sexta-feira, 4 de novembro de 2022

PROCESSOS CONTRA LULA VÃO FICAR ENGAVETADOS NO STF POR MUITOS ANOS

 

Regra constitucional
Saiba por quê

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

AME9417. SAO BERNARDO DO CAMPO (BRASIL), 30/10/2022.- El expresidente de Brasil y candidato presidentcial Luiz Inácio Lula da Silva vota hoy en la segunda ronda de las elecciones presidenciales en Sao Bernardo do Campo, Sao Paulo (Brasil). EFE/ Fernando Bizerra


Lula vota em São Bernardo do Campo: Constituição impede que presidente da República seja investigado por ato alheio ao mandato.| Foto: Fernando Bizerra/EFE

A partir de 1º de janeiro de 2023, quando toma posse na Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá os últimos processos ainda abertos contra ele na primeira instância da Justiça remetidos para o Supremo Tribunal Federal. No STF, no entanto, eles deverão permanecer parados, em razão da regra constitucional que impede a responsabilização do chefe do Executivo federal por atos anteriores ao mandato.

Diz o artigo 86, parágrafo 4º, da Constituição, que “o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”. A jurisprudência do STF entende que isso abrange todos os atos praticados antes do mandato que podem configurar crime, implicando na paralisação desses processos.

“O art. 86, § 4º, da Constituição, ao outorgar privilégio de ordem político-funcional ao Presidente da República, excluiu-o, durante a vigência de seu mandato – e por atos estranhos ao seu exercício –, da possibilidade de ser ele submetido, no plano judicial, a qualquer ação persecutória do Estado. A cláusula de exclusão inscrita nesse preceito da Carta Federal, ao inibir a atividade do Poder Público, em sede judicial, alcança as infrações penais comuns praticadas em momento anterior ao da investidura no cargo de Chefe do Poder Executivo da União, bem assim aquelas praticadas na vigência do mandato, desde que estranhas ao ofício presidencial”, diz a decisão paradigmática do STF sobre o assunto, de 1993.

A maioria dos processos que tramitavam contra Lula, no entanto, já foi arquivada ou anulada, por absolvição ou prescrição. Os mais famosos, as ações penais do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, que levaram a Justiça Federal a condená-lo por corrupção e lavagem de dinheiro, foram arquivadas. O primeiro caso foi extinto por prescrição a pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, para onde o processo foi transferido em 2021. Já o processo do sítio teve a denúncia do MPF rejeitada em janeiro deste ano, por insuficiência de provas – a maior parte delas foi anulada após a decisão do STF que julgou o ex-juiz Sergio Moro parcial para julgar o então ex-presidente.

Outros dois casos da Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, em que Lula era acusado de corrupção e lavagem em razão da compra de um terreno, pela Odebrecht, para o Instituto Lula, e de doações da empreiteira para a entidade, foram suspensos no próprio STF, pelo ministro Ricardo Lewandowski. As ações já haviam sido transferidas de Curitiba para Brasília.

Um terceiro processo, da Operação Zelotes, em que Lula era acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra de 36 caças suecos pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), também foi suspenso pelo ministro, em março deste ano.

Esses podem ser praticamente os únicos processos que deverão subir para o STF. Nada indica, no entanto, que, na Corte, esses casos tenham andamento – em março, Lewandowski se aposenta e suas decisões só poderão ser revistas (ou não) por um ministro substituto indicado por Lula. De qualquer modo, enquanto durar a suspensão, não corre o prazo da prescrição.


Há outro grupo de processos, mais específicos, que foram trancados ou arquivados como decorrência da decisão que julgou Moro parcial. Foi o caso da ação sobre suposta corrupção, lavagem, tráfico de influência e organização criminosa para favorecer a Odebrecht com empréstimos do BNDES. O mesmo fim teve processo sobre lavagem de dinheiro no Instituto Lula no recebimento de R$ 1 milhão do grupo ARG para intermediar encontro de seus executivos com o governo de Guiné Equatorial.

Processos em que Lula foi absolvido pela Justiça
Em três outros casos, houve absolvição, ou seja, a declaração formal da Justiça de que Lula era inocente em relação às suspeitas. Isso ocorreu no processo em que foi acusado de obstrução de Justiça, pela suposta tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras; na acusação de formar uma organização criminosa no Partido dos Trabalhadores, o chamado “Quadrilhão do PT”; e na denúncia por suposta corrupção por editar uma medida provisória em favor de montadoras de veículos em troca de propinas para o PT. Não houve recurso nesses casos e os processos vão para a gaveta.

Em São Paulo, tramitava um processo em que Lula e seu irmão, Frei Chico, eram acusados de receber mesadas da Odebrecht, em valores que, somados, ultrapassariam R$ 1 milhão. Em maio de 2020, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) rejeitou a denúncia por unanimidade, confirmando decisão anterior da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A última tramitação do processo, em agosto, indicava que ele estava “aguardando arquivamento” – etapa burocrática antes da baixa dos autos.

Outro caso envolvendo um familiar apontava que Lula teria solicitado ajuda a Emílio Odebrecht para lançar a carreira empresarial de Luís Cláudio, seu filho caçula. A acusação foi arquivada em dezembro de 2020.

Ainda em São Paulo, tramitava processo em que Lula era acusado por supostamente instigar a ocupação do tríplex do Guarujá. Em fevereiro de 2020, a 6ª Vara Federal de Santos (SP) rejeitou a denúncia do Ministério Público Federal.

Outras duas ações envolviam a atuação internacional de Lula em Angola. Numa delas, era acusado de receber pagamentos da Odebrecht por palestras que realizou para a empresa. Mas a investigação apontou que, em troca, a empresa teria verbas do BNDES para obras no país africano. Em setembro de 2020, a acusação foi arquivada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Em outro caso, correlato, Lula foi delatado por executivos da empreiteira por ampliar linha de crédito do BNDES em Angola. Em setembro de 2021, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, encerrou ação penal por falta de justa causa, após absolvição no quadrilhão do PT e suspeição de Sergio Moro no caso do tríplex.

Em outro caso com repercussão internacional, Lula era acusado de tráfico internacional de influência e corrupção ao tentar influenciar políticos da Costa Rica a contratarem a OAS. A investigação foi trancada por prescrição, o que impede qualquer avanço.


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GOVERNO VAI COLABORAR COM A EQUIPE DE TRANSIÇÃO DO GOVERNO LULA

Negociação
Como o governo Bolsonaro vai se comportar no processo de transição

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


Ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, assegurou ao presidente eleito Geraldo Alckmin cooperação total ao governo de transição| Foto: Lula Marques/PT na Câmara/Flickr

Do ponto de vista político e administrativo, o governo federal está disposto a facilitar o processo de transição para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É o que presidente Jair Bolsonaro (PL) e ministros próximos manifestaram, nesta quinta-feira (3), a membros do Tribunal de Contas da União (TCU) e do gabinete de transição liderado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Nomes da cúpula do governo e caciques do Centrão afirmam que podem até mesmo apoiar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que possibilitaria ao governo Lula furar o teto de gastos em 2023 para acomodar no orçamento as promessas da campanha petista, como a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 a partir de janeiro.

Estão dispostos a apoiar politicamente o governo de transição o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente nacional do PP; o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira. Os três partidos integram a coligação que lançou a candidatura de Bolsonaro à reeleição e, segundo afirmam interlocutores do governo e aliados da base governista no Congresso, farão o possível para colaborar da melhor forma possível.

Pela ótica administrativa, há uma boa vontade do governo em disponibilizar ao gabinete de transição informações, dados e documentos solicitados. É o que sinalizaram Ciro Nogueira e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em reunião no TCU, nesta quinta, com os ministros Bruno Dantas, presidente da Corte, Antonio Anastasia, Jorge Oliveira e Vital do Rêgo.

Além do encontro com os quatro ministros do TCU, Nogueira se reuniu no Palácio do Planalto com o coordenador-geral da transição Geraldo Alckmin; o coordenador técnico e ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), e a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann. O ministro-chefe da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos, também esteve no encontro.

As pastas chefiadas por Nogueira e Ramos atuam na interlocução com órgãos e entidades da administração pública federal, o que ajuda a facilitar o processo. A disposição de ambos reafirma o respeito do governo à lei da transição. Regulamentada pelo Decreto 7.221/10, a Lei 10.609/02 garante ao governo eleito a montagem de uma equipe de transição com 50 integrantes e um coordenador pagos pela União, além do acesso a informações dos órgãos públicos federais para o planejamento de ações a serem tomadas após a posse.

Por que a base de Bolsonaro considera apoio político à transição
O apoio político acenado pelo Centrão ao governo de transição é fruto do pragmatismo que norteia das bases às cúpulas de partidos como PL, PP e Republicanos. Segundo interlocutores e parlamentares do bloco político, o objetivo é assegurar algum nível de composição na futura gestão Lula a fim de evitar o isolamento.

Tão logo foi eleito, o presidente eleito e seus interlocutores dialogaram com integrantes do MDB, PSD, PSDB e União Brasil, legendas identificadas com a centro-direita no Congresso, em uma primeira conversa para formar uma base de apoio no Congresso. A fim de evitar o escanteamento político nos próximos quatro anos, integrantes de PL, PP e Republicanos também manifestaram o interesse de que seus caciques componham com a próxima gestão.

O objetivo de uma parcela do Centrão é integrar o governo Lula ainda durante a transição, com direito a cargos no gabinete coordenado por Alckmin, que tem boa interlocução com membros dos partidos que apoiam o governo Bolsonaro. As conversas ainda transcorrem e envolvem o apoio à PEC para furar o teto de gastos.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por exemplo, conversou com Lula por telefone após a confirmação da vitória do petista e os dois combinaram um encontro presencial na próxima terça-feira (8), segundo afirmou o o deputado federal José Guimarães (PT-CE), vice-líder da minoria na Câmara. “As portas do diálogo estão escancaradas, por conta do que o presidente Lula falou de que precisamos pacificar o país”, disse.

Aliado de Bolsonaro, Lira quer ser reeleito presidente em 2023 e sonda o posicionamento de Lula e do PT, que pode abdicar de apresentar um candidato próprio para presidir a Câmara. O presidente eleito e petistas estão abertos ao diálogo, a despeito de resistências internas quanto a um apoio a Lira, em razão da sua vinculação ao atual governo.

Dada a incerteza sobre a reeleição de Lira, outros nomes não são descartados para a presidência da Câmara. Um deles é o do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar (PE), e o outro é de Marcos Pereira, presidente do Republicanos. A fim de emplacar um aliado, Lula e o PT também não fecharam as portas para o PL. Valdemar Costa Neto conta com isso, pois sabe que nem todos da bancada eleita na Câmara são fiéis a Bolsonaro e que essa parcela de seu partido não descarta uma composição com a gestão petista.

O cientista político e sociólogo André César, analista da Hold Assessoria Legislativa, prevê desafios ao gabinete de transição com o encaixe de partidos da centro-direita, sobretudo diante do apoio e interesses de PL, PP e Republicanos. “O Marcos Pereira é um nome que aparece nas bocas de apostas [para a presidência da Câmara] e o Lira tem a sobrevivência dele na recondução. São várias frentes e vários interesses que se somam e complicam, porque ainda não sabemos qual será o grau real de cooperação que o governo eleito vai receber”, pondera.

Os desafios do processo transitório e como TCU tenta mitigá-los
A despeito do compromisso com a transição acenado pelo próprio Bolsonaro a Alckmin, com quem o presidente se encontrou na tarde desta quinta, o processo pode não ser o mais célere possível. O núcleo duro do governo está rachado e, à exceção de ministros do núcleo político e de outros ministérios onde os partidos do Centrão têm maior influência, outra parcela está disposta a dificultar “ao máximo” a transmissão de dados e informações.

A resistência encontra-se sobretudo entre assessores comissionados e mesmo alguns concursados mais identificados com a atual gestão, segundo afirmam interlocutores do governo à Gazeta do Povo. Essas fontes citam a transição em 2018 e afirmam que, embora os ministros e secretários do ex-presidente Michel Temer (MDB) tenham atuado para facilitar o repasse de informações ao gabinete de transição de Bolsonaro, técnicos da máquina pública à época teriam atuado sem o mesmo empenho a fim de retardar os trabalhos.

Por lei, o governo federal será obrigado a repassar os dados, informações e documentos ao gabinete de transição de Lula. Mas por retaliação ao presidente eleito e ao PT, há técnicos dispostos em desempenhar a mesma alegada má vontade de quatro anos atrás. Ou seja, embora Nogueira e demais ministros deliberem a seus secretários ordens para o repasse de dados, a velocidade do cumprimento dessas ordens nas “bases” dos ministérios pode ficar aquém do pretendido pelos petistas.

“Haverá transição, mas não na velocidade que o PT quer”, diz um interlocutor. “Muitos estão sem boa vontade para nada. Todos os escalões abaixo do presidente [Bolsonaro] que têm fidelidade a ele com certeza não vão ajudar mesmo”, endossa uma segunda fonte do governo.

A fim de mitigar os impactos administrativos para a transição, o TCU instituiu um comitê de ministros para acompanhar a transição governamental. Em entrevista à CNN, o presidente da Corte, ministro Bruno Dantas, afirmou que haverá um sistema informatizado e compartilhado do governo federal com a equipe de transição de Lula, pelo qual as informações deverão circular e que até mesmo o TCU poderá ter uma senha para monitorar o fluxo.

O ministro também destacou que Nogueira e Paulo Guedes mostraram “total espírito colaborativo” na reunião com o comitê do TCU. “Disseram que deixarão tudo documentado, tanto os pedidos da equipe do novo governo quanto as respostas. Também disseram que todos os bancos de dados serão abertos”, disse Dantas.

O ministro Antonio Anastasia, relator do comitê, reforçou à imprensa nesta quinta que há uma “grande receptividade” por parte da equipe de Bolsonaro em fornecer informações. “E eu acredito que assim vai ocorrer de maneira serena e tranquila”, declarou. “A transição se baseia fundamentalmente em trocas de informações. Qual que é o acompanhamento que nós vamos fazer, é seguir, zelar para que as informações fluam de maneira oportuna, no tempo adequado, e que sejam de fato aquelas que foram solicitadas”, acrescentou.

O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na Câmara, não acredita em dificuldades no processo de transição e prevê um processo “pacífico”. “O governo vai dar uma demonstração de elegância, transparência e eficiência, até porque o corpo técnico foi muito marcante na gestão do Bolsonaro, e o técnico não tem porque ter esse ranço político”, analisa.

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ORÇAMENTO SECRETO CONTINUA VALENDO E AGORA É EMENDA DO RELATOR

 

Mudou de nome

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Fachada do Congresso Nacional, sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro. Obra do arquiteto Oscar Niemeyer. As cúpulas abrigam os plenários da Câmara dos Deputados (côncava) e do Senado Federal (convexa), enquanto que nas duas torres – as mais altas de Brasília, com 100 metros – funcionam as áreas administrativas e técnicas que dão suporte ao trabalho legislativo diário das duas instituições. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado


| Foto: Geraldo Magela / Agência Senado/Geraldo Magela/Agência Senado

Menos de uma semana depois de ter sido declarado vencedor das eleições presidenciais de 30 de outubro, e ainda a dois meses da posse, o ex e novo presidente Lula já entregou a primeira grande realização do seu governo – acabou com o “orçamento secreto”. Todos se lembram dele. Como a saúva e outras maldições nacionais, o “orçamento secreto” era um dos maiores problemas do Brasil. Há dois anos, ele apareceu em toda a imprensa brasileira como um grave crime contra “a democracia” por parte do governo Bolsonaro – segundo se repete desde então, o presidente teria dado aos deputados, em troca de apoio, o poder de gastar verbas orçamentárias por sua conta, quando e naquilo que lhes desse na telha. Durante a campanha eleitoral, foi um dos argumentos mais enfurecidos da campanha do PT – Lula tinha de ser eleito, diziam, para salvar o povo do “orçamento secreto”. Bastou passar a eleição e o Brasil, segundo informa a mídia, foi salvo por Lula: o orçamento secreto sumiu. Quer dizer, ele continua a existir exatamente como era antes – mas agora se chama “emendas do relator”, na linguagem oficial dos jornalistas. Caso resolvido.

O “orçamento secreto” nunca foi orçamento, nem secreto e nem criado pelo presidente Bolsonaro – foi apenas uma das maiores fraudes já executadas na vida política do Brasil com o objetivo de criar um crime que não existiu e jogar a culpa em quem não o cometeu. Agora, como não serve mais para acusar o presidente, o tal orçamento sumiu do mapa – continua intacto, para ser desfrutado pelos políticos, a começar pelos do PT, mas mudou de nome. Os fatos são muito claros. Cerca de dois anos atrás o Congresso aprovou uma lei que inclui no orçamento despesas para financiar projetos de parlamentares – da compra de ambulâncias à reforma da escola municipal. É lei; não foi um decreto do presidente. A única coisa que se pode fazer a respeito é cumprir o que foi legalmente estabelecido – até porque o STF autorizou a aplicação da lei, depois de ter tentado anular a sua entrada em vigor e recuado por razões de seu interesse político. É isso, e só isso, que sempre existiu. Agora vai continuar existindo, mas a mídia, a esquerda e o PT vão chamar a coisa de “emendas do relator”. Era, até a eleição, uma monstruosidade de lesa-pátria. Agora, com novo nome, é apenas um elemento da paisagem.

Esta é apenas a cena de abertura da monumental trapaça que vem por aí. O papel que o cidadão vai ter nela já está definido – é o papel do otário.

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LULA QUER ACABAR COM O TETO DE GASTOS

 

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Embora governadores que apoiaram Bolsonaro digam ter um diálogo aberto, Lula deve enfrentar resistência de eleitores.| Foto: Fernando Bizerra/EFE

Tem muita gente que quer entender a cabeça do eleitor e não consegue. Eu tento, também não consigo. Vejam só agora: ontem, a Procuradoria Geral da República apelou ao Supremo, para que o tribunal volte atrás no caso do governador Paulo Dantas, de Alagoas. Ele foi afastado por três crimes de seu governo, graças à decisão do Tribunal Superior de Justiça, que é quem trata de governadores, quem julga governadores, por desvio de R$ 52 milhões na Assembleia Legislativa quando ele era deputado. Ele ganhou uma liminar retornando ao governo, sob a alegação de que não podia responder, e que o Tribunal de Justiça não podia julgá-lo porque foi um crime cometido no tempo em que era deputado. A Procuradoria Geral da República está discordando disso. Foi Gilmar Mendes que deu liminar, e ele voltou ao governo.

Mas toda questão é o seguinte: ele foi reeleito, ele ganhou a eleição. Mesmo com o pai dele anunciando aos quatro ventos que seu filho tem que pagar pelos crimes que cometeu, que andou em más companhias. Até o pai!

Eu não sei como funciona a cabeça do eleitor na hora de tomar a decisão de apoiar uma pessoa, mesmo alguns já acusados e condenados e outros sendo investigados. É difícil a gente entender isso, e milhões de brasileiros têm essa dúvida na cabeça.

Teto de gastos
Já começou a se realizar aquilo que Lula prometeu na campanha eleitoral: furar o teto de gastos. Ele nunca concordou com esse teto de gastos, dizendo que é limitativo. O teto de gastos foi a maior conquista das contas públicas, talvez na história do país. Aconteceu durante o governo Temer. Foi uma alteração na Constituição que limitou o teto de gastos, determinou limites vinculados à inflação. Então não pode sair gastando aí de qualquer jeito. E como a gente lembra, no período Lula anterior, foi uma gastança sem fim, criando ministério, aumentando folha de pagamento, o Brasil se endividou muito.

Mas agora, o que eu queria contar para vocês, é que ontem, aqui em Brasília, já houve uma reunião entre os representantes do futuro governo e parlamentares, para fazer um projeto de emenda à Constituição para furar o teto de gastos, usando um sofisma. E a mídia de cabresto, segue toda repetindo que é só despesa inadiável. Me engana que eu gosto. É muita ingenuidade, é um sofisma fácil de ser derrubado. Qual é a despesa que não é inadiável?

Tudo bem, digamos que haja despesas inadiáveis, então vamos gastá-las primeiro. Aí então nós já gastamos 100% do permitido, e então vamos furar o teto de gastos. Esse é o objetivo, né? Vejam que as coisas já estão começando.

E uma outra questão, só para registrar, o presidente Lula já recebeu as saudações, os aplausos do ditador da Nicarágua, do ditador da Venezuela, do ditador de Cuba, e ontem foi do ditador da Coreia do Norte, no dia em que ele lançou mísseis, que dispararam alarmes no Japão, mísseis intercontinentais, e mandou também os cumprimentos à Lula.

Aí eu fico pensando, se fosse Bolsonaro eleito, nenhum deles mandaria cumprimento.

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SUPOSTA METÁFORA DA PICANHA

 

Por
Luciano Trigo – Gazeta do Povo


| Foto: Reprodução Instagram

Viralizou nos últimos dias nas redes sociais o post abaixo, no qual um internauta ironiza os ignorantes que não entenderam a suposta metáfora da picanha:

“Já pensou ter que explicar para um marmanjo de quase 30 anos que ‘picanha e cerveja’ é uma metáfora? Que não é sobre beber e comer churrasco, é sobre o pobre voltar a comer bem, ter poder de compra e lazer. É sobre o próximo parar de comprar osso ou procurar comida no lixo”

Chutando por baixo, eu diria que 75% da população brasileira adulta não fazem a menor ideia do que seja uma metáfora. Outros 20% talvez digam: “Eu sei o que é, mas não sei explicar”.

Graças ao êxito do projeto educacional implantado neste país ao longo de muitas décadas, acredito que somente 5% da população, em um palpite otimista, efetivamente sabem definir razoavelmente uma metáfora.

Mas, com certeza, 100% dos brasileiros adultos sabem o significado de cerveja e picanha.

Promessas de campanha têm um lado ruim: quando não se entrega o que se prometeu, os eleitores podem ficar chateados, ou mesmo se sentir enganados, e aí a oposição tem o argumento do estelionato eleitoral. Vale para todo mundo. Que o digam FHC e Dilma, em seus segundos mandatos.

Não sei não, mas tenho a impressão de que, para muitos eleitores, o churrasquinho nos finais de semana não era uma figura de linguagem, era churrasquinho mesmo. E chamar esses eleitores de burros não ajuda em nada, ao contrário: pode deixá-los ainda mais irritados.

(Aliás, se a metáfora fosse sobre “comer bem”, teriam prometido salada e suco de fruta, já que uma dieta à base de picanha e cerveja não é exatamente saudável. Mas repararam que a turma da lacração vegana nem se incomodou com o incentivo ao consumo de carne? “Ain, é porque a picanhe era metáfore…” Não. É porque no Brasil, já há muito tempo, não importa aquilo que se diz, mas quem diz.)

Eu torço, sinceramente, para que todos os brasileiros tenham condições de se alimentar bem. Mas para isso será necessário que a inflação continue em baixa, que o desemprego continue caindo e que o PIB continue subindo, como nos últimos meses.

Por mais que se tente, não se pode reduzir o mundo a uma questão de linguagem: a realidade sempre acaba prevalecendo

Torço também, evidentemente, para que a Constituição seja respeitada, para que haja respeito à propriedade privada e à liberdade de expressão, para que os três Poderes trabalhem em harmonia e para que o novo governo não adote medidas fadadas ao fracasso, ainda que proporcionem a ilusão de uma melhora imediata, como o controle de preços. Basta olhar para a Argentina, onde a inflação projetada já ultrapassa 100% ao ano.

A inflação não é uma metáfora. Aliás, sempre que a economia degringola, os primeiros a sofrer as consequências são os mais pobres e desassistidos, que não têm para onde correr – diferentemente dos intelectuais e das elites.

Tomara que a inflação não volte, como acontece na Argentina. Ao contrário de muita gente, nunca vou defender o “quanto pior melhor” para o meu país. Mas a realidade nem sempre corresponde à expectativa.

Como disse Ayn Rand, “Você pode desprezar a realidade, mas não vai conseguir fugir das consequências de desprezar a realidade”. Porque, por mais que se tente, não se pode reduzir o mundo a uma questão de linguagem. A realidade sempre acaba prevalecendo.

Mark Twain, por sua vez, dizia que é mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que elas foram enganadas, e estava certíssimo. Mas há um limite para o poder das narrativas. E, diante dos últimos acontecimentos, acho que, se a inflação voltar a subir, a paciência do povo será curta.

Não falo somente do eleitor que acreditou que a picanha era de verdade, mas especialmente daqueles eleitores que votaram no PT movido não pela crença na picanha nem por qualquer afinidade com a esquerda, mas por pura aversão a Bolsonaro. Não foram poucos.

Por exemplo, já causou estranheza um grande jornal, no dia seguinte ao segundo turno, passar subitamente a chamar o orçamento secreto de “emendas do relator”, como na notícia abaixo:

Ou seja, de repente não mais que de repente, o orçamento secreto, um dos temas mais explorados da campanha eleitoral, classificado como o maior escândalo de corrupção da história do planeta, mudou de nome e passou a ser tratado como algo comezinho, que pode ser objeto de um acordo entre os Poderes.

O próximo passo será um internauta postar, em tom de ironia superior:

“já pensou ter que explicar para um marmanjo que o orçamento secreto era uma metáfora? Que não era sobre o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, era sobre um truque de linguagem destinado a enganar os desavisados e conquistar votos? E que basta a mídia parar de falar neste assunto para ficar tudo bem? Ninguém nunca entendeu direito mesmo o que era orçamento secreto, ninguém vai reparar se não se falar mais nisso.”

É sobre isso e está tudo bem?

Mas não são só a picanha e o orçamento secreto. O candidato eleito assumirá com várias bombas para desarmar – como aliás afirmou em artigo recente o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nobrega:

“Promessas de mais empregos e aumentos reais de salários são incompatíveis com a situação fiscal e com o baixo potencial de crescimento da economia”, escreveu, sugerindo que fantasias estão sendo vendidas para a sociedade. “A economia não gira a golpes de retórica”.

No contexto atual, aumento real do salário mínimo, isentão, digo, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, Auxílio Brasil de R$ 600 vitaminado com mais R$ 150 para mães com crianças de até 6 anos, entre outras, foram outras promessas do candidato eleito que parecem difíceis de implementar em 2023.

Caso essas medidas não sejam implementadas, será que vai aparecer algum militante ironizando os ignorantes que acreditaram nas promessas do candidato, por não entenderem que também eram metáforas?

Como será que o eleitor da agora oposição e o eleitor não-ideológico, que deu um voto condicional ao PT, irão reagir? Será que o presidente tinha razão quando disse que vão sentir falta dele? Só o tempo vai dizer. Mas, como as ruas já estão demonstrando, fato é que o novo presidente assumirá sob muita pressão, e em circunstâncias muito menos favoráveis que em 2003. O Brasil mudou muito.

Concluo com uma citação de Santa Teresa d’Ávila: “Mais lágrimas são derramadas pelas preces atendidas do que pelas preces não atendidas”. Que o leitor interprete como quiser.


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COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO SÃO IMPORTANTES

 

Rodrigo Maruxo – MRX Consultoria

Sabemos que o e-commerce para indústria não é uma novidade, mas também não é um movimento tão antigo assim. Ao mesmo tempo que a internet trouxe possibilidades de mobilidade e agilidade para os negócios (com expressiva redução de atrito nas relações de consumo e/ou desempenho da cadeia produtiva), a indústria ficou muito tempo na espera, sem ingressar nesse mundo do comércio eletrônico.

Com o passar do tempo, fomos percebendo que o mercado foi passando de uma aparente negação para uma relativa aceitação. Aceitação essa relacionada às possibilidades de incluir a digitalização no desenho futuro das suas estratégias.

Há poucos anos, grandes nomes do meio começaram esse trabalho e a desenvolver os primeiros projetos de e-commerce para indústria. Sejam projetos focados em atender o consumidor final de forma direta, sejam melhorando o relacionamento com seus clientes, desenvolvendo assim toda cadeia.

No entanto, uma coisa não dá para negar, não tem caminho de volta. Depois da aceitação, cresce gradualmente o foco na construção de sinergia do negócio, fazendo uso das possibilidades que o digital oferece.

Antes de tudo é preciso entender que a transformação digital acontece quando se utiliza a tecnologia para solucionar problemas tradicionais da empresa. Além disso, ela é construída através da adaptação, princípio fundamental em qualquer trajetória de sucesso.

Com isso em mente, podemos passar para o entendimento dos ativos digitais. Toda iniciativa que dá sentido ao movimento de transformação digital se torna um ativo digital da empresa. Com o tempo, as empresas vão criando um acervo digital, composto por: site institucional, canais digitais de atendimento, redes sociais e sistemas de autosserviço ou de gestão de força de vendas.

E o que isso tem a ver com o e-commerce para indústria? Quando um projeto de movimentação da indústria para o e-commerce é iniciado, é preciso considerar os ativos digitais já existentes e buscar a criação de sinergia entre eles, poupando tempo e dinheiro no novo projeto.

Alinhar tudo isso deve ser uma das primeiras preocupações, uma vez que atendimento e treinamento podem fazer a diferença na hora de alavancar as vendas do comércio eletrônico.

Os benefícios de investir no e-commerce para indústria e da transformação digital das empresas andam lado a lado. Afinal, um está diretamente ligado com o outro. Essas vantagens incluem a capacidade de escalar o negócio de forma mais acelerada, a tomada de decisão mais segura, baseada em fatos e dados, o refinamento da visão geral do negócio, trazendo insights para o aprimoramento do atendimento dos agentes da cadeia e a ampliação das potencialidades de relacionamento com seus clientes e consumidores com o aumento significativo da capilaridade comercial.

Deve-se ter cuidado com conflitos de canais, que são todos os pontos de contato comercial, seja entre empresas ou com o consumidor final. Sendo assim, é importante produzir uma excelente comunicação com os agentes da cadeira sobre as iniciativas planejadas e em cias de ação. Ou seja, é importante garantir que a comunicação ficará centralizada na indústria e fluirá dela para toda a cadeia. Isso reduzirá muitos entraves e crises.

Manter estoques em níveis ideais é um dos grandes desafios do e-commerce para a indústria. Mesmo com ferramentas tecnológicas para acompanhar esses processos, na indústria é mais difícil acompanhar todos os canais de distribuição e ainda evitar a falta ou excesso dos itens em estoque.

O e-commerce por si só já possui uma operação logística mais complexa. Por isso, é uma questão que precisa ser pensada com cuidado para não criar ruídos no relacionamento com o consumidor final.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

MÍDIA ALEMÃ PERGUNTA O QUE VEM DEPOIS DA VITÓRIA DE LULA

 

dw.com 

Mídia da Alemanha se pergunta o que vem depois da vitória de Lula, com Bolsonaro evitando abordar derrota, e seus apoiadores bloqueando estradas em sinal de protesto. Paralelos com “ídolo” Trump são tema recorrente.

Bolsonaristas se recusam a aceitar resultado das urnas em nome da© Mariana Greif/REUTERS

Neues Deutschland – Bolsonaro incita ao tumulto (02/11)

Eliane Mouco se diz patriota, por isso está aqui. “A gente não aceita o resultado da eleição. Teve fraude.” Envolta numa bandeira nacional, a mulher de 37 anos está sentada num pedaço de papelão numa autoestrada de São Paulo. Junto com uns 40 correligionários, ela bloqueia um dos acessos ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O grupo chegou 12 horas atrás, com uma intenção: protestar contra a “eleição roubada”, através de um bloqueio da estrada. O mesmo acontece em outras partes do país.

[…]

A pressão sobre o perdedor é grande. Alguns de seus aliados próximos reconheceram o pleito, diversos chefes de Estado conceituados parabenizaram Lula. Consta que certos assessores de Bolsonaro teriam tentado convencê-lo a ceder. Mas para o presidente a base eleitoral radical é importante. Se ele se curvar à pressão, pode ser visto como fraco e incoerente. Pode ser uma tática para mantê-los ligados e especular com os distúrbios no país.

[…]

Alguns fãs de Bolsonaro exigem abertamente uma intervenção militar e espalham o boato de que o Exército vai intervir depois de 72 horas. Indagado se tudo permanecerá pacífico, um bolsonarista só dá de ombros e sorri com escárnio.

Até agora são principalmente protestos de indivíduos que se organizam nas redes sociais. Mas, caso o número das manifestações cresça, a coisa pode ficar perigosa. Há quem tema imagens como as de 6 de janeiro de 2021 em Washington, quando simpatizantes radicais de Trump invadiram o Capitólio. Por medo de distúrbios, a Esplanada dos Ministérios foi fechada preventivamente.

[…]

É mais do que questionável que os bloqueios em estradas vão alterar de algum modo a troca de poder. Mas os protestos mostram: o bolsonarismo é forte, mesmo sem discursos diretos de Bolsonaro. Realmente se conseguiu fundar um movimento ativo, e não só na internet.

E se Bolsonaro reconhecer o resultado das urnas? “A gente não vai desistir”, diz Eliane Mouco. “Vamos continuar lutando pela liberdade.” No meio tempo, nesta terça-feira o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) convocou seus ativistas a ajudarem na retirada das barricadas, perante a inação da polícia. Mas cabe evitar confrontações com bolsonaristas.

Süddeutsche Zeitung – O grande modelo do norte (02/11)

Joe Biden logo parabenizou Luiz Inácio Lula da Silva, como é a praxe entre democratas. No domingo, o presidente dos Estados Unidos enviou imediatamente congratulações ao futuro colega do Brasil, após a vitória deste em “eleições livres, justas e confiáveis”, segundo informou a Casa Branca.

Desse modo, Washington reconheceu Lula rapidamente. Mas no norte da América existe um outro político conhecido que se pode considerar ídolo de Jair Bolsonaro. No pior dos casos, o futuro próximo do Brasil se guiará pela cartilha dele, Donald Trump.

Até hoje, Trump não reconheceu publicamente sua derrota nas eleições presidenciais americanas de 2020. Pelo contrário: há mais de dois anos os republicanos e seus aliados esbravejam sobre uma “grande fraude”: a vitória de Biden seria roubada – embora o resultado a favor dos democratas esteja documentado acima de qualquer dúvida.

The big lie“, a grande mentira, é como se chama essa versão. Seu veneno se infiltrou fundo na sociedade americana – pelo menos naquela parte que ainda venera Trump, apesar de todos seus escândalos, ou justamente por causa deles, e quer tê-lo de volta ao Salão Oval nas eleições presidenciais de 2024.

[…]

O caso Trump mostra de modo eloquente que a pessoa não some só porque foi oficialmente destituída por votação.

[…]

O filho de Bolsonaro Flávio, senador, usou palavras quase idênticas às de Trump, e já na quarta-feira, antes da derrota do pai no segundo turno, tuitava sobre “a maior fraude eleitoral que já houve”. Um outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, mantém contatos estreitos com os círculos de direita dos EUA que fazem propaganda para seu pai. Segundo Darren Beattie, que escrevia discursos para Trump, Bolsonaro defende aquele tipo de nacionalismo “que a gente quer e apoia”. Lula representa “a forma mais destruidora e corrosiva” do comunismo.

Os Estados Unidos da América mostram em que resultam suspeitas constantemente repetidas e ataques permanentes. A violência política, sobretudo direitista, cresceu consideravelmente – veja-se a invasão do Capitólio de 6 de janeiro de 2021, ou, mais recentemente, o atentado à casa da democrata Nancy Pelosi.

[…]

A questão é o que a tática de Trump significa para Bolsonaro. Não há “nenhuma possibilidade de que o resultado das urnas eletrônicas esteja correto”, afirmou o ex-agitador trumpista Steve Bannon ao jornal Folha de S. Paulo. “Precisamos de uma apuração de urna a urna, mesmo que dure seis meses.” No meio tempo, o presidente não deve aquiescer em deixar seu cargo.

Isso soa como a estratégia de Trump e seus aliados, que depois de novembro de 2020 exigiram recontagens. […] Num live stream com correligionários, nos EUA, Steve Bannon, que assessorou Trump, disse que Bolsonaro não pode ceder, “impossível”.

Berliner Zeitung – Do cárcere à vitória (01/11)

[…]

Em seu primeiro discurso, Lula afirmou que será presidente para todos os brasileiros, não só para os que o elegeram. Também na campanha eleitoral ele se apresentou como grande conciliador. Mas não será fácil.

Bolsonaro pode ter ficado atrás de Lula, mas obteve um resultado alto nas urnas. Seu partido terá a bancada mais forte da Câmara dos Deputados. Os três estados brasileiros mais populosos, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, passarão a ser governados por aliados bolsonaristas. Lula terá que lutar duro para conseguir maiorias. Ele está ciente disso, e na política agora se move nitidamente em direção ao centro.

E, como Bolsonaro, também Lula é uma figura odiada por muitos brasileiros. Passados os anos de júbilo [de sua presidência], não demorou até que se gritasse “Lula: ladrão” nas manifestações e se erguessem no ar bonecos do ex-presidente vestido de presidiário.

A partir de 2014, o Partido dos Trabalhadores se transformou numa superfície de projeção para a decepção de toda uma nação. Depois do começo de uma grave crise econômica, porém sobretudo da revelação de gigantescos escândalos de corrupção, de repente Lula passou a ser considerado o cabeça de uma rede criminosa.

Em 2016 a sucessora e afilhada política de Lula, Dilma Rousseff, foi deposta num processo de impeachment, questionável do ponto de vista jurídico. No domingo, também ela estava presente em São Paulo: “Esta vitória representa muito para os brasileiros”, comentou ao Berliner Zeitung. “Nós mostramos que estamos de volta.”

[…]

Der Tagesspiegel – Um suspiro de alívio. E aí? (01/11)

E o que é que acontece agora, depois do primeiro suspiro de alívio? Claro, a maioria dos Estados democráticos da América e da Europa está aliviada pelo resultado da eleição presidencial no Brasil. O radical de direita Jair Bolsonaro foi derrotado pelo candidato de esquerda Luiz Lula da Silva; não terá um segundo mandato em que possa continuar derrubando a floresta amazônica, demonizando seus adversários e minando a confiança na democracia.

Mas o que se segue à eleição? Acima de tudo se evocam esperanças que não correspondem à realidade do Brasil: o vencedor Lula iria superar a cisão política do país, reconciliar os polos políticos hostis, salvar o ecossistema da Amazônia e o clima junto, fortalecer a ordem democrática e resgatar o país de um suposto isolamento internacional.

Se é para tudo isso dar certo, era melhor os brasileiros terem escolhido um outro presidente. Lula não é nenhum ser de luz. Ele já foi presidente em dois mandatos, de 2003 a 2011. Com sua sucessora, Dilma Rousseff, que acabou sendo destituída do cargo, preparou o terreno para que Bolsonaro vencesse claramente em 2018, num pleito de protesto contra a exploração do Estado pela ala de esquerda. Antes, Lula fora condenado a uma pena de prisão. Ele não teve que cumpri-la porque os juízes a declararam tendenciosa, porém exonerado das acusações, ele não foi.

[…]

Assim como o ancião [Joe] Biden, aos 77 anos Lula já parece uma personagem de ontem. Ele não encarna nem a mudança de geração nem o frescor que seriam necessários para sinalizar tanto à sociedade brasileira quanto os parceiros no exterior que, após uma perigosa fase de confusão, nasce uma nova época de estabilidade e confiabilidade.

Por isso é aconselhável olhar para o Brasil com modéstia. O eleitorado se decidiu por Lula por uma maioria apertada, não por causa dele próprio, mas para evitar alguém pior ainda. A divisão da sociedade em facções inimigas permanece, não há truques de mágica para superá-la.

Nesta situação já seria positivo se Bolsonaro não conclamasse seus adeptos a resistirem, e o Brasil fosse poupado da prova pela qual os EUA tiveram que passar. Aqui, como lá, a tarefa premente seria iniciar uma troca de geração entre as candidatas e candidatos, antes que seja a hora da próxima eleição.

PRESIDENTE APELA PARA A DESOBSTRUÇÃO DAS ESTRADAS

 

Foto: Reprodução Youtube/AFP

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Por Vinícius Valfré

Presidente diz que o bloqueio de estradas é ilegal e prejudica o direito de ir e vir das pessoas. Nas redes sociais, filhos do chefe do Executivo exaltam atos em frente a sedes militares que pediram intervenção

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou nesta quarta-feira, 2, um vídeo pedindo aos apoiadores que desbloqueiem as rodovias do País. Na gravação, Bolsonaro afirmou entender que os militantes estejam “chateados”, mas disse que é preciso “ter a cabeça no lugar”.

“Quero fazer um apelo. Desobstrua as rodovias. Isso aí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder essa nossa legitimidade”, disse no vídeo que foi divulgado quase 72 horas depois do resultado das eleições. Os manifestantes contestam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de domingo.

“O fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Eu tenho que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo a nossa economia”, afirmou.

Bolsonaro pediu para que seus apoiadores busquem outras formas de se manifestarem e lembrou que o bloqueio de rodovias é ilegal.

“Prejuízo todo mundo está tendo. O apelo que eu faço a você: desobstrua as rodovias. Proteste de outra forma, em outros locais, que isso é muito bem-vindo, faz parte da nossa democracia”, afirmou.

Na terça-feira, 1º, Bolsonaro já tinha pedido que os manifestantes não realizassem atos impedindo o direito de ir e vir da população. O pedido foi feito em seu primeiro discurso após quase 45 horas do resultado das eleições do último domingo, 30, em que o presidente saiu derrotado.

Simpatizantes do presidente se reuniram na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel General de Brasília, contra a escolha da maioria dos eleitores, que deram a vitória ao ex-presidente Lula
Simpatizantes do presidente se reuniram na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel General de Brasília, contra a escolha da maioria dos eleitores, que deram a vitória ao ex-presidente Lula Foto: FLORIAN PLAUCHEUR / AFP

Nesta quarta, o número de bloqueios e interdições de vias federais por manifestantes bolsonaristas havia caído para 126, segundo boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) às 20h21. No auge dos protestos, na segunda-feira à noite, havia 420 obstruções. A PRF informou ter desfeito 732 manifestações, além de 1.992 autuações referentes à obstrução das rodovias. As multas aplicadas somam R$ 18 milhões, de acordo com a PRF. O número de Estados com pontos de bloqueio também foi reduzido, de 17 para 14.

Em São Paulo, que teve oito interdições de manhã e à tarde, terminou o dia com duas. Em uma das ações, por volta das 11h30, o Batalhão de Choque da Polícia Militar, liberou o tráfego na Castello Branco (SP-280), na altura do km 26. Os militares lançaram bombas de gás lacrimogêneo.

Minutos depois do apelo do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se solidarizou com apoiadores do presidente que foram para frente de quartéis nesta quarta-feira, 2, pedir intervenção militar, o que é inconstitucional. “Aplausos de pé a todos os brasileiros que estão nas ruas protestando, espontaneamente, contra a falência moral do nosso país!”, escreveu.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou o vídeo do pai no Instagram, mas acrescentou um comentário: “Não parar, não precipitar, não retroceder”. Mais cedo, o parlamentar havia publicado vídeo de uma aglomeração de militantes bolsonaristas em frente ao Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro.

TEMOS DOIS BRASIL UM DA DIREITA E O OUTRO DA ESQUERDA

 

A ‘insurreição’ bolsonarista é só parte da oposição que aguarda o novo presidente

William Waack – Jornal Estadão

Lula é um populista clássico dono de um partido no qual manda e desmanda. Bolsonaro é um populista “moderno” cuja atuação política como líder de oposição vai depender do que foi muito útil em campanhas eleitorais – redes sociais – e inútil como instrumento para governar.

Ambos compartilham uma noção hipertrofiada do que seja a própria capacidade de “tomar as ruas”. Basta lembrar que o PT insistiu na convocação de contra manifestações em 2016, e perdeu. Quanto a Bolsonaro, parece claro que o silencio de 48 horas após o resultado de domingo escondia uma esperança: o de uma espécie de “insurreição” popular contra a vitória de Lula.

Sim, é muito forte para ser ignorado o flerte de forças da ordem (como a PRF) com a desordem, o que já acontecera no movimento dos caminhoneiros em 2018. Mas protestos desse tipo, espontâneos ou não, tendem a se esvaziar rapidamente pois carecem de sentido e direção.

Apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebram o resultado das urnas
Apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebram o resultado das urnas  Foto: Bruna Prado/AP Photo

Eles dão, porém, uma ideia da virulência da oposição que Lula enfrentará, e que nem de longe existia quando assumiu pela primeira vez. O novo governo terá as dificuldades de praxe com um Congresso no qual maiorias existem apenas no papel, e com o qual terá de dividir o poder também de forma inédita. Contudo, dispõe das ferramentas para sobreviver.

A oposição extra parlamentar é que deveria ser bem mais preocupante do ponto de vista de Lula. O bolsonarismo é apenas uma expressão dessa ampla e profunda oposição, e talvez nem a mais decisiva. Ao contrário do que discursa Lula, saíram dois brasis das urnas. Lula beneficiou-se em grande parte da rejeição de Bolsonaro. Ganhou sobretudo pelos defeitos de seu adversário, mas não por oferecer uma visão de mundo que convencesse a maioria do eleitorado.

Apoiadores de Jair Bolsonaro acompanham a apuração das urnas
Apoiadores de Jair Bolsonaro acompanham a apuração das urnas Foto: Toni Molina/AP Photo

Bolsonaro deixou claro que pretende ser o líder desse grande espectro bem evidenciado pelas eleições proporcionais. É muito difícil que o consiga. Supondo que ele saiba quais serão seus passos quando acordar desempregado em janeiro vai precisar da estrutura partidária à qual pertence formalmente mas que tem outro dono, com interesses próprios (que o levarão a se acomodar com Lula). E de uma estratégia, coisa que nunca teve.

Para Lula, é um quadro que oferece pouco conforto. Está bem consolidado o fenômeno que explica boa parte da vitória de Bolsonaro em 2018 e seus 58 milhões de votos em 2022. Uma imensa parte do Brasil quer mudar o que está aí, tem pouca confiança nas instituições das mais variadas (como Judiciário ou imprensa, por exemplo), despreza partidos e o sistema eleitoral e não está disposta a conceder a Lula o benefício da dúvida.

*JORNALISTA E APRESENTADOR DO PROGRAMA WW, DA CNN

CONGRESSO TEM QUE TER UMA OPOSIÇÃO FORTE

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Plenário do Senado.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O resultado do primeiro turno das eleições de outubro mostrou que, se Jair Bolsonaro acabasse vencendo Lula no segundo turno, teria mais facilidade para governar a partir de 2023, com uma base aliada mais ampla do que vinha tendo até agora. De fato, o eleitor deu mais cadeiras aos partidos que vêm apoiando o atual presidente da República. Mas isso não quer dizer que a vitória de Lula lhe traga dificuldades intransponíveis para construir maioria parlamentar, pois partidos e políticos prontos a abraçar a mudança de ares não faltarão. No entanto, também há razões para crer que a oposição terá força, se assim desejar, para barrar ao menos os projetos mais radicais que Lula e o PT desejarem colocar em prática pela via parlamentar. E uma oposição forte será essencial ao longo dos próximos quatro anos.

Lula governou praticamente sem contestação em sua primeira passagem pelo Planalto – um pouco porque suas vitórias eleitorais em 2002 e 2006 foram bastante convincentes, um pouco porque o petismo usou os métodos que hoje o Brasil todo conhece para comprar apoio parlamentar. Desta vez, contra um presidente que boa parte do jornalismo e da opinião pública classificou como “o pior da história”, além de “genocida” e “fascista”, Lula precisou buscar aliados até entre antigos inimigos, contar com o apoio maciço da imprensa, dos formadores de opinião e de quase toda a sociedade civil organizada, e receber uma ajuda (independentemente de ter sido intencional ou não) da Justiça Eleitoral – tudo isso para triunfar por míseros dois pontos porcentuais de vantagem. Ou seja, Lula pode ter vencido, mas não tem a mística de antigamente; ainda que blocos como o Centrão migrem para a futura base aliada do governo petista, é possível prever que desta vez ele terá vida muito mais difícil no Congresso.

A futura oposição brasileira tem de ser numerosa, mas também aguerrida, apoiando os bons projetos, venham de onde vierem, e contrapondo-se a qualquer tentativa de Lula e do petismo de colocar em prática uma plataforma radical

Parte dessa dificuldade se deve ao perfil da bancada eleita pelos apoiadores de Bolsonaro. Em 2018, vários deputados e senadores foram eleitos na esteira do bolsonarismo e depois romperam com o governo; muitos deles acabaram punidos nas urnas em 2022. Desta vez, com a experiência de quatro anos de observação, o eleitor alinhado com Bolsonaro preferiu candidatos – tanto novatos quanto aqueles que já tinham cargo eletivo – que se mantiveram leais ao presidente mesmo nos momentos em que ele foi mais contestado. A “bancada bolsonarista” eleita em 2022, portanto, é não apenas mais numerosa, mas também mais fiel que a de 2018 e mais propensa a defender, no Congresso, as pautas socioeconômicas e comportamentais que impulsionaram sua eleição.

Este cenário é especialmente evidente no Senado, onde aliados de Bolsonaro foram eleitos por várias legendas do Centrão, e não apenas o PL, o partido do presidente: é o caso do atual vice-presidente, Hamilton Mourão, e da ex-ministra Damares Alves (ambos do Republicanos), bem como da também ex-ministra Tereza Cristina (do PP). Ao lado de outros senadores que consideram impensável uma aproximação com o petismo, eles devem ser a maior esperança de impedir Lula de conquistar ao menos a maioria qualificada que permita mudar a Constituição. Por fim, é sempre necessário lembrar que, tanto no Centrão quanto em outras legendas, como o PSDB e o União Brasil, há inúmeros parlamentares que têm postura mais moderada e estariam dispostos a rejeitar excessos radicais, seja por convicção própria, seja por medo da reação do seu eleitorado.


A democracia, da qual tanto se falou ao longo de toda essa campanha eleitoral, é prejudicada quando inexiste oposição – e basta observar como regimes autocráticos mundo afora se empenham em aniquilar os blocos políticos que não lhes são subservientes. Uma boa oposição parlamentar fiscaliza o governo de turno e freia seus excessos, aprimora o debate político, chama a atenção para assuntos importantes negligenciados pelo Executivo. A esquerda brasileira, quando esteve fora do governo, se pautou pela oposição destrutiva e pelo recurso ao tapetão, aproveitando-se do ativismo judicial para conseguir o que era incapaz de obter no Congresso. A futura oposição brasileira tem de ser numerosa, mas também aguerrida, apoiando os bons projetos, venham de onde vierem, e contrapondo-se a qualquer tentativa de Lula e do petismo de colocar em prática uma plataforma radical.


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