quarta-feira, 19 de outubro de 2022

PETROLÃO E MENSALÃO SÃO OS MAIORES ATAQUES À DEMOCRACIA

 

Por
Paulo Uebel – Gazeta do Povo


Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.| Foto: Antonio Lacerda/EFE.

Com o 2º turno das eleições presidenciais chegando, muitos querem fazer crer que o brasileiro vai às urnas escolher entre o “Orçamento Secreto de Bolsonaro” e o “Petrolão e o Mensalão de Lula”. Alguns até dizem que o “Orçamento Secreto de Bolsonaro” é pior que o Petrolão e o Mensalão do PT (Partido dos Trabalhadores). Em primeiro lugar, o Orçamento Secreto (as chamadas “emendas do relator”) não é do presidente Jair Bolsonaro. O Orçamento Secreto é, na verdade, uma artimanha do Congresso que, inclusive, reduz o poder do Executivo Federal. Por outro lado, o Mensalão e o Petrolão, os dois maiores esquemas de corrupção da história do país, operacionalizados diretamente pelo PT de Lula para comprar os votos dos parlamentares, concentravam poder no Executivo Federal.

Segundo, é preciso trazer luz sobre o que realmente é o Orçamento Secreto, suas origens e seu funcionamento. Uma parte do orçamento brasileiro, em vez de ser direcionada pelo Poder Executivo, fica a cargo do Congresso. A maneira usual do Congresso direcionar sua parte do orçamento era por meio das emendas individuais, que são distribuídas de forma igualitária entre os deputados e senadores, e são sempre transparentes sobre qual parlamentar direcionou os recursos e para qual fim. Este ano, as emendas individuais somaram R$ 9 bilhões (R$ 17,6 milhões para cada parlamentar). Também existem as emendas de bancada, que são direcionadas pelo mesmo estado ou região; e as emendas de comissões permanentes da Câmara ou do Senado.

Já as emendas de “relator-geral” existiam antes do governo Bolsonaro, mas em 2019, quando elaboraram o orçamento de 2020, os parlamentares resolveram ampliá-las. Foi aí que a história do “Orçamento Secreto” começou. “Diferentemente das emendas individuais, em que cada congressista escolhe com autonomia para onde vai o dinheiro, no caso das emendas do relator, é esse parlamentar que centraliza as demandas dos parlamentares e envia para os ministérios executarem os gastos, numa negociação que passa pelos principais caciques do Congresso, em especial os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)”, diz Mariana Schreiber, correspondente da BBC News Brasil em Brasília.

“O relator que manda o dinheiro, mas o destino é escolhido por meio de acordos com parlamentares”, explicou o deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP) nas redes sociais. “Quando o STF [Supremo Tribunal Federal] pediu ao Congresso a lista de parlamentares envolvidos no Orçamento Secreto e suas indicações, o Congresso encontrou uma forma de maquiar o processo. Parlamentares que não querem se expor colocam um ‘usuário externo’ como responsável por solicitar o recurso”, continuou Poit. Assim, o que é secreto na emenda do relator não é a despesa, e sim o parlamentar que a solicitou.

… o Mensalão e o Petrolão, os dois maiores esquemas de corrupção da história do país, operacionalizados diretamente pelo PT de Lula para comprar os votos dos parlamentares, concentravam poder no Executivo Federal

De fato, o orçamento brasileiro jamais deveria depender de um parlamentar-relator, nem deveria ser difícil rastrear o parlamentar que solicitou a destinação, mas a imposição dessa modalidade veio do Congresso Nacional, por uma lei aprovada pela maioria dos parlamentares. Na elaboração da Lei Orçamentária de 2020, o Congresso tirou ainda mais o orçamento do Executivo (que iria para os ministérios), e ampliou para R$ 30 bilhões as “emendas do relator-geral”. Ao sancionar o orçamento de 2020, o presidente Bolsonaro vetou o aumento das verbas para o relator-geral (que viria a ser o Orçamento Secreto), já que isso enfraquece a capacidade do Poder Executivo de realizar políticas públicas. Porém, o Congresso derrubou o veto.

Como era uma guerra de braço em que o Congresso tinha mais poder (por poder derrubar o veto do presidente), o governo Bolsonaro teve de aceitar negociar o orçamento com os parlamentares. Os presidentes da República que já viraram as costas para o Parlamento, como Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, sabem que isso é imperdoável na democracia brasileira. Assim, em março de 2020, o Congresso manteve o veto de Bolsonaro, pois o governo aceitou entregar cerca de metade dos R$ 30 bilhões ao Congresso. Segundo os parlamentares, a articulação se deu por meio do ministro da Secretaria de Governo e também responsável pela relação do Executivo com o Congresso à época, Luiz Eduardo Ramos.

Nem de longe isso é a mesma coisa que comprar votos dos parlamentares com recursos desviados de contratos superfaturados, como Lula e o PT fizeram no Mensalão e no Petrolão, dois dos esquemas mais corruptos e antidemocráticos da história do Brasil. Se você fosse presidente e soubesse que o Congresso tem o poder de derrubar o seu veto, qual a melhor escolha: vetar o valor cheio, sabendo que o veto será derrubado e que os parlamentares irão direcionar os recursos, ou negociar e deixar só uma parte do valor? É uma decisão decorrente da política. O Parlamento representa o povo brasileiro e todos os presidentes precisam dialogar e negociar com o Congresso dentro das regras da Constituição.

O Orçamento Secreto fortalece tanto o Congresso Nacional que o próprio adversário, Lula da Silva, admite isso, embora de modo desrespeitoso. O ex-presidente e ex-presidiário Lula tem chamado o presidente Bolsonaro de “bobo da corte”,  querendo dizer que Bolsonaro “já não tem poder sobre o Orçamento e quem manda nos gastos é o Congresso”, analisou a BBC. Neste ano, são R$ 16,5 bilhões para esta modalidade de emendas. Para o ano que vem, o governo sugeriu R$ 19,4 bilhões. O mais engraçado é que, de um lado, o PT acusa o Bolsonaro de ser um aspirante de ditador, de outro, reconhece que o Parlamento, a chamada “casa do povo”, nunca teve tanto poder sobre o orçamento público.

Além disso, embora o PT e Lula se coloquem publicamente contra o Orçamento Secreto, o senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, deu o voto definitivo a favor do Orçamento Secreto. “O voto do petista foi considerado definitivo, já que a votação acabou em 34, aqueles a favor do sigilo dos beneficiados, contra 32, que queriam que fosse revelado o destino do dinheiro público”, escreveu a jornalista Anita Efraim, no Yahoo Notícias. Ele não foi o único a se beneficiar das emendas.

Quatro parlamentares do PT destinaram ao menos R$ 48,7 milhões do orçamento secreto até maio deste ano, além de Rogério Carvalho, eram eles os senadores petistas Fabiano Contarato (ES) e Humberto Costa (PE), e o deputado federal Paulo Guedes (MG), homônimo do ministro da Economia. Para defender o PT, a assessoria de Contarato disse que ele era filiado à Rede quando utilizou o Orçamento Secreto. Mas cabe notar que ele foi convidado pelo próprio Lula para se filiar ao PT. Resumindo, o PT de Lula esteve envolvido no Mensalão, no Petrolão e no Orçamento Secreto (já pode pedir música no Fantástico!).

Além disso, embora o PT e Lula se coloquem publicamente contra o Orçamento Secreto, o senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, deu o voto definitivo a favor do Orçamento Secreto

Na votação das regras do Orçamento Secreto de novembro de 2021 em que o senador petista Rogério Carvalho deu o voto definitivo, 268 deputados federais votaram a favor do projeto, contra 31 que votaram “não”, sendo que eram necessários 197 votos favoráveis. Outros dois não votaram, um se absteve, 90 ficaram na obstrução e 121 estavam ausentes. Entre os deputados que votaram “sim”, figuravam filiados ao PSC (Partido Social Cristão), MDB (Movimento Democrático Brasileiro), PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), PP (Progressistas), União Brasil, Patriota, Republicanos, PROS (Partido Republicano da Ordem Social), PL (Partido Liberal), Solidariedade, PSD (Partido Social Democrático), PSB (Partido Socialista Brasileiro), Podemos, Avante, PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PV (Partido Verde). A obstrução, de fato, foi escolhida por muitos deputados da esquerda, do PT, PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PSB. Mas, entre as ausências, figuravam importantes nomes do PT, como Maria do Rosário (RS), Nilto Tatto (SP), Flavio Nogueira (PI), Paulo Teixeira (SP) e Rui Falcão (SP); e Luiza Erundina (SP) e Ivan Valente (SP) do Psol (Partido Socialismo e Liberdade): por que esses deputados não compareceram para votar contra?

O Mensalão e o Petrolão foram grandes esquemas de corrupção, por meio de desvios de dinheiro público, geralmente em dinheiro vivo (até dólares na cueca e malas de dinheiro), com base em contratos superfaturados, que eram dirigidos por Lula, José Dirceu e pelo PT de dentro do Palácio do Planalto. Esses recursos não passavam pela contabilidade pública, não deixavam registros nos sistemas oficiais, não tinham qualquer controle público (somente controles em planilhas não-oficiais que ficavam nos setores de “operações estruturadas” dentro das empreiteiras) e, evidentemente, o uso desses recursos não precisava observar nenhuma legislação, muito menos a Lei de Licitações. Os órgãos de controle não tinham qualquer conhecimento ou acesso a esses recursos. A Polícia Federal somente conseguiu descobrir os esquemas depois de muitas investigações e das conhecidas delações premiadas.

O Orçamento Secreto, por outro lado, é uma medida que, mesmo sendo imoral, é legal, tendo sido aprovada no Congresso Nacional pela ampla maioria dos parlamentares, tanto da Câmara de Deputados quanto do Senado Federal. Todos os recursos são destinados por acordo entre os parlamentares, e não são controlados pelo Poder Executivo. Além disso, todos os recursos são transferidos para estados e municípios via sistemas oficiais, que transitam em contas bancárias dos bancos oficiais, e que devem ser gastos na ponta de acordo com toda a legislação de compras públicas, como a Lei de Licitações. Portanto, os órgãos de controle possuem conhecimento e acesso a todas as transações.

Enquanto no Orçamento Secreto os parlamentares decidem direcionar recursos sem sequer consultar o presidente da República, no Mensalão e no Petrolão a compra de votos era conduzida de dentro do Palácio do Planalto. Assim, é falso alegar que os brasileiros terão de escolher entre Orçamento Secreto e Mensalão/Petrolão no 2º turno. É falso, também, alegar que quem conduziu os dois maiores ataques à democracia representativa brasileira, no caso, o Lula e o PT, defendem a democracia agora. A história mostra algo muito diferente.

Cabe ainda lembrar que, independentemente de quem for eleito, o presidente da República no mandato 2023-2026 não poderá acabar com o Orçamento Secreto sozinho, já que este instrumento foi institucionalizado. Assim, será preciso que os parlamentares eleitos para o novo mandato aceitem abrir mão desse poder sobre o orçamento. Em um país que, historicamente, teve um Poder Executivo que dominava o Poder Legislativo, pode ser bom termos um Congresso Nacional mais forte, desde que haja transparência total sobre quaisquer utilizações de recursos, bem como sobre quem solicitou e para onde foram destinadas as verbas.

As emendas do relator foram legalizadas, qualquer presidente eleito terá de conviver com elas. Já o Mensalão e o Petrolão foram esquemas de desvios de recursos públicos que corromperam a democracia brasileira. Não é razoável recusar Bolsonaro por causa de um problema orçamentário gerado por congressistas e previsto em lei para votar no candidato que cometeu corrupção ativamente, por sua livre e espontânea vontade. Precisamos nos unir contra o Orçamento Secreto, mas, no 2º turno, não escolha o candidato do Mensalão e do Petrolão. Proteja a nossa democracia!


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A NOSSA DEMOCRACIA ESTÁ MORRENDO

 

Luto

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


“O Limite das Quatro Linhas”: na falta de definição melhor e mais ridícula, uma poesia concreta de autoria do cronista.| Foto: Paulo Polzonoff Jr.

Todo dia acordo ansioso para escrever minha crônica. Digo “ansioso” no bom e no mau sentido. No bom porque é uma delícia poder escrever para a audiência qualificada da Gazeta do Povo; no mau porque tenho essa preocupação besta de levar um pouco de alívio para o leitor carente de uma risadinha em meio a tanta notícia ruim. Mas hoje… Hoje não vai dar. Porque preciso compartilhar minhas preocupações.

Outro dia escrevi que a pandemia tinha, na prática, acabado. E a gente nem para celebrar isso. Aproveitei para tascar uma paráfrase de T. S. Eliot no meio e dizer que a pandemia acabou não com um estrondo, e sim com um silêncio burocrático. Bom, hoje venho aqui para anunciar outro momento histórico que não ganhou as manchetes dos jornais. Pelo menos não da forma estrondosa como eu imaginava. Acabou, ou melhor, morreu (fica mais dramático) a Democracia.

“Ai, que exagero!”, diz alguém, afetando uma serenidade que me falta. Será mesmo? Semana passada tivemos a “desordem informacional”; depois, o “cala-boca do bem” e a figura jurídica da “absolvição legal por arrependimento”. E ainda agorinha o ministro Benedito “Tapinhas” Gonçalves, do TSE, proibiu a produtora Brasil Paralelo de exibir um documentário sobre a facada sofrida por Jair Bolsonaro na campanha de 2018, o que até uma criança sabe que configura censura prévia e escancarada.

Desnecessário dizer que qualquer pessoa minimamente afeita às letras reconhece que é inconstitucional. Inconstitucionalíssimo. E se ao menos fosse o primeiro… e último. Mas não. Nas últimas semanas, o que se viu foi, com o perdão pelo lugar-comum indignado, uma enxurrada de decisões que afrontam as leis e usam argumentos os mais estapafúrdios do mundo para justificar o injustificável. Isto é, a militância e o voluntarismo do alto escalão do Judiciário.

Desmoronada essa palafita que chamávamos pomposamente de Estado Democrático de Direito, só nos resta perguntar o que podemos fazer para reerguer o barraco frágil, mas que era até limpinho – antes de ser invadido por uma súcia de toga. A resposta é desagradável. [Continue a ler por sua própria conta e risco]. Neste momento, o que podemos fazer é ter paciência, prudência e fé. [Eu avisei que a resposta era desagradável]. O que podemos nos esforçar para fazer é manter a serenidade.

Depois de agonizar por quatro anos, sofrendo dores lancinantes (outro clichezão proposital) a cada manchetinha que insiste em tratar a censura e o autoritarismo como “supostos”, está morta a Democracia. Ironicamente martirizada por aqueles que juravam que só queriam defendê-la, tadinha. Mal sabíamos nós que juramento de quem faz o “L” não vale por…caria nenhuma. Uma turma que, agora, vai insistir em dizer que a defunta está mais viva do que nunca. Eles que, no final das contas, nunca foram com a cara da Democracia mesmo.

É uma circunstância que eu, em minha ingenuidade democrática, jamais poderia prever. Não, nem em meus delírios juvenis, quando via com admiração burra a luta da esquerda e imaginava essa “resistência” como um atalho heroico para a Glória. “Nunca mais teremos uma censura como aquela”, pensava eu. E não é que temos?! “Nunca mais teremos gente perseguida por defender ideias”, pensava eu. E não é que temos isso também?!

Só não temos ainda (ainda!) porões de tortura ou coisas do gênero. Ainda. Antes que você jogue as mãos para o alto e grite “oba!”, porém, sou obrigado a lhe dizer: tampouco temos instituições civis saindo em defesa das liberdades individuais. Pelo contrário, OAB e ABI estão com as mãos sujas do sangue azul da Democracia que um dia, reza a lenda, consideraram rainha.

Assim morreu a Democracia: não com um estrondo nem sob a melodia dos coturnos batendo ritmadamente no chão – como nos prometeram os professores comunistas. A democracia morreu discretamente. Tão discretamente que ainda há quem não acredite na morte dela. Mas morreu, a coitada. Cabe a nós, carpideiras com um mínimo de vergonha na cara, chorá-la. E, assim que o caixão baixar à terra, correr para proteger a mirrada e moribunda Liberdade que nos resta.

  • A imagem que ilustra esta coluna é, por falta de definição melhor e mais ridícula, uma poesia concreta intitulada “O Limite das Quatro Linhas”, de autoria minha mesmo.

** Amanhã, com alguma sorte, voltarei a fazer rir neste espaço.


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DIA DO PROFISSIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

 

Rodrigo Moraes, Tech Manager do Will Bank

Hoje é comemorado o Dia do Profissional de TI. Tem curiosidade sobre a área, mas não sabe por onde começar? Confira abaixo

No dia 19 de outubro, é comemorado o dia do profissional de TI, data importante para reforçar o trabalho desse especialista que hoje é indispensável em qualquer empresa, seja ela de pequeno, médio ou grande porte. O profissional de tecnologia é responsável por gerenciar as informações mais sensíveis de uma organização em sistemas confiáveis e escaláveis, criando e distribuindo informações nas redes de computadores. Essa é uma carreira super abrangente que proporciona ao profissional “navegar” pelas diferentes áreas do mundo da TI.

“No mercado essa é uma área essencial, embora muitos profissionais acreditem que máquinas irão substituir o ser humano, é preciso entender que embora o trabalho manual possa ser substituído, as estratégias e a gestão da tecnologia não, por isso, se adaptar e aprimorar habilidades será cada vez mais um diferencial valioso no mercado. E o primeiro passo é estar imerso na carreira do século: a TI.”, comenta Rodrigo Moraes, Tech Manager do Will Bank e gestor de pessoas na área da tecnologia.

Ainda segundo Rodrigo Moraes “Muitas empresas buscam se destacar neste mercado concorrido adotando a estratégia de investir em profissionais diferenciados e montar times de alta performance para manter a evolução tecnológica de seus produtos. O grande desafio, porém, está na capacidade de reter esses profissionais, que estão cada vez mais assediados, e agora a concorrência se torna ainda mais acirrada com a chegada de empresas estrangeiras com propostas em dólar e euro”.

“A perspectiva de carreira nas áreas de TI é muito boa, porque esses profissionais são necessários em empresas de todos os portes e segmentos. Existe hoje uma carência muito grande de profissionais de tecnologia no mercado de trabalho. O número de vagas abertas é consideravelmente superior ao número de profissionais qualificados para assumir essas posições. Atualmente já virou uma rotina no fluxo de trabalho de gestores de tecnologia o cuidado excessivo para não perder bons profissionais para o mercado”, explica Rodrigo Moraes.

Abaixo o gestor traz algumas das áreas mais promissores nesse segmento, confira:

Desenvolvedor Front e Back end: Talvez essa seja a área de maior carência no mercado mundial. Com o avanço da tecnologia em todos os setores, a dependência sistêmica tem se tornado cada vez mais evidente. É aqui também que se concentram os maiores salários de TI, com faixas que vão de 3 á 20 mil reais a depender do nível de senioridade do profissional.

Analista de Dados: As empresas acumulam um grande número de dados todos os dias. Essas informações são de extrema importância, uma vez que será através delas que a empresa tomará as principais decisões que podem garantir o seu sucesso ou fracasso futuro. É necessário ter profissionais que saibam coletar, analisar, interpretar e compartilhar esses dados.

Segurança da Informação: Há muitos profissionais no mercado interessados em mudar de carreira para trabalhar com segurança da informação. Afinal, é de extrema importância para qualquer organização proteger seus sistemas e dados empresariais de um ataque hacker ou de outros riscos que prejudiquem a base de informações.

Cloud Computing: Com os recursos tecnológicos atuais, conseguimos compartilhar uma vasta quantidade de dados e informações por meio das estratégias de armazenamento em nuvem. Isso é muito eficiente também para as empresas, portanto, é preciso ter profissionais com conhecimento avançado em cloud computing, expressão em inglês para se referir à computação na nuvem.

Rodrigo Moraes: Atua como tech manager no Will Bank, possui mais de 10 anos de experiência na gestão de pessoas, formação de equipe e desenvolvimento de PDI. Com conhecimento abrangente em gestão de projetos e serviços, conhecimento em metodologias de projetos tradicionais PMI, ASAP ou ágeis como SCRUM e Kanban, um dos diferenciais de Rodrigo é a sua formação também em humanas, além de atuar a mais de quinze anos como professor.

 UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

TRANSPORTES RODOVIÁRIOS E FERROVIÁRIOS SÃO OS MAIORES GARGALOS PARA O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

 

Infraestrutura
Por
Gazeta do Povo

Muitos buracos e remendo na Av. Senador Atilio Fontana no trecho de entrada da cidade de Paranaguá.


| Foto: Antônio More/Arquivo/Gazeta do Povo

Pesquisa feita pelo Instituto FSB para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o principal gargalo para o setor fabril é o transporte, mencionado por 73% dos entrevistados. A sondagem consultou 2,5 mil executivos de empresas de médio e grande porte entre 23 de junho e 9 de agosto.

Os demais problemas citados foram mencionados por parcelas bem menores do empresariado – energia foi citada como principal gargalo por 13%, saneamento por 6% e as telecomunicações por 5%.

Dos que consideram o transporte como o principal entrave, 77% informaram que as principais dificuldades estão relacionadas às rodovias. Entre elas estão as condições da infraestrutura das estradas e e a necessidade de ampliação e duplicação.

Não por acaso, as duas principais obras para melhorar o contexto da indústria mais citadas pelos empreendedores foram justamente melhorar a infraestrutura das estradas (mencionada por 36%) e ampliar ou duplicar rodovias (31%). E 19% falaram em ampliar a malha ferroviária.

Segundo o levantamento, 38% das empresas industriais afirmam que trocariam o frete rodoviário por outro tipo de transporte caso houvesse iguais condições estruturais entre os modais.

As ferrovias seriam a primeira alternativa para 28,5% dos industriais brasileiros para transferir suas operações de escoamento de produtos. Só não o fazem porque avaliam que hoje o setor ferroviário apresenta as piores condições entre os tipos de transportes – 63% consideram esse modal regular, ruim ou péssimo. Atualmente, somente 8% das indústrias usam as ferrovias para transportar sua produção.

As principais razões apontadas pelos 2,5 mil executivos entrevistados para mudar a operação para outro modal são a perspectiva de redução de custos (64%) e a maior agilidade para a entrega do produto (16%).

Para 46% dos entrevistados, o custo é o principal problema na logística e operação das empresas. Segundo 84%, o custo do transporte e da logística na indústria é alto ou muito alto – 79% indicam o frete como o principal custo logístico. Outros problemas relatados são o roubo de cargas (22%), má condição dos modais (20%) e má qualidade da frota (7%).

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que os aumentos dos investimentos em infraestrutura e a diversificação dos modais de transportes são imprescindíveis para reduzir os custos dos serviços e de produção.

“O custo logístico das empresas e consequentemente dos produtos para o consumidor só serão menores quando tivermos uma infraestrutura adequada”, diz o dirigente, em nota.

Principal deficiência está nas rodovias

A principal deficiência está na infraestrutura das rodovias, o principal modal utilizado pela indústria. Quase a totalidade dos entrevistados dizem usar este modal e apontam que ele é o principal no escoamento da produção, e 54% afirmam que as rodovias estão em condições regulares, ruins ou péssimas.

O gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus de Castro, alerta que, mesmo diante da extrema dependência dos caminhões para o transporte de cargas no país, há um déficit enorme na oferta de serviços de transporte rodoviário, bem como nos modais ferroviário e hidroviário.

“Se tivéssemos mais oferta na parte da logística, o custo total do transporte para a indústria seria muito inferior. Isso vai muito além da disponibilidade de caminhões ou trens, é tudo que envolve e contribui para a maior eficiência da movimentação de cargas no país”, diz Castro, em nota.

Ele afirma que o Brasil tem potencial para o transporte de cabotagem, hidroviário e ferroviário, especialmente depois da criação do Programa BR do Mar e da aprovação do novo marco legal de ferrovias. “Temos um grande potencial para equilibrar melhor a nossa matriz de transportes”, destaca.

“Nenhum outro país continental como o Brasil utiliza tanto o transporte rodoviário como a forma principal da movimentação de cargas e de pessoas. Não faz sentido o modal rodoviário ser tão utilizado em distâncias longas”, diz.

As principais necessidades para a indústria em termos de logística e infraestrutura são novas autorizações ferroviárias, conclusão de obras da Ferrovia Norte Sul, desestatização de portos em geral, desestatização do porto de Santos e concessão da BR-040, entre Rio e Belo Horizonte.

Necessidades encaminhadas aos presidenciáveis
A própria entidade aponta, em documento encaminhado aos presidenciáveis, que o Brasil precisa aumentar os investimentos em transportes em pelo menos cinco vezes para eliminar os gargalos que impedem o país de ser competitivo e tornar sua logística adequada para o escoamento interno de cargas, bem como para exportações e importações.

O país precisa elevar os investimentos em infraestrutura de transportes dos atuais 0,4% para 2% do PIB, na avaliação do setor industrial, que julga necessário um esforço de ao menos duas décadas para modernizar a logística de transporte do país.

Não é só a CNI que aponta para essa necessidade. Números da Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), divulgados no primeiro semestre, sinalizam que o país teria de investir pelo menos R$ 284,4 bilhões todos os anos, até 2031, para superar gargalos nas áreas de saneamento básico, transporte e logística.

E-BOOK 1984
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ATENTADO POLÍTICO CONTRA O CANDIDATO TARCÍSIO EM SÃO PAULO

 

Eleições

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

(Porto Alegre – RS, 10/12/2020) Palavras do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Foto: Alan Santos/PR


Em coletiva, Tarcísio de Freitas disse que inicialmente descarta a ocorrência de atentado, mas destacou que o tiroteio foi mensagem passada por criminosos.| Foto: Alan Santos/PR

Nesta terça-feira, dia 18, é celebrado o Dia do Médico. Estarei pela manhã no plenário da Câmara Federal homenageando os médicos, que foram os sacrificados, os heróis, os criticados – inclusive – e os infectados nessa pandemia. No início, mesmo sem saber como, fizeram de tudo para salvar as pessoas. E logo aprenderam como fazer. O tratamento deu certo. A doutora Lucy Kerr provou isso em Itajaí (SC), com colaboração da prefeitura. Foi um sucesso. Centenas de milhares de vidas foram salvas graças a isso. Por outro lado, milhares morreram também porque não receberam o tratamento. O tratamento foi experimental, assim como a vacina é experimental. Experiências foram feitas e os médicos estavam no front. Eu homenageio até os médicos que só deram dipirona e conduziram as pessoas para a intubação porque eles ou não sabiam, ou estavam com medo, ou estavam sob pressão. Talvez uns poucos estivessem meio fanatizados com certas ideias, mas todos merecem a saudação, o cumprimento, o reconhecimento neste Dia do Médico.

Dia de nascer de novo
A segunda-feira foi dia de o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nascer de novo. Ele esteve sob fogo em Paraisópolis, na cidade de São Paulo. Por estar em um veículo blindado, ele não foi morto. Não sei se houve intenção de matá-lo, se foi um atentado político, se foi uma reação do crime organizado a um veículo que estava entrando em seu território. Mas, de qualquer forma, me lembra muito o que aconteceu em 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora (MG), com a facada desferida por Adélio Bispo. O então candidato a presidente Jair Bolsonaro só foi salvo porque foi atendido imediatamente por excelentes cirurgiões da Santa Casa de Misericórdia. Se Tarcísio estivesse em um veículo sem blindagem, ninguém sabe o que teria acontecido.


Santuários do crime
É lamentável constatar que existem territórios liberados para o crime, apartados das leis brasileiras. São santuários do crime no Rio de Janeiro e em São Paulo principalmente, mas em outras capitais também. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e o próprio Supremo contribuíram para essa situação, proibindo a polícia de entrar em certos lugares durante a pandemia. Isso fortaleceu o crime, que ficou com o poder de deixar entrar um candidato e impedir a entrada de outro candidato. Eles apoiam quem será favorável ao crime, com essa leniência que propicia a existência de áreas liberadas dentro do território brasileiro, áreas onde não vigora a lei brasileira. Então os criminosos tomam partido político, participam da campanha eleitoral.

E aí vem a grande pergunta para a Justiça Eleitoral: Que garantias de voto livre têm os milhares ou milhões de eleitores que vivem dentro dessas áreas dominadas pelo crime? Talvez esses eleitores estejam sendo obrigados a votar naquele cuja vitória interessa ao crime. Eu acho que temos de pensar sobre isso.

Só mostram o público quando interessa
A gente descobre a parcialidade de um meio de informação tradicional pelas fotos. Por exemplo, eu estava examinando fotos de segunda-feira, em São Paulo, de um candidato que estava no palanque lá no bairro de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Não tem imagem do povo, só tem foto do candidato a presidente, do candidato ao governo do estado e de seu vice, se não me engano. Não mostram o público. Por quê? Só mostram o público quando tem uma aglomeração atrás dele. Isso acontece todos os dias.

Paraisópolis
Tudo o que se sabe sobre o tiroteio durante evento com Tarcísio de Freitas em São Paulo
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo


Polícia inicialmente descarta atentado contra Tarcísio de Freitas. Governador Rodrigo Garcia pediu celeridade nas investigações| Foto: Reprodução Facebook

Na manhã desta segunda-feira (17), o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, e sua equipe precisaram deixar às pressas a sede de um projeto social na favela de Paraisópolis, na capital paulista, após a ocorrência de um tiroteio nas imediações do prédio em que o projeto funciona. O candidato estava no local para participar da inauguração do Primeiro Polo Universitário de Paraisópolis.

Inicialmente Tarcísio classificou o episódio como um ataque direto a sua equipe efetuado por criminosos. Em coletiva de imprensa no final da tarde, o candidato do Republicanos afirmou que por ora descartava a ocorrência de um atentado, mas destacou que o tiroteio representou uma tentativa de intimidação por parte do crime organizado, uma mensagem passada pelos criminosos de que sua presença não era bem-vinda naquele local.

A favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo – uma das mais populosas do país, com cerca de 100 mil habitantes –, sofre com a ampla influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) no local.

O primeiro confronto ocorreu por volta 11h40, e o enfrentamento aos criminosos se deu pelos agentes policiais que compõem a segurança da equipe do ex-ministro. Em seguida foram deslocadas tropas das polícias militar e civil para dar suporte. Um dos criminosos envolvidos no tiroteio foi alvejado por policiais e morreu no local. Felipe Silva de Lima, de 27 anos, que era fichado na polícia por roubo, foi levado ao Hospital Campo Limpo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Não houve nenhum outro óbito ou ferimento no episódio.

Imediatamente após a ação, deu-se início à investigação sobre as causas do tiroteio. Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, o secretário de segurança pública de São Paulo, João Camilo Pires, declarou que, pelos dados disponíveis até o momento, não considerava a possibilidade de tentativa de atentado contra o ex-ministro. Segundo Pires, as circunstâncias apontam para a reação de criminosos à presença de policiais que compõem a equipe de Tarcísio. O secretário destacou, entretanto, que nenhuma outra hipótese está descartada até o momento.

A polícia verificará, a partir de agora, imagens de câmeras das ruas e de cinegrafistas e das câmeras corporais dos policiais que as portavam durante a ação. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), pediu agilidade na elucidação dos fatos.

Tarcísio classifica episódio como intimidação a sua presença
Na coletiva desta tarde, o candidato ao governo paulista afirmou que membros de sua equipe de segurança narraram que oito indivíduos em motocicletas rondaram a frente do instituto antes do ataque e fizeram fotos e vídeos da equipe de segurança, além de terem abordado os integrantes com perguntas. Em seguida, os criminosos teriam voltado com armamento e iniciado o tiroteio.

“A gente ouviu a primeira rajada, e a primeira impressão que tive foi de que era algo para intimidar, para dizer ‘vocês não são bem-vindos aqui’. Mas achei que fosse ficar nisso. Mais tarde, a gente começou a ouvir mais tiros e gritaria. Poucos minutos depois, o pessoal começou a gritar ‘abaixa, abaixa, vão atirar aqui’. Até o momento em que uma pessoa entra e diz: ‘tem que tirar ele daqui, porque o problema é ele. Tem que dar um jeito de tirar ele daqui, estão dizendo que vão entrar aqui’”, disse Tarcísio de Freitas.

Haddad diz que repudia a violência
Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio de Freitas neste segundo turno, evitou pronunciamento oficial sobre o caso. Ao cumprir agenda em São Mateus, zona leste de São Paulo, o candidato foi questionado por jornalistas sobre o caso e disse estar sabendo do ocorrido naquele momento, pelos repórteres. Haddad afirmou repudiar “toda e qualquer forma de violência”, que faz uma “campanha de paz e muito respeitosa” e que sempre tratou seu oponente com respeito.

“Eu repudio toda e qualquer forma de violência. Isso vale para 2018, 2020 e 2022. Sempre trabalhei no campo da dignidade da política, na contribuição com propostas. É assim que tenho me portado desde que entrei na vida pública”, declarou.

Com receio de que o caso impacte eleitoralmente, o deputado estadual Emídio de Souza (PT), coordenador de campanha de Haddad, foi às redes sociais pedir uma resposta rápida por parte da polícia sobre o caso. “Para não dar margem a interpretações equivocadas, a Polícia de São Paulo precisa responder rapidamente se a comitiva de Tarcísio foi atacada, como diz o candidato, ou se foi um tiroteio entre bandidos próximo onde o candidato estava”.

Bolsonaro menciona episódio em propaganda eleitoral
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio de Freitas, mencionou o tiroteio em seu programa eleitoral na noite desta segunda. “O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis”, diz a locução da peça.

A propaganda também cita a facada da qual Bolsonaro foi vítima na campanha eleitoral de 2018 e o episódio de violência ocorrido na última sexta-feira (14), quando um homem foi preso em Fortaleza após atirar contra o muro de uma igreja evangélica antes de um evento religioso que receberia a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos).

Pela manhã, o presidente já havia se manifestado sobre o caso envolvendo Tarcísio de Freitas. O chefe do Executivo disse que ainda era cedo para concluir se houve motivação política no confronto. “Recebi um telefonema do Tarcísio, algumas imagens também. Tudo é preliminar ainda, então não quero me precipitar. Se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo ou por haver na região. Então seria prematuro eu falar sobre isso”, apontou.

Ao comentar o caso, Bolsonaro também mencionou o caso de violência em Fortaleza. “O que eu sei é que há poucos dias teve uma ação de dois tiros em uma igreja onde a primeira-dama se faria presente. O elemento foi preso, detido, confessou ser do Comando Vermelho e que os dois tiros foram para intimidar e evitar que muita gente comparecesse a esse evento da primeira-dama com a senhora Damares. Isso está acontecendo, a gente lamenta. Um caso já comprovado que tem a ver com motivação política. O caso Tarcísio ainda não”, afirmou.


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NA TURQUIA SÓ VALE A VERDADE DO GOVERNO

 

Paraíso da censura

Por
Mariana Braga

Prague (Czech Republic), 06/10/2022.- Turkish President Recep Tayyip Erdogan leaves a press conference during the Meeting of the European Political Community in Prague, Czech Republic, 06 October 2022. The first meeting of the European Political Community brings together leaders from across the continent including non EU members countries with the aims to foster political dialogue and cooperation and to strengthen the continent’s security, stability and prosperity, a statement by the European Council reads. (República Checa, Praga) EFE/EPA/MARTIN DIVISEK


O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deixa uma conferência de imprensa durante a Reunião da Comunidade Política Europeia em Praga, República Tcheca, 06 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/MARTIN DIVISEK

Em meio a uma desaprovação popular em relação a Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia desde 2014, o governo aprovou um projeto de lei que censura – com ainda mais força – meios de comunicação e jornalistas que, segundo o texto, “promovem mentiras”, abrangendo também qualquer pessoa que se manifeste nas redes sociais. Para os críticos de Erdogan, trata-se de uma tentativa de minar a oposição, fantasiada de combate a fake news. A sanção da lei foi feita pelo presidente depois das 22 horas (horário local) da quinta-feira passada (13).

A medida reforça a repressão à imprensa que acontece nos últimos anos no país. Desde a tentativa de golpe de Estado em 2016, 189 veículos de comunicação foram fechados, cerca de 319 jornalistas foram presos, sendo que 36 deles ainda estão atrás das grades, segundo o Sindicato dos Jornalistas da Turquia (TGS, na sigla em turco). De acordo com a Association for Legal and Media Studies, esse número seria ainda maior: pelo menos 59.

Uma pesquisa recente da Reuters mostrou o quanto o conteúdo dos principais jornais diários e noticiários da TV pode estar vinculado a toda uma cadeia de aprovação governamental. A associação Repórteres Sem Fronteiras estima, por sua vez, que 90% da mídia nacional esteja nas mãos de líderes ligados ao poder.

A nova lei impõe, entre outras mudanças, que jornalistas que agirem “contra as regras morais da imprensa” – sem maiores detalhes de quais seriam elas – deverão perder o direito de exercer a profissão.

O projeto de lei foi apresentado pelo AKP, partido do presidente, e seu aliado nacionalista, o MHP, em maio de 2022, no Parlamento. Diante dos protestos, Ahmet Ozdemir, deputado da maioria presidencial e integrante do grupo que participou da redação do texto, assegurou que não se trata de censura: “Nenhuma liberdade pode existir sem limites”, disse o parlamentar aos colegas e à imprensa.

Oposição 
Já Meral Aksener, líder do partido Iy (do Bem), de direita, condenou a nova lei, durante a abertura de votações no Parlamento na semana passada. “O Social Media Act é uma obra-prima da monstruosidade”, apontou. “Os que estão por trás da lei são os que mais temem a realidade e a verdade”, declarou Aksener.

Gülistan Kiliç Koçyigit, outro deputado de oposição, do Halklarin Demokratik (Democrático do Povo), denunciou que “as mãos do presidente estão sujas” e levantou um cartaz escrito “A imprensa livre não se calará”.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas do país, que reúne sindicatos e outras entidades, também emitiu um comunicado, dizendo que “a desinformação é um problema importante e deve ser combatido, mas não à custa de restringir os direitos dos jornalistas e os direitos do público à liberdade de expressão”.

“Essa lei infelizmente não é uma surpresa”, observou nas redes sociais o jornalista e professor de economia turco Mehmet Altan, que foi preso durante quase dois anos, antes de ser libertado em junho de 2018. “É, no entanto, o sinal de uma decadência singular que pretende estabelecer um monopólio do discurso oficial”, analisou.

Controle das redes sociais 
Existe ainda um artigo nessa nova lei que faz uma emenda ao código penal e permite condenar a penas que variam de um a três anos de prisão qualquer pessoa que tenha divulgado nas redes “informações enganosas” minando “a unidade do Estado”, “a ordem estabelecida” ou “divulgando segredos de Estado”.

A tentativa do governo autoritário da Turquia de controlar as redes sociais é antiga. Em de junho de 2013, Erdogan declarou: “As redes sociais são um flagelo para o povo. Há tantas mentiras no Twitter”.

No mesmo ano, gravações de áudio envolvendo ministros em casos de corrupção e suborno se espalharam pelas redes e mandatário, que na época era primeiro-ministro, mudou o funcionamento da administração judiciária e se manifestou nas  redes sociais: “Não vamos deixar o Facebook e o YouTube engolirem a nossa nação! Poderíamos fechá-los. Não é concebível ter tal noção de liberdade”. Ao longo dos anos, o atual presidente passou a chamar as redes sociais de “fascismo digital”.

INSTITUTOS DE PESQUISA SERÃO PUNIDOS POR PESQUISAS FALSAS

 

Reação parlamentar
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conclui a assinatura digital e lacração dos sistemas eleitorais que serão usados nas eleições de outubro (José Cruz/Agência Brasil)


Divergência entre pesquisas eleitorais às vésperas do 1º turno e apurações das urnas causou reação do mundo político.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

As discrepâncias entre os resultados de algumas disputas do primeiro turno e os levantamentos de intenção de voto motivaram uma ofensiva por parte de deputados e senadores contra as empresas do ramo de pesquisas eleitorais.

Dois projetos de lei e duas propostas de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foram apresentados na Câmara e no Senado para pedir investigações sobre o setor. Algumas das iniciativas contam com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que disse ser favorável a uma regulamentação da atividade das empresas.

As ações são empreendidas por parlamentares aliados do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). As empresas entraram no radar do campo governista principalmente por conta do resultado do primeiro turno da eleição presidencial, em que a votação recebida por Bolsonaro foi superior à sugerida em grande parte dos levantamentos divulgados na semana que antecedeu a votação.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é um dos que assina um projeto de lei que regulamenta as ações dos institutos. Outra proposição é do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno.

Já a CPI das pesquisas foi sugerida na Câmara pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ) e no Senado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Ambos são aliados de Bolsonaro.

A mobilização chegou a ganhar um estímulo extra na quinta-feira (13), quando a Polícia Federal (PF) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciaram que abririam processos contra as empresas – no caso do Cade, a ação cobriria os institutos Datafolha, Ipec e Ipespe. Mas o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acabou derrubando as medidas de Cade e PF, por entender que as investigações estariam fora do escopo de atuação dos órgãos.

Bolsonaro criticou a decisão de Moraes e disse que o ministro será “quem vai mandar” no Brasil em caso de vitória eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Senador quer CPI contra pesquisas antes do 2º turno; meta é improvável
O senador Marcos do Val defende que a CPI seja iniciada no Congresso ainda antes do segundo turno da eleição presidencial, agendada para o próximo dia 30. Segundo ele, a instalação da comissão poderia coibir distorções que, segundo ele, foram significativas para os resultados do primeiro turno. O senador já coletou o número de assinaturas necessário para que o pedido da CPI tenha prosseguimento.

A meta de do Val, porém, é de difícil realização. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), havia sinalizado ainda no primeiro semestre que só instalaria CPIs após a realização das eleições, e na última terça-feira (11) voltou a expor o posicionamento.

Além das eleições, outro empecilho que a CPI das pesquisas encara no Senado é a “fila” de comissões parlamentares que foram demandadas por outros senadores. Há três pedidos de CPI no Senado que já alcançaram o número mínimo de assinaturas e aguardam instalação: uma para apurar a atuação de ONGs na Amazônia, uma para analisar denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC) e uma para investigar obras federais não-concluídas. A CPI sobre o MEC foi requerida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), coordenador da campanha do ex-presidente Lula.

Uma estratégia que do Val apontou para superar a fila do Senado é fazer uma CPI mista, que incluiria também os deputados federais. Ele disse que dialogará com os membros da Câmara a partir desta semana para considerar essa possibilidade.


Na Câmara, muitos projetos e o interesse de Lira
A instalação de uma CPI na Câmara sobre as pesquisas vive, no momento, a dificuldade de não contar com o número mínimo de assinaturas para que sua solicitação seja formalizada. Segundo Carlos Jordy, o pedido conta com o apoio de 124 deputados, e o mínimo necessário é de 171. O deputado acrescentou que a meta é coletar as assinaturas e dar início à CPI ainda na atual legislatura, que se encerra em fevereiro.

Lira não se posicionou abertamente a favor de uma CPI, mas disse defender a regulamentação das pesquisas. Ele disse, em entrevista ao UOL, que não concorda com projetos que determinam a prisão de responsáveis por pesquisas, mas declarou ser favorável à aplicação de multas e outras sanções de ordem administrativa. Na mesma entrevista, Lira também disse considerar possível a votação de um projeto de lei sobre o tema ainda neste ano.

Foram protocoladas duas propostas após o primeiro turno das eleições. Uma é a de Ricardo Barros, que determina também que os veículos de comunicação são obrigados a publicar o resultado de todas as pesquisas com registro na Justiça Eleitoral e que os responsáveis pelos levantamentos que divirjam dos resultados das urnas podem ser presos de quatro a dez anos. A proposta também veda a divulgação de pesquisas 15 dias antes da eleição. Na justificativa do projeto, Barros diz que as pesquisas do primeiro turno tiveram dificuldade de captar “o voto do eleitor de direita”.

A outra proposição, do deputado Carlos Sampaio, tem como enfoque a punição a “pesquisas fraudulentas”. O projeto prevê prisão e obrigação do pagamento de multa a quem divulgar pesquisas fraudulentas – o texto, porém, não especifica os critérios para determinação de que uma pesquisa seja fraudulenta. Outro ponto da proposta determina transparência na amostra e na metodologia das pesquisas.

As propostas de Barros e Sampaio se somam a outras duas de caráter similar apresentadas em junho e julho respectivamente pelos deputados Bibo Nunes (PL-RS) e Gurgel (PL-RJ). Os dois textos determinam punições a institutos e responsáveis caso o resultado das pesquisas seja diferente, fora da margem de erro, do encontrado nas pesquisas.

As quatro propostas tiveram sua tramitação alinhada a um projeto de 2011 apresentado pelo deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), que também tem o teor de responsabilizar os institutos de pesquisa quando houver diferença entre os levantamentos e os dados efetivos de votação.


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PLANO DE SAÚDE DO SENADO É BENEVOLENTE

 

A grande família
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Prédio do Congresso Nacional.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O generoso Plano de Saúde do Senado tem hoje 598 beneficiários. As despesas do ano passado somaram R$ 31,7 milhões. O plano é uma grande família – atende cônjuge ou companheira, filhos até 33 anos, enteados, pai e mãe. Prevê UTI aérea e tratamento no exterior. Há contribuições de senadores, ex-senadores e seus dependentes, mas com valores baixos, considerando a qualidade dos serviços. O plano é altamente deficitário e recebe recursos públicos.

O blog teve acesso à relação completa dos senadores, ex-senadores e dependentes. Ao todo, são 85 senadores no mandato – incluindo sete suplentes no exercício – e 174 ex-senadores. O plano atende ainda 65 cônjuges, 87 filhos e 6 genitores dos atuais senadores. Há uma modalidade para 24 filhos com idade entre 21 e 33 anos. Há ainda 122 cônjuges e 59 viúvas de ex-senadores. Pelo menos cinco senadores asseguraram a adesão permanente ao plano após apenas quatro meses de mandato.

A despesa aumenta a cada ano. Pulou de R$ 6,9 milhões em 2011 para R$ 32,7 milhões em 2021. Em 2019, os gastos estavam R$ 13,9 milhões; em 2020, chegaram a R$ 14,9 milhões. Estão na rede de hospitais credenciados o Sírio-Libanês e o Albert Einsten – entre os melhores do país. O atendimento é feito por instituições credenciadas ou por profissionais liberais e instituições de livre escolha, mediante pagamento direto e posterior ressarcimento de despesas. No ano passado, esses ressarcimentos somaram R$ 10 milhões. Em 2019, antes da pandemia da Covid-19, as maiores despesas com hospitais chegaram a R$ 395 e R$ 300 mil.

O plano prevê ainda o tratamento de saúde de senadores no exterior. São autorizados previamente, pela Comissão Diretora, em casos de “comprovada necessidade”. Também ocorre o ressarcimento em casos graves quando o senador está em viagem oficial para eventos, reuniões e congressos no exterior. Tem ainda a UTI aérea. As autorizações para remoções via aérea são feitas pelo titular da Secretaria de Saúde.


As maiores famílias
Márcio Bittar (União-AC), a cônjuge, dois filhos maiores, uma filha menor e o pai estão no plano de saúde. Carlos Fávaro (PSD-MT) incluiu no plano a cônjuge, dois filhos até 33 anos, o pai e a mãe. Cid Gomes (PDT-CE), colocou a mulher, três filhos menores e um com idade até 33 anos. Rogério Carvalho (PT-SE), incluiu a esposa, a mãe e quatro filhas menores.

Senadores de destaque aderiram ao plano: Ciro Nogueira (PP-PI), atual ministro da Casa Civil, incluiu no plano duas filhas com idade entre 21 e 33 anos e a nova companheira. A senadora Simone Tebet, ex-candidata a presidente da República, colocou no plano uma filha com idade até 33 anos, outra menor e o marido.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), ex-presidente da CPI da Covid, colocou a mulher, um filho maior e três menores como beneficiários; Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a mulher e dois filhos menores. Soraya Thronicke (União-MS), outra ex-candidata a presidente, incluiu um filho maior e o cônjuge no plano. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem apenas dois filhos menores como beneficiários.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) vive uma situação singular. A sua mulher, Sandra Braga, é beneficiária do plano como cônjuge. Ela é também a 1ª suplente do senador, que está no meio do mandato e disputa segundo turno para o governo do Amazonas. Mas Sandra já assumiu o mandato como suplente do marido de janeiro de 2015 a abril de 2016, quando ele assumiu o ministério das Minas e Energia.

O ex-senador Ronaldo Caiado (União) está na lista de beneficiários como “titular ex-parlamentar”. A sua mulher, Maria das Graças, aparece como “cônjuge de parlamentar”. Caiado é hoje governador reeleito de Goiás. O 1º suplente de Caiado, Luiz Carlos do Carmo (PSC-GO), que assumiu o cargo definitivamente em janeiro de 2019, é beneficiário do Plano de Saúde como “titular parlamentar”. A sua mulher, Ivana, é beneficiária como “cônjuge de parlamentar”. O ex-senador, enquanto estiver do exercício de outro cargo público, no nível federal, estadual ou municipal, não fará jus aos benefícios previstos no plano.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) é “titular parlamentar”. A deputada federal Ângela Amin (PP-SC) está na lista como cônjuge/companheira de parlamentar. Na relação dos ex-parlamentares e dependentes está a viúva do senador José Richa (PSDB-PR), Arlete Vilela. Ela recebe ainda pensão como viúva, no valor de R$ 13,3 mil, pelo Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que foi extinto, mas deixou a conta das pensões para a União.

Rita de Cássia Camata é beneficiária do plano como viúva do senador Gerson Camata (MDB-ES). Como pensionista do atual Plano dos Congressistas, ela recebe pensão vitalícia de R$ 33,7 mil, deixada pelo senador Camata. Como ex-deputada, ela recebe mais R$ 20,9 mil de aposentadoria parlamentar da Câmara dos Deputados.


Contribuições em valores módicos

Os senadores e seus dependentes pagam contribuição mensal. Considerando os serviços prestados, os valores são módicos. As contribuições cobrem cerca de 10% das despesas do plano. No caso dos senadores, ex-senadores e cônjuges, o valor é de R$ 361 para a faixa entre 39 a 42 anos; ou de R$ 549 a partir de 59 anos. O filho estudante de 21 a 24 anos paga mensalidade em torno de R$ 300. As despesas com filhos entre 21 e 33 anos, não estudantes, ficam em sua maioria em R$ 670. Pai e mãe de senador pagam R$ 800 a partir de 59 anos.

Em 2020, na gestão do presidente Davi Alcolubre (União-AP), ato da Comissão Diretora criou uma nova modalidade de dependentes – os maiores de 21 e menores de 34 anos, independentemente de serem estudantes ou dependentes econômicos dos titulares do plano. O Senado afirma que a ação se espelhou em ato da Mesa da Câmara dos Deputados, que buscou, em 2016, “por meio desse benefício, melhorar a saúde financeira do plano mediante redução da sinistralidade, pois trata-se de um grupo de beneficiários geralmente saudáveis, com baixos índices de utilização do plano”.

O Senado acrescenta que, para essa classe de beneficiários, não há participação de recursos públicos no custeio do plano. Todas as despesas são cobertas exclusivamente pelo pagamento das contribuições mensais e das coparticipações do grupo. No caso de filhos solteiros menores de 21 anos, filhos estudantes menores de 24 anos ou filhos inválidos, por serem dependentes obrigatórios, têm o plano custeado por recursos públicos.

Aposentados após alguns meses
Até 2003, os suplentes de senadores que assumiam o mandato dos titulares não precisaram cumprir um prazo mínimo para se filiar ao Plano de Saúde vitalício. Nova da Costa (MDB-AP) esteve no Senado por dois meses, junho e julho de 2001, substituindo o senador José Sarney (MDB-AP). Ele já havia sido governador do então território do Amapá, nomeado por Sarney, em 1985. Costa continua até hoje no plano do Senado.

Paulo Guerra (PMDB-AP) foi eleito suplente de Sarney em 1990. Assumiu o cargo em outubro de 1999 para um mandato de três meses e 20 dias. Continua no Plano de Saúde, ao lado da esposa. Sarney permanece no plano como ex-senador. O ex-deputado deputado estadual Alcides Falcão (PMDB-AL)) foi eleito suplente de Guilherme Palmeira (PFL) em 1990. Assumiu a vaga de julho a outubro de 1998 – três meses e 21 dias. O ex-senador morreu em 2020, mas a viúva continua filiada ao plano.

Ato da Meda diretora, em 2003, considera ex-senador aquele tenha exercido o mandato como titular em decorrência de morte, renúncia ou cassação do titular. Mas somente têm direito aos benefícios do Plano de Saúde os ex-senadores que tenham exercido o mandato por um período mínimo de 180 consecutivos. Quem tornou-se ex-senador antes disso, manteve os benefícios.


Senado justifica aumento de despesas
Questionado sobre o crescente aumento e despesas do Plano de Saúde, o Senado respondeu ao blog: “Quanto ao aumento dos custos dos planos de saúde nos últimos anos, ressaltamos tratar-se de fenômeno multifatorial, tendo sido evidenciado em todo o mercado de saúde suplementar, com agravamento a partir do ano de 2021″. A pandemia da covid-19 também teria provocado a elevação anormal de despesas a partir de 2021.

O Senado citou os motivos da elevação das despesas: a inflação da saúde, afetada pelo aumento do envelhecimento populacional, o aumento no preço de medicamentos, os custos de investimento e a descoberta de novas tecnologias; o represamento de procedimentos eletivos que não foram realizados no ano de 2020 em virtude da covid-19; a desvalorização do real frente ao dólar, que precifica grande parte da tecnologia, materiais e medicamentos; o aumento das internações por covid-19, cujo ápice ocorreu no primeiro semestre de 2021; o aumento do custo dessas internações, em virtude da demanda por leitos e tecnologias de alta complexidade; e a taxa de utilização do plano de saúde.

O Senado acrescentou que a média etária dos senadores, acima da média populacional, aumenta exponencialmente a taxa de sinistralidade do plano, uma vez que pacientes idosos tendem a necessitar de cuidados médicos de maior complexidade, consequentemente com maior custo.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/a-grande-familia-plano-de-saude-do-senado-tem-600-beneficiarios-e-custa-r-32-milhoes/
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TSE IMPEDE LULA DE DIZER QUE É A FAVOR DO ABORTO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


A ministra Cármen Lúcia, do STF e do TSE, proibiu peça de propaganda de Jair Bolsonaro sobre o apoio de Lula à legalização do aborto.| Foto: STF

Meros sete anos separam a Cármen Lúcia do “cala a boca já morreu”, dito quando ela foi relatora da ação no Supremo Tribunal Federal a respeito da publicação de biografias não autorizadas, da Cármen Lúcia que acrescenta mais um item à lista de assuntos que não podem ser mencionados na atual campanha eleitoral para a Presidência da República. Na sexta-feira, dia 14, na qualidade de ministra do Tribunal Superior Eleitoral, ela proibiu a veiculação de uma peça de propaganda de Jair Bolsonaro (PL) contendo falas do ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula (PT) defendendo a legalização do aborto.

“A afirmação [relativa ao aborto] não corresponde dados verídicos nem comprovados, não havendo comprovação de que o candidato tenha declarado, prometido ou apresentado projeto de governo no sentido de promover a alteração da lei que cuida do tema do aborto”, diz Cármen Lúcia, introduzindo uma nova espécie de vedação ao debate eleitoral: só poderá ser alvo de crítica aquilo que tiver sido devidamente “declarado, prometido ou apresentado”. Trata-se de uma pretensão absurda, pois implica o conhecimento perfeito daquilo que vai na mente de cada candidato, que pode muito bem ter certos planos e não os tornar públicos; ignora que é possível traçar prognósticos futuros com base no passado; e inviabiliza boa parte de críticas que são legítimas no debate político. Levando essa determinação às últimas consequências, não seria possível nem mesmo dizer que Lula ou Bolsonaro farão um mau governo caso sejam eleitos, ou que agirão de forma fiscalmente irresponsável, ou que tomarão esta ou aquela medida considerada prejudicial ao país. Afinal, todas essas são afirmações negativas em relação ao candidato alvo da crítica, mas nenhuma delas teria lastro em algo “declarado, prometido ou apresentado”.

Como é impossível negar a existência da fala de Lula em defesa da legalização do aborto, para impedir que ela volte ao debate público é preciso tentar enquadrar sua divulgação em algum dos novos termos da novilíngua eleitoral usada para justificar a atual enxurrada de proibições

À parte o ridículo da restrição imposta por Cármen Lúcia, ela nem mesmo se aplicaria ao caso de Lula. Afinal, a peça agora censurada usa uma fala do petista durante debate realizado em abril, promovido pela Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, e pela fundação alemã Friedrich Ebert. Na ocasião, Lula afirmou que “aqui no Brasil não faz [aborto] porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar”. A frase está documentada em vídeo e foi reproduzida por inúmeros veículos de imprensa Brasil afora. Como é impossível pretender que “todo mundo tenha direito” a algo que hoje é ilegal sem que haja uma modificação normativa, legal ou judicial que legalize tal prática, podemos muito bem considerar que o apoio de Lula à legalização está devidamente “declarado”.

Além disso, se há algo no qual o PT coloca seu empenho, esse algo é a legalização do aborto, que faz parte oficialmente das plataformas do partido desde 2007. Lula e o PT tentaram, sem sucesso, a via legislativa para esse objetivo: em 2005, uma Comissão Tripartite da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, criada “para discutir, elaborar e encaminhar proposta de revisão da legislação punitiva que trata da interrupção voluntária da gravidez”, apresentou um anteprojeto de lei que previa a “realização legal do aborto, por decisão das mulheres, em gestações de até 12 semanas, e com até 20 semanas se a gravidez fosse resultante de violência sexual”. O governo Lula também usou outros meios para atacar a vida por nascer. Naquele mesmo 2005, o Ministério da Saúde atualizou suas normas técnicas para o atendimento, no SUS, de abortos em caso de gravidez resultante de estupro; a modificação mais importante foi a dispensa da apresentação de boletim de ocorrência, o que na prática abriria brechas para o aborto sob demanda na rede pública, ocultado sobre uma falsa alegação de violação sexual. Durante quase todo o segundo mandato de Lula a pasta da Saúde esteve sob o comando de um declarado abortista, José Gomes Temporão. E, em 2009, a terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3) continha a defesa explícita da legalização do aborto, depois removida devido à repercussão negativa.

O “poste” de Lula, Dilma Rousseff, não agiu de forma diferente. Ela, que anos antes de se candidatar à Presidência havia defendido veementemente a legalização em entrevistas, chegou a divulgar uma carta aos eleitores cristãos durante a campanha de 2010 prometendo “defender a manutenção da legislação atual sobre o assunto” e “não tomar a iniciativa de propor alterações” na legislação relativa ao aborto (mas sem dizer se vetaria uma legalização caso o Congresso a aprovasse). No entanto, também ela nomeou abortistas para seu ministério, caso de Eleonora Menicucci na Secretaria de Políticas para as Mulheres; e, o mais importante, indicou para o STF aquele que é hoje o mais radical dos defensores do aborto na corte, o ministro Luís Roberto Barroso. Se o passado diz alguma coisa sobre o futuro, o fato de Lula não ter “declarado, prometido ou apresentado projeto de governo no sentido de promover a alteração da lei que cuida do tema do aborto” não significa absolutamente nada.

Como, portanto, é absolutamente impossível negar a existência da fala de Lula usada na propaganda de Bolsonaro, nem todo o histórico petista de abortismo, para impedir que tudo isso volte ao debate público é preciso tentar enquadrar sua divulgação em algum dos novos termos da novilíngua eleitoral que vem sendo usada para justificar a atual enxurrada de proibições. “Descontextualização”, “adulteração grosseira”, “desinformação” e “mensagem distorcida” foram algumas das expressões usadas pela ministra, agarrando-se especialmente a um verbo específico dito por uma apoiadora de Bolsonaro na peça censurada: “Lula quer mudar a lei e incentivar a mãe a matar o próprio filho no seu próprio ventre”, diz-se a certa altura. Descarte-se desde já a alegação da campanha petista de que isso seria falsa atribuição a Lula dos crimes de apologia e incitação ao crime, pois tal “incentivo” viria apenas após a eventual modificação da lei; fato é que “incentivar” não necessariamente pode ser entendido como um estímulo direto para que alguém faça algo, mas também como uma facilitação, a ação de criar as condições para que este algo ocorra. Pode-se até mesmo alegar que a escolha do verbo por parte da campanha de Bolsonaro foi infeliz, mas não que justifique censura.

Ao impedir a veiculação de uma peça que mostra Lula dizendo, com suas próprias palavras, o que pensa sobre o aborto, Cármen Lúcia – que, aliás, no início deste ano assinou uma carta que usa linguagem cifrada em defesa da legalização – prejudica o debate público sobre um tema importante para muitos eleitores. Além disso, mantém a escrita de uma Justiça Eleitoral que há muito tempo perdeu a mão na condução deste processo eleitoral. A “interferência mínima” prometida por Alexandre de Moraes ao tomar posse na presidência do órgão deu lugar a um esforço censurador sem nenhum lastro legal, que recorre a conceitos vagos como “desordem informacional” para bloquear críticas legítimas. E só não chamamos este esforço censurador de “amplo, geral e irrestrito” porque ele normalmente está direcionado a apenas um lado deste embate, desequilibrando a balança e fazendo do TSE um ator político, em vez de organizador imparcial do pleito.


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REGIME DE ESQUERDA SÓ TRÁS INFLAÇÃO E POBREZA

 

Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Por Redação – Jornal Estadão

Taxa de inflação anual foi de 83% em setembro, o pior patamar desde a época da hiperinflação, mas aumento nos alimentos e vestuário já ultrapassa 100%

BUENOS AIRES – A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano, com alguns alimentos já ultrapassando esta variação anual. O resultado é o número cada vez maior de argentinos vasculhando em lixões e locais de troca por produtos como roupas, papelão e demais materiais para venda.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina, a inflação em setembro foi de de 6,2%. No acumulado do ano, a taxa ficou em 66,1% e, nos últimos 12 meses, em 83%, o pior patamar desde dezembro de 1991, quando atingiu 84%, segundo dados oficiais. As projeções para o ano de 2022 já passam dos três dígitos. Com isso, o país registra aumento de preços a níveis semelhantes ao período de hiperinflação por volta dos anos 1990.

A agência Reuters visitou lixões nos arredores de Buenos Aires, onde encontrou pessoas procurando roupas utilizáveis, materiais recicláveis para venda e até comida. “Minha renda não é mais suficiente”, disse Sergio Omar à agência, um argentino de 41 anos que estava procurando materiais recicláveis em um aterro sanitário em Lujan, a 65 km da capital. Com cinco filhos, ele contou que ficou difícil manter a sua família frente ao aumento no preço dos alimentos.

Recicladores examinam montes de lixo em um aterro sanitário para papelão, plástico e metal, que vendem em turnos de trabalho de 12 horas, em Lujan, arredores de Buenos Aires, em 5 de outubro
Recicladores examinam montes de lixo em um aterro sanitário para papelão, plástico e metal, que vendem em turnos de trabalho de 12 horas, em Lujan, arredores de Buenos Aires, em 5 de outubro  Foto: Agustin Marcarian/Reuters

De fato, segundo os dados do Indec, os alimentos, junto com bebidas alcoólicas e vestuário sofreram a maior variação mensal da inflação. Na comparação com setembro do ano passado, o preço dos alimentos subiu 86,6%, acima da média geral, mas o maior aumento foi nas roupas e calçados, que variou 118% em um ano.

“Vemos que a inflação nesse item continua alta, mesmo quando o preço dos alimentos no mundo está se revertendo. Não vemos nenhum indicador que sugira uma desaceleração nos próximos meses no mercado doméstico”, disse Guido Lorenzo, diretor executivo da LCG, ao jornal argentino La Nación.

Mas alguns produtos das prateleiras e da cesta básica no país já ultrapassaram a taxa de 100%, segundo levantamento feito pelo jornal com base em dados do Indec. O item mais afetado é a cebola, cujo o aumento anual foi de 550,85%. Em seguida vem açúcar e batata.

Aterro sanitário em Lujan, Argentina, onde recicladores dizem notar um aumento no número de pessoas procurando o local
Aterro sanitário em Lujan, Argentina, onde recicladores dizem notar um aumento no número de pessoas procurando o local Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O aumento dos preços dos alimentos impacta integralmente o custo da cesta básica, que marca a linha de indigência e pobreza na Argentina, indicadores sociais que ficaram em 8,8% e 36,5%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Ainda à Reuters, Omar contou que notou um aumento na quantidade de pessoas procurando produtos no aterro sanitário que frequenta. Uma percepção reforçada por Sandra Contreras dona do clube de trocas Lujan Barter Club, que relatou ver filas duas horas antes da abertura do espaço. “As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse à agência.

Plano do governo

Com os números dos últimos meses, a vice-presidente Cristina Kichner pediu a seu superministro da Economia, Sergio Massa medidas paliativas para esses setores e maior intervenção no setor de alimentos. Atualmente, o governo argentino congela o preço de alguns itens e algumas marcas de produtos da cesta básica, num programa batizado de preços cuidados.

Em alguns mercados do país, esses itens se esgotam rapidamente das prateleiras, seja porque são comprados com mais frequência, seja porque alguns varejistas evitem sua reposição antes da remarcação de preço para evitar prejuízo.

Massa disse que se reunirá com empresas de consumo para estabelecer um novo programa, que se chamará “Preços Justos”, em que os valores dos produtos serão válidos por um período maior do que os atuais “Preços cuidados” e serão impressos nos produtos para que o consumidor tenha garantias do que é cobrado.

“É fundamental que façamos isso com base em que todos entendam que estamos em um momento em que todos temos que ceder um pouco”, disse o ministro à rádio Rivadavia, em Buenos Aires.

Segundo o governo, apesar de a inflação anual cada vez mais se aproximar dos 100%, a variação mensal dos preços mostrou uma desaceleração. A taxa de 6,2% em setembro foi menor que os índices mensais de julho e agosto, de 7,4% e 7%, quando a desvalorização do peso frente ao dólar no câmbio paralelo ganhou força.

Vendedora espera clientes em um clube de troca de Lujan, arredores de Buenos Aires
Vendedora espera clientes em um clube de troca de Lujan, arredores de Buenos Aires Foto: Agustin Marcarian/Reuters

“Temos de combater a inflação. É um problema que não começou conosco e vem acontecendo há muitos anos. Hoje soubemos que a inflação está diminuindo gradativamente”, comentou o presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 14, quando foram publicados os dados do Indec.

No mesmo dia, Fernández, garantiu que o país alcançará “três anos consecutivos de crescimento”, durante seu discurso de encerramento do tradicional colóquio empresarial IDEA, na cidade de Mar del Plata, na província de Buenos Aires.

“As exportações chegaram a quase US$ 60 bilhões no meio do ano e vamos encerrar o ano exportando cerca de US$ 90 bilhões”, previu o presidente argentino no evento que reuniu empresários de diversos setores que ratificaram seu compromisso com o investimento na Argentina apesar das crises recorrentes, graves dificuldades macroeconômicas e aumentos inflacionários mensais. Nesse sentido, Fernández assegurou que “a Argentina alcançará três anos consecutivos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” e projeta um aumento de 4% e mais de 2% até 2023. /Com informações da EFE