domingo, 6 de novembro de 2022

BRAIL NA COP-27 VAI ATRAIR INVESTIMENTOS PARA ENERGIA VRDE

Renováveis
Por
Gazeta do Povo

Parque eólico Brisa Potiguar da Copel em São Miguel do Gostoso a 120 quilometros de Natal do Rio Grande do Norte. Usina eólica no Rio Grande do Norte – estação eólica da Copel


Fontes renováveis, como a energia eólica, ganharam espaço no Brasil graças a incentivos e regulações elogiadas por estudo internacional.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O Brasil deve aproveitar a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27) para mostrar ao mundo o potencial do país para a geração da chamada “energia verde”, limpa e barata, gerada de forma 100% renovável. O evento começa neste domingo (6) em Sharm El Sheikh, no Egito, e reunirá até 18 de novembro representantes oficiais de governos e da sociedade civil para discutir maneiras para enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, o encontro será boa oportunidade para atrair investidores estrangeiros interessados uma vez que “o Brasil, por características naturais e econômicas, é um potencial nesse setor”. Segundo o ministro, o principal objetivo do Brasil na COP 27 será o de “levar a eles o Brasil das energias verdes”, para trazer “financiamento climático e acelerar toda essa economia verde junto com o setor privado”. “O que queremos é que o setor privado dê escala a uma nova economia verde, neutra em emissões até 2050”, completou.


Com guerra e inflação, COP27 começa no Egito com EUA e UE “verdes” correndo atrás de carvão e petróleo
Brasil que dá exemplo: como políticas públicas abriram caminho para uma energia mais limpa
Durante a entrevista, Leite destacou o potencial energético brasileiro para a geração eólica em terra firme e por meio de fontes solar e biomassa, estimados em 100 GW. “Para entender o tamanho desse potencial, o Brasil produz atualmente 180 GW. É um volume bastante expressivo de energias renováveis e limpas que podemos transformar em hidrogênio verde e amônia verde para exportação”, disse o ministro, referindo-se a estes combustíveis que, por não serem danosos ao meio ambiente, têm despertado cada vez mais interesse no exterior.

O ministro falou também sobre as expectativas para geração eólica offshore, por meio de turbinas instaladas em alto mar. “Há um potencial de 700 GW. Isso corresponde ao que seria gerado por 50 usinas de Itaipu. O Brasil é o país das energias verdes e poderá fornecer energia verde para todo o mundo”, declarou.

Na avaliação do ministro, os benefícios para o país vão além e envolvem toda uma cadeia de suprimentos e de indústrias que, ao se instalarem em território nacional, poderão aproveitar essa energia “verde e barata”.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a matriz energética brasileira se destaca com um índice renovável de 84%, frente a 27% da média mundial. As matrizes solar e eólica bateram recordes de produção em 2022, respectivamente 14 GW e 22 GW. “Somadas, essas duas fontes são suficientes para fornecer energia limpa para mais de 40 milhões de brasileiros”, informa a pasta em nota publicada em seu site.

Gestão de eólicas em alto mar

Joaquim Leite disse que, diante do alto volume de solicitações para a instalação de parques eólicos offshore, o governo tem atuado visando facilitar autorizações, estabelecendo uma plataforma digital única de gestão de áreas marítimas – o que pode aumenta o interesse externo em fazer investimentos no país.

“No Ibama, já temos aproximadamente 169 GW solicitados para a instalação de parques eólicos no mar. Esse volume de solicitações requerem uma plataforma única, porque não é apenas o Ibama que autoriza. Há vários outros órgãos, como das áreas de pesca, defesa. Precisávamos então agilizar esse processo para licenciamento dessas áreas. Já desenhamos uma portaria interministerial visando trazer toda uma estrutura digital para acelerar esses processos de concessão de áreas”, disse o ministro. Com informações da Agência Brasil.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/brasil-usara-cop27-para-atrair-investimentos-em-energia-verde/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

MERCADO DE TRABALHO TEM VAGAS DE SOBRA

 


Vagas de sobra, bons salários e perspectivas: onde o emprego está em seu melhor momento

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Agronegócio é uma das áreas consideradas promissoras para o mercado de trabalho.| Foto: Agência Brasil

Desemprego em queda, recuperação do salário real e redução da informalidade dão a tônica do mercado de trabalho nos últimos meses. Apesar da possibilidade de perda de força de agora em diante, motivada pelo desaquecimento da atividade econômica, há “ilhas” que devem manter um bom desempenho, devido a características próprias.

É o caso de segmentos como infraestrutura, energia, agronegócio, saúde e tecnologia da informação. O vice-presidente de parcerias estratégicas da consultoria de recursos humanos Robert Half, Alexandre Attauah, diz que essas áreas estão crescendo com pujança, mesmo com uma alta taxa de juro.

A procura por profissionais qualificados é grande. Segundo o diretor executivo da Page Group, Lucas Toledo, há uma disputa mundial por mão de obra especializada: “É um dos efeitos da pandemia, quando ganhou força o home office”.


Como fica o Brasil daqui pra frente com a eleição de Lula
O que está fazendo o Brasil ter uma inflação menor que a de países desenvolvidos
Esse cenário mais complexo está levando muitas empresas com operações internacionais a criar centros de serviços compartilhados em diversas regiões, com o objetivo de prestar serviços globais.

Outro fator que pode impulsionar o mercado de trabalho, segundo Toledo, é a reordenação das cadeias globais de produção, que foram afetadas pela crise da pandemia da Covid-19. Ele aponta que países como os Estados Unidos estão buscando fornecedores mais próximos do que a China. “Isto pode levar ao estabelecimento de novas plantas”, diz o executivo do Page Group.

Leia a seguir sobre os setores que devem continuar tendo boa performance.

Concessões e privatizações trazem mais dinamismo à infraestrutura
Um dos segmentos em que deve ser mantida a boa performance no emprego é o de infraestrutura, impulsionado por obras previstas para os próximos anos em contratos de concessão ao setor privado. Até agosto, constavam 153 empreendimentos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do governo federal, que previam uma aplicação de R$ 901 bilhões.

“Tem muita coisa para acontecer. O cenário pode estar retraído no curto prazo, mas é extremamente favorável no médio prazo”, diz Toledo, do Page Group.

Óleo e gás e energias renováveis são áreas promissoras
Outra área em que há expectativas favoráveis, segundo Toledo, é a de óleo e gás. “Está sendo beneficiada pelos preços mais elevados do petróleo, motivados, em parte, pelas restrições à produção da Rússia, devido à guerra com a Ucrânia”, diz o diretor executivo do Page Group.

Novos lotes exploratórios estão em desenvolvimento no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. E, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção brasileira está em alta. Em setembro, foi registrada a produção média diária de 4,05 milhões de barris de petróleo. É a segunda vez na história que a marca dos 4 milhões é ultrapassada. A anterior foi em janeiro de 2020.

Outro fator que ajuda esse setor, de acordo com Attauah, é a retomada dos deslocamentos no pós-pandemia e o crescimento do setor de logística. Nos oito primeiros meses do ano, os serviços de transporte tiveram um crescimento de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o IBGE.

A área de energias renováveis também é muito promissora, destaca Toledo. E uma das regiões que mais se destaca é o Nordeste, onde estão sendo construídos os principais parques eólicos. Também ganha importância a maior exploração da energia solar.

Tecnologia da informação ganha ainda mais tração com o 5G
Tradicionalmente, outro setor com forte demanda de pessoas é o de TI. Ele deve ganhar ainda mais tração com a entrada em operação, em larga escala, do 5G e o desenvolvimento de aplicações a partir dessa tecnologia.

Pesquisa feita pela Robert Half aponta que a esmagadora maioria dos CIOs está mais confiante na comparação com os últimos 12 meses, o que incentiva a abertura de novas vagas de trabalho. Mas, as empresas estão se deparando com dificuldades para preencher posições.

A consultoria destaca que o volume de mão de obra qualificada não supre a demanda das empresas e as taxas de desemprego continuam caindo. Os bons talentos de tecnologia, que não estão tão disponíveis, ainda lidam constantemente com propostas simultâneas.

“Mais do que em qualquer outra área, em tecnologia a questão do modelo de trabalho influencia diretamente no leque de profissionais a serem acionados. Além disso, a falta de flexibilidade, tanto de horários quanto de locais, assim como o aumento da abordagem da concorrência e a percepção de oportunidades limitadas de progressão de carreira, são alguns dos pontos que mais motivam pedidos de demissão”, revela Mariana Homo, gerente sênior da consultoria.

Agronegócio tem boas oportunidades
Quem também está em um bom momento é o agronegócio. No ano, até setembro, o número de oportunidades de trabalho com carteira assinada cresceu 6,7%, com a abertura de 120,7 mil postos, apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

As boas expectativas para a próxima safra, estimada em 300 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são uma das fontes de ânimo. A projeção indica crescimento de 16% em relação ao último ciclo agrícola.

“Agro e commodities estão em franca expansão devido às necessidades globais”, explica o vice-presidente da Robert Half. Ele cita que há uma grande procura por profissionais qualificados, e um dos motivos é a entrada de investimentos estrangeiros no setor.

Algumas necessidades mais específicas estão em áreas relacionadas à tecnologia e ao crédito: “Há muita startup e fintech entrando no agronegócio”, diz.

Setor de saúde cresce com envelhecimento da população e consolidação
A saúde é outra área que também é considerada como promissora pelos especialistas em recursos humanos. Um dos fatores é o aumento na expectativa de vida da população. Segundo o IBGE, entre 1991 e 2020 a expectativa de vida de uma pessoa de 50 anos passou de 24,2 para 31 anos.

Outro fator que abre boas possibilidades é a consolidação do setor. “O setor sempre foi pulverizado e agora estão se formando grandes players, seja em áreas como o atendimento hospitalar ou de planos de saúde. Novos problemas surgem com a profissionalização do setor e há necessidade de mão de obra especializada”, afirma o executivo da Robert Half.

Áreas mais novas, como a ESG, têm grandes necessidades
Áreas mais novas, como o ESG (sigla em inglês para compromisso com metas ambientais, sociais e de governança corporativa), têm dificuldades para encontrar mão de obra especializada. Uma pesquisa feita pela Robert Half indica que 55% das companhias apontam a escassez de especialistas como uma das principais barreiras para a implementação de estratégias vinculadas ao tema.

“É, ao lado da tecnologia da informação, uma área com assuntos e pautas em alta, porém com conhecimento ainda limitado por parte dos profissionais”, diz Attauah.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/mercado-trabalho-onde-emprego-esta-melhor-momento/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

PROBLEMAS ECONÔMICOS DO NOVO GOVERNO

 

Economistas respondem

Foto: Redação

Por Luciana Dyniewicz e Luiz Guilherme Gerbelli – Jornal Estadão

Analistas dizem que a prioridade do governo petista deverá ser solucionar o problema das contas públicas

Ao assumir em 1º de janeiro de 2023, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai ter de lidar com inúmeros problemas econômicos e terá pouco tempo para solucionar cada um deles.

Para cinco economistas consultados pelo Estadão, a prioridade do próximo governo do petista nos primeiros seis meses deverá ser resolver a questão das contas públicas. Durante a campanha, Lula disse que pretende acabar com o teto de gasto, a regra fiscal que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior, mas ainda não indicou o que vai colocar no lugar.

Mais do que isso: o governo Lula vai lidar com um Orçamento considerado irreal. A proposta enviada pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional não contempla o Auxílio Brasil de R$ 600, mas sim de R$ 405. Para dar conta de um auxílio mais robusto, além de cumprir promessas de campanha, como o reajuste real do salário mínimo, a equipe do presidente eleito pode enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição para aumentar os gastos sem que eles estejam sujeitos ao teto.

Na lista de medidas imediatas, os analistas também dizem que o próximo governo petista também tem de fazer uma boa reforma tributária e retomar a imagem do Brasil no exterior, sobretudo em relação ao meio ambiente

Abaixo cinco economistas dizem quais devem ser as prioridades do novo governo.

Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse

Seis meses é um tempo enxuto e todos os esforços deveriam estar voltados para resolver três questões urgentes para que o juro real caia no país e impeça que a trajetória da dívida fique insustentável.

A primeira é aprovar uma nova regra fiscal que substituirá o teto de gastos a partir de 2023. É fundamental termos uma regra para limitar a despesa pública, pois está sob estrito controle do Executivo.

Primeira medida deveria ser aprovar uma nova regra fiscal, diz Solange
Primeira medida deveria ser aprovar uma nova regra fiscal, diz Solange Foto: WILTON JUNIOR / ESTADAO

Também é primordial aprovar uma reforma do gasto público que garanta que a nova regra fiscal não seja modificada ao longo do tempo como foi o teto de gastos. Poderíamos começar com a reforma administrativa, ainda que esta não traga muita economia no curto-prazo. O importante é estabelecer uma âncora para o médio-prazo e também uma restrição para os gastos de estados e municípios e estender a reforma administrativa aos demais poderes, Legislativo e Judiciário.

Por fim, o novo governo deveria encaminhar uma reforma tributária que traga maior eficiência ao sistema. Esta reforma servirá também para financiar o Bolsa Família de R$ 600. No entanto, o foco não deveria ser aumentar a carga tributária, mas ampliar a produtividade e acabar com enorme regressividade de nossa estrutura tributária. O risco é simplesmente elevarmos os impostos para gerar maiores resultados fiscais em vez de promover uma mudança no gasto público. Tal possibilidade, em vez de fortalecer, enfraqueceria a regra fiscal de um teto modificado.

José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia

Primeiro, é lidar com o Orçamento ‘fake’ que a administração Bolsonaro mandou para o Congresso. Esse é um problema sério, porque não estão previstos gastos que vão ser inevitáveis. Não é só a questão do Auxílio Brasil de R$ 600, mas existem outras coisas faltando no Orçamento. Para conseguir trazer essas coisas para o Orçamento, será preciso uma mudança constitucional.

Brasil tem sistema tributário ruim, diz Scheinkman
Brasil tem sistema tributário ruim, diz Scheinkman  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO / ALEX SILVA/ESTADAO

A segunda coisa importante tem a ver com o clima. Acho que o Brasil tem um grande potencial de se tornar um dos melhores países em termos de clima – as pessoas gostam de dizer que o País é uma potência verde. E eu acho que ao, mesmo tempo em que vai trazer uma melhora do humor do mundo com relação ao Brasil, pode ajudar em investimentos.

Terceiro lugar, acho que é a questão tributária. O Brasil tem um sistema tributário muito ruim. Havia uma proposta, que pode ser melhorada e que foi desenhada por um grupo de pessoas, incluindo o Bernard Appy, mas esse governo não deu suporte para ela. O Brasil precisa passar para um sistema de imposto sobre valor agregado (IVA).

Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências

Tem uma questão que já estão tentando endereçar que é a fiscal. A gente tem um Orçamento que é completamente desconectado da realidade. Esse é o primeiro ponto. Provavelmente vai sair essa PEC (da Transição) para dar um espaço maior para gastos. Estão falando principalmente de gastos sociais, mas a gente tem um receio grande com relação a outros gastos, que vão pressionar (as contas) no ano que vem. Um deles é o reajuste do funcionalismo público. A pressão vai ser grande, ainda mais do novo governo, de tentar recompor uma parte das perdas inflacionárias dos últimos anos. O que também pressiona muito os gastos, pelas nossas estimativas, é a questão de precatórios e a definição de uma despesa discricionária mínima para manter o funcionamento da máquina pública.

Orçamento está desconectado da realidade, diz Alessandra
Orçamento está desconectado da realidade, diz Alessandra Foto: Tendências/Divulgação

O que pode ser ser interessante é resgatar as relações do Brasil com o mundo. O Lula pode voltar a resgatar esses laços, essas conversas, porque isso, primeiro, pode afetar o cenário de investimento para o Brasil, como também resgatar algumas discussões de acordos comerciais relevantes. Eu destacaria o da União Europeia com o Mercosul. Podem ser coisas importantes para o cenário brasileiro.

Poderia ser uma prioridade atacar a questão tributária, com a ideia de uma reforma tributária ampla, um IVA (imposto sobre valor agregado). Uma reforma (tributária) também pode ter um efeito muito grande e positivo nas expectativas.

Samuel Pessôa, pesquisador associado do Ibre/FGV

O mais fundamental é aprovar a reforma dos impostos indiretos, que até o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), já disse que é prioridade. E eu acho que ele está certo. É um item muito importante para gerar ganhos de produtividade. O governo também precisa construir um plano de estabilidade fiscal a médio prazo. Precisa dizer para a sociedade como vai arrecadar e pagar as contas, para que a dívida pública não exploda.

Governo precisa arrecadar mais para poder aumentar gastos, lembra Pêssoa
Governo precisa arrecadar mais para poder aumentar gastos, lembra Pêssoa Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

A sociedade quer gastar mais? Quer R$ 200 a mais de Auxílio Brasil? Quer dar aumento de salário mínimo? Se tudo isso é verdade, o primeiro passo é o governo aprovar medidas que aumentem impostos. Não tem Orçamento para fazer tudo isso. É legítimo gastar mais. Mas, para gastar mais, tem de arrecadar.

Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter

O governo vai herdar um orçamento ainda não definido com muitas pressões de gastos adicionais que precisam ser administradas. Em 2022, vamos terminar o ano com despesas em 18,5% do PIB, tendo gasto R$120 bilhões acima do teto, mas com superávit primário consolidado que vai ultrapassar R$100 bilhões ou 1% do PIB. Para 2023, com a redução dos impostos, esse superávit já tende a zero e, caso o governo aceite aumentar o orçamento em mais R$100 bilhões extra teto, voltaríamos a um déficit de 1%.

Sem âncora fiscal, o prêmio de juros continuará elevado, diz Rafaela Vitória
Sem âncora fiscal, o prêmio de juros continuará elevado, diz Rafaela Vitória Foto: Divulgação/Banco Inter

Além da sinalização de responsabilidade fiscal, que pode ser frágil caso o governo aprove novos gastos sem nenhum corte ou remanejamento, como nas emendas por exemplo, a inflação também pode voltar a subir com essa nova carga de estímulos. A queda da inflação para a meta é muito importante para o médio e longo prazo, pois significaria alívio na Selic ainda em 2023. E com as taxas elevadas, refletindo ainda um alto prêmio de risco, uma sinalização inicial de responsabilidade fiscal é muito importante para essa redução, para podermos voltar a ver taxas de crescimento acima de 2% com consistência.

O governo precisa controlar as demandas por mais gastos e reestruturar as novas regras fiscais para que tenhamos maior previsibilidade. Sem âncora fiscal, o prêmio de juros continuará elevado e a inflação em risco. A prioridade no início de governo é garantir que a inflação seguirá em queda, o que trará alívio para as famílias e permitirá juros menores e crescimento nos anos seguintes.

O PROTECIONISMO É PREJUDICIAL AO AGRONEGÓCIO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Colheita de Soja . “Bazucão” permite que a colheitadeira continue o trabalho enquanto a carga colhida é levada ao caminhão. Gurupí TO.


Imagem ilustrativa.| Foto: Lineu Filho/Gazeta do Povo

Há 33 anos, nascia o Consenso de Washington, nome firmado entre políticos, economistas e organismos internacionais no encontro realizado em 1989, cujo programa era a defesa da liberalização do comércio entre as nações, a diminuição das alíquotas de importação, os estímulos à exportação e o avanço da globalização econômica. Os Estados Unidos assumiram a liderança na defesa e divulgação da pauta surgida no evento e começaram a adotar ações para cobrar da comunidade econômica mundial sua implementação sob o argumento que as políticas liberalizantes aprovadas teriam o efeito de melhorar a economia mundial, reduzir a pobreza e aumentar o padrão médio de bem-estar social.

Naquele ano, o Brasil acabava de eleger Fernando Collor de Mello para a Presidência da República, que ganhou a eleição com um programa político de privatização, desregulamentação, liberalização do mercado, fim do protecionismo e abertura da economia brasileira ao exterior. Collor acabou cumprindo parcialmente sua pregação rumo ao liberalismo econômico, em parte porque os governantes brasileiros se especializaram em adotar um programa para ganhar as eleições e executar outro após eleitos. Collor assumiu em 1990 e o Brasil passou a ser pressionado para reduzir as barreiras às importações, abrir a economia nacional à concorrência externa, facilitar o ingresso do capital estrangeiro e submeter as empresas nacionais à competição externa. A pressão vinda de fora para a liberalização foi bastante forte, sobretudo em relação a produtos industrializados oriundos das nações desenvolvidas.

A questão do agronegócio assume alto protagonismo no cenário mundial por seu insubstituível papel no objetivo de reduzir a fome no mundo (um dos principais objetivos divulgados pela ONU), e isso somente será possível se houver aumento da circulação dos produtos agroindustriais entre as nações.

O Consenso de Washington conquistou projeção e teve forte aplicação em vários países e em governos de correntes políticas opostas. O próprio Barack Obama, que se elegeu em 2008, no meio de uma crise financeira mundial que teve seu núcleo principal nos Estados Unidos, tão logo assumiu disse que seu governo faria a maior ofensiva do país no comércio internacional do agronegócio, com a meta de dobrar as exportações do setor em cinco anos, chegando a US$ 200 bilhões. Os meios para tal seriam subsídios e outras formas de protecionismo para os produtores de seu país, medidas claramente contrárias ao que propunha o Consenso de Washington. O argumento do governo norte-americano era de que o agronegócio no país não estava bem, a produtividade era preocupante e as condições de competitividade no mercado internacional precisavam melhorar. Com isso, Obama dava sua contribuição para inviabilizar a ideia da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca).

O terceiro governo Lula assumirá em 2023 com duas situações opostas na economia internacional. De um lado, continuam presentes as políticas protecionistas e subsídios para o agronegócio no Japão, na Europa e nos Estados Unidos. O Brasil se tornou mais eficiente que a maioria dos países no setor primário agropecuário, e o governo brasileiro deverá manter pressões para que as nações protecionistas reduzam a proteção e os subsídios, como meio de estabelecer concorrência em condições menos desiguais. De outro lado, o Brasil enfrentará pressões feitas pelos países desenvolvidos para que sejam reduzidas as tarifas de importação e as barreiras não tarifárias que o Brasil mantém sobre produtos industrializados que compra no exterior. Joe Biden e Lula podem parecer ter ideias e programas parecidos, que chamam de “progressistas” (no sentido de “esquerdistas”), mas somente o tempo dirá se isso favorecerá o Brasil ou não.

O Consenso de Washington condena subsídios e protecionismos, inclusive sob alegação de que tais práticas são negativas para todos no longo prazo; mas a liberalização somente faz sentido quando todos caminham na mesma direção. O liberalismo no comércio exterior funciona desde que todos os países desenvolvidos pratiquem as mesmas regras. Se alguns as praticam e outros não, a concorrência se torna desigual e a liberalização se inviabiliza. A situação atual no campo do comércio internacional de produtos oriundos do agronegócio se distanciou do Consenso de Washington e segue as controvérsias que já estavam presentes no governo Obama, quando os norte-americanos tinham um discurso para o público interno e outro para as nações estrangeiras.


Segurança alimentar e livre comércio
O agronegócio, a fome, o meio ambiente e o debate radicalizado
Planejamento e proteção ao agronegócio
A esquerda não quer reforma agrária, mas dependência perpétua
A questão do agronegócio assume alto protagonismo no cenário mundial por seu insubstituível papel no objetivo de reduzir a fome no mundo (um dos principais objetivos divulgados pela ONU), e isso somente será possível se houver aumento da circulação dos produtos agroindustriais entre as nações. O livre comércio entre as nações, porém, padece de sérios entraves e um deles é o difícil nó envolvendo as negociações para reduzir os subsídios e o protecionismo. Entre os pontos que fazem parte da pauta de discussão estão a taxação de importação (como fazem os Estados Unidos e Brasil), os subsídios a produtores internos (como fazem o Japão, os Estados Unidos e a Europa) e a redução das barreiras não tarifárias (proibição de importação por questões sanitárias e outras).

Os investimentos na zona rural e nos setores industrial, comercial, de armazenagem, transportes e toda a logística para expansão do produto nacional do agronegócio dependerão das políticas e medidas específicas que o governo venha a adotar nessa área. Se o governo Lula cometer o erro de se perder em debates longos e demorar demais para definir o que vai fazer nessa grande área, o produto nacional do setor será inibido, o que seria ruim para o Brasil e para o mundo.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/impacto-do-protecionismo-no-agronegocio-livre-mercado-comercio-alimentos/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

HABILIDADES IMPORTANTES DOS EMPREENDEDORES

 

Por Tabatha Benjamin – StartSe

Conheça as capacidades que você pode desenvolver ao longo dos anos para se tornar um bom líder e empreendedor

Transformar-se em um empreendedor de sucesso exige que você percorra um longo percurso repleto de aprendizados e novidades. E, muito além disso, é importante desenvolver habilidades que te tornarão um líder exemplar.

Mas antes de saber quais são essas habilidades, é importante conhecer uma filosofia chamada lifelong learning, que te prepara ao longo da vida para alcançar o perfil de empreendedor tão almejado.

FILOSOFIA LIFELONG LEARNING

Você sabe o que é lifelong learning? Trata-se da mentalidade de desenvolvimento contínuo, a filosofia de buscar sempre atualizar seus conhecimentos ao longo da vida, independente da idade e além da considerada educação formal.

Há algum tempo, as pessoas faziam um curso de graduação e consideravam-se “formadas”, como se já tivessem adquirido todo o conhecimento necessário para seguir sua profissão. Mas isso não é bem verdade, considerando que a tecnologia faz com que as áreas de conhecimento estejam em constante evolução. E o bom profissional busca atualizar-se conforme esse avanço.

Quando falamos em desenvolver conhecimentos, não é apenas sobre hard skills, as habilidades técnicas, como também sobre soft skills, as habilidades comportamentais.

Para isso, é importante estar atento ao mercado, buscar se informar, ler livros, fazer cursos e procurar aprender algo novo todos os dias ou reservar um tempo para isso.

O lifelong learning conta com alguns pilares:

Habilidade de conhecer – quanto mais você conhece suas preferências, mais fácil será criar um hábito.

Aprender a fazer – conhecimento teórico é importante, mas saber aplicá-lo na prática também.

Aprender a conviver – é fundamental saber conviver com outras pessoas, conciliar conflitos e aprender com as relações humanas.

Aprender a ser – e o mais importante é aplicar tudo isso à sua rotina para que faça parte da sua personalidade e não seja um sacrifício.

Aprenda mais:

Como empreender e manter uma boa saúde mental?

AS 7 HABILIDADES IMPORTANTES PARA SER UM BOM LÍDER E EMPREENDEDOR

Agora que você já conhece a mentalidade de desenvolvimento contínuo, saiba quais são as competências buscadas para fortalecer o perfil empreendedor.

1 – Capacidade de liderança: um bom líder assume as responsabilidades e sabe delegar tarefas de acordo com o perfil de seus colaboradores, além de ser proativo e saber incentivar e motivar a equipe, passando confiança.

2 – Capacidade analítica: em um mundo cheio de informações, ter discernimento é um grande diferencial, e a capacidade de analisar torna-se ainda mais importante.

3 – Learnability: também é importante desenvolver sua capacidade de aprender. Ou seja, estar aberto a aprender constantemente e produzir conhecimento, conteúdo e habilidade permanentes.

4 – Inovação:  além de se atualizar em sua área de atuação, o ideal é ser curioso com outras áreas. Afinal, descobrir novos assuntos é uma excelente forma de ter um repertório de soluções diversificado e atual.

5 – Resiliência: um bom empreendedor sabe lidar com adversidades, críticas, situações de crise e pressões e é capaz de retornar à estabilidade emocional após as dificuldades.

6 – Criatividade:  com a rapidez com que tudo acontece atualmente, ser criativo é um diferencial para buscar resoluções eficientes para os mais diversos problemas.

7 – Comunicação: a capacidade de se comunicar de forma efetiva é extremamente importante no desenvolvimento pessoal e profissional.

SEJA UM LÍDER EXPONENCIAL

Quer uma dica em que você pode conhecer melhor e adquirir algumas dessas competências?

Volatility – volatilidade

Uncertainty – incerteza

Complexity – complexidade

Ambiguity – ambiguidade

Com essa formação, você será capaz de dominar as habilidades para gerir equipes dinâmicas, reagir rapidamente ao mundo do agora, liderar processos de inovação e abrir espaço para alavancar sua carreira neste novo mercado.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

WEBsite: https://valedoacoonline.com.br/

WEBApp: valeon

sábado, 5 de novembro de 2022

LULA PROCURA STF E CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO PARA CONVERSAR E REINVIDICAR

 

Presidente eleito
O que ele quer do Congresso e do STF
Por
Wesley Oliveira
Brasília


Lula fará a primeira visita a Brasília depois de ser eleito presidente do Brasil, no último domingo (30).| Foto: Fernando Bizerra/EFE

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca em Brasília, na próxima semana, para uma série de visitas institucionais ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Será a primeira vez que o petista desembarca na capital do país desde o resultado das urnas que lhe deu a vitória sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Até o momento, aliados de Lula indicam que as visitas serão institucionais e como forma de o petista se apresentar como o vencedor da disputa presidencial. A avaliação é de que o presidente eleito precisa fazer esse movimento diante das manifestações de apoiadores de Bolsonaro contra o resultado da eleição. Paralelamente, Lula vai aproveitar os encontros para tratar de pautas de interesse do seu futuro governo.

No Congresso, o presidente eleito irá se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entre os assuntos, eles devem falar sobre a PEC que visa garantir o pagamento de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir de 2023. Lira era um dos principais aliados de Bolsonaro, mas já sinalizou que pode avançar com matérias de interesse do próximo governo ainda neste ano.

Lira é candidato à reeleição na presidência da Câmara na próxima legislatura. Lula já indicou que não pretende interferir nas disputas pelo Legislativo, mas aliados de Lira indicam que ele está disposto a negociar com a bancada petista a pavimentação da sua reeleição. Para isso, o presidente da Câmara teria sinalizado que pode pautar até o final do ano a correção da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) da Pessoa Física (IRPF), se Lula quiser.

A correção da tabela do IR foi uma promessa de campanha do presidente eleito. Um projeto do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) prevê a correção da faixa para quatro salários mínimos. Líderes petistas avaliam que ainda não há consenso sobre o projeto, mas que o tema pode vir a ser discutido entre Lula e Lira durante o encontro da próxima semana.

Nesta semana, Lira esteve reunido com integrantes da bancada petista e, segundo líderes presentes, o presidente da Câmara indicou que não aprovará nenhuma pauta bomba e buscará auxiliar o PT nas propostas elencadas como prioritárias. “Tivemos a primeira conversa oficial com o presidente da Câmara. Ele disse que topa ajudar, topa dialogar, que vai sentar com o Lula e, depois, discutir a pauta”, explicou o deputado José Guimarães (PT-CE).


Lula tenta amarrar o apoio do PSD no Congresso via Pacheco
Do outro lado do Congresso, Lula também pretende se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no intuito de pavimentar sua base na Casa. Integrantes do PT avaliam que o presidente eleito deverá enfrentar mais dificuldades para avançar com matérias no Senado, diante da eleição de aliados de Bolsonaro para a próxima legislatura.

A expectativa do PT é de apoiar à reeleição de Pacheco para o comando da Casa e garantir o apoio do PSD, presidido pelo ex-ministro Gilberto Kassab. A legenda terá cerca de 40 deputados e ao menos 11 senadores na próxima legislatura. Além do PT, Lula quer que os partidos de seu arco de alianças caminhem com Pacheco no Senado.

Líderes petistas avaliam que o presidente do Senado terá papel determinante nos próximos meses para que o Orçamento de 2023, que será aprovado até dezembro, pavimente o cenário para o primeiro ano do governo Lula. Além disso, Pacheco será um dos principais articuladores para aprovar a “PEC fura teto” ainda neste ano.

“Tenho certeza que o Congresso tem essa sensibilidade e o Tribunal de Contas também. Estamos analisando todas as oportunidades para entregar ao povo brasileiro aquilo que foi contratado com ele no processo eleitoral”, defendeu a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Orçamento secreto pode ser pauta do encontro com Rosa Weber no STF
Lula pretende ainda fazer uma visita ao Supremo Tribunal Federal (STF) para um encontro com a presidente da Corte, ministra Rosa Weber. A avaliação de integrantes do PT é de que essa deve ser uma visita protocolar, mas temas de interesse do futuro governo também podem entrar na pauta do encontro.

Entre eles, o julgamento sobre a legalidade do orçamento secreto, que pode ser pautado por Weber ainda neste ano. Mesmo na presidência do STF, a ministra se manteve como relatora do caso. No ano passado, ela chegou a suspender temporariamente os pagamentos das emendas de relator e determinou que o Congresso criasse um sistema para dar publicidade aos gastos. Os repasses foram liberados posteriormente.

Durante a campanha, Lula foi um crítico do orçamento secreto e chegou a dizer que iria acabar com o pagamento das emendas indicadas pelos parlamentares. Após a vitória, no entanto, aliados do presidente eleito indicam que ele não deve travar um embate direto com o Congresso sobre esse tema.

A avaliação de integrantes do PT é de que uma solução via STF resultaria em menos desgastes para o presidente eleito junto aos parlamentares. Durante o governo Bolsonaro, as emendas de relator eram negociadas em troca de apoio para aprovação de projetos de interesse do Planalto. Líderes petistas indicam que Lula, neste primeiro momento, não pretende impor sua visão sobre o pagamento das emendas para não travar as negociações com deputados e senadores.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-quer-do-congresso-e-do-stf-lira-pacheco-rosa-weber/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

É JUSTO O GOVERNO FINANCIAR A ELEIÇÃO DE DEPUTADOS E SENADORES?

 

Campanha

Por
Guilherme Grandi

Brasilia, Brazil – June 3, 2015: Brazilian National Congress. The building was designed by Oscar Niemeyer in the modern Brazilian style.


Campanhas para deputado federal tiveram um custo 128% maior na eleição de 2022 na comparação com 2018.| Foto: Bigstock

A eleição para o cargo de deputado federal neste ano, que teve 10.630 candidatos concorrendo a 513 cadeiras na Câmara dos Deputados, teve um custo 128% maior do que na eleição de 2018. É o que mostram os primeiros dados da prestação de contas divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A campanha dos mais de 10,6 mil candidatos custou, ao todo, R$ 2,830 bilhões, mais que o dobro de 2018, quando 8,5 mil pessoas concorreram à Câmara dos Deputados ao custo de R$ 1,241 bilhão, pagos predominantemente com recursos do fundo eleitoral – conhecido também como “fundão”, que para este ano teve R$ 4,9 bilhões em dinheiro público aprovado pelo Congresso Nacional.

No pleito de 2022, o maior gasto ocorreu em São Paulo, perto de meio bilhão de reais (R$ 436 milhões) para eleger 70 deputados federais, seguido por Minas Gerais (R$ 264 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 203 milhões).

Cada eleitor nestes estados “pagou” em torno de R$ 19,19 para cada candidato que concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados – isso porque o fundo eleitoral é composto de uma parcela do Orçamento da União. O valor pago para cada candidato nos três maiores colégios eleitorais do país chega a ser mais de seis vezes menor do que no Amapá, onde cada um dos 154 candidatos custou R$ 121,90 para cada um dos 442,1 mil eleitores.

Apenas os eleitores de 12 estados do país tiveram mais de 10% dos custos das campanhas pagos com dinheiro privado de doação, enquanto que o restante teve mais de 90% das despesas custeadas com recursos públicos. O estado do Mato Grosso foi o que teve o maior porcentual de doações privadas, com 23,16% das contas pagas, e o Amapá foi o que mais dependeu do fundo eleitoral, com 97,63% das verbas.

De acordo com Guilherme Sturm, CEO da Essent Jus, escritório especializado em prestação de contas eleitorais, o salto de 128% nos custos das campanhas se deu por conta, entre outros pontos, do aumento da inflação no período. Dados do IBGE apontam que a inflação entre setembro de 2018 e setembro de 2022 (último dado disponível) foi de 27,98%.

“Tivemos quatro anos de inflação acumulada, o que se comprava em 2018 não se compra mais em 2022. E também o próprio aumento do fundo eleitoral, que era de R$ 1,7 bilhão e agora foi de R$ 4,9 bilhões, o que permitiu aos candidatos gastarem mais em suas campanhas. Mas, tivemos ainda grandes discrepâncias no custo por voto de um estado para o outro, em que aqueles com mais eleitores pagaram menos do que outros”, explica.

Direitos da equipe de Lula e deveres do governo Bolsonaro: o que diz a lei da transição

Colaborar ou dificultar? Como o governo Bolsonaro vai se comportar no processo de transição
Eleger um senador também ficou mais caro
A inflação dos materiais de campanha também pesou na eleição ao Senado, mas muito menos do que para a Câmara dos Deputados. Os eleitores brasileiros pagaram em torno de R$ 309,8 milhões para financiar a campanha entre recursos públicos e privados – alta de 14,14% na comparação com a eleição de 2018.

Naquele ano, os eleitores brasileiros desembolsaram R$ 271,4 milhões para pagar as contas de campanha de 358 candidatos. Em 2022, 243 concorreram às 27 cadeiras em disputa no Senado, formado por 81 membros com mandatos de oito anos.

Assim como na eleição para a Câmara dos Deputados, a campanha de cada candidato ao Senado também custou mais caro para o bolso de alguns brasileiros. Os eleitores do Acre pagaram, em média, R$ 31,47 entre recursos do fundão e de doações privadas, seguidos por Roraima (R$ 27,68) e do Amapá (R$ 20,66).

Sturm explica que o limite de gastos que os candidatos podem ter, uniforme para todos os estados, desequilibra as contas e acaba onerando mais o custo por eleitor. E também, segundo ele, estados com menor representação política acabam tendo o mesmo montante de recursos por candidato que outros com maior presença no Congresso.

Há, ainda, outra questão que é o quanto um determinado partido vai investir na campanha de seus filiados em um estado ou região. “O PT, por exemplo, pode investir mais nas candidaturas do Nordeste e menos no Norte. Aí é de interesse político, de estratégia de participação mesmo”, completa.

Os recursos aplicados nas eleições nos estados são também um reflexo dos gastos da eleição presidencial, em que há uma maior ou menor necessidade do uso do fundo eleitoral e também de doações de simpatizantes.

“Vimos alguns nichos da economia muito participativos na eleição deste ano, principalmente os da direita, como empresários do agronegócio e industriais. No Mato Grosso, por exemplo, o agro é muito forte [o que refletiu no uso menor de verbas públicas]. Pegando as duas principais campanhas presidenciais, a do Jair Bolsonaro (PL) foi muito financiada por pessoas físicas do agro e de grandes empresários (89,04%), enquanto que a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dependeu mais do recurso público (92,84%)”, analisa Guilherme Sturm.

No entanto, ele pondera que o uso de recursos públicos por Lula é algo que a esquerda sempre foi a favor, de não haver financiamento privado. Na eleição presidencial de 2018, o então candidato Fernando Haddad (PT) teve 94,83% das contas de campanha financiadas pelos fundos eleitoral e partidário, enquanto que Bolsonaro utilizou 0,5% de fundo partidário e 99,5% de recursos privados.

Como tornar as campanhas mais baratas e menos dependentes do fundo eleitoral?
A aprovação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) de R$ 4,9 bilhões, no final de 2021, gerou debates intensos entre o Congresso e o presidente Bolsonaro, que chegou a vetar o trecho na sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022. No entanto, os parlamentares derrubaram o veto e restabeleceram o valor para financiar as campanhas.

Na eleição geral anterior, em 2018, o governo reservou R$ 1,7 bilhão para financiar as campanhas – primeiro ano em que o financiamento privado por empresas foi proibido no Brasil. Antes disso, em 2014, a campanha custou R$ 4,92 bilhões, a mais cara da história até então, sendo R$ 1 bilhão de grandes conglomerados como JBS, Bradesco, Odebrecht, Vale, entre outras.

Para Guilherme Sturm, da Essent Jus, a proibição ajudou a “baratear” as campanhas a partir de 2018, trazendo um pouco mais de equilíbrio na disputa. No entanto, provocou um aumento da necessidade de se usar recursos públicos, que crescem ano após ano com a inflação e cada vez mais candidatos concorrendo.

“Nesta eleição geral tivemos R$ 4,9 bilhões para financiar 28 mil candidatos, quantos bilhões vamos precisar colocar na próxima eleição municipal [em 2024] que são quase 600 mil candidatos?”, questiona pegando como base os mais de 557 mil candidatos que concorreram aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em 2020.

Ele acredita que o ideal seria a volta do financiamento por parte de empresas às campanhas, desde que com uma ampla discussão de limites e controles rígidos para que os candidatos concorram em equilíbrio uns com os outros.

“O Brasil, em função de escândalos da nossa história recente, tinha muito receio de tratar de questões sensíveis, como o financiamento público, como a regulamentação do lobby, coisas que são tratadas com um pouco mais de clareza e tranquilidade em democracias mais maduras que a nossa. Mas, isso é um caminho sem volta, ou a gente vai ver uma escalada cada vez maior de recurso público nas campanhas”, completa.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/custo-eleger-deputado-federal-eleicoes-2022/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

DESEMPREGO EM QUEDA DEVIDO ÀS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


| Foto: Pixabay

Quando terminou sua primeira passagem pela Presidência da República, o PT deixou uma herança maldita no mercado de trabalho: o desemprego medido pelo IBGE no trimestre móvel encerrado em maio de 2016, mês em que Dilma Rousseff foi afastada por decisão do Senado, foi de 11,2%, com tendência de alta. Como o emprego é o último indicador a piorar durante uma crise, a taxa continuou subindo como consequência da recessão deixada pela “nova matriz econômica” petista mesmo depois da saída de Dilma, e o desemprego chegou a 13,6% no período de fevereiro a abril de 2017, antes de começar a recuar.

Em seu retorno ao Planalto, Lula deve receber, no entanto, um cenário bem diferente daquele deixado pelo petismo. Ainda antes do segundo turno da eleição presidencial, o IBGE divulgou a taxa de desemprego do trimestre móvel encerrado em setembro: 8,7%, dando continuidade a uma trajetória de queda que já dura mais de um ano e só foi brevemente interrompida no primeiro trimestre deste ano. Tudo isso levando em conta que a recuperação do desastre petista, iniciada no governo Temer e continuada no começo do governo Bolsonaro, foi bruscamente cortada pela pandemia de Covid-19, que levou o desemprego ao recorde de 14,9% entre janeiro e março de 2021 e forçou o país a reiniciar todo o esforço de voltar a criar emprego e renda.

O mercado de trabalho brasileiro precisa é de ainda mais segurança jurídica nas relações entre patrões e empregados, de custos menores de contratação, de uma legislação trabalhista menos engessada, que contemple novos formatos de trabalho.

A pergunta que se faz agora é: Lula será capaz de manter o desemprego em queda, até que o Brasil finalmente atinja o objetivo do pleno emprego, que alguns estados brasileiros já vivenciam, com taxas entre 3% e 6%? Se a prática efetivamente refletir o discurso, há bons motivos para preocupação, pois a campanha de Lula não ficou apenas em palavras genéricas sobre geração de empregos, mas foi marcada por ataques a alguns avanços importantes, como a reforma trabalhista realizada por Michel Temer e que contribuiu para gerar ao menos 1,7 milhão de vagas, segundo estudos realizados por professores da USP e do Insper. O número é especialmente notável quando se considera que, apesar da introdução de novos modelos de contrato de trabalho, a reforma teve como principal objetivo não tanto facilitar a geração de emprego barateando os custos de contratação, por exemplo reduzindo a tributação sobre a folha, mas garantir maior segurança jurídica ao empregador alterando regras que incentivavam a litigiosidade excessiva, ou garantindo a prevalência do negociado sobre o legislado.

Apesar de ter mitigado sua retórica contrária à reforma trabalhista, falando agora em revisão em vez de revogação, os sinais enviados por Lula e sua campanha apontam para a reversão do caminho que vem sendo adotado desde o governo Temer. A genérica “Carta para o Brasil do Amanhã”, divulgada antes do segundo turno, fala em “amplo debate tripartite (governo, empresários e trabalhadores), para construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos – tanto trabalhistas como previdenciários – e salários dignos, assegurando a competitividade e os investimentos das empresas”; outros textos de campanha falam em “restabelecer acesso gratuito à Justiça do Trabalho”, e não é segredo para ninguém que o petismo sonha com o restabelecimento do imposto sindical, cujo fim cortou uma fonte substancial de financiamento para uma máquina que tradicionalmente se alinha ao PT.


Segurança nas relações trabalhistas
O mercado de trabalho brasileiro precisa é de ainda mais segurança jurídica nas relações entre patrões e empregados, de custos menores de contratação, de uma legislação trabalhista menos engessada, que contemple novos formatos de trabalho. Não se trata de precarização, mas de compreender que nem todos os trabalhadores têm os mesmos desejos: há quem queira a segurança dos direitos garantidos pela carteira assinada, e há quem prefira outros modelos, com seus ônus e seus bônus. O papel do governo é trabalhar para criar as condições que permitam a cada brasileiro – empresário, empregado formal, MEI, terceirizado etc. – trabalhar da forma que considerar a mais adequada para si.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/desemprego-queda-futuro-mercado-de-trabalho-emprego/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

GOVERNO DOS EUA TAMBÉM FAZ CENSURA

 

Motivações políticas

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo

Bishkek, Kyrgyzstan – July 6 2019: Twitter application icon on Apple iPhone X smartphone screen close-up. Twitter app icon. Social media icon. Social network


Governo americano promove reuniões a portas fechadas com plataformas privadas, para, por meio de pressão, “tentar moldar o discurso online”| Foto: Bigstock

Embora o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) tenha desistido de seu mundialmente ridicularizado Conselho de Governança da Desinformação, que teria o papel de arbitrar o que é verdadeiro e o que é falso na internet, documentos internos mostram um esforço crescente da agência na censura de informação em redes sociais. Uma investigação do The Intercept internacional, publicada nesta semana, mostra que o governo americano promove reuniões a portas fechadas com plataformas privadas, para, por meio de pressão, “tentar moldar o discurso online”. As pautas dos encontros vão desde o escopo da intervenção governamental no que é dito na internet até formas de simplificar os pedidos de remoção de informações supostamente falsas.

A fonte das informações são atas de reunião e outros registros anexados a uma ação movida pelo procurador-geral do Missouri, o republicano Eric Schmitt, que concorre ao Senado. Uma ata de março mostra que, durante uma reunião com a participação de executivos seniores do Twitter e do JPMorgan Chase, uma funcionária do FBI chamada Laura Dehmlow “afirmou que precisamos de uma infraestrutura de mídia que seja responsabilizada; precisamos educar cedo a população; e que o pensamento crítico parece ser um problema atualmente”.

Chefe da Força-Tarefa de Influência Estrangeira (FITF, na sigla em inglês) do FBI, estabelecida em 2016, com foco na ameaça de influência russa nas eleições presidenciais, ela explicou que “o escritório estabeleceu o rótulo de Informações Malignas Estrangeiras, que são dados subversivos utilizados para criar uma barreira entre a população e o governo”. Documentos obtidos pelo The Intercept – o que inclui relatórios públicos e dados de funcionários atuais do órgão – revelam uma “evolução de medidas mais ativas do DHS” no sentido de “combater a desinformação” nas eleições de 2020 e em discussões sobre a política de vacinas contra a Covid-19.

Outro documento aponta a existência de um “sistema de solicitação de conteúdo” no Facebook, em que é possível, por meio de login e senha do governo, requisitar a supressão de postagens na rede social. A Meta, detentora do Facebook, e o FBI não se posicionaram sobre o assunto. Já o Twitter se posicionou por meio de porta-voz, alegando que não age de forma coordenada “com outras entidades ao tomar decisões de moderação de conteúdo e avaliamos independentemente o conteúdo de acordo com as regras do Twitter”.

Criado originalmente para combater o terrorismo, após os ataques de 11 de setembro, o DHS demonstra estar concentrando esforço expansivo no monitoramento de mídias sociais. De acordo com o site do órgão, que conta com 250 mil profissionais, “a segurança cibernética é uma das principais prioridades da administração Biden e do DHS, sob a liderança do secretário [de Segurança Interna Alejandro] Mayorkas”. O orçamento destinado a essa finalidade cresceu em 2021, “resultando em pelo menos US$ 25 milhões gastos em resiliência de segurança cibernética em todo o país”. Segundo um documento de 12 prioridades do Departamento para 2022, desenvolvido por Mayorkas, o avanço na missão do órgão compreende “aumentar a segurança cibernética das redes e infraestrutura crítica de nosso país, incluindo infraestrutura eleitoral”.

Um rascunho da Revisão Quadrienal de Segurança Interna (que descreve a estratégia e as prioridades do departamento para os próximos anos), obtido pelo portal investigativo, aponta que o DHS planeja dar um direcionamento a “informações imprecisas”, em temas como as origens da pandemia da Covid-19, eficácia das vacinas, justiça racial, retirada norte-americana do Afeganistão (tema que os republicanos da Câmara prometem investigar, caso alcancem maioria nas eleições de meio de mandato) e apoio dos EUA à Ucrânia.

“O desafio é particularmente agudo em comunidades marginalizadas que muitas vezes são alvos de informações falsas ou enganosas, como informações falsas sobre procedimentos de votação direcionados a pessoas de cor”, diz o relatório. A subjetividade do conceito de desinformação (informações falsas espalhadas involuntariamente ou intencionalmente, além de notícias compartilhadas fora de contexto, com intenção prejudicial, de modo a supostamente ameaçar os interesses dos EUA) é uma brecha para que o Departamento use o argumento de discurso perigoso de forma politicamente motivada.

“Sugestão” de remoção de conteúdo 

A medida que a ação do DHS afeta os feeds dos americanos nas redes sociais do dia a dia não está clara. Nas eleições de 2020, por exemplo, o governo sinalizou como “suspeitos” vários posts que foram tirados do ar, segundo o processo do procurador-geral do Missouri. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, “em consulta com a CISA” [a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura dos EUA], afirma que as plataformas de tecnologia agiram em 35% dos 4,8 mil itens sinalizados, removendo, bloqueando ou colocando uma tela de alerta sobre o conteúdo.

Em agosto de 2020, o portal de notícias NBC News informou que empresas de tecnologia como Google, Twitter, Facebook, Reddit, Microsoft, Verizon Media, Pinterest, LinkedIn e a Wikimedia Foundation, que opera a Wikipedia, já se reuniam mensalmente com FBI, CISA e outros representantes do governo, “para discutir como lidar com desinformação durante as convenções políticas deste mês e os resultados das eleições neste outono”.

“As reuniões são projetadas para preencher uma lacuna no compartilhamento de informações depois que empresas de tecnologia como o Facebook disseram que foram pegas de surpresa por ameaças de segurança e pela falta de informações vindas de autoridades federais em 2016. As reuniões regulares começaram em 2018 e as empresas dizem que são necessárias para proteger a integridade das eleições deste ano”, afirmava a reportagem.

E-mails entre funcionários do DHS e do Twitter mostram que a CISA faz uma espécie de meio de campo entre funcionários eleitorais estaduais – que identificam possíveis  desinformações – e as plataformas de mídia social, solicitando a remoção de conteúdos. Segundo a Agência, “uma vez que a CISA notificou uma plataforma de desinformação de mídia social, a plataforma de mídia social poderia decidir independentemente se remover ou modificar a postagem”. Os documentos expostos pelo processo do Missouri, no entanto, mostram que o objetivo da CISA é que as empresas de mídias sociais se tornem cada vez mais responsivas às suas sugestões.

Funcionários do FBI ouvidos pelo The Intercept, sob condição de anonimato, contaram terem sido transferidos de seus trabalhos de combate aos serviços de inteligência estrangeiros ou de divisões internacionais antiterrorismo para monitorar redes sociais americanas. O objetivo dos agentes, ao entrar disfarçados em salas de bate-papo, fóruns e blogs, é identificar “indivíduos antigovernamentais, como extremistas violentos com motivação racial, cidadãos soberanos, milícias e anarquistas”.

Críticos argumentam que a prática pode configurar uma violação da Lei de Privacidade de 1974, promulgada após o escândalo de Watergate, restringindo a coleta de dados governamentais dos cidadãos que exercem seus direitos da Primeira Emenda (uma garantia da liberdade de expressão no país).

Segundo o The Intercept, contas sinalizadas como perigosas e propagadoras de desinformação pelo governo são, muitas vezes, paródias ou inexpressivas, sem seguidores e influência. Durante as eleições de 2020, por exemplo, o DHS enviou um e-mail a um funcionário do Twitter, com “uma potencial ameaça à infraestrutura crítica dos EUA, citando alertas do FBI”. A conta que “poderia colocar em risco a integridade do sistema eleitoral” tinha 56 seguidores e uma bio dizendo “mande-nos a localização da sua loja de maconha (vadias fiquem bravas, mas esta conta é uma sátira)”.

Laptop de Hunter Biden 

Apesar desses casos sem expressão, a influência do governo foi crucial para que plataformas como Twitter e Facebook removessem ou limitasse o acesso a links para a reportagem do jornal New York Post sobre o conteúdo do laptop de Hunter Biden em semanas-chave antes da eleição presidencial em 2020.

Grande parte do público foi levada a ignorar a reportagem ou a classificá-la como fake news, depois que funcionários da inteligência norte-americana rotularam a história como “campanha de desinformação russa”. O silenciamento nas redes sociais continuou mesmo depois de os jornais Washington Post e New York Times confirmarem a autenticidade de alguns e-mails, muitos deles citados na reportagem original de outubro de 2020, com indícios de lavagem de dinheiro, crimes relacionados a impostos e registro de lobby estrangeiro pelo filho de Joe Biden.

Participando de um podcast em agosto, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, contou que o Facebook limitou o compartilhamento da reportagem do New York Post depois de uma conversa com o FBI. “O pano de fundo aqui é que o FBI veio até nós – algumas pessoas da nossa equipe – e disse: ‘Ei, só para você saber, você deveria estar em alerta máximo de que havia muita propaganda russa nas eleições de 2016’”, revelou no programa de Joe Rogan.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/governo-dos-eua-fez-reunioes-secretas-para-censurar-conteudo-nas-redes-sociais/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

PROTESTOS SEM INTERVENÇÃO MILITAR

Por
Deltan Dallagnol


Protesto de caminhoneiros em São Paulo.| Foto: André Coelho/EFE

A eleição de Lula me causa profunda indignação. Lula presidente é um símbolo visível e gritante da impunidade da corrupção no Brasil. O padre Antônio Vieira já chamava atenção para essa impunidade em meados do século XVII. Dizia que os ladrões de galinha roubavam e eram enforcados, enquanto os verdadeiros ladrões, os governantes, roubavam e enforcavam. Mais do que garantir sua impunidade, promoviam retaliações e vinganças.

Há várias outras razões para estar indignado com a eleição de Lula e é legítimo protestar neste momento, como sempre foi e sempre será na democracia. Isso deve ser feito dentro da Constituição e da lei, respeitando direitos e sem violência.

Bloqueios em estradas violam a lei, impedem o direito de ir e vir, causam desabastecimento, prejudicam as exportações, o comércio e atrapalham viagens, até mesmo o transporte de pacientes por motivo de saúde.

E podem as Forças Armadas intervir ou atuar como poder moderador no cenário atual? Muitas pessoas bem-intencionadas, que amam o Brasil e estão preocupadas com o futuro no governo Lula, têm me perguntado isso. A resposta da Constituição é claramente negativa.

O artigo 142 da Constituição estabelece três objetivos para as Forças Armadas. O primeiro é defender a pátria contra agressão estrangeira. O segundo é garantir os poderes constitucionais quando um poder tenta eliminar o outro. O terceiro é garantir a lei e a ordem quando as forças de segurança pública forem insuficientes. A Constituição brasileira não atribui às Forças Armadas um poder moderador, nem permite que sejam usadas por um poder contra o outro.

A Constituição também não autoriza que as Forças Armadas mudem decisões de um Tribunal Eleitoral ou que funcionem como árbitro nas eleições. As polícias e forças de segurança internas também não têm esse papel, nem podem se impor sobre tribunais.

Bloqueios em estradas violam a lei, impedem o direito de ir e vir, causam desabastecimento, prejudicam as exportações, o comércio e atrapalham viagens, até mesmo o transporte de pacientes por motivo de saúde

Por isso as Forças Armadas e seus generais têm se manifestado contrariamente à ideia de intervenção, que seria um golpe de Estado. Se alguém recorre a ele uma vez, o que impede de recorrer várias? Golpes resultam em ditaduras, na supressão de direitos e garantias. Basta um olhar ao redor do mundo para concluir que não há ditadura boa.

Protestar nas ruas é legítimo e mostra que as pessoas realmente se importam com os rumos do país. Estão envolvidas com a política como raras vezes no passado. Por outro lado, flertar com a intervenção como um “atalho” contra Lula ou o PT é um grande equívoco.

É a democracia que garante a mim e a você o direito de protestar, de lutar para ter outro presidente no futuro, de ir e vir ou tantos outros direitos que são fundamentais. É essa democracia que exige: o resultado da eleição deve ser respeitado, goste-se eu ou não dele.

O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança. Ainda que demande cobrar das instituições que cumpram fielmente seus papeis. Ainda que seja necessário esforço para cobrar um bom trabalho dos novos deputados e senadores ou eleger melhores no futuro.

Por meio da democracia, deputados e senadores eleitos poderão fazer oposição firme e inabalável para frear os retrocessos morais e econômicos que o governo do PT queira impor.

Reformas trabalhista, previdenciária, tributária, administrativa, eleitoral e política dependem todas da aprovação do Congresso. E o Congresso deve atuar de modo independente em favor do Brasil.

O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança

É hora de seguirmos unidos com fé e coragem, lembrando que todos estamos no mesmo avião. Violência, desordem, crime e desrespeito à democracia não prejudicam apenas o piloto que foi escolhido. Prejudicam a todos nós.

Eu não gosto do piloto que foi escolhido. Eu acredito que meus colegas passageiros fizeram uma escolha errada, mas eu vou lutar, como cidadão e deputado, para que o nosso voo siga pelas melhores rotas para o nosso país, em amor ao Brasil e aos brasileiros. E essas rotas estão dentro da democracia e do respeito à lei.


Este é meu primeiro artigo como colunista da Gazeta do Povo, que é acessada por 13 milhões de leitores por mês. A Gazeta é o quarto maior jornal do Brasil em assinaturas digitais. Assino a Gazeta há anos e acredito no seu compromisso firme com valores cristãos e conservadores como a defesa da família, do combate à corrupção e da liberdade de expressão.

Recentemente fui eleito o deputado federal mais votado no Paraná, por 345 mil eleitores distribuídos em todos os 399 municípios paranaenses. No Congresso, discutirei muitos temas e este é mais um canal para debater e informar a respeito de assuntos de interesse da sociedade.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/deltan-dallagnol/os-protestos-e-a-intervencao-militar/

Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol é mestre em Direito pela Harvard Law School e foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022. Trabalhou como procurador por 18 anos, atuando em várias operações no combate a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Foi coordenador da operação Lava Jato em Curitiba. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/deltan-dallagnol/os-protestos-e-a-intervencao-militar/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

LULA JÁ NÃO GOVERNA. É GOVERNADO PELAS REDES SOCIAIS

  Brasil e Mundo ...