sábado, 22 de outubro de 2022

ENTREVISTA COM O SENADOR GENERAL MOURÃO

Mourão: leia entrevista exclusiva

Foto: Wilton Junior/Estadão

Por Felipe Frazão – Jornal Estadão

Vice-presidente eleito senador pelo RS, Hamilton Mourão diz que presidente do TSE ‘ultrapassou os limites de sua autoridade’; general não descarta disputar a presidência do Senado

BRASÍLIA – Eleito senador pelo Rio Grande do Sul, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) avisou que vai atuar para que o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) seja um tema discutido na próxima legislatura. “Se há indício forte de crime de responsabilidade, que se abra o processo”, disse o general em entrevista exclusiva ao Estadão.

No seu diagnóstico, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ultrapassou o limite de sua autoridade e está prevaricando ao atuar como “investigador, denunciador e parte ofendida” nas ações. “Eu acho que ele ultrapassou o limite do poder dele. Competiria ao restante da Corte dar um freio nele, mas não está fazendo isso. O Senado vai ter de fazer isso agora. A Corte poderia dizer: ‘Alexandre, pode baixar tua bolinha aqui’”, afirmou Mourão. Procurado, o presidente do TSE não se manifestou.

Mourão não descartou a possibilidade de disputar a presidência do Senado, se tiver apoio, embora considere cedo para pleitear a vaga. Do gabinete anexo ao Palácio do Planalto, espaço que deixará em 72 dias, o general de Exército da reserva afirmou que o Alto Comando “não cria ruído” político e que as Forças Armadas já teriam se pronunciado caso houvesse alguma irregularidade no primeiro turno das eleições.

A campanha do presidente Jair Bolsonaro reclama que o ministro Alexandre de Moraes está interferindo demais contra ele, no combate às fake news que tomaram conta na eleição. Como avalia a reação das instituições à desinformação?

Na minha visão o Alexandre de Moraes vem prevaricando ou até, vamos dizer assim, ele está ultrapassando o limite daquilo que é a autoridade dele. Porque no momento que ele conduz o inquérito onde ele é investigador, ele é denunciador, ele é julgador e também é parte ofendida isso está errado. Isso tá errado. O devido processo legal não está sendo respeitado aqui no nosso País. Essa é a realidade das ações do Alexandre Moraes. No momento em que ele pega uma reportagem de um meio de comunicação que, há dois anos, disse que só falava fake news e usa aquela reportagem para fazer busca e apreensão na casa das pessoas , bloqueia as contas das pessoas, ele ultrapassou o limite do poder dele. Competiria ao restante da Corte dar um freio nele, mas a Corte não está fazendo isso.

Então caberá ao Senado dar esse freio?

O Senado vai ter que fazer isso (dar um freio em Alexandre de Moraes) agora. Já que a Corte… A Corte poderia dizer: “Alexandre, pode baixar tua bolinha aqui! Está errado isso que você está fazendo. Nós não vamos aprovar essas tuas medidas.”

O senhor acha que impeachment de ministros do Supremo deve ser pautado e discutido no Senado?

É aquela história, não é questão de impeachment. Se está comprovado, há indício forte de crime de responsabilidade, que se abra o processo. Se o processo vingar, ok. Se não vingar, ok também.

Hoje os pedidos de impeachment ficam na gaveta. O senhor vai pressionar para que seja pautado?

Eu vou. Se está comprovado, chegamos à conclusão de que há indício forte de crime de responsabilidade, como no caso desse ministro que você citou o nome, então vamos discutir o assunto.

O senhor se refere somente à atuação do ministro Alexandre de Moraes no Supremo ou no TSE também? Eles endureceram o combate à desinformação com uma nova resolução.

Uma resolução é algo igual ao decreto presidencial: pode ser cassado pelo Senado. O Senado pode cassar essa resolução também. Não é lei, não é nada.

Moraes durante sessão do plenário do TSE nesta quinta-feira, 20 de outubro.
Moraes durante sessão do plenário do TSE nesta quinta-feira, 20 de outubro. Foto: Wilton Junior/Estadão

O senhor chegou a externar uma proposta de mudanças no Supremo, depois disse que foi mal compreendido. Qual é exatamente sua proposta?

Um sistema jurídico correto tem várias nuances que têm que ser obedecidas. Uma delas são os magistrados atuarem de boa fé. E a lei ser fácil, compreensiva e valendo para todos. São coisas aqui no Brasil que na minha visão não estão ocorrendo. O que eu penso em relação a nossa Suprema Corte: tem que ser colocado um mandato, porque a pessoa ficar 25, 30 anos ou até mais dependendo da idade que ele é nomeado no STF, é muito tempo. Isso tem que ser discutido dentro do Congresso e se chegar uma conclusão. O nosso sistema de freios e contrapesos, que é o que faz a harmonia e o equilíbrio dos poderes, não está funcionando.

Então sua proposta se restringe ao tempo de mandato e não teria aumento de ministros?

Ampliar ou diminuir a numero de ministros é casuísmo.

O presidente Jair Bolsonaro e o vice presidente, Hamilton Mourão, na posse do então ministro da Justiça, André Mendonça, em 2020; relação de Mourão com Bolsonaro ao longo do governo não foi serena, mas ambos se reaproximaram no período eleitoral
O presidente Jair Bolsonaro e o vice presidente, Hamilton Mourão, na posse do então ministro da Justiça, André Mendonça, em 2020; relação de Mourão com Bolsonaro ao longo do governo não foi serena, mas ambos se reaproximaram no período eleitoral Foto: Dida Sampaio/Estadão

O senhor viu o chavismo fazer isso na Venezuela?

Vi, claro. Aqui não vai ser feito, não vejo isso sendo feito. Mesmo porque implica em custos.

Mas o presidente externou sua opinião favorável…

O presidente deu uma externada ali, mas nunca tomou nenhuma atitude.

A reeleição não daria a ele a força política necessária?

Julgo que não. Sendo reeleito ele tem logo dois cargos dentro do STF para serem trocados, o que pode lhe dar uma maioria bem mais confortável lá dentro.

Criminalizar pesquisas, com pena de prisão, é o caminho?

Não precisa. Se alguém faz pesquisa com viés para favorecer A ou B, isso tem de ser investigado e, se ficar comprovado, já é um crime, já existe lei para isso. Os institutos têm de recalibrar a sua metodologia e serem mais transparentes nessa metodologia, porque não é entrevistando 1.500, 2.000 pessoas que você, por meio de uma extrapolação de tendência, vai dizer que 160 milhões de pessoas vão votar dessa maneira. Acho que isso é complicado. Pode dizer também que 15 dias antes da eleição não se publica pesquisa nenhuma, de modo que não haja um direcionamento para o pensamento do eleitor, já que a maioria dos eleitores só se define no final. Um momento aí de “Agora, é cada um por si aqui, tá?”.

O Ministério da Defesa decidiu não divulgar o conteúdo da fiscalização das eleições. Não é um contrassenso, cobrar transparência, e ocultar o conteúdo?

O Ministério da Defesa disse que vai apresentar o seu relatório após o final do segundo turno. Não adianta apresentar um relatório parcial. Quando o ministro Barroso (Luís Roberto Barroso) criou aquela comissão de transparência, chamou as Forças Armadas para esse jogo. Quando você chama as Forças Armadas para um jogo, elas vão fazer o trabalho, não vão ficar enrolando. É o que está sendo feito. Acho que, se tivesse algum problema sério no primeiro turno, teria havido, vamos dizer assim, “ó, deu problema”. Que eu saiba, não teve nada.

O senhor conseguiu consultar o trabalho de fiscalização das Forças Armadas?

Não tive acesso.

O presidente não falou até agora sobre a suposta fraude que alegava haver se não vencesse no primeiro turno. Diz que vai aguardar parecer final do ministro da Defesa. Se ele questionar uma derrota eleitoral, como o senhor se posicionará?

Esse é um cenário hipotético. Isso vem sendo muito mais colocado pelas palavras do próprio presidente, mas não pelos atos dele, porque se ele tivesse dúvidas sobre o processo ele não concorria, não é? Declarava a nulidade a priori e criava um caso aí, vamos dizer. Mas ele não fez isso. Ele está concorrendo dentro das regras do jogo normais. O resto é da especulação.

O Alto Comando do Exército e os comandantes da Força Aérea e da Marinha mantiveram certo distanciamento, não se envolveram diretamente num trabalho institucional.

É um trabalho do Ministério da Defesa, que usou seu pessoal da área técnica, o Centro de Defesa Cibernética, que tem conhecimento do assunto.

Foi uma decisão correta não envolver os generais da ativa do Exército?

O Exército raciocina sempre dentro de um tripé. Em primeiro lugar, agir dentro da legalidade, usando a legitimidade e mantendo a estabilidade. Não tem ruído. Essa turma não faz ruído. O ruído é feito pelo lado de fora, não pelo lado de dentro.

A participação maior dos militares na vida política do País, seja com assentos no Congresso ou em evidência no governo, é algo sem volta ou tem a ver apenas com o governo Bolsonaro?

Existe certo preconceito por parcela da sociedade em relação às Forças Armadas e o papel delas, que a maioria desconhece. Sempre houve uma participação de militares na vida política do País. Desde o império, grandes vultos do exército como Caxias e Osório foram senadores. No início da República, os primeiros presidentes eram militares, depois tivemos o Dutra militar, tivemos senadores e deputados que eram oriundos no meio militar, até o movimento 1964. Paradoxalmente, os militares se retiraram da política. Havia o presidente militar, mas se olhar quem eram os políticos, oriundos do meio era o Andreazza, o Passarinho, mas eram relativamente poucos em relação ao conjunto da Força. Termina o período do governo militar, e, naturalmente, nós não participamos mais de processo eleitoral, exceção do Bolsonaro. Ele foi o único cara eleito nesse período. Há uma reação na sociedade brasileira, que é eminentemente conservadora na sua maioria, e abre-se uma janela de oportunidade para que integrantes do grupo militar concorram a cargo eletivo. Isso volta a ocorrer em 2018 e ocorre agora em 2022. Mas nada que envolva Força Armada como elemento dativo, como instituição do Estado e os indivíduos que a compõem. São duas coisas distintas.

O Senado terá um general de quatro estrelas como presidente da Casa? Pretende se colocar na disputa?

Estou recém chegando ao Senado, então a minha visão é que eu tenho que aprender como é que funciona Casa. Não é o momento de eu colocar meu nome e dizer “Ah, eu sou candidato a presidente do Senado”. Não é assim. Tem estudar e tem que ser constituída uma maioria. Se eventualmente uma maioria constituída vier me convidar para o cargo eu vou pensar. Mas hoje não existe essa hipótese.

Quem o senhor vê com mais chances de disputar para valer?

Julgo que o Pacheco (Rodrigo Pacheco, atual presidente do Senado) vai tentar se manter no cargo. Mas tem outras forças lá dentro. O partido do Bolsonaro está com 14 senadores. Eles podem tentar constituir a maioria.

De ex-colegas de governo, quem teria melhores condições?

A Teresa Cristina é uma liderança agregadora, facilitadora, é uma mulher. Acho que na história nunca teve uma mulher presidindo nenhuma das duas Casas. Então seria uma quebra de paradigma. É uma pessoa que eu admiro e acho que pode ter condição, mas vamos aguardar.

Pelo seu perfil, o senhor vai querer a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado?

Isso não é assim, depende da composição. Nosso partido, o Republicanos, só tem três senadores. Mas agora vai haver uma caça aos senadores dos partidos que ficaram somente com um, que não atingiram a cláusula de barreira.

O governo está no vale tudo eleitoral, antecipando pagamentos, liberando empréstimo para os mais vulneráveis do Auxílio Brasil, o FGTS futuro para financiamento de casa?

O governo não está fazendo nada diferente daquilo que os governos fazem quando disputam um processo dessa natureza.

Isso não pode ser perigoso institucionalmente para o País?

Não vejo perigo. Isso foi feito pela Dilma (Rousseff).

No mesmo patamar?

Até pior. Ela escamoteou os dados que levaram ao impeachment dela depois. Eu acho que o governo está usando as armas que tem condições de utilizar.

Não incorre em ilegalidade, que pode levar a questionamento futuro?

Se tivesse ocorrido isso já estava pautado. Estamos vivendo um momento difícil no mundo como um todo e do País pelas questões recorrentes da pandemia, a inflação, o aumento do preço de alimentos, que ocorre no mundo inteiro, mais aí com a guerra da Ucrânia e a questão do combustível. O governo tem que minorar esses impactos.

Apesar de vice-presidente, o senhor nunca deixou de externar suas divergências com Bolsonaro quando julgou necessário. Como será sua posição no Congresso?

Num governo Lula, sou oposição ferrenha. Mas não sou oposição ao Brasil. Isso tem que ficar muito claro.

Qual a diferença?

Se uma pauta que for colocada por um eventual governo Lula está de acordo com aquilo que eu considero que é importante para o País, vai ter meu apoio.

E num governo Bolsonaro, seria uma base mais bolsonarista, de apoio total, ou manteria críticas?

Eu estaria numa situação muito mais confortável. As medidas que o presidente quiser colocar lá via Senado estão totalmente de acordo com aquilo que eu penso. Não vejo que haverá algum tipo de repúdio da minha parte a alguma coisa que venha do governo presidente Bolsonaro.

O uso da religião na campanha vai provocar que seja pautada, até por ministro do Supremo, a discussão do abuso do poder religioso?

Não adianta essa história. Quando estava só na mão da Igreja Católica, com a maioria de padres todos de esquerda, por causa da teologia da libertação, ninguém nunca falou nada. Agora porque é a ala dos evangélicos, que é diferente… Tem que ser bem avaliado. A Igreja Católica perdeu a primazia que tinha em cima do segmento mais pobre do País, e os evangélicos pentecostais entraram nesse segmento. É uma questão sociológica do nosso País.

O senhor enxerga um reposicionamento político à direita, após a vitória eleitoral inegável no Congresso, de olho em 2026?

Isso é prematuro. Existe uma maioria conservadora que ficou silenciosa por muito tempo. Essa maioria renasce com os movimentos a partir de 2013, impeachment da Dilma e a eleição do Bolsonaro. Isso se traduziu agora na eleição para a Câmara e Senado. Assim como para as assembleias legislativas de muitos Estados. É um processo que dá um equilíbrio maior dentro da representação política. Na realidade, tem gente que é mais da direita, tem gente de centro-direita e gente que é de centro-esquerda. E esse grupo todo você pode colocar num viés conservador.

O senhor não vê movimentos do ex-ministro Sergio Moro e governadores reeleitos da direita?

Não vejo. Só se tiver bola de cristal.

No Rio Grande do Sul, o que pode ocorrer no fim da campanha? O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) chegou junto e empatou com o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), que usou de campanha percebida como homofóbica.

Não vejo dessa forma, foi uma coisa que ele falou lá e que aí cada um interpreta da forma que julgar melhor. Estou trabalhando pela eleição do Onyx. Acho que ele vai vencer, porque o Rio Grande do Sul não reelege. E o Eduardo Leite já apresentou a fragilidade de pensar mais nele mesmo do que no Estado que estava governando. Quando ele resolveu renunciar para tentar um projeto pessoal dele de ser candidato a presidente terminou por implodir o partido dele. O PSDB está implodido. O Doria já pediu as contas do partido. O partido encolheu por atitudes que ele tomou. Primeiro, ele disse que ia participar da prévia. Participou, perdeu, não concordou com o resultado – se fala tanto do presidente Bolsonaro e o Eduardo Leite incorreu em algo similar, né? ‘Ah, eu participei da prévia, mas não gostei. Agora eu vou continuar’. Isso aí vai pesar contra ele.

Onyx perdeu votos por ter dito que com ele o RS teria uma ‘primeira-dama de verdade’, já que Eduardo Leite é homossexual assumido?

Acho que não. O Eduardo Leite venceu o Edegar Pretto (candidato do PT) por um pouco mais de 2.000 votos, uns 2.500 votos, uma margem muito pequena. Isso que o Edegar não é um PT é raiz, ele é um PT de grife. O pai dele (ex-deputado Adão Pretto, fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST) era raiz, o Edegar é de grife. Então ele venceu no photochart. Parte desses eleitores (do PT) está migrando para o Eduardo Leite, mas parte não vota nele, vai votar em branco, nulo, não vai aparecer para eleição. O Onyx tem que estar bem colado na figura do presidente. Bolsonaro está na frente do Lula lá e tem condições de vencer.

O ex-presidente Lula disse ser impossível o presidente Bolsonaro virar, tirar a diferença de votos…

O presidente está numa ascendente. Acho que o Lula e o Bolsonaro estão correndo pau a pau. Vai ser decidido no dia da eleição.

 

REINO UNIDO PREPARA PARA ESCOLHER O NOVO PRIMEIRO-MINISTRO

 

E deixar Liz Truss no passado

Por
Filipe Figueiredo – Gazeta do Povo


Liz Truss deixa Downing Street, sede do governo britânico, para fazer discurso no parlamento, no dia 23 de setembro de 2022: de saída em tempo recorde| Foto: EFE/EPA/NEIL HALL

Liz Truss entrou para a História como o mais curto governo do Reino Unido. Entre sua eleição interna ao Partido Conservador e sua renúncia foram apenas 44 dias. Teremos mais alguns dela como premiê interina, enquanto seu partido, com pressa, escolhe quem será o novo, ou nova, líder do grupo e, consequentemente, premiê do país. A pressa da escolha se dá por um contexto que já existia e que, agora, se agravou.

Quando da queda de Boris Johnson por causa de sua gestão econômica e da polêmica das festinhas durante o lockdown, explicamos aqui em nosso espaço que uma das razões do Partido Conservador querer substituir Boris era pelo fato de o partido estava sofrendo derrotas em eleições distritais, em eleições regionais e pelo índice de aprovação do governo estar em queda.

Tirava-se Boris Johnson e um novo governo teria espaço para crescer, sem sofrer com a pandemia diretamente. O novo governo poderia, então, recuperar a imagem dos Tories antes das eleições previstas para o fim de 2024. A escolhida foi Liz Truss e o plano foi por água abaixo. Em 44 dias seu governo conseguiu criar uma pequena crise econômica e passar por duas crises políticas.

Crise e renúncia
Principalmente, o chamado “mini orçamento” de Liz Truss, que previa cortes de impostos para os mais ricos e para as grandes empresas, conseguiu repercutir tão mal que jogou a libra esterlina ao seu menor valor na História. O então chanceler, o ministro da economia britânico, Kwasi Kwarteng, foi convidado a se retirar, em meio às imagens dele brindando o corte de impostos com grandes empresários.

Dias depois, no último dia 19, a secretária do interior Suella Braverman pediu demissão, deixando uma carta bastante crítica à premiê. No mesmo dia, quarenta parlamentares conservadores não queriam votar em um debate sobre fraturamento hidráulico, para não apoiarem o governo diretamente. A situação ficou insustentável e Liz Truss renunciou, ficando interinamente até um novo líder conservador ser eleito.

O Partido Conservador está com pressa e iniciará o procedimento de escolha de um novo líder já na próxima segunda-feira. Na imprensa britânica se especula um possível grande acordo para chegar em um nome de consenso, evitando uma eleição propriamente dita dentro do partido, que seria mais demorada. O nome mais forte no momento? O mesmo Boris Johnson que Liz Truss substituiu.

A pressa se dá pelo fato de que os pedidos por eleições gerais antecipadas já se fazem ouvir. Líderes da oposição trabalhista, o chefe do governo galês, o também trabalhista Mark Drakeford, e a líder do Partido Nacional Escocês e chefe do governo da Escócia, Nicola Sturgeon, são algumas das vozes que pedem por uma eleição geral. Questionam a capacidade e a legitimidade de um eventual novo governo conservador.

Nova eleição
A convocação de uma nova eleição, entretanto, passaria pela dissolução do Parlamento. Hoje, a maioria da casa está com os conservadores, ou seja, não há como um voto pela dissolução ser aprovado. E o Partido Conservador, claro, não tem motivos para desejar essa dissolução. Caso a escolha de uma nova liderança do governo demore, entretanto, esse cenário pode mudar.

Políticos descontentes e a pressão popular podem acabar dando impulso aos pedidos por novas eleições. E aqui entra a principal informação para explicar o receio eleitoral dos conservadores no momento: todas as pesquisas apontam uma vitória esmagadora do Partido Trabalhista. O cenário eleitoral para os conservadores, hoje, está pior do que quando da queda de Boris Johnson.

Caso os Tories cheguem em um nome de consenso na próxima segunda-feira, é possível que, até a próxima sexta-feira, o nome esteja empossado, diminuindo, ao menos no momento, as pressões por novas eleições. Claro, isso se o governo não for outro desastre, como foi o de Liz Truss. Curiosamente teremos um chefe de governo empossado por um rei Charles III ainda não coroado.

Em alguns anos, talvez décadas, algum programa de perguntas e respostas fará a pergunta “quem ocupava o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido quando da morte da rainha Elizabeth II?”, com a ironia da mais longeva monarca britânica ter morrido durante o mais breve governo do país. Liz Truss caminha para ser um tema de trívia, estabelecendo um recorde que não desejava. Até seu partido já quer esquecê-la logo.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/filipe-figueiredo/conservadores-britanicos-tem-pressa-para-achar-um-novo-lider-e-deixar-liz-truss-no-passado/
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COMPETÊNCIAS E PROMOÇÕES DENTRO DAS EMPRESAS

 

Como a cultura do QI está enraizada no ambiente corporativo

Thiare Sá*

O contexto de plano de carreira e “vaga dos sonhos” passou a ser parte da nossa sociedade muito recente, se pararmos para pensar nossos avôs estavam há pouco tempo atrás mais preocupados com guerras, golpes militares, revoluções e conflitos políticos e econômicos que com qual o próximo cargo e salário alcançar em sua vida. A ideia de um plano de carreira e uma trilha de sucesso move as universidades, cursos de especializações e o corporativismo, assim como nós mortais que aguardamos a nova geração millenium “desprendida” de modus operandi começarem a pagar os impostos e tomarem as cadeiras das grandes empresas.

Mas, existe um momento dentro das empresas que os seus cursos, especializações e experiências não parecem suficientes para justificar uma promoção. Você entrega resultados, números, têm um bom relacionamento com a equipe e o seu chefe, mas ninguém sabe dizer o porquê você não consegue a tão sonhada promoção.

Independentemente do tamanho da empresa, grande ou pequena existe uma falácia que apenas suas competências e habilidades com uma pitada de resiliência (e outras frases motivacionais promocionais do RH) é a grande chave do sucesso para você alcançar o topo da montanha corporativa. Porém, em muitas empresas que passei e experiências que vejo amigos e colegas de trabalho passarem é que sempre a vaga pretendida acaba sendo preenchida com uma conexão de relacionamentos preciosa que vence qualquer outra habilidade.

Ser e estar na instituição mais cara e referência de ensino, onde provavelmente o programa do governo não chega, a extensão de curso internacional, ou o intercâmbio nas férias de verão são fundamentais para esse networking. Mas, como chegar lá?

Mais do que competência e sonhos muitos profissionais têm paixão pelo que fazem e o empreendedorismo vem como uma alternativa de galgar um sucesso paralelo para quem descobriu que chegar lá é um pouco mais complicado, na medida em que de acordo com inúmeras definições, empreender é usar o tempo e as suas melhores competências técnicas e comportamentais (soft skills) com autonomia para criar valor, assumindo riscos e aceitando desafios. Empreender pode ser uma ação de uma ou mais pessoas que possuam esse perfil. Ter competências para colocar no ar um negócio, não significa ter todas as competências, mas se cercar de pessoas, processos e tecnologia para desenvolver o negócio.

Para o empreendedor, a iniciativa é fundamental, bem como, a curiosidade e a predisposição para assumir riscos calculados. O desafio está na alma do empreendedor e na certeza de não ficar na dependência de quem indicou para conseguir o cargo dos sonhos.

*Thiare Sá é especialista em inteligência competitiva e inovação em marketing, administração, negócios e marketing e sócia fundadora da Thiare Sá Comunicação e Marketing

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

TSE CRIA AS SUAS PRÓPRIAS EXCESSÕES PARA CENSURAR

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Na sessão desta quinta-feira, o plenário do TSE manteve a censura ao documentário “Quem mandou matar Bolsonaro?”, da Brasil Paralelo.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

“O Poder Judiciário não age de ofício”, afirmou Rosa Weber, pouco mais de um mês atrás, quando tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal. Como isso é algo que qualquer estudante de Direito aprende praticamente nos primeiros dias de faculdade, a repetição de algo tão trivial em um discurso de posse no principal tribunal do país indica que essa verdade anda esquecida em corredores supremos e superiores. O Brasil teve uma prova disso nesta quinta-feira, em sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e com a participação de nada menos que três membros da corte agora presidida por Rosa Weber.

Seguindo sugestão do presidente da corte eleitoral, Alexandre de Moraes (e como poderia ser diferente?), o plenário do TSE aprovou uma resolução concedendo à presidência do órgão o poder de, sem provocação externa alguma – seja de advogado de candidato ou coligação, seja do Ministério Público Eleitoral –, ordenar de ofício a remoção de conteúdos na internet. Além disso, a mesma resolução ainda enxuga os prazos para que os provedores de conteúdo acatem as ordens do TSE, e impõe multas que chamam a atenção não apenas pela desproporcionalidade – R$ 100 mil a R$ 150 mil por hora de descumprimento –, mas também pelo fato de poderem incidir até três dias depois da realização do segundo turno, o que só pode se explicar pelo desejo de ordenar a retirada de qualquer contestação ao resultado do pleito.

Quando ministros do STF, “guardiões da Constituição”, endossam a censura prévia e colaboram para dar ao TSE o poder de desprezar o devido processo legal, isso só demonstra o tamanho da degradação institucional a que o Brasil está submetido

O fato de os novos superpoderes do presidente do TSE serem aplicáveis apenas à “extensão de decisão colegiada proferida pelo Plenário do Tribunal sobre desinformação, para outras situações com idênticos conteúdos” – ou seja, os atos de ofício só seriam possíveis para se ordenar a remoção de conteúdo idêntico ao que a corte já julgou passível de retirada anteriormente, embora em outras URLs, sites ou contas – não serve de atenuante aqui, até porque a resolução não se limitou ao poder extraordinário de reprimir conteúdos específicos. Seu artigo 4.º prevê a “suspensão temporária de perfis, contas ou canais mantidos em mídias sociais” que realizem “produção sistemática de desinformação, caracterizada pela publicação contumaz de informações falsas ou descontextualizadas sobre o processo eleitoral”, um conceito bastante vago para justificar censura. Afinal, em poucos dias o país já descobriu que mesmo a divulgação de informações verdadeiras, como o apoio de Lula ao ditador Daniel Ortega, ou todos os escândalos de corrupção envolvendo o petismo, pode ser considerada “desinformação” à base de “informações descontextualizadas”. Em outras palavras, “desinformação” se tornou não a mentira factual cuja falsidade é possível de comprovar, mas tudo aquilo que os ministros do TSE desejarem classificar como tal.

O devido processo legal não é princípio do qual se pode abrir mão dessa forma, e que isso tenha sido feito com a anuência de outros dois ditos “guardiões da Constituição” (Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski) só demonstra o tamanho da degradação institucional a que o país está submetido. Mas a transformação de advogados e membros do MPE em supérfluos não foi a única aberração produzida pelo TSE em seu dies horribilis. Nesta mesma quinta-feira, a censura prévia decretada pelo ministro Benedito Gonçalves ao documentário Quem mandou matar Jair Bolsonaro?, da produtora Brasil Paralelo, foi confirmada no plenário, pelo apertado placar de 4 a 3 – graças aos três ministros que integram o Supremo e seguiram o relator.


Enquanto os outros três integrantes da corte expunham o óbvio – caso de Raul Araújo, para quem “sem que se saiba o teor da manifestação artística, não se admite, me parece, no Estado Democrático de Direito, o exercício de censura sobre o pensamento ainda não divulgado, sob pena de se estar a presumir o conteúdo, de antecipar a presunção quanto ao seu ajuste ao ordenamento, e antecipar presumidamente uma sanção ao pensamento” –, os supremos ministros se esforçavam em malabarismos semânticos para afirmar que a censura (prévia, ainda por cima) não era censura. Especialmente emblemáticas foram as palavras de Cármen Lúcia, que, visivelmente ciente de que pisava em ovos, falou em acompanhar o relator “com todos os cuidados”, afirmando que o item específico que proibia o documentário “a preocupa enormemente” e que, caso o relator percebesse que a situação estava “desbordando para uma censura”, a medida deveria ser revogada – suprema ingenuidade, pois Gonçalves tanto não considera estar censurando que o afirmou claramente em sua liminar, afirmando tratar-se de mero “adiamento” da estreia do documentário.

“Vejo isso como uma situação excepcionalíssima”, continuou Cármen Lúcia, usando terminologia que seu colega de STF Lewandowski também empregou, ao dizer que “situações excepcionais exigem medidas excepcionais”. É uma escolha de palavras peculiar. “Ninguém aqui é ingênuo”, disse também Lewandowski; falava no contexto específico do suposto “ecossistema de desinformação”, mas podemos entender a frase de forma mais ampla. Cármen Lúcia, Gonçalves, Moraes e Lewandowski de fato não são ingênuos; eles conhecem a Constituição, inclusive seu artigo 220. Sabem o que estão fazendo, mas defendem seus atos afirmando que, no fim das contas, a situação exige abrir exceções – e é exatamente nisso que consiste um… Estado de exceção. É para onde caminhamos, graças a nossos tribunais superiores.

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PROMESSA DE CARNE CHURRASCO E CERVEJA NA ARGENTINA COMO AQUI VIRA TERROR NA ARGENTINA

 

Economia
Hoje, consumo de carne bovina na Argentina é o menor em cem anos

Por
Fábio Galão


Açougueiro no bairro portenho de San Telmo: preço da carne bovina variou menos que a inflação geral em 12 meses, mas ainda ficou no elevado patamar de 67,6%| Foto: EFE/Demian Alday Estévez

O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, tem utilizado o churrasco como promessa de que a renda e as condições de vida da população brasileira vão melhorar se ele obtiver seu terceiro mandato no segundo turno da eleição presidencial, no próximo dia 30.

“Quando eu falo do churrasco, é porque nós vamos voltar, consertar esse país. E vamos voltar nos finais de semana a comer um churrasquinho e tomar uma cerveja. Eles ficam doidos porque ele [o candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro] pensa que só ele pode. Mas nós podemos e vamos querer comer um churrasquinho”, afirmou, nas considerações finais do debate na Band no último domingo (16).

Em 2019, o então candidato à presidência argentina Alberto Fernández, apoiador de Lula, também utilizou o churrasco como promessa de dias melhores.

Num vídeo da campanha vitoriosa para chegar à Casa Rosada (venceria o então presidente Mauricio Macri), o político peronista e sua candidata a vice, Cristina Kirchner, mostraram um ator de semblante triste olhando uma churrasqueira sem utilização, com latas de tinta e outros objetos dentro dela, empoeirada e cheia de folhas de árvore.

“Olha, a gente tem milhares de problemas, todo dia, mas chegava o final de semana e alguém dizia: ‘Opa, que tal um churrasco?’”, dizia a voz do locutor.

“A verdade é que começar a perder essas coisas… e não estou falando de comida. Fazer churrasco era algo mais, era convidar as pessoas para ir à sua casa, receber seus amigos, rir um pouco. Para que estamos trabalhando se não for para isso?”, acrescentava a propaganda, que terminava com a mensagem: “O bom é que daqui a pouco tudo isso vai melhorar. Há esperança” – antes de mostrar os nomes de Fernández e Kirchner.

Três anos depois, o churrasco prometido pela dupla peronista está cada vez mais distante da mesa dos argentinos. Um informe recente da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) apontou que o consumo de carne bovina foi de 47,8 quilos por habitante na Argentina em 2021, o menor desde 1920.

No ano 2000, a média havia sido de 64,9 quilos de carne bovina consumidos por cada argentino. Naquele ano, a carne de boi representava 65% dos tipos de carne mais consumidos no país; em 2021, ficou em 44%.

Com a inflação engolindo a renda e dificultando a compra do produto, a população do país vizinho tem que recorrer a outros tipos de carne: o consumo de carne de frango passou de 27% para 41% entre 2000 e 2021, e o de carne suína, de 8% para 15%.

“Por muito tempo, a demanda por carne bovina na Argentina caracterizou-se por ter uma baixa elasticidade em relação à renda. Em outras palavras, a população não mudava muito seu consumo de carne quando sua renda diminuía. Assim, ao contrário de outros consumos alimentares, como o de produtos lácteos, o consumo de carne bovina era independente do nível dos salários médios”, apontou o relatório da BCR.

Entretanto, na última década, essa relação se estreitou. “O consumo de carne caiu à medida que caía o poder de compra real da média salarial do país. De fato, se a correlação entre essas duas variáveis for medida retroativamente, 77% da variação do consumo de carne bovina desde 2010 é explicada por variações nos salários reais”, destacou a análise.

Um estudo do Centro de Economia Política Argentina (Cepa) destacou que a diminuição do consumo de carne bovina, devido à substituição por outros tipos de carne, é um dos motivos para que de um ano para cá a inflação do produto tenha ficado abaixo da inflação geral no país, que foi de 83% em setembro no acumulado em 12 meses.

Mas, embora a variação da carne bovina tenha sido menor, ainda ficou num patamar bem elevado: 67,6% em 12 meses.

O vídeo do churrasco da campanha de 2019 virou piada na sociedade e na imprensa argentina. Em fevereiro deste ano, em um noticiário do canal LN+, o apresentador Eduardo Feinmann ironizou quando o analista econômico Willy Laborda informou que o preço do churrasco havia subido mais de 200% na gestão Fernández.

“Pobre homem, ele ainda tem as mesmas latas, as mesmas folhas de árvore dentro da churrasqueira. E não sai churrasco!”, afirmou, ao citar o personagem do vídeo de campanha de 2019.

Apesar das dificuldades para comprar o produto, comer carne bovina é tão importante na identidade local que a Argentina teve no ano passado o maior consumo per capita do alimento, com Estados Unidos e Brasil aparecendo em segundo e terceiro lugar, respectivamente, em levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) realizado em 35 países.


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EXEMPLO DE ATUAÇÃO DE REAGAN EVITOU A GUERRA NUCLEAR

 

Artigo
Por
William Inboden
National Review – Gazeta do Povo

10/11/1986 Trip to Iceland Reykjavik Summit Arrival of General Secretary Mikhail Gorbachev at Hofdi House


Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em encontra na Islândia, em outubro de 1986.| Foto: Arquivos do governo dos EUA

O presidente americano teme que as ameaças nucleares do Kremlin possam levar ao “Armagedom”. Ele pressiona os aliados da OTAN a reduzir sua dependência do petróleo e gás russos, enquanto implora à Arábia Saudita que aumente a produção de petróleo. Os Estados Unidos fornecem armas avançadas, como mísseis Stinger, para as forças que lutam para expulsar os invasores russos de seu país. A tensão entre Moscou e Washington atingiu o ápice mais perigoso desde a crise dos mísseis cubanos. Alguns americanos temem que seu presidente, que como o mais velho da história é propenso a ruminações erráticas, possa não ter a acuidade mental para conduzir o mundo à beira de uma guerra nuclear.

Tal era a situação do presidente Ronald Reagan na década de 1980, quando ele confrontou a União Soviética. Também, é claro, descreve o presidente Biden hoje enquanto enfrenta o presidente russo Vladimir Putin.

A comparação não é exata. Reagan era muito mais um estrategista dominante e visionário do que seus críticos críticos sabiam ou admitiriam. E, para adaptar a famosa resposta de Lloyd Bentsen a Dan Quayle, Joe Biden quando jovem senador conheceu Ronald Reagan, mas como presidente ele não é Ronald Reagan.

Ainda assim, os apelos à história são inevitáveis ​​em nosso momento presente. Recentemente, Biden indicou que ele e sua equipe estão analisando a crise dos mísseis cubanos em busca de lições para lidar com Putin e a Ucrânia. A Casa Branca acredita que os Estados Unidos agora enfrentam o impasse nuclear mais tenso desde que chegaram à beira da guerra por causa dos mísseis soviéticos em Cuba, há 60 anos. Outros, como o presidente dos Serviços Armados do Senado, Jack Reed (Democrata., Rhode Island), ecoam a comparação.

Não é uma má ideia extrair insights da liderança do presidente John F. Kennedy para desarmar a ameaça nuclear soviética a 140 quilômetros das costas americanas. Kennedy habilmente administrou um impasse aterrorizante e garantiu a retirada dos mísseis de Moscou, evitando uma guerra nuclear. Mas a crise cubana de 1962 não deve ser o único modelo histórico para informar a política dos EUA hoje. Afinal, o Kremlin considerou o resultado um sucesso. Os soviéticos alcançaram seus principais objetivos: uma garantia de segurança para seu regime parceiro comunista em Cuba e a retirada dos mísseis nucleares americanos da Turquia. Também vale a pena lembrar que o ditador soviético Nikita Khrushchev se sentiu encorajado pela primeira vez a implantar mísseis nucleares em Cuba (e construir o Muro de Berlim) depois de testemunhar o desempenho irresponsável de Kennedy na cúpula de Viena em 1961. Ouvimos esses ecos na calamitosa retirada de Biden do Afeganistão no ano passado e nos sinais que enviou a Putin quando ele considerava invadir a Ucrânia.

Em vez disso, ao consultar a musa da história, a Casa Branca de Biden faria bem em aprender também com Ronald Reagan. Durante a presidência de Reagan, ele navegou em sua própria série de impasses e sustos nucleares com Moscou, particularmente no perigoso outono de 1983. No final, Reagan colocou o Kremlin sob controle, obteve uma vitória pacífica na Guerra Fria e evitou uma guerra nuclear.

É claro que as décadas de 1980 e 2020 não são idênticas; analogias perfeitas não existem na história. O Exército Vermelho era uma força muito mais formidável do que os militares russos contemporâneos e, da mesma forma, o arsenal nuclear soviético era dez vezes maior do que o atual da Rússia. Por outro lado, as mortes no campo de batalha de Moscou em apenas oito meses na Ucrânia já superam as de oito anos de combate no Afeganistão. As coalizões no conflito também diferem. A URSS tinha seus satélites do Pacto de Varsóvia na Europa Oriental, enquanto a China e a Arábia Saudita fizeram parceria com os Estados Unidos. Agora, esses alinhamentos estão invertidos, com as nações do Leste Europeu trabalhando em estreita colaboração com os EUA para apoiar a Ucrânia, enquanto a China e a Arábia Saudita servem como amortecedores econômicos para Moscou. Depois, há a figura de Vladimir Putin, que, embora conscientemente imitando homens fortes do passado do Kremlin, como os czares, Stalin e Brejnev, é de outra forma sui generis.

No entanto, existem paralelos suficientes entre os dias de Reagan e os nossos para que sua postura e políticas em relação à União Soviética continuem sendo os melhores antecedentes históricos para navegar no atual desafio russo. Quando assumiu o cargo, Reagan percebeu que a URSS, como a Rússia hoje, era ao mesmo tempo forte e fraca – uma ameaça nuclear agressiva e formidável, mas também uma economia e um sistema político decrépitos construídos sobre um edifício de mentiras. Naquela época, como agora, era uma combinação excepcionalmente perigosa.

A estratégia da Guerra Fria de Reagan integrava força e diplomacia. Ele combinou o alcance persistente de Moscou com a implantação agressiva de armas nucleares e convencionais, apoio a forças anticomunistas em todo o mundo, uma ofensiva ideológica e parceria com dissidentes soviéticos. Essa combinação manteve o Kremlin desequilibrado. Ele dissuadiu os soviéticos de empregar chantagem nuclear (ou pior), minou o sistema soviético de dentro e forneceu a válvula de segurança das negociações.

A implantação de mísseis nucleares SS-20 pela União Soviética em suas bordas ocidental e oriental representava a ameaça nuclear mais aguda na época. Essas armas móveis diabólicas carregavam três ogivas cada, eram difíceis de detectar e impossíveis de parar, e podiam incinerar Londres, Bonn, Paris, Bruxelas, Tóquio, Seul e outras capitais aliadas em dez minutos após o lançamento. Reagan temia que o Kremlin pudesse ordenar um primeiro ataque ou que, apenas ameaçando tanto, Moscou pudesse coagir os aliados europeus e asiáticos da América à capitulação.

A paranóia soviética desestabilizou ainda mais o equilíbrio precário. O Kremlin, presumindo que Reagan provavelmente atacaria primeiro, lançou a Operação RYAN e orientou a KGB a procurar quaisquer sinais nos países ocidentais de preparativos ostensivos para uma guerra nuclear – até mesmo “indicadores” mundanos, como mais luzes acesas em prédios governamentais, mais carros em estacionamentos ou aumento de estoques em bancos de sangue.

Reagan queria que os soviéticos temessem que o poder dos Estados Unidos mas também confiassem em sua moralidade. Para deter os SS-20, ele implantou mísseis nucleares americanos na Europa – tanto mísseis de cruzeiro lançados do solo (GLCMs) quanto mísseis balísticos Pershing II – que eram igualmente móveis e igualmente capazes de atingir o Kremlin. O líder soviético Mikhail Gorbachev lamentou que eles eram “como uma pistola apontada para nossa cabeça”. A modernização militar de Reagan desenvolveu armas com novas tecnologias – como furtividade, semicondutores e orientação de precisão – que poderiam ser mais inteligentes e sobrecarregar as defesas soviéticas. Sua Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI) e a visão de um escudo antimísseis de várias camadas aterrorizaram o Kremlin com a possibilidade de seu próprio arsenal nuclear se tornar impotente.

Reagan fez parceria com a inteligência francesa em uma campanha de sabotagem secreta que bloqueou o roubo de tecnologia ocidental da KGB e privou as forças armadas e a economia soviética de equipamentos avançados vitais que Moscou não podia produzir. Ele defendeu milhares de dissidentes soviéticos presos, como o líder judeu Natan Sharansky e a poetisa cristã Irina Ratushinskaya, enquanto inundava a União Soviética com literatura contrabandeada e transmissões de rádio destinadas a minar a propaganda do Kremlin e quebrar seu monopólio da informação. Ele travou uma campanha retórica implacável para expor a ilegitimidade do comunismo soviético, como quando apontou em seu discurso de Westminster em 1982 que, “de todos os milhões de refugiados que vimos no mundo moderno, sua fuga é sempre para longe, não para o mundo comunista”. Ele elaborou: “Hoje na linha da OTAN, nossas forças militares estão voltadas para o leste para evitar uma possível invasão. Do outro lado da linha, as forças soviéticas também estão voltadas para o leste para impedir que seu povo saia.”

No Afeganistão, que os soviéticos invadiram em 1979, Reagan mudou o objetivo americano de apenas enfraquecer os ocupantes soviéticos para forçar sua retirada. Ele forneceu bilhões de dólares em armas avançadas que permitiram aos afegãos enviar milhares de soldados russos para casa em sacos para corpos. Nem sempre foi uma parceria fácil. A equipe Reagan ocasionalmente teve que reduzir o excesso de mujahideen que ameaçava uma escalada, como quando os guerreiros sagrados cruzaram a fronteira em um ataque noturno dentro da União Soviética.

Desde o início, Reagan combinou essas medidas coercitivas com a diplomacia. Ele pressionou o sistema soviético para produzir um líder reformista. Ele escreveu cartas à mão para cada primeiro-ministro soviético, expressando sua esperança de negociações e reafirmando seu desejo de evitar uma guerra nuclear. Em uma epístola de 1981 ao primeiro-ministro Leonid Brezhnev, Reagan lembrou que “somente nós tínhamos a arma definitiva, a arma nuclear” no final da Segunda Guerra Mundial. “Se tivéssemos procurado dominar o mundo, quem poderia se opor a nós? Mas os Estados Unidos seguiram um curso diferente” – de reconstruir a Europa e o Japão. Reagan combinou essas garantias privadas com a proclamação pública de que “uma guerra nuclear nunca pode ser vencida e nunca deve ser travada”. Mesmo quando os três primeiros ditadores soviéticos de sua presidência (Brezhnev, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko) não retribuíram seu gesto, as missivas de Reagan os persuadiram de que os Estados Unidos não lançariam uma guerra nuclear preventiva – e nem eles deveriam.

Então veio Mikhail Gorbachev. Assim que o novo líder soviético assumiu o poder em 1985, Reagan o reconheceu como o reformador que ele esperava – e vinha pressionando o sistema soviético a produzir. No entanto, mesmo quando os dois líderes construíram uma parceria diplomática que culminou no tratado de 1987 eliminando todas as armas nucleares de alcance intermediário, Reagan não cedeu em sua campanha militar, econômica e ideológica contra o sistema soviético. Isso incluiu o aumento do apoio aos rebeldes afegãos (levando Gorbachev a lamentar o Afeganistão como “nossa ferida sangrenta”), o desenvolvimento de sistemas de armas avançadas, como o caça “invisível” e o bombardeiro que poderiam penetrar em qualquer defesa aérea soviética, a defesa contínua dos direitos humanos e da liberdade religiosa, e um implacável ataque retórico ao sistema comunista, exemplificado por sua exigência de “derrubem este muro!” [frase dita em um discurso proferido em Berlim]. Essa estratégia levou, notoriamente, à rendição negociada da União Soviética e ao fim pacífico da Guerra Fria.

Empregar um manual semelhante na guerra da Ucrânia hoje implicaria uma combinação de escalada vertical e horizontal com divulgação silenciosa (e talvez pública) a Putin e seus generais, deixando claro que os EUA não buscam um conflito nuclear – mas punirão severamente qualquer uso nuclear. Não pretendo aqui apresentar um plano operacional detalhado; o que mais importa é primeiro adotar a estrutura estratégica correta. Mas apenas para oferecer alguns exemplos de medidas específicas que podem ser tomadas: Os Estados Unidos e seus aliados da OTAN devem aumentar imediatamente o apoio de defesa antimísseis à Ucrânia, incluindo baterias Patriot e unidades do Sistema Nacional Avançado de Mísseis Terra-Ar (ambos os quais derivam de tecnologias desenvolvidas pela primeira vez no programa SDI de Reagan). Estes devem ser combinados com o aumento dos fogos de contrabateria para permitir que a Ucrânia destrua os lançadores de mísseis russos que visam civis ucranianos e com outras armas ofensivas, como o HIMARS. A Casa Branca também deve liderar a OTAN na implantação de caminhos navais no Mar Negro, como uma demonstração visível para Putin das capacidades americanas e como um impedimento adicional a qualquer detonação nuclear.

Para aumentar a pressão doméstica sobre Putin, os EUA devem lançar uma campanha maciça de informação secreta – visando o público russo por meio de internet, televisão, rádio e mídia impressa – que torne o nome de Alexei Navalny e outros dissidentes russos conhecidos em todos os lares russos. Também deve conscientizar todos os russos das centenas de bilhões de dólares de Putin em riquezas roubadas e transmitir imagens das dezenas de milhares de homens russos fugindo de seu país para fugir do alistamento.

Tal abordagem traz riscos, com certeza, especialmente de que um Putin ainda mais isolado e sitiado possa atacar. Mas nesta conjuntura da guerra, e na campanha incendiária de Putin contra o Ocidente e contra seu próprio país, todos os caminhos possíveis – seja escalar, desescalar ou manter o curso atual – carregam riscos adicionais. A estrutura de pressão e diplomacia de Reagan oferece a melhor maneira de combater Putin, libertar a Ucrânia e evitar uma guerra nuclear.

WILLIAM INBODEN é professor de políticas públicas e diretor executivo do Clements Center for National Security da Universidade do Texas em Austin, é autor de ‘THE PEACEMAKER: Ronald Reagan, the Cold War, and the World on the Brink'[O PACIFICADOR: Ronald Reagan, a Guerra Fria e o Mundo à Beira da Guerra Nuclear, em tradução livre]. Ele serviu no Departamento de Estado e na equipe do Conselho de Segurança Nacional no governo de George W. Bush.


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CENSURA PRÉVIA VIROU NORMALIDADE NO TSE

Justiça Eleitoral

Por
Alexandre Garcia


Na sessão desta quinta-feira, o plenário do TSE manteve a censura ao documentário “Quem mandou matar Bolsonaro?”, da Brasil Paralelo.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Está havendo um furor censório. Censuraram agora até o futuro: um documentário que ainda não viram, mas que não pode ser publicado antes da eleição. Contrariaram o que está expresso no artigo 220 da Constituição, que fala em total liberdade de informação em qualquer meio, de qualquer tipo; que veda a censura, diz que nenhuma lei vai ter restrição à informação. Simplesmente desconsideraram isso. Não houve nenhuma votação no Congresso revogando o artigo 220 da Constituição; nem seria possível fazer algo tão rapidamente, porque seriam necessárias duas votações na Câmara e duas no Senado, com no mínimo 60% dos votos dos deputados e senadores. Mas quatro dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fizeram isso.

Votaram pela censura os ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Benedito Gonçalves e Carmem Lúcia – ela que, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal em 2016, disse, com a voz embargada, que “cala a boca já morreu”, e agora está mandando calar a boca. Votaram contra essa censura os ministros Raul Araújo, Sérgio Banhos e Carlos Horbach – nenhum deles indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a censura, não é possível assistir agora ao documentário da Brasil Paralelo Quem mandou matar Jair Bolsonaro?, sobre quem mandou enfiar a faca de Adélio Bispo na barriga do então candidato.

A decisão também desmonetizou os canais no YouTube da Brasil Paralelo, Foco do Brasil, Folha Política e DR News. “Desmonetizar” é um eufemismo que significa outra agressão à justiça e à lei, que é não dar a remuneração do trabalho que a pessoa fez. Isso é gravíssimo. O jurista Ives Gandra da Silva Martins disse que, em 64 anos de Judiciário, ele nunca viu isso, nem no governo militar. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que é gravíssimo, que vivemos tempos estranhos, e desabafou: “censura, nunca mais”.


Justiça Eleitoral está perseguindo até Fusca e promoção de loja
Eu vi a notícia e não acreditei: em Palotina (PR), uma juíza eleitoral mandou tirar de circulação um Fusca que estava pintado de verde e amarelo, com a cara do Bolsonaro. Imaginem, se a dona Cleusa, proprietária do Fusca, não tiver garagem e precisar deixar o carro na frente de casa, vai ser multada todos os dias.

A decisão foi tomada com base na Lei 9.504, artigo 39, parágrafo 8.º. Eu fui ver o que é isso; é a lei que proíbe outdoor na campanha eleitoral. Segundo o Dicionário Aurélio, da Editora Positivo, outdoor é aquele cartaz de propaganda na beira de estrada, um painel de publicidade. Quer dizer que o Fusca é um outdoor? Um cartaz de propaganda móvel? Dá para interpretar mil coisas.

E em Chapecó (SC) uma loja tinha oferecido 22% de desconto para as compras à vista, mas a Justiça Eleitoral mandou retirar os 22%, disse que não pode. Esse furor censório cai no ridículo – e é tudo a pedido do PT. Eu fico me perguntando: por que um candidato precisa de tanta censura? Os jovens haverão de perguntar: “Será que nós vamos sofrer censura? Será que é isso que nós teremos?” Eu até fico preocupado, porque este sábado é dia 22. De repente, um “papa Gregório” da Justiça Eleitoral resolve abolir o dia 22 de outubro de 2022. E o que a gente vai fazer? Vai pular de sexta para domingo! Será?


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EXCESSO DE CENSURA DO TSE CONTAMINOU O PROCESSO ELEITORAL

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: SECOM TSE

A censura é um câncer e, sendo câncer, pode gerar metástase – a infecção sai do lugar onde começou e começa a invadir, passo por passo, o organismo inteiro. É o que está acontecendo com os atos de repressão do ministro Alexandre Moraes e seus imitadores no Tribunal Superior Eleitoral contra órgãos de imprensa. Dia após dia, violam de maneira cada vez mais maligna a liberdade de expressão, estabelecida com palavras indiscutíveis na Constituição Federal do Brasil – e proíbem os veículos de comunicação de publicarem qualquer coisa que o ex-presidente Lula, candidato nas eleições do dia 30 de outubro, não quer que seja publicada. A primeira agressão foi contra a Gazeta do Povo, censurada pelo TSE por informar, com base em fatos escandalosamente públicos, que Lula e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, são aliados políticos e admiradores um do outro. Lula acha que isso pode lhe custar votos. Exigiu então que a Gazeta não publicasse nada a esse respeito e foi atendido na hora pelo TSE; sempre é. A partir daí o câncer se espalhou. Acaba de infectar a rádio Jovem Pan, e pelos mesmos motivos: levar ao ar notícias sobre fatos verdadeiros cuja divulgação Lula não admite. A rádio está censurada pelo TSE por falar dos processos e das condenações de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. É como se não tivesse existido a Lava Jato, ou a sua prisão durante 20 meses em Curitiba, ou a devolução em massa de dinheiro roubado. A Jovem Pan não pode falar nada disso.

Nunca se viu numa eleição brasileira, nem mesmo nas eleições consentidas e bem-comportadas feitas durante o AI-5, atos de ditadura como os que estão sendo praticados neste momento pelo alto Poder Judiciário. O processo eleitoral, por conta disso, está irremediavelmente sujo; qualquer que seja o resultado, a dupla STF-TSE conduziu durante toda a campanha um processo de destruição da democracia que não pode mais ser consertado. A autoridade eleitoral abandonou, sem maiores preocupações com aparências, a sua obrigação elementar de ser imparcial – está agindo abertamente a favor de um candidato, o ex-presidente Lula, contra o candidato adversário, o presidente Jair Bolsonaro. Montou-se, aliás com a colaboração da maior parte da mídia, uma colossal operação de fingimento, através da qual STF-TSE pretendem salvar o Brasil do “autoritarismo” – e se servem desta mentira para violar a Constituição, liquidar liberdades públicas e individuais, e impor a censura em favor do seu candidato.

Nunca se viu numa eleição brasileira, nem mesmo nas eleições consentidas e bem-comportadas feitas durante o AI-5, atos de ditadura como os que estão sendo praticados neste momento pelo alto Poder Judiciário

A metástase transbordou do seu foco inicial não apenas quanto aos órgãos de imprensa perseguidos pelo TSE, mas também em relação aos assuntos censurados. Alexandre Mores e seus associados no TSE proíbem a exibição de vídeos em que Lula diz ”ainda bem” que “a natureza” nos mandou a Covid – assim as pessoas aprendem a “importância do Estado”. É proibido dizer que Lula foi o mais votado nas penitenciárias. Também não pode dizer que o PT votou contra, na prática, o Auxílio Brasil proposto no Congresso pelo governo – o partido negou o pagamento parcelado dos precatórios, ou dívidas da União não pagas, e é daí que vem o dinheiro para pagar o auxílio. Nem o ex-ministro Marco Aurélio, do próprio Supremo, pode falar. Os ex-colegas proibiram que ele diga que Lula não foi absolvido, em nenhum momento, pelo STF – apenas teve os seus processos penais “anulados”, sem qualquer menção a provas ou fatos, o que não tem absolutamente nada a ver com “absolvição”. É, em todo o caso, uma interpretação dele como jurista, absolutamente legítima e legal. Mas o ex-ministro foi proibido de falar. E por aí se vai, com multas de 25.000 reais por dia para veículos de imprensa ou para jornalistas que não obedecerem de imediato as ordens da censura – um abuso sem precedentes na história da justiça brasileira.

Nenhum dos atos de censura do TSE, pelo que ficou provado nas suas decisões, proibiu a publicação de notícia falsa – como, hipocritamente, Moraes e colegas vêm dizendo que era a sua intenção, antes ainda da campanha eleitoral começar. Agora se vê que só foi proibida, como sempre quiseram eles, a publicação de informações verdadeiras. Estas sim, são e sempre foram o objetivo real da repressão ditatorial mais flagrante que o país já viu desde a abolição do AI-5. A ditadura do Judiciário está proibindo dizer a verdade no Brasil.


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JUDIÁRIO FAZ CENSURA PRÉVIA DE DOCUMENTÁRIO

 

Justiça Eleitoral

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo


Na sessão desta quinta-feira, o plenário do TSE manteve a censura ao documentário “Quem mandou matar Bolsonaro?”, da Brasil Paralelo.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Ficam falando em fraude nas urnas, em fraude na totalização dos votos, e a democracia já foi fraudada faz tempo. Tentam inventar uma “democracia relativa”, que, como dizia Millôr Fernandes, “é muito parecida com uma ditadura absoluta”. Democrata passou a ser aquele que pensa como os ministros do TSE, que estão ao lado de Lula, numa campanha eleitoral imunda. Se tem censura, é ditadura. Se tem censura prévia, chegamos ao fim da linha.

De que ainda vale o artigo 220 da Constituição? Aquele que diz o seguinte: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”. De que ainda vale o segundo parágrafo desse artigo? E ele é tão claro: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Nosso grito deve ser sempre por liberdade! Para a Brasil Paralelo, revista Oeste, Jovem Pan, Gazeta do Povo, para você, para mim, para os que não pensam como nós… Para todos!

O TSE vai ladeira abaixo, sem freio, arrancando dos brasileiros tudo o que lhes garante a Constituição. E seus ministros vão criando expressões absurdas, para defender o indefensável: a censura… Falam em “ecossistema de desinformação”, “desordem informacional”, “desinformação em segunda geração”. Reclamam de uma “rede bolsonarista”, da “forte capacidade de mobilização” daqueles que consideram seus adversários. O conteúdo é a favor de Bolsonaro e contra Lula? Não pode divulgar, não pode compartilhar, mesmo que seja a pura verdade.

E a velha imprensa não reclama da censura. Pelo contrário, fala em “ofensiva do TSE contra fake news”, na ação do Tribunal “para conter a disseminação de mentiras”… Comentaristas ligados ao movimento conservador são afastados. Os de oposição ao governo mantêm seus espaços. Isso é isonomia… Um blog petista citado na Lava Jato pode lançar o documentário Bolsonaro e Adélio – uma fakeada no coração do Brasil… A Brasil Paralelo está proibida de falar do atentado.


Os todo-poderosos
Enquanto Lula diz, em entrevista: “Tenho de mentir! É preciso mentir. O político tem que mentir”, Alexandre de Moraes recria o “assédio eleitoral”. O ministro ameaça prender dois ou três empresários… Lula faz ameaças a Romeu Zema, Sergio Moro, Deltan Dallagnol, Eduardo Pazuello. Nessa índole totalitária, eles estão do mesmo lado, um como candidato, outro como árbitro da eleição.

A usurpação da Justiça para perseguir um lado e apoiar o outro vai mais longe: o transporte gratuito para eleitores está liberado. Sanduíche de mortadela também. O que era compra de votos deixou de ser. Agora tudo é para garantir a democracia, até a censura. E o nosso grito deve ser sempre por liberdade! Para a Brasil Paralelo, revista Oeste, Jovem Pan, Gazeta do Povo, para você, para mim, para os que não pensam como nós… Para todos! Sem exceção.


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CALABOQUIL É O REMÉDIO PRODUZIDO PELO LABORATÓRIO DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

 

Bula
Calaboquil® 13mg

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Contra o antipetismo e o bolsonarismo crônico ou agudo, o laboratório Judiciário Brasileiro S/A recomenda o uso de Calaboquil®.| Foto: Paulo Polzonoff Jr.

Indicação
Calaboquil® Comprimidos é indicado a todos os antipetistas, lavajatistas, conservadores, liberais, direitistas ou bolsonaristas crônicos ou agudos que por ventura estejam com muita, muita, muita, muita vontade mesmo de falar alguma verdade sobre o ex-presidiário amigo de ditadores, Lula.

Mecanismo de Ação
O Calaboquil® tem em sua composição alexandredemoralato de carmenluciol concentrado, um composto que pertence à classe dos autoritariloides, responsáveis por causar um leve abalo no Estado Democrático de Direito, o que conduz a uma ação antidemocraticamente entorpecente e estupidificante.

Após a administração, o Calaboquil® tem efeito imediato, sob pena de multa e exclusão das redes sociais. A ação do Calaboquil® se prolonga por um período que vai de semanas a décadas, dependendo da necessidade de se calar a verdade ou apagar a história.

Posologia
A dose recomendada de Calaboquil® é de 13mg, sempre que os sintomas aparecerem ou a cada sessão plenária do TSE. A depender da gravidade do problema ou em situações de estresse, como durante as eleições, Calaboquil® pode ser usado em intervalos menores, mas nunca em doses mais elevadas. Calaboquil® Comprimidos de 13mg deve ser administrado via oral, colocando um comprimido sob a língua e calando bem a boquinha.

Efeitos Colaterais

Alguns dos efeitos colaterais do Calaboquil® são contorcionismo retórico ou argumentativo, sonolência ética, estupidez jurídica, entorpecência intelectual, infecção do sistema eleitoral, depressão da liberdade de imprensa, irritabilidade da sociedade indignada com esses desmandos todos, fadiga do Estado Democrático de Direito, cólicas ditatoriais e, em casos extremos e raros, coceira no cabo e no soldado.

Contraindicações
Calaboquil® é contraindicado para petistas, lulistas, esquerdistas, progressistas, comunistas, socialistas, artistas parasitários, liberalóides do voto lulo, tucanos, abortistas, psolistas, André Janones e Randolfe Rodrigues.

Advertências e Precauções

Antes de usar Calaboquil®, você deve comunicar seu superego se tiver coragem, vergonha na cara ou ousadia, e sempre que estiver se sentindo perigosamente livre, se tiver histórico de verdadite inconveniente (popularmente conhecida como sincericite política aguda).

Calaboquil® é um medicamento que pode causar dependência política e jornalística. Em casos de dependência ou uso prolongado, quando o tratamento é interrompido bruscamente, pode haver sintomas como convulsão social.

Durante o tratamento com Calaboquil® deve-se evitar o uso de livre-arbítrio ou de quaisquer outras expressões da liberdade, pois este medicamento pode prejudicar a capacidade individual de discernimento.

Superdosagem

Na experiência histórica, ocorreu superdose com Calaboquil® predominantemente em administração concomitante a utopias totalitárias diversas.

No caso de superdosagem, os sintomas variam em termos de gravidade, indo desde uma nota de repúdio até uma ruptura institucional, coma e morte.

Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro intelectual e espiritual, e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para o gabinete do senador Rodrigo Pacheco (61) 3303-2794 / 2795 se precisar desabafar.

Composição

Calaboquil® Comprimidos. Cada comprimido contém:
Alexandredemoralato de carmenluciol…………………… 13mg
(Excipientes: beneditolito de tapinhol, lewandowskepan e essência de tirania)

Interações Medicamentosas
Calaboquil® não deve ser administrado em conjunto com algumas virtudes, como honestidade, humildade, temperança, paciência, justiça ou generosidade.

O que devo fazer quando me esquecer de usar este medicamento?

Caso ocorra o esquecimento da administração de uma dose de Calaboquil®, deve-se tomar o comprimido o mais rápido possível, antes que a desordem informacional se espalhe ou que a honra de Lula seja afetada por coisas que ele disse ou fez no passado.

Calaboquil® faz engordar?
Muito pelo contrário! Estudos históricos mostram que o uso sistemático de Calaboquil® leva à crise econômica e à fome.

Laboratório
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