sábado, 5 de novembro de 2022

LULA PROCURA STF E CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO PARA CONVERSAR E REINVIDICAR

 

Presidente eleito
O que ele quer do Congresso e do STF
Por
Wesley Oliveira
Brasília


Lula fará a primeira visita a Brasília depois de ser eleito presidente do Brasil, no último domingo (30).| Foto: Fernando Bizerra/EFE

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca em Brasília, na próxima semana, para uma série de visitas institucionais ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Será a primeira vez que o petista desembarca na capital do país desde o resultado das urnas que lhe deu a vitória sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Até o momento, aliados de Lula indicam que as visitas serão institucionais e como forma de o petista se apresentar como o vencedor da disputa presidencial. A avaliação é de que o presidente eleito precisa fazer esse movimento diante das manifestações de apoiadores de Bolsonaro contra o resultado da eleição. Paralelamente, Lula vai aproveitar os encontros para tratar de pautas de interesse do seu futuro governo.

No Congresso, o presidente eleito irá se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entre os assuntos, eles devem falar sobre a PEC que visa garantir o pagamento de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir de 2023. Lira era um dos principais aliados de Bolsonaro, mas já sinalizou que pode avançar com matérias de interesse do próximo governo ainda neste ano.

Lira é candidato à reeleição na presidência da Câmara na próxima legislatura. Lula já indicou que não pretende interferir nas disputas pelo Legislativo, mas aliados de Lira indicam que ele está disposto a negociar com a bancada petista a pavimentação da sua reeleição. Para isso, o presidente da Câmara teria sinalizado que pode pautar até o final do ano a correção da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) da Pessoa Física (IRPF), se Lula quiser.

A correção da tabela do IR foi uma promessa de campanha do presidente eleito. Um projeto do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) prevê a correção da faixa para quatro salários mínimos. Líderes petistas avaliam que ainda não há consenso sobre o projeto, mas que o tema pode vir a ser discutido entre Lula e Lira durante o encontro da próxima semana.

Nesta semana, Lira esteve reunido com integrantes da bancada petista e, segundo líderes presentes, o presidente da Câmara indicou que não aprovará nenhuma pauta bomba e buscará auxiliar o PT nas propostas elencadas como prioritárias. “Tivemos a primeira conversa oficial com o presidente da Câmara. Ele disse que topa ajudar, topa dialogar, que vai sentar com o Lula e, depois, discutir a pauta”, explicou o deputado José Guimarães (PT-CE).


Lula tenta amarrar o apoio do PSD no Congresso via Pacheco
Do outro lado do Congresso, Lula também pretende se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no intuito de pavimentar sua base na Casa. Integrantes do PT avaliam que o presidente eleito deverá enfrentar mais dificuldades para avançar com matérias no Senado, diante da eleição de aliados de Bolsonaro para a próxima legislatura.

A expectativa do PT é de apoiar à reeleição de Pacheco para o comando da Casa e garantir o apoio do PSD, presidido pelo ex-ministro Gilberto Kassab. A legenda terá cerca de 40 deputados e ao menos 11 senadores na próxima legislatura. Além do PT, Lula quer que os partidos de seu arco de alianças caminhem com Pacheco no Senado.

Líderes petistas avaliam que o presidente do Senado terá papel determinante nos próximos meses para que o Orçamento de 2023, que será aprovado até dezembro, pavimente o cenário para o primeiro ano do governo Lula. Além disso, Pacheco será um dos principais articuladores para aprovar a “PEC fura teto” ainda neste ano.

“Tenho certeza que o Congresso tem essa sensibilidade e o Tribunal de Contas também. Estamos analisando todas as oportunidades para entregar ao povo brasileiro aquilo que foi contratado com ele no processo eleitoral”, defendeu a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Orçamento secreto pode ser pauta do encontro com Rosa Weber no STF
Lula pretende ainda fazer uma visita ao Supremo Tribunal Federal (STF) para um encontro com a presidente da Corte, ministra Rosa Weber. A avaliação de integrantes do PT é de que essa deve ser uma visita protocolar, mas temas de interesse do futuro governo também podem entrar na pauta do encontro.

Entre eles, o julgamento sobre a legalidade do orçamento secreto, que pode ser pautado por Weber ainda neste ano. Mesmo na presidência do STF, a ministra se manteve como relatora do caso. No ano passado, ela chegou a suspender temporariamente os pagamentos das emendas de relator e determinou que o Congresso criasse um sistema para dar publicidade aos gastos. Os repasses foram liberados posteriormente.

Durante a campanha, Lula foi um crítico do orçamento secreto e chegou a dizer que iria acabar com o pagamento das emendas indicadas pelos parlamentares. Após a vitória, no entanto, aliados do presidente eleito indicam que ele não deve travar um embate direto com o Congresso sobre esse tema.

A avaliação de integrantes do PT é de que uma solução via STF resultaria em menos desgastes para o presidente eleito junto aos parlamentares. Durante o governo Bolsonaro, as emendas de relator eram negociadas em troca de apoio para aprovação de projetos de interesse do Planalto. Líderes petistas indicam que Lula, neste primeiro momento, não pretende impor sua visão sobre o pagamento das emendas para não travar as negociações com deputados e senadores.


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É JUSTO O GOVERNO FINANCIAR A ELEIÇÃO DE DEPUTADOS E SENADORES?

 

Campanha

Por
Guilherme Grandi

Brasilia, Brazil – June 3, 2015: Brazilian National Congress. The building was designed by Oscar Niemeyer in the modern Brazilian style.


Campanhas para deputado federal tiveram um custo 128% maior na eleição de 2022 na comparação com 2018.| Foto: Bigstock

A eleição para o cargo de deputado federal neste ano, que teve 10.630 candidatos concorrendo a 513 cadeiras na Câmara dos Deputados, teve um custo 128% maior do que na eleição de 2018. É o que mostram os primeiros dados da prestação de contas divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A campanha dos mais de 10,6 mil candidatos custou, ao todo, R$ 2,830 bilhões, mais que o dobro de 2018, quando 8,5 mil pessoas concorreram à Câmara dos Deputados ao custo de R$ 1,241 bilhão, pagos predominantemente com recursos do fundo eleitoral – conhecido também como “fundão”, que para este ano teve R$ 4,9 bilhões em dinheiro público aprovado pelo Congresso Nacional.

No pleito de 2022, o maior gasto ocorreu em São Paulo, perto de meio bilhão de reais (R$ 436 milhões) para eleger 70 deputados federais, seguido por Minas Gerais (R$ 264 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 203 milhões).

Cada eleitor nestes estados “pagou” em torno de R$ 19,19 para cada candidato que concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados – isso porque o fundo eleitoral é composto de uma parcela do Orçamento da União. O valor pago para cada candidato nos três maiores colégios eleitorais do país chega a ser mais de seis vezes menor do que no Amapá, onde cada um dos 154 candidatos custou R$ 121,90 para cada um dos 442,1 mil eleitores.

Apenas os eleitores de 12 estados do país tiveram mais de 10% dos custos das campanhas pagos com dinheiro privado de doação, enquanto que o restante teve mais de 90% das despesas custeadas com recursos públicos. O estado do Mato Grosso foi o que teve o maior porcentual de doações privadas, com 23,16% das contas pagas, e o Amapá foi o que mais dependeu do fundo eleitoral, com 97,63% das verbas.

De acordo com Guilherme Sturm, CEO da Essent Jus, escritório especializado em prestação de contas eleitorais, o salto de 128% nos custos das campanhas se deu por conta, entre outros pontos, do aumento da inflação no período. Dados do IBGE apontam que a inflação entre setembro de 2018 e setembro de 2022 (último dado disponível) foi de 27,98%.

“Tivemos quatro anos de inflação acumulada, o que se comprava em 2018 não se compra mais em 2022. E também o próprio aumento do fundo eleitoral, que era de R$ 1,7 bilhão e agora foi de R$ 4,9 bilhões, o que permitiu aos candidatos gastarem mais em suas campanhas. Mas, tivemos ainda grandes discrepâncias no custo por voto de um estado para o outro, em que aqueles com mais eleitores pagaram menos do que outros”, explica.

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A inflação dos materiais de campanha também pesou na eleição ao Senado, mas muito menos do que para a Câmara dos Deputados. Os eleitores brasileiros pagaram em torno de R$ 309,8 milhões para financiar a campanha entre recursos públicos e privados – alta de 14,14% na comparação com a eleição de 2018.

Naquele ano, os eleitores brasileiros desembolsaram R$ 271,4 milhões para pagar as contas de campanha de 358 candidatos. Em 2022, 243 concorreram às 27 cadeiras em disputa no Senado, formado por 81 membros com mandatos de oito anos.

Assim como na eleição para a Câmara dos Deputados, a campanha de cada candidato ao Senado também custou mais caro para o bolso de alguns brasileiros. Os eleitores do Acre pagaram, em média, R$ 31,47 entre recursos do fundão e de doações privadas, seguidos por Roraima (R$ 27,68) e do Amapá (R$ 20,66).

Sturm explica que o limite de gastos que os candidatos podem ter, uniforme para todos os estados, desequilibra as contas e acaba onerando mais o custo por eleitor. E também, segundo ele, estados com menor representação política acabam tendo o mesmo montante de recursos por candidato que outros com maior presença no Congresso.

Há, ainda, outra questão que é o quanto um determinado partido vai investir na campanha de seus filiados em um estado ou região. “O PT, por exemplo, pode investir mais nas candidaturas do Nordeste e menos no Norte. Aí é de interesse político, de estratégia de participação mesmo”, completa.

Os recursos aplicados nas eleições nos estados são também um reflexo dos gastos da eleição presidencial, em que há uma maior ou menor necessidade do uso do fundo eleitoral e também de doações de simpatizantes.

“Vimos alguns nichos da economia muito participativos na eleição deste ano, principalmente os da direita, como empresários do agronegócio e industriais. No Mato Grosso, por exemplo, o agro é muito forte [o que refletiu no uso menor de verbas públicas]. Pegando as duas principais campanhas presidenciais, a do Jair Bolsonaro (PL) foi muito financiada por pessoas físicas do agro e de grandes empresários (89,04%), enquanto que a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependeu mais do recurso público (92,84%)”, analisa Guilherme Sturm.

No entanto, ele pondera que o uso de recursos públicos por Lula é algo que a esquerda sempre foi a favor, de não haver financiamento privado. Na eleição presidencial de 2018, o então candidato Fernando Haddad (PT) teve 94,83% das contas de campanha financiadas pelos fundos eleitoral e partidário, enquanto que Bolsonaro utilizou 0,5% de fundo partidário e 99,5% de recursos privados.

Como tornar as campanhas mais baratas e menos dependentes do fundo eleitoral?
A aprovação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) de R$ 4,9 bilhões, no final de 2021, gerou debates intensos entre o Congresso e o presidente Bolsonaro, que chegou a vetar o trecho na sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022. No entanto, os parlamentares derrubaram o veto e restabeleceram o valor para financiar as campanhas.

Na eleição geral anterior, em 2018, o governo reservou R$ 1,7 bilhão para financiar as campanhas – primeiro ano em que o financiamento privado por empresas foi proibido no Brasil. Antes disso, em 2014, a campanha custou R$ 4,92 bilhões, a mais cara da história até então, sendo R$ 1 bilhão de grandes conglomerados como JBS, Bradesco, Odebrecht, Vale, entre outras.

Para Guilherme Sturm, da Essent Jus, a proibição ajudou a “baratear” as campanhas a partir de 2018, trazendo um pouco mais de equilíbrio na disputa. No entanto, provocou um aumento da necessidade de se usar recursos públicos, que crescem ano após ano com a inflação e cada vez mais candidatos concorrendo.

“Nesta eleição geral tivemos R$ 4,9 bilhões para financiar 28 mil candidatos, quantos bilhões vamos precisar colocar na próxima eleição municipal [em 2024] que são quase 600 mil candidatos?”, questiona pegando como base os mais de 557 mil candidatos que concorreram aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em 2020.

Ele acredita que o ideal seria a volta do financiamento por parte de empresas às campanhas, desde que com uma ampla discussão de limites e controles rígidos para que os candidatos concorram em equilíbrio uns com os outros.

“O Brasil, em função de escândalos da nossa história recente, tinha muito receio de tratar de questões sensíveis, como o financiamento público, como a regulamentação do lobby, coisas que são tratadas com um pouco mais de clareza e tranquilidade em democracias mais maduras que a nossa. Mas, isso é um caminho sem volta, ou a gente vai ver uma escalada cada vez maior de recurso público nas campanhas”, completa.

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DESEMPREGO EM QUEDA DEVIDO ÀS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


| Foto: Pixabay

Quando terminou sua primeira passagem pela Presidência da República, o PT deixou uma herança maldita no mercado de trabalho: o desemprego medido pelo IBGE no trimestre móvel encerrado em maio de 2016, mês em que Dilma Rousseff foi afastada por decisão do Senado, foi de 11,2%, com tendência de alta. Como o emprego é o último indicador a piorar durante uma crise, a taxa continuou subindo como consequência da recessão deixada pela “nova matriz econômica” petista mesmo depois da saída de Dilma, e o desemprego chegou a 13,6% no período de fevereiro a abril de 2017, antes de começar a recuar.

Em seu retorno ao Planalto, Lula deve receber, no entanto, um cenário bem diferente daquele deixado pelo petismo. Ainda antes do segundo turno da eleição presidencial, o IBGE divulgou a taxa de desemprego do trimestre móvel encerrado em setembro: 8,7%, dando continuidade a uma trajetória de queda que já dura mais de um ano e só foi brevemente interrompida no primeiro trimestre deste ano. Tudo isso levando em conta que a recuperação do desastre petista, iniciada no governo Temer e continuada no começo do governo Bolsonaro, foi bruscamente cortada pela pandemia de Covid-19, que levou o desemprego ao recorde de 14,9% entre janeiro e março de 2021 e forçou o país a reiniciar todo o esforço de voltar a criar emprego e renda.

O mercado de trabalho brasileiro precisa é de ainda mais segurança jurídica nas relações entre patrões e empregados, de custos menores de contratação, de uma legislação trabalhista menos engessada, que contemple novos formatos de trabalho.

A pergunta que se faz agora é: Lula será capaz de manter o desemprego em queda, até que o Brasil finalmente atinja o objetivo do pleno emprego, que alguns estados brasileiros já vivenciam, com taxas entre 3% e 6%? Se a prática efetivamente refletir o discurso, há bons motivos para preocupação, pois a campanha de Lula não ficou apenas em palavras genéricas sobre geração de empregos, mas foi marcada por ataques a alguns avanços importantes, como a reforma trabalhista realizada por Michel Temer e que contribuiu para gerar ao menos 1,7 milhão de vagas, segundo estudos realizados por professores da USP e do Insper. O número é especialmente notável quando se considera que, apesar da introdução de novos modelos de contrato de trabalho, a reforma teve como principal objetivo não tanto facilitar a geração de emprego barateando os custos de contratação, por exemplo reduzindo a tributação sobre a folha, mas garantir maior segurança jurídica ao empregador alterando regras que incentivavam a litigiosidade excessiva, ou garantindo a prevalência do negociado sobre o legislado.

Apesar de ter mitigado sua retórica contrária à reforma trabalhista, falando agora em revisão em vez de revogação, os sinais enviados por Lula e sua campanha apontam para a reversão do caminho que vem sendo adotado desde o governo Temer. A genérica “Carta para o Brasil do Amanhã”, divulgada antes do segundo turno, fala em “amplo debate tripartite (governo, empresários e trabalhadores), para construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos – tanto trabalhistas como previdenciários – e salários dignos, assegurando a competitividade e os investimentos das empresas”; outros textos de campanha falam em “restabelecer acesso gratuito à Justiça do Trabalho”, e não é segredo para ninguém que o petismo sonha com o restabelecimento do imposto sindical, cujo fim cortou uma fonte substancial de financiamento para uma máquina que tradicionalmente se alinha ao PT.


Segurança nas relações trabalhistas
O mercado de trabalho brasileiro precisa é de ainda mais segurança jurídica nas relações entre patrões e empregados, de custos menores de contratação, de uma legislação trabalhista menos engessada, que contemple novos formatos de trabalho. Não se trata de precarização, mas de compreender que nem todos os trabalhadores têm os mesmos desejos: há quem queira a segurança dos direitos garantidos pela carteira assinada, e há quem prefira outros modelos, com seus ônus e seus bônus. O papel do governo é trabalhar para criar as condições que permitam a cada brasileiro – empresário, empregado formal, MEI, terceirizado etc. – trabalhar da forma que considerar a mais adequada para si.

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GOVERNO DOS EUA TAMBÉM FAZ CENSURA

 

Motivações políticas

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo

Bishkek, Kyrgyzstan – July 6 2019: Twitter application icon on Apple iPhone X smartphone screen close-up. Twitter app icon. Social media icon. Social network


Governo americano promove reuniões a portas fechadas com plataformas privadas, para, por meio de pressão, “tentar moldar o discurso online”| Foto: Bigstock

Embora o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) tenha desistido de seu mundialmente ridicularizado Conselho de Governança da Desinformação, que teria o papel de arbitrar o que é verdadeiro e o que é falso na internet, documentos internos mostram um esforço crescente da agência na censura de informação em redes sociais. Uma investigação do The Intercept internacional, publicada nesta semana, mostra que o governo americano promove reuniões a portas fechadas com plataformas privadas, para, por meio de pressão, “tentar moldar o discurso online”. As pautas dos encontros vão desde o escopo da intervenção governamental no que é dito na internet até formas de simplificar os pedidos de remoção de informações supostamente falsas.

A fonte das informações são atas de reunião e outros registros anexados a uma ação movida pelo procurador-geral do Missouri, o republicano Eric Schmitt, que concorre ao Senado. Uma ata de março mostra que, durante uma reunião com a participação de executivos seniores do Twitter e do JPMorgan Chase, uma funcionária do FBI chamada Laura Dehmlow “afirmou que precisamos de uma infraestrutura de mídia que seja responsabilizada; precisamos educar cedo a população; e que o pensamento crítico parece ser um problema atualmente”.

Chefe da Força-Tarefa de Influência Estrangeira (FITF, na sigla em inglês) do FBI, estabelecida em 2016, com foco na ameaça de influência russa nas eleições presidenciais, ela explicou que “o escritório estabeleceu o rótulo de Informações Malignas Estrangeiras, que são dados subversivos utilizados para criar uma barreira entre a população e o governo”. Documentos obtidos pelo The Intercept – o que inclui relatórios públicos e dados de funcionários atuais do órgão – revelam uma “evolução de medidas mais ativas do DHS” no sentido de “combater a desinformação” nas eleições de 2020 e em discussões sobre a política de vacinas contra a Covid-19.

Outro documento aponta a existência de um “sistema de solicitação de conteúdo” no Facebook, em que é possível, por meio de login e senha do governo, requisitar a supressão de postagens na rede social. A Meta, detentora do Facebook, e o FBI não se posicionaram sobre o assunto. Já o Twitter se posicionou por meio de porta-voz, alegando que não age de forma coordenada “com outras entidades ao tomar decisões de moderação de conteúdo e avaliamos independentemente o conteúdo de acordo com as regras do Twitter”.

Criado originalmente para combater o terrorismo, após os ataques de 11 de setembro, o DHS demonstra estar concentrando esforço expansivo no monitoramento de mídias sociais. De acordo com o site do órgão, que conta com 250 mil profissionais, “a segurança cibernética é uma das principais prioridades da administração Biden e do DHS, sob a liderança do secretário [de Segurança Interna Alejandro] Mayorkas”. O orçamento destinado a essa finalidade cresceu em 2021, “resultando em pelo menos US$ 25 milhões gastos em resiliência de segurança cibernética em todo o país”. Segundo um documento de 12 prioridades do Departamento para 2022, desenvolvido por Mayorkas, o avanço na missão do órgão compreende “aumentar a segurança cibernética das redes e infraestrutura crítica de nosso país, incluindo infraestrutura eleitoral”.

Um rascunho da Revisão Quadrienal de Segurança Interna (que descreve a estratégia e as prioridades do departamento para os próximos anos), obtido pelo portal investigativo, aponta que o DHS planeja dar um direcionamento a “informações imprecisas”, em temas como as origens da pandemia da Covid-19, eficácia das vacinas, justiça racial, retirada norte-americana do Afeganistão (tema que os republicanos da Câmara prometem investigar, caso alcancem maioria nas eleições de meio de mandato) e apoio dos EUA à Ucrânia.

“O desafio é particularmente agudo em comunidades marginalizadas que muitas vezes são alvos de informações falsas ou enganosas, como informações falsas sobre procedimentos de votação direcionados a pessoas de cor”, diz o relatório. A subjetividade do conceito de desinformação (informações falsas espalhadas involuntariamente ou intencionalmente, além de notícias compartilhadas fora de contexto, com intenção prejudicial, de modo a supostamente ameaçar os interesses dos EUA) é uma brecha para que o Departamento use o argumento de discurso perigoso de forma politicamente motivada.

“Sugestão” de remoção de conteúdo 

A medida que a ação do DHS afeta os feeds dos americanos nas redes sociais do dia a dia não está clara. Nas eleições de 2020, por exemplo, o governo sinalizou como “suspeitos” vários posts que foram tirados do ar, segundo o processo do procurador-geral do Missouri. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, “em consulta com a CISA” [a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura dos EUA], afirma que as plataformas de tecnologia agiram em 35% dos 4,8 mil itens sinalizados, removendo, bloqueando ou colocando uma tela de alerta sobre o conteúdo.

Em agosto de 2020, o portal de notícias NBC News informou que empresas de tecnologia como Google, Twitter, Facebook, Reddit, Microsoft, Verizon Media, Pinterest, LinkedIn e a Wikimedia Foundation, que opera a Wikipedia, já se reuniam mensalmente com FBI, CISA e outros representantes do governo, “para discutir como lidar com desinformação durante as convenções políticas deste mês e os resultados das eleições neste outono”.

“As reuniões são projetadas para preencher uma lacuna no compartilhamento de informações depois que empresas de tecnologia como o Facebook disseram que foram pegas de surpresa por ameaças de segurança e pela falta de informações vindas de autoridades federais em 2016. As reuniões regulares começaram em 2018 e as empresas dizem que são necessárias para proteger a integridade das eleições deste ano”, afirmava a reportagem.

E-mails entre funcionários do DHS e do Twitter mostram que a CISA faz uma espécie de meio de campo entre funcionários eleitorais estaduais – que identificam possíveis  desinformações – e as plataformas de mídia social, solicitando a remoção de conteúdos. Segundo a Agência, “uma vez que a CISA notificou uma plataforma de desinformação de mídia social, a plataforma de mídia social poderia decidir independentemente se remover ou modificar a postagem”. Os documentos expostos pelo processo do Missouri, no entanto, mostram que o objetivo da CISA é que as empresas de mídias sociais se tornem cada vez mais responsivas às suas sugestões.

Funcionários do FBI ouvidos pelo The Intercept, sob condição de anonimato, contaram terem sido transferidos de seus trabalhos de combate aos serviços de inteligência estrangeiros ou de divisões internacionais antiterrorismo para monitorar redes sociais americanas. O objetivo dos agentes, ao entrar disfarçados em salas de bate-papo, fóruns e blogs, é identificar “indivíduos antigovernamentais, como extremistas violentos com motivação racial, cidadãos soberanos, milícias e anarquistas”.

Críticos argumentam que a prática pode configurar uma violação da Lei de Privacidade de 1974, promulgada após o escândalo de Watergate, restringindo a coleta de dados governamentais dos cidadãos que exercem seus direitos da Primeira Emenda (uma garantia da liberdade de expressão no país).

Segundo o The Intercept, contas sinalizadas como perigosas e propagadoras de desinformação pelo governo são, muitas vezes, paródias ou inexpressivas, sem seguidores e influência. Durante as eleições de 2020, por exemplo, o DHS enviou um e-mail a um funcionário do Twitter, com “uma potencial ameaça à infraestrutura crítica dos EUA, citando alertas do FBI”. A conta que “poderia colocar em risco a integridade do sistema eleitoral” tinha 56 seguidores e uma bio dizendo “mande-nos a localização da sua loja de maconha (vadias fiquem bravas, mas esta conta é uma sátira)”.

Laptop de Hunter Biden 

Apesar desses casos sem expressão, a influência do governo foi crucial para que plataformas como Twitter e Facebook removessem ou limitasse o acesso a links para a reportagem do jornal New York Post sobre o conteúdo do laptop de Hunter Biden em semanas-chave antes da eleição presidencial em 2020.

Grande parte do público foi levada a ignorar a reportagem ou a classificá-la como fake news, depois que funcionários da inteligência norte-americana rotularam a história como “campanha de desinformação russa”. O silenciamento nas redes sociais continuou mesmo depois de os jornais Washington Post e New York Times confirmarem a autenticidade de alguns e-mails, muitos deles citados na reportagem original de outubro de 2020, com indícios de lavagem de dinheiro, crimes relacionados a impostos e registro de lobby estrangeiro pelo filho de Joe Biden.

Participando de um podcast em agosto, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, contou que o Facebook limitou o compartilhamento da reportagem do New York Post depois de uma conversa com o FBI. “O pano de fundo aqui é que o FBI veio até nós – algumas pessoas da nossa equipe – e disse: ‘Ei, só para você saber, você deveria estar em alerta máximo de que havia muita propaganda russa nas eleições de 2016’”, revelou no programa de Joe Rogan.


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PROTESTOS SEM INTERVENÇÃO MILITAR

Por
Deltan Dallagnol


Protesto de caminhoneiros em São Paulo.| Foto: André Coelho/EFE

A eleição de Lula me causa profunda indignação. Lula presidente é um símbolo visível e gritante da impunidade da corrupção no Brasil. O padre Antônio Vieira já chamava atenção para essa impunidade em meados do século XVII. Dizia que os ladrões de galinha roubavam e eram enforcados, enquanto os verdadeiros ladrões, os governantes, roubavam e enforcavam. Mais do que garantir sua impunidade, promoviam retaliações e vinganças.

Há várias outras razões para estar indignado com a eleição de Lula e é legítimo protestar neste momento, como sempre foi e sempre será na democracia. Isso deve ser feito dentro da Constituição e da lei, respeitando direitos e sem violência.

Bloqueios em estradas violam a lei, impedem o direito de ir e vir, causam desabastecimento, prejudicam as exportações, o comércio e atrapalham viagens, até mesmo o transporte de pacientes por motivo de saúde.

E podem as Forças Armadas intervir ou atuar como poder moderador no cenário atual? Muitas pessoas bem-intencionadas, que amam o Brasil e estão preocupadas com o futuro no governo Lula, têm me perguntado isso. A resposta da Constituição é claramente negativa.

O artigo 142 da Constituição estabelece três objetivos para as Forças Armadas. O primeiro é defender a pátria contra agressão estrangeira. O segundo é garantir os poderes constitucionais quando um poder tenta eliminar o outro. O terceiro é garantir a lei e a ordem quando as forças de segurança pública forem insuficientes. A Constituição brasileira não atribui às Forças Armadas um poder moderador, nem permite que sejam usadas por um poder contra o outro.

A Constituição também não autoriza que as Forças Armadas mudem decisões de um Tribunal Eleitoral ou que funcionem como árbitro nas eleições. As polícias e forças de segurança internas também não têm esse papel, nem podem se impor sobre tribunais.

Bloqueios em estradas violam a lei, impedem o direito de ir e vir, causam desabastecimento, prejudicam as exportações, o comércio e atrapalham viagens, até mesmo o transporte de pacientes por motivo de saúde

Por isso as Forças Armadas e seus generais têm se manifestado contrariamente à ideia de intervenção, que seria um golpe de Estado. Se alguém recorre a ele uma vez, o que impede de recorrer várias? Golpes resultam em ditaduras, na supressão de direitos e garantias. Basta um olhar ao redor do mundo para concluir que não há ditadura boa.

Protestar nas ruas é legítimo e mostra que as pessoas realmente se importam com os rumos do país. Estão envolvidas com a política como raras vezes no passado. Por outro lado, flertar com a intervenção como um “atalho” contra Lula ou o PT é um grande equívoco.

É a democracia que garante a mim e a você o direito de protestar, de lutar para ter outro presidente no futuro, de ir e vir ou tantos outros direitos que são fundamentais. É essa democracia que exige: o resultado da eleição deve ser respeitado, goste-se eu ou não dele.

O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança. Ainda que demande cobrar das instituições que cumpram fielmente seus papeis. Ainda que seja necessário esforço para cobrar um bom trabalho dos novos deputados e senadores ou eleger melhores no futuro.

Por meio da democracia, deputados e senadores eleitos poderão fazer oposição firme e inabalável para frear os retrocessos morais e econômicos que o governo do PT queira impor.

Reformas trabalhista, previdenciária, tributária, administrativa, eleitoral e política dependem todas da aprovação do Congresso. E o Congresso deve atuar de modo independente em favor do Brasil.

O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança

É hora de seguirmos unidos com fé e coragem, lembrando que todos estamos no mesmo avião. Violência, desordem, crime e desrespeito à democracia não prejudicam apenas o piloto que foi escolhido. Prejudicam a todos nós.

Eu não gosto do piloto que foi escolhido. Eu acredito que meus colegas passageiros fizeram uma escolha errada, mas eu vou lutar, como cidadão e deputado, para que o nosso voo siga pelas melhores rotas para o nosso país, em amor ao Brasil e aos brasileiros. E essas rotas estão dentro da democracia e do respeito à lei.


Este é meu primeiro artigo como colunista da Gazeta do Povo, que é acessada por 13 milhões de leitores por mês. A Gazeta é o quarto maior jornal do Brasil em assinaturas digitais. Assino a Gazeta há anos e acredito no seu compromisso firme com valores cristãos e conservadores como a defesa da família, do combate à corrupção e da liberdade de expressão.

Recentemente fui eleito o deputado federal mais votado no Paraná, por 345 mil eleitores distribuídos em todos os 399 municípios paranaenses. No Congresso, discutirei muitos temas e este é mais um canal para debater e informar a respeito de assuntos de interesse da sociedade.
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Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol é mestre em Direito pela Harvard Law School e foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022. Trabalhou como procurador por 18 anos, atuando em várias operações no combate a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Foi coordenador da operação Lava Jato em Curitiba. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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TSE CONTINUA CENSURANDO OS APOIADORES DO BOLSONARO

 


PorGazeta do Povo
Brasília


Vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PL) recebeu 1,5 milhão de votos nas eleições deste ano| Foto: Reprodução/Twitter/@nikolasferreiradm

O deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), que teve a maior votação do país nas eleições deste ano, teve seu perfil no Twitter suspenso, neste sexta-feira (4), por ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Basicamente você não precisa gostar de mim para poder defender a liberdade das outras pessoas. Eu basicamente… Simplesmente transcrevi o que o argentino disse no Twitter e foi provavelmente por isso que derrubaram minha conta com mais de 2 milhões de seguidores”, disse o parlamentar num vídeo publicado no Instagram, que recebeu 1,5 milhão de votos.

Ele se referia a um vídeo exibido nesta sexta (4) na Argentina que aponta indícios de fraude nas urnas eletrônicas, que também foi retirado do YouTube. “Hoje você não pode questionar. E as pessoas não estão entendendo o quão perigoso é isso”, afirmou o deputado eleito.

Além de Nikolas, também teve a conta suspensa o deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL-GO), também apoiador do presidente Jair Bolsonaro. No início da semana, a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) também foi alvo da medida e ainda teve novas contas criadas após a suspensão também derrubadas por ordem do TSE. As decisões estão sob sigilo.


Santa Catarina
Professor de história acusado de fazer apologia ao nazismo em grupo de WhatsApp é afastado
PorGazeta do Povo

Mensagens de apologia ao nazismo atribuídas ao professor de história de Santa Catarina. | Foto: Reprodução

Um professor de história da rede estadual de ensino de Santa Catarina é alvo de um processo administrativo disciplinar após supostamente defender o nazismo em um grupo de amigos no WhatsApp. Após a divulgação nas redes sociais de imagens com partes de um diálogo no grupo, o professor foi afastado, nesta quinta-feira (3), de suas funções em uma escola de ensino médio no município de Imbituba, no litoral sul do estado.

Na troca de mensagens, o professor teria dito ser “super fã de Hitler” e que “sempre quis ser nazista”. “Hitler tinha razão, tem classe superior e classe inferior”. Caso seja comprovada a autoria das mensagens, o professor pode responder ao crime de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, descrito na Lei 7.716 de 1989.


Multa De R$ 100 Mil
TSE proíbe Carla Zambelli de criar novos perfis em redes socias
PorGazeta do Povo

A deputada Carla Zambelli está proibida, pelo TSE, de criar novos perfis em redes sociais. Caso desobedeça, a multa prevista é de R$ 100 mil reais por nova conta. | Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

O juiz Marco Antonio Martins Vargas, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) crie novos perfis em redes sociais até a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República, prevista para 19 de dezembro. A pena em caso de desobediência é de R$ 100 mil por nova conta detectada.

Zambelli teve suas contas nas redes sociais suspensas, por decisão do próprio TSE, depois do segundo turno das eleições. Depois disso, a parlamentar viajou aos Estados Unidos para cumprir “agendas pessoais” e ” estudar meios de assegurar e restaurar a liberdade de expressão no Brasil junto a autoridades americanas”.


TSE
Após suspensão de contas nas redes sociais, Carla Zambelli viaja aos EUA
PorGazeta do Povo

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP ) teve suas contas nas redes sociais suspensas, inclusive o WhatsApp, por decisão do TSE. | Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Após ter suas contas nas redes sociais suspensas, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) viajou para os Estados Unidos. Por meio de nota enviada pela sua assessoria de imprensa, a parlamentar disse estar cumprindo uma agenda pessoal de compromissos e aproveitando a ocasião “para estudar meios de assegurar e restaurar a liberdade de expressão no Brasil junto a autoridades americanas”. Não foi informada a data da viagem.

No comunicado, ela disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de bloquear todos os seus canais de comunicação, inclusive o WhatsApp, teria como objetivo “controlar o fluxo de informações e conter uma das maiores vozes conservadoras da internet com mais de 9.520.000 seguidores em sete redes sociais”.


Manifesto
Carta apresentada ao Senado defende liberdade de expressão e respeito à Constituição
PorGazeta do Povo

Ato no Senado teve a presença de Jackson Di Domenico, Felipe Bayma, Eduardo Girão, Joel Júnior e Styvenson Valentim. | Foto: Camila Cortez

Juristas e senadores apresentaram na terça-feira (25) ao Senado Federal uma carta pela liberdade, pela democracia e pelo Estado de Direito. O ato ocorreu durante coletiva de imprensa, em frente à Presidência do Congresso. Segundo os organizadores, o objetivo da carta é reivindicar o incondicional e apartidário respeito à Constituição Federal, de modo que seja restaurado o estado de constitucionalidade, em busca da normalidade institucional, com respeito à tripartição de poderes, à liberdade, ao Estado de Direito e ao princípio democrático, pilares de uma sociedade constitucional que busca a paz social.

A mensagem, idealizada pelo advogado e ex-desembargador eleitoral Jackson Di Domenico, pelo advogado público e ex-juiz, Rafael Vasconcellos, e pelo advogado Felipe Bayma, contou ainda com o apoio e assinatura dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Lasier Martins (Podemos–RS), do Juiz Federal Tribunal Regional da 1ª Região (TRF1), Antônio Cláudio Macedo, do Procurador Regional da República Guilherme Schelb e da jornalista Camila Cortez.


TSE
Telegram e WhatsApp removem grupos de direita e de apoiadores de Bolsonaro
PorAna Carolina Curvello

Vários relatos apontam a exclusão de grupos no Whatsapp e Telegram após decisão do TSE | Foto: Reprodução

Vários grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e de direita foram retirados do Telegram e Whatsapp, desde a última segunda-feira (31), segundo relatos de internautas. A remoção em massa ocorreu após decisões de ofício do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A possibilidade de usar o poder de polícia sem ser provocado, para “combater a desinformação”, partiu do próprio Moraes e foi aprovada por unanimidade no plenário do TSE poucos dias antes do segundo turno das eleições.

Em 28 de outubro, Moraes já havia determinado a retirada de dois grupos de apoiadores de Bolsonaro com cerca de 180 mil inscritos no Telegram. Na decisão, o ministro citou trechos de conversas feitas nos chats e afirmou que havia incentivo à violência política, apologia a atos criminosos e desinformação.


Plenário Virtual
STF decide que a licença-maternidade começa na alta hospitalar da mãe ou do bebê
PorAna Carolina Curvello

A maioria do STF votou com o ministro Edson Fachin, pela licença maternidade a partir da saída do hospital. | Foto: Reprodução/Internet

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em plenário virtual, na última sexta-feira (21), que a licença-maternidade começa a valer a partir da alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido, o que ocorrer por último. Por unanimidade, os ministros do STF seguiram o voto do relator Edson Fachin na ADI 6327, apresentada pelo partido Solidariedade em 8 de março de 2020, com o intuito de garantir mais tempo entre mãe e filho.

O efeito da decisão é imediato para todas as gestantes e mães que têm contrato de trabalho formal, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No voto, Fachin considerou que a alta da mãe ou do recém-nascido, em caso de nascimento prematuro, vale como o marco inicial da licença-maternidade e o benefício do salário-maternidade deve ser prolongado pelo tempo de licença acrescido. Porém, a medida deve se restringir aos casos mais graves, como internações que ultrapassam o período de duas semanas.


Integridade Eleitoral
YouTube vai retirar conteúdos que contestem resultados das eleições de 2014, 2018 e 2022
PorAna Carolina Curvello

YouTube atualiza Política de Integridade Eleitoral contra desinformação | Foto: Reprodução

Após o resultado final das eleições no Brasil, o YouTube atualizou a Política de Integridade Eleitoral com o objetivo de “combater desinformação na plataforma”. As mudanças, que começam a valer a partir desta segunda-feira (31), visam “proibir conteúdos que promovam falsas alegações de que fraudes generalizadas, erros ou falhas ocorreram em determinadas eleições nacionais certificadas anteriormente, ou que os resultados certificados dessas eleições eram falsos”.

A política da rede se aplica às eleições presidenciais do Brasil de 2014, 2018 e 2022; a qualquer eleição presidencial dos EUA e às eleições federais da Alemanha de 2021. Segundo o YouTube, qualquer vídeo que viole a integridade das eleições, incite o público a interferir no processo democrático, ou fira outras políticas da rede, será removido e o autor receberá uma notificação por email. Após três penalidades, o canal será encerrado no YouTube.


TSE
Telegram e WhatsApp removem grupos de direita e de apoiadores de Bolsonaro
PorAna Carolina Curvello

Vários relatos apontam a exclusão de grupos no Whatsapp e Telegram após decisão do TSE | Foto: Reprodução

Vários grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e de direita foram retirados do Telegram e Whatsapp, desde a última segunda-feira (31), segundo relatos de internautas. A remoção em massa ocorreu após decisões de ofício do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A possibilidade de usar o poder de polícia sem ser provocado, para “combater a desinformação”, partiu do próprio Moraes e foi aprovada por unanimidade no plenário do TSE poucos dias antes do segundo turno das eleições.

Em 28 de outubro, Moraes já havia determinado a retirada de dois grupos de apoiadores de Bolsonaro com cerca de 180 mil inscritos no Telegram. Na decisão, o ministro citou trechos de conversas feitas nos chats e afirmou que havia incentivo à violência política, apologia a atos criminosos e desinformação.


TSE – Tribunal Superior Eleitoral
WhatsApp

31/10/2022 17:09
Integridade Eleitoral


YouTube vai retirar conteúdos que contestem resultados das eleições de 2014, 2018 e 2022
PorAna Carolina Curvello

YouTube atualiza Política de Integridade Eleitoral contra desinformação | Foto: Reprodução

Após o resultado final das eleições no Brasil, o YouTube atualizou a Política de Integridade Eleitoral com o objetivo de “combater desinformação na plataforma”. As mudanças, que começam a valer a partir desta segunda-feira (31), visam “proibir conteúdos que promovam falsas alegações de que fraudes generalizadas, erros ou falhas ocorreram em determinadas eleições nacionais certificadas anteriormente, ou que os resultados certificados dessas eleições eram falsos”.

A política da rede se aplica às eleições presidenciais do Brasil de 2014, 2018 e 2022; a qualquer eleição presidencial dos EUA e às eleições federais da Alemanha de 2021. Segundo o YouTube, qualquer vídeo que viole a integridade das eleições, incite o público a interferir no processo democrático, ou fira outras políticas da rede, será removido e o autor receberá uma notificação por email. Após três penalidades, o canal será encerrado no YouTube.
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O QUE DEUS FALOU NAS URNAS

Por

Eleição

Por
Guilherme de Carvalho


O presidente da República, Jair Bolsonaro.| Foto: Joédson Alves/EFE

“Dei o nome de ‘oferta do bruxo’ ao processo pelo qual o homem cede objeto atrás de objeto, e finalmente a si próprio, à Natureza, sempre em troca de poder… Tanto para a bruxaria quanto para a ciência aplicada, o problema é como subjugar a realidade aos desejos dos homens…” (C. S. Lewis, A Abolição do Homem)

“Portanto, eu, Nabucodonosor, agora louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são corretas, e os seus caminhos, justos, e ele pode humilhar aqueles que vivem orgulhosamente.” (Daniel 4,37)

Ao longo da campanha presidencial de 2022 ouvimos inúmeras vezes declarações sobre qual seria a vontade de Deus para o país, mas neste domingo ela finalmente se revelou: em 30 de outubro, dia do Senhor, a providência divina removeu Jair Messias Bolsonaro e elevou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil.

E, deixando clara a sua soberania, para ambos os lados da disputa, o Senhor concedeu a Lula uma vitória muitíssimo apertada, a mais apertada desde a redemocratização: mísero 1,8% dos votos. Num sentido, é como se Bolsonaro houvesse sido derrotado “por nada”, e Lula houvesse vencido “por nada” ou quase nada. Brancos e nulos somaram 5,7 milhões, muito mais que o dobro da vantagem de Lula; abstenções foram 32 milhões. Como muitos observaram, o país estava muito dividido e seguiu ainda mais dividido; houve uma vitória de números, mas não de razão pública, de convergência, de um sentido coletivo.

Não foi o Nordeste que derrotou Bolsonaro. Foi Bolsonaro quem derrotou Bolsonaro

Considerando a intensidade dos clamores de evangélicos e católicos conservadores, tem-se a impressão de que Bolsonaro perdeu porque Deus não fez questão mesmo. Pois Ele bem que poderia ter dado um empurrãozinho final, se quisesse… Mas Ele não deu, porque não quis.

Mas o que cabe nesse sumiço divino?

Por nada… e por tudo

Ao microscópio uma gota d’água é um mundo. E o olhar apurado mostrará que esse “nada” que derrotou Bolsonaro foi, na verdade, muita coisa. No Nordeste e Norte, Lula obteve as vitórias esperadas; no Sul, Bolsonaro reinou. Mas foi no Sudeste que a coisa se definiu, no que foi chamado de “Triângulo das Bermudas de Bolsonaro”: entre 2018 e 2022 o presidente perdeu 11,4 pontos porcentuais, caindo de 65,5 milhões para 54,1 milhões de eleitores. Nordeste? Lá, Bolsonaro cresceu pouco (130 mil eleitores a mais), mas cresceu. Ou seja: não foi o Nordeste que derrotou Bolsonaro. Foi Bolsonaro quem derrotou Bolsonaro.

Mas o que fez o homem cair tanto? A esquerda alega que ele é contra os direitos humanos, que é racista, machista, contra a democracia e outras prendas; no entanto, essas acusações são velhas, anteriores a 2018. Elas continuam sendo o que são: sermões para convertidos, sem impacto eleitoral. Além disso, houve melhorias na economia, no emprego e na segurança pública, e o fato de que a direita teve um bom desempenho nas eleições para os estados, Câmara e Senado sugere que não houve uma migração importante de eleitores para a esquerda.

O aumento da rejeição só pode ter vindo de fatos novos, saliências ausentes em 2018, que vulnerabilizaram o próprio presidente, e que se tornaram oportunidades de exploração política pela esquerda.

De início houve uma articulação feroz das esquerdas e de grandes veículos de mídia, como o Jornal Nacional, contra a pauta dos “costumes”. A ministra Damares Alves foi objeto de um atroz assassinato de reputação; esses temas, no entanto, foram precisamente os que elegeram Bolsonaro e, com o andar da carruagem, tanto a esquerda quanto o jornalismo profissional abandonaram quase por completo essa linha de ataque. O que fez toda a diferença foi o surgimento de duas falhas fatais na armadura bolsonarista.

A seca e os enormes incêndios no inverno de 2019 serviram de gatilho para uma primeira e promissora linha de ataque: foram mais de 161 mil focos de incêndio na Amazônia, 45% a mais que em 2018. A imprensa usou isso para lançar o holofote sobre o governo, que se mostrou incapaz de dar uma resposta convincente. A política ambiental de Bolsonaro punha, por assim dizer, “lenha na fogueira”. Ele não apenas havia dado carta branca a Salles em seus esforços para enfraquecer a fiscalização ambiental (os autos de infração caíram 30% nos primeiros dois anos de governo) e quiçá relaxar as regras de proteção (“ir passando a boiada, e mudando todo o regramento”), como atacou em público o Ibama e o ICMBio – uma impropriedade. Até mesmo os gastos discricionários dos institutos foram reduzidos. Isso teve efeito objetivo, com aumento das atividades de grileiros, do garimpo e de madeireiros ilegais, e uma curva de ascensão consistente no desmatamento da Amazônia legal a partir de 2019, segundo os dados do sistema Desmatamento em Tempo Real do Inpe. O aumento do desmatamento chegou a 47% nos dois primeiros anos.

Com isso, a imagem do governo Bolsonaro foi alvo de intenso bombardeio nacional e internacional nos seus dois primeiros anos, flagelando seu notório descuido com a questão ambiental. Essa insensibilidade com o tema da conservação segue sendo partilhada pelo bolsonarista devoto, mas alienou muitos corações e muitas mentes, elevando significativamente a rejeição ao presidente. E a recalcitrância bolsonarista nesse assunto é notória; Salles, em entrevista nesta semana ao Poder 360, perguntado sobre uma autocrítica de sua passagem pelo cargo, mencionou vagamente o problema da má comunicação (culpando a esquerda) e destacou seu acerto com o Marco Legal do Saneamento, mas nada admitiu sobre a retórica anticonservação que grassava nos meios bolsonaristas com incentivo da Presidência.

Em 2020 eu fui apenas um dos muitos que fizeram a mesma advertência: o fracasso de Bolsonaro em unir a nação durante a pandemia selaria o destino de seu governo

Mas o pior de tudo foi, realmente, o trato da pandemia de Covid-19, desautorizando instituições científicas, minimizando a gravidade da doença, permitindo “o caos de pequenos autoritarismos”. Como já observei em outro artigo, nada disso autoriza acusar Bolsonaro de “genocídio”, o que é realmente uma pecha ridícula, mas não cabe negar que o comportamento obtuso do presidente tenha estimulado comportamentos de risco, elevando o número de fatalidades, e atitudes insensíveis entre seus apoiadores. Quem se esqueceria das aglomerações em Brasília e alhures, da recusa da máscara e da vacina, da zombaria de gente se asfixiando e das horrendas dancinhas com caixões em praça pública? O fato é que essas barbaridades comunicacionais alimentaram gratuitamente os ressentimentos de muitas pessoas contra o presidente. Eu mesmo testemunhei inúmeros casos desse tipo.

Parte do problema é realmente o que Salles admitiu, obliquamente: uma comunicação ruim, que ele relacionou ao esgarçamento da vida política provocado pela esquerda. Mas é evidente que a direita bolsonarista, a partir do antigo núcleo ideológico do governo, adotou alegremente um estilo rude e agressivo de comunicação, em linha com seu espírito geral de “guerra cultural”. Esse estilo conflitivo piorou o que já era ruim, e inviabilizou qualquer diálogo racional nesses dois campos.

Em 2020 eu fui apenas um dos muitos que fizeram a mesma advertência: o fracasso de Bolsonaro em unir a nação durante a pandemia selaria o destino de seu governo. Eu me comuniquei abertamente sobre isso com meus amigos em Brasília. Quando apontei esses erros publicamente em artigo na minha coluna (“Bolsonaro sabotou o combate à pandemia?”) fui duramente atacado por bolsonaristas. Eu disse explicitamente que ele não seria reeleito, e aí está o resultado.

Adicionalmente, em janeiro de 2021 eu mencionei também, em artigo, que a questão ambiental poderia derrotar Bolsonaro em 2022, considerando a atitude positiva dos cristãos brasileiros em relação à causa da conservação. Novamente, a reação bolsonarista foi a pior possível. Quanto repeti a nota na semana passada, lembrando essa grande falha do governo Bolsonaro, fui novamente achincalhado pelos bolsonaristas.


Uma grande parcela da direita e dos evangélicos segue fantasiando que Bolsonaro fez tudo certo, que a culpa da derrota foi do STF, do Nordeste, dos metacapitalistas. Pura tolice. Até mesmo os excessos do STF seriam insuficientes para derrotar Bolsonaro, se ele não houvesse aumentado seus níveis de rejeição pelo eleitorado. Lembrem-se: foram apenas 2 milhões de votos.

A direita não poderá avançar enquanto não entender seus erros, que consolidaram a grande rejeição ao bolsonarismo: a irresponsabilidade com a saúde pública e a leniência com o desmatamento, sustentados por pura teimosia e conflitividade.

Pró-vida pela metade

Tenho algo mais a dizer sobre esses dois temas, pandemia e desmatamento. São questões que atingiram diretamente os sentimentos morais das pessoas, diferentemente de questões mais técnicas sobre o bom governo. O bolsonarismo arvorou-se defensor da vida desde a concepção, antiabortista. No entanto, a união nacional para enfrentar uma doença mortal, que atinge principalmente idosos e pobres, é também uma questão de ética da pessoa e da vida. Sem o mesmo peso antropológico, mas não menos importantes, são as questões do desmatamento, da perda de biodiversidade e da mudança climática.

Não se trata de decidir se uma árvore é tão importante quanto um nascituro; é claro que não é. Mas esse é um falso dilema; sem árvores não haverá bebês. C. S. Lewis diz, em A Abolição do Homem, que uma ciência regenerada “não faria nem mesmo com minerais e vegetais o que a ciência moderna ameaça fazer com o próprio homem”. Há uma continuidade moral no respeito à mais importante das criaturas de Deus, até à menos importante delas, que pode ser um simples vegetal. E há uma hipocrisia quando a paixão para salvar bebês coexiste com dancinhas do caixão, em plena pandemia, e uma gelada indiferença com a destruição do patrimônio biológico nacional.

Lewis chama isso de “oferta do bruxo”. A oferta do bruxo é a disposição de vender qualquer coisa para aumentar o poder. Começa vendendo objetos inanimados, depois os vivos, e depois vende a própria mãe. Ela se manifesta na crença idólatra na tecnologia, na bioética ateísta, no movimento dos “direitos reprodutivos” (abortismo) e na engenharia social da família feita por militâncias judiciais progressistas. Mas se manifesta também quando a economia não pode ser desacelerada e as mortes de idosos são calculadas como “efeitos colaterais”, e quando o desenvolvimento econômico nacional justifica a destruição ambiental. É a mesmíssima bruxaria.

Há uma hipocrisia quando a paixão para salvar bebês coexiste com dancinhas do caixão, em plena pandemia, e uma gelada indiferença com a destruição do patrimônio biológico nacional

E este foi um dos lugares (embora não o único) no qual o bolsonarismo mediano se tornou o vetor de uma esquizofrenia profunda e inédita nos ambientes evangélicos: angelical na luta antiaborto, infernal na consideração sobre as mortes na pandemia e sobre o futuro ambiental do Brasil e do planeta.

Vejo algo bastante irônico aqui: Marina Silva, campeã da conservação ambiental, derreteu-se politicamente a partir do dia em que, no debate com Bolsonaro, foi ambígua com a pauta antiaborto. Pagou caro, eleitoralmente. Mas agora, com Bolsonaro derrotado, entre outras razões, por sua recalcitrância nesse tema, Marina Silva voltará à pasta do Meio Ambiente. Eu me pergunto se Marina ou Bolsonaro aprenderão a lição ou seguirão batendo suas cabeças.

A derrota de Bolsonaro é uma chance para a igreja
A eleição de Lula será boa para o Brasil? Duvido, mas posso estar errado. Em alguns aspectos, Lula foi e provavelmente seguirá ruim, como em segurança pública e identitarismo; em outros, como investimento em ciência e conservação ambiental, será com certeza melhor que o finado governo. Talvez modere o tom e seja mais centrista, aproximando-se dos evangélicos. Esperto como ele é, talvez reconstrua politicamente o lulismo e deixe a direita fora da Presidência por mais oito anos.

No entanto, estou com Agostinho de Hipona no julgamento global das esperanças e temores históricos: a prioridade divina nunca está com o destino de nações, reinos e impérios. Enquanto pagãos acusavam os cristãos pela crise do Império Romano, Agostinho lembrava que a Cidade dos Homens, a Civitas Mundi, cairá a seu tempo e inevitavelmente, e que até lá, a Cidade de Deus seguirá, por todo esse saeculum, misturada à primeira. Mas é certo que o compromisso dos céus com a Civitas Dei permanecerá inabalável.


Numa ótica agostiniana o Brasil não importa, num sentido último. Importa o povo de Deus, que por sua dupla cidadania também pertence a essa nação terrena. A igreja de Jesus existia antes de o Brasil nascer e existirá depois; e isso não deixa espaço para exageros patrióticos. “A nossa pátria está nos céus” – dizia Paulo, o cidadão romano, aos orgulhosos membros da colônia romana de Filipos. E, aos que tem dúvidas sobre as prioridades divinas, lembremos o que disse Paulo aos próprios romanos:

“Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito. Pois os que conheceu por antecipação, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Carta aos Romanos 8,28-29)

Vamos assumir que esses que amam a Deus, a igreja de Cristo, correspondam de fato a uma parcela da cristandade brasileira, ou a seu núcleo duro; suponhamos que uma parcela significativa dos cristãos professos seja cristã de fato (o que pode, naturalmente, estar errado). Boa parte desse grupo apoiou Bolsonaro, absteve-se, ou votou reticentemente em Lula. Uma parcela pequena desses que votaram em Lula é lulista, e uma parcela menor ainda seria composta de esquerdistas convictos – todos sabem que esse grupo compõe uma minúscula minoria. Nesse caso, parece-me que uma grande e influente parcela dos cristãos foi derrotada nas urnas, no último domingo.

Mas, se todas as coisas concorrem, conjuntamente, para o bem dos que amam a Deus, devo entender, agora, que a providência revelou sua vontade, que a derrota de Bolsonaro foi uma coisa boa, seja diretamente, seja indiretamente (porque contribui para algum quadro que favorece o plano divino para o seu povo). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, é o que diz Paulo logo depois, no mesmo trecho da Carta aos Romanos. Isso não significa, evidentemente, que os crentes possuam uma invencibilidade incondicional; significa que a boa vontade de Deus em relação a eles não pode ser derrotada por ninguém que atente contra ela.

Parece-me possível e até provável que Deus tenha derrotado a vontade política majoritária dos evangélicos para preservar o Seu Nome e dar ao Seu povo uma oportunidade de repensar os seus caminhos

Mas e quando a vontade dos crentes atenta contra eles mesmos? Quando, por alguma razão, eles tomam o caminho errado, seja por má vontade, seja por pura ignorância? Quando eles, por exemplo, aceitam a oferta do bruxo? Nesse caso, a boa vontade de Deus os derrotará. E isso se repete na história cristã, tanto na dos indivíduos quanto das comunidades de fé: Deus derrotará toda resistência contra a Sua vontade, pelo bem do Seu Nome e do Seu povo.

Por isso venho aventando essa possibilidade: que Deus tenha realizado um ato de libertação e de graça, fechando o caminho para Bolsonaro. Parece-me possível e até provável que Deus tenha derrotado a vontade política majoritária dos evangélicos para preservar o Seu Nome e dar ao Seu povo uma oportunidade de repensar os seus caminhos. Pode ser que Deus tenha derrotado os evangélicos para livrá-los de um casamento eterno com o conservadorismo nacional, e abençoá-los com uma revisão de sua consciência missionária e de seu imaginário ético e político. Nesse caso, a derrota de Bolsonaro pode ter sido um sinal do cuidado e proteção de Deus com Seu povo.

Mas que oportunidade seria essa? A oportunidade de abandonar uma moralidade cristã esquizofrênica, que transforma a sagrada bandeira antiaborto em um ás-de-copas capaz de justificar a destruição dos limites entre a igreja e a política partidária, e que tolera um espírito anticristão da guerra total. A oportunidade de integrar a ética cristã da vida, do corpo e da família com uma defesa universal da vida, incluindo a saúde pública e os biomas brasileiros. E o que recomendo aqui, meus amigos, não é nada diferente do que já consta, por exemplo, na Doutrina Social da Igreja Católica e da reflexão ética de muitos eticistas protestantes.

Se a derrota de Bolsonaro permitir que as igrejas repensem as suas agendas morais e a sua missão, graças a Deus por ela.


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INSTRUÇÕES PARA QUANDO O SÓCIO FALECER NAS EMPRESAS

 

Muriel Waksman e Silvania Tognetti – Tognetti Advocacia

Com alguns anos de prática no Direito Empresarial, naturalmente, todo advogado possui histórias e causos para se lembrar. Uma questão que surge frequentemente nos diversos anos de prática jurídica acabou surgindo, recentemente, até mesmo, dentro da família: e se o meu sócio (em uma sociedade limitada principalmente quando são 2 sócios pessoas físicas) falece, como se dará a continuidade da sociedade?

Para responder, precisamos passar por dois pontos: (1) se há a possibilidade de uma empresa continuar existindo apenas com um sócio, e (2) o que ocorre com os sucessores do sócio falecido

Quanto ao primeiro ponto, vale lembrar que diversas iniciativas, como a Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874, de 2019), tiveram como o objetivo justamente simplificar esta questão na vida do empresário – com a criação da possibilidade de sociedades empresárias limitadas unipessoais (anteriormente, considerada como causa de dissolução social), também excluindo a existência da tão debatida empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) – parágrafo primeiro do art. 1.052 e revogação do inciso IV do art. 1.033 e do art. 980-A do Código Civil, respectivamente.

Naturalmente, antes das alterações do Código Civil, em teoria, uma sociedade de 2 sócios seria dissolvida caso um deles viesse a falecer e não restabelecesse a sua pluralidade dentro de 180 (cento e oitenta) dias. Todavia a teoria nem sempre funcionou na prática.

Portanto, com o advento da Lei de Liberdade Econômica, passamos a ter uma certeza ainda maior de que a sociedade com um sócio pode e deve existir. Todavia, o que determina a legislação quanto aos sucessores do sócio falecido?

Neste segundo ponto, o legislador não facilitou, em nada, a vida do empresário porque não há definição do que deverá ser feito em hipótese de morte. Fica, portanto, facultado aos sócios determinarem no contrato social da sociedade qual será a regra de sucessão em caso de morte.

Caso escrito no contrato social, a sucessão deverá ocorrer naturalmente: os herdeiros do sócio falecido poderão deter as quotas na empresa, tornando-se novos sócios do sócio preexistente. Todavia, um dos principais princípios que, justamente, diferencia uma sociedade limitada é o affectio societatis – reforço do elemento subjetivo que envolve a relação entre os sócios. É, basicamente, a vontade de participar pessoalmente de uma empresa – é a ligação íntima estabelecida entre os sócios, o interesse comum em fazer uma sociedade com aquela pessoa jurídica ou física.

Desta forma, faria sentido abrirmos a possibilidade de eventuais herdeiros de um sócio falecido entrarem em uma sociedade, sendo que o sócio preexistente muitas vezes sequer conhece referidos herdeiros ou, até mesmo, não possui interesse em ser sócio deles? Logicamente, o sócio preexistente poderia entrar na justiça para que os herdeiros saíssem da sociedade, mediante recebimento de haveres referentes à participação social do de cujus. O problema é obter qualquer decisão célere atualmente.

É de suma importância que os sócios determinem o que deverá ocorrer em caso de morte, declaração de incapacidade ou falência, no caso de sócio pessoa jurídica, de qualquer um dos sócios e definir no contrato como a sociedade será mantida em caso de advento de alguma tragédia, evita-se uma discussão desgastante com os eventuais herdeiros ou sucessores no que diz respeito ao que fazer com as quotas do sócio falecido, incapaz ou falido.

Portanto, quanto a este segundo ponto, encontramos uma “brecha” no direito sucessório, o qual determina que os bens de alguém que vem a falecer não podem ficar sem titular – quando da morte, ocorre a imediata transferência da herança de todo o patrimônio do de cujos para seus sucessores, enquanto a transferência formal e definitiva dos bens tramita (judicial ou extrajudicialmente). A justificativa legal para este entendimento é o Art. 1.784 do Código Civil Brasileiro: “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.”

Desta forma, caso os sócios predeterminem que o sócio remanescente dará continuidade à sociedade em caso de morte, declaração de incapacidade ou falência de um deles, qualquer questionamento realizado por estes não terá cabimento, pois a vontade dos sócios ficou claramente determinada de antemão.

Por isso, alertamos clientes e familiares: façam o planejamento sucessório de seu patrimônio pessoal/social. Com isso, muitas brechas e lacunas (muitas vezes, legais) serão preenchidas, evitando futuras dores de cabeça.

PROPÓSITOS DA VALEON – “ValeOn É TOP”

ValeOn é uma Startup Marketplace que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa.

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A ValeOn é uma startup daqui da região e foi acelerada pelo programa AGITA/SEBRAE/MG e pretendemos atuar no ramo de Publicidade e Propaganda online e pretendemos atender a todas as 27 cidades do Vale do Aço.

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

A Plataforma Comercial da ValeOn é um site moderno, responsivo, profissional, projetado para atender às necessidades dos serviços da região onde existem várias formas de busca: por cidades, por empresas, por produtos, por atividades, por município e por procura.

Para acessar a plataforma da ValeOn poderá ser feita por:

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Detalhe interessante dessa inovação da ValeOn é que os lojistas/prestadores de serviços/profissionais autônomos inscritos na Plataforma não precisarão fazer nenhuma publicidade ou propaganda, quem o fará é a equipe da ValeOn responsável pela plataforma.

Sobre a publicidade de divulgação dos nossos clientes será feita em todas as redes sociais: facebook, instagran, whatsApp, google, linkedin, rádios locais, jornais locais e onde for possível fazê-la.

Vamos tornar a nossa marca ValeOn conhecida em toda a região como um forma de ser desenvolvedora do comércio da região e também de alavancar as vendas do comércio local.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

LULA NEGOCIA UM ROMBO NO ORÇAMENTO DE 200 BILHÕES

 

Brasil/Eleições

Miguel Mâncio – Lusa

Brasília, 03 nov 2022 (Lusa) – O vice-presidente brasileiro em exercício, Hamilton Mourão, acusou o Presidente brasileiro eleito, Lula da Silva, de já estar a negociar “com o Congresso um rombo” no orçamento para 2023.

OECD says that Brazil and the world need more effective environmental policies© Fornecido por Lusa

O futuro Governo de Lula da Silva está a negociar “com o congresso um rombo” 200 mil milhões de reais (40 mil milhões de euros) “no orçamento de 2023, ou seja, zero compromisso com o equilíbrio fiscal”, escreveu Hamilton Mourão, no Twitter, no dia em que se iniciou oficialmente o processo de transição.

“O resultado será aumento da dívida, inflação e desvalorização do Real. Onde estão os críticos?”, insistiu.

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) já reagiu a estas declarações, apelidando-as de desonestas.

“Declaração de Mourão é no mínimo desonesta, nem bem acabamos de iniciar a transição e estamos negociando a pauta que interessa ao povo trabalhador. Onde ele estava durante a farra do orçamento secreto e o uso perdulário e ilegal da máquina pública nas eleições?”, escreveu Gleisi Hoffmann.

Estas declarações acusatórias do vice-presidente brasileiro em exercício surgem no mesmo dia em que começou o processo de transição.

Nesta reunião acertada uma proposta de emenda à Constituição que autoriza as despesas acima do teto de gastos, já no orçamento negociado pelo Governo de Jair Bolsonaro, e assim continuar com o apoio mensal de cerca de 125 euros à população mais carenciada e outros apoios aprovados pelo Governo em exercício.

Do lado de Lula da Silva, o vice-presidente eleito do Brasil, Geraldo Alckmin, a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estiveram reunidos com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, escolhido por Jair Bolsonaro como coordenador do processo de transição, e com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.

Geraldo Alckmin, em conferência de imprensa, afirmou que “a conversa foi bastante proveitosa, muito objetiva”.

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, durante entrevista coletiva após reunião com o relator-geral do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro, e equipe de transição.

Geraldo Alckmin acrescentou ainda que o ministro da Secretaria Geral da Presidência “cumprimentou, deu os parabéns e desejou um ótimo trabalho e colocou-se à disposição nesse período de transição”.

Dá-se assim o início da transição após o impasse causado por Jair Bolsonaro, que, apesar de não ter felicitado Lula da Silva pela vitória e de ter criticado a justiça eleitoral, disse que iria respeitar a Constituição.

Na quarta-feira, o Presidente brasileiro procurou acalmar os ânimos e apelou aos manifestantes que o apoiam para pararem de bloquear estradas pelo país, uma ação que se iniciou na madrugada de segunda-feira por considerarem que os resultados das eleições presidenciais tinham sido fraudulentos.

Estas declarações parecem ter dado frutos já que na segunda-feira, o número de estradas obstruídas era superior a 300 em 24 estados – devido à inação inicial da Polícia Rodoviária, que tem como diretor um ‘bolsonarista’ assumido – e agora estão agora presentes em apenas sete estados do país em pouco mais de 70 estradas.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.

Lula da Silva assumirá novamente a Presidência do Brasil em 01 de janeiro de 2023 para um terceiro mandato, após ter governado o país entre 2003 e 2010.

PETROLEIROS SÃO CONTRA A DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS DA PETROBRAS

 

Diz FUP

Rafaella Barros – Reuters

(Reuters) – A Federarão Única dos Petroleiros (FUP) e a Anapetro, que representa os petroleiros acionistas minoritários da Petrobras, informaram que vão acionar a Justiça caso o Conselho de Administração da companhia aprove o pagamento de um “megadividendo” em reunião nesta quinta-feira.

Logo da Petrobras na fachada da sede da empresa, no Rio de Janeiro© Reuters/SERGIO MORAES

Segundo as entidades, há informações de que o pagamento poderá alcançar 50 bilhões de reais, referentes aos resultados do terceiro trimestre.

Caso essa previsão se confirme, o total de dividendos do ano chegará a quase 180 bilhões de reais, enquanto os investimentos realizados pela estatal em 2022, até junho, somam “apenas” 17 bilhões de reais, disse a FUP.

A Petrobras divulgará nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado, os resultados do terceiro trimestre e pode anunciar dividendos.

Em nota ao mercado, a Petrobras respondeu que o pagamento de dividendos está na pauta da reunião a ser realizada nesta quinta-feira pelo Conselho de Administração, “porém ainda não há qualquer decisão tomada sobre o tema”.

Nesta manhã, a FUP e a Anapetro farão representação preventiva junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público de Contas, além de denúncia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Estimativas feitas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontam para uma distribuição de dividendos entre 45 bilhões e 55 bilhões de reais, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores.

“Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,6% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,4% para acionistas privados, dos quais 45,4% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 18% para os acionistas privados brasileiros”, disse o Instituto, em relatório divulgado nesta semana.

(Por Rafaella Barros)


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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