quinta-feira, 27 de outubro de 2022

BOLSONARO TEM INSERÇÕES DE RÁDIO BEM MENOR DO QUE LULA

 

Reação

Por
Rodolfo Costa
Brasília

BRA125. BRASÍLIA (BRASIL), 19/10/2022. – Jair Bolsonaro, presidente de Brasil y candidato a la reelección habla durante una rueda de prensa hoy, en el Palacio da Alvorada de Brasilia, en Brasilia (Brasil). EFE/ Joédson Alves.


Bolsonaro acusou um suposto favorecimento do TSE à campanha de Lula ao rejeitar a denúncia sobre irregularidades nas inserções de rádio.| Foto: Joédson Alves/EFE

Apesar de não haver consenso entre os estrategistas, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará associar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a um suposto favorecimento ao PT e à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva após a Corte rejeitar a denúncia de desequilíbrio em inserções de rádio a favor do petista.

Em comício em Minas Gerais, nesta quarta-feira (26), Bolsonaro sugeriu a possibilidade de tentativa de manipulação do resultado das eleições. Disse que as suspeitas teriam “o dedo” do PT e que o partido, juntamente com o TSE, teria “muito o que explicar nesse caso”. À noite, em declaração à imprensa no Palácio da Alvorada, voltou a fazer essa associação após o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negar prosseguimento à queixa apresentada pela campanha à reeleição.

“Está comprovado a diferenciação e o tratamento dispensado ao outro candidato [Lula], que poderia — não posso afirmar — até ter participação dele em algum momento. Se o TSE não tinha nada a ver com isso, é incompreensível a demissão sumária desse servidor e da forma como foi conduzido para fora do TSE”, declarou Bolsonaro sobre a exoneração do servidor Alexandre Gomes Machado, que era responsável no tribunal em disponibilizar as inserções da propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

O presidente também afirmou que a campanha vai contratar uma terceira auditoria a fim de respaldar a denúncia apresentada ao TSE e disse que a coordenação jurídica deve recorrer da decisão do ministro Alexandre de Moraes.

A despeito das declarações de Bolsonaro, a própria campanha se divide sobre o tema. Uma ala entende que é importante confrontar o TSE a fim de alertar e engajar os eleitores nesta reta final do segundo turno, sobretudo o eleitorado mais “raiz” do presidente. A percepção de outro grupo é de que as suspeitas têm pouco potencial de conversão de votos e de ampliação da base eleitoral, e que o mais prudente é manter a sustentação da denúncia e contestar nos tribunais cabíveis decisões adversas ao caso, mas evitar uma associação direta entre Lula, PT e TSE.

Os estrategistas que entendem que a campanha deve se distanciar dos holofotes defendem uma atuação mais estratégica nos bastidores. Não à toa, os coordenadores eleitorais deram aval e incentivaram congressistas da base a adotarem movimentos políticos para pedir a investigação das suspeitas e associar um suposto favorecimento do TSE à candidatura petista.


Como coordenadores da campanha reagiram ao desequilíbrio nas inserções
A campanha de Jair Bolsonaro adotou uma postura mais pragmática em relação às suspeitas de discrepância entre as inserções veiculadas nas rádios. O coordenador de imprensa, Fábio Wajngarten, usou as redes sociais para dar mais detalhes do levantamento que embasa a denúncia. “As auditorias de mídia contratadas pela campanha são renomadas, certificadas e com alta tecnologia”, disse.

Wajngarten comentou as alegadas discrepâncias nas inserções de rádio em Minas Gerais. Segundo a auditoria, apenas entre 7 e 14 de outubro, 90% das rádios mineiras exibiram 15.101 inserções a mais para o PT. “É um escândalo sem precedentes!!!”, escreveu. À noite, em entrevista à Jovem Pan, assegurou que a campanha enviou inserções às rádios. “Temos todos os recibos”, disse.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, outro integrante do núcleo político da campanha, teve uma atuação mais discreta. Depois de publicar na terça-feira (25) um vídeo nas redes sociais afirmando que a campanha havia protocolado a petição junto ao TSE com a auditoria realizada, ele não voltou a tocar no caso nesta quarta. Limitou-se a comemorar as informações de geração de empregos em setembro, falar sobre a agenda eleitoral de Bolsonaro e a propaganda eleitoral veiculada na rede nacional de TV, além de destacar a promessa de aumento real do salário mínimo em 2023.

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi outro a destacar a geração de empregos em setembro em comentário no Twitter. A abordagem de uma agenda propositiva é apontado como o mais estratégico no momento para virar votos e assegurar uma vitória. Boa parte dos coordenadores eleitorais esperam um desdobramento mais robusto para evitar acusações e incorrer em alguma irregularidade eleitoral que possa gerar prejuízos à campanha. “Até porque o TSE está com superpoderes”, comenta um interlocutor.

O coordenador-geral da campanha, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), se manifestou sobre diferentes temas, desde propostas em caso de reeleição, como o aumento do salário mínimo, ao tema das inserções nas rádios. “Bolsonaro levou uma segunda facada. Vamos vencer as eleições, apesar da tentativa de manipulação do resultado”, declarou.

Como a base política pode ajudar a campanha no caso das inserções
A articulação da campanha junto à base política para associar as denúncias entre Lula e TSE é algo que interlocutores apontam que deve ganhar mais força até as eleições. Os requerimentos de deputados federais para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e de uma comissão externa para acompanhar os desdobramentos do caso são ambos movimentos que tiveram o aval e a anuência da campanha nos bastidores.

Entende-se que a estratégia política junto à base não tem potencial para desgastar a campanha como as acusações diretas feitas pelo próprio Bolsonaro. A expectativa é que os parlamentares aliados ajudem a construir um movimento de engajamento da militância nas redes sociais sem as digitais do próprio presidente ou de coordenadores eleitorais.


Entre os requerimentos que tendem a ganhar mais força é de uma comissão externa da Câmara. Por não envolver despesas orçamentárias da Casa, o regimento interno possibilita que o colegiado possa ser criado apenas pelo aval e a autorização do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já uma CPI demandaria 171 assinaturas e, em uma semana sem sessões do Congresso, essa seria uma tarefa mais desafiadora.

O deputado federal Vitor Hugo (PL-GO) defende os movimentos da base aliada e entende que a denúncia apresentada pela campanha é “gravíssima”. “São mais de 1.280 horas de exposição nas rádios a menos para a campanha do presidente. Isso é uma desigualdade e desequilíbrio que a Justiça Eleitoral precisa dar uma resposta que possibilite o reequilíbrio da paridade de armas entre os candidatos”, argumenta.

Outra estratégia adotada por aliados é o de pedir proteção à segurança e integridade do servidor exonerado do TSE. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) fez o pedido à Polícia Federal (PF). O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) foi outro a adotar movimento semelhante, ao oficiar o Ministério da Justiça para requerer a proteção ao servidor que prestou depoimento à PF.

“Acho que vai ser inevitável aprofundar nessa investigação e entender por que isso acontece, por que o TSE tem tanta sede para monitorar rede social, censurar emissoras, jornalistas, perfis, mas não controla propagandas que a gente paga e está dando esse disparate todo que saiu na mídia”, opina.

Girão diz, ainda, que tem pedido e conversado com senadores para articular medidas relacionadas ao caso. “O Senado está paralisado, não está mais nem de joelho. Está quase no chão porque fica assistindo a isso tudo, os sucessivos abusos que vêm dos nossos tribunais superiores”, afirma. Ele é autor de um requerimento para fazer um voto de repúdio a censuras do TSE a veículos de imprensa. O requerimento foi assinado por 23 senadores, mas ainda precisa de mais quatro assinaturas.

O cientista político Lucas Fernandes, coordenador de análise política da BMJ Consultores Associados, entende que é coerente a campanha e a base política coordenarem ações que visam criar associações entre Lula e o TSE. Mas pondera que os efeitos disso apenas geram “cortina de fumaça” política.

“É o que sobrou. É melhor fazer barulho com isso do que deixar o noticiário repercutir o aumento da gasolina e do diesel, falar sobre Roberto Jefferson. É um caso que corrobora muito a narrativa de Bolsonaro de que o Judiciário supostamente tem um lado e que está ali consistentemente favorecendo o Lula”, diz.

Indiretamente, Fernandes entende que pode haver algum benefício à campanha, mas mínimo. “Dá um tema quente para ele abordar na eleição e, de quebra, pega um ou outro eleitor indeciso que veja o caso e avalie como um grande complô contra o Bolsonaro, mas que atinge um impacto e nicho pequeno do eleitorado”, diz.

Desequilíbrio nas campanhas
Caso das inserções de rádio: 4 pontos sobre a denúncia da campanha de Bolsonaro
Por
Gazeta do Povo


Auditoria apontou que houve mais inserções de rádio pró-Lula que pró-Bolsonaro durante a campanha do segundo turno.| Foto: Waldemir Barreto/Rádio Senado

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira (25) um relatório que apontou um suposto desequilíbrio nas inserções de campanha eleitoral em rádios que teria favorecido o seu adversário, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O envio do relatório atendeu a um pedido do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que havia dado um prazo de 24 horas para que os advogados de Bolsonaro apresentassem provas das alegações, com informações sobre “rádios, dias ou horários em que não teriam sido veiculadas as inserções”.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse nesta terça via Twitter que espera uma “solução rápida” para o caso. “Cabe esclarecer que não se trata de qualquer questionamento acerca do sistema eleitoral ou sobre a atuação do TSE. O que estamos apontando é uma absurda supressão ou migração de comerciais que Bolsonaro teria direito em favor da campanha de Lula”, ressaltou.

Na noite desta quarta-feira (26), Moraes rejeitou o pedido da campanha de Bolsonaro para abrir uma investigação sobre irregularidades nas inserções de rádios. Poucos depois, Bolsonaro fez um pronunciamento à imprensa para dizer que a assessoria jurídica da campanha irá recorrer da decisão.


Para apresentar um panorama do que já se sabe, a Gazeta do Povo organizou os aspectos mais importantes do caso nos quatro pontos a seguir.

  1. O que diz a denúncia?
    A denúncia diz que há um suposto desequilíbrio na forma como diversas rádios estão veiculando as inserções determinadas pela Justiça Eleitoral, com suspeita de favorecimento para a campanha de Lula. Segundo a coligação do atual presidente, a sua campanha teve cerca de 154 mil aparições de 30 segundos a menos do que Lula em rádios de todo o Brasil.

A campanha de Bolsonaro diz que há “possível abuso dos meios de comunicação em rádio” em favor de Lula e pediu a suspensão das propagandas do petista “até que se atinja o número de inserções usurpadas”.

O caso mais gritante, segundo a auditoria, ocorreu na região Nordeste, onde Lula apareceu 12 mil vezes a mais que Bolsonaro nas inserções de rádio:

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O estado com maior desequilíbrio foi a Bahia, em que Bolsonaro teve 26% a menos de tempo de inserções que Lula:

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Na região Norte, a diferença verificada pela auditoria também foi relevante. Bolsonaro teve um tempo 9% menor:

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  1. Qual é o universo de rádios abordadas na denúncia?

O suposto desequilíbrio nas inserções ocorreu em diversas rádios de todo o Brasil. Segundo assessores da campanha do presidente, até mesmo algumas rádios com viés pró-Bolsonaro teriam veiculado mais inserções pró-Lula.

Como a diferença foi especialmente grande nas regiões Norte e Nordeste, a campanha de Bolsonaro decidiu focar nessas duas regiões para ilustrar a gravidade das denúncias, centrando-se nos dados compilados entre os dias 7 de outubro e 21 de outubro.

Depois que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, pediu uma “juntada de provas e/ou documentos sérios” que comprovassem as alegações, assessores do presidente passaram a madrugada da segunda para a terça organizando dados sobre algumas rádios em que a discrepância foi maior. Uma pasta de Google Drive vazada nesta terça-feira (25) trazia dados detalhados sobre as diferenças verificadas em oito dessas rádios. Essa seleção foi feita com propósito ilustrativo, mas a diferença se verificou em centenas de outras emissoras em todo o país.

No Nordeste, segundo a auditoria, 991 emissoras (88,3% do total) veicularam mais propagandas para Lula; 94 emissoras publicaram mais inserções de Bolsonaro (8,3% do total); e somente 37 (3,3%) teriam feito divulgado as campanhas em número equivalente. No Norte, os números são bastante semelhantes percentualmente.

Procurada pela Gazeta do Povo, a equipe da campanha de Bolsonaro não esclareceu por que não fez um resumo sobre as outras regiões e estados e por que só revelou detalhes compilados das regiões Norte e Nordeste.


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  1. O que se sabe sobre as empresas de auditoria contratadas?
    A empresa Audiency Brasil Tecnologia Ltda, com sede em Florianópolis (SC), foi a responsável por elaborar os relatórios de veiculação das campanhas em rádio que foram entregues ao TSE. Trata-se de uma plataforma de streaming de dados de emissoras de rádio da América Latina, que distribui métricas e detalhes para alavancar anúncios de clientes em rádio.

Uma campanha publicitária da empresa aponta a possibilidade de candidatos acompanharem os spots de campanha eleitoral em tempo real por meio de ferramentas para garantir que as campanhas estejam sendo veiculadas corretamente. O nome da Audiency não aparece na prestação de contas do candidato Bolsonaro e nem no Portal da Transparência.

A outra empresa responsável pela auditoria de mídia e informada pelo assessor do presidente Bolsonaro, Fábio Wanjgarten, é a SoundView. Com sede em Minas Gerais, a empresa oferece um painel de controle dos dados de veiculação de emissoras de rádio pelo mundo.

“É possível verificar se o plano de mídia está sendo cumprido. É possível verificar datas, horários, rádios, cidades e diversas outras informações estratégicas de veiculação além de escutar todas as gravações da auditoria”, informa a empresa pelo site.

A SoundView, apesar de não estar mencionada no relatório das auditorias, aparece na prestação de contas do candidato e presidente Jair Bolsonaro, disponível no portal do TSE. A empresa recebeu da campanha de Bolsonaro o valor de R$ 501 mil no dia 26 de agosto, dez dias após o início oficial da corrida eleitoral. Os candidatos Romeu Zema (Novo), Alexandre Kalil (PSD) e Alexandre Silveira (PSD) também contrataram serviços da plataforma durante o pleito.

  1. O que diz o TSE hoje?
    Inicialmente, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, emitiu uma decisão crítica à denúncia, dizendo que “os fatos narrados na petição inicial não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documento sério” e chamando o relatório da auditoria de “apócrifo”.

Após a apresentação de provas das alegações, Moraes rejeitou a ação proposta pela campanha de Bolsonaro, nesta quarta, afirmando que os fatos narrados ao TSE foram “extremamente genéricos e sem qualquer comprovação”. O presidente do TSE também solicitou que seja investigado eventual “crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno” das eleições por parte da campanha à reeleição do mandatário.

Moraes ordenou também que a Corregedoria-Geral Eleitoral seja intimada para apurar “eventual desvio de finalidade na utilização de recursos do Fundo Partidário dos autores”.

Em um comunicado à imprensa mais cedo, o TSE se eximiu de eventuais responsabilidades sobre o caso, afirmando que “compete às emissoras de rádio e de televisão cumprirem o que determina a legislação eleitoral” e que “não é função do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) distribuir o material a ser veiculado no horário gratuito”.

A corte eleitoral afirmou ainda que a “fiscalização é responsabilidade dos partidos e das coligações” e que, “em caso de a propaganda não ser transmitida pelas emissoras, a Justiça Eleitoral, a requerimento dos partidos políticos, das coligações, das federações, das candidatas, dos candidatos ou do Ministério Público, poderá determinar a intimação pessoal da pessoa representante da emissora para que obedeçam, imediatamente, às disposições legais vigentes e transmitam a propaganda eleitoral gratuita”.

O jurista Adriano Soares da Costa, especialista em Direito Eleitoral, contesta essa informação, e diz que a fiscalização também é obrigação do TSE, ainda que caiba a partidos e coligações simultaneamente. “O TSE é o fiscal da lei e tem poder de polícia. Se não fosse, por que motivo ter um responsável pelo pool de rádios e televisão? Os partidos devem, sim, fiscalizar também em defesa dos seus interesses. Mas a Justiça Eleitoral tem também essa responsabilidade, porque o sorteio dos horários e o mapa de mídia são feitos com a atuação da Justiça Eleitoral. Quem tem o poder de polícia para atuar de ofício é a Justiça Eleitoral. Não pode ela se desonerar desse poder-dever seu, promovendo a igualdade do pleito. Se não faz esse controle, como promover o cumprimento das determinações que expede e como fazer que as suas decisões sejam respeitadas?”, questiona ele.


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MENTIRA NA POLÍTICA ESTÁ VIRANDO VERDADE

 

Campanha eleitoral

Por
Paulo Cruz


O monstro alado Gerião (em ilustração de Gustave Doré) é a personificação da fraude e da mentira na Divina Comédia, de Dante Alighieri.| Foto: Reprodução/Domínio público

“Entretanto, voltou-se bruscamente e nossos olhares se cruzaram. Li no seu a surpresa, depois a atenção, finalmente a mentira. Não esta ou aquela mentira, mas a vontade da mentira. Era como uma água turva, uma lama.” (Georges Bernanos, Diário de um pároco de aldeia)

Próximo ao período eleitoral de 2014, um curto, mas fundamental livro, de nome assaz sugestivo, foi publicado no Brasil: Da mentira, do filósofo romeno Gabriel Liiceanu. Empolgado com o lançamento – considero Liiceanu o maior filósofo vivo, herdeiro do platônico Constantin Noica e da tradição socrática –, ato contínuo escrevi uma pequena resenha em meu antigo blog, inclusive remetendo-me àquele momento eleitoral. Eis que, dias atrás, diante das atuais circunstâncias, o ensaio de Liiceanu voltou-me à mente.

No artigo da última semana falava eu da normalização do grotesco, de como situações absurdas passaram a ser normais não por uma adequação dos tempos a situações antes consideradas abomináveis, mas porque nós mesmos perdemos a capacidade de separar o anormal do normal, uma vez que somos um país cuja imaginação moral, nas últimas décadas, foi inundada de produções culturais de caráter altamente duvidoso, bem como a uma realidade política repleta de corrupção e escândalos morais, o que nos levou, invariavelmente, “a um desprezo total pela institucionalidade, pelo decoro, pela moral privada e pública, pelo ornamento legal, pelas virtudes; enfim, um desprezo pela ordem. Não há mais julgamentos realizados de acordo com a realidade”.

Militantes não são regidos pela verdade e pela coerência, mas pela ideologia de seu grupo político. A verdade é serva da conveniência e a mentira é um meio para atingir um fim

Referi-me, como exemplo do absoluto surrealismo de nossa situação, a dois casos recentíssimos, protagonizados pelo candidato à reeleição e pela ex-ministra de Direitos Humanos e senadora eleita Damares Alves, que usaram de notórias e inescusáveis mentiras para impulsionar a campanha eleitoral. E curioso foi ler, nos comentários, coisas como: “por que você queria ver os vídeos citados pela Damares para acreditar que aquelas atrocidades acontecem? Você realmente acha que o ser humano não é capaz disso? Por que está mais indignado com ela do que com quem comete tais atos?” Ou: “O Autor se mostra contrário a conjecturas, mas, no entanto, parte de premissas, embora possíveis, para novas conjecturas”.

Ou seja, diante de mentiras, os apoiadores do que está em curso relativizam, abrem mão do decoro, chamam engano de conjectura, e ordenam que eu também teça críticas à esquerda, como se eu já não fizesse isso na maioria de meus artigos; como se eu fosse obrigado a ser menos criterioso com quem diz mentiras fazendo uso do cristianismo e da Bíblia só porque um – vá lá – descondenado periga voltar à Presidência, como se isso fosse problema meu e não de seu candidato, que não só possibilitou como comemorou tal situação.

O fato é que militantes não são regidos pela verdade e pela coerência, mas pela ideologia de seu grupo político. A verdade é serva da conveniência e a mentira é um meio para atingir um fim. Os filtros morais são volatilizados e a primeira realidade é substituída pela segunda. É Eric Voegelin que nos explica:

“O homem continua homem em toda a realidade, mesmo quando perde a razão e o espírito como aquelas partes da realidade que o ajudam a ordenar-lhe a existência; ele não cessa de ser homem […]. Tal imagem do homem da realidade, portanto, embora falha, não perdeu a forma de realidade; ou seja, ele ainda é um homem, com todo o direito de fazer declarações de ordem, mesmo quando a força ordenadora de orientação para o ser divino se perdeu – mesmo assim – a menos que ele coloque uma pseudo-ordem no lugar da ordem real. Então, a realidade e a experiência da realidade são substituídas por uma falsa imagem da realidade. O homem, assim, não vive mais na realidade, mas em uma falsa imagem da realidade, que diz, no entanto, ser a realidade genuína. Há, então, se essa condição pneumopática ocorreu, duas realidades: a primeira realidade, onde o homem normalmente ordenado vive, e a segunda realidade, em que o homem pneumaticamente doente agora vive e que, portanto, entra em constante conflito com a primeira realidade.”


O país de Tiririca
Civilização ou barbárie: a luta (incorreta) contra o politicamente correto
E é exatamente nessa falsa imagem da realidade, uma imagem mentirosa, que as ideologias trabalham e prosperam. A mentira, nesse caso, é utilizada como instrumento político, é normalizada e aceita como regra. Não importa mais o que seu candidato ou grupo ideológico dizem ou façam efetivamente; se isso foi feito para atingir o objetivo desejado pelo grupo, tudo é permitido. É nesse ponto que o livro de Gabriel Liiceanu pode nos ajudar.

Liiceanu fala exatamente da mentira como instrumento político. Primeiro, como um recurso utilizado para se atingir o “bem comum” – chamado por ele de “moral de segunda instância”; depois, como instrumento do mal puro. Para esse último caso, utiliza como exemplo o comunismo na Romênia. Diz Liiceanu no prólogo: “A mentira não pode ser de fato entendida senão como momento negativo da liberdade […]. O fato de a língua, empregada do utilizador humano, poder dizer não apenas o que é, mas também o que ʻnão éʼ – ou seja, o fato de que uma palavra pode dizer não apenas a verdade, mas também mentir – explica por que a história do homem é, em sua essência, uma corrente de desastres”.

A mentira é utilizada como instrumento político, é normalizada e aceita como regra. Não importa mais o que seu candidato ou grupo ideológico dizem ou façam efetivamente; se isso foi feito para atingir o objetivo desejado pelo grupo, tudo é permitido

Após analisar três obras nas quais a mentira é tratada como forma de atingir o “bem comum” – a tragédia Filoctetes, de Sófocles; o diálogo Hípias Menor, de Platão; e, por fim, o moderno O Príncipe, de Nicolau Maquiavel –, Liiceanu faz uma crítica duríssima à situação da Romênia sob a égide do comunismo, não obstante suas críticas serem plenamente válidas a toda deformação ideológica, nas quais “a mentira já não é imprevisível na sua forma, mas fundamental e repetitiva, mentira dita às claras e sistematizada como ideologia. É a mentira constante, monótona e bem articulada”.

O filósofo não poupa as palavras, pois ele mesmo foi vítima de espionagem sistemática do regime totalitário de seu país. Grampeado de 4 de novembro de 1971 a 23 de dezembro de 1989, o que gerou gravações em fita e alguns milhares de páginas escritas a respeito de sua vida cotidiana – que ele descobriu após a abertura dos arquivos da Securitate (a polícia secreta do governo assassino de Ceauşescu), em 1999 –, Liiceanu sabe como ninguém o que é viver sob um regime onde a mentira é uma das armas principais, utilizada como instrumento do mal, a serviço do crime, do engano, da morte.

Militantes, tanto aqueles ocasionais quanto os mais fanáticos, passam a não só aceitar as mentiras, mas também a propagá-las como verdade

É curioso, pois nesse, digamos, contágio da mentira – para usar a expressão que dá título a um livro de meu amigo Martim Vasques da Cunha –, os militantes, tanto aqueles ocasionais quanto os mais fanáticos, passam a não só aceitar as mentiras, mas também a propagá-las como verdade. Todos sabemos, por exemplo, que Luiz Inácio Lula da Silva não foi inocentado, mas não só ele como toda a sua militância repete que sim. Todos sabemos que Jair Bolsonaro sabotou sistematicamente a vacinação no Brasil, mas agora mente e diz que não havia vacina disponível em 2020. E seus apoiadores mentem junto. Liiceanu explica o porquê:

“[…] aquele a quem se mente não é de fato enganado, porque, fingindo crer, a seu turno, ele mesmo mente. Uma vez que aquele a quem se mentiu mente, a mentira no comunismo [na verdade, em qualquer ideologia] é uma pseudomentira, é uma mentira falsa, não é uma “verdadeira mentira”. Às mentiras se tira sua força de engano porque já não enganam ninguém.”

Ou seja, mentir é a regra. Todas as campanhas mentem deslavadamente e são defendidas por seus militantes, não só porque precisam atingir seus objetivos eleitorais, mas porque se todo mundo mente, ninguém mente; a mentira é a regra.


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ESQUERDA ODEIA A POLÍTICA DE ALFABETIZAÇÃO

 

Por
Ilona Becskeházy – Gazeta do Povo


Carlos Nadalin, o secretário de alfabetização do MEC e um dos autores da Política Nacional de Alfabetização.| Foto: Agência Brasil

Prezados leitores, vou interromper minha série de quatro artigos sobre os elementos essenciais de uma política educacional eficaz (currículo, livros didáticos, avaliação e formação docente) para falar de dois temas importantes e a eles relacionados: censura e a Política Nacional de Alfabetização.

De censura, não entendo muito, só acompanho seu recrudescimento nos últimos anos em razão da perda do monopólio das empresas de comunicação longevamente estabelecidas, que nos guiaram pelo cabresto até recentemente. Os geniais colunistas desta Gazeta – que ainda pode ser considerada do Povo – dominam muito, mas muito mais do que eu o conhecimento sobre mecanismos de garantia de regimes democráticos (ou dos que promovem seu esfarelamento sistemático), geopolítica, história da política e dos políticos e assuntos correlatos. Eu apenas entendo de política educacional.

Mas, infelizmente, vivemos para ver uma política educacional elementar ser censurada pelo próprio aparato estatal e midiático criado pelas sociedades que aspiram viver em democracias. A vigilância permanente do estado pela sociedade é uma condição para que aquele cumpra sua função de servir a esta, em oposição a servir-se dela. A imprensa informa fatos à sociedade e dá voz a opinantes – que se espera sejam qualificados – a respeito dos mais variados assuntos. O Legislativo vigia os demais Poderes da República e por eles é vigiado. Entretanto, todos aqui sabemos que essa lógica já foi há muito rompida e nem uma política para alfabetizar crianças pequenas escapou da sanha antidemocrática que acometeu parte da sociedade brasileira e entranhou-se em suas instituições de estado e de representação política.

Julguem vocês próprios. Vamos aos fatos.

A Política Nacional de Alfabetização (PNA) foi criada pelo Decreto 9.765 de 11 de abril de 2019. Entre outras orientações, essa normativa estabelece dois pontos essenciais sobre como deve ser feito o processo de alfabetização nas escolas (e quando não ocorre nelas, nas casas, igrejas, aulas particulares, fonoaudiólogas e similares) do País: 1) apresenta uma lista das etapas cruciais do processo e 2) estabelece que ele deve ser concluído durante o 1º ano do ensino fundamental, ou seja, por volta dos seis anos.

Entretanto, todos aqui sabemos que essa lógica já foi há muito rompida e nem uma política para alfabetizar crianças pequenas escapou da sanha antidemocrática que acometeu parte da sociedade brasileira e entranhou-se em suas instituições de estado e de representação política.

Detalhando. As etapas do processo de alfabetização, exaustivamente identificadas por meios de observação e testagem científica desde o fim dos anos 1990 e corroboradas, desde então, pela Ciência Cognitiva, são: a) consciência fonêmica; b) instrução fônica sistemática; c) fluência em leitura oral; d) desenvolvimento de vocabulário; e) compreensão de textos; e f) produção de escrita. Alguns alunos passam muito rapidamente por algumas delas, outros não. Mas quem os ensina deve estar atento para que cada estágio seja muito bem consolidado antes de passar para o seguinte, ou manter um olho no gato e outro no peixe. Além disso, vencida a fase da fluência leitora, ou seja, quando o aluno lê SOZINHO e DEMONSTRA que entendeu o que leu, o ciclo compreendido pelos itens d), e) e f) acima torna-se permanente, pois estamos sempre aprendendo novas palavras e seus usos, lendo textos cada vez mais complexos e escrevendo idem. Ou deveríamos.

A outra parte da política que precisa ser aceita, pois refutá-la abre as portas para o descalabro do analfabetismo gerado dentro da escola, é que a fluência leitora – a leitura em voz alta, com compreensão, de um texto (inicialmente) curto e simples, próprio para a idade e com cerca de 60 palavras – deve ser atingida até os seis anos. Nossa sociedade vai ter que acatar isso como inegociável. A democracia depende disso. Para que possamos almejar um futuro mais justo, próspero e livre há limites a serem estabelecidos ou, neste caso – como em inúmeros outros -, retomados. Ler aos seis anos é não apenas natural para crianças dos setores mais afluentes de nossa sociedade, mas é o limite pedagógico para a maior parte dos governos em países desenvolvidos, a partir do qual soam todos os alarmes para atrair variadas opções de socorro educacional e até médico.

Mais um item de uma política de alfabetização que precisa ser entendido de uma vez por todas pelos brasileiros, quase os últimos da fila a tomar conhecimento desse fato básico, é que, para pessoas – crianças ou adultos – com os processos visuais, auditivos e cerebrais em ordem, atingir a fluência leitora descrita acima não pode demorar mais que seis meses. Se hoje, no Brasil, a frequência à escola é obrigatória e paga pelo estado desde os quatro anos de idade, é inaceitável que uma criança saia do primeiro ano sem saber ler (além de escrever e fazer as quatro operações até a casa das dezenas). Aliás, as etapas a), b) de d) acima são típicas da pré-escola, onde os alunos brincam para aprender e aprendem brincando. Mas aprendem, ou então deveríamos rever o propósito de se empregar tantos recursos em escolas públicas (e até privadas) entre a creche e o primeiro ano. Se for apenas para dar banho, alimentar e soltar no quintal, provavelmente deveriam custar bem menos do que custam hoje.

Agora vamos a outros fatos, de como essa política está sendo censurada pela imprensa e boicotada pelo Legislativo. Vou apenas dar um exemplo de cada, pois o espaço é exíguo e a paciência de vocês também tem seus limites.

Se hoje, no Brasil, a frequência à escola é obrigatória e paga pelo estado desde os quatro anos de idade, é inaceitável que uma criança saia do primeiro ano sem saber ler

A imprensa, principalmente alguns veículos que escolheram o Presidente Bolsonaro como seu arqui-inimigo, criticaram a PNA desde o nascedouro. É justo o fazerem, porque não é seu papel ser assessoria de imprensa de ninguém, apesar de escolherem sê-lo, de acordo com a conveniência. Só que quando a crítica é mal embasada, passa a ser desinformativa. Vejam um exemplo concreto: a única fórmula de narrativa que alguns proeminentes jornalistas que cobrem educação regularmente conseguiram conceber para criticar a política foi a de que era uma política de “método fônico”. Resumidamente, não se trata de um “método” que é fônico, mas de chamar a atenção aos componentes fônicos da alfabetização. São eles que ligam o que a pessoa ouve com o registro de significado que seu cérebro faz e guarda na memória, para poder ler e compreender o que vem escrito em letras e unidades fonéticas. Sem esse componente, não se aprende a ler. Ao dizer aos seus leitores e expectadores que “fônico é ruim” informa-se mal a professores e pais, os mais diretamente envolvidos com o processo. Não é apenas mau jornalismo, é prejudicial às crianças!

Obviamente, a PNA não se faz apenas com o decreto, a lista completa de programas e ações pode ser encontrada aqui e sua implementação já vem apresentando resultados, tendo, em uma avaliação recente, identificado alunos de 1º ano que alcançaram proficiência em leitura de 3º. Uma política de estado competente pode incomodar o mercado de livros didáticos de baixa qualidade ou de escolas low-cost, por exemplo. Imaginem o pessoal do marketing de grandes grupos empresariais de educação vendo o governo entregar de graça um produto muito melhor do que os que os seus clientes são obrigados a comprar. As escolas low-cost por exemplo (solução de que eu gosto muito, desde que sejam de qualidade), passariam a ter como única vantagem competitiva a ausência de greves. O que não é pouco, mas os pais sabem fazer contas.

Segundo exemplo.

Deputados de oposição (todos do mesmo partido – ganha um doce quem adivinhar qual) e representantes de secretários de educação entraram com uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para derrubar o edital de concorrência para a produção de livros didáticos para a pré-escola, porque estava previsto que o material a ser produzido tivesse como linha condutora atividades de preparação dos alunos para ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas no primeiro ano – ou seja – davam aos alunos de pré-escola, a oportunidade de galgar as etapas elementares de literacia e numeracia, facilitando a finalização do processo no primeiro ano, como fazem seu pares em países desenvolvidos. Perderam, mas gastaram tempo e energia das equipes do Ministério da Educação e recursos preciosos de nossa República depenada. O Acórdão 212/2021-TCU-Plenário, Processo TC 025.932/2020-9 pode ser encontrado no site do TCU, para quem quiser ver como é importante escolher bem seus deputados – a lista de quem iniciou a representação está lá.

Cabe aqui uma explicação. Sabem o tipo de atividade que esses livros, jamais antes oferecidos a essa etapa para escolas públicas por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), continham? Conhecer as letras do alfabeto, desenhar letras e números usando o seu desenho tracejado no papel, ler letras, sílabas e palavras simples, e muita orientação pedagógica para seus docentes. O mesmo (e até melhor – daí seu perigo) que as escolas privadas fazem, ou que se encontra em qualquer livraria ou banca de jornal com os personagens da Disney ou da Galinha Pintadinha. Um crime imperdoável do qual só mesmo o TCU protegeria as crianças: alfabetizar na idade e da forma certas.

Agora pensem: apesar de ser absolutamente normal que, em uma democracia, diferentes grupos da sociedade disputem espaços de poder, os exemplos citados aqui evidenciam uma superrepresentação de grandes interesses econômicos e ideológicos – população não educada faz parte da “revolução” de esquerda – e uma subrepresentação de alunos e suas famílias e do interesse difuso da sociedade em educar as futuras gerações. É o rebalanceamento dessa representação que está em jogo no atual processo eleitoral.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/ilona-becskehazy/por-que-a-esquerda-odeia-a-politica-nacional-de-alfabetizacao/
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PUTIN SÓ PENSA EM BOMBA NUCLEAR

Foto: Maxim Shemetov/Reuters

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Por Thomas Friedman – Jornal Estadão

Presidente russo usa petróleo e gás contra países que apoiam Ucrânia na guerra e deve intensificar pressão no inverno

Conforme o Exército russo continua a fracassar na Ucrânia, o mundo se preocupa com a possibilidade de Vladimir Putin usar uma arma nuclear tática. Talvez — mas por agora acho que Putin está acionando uma outra arma, uma bomba de petróleo e gás natural que ele esta montando bem diante de nossos olhos e com nossa ajuda inadvertida — e ele poderia facilmente detoná-la neste inverno.

Se Putin o fizer, isso poderia mandar para a estratosfera os preços do óleo de aquecimento das residências e da gasolina. A consequência política, Putin certamente espera, dividirá a aliança ocidental e fará com que muitos países — incluindo os Estados Unidos, onde tanto os republicanos trumpistas quanto os progressistas expressam preocupações a respeito do custo cada vez mais elevado do conflito na Ucrânia — busquem um acordo sujo com o homem no Kremlin; prontamente.

Em suma: Putin combate neste momento uma guerra terrestre para romper as linhas ucranianas e uma guerra energética em dois fronts, para quebrar a determinação da Ucrânia e de seus aliados. Ele está tentando aniquilar o sistema de eletricidade ucraniano para impingir um inverno longo e gelado, ao mesmo tempo que se coloca em posição (de maneiras que explicarei adiante) de aumentar os custos de todos os aliados da Ucrânia. E porque nós — os Estados Unidos e o Ocidente — não temos uma estratégia energética em prática para atenuar o impacto da bomba energética de Putin, a perspectiva é assustadora.

Imagem de Vladimir Putin é projetada em tela da Rosneft, empresa estatal de petróleo da Rússia, durante o Fórum Internacional Econômico de São Petersburgo, em 25 de maio de 2018
Imagem de Vladimir Putin é projetada em tela da Rosneft, empresa estatal de petróleo da Rússia, durante o Fórum Internacional Econômico de São Petersburgo, em 25 de maio de 2018 Foto: Sergei Karpukhin / Reuters

Quando se trata de energia, nós queremos cinco coisas que são incompatíveis — e Putin sabe disso.

Nós queremos descarbonizar nossa economia o mais rapidamente possível para mitigar os perigos muito reais das mudanças climática.

Nós queremos os preços mais baixos possíveis de gasolina e óleo de aquecimento, para podermos dirigir nossos carros o quanto quisermos, na velocidade que quisermos, e jamais termos de vestir agasalhos em ambientes fechados ou fazer qualquer coisa para poupar energia.

Nós queremos dizer a petroditadores no Irã, na Venezuela e na Arábia Saudita que é hora de partir.

Nós queremos ser capazes de tratar empresas americanas de petróleo e gás natural como párias e dinossauros, que deveriam garantir nosso lado na atual crise de petróleo e ir se danar depois; e permitir que as fontes solar e eólica tomem conta.

Ah, e não queremos nenhum oleoduto ou gasoduto novo, nem linhas de transmissão de energia eólica ou solar estragando nossos jardins.

Eu entendo por que as pessoas querem essas cinco coisas — e agora. Eu quero todas essas cinco coisas! Mas elas envolvem contrapartidas que poucos de nós querem reconhecer ou debater. Em uma guerra energética, como a que estamos envolvidos neste momento, precisamos ser claros em relação a metas e prioridades. Enquanto país — e enquanto aliança ocidental — nós não possuímos nenhuma escada de prioridades sobre energia, apenas aspirações em competição e pensamentos mágicos de que poderíamos ter isso tudo.

Se persistirmos com isso, viveremos em um mundo de sofrimento se Putin detonar a bomba energética que ele pensa estar montando para explodir no Natal. Veja o que penso ser sua estratégia: Ela começa fazendo os EUA utilizar sua Reserva Estratégica de Petróleo, que é um imenso estoque de petróleo em cavernas gigantescas, que podemos utilizar em alguma emergência para compensar qualquer corte na produção doméstica ou nas nossas importações. Na última quarta-feira, o presidente Joe Biden anunciou a utilização de mais 15 milhões de barris da reserva em dezembro, completando um plano que ele havia delineado anteriormente de utilizar um total de 180 milhões de barris, em um esforço para manter os preços da gasolina ao consumidor o mais baixo possível — previamente às eleições de meio de mandato. (Ele não mencionou esta última parte, nem precisou).

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De acordo com uma reportagem do Washington Post, a reserva continha “405,1 milhões de barris até 14 de outubro. Isso corresponde a cerca de 57% de sua capacidade máxima autorizada de armazenamento, de 714 milhões de barris”.

Presidente dos EUA, Joe Biden, desembarca no aeroporto internacional de Ben Gurion, próximo de Jerusalém, em 13 de julho de 2022. Americano foi ao Oriente Médio para tentar acordo sobre o petróleo e controlar preços
Presidente dos EUA, Joe Biden, desembarca no aeroporto internacional de Ben Gurion, próximo de Jerusalém, em 13 de julho de 2022. Americano foi ao Oriente Médio para tentar acordo sobre o petróleo e controlar preços Foto: Doug Mills/NYT

Em simpatizo com o presidente. As pessoas realmente sofrem com o galão de gasolina a US$ 5 ou US$ 6. Mas usar a reserva — que foi projetada para nos proteger em face a algum corte súbito na produção doméstica ou global — para produzir um desconto de US$ 0,10 ou US$ 0,25 no galão de gasolina antes das eleições é um jogo arriscado, mesmo se o presidente tiver um plano para reabastecer a reserva nos próximos meses.

Putin quer que os EUA esgotem ao máximo sua protetora Reserva Estratégica de Petróleo agora — da mesma maneira que os alemães desistiram da energia nuclear, para depois se viciar no barato gás natural da Rússia. E quando o fornecimento de gás russo foi cortado por causa da guerra na Ucrânia, lares e fábricas da Alemanha tiveram de diminuir o consumo desesperadamente e apelar para alternativas mais custosas.

A seguir, Putin assiste a União Europeia se equipando para banir importações marítimas de petróleo russo, o que começará em 5 de dezembro. Esse embargo — juntamente com o movimento da Alemanha e da Polônia para cessar as importações via oleodutos — deve abranger aproximadamente 90% das atuais importações da União Europeia de petróleo russo.

Conforme notou um relatório recente do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, de Washington: “Crucialmente, as sanções também proíbem as empresas da UE de fornecer seguros sobre o frete, intermediar serviços ou financiar exportações de petróleo russo para outros países”.

O Departamento do Tesouro dos EUA e a União Europeia acreditam que, sem esses seguros, o número de compradores do petróleo russo diminuirá dramaticamente — e então dizem aos russos que são capazes de segurar seus navios petroleiros com as poucas seguradoras ocidentais que dominam o setor apenas se a Rússia baixar o preço do petróleo que exporta para um nível estabelecido pelos europeus e americanos.

A Arábia Saudita, parceira da Rússia na Opep+, certamente não está interessada em ver estabelecido um precedente de teto de preços

Minhas fontes na indústria petroleira afirmam duvidar seriamente que esse teto de preços imposto pelos ocidentais vá funcionar. A Arábia Saudita, parceira da Rússia na Opep+, certamente não está interessada em ver estabelecido um precedente de teto de preços desse tipo. Além disso, o comércio internacional de petróleo é repleto de personagens obscuros — o nome Marc Rich lhe remete a algo? — que prosperam sobre as distorções do mercado. Navios petroleiros carregam transponders que rastreiam suas localizações. Mas embarcações envolvidas em atividades obscuras desligam seus transponders e reaparecem dias depois depois de fazer alguma transferência entre navios ou antes de transferir sua carga para tanques de armazenamento em algum ponto da Ásia para reexportação, de fato lavando o petróleo russo que transportam. Apenas um navio petroleiro é capaz de carregar o equivalente a US$ 250 milhões em petróleo, então as motivações desse esquema não enormes.

Agora acrescente mais um jogador esquivo à mistura: a China. Os chineses possuem todo tipo de contrato com preço fixo a longo prazo para importar gás natural liquefeito do Oriente Médio a um valor aproximado de US$ 100 o barril equivalente de petróleo. Mas por causa da tresloucada estratégia do presidente Xi Jinping para conter a covid — nos meses recentes cerca de 300 milhões de cidadãos viveram sob lockdowns totais ou parciais — a economia chinesa diminuiu consideravelmente de ritmo, assim como seu consumo de gás. Como resultado, dizem-me fontes da indústria petroleira, a China está pegando parte do GNL que compra pelos contratos a preço fixo para uso doméstico e revendendo para a Europa e outros países sedentos de gás a US$ 300 o barril equivalente de petróleo.

Agora que Xi assegurou seu terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista, muitos esperam que ele alivie seus lockdowns. Se a China voltar a consumir o gás que consumia normalmente e parar de reexportar excedentes, o mercado global de gás ficará ainda mais assustadoramente aquecido.

Tanques de petróleo e gás em porto de Zhuhai, na China, em imagem de 22 de outubro de 2018. País diminuiu consumo de energia e passou a revendê-lo à Europa
Tanques de petróleo e gás em porto de Zhuhai, na China, em imagem de 22 de outubro de 2018. País diminuiu consumo de energia e passou a revendê-lo à Europa Foto: Aly Song/Reuters

Finalmente, como notei, Putin está tentando destruir a capacidade da Ucrânia gerar eletricidade. Hoje mais de um milhão de ucranianos estão sem energia e, conforme tuitou um legislador ucraniano semana passada: “Escuridão total e frio estão a caminho”.

Então some tudo isso e depois suponha: Chega dezembro, e Putin anuncia que está cessando todas as exportações russas de petróleo e gás para os países que apoiam a Ucrânia por 30 ou 60 dias, em vez de se submeter ao teto de preços da União Europeia sobre o petróleo russo. Ele poderia arcar com isso por algum tempo, ainda que curto. Essa seria a bomba de Putin no Natal do Ocidente. Nesse mercado de oferta restrita, o preço do barril do petróleo poderia subir para US$ 200, com elevação proporcional no preço do gás natural. Estamos falando do galão da gasolina a US$ 10 ou US$ 12 para o consumidor americano.

A beleza para Putin de uma bomba de energia é que, ao contrário de uma bomba atômica, cuja explosão uniria o mundo inteiro contra ele, fazer explodir os preços do petróleo afastaria o Ocidente da Ucrânia.

Obviamente, estou apenas tentando adivinhar o que Putin está tramando, e, se o mundo entrar em recessão, a crise poderia fazer baixar os preços da energia. Mas seria prudente termos uma contraestratégia pronta, especialmente porque, ainda que alguns países na Europa tenham conseguido estocar algum gás para este inverno, reconstruir esses estoques para 2023 sem gás russo e com a China voltando ao normal poderia ser muito caro.

Se Biden quer que os EUA sejam o arsenal da democracia, para nos proteger e aos nossos aliados democráticos — e não nos fazer implorar para Arábia Saudita, Rússia, Venezuela ou Irã produzir mais petróleo e gás — precisamos de um robusto arsenal energético tanto quanto do arsenal militar. Porque estamos em uma guerra energética! Biden precisa fazer um grande discurso, deixando claro que no futuro próximo precisaremos de todas as fontes de energia que temos. Investidores americanos da indústria de petróleo e gás têm de saber que, contanto que eles produzam da maneira mais limpa possível, invistam em sequestro de carbono e garantam que qualquer novo oleoduto ou gasoduto que construam seja compatível com transporte de hidrogênio, que provavelmente será o melhor combustível limpo para a próxima década, eles são bem-vindos no futuro energético dos EUA, juntamente com os produtores de energia limpa — solar, eólica, hidroelétrica e de outras fontes — que Biden heroicamente impulsionou com sua legislação ambiental.

Eu sei, não é o ideal. Não é neste ponto que esperei que fôssemos estar em 2022. Mas aqui estamos, tudo mais não passa de pensamento mágico — e a pessoa que menos se engana com isso é Vladimir Putin. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

 

CLIMA CAMINHA PARA DOBRAR A TEMPERATURA DA TERRA

 

Diz ONU

Foto: Redação

Por Redação – Jornal Estadão

Projeção para o fim do século é feita em novo relatório; manutenção de políticas climáticas atuais aponta para 2100 com até 2,8ºC de elevação, mas Acordo de Paris limitou alta a 1,5ºC

O mundo está longe de atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, pacto firmado entre 195 países contra as mudanças climáticas, e restringir o aquecimento global em 1,5º C em relação aos níveis pré-industriais até ao final do século. Mas, se mantidas as políticas climáticas hoje em curso, a temperatura deve subir 2.8ºC (também em comparação com o período anterior à Revolução Industrial).

O alerta aparece no Relatório de Lacuna de Emissões de 2022, do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (Pnuma), publicado nesta quinta-feira, 27. O documento afirma que apenas uma ampla mudança nesse caminho poderia evitar o desastre climático decorrente de um mundo mais quente.

O relatório do Pnuma exemplifica e detalha o tamanho do problema além de sugerir possíveis saídas para evitar o pior. Um dos pontos críticos é a defasagem entre o que os países se comprometeram a fazer e o que, de fato, vem implementando. Desde a Cúpula do Clima (COP-26), em Glasgow, em 2021, os compromissos voluntários assumidos pelas nações para cortar emissões foram responsáveis por remover apenas 0.5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) da atmosfera.

Isso é menos de 1% das emissões que devem ser lançadas na atmosfera em 2030, data limite em que países como o Brasil e os Estados Unidos devem cortar 50% de suas emissões. A União Europeia tem meta de diminuir em 55%.


Desmatamento na Floresta Amazônica é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa do Brasil
Desmatamento na Floresta Amazônica é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa do Brasil Foto: Daniel Beltrá / Greenpeace

Conforme o Pnuma, a maior parte dos países do G-20 começou recentemente a implementar seus planos de reduções. Coletivamente, é esperado que a meta não seja atingida sem que haja uma mudança muita expressiva de rumo. Ou seja, em oitos anos é preciso fazer o que não foi feito até agora desde o Acordo de Paris, de 2015, e após a COP-26.

O Brasil é considerado um ator importante na batalha para evitar a catástrofe climática, diante do peso do desmatamento da Amazônia na alta de emissões. Especialistas apontam que manter a floresta em pé é uma das medidas mais viáveis para conter rapidamente as mudanças climáticas sem a necessidade de investimentos gigantescos ou perdas de Produto Interno Bruto (PIB). Isso porque as atividades que levam à destruição da floresta, como o garimpo ilegal ou a a venda irregular de madeira, são pouco relevantes para a balança comercial brasileira.

Nos últimos anos, porém, o bioma tem visto uma escalada das taxas de devastação e dos incêndios, o que fez o governo Jair Bolsonaro ser alvo de cobrança interna e no exterior. Representantes do mercado estrangeiro também ameaçam impor sanções aos produtos do agronegócio brasileiro ou exigir certificados de origem limpa como forma de pressionar pela queda no desmate.

Caminho a ser escolhido

Para atingir as metas e entrar no caminho, o relatório aponta medidas a serem adotadas na cadeia de geração de energia, indústria do transporte, construção, alimentação e no sistema financeiro internacional. O setor energético é onde estão algumas das maiores oportunidades, com a perspectiva gradual de redução dos custos de investimentos em fontes renováveis e sustentáveis, como energia solar e eólica.

Entre todos os setores, as principais ações para avançar na transformação incluem medidas como evitar ficar preso ao desenvolvimento de novas infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis, avançar ainda mais nas tecnologias de carbono zero, estruturas de mercado e planejamento para uma transição justa, aplicar tecnologias de emissão zero de gases de efeito estufa e estimular mudanças comportamentais para sustentar essa transição.

As transformações que podem ser implementadas no setor de produção de alimentos, responsável por cerca de um terço do total de emissões globais, por exemplo, podem fazer com que ele chegue a 2050 com emissões em nível 33% menor do que as atuais. Não fazer nada, no entanto, resultará em quase o dobro de geração de gases do efeito estufa em relação aos níveis atuais.

Espera-se que uma transformação global para uma economia de baixo carbono exija investimentos de pelo menos US$4 trilhões a US$6 trilhões por ano. Esta é uma parcela relativamente pequena (1,5% a 2%) do total de ativos financeiros administrados, diz o relatório, mas ainda assim mobilizar esses recursos exigirá mudanças fundamentais no mercado financeiro global.

Há alguns avanços em curso. Em relatório publicado nesta semana, a Agência Internacional de Energia afirmou que os investimentos em energia limpa atingiram US$ 1,3 trilhão – superando o montante reservado para combustíveis fósseis, que receberam cerca de US$ 1 trilhão.

“Mesmo com as políticas atuais, até 2030, investimentos em energia limpa vão atingir US$ 2 trilhões”, afirmou o diretor executivo da agência, Fatih Birol. Segundo ele, “isso é dinheiro de verdade posto na mesa”.

Entre as mudanças necessárias, há outras medidas, como tornar os mercados financeiros mais eficientes e transparentes, introduzir a precificação do carbono, bem como a taxação de produtos. Além disso, os cientistas incentivam mobilizar os bancos centrais para que tomem medidas mais concretas em relação ao assunto e criar instâncias de cooperação entre os países para a descabonização de suas economias.

GESTÃO DE BENEFÍCIOS DAS EMPRESAS

 

Sodexo Benefícios e Incentivos

Foi-se o tempo em que apenas um bom salário era suficiente para tornar uma empresa atraente. Atualmente, as organizações mais disputadas no mercado são aquelas que oferecem vantagens além das garantidas pela legislação trabalhista (FGTS, vale-transporte, férias e 13º salário). Dados da pesquisa “O Futuro da Vida no Trabalho”, feita pela Sodexo Insights em parceria com a Harris Interactive, revelam que 92% dos trabalhadores remotos se sentem mais engajados e motivados com benefícios médicos e de saúde, seguido por programas de recompensa, como os cartões presente (87%).

Por isso, investir em uma boa gestão de benefícios é uma ação necessária para as empresas que buscam profissionais que estejam alinhados com a sua cultura organizacional. Em uma rotina cada vez mais corrida e com tantas tarefas, contar com apoio psicológico e/ou social podem fazer a diferença para o trabalhador e seus familiares. Quem busca se exercitar, valorizará o auxílio-academia. Aqueles que vão de carro para o trabalho, provavelmente vão querer o vale-combustível. Diante de tantas necessidades, as empresas precisam estar atentas em atender cada perfil de trabalhador. A Sodexo Insights, plataforma de pesquisas, estudos e análises relevantes no mercado e para o mercado da Sodexo Benefícios e Incentivos, preparou uma série de orientações que podem ser conferidas na íntegra aqui.

“Conceder bons benefícios que atendem as reais necessidades de cada um é uma das razões pelas quais as pessoas vestem a camisa da empresa, apresentam bons resultados e não pensam em trocar de emprego. Isso porque, os profissionais de alta performace buscam trabalhar em locais que valorizam o seu potencial e bem-estar. Sendo assim, muito além de aumentar o engajamento da equipe, o investimento em uma boa gestão de benefícios é uma ação estratégica de atração e retenção de talentos, e reforça a imagem de marca empregadora da companhia. Na Sodexo, por exemplo, queremos fazer a diferença na qualidade de vida das pessoas, justamente por entendermos que funcionários são propulsores dos valores da marca”, afirma Fabiana Galetol, Diretora de Recursos Humanos da Sodexo Benefícios e Incentivos.

Vale lembrar que pela lei cada benefício possui uma utilização específica. O vale-refeição e alimentação, por exemplo, não devem ser utilizados para outros fins que não seja o de se alimentar conforme determina o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado em 1976 pelo Governo Federal.

“Na Sodexo é possível encontrar o mais completo pacote de benefícios, tendo entre as opções o vale-refeição e alimentação, o Apoio Pass, que oferece suporte psicológico, jurídico, social e financeiro para os funcionários e seus dependentes, além de Gympass, seguro de vida entre outros. As empresas que adquirem os nossos benefícios contam com consultores especializados que vão ajudar a otimizar a gestão, trazendo mais resultados para o negócio e satisfação para os seus colaboradores”, finaliza a executiva.

Confira a seguir as dicas:

Conheça o perfil dos colaboradores: Olhe para dentro, perceba que há uma diversidade no quadro de funcionários e que eles certamente têm necessidades diferentes. É fundamental conhecer as pessoas para entender de que elas realmente precisam. Por exemplo: colaboradores da geração millennial provavelmente valorizarão benefícios mais flexíveis e focados no bem-estar. Leve em conta a opinião dos colaboradores e dê opções para que cada um possa escolher o que for mais interessante de acordo com seu perfil.

Oriente sobre a gestão dos benefícios: Todos devem estar a par das regras envolvidas na política de benefícios. É importante que cada um saiba quais são seus direitos e tudo o que envolve os benefícios contratados. Deixe tudo muito claro e abra um canal para resolver possíveis dúvidas ao longo do caminho. Os colaboradores precisam estar cientes de quais são os tipos de benefícios que a empresa oferece. Ao esclarecer esse ponto, é possível evitar o desencontro de informações e a insatisfação.

Atenção ao gerenciamento de custos: Para ser bom para todos os lados, faça um planejamento estratégico. É preciso que o custo-benefício valha a pena para os colaboradores e para o negócio. A Sodexo conta com consultores especializados que ajudam a encontrar as melhores soluções para cada empresa.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

FATO HISTÓRICO A DERROTA DO PT NA ELEIÇÃO

 

Autor: Desconhecido

Dia *30 de outubro de 2022,* pode ser o dia mais triste e vergonhoso na vida do Lula. Veja bem. Se prevalecerem os rumos que tomaram as estatísticas, Lula pode estar com os dias contados. Lula não é deputado, não é senador, governador, presidente e nem prefeito ou vereador. Lula é um cidadão comum e não tem foro privilegiado. Responde a outros processos além do que o colocou em liberdade. Lula não está livre, Lula está solto. Ele também responde por crime fora do país e pode ser preso no Brasil e ser extraditado para os EUA junto com Dilma. Ele sabe que esse risco existe e é real. Também a saúde dele não ajuda, Lula está doente. Existe uma grande expectativa em toda a América Latina que, se Bolsonaro vencer as eleições no Brasil, isso vai motivar todos os países que hoje estão nas mãos da esquerda a lutarem pelas suas liberdades. Com isso cai por terra o “Foro de São Paulo”. E por incrível que pareça, a Rússia, os EUA e a Europa dependem das commodities e alimentos produzidos no Brasil. Com o equilíbrio da direita no STF e em todas as instâncias da jurisdição federal, com o grande número de parlamentares da “direita”, que agora vai ser a maioria tanto no Congresso quanto no Senado, sabemos que a maioria dos projetos da direita será aprovado projetando um crescimento econômico e social colocando de vez o Brasil no topo do mundo. Isso pode ser o fim do PT e de Lula. Podemos estar vivendo o momento mais importante da nossa história. O Brasil pode estar dando um salto gigante para acabar com o comunismo no mundo e garantir a liberdade dos nossos filhos e netos e próximas gerações. A Inglaterra, Itália, Alemanha, Israel, Portugal, Espanha, Canadá, Austrália e muitas nações estão desejando a vitória de Bolsonaro. O mundo está de olho no Brasil. Dizem que essa eleição no Brasil é a segunda mais importante do mundo. Não vamos abaixar a guarda, vamos todos para as urnas e votar no futuro do Brasil. Lula vai perder em São Paulo, Rio de janeiro, já houve a virada em Minas Gerais e Bahia. Lula vai perder no Rio Grande do Sul, Santa Catarina… No Paraná Lula será humilhado, e até nós Estados do Nordeste haverá uma grande virada, Lula só vai encontrar algum equilíbrio no Norte mesmo assim será pequeno. Até a Folha de São Paulo e Datafolha já não conseguem mais esconder o fracasso do PT. Dia 30 pode ser decretado o final de Lula e o PT.

*Deus seja louvado❗ 🙏🙏🙏*

O BRASIL PRECISA DE UM PRESIDENTE VERDADEIRAMENTE DEMOCRATA

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Brasília – DF, 28/07/2016. Sugestão Foto do Dia. Foto: Marcos Corrêa/PR


Praça dos Três Poderes, em Brasília.| Foto: Marcos Correa/PR

Tema recorrente neste período eleitoral, e especialmente neste segundo turno, é o da democracia. Pululam cartas e manifestos “pela democracia”. Apoios são definidos e anunciados porque determinado candidato é considerado “democrata” e seu adversário, uma “ameaça à democracia”. A tensão institucional em que às vezes se fica à beira da ruptura não é um exagero: ela é real e mostra como fazem falta os autênticos democratas nos mais altos escalões do poder. Essa ausência, aliás, permite também que a democracia seja agredida de forma mais sutil: afinal, é em nome da “democracia” que se comete, agora, até mesmo censura prévia, uma contradição que infelizmente não tem sido percebida por muitos, a julgar pela timidez das reações de boa parcela da opinião pública e da sociedade civil organizada. Hoje está claro que é muito fácil defender a democracia com palavras; muito mais difícil é compreender o que realmente é a democracia e agir como democrata. Mas é disso que o Brasil mais necessita agora.

Do PT e de Lula não se pode dizer, nem por um minuto, que sejam amantes da democracia. Por mais que, desde sua transformação em ficha-limpa, Lula venha sendo descrito como “democrata” e “moderado” por boa parte dos formadores de opinião, a realidade os desmente. Não pode ser democrata um amigo e apoiador de ditadores, principalmente na América Latina – e não procede nem mesmo o argumento de que Lula é, sim, aliado de ditadores, mas não endossa seus métodos, pois a parceria continua firme mesmo depois de instalado o arbítrio em nações como Cuba, Venezuela e Nicarágua, sem que haja uma crítica sequer; pelo contrário, as manifestações de apreço se mantêm. Não pode ser democrata um adversário contumaz das liberdades de expressão e de imprensa, como demonstram a atual ofensiva no TSE para censurar indivíduos e empresas de comunicação, e as repetidas promessas de controle dos meios de comunicação (sob o eufemismo da “regulação da mídia”). Não pode ser democrata quem protagonizou dois megaescândalos de subversão e fraude contra a democracia brasileira por meio da compra de apoio parlamentar.

Do PT e de Lula não se pode dizer, nem por um minuto, que sejam amantes da democracia

Ainda que Jair Bolsonaro não tenha chegado nem de longe aos mesmos patamares de seu adversário deste segundo turno, muito de sua atuação, tanto em discursos quanto em atitudes, desde os primeiros dias de seu mandato, demonstrava clara carência de uma verdadeira cultura democrática, o que fez acender uma luz amarela – e mesmo vermelha – para um número importante de atores políticos. Cada fala antidemocrática acabou sendo respondida com reações fortes dos demais poderes e dos formadores de opinião, algumas legítimas e outras exageradas e eventualmente abusivas. A resposta de Bolsonaro quase que invariavelmente foi a da escalada, não a da distensão, tendo como alvo especialmente a imprensa e o Supremo Tribunal Federal. Embora com razão quanto ao mérito em muitas dessas tensões, sobretudo com relação ao Judiciário, a forma quase sempre foi equivocada, o que dificultava a solução e debilitava a coesão institucional. Nada disso é democrático, e quem se nega a perceber nesses casos o flerte com a ruptura de lado a lado, Executivo e Judiciário, padece da mesma cegueira seletiva que acomete defensores de Lula que o consideram um “democrata”.


O país necessita de um governo que realmente compreenda o valor da democracia e tenha tamanho apreço por ela que, diante de uma crise institucional, demonstre a firme intenção de desarmar as bombas e buscar não a escalada agressiva, mas a solução que restaure a normalidade. Isso nada tem de utópico; é perfeitamente possível, mesmo para alguém com uma propensão a reações destemperadas, quando se tem a consciência de que as ferramentas para isso já estão postas. É mais difícil para quem, tendo consciência dessas ferramentas, as utilizou de forma sorrateira para precisamente subverter a democracia. O verdadeiro democrata sabe que não há saída para eventuais impasses fora da Constituição; ela não é um acessório que pode ser descartado de acordo com a conveniência, mas é a fundação sobre a qual se constrói uma democracia sólida. E ela permite que as controvérsias sejam resolvidas, seja pela negociação honesta, quando há disposição mútua para tal, seja pelo uso firme dos freios e contrapesos que o ordenamento jurídico nacional já prevê, mas que nem sempre são empregados. Mas apenas quem tem uma profunda convicção democrática é capaz de agir bem e fazer a melhor escolha diante de cada impasse; só o grande estadista desarma as bombas com firmeza e elegância.

A cultura democrática exige compreender que os brasileiros têm convicções e preferências diversas a respeito de diversos assuntos. Ainda que tais convicções e preferências estejam equivocadas, não há justificativa para a hostilização ou para o confronto irracional. As críticas consideradas injustas devem ser respondidas não com a desqualificação generalizada do adversário – seja no campo político, seja na opinião pública –, mas com a ação pontual e, sobretudo, com a exposição serena da verdade. As diferenças não se resolvem na força, mas pela troca livre de fatos e ideias na arena da opinião pública; a cultura democrática exige confiança no poder do diálogo.


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PT CENSURA BOLSONARO EM TUDO NA JUSTIÇA

 

Campanha nas redes

Por
Renan Ramalho
Brasília


Plenário do TSE na última quinta (20), quando maioria dos ministros referendou censura a documentário da Brasil Paralelo| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Não é apenas a censura prévia à exibição de um documentário da Brasil Paralelo que o PT buscou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ação ajuizada na Corte no último dia 16, contra o que a coligação de Lula chama de “ecossistema de desinformação bolsonarista”, o objetivo vai muito além. No curto prazo, até o segundo turno das eleições, a pretensão é bloquear mais de 100 perfis, contas ou canais em diversas redes sociais, incluindo aí políticos da direita eleitos com ampla votação, jornalistas e influenciadores digitais com grande número de seguidores no campo conservador, e até mesmo cinco portais de notícias e opinião.

No médio prazo, após as eleições, o plano é fazer uma devassa nas finanças e contratações dos donos da produtora e de responsáveis por outros canais populares da direita no YouTube, como Folha Política, Foco do Brasil, DR News, e os de Kim Paim e Gustavo Gayer, por exemplo – há pedido para que todos eles tenham quebrados os sigilos bancário, telefônico e telemático, o que daria ao TSE amplo acesso às suas transações e comunicações, inclusive por meios digitais (e-mail, mensagens, etc.). A ideia aqui é investigar se esses produtores de conteúdo estariam ganhando e investindo dinheiro para beneficiar o presidente Jair Bolsonaro na disputa, o que, segundo o PT, poderia configurar abuso de poder econômico.

No limite, essa tese poderia levar o TSE a condenar o próprio Bolsonaro, bem como o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente, punindo-os com a cassação do novo mandato, caso eleitos, e também com inelegibilidade por 8 anos. É esta a finalidade do tipo de processo iniciado pelo PT ao TSE, com a chamada “ação de investigação judicial eleitoral”, mais conhecida no meio jurídico pela sua sigla, “Aije”. Ela visa apurar se houve, na disputa eleitoral, abuso de poder político e/ou econômico, bem como uso indevido de meios de comunicação social – o que, atualmente, segundo a jurisprudência do TSE, também inclui internet, redes socais e aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.

Ao final do processo, caso o TSE conclua que esses abusos ocorreram e que tiveram “gravidade”, os ministros podem decidir pela condenação e pelas punições. A caracterização da gravidade varia conforme o caso e não depende do potencial daquele abuso alterar o resultado da eleição. Sua capacidade de desequilibrar a disputa de forma significativa, de qualquer modo, costuma ser levada em conta em julgamentos do tipo.

No ano passado, ao rejeitar uma cassação do atual mandato de Bolsonaro, o TSE deixou claro que a propagação massiva de “fake news” na internet pode configurar um abuso grave, portanto passível de punição, levando em conta critérios como 1) o teor das mensagens, se propositalmente enganosas; 2) sua repercussão no eleitorado; 3) o alcance do ilícito; 4) o grau de participação dos candidatos e; 5) seu financiamento por empresas.

O presidente não foi condenado porque nada disso foi provado na Aije apresentada pelo PT na eleição de 2018, que acusava Bolsonaro de se beneficiar de supostos disparos em massa de fake news pelo WhatsApp, com financiamento de empresários que o apoiavam. A denúncia nunca foi comprovada pelo PT e o Ministério Público, que participa de ações do tipo, pediu a absolvição do presidente, o que foi aprovado por unanimidade no TSE em 2021.

A atual ação do PT contra Bolsonaro e seus apoiadores digitais leva em conta esse precedente e agora tenta provar que eles formariam uma rede organizada, que deliberadamente espalham supostas ofensas e mentiras contra Lula para derrotá-lo nas urnas.

Por que o PT pediu e o TSE censurou o filme da Brasil Paralelo
O documentário “Quem mandou matar Jair Bolsonaro”, que seria lançado na última segunda (24) seria, na visão do PT, parte dessa estratégia – ainda que o partido e os ministros que vetaram sua exibição não tenham assistido ao filme.

Na ação, a coligação de Lula afirmou que, com a obra, a Brasil Paralelo criaria teorias “a fim de supostamente solucionar caso encerrado pelo Poder Judiciário” – a afirmação não é precisa, uma vez que ainda tramita na Justiça Federal inquérito para elucidar suspeitas levantadas pela defesa do presidente, como quem pagou os advogados de Adélio Bispo de Oliveira. Um dos motivos apontados pelo PT para censurar o documentário é a campanha publicitária realizada pela produtora, com ao menos R$ 70 mil investidos para promovê-lo no YouTube. Uma das propagandas mostra vídeo de Lula duvidando do atentado.

Ao atender ao pedido do PT para impedir a exibição do filme, o corregedor-nacional de Justiça, Benedito Gonçalves, entendeu que a Brasil Paralelo, bem como as empresas que mantêm canais como Foco do Brasil, DR News e Folha Política “assumiram comportamento simbiótico em relação à campanha midiática de Jair Messias Bolsonaro”.

O objetivo delas não seria informar, educar ou entreter, mas camuflar propaganda política com conteúdo supostamente desinformativo. A suspeita é de que estariam, como empresas, investindo recursos para influenciar o público para votar em Bolsonaro e assim, supostamente cometendo abuso de poder econômico. Por isso, além da censura, o ministro também cortou a monetização dos canais, obtido com anúncios e assinaturas no YouTube, e proibiu que investissem recursos para impulsionar a divulgação de quaisquer conteúdos político-eleitorais, especialmente sobre Lula e Bolsonaro.

“O que se mostra preocupante é que essas pessoas jurídicas, ao produzirem conteúdo ideologicamente formatado para endossar o discurso do candidato que apoiam, têm se valido por reiteradas vezes de notícias falsas prejudiciais ao candidato Lula, com significativa repercussão e efeitos persistentes mesmo após a remoção de URLs. Além disso, movimentam vultosos recursos financeiros, tanto arrecadados junto a assinantes e via monetização, quanto gastos em produção e impulsionamento de conteúdos”, afirmou o ministro.

A Brasil Paralelo refuta essa acusação. Sustenta que é uma empresa de mídia independente, que produz jornalismo, entretenimento e educação, com conteúdo que promove valores conservadores, e que isso não pode ser confundido com atuação eleitoral em favor de qualquer partido ou político. Por meio de sua assessoria, a empresa afirmou que está preparada para demonstrar a licitude de suas atividades e de suas finanças à Justiça.

Por que o PT quer suspender perfis de direita nas redes

Boa parte da ação do PT concentra-se em apontar a existência de um “ecossistema de desinformação” que seria operado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente e que lideraria um grupo de pessoas para produção e difusão de notícias sabidamente falsas destinadas a atacar a candidatura de Lula. A consequência seria a geração de um “caos informacional” com o propósito de usurpar o debate público e favorecer a campanha Bolsonaro.

Para embasar essa tese, a coligação de Lula monitorou as redes sociais e verificou intensa interação entre políticos, influenciadores de direita com grande número de seguidores e usuários das redes que compartilham suas postagens. Para denunciar o suposto caráter ilícito desse conteúdo, a ação agrupa o material em quatro grupos temáticos: violência e criminalidade, religião e costumes, descredibilização do sistema eleitoral e pautas socioeconômicas. Assim, junta exemplos de ilações espalhadas em cada um desses grupos envolvendo Lula, seja ligando-o ao crime organizado, ao satanismo, à participação numa fraude às eleições, ou a medidas radicais na economia, por exemplo.

Na ação, o PT juntou decisões do TSE que caracterizaram postagens assim como sabidamente inverídicas ou gravemente descontextualizadas. Elas poderiam servir de provas da desinformação promovida pelo grupo, o que caracteriza o uso indevido dos meios de comunicação.

“Os investigados conseguem a predominância das pautas da comunicação social (PCC, fraude nas urnas, religião e costumes etc.) a partir da ampla divulgação de desinformação, valendo-se de conteúdos sabidamente inverídicos, com requintes de apelos emocionais, além da sua ampla rede de seguidores, chegando a formar uma estrutura de monopolização do território virtual”, diz um trecho da ação, destacado por Benedito Gonçalves em sua decisão.

Nela, o ministro reconheceu haver “indícios de uma atuação concertada para a difusão massificada e veloz de desinformação” que tem Lula como principal alvo. Ele, no entanto, não atendeu ao pedido de liminar para suspender esses perfis das redes sociais. Disse que o mais comum na Justiça Eleitoral é remover postagens específicas, não suspender perfis. Optou, assim, por dar a Carlos Bolsonaro a oportunidade de se defender no processo. A reportagem buscou falar com o vereador e com sua defesa, mas não conseguiu contato por seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

Advogado de Bolsonaro nessa campanha, o ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira Neto diz que a rede de apoiadores do presidente não tem essa organização apontada pelo PT. Segundo ele, ela é natural e não artificial. Ele sustenta que quem age de forma estruturada para espalhe mentiras é a campanha do PT com o deputado federal André Janones (Avante-MG) – a defesa de Bolsonaro já apresentou outra Aije no TSE para cassar seu mandato.

“Uma coisa é fazer espalhamento orgânico, socialmente tolerável, outra coisa é fazer esses canhões de comunicação. Aí a diferença entre uso e abuso”, diz Tarcísio.

Por que o PT colocou políticos aliados de Bolsonaro na ação

Além de Bolsonaro e Braga Netto, o PT também inclui como alvos da ação políticos aliados do presidente, como os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), Paulo Eduardo Martins (PL-PR), Caroline de Toni (PL-SC), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), todos aliados próximos do presidente. O PT pede que eles também tenham os perfis bloqueados nas redes sociais de forma temporária, até o segundo turno das eleições.

Se de um lado o PT acusa a Brasil Paralelo de abuso de poder econômico, de outro acusa os esses políticos de abuso de poder político. A tese aqui é de que, por serem detentores de mandatos públicos e valendo-se da imunidade parlamentar, eles praticariam ações nas redes sociais para incentivar uma “ruptura democrática”.

A ação não apresenta provas dessa acusação, mas pede ao TSE para obter do Supremo Tribunal Federal (STF) material já coletado no inquérito das “milícias digitais”, fruto do inquérito das “fake news”, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes. Até o momento, essas investigações não resultaram em qualquer denúncia contra os deputados.

Em relação a Bolsonaro, a ação aponta “conduta reprovável e antidemocrática”, porque, segundo o PT, ele não buscaria convencer o eleitor “por meios que preservam os preceitos constitucionais”, mas sim com “objetivo de plantar uma ruptura de poderes, numa escalada autocrata de eliminação do instrumento mais essencial do Estado Democrático de Direito: o sistema eleitoral e o voto direto”.

A advogada Karina Kuffa, que chefiou a defesa jurídica de Bolsonaro no TSE em 2018 e hoje defende os deputados Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Bia Kicis diz que essas acusações não fazem sentido, porque, como parlamentares, eles têm imunidade justamente para defender, dentro do que prevê a Constituição, mudanças nas instituições.

“A garantia da imunidade é justamente para que o parlamentar critique qualquer órgão, qualquer sistema, qualquer autoridade sem sofrer retaliações. A partir do momento em que se tolhe a imunidade sob o manto de proteger a instituição TSE, tolhe o direito do representante do povo trazer à tona a indignação do povo. Quando um deputado defende uma mudança, pode fazer isso, porque pode mudar o sistema eleitoral, por exemplo. Quando Bolsonaro foi deputado federal, ele apresentou um projeto e aprovou uma lei visando aperfeiçoar a urna eletrônica e esse aperfeiçoamento foi derrubado pelo Judiciário”, diz a advogada.

Kuffa, no entanto, teme as consequências da ação. Lembra que, ao contrário do ocorrido em 2018, na campanha deste ano o PT conseguiu do TSE dezenas de decisões para remover conteúdo postado por apoiadores que podem servir de provas de “fake news”. Ela, no entanto, sustenta que o presidente não pode ser responsabilizado por postagens de eleitores. Além disso, diz que do lado de Lula também há grande disseminação de ataques com mentiras contra Bolsonaro. “Mesmo que não tenham sido ajuizadas tantas ações contra o PT por fake news, o fato é que existem ataques contra Bolsonaro também”, diz.

O que diz a defesa de Lula

À reportagem, o advogado de Lula junto ao TSE, Cristiano Zanin, afirmou que o primeiro objetivo da Aije é frear abusos durante a campanha que possam desequilibrar o pleito.

“A primeira preocupação trazida ao tribunal e que foi acolhida, no primeiro momento pelo ministro relator e agora referendada pelo plenário, é para que esse ecossistema de desinformação cesse sua atuação nociva ao processo eleitoral, através da disseminação de notícias falsas e desinformação”, disse na última quinta (20), logo após o plenário do TSE, referendar, por 4 votos a 3, o veto à exibição do documentário da Brasil Paralelo.

Questionado sobre outras medidas requeridas na ação para o período posterior à eleição – como a cassação de mandatos e a inelegibilidade, Zanin disse que “é algo que vai ter que ser discutido”.

“Há prazo para apresentação de defesa, de informações. E nós também vamos acompanhar o processo de acordo com aquilo que for acontecendo, também vamos apresentar ao tribunal, se for o caso, novos elementos, para reforçar aquilo que já mostramos numa fase inicial”, afirmou.


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CAMPANHA DE BOLSONARO FOI PREJUDICADA NAS RÁDIOS DO NORDESTE

Esclarecimentos
Gazeta do Povo

AME7434. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 15/09/2022.- El presidente brasileño, Jair Bolsonaro, participa en un evento de celebración del cumpleaños del pastor evangélico Silas Malafaia, hoy, en Río de Janeiro (Brasil). EFE/ André Coelho


O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.| Foto: André Coelho/EFE.

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira (25) um relatório alegando que o mandatário teve menos inserções de rádio que seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A denúncia foi apresentada à Corte nesta segunda (24).

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, e Fabio Wajngarten afirmaram que, nas últimas duas semanas, Bolsonaro teve 154 mil inserções de rádio a menos que o petista. No entanto, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que a ação foi protocolada sem “qualquer prova e/ou documento sério”.

O ministro deu prazo de 24 horas para que os advogados de Bolsonaro apresentassem provas. A defesa do chefe do executivo disse a Moraes que havia apresentado um “estudo técnico parcial”, pois ainda não havia encerrado a compilação dos dados coletados de todas as regiões do país, informou o jornal O Globo.

A nova petição apresenta uma tabela com o exemplo de oito rádios da Bahia e de Pernambuco. Nesta tabela foram quantificados os tempos de inserções de Lula e de Bolsonaro entre os dias 7 e 14 de outubro. Além disso, os advogados compartilharam um link do Google Drive para que Moraes tenha acesso a informações completas.

A defesa da campanha ainda descreveu a metodologia usada pela empresa de auditoria para realizar o levantamento. A empresa teria criado um algoritmo que captura o áudio transmitido pelas rádios em tempo real na internet e compara com as inserções. A campanha de Bolsonaro solicitou ao TSE a suspensão da propaganda de Lula no rádio.

Fábio Faria diz que espera “solução rápida” do TSE
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciou no Twitter o protocolo da nova documentação. Ele disse esperar uma “solução rápida” para o caso. “Cabe esclarecer que não se trata de qualquer questionamento acerca do sistema eleitoral ou sobre a atuação do TSE. O que estamos apontando é uma absurda supressão ou migração de comerciais que Bolsonaro teria direito em favor da campanha de Lula”, ressaltou.

“Todas as informações são baseadas gravadas da programação integral das rádios, 24 horas por dia. São 1.112 rádios da região Nordeste e 289 rádios da região Norte. Toda a base de dados citada nos relatórios foi disponibilizada com acesso total ao TSE”, completou o ministro.

Faria disse ainda que foi solicitado que seja “reestabelecido o mínimo de isonomia entre as as campanha” e que se “repare os danos a eventuais prejuízos decorrentes da não veiculação das inserções a que a campanha do presidente Bolsonaro teria direito”.


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GOVERNO LULA ESCOLHEU SEU INIMIGO NÚMERO UM AS BIG TECHS

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