sexta-feira, 21 de outubro de 2022

PROMESSA DE CARNE CHURRASCO E CERVEJA NA ARGENTINA COMO AQUI VIRA TERROR NA ARGENTINA

 

Economia
Hoje, consumo de carne bovina na Argentina é o menor em cem anos

Por
Fábio Galão


Açougueiro no bairro portenho de San Telmo: preço da carne bovina variou menos que a inflação geral em 12 meses, mas ainda ficou no elevado patamar de 67,6%| Foto: EFE/Demian Alday Estévez

O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, tem utilizado o churrasco como promessa de que a renda e as condições de vida da população brasileira vão melhorar se ele obtiver seu terceiro mandato no segundo turno da eleição presidencial, no próximo dia 30.

“Quando eu falo do churrasco, é porque nós vamos voltar, consertar esse país. E vamos voltar nos finais de semana a comer um churrasquinho e tomar uma cerveja. Eles ficam doidos porque ele [o candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro] pensa que só ele pode. Mas nós podemos e vamos querer comer um churrasquinho”, afirmou, nas considerações finais do debate na Band no último domingo (16).

Em 2019, o então candidato à presidência argentina Alberto Fernández, apoiador de Lula, também utilizou o churrasco como promessa de dias melhores.

Num vídeo da campanha vitoriosa para chegar à Casa Rosada (venceria o então presidente Mauricio Macri), o político peronista e sua candidata a vice, Cristina Kirchner, mostraram um ator de semblante triste olhando uma churrasqueira sem utilização, com latas de tinta e outros objetos dentro dela, empoeirada e cheia de folhas de árvore.

“Olha, a gente tem milhares de problemas, todo dia, mas chegava o final de semana e alguém dizia: ‘Opa, que tal um churrasco?’”, dizia a voz do locutor.

“A verdade é que começar a perder essas coisas… e não estou falando de comida. Fazer churrasco era algo mais, era convidar as pessoas para ir à sua casa, receber seus amigos, rir um pouco. Para que estamos trabalhando se não for para isso?”, acrescentava a propaganda, que terminava com a mensagem: “O bom é que daqui a pouco tudo isso vai melhorar. Há esperança” – antes de mostrar os nomes de Fernández e Kirchner.

Três anos depois, o churrasco prometido pela dupla peronista está cada vez mais distante da mesa dos argentinos. Um informe recente da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) apontou que o consumo de carne bovina foi de 47,8 quilos por habitante na Argentina em 2021, o menor desde 1920.

No ano 2000, a média havia sido de 64,9 quilos de carne bovina consumidos por cada argentino. Naquele ano, a carne de boi representava 65% dos tipos de carne mais consumidos no país; em 2021, ficou em 44%.

Com a inflação engolindo a renda e dificultando a compra do produto, a população do país vizinho tem que recorrer a outros tipos de carne: o consumo de carne de frango passou de 27% para 41% entre 2000 e 2021, e o de carne suína, de 8% para 15%.

“Por muito tempo, a demanda por carne bovina na Argentina caracterizou-se por ter uma baixa elasticidade em relação à renda. Em outras palavras, a população não mudava muito seu consumo de carne quando sua renda diminuía. Assim, ao contrário de outros consumos alimentares, como o de produtos lácteos, o consumo de carne bovina era independente do nível dos salários médios”, apontou o relatório da BCR.

Entretanto, na última década, essa relação se estreitou. “O consumo de carne caiu à medida que caía o poder de compra real da média salarial do país. De fato, se a correlação entre essas duas variáveis for medida retroativamente, 77% da variação do consumo de carne bovina desde 2010 é explicada por variações nos salários reais”, destacou a análise.

Um estudo do Centro de Economia Política Argentina (Cepa) destacou que a diminuição do consumo de carne bovina, devido à substituição por outros tipos de carne, é um dos motivos para que de um ano para cá a inflação do produto tenha ficado abaixo da inflação geral no país, que foi de 83% em setembro no acumulado em 12 meses.

Mas, embora a variação da carne bovina tenha sido menor, ainda ficou num patamar bem elevado: 67,6% em 12 meses.

O vídeo do churrasco da campanha de 2019 virou piada na sociedade e na imprensa argentina. Em fevereiro deste ano, em um noticiário do canal LN+, o apresentador Eduardo Feinmann ironizou quando o analista econômico Willy Laborda informou que o preço do churrasco havia subido mais de 200% na gestão Fernández.

“Pobre homem, ele ainda tem as mesmas latas, as mesmas folhas de árvore dentro da churrasqueira. E não sai churrasco!”, afirmou, ao citar o personagem do vídeo de campanha de 2019.

Apesar das dificuldades para comprar o produto, comer carne bovina é tão importante na identidade local que a Argentina teve no ano passado o maior consumo per capita do alimento, com Estados Unidos e Brasil aparecendo em segundo e terceiro lugar, respectivamente, em levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) realizado em 35 países.


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EXEMPLO DE ATUAÇÃO DE REAGAN EVITOU A GUERRA NUCLEAR

 

Artigo
Por
William Inboden
National Review – Gazeta do Povo

10/11/1986 Trip to Iceland Reykjavik Summit Arrival of General Secretary Mikhail Gorbachev at Hofdi House


Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em encontra na Islândia, em outubro de 1986.| Foto: Arquivos do governo dos EUA

O presidente americano teme que as ameaças nucleares do Kremlin possam levar ao “Armagedom”. Ele pressiona os aliados da OTAN a reduzir sua dependência do petróleo e gás russos, enquanto implora à Arábia Saudita que aumente a produção de petróleo. Os Estados Unidos fornecem armas avançadas, como mísseis Stinger, para as forças que lutam para expulsar os invasores russos de seu país. A tensão entre Moscou e Washington atingiu o ápice mais perigoso desde a crise dos mísseis cubanos. Alguns americanos temem que seu presidente, que como o mais velho da história é propenso a ruminações erráticas, possa não ter a acuidade mental para conduzir o mundo à beira de uma guerra nuclear.

Tal era a situação do presidente Ronald Reagan na década de 1980, quando ele confrontou a União Soviética. Também, é claro, descreve o presidente Biden hoje enquanto enfrenta o presidente russo Vladimir Putin.

A comparação não é exata. Reagan era muito mais um estrategista dominante e visionário do que seus críticos críticos sabiam ou admitiriam. E, para adaptar a famosa resposta de Lloyd Bentsen a Dan Quayle, Joe Biden quando jovem senador conheceu Ronald Reagan, mas como presidente ele não é Ronald Reagan.

Ainda assim, os apelos à história são inevitáveis ​​em nosso momento presente. Recentemente, Biden indicou que ele e sua equipe estão analisando a crise dos mísseis cubanos em busca de lições para lidar com Putin e a Ucrânia. A Casa Branca acredita que os Estados Unidos agora enfrentam o impasse nuclear mais tenso desde que chegaram à beira da guerra por causa dos mísseis soviéticos em Cuba, há 60 anos. Outros, como o presidente dos Serviços Armados do Senado, Jack Reed (Democrata., Rhode Island), ecoam a comparação.

Não é uma má ideia extrair insights da liderança do presidente John F. Kennedy para desarmar a ameaça nuclear soviética a 140 quilômetros das costas americanas. Kennedy habilmente administrou um impasse aterrorizante e garantiu a retirada dos mísseis de Moscou, evitando uma guerra nuclear. Mas a crise cubana de 1962 não deve ser o único modelo histórico para informar a política dos EUA hoje. Afinal, o Kremlin considerou o resultado um sucesso. Os soviéticos alcançaram seus principais objetivos: uma garantia de segurança para seu regime parceiro comunista em Cuba e a retirada dos mísseis nucleares americanos da Turquia. Também vale a pena lembrar que o ditador soviético Nikita Khrushchev se sentiu encorajado pela primeira vez a implantar mísseis nucleares em Cuba (e construir o Muro de Berlim) depois de testemunhar o desempenho irresponsável de Kennedy na cúpula de Viena em 1961. Ouvimos esses ecos na calamitosa retirada de Biden do Afeganistão no ano passado e nos sinais que enviou a Putin quando ele considerava invadir a Ucrânia.

Em vez disso, ao consultar a musa da história, a Casa Branca de Biden faria bem em aprender também com Ronald Reagan. Durante a presidência de Reagan, ele navegou em sua própria série de impasses e sustos nucleares com Moscou, particularmente no perigoso outono de 1983. No final, Reagan colocou o Kremlin sob controle, obteve uma vitória pacífica na Guerra Fria e evitou uma guerra nuclear.

É claro que as décadas de 1980 e 2020 não são idênticas; analogias perfeitas não existem na história. O Exército Vermelho era uma força muito mais formidável do que os militares russos contemporâneos e, da mesma forma, o arsenal nuclear soviético era dez vezes maior do que o atual da Rússia. Por outro lado, as mortes no campo de batalha de Moscou em apenas oito meses na Ucrânia já superam as de oito anos de combate no Afeganistão. As coalizões no conflito também diferem. A URSS tinha seus satélites do Pacto de Varsóvia na Europa Oriental, enquanto a China e a Arábia Saudita fizeram parceria com os Estados Unidos. Agora, esses alinhamentos estão invertidos, com as nações do Leste Europeu trabalhando em estreita colaboração com os EUA para apoiar a Ucrânia, enquanto a China e a Arábia Saudita servem como amortecedores econômicos para Moscou. Depois, há a figura de Vladimir Putin, que, embora conscientemente imitando homens fortes do passado do Kremlin, como os czares, Stalin e Brejnev, é de outra forma sui generis.

No entanto, existem paralelos suficientes entre os dias de Reagan e os nossos para que sua postura e políticas em relação à União Soviética continuem sendo os melhores antecedentes históricos para navegar no atual desafio russo. Quando assumiu o cargo, Reagan percebeu que a URSS, como a Rússia hoje, era ao mesmo tempo forte e fraca – uma ameaça nuclear agressiva e formidável, mas também uma economia e um sistema político decrépitos construídos sobre um edifício de mentiras. Naquela época, como agora, era uma combinação excepcionalmente perigosa.

A estratégia da Guerra Fria de Reagan integrava força e diplomacia. Ele combinou o alcance persistente de Moscou com a implantação agressiva de armas nucleares e convencionais, apoio a forças anticomunistas em todo o mundo, uma ofensiva ideológica e parceria com dissidentes soviéticos. Essa combinação manteve o Kremlin desequilibrado. Ele dissuadiu os soviéticos de empregar chantagem nuclear (ou pior), minou o sistema soviético de dentro e forneceu a válvula de segurança das negociações.

A implantação de mísseis nucleares SS-20 pela União Soviética em suas bordas ocidental e oriental representava a ameaça nuclear mais aguda na época. Essas armas móveis diabólicas carregavam três ogivas cada, eram difíceis de detectar e impossíveis de parar, e podiam incinerar Londres, Bonn, Paris, Bruxelas, Tóquio, Seul e outras capitais aliadas em dez minutos após o lançamento. Reagan temia que o Kremlin pudesse ordenar um primeiro ataque ou que, apenas ameaçando tanto, Moscou pudesse coagir os aliados europeus e asiáticos da América à capitulação.

A paranóia soviética desestabilizou ainda mais o equilíbrio precário. O Kremlin, presumindo que Reagan provavelmente atacaria primeiro, lançou a Operação RYAN e orientou a KGB a procurar quaisquer sinais nos países ocidentais de preparativos ostensivos para uma guerra nuclear – até mesmo “indicadores” mundanos, como mais luzes acesas em prédios governamentais, mais carros em estacionamentos ou aumento de estoques em bancos de sangue.

Reagan queria que os soviéticos temessem que o poder dos Estados Unidos mas também confiassem em sua moralidade. Para deter os SS-20, ele implantou mísseis nucleares americanos na Europa – tanto mísseis de cruzeiro lançados do solo (GLCMs) quanto mísseis balísticos Pershing II – que eram igualmente móveis e igualmente capazes de atingir o Kremlin. O líder soviético Mikhail Gorbachev lamentou que eles eram “como uma pistola apontada para nossa cabeça”. A modernização militar de Reagan desenvolveu armas com novas tecnologias – como furtividade, semicondutores e orientação de precisão – que poderiam ser mais inteligentes e sobrecarregar as defesas soviéticas. Sua Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI) e a visão de um escudo antimísseis de várias camadas aterrorizaram o Kremlin com a possibilidade de seu próprio arsenal nuclear se tornar impotente.

Reagan fez parceria com a inteligência francesa em uma campanha de sabotagem secreta que bloqueou o roubo de tecnologia ocidental da KGB e privou as forças armadas e a economia soviética de equipamentos avançados vitais que Moscou não podia produzir. Ele defendeu milhares de dissidentes soviéticos presos, como o líder judeu Natan Sharansky e a poetisa cristã Irina Ratushinskaya, enquanto inundava a União Soviética com literatura contrabandeada e transmissões de rádio destinadas a minar a propaganda do Kremlin e quebrar seu monopólio da informação. Ele travou uma campanha retórica implacável para expor a ilegitimidade do comunismo soviético, como quando apontou em seu discurso de Westminster em 1982 que, “de todos os milhões de refugiados que vimos no mundo moderno, sua fuga é sempre para longe, não para o mundo comunista”. Ele elaborou: “Hoje na linha da OTAN, nossas forças militares estão voltadas para o leste para evitar uma possível invasão. Do outro lado da linha, as forças soviéticas também estão voltadas para o leste para impedir que seu povo saia.”

No Afeganistão, que os soviéticos invadiram em 1979, Reagan mudou o objetivo americano de apenas enfraquecer os ocupantes soviéticos para forçar sua retirada. Ele forneceu bilhões de dólares em armas avançadas que permitiram aos afegãos enviar milhares de soldados russos para casa em sacos para corpos. Nem sempre foi uma parceria fácil. A equipe Reagan ocasionalmente teve que reduzir o excesso de mujahideen que ameaçava uma escalada, como quando os guerreiros sagrados cruzaram a fronteira em um ataque noturno dentro da União Soviética.

Desde o início, Reagan combinou essas medidas coercitivas com a diplomacia. Ele pressionou o sistema soviético para produzir um líder reformista. Ele escreveu cartas à mão para cada primeiro-ministro soviético, expressando sua esperança de negociações e reafirmando seu desejo de evitar uma guerra nuclear. Em uma epístola de 1981 ao primeiro-ministro Leonid Brezhnev, Reagan lembrou que “somente nós tínhamos a arma definitiva, a arma nuclear” no final da Segunda Guerra Mundial. “Se tivéssemos procurado dominar o mundo, quem poderia se opor a nós? Mas os Estados Unidos seguiram um curso diferente” – de reconstruir a Europa e o Japão. Reagan combinou essas garantias privadas com a proclamação pública de que “uma guerra nuclear nunca pode ser vencida e nunca deve ser travada”. Mesmo quando os três primeiros ditadores soviéticos de sua presidência (Brezhnev, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko) não retribuíram seu gesto, as missivas de Reagan os persuadiram de que os Estados Unidos não lançariam uma guerra nuclear preventiva – e nem eles deveriam.

Então veio Mikhail Gorbachev. Assim que o novo líder soviético assumiu o poder em 1985, Reagan o reconheceu como o reformador que ele esperava – e vinha pressionando o sistema soviético a produzir. No entanto, mesmo quando os dois líderes construíram uma parceria diplomática que culminou no tratado de 1987 eliminando todas as armas nucleares de alcance intermediário, Reagan não cedeu em sua campanha militar, econômica e ideológica contra o sistema soviético. Isso incluiu o aumento do apoio aos rebeldes afegãos (levando Gorbachev a lamentar o Afeganistão como “nossa ferida sangrenta”), o desenvolvimento de sistemas de armas avançadas, como o caça “invisível” e o bombardeiro que poderiam penetrar em qualquer defesa aérea soviética, a defesa contínua dos direitos humanos e da liberdade religiosa, e um implacável ataque retórico ao sistema comunista, exemplificado por sua exigência de “derrubem este muro!” [frase dita em um discurso proferido em Berlim]. Essa estratégia levou, notoriamente, à rendição negociada da União Soviética e ao fim pacífico da Guerra Fria.

Empregar um manual semelhante na guerra da Ucrânia hoje implicaria uma combinação de escalada vertical e horizontal com divulgação silenciosa (e talvez pública) a Putin e seus generais, deixando claro que os EUA não buscam um conflito nuclear – mas punirão severamente qualquer uso nuclear. Não pretendo aqui apresentar um plano operacional detalhado; o que mais importa é primeiro adotar a estrutura estratégica correta. Mas apenas para oferecer alguns exemplos de medidas específicas que podem ser tomadas: Os Estados Unidos e seus aliados da OTAN devem aumentar imediatamente o apoio de defesa antimísseis à Ucrânia, incluindo baterias Patriot e unidades do Sistema Nacional Avançado de Mísseis Terra-Ar (ambos os quais derivam de tecnologias desenvolvidas pela primeira vez no programa SDI de Reagan). Estes devem ser combinados com o aumento dos fogos de contrabateria para permitir que a Ucrânia destrua os lançadores de mísseis russos que visam civis ucranianos e com outras armas ofensivas, como o HIMARS. A Casa Branca também deve liderar a OTAN na implantação de caminhos navais no Mar Negro, como uma demonstração visível para Putin das capacidades americanas e como um impedimento adicional a qualquer detonação nuclear.

Para aumentar a pressão doméstica sobre Putin, os EUA devem lançar uma campanha maciça de informação secreta – visando o público russo por meio de internet, televisão, rádio e mídia impressa – que torne o nome de Alexei Navalny e outros dissidentes russos conhecidos em todos os lares russos. Também deve conscientizar todos os russos das centenas de bilhões de dólares de Putin em riquezas roubadas e transmitir imagens das dezenas de milhares de homens russos fugindo de seu país para fugir do alistamento.

Tal abordagem traz riscos, com certeza, especialmente de que um Putin ainda mais isolado e sitiado possa atacar. Mas nesta conjuntura da guerra, e na campanha incendiária de Putin contra o Ocidente e contra seu próprio país, todos os caminhos possíveis – seja escalar, desescalar ou manter o curso atual – carregam riscos adicionais. A estrutura de pressão e diplomacia de Reagan oferece a melhor maneira de combater Putin, libertar a Ucrânia e evitar uma guerra nuclear.

WILLIAM INBODEN é professor de políticas públicas e diretor executivo do Clements Center for National Security da Universidade do Texas em Austin, é autor de ‘THE PEACEMAKER: Ronald Reagan, the Cold War, and the World on the Brink'[O PACIFICADOR: Ronald Reagan, a Guerra Fria e o Mundo à Beira da Guerra Nuclear, em tradução livre]. Ele serviu no Departamento de Estado e na equipe do Conselho de Segurança Nacional no governo de George W. Bush.


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CENSURA PRÉVIA VIROU NORMALIDADE NO TSE

Justiça Eleitoral

Por
Alexandre Garcia


Na sessão desta quinta-feira, o plenário do TSE manteve a censura ao documentário “Quem mandou matar Bolsonaro?”, da Brasil Paralelo.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Está havendo um furor censório. Censuraram agora até o futuro: um documentário que ainda não viram, mas que não pode ser publicado antes da eleição. Contrariaram o que está expresso no artigo 220 da Constituição, que fala em total liberdade de informação em qualquer meio, de qualquer tipo; que veda a censura, diz que nenhuma lei vai ter restrição à informação. Simplesmente desconsideraram isso. Não houve nenhuma votação no Congresso revogando o artigo 220 da Constituição; nem seria possível fazer algo tão rapidamente, porque seriam necessárias duas votações na Câmara e duas no Senado, com no mínimo 60% dos votos dos deputados e senadores. Mas quatro dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fizeram isso.

Votaram pela censura os ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Benedito Gonçalves e Carmem Lúcia – ela que, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal em 2016, disse, com a voz embargada, que “cala a boca já morreu”, e agora está mandando calar a boca. Votaram contra essa censura os ministros Raul Araújo, Sérgio Banhos e Carlos Horbach – nenhum deles indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a censura, não é possível assistir agora ao documentário da Brasil Paralelo Quem mandou matar Jair Bolsonaro?, sobre quem mandou enfiar a faca de Adélio Bispo na barriga do então candidato.

A decisão também desmonetizou os canais no YouTube da Brasil Paralelo, Foco do Brasil, Folha Política e DR News. “Desmonetizar” é um eufemismo que significa outra agressão à justiça e à lei, que é não dar a remuneração do trabalho que a pessoa fez. Isso é gravíssimo. O jurista Ives Gandra da Silva Martins disse que, em 64 anos de Judiciário, ele nunca viu isso, nem no governo militar. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que é gravíssimo, que vivemos tempos estranhos, e desabafou: “censura, nunca mais”.


Justiça Eleitoral está perseguindo até Fusca e promoção de loja
Eu vi a notícia e não acreditei: em Palotina (PR), uma juíza eleitoral mandou tirar de circulação um Fusca que estava pintado de verde e amarelo, com a cara do Bolsonaro. Imaginem, se a dona Cleusa, proprietária do Fusca, não tiver garagem e precisar deixar o carro na frente de casa, vai ser multada todos os dias.

A decisão foi tomada com base na Lei 9.504, artigo 39, parágrafo 8.º. Eu fui ver o que é isso; é a lei que proíbe outdoor na campanha eleitoral. Segundo o Dicionário Aurélio, da Editora Positivo, outdoor é aquele cartaz de propaganda na beira de estrada, um painel de publicidade. Quer dizer que o Fusca é um outdoor? Um cartaz de propaganda móvel? Dá para interpretar mil coisas.

E em Chapecó (SC) uma loja tinha oferecido 22% de desconto para as compras à vista, mas a Justiça Eleitoral mandou retirar os 22%, disse que não pode. Esse furor censório cai no ridículo – e é tudo a pedido do PT. Eu fico me perguntando: por que um candidato precisa de tanta censura? Os jovens haverão de perguntar: “Será que nós vamos sofrer censura? Será que é isso que nós teremos?” Eu até fico preocupado, porque este sábado é dia 22. De repente, um “papa Gregório” da Justiça Eleitoral resolve abolir o dia 22 de outubro de 2022. E o que a gente vai fazer? Vai pular de sexta para domingo! Será?


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EXCESSO DE CENSURA DO TSE CONTAMINOU O PROCESSO ELEITORAL

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: SECOM TSE

A censura é um câncer e, sendo câncer, pode gerar metástase – a infecção sai do lugar onde começou e começa a invadir, passo por passo, o organismo inteiro. É o que está acontecendo com os atos de repressão do ministro Alexandre Moraes e seus imitadores no Tribunal Superior Eleitoral contra órgãos de imprensa. Dia após dia, violam de maneira cada vez mais maligna a liberdade de expressão, estabelecida com palavras indiscutíveis na Constituição Federal do Brasil – e proíbem os veículos de comunicação de publicarem qualquer coisa que o ex-presidente Lula, candidato nas eleições do dia 30 de outubro, não quer que seja publicada. A primeira agressão foi contra a Gazeta do Povo, censurada pelo TSE por informar, com base em fatos escandalosamente públicos, que Lula e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, são aliados políticos e admiradores um do outro. Lula acha que isso pode lhe custar votos. Exigiu então que a Gazeta não publicasse nada a esse respeito e foi atendido na hora pelo TSE; sempre é. A partir daí o câncer se espalhou. Acaba de infectar a rádio Jovem Pan, e pelos mesmos motivos: levar ao ar notícias sobre fatos verdadeiros cuja divulgação Lula não admite. A rádio está censurada pelo TSE por falar dos processos e das condenações de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. É como se não tivesse existido a Lava Jato, ou a sua prisão durante 20 meses em Curitiba, ou a devolução em massa de dinheiro roubado. A Jovem Pan não pode falar nada disso.

Nunca se viu numa eleição brasileira, nem mesmo nas eleições consentidas e bem-comportadas feitas durante o AI-5, atos de ditadura como os que estão sendo praticados neste momento pelo alto Poder Judiciário. O processo eleitoral, por conta disso, está irremediavelmente sujo; qualquer que seja o resultado, a dupla STF-TSE conduziu durante toda a campanha um processo de destruição da democracia que não pode mais ser consertado. A autoridade eleitoral abandonou, sem maiores preocupações com aparências, a sua obrigação elementar de ser imparcial – está agindo abertamente a favor de um candidato, o ex-presidente Lula, contra o candidato adversário, o presidente Jair Bolsonaro. Montou-se, aliás com a colaboração da maior parte da mídia, uma colossal operação de fingimento, através da qual STF-TSE pretendem salvar o Brasil do “autoritarismo” – e se servem desta mentira para violar a Constituição, liquidar liberdades públicas e individuais, e impor a censura em favor do seu candidato.

Nunca se viu numa eleição brasileira, nem mesmo nas eleições consentidas e bem-comportadas feitas durante o AI-5, atos de ditadura como os que estão sendo praticados neste momento pelo alto Poder Judiciário

A metástase transbordou do seu foco inicial não apenas quanto aos órgãos de imprensa perseguidos pelo TSE, mas também em relação aos assuntos censurados. Alexandre Mores e seus associados no TSE proíbem a exibição de vídeos em que Lula diz ”ainda bem” que “a natureza” nos mandou a Covid – assim as pessoas aprendem a “importância do Estado”. É proibido dizer que Lula foi o mais votado nas penitenciárias. Também não pode dizer que o PT votou contra, na prática, o Auxílio Brasil proposto no Congresso pelo governo – o partido negou o pagamento parcelado dos precatórios, ou dívidas da União não pagas, e é daí que vem o dinheiro para pagar o auxílio. Nem o ex-ministro Marco Aurélio, do próprio Supremo, pode falar. Os ex-colegas proibiram que ele diga que Lula não foi absolvido, em nenhum momento, pelo STF – apenas teve os seus processos penais “anulados”, sem qualquer menção a provas ou fatos, o que não tem absolutamente nada a ver com “absolvição”. É, em todo o caso, uma interpretação dele como jurista, absolutamente legítima e legal. Mas o ex-ministro foi proibido de falar. E por aí se vai, com multas de 25.000 reais por dia para veículos de imprensa ou para jornalistas que não obedecerem de imediato as ordens da censura – um abuso sem precedentes na história da justiça brasileira.

Nenhum dos atos de censura do TSE, pelo que ficou provado nas suas decisões, proibiu a publicação de notícia falsa – como, hipocritamente, Moraes e colegas vêm dizendo que era a sua intenção, antes ainda da campanha eleitoral começar. Agora se vê que só foi proibida, como sempre quiseram eles, a publicação de informações verdadeiras. Estas sim, são e sempre foram o objetivo real da repressão ditatorial mais flagrante que o país já viu desde a abolição do AI-5. A ditadura do Judiciário está proibindo dizer a verdade no Brasil.


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JUDIÁRIO FAZ CENSURA PRÉVIA DE DOCUMENTÁRIO

 

Justiça Eleitoral

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo


Na sessão desta quinta-feira, o plenário do TSE manteve a censura ao documentário “Quem mandou matar Bolsonaro?”, da Brasil Paralelo.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Ficam falando em fraude nas urnas, em fraude na totalização dos votos, e a democracia já foi fraudada faz tempo. Tentam inventar uma “democracia relativa”, que, como dizia Millôr Fernandes, “é muito parecida com uma ditadura absoluta”. Democrata passou a ser aquele que pensa como os ministros do TSE, que estão ao lado de Lula, numa campanha eleitoral imunda. Se tem censura, é ditadura. Se tem censura prévia, chegamos ao fim da linha.

De que ainda vale o artigo 220 da Constituição? Aquele que diz o seguinte: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”. De que ainda vale o segundo parágrafo desse artigo? E ele é tão claro: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Nosso grito deve ser sempre por liberdade! Para a Brasil Paralelo, revista Oeste, Jovem Pan, Gazeta do Povo, para você, para mim, para os que não pensam como nós… Para todos!

O TSE vai ladeira abaixo, sem freio, arrancando dos brasileiros tudo o que lhes garante a Constituição. E seus ministros vão criando expressões absurdas, para defender o indefensável: a censura… Falam em “ecossistema de desinformação”, “desordem informacional”, “desinformação em segunda geração”. Reclamam de uma “rede bolsonarista”, da “forte capacidade de mobilização” daqueles que consideram seus adversários. O conteúdo é a favor de Bolsonaro e contra Lula? Não pode divulgar, não pode compartilhar, mesmo que seja a pura verdade.

E a velha imprensa não reclama da censura. Pelo contrário, fala em “ofensiva do TSE contra fake news”, na ação do Tribunal “para conter a disseminação de mentiras”… Comentaristas ligados ao movimento conservador são afastados. Os de oposição ao governo mantêm seus espaços. Isso é isonomia… Um blog petista citado na Lava Jato pode lançar o documentário Bolsonaro e Adélio – uma fakeada no coração do Brasil… A Brasil Paralelo está proibida de falar do atentado.


Os todo-poderosos
Enquanto Lula diz, em entrevista: “Tenho de mentir! É preciso mentir. O político tem que mentir”, Alexandre de Moraes recria o “assédio eleitoral”. O ministro ameaça prender dois ou três empresários… Lula faz ameaças a Romeu Zema, Sergio Moro, Deltan Dallagnol, Eduardo Pazuello. Nessa índole totalitária, eles estão do mesmo lado, um como candidato, outro como árbitro da eleição.

A usurpação da Justiça para perseguir um lado e apoiar o outro vai mais longe: o transporte gratuito para eleitores está liberado. Sanduíche de mortadela também. O que era compra de votos deixou de ser. Agora tudo é para garantir a democracia, até a censura. E o nosso grito deve ser sempre por liberdade! Para a Brasil Paralelo, revista Oeste, Jovem Pan, Gazeta do Povo, para você, para mim, para os que não pensam como nós… Para todos! Sem exceção.


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CALABOQUIL É O REMÉDIO PRODUZIDO PELO LABORATÓRIO DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

 

Bula
Calaboquil® 13mg

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Contra o antipetismo e o bolsonarismo crônico ou agudo, o laboratório Judiciário Brasileiro S/A recomenda o uso de Calaboquil®.| Foto: Paulo Polzonoff Jr.

Indicação
Calaboquil® Comprimidos é indicado a todos os antipetistas, lavajatistas, conservadores, liberais, direitistas ou bolsonaristas crônicos ou agudos que por ventura estejam com muita, muita, muita, muita vontade mesmo de falar alguma verdade sobre o ex-presidiário amigo de ditadores, Lula.

Mecanismo de Ação
O Calaboquil® tem em sua composição alexandredemoralato de carmenluciol concentrado, um composto que pertence à classe dos autoritariloides, responsáveis por causar um leve abalo no Estado Democrático de Direito, o que conduz a uma ação antidemocraticamente entorpecente e estupidificante.

Após a administração, o Calaboquil® tem efeito imediato, sob pena de multa e exclusão das redes sociais. A ação do Calaboquil® se prolonga por um período que vai de semanas a décadas, dependendo da necessidade de se calar a verdade ou apagar a história.

Posologia
A dose recomendada de Calaboquil® é de 13mg, sempre que os sintomas aparecerem ou a cada sessão plenária do TSE. A depender da gravidade do problema ou em situações de estresse, como durante as eleições, Calaboquil® pode ser usado em intervalos menores, mas nunca em doses mais elevadas. Calaboquil® Comprimidos de 13mg deve ser administrado via oral, colocando um comprimido sob a língua e calando bem a boquinha.

Efeitos Colaterais

Alguns dos efeitos colaterais do Calaboquil® são contorcionismo retórico ou argumentativo, sonolência ética, estupidez jurídica, entorpecência intelectual, infecção do sistema eleitoral, depressão da liberdade de imprensa, irritabilidade da sociedade indignada com esses desmandos todos, fadiga do Estado Democrático de Direito, cólicas ditatoriais e, em casos extremos e raros, coceira no cabo e no soldado.

Contraindicações
Calaboquil® é contraindicado para petistas, lulistas, esquerdistas, progressistas, comunistas, socialistas, artistas parasitários, liberalóides do voto lulo, tucanos, abortistas, psolistas, André Janones e Randolfe Rodrigues.

Advertências e Precauções

Antes de usar Calaboquil®, você deve comunicar seu superego se tiver coragem, vergonha na cara ou ousadia, e sempre que estiver se sentindo perigosamente livre, se tiver histórico de verdadite inconveniente (popularmente conhecida como sincericite política aguda).

Calaboquil® é um medicamento que pode causar dependência política e jornalística. Em casos de dependência ou uso prolongado, quando o tratamento é interrompido bruscamente, pode haver sintomas como convulsão social.

Durante o tratamento com Calaboquil® deve-se evitar o uso de livre-arbítrio ou de quaisquer outras expressões da liberdade, pois este medicamento pode prejudicar a capacidade individual de discernimento.

Superdosagem

Na experiência histórica, ocorreu superdose com Calaboquil® predominantemente em administração concomitante a utopias totalitárias diversas.

No caso de superdosagem, os sintomas variam em termos de gravidade, indo desde uma nota de repúdio até uma ruptura institucional, coma e morte.

Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro intelectual e espiritual, e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para o gabinete do senador Rodrigo Pacheco (61) 3303-2794 / 2795 se precisar desabafar.

Composição

Calaboquil® Comprimidos. Cada comprimido contém:
Alexandredemoralato de carmenluciol…………………… 13mg
(Excipientes: beneditolito de tapinhol, lewandowskepan e essência de tirania)

Interações Medicamentosas
Calaboquil® não deve ser administrado em conjunto com algumas virtudes, como honestidade, humildade, temperança, paciência, justiça ou generosidade.

O que devo fazer quando me esquecer de usar este medicamento?

Caso ocorra o esquecimento da administração de uma dose de Calaboquil®, deve-se tomar o comprimido o mais rápido possível, antes que a desordem informacional se espalhe ou que a honra de Lula seja afetada por coisas que ele disse ou fez no passado.

Calaboquil® faz engordar?
Muito pelo contrário! Estudos históricos mostram que o uso sistemático de Calaboquil® leva à crise econômica e à fome.

Laboratório
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/calaboquil-13mg/
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PREPARO PARA AS VENDAS NO BLACK FRIDAY

 

Gustavo Pisani, diretor de varejo no Grupo FCamara

Faltando pouco mais de um mês para Black Friday, é importante que os negócios se preparem para alavancar as vendas.

A aplicação de CRO, por exemplo, pode ajudar nesse quesito, além de trazer vantagens ao consumidor, que terá cada vez mais experiências personalizadas e rápidas.

Que a experiência do consumidor é essencial para qualquer varejista, não é novidade. Ainda assim, muitas lojas virtuais perdem potenciais clientes por não possuírem estratégias efetivas de conversão. Segundo o relatório CX Trends Latam 2022, realizado pela Zendesk, empresa de CRM voltado ao atendimento, 60% dos entrevistados procuram a concorrência após uma única experiência ruim em uma loja. A técnica de Conversion Rate Optimization (CRO), ou Otimização da Taxa de Conversão em português, ajuda a evitar essa experiência negativa, especialmente em datas comemorativas, como o Dia do Cliente, por exemplo, onde existe um maior fluxo de compras no e-commerce, e, a ideia é sempre gerar experiências rápidas e satisfatórias aos consumidores, e, ao mesmo tempo gerar, lucratividade ao lojista.

Isso porque o CRO é responsável por mapear e aplicar melhorias em cada etapa da jornada de compra e, assim, aumentar a taxa de conversão e garantir que o consumidor que entrou na plataforma de vendas finalize a transação. Uma equipe, geralmente composta por Product Owner, UX Researcher, UX Designer, Analista de Dados, Dev Front End e Analista de Qualidade, fica responsável por identificar pontos de otimização da plataforma, coletar dados e formular as melhores estratégias.

“Durante a jornada de compra, é possível que o cliente encontre atritos que o desmotivem na aquisição do produto ou serviço. Isso afeta a fidelização e, principalmente, a taxa de conversão. Por isso é tão necessário ter um squad voltado à experiência do cliente, identificando esses atritos e aplicando técnicas de CRO para solucioná-los”, explica Gustavo Pisani, diretor de varejo no Grupo FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios.

Pisani aponta três vantagens que demonstram a importância de os varejistas aplicarem o CRO em seus negócios durante essas datas comemorativas (e sempre).

1. Reconhecimento da marca

A marca ser vista com bons olhos é essencial. Se o seu processo de compra for otimizado e intuitivo, ajudando o consumidor a obter o que precisa com mais facilidade, ele criará confiança na loja e pode se tornar um cliente frequente. Isso também se reflete nas ações dele após a experiência de compra, como fazer avaliações positivas da loja nas redes sociais e até mesmo divulgá-la de forma espontânea para outros potenciais clientes.

2.     Maior número de vendas

A essência do CRO é direcionar esforços para aumentar a taxa de conversão. Sendo assim, uma plataforma otimizada, na qual não haja problemas no tempo de carregamento das páginas, por exemplo, favorece o usuário ao longo da sua jornada, estimulando-o a comprar o produto ou serviço oferecido. Naturalmente, o número de vendas aumenta, assim como a fidelização.

3. Retorno sobre Investimento (ROI)

Aplicar o CRO no e-commerce ajuda o lojista a investir nas estratégias ideais, a partir da identificação do comportamento do usuário. Assim, não se gasta tempo, esforço e nem orçamento em ações que, provavelmente, não trariam o mesmo retorno financeiro e resultados.

Sobre o Grupo FCamara

O Grupo FCamara é um ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios ao prover desenvolvimento e soluções tecnológicas orientadas aos resultados dos clientes, com alta especialização e atuação nos principais players do mercado de varejo, saúde, seguros, banking, indústria de transformação entre outros. Após imersão no Vale do Silício, fundou sua própria Corporate Venture, que já lançou diversas startups com foco B2B.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

INVESTIDORES AGUARDAM O RESULTADO DA ELEIÇÃO

 

Investimentos

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Saguão da B3: investidores estão atento às eleições presidenciais e aos temores de recessão global.| Foto: Divulgação/B3

O olhar dos investidores no Brasil está dividido. No horizonte mais próximo, a atenção está nos movimentos eleitorais e no resultado que as urnas vão apontar no dia 30. No mais distante, o desempenho da economia mundial, que está perdendo força, principalmente por causa da elevada inflação em vários países e da consequente alta nos juros para combatê-la.

“É como se das três turbinas que movem a economia mundial – EUA, China e Europa –, duas estivessem operando a meia força e a outra, parada”, compara o diretor de investimentos da Portofino Multifamily Office, Eduardo Castro.

Primeiro turno deixou cenário interno mais animado
No front interno, o mercado ficou mais animado depois do primeiro turno, graças ao bom desempenho de candidatos mais conservadores nos estados e no Legislativo e à margem relativamente apertada entre os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Outro fator que dá ânimo é a inflação mais comportada. Após passar de 12% em abril, o IPCA acumulado em 12 meses chegou a 7,17% em setembro, e as expectativas para o fim do ano estão em baixa há 16 semanas – o ponto médio das projeções agora é de 5,62%. Mas o Banco Central permanece atento a eventuais oscilações mais bruscas, mesmo depois de três deflações seguidas, algo que não se via desde 1998.

“O BC deixou as portas abertas para uma eventual alta na taxa de juro”, afirma Arthur Mello, da Vita Investimentos. As expectativas do mercado, entretanto, são de que a Selic permaneça nos atuais 13,75% ao ano pelo menos durante o primeiro semestre de 2023.

Para Carlos Macedo, especialista em alocação de recursos da Warren, os ativos já estão “descontando”, de alguma forma, esse cenário mais desafiador para a questão fiscal e de taxas de juro ainda elevadas. Por isso, ele avalia que notícias positivas tendem a ter mais impacto que as negativas.

Um fator crucial a ser observado é a composição da equipe econômica do futuro governo. Segundo ele, com Bolsonaro, pode se projetar mais previsibilidade, pois tende a manter Paulo Guedes no comando da economia.

Com Lula, vai depender da composição da equipe. O encontro dele com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, em 19 de setembro, foi bem recebido pelo mercado.

Para investidores, parte da lição de casa já foi feita

O especialista da Vita diz que ainda há, no mercado, um apetite muito grande por juros reais. O Brasil é um dos países que tem as maiores taxas no mundo. Ele aponta que um movimento mais agressivo em direção a títulos com juros pré-fixados só deve ocorrer quando houver uma sinalização de que o Copom irá começar o ciclo de queda nos juros.

Mello acredita que, independentemente do resultado do segundo turno das eleições presidenciais, o Brasil continuará atraente para os investidores. “O país se antecipou ao movimento de alta nos juros, subiu as taxas mais cedo, conta com ativos baratos e vem performando bem.”

A B3, a bolsa brasileira, continua recebendo recursos de investidores estrangeiros. Em setembro, à espera do primeiro turno das eleições, o saldo foi positivo, com uma entrada líquida de aproximadamente R$ 600 milhões – menor, no entanto, que os ingressos líquidos de R$ 1,85 bilhão em julho e R$ 13 bilhões em junho.

“O mês foi marcado por decisões de políticas monetárias de bancos centrais mundiais para tentar conter uma inflação persistente”, diz a equipe de analistas da XP Investimentos.

O movimento melhorou em outubro. Até o dia 13, tinha uma entrada líquida de R$ 2,17 bilhões, o que leva o total acumulado de 2022 para R$ 92,1 bilhões.

A XP ressalta que o Brasil segue em destaque, tendo um dos poucos bancos centrais do mundo que – neste momento – adotam um caminho mais brando. “O fato de o ciclo de aperto monetário pela maioria dos bancos centrais no mundo desenvolvido ainda não estar claro, enquanto no Brasil parece estar se encaminhando para o fim, alimentou um otimismo mais forte para o mercado por aqui.”

País não é a ilha da magia: desafios mundiais persistem
Apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter dado uma pausa na elevação da taxa Selic, mantendo-a em 13,75% ao ano na última reunião, realizada em setembro, o CIO da Arton Advisors, Bernardo Assumpção, aponta que o Brasil não é a “ilha da magia” no cenário mundial.

“Estamos em um contexto extremamente delicado. Algumas das principais economias globais estão com problemas de inflação e estão promovendo um aperto monetário. A economia vai esfriar”, diz ele.

As últimas expectativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas no dia 10, sinalizam para essa perda de força. Depois de crescer 6% em 2021, as projeções para o PIB global sinalizam para uma expansão do PIB global de 3,2% neste ano e 2,7% no ano que vem.

A desaceleração deve ser maior nas economias avançadas. O crescimento foi de 5,2% em 2021, devendo cair para 2,4% em 2022 e 1,1% para 2023. Segundo o FMI, o PIB alemão poderá encolher 0,3%; o italiano, 0,2% e o inglês ter uma ligeira alta de 0,3%. “A economia vai esfriar. O inverno vai ser longo e rigoroso”, comenta Assumpção.

Outro revés veio no dia 13, com a divulgação da inflação americana, que foi maior do que a esperada. Isto aumenta a pressão por mais altas de juros e acentua a possibilidade de a maior economia global entrar em recessão.

“O Fed [o BC americano] está com uma missão complicada. Tem de combater uma inflação de serviços, em meio a um cenário de desemprego baixo e um cenário externo desafiador”, diz Castro, da Portofino.

Cenário ainda mais complicado vive a Europa. Além do problema de inflação elevada, a região enfrenta uma crise energética. “Lá também há problemas com alta nos preços dos serviços. O mercado de trabalho se mostra apertado e ainda há incentivos para o consumo sendo mantidos”, prossegue.

A China, outro dos motores da economia mundial, também enfrenta seus problemas, mas de natureza diferente. “Lá, os problemas com a inflação são menores. A questão é a dificuldade para crescer”, afirma Castro. Três fatores estariam dificultando uma expansão com maior vigor:

Os problemas no setor imobiliário, que ganharam destaque no ano passado com a crise da megaincorporadora Evergrande, uma das maiores do país;
As intervenções governamentais no setor de tecnologia da informação, que contribuíram para repelir investidores; e
A política rígida de combate à Covid-19. Atualmente testagens em massa estão sendo feitas nas regiões de Xangai e Shenzhen, dois importantes polos econômicos, e novos lockdowns não são descartados.

Questão fiscal: outra parte da lição de casa a ser feita
Embora o país tenha se adiantado no combate à inflação, outra parte da lição de casa resta a ser feita no Brasil, apontam analistas ouvidos pela Gazeta do Povo. Trata-se do reposicionamento do arcabouço fiscal, além das reformas estruturais, como a tributária e a administrativa.

“Sem regras fiscais claras, os investidores acabam cobrando prêmios maiores pelo risco”, diz Paloma Brum, analista da Toro Investimentos. Ou seja, seria necessário conviver com taxas de juros mais elevadas por mais tempo, inibindo a atividade econômica e o crescimento.

Um cenário mais claro, em sua avaliação, somente será possível após as eleições e com a definição da equipe econômica. Até agora, segundo ela, o cenário está embaçado. “É preciso saber quais serão as diretrizes, o que vai ser sinalizado e a receptividade do Congresso”, cita.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/olhar-investidores-eleicoes-riscos-externos/
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ACENO ENGANOSO DE LULA AOS EVANGÉLICOS E À IGREJA CATÓLICA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Lula participa de encontro com evangélicos em São Paulo.| Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O candidato que disse não ter ido ao Círio de Nazaré, em Belém (PA), e às comemorações de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), porque não queria “misturar política com religião” acabou de renegar sua postura. Em um evento com mais de uma centena de líderes evangélicos, com direito a orações, bênçãos e imposição de mãos sobre um Lula de joelhos, o petista lançou uma “Carta Pública ao Povo Evangélico” em que faz uma série de afirmações a respeito de temas que interessam ao público cristão, especialmente os de cunho moral. No entanto, uma leitura atenta do texto, comparada com tudo o que Lula e o PT já disseram ou fizeram em relação a esses assuntos, mostra que a campanha petista está fazendo exatamente aquilo de que a esquerda vive acusando pastores: explorar a boa fé do povo. E isso se percebe tanto pelo que a carta diz quanto pelo que a carta omite.

Veja-se, por exemplo, o trecho que trata do aborto, um dos assuntos mais caros ao eleitorado cristão e sobre o qual Lula dissera, em abril, que “deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha”. O candidato não chegou nem mesmo a copiar Dilma Rousseff em carta similar publicada na campanha de 2010; naquela ocasião, a candidata disse que, “eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto”, enquanto Lula não fez promessa semelhante, limitando-se a dizer que “este não é um tema a ser decidido pelo presidente da República e sim pelo Congresso Nacional”.

O autoproclamado “homem sem pecados” quer convencer o público evangélico de que, uma vez eleito, governará levando em consideração as preocupações dos cristãos a respeito da defesa da vida e da família

Essa tentativa de se esquivar da responsabilidade é mentirosa, pois um presidente pode orientar sua base aliada a votar contra um eventual projeto que legalize o aborto, ou vetar uma lei em caso de aprovação, mas Lula não se comprometeu com nada disso. Além disso, as últimas décadas mostraram que o Poder Executivo tem muitas ferramentas para fazer avançar o abortismo, como as normas técnicas do Ministério da Saúde (e foi no governo Lula que o boletim de ocorrência foi dispensado para a realização, no SUS, de abortos em caso de gravidez resultante de estupro) e a escolha de ministros abortistas para o Supremo Tribunal Federal, como é Luís Roberto Barroso, indicado por Dilma.

A confusão só cresce quando Lula, tendo jogado nas costas do Legislativo a responsabilidade completa sobre uma eventual legalização do aborto no Brasil, tenta puxar para si o crédito por projetos de lei aprovados no Congresso. É o caso da mudança no Código Civil que inclui as organizações religiosas na lista de pessoas jurídicas de direito privado: a Lei 10.825/2003, sancionada por Lula, foi resultado de um projeto de lei de autoria de um deputado do PL. Lula ainda se refere ao texto como “assegurando a liberdade religiosa no Brasil”, como se esse direito estivesse ameaçado de alguma forma antes da Lei 10.825, quando na verdade a liberdade religiosa já estava consagrada na Constituição de 1988.


Guilherme de Carvalho: A esquerda ama as igrejas evangélicas – desde que elas fiquem caladinhas
O ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado ainda tratou do tema das drogas – em que as comunidades cristãs têm um admirável protagonismo em seus esforços de recuperação de dependentes – ao prometer “fortalecer as famílias para que os nossos jovens sejam mantidos longe das drogas”. Aqui, no entanto, ele vai de encontro às diretrizes de sua própria legenda. A “descriminalização progressiva do consumo de drogas” consta no Caderno de Resoluções do 6.º Congresso Nacional do PT, realizado em 2017 (que, aliás, também pede a “descriminalização do aborto e regulamentação de sua prática no serviço público de saúde”). Mais recentemente, as Resoluções do Encontro Nacional de Direitos Humanos do PT listam, como uma das prioridades da legenda, “cessar a guerra às drogas: regular, descriminalizar, redução de danos, educação e saúde”. Como isso ajudará as famílias a manter os jovens longe das drogas é algo comparável à famosa quadratura do círculo.

O autoproclamado “homem sem pecados” quer convencer o público evangélico de que, uma vez eleito, governará levando em consideração as preocupações dos cristãos a respeito da defesa da vida e da família. Mas a verdade é que, como no ensinamento bíblico, não é possível a Lula servir a esses dois senhores: as plataformas petistas se chocam frontalmente com muito daquilo que os cristãos têm em altíssima conta. E, neste famoso trecho do Sermão da Montanha, Cristo continua dizendo que quem tem dois senhores “ou se dedicará a um e desprezará outro”. O histórico de Lula é suficiente para sabermos quem acabará prestigiado e quem acabará desprezado caso ele saia vencedor em 30 de outubro.

Eleições
Lula e os católicos

Por
Bruna Frascolla – Gazeta do Povo


Lula em encontro com religiosos em São Paulo.| Foto: RICARDO STUCKERT/ Divulgação

Um item essencial ao neoesquerdismo é a vontade de ser moralmente superior aos cristãos. E como eles provam isso? Adotando uma moral materialista e proletária tirada de algum marxista? Não, pois são nova esquerda, e a nova esquerda não lê Marx. O modo como eles provam isso é pinçando falas de Jesus na Bíblia, ou então soltando frases açucaradas sobre amor supostamente cristão, de modo que todo o mundo que não for um abraçador de árvores fofinho é um mau cristão. Vejam bem, o cristianismo surgiu na Antiguidade, reinou na Idade Média, então é altamente improvável que o entendimento do cristão como um fofinho que distribui abraços tenha tido validade histórica. Um mártir da Antiguidade, por sua disposição a morrer pelo cristianismo, na certa passaria por um extremista e um teocrata radical. Um cruzado medieval, por sua beligerância, logo seria enquadrado como fascista. Essa concepção de cristianismo como fofura e pieguice deve vir de alguma seita protestante dos EUA que nunca enfrentou guerra religiosa. Hillary Clinton era uma fervorosa devota da Igreja Metodista Unida e, a acreditarmos em Jonah Goldberg, seu comunitarismo piegas é uma versão laica da religião que professava. Como nos trópicos tudo se copia, a nova esquerda, e até a esquerda católica, resolveram que ser cristão é ser um bleeding-heart liberal – algo como “progressista de coração sangrando”, que é como os norte-americanos chamam a esquerda piegas lá deles. As táticas argumentativas são pouco discerníveis de chantagem emocional. Você é contra a distribuição de modess grátis? Então as meninas pobres não vão ter dignidade (sic) para menstruar. Vão ter que usar miolo de pão (sic!). Vão deixar de ir à escola. Você é contra quotas raciais? Um bilhão de negros morrem a cada minuto no Brasil por causa do racismo estrutural. Suas mãos estão sujas de sangue! Você é contra o aborto seguro e legal? O aborto é uma questão de saúde pública! Trilhões de mulheres morrem a casa segundo no Brasil enfiando miolo de pão, aliás, cabide e até fuligem de fogão, como eu ouvi em Jaguaquara na Bahia. As ricas fazem aborto e viram CEOs. As pobres morrem. Assassino! Não adianta tentar usar a razão. Se você fizer isso, é frio e insensível. A única reação aceitável é ir aos prantos e se arrepender da opinião prévia, aceitando logo todas as leis que se queira passar.

A Igreja católica de não muito tempo atrás
A Igreja católica sempre foi percebida pelo mundo protestante e rico como atrasada, obscurantista, rudimentar – mais ou menos como o universitário progressista vê os religiosos como um todo hoje, por mais que estudados. Parte desse atraso, obscurantismo e rudeza consistiram, durante o séc. XX, na recusa de pautas progressistas, tais como: a contracepção, o aborto, a eutanásia, a esterilização compulsória e eugênica, a proibição eugênica de casamentos interraciais, o racismo científico. Uso a expressão “progressista” por mera precisão histórica, pois a era presidida por esse movimento de elites se chamou Era Progressista, nos EUA, um país de formação protestante, no qual catolicismo era coisa dos pobretões irlandeses e italianos. A mesma ideologia reapareceu no final do século XX com rebatizando-se de “liberalismo”, mas o próprio nome “progressismo” nunca foi abandonado.

A própria oposição entre ser um adepto da Ciência e da Religião é uma decorrência de um particularismo dos EUA, onde o literalismo bíblico obriga ao criacionismo, por exemplo. A Igreja desde a Idade Média aderia à “ciência”, que era o aristotelismo. O problema do geocentrismo não decorria de literalismo bíblico, mas sim do fato de a Igreja ter adotado o pagão Aristóteles como autoridade máxima em questões filosóficas. A própria universidade é uma criação católica e medieval.

Outra diferença que vale ser pontuada entre o catolicismo e o protestantismo é que este último, uma vez que se partiu numa miríade de seitas, não tem uma opinião uniforme. O protestantismo é “homofóbico”? O universitário jura que sim, mas a Igreja Anglicana dos EUA, protestante, já se converteu num puxadinho do movimento LGBTQ. Silas Malafaia é protestante, a Igreja Anglicana é protestante, a Bola de Neve Church é protestante. Nos EUA, a luta contra o aborto conta com grande mobilização protestantes evangélicos – mas há protestantes favoráveis também. A Igreja Católica Apostólica Romana, não. Nela, não vale a autoridade de trechos bíblicos citados isoladamente; vale a autoridade do Papa, que, a seu turno, está sentado sobre uma ortodoxia construída através de vários séculos. Importa notar que o Papa não é considerado infalível 24h por dia, mas somente quando está falado ex cathedra. E por mais que Bergoglio seja propenso a afetações progressistas, fato é que o Papa nunca liberou o aborto.

Católicos progressistas enganam o eleitorado?
Recentemente estourou o conflito entre a cúpula e a base da Igreja católica no Brasil. Como mostrou esta coluna, os leigos do Centro Dom Bosco, apoiadores entusiasmados do católico Bolsonaro, já traziam o bispo do Cazaquistão para o Rio de Janeiro por não se sentirem representados pelos bispos da CNBB. A organização é contra o aborto, contra a legalização das drogas e contra o comunismo – acredita na Profecia de Cimbres, uma espécie de versão brasileira do Milagre de Fátima ocorrida no sertão pernambucano em 1936. Segundo ela, o Brasil tem que rezar e se penitenciar para o comunismo não banhar de sangue o nosso país.

Os membros do Centro Dom Bosco foram a Aparecida rezar o Rosário com Bolsonaro. Segundo relatam, a reitoria de Aparecida fez o possível para atrapalhar o evento, Bolsonaro acabou não indo para a reza, e eles (isso está documentado no vídeo) eram perturbados pelos sinos enquanto rezavam. Os sinos tocavam ininterruptamente, competindo com o microfone do organizador.

A lacração do bispo durante a celebração já foi apontada por observadores mais atentos do que eu. Quero apontar apenas que, num contexto eleitoral, o bispo adere à agenda desarmamentista das ONGs progressistas (“pátria amada não será armada”), mas não dá um pio sobre o aborto. Sabemos que Bolsonaro é contra o desarmamentismo e o aborto, e que Lula considera que o aborto “deveria ser transformado em uma questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha”, como disse em abril deste ano na Fundação Perseu Abramo. Noutras palavras, Lula adere à agenda das ONGs progressistas não só na questão do desarmamentismo, como também na defesa de que o aborto seja considerado um direito humano.

Mas calma, que piora. Marcia Tiburi, um estereótipo ambulante que goza de um cantinho especializado nas Frases da Semana, tem usado o Twitter para comparar a ascensão de Bolsonaro à de Hitler. O Cardeal e Arcebispo D. Odilo Scherer, após uma série de tuítes defensivos garantindo que escreveu muito contra o aborto, deu esta tuitada: “Para ser mais claro: parece-me reviver os tempos da ascensão do fascismo ao poder. E sabemos as consequências…”. É o tiburismo cultural tomando conta da cúpula católica brasileira.

O episódio do Centro Dom Bosco, aliado à aparição do Pe. Kelmon (que é de uma igreja obscura), foi muito usado para dizer que bolsonaristas odeiam padres e são falsos católicos. O teólogo por Roma e professor de comunicação da UFBA Wilson Gomes tuitou assim: “Mandem mais vídeos de bolsonaristas xingando padre. Isso tá fazendo um estrago nas intenções de voto em Bolsonaro lá na minha aldeia que nem lhes conto.” A “aldeia” dele deve ser a sua terra natal, uma cidade pequena no sul da Bahia que deve ser orgulhar do quão longe chegou Wilson Gomes. E o Nordeste é a região mais católica do Brasil.

Então vocês imaginem o tamanho do engodo que é imposto a essa população: os católicos que seguem o Vaticano são falsos e fascistas; Lula, que defende o direito ao aborto, é que é um bom católico. Wilson Gomes pode mandar vídeos sobre como os católicos bolsonaristas são maus; os bolsonaristas é que não podem mandar o vídeo em que Lula diz que ninguém deveria ter vergonha de fazer aborto, porque o TSE não deixa.


“Ninguém é a favor do aborto”
Justiça seja feita, a CNBB, por meio da pessoa do D. Odilo, de fato se posicionou contra o direito ao aborto. Mas, porém, contudo, todavia, quando se trata de influir nas eleições, os bispos não movem uma palha para impedir o direito ao aborto – ao contrário, já que atacam Bolsonaro.

A justificativa na ponta da língua dos wilsons gomes da vida é importada dos EUA. “Ninguém é a favor do aborto”, dizem, antes de entrar a ladainha dos zilhões de mulheres que morrem em abortos clandestinos porque iam fazê-lo de qualquer jeito. Já que as mulheres abortam de qualquer jeito, o bleeding-heart liberal quer que haja aborto público, gratuito, de qualidade, para mulheres. Como “ninguém é a favor do aborto”, teremos certeza de que adolescentes desmioladas (pleonasmo), mulheres drogadas ou irresponsáveis em geral jamais usariam e abusariam de algo público, gratuito, de qualidade, totalmente seguro (segundo a propaganda).

Se não bastasse o bom-senso, a macabra repercussão da reversão de Roe v. Wade no meio feminista e empresarial não deixaria crermos nisso. Vimos que o aborto de fato é tratado como um meio de contracepção, com as empresas passando-se por filantropas por custearem as viagens para o aborto das suas funcionárias – amparar a maternidade, que é bom, nada. Será que elas deixariam uma grávida que não quisesse abortar embolsar as despesas do aborto?

Virada na cultura
Durante as eleições de 2010, Serra, ex-presidente da UNE, passava por direitista por adotar a pauta contrária ao aborto. Talvez tenha sido nessa época que surgiu o “ninguém é a favor do aborto”, com Dilma dizendo: “Não acho que nenhuma mulher seja a favor do aborto. Como presidente da República, eu tenho de encarar o fato que há milhares de jovens, de adolescentes, que, diante do aborto, desprotegidas, fazem e adotam práticas, por que elas estão abandonadas.” Daí entra o papo de questão de saúde pública, que é abrir as portas (e os cofres) para a Planned Parenthood.

Seja como for, agora, em 2022, Lula está correndo atrás de todos os meios possíveis para se apresentar ao eleitorado como contrário ao aborto e até à possibilidade de se mudar de sexo. Foi o que ele fez no Flow há pouco, com direito à imprensa amiga declarando aos quatro ventos que Lula é “contra o aborto”.

Mas ele é contra o aborto “pessoalmente”, e, segundo alega, quem tem que dizer se pode ou não abortar é a lei. Dada a anomia jurídica reinante, essa não é uma posição muito animadora.

Em sua declaração contra o aborto, a CNBB disse que “ninguém poderá, no futuro, acusar a mesma Igreja de não ter falado claramente e defendido o primeiro direito dos nascituros: o respeito à sua vida.” Se aceitarmos a premissa de que a CNBB tem alguma relevância nas audiências do STF, é verdade. Mas eu não consigo imaginar Barroso ou Fachin deixando trilhões de mulheres morrerem porque representantes do heteropatriarcado capitalista querem controlar os corpos das mulheres.

Se havia uma hora de a CNBB tomar qualquer ação eficaz, era nas eleições. Assim, sua carta serve para lavar as mãos.


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PLANO ECONÔMICO DA PRIMEIRA-MINISTRA DO REINO UNIDO NÃO FUNCIONA

 

Reino Unido

Por
Mariana Braga

London (United Kingdom), 14/10/2022.- Liz Truss, Britain’s prime minister during a news conference on the UK economy at Downing Street in London, Britain, 14 October 2022. Truss fired Chancellor of the Exchequer Kwasi Kwarteng and replaced him with former Foreign Secretary Jeremy Hunt as she prepared to make a humiliating U-turn on parts of her economic plan. (Incendio, Reino Unido, Londres) EFE/EPA/Carlos Jasso / POOL


Liz Truss, primeira-ministra da Grã-Bretanha, durante uma entrevista coletiva sobre a economia do Reino Unido em Downing Street, em Londres, Grã-Bretanha, 14 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/Carlos Jasso

As propostas de campanha da primeira-ministra britânica, Liz Truss, giravam em torno do “mini-orçamento”, com o menor Estado e os menores impostos possíveis. O plano econômico desenhado por Truss e o antigo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, e apresentado no final de setembro, no entanto, foi anulado devido à crise que se agravou no país. Agora, tanto Truss quanto o Partido Conservador estão fragilizados.

Uma pesquisa do YouGov, feita entre os dias 14 e 17 de outubro, mostra que a primeira-ministra tem reprovação de 80% entre os britânicos (um aumento de quase 15 pontos em uma semana). A taxa de aprovação, que era de 22% quando ela foi eleita, caiu para 10%. A revista inglesa The Economist comparou o poder de Truss com uma alface, dizendo que ambos têm um prazo curto de validade.

Na segunda-feira (17), em entrevista à BBC, a premiê pediu desculpas pelo plano econômico proposto por ela não ter funcionado. “Continuo acreditando no crescimento e em uma economia baseada em impostos baixos (…), mas fomos rápido demais”, explicou Truss, antes de reforçar que segue no comando do país.

Essa certeza da premiê não se reflete no partido. Parte dos conservadores até sugere a volta do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, apesar do controverso mandato que ele teve e que forçou sua renúncia. O YouGov entrevistou parlamentares da legenda, e os dados mostram que só dois a cada cinco (38%) defendem a permanência de Truss.

Entre os que dizem ter votado na primeira-ministra na eleição interna do partido (57%), 39% afirmam desejar a renúncia dela, pouco mais de um mês depois da eleição. No total, 55% querem a saída da premiê: é um número expressivo para a base de sustentação de um governo que acabou de começar.

Os riscos de uma renúncia 
Priscila Caneparo, professora de relações internacionais do UniCuritiba e doutora em direito internacional, lembrou que existe no Reino Unido o voto de desconfiança, que permite que o primeiro-ministro seja destituído do Parlamento. “Dentro dessa premissa, quem se fortalece é o Partido Trabalhista”, opinou Caneparo.

Eleger outro comandante para o partido – e para o Reino Unido – pode enfraquecer os conservadores e ainda colocá-los diante das eleições gerais, o que possibilitaria a passagem de comando para os trabalhistas. A oposição hoje é apontada como favorita em todas as pesquisas de intenção de votos.

O parlamentar conservador Charles Walker afirmou em entrevista à BBC que “se houvesse uma eleição geral amanhã, [os conservadores] conseguiriam menos assentos do que o Partido Nacional Escocês [SNP, na sigla em inglês]”.

Para evitar chegar a esse ponto, na terça-feira (18), a primeira-ministra se reuniu com seu gabinete e participou de um encontro com parte dos correligionários. De acordo com a imprensa britânica, os parlamentares conservadores ouviram apelos de membros do governo para adiar qualquer movimento para derrubar a líder antes que ela apresente seu plano fiscal completo, no próximo dia 31.

Mudanças nas pautas conservadoras 
A proposta inicial de Liz Truss era criar um grande corte de impostos, que beneficiaria até os mais ricos. Para cobrir o buraco nas contas do governo, a ideia era pedir empréstimos bilionários. O temor de um aumento na dívida pública preocupou os investidores e fez a libra cair para o menor valor da história frente ao dólar.

Depois dos investidores demonstrarem pessimismo em relação aos planos econômicos de Truss, o governo britânico anunciou mudanças. Para começar, na sexta-feira passada (14), a pasta das Finanças deixou de ser chefiada pelo arquiteto do “mini-orçamento”, para a chegada de Jeremy Hunt, ex-ministro da Saúde de David Cameron e Theresa May, considerado “moderado”.

Assim que assumiu a função, o novo ministro anunciou o abandono da redução prevista de 20% para 19% da primeira faixa de imposto sobre a receita. Hunt também confirmou o aumento de 19% para 25% do imposto de renda corporativo em abril de 2023.

O novo ministro das Finanças ainda sacrificou parte do enorme pacote de ajuda de £ 100 bilhões (quase R$ 596 bilhões na conversão atual), anunciado em 8 de setembro por Liz Truss, dois dias depois que ela chegou a Downing Street.

Esse era um mecanismo destinado a limitar as contas de energia doméstica a uma média de £ 2,5 mil (cerca de R$ 14,9 mil) por ano durante os próximos dois anos e foi bem recebido pelo público, especialmente devido à crise energética que assola a Europa.


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