segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O BRASIL ESTÁ SABENDO FAZER A SUA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

 


Brasil que dá exemplo: como políticas públicas abriram caminho para uma energia mais limpa

Por
Cristina Seciuk – Gazeta do Povo

Parque eólico Brisa Potiguar da Copel em São Miguel do Gostoso a 120 quilometros de Natal do Rio Grande do Norte. Usina eólica no Rio Grande do Norte – estação eólica da Copel


Fontes renováveis, como a energia eólica, ganharam espaço no Brasil graças a incentivos e regulações elogiadas por estudo internacional.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Incentivos e regulações aplicados pelo governo brasileiro para as energias solar e eólica a partir do início dos anos 2000 são apontados como exemplo internacional em relatório do Consórcio de Economia da Inovação Energética e Transição de Sistemas (EEIST, na sigla em inglês), que reúne pesquisadores e professores de universidades do Reino Unido, União Europeia, China, Índia e Brasil.

Na avaliação do grupo, a geração a partir dessas duas fontes renováveis teve avanço e barateamento importantes no país graças a boas políticas estatais. Os casos das turbinas e dos painéis fotovoltaicos brasileiros aparecem ao lado de outras experiências bem sucedidas dos últimos trinta anos, como a geração offshore (em alto-mar) no Reino Unido e o desenvolvimento de veículos elétricos na China.

Com base nas análises que integram o estudo, os pesquisadores defendem que governos devem promover investimentos e trabalhar em regulações para garantir a redução no custo da energia de fonte renovável como estratégia para avançar em direção a matrizes energéticas mais limpas. O entendimento é de que a experiência mostra que políticas estatais conduzidas assim de modo deliberado resultaram em estímulo à inovação e no barateamento das tecnologias relacionadas à energia limpa.

A conclusão contraria lógicas comumente apontadas como melhores do ponto de vista econômico, a exemplo da cobrança por adoção de políticas neutras, ou seja, nas quais o governo apenas “fornece um campo para que as tecnologias compitam entre si”, sem favorecimentos a determinados segmentos. O entendimento aqui é de que a neutralidade é difícil de alcançar, já que “tende a pesar em favor das tecnologias mais maduras”, “discriminando tecnologias emergentes ou futuras, e potencialmente até mesmo promovendo ou reforçando um viés de status quo”.

Conforme o relatório, “ao contrário de alguns dos conselhos dados aos governos nos últimos 30 anos, política governamental, investimentos e regulamentação podem reduzir os custos de energia em vez de aumentá-los, atrair investimentos privados em vez de afastá-los e acelerar inovação e crescimento”.

Conforme o consórcio, essa combinação de benefícios se deu a partir da intervenção clara e deliberada de governos para reduzir o custo de tecnologias limpas, com a criação de demanda. Neste sentido, a indicação feita pelos economistas que integram o EEIST é de que abordagens do tipo sejam replicadas para acelerar a inovação, a criação de empregos e a redução de custos na transição de combustíveis fósseis para fontes menos poluentes.

Boas lições da experiência brasileira
O Brasil aparece no relatório com dois casos: as turbinas eólicas e a expansão da energia solar fotovoltaica. O primeiro remonta à década de 2000, quando uma intervenção governamental criou incentivos para desenvolver infraestrutura e tornar competitivo o custo da geração eólica no país.

Trata-se do Proinfa, o Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica, criado em 2002 e que entrou em funcionamento em 2004 para ampliar a participação não só da eólica, mas também da biomassa e das pequenas centrais hidrelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) após período de estiagem que levou ao racionamento de energia em 2001.

O objetivo era reduzir a dependência brasileira da geração hidráulica, que à época representava três quartos da matriz elétrica nacional. Para tanto foram introduzidas medidas fiscais e regulatórias, com o estabelecimento de cotas de energia, leilões específicos para fontes alternativas e concessão de financiamentos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), como política prioritária para fomentar o segmento.

Na avaliação do consórcio EEIST, o sucesso desses regulamentos e políticas de incentivo se traduz em números: o custo da capacidade instalada de energia eólica caiu 57% entre 2001 e 2020, além de ela responder por 11,9% da geração de eletricidade do Brasil e aparecer como a segunda maior fonte de energia da matriz elétrica nacional, com 22 gigawatts de capacidade instalada.

A história da solar tem avanços ainda mais rápidos a contar da instalação da primeira grande usina fotovoltaica em solo tupiniquim, em 2011. Desde então a tecnologia cresce rapidamente “graças a mudanças nas políticas que foram fundamentais para impulsionar a implantação solar e a redução de custos”, aponta o relatório.

Conforme o consórcio, a expansão ganhou força após mudança na regulamentação brasileira que, em 2012, permitiu a pequenos fornecedores acessar a rede elétrica sem custo e, em 2015, permitiu a compensação de excedentes lançados na rede na forma de créditos. Outra medida governamental que deu força à fonte solar no país foi sua inclusão em leilões públicos, a partir de 2014.

Após um início lento, a percepção é de que as adaptações promovidas pelo governo brasileiro garantiram os aumentos exponenciais na capacidade instalada da solar, que bateu recentemente a marca de 20 gigawatts e hoje aparece como terceira fonte na matriz brasileira, pouco atrás da eólica.

Responsável pelo estudo, o consórcio EEIST tem como integrantes brasileiros a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília e a Universidade de Campinas (UNICAMP), onde atua o economista e professor José Maria Silveira. À Gazeta do Povo, Silveira destaca que num país do tamanho do Brasil, não faz mais sentido buscar uma solução única para a energia e que os bons caminhos ressaltados no relatório surgiram justamente a partir da necessidade de diversificação, limitando a hidreletricidade. Na avaliação do pesquisador, o país tem dado seguimento às boas políticas mencionadas, mas há passos atrás que não podem ser ignorados.

É o caso das termelétricas que foram incluídas no lei de privatização da Eletrobras. “[O Brasil] deve aproveitar que já está bastante envolvido, que já deu uma boa contribuição para a redução de emissões de CO2 [a partir dos exemplos da solar e da eólica] e não fazer políticas para relançar este tipo de combustível, principalmente para gerar energia elétrica, a gente tem que buscar persistir com as energias alternativas”, completa.

Neste cenário, Silveira reforça que medidas como o emprego de geração termelétrica são exemplo de que raciocínios baseados na eficiência de curto prazo podem na verdade, prejudicar potencialidades e cobrar preços altos no futuro. “Você não pode ficar fazendo análise de custo-benefício todo dia. Com essas políticas, você vai explorar o potencial de redução de custo à medida que a escala aumenta, que as redes de produção de energia limpa vão se consolidado. Todas essas energias [renováveis] vem mostrando reduções de custo e se aproximando da competitividade do equivalente, que seria o uso de energia fóssil”, compara o pesquisador antes de citar outro aspecto econômico importante: a cobrança crescente por cadeias produtivas limpas.

“Tudo isso é importante porque vai determinar a competitividade de todo o sistema nos anos posteriores. Se você tiver uma matriz energética suja, ela vai comprometer a competitividade de toda a indústria que for feita daí para a frente, todas as atividades econômicas. Se a sua matriz energética for poluente, não adianta a atividade econômica se dizer limpa”, reforça, ao apontar que o país pode largar na frente se enfrentar o desafio e priorizar novas soluções.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/exemplos-do-brasil-como-politicas-publicas-abriram-caminho-para-uma-energia-mais-limpa/
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ALERTA ECONÔMICO ATUAL

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Sede do Ministério da Economia.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No início de 2023, tendo superado uma grave seca que durou mais de um ano e vencido uma pandemia que atingiu o mundo inteiro, o Brasil empossará os eleitos em 2 e 30 de outubro, nas esferas federal e estaduais, e espera-se que a economia brasileira consiga atingir taxas de crescimento econômico capazes de fazer que o tão sonhado desenvolvimento social comece a ser conquistado, apesar dos problemas atuais do mundo, a exemplo da guerra entre Rússia e Ucrânia. O divisionismo na sociedade brasileira alcançou níveis elevados, sobretudo porque as diferenças político-partidárias foram exacerbadas pelas lideranças políticas nos últimos anos. Diferenças de opinião, de voto e de preferências partidárias existem em todas as nações desenvolvidas, mas, encerradas as eleições, a população consegue se aliar no propósito nacional de construir uma sociedade próspera e solidária.

No primeiro semestre de 2019, quando a pandemia era algo impensável, o banco norte-americano Goldman Sachs publicou um relatório com o título “O Brasil caminha para a segunda década perdida em 40 anos”, no qual lembrava que a taxa média de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) por habitante entre 1981 e 2020 ficou em apenas 0,8% ao ano, taxa pífia quando se considera que a população brasileira em 1980 era de 120 milhões e terminou 2020 com 213 milhões. É um resultado decepcionante para um país que dispõe de condições suficientes para crescer e superar a pobreza. O economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, afirmou que “a realidade marcante e desconfortável é que o crescimento da renda real per capita do Brasil desapontou durante as últimas quatro décadas”, acrescentando que a expansão do PIB foi decepcionante em 2017 e 2018, principalmente porque já vinha da recessão de 2015 e 2016, a mais grave das últimas décadas.

A crise do setor público é grande, estrutural e endêmica; se não enfrentá-la, o país não conseguirá crescer e superar os flagelos sociais, apesar de seus recursos naturais abundantes e do bom desempenho de parte expressiva de sua economia privada

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que os governos das últimas cinco décadas cometeram o mesmo erro que, segundo ele, está na origem do baixo crescimento do PIB, do atraso e da pobreza. Trata-se do fato de que, mesmo com políticas econômicas diferentes, os governos se igualaram em manter política fiscal frouxa, com déficits públicos crônicos, inchaço do setor público e explosão de dívida governamental, coisas que geram inevitavelmente elevação de juros e aumento de impostos. Assim, o país se transforma em paraíso de bancos e rentistas, enquanto prejudica empreendedores e desestimula a criação de negócios. O ministro cita que, mesmo na gestão de Fernando Henrique Cardoso, quando o país teve vitória espetacular no combate à inflação e uma política monetária eficiente, o governo não fez a reforma do Estado, não diminuiu o tamanho do setor público em seu conjunto, não eliminou os déficits fiscais, a dívida explodiu e o PSDB, partido do governo, perdeu as cinco eleições presidenciais seguintes.

Lula e Dilma Rousseff também incorreram no erro da política fiscal frouxa, além de outros erros peculiares a cada um deles. As consequências inevitáveis continuaram: o governo cresceu, a máquina estatal inchou, os déficits fiscais seguiram ocorrendo e a dívida pública cresceu perigosamente. Quanto aos dados econômicos objetivos, o PT terminou seus quatro mandatos com indicadores muito ruins, ao lado do quadro de decadência ética na gestão pública como nunca se viu no país. Com palavras diferentes, é isso que diz o relatório do banco Goldman Sachs. O drama atual é que políticos, governantes e amplos segmentos da sociedade, registradas as exceções de praxe, não têm a percepção real de que o Estado brasileiro se tornou grande, ineficiente, moralmente atrofiado e caro demais para a sociedade.

VEJA TAMBÉM:
O ambiente para o crescimento econômico (editorial de 12 de outubro de 2022)
A ingenuidade dos “pais do real” (editorial de 7 de outubro de 2022)
O terraplanismo orçamentário volta com força (editorial de 27 de setembro de 2022)
Aquele relatório do Goldman Sachs fazia coro com outros alertas sobre a necessidade de duas reformas principais: a reforma fiscal e a reforma do Estado, sem as quais a chance de crescer e superar o atraso é quase inexistente. A crise do setor público é grande, estrutural e endêmica; se não enfrentá-la, o país – com seus 5.570 municípios, 26 estados, Distrito Federal e União – não conseguirá crescer e superar os flagelos sociais, apesar de seus recursos naturais abundantes e do bom desempenho de parte expressiva de sua economia privada, a exemplo do agronegócio e do setor exportador. O interessante é que o tempo passa e os problemas não mudam; as soluções são as mesmas já identificadas, entre as quais estão o equilíbrio fiscal, o controle da dívida, o controle do crescimento estatal e a melhoria da eficiência da máquina pública. A importância do avanço das melhorias no sistema estatal decorre do tamanho que esse setor atingiu na economia geral do país.

Embora repetindo temas e problemas já exaustivamente tratados, é necessário insistir neles, para que não caiam no esquecimento nem percam relevância, especialmente num momento em que a nação troca parte de seus líderes políticos e dirigentes públicos. Nesse sentido, tirar das gavetas os diagnósticos, os estudos, as propostas e os projetos capazes de fazer o Brasil melhorar é atitude recomendável e necessária.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/um-alerta-que-permanece-atual/
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NAVIO PORTA-AVIÕES UMA SUCATA VAGANDO PELO MAR

 

Por

 João Lara Mesquita – Jornal Estadão

 

Porta-aviões São Paulo é o novo navio fantasma em alto-mar

Ele parece ter uma sina maldita ao menos no Brasil. Construído na França, entre 1957 e 1960, recebeu o nome de FS Foch. O modelo, da Classe Clemenceau, tinha capacidade para transportar até 40 aeronaves de asas fixas e helicópteros. O nome original foi uma homenagem a Ferdinand Foch, comandante das tropas aliadas durante a Primeira Guerra Mundial. Sua carreira na Marinha Francesa foi de 37 anos. Contudo, se na França ainda teve uma vida digna, nestas plagas foi um desastre que agora mais uma vez se confirma. O porta-aviões  fantasma a vagar pelo alto-mar é o ex-porta-aviões São Paulo.

porta aviões São Paulo ou navio fantasma
Ele também era uma máquina de poluição atmosférica. Imagem, Wikimedia Commons.

A curta carreira no Brasil

Ele chegou ao País no ano de 2001 para substituir o glorioso Minas Gerais que serviu por 50 anos. Foi comprado na época por US$ 12 milhões.

Para começar, o Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais (A-11) serviu em três marinhas de guerra ao longo de cinquenta e seis anos e, além disso,  foi o primeiro porta-aviões da Armada brasileira.

Para substituí-lo, em 2001 a Marinha do Brasil comprou o São Paulo. Entretanto, operou por pouco tempo em águas brasileiras. Já em 2004 um duto da rede de vapor do A-12 explodiu, matando três tripulantes e ferindo outros sete. Começava uma sinistra carreira no hemisfério Sul que ainda não acabou.

Sem condições para ser reformado, a solução foi transformá-lo em sucata, e encerrar sua breve estada no País no mais famoso cemitério de navios: Aliaga, na Turquia.  Por R$ 10,5 milhões o estaleiro Sök Denizcilik e Ticaret Limited o arrematou. Mas, ainda assim, o São Paulo foi barrado no baile e recusado pela Turquia onde seria desmantelado.

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Um show de incompetência

A vinda do São Paulo para estas plagas, os acidentes que protagonizou, a sua curtíssima carreira, a revenda para uma empresa turca – estaleiro Sök Denizcilik e Ticaret Limited – por R$ 10,5 milhões e sua ida do Brasil para a entrada do Mediterrâneo, e volta ao País, parecem escrever uma história indigna para esta belonave.

Vexame internacional

Todo mundo sabia que o São Paulo carregava em seu bojo amianto, um material cancerígeno e proibido em vários países, inclusive no Brasil.

O comprador brasileiro, Jorge Wilson de Azevedo Cormack escreveu para este site quando contou sua saga:

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Eu fui o arrematante deste Casco aos 12 de Março de 2021, por procuração, pela Sok – TURQUIA, porém, por desmerecerem os meus conselhos e inúmeras dores-de-cabeça as quais tive desde 2019 quando a MSK procurou-me para começar os preparativos para participar do leilão.

Azevedo Cormack diz que alertou a empresa turca:

Após vencer o leilão, solicitei à SOK para fazer com uma empresa internacional uma vistoria adequada e minuciosa sobre o amianto que poderia ter a bordo, mas, a SOK nunca quis ouvir-me e quando neguei-me em seguida ser o exportador do casco por não cumprirem com o meu conselho de fazerem a tal inspecção, fui obrigado a colocar um advogado especialista em questões marítima e ambiental, e não um qualquer advogado.

Como se vê, a negligência foi dos dois lados: do Brasil e da Turquia.

4 de agosto de 2022, o início da saga do navio fantasma

Seja como for, em 4 de agosto, rebocado (pelo rebocador holandês ALP CENTER), o São Paulo iniciou o que viria a ser sua última jornada, uma longa viagem de seis mil milhas até a Turquia. Acontece que a sucata cancerígena foi monitorada pelo Greenpeace que sabia que o Brasil estava vendendo veneno para os turcos. E avisou o governo daquele país.

Assim, em 26 de agosto, às portas do Estreito de Gibraltar, o governo turco informou que não o receberia. Sem outra solução, o rebocador deu uma volta de 360º e iniciou o retorno ao Brasil.

O vexame internacional

Por causa disso, a consultora e Engenheira de segurança do trabalho, Fernanda Giannasi, declarou ao site redebrasilatual.com.br ser este um “vexame internacional em que estamos metidos com a proibição do governo turco do porta-aviões São Paulo, exportado de forma irregular para desmanche.”

Segundo a ONG shipbreakingplatform.org, ‘o São Paulo tinha 760 toneladas de amianto. Enquanto isso, o relatório encomendado pelo governo brasileiro à empresa Grieg Green (cujo site apregoa serviços genuinamente verdes para a indústria marítima) estimou em pouco menos de 10 toneladas’. 

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E Fernanda Giannasi acrescentou: “Atestado da mais alta incompetência e irresponsabilidade dos órgãos ambientais do (DES)governo brasileiro.” (Grafia original da engenheira).

Todo mundo sabia disso. Menos, aparentemente, o Ibama atual. O órgão deu autorização à venda da sucata cancerígena para, 6 mil milhas depois, voltar atrás.

Envolvidos na pantomima se calam

De acordo com matéria de Lucas Altino, em O Globo (9/9/2022) ‘Após um mês de reviravoltas judiciais, protestos, e proibições internacionais, o porta-aviões São Paulo está, enfim, a caminho de volta ao Rio.’

‘No final de agosto, o governo da Turquia, que seria o destino da embarcação, vendida pela Marinha por R$10,6 milhões, cancelou a autorização para a importação, por causa da preocupação com a quantidade de amianto, material tóxico e cancerígeno, a bordo.’

‘Com isso, o Ibama também suspendeu sua autorização de exportação e comunicou que o porta-aviões deveria retornar ao Brasil.’

‘Procurados, diz a matéria, a Marinha, a Capitania dos Portos e o Ibama ainda não se manifestaram. Mas advogados que acompanham o imbróglio afirmam que a Ocean Prime, empresa contratada pela Sok para fazer a exportação, solicitou à Capitania dos Portos a autorização para o atracamento na Baía de Guanabara no dia 2 de outubro. A Ocean Prime também não respondeu à reportagem, mas há duas semanas ela informou que estava ciente da ordem do retorno.’

Por que será que agora ninguém fala, vergonha?

Novo retorno do navio fantasma

Enquanto a burocracia dava voltas, o comboio também foi obrigado a fazê-lo. Quando o navio estava na altura do Espírito Santo, em direção ao Rio de Janeiro, recebeu uma ordem para dar nova meia volta, e rumar para o porto de Suape, em Pernambuco.

Segundo o Uol, em matéria de Jorge de Souza, a Marinha do Brasil teria proibido a atracação do navio no Rio de Janeiro onde sempre esteve durante os anos de férias no País: ‘Quando o lento comboio já estava quase chegando de volta ao Rio de Janeiro, uma ordem do órgão máximo da navegação brasileira determinou que ele desse novamente meia volta, e subisse, uma vez mais, a costa brasileira, até o porto de Suape, no litoral de Pernambuco, a mais de 1.500 quilômetros de distância.’

O navio chegou a Suape em 5 de outubro. E foi recusada a sua atracação pela Agência Estadual de Meio Ambiente do Estado. Durante estes dois meses vagou de um lado para outro do Atlântico como uma espécie de ser pestilento de que ninguém quer chegar perto. O São Paulo está ancorado, quer dizer, o rebocador e sua presa, ao largo, à espera de uma solução.

Ao que parece, o motivo de sua parada em Pernambuco deve-se à necessidade de uma vistoria pela MB para se certificar das condições de navegabilidade (?!).

Segundo o shipbreakingplatform.org ‘A oposição contra a exportação também se manifestou em grandes protestos de rua em Aliağa, Izmir e em outros lugares da Turquia. Além disso, o território britânico de Gibraltar havia declarado que proibiria a passagem do navio por suas águas territoriais antes da decisão da Turquia.’

Marinha do Brasil se manifesta em 6 de outubro

Enquanto isso, a Marinha do Brasil finalmente se manifestou. Em nota publicada em 6 de outubro, diz: ‘Outra medida adotada pela MB foi fazer constar em Edital exigências que obrigam o atual proprietário do casco a cumprir normas internacionais, dentre as quais: o cumprimento da Convenção de Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito (1989); e a apresentação de Inventário de Materiais Perigosos (IHM), auditado por testes de laboratório credenciado e aprovado por Sociedade Classificadora independente, com base nas Resoluções da Organização Marítima Internacional (IMO).’

A MB diz ainda que ‘enquanto pertencia à Marinha Nacional Francesa (MNF), realizou, na década de 1990, uma ampla desamiantação dos compartimentos da propulsão, catapulta, máquinas-auxiliares e diesel geradores, culminando com a retirada de aproximadamente 55 toneladas de amianto. Adicionalmente, é relevante mencionar, que o amianto atualmente existente no ex-NAe São Paulo não oferece riscos à saúde, no estado em que se encontra.

EMPREENDEDORISMO DIGITAL É UMA TENDÊNCIA DO MUNDO

 

Rodrigo Barreto

O segundo semestre movimentado é ideal para se destacar nas vendas

O Brasil é repleto de mentes criativas em busca de uma oportunidade. Esse fator, somado ao alto desemprego, leva grande parte da população a abrir seu próprio negócio. Nesse contexto, a tecnologia é uma forte aliada para diminuir gastos e acelerar o desenvolvimento de uma pequena empresa. Sendo assim, quem possui esse desejo precisa ficar ligado nas novidades e tendências do mercado para se destacar e, consequentemente, atrair os melhores profissionais e potenciais compradores.

O empreendedorismo digital é tendência pelo mundo

Essa prática tem ganhado cada vez mais destaque devido à possibilidade de criar um empreendimento sem precisar de espaços físicos. Esse movimento foi potencializado, principalmente, por conta da pandemia de Covid-19, levando as pessoas a atuarem de forma virtual. De acordo com a Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, no primeiro quadrimestre de 2022, o país registrou a abertura de mais de 1,3 milhão de companhias, um aumento de 11,5% em relação aos últimos quatro meses de 2021. Além disso, segundo o Índice de Transformação Digital da Dell Technologies, 87,5% das corporações aceleraram seus projetos de transformação digital.

De forma simples, trata-se de um modelo de negócio com utilização da Internet para comercializar serviços ou produtos, sem a necessidade de pontos físicos, como  a Plataforma Comercial marketplace do site da Startup Valeon.  “Nos últimos meses, os gestores viram como é possível realizar suas atividades, manter a produtividade e expandir o lucro aderindo a soluções modernas, ágeis e descomplicadas”, comenta a gerente comercial da Assine Bem, Paula Sino.

Ter um escritório ou loja envolve diversos custos, como aluguel, contas, adaptação de ambiente, dentre outros, tornando-se um grande obstáculo. Esse novo cenário é promissor e exige uma atuação conforme a necessidade do público. A web tem ocupado um espaço cada vez maior no dia a dia dos consumidores. Um dos grandes benefícios é melhorar a performance, com opções de investimentos de acordo com a demanda. Estar preparado é fundamental para acompanhar as tendências e ter resultados satisfatórios.

Dessa forma, um comerciante pode atuar sem estoque e negociar com fornecedores de qualquer parte do mundo para obter menores preços. Para isso, contar com uma ferramenta inovadora e facilitadora é essencial. Esse é o caso do Site Valeon. Com ele, acordos são firmados com poucos cliques no computador, celular ou tablet. Afinal, são enviados via WhatsApp, e-mail ou SMS.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

Além de acabar com a necessidade de deslocamentos e encontros pessoais, economiza-se tempo e dinheiro. Diminui-se os gastos com papel, combustível e materiais de escritório, consequentemente, ajudando o planeta na questão da sustentabilidade. “A população busca por esses atributos nos dias de hoje e, quem não proporcioná-los, é ultrapassado pelos demais”, ressalta a gerente comercial.

Ademais, todos os documentos são criptografados, salvos “em nuvem”, possuem validade jurídica e respeitam a Lei Geral de Proteção a Dados Pessoais – LGPD. Ou seja, representa proteção. Os envolvidos podem acessar os arquivos quando quiserem e de qualquer localidade. Para isso, basta realizar uma comprovação identitária. Logo, evita-se o risco de perder ou danificar algo valioso.

Quem se preparar, terá mais lucro na Black Friday 2022

A Black Friday 2022 acontecerá no dia 25 de novembro e é uma das datas comerciais mais relevantes para o varejo mundial. Em 2021, foram mais de 6,1 milhões de encomendas no dia, segundo o monitoramento da Neotrust. O faturamento do e-commerce, por sua vez, atingiu a marca dos 4,3 bilhões de reais. Para ser bem sucedido nessa época, é fundamental estar preparado, passar segurança e proporcionar uma boa experiência para colaboradores e clientes.

É interessante identificar os produtos mais buscados, os itens de maior sucesso, as tendências da atualidade e outras informações para auxiliar na programação. Após isso, deve-se pensar na logística para efetuar as entregas o mais rápido possível. “Todos os passos devem ser bem estudados para não haver erro em um momento tão crucial”, aconselha a especialista.

Processos muito manuais tendem a ser mais morosos e menos eficientes. Em datas comerciais, com um volume de vendas muito alto, a otimização garante maior agilidade e uma margem de equívoco menor. Nesse sentido, algumas tarefas repetitivas podem ser automatizadas, liberando a equipe para resolver questões mais complexas.

Em um mercado altamente competitivo, além de conquistar novos clientes, é crucial manter a base. Com isso, é interessante fazer uma gestão baseada em dados. Assim, ficará mais fácil elaborar as próximas estratégias de promoções e lançamentos. Primeiro, é preciso conhecer o público, realizar personalização para ele e superar as expectativas. Hoje, apenas bons preços não são o suficiente. Os compradores fazem questão de serem bem atendidos quando entram em contato com uma marca.

As empresas devem se proteger de ataques cibernéticos

O comércio eletrônico costuma ser alvo de cibercriminosos para a aplicação de fraudes e golpes financeiros. Dessa forma é de suma importância se resguardar contra ações desse tipo. Para auxiliar os empresários nessa missão, veja algumas atitudes preditivas para evitar essas adversidades e assegurar tranquilidade no cotidiano.

Verificação de infraestrutura e equipamentos: a primeira iniciativa é verificar toda a infraestrutura e equipamentos de TI previamente, para não haver interrupções inesperadas ao longo do evento.

Equipe preparada: um time capacitado e pronto faz a diferença em possíveis imprevistos. Para isso, deve-se realizar treinamentos e ensinamentos para eles absorverem mais conhecimento.

Aparelhos e plataformas de qualidade: é crucial estar de acordo com a modernidade. Assim, o staff atuará com mais agilidade, produtividade e assertividade.

Portanto, para alcançar os objetivos desejados, os executivos precisam se manter ligados. “A concorrência é acirrada, criativa e inovadora. Logo, seja também! Quem não se atualiza e permanece em constante aprendizado, é deixado para trás”, finaliza Paula.

domingo, 16 de outubro de 2022

HOJE TEREMOS O PRIMEIRO DEBATE ENTRE LULA-BOLSONARO

 

Estratégia eleitoral

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


Jair Bolsonaro durante o debate da TV Band do primeiro turno.| Foto:

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) definiu que ele irá a todos os debates do segundo turno com a estratégia de confrontar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E isso será colocado em prática já neste domingo (16), durante o debate promovido pela TV Band juntamente com um pool de veículos de comunicação, a partir das 20h.

Aliados políticos e coordenadores eleitorais de Bolsonaro dizem que o candidato à reeleição não terá como fugir do embate e vai explorar temas como os escândalos de corrupção nas gestões petistas, a crise econômica no governo de Dilma Rousseff (PT) e pautas de costumes, como o aborto.

Estrategistas de campanha dizem que Bolsonaro também buscará mostrar resultados de seu governo. Mas admitem que mesmo a defesa das realizações da atual gestão deve vir acompanhada de elevações no tom da voz e discursos agressivos para acuar e irritar Lula, sobretudo em possíveis comparações com o governo Dilma.

O deputado federal Coronel Armando (PL-SC), vice-líder do partido na Câmara e ex-vice-líder do governo, entende que essa estratégia é correta. “Bolsonaro tem números para indicar; ele tem condições de apresentar o serviço. O Lula está na expectativa do passado; e o passado dele não dá para desassociar do da Dilma. Ele sempre tenta se desassociar dela. Quando Lula apresentar qualquer coisa, o Bolsonaro vai falar do governo dela, que contamina a situação do PT”, diz o aliado do presidente.

Campanha diz que Bolsonaro está preparado para embates com Lula
Da pauta econômica à de costumes, coordenadores de Bolsonaro indicam que o presidente está preparado para os embates e sabe como dosar as críticas a Lula com a defesa de seu governo.

O próprio presidente deu sinalizações disso em ato de campanha em Balneário Camboriú (SC), na terça-feira (11), ao dizer que questionaria o petista sobre sua relação com o mercado financeiro. “Há poucos dias, um cara [Lula] falou que, ‘se o Bolsonaro ficou feliz que o mercado ficou feliz, comigo o mercado não ficará feliz’. Isso o outro lado falou. Eu gostaria de perguntar a esse outro lado – e será perguntado por ocasião do debate – onde é que não existe mercado que o povo vive feliz? Não existe em lugar nenhum do mundo. Essas pautas econômicas vocês sentem aqui. O desemprego, com uma taxa cada vez menor, um Produto Interno Bruto (PIB) cada vez maior”, disse Bolsonaro.


A fala de Lula a que o presidente se referiu não foi dita há poucos dias, mas em outubro de 2017. Na ocasião, o petista comentou uma entrevista de quando Bolsonaro ainda era pré-candidato à Presidência ao jornal Folha de S. Paulo, ocasião em que se posicionou como liberal. “Eles conversaram com o Bolsonaro e o Bolsonaro agradou o mercado. Eu vou dizer uma coisa, meu filho. Se o Bolsonaro agrada o mercado, nós, do PT, temos que desagradar o mercado, porque nós não combinamos”, disse o ex-presidente em um seminário sobre educação pública promovida pela Fundação Perseu Abramo.

Bons números da economia devem ser destacados no debate
A provável abordagem de Bolsonaro sobre o mercado financeiro é um exemplo de como ele pretende confrontar Lula sem abdicar de falas que enalteçam as realizações de seu governo. A defesa da agenda da liberdade econômica foi uma estratégia traçada junto aos coordenadores eleitorais para desafiar o ex-presidente a se posicionar sobre um tema no qual a campanha julga que o candidato à reeleição pode se sair melhor.

O intuito de Bolsonaro e de seus estrategistas eleitorais é posicionar o governo como defensor de uma agenda econômica que auxiliou a pavimentar a recuperação da economia mesmo após a pandemia da Covid-19 e da guerra na Ucrânia. Mesmo que parte da recente reação da atividade tenha vindo por injeção de gastos públicos e isenções tributárias, a campanha sustenta que a medidas adotadas ao longo da atual gestão, como a Lei da Liberdade Econômica e as concessões, foram determinantes para atrair investimentos e gerar empregos.

A tentativa de Bolsonaro em induzir Lula a falar sobre o mercado financeiro mostra o intuito de posicionar seu governo como aquele que melhor apresenta aos eleitores uma estabilidade econômica sustentável em confronto à crise econômica provocada pela gestão Dilma. O presidente ocasionalmente citará a crise econômica na Argentina e em outros países da América Latina governador pela esquerda como um “alerta” sobre os riscos que um novo governo do PT poderia representar ao país.

Corrupção e pauta de costumes serão usadas por Bolsonaro para se contrapor a Lula
A mesma lógica de ser propositivo e defender seus valores deve se aplicar aos prováveis embates de Bolsonaro sobre corrupção, as ações de seu governo na área social e também na pauta de costumes.

É provável que o presidente diga que estatais obtiveram lucro em sua gestão e que seu governo teve recursos para concluir obras como a transposição do Rio São Francisco, além de socorrer os mais vulneráveis com programas como os Auxílios Brasil e Emergencial.

Na pauta sobre aborto e legalização das drogas, por exemplo, Bolsonaro deve abordar no debate que seu governo defende a vida desde a concepção e que o índice de homicídios caiu. Ao mesmo tempo, vai acusar Lula de defender o aborto e de ter a preferência de presidiários, como sua campanha diz na propaganda eleitoral na TV.

Em comício em Recife, na quinta-feira (13), Bolsonaro deu mais sinais do que pode falar em debate. “Vocês sabem que, no próximo dia 30, temos um encontro com as urnas. De um lado, um presidente que é pelo livre mercado. Do outro lado, um presidente que é pelo Estado opressor, corrupto. Do lado de cá, tem um presidente que preserva a vida desde a sua concepção”, afirmou. Ele também disse ser contra a legalização das drogas e a ideologia de gênero.

Como Bolsonaro irá reagir a possíveis acusações de Lula no debate
Dentro da preparação de Bolsonaro para os debates, interlocutores da campanha asseguram que ele está pronto para rebater as ofensivas de Lula. Caso seja abordada a relação feita pelo presidente sobre a vitória do petista no Nordeste no primeiro turno ao analfabetismo dos nordestinos, a ideia é falar sobre diferentes entregas de seu governo na região. Também vai dizer que escolheu ministros nordestinos, e que é casado com a primeira-dama Michelle, filha de um nordestino.

Se seu governo for acusado de corrupção no Ministério da Educação, Bolsonaro deve alegar que não há nada comprovado até o momento e que o ex-ministro Milton Ribeiro pediu afastamento e tomou a iniciativa de pedir que a Controladoria-Geral da União (CGU) abrisse investigação sobre o caso.

Se o questionamento for a respeito da compra de imóveis por familiares, Bolsonaro vai negar quaisquer irregularidades e comentar que, na escritura dos bens, consta “moeda corrente” e que isso não significa somente “dinheiro vivo”.

Caso seja confrontado sobre acusações de “rachadinha”, é provável que fale que a Justiça do Rio de Janeiro rejeitou a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Todas as possíveis acusações que Lula venha a fazer sobre corrupção contra Bolsonaro serão rebatidas com falas sobre escândalos nas gestões petistas.

Bolsonaro também vai rebater Lula caso o petista acuse o presidente de já ter defendido o aborto de um dos seus filhos em uma entrevista. A campanha diz que o candidato à reeleição se colocará como o defensor dos valores cristãos, que nunca foi a favor do aborto e que o trecho da entrevista foi tirado de contexto.

Em caso de ser indagado sobre a condução da pandemia no debate, Bolsonaro deve destacar que as vacinas contra a Covid-19 foram compradas por seu governo e que as ações para mitigar os impactos da doença foram adotadas, como o Auxílio Emergencial. Nesse ponto, é provável que ele volte a repetir ter sido contra a “política do fique em casa, a economia vem depois”. E dirá que a economia está reagindo.

Como é a preparação de Bolsonaro para o debate
Interlocutores da campanha dizem que não há novidades em relação à preparação que já era feita em relação aos debates do primeiro turno. Eles explicam que Bolsonaro não costuma fazer nenhum tipo de treinamento específico. Mas é municiado com informações e dados por seus conselheiros em cada debate.

Pessoas próximas do presidente dizem que ele organiza as próprias ideias, mas sempre escuta aliados e estrategistas com antecedência. Ele costuma conversar com o vereador fluminense Carlos Bolsonaro (Republicanos) e profissionais de marketing da campanha, além de coordenadores eleitorais, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e seu vice na chapa, general Braga Netto.

O deputado Coronel Armando acredita que Bolsonaro chega preparado para os debates. “Você num nível desses tem que trabalhar até dentro do jogo sujo. É ‘porrada’ mesmo, e eu acho que o presidente vai preparado, até porque ele leva vantagem de estar há quatro anos sendo acuado pela imprensa. Ele já está com casco mais grosso. Por mais que o Lula fale que seja um cara experiente, ele passou muito tempo afastado, não está tarimbado para responder como o Bolsonaro”, diz o deputado.

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GUERRA NA UCRÂNIA SERÁ UM ESTOPIM PARA UMA GUERRA NUCLEAR?

 

Escalada

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


Morador de Kyiv observa marca de cratera, já preenchida com terra, em passagem de pedestres debaixo da ponte de vidro, uma das atrações turísticas da capital ucraniana| Foto: Luis Kawaguti

A nova onda de bombardeios feitos pela Rússia na Ucrânia nesta semana me levou de volta à Europa, para continuar a cobertura da guerra no terreno. Após cinco meses escrevendo Jogos de Guerra na segurança da cidade de São Paulo, cruzar a fronteira da Polônia para a Ucrânia na sexta-feira (14) foi uma experiência difícil, que trouxe muito temor.

Muita coisa aconteceu entre setembro e outubro no conflito: os ucranianos libertaram uma vasta área invadida pelos russos no nordeste e no sul do país e tomaram a iniciativa na guerra. O presidente Vladimir Putin decretou “mobilização parcial” e recrutou mais de 220 mil soldados, que já começaram a ser mandados aos poucos para o campo de batalha.

Há uma semana, a ponte que liga a península da Crimeia (sob o controle de Moscou desde 2014) ao território russo foi dinamitada e parcialmente destruída. O Kremlin culpou forças ucranianas e, em retaliação, realizou bombardeios em toda a Ucrânia durante quatro dias seguidos – que deixaram 30 mortos.

O conflito claramente passa por uma escalada de intensidade.

Mas o fator mais inquietante se materializou nas declarações de Putin e de seus assessores: a possibilidade da Rússia usar armas nucleares táticas contra os ucranianos. A OTAN (aliança militar ocidental) respondeu afirmando que, se isso acontecer, lançará um ataque convencional de grandes proporções para varrer as forças russas da Ucrânia.

Foi a primeira vez desde o fim da Guerra Fria que uma potência ameaçou, de fato, lançar mão de armamento nuclear. Os Estados Unidos perderam a guerra do Vietnã e não usaram armas nucleares. Os russos foram derrotados em sua campanha militar no Afeganistão e não quebraram o chamado “tabu nuclear”.

Como a maior parte dos brasileiros, fiquei chocado com a possibilidade de uma guerra nuclear. Mas a distância de milhares de quilômetros do campo de batalha dava a essa ameaça uma certa impressão de retórica belicista, sem grande possibilidade de se concretizar.

Mas essa perspectiva muda completamente quando se está prestes a cruzar a fronteira da Ucrânia.

A possibilidade de ataques aéreos em qualquer lugar do país sempre existiu nesta guerra e, em muitos momentos, a Rússia não fez distinção entre alvos civis e militares. Posso afirmar isso com certeza, pois em abril estava em um carro de imprensa identificado em inglês e em russo que foi alvo de estilhaços de morteiro na região de Zaporizhzhia. Felizmente, ninguém se feriu na ocasião.

Mas o fato é que enfrentar a possibilidade teórica da aniquilação massiva por meio de uma bomba nuclear tática me provocou uma reação física, a náusea, nos dias que antecederam minha viagem para a Ucrânia. E essa sensação ainda não passou.

Cruzar a fronteira terrestre sempre dá medo. Na primeira vez, em 1º de março deste ano (a guerra havia começado cinco dias antes), entrei na Ucrânia em um trem de refugiados. Ele ia de Lviv até a Polônia levando centenas de ucranianos e depois retornava quase vazio – levando apenas combatentes voluntários e jornalistas.

Na última sexta-feira, peguei um ônibus em Lublin, na Polônia, com destino à capital ucraniana, Kyiv. A viagem começou na madrugada. No ônibus, a maioria dos passageiros eram mulheres e crianças que retornavam para seu país. Desde o início da guerra, os homens foram proibidos de sair. Eles têm que ficar para defender a pátria.

Ou seja, mesmo com a nova onda de ataques, essas pessoas voltavam para casa, para se reunir com familiares. A coragem delas me motivou a entrar no ônibus também. Afinal, é disso que se trata a cobertura jornalística em uma guerra: mostrar o que acontece à população civil, retratar seus sofrimentos e esperanças.

A viagem começou com o ônibus em silêncio quase absoluto – quebrado apenas por música americana que o motorista ouvia baixinho. Uma jovem sentada perto disse que saiu da Ucrânia há alguns meses, mas agora seus parentes disseram que é seguro voltar para Kyiv. Ela viajava só. Como eu, tentava obter informações sobre a situação de segurança em Kyiv por um aplicativo de mensagens no telefone celular. Algumas fileiras de cadeiras para trás, um grupo de senhoras consumia um lanche preparado para aguentar as 14 horas de viagem.

A alguns quilômetros da fronteira, contei mais de 550 caminhões à espera para entrar na Ucrânia. Eles transportavam carros, máquinas agrícolas e possivelmente uma série de bens que a combalida economia ucraniana não é mais capaz de produzir.

O presidente Volodymyr Zelensky disse que, se a guerra acabasse agora, seriam necessários US$ 57 bilhões para reconstruir a Ucrânia. O Fundo Monetário Internacional estima que o país vai precisar receber entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões de ajuda mensal em 2023 para continuar funcionando.

O processo de checagem de passaportes e malas, tanto do lado polonês como do lado ucraniano da fronteira, levou cerca de quatro horas, mas transcorreu normalmente.

No meio da madrugada, as barricadas ucranianas começaram a aparecer na rodovia na medida em que o ônibus se deslocava. Todas elas cobertas por redes de camuflagem já batidas pelo tempo – que agora se assemelham a farrapos. Os soldados se aqueciam em fogueiras acesas dentro de latões de diesel. No termômetro do ônibus, 7ºC do lado de fora.

Na entrada de Zhytomyr, ao sul de Kyiv, as tropas ucranianas posicionaram canhões antitanque nas barricadas.

Ao amanhecer, os campos ucranianos ficaram cobertos por uma forte névoa. Para um jornalista interessado em assuntos de guerra, é impossível não pensar no seu maior teórico, o prussiano Carl Von Clausewitz. Em uma interpretação livre, ele falava que numa guerra mesmo as coisas mais simples são difíceis de se realizar. E essas dificuldades vão se acumulando e gerando cada vez mais atrito.

Assim, até as coisas mais simples, como se deslocar pela cidade, comprar mantimentos e trabalhar, têm que ser bem planejadas. Em caso de ataque aéreo, é preciso estar perto de um abrigo ou bunker. Nos últimos meses, muitas pessoas às vezes ignoravam as sirenes de ataque, mas isso mudou com os bombardeios desta semana.

Já a névoa – formada pela pólvora no campo de batalha – era a referência de Clausewitz à guerra ser o terreno da incerteza.

Apesar da neblina ter se dissipado com a chegada do sol da sexta-feira, a incerteza sobre o futuro do país permanece nos corações ucranianos. Não é possível dizer se haverá ataque nuclear, se as tropas russas vão avançar sobre mais terreno ucraniano ou se a paz ainda está ao alcance.

Já em Kyiv, notei que muitas barricadas e postos de controle haviam sido retirados das ruas em comparação à última vez que estive aqui, em maio. Cruzamentos antes interrompidos por redes de trincheiras agora dão lugar a um grande fluxo de veículos, como em qualquer grande cidade.

Na capital, os cidadãos não parecem mais temer uma invasão com blindados e tropas. A ameaça vem do céu, na forma de mísseis de cruzeiro e drones suicidas. A OTAN promete agora novas e modernas defesas antiaéreas, como o Íris-T, um sistema de baterias antiaéreas alemão de longo alcance, que promete proteger as cidades dos mísseis russos.

Mas por si só tais sistemas não resolvem o problema – pois devem acabar saturados pela quantidade de foguetes e drones disparados pela Rússia ao mesmo tempo. A OTAN diz então que enviará “jammers” ao campo de batalha, aparelhos que inutilizam os drones com ondas eletromagnéticas.

Ao chegar a Kyiv, fui à ponte de vidro, uma das principais atrações turísticas da capital. Ela conecta o parque de Khreshchaty com a colina de São Volodymyr. Ela foi alvo de um dos 75 mísseis disparados pelo Kremlin contra a Ucrânia na segunda-feira (10) – quando os ataques foram mais intensos.

Um míssil errou a estrutura da ponte e destruiu uma passagem de pedestres abaixo dela. Quando cheguei, vi que a cratera do míssil já estava cheia de terra e uma mureta havia sido restaurada. Mas marcas de fuligem ainda estavam presentes na ponte.

A estudante Anita Nikivorolova, que foi com um grupo de amigos ver como ficou a ponte, explicou o sentimento dos ucranianos. “Essa ponte foi construída com o aço de Azovstal”, disse, em referência à siderúrgica que por três meses foi o bastião da resistência ucraniana em Mariupol.

“É importante ela estar de pé. Eu acho isso muito simbólico, porque mostra que o povo ucraniano é resistente como o aço desta ponte”, disse.

Comecei a entender então que a coragem que esse povo demonstrou no começo da guerra não se arrefeceu, nem mesmo após tantas ameaças nucleares e chuvas de mísseis.


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O POVO BRASILEIRO PREFERE OS MÉTODOS DA DIREITA

 

A direita desperta
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília


Dezenas de milhões de brasileiros deixaram de lado o receio de manifestar visões políticas de direita.| Foto: Peter de Vink/Pexels.com

Até pouco tempo atrás no Brasil, intelectuais que defendiam publicamente valores conservadores tendiam a ser condenados ao ostracismo; discursos pró-vida e pró-família eram raros no Congresso; sociais-democratas eram chamados de “neoliberais”; defensores de um liberalismo autêntico não tinham voz em decisões sobre a economia do país; e os cidadãos de direita, receosos de manifestar sua opinião, eram sub-representados nas casas legislativas. Este período da história política nacional acabou.

O aumento expressivo no número de parlamentares direitistas eleitos em 2022 – quatro anos depois do pleito de 2018, que já tinha mudado a cara da Câmara e do Senado – mostra que o crescimento da direita no Brasil não é uma onda passageira, mas um fenômeno sólido. O conservadorismo se tornou uma alternativa política real. É possível que muitos dos congressistas eleitos na carona da nova direita abandonem o barco nos próximos anos – como já ocorreu na legislatura atual –, mas é inegável que visões de mundo silenciadas na opinião pública e na política por algumas décadas estão ganhando rapidamente espaço e representatividade.

E a nova composição do Congresso é somente a ponta do iceberg daquilo que ocorre na sociedade brasileira. O engajamento de grande parte da população em torno de um conjunto de valores de direita tem ficado evidente, por exemplo, em megamanifestações que levam milhões às ruas do Brasil, como a ocorrida no último dia 7 de setembro. Nas redes sociais e em alguns meios de comunicação, nunca houve defesa tão explícita e frequente de visões conservadoras.

Os canais de direita têm sucesso estrondoso no YouTube, a ponto de o sistema de recomendações da plataforma ter despertado preocupação na cúpula do Judiciário e em veículos de comunicação de esquerda. E são cada vez mais comuns as iniciativas de empresas de mídia, associações e ONGs com valores abertamente direitistas.

Nas igrejas cristãs, um movimento pela defesa de costumes e valores tradicionais ganha força. Pastores evangélicos, sacerdotes católicos e leigos com influência no mundo digital tornam acessíveis algumas ideias basilares da civilização ocidental que tendiam a ser sufocadas no ecossistema de comunicação anterior às redes sociais. O efeito no cenário político é evidente: os fiéis procuram candidatos que respaldem bandeiras condizentes com aspectos de sua fé.

Nos próximos dias, a Gazeta do Povo publica uma série de reportagens sobre o despertar da direita no Brasil. Neste primeiro artigo, explicamos como o fenômeno está sendo gestado há praticamente duas décadas e por que ele é mais do que uma onda momentânea.

Como a nova direita rompeu a espiral do silêncio no Brasil
Uma conjunção de fatores fez a nova direita brotar no Brasil, e há diferentes visões sobre que personagens e acontecimentos teriam sido mais importantes para isso; mas, qualquer que seja a opinião sobre a relevância de cada elemento na gestação do fenômeno, há dois fatores que não podem faltar na equação: as redes sociais e Olavo de Carvalho (1947-2022).

É responsabilidade de Olavo a introdução a intelectuais brasileiros de diversos autores consagrados do conservadorismo e de uma nova visão do próprio marxismo. O filósofo também foi eficaz em incentivar seus seguidores a romper a “espiral do silêncio”, isto é, a tendência das pessoas a não manifestarem sua opinião quando arriscam entrar em conflito com o pensamento aparentemente dominante. (O próprio conceito de espiral do silêncio, formulado pela cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann (1916-2010), foi popularizado no Brasil por Olavo de Carvalho.)

No começo dos anos 2000, com os meios tradicionais de comunicação de massa dominados pelo esquerdismo, a internet foi o caminho para romper a espiral do silêncio no Brasil. Uma pequena contracultura de direita surgiu nos porões da internet, seja em textos publicados na própria página oficial de Olavo de Carvalho, seja em revistas digitais e agregadores de blogs daquela época, como Wunderblogs, O Indivíduo e Digestivo Cultural, que reuniam um grupo de escritores talentosos com viés “conservador nos costumes e liberal na economia”. O politicamente incorreto era uma marca estilística de grande parte desses blogueiros.

O advento das redes sociais ajudou a disseminar ramos dessa pequena contracultura na sociedade. Para Eduardo Matos de Alencar, doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a internet permitiu a criação de uma “esfera pública alternativa”, expandindo, no Brasil, a “Janela de Overton” – isto é, a gama de posições políticas toleradas dentro da opinião pública.

“Durante algumas décadas, no Brasil, o debate público foi monopolizado pela esquerda. Em certo sentido, era direita aquilo que a esquerda classificava como tal, ou aquela posição que estava menos à esquerda do que aquilo que as personalidades mais importantes colocavam como centro da agenda esquerdista. Na janela da opinião pública que vai do totalmente aceitável, passando pelo inaceitável com reservas, até o totalmente inaceitável, a esquerda tinha monopólio e colocava o parâmetro do que seria uma direita permitida ou não. Quem não tinha determinada posição, quem saía do espectro do aceitável, era tachado como fascista, defensor de ditadura etc., o que gerava certo clima de medo e apreensão de cair nesse tipo de rótulo. Eram rótulos confirmados pelos ambientes intelectuais, reforçados pela mídia e intensificados pelas redes de opinião dominantes. Com as redes sociais, você criou a possibilidade de instituir uma nova esfera pública. O que você teve, no Brasil, foi o nascimento de uma esfera pública alternativa”, explica.

Como a esfera pública alternativa se massificou e consolidou a nova direita
As manifestações de junho de 2013 e, um pouco mais tarde, o apoio à Operação Lava Jato ajudaram a massificar essa esfera pública paralela. A aversão ao petismo foi se consolidando em grande parte da população, mas nenhuma das alternativas ao PT convencia como oposição.

“Aquilo que antes se chamava de direita não tinha grandes diferenças em relação ao petismo, principalmente na pauta de princípios ligados a questões sociais, e também ao papel do Estado na economia. Esse fato foi reconhecido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso quando o Bolsonaro assumiu. Ele declarou que o PSDB não tinha grandes diferenças ideológicas com relação ao PT. E agora a gente vê agora um tucano tradicional, o Alckmin, migrando para o PSB e se tornando o vice do Lula”, comenta o sociólogo Lucas Azambuja, professor do Ibmec-BH.

O fenômeno Jair Bolsonaro surge justamente diante dessa lacuna. Em 2014, ao ser reeleito deputado federal, ele triplicou sua votação em relação às eleições de 2010, recebendo mais de 460 mil votos. Seu estilo politicamente incorreto e sua ênfase nas pautas de costumes divergia do caráter insípido dos políticos que se ofereciam como oposição ao petismo até então. Durante a legislatura 2015-2018, Bolsonaro colecionou polêmicas e aparições na TV.

“A partir de todas as mobilizações que culminaram no impeachment da Dilma, formou-se um eleitorado não identificado com a esquerda ou com aquele espectro de centro-esquerda formado principalmente pelo PSDB. Começou a haver uma autoidentificação de direita na população, e o Bolsonaro soube captar a preferência do eleitorado, que se identificou com a postura e o discurso dele”, diz Azambuja.

A nova direita não é, no entanto, uma mera onda política liderada por Bolsonaro e pelos novos congressistas eleitos. O fenômeno político é relevante, mas é somente a manifestação mais superficial de uma mudança cultural em curso.

As redes sociais ajudaram milhões de pessoas a saltar a barreira do esquerdismo dominante nos meios de comunicação e ter acesso a ideias conservadoras nos perfis de fenômenos como Ítalo Marsili, Ícaro de Carvalho, padre Paulo Ricardo, André Valadão, Bárbara Destefani (do canal Te Atualizei) e Bernardo Küster. O que antes eram ideias restritas a blogs de nicho voltados a intelectuais direitistas se disseminou a milhões de brasileiros em um estilo mais popular.

Também são cada vez mais comuns e bem-sucedidas as empresas de mídia que sustentam convicções como a defesa da vida, o valor da família e a liberdade econômica – caso de meios jornalísticos como a própria Gazeta do Povo, a Jovem Pan e a Revista Oeste, ou de plataformas como a Brasil Paralelo. Há cerca de dez anos, opiniões de direita minguavam nos grandes meios de comunicação, e o fenômeno dos influenciadores de direita com milhões de seguidores era impensável.

A nova direita ainda depara, no entanto, com algumas barreiras importantes, que dificultam colocá-la em pé de igualdade com a esquerda no campo da opinião pública. Uma delas é a falta de um partido autenticamente direitista, baseado em convicções, e não na conveniência política do apoio ao presidente Jair Bolsonaro, como foi o caso do PSL e é, hoje, o do PL.

Outra barreira – a mais importante e resistente delas, aliás – é a hegemonia esquerdista dentro das universidades, especialmente no que se refere ao campo das humanidades. “É um ambiente muito fechado em si mesmo. É muito difícil, hoje, ainda mais depois do governo Bolsonaro, algum doutor declaradamente de direita passar em um concurso para lecionar em uma universidade pública, por exemplo”, diz Alencar. “A direita precisa criar espaços, criar instituições. Talvez uma das formas para facilitar isso, do ponto de vista institucional, seja o governo ser mais liberal em relação à possibilidade de criar cursos”, complementa.


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A CHINA NÃO É A MESMA PODEROSAMENTE NA ECONOMIA

 

Por
Marcos Tosi – Gazeta do Povo


| Foto: Pixabay

A época das vacas gordas nas trocas comerciais entre Brasil e China pode estar ameaçada pelos números do PIB do gigante asiático. A previsão do Banco Mundial é de que a China cresça apenas 2,8% neste ano, contra média de 7% entre 2016 e 2020 e acima de 10% entre os anos 90 e o início dos anos 2.000. Estima-se que até 2049 o crescimento do PIB chinês deverá ficar entre 2,7% e 4,2% ao ano. Reportagem desta Gazeta do Povo mostrou que pela primeira vez desde 1980 o PIB brasileiro pode crescer mais do que o PIB chinês.

Sintomático da nova realidade, pela primeira vez o plano quinquenal de desenvolvimento da China, o 14º, referente ao período entre 2021 e 2025, não fala em percentual de crescimento do PIB. “A China que crescia a taxas de dois dígitos não existe mais. O país tem um problema demográfico instalado, com a população predominantemente masculina e taxa de natalidade extremamente baixa. Em segundo lugar, a economia chinesa tem alta dependência do governo para crescer. A taxa de investimento do governo chinês era em média de 40% do PIB. A média de qualquer governo no mundo é de 15%, quando muito 20%. Sabíamos que a economia chinesa ia ter que aterrissar uma hora, a pergunta-chave era quando isso iria acontecer”, sublinha José Carlos de Lima Júnior, especialista em negócios com a China da consultoria Markestrat.

Desde 2009, quando desbancou a posição centenária dos Estados Unidos como maior parceiro comercial do Brasil, a China quebrou recorde após recorde nas trocas comerciais com o parceiro sul-americano. O Brasil exporta hoje sessenta vezes mais para a China do que em 2001, quando o país asiático entrou para a Organização Mundial do Comércio (OMC).

De menos de US$ 1,08 bilhão por ano, a conta de pagamento dos chineses chegou em 2021 a US$ 60,1 bilhões, representando mais de 30% de tudo o que é exportado pelo Brasil. No agronegócio, a participação é ainda maior. Sozinha, a China é destino de quase 40% das exportações brasileiras do setor e, em contrapartida, de tudo o que eles compram de alimentos, 20% vêm do Brasil, seu maior fornecedor.

Brasil e China, um casamento histórico e geográfico
“É como se fosse um casamento obrigatório, sem muito direito de escolha. Um casamento que se deu pela história, pelo fato de o Brasil ter feito uma revolução agrícola nos anos 70 e, na mesma época, a China fez uma revolução manufatureira. E foi também um casamento pela geografia, porque eles não têm recurso natural, então, precisam comprar certos produtos”, aponta Marcos Jank, professor de Agronegócio Global do Insper que viveu os últimos quatro anos na Ásia, apoiando a expansão da BRF no continente.

Além de comprar pesadamente, a China também investe forte no Brasil. A China Global Investment Tracker estima que o Brasil, com US$ 46,4 bilhões, foi o país que mais recebeu investimentos chineses no mundo em 2021, 13,6% do total. Na contramão, os investimentos do país asiático nos Estados Unidos caíram 27% e, na Austrália, 70%. De tudo o que os chineses investiram na América do Sul, 48% ficaram no Brasil, seguido pelo Peru (19%), Chile (12%) e Argentina 8%).

Principais destinos dos investimentos chineses no mundo em 2021

Fonte: CGIT. Mais infográficos

É preciso, contudo, ficar de olho nas diretrizes de Pequim. Na “teoria da circulação dual”, as autoridades chinesas pretendem dar atenção especial à circulação interna de bens e serviços, com ênfase na necessidade de autossuficiência em vários setores e reforço das capacidades tecnológicas internas. A circulação externa, contudo, segue estratégica, com ampliação de presença de capital chinês em outros países e conclusão de acordos comerciais, como o da Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP), assinado com 14 economias asiáticas, incluindo o Japão e a Coreia do sul.

Chineses compram do Brasil quase o triplo dos americanos
O cenário ganha relevância devido à sinodependência da economia brasileira. Em 2021, as trocas comerciais com os chineses representaram 67% do superávit da balança, de US$ 61,2 bilhões, que foi um recorde histórico. Os chineses gastam praticamente o triplo em compras do Brasil do que os americanos, que estão em segundo lugar (US$ 84,4 bilhões contra US$ 29,5 bilhões em 2021). Atualmente, quase 70% da soja brasileira tem como destino a China. Os chineses também levam 52% dos embarques de carne bovina, 48% das exportações de carne suína e 15% do frango.

Tanta dependência pode criar situações tensas, como a vivida há um ano no mercado de carne vermelha. Os chineses ficaram quase dois meses sem comprar o produto brasileiro, após casos suspeitos de “mal da vaca louca”. A questão sanitária teria sido uma desculpa para mandar um recado diplomático, de que a China não é dependente do alimento brasileiro e não tolera ataques como os feitos pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que, entre outras coisas, chamou o coronavírus de “comunavírus”.

“Não é muito inteligente ficar chutando seu cliente. A gente tem que negociar sim, duramente, tem que abrir mercado, fazer as coisas baseadas em ciência, conhecimento, previsibilidade, confiança e transparência. Mas a verdade é que se não fosse a China, o agro brasileiro não teria feito o que fez nos últimos vinte anos”, pondera Jank.

Nos últimos quatro anos, Marcos Jank representou diversas entidades exportadoras do agronegócio brasileiro no continente asiático| Divulgação
Hora de diversificar clientes e diminuir sinodependência
Apesar da “inevitabilidade” do casamento sino-brasileiro, Jank entende que o momento exige iniciativas, tanto do setor público como do privado, para diversificar e agregar valor às exportações para a China e, ao mesmo tempo, diminuir a dependência do país em relação a um único parceiro asiático. E muitas das oportunidades estão naquela mesma região. Algo que já está nos radares do planejamento do governo federal desde 2018, conforme o documento Estratégia de Desenvolvimento Econômico e Social (Endes 2020-2031), que afirma que “o deslocamento do eixo dinâmico da economia global para o leste, prenunciando o que se convencionou chamar de ‘século asiático’ é um fenômeno histórico que o Brasil não pode ignorar. (…) Por conta disso, o Brasil persegue o estreitamento dos laços políticos e econômico-comerciais com os países asiáticos, e também com os países africanos e do Oriente Médio. ”.

As oportunidades estão em países como a Indonésia, com 273 milhões de consumidores, Tailândia, Filipinas, Vietnam e a Índia, que com seus 1,38 bilhão de habitantes, é um caso à parte. As exportações anuais para a Índia, US$ 2,15 bilhões em 2021, ainda são uma pequena fração do montante enviado à China. “A Índia é outro país superpopuloso, com grande potencial de mercado, ainda fechado e que não compra quase nada da gente. Precisamos buscar esses mercados”, afirma Jank.

Lima Júnior também vê potencial nos outros países asiáticos. Nenhum vai substituir o protagonismo da China, mas a balança pode ficar um pouco mais equilibrada. “A Índia com certeza vai ocupar um lugar de destaque na importação de alimentos. Dificilmente ela vai passar por uma revolução agrícola como o Brasil passou, apesar de ter área agricultável. A própria lógica das castas acaba limitando o acesso à terra, ao crescimento do indiano dentro da sociedade, enquanto empresário”, salienta o consultor.

Desafio de se vender, e não apenas “ser comprado”
O desafio ao agro brasileiro, assim, é cada vez ser menos “comprado”, passando ativamente a “se vender” lá fora. Essa mudança de chave já começa a ocorrer, na medida em que as novas gerações vão assumindo a gestão das propriedades. “Eles estão mais preocupados não só em ter um sistema de produção muito mais amigável, em relação ao meio ambiente e à sociedade, mas também em ter um produto que seja bem remunerado. E estão procurando outros mercados, saindo um pouco dessa postura de ser quase sempre demandado, de produzir e ter certeza que a China vem e compra”, argumenta Lima Júnior.

Em outra frente, é preciso ter políticas de Estado bem definidas. “Qual é o horizonte que a gente quer para o agro? É ser produtor de alimentos ou vamos industrializar? Acho que a função do governo é criar uma estrutura jurídica e institucional, que o país decida o que quer ser daqui a 100 anos e crie o ambiente de negócios necessário para o setor privado investir”, salienta o consultor da Markestrat. Essas políticas de Estado deveriam trazer mais previsibilidade e confiança. Ele cita o RenovaBio, criado em 2017 para diminuir o consumo de combustíveis fósseis e fomentar os biocombustíveis. “Em questão de um mês da aprovação, o governo já queria fazer um monte de emendas e penduricalhos”, observa.

| Rafael Cautella / Divulgação Markestrat
Outro exemplo de mudança de regras no meio do jogo está no que aconteceu com a reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Nos anos 70 e 80 o governo incentivou os produtores do Sul do país a subirem o mapa e desenvolver o estado de Roraima. “Mas no início dos anos 2.000 o STF entendeu que a área fosse demarcada como reserva indígena, fazendo desaparecer, da noite para o dia, a maior produção de arroz do Brasil que se desenvolveu em Roraima. Os produtores que foram para lá desenvolver uma área, por chamada do governo, por oportunidade criada, se tornaram ocupadores. Essa instabilidade jurídica joga contra o agro”, enfatiza Lima Júnior.

Forte urbanização garante nível elevado de consumo na China

Estudo do Centro Empresarial Brasil-China (CEBC) aponta que o gigante asiático se encontra à porta da nova economia baseada em conhecimento, após ter se tornado a segunda economia mundial (a primeira em poder de paridade de compra), alcançar status de país de renda média alta (PIB per capita de US$ 10 mil), chegar a uma taxa de urbanização de 59% e ver o setor de serviços ultrapassar a indústria na proporção do PIB.

“A China tem hoje não somente a maior população de idosos do mundo, mas também é a sociedade que passa por um dos mais rápidos processos de envelhecimento. Há, contudo, tendências em curso que podem mitigar o problema do envelhecimento: a adoção da inteligência artificial poderá substituir 280 milhões de trabalhadores; a urbanização, partindo de 59% em 2018 para 80% em 2049, pode garantir crescimento contínuo do consumo, já que a renda per capita nas cidades é o dobro daquela nas áreas rurais”, diz trecho do estudo do CEBC, assinado pela economista Tatiana Rosito, que foi ministra-conselheira e encarregada de negócios na Embaixada do Brasil em Pequim, e representante da Petrobras na China.

Na análise da economista, tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China, é o que importa ou pode importar, e como construir canais estáveis e eficientes para absorver novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente. “A China desponta cada vez menos como competidora e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, inclusive de como a ação governamental concertada pode estimular a transformação estrutural e a diversificação econômica”, aponta Rosito.

Diversificar exportações depende do Brasil

O aumento da renda do consumidor chinês, e a sofisticação de seus hábitos, abre oportunidades para produtos com maior valor agregado do Brasil. Mas isso não deve ocorrer sem esforço e estratégia assertiva. “Não será por decisão do governo chinês ou das operadoras econômicas chinesas que nós diversificaremos as nossas exportações, isso depende de nós. São muitas as oportunidades, mas não são laranjas maduras na beira da estrada. Nós temos que fazer um esforço”, afirmou o embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquista, durante a última conferência anual do CEBC.

A conferência concluiu que os setores de agronegócio e as commodities minerais e energéticas, em que o Brasil tradicionalmente compete com grande eficiência, continuarão a ter um grande mercado na China. No entanto, a “servicificação” da economia chinesa deverá criar oportunidades para outros países em desenvolvimento. Documento do FMI, de três anos atrás, já previa este cenário: “Se a China for capaz de começar a próxima fase de transformação estrutural, de um país industrial para pós-industrial, uma economia baseada em serviços modernos, sem cair na armadilha da renda média, isso permitirá que outros países menores preencham o espaço deixado na manufatura. O processo poderá se beneficiar se outros países, como o Brasil, forem capazes de se livrar da armadilha da renda média em que caíram”. *Armadilha da renda média é a estagnação de um país num nível intermediário de desenvolvimento.

30 anos de parceria estratégica com a China
Em 2023 se comemorarão os 30 anos da parceria estratégica Brasil-China, estabelecida em 1993 durante visita ao Brasil do então secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin. Para Tatiana Rosito, a fraca presença comercial e de investimentos brasileiros na China e no seu entorno é um fator de preocupação. Além disso, em artigo publicado na revista Interesse Nacional, a economista avalia que a intenção chinesa de aumentar a autossuficiência e a segurança alimentar e energética “deveria servir de incentivo para a negociação de acordos comerciais e regulatórios bilaterais que consolidem e ampliem os mercados conquistados, evitando retrocessos”.

Assim, o Brasil precisa se esforçar para não ser apenas um fornecedor, mas alcançar reconhecimento de suas marcas, da qualidade e sustentabilidade de seus produtos diante dos afluentes consumidores chineses e asiáticos. “No momento em que a China volta todas as suas energias para a inovação tecnológica com o objetivo de alcançar segurança e liderança em setores-chaves – em alguns dos quais o Brasil tem relevância global, como em alimentos, novas energias e florestas –, é importante dinamizar a parceria e ampliar trocas e contatos. Uma estratégia para a Ásia é tão importante quanto uma estratégia para a China. O Brasil já tem portas importantes na região, não somente bilaterais, mas também com a Asean e através dos Brics. No ano em que a parceria estratégica Brasil-China completará 30 anos, caberá ao governo eleito no Brasil avaliar mudanças e continuidades na definição do interesse nacional”, conclui Rosito.

No curto prazo, as crises geopolíticas no Leste Europeu e na Ásia, devido à Guerra da Ucrânia e os problemas da China com Taiwan, acabaram criando oportunidades para o Brasil. Em 2023, os chineses devem aumentar as compras de milho brasileiro e americano, por exemplo, já que os tradicionais fornecedores, Ucrânia e Rússia, estão se digladiando. O milho importado será necessário dentro do programa de substituição das criações suínas de fundo de quintal – dizimadas pela peste suína africana – por granjas modernas. “Granja moderna usa milho e soja, não usa restos de cozinha na alimentação”, aponta Marcos Jank.

O especialista em Ásia resume o cenário: “Para onde vai hoje o investimento no mundo? Tenho certeza que o pessoal está muito mais cauteloso com Rússia, com Leste Europeu e com a China. Se a gente se mostrar bastante confiável, e no agro somos bastante confiáveis, podermos sair desse processo com grandes oportunidades”.


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O PT SÓ PENSA EM FAZER EXPURGO DOS SEUS INIMIGOS

 

Autoritarismo

Por
Leonardo Coutinho – Gazeta do Povo


José Dirceu citou Polônia e Hungria ao falar da possibilidade de reeleição de Bolsonaro, mas não considera que ditaduras de esquerda sejam regimes autoritários| Foto: EFE/Joédson Alves

Em sua aparição mais recente nas redes sociais, o petista José Dirceu usou países com clara erosão democrática para se referir ao risco de Jair Bolsonaro ser reeleito e com os “superpoderes” de uma maioria no Congresso. Para Dirceu, que já foi presidente do PT, ministro de Estado e foi condenado como chefe da quadrilha do Mensalão, Bolsonaro pode repetir o que foi feito na Polônia e Hungria, onde os governantes tomam medidas cada vez mais autocráticas. A lista de Dirceu é curtinha, só inclui os dois países do Leste Europeu, por se tratar de “ditaduras de direita”.

A decisão não pode ser enquadrada como esquecimento ou oportunismo. O líder petista não considera como autocráticos regimes ditatoriais que perseguem, prendem e matam em nome da revolução socialista ou do comunismo. Cuba? China? Venezuela? Nicarágua? Coreia do Norte? Não há necessidade alguma de estender mais a lista de países que contam com a solidariedade petista, pois, afinal, “são resistência”, como muitas vezes são tratados militantes e documentos oficiais dos partidos provenientes do mesmo meio de cultura onde se reproduzem legendas e ideias como as do PT.

Dirceu cita um terceiro país, mas com ressalvas. Para ele, o presidente turco Recep Erdogan não pode ser colocado no mesmo balaio do húngaro Viktor Orbán ou do polonês Mateusz Morawiecki. Para Dirceu, Erdogan “fez o que tinha que fazer” depois de um golpe militar. Expurgou quem tinha que expurgar.

Como se vê no vídeo, a palavra expurgo causou excitação. “Essa palavra expurgo, eu gosto. Eu gosto”, disse o apresentador. “Eu sei, por isso já atenuei”, emendou Dirceu.

Não se pode inferir se a celebração do expurgo se refere ao passado distante, quanto Stálin (que é a referência ideológica da turma) liderou um processo de perseguição política, ideológica e cultural que resultou na morte de pelo menos 750 mil pessoas. Muitas delas companheiros revolucionários que concordavam com os rumos impostos pelo ditador, artistas, militares (entre os quais alguns generais, almirantes e mais de uma centena de comandantes).

Tampouco pode-se afirmar que se referiam aos expurgos como os comandados por Fidel Castro, que mandou para o paredão o seu maior general e alguns de alguns de seus amigos revolucionários, para limpar a imagem de que o regime fazia uso do tráfico de cocaína como fonte de receita e estratégia militar. O narcotraficante Fidel matou seus comparsas para proteger a própria biografia.

Também não dá para saber se estão celebrando os expurgos recentes que o amigão Daniel Ortega tem promovido em seu país. Além de perseguir padres, bispos, jornalistas e opositores, o ditador não poupa sequer ex-companheiros revolucionários que se atreveram a questionar seus atos de violência e perseguição política.

Fica mais sombrio ainda pensar que eles podem estar falando deles mesmos. De como eles lidaram, lidam ou lidarão com companheiros incômodos.

Por fim, não se pode excluir uma visão de futuro. Um projeto, ao que parece, irá passar bem longe das fileiras petistas. A referência ao processo turco dá as pistas. Dirceu e sua turma acham que, num eventual terceiro mandato de Lula, o expurgo é o caminho para se sedimentar no poder. Alguns poderão entender como vingança. Outros, como revanche. Mas, ao final, será um expurgo. Apenas um expurgo.

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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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