma Guarda Nacional e de despolitização das instituições. “Criar uma Guarda Nacional para nós ‘cheira’ a milícia que tem na Venezuela, em Cuba e em outros países”, critica o coronel da reserva Raul Sturari, presidente do Instituto Sagres. “Também é importante destacar que as Forças Armadas se mantiveram afastadas do jogo político e continuaram alheias à política”, complementa.


Desafeto entre os militares, o diplomata Celso Amorim, ex-ministro da Defesa, alimentou ainda mais a antipatia de parte dos militares com o PT quando falou em “despolitizar as Forças Armadas” em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em setembro deste ano. Outro a enfurecer a caserna foi o ex-deputado federal José Genoíno, ex-presidente nacional do PT. Em novembro de 2021, ele defendeu reformas e mudanças em várias diretrizes das Forças Armadas em entrevista ao canal Opera Mundi, do YouTube.

Além da “despolitização” das instituições, Genoíno sugeriu uma integração militar dos países latino-americanos; ajustes na mudança na promoção de militares e reforma dos currículos; e a eliminação do artigo 142 da Constituição, que estabelece o papel das Forças Armadas.

Embora Genoíno não componha mais a cúpula PT, os militares acreditam que as ideias defendidas por ele tenham lastro no partido. “Mexer nessa parte de currículos e promoção de oficiais seria mexer num vespeiro. Sobre essa questão de integração militar, isso seria uma tropa internacional? Isso para nós não dá certo de jeito nenhum. Já mexer no artigo 142 é até estranho, mas eu não diria que isso é uma preocupação imediata nossa”, diz Sturari.

As análises do presidente do Instituto Sagres são endossadas pelo general Paulo Chagas. “O que Lula precisa fazer para se aproximar e construir pontes com as Forças Armadas é não mexer com os militares. São leais à Constituição e vão cumprir o seu dever, não tem o que inventar. Artigo 142, por exemplo: em todas as Constituições as Forças Armadas estiveram subordinadas ao Poder Executivo”, afirma.

Que outros gestos Lula pode fazer para se aproximar dos militares
Além de evitar ajustes em temas sensíveis para as Forças Armadas, militares consideram que Lula pode assumir compromissos adicionais à definição dos comandantes pelo critério de antiguidade. A começar pela escolha de um ministro civil com autonomia e o mínimo de “alinhamento” com a caserna.

Nos 14 anos em que o PT permaneceu no poder, os militares conviveram com sete ministros da Defesa civis. Alguns são mais criticados que outros, como Celso Amorim e Jaques Wagner, apontados como integrantes de uma ala “radical” da esquerda. Outros são apontados como competentes, “mas arrogantes”, como Nelson Jobim.

A fim de construir uma boa relação com os militares, Lula sinaliza nos bastidores com os nomes de Alckmin e do ex-ministro Aldo Rebelo (PDT), que comandou a Defesa no fim da gestão Dilma. O vice-presidente eleito é visto por alguns militares como um perfil mais centrado, mas outros têm suas reservas por declarações ditas por ele em 2017, quando defendeu “unificar tudo” e propor um regime previdenciário para todos o funcionalismo, inclusive as Forças Armadas.

A hipótese de mexer na Previdência dos militares enfrentaria resistência. “Para nós, militares, isso é quase ponto pacífico. Seria mesmo desastroso para as Forças Armadas, porque isso para nós é caríssimo”, sustenta o coronel Raul Sturari.

Entre os militares reformados e da ativa ouvidos em caráter reservado pela Gazeta do Povo, o nome mais bem aceito para a Defesa é Rebelo. “Dos ministros civis, para mim, ele foi o melhor. Conhece bem e nos respeita muito, é um estudioso da história militar brasileira e tem muito orgulho dela. Ele é um cara extremo-nacionalista”, afirma o general Paulo Chagas.

Mesmo tendo sido filiado ao PCdoB, Chagas assegura que as atitudes de Rebelo não são de comunista, socialista ou mesmo petista. “Ele tem perfil de nacionalista”, diz. “O Aldo é um nome muito bem aceito. Embora tenha um posicionamento ideológico diferente, ele é um nacionalista e tem pontes de contato com o Exército”, endossa Sturari.

Outro ponto observado por militares para uma boa relação entre a caserna e Lula é o investimento nas Forças Armadas. “Continuar os investimentos e dar fôlego em projetos estratégicos é um tema bastante sensível. Nos outro governos do Lula, ele fez isso”, destaca o analista político Alexis Risden, consultor especialista em segurança e defesa nacional da BMJ Consultores Associados.

O especialista pondera, porém, que um terceiro governo Lula pode enfrentar dificuldades em assegurar os investimentos dado o comprometimento fiscal com outras pautas prioritárias. “O Lula não teve medo de fazer grandes investimentos para ser amigo e ter bom contato com as Forças. Mas com o rombo que tem pela frente, de onde ele vai tirar dinheiro? Não sei se, agora, ele vai tirar mais da Defesa em comparação ao que Bolsonaro fazia por causa disso”, diz.


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ESCOLHIDOS PARA CUIDAR DA ECONOMIA NO NOVO GOVERNO

 

Dois “pais” do Real

Por
Cristina Seciuk

Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios


Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou nesta terça-feira (8) os nomes da equipe econômica que vão atuar durante os trabalhos que se estenderão até a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação era bastante aguardada pelo mercado financeiro.

Em coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do gabinete de transição governamental, em Brasília, Alckmin revelou que o grupo técnico da área de economia será coordenado pelos economistas André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio Arida.

O nome de Resende já havia sido antecipado como integrante da transição. Ele e Arida são dois dos “pais” do Plano Real, que acabou com a hiperinflação no Brasil na década de 1990, e ambos anunciaram voto em Lula no segundo turno da eleição. Resende foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e na eleição de 2018 assessorou a candidata à Presidência Marina Silva (Rede Sustentabilidade).

Em entrevistas em anos recentes, Resende defendeu ousadia na adoção de políticas públicas para permitir a retomada econômica e incremento na capacidade produtiva. Ele é também um crítico da política de juros como ferramenta para conter a inflação. Para Resende, a Selic elevada não contribui para segurar os preços e ainda tem impacto na dívida pública e no baixo crescimento.

Pérsio Arida é próximo a Alckmin e, além de ter atuado na formulação do Real, foi presidente do BNDES e do Banco do Brasil, também no governo FHC. A presença dele no grupo é vista como uma sinalização de compromisso do futuro governo Lula com a responsabilidade fiscal. Historicamente, Arida defende temas aos quais o PT já se mostrou avesso, como a privatização de estatais.

Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo Dilma Rousseff (PT), além de ter ocupado as secretarias de Política Econômica e de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no governo Lula, entre 2007 e 2010, e esteve na secretaria executiva da pasta entre 2011 e 2013, também, sob Dilma Rousseff.

O economista Guilherme Mello foi indicado pelo PT e corrobora com a linha que defende o papel do governo como indutor da economia. É professor da Unicamp, integra a Fundação Perseu Abramo e apareceu como porta-voz para a área econômica durante a campanha eleitoral deste ano. É o único dos quatro que não tem uma experiência anterior de governo.


Futuro ministro da Fazenda pode sair dessa lista; Alckmin nega
Após anunciar os nomes do grupo técnico econômico, Alckmin reforçou que a participação desses integrantes na equipe de transição não tem necessariamente relação direta com o futuro ministério, conforme já externou anteriormente o próprio Lula. “Podem participar [do futuro governo], podem não participar, mas são questões bastante distintas. Este é um trabalho de 50 dias, de agora até a posse”, frisou o vice-presidente eleito.

Alckmin também negou que os economistas da transição tenham “linhas divergentes”. Falou em “visões complementares”, classificadas por ele como característica importante em um grupo técnico do tipo.

Ainda segundo o coordenador da transição governamental, esses grupos técnicos podem crescer, não havendo limitações numéricas para sua composição. Os núcleos devem aumentar, por exemplo, com a sugestão de nomes a serem feitos por partidos que concordaram em participar da transição. À medida que isso ocorrer, eles serão incorporados, disse o futuro vice-presidente.

Também perguntado sobre uma possível participação de outro ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, Alckmin afirmou que ele estará na transição, mas deu a entender que estará em outro grupo temático, que não o econômico. A transição coordenada por Alckmin será conduzida a partir de 31 grupos técnicos.


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RELATÓRIO DAS FORÇAS ARMADAS SOBRE A ELEIÇÃO

 

Foto: Redação

Por Vinícius Valfré – Jornal Estadão

Forças Armadas devem apresentar ressalvas, como a de que nenhum sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento; Bolsonaro pode usar o dossiê para judicializar resultado das eleições

BRASÍLIA – Após informar que levaria até 30 dias para concluir sua fiscalização do processo eleitoral, o Ministério da Defesa promete entregar já nesta quarta-feira, 9, o relatório com suas conclusões. O prazo encurtado atende as pressões do presidente Jair Bolsonaro, que trocou os holofotes pelos bastidores desde que perdeu a disputa para o petista Luiz Inácio Lula da Silva, no último domingo. Nas poucas declarações que concedeu de lá para cá, o presidente insinua que o dossiê dos militares pode alterar o jogo. “Brevemente teremos as consequências do que está acontecendo”, afirmou ele, na última segunda-feira.

Como revelou o Estadão, o Comando do Exército não tem intenção de questionar o resultado das urnas, mas deve apresentar ressalvas, como a de que nenhum sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento. Bolsonaro explora essa informação politicamente, dizendo que o risco de fraude é “quase zero, mas não é zero”. Grupos de apoiadores do presidente lotam as portas de quartéis na expectativa de que o relatório mude o resultado da eleição.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, alimentou ontem as especulações em torno do dossiê. Na primeira entrevista coletiva desde que foi condenado no escândalo do mensalão, em 2012, Costa Neto disse que a legenda não quer contestar o resultado, mas Bolsonaro poderá fazê-lo se tiver “algo real na mão”. Já o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin disse que o relatório do Ministério da Defesa é assunto para o Judiciário. “Não tenho nenhuma informação sobre esse relatório. Agora, quem cuida disso é o Poder Judiciário, que tem uma Justiça especializada para isso, que é a Justiça eleitoral”, afirmou o vice.

A atribuição sobre o resultado das eleições é do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os militares dizem ver seu papel como o de uma entidade fiscalizadora do processo apenas para aperfeiçoar a segurança dos pleitos. Num contraponto a eventuais questionamentos, o Tribunal de Contas da União (TCU) já divulgou dois relatórios e descartou qualquer irregularidade na votação e apuração deste ano.

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reiterou por diversas vezes que a função das Forças Armadas era de contribuir para melhorar o processo de votação. Em comunicado oficial, em 18 de outubro, disse agir à luz da Resolução 23.673/21, do TSE, fiscalizando o sistema eletrônico a convite do próprio tribunal e não se dedicando a uma auditoria propriamente dita.

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, ao falar do trabalho de fiscalização das Forças Armadas na eleição durante audiência no Senado em julho.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, ao falar do trabalho de fiscalização das Forças Armadas na eleição durante audiência no Senado em julho. Foto: Divulgação / Senado

Em 14 de julho deste ano, quando foi ao Senado, o ministro projetou num telão uma apresentação com o título “A Colaboração das Forças Armadas para Aperfeiçoamento da Segurança e da Transparência do Processo Eleitoral Brasileiro”. Naquele dia, fez um histórico das perguntas e sugestões que haviam sido enviadas ao TSE pelos militares.

Ao final, resumiu o pedido do ministério em três itens: realização de teste de segurança no modelo 2020 da urna eletrônica; testagem das urnas no dia da votação, com acionamento feito por digitais dos eleitores, e auditoria dos partidos mais efetiva.

Trecho de apresentação feita pelo ministro da Defesa no Senado em julho deste ano
Trecho de apresentação feita pelo ministro da Defesa no Senado em julho deste ano 

Quando assumiu em agosto a presidência do TSE, o ministro Alexandre de Moraes concordou em atender os pleitos dos militares. A urna 2020 foi submetida à inspeção por peritos de universidades federais; o teste piloto com participação de eleitores foi realizado em seções eleitorais dos dois turnos de votação e os partidos puderam realizar a auditoria, respeitadas as regras eleitorais.

Os resultados dos testes dos quais participaram os eleitores, como pediram os militares, foram divulgados após cada turno. Em vez de o chamado teste de integridade ser totalmente realizado em um ambiente controlado, e por servidores da Justiça Eleitoral, uma parte ocorreu nas seções. Desta forma, eleitores acionaram urnas com o objetivo de simular uma votação para o teste de segurança.

Cabia aos voluntários tão somente liberar os equipamentos com a impressão digital. Todo o procedimento seguinte do teste continuou a cargo de servidores. Nos locais de votação onde foram realizados os testes com biometria, militares, policiais federais e técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) acompanharam o passo a passo.

Simulação de teste de segurança no dia da votação no primeiro turno em Brasília
Simulação de teste de segurança no dia da votação no primeiro turno em Brasília Foto:

Nessa etapa de verificação da integridade das máquinas, urnas são sorteadas para receber votos específicos, pré-registrados. Eles não entram no somatório oficial. O resultado apontado pela máquina é, em seguida, confrontado com a lista prévia.

A adesão voluntária de eleitores ao teste de biometria foi considerada baixa. No primeiro turno, foram 2.044 pessoas. Os militares pediram que o TSE se organizasse para convidar pessoas a dar sua contribuição. O pedido foi negado. A Corte Eleitoral observou que não poderia forçar eleitores a participar do teste piloto.

Boletins de urnas

O relatório que será entregue pela Defesa ao TSE consiste no resultado de uma análise feita pelos militares sobre os boletins de urnas de 462 seções eleitorais. Eles são impressos pelos equipamentos ao fim das votações e informam os totais de votos de cada candidato, registrados ao longo do dia naquela respectiva urna.

O objetivo inicial era simplesmente constatar se o resultado que a urna imprime no boletim é o mesmo que a Justiça Eleitoral envia para a totalização oficial dos votos. Nove dias após a declaração oficial dos resultados, a verificação dos militares tornou-se inócua. Isso porque o TCU realizou uma inspeção semelhante, mas com amostragem muito superior à dos militares.

No primeiro turno, o TCU analisou boletins de 4.161 urnas. No segundo, mais 604. Nas duas etapas nenhuma única divergência foi encontrada. Ou seja, todos os votos que as urnas receberam e imprimiram nos boletins foram corretamente enviados para a totalização oficial do TSE.

A análise de boletins de urna passa ao largo da queixa central feita há meses pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a segurança dos equipamentos. Na reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em que lançou suspeitas sobre a votação eletrônica, em julho, o presidente focou em ataques cibernéticos contra o sistema. Ameaças de hackers, contudo, não entraram no primeiro grau de preocupação de militares.

Na semana passada, uma nova narrativa falsa foi levantada por apoiadores de Bolsonaro para tentar colocar em xeque o resultado que impôs uma inédita derrota ao presidente que tentava a reeleição. A partir de um dossiê apócrifo, um canal do YouTube controlado por um argentino próximo da família Bolsonaro falou em problemas em modelos antigos de urnas eletrônicas, anteriores a 2020. As alegações são falsas e partem de premissa errada.

Segundo a teoria conspiratória, urnas de modelos anteriores não teriam sido submetidas a teste e, com isso, computavam mais votos para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente eleito. A versão é falsa. Todas as urnas usadas nas eleições foram submetidas a testes.

Nesta terça-feira, 8, o TCU se manifestou sobre o dossiê apócrifo e classificou o questionamento sobre os modelos como irrelevante. A Corte ressaltou que a discussão sobre modelos “novos” e “antigos” das urnas sequer foi levantada na auditoria feita pelos técnicos do órgão porque, durante todo o período de análise das informações, não foram encontradas divergências. Entre as milhares de urnas usadas pelo TCE para análise dos boletins impressos, 2.630 eram de modelos anteriores ao de 2020.

ELEIÇÕES NOS EUA

 

Republicanos lideram corrida pela Câmara nos EUA e têm disputa apertada com democratas no Senado

Foto: Washington Post photo by Jahi Chikwendiu

Por Redação – Jornal Estadão

Pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia favorecer os republicanos

Partido Republicano saiu na frente na disputa pela Câmara dos Deputados nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos nesta terça-feira, 8, de acordo com as projeções da imprensa americana. No Senado, o partido mantém uma disputa apertada com o Partido Democrata, que saiu na frente, mas foi alcançado pela oposição, que tem ligeira vantagem.

Em uma das eleições mais importantes do país nos últimos anos, os republicanos tentam tirar dos democratas a maioria nas duas Casas. As sessões já foram encerradas na maior parte do país, incluindo Estados da Costa Oeste, mas a conclusão da apuração deve levar dias.

Para a Câmara dos Deputados, segundo o jornal The New York Times, os republicanos saíram na frente e já garantiram 196 cadeiras, enquanto os democratas têm 167. O Partido Republicano conquistou três cadeiras na Flórida até agora ocupadas pelo Partido Democrata, no que representa uma das primeiras mudanças de tendências das eleições de meio de mandato. De acordo com as projeções, três republicanos venceram em distritos da Flórida que hoje são representados por legisladores progressistas.

Americanos enfrentaram longas filas e chuva para votar no Estado de Nevada
Americanos enfrentaram longas filas e chuva para votar no Estado de Nevada  Foto: Washington Post photo by Melina Mara

A primeira cadeira a ser virada pelos republicanos foi com Cory Mills, que venceu no Sétimo Distrito para substituir a deputada Stephanie Murphy, uma democrata que decidiu se aposentar. O mapa eleitoral desse distrito foi fortemente manipulado pelos republicanos no Estado, numa prática conhecida como gerrymandering, tornando-o um lugar difícil para os democratas, mesmo que Murphy, uma veterana centrista, tivesse decidido concorrer à reeleição.

Na Geórgia, a deputada Marjorie Taylor Greene, cujas teorias de conspiração racistas e antissemitas a colocaram à margem do Partido Republicano quando foi eleita há dois anos, foi reeleita nesta terça-feira e deve desempenhar um papel mais central no próximo Congresso. A projeção foi feita pela Associated Press. A vitória de Greene no 14º Distrito Congressional da Geórgia nunca foi dúvida. O distrito é um dos mais republicanos do país.

Senado

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Para o Senado, de acordo com a Associated Press, o republicano Tim Scott venceu facilmente a reeleição na Carolina do Sul, e o deputado democrata Peter Welch ganhou a cadeira de Vermont na disputa com o aposentado Patrick J. Leahy, mantendo esse assento para seu partido. Ambos não enfrentavam corridas competitivas.

O senador republicano Rand Paul, de Kentucky, conquistou mais um mandato. Na Flórida, o também republicano Marco Rubio venceu a eleição e vai para o seu terceiro mandato. Ele derrotou o democrata Val Demings.

J.D. Vance, que já foi um crítico ferrenho de Donald Trump, mas se reformulou como um aliado de extrema direita do ex-presidente, venceu sua corrida em Ohio. Ele derrotou o deputado democrata Tim Ryan, que fez uma campanha tentando reconquistar alguns dos eleitores brancos da classe trabalhadora que fugiram de seu partido na era Trump.

Maryland, Connecticut e Illinois também projetam vitória para os democratas, enquanto Alabama e Oklahoma (as duas cadeiras), para os republicanos. Com isso, segundo as projeções do jornal The New York Times, os democratas têm 47 senadores e republicanos, 46.

Fila de votação na Prefeitura da Philadelphia; eleição de meio de mandato teve forte participação de eleitores que votaram antecipadamente
Fila de votação na Prefeitura da Philadelphia; eleição de meio de mandato teve forte participação de eleitores que votaram antecipadamente  Foto: Photo for The Washington Post by Caroline Gutman

Governadores

O Estado de Maryland elegeu o primeiro governador negro da sua história, o democrata Wes Moore, segundo as projeções da Associated Press. Moore venceu o candidato republicano Dan Cox, considerado de direita radical, e se torna o terceiro governador negro da história dos Estados Unidos. Cox tinha o apoio do ex-presidente Donald Trump.

Moore, um político que é ex-executivo de uma entidade sem fins lucrativos e escritor, emergiu nas primárias do Partido Democrata com o apoio de nomes como Oprah Winfrey. A campanha focou nas propostas de erradicação da pobreza, mais investimento do Estado e projetos de transporte público e energia renovável.

O democrata Wes Moore será o primeiro governador negro do Estado de Maryland e o terceiro governador negro na história dos EUA
O democrata Wes Moore será o primeiro governador negro do Estado de Maryland e o terceiro governador negro na história dos EUA  Foto: Nathan Howard/AFP

A democrata Maura Healey foi eleita governadora de Massachusetts ao lado de sua vice, Kim Driscoll, marcando a primeira vez que qualquer Estado americano elege uma chapa com duas mulheres para os cargos ao mesmo tempo. Healey é também a primeira mulher abertamente lésbica a ser eleita governadora nos EUA.

O governador da Flórida, Ron DeSantis (republicano), conquistou a reeleição, segundo a projeção da Associated Press. A vitória consolida o poder republicano no Estado, que já foi mais disputado. Ele derrotou o democrata Charlie Crist. DeSantis se tornou governador em 2018 após uma disputa acirrada, na qual terminou com 32,4 mil votos a mais. A margem exigiu uma recontagem, que confirmou o resultado.

Ao contrário de outros candidatos, Ron DeSantis fez campanha sem buscar a direita moderada e apelou a uma “guerra cultural” para combater a “esquerda”. Durante a crise de coronavírus, se posicionou contrário à opinião de especialista em saúde pública. Mas sua vitória foi tão retumbante que ele virou o Condado de Miami-Dade, que não votava em um candidato republicano a governador havia duas décadas.

A ex-secretária de imprensa da Casa Branca do governo Trump Sarah Huckabee Sanders foi eleita governadora do Arkansas. Ela ocupará o cargo que seu pai ocupou por uma década.

Na Geórgia, a democrata Stacey Abrams reconheceu a derrota para o atual republicano Brian Kemp, encerrando uma disputa amarga e de alto nível que começou na disputa de 2018.

Kemp, que liderou o Estado enquanto seu partido controlava ambas as câmaras da Assembleia Geral da Geórgia, fez campanha pelas vitórias políticas conservadoras de seus últimos quatro anos, incluindo a renúncia às orientações de saúde pública para manter os negócios da Geórgia abertos durante a pandemia de covid-19 e aprovar legislação que permitiria que os residentes do Estado comprassem uma arma de fogo sem autorização.

Proposições

Os eleitores de Maryland aprovaram esmagadoramente a legalização da maconha, de acordo com a Associated Press. Maryland é um dos cinco Estados com proposições nas urnas nesta eleição permitindo que os eleitores decidam legalizar a maconha recreativa.

Sinais confusos

Até agora, as dezenas de milhões de americanos que somaram suas vozes nesta terça-feira, 8, a uma forte demonstração de votos antecipados estavam enviando os mesmos sinais confusos apresentados nas pesquisas nos últimos meses.

As pesquisas de boca de urna indicam que, no geral, a economia e a inflação estavam pesando mais nas mentes dos eleitores, o que poderia favorecer os republicanos, escolhidos para corrigir a incerteza econômica que o país atravessa.

As eleições de meio de mandato de 2022 estão se tornando uma das mais importantes em anos, já que os eleitores determinam qual partido controlará a Câmara e o Senado, 36 governadores e uma série de cargos estaduais críticos, de secretários de estado a juízes da Suprema Corte estadual. Suas escolhas influenciarão o restante da presidência de Joe Biden e podem impactar a própria democracia representativa.

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Há sinais, também, de que os Estados Unidos podem se encaminhar mais uma vez para uma batalha sobre o mecanismo de votação. No Arizona, a candidata republicana ao governo do Estado, Kari Lake, denunciou alegações imprecisas sobre um incidente com as urnas eletrônicas no Condado de Maricopa, o mais populoso de seu Estado. Um juiz, no entanto, negou um pedido de emergência dos republicanos para estender a votação por três horas.

Eleitor deposita seu voto antecipadamente em uma das urnas do Condado de Maricopa, na Geórgia
Eleitor deposita seu voto antecipadamente em uma das urnas do Condado de Maricopa, na Geórgia  Foto: Matt York/AP – 1º/11/2022

Um advogado que representa Kari Lake e Blake Masters, o republicano que concorre ao Senado, argumentou que os eleitores foram privados de direitos devido às máquinas de apuração de votos com defeito, que rejeitaram as cédulas por horas por causa de um problema na impressora que os funcionários do condado diagnosticaram no fim da tarde.

O que está claro é que a noite das eleições pode não trazer as respostas para as questões políticas mais urgentes de 2022: qual partido controlará o Senado? Se os republicanos ganharem a Câmara, como é amplamente esperado, por qual margem eles a controlarão? E quantos governos cada partido terá?

As sessões não serão fechadas até tarde em alguns dos maiores campos de batalha, Arizona, Nevada, Califórnia e Oregon. E a contagem de votos provavelmente será prolongada na Pensilvânia, um Estado onde uma disputa acirrada para governador moldará as leis de aborto e onde uma campanha apertada para o Senado pode determinar o controle do partido nessa Casa./NYT e AP

BLACK FRIDAY E A COMUNICAÇÃO COM O CLIENTE

 

Fernanda de Morais, fonoaudióloga

A Black Friday 2022 vem aí e saber se comunicar de forma eficaz com os clientes é a premissa no processo de vendas. Conhecer detalhadamente seu produto ou serviço não são decisivos para convencer, por isso para ter sucesso e conseguir fidelizar seu cliente, a comunicação precisa ser clara, organizada e estratégica.

Segundo Fernanda de Morais, fonoaudióloga referência em comunicação e oratória, uma ação da Black Friday planejada, organizada e que não tem uma comunicação no mesmo nível pode ser um “tiro no pé”. Um produto/serviço fantástico apresentado por um vendedor “mediano”, que fala para “dentro”, que é confuso e se perde na hora de falar, que é agressivo demais e intimida o cliente, que traz argumentos fracos durante a venda ou que fala “pelos cotovelos” pode desvalorizar o seu produto/serviço dificultando assim as vendas.

A boa comunicação em vendas pode:

– Ajudá-lo a construir melhores relacionamentos;

– A aumentar sua carteira de clientes;

– A superar suas metas e

– A ter notoriedade em sua equipe.

Tudo começa pelo planejamento! Escreva um discurso básico de vendas de acordo com seu objetivo e cliente. Por exemplo, se você vende o produto “A” para adultos de 30 a 35 anos, você vai pensar no tipo de problema que esse cliente tem e o que você vai solucionar com seu produto/serviço. “Escolha argumentos fortes, traga valor contando uma história e trazendo um dado (pesquisa, estatística) e finalize motivando-o a adquiri-lo. Você não precisa decorar, mas pode usá-lo como base para apresentar para outros clientes. Seja estratégico!”, ressalta a especialista.

O pós-venda eficiente é um dos passos mais importantes para fidelizar um cliente e captar novos, pois a recomendação parte desse momento crucial. É uma oportunidade de criar laços com este cliente e para isso a comunicação precisa ser empática para tê-lo por perto e cativá-lo!

Lembre-se de:

– Prometer o que puder ser realmente cumprido.

– Resolver o problema que ele tiver com afinco.

– Ter foco no cliente e não nas vendas que ele pode te proporcionar.

Sabe aquela história de fazer o seu melhor! Cultive o relacionamento com o cliente, como se fosse um novo amigo. Não adianta vender e desaparecer! Se importe de verdade e demonstre isso em suas abordagens.

Para finalizar, Fernanda de Morais compartilha 5 conselhos para se comunicar melhor com o cliente:

1. Use expressões positivas

É comum falarmos algumas expressões como: “Desculpe te incomodar, mas você precisa de ajuda?” ou “Você não quer ver esse outro produto?”. Essas expressões empobrecem o discurso de vendas e reduzem a assertividade na comunicação.

Mude para: “Você precisa de ajuda?” ou “Você quer ver esse outro produto?”. Assim, certamente você aumentará a chance de ser ouvido.

2. Use a Linguagem corporal com propósito

Use uma linguagem corporal positiva e que reforce seus argumentos, como: o sorriso no momento certo (quando cumprimenta, se coloca à disposição ou durante algo leve e descontraído), gestos com as mãos durante as ideias importantes – seu cliente irá adorar conversar com você, acenos com a cabeça (quando escutar, acene com a cabeça como se dissesse “sim” para reforçar e concordar com o cliente) e mantenha o contato visual – nada substitui o olho no olho durante o processo de vendas, por isso, não fique olhando para o céu ou para o chão durante sua venda.

3. Escute ativamente

Se o vendedor tem o hábito de ouvir já pensando na resposta que irá compartilhar ao cliente, você não está escutando ativamente. Quando faz isso perde informações importantes! Por isso, concentre-se no assunto e valorize cada história dita.

4. Faça perguntas estratégicas

Segundo estudos, os melhores vendedores são excelentes em fazer perguntas e os que incluem perguntas inteligentes tendem a fechar mais negócios, mas não são aquelas perguntas fechadas, em que as respostas são: “sim” ou “não” somente, que em excesso pode até dar a impressão de estar fazendo um interrogatório.

Inclua perguntas abertas (O que? Como? Quando? De que forma?) para sondar as necessidades e aproveitar um comentário ou ideia do cliente para usar em seu argumento e assim conduzir com muito mais eficácia.

5. Adaptar seu discurso de vendas

A maioria dos vendedores comete o erro de apenas descrever os produtos e serviços do jeito que faz mais sentido para eles. Por esse motivo, saber quem é o cliente, o que ele conhece e o que realmente ele está procurando poderá mudar completamente o discurso de vendas.

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Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

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A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

terça-feira, 8 de novembro de 2022

STF PODE MANDAR PAGAR O AUXÍLIO BRASIL DE 600 REAIS EM 2023

 

Poder360 

Há uma saída legal e simplificada para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bancar em 2023 os R$ 600 do Auxílio Brasil: usar a decisão sobre o mandado de injunção 7.300 de abril de 2021 (leia a íntegra – 937 KB), cujo redator do acórdão foi o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.

O STF e o TCU (Tribunal de Contas da União) devem dar o aval para essa saída, segundo apurou o Poder360.

decisão do STF havia sido sobre a lei 10.835, de 2004, de autoria de Eduardo Suplicy (leia a íntegra da lei – 128 KB). Essa norma exigia que o governo pagasse 1 salário mínimo para cada brasileiro. Depois de idas e vindas, o Supremo decidiu o seguinte no mandado de injunção:

[Determina] que o Poder Executivo Federal implemente, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julgamento do mérito (2022), a fixação do valor disposto no art. 2º da Lei 10.835/2004 para o estrato da população brasileira em situação de vulnerabilidade socioeconômica.”

Prevaleceu, no julgamento, o voto no sentido de determinar o pagamento do benefício a partir de 2022, mas sem fixar valor.

O Poder Executivo argumentou que ao ter zerado a fila de inscritos para receber o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família), cumpriu a determinação do STF. Agora, Lula poderá se fiar nessa decisão e só manter os R$ 600 com um crédito extraordinário —e não uma emenda constitucional.

Usar a decisão sobre o mandado de abril de 2021 asseguraria o Auxílio Brasil de R$ 600 e reduziria a necessidade de apoio do Centrão. Motivo: ainda que uma MP e uma PEC sigam necessárias para alguns itens, seriam esvaziadas de importância no Congresso. A discussão a respeito da PEC fura-teto não ficaria para já. A tramitação poderia avançar em 2023.

PEC FURA-TETO

A equipe de transição do governo eleito estima que precisará de ao menos R$ 85 bilhões fora do teto de gastos em 2023. O valor seria necessário para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 com bônus de R$ 150 para cada criança de até 6 anos e para cumprir o mínimo constitucional de investimento em saúde.

O custo da PEC fura-teto, também chamada de “PEC da transição”, deve ser ainda maior. Os petistas também querem que recursos para retomar obras paradas sejam tirados do teto de gastos.

A equipe de transição de Lula decidiu apresentar uma PEC com um “waiver” (licença para gastar fora do teto de gastos) para viabilizar propostas do novo governo. Também deve ficar fora do teto o dinheiro para conceder aumento do salário mínimo de 1,3% acima da inflação.

Representantes da equipe de transição, liderados pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), se reuniram na 5ª feira passada (3.nov) com o relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Haverá nova conversa na 4ª feira (9.nov) para definir o valor da PEC e os programas abarcados.

MINISTÉRIO DA DEFESA CONCLUI RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO E DE AUDITORIA DAS ELEIÇÕES

 

Entrega na quarta-feira ao TSE relatório de auditoria

Julia Affonso – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O Ministério da Defesa informou nesta segunda-feira, 7 que vai entregar o relatório sobre a fiscalização do sistema eleitoral daqui a dois dias. O documento, segundo a pasta, será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quarta-feira, 9.

Como mostrou o Estadão, a Defesa havia dito à Corte Eleitoral que só entregaria o relatório após o segundo turno. Os militares haviam sido cobrados pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, para que apresentassem a auditoria das urnas eletrônicas. Observadores internacionais e o Tribunal de Contas da União (TCU) já entregaram relatórios atestando a regularidade do processo de votação no País.

O ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, vai entregar ao TSE relatório de auditoria feita pelos militares. Foto:© Fornecido por Estadão

Na ocasião, a Defesa sustentou que divulgar um documento parcial, referente à primeira rodada da disputa, poderia resultar em inconsistência. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno por uma diferença de pouco mais de 2 milhões de votos.

As Forças Armadas só começaram a acompanhar o processo eleitoral a pedido do presidente Jair Bolsonaro, que concorreu ao segundo mandato pelo PL. Durante a campanha, porém, Bolsonaro chegou a afirmar que “algo de anormal” teria ocorrido no TSE caso não fosse reeleito no primeiro turno, com 60% dos votos. Lula liderou a votação, com Bolsonaro em segundo lugar. Após o resultado, ao ser perguntado sobre o sistema eleitoral, o presidente disse que iria aguardar o parecer das Forças Armadas. “Vai ser feito um relatório pelo Ministério da Defesa”, avisou o presidente na ocasião.

Os militares formaram uma Equipe de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, com 10 oficiais da ativa, oriundos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Segundo a Defesa, os integrantes da equipe são especialistas em gestão e operação de sistemas de tecnologia da informação, engenharia de computação, defesa cibernética, engenharia de telecomunicações e auditoria. A Defesa disse, ainda, que as despesas de diárias e passagens aéreas para o trabalho de fiscalização vem sendo custeadas com recursos administrativos da pasta, mas não informou valores despendidos

Desde o fim do 2º turno, apoiadores de Bolsonaro têm feito atos antidemocráticos na porta de quarteis militares. Inconformados com o resultado das eleições e vestidos de verde e amarelo, eles pedem “intervenção federal” aos militares, em ações por diversas capitais do País, como Brasília, Rio, São Paulo, Florianópolis e Belo Horizonte.

Durante os atos, os apoiadores têm citado o artigo 142 da Constituição para embasar contestar resultado das urnas. Juristas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

Alexandre de Moraes classificou os manifestantes bolsonaristas que participam dos atos como criminosos e antidemocráticos. Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral vai apurar os responsáveis por essas manifestações de viés golpista e os responsabilizará por crimes contra o estado de direito.

Live

Bolsonaro levantou suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas com frequência durante seu mandato. Quatro dias antes do 1º turno, o PL, partido do presidente divulgou um documento em que apontava, sem nenhum tipo de evidência, que as urnas eletrônicas podiam ser fraudadas por servidores do TSE. No documento intitulado “Resultados da Auditoria de Conformidade do PL no TSE”, a sigla repetiu acusações constantemente feitas por Bolsonaro.

Na sexta-feira, 4, uma live feita por um canal argentino divulgou um dossiê apócrifo sobre supostas fraudes nas eleições brasileiras. O conteúdo é repleto de informações falsas e já está sendo usado por aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) para levantar dúvidas sobre o resultado das eleições.

A apresentação do dossiê foi publicada pelo canal La Derecha Diário, controlado por Fernando Cerimedo. Ele mesmo se encarregou de apresentar as informações falsas à audiência. Cerimedo é apoiador da família do presidente Bolsonaro e recebeu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Bueno Aires no dia 13 de outubro, pouco antes do segundo turno das eleições.

O principal argumento apresentado no vídeo é de que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para Lula do que para Bolsonaro. Esses modelos, diz o dossiê, não teriam sido submetidos a teste de segurança. Apenas a urna 2020 teria passado pelo crivo de peritos de universidades federais e das Forças Armadas. Essa informação é falsa porque todos os modelos da urna já tinham sido submetido a teste.

Quando os militares apresentaram mais de 80 questionamentos ao TSE sobre a urna eletrônica, uma das principais cobranças era que apenas o modelo 2020 não tinha sido submetido a testagem. Por isso, o Ministério da Defesa insistia que essa inspeção técnica fosse realizada. Os demais aparelhos, fabricados em outros anos e já utilizados inclusive na eleição de 2018 em que Jair Bolsonaro foi eleito, tinham sido submetidos ao chamado Teste Público de Segurança (TPS) em anos anteriores. Diante da pressão dos militares, o TSE submeteu o modelo 2020 a análise de peritos de universidades federais. O vídeo mentiu ao dizer que os modelos antigos nunca foram testados.

FAZ DOIS ANOS QUE O LULA SAIU DA CADEIA POR NÃO APROVAÇÃO DA PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA

 

Por
Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo


| Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

Há dois anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão após a condenação em segunda instância, por uma apertada maioria de seis votos a cinco. Essa decisão afeta a vida em sociedade mais do que você possa imaginar.

Além de Lula, José Dirceu, Vaccari, Delúbio e outros réus da Lava Jato condenados por saquearem bilhões, cerca de cinco mil presos estavam em condições de se beneficiar com a decisão, segundo informou na época o Conselho Nacional de Justiça.

Essas pessoas não foram soltas porque eram inocentes, faltaram provas ou ocorreu alguma injustiça no julgamento. Elas foram soltas porque o Supremo entendeu que condenados só podem ser presos após o julgamento do último recurso na última instância.

Um exemplo tornará mais claro o que isso significa. Imagine que sua família entre em conflito com um vizinho e ele mate alguém da sua família. Mesmo se for condenado por um juiz, ele não irá preso. Ele poderá oferecer vários recursos até ser julgado, anos depois, por um tribunal. Mesmo assim, ele ainda não irá preso ainda, podendo oferecer vários recursos até ser julgado, em Brasília, por um novo tribunal, anos mais tarde. Novamente, não irá preso, mas poderá oferecer novos recursos até que, muitos anos depois, um quarto tribunal o julgue.

Há dois anos, Lula foi solto. Isso ocorreu em 8 de novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal derrubar a prisão após a condenação em segunda instância, por uma apertada maioria de seis votos a cinco

Após vários recursos nessa quarta instância, o processo se encerrará, mas provavelmente o condenado não será preso novamente. Isso porque o processo terá prescrito. Como o caso demorou muito tempo na Justiça, o criminoso não sofrerá nenhuma consequência. Em bom português, ele se safa.

Foi assim com Omar Coelho Vítor, fazendeiro que alvejou Dirceu Moreira Brandão Filho numa feira agropecuária, por ter cantado sua mulher. Mesmo sendo atingido na boca e em região próxima à coluna, Dirceu sobreviveu por sorte. Omar foi condenado a seis meses de prisão.  O processo se arrastou por 21 anos na Justiça e, em 2012, o crime prescreveu.

Foi assim com Luiz Rufino, que matou Eusébio Oliveira após uma discussão porque este estacionou na frente de sua banca de jornais. O processo demorou vinte e cinco anos e, em 2016, ainda não tinha se encerrado. Nessa época, Rufino tinha 87 anos e várias autoridades do caso já haviam morrido. Ao fim, o crime também prescreveu.

O processo brasileiro tem recursos sem fim. O ex-senador Luiz Estevão, condenado por desvios superiores a 3 bilhões de reais, recorreu 36 vezes, sem contar os habeas corpus – uma média de 9 recursos por instância. Duas décadas após os crimes, seu caso ainda não havia acabado e ele estava solto. Só foi preso quando o STF permitiu a prisão em segunda instância, em 2016.

O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a garantia da impunidade faz o crime compensar. A turma pega pela Lava Jato roubou bilhões, sairá impune e aprenderá que vale a pena roubar.

José Dirceu aprendeu isso. Condenado como artífice do Mensalão, teve sua pena perdoada dois anos após começar a cumpri-la em 2014. Na Lava Jato, teve sua condenação a 27 anos de prisão mantida na terceira instância do Judiciário no início deste ano. Contudo, segue solto.

O direito à ampla defesa se tornou o direito à impunidade. A Justiça Penal se tornou injustiça institucionalizada. E a garantia da impunidade faz o crime compensar

Se a turma do Mensalão e Petrolão voltar ao governo do PT, o que impede que nos roubem de novo? Não há consequências legais para o comportamento criminoso. Punir é necessário não por ódio ou vingança, mas por amor. A vítima e a sociedade estão desprotegidas.

O Estado deixou de cumprir o seu papel mais essencial, de garantir justiça. Isso enfraquece o império da lei e o estado de direito, que estão na base da prosperidade das nações, como sustentam Acemoglu e Robinson no seu célebre Por que as Nações Fracassam.

“Venham, roubem e vão embora. O caminho está livre. Saqueiem nosso país à vontade”. Essa é a mensagem na porta da nossa casa, o Brasil. Ou, para usar a frase dita no jantar de lançamento da candidatura do Lula: “se o crime já aconteceu, de que adianta punir?”

Entre 2016 e 2019, enquanto a prisão após condenação em segunda instância esteve em vigor, o medo real da punição conduziu delinquentes à confissão em cascata, à devolução de 25 bilhões de reais e à delação de centenas de criminosos que passaram a ser investigados.

Brasília tremeu. “Vai todo mundo delatar”, afirmou um assustado Romero Jucá, então conhecido como “Resolvedor da República no Congresso”, para Sérgio Machado, que entregou a gravação em seu acordo de colaboração premiada. Para Jucá, era preciso “estancar essa sangria”. Falaram em um “grande acordo nacional”.

O acordo nacional era previsível. O mundo todo sabe: “corruption strikes back”, “a corrupção contra-ataca”. O fim da prisão em segunda instância foi o início da morte da Lava Jato. Sem receio de prisão, não havia mais delação. Sem delação, as investigações não mais se multiplicavam.

Se queremos ressuscitar o combate à corrupção, precisamos começar pela prisão em segunda instância, o que precisa ser uma das maiores prioridades do novo Congresso Nacional. O papel da sociedade, cobrando seus representantes, é fundamental. Precisamos mostrar que a integridade e a honestidade também contra-atacam.


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