Taxa de inflação anual foi de 83% em setembro, o pior patamar desde a
época da hiperinflação, mas aumento nos alimentos e vestuário já
ultrapassa 100%
BUENOS AIRES – A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano, com alguns alimentos já ultrapassando esta variação anual. O resultado é o
número cada vez maior de argentinos vasculhando em lixões e locais de
troca por produtos como roupas, papelão e demais materiais para venda.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina, a inflação em setembro foi de de 6,2%. No acumulado do ano, a taxa ficou em 66,1% e, nos últimos 12 meses, em 83%, o pior patamar desde dezembro de 1991, quando atingiu 84%, segundo dados oficiais. As projeções para o ano de 2022 já passam dos três dígitos. Com isso, o país registra aumento de preços a níveis semelhantes ao período de hiperinflação por volta dos anos 1990.
A agência Reuters visitou lixões nos arredores de Buenos Aires,
onde encontrou pessoas procurando roupas utilizáveis, materiais
recicláveis para venda e até comida. “Minha renda não é mais
suficiente”, disse Sergio Omar à agência, um argentino de 41 anos que
estava procurando materiais recicláveis em um aterro sanitário em Lujan,
a 65 km da capital. Com cinco filhos, ele contou que ficou difícil
manter a sua família frente ao aumento no preço dos alimentos.
De fato, segundo os dados do Indec, os alimentos, junto com bebidas alcoólicas e vestuário sofreram a maior variação mensal da inflação.
Na comparação com setembro do ano passado, o preço dos alimentos subiu
86,6%, acima da média geral, mas o maior aumento foi nas roupas e
calçados, que variou 118% em um ano.
“Vemos que a inflação nesse item continua alta, mesmo quando o preço
dos alimentos no mundo está se revertendo. Não vemos nenhum indicador
que sugira uma desaceleração nos próximos meses no mercado doméstico”,
disse Guido Lorenzo, diretor executivo da LCG, ao jornal argentino La Nación.
Mas alguns produtos das prateleiras e da cesta básica no país já
ultrapassaram a taxa de 100%, segundo levantamento feito pelo jornal com
base em dados do Indec. O item mais afetado é a cebola, cujo o aumento
anual foi de 550,85%. Em seguida vem açúcar e batata.
O aumento dos preços dos alimentos impacta integralmente o custo da
cesta básica, que marca a linha de indigência e pobreza na Argentina,
indicadores sociais que ficaram em 8,8% e 36,5%, respectivamente, no
primeiro semestre deste ano.
Ainda à Reuters, Omar contou que notou um aumento na
quantidade de pessoas procurando produtos no aterro sanitário que
frequenta. Uma percepção reforçada por Sandra Contreras dona do clube de
trocas Lujan Barter Club, que relatou ver filas duas horas antes da
abertura do espaço. “As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários
não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse à
agência.
Plano do governo
Com os números dos últimos meses, a vice-presidente Cristina Kichner pediu a seu superministro da Economia, Sergio Massa medidas
paliativas para esses setores e maior intervenção no setor de
alimentos. Atualmente, o governo argentino congela o preço de alguns
itens e algumas marcas de produtos da cesta básica, num programa
batizado de preços cuidados.
Em alguns mercados do país, esses itens se esgotam rapidamente das
prateleiras, seja porque são comprados com mais frequência, seja porque
alguns varejistas evitem sua reposição antes da remarcação de preço para
evitar prejuízo.
Massa disse que se reunirá com empresas de consumo para estabelecer
um novo programa, que se chamará “Preços Justos”, em que os valores dos
produtos serão válidos por um período maior do que os atuais “Preços
cuidados” e serão impressos nos produtos para que o consumidor tenha
garantias do que é cobrado.
“É fundamental que façamos isso com base em que todos entendam que
estamos em um momento em que todos temos que ceder um pouco”, disse o
ministro à rádio Rivadavia, em Buenos Aires.
Segundo o governo, apesar de a inflação anual cada vez mais se
aproximar dos 100%, a variação mensal dos preços mostrou uma
desaceleração. A taxa de 6,2% em setembro foi menor que os índices
mensais de julho e agosto, de 7,4% e 7%, quando a desvalorização do peso
frente ao dólar no câmbio paralelo ganhou força.
“Temos de combater a inflação. É um problema que não começou conosco e
vem acontecendo há muitos anos. Hoje soubemos que a inflação está
diminuindo gradativamente”, comentou o presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 14, quando foram publicados os dados do Indec.
No mesmo dia, Fernández, garantiu que o país alcançará “três anos
consecutivos de crescimento”, durante seu discurso de encerramento do
tradicional colóquio empresarial IDEA, na cidade de Mar del Plata, na
província de Buenos Aires.
“As exportações chegaram a quase US$ 60 bilhões no meio do ano e
vamos encerrar o ano exportando cerca de US$ 90 bilhões”, previu o
presidente argentino no evento que reuniu empresários de diversos
setores que ratificaram seu compromisso com o investimento na Argentina
apesar das crises recorrentes, graves dificuldades macroeconômicas e
aumentos inflacionários mensais. Nesse sentido, Fernández assegurou que
“a Argentina alcançará três anos consecutivos de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB)” e projeta um aumento de 4% e mais de 2% até 2023. /Com informações da EFE
Cristiano Kruel — Sócio e Chief Innovation Officer da StartSe
Foi isso que fez Jim Koch a ser tachado de louco pelo próprio pai.
Mas foi a “loucura” (que eu prefiro chamar de inovação) que levou Jim
a furar a bolha de um mercado com 6 mil anos de história e uma
competitividade altamente acirrada:
O mercado cervejeiro.
A ideia era ousada: criar a melhor cerveja artesanal dos EUA com base numa antiga receita da família.
Uma receita única, desenvolvida pelo tataravô de Jim e que remontava à década de 1860.
Jim Koch
E apesar dos grandes grupos que dominavam a distribuição e o consumo de cerveja nos Estados Unidos…
… A Samuel Adams realmente conseguiu furar a bolha e ser eleita a
melhor cerveja dos EUA no Great American Beer Festival, no primeiro ano
de lançamento.
Hoje, passados 38 anos, a companhia tem 2,5 mil colaboradores, uma
receita anual que supera os US$ 2 bilhões e patrimônio líquido de R$ 4,2
bilhões.
E com isso Jim nos deixa uma importante lição.
A de que inovar nem sempre é criar coisas novas, muito menos focar só em tecnologia.
Não é reinventar a roda, criar o novo Facebook ou ter uma ideia genial para um novo produto.
Inovar pode ser simplesmente resgatar uma antiga ideia e melhorá-la.
Não se acanhar diante de um mercado competitivo, mas enxergar e explorar as suas licenças competitivas da melhor forma possível.
Sei que parece algo fácil de falar, mas difícil de fazer.
A verdade é que há uma alta demanda por profissionais que conheçam as práticas mais modernas de inovação.
Segundo pesquisas, 80% das empresas brasileiras consideram a habilidade de inovar extremamente importante.
Mas a oferta de profissionais preparados, infelizmente, ainda é baixa.
Então se você quer ajudar esse panorama e quer:
Se tornar referência em inovação
Dominar as ferramentas e modelos estratégicos para fortalecer seu posicionamento
Saber lidar com as disrupções do mercado
Construir e atualizar modelos de negócio e renovar suas licenças competitivas
E aqui está a forma mais rápida de se tornar uma liderança em
inovação é participar da Plataforma Comercial do Marketplace Site da
Startup Valeon.
Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?
Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)
Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra
fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local,
pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas
na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer
“milão” é “caro demais”.
Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios
na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A
lógica deveria ser justamente a inversa.
Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.
O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam
conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR
DIA!).
Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.
Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?
Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?
Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?
Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?
Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…
Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?
Absolutamente nenhuma além da internet.
E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?
Marketing Digital é barato, mas não é de graça.
Vamos fazer uma conta de padaria:
Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?
Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.
Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.
Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando
metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada
carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.
Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.
Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta
pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno
de R$ 5,51.
Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.
Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…
E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.
Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco
explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números
disparados na frente do marketing tradicional.
Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.
Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você
deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para
o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?
Deixo a reflexão.
Preferências de Publicidade e Propaganda
Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago
Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para
divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais
veículos de propaganda você tem preferência?
Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das
empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros
meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.
Vantagens da Propaganda no Rádio Offline
Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.
É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda
existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou
produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio
funciona bem demais!
De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas
vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender
que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará
entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim,
concretizar suas vendas.
Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline
Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que
costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no
rádio. Frequentemente, os rádios também são usados como ruído de
fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles
também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o
ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo
quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao
usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,
A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade
para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de
marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a
mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente
estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que
não estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de
alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários
dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Troca de acusações sobre mentiras, corrupção e pandemia: como foi o primeiro debate do 2º turno Por Rodolfo Costa; Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo
Lula e Bolsonaro no primeiro debate no 2º turno, realizado pela TV Bandeirantes| Foto: Renato Pizzutto/Band
O
primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais entre Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), transmitido pela TV
Bandeirantes, Uol e TV Cultura, contou com confrontos diretos e
numerosas acusações entre os candidatos – sobretudo relacionadas a
denúncias de corrupção contra Lula, por parte de Bolsonaro, e à gestão
da pandemia feita pelo atual governo, por parte de Lula.
Regras mais flexíveis aprovadas entre a produção do programa e
representantes das campanhas permitiram aos candidatos condições e
espaço para apresentarem seus posicionamentos e suas propostas ao
eleitor.
O primeiro bloco do debate, dedicado ao confronto direto entre os
candidatos, foi marcado principalmente por discussões sobre a pandemia
da Covid-19. Outros temas abordados pelos presidenciáveis no bloco foram
segurança pública e investimentos em infraestrutura. O bloco também foi
marcado por trocas de acusações sobre mentiras e corrupção entre os
candidatos.
No segundo bloco, os presidenciáveis responderam a perguntas de
jornalistas sobre temas como independências de poderes, fake news e
posicionamento a respeito de eventuais mudanças na composição do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Já no terceiro e último bloco, novamente de confronto direto, Lula e
Bolsonaro travaram embates principalmente sobre escândalos de corrupção
durante o governo petista, mas também vieram à tona temas como a
decretação de sigilos durante o governo Bolsonaro e políticas
ambientais. Ao final, Lula teve um direito de resposta atendido pela
produção do programa. Acompanhe a seguir como foi o debate:
Como foi o primeiro bloco do debate O primeiro bloco foi marcado
por muitos embates entre Bolsonaro e Lula sobre assuntos relacionados à
educação, à pandemia da Covid-19, ao Auxílio Brasil, à corrupção, ao
crime organizado, à conclusão da transposição do Rio São Francisco e de
outras obras. Antes, porém, os dois responderam a uma pergunta sobre
como financiariam e cumpririam com as despesas de promessas de campanha.
Sobre os investimentos, Bolsonaro falou que os recursos para investir
no país virão da aprovação de uma reforma tributária que, inclusive,
asseguraria em 2023 o Auxílio Brasil a um benefício de, no mínimo, R$
600, além de privatizações que seu governo apoiaria. Segundo ele, tudo
seria feito dentro da responsabilidade fiscal.
Lula, por sua vez, acusou Bolsonaro de não ter enviado ao Congresso o
projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevendo o Auxílio
Brasil em R$ 600 e disse que os recursos para financiar as propostas
viriam de uma reforma tributária para taxar menos os pobres, com isenção
do imposto de renda às famílias que recebem até R$ 5 mil, e propor uma
tributação de lucros e dividendos aos ricos.
O debate sobre Auxílio Brasil voltou a dominar uma parte do primeiro
bloco, com Bolsonaro defendendo a paternidade sobre o programa e
destacando como o programa remunera mais que o antigo Bolsa Família, e
Lula acusando o governo de não ter apoiado inicialmente o pagamento de
R$ 600, mas, sim, R$ 200.
O petista questionou Bolsonaro sobre quantas universidades e escolas
técnicas foram criadas, que rebateu lembrando que as instituições de
ensino ficaram fechadas por dois anos durante a pandemia de 2019. Sobre
educação, o atual presidente defendeu ter anistiado a dívida do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) de até 99% de estudantes e acusou Lula
de ter endividado os jovens. O candidato petista, por sua vez, disse ter
criado 18 universidades e 178 novos campus e disse que estudantes não
precisavam pagar ao Fies enquanto estudavam.
Na sequência, os dois candidatos debateram a condução da pandemia.
Lula acusou Bolsonaro de ter negligenciado a compra de vacinas, de
corrupção acerca da Covaxin e de não ter tido empatia pelas pessoas
mortas e famílias. “O senhor carrega nas costas um peso de pelo menos
400 mil pessoas que morreram pelo negligenciamento e negacionismo da
vacina”, disse.
O presidente rebateu e disse que o governo federal foi o responsável
por ter comprado todas as vacinas e negou ter demorado a adquiri-las.
“Não existia vacina à venda em 2020; a primeira foi aplicada em dezembro
de 2020. Em janeiro do ano seguinte, um mês depois, o Brasil começou a
vacinar”, declarou Bolsonaro. O candidato à reeleição citou o Consórcio
do Nordeste e associou Carlos Gabas, ex-ministro de Dilma Rousseff (PT),
a supostos desvios de respiradores.
Ainda sobre corrupção, Bolsonaro acusou as gestões petistas de terem
falhado em concluir a obra da Transposição do São Francisco por desvios
de recursos. “O senhor negou água para os seus irmãos nordestinos”,
disse o presidente. “O senhor fez na verdade uma obra que não chegava a
lugar nenhum”, complementou.
Lula se defendeu e disse que sua gestão foi a responsável por ter
concluído 88% das obras e que Bolsonaro teria feito 3,5%. O petista
também disse que as gestões petistas foram responsáveis por outras obras
que o atual governo assume a paternidade. “Você poderia ter a sensatez
de dizer que a obra é do presidente Lula, ‘ele fez mais competente do
que eu, eu só vou aqui dar um empurrãozinho'”, disse.
Em pergunta de Bolsonaro, os dois candidatos também discutiram sobre
crime organizado, quando o presidente questionou Lula sobre não ter
transferido para uma penitenciária de segurança máxima federal, em 2006,
o narcotraficante Marcos Camacho, o “Marcola”. Na ocasião, aproveitou
para dizer que o petista tem “amizade com bandido”, que, em seu governo,
o crime foi combatido, e acusou o ex-presidente de ter “afinidade” com
traficantes ao citar a agenda de campanha de Lula no Complexo do Alemão.
Lula se defendeu e disse ter feito cinco presídios de segurança
máxima. “Quantas você fez? Nenhum”, declarou. Sobre a não transferência
de Marcola, disse ter seguido uma decisão do então governador de São
Paulo à época, Geraldo Alckmin, atual vice do petista. Acusou o
presidente de ter relação com milícias e desassociou a imagem de
moradores das favelas a traficantes.
No segundo bloco, presidenciáveis responderam a perguntas de jornalistas No
segundo bloco, os candidatos responderam a perguntas feitas por
jornalistas dos veículos que organizaram o debate. O primeiro
questionamento feito aos dois presidenciáveis foi relacionado à
independência dos poderes, bem como à opinião de ambos sobre propostas
em tramitação no Congresso que versem sobre mudanças na composição do
Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula comparou mudanças na composição da Suprema Corte à ação de
ditaduras e defendeu que os ministros nomeados em seu governo “tiveram
postura de dignididade”. “Tentar mexer na Suprema Corte para colocar
amigo, companheiro, partidário é um atraso, é um retrocesso que a
República brasileira já conhece e eu sou contra”. O ex-presidente
afirmou, no entanto, que em eventual nova Constitução Federal poderiam
ser discutidos aspectos como existência de mandato para os ministros do
Supremo.
Bolsonaro, em sua resposta, disse que em 2013 Dilma Rousseff (PT),
durante seu mandato, tentou criar mais quatro vagas para o STF. “Da
minha parte está feito o compromisso: não terá nenhuma proposta [de
mudança na composição]”, declarou. “No momento, o PT tem sete ministros
indicados para o STF. Eu tenho dois. Caso eu venha a ser reeleito, eu
terei mais dois. Eu ficaria com quatro e o PT, com cinco. Está feito o
equilíbrio”.
Bolsonaro disse, ainda, que Lula só está disputando a eleição por
“obra e graça” do ministro do STF Edson Fachin, em referência à
anulação, por parte do ministro, de condenações de Lula relacionadas à
Lava Jato, o que, ao ser confirmado pelo Plenário do Supremo, permitiu
que o ex-presidente se tornasse novamente elegível.
A segunda pergunta tratou de economia sob dois aspectos: origem dos
recursos para financiar o Auxílio Brasil e políticas de preços e
privatização da Petrobras. Bolsonaro destacou efeitos externos, como a
pandemia e a guerra na Ucrânia, para a alta do preço de combustíveis em
todo o mundo e defendeu que o governo buscou propostas junto ao
Congresso, o que resultou na proposta aprovada, que diminuiu impostos
federais e o ICMS sobre os combustíveis e ocasionou redução de preços.
“Temos hoje uma das gasolinas mais baratas do mundo. Trabalho de quem:
Jair Bolsonaro e Congresso Nacional”, declarou.
Lula, em sua resposta, argumentou que nos últimos anos o Brasil
reduziu o refinamento do petróleo, o que teria resultado em maior
importação de combustíveis e, consequentemente, na alta dos preços.
Sobre privatização da Petrobras, disse que é contrário. “Acho que
privatizar a Petrobras é uma loucura”. Ambos os candidatos não abordaram
a origem dos recursos para financiamento do programa de renda.
A pergunta seguinte se tratou de fake news – os presidenciáveis foram
questionados sobre seu compromisso com a proposição de lei, caso
eleitos, com penalizações a autoridades do governo, incluindo presidente
da República, que viessem a transmitir informações falsas.
O candidato petista acusou Bolsonaro de ser disseminador de fake news
durante a campanha eleitoral, mas evitou responder a pergunta. O atual
presidente criticou palavras usadas por Lula contra ele, como “genocida”
e “miliciano”, que seriam notícias falsas em relação ao presidente.
Em seguida, mencionou decisão do ministro Alexandre de Moraes deste
domingo (16), que barrou uma propaganda eleitoral da campanha de Lula
que tentava vincular a imagem de Bolsonaro à pedofilia. O ministro
considerou que havia “fato sabidamente inverídico” na inserção da
campanha petista.
Na quarta e última pergunta, os candidatos foram questionados sobre
“compra” de apoio e parlamentares para aprovação de propostas de
interesse do governo. O atual presidente negou envolvimento com o
chamado Orçamento Secreto. “Eu não tenho nada a ver com esse orçamento
secreto. Posso até entender que o Parlamento trabalha melhor na
distribuição de renda do que nós, do lado de cá, o meu ministério da
Economia e o presidente. Agora, por favor, falar que comprei com
orçamento secreto…”.
Já Lula disse que tentaria criar o “orçamento participativo”. “Vamos
pegar o orçamento e vamos mandar para o povo dar opinião para saber o
que o povo quer que efetivamente seja feito para ver se a gente consegue
diminuir o poder de sequestro que o Centrão fez do presidente
Bolsonaro”, afirmou.
Terceiro bloco tem novos confrontos entre Bolsonaro e Lula O
terceiro bloco do debate foi marcado por novos embates e teve as
discussões sobre corrupção como o tema mais abordado. As pautas
econômicas e ambientais também receberam destaque. Antes, porém, Lula e
Bolsonaro responderam a uma pergunta sobre como resolveriam o problema
da defasagem educacional.
Lula disse que, se eleito, vai se reunir com governadores e prefeitos
para discutir o tema. Prometeu “compartilhar” com os gestores estaduais
e municipais a “responsabilidade de recuperar essas aulas para que os
meninos possam aprender mais” e disse faria um “verdadeiro mutirão”, com
convites a professores para trabalhar inclusive aos sábados o que não
foi aprendido durante a pandemia.
Em resposta sobre a defasagem educacional, Bolsonaro disse que seu
governo já tem adotado esforços nessa área e citou o “GraphoGame”,
aplicativo do Ministério da Educação que tem o objetivo de auxiliar no
aprendizado dos estudantes. Ele também disse que, no “tempo de Lula”, as
crianças levavam três anos para ser alfabetizada e, segundo ele, em sua
gestão, levam seis meses.
Na sequência, Bolsonaro falou sobre os escândalos do Petrolão, com
destaque para a corrupção na Petrobras, e disse para Lula responder uma
pergunta que foi respondida no bloco anterior. Em resposta, o petista
falou que seu governo foi o responsável por ter conduzido a política de
extração do pré-sal e valorização da estatal.
O ex-presidente também enalteceu sua gestão ao destacar a criação do
Portal da Transparência e criticou os impactos das investigações da
Operação Lava Jato às empresas e aos empregos gerados por empreiteiras
no país. “Esse foi o desastre do Brasil de uma empresa que poderia estar
exportando derivados [de petróleo] e poderia estar ganhando muito mais
dinheiro do que está. Não tenho problema de explicar petrolão ou
petrolinho”, rebateu.
Em seguida, Bolsonaro acusou as gestões petistas de terem investido
em refinarias que não foram concluídas e citou as empresas e delatores
que devolveram recursos desviados de corrupção. As falas induziram Lula a
dizer que crimes podem ter ocorrido “pois as pessoas se confessaram”.
“Quando confessa é porque comete crime”, disse. “Que houve roubo, pode
ter havido. Mas o que quero dizer é que para combater não precisava
fechar as empresas”, acrescentou.
Após o debate sobre corrupção, os dois falaram sobre economia. Lula
defendeu que, em seus governos, a atividade econômica teve boas médias
de desenvolvimento e classificou o atual ritmo como “atrofiado”. “E eu
quando deixei a presidência crescia 7,5%”, declarou.
Bolsonaro rebateu e disse que em 2015 e 2016, os últimos de Dilma
Rousseff, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 7,5% (a queda foi de 7,2%).
E disse que o tombo foi provocado não por uma pandemia e uma guerra,
mas por “corrupção em abundância”. “Com uma pandemia, uma guerra lá fora
e crise ideológica, nós ficamos no ‘0 a 0′”, destacou.
Os dois candidatos também falaram sobre a pauta ambiental. Lula
acusou o governo Bolsonaro de ter ampliado o desmatamento e disse que,
se eleito, vai cuidar da Amazônia. “Vamos tentar fazer da biodiversidade
uma forma de enriquecimento das pessoas que moram lá e não desmatar e
desmontar como vocês estão fazendo”, disse.
O presidente disse que, em seu governo, o desmatamento foi menor que
entre 2003 e 2006, e acusou Lula de querer dividir a biodiversidade da
Amazônia com o mundo. “Você já está se curvando ao mundo. Em vez de
falar que a Amazônia é nossa, quer dividir a biodiversidade. Só consegue
manter em pé suas mentiras se botar um plano que todos já sabem”,
comentou.
Ao fim do bloco, Bolsonaro buscou associar Lula aos ditadores Daniel
Ortega, de Nicarágua, e Nicolás Maduro, da Venezuela, e aos presidentes
da Argentina, Alberto Fernández, e da Colômbia, Gustavo Petro. A
Fernández, o presidente associou à crise econômica no país. A Petro,
associou à descriminalização da cocaína. Sobre ditadores, o petista
disse que os regimes dependem da população. “Se o Maduro erra, o povo
que puna”, disse.
Com Lula sem tempo de fala ao fim do terceiro bloco, Bolsonaro fez
reprisou várias das críticas feitas a Lula e defesas feitas por seu
governo, como o Auxílio Brasil de R$ 600, e citou que ministros do STF
como Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso já acusaram gestões petistas
de roubo.
Como foram as considerações finais dos dois candidatos Nas
considerações finais, Bolsonaro disse que deseja um país onde seja
respeitada a liberdade de expressão e usou o tempo de fala para se
posicionar contra a ideologia de gênero. “Não queremos que nossos
filhos, ao irem para a escola, frequentem o mesmo banheiro”, disse. “É a
política do lado de lá”, acrescentou.
Também se disse contrário a uma política de legalização de drogas e
acusou Lula de ter posicionamento contrário. “O lado de lá quer um país
com drogas, não queremos liberar as drogas”, disse. Ele também se
posicionou contra o aborto e a favor da vida desde sua concepção, bem
como a favor da propriedade privada, contra o Movimento sem Terra (MST)
“invadindo terras” e pregou “respeito ao homem do campo” e ao “direito à
legítima defesa”.
Lula disse ter sido o responsável por sancionar a lei de liberdade
religiosa e se declarou como o candidato que “defende a democracia e a
liberdade”. Acusou Bolsonaro de querer “ocupar a Suprema Corte” e falou
em governar o país democraticamente.
O petista também citou o número de que 33 milhões de pessoas passam
fome. “Esse país, que é o maior produtor de alimentos, tem 33 milhões de
pessoas passando fome. Pessoas na fila do osso. Quando falo do
churrasco é que vamos voltar a consertar o país e vamos voltar a comer
um churrasquinho e tomar cerveja”, disse.
Os parisienses aproveitaram o domingo para fazer uma grande
manifestação contra a alta dos preços, principalmente de energia, e
incoerentemente em apoio a uma greve, que já dura três semanas, de
petroleiros de refinarias. Desde a guerra Rússia-Ucrânia, a Rússia
respondeu às sanções impostas pela Otan e pela Europa cortando o
fornecimento de gás que abastece os europeus.
A Rússia é o maior produtor de mundo de gás. A inflação na França já
passou de 10%, já está com dois algarismos. Em toda a zona do euro há
esse problema. Na Alemanha, está batendo 11%. Nos Estados Unidos, nos
últimos 12 meses está em 8,3%. Aqui pertinho, na Argentina, 100%.
No Brasil, não. Estamos com inflação mais baixa do que os países
desenvolvidos. A expectativa de inflação para este ano é de 5,7%, por
enquanto. Com isso, é menos que o 6% que rende a poupança. Isso vai
significar decisões nas aplicações dos investidores.
Taí o Brasil despontando num dia de grandes comemorações do agro, dia
do agricultor, do alimento. Tirando da terra – onde se semeou muito
suor e trabalho – não só o pão de cada dia, mas também muito dinheiro
para melhorar a situação de uma boa parte do Brasil e inclusive
equilibrar nossa balança externo.
Campanha eleitoral A campanha está cada vez acirrada, cada vez
mais cheia de baixo nível. Vai piorar essa semana. E na outra, mais
ainda, dependendo do desespero que bate nas mobilizações campanha. A
gente está vendo que a mobilização está muito maior no segundo turno do
que no primeiro.
No primeiro turno, um lado acreditou nas pesquisas, e ficou
tranquilo. “Vamos ganhar no primeiro turno”. O outro lado acreditou nas
ruas cheias de gente, e também ficou tranquilo. Também “vamos ganhar no
primeiro turno”. Só que não. Então agora está todo mundo se mobilizando
para o grande julgamento do dia 30. De um lado, vai se julgar o que
aconteceu em 14 anos de governo do PT. E do outro lado os quase quatro
anos do governo Bolsonaro.
Está nas mãos do eleitor decidir não só esse julgamento, mas decidir o
seu futuro, dos seus filhos, dos seus netos. É uma decisão pesada, em
que cada um vale o mesmo, vale um voto. A garota de 18 anos que estava
conversando comigo no elevador, em Goiânia, no domingo, vale um voto. E o
meu voto, que já passei por 24 eleições e já vi muito do Brasil, vale a
mesma coisa. Um cidadão, um voto, o valor da democracia não importa o
grau de conhecimento, de patrimônio que cada um tenha. Todos somos
iguais, e isso é muito importante. Pensemos nisso: no valor do nosso
voto, do nosso “um”, que pode ser o voto de desempate.
O presidente dos EUA, Joe Biden: alta dos preços deve impactar
sua legenda, o Partido Democrata, nas eleições de meio de mandato de
novembro| Foto: EFE/EPA/Yuri Gripas
A inflação interanual
americana (Índice de Preços ao Consumidor – CPI, na sigla em inglês),
que está em 8,2%, supera a inflação brasileira (Índice de Preços ao
Consumidor – IPCA), atualmente em 7,17%, de acordo com o Trading
Economics e o Austin Rating. Especialistas apontam que um dos principais
motivos para essa ultrapassagem econômica histórica foi a antecipação
do Banco Central do Brasil ao fenômeno inflacionário mundial, decorrente
da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, enquanto o banco
central dos Estados Unidos (Sistema de Reserva Federal – Fed, na sigla
em inglês) relutou em elevar os juros para controlar a inflação.
Além disso, enquanto o Brasil controlou os gastos, mesmo fazendo o
pagamento do auxílio emergencial, os Estados Unidos passaram do ponto ao
injetar mais dinheiro na economia. Agora, a conta chegou: é a maior
inflação em 40 anos.
Nelson Souza Neto, professor de direito tributário no UniCuritiba e
mestre em direito econômico, comparou as medidas tomadas pelos dois
países. “Do lado dos EUA, o excesso de estímulos monetários – os cheques
semanais enviados pelo correio às famílias americanas, o aumento
extraordinário do agregado monetário M2, que é fruto da impressão
descontrolada de dinheiro pelo Fed, e a relutância do Fed em iniciar o
processo de aumento de taxa de juros resultaram no inevitável processo
inflacionário que se vê hoje”, descreveu o professor.
Por outro lado, o BC do Brasil elevou a taxa básica de juros da
economia antes do fenômeno inflacionário global, contendo a disparada de
preços. “Os preços subiram, mas bem menos do que no resto do mundo”,
analisou Neto.
Guilherme Moura, professor de economia da Universidade Positivo e
doutor em desenvolvimento econômico, destacou que esse é “o resultado da
escolha econômica e social dos americanos”. Especialmente, da grande
injeção de dinheiro para manter a economia girando, mas que passou do
ponto.
Os períodos de lockdown durante a pandemia levaram a uma diminuição
da produção e o consequente aumento da demanda, que resultou na alta dos
preços. A escolha expansionista do governo americano acabou agravando
essa alta dos preços, gerando pressão inflacionária. Ela fez com que o
Fed lançasse mão, enfim, após longa resistência, de ajustes na taxa
básica de juros. “Os Estados Unidos e a Europa chegaram um pouco
atrasados nesse aumento de juros, mas agora estão usando a resposta
padrão”, apontou Moura.
O aperto monetário do Fed foi uma elevação de suas taxas de zero, em
março, para mais de 3% em setembro. Essa mudança ainda não
produziu grandes efeitos na alta dos preços.
Insistência da inflação e risco de recessão
“Existe hoje, nos Estados Unidos, uma insistência da inflação, apesar
de agora estar um pouco menor do que em junho, por exemplo, quando
atingiu 9,1% de aumento anual”, analisou Alan da Fonseca, diretor de
operações do Grupo Integrado de Campo Mourão e mestre em administração e
finanças corporativas.
Ele destacou a alta dos preços na alimentação, que apresentaram no
mês passado um crescimento de 0,8%, além de um aumento nos custos de
acomodação, cuidados médicos, gás natural e eletricidade.
Para Jason Furman, economista de Harvard e ex-assessor econômico de
Barack Obama, o pico da inflação pode ter sido atingido neste mês. Ele
lembrou que o caminho é longo para encontrar a taxa ideal para o Fed
nessa tentativa de controle da inflação. “Há muitos números abaixo de
7%, mas ainda acima de 2% ou 3%”, tuitou Furman.
Ainda não é o pior cenário: o banco central americano está tentando
recuperar o atraso e planeja aumentar as taxas para 4,25% até dezembro.
Como o desempenho da economia foi negativo nos dois primeiros
trimestres, a preocupação agora é o risco de recessão. O impacto será
global.
“Destruir empregos e esmagar os salários de milhões de trabalhadores é
imprudente e perigoso. A recessão não é a solução para a inflação”,
avaliou o alto representante da União Europeia para as Relações
Exteriores, Josep Borrell. “Todos são forçados a fazer o mesmo ou a
moeda fica desvalorizada. Todo mundo está correndo para aumentar as
taxas de juros, e isso levará a uma recessão global”, alertou o líder
internacional.
Aumento das aposentadorias vai pesar no bolso do trabalhador Para
acompanhar a alta dos preços, o governo de Joe Biden anunciou na
quinta-feira (13) que aposentados americanos se beneficiarão em 2023 do
maior aumento nominal na aposentadoria por repartição desde 1982: um
crescimento de 8,7%, ou US$ 145 (quase R$ 766) por mês, após um
crescimento de 5,9% em 2022. “Isso ajuda os idosos a terem um pouco mais
de liberdade para lidar com a inflação”, disse o presidente americano.
Os cerca de 70 milhões de aposentados americanos receberão, em média,
US$ 1.814 (R$ 9.581) por mês no próximo ano, em comparação com US$
1.669 (R$ 8.815) em 2022.
Existe uma pensão de repartição nos Estados Unidos, criada em 1935,
como parte do New Deal, por Franklin Delano Roosevelt, e administrada
pela Previdência Social. Financiada por um imposto de 12,4% sobre os
salários, representa cerca de metade dos rendimentos dos pensionistas e
está indexada ao custo de vida desde 1975.
Em resumo, os empregados é que vão pagar a conta. No último ano, eles
tiveram um aumento nominal em seus salários semanais de 4,1%, mas uma
queda real de 3,8%. Uma situação que dificilmente será revertida em
breve.
Cenário econômico desfavorável a Biden Poucas semanas antes das
eleições de meio de mandato no país, o cenário não é favorável a Biden e
aos democratas. Investidores estão vendo o enfraquecimento da bolsa, as
famílias estão experimentando o dobro das taxas de hipoteca e se
preparando para um crash imobiliário; Wall Street está em alerta para um
possível choque financeiro, com a inadimplência de investidores
privados superendividados, e, por fim, parceiros dos Estados Unidos,
como o Reino Unido, sofrem com a alta do dólar e não conseguem mais
financiamento.
Nesse contexto, o campo republicano dispara contra a gestão
do presidente. “O pesadelo da inflação de Biden destrói a sua poupança
para a aposentadoria”, acusou na sexta-feira (14), em sua newsletter
matinal, Sean Hannity, apresentador da Fox News.
O presidente dos Estados Unidos, no entanto, não demonstra
constrangimento. “Os americanos estão preocupados com o custo de vida:
isso é verdade há anos, e eles não precisavam do relatório de hoje para
saber disso”, tuitou o presidente na sexta-feira. “É fundamental
trabalhar para dar às famílias de classe média um respiro para que
possam pagar suas despesas”, concluiu o presidente.
Em seguida, Biden citou a inflação como um fenômeno global e enalteceu “o excelente desempenho do mercado”.
A coligação do PT pediu ao TSE investigação, bloqueio de contas
nas redes sociais e quebra de sigilos contra Bolsonaro, Braga Netto e
apoiadores| Foto: Ricardo Stuckert/PT
A campanha do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou neste domingo (16) ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido de investigação sobre um
suposto “ecossistema de desinformação” promovido pelo presidente Jair
Bolsonaro (PL). Para tanto, a campanha também solicitou bloqueio de
contas nas redes sociais até 31 de outubro e quebra de sigilos
telemático, telefônico e bancário do presidente e seu candidato a vice,
Walter Braga Netto (PL), e de 45 apoiadores.
A defesa petista alega que as medidas têm o objetivo de “assegurar o
equilíbrio entre os adversários que se enfrentam no segundo turno da
disputa ao cargo de presidente da República”. Entre os perfis citados
estão os do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador fluminense Carlos Bolsonaro
(Republicanos).
Entre os alvos de pedidos de quebra de sigilos são citados Filipe
Schossler Valerim, Henrique Leopoldo Damasceno Viana e Lucas Ferrugem de
Souza, sócios do Brasil Paralelo; os blogueiros Kim Paim e Gustavo
Gayer; Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto
Chaves, donos do canal Folha Política.
A coordenadora nacional do movimento Advogados do Brasil, Flávia
Ferronato usou o Twitter para informar ter sido alvo da solicitação da
campanha petista. “O PT pediu ao TSE a quebra de todos os meus sigilos.
Era só terem me pedido. Verão que não só não recebo nada como deixo de
ganhar e ainda pago do meu bolso pela defesa do Brasil que acredito”,
comentou.
Brasil que dá exemplo: como políticas públicas abriram caminho para uma energia mais limpa
Por Cristina Seciuk – Gazeta do Povo
Fontes renováveis, como a energia eólica, ganharam espaço no
Brasil graças a incentivos e regulações elogiadas por estudo
internacional.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
Incentivos e
regulações aplicados pelo governo brasileiro para as energias solar e
eólica a partir do início dos anos 2000 são apontados como exemplo
internacional em relatório do Consórcio de Economia da Inovação
Energética e Transição de Sistemas (EEIST, na sigla em inglês), que
reúne pesquisadores e professores de universidades do Reino Unido, União
Europeia, China, Índia e Brasil.
Na avaliação do grupo, a geração a partir dessas duas fontes
renováveis teve avanço e barateamento importantes no país graças a boas
políticas estatais. Os casos das turbinas e dos painéis fotovoltaicos
brasileiros aparecem ao lado de outras experiências bem sucedidas dos
últimos trinta anos, como a geração offshore (em alto-mar) no Reino
Unido e o desenvolvimento de veículos elétricos na China.
Com base nas análises que integram o estudo, os pesquisadores
defendem que governos devem promover investimentos e trabalhar em
regulações para garantir a redução no custo da energia de fonte
renovável como estratégia para avançar em direção a matrizes energéticas
mais limpas. O entendimento é de que a experiência mostra que políticas
estatais conduzidas assim de modo deliberado resultaram em estímulo à
inovação e no barateamento das tecnologias relacionadas à energia limpa.
A conclusão contraria lógicas comumente apontadas como melhores do
ponto de vista econômico, a exemplo da cobrança por adoção de políticas
neutras, ou seja, nas quais o governo apenas “fornece um campo para que
as tecnologias compitam entre si”, sem favorecimentos a determinados
segmentos. O entendimento aqui é de que a neutralidade é difícil de
alcançar, já que “tende a pesar em favor das tecnologias mais maduras”,
“discriminando tecnologias emergentes ou futuras, e potencialmente até
mesmo promovendo ou reforçando um viés de status quo”.
Conforme o relatório, “ao contrário de alguns dos conselhos dados aos
governos nos últimos 30 anos, política governamental, investimentos e
regulamentação podem reduzir os custos de energia em vez de aumentá-los,
atrair investimentos privados em vez de afastá-los e acelerar inovação e
crescimento”.
Conforme o consórcio, essa combinação de benefícios se deu a partir
da intervenção clara e deliberada de governos para reduzir o custo de
tecnologias limpas, com a criação de demanda. Neste sentido, a indicação
feita pelos economistas que integram o EEIST é de que abordagens do
tipo sejam replicadas para acelerar a inovação, a criação de empregos e a
redução de custos na transição de combustíveis fósseis para fontes
menos poluentes.
Boas lições da experiência brasileira O Brasil aparece no
relatório com dois casos: as turbinas eólicas e a expansão da energia
solar fotovoltaica. O primeiro remonta à década de 2000, quando uma
intervenção governamental criou incentivos para desenvolver
infraestrutura e tornar competitivo o custo da geração eólica no país.
Trata-se do Proinfa, o Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de
Energia Elétrica, criado em 2002 e que entrou em funcionamento em 2004
para ampliar a participação não só da eólica, mas também da biomassa e
das pequenas centrais hidrelétricas no Sistema Interligado Nacional
(SIN) após período de estiagem que levou ao racionamento de energia em
2001.
O objetivo era reduzir a dependência brasileira da geração
hidráulica, que à época representava três quartos da matriz elétrica
nacional. Para tanto foram introduzidas medidas fiscais e regulatórias,
com o estabelecimento de cotas de energia, leilões específicos para
fontes alternativas e concessão de financiamentos por parte do Banco
Nacional de Desenvolvimento (BNDES), como política prioritária para
fomentar o segmento.
Na avaliação do consórcio EEIST, o sucesso desses regulamentos e
políticas de incentivo se traduz em números: o custo da capacidade
instalada de energia eólica caiu 57% entre 2001 e 2020, além de ela
responder por 11,9% da geração de eletricidade do Brasil e aparecer como
a segunda maior fonte de energia da matriz elétrica nacional, com 22
gigawatts de capacidade instalada.
A história da solar tem avanços ainda mais rápidos a contar da
instalação da primeira grande usina fotovoltaica em solo tupiniquim, em
2011. Desde então a tecnologia cresce rapidamente “graças a mudanças nas
políticas que foram fundamentais para impulsionar a implantação solar e
a redução de custos”, aponta o relatório.
Conforme o consórcio, a expansão ganhou força após mudança na
regulamentação brasileira que, em 2012, permitiu a pequenos fornecedores
acessar a rede elétrica sem custo e, em 2015, permitiu a compensação de
excedentes lançados na rede na forma de créditos. Outra medida
governamental que deu força à fonte solar no país foi sua inclusão em
leilões públicos, a partir de 2014.
Após um início lento, a percepção é de que as adaptações promovidas
pelo governo brasileiro garantiram os aumentos exponenciais na
capacidade instalada da solar, que bateu recentemente a marca de 20
gigawatts e hoje aparece como terceira fonte na matriz brasileira, pouco
atrás da eólica.
Responsável pelo estudo, o consórcio EEIST tem como integrantes
brasileiros a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Universidade de Brasília e a Universidade de Campinas (UNICAMP), onde
atua o economista e professor José Maria Silveira. À Gazeta do Povo,
Silveira destaca que num país do tamanho do Brasil, não faz mais sentido
buscar uma solução única para a energia e que os bons caminhos
ressaltados no relatório surgiram justamente a partir da necessidade de
diversificação, limitando a hidreletricidade. Na avaliação do
pesquisador, o país tem dado seguimento às boas políticas mencionadas,
mas há passos atrás que não podem ser ignorados.
É o caso das termelétricas que foram incluídas no lei de privatização
da Eletrobras. “[O Brasil] deve aproveitar que já está bastante
envolvido, que já deu uma boa contribuição para a redução de emissões de
CO2 [a partir dos exemplos da solar e da eólica] e não fazer políticas
para relançar este tipo de combustível, principalmente para gerar
energia elétrica, a gente tem que buscar persistir com as energias
alternativas”, completa.
Neste cenário, Silveira reforça que medidas como o emprego de geração
termelétrica são exemplo de que raciocínios baseados na eficiência de
curto prazo podem na verdade, prejudicar potencialidades e cobrar preços
altos no futuro. “Você não pode ficar fazendo análise de
custo-benefício todo dia. Com essas políticas, você vai explorar o
potencial de redução de custo à medida que a escala aumenta, que as
redes de produção de energia limpa vão se consolidado. Todas essas
energias [renováveis] vem mostrando reduções de custo e se aproximando
da competitividade do equivalente, que seria o uso de energia fóssil”,
compara o pesquisador antes de citar outro aspecto econômico importante:
a cobrança crescente por cadeias produtivas limpas.
“Tudo isso é importante porque vai determinar a competitividade de
todo o sistema nos anos posteriores. Se você tiver uma matriz energética
suja, ela vai comprometer a competitividade de toda a indústria que for
feita daí para a frente, todas as atividades econômicas. Se a sua
matriz energética for poluente, não adianta a atividade econômica se
dizer limpa”, reforça, ao apontar que o país pode largar na frente se
enfrentar o desafio e priorizar novas soluções.
Sede do Ministério da Economia.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
No
início de 2023, tendo superado uma grave seca que durou mais de um ano e
vencido uma pandemia que atingiu o mundo inteiro, o Brasil empossará os
eleitos em 2 e 30 de outubro, nas esferas federal e estaduais, e
espera-se que a economia brasileira consiga atingir taxas de crescimento
econômico capazes de fazer que o tão sonhado desenvolvimento social
comece a ser conquistado, apesar dos problemas atuais do mundo, a
exemplo da guerra entre Rússia e Ucrânia. O divisionismo na sociedade
brasileira alcançou níveis elevados, sobretudo porque as diferenças
político-partidárias foram exacerbadas pelas lideranças políticas nos
últimos anos. Diferenças de opinião, de voto e de preferências
partidárias existem em todas as nações desenvolvidas, mas, encerradas as
eleições, a população consegue se aliar no propósito nacional de
construir uma sociedade próspera e solidária.
No primeiro semestre de 2019, quando a pandemia era algo impensável, o
banco norte-americano Goldman Sachs publicou um relatório com o título
“O Brasil caminha para a segunda década perdida em 40 anos”, no qual
lembrava que a taxa média de crescimento real do Produto Interno Bruto
(PIB) por habitante entre 1981 e 2020 ficou em apenas 0,8% ao ano, taxa
pífia quando se considera que a população brasileira em 1980 era de 120
milhões e terminou 2020 com 213 milhões. É um resultado decepcionante
para um país que dispõe de condições suficientes para crescer e superar a
pobreza. O economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs,
Alberto Ramos, afirmou que “a realidade marcante e desconfortável é que o
crescimento da renda real per capita do Brasil desapontou durante as
últimas quatro décadas”, acrescentando que a expansão do PIB foi
decepcionante em 2017 e 2018, principalmente porque já vinha da recessão
de 2015 e 2016, a mais grave das últimas décadas.
A crise do setor público é grande, estrutural e endêmica; se não
enfrentá-la, o país não conseguirá crescer e superar os flagelos
sociais, apesar de seus recursos naturais abundantes e do bom desempenho
de parte expressiva de sua economia privada
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que os governos das
últimas cinco décadas cometeram o mesmo erro que, segundo ele, está na
origem do baixo crescimento do PIB, do atraso e da pobreza. Trata-se do
fato de que, mesmo com políticas econômicas diferentes, os governos se
igualaram em manter política fiscal frouxa, com déficits públicos
crônicos, inchaço do setor público e explosão de dívida governamental,
coisas que geram inevitavelmente elevação de juros e aumento de
impostos. Assim, o país se transforma em paraíso de bancos e rentistas,
enquanto prejudica empreendedores e desestimula a criação de negócios. O
ministro cita que, mesmo na gestão de Fernando Henrique Cardoso, quando
o país teve vitória espetacular no combate à inflação e uma política
monetária eficiente, o governo não fez a reforma do Estado, não diminuiu
o tamanho do setor público em seu conjunto, não eliminou os déficits
fiscais, a dívida explodiu e o PSDB, partido do governo, perdeu as cinco
eleições presidenciais seguintes.
Lula e Dilma Rousseff também incorreram no erro da política fiscal
frouxa, além de outros erros peculiares a cada um deles. As
consequências inevitáveis continuaram: o governo cresceu, a máquina
estatal inchou, os déficits fiscais seguiram ocorrendo e a dívida
pública cresceu perigosamente. Quanto aos dados econômicos objetivos, o
PT terminou seus quatro mandatos com indicadores muito ruins, ao lado do
quadro de decadência ética na gestão pública como nunca se viu no país.
Com palavras diferentes, é isso que diz o relatório do banco Goldman
Sachs. O drama atual é que políticos, governantes e amplos segmentos da
sociedade, registradas as exceções de praxe, não têm a percepção real de
que o Estado brasileiro se tornou grande, ineficiente, moralmente
atrofiado e caro demais para a sociedade.
VEJA TAMBÉM: O ambiente para o crescimento econômico (editorial de 12 de outubro de 2022) A ingenuidade dos “pais do real” (editorial de 7 de outubro de 2022) O terraplanismo orçamentário volta com força (editorial de 27 de setembro de 2022) Aquele
relatório do Goldman Sachs fazia coro com outros alertas sobre a
necessidade de duas reformas principais: a reforma fiscal e a reforma do
Estado, sem as quais a chance de crescer e superar o atraso é quase
inexistente. A crise do setor público é grande, estrutural e endêmica;
se não enfrentá-la, o país – com seus 5.570 municípios, 26 estados,
Distrito Federal e União – não conseguirá crescer e superar os flagelos
sociais, apesar de seus recursos naturais abundantes e do bom desempenho
de parte expressiva de sua economia privada, a exemplo do agronegócio e
do setor exportador. O interessante é que o tempo passa e os problemas
não mudam; as soluções são as mesmas já identificadas, entre as quais
estão o equilíbrio fiscal, o controle da dívida, o controle do
crescimento estatal e a melhoria da eficiência da máquina pública. A
importância do avanço das melhorias no sistema estatal decorre do
tamanho que esse setor atingiu na economia geral do país.
Embora repetindo temas e problemas já exaustivamente tratados, é
necessário insistir neles, para que não caiam no esquecimento nem percam
relevância, especialmente num momento em que a nação troca parte de
seus líderes políticos e dirigentes públicos. Nesse sentido, tirar das
gavetas os diagnósticos, os estudos, as propostas e os projetos capazes
de fazer o Brasil melhorar é atitude recomendável e necessária.
Porta-aviões São Paulo é o novo navio fantasma em alto-mar
Ele parece ter uma sina maldita ao menos no Brasil. Construído na
França, entre 1957 e 1960, recebeu o nome de FS Foch. O modelo, da
Classe Clemenceau, tinha capacidade para transportar até 40 aeronaves de
asas fixas e helicópteros. O nome original foi uma homenagem a
Ferdinand Foch, comandante das tropas aliadas durante a Primeira Guerra
Mundial. Sua carreira na Marinha Francesa foi de 37 anos. Contudo, se na
França ainda teve uma vida digna, nestas plagas foi um desastre que
agora mais uma vez se confirma. O porta-aviões fantasma a vagar pelo
alto-mar é o ex-porta-aviões São Paulo.
A curta carreira no Brasil
Ele chegou ao País no ano de 2001 para substituir o glorioso Minas Gerais que serviu por 50 anos. Foi comprado na época por US$ 12 milhões.
Para começar, o Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais (A-11)
serviu em três marinhas de guerra ao longo de cinquenta e seis anos e,
além disso, foi o primeiro porta-aviões da Armada brasileira.
Para substituí-lo, em 2001 a Marinha do Brasil comprou o São Paulo.
Entretanto, operou por pouco tempo em águas brasileiras. Já em 2004 um
duto da rede de vapor do A-12 explodiu, matando três tripulantes e
ferindo outros sete. Começava uma sinistra carreira no hemisfério Sul
que ainda não acabou.
Sem condições para ser reformado, a solução foi transformá-lo em
sucata, e encerrar sua breve estada no País no mais famoso cemitério de
navios: Aliaga, na Turquia. Por R$ 10,5 milhões o estaleiro Sök Denizcilik e Ticaret Limited o arrematou. Mas, ainda assim, o São Paulo foi barrado no baile e recusado pela Turquia onde seria desmantelado.
A vinda do São Paulo para estas plagas, os acidentes que
protagonizou, a sua curtíssima carreira, a revenda para uma empresa
turca – estaleiro Sök Denizcilik e Ticaret Limited – por R$ 10,5 milhões
e sua ida do Brasil para a entrada do Mediterrâneo, e volta ao País,
parecem escrever uma história indigna para esta belonave.
Vexame internacional
Todo mundo sabia que o São Paulo carregava em seu bojo amianto, um
material cancerígeno e proibido em vários países, inclusive no Brasil.
O comprador brasileiro, Jorge Wilson de Azevedo Cormack escreveu para este site quando contou sua saga:
Eu fui o arrematante deste Casco
aos 12 de Março de 2021, por procuração, pela Sok – TURQUIA, porém, por
desmerecerem os meus conselhos e inúmeras dores-de-cabeça as quais tive
desde 2019 quando a MSK procurou-me para começar os preparativos para
participar do leilão.
Azevedo Cormack diz que alertou a empresa turca:
Após vencer o leilão, solicitei à
SOK para fazer com uma empresa internacional uma vistoria adequada e
minuciosa sobre o amianto que poderia ter a bordo, mas, a SOK nunca quis
ouvir-me e quando neguei-me em seguida ser o exportador do casco por
não cumprirem com o meu conselho de fazerem a tal inspecção, fui
obrigado a colocar um advogado especialista em questões marítima e
ambiental, e não um qualquer advogado.
Como se vê, a negligência foi dos dois lados: do Brasil e da Turquia.
4 de agosto de 2022, o início da saga do navio fantasma
Seja como for, em 4 de agosto, rebocado (pelo rebocador holandês ALP
CENTER), o São Paulo iniciou o que viria a ser sua última jornada, uma
longa viagem de seis mil milhas até a Turquia. Acontece que a sucata
cancerígena foi monitorada pelo Greenpeace que sabia que o Brasil estava
vendendo veneno para os turcos. E avisou o governo daquele país.
Assim, em 26 de agosto, às portas do Estreito de Gibraltar, o governo
turco informou que não o receberia. Sem outra solução, o rebocador deu
uma volta de 360º e iniciou o retorno ao Brasil.
O vexame internacional
Por causa disso, a consultora e Engenheira de segurança do trabalho, Fernanda Giannasi, declarou ao site redebrasilatual.com.br ser
este um “vexame internacional em que estamos metidos com a proibição do
governo turco do porta-aviões São Paulo, exportado de forma irregular
para desmanche.”
E Fernanda Giannasi acrescentou: “Atestado da mais alta incompetência
e irresponsabilidade dos órgãos ambientais do (DES)governo brasileiro.”
(Grafia original da engenheira).
Todo mundo sabia disso. Menos, aparentemente, o Ibama atual. O órgão
deu autorização à venda da sucata cancerígena para, 6 mil milhas depois,
voltar atrás.
Envolvidos na pantomima se calam
De acordo com matéria de Lucas Altino, em O Globo(9/9/2022)
‘Após um mês de reviravoltas judiciais, protestos, e proibições
internacionais, o porta-aviões São Paulo está, enfim, a caminho de volta
ao Rio.’
‘No final de agosto, o governo da Turquia, que seria o destino da
embarcação, vendida pela Marinha por R$10,6 milhões, cancelou a
autorização para a importação, por causa da preocupação com a quantidade
de amianto, material tóxico e cancerígeno, a bordo.’
‘Com isso, o Ibama também suspendeu sua autorização de exportação e comunicou que o porta-aviões deveria retornar ao Brasil.’
‘Procurados, diz a matéria, a Marinha, a Capitania dos Portos e o
Ibama ainda não se manifestaram. Mas advogados que acompanham o
imbróglio afirmam que a Ocean Prime, empresa contratada pela Sok para
fazer a exportação, solicitou à Capitania dos Portos a autorização para o
atracamento na Baía de Guanabara no dia 2 de outubro. A Ocean Prime
também não respondeu à reportagem, mas há duas semanas ela informou que
estava ciente da ordem do retorno.’
Por que será que agora ninguém fala, vergonha?
Novo retorno do navio fantasma
Enquanto a burocracia dava voltas, o comboio também foi obrigado a
fazê-lo. Quando o navio estava na altura do Espírito Santo, em direção
ao Rio de Janeiro, recebeu uma ordem para dar nova meia volta, e rumar
para o porto de Suape, em Pernambuco.
Segundo o Uol,
em matéria de Jorge de Souza, a Marinha do Brasil teria proibido a
atracação do navio no Rio de Janeiro onde sempre esteve durante os anos de férias no
País: ‘Quando o lento comboio já estava quase chegando de volta ao Rio
de Janeiro, uma ordem do órgão máximo da navegação brasileira determinou
que ele desse novamente meia volta, e subisse, uma vez mais, a costa
brasileira, até o porto de Suape, no litoral de Pernambuco, a mais de
1.500 quilômetros de distância.’
O navio chegou a Suape em 5 de outubro. E foi recusada a sua
atracação pela Agência Estadual de Meio Ambiente do Estado. Durante
estes dois meses vagou de um lado para outro do Atlântico como uma
espécie de ser pestilento de que ninguém quer chegar perto. O
São Paulo está ancorado, quer dizer, o rebocador e sua presa, ao largo, à
espera de uma solução.
Ao que parece, o motivo de sua parada em Pernambuco deve-se à
necessidade de uma vistoria pela MB para se certificar das condições de
navegabilidade (?!).
Segundo o shipbreakingplatform.org‘A
oposição contra a exportação também se manifestou em grandes protestos
de rua em Aliağa, Izmir e em outros lugares da Turquia. Além disso, o
território britânico de Gibraltar havia declarado que proibiria a
passagem do navio por suas águas territoriais antes da decisão da
Turquia.’
Marinha do Brasil se manifesta em 6 de outubro
Enquanto isso, a Marinha do Brasil finalmente se manifestou. Em nota
publicada em 6 de outubro, diz: ‘Outra medida adotada pela MB foi fazer
constar em Edital exigências que obrigam o atual proprietário do casco a
cumprir normas internacionais, dentre as quais: o cumprimento da
Convenção de Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços
de Resíduos Perigosos e seu Depósito (1989); e a apresentação de
Inventário de Materiais Perigosos (IHM), auditado por testes de
laboratório credenciado e aprovado por Sociedade Classificadora
independente, com base nas Resoluções da Organização Marítima
Internacional (IMO).’
A MB diz ainda que ‘enquanto pertencia à Marinha Nacional Francesa
(MNF), realizou, na década de 1990, uma ampla desamiantação dos
compartimentos da propulsão, catapulta, máquinas-auxiliares e diesel
geradores, culminando com a retirada de aproximadamente 55 toneladas de
amianto. Adicionalmente, é relevante mencionar, que o amianto atualmente
existente no ex-NAe São Paulo não oferece riscos à saúde, no estado em
que se encontra.