Crise sem fim Argentinos passam venezuelanos em número de migrantes para a Espanha
Por Fábio Galão – Gazeta do Povo
A então presidente argentina Cristina Kirchner (hoje vice)
cumprimenta o então ministro das Relações Exteriores da Venezuela,
Nicolás Maduro (atualmente ditador do país), em encontro em Buenos Aires
em 2011| Foto: EFE/Emiliano Lasalvia
O caos econômico, político e
social gerado pelo chavismo fez cerca de 6,5 milhões de pessoas
deixarem a Venezuela desde 1999, fluxo comparável ao de países em
guerra.
Superar algum índice de migração venezuelano denuncia o quão grave a
situação de um país está, e a Argentina, onde a inflação descontrolada
corrói a renda e a instabilidade econômica empurra os trabalhadores para
a informalidade, conseguiu: no ano passado, a chegada de argentinos à
Espanha superou a de venezuelanos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol,
32.933 argentinos migraram para o país europeu em 2021, um aumento de
65,8% em relação a 2020.
No ano passado, 27.875 venezuelanos chegaram à Espanha. Tanto o país
de Nicolás Maduro quanto a Colômbia, o país sul-americano com maior
migração para o território espanhol, mantiveram tendência de queda,
enquanto a Argentina (veja gráfico) teve redução expressiva em 2020
(19.857 argentinos migraram para a Espanha), primeiro ano da pandemia,
mas depois apresentou em 2021 patamar superior ao de 2019 (quando haviam
sido registrados 31.306 migrantes).
Migração Países sul-americanos que mais enviaram migrantes para a Espanha nos últimos anos
Fonte: Instituto Nacional de Estatística da Espanha. Infografia: Gazeta do Povo.
O número argentino de 2021 é o mais alto do país desde 2008, ano em
que o INE começou a divulgar estatísticas de imigração. Desde 2009 a
saída de argentinos para a Espanha não superava a de venezuelanos.
No ano passado, Colômbia e Argentina ficaram em segundo e quarto
lugares, respectivamente, na lista de países em todo o mundo que mais
enviaram migrantes para a Espanha – o Marrocos, com 60.436 pessoas, e o
Reino Unido, com 34.642, ficaram em primeiro e terceiro.
Entretanto, o historiador Xosé Manoel Núñez Seixas, professor da
Universidade de Santiago de Compostela, alertou em entrevista ao jornal
Clarín que os números da migração argentina podem ser ainda maiores,
porque muitos cidadãos com dupla cidadania do país governado por Alberto
Fernández ingressam em território espanhol com passaportes europeus –
espanhol ou italiano, principalmente.
Apesar desse fluxo sem paralelo na história recente, Seixas destacou
que a instabilidade política e econômica que a Argentina enfrenta há
décadas já gerou outros momentos de grande migração para a Espanha, o
que permitiu a criação de uma forte rede de apoio para os
recém-chegados.
“[Tivemos] Aqueles que chegaram fugindo da ditadura [entre 1976 e
83]; os que chegaram fugindo da grande inflação [década de 1980]; os que
chegaram em 2001, 2002, 2003. Eles estão aqui há 20 anos, estão bem
estabelecidos. É um gotejamento contínuo. Isso gera ‘camadas’ de
imigrantes estabelecidos que servem de ponte para que outros cheguem”,
explicou o professor.
Leandro Lázaro, um dos fundadores do grupo de acolhida Argentinos
pela Espanha, emigrou há 21 anos. Em entrevista ao site espanhol
Vozpópuli, ele lamentou que a crise sem fim na Argentina siga levando
milhares de compatriotas a escolher o mesmo caminho – e projetou que os
números devem continuar crescendo.
“Temos pouco a dizer sobre a economia, já se sabe tudo. Uma inflação
sem precedentes e insustentável, que está levando nosso país à ruína. E
isso, por sua vez, acaba levando à insegurança, que antes era
característica de apenas alguns bairros específicos, [mas agora] se
tornou algo generalizado em todo o país, porque a pobreza está nas
ruas”, criticou Lázaro. “Quem quer viver em um país prestes a explodir?”
Eleições 2022 Entenda o caso que opõe Lula e Renan a Arthur Lira Por Gazeta do Povo
Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas e candidato à reeleição.| Foto: Reprodução/Twitter
Na
quinta-feira (13), a Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de
Justiça) manteve o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas
(MDB), até o final de seu mandato, em 31 de dezembro. A medida pode ter
impacto direto nas eleições no estado: Dantas, que concorre à reeleição,
é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele disputa o segundo turno do pleito contra Rodrigo Cunha (União
Brasil), que se declarou neutro na eleição presidencial. Cunha tem o
apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que é
aliado de Jair Bolsonaro (PL).
No primeiro turno, Dantas largou em vantagem: ele obteve 46,64% dos
votos, contra 26,79% de Cunha. Lula também venceu em Alagoas, com
56,50%, frente a 36,05% de Bolsonaro.
Uma das estratégias do petista é tentar ampliar sua votação no
Nordeste, região em que venceu em todos os estados. No segundo turno,
Lula tem visitado capitais nordestinas. Nesta semana, o candidato esteve
em Aracaju (SE), Salvador (BA) e em Maceió (AL). Na sexta (14), o
destino foi Recife (PE).
Bolsonaro, por outro lado, tenta diminuir a diferença no Nordeste. O
presidente, porém, enfrenta a falta de palanques nos principais estados
da região. Na Bahia, ACM Neto (União Brasil), que disputa o segundo
turno contra o petista Jerônimo Rodrigues, não declarou apoio a
Bolsonaro. Em Pernambuco, a situação é semelhante: Raquel Lyra (PSDB),
que enfrenta Marília Arraes (SD, apoiada por Lula), se declarou neutra
nas eleições para presidente.
Em todo o país, Lula obteve 48,43% dos votos, 6,18 milhões a mais do que Bolsonaro (43,20%).
Por que Dantas foi afastado
O afastamento ocorreu após uma decisão monocrática da ministra
Laurita Vaz, no âmbito de uma investigação sobre a suposta participação
de Dantas em uma organização criminosa que desviou R$ 54 milhões em
salários de servidores fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Na terça-feira (11), além do afastamento, a Polícia Federal (PF)
cumpriu mandados de busca e apreensão em vários endereços, incluindo a
sede do governo e a casa de Dantas.
Segundo a PF, o esquema teria continuado mesmo depois de o candidato
deixar o cargo de deputado estadual para assumir o governo de Alagoas.
A Corte Especial do STJ, que acompanhou a decisão de Vaz, entendeu
que o afastamento era necessário para que não houvesse interferência nas
investigações.
Renan Calheiros e Lula defendem Dantas Na terça-feira, Dantas e
outros políticos reagiram à operação, deixando clara a inimizade entre
Renan Calheiros (MDB), aliado de Lula, e Arthur Lira, ambos figuras
importantes no estado.
Por meio de nota, Dantas classificou o caso como “grotesco”, e disse
que a ação era uma “encenação”. “Revela-se grotesca a ‘ação’ – na
verdade, ‘encenação’ – de uma ala da Polícia Federal, que permitiu ser
aparelhada para atender interesses político-eleitorais, tentando dar um
golpe na minha candidatura à reeleição de governador de Alagoas para
favorecer o candidato de Arthur Lira, Rodrigo Cunha”, diz o texto.
O senador Renan Calheiros, aliado de Dantas, disse, nas redes
sociais, que Alagoas é “vítima do uso político da PF e do abuso de
autoridade”. Calheiros afirmou que, em outubro, pediu a troca do
superintendente da PF no estado, porque ele seria “cabo eleitoral de
Arthur Lira, que sonha com a Gestapo”. A Gestapo era a polícia política
da Alemanha nazista.
“A perseguição ao governador Paulo Dantas remonta a 2017, é da
competência estadual. Foi parar no STJ por uma armação de Lira e lá
perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra
bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso”, acusou
Calheiros.
Também na quinta (13), Lula esteve em Alagoas para ato de campanha.
Durante comício em Maceió, o petista defendeu Dantas. “Algumas pessoas
falavam ‘Lula, não vai lá não, porque tem um candidato que foi
condenado’. Quero dizer para vocês: eu jamais deixarei um companheiro no
meio do caminho”.
O ex-presidente também comparou a operação contra Dantas à Lava Jato.
Em 2018, Lula foi preso por condenações no âmbito da operação e, com
isso, ficou impedido de disputar as eleições presidenciais. As
condenações foram anuladas em 2021 pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo o ex-presidente, a decisão do STJ, contra Dantas, parece ter
“a mesma finalidade” da sua condenação pela Lava Jato. “Por que fui
condenado? Exatamente para evitar que eu fosse candidato em 2018”,
completou, repetindo a narrativa de que foi perseguido pela Lava Jato.
Adversário de Dantas nas eleições, Rodrigo Cunha aproveitou o
episódio para atacar o oponente. Na quinta (13), ele afirmou que Paulo
Dantas “se mostra o discípulo perfeito da turma com quem anda”.
“Nem Alagoas, nem o Brasil merecem andar de mãos dadas com a
corrupção. Não dá para aceitar retrocesso. Nem no nosso país, nem no
nosso estado”, completou.
Na sessão da Corte Especial, Laurita Vaz disse que o caso foi
analisado sem pressa, e que as críticas são “discursos vazios”. “Não é
difícil constatar que tudo foi conduzido dentro da normalidade. Se
tivesse me curvado à expectativa, sentado em cima dos autos, esperando
as eleições, aí sim estaria agindo com viés político”, afirmou a
ministra.
Também nas redes sociais, Arthur Lira rebateu as acusações de Calheiros, dizendo que o senador “não toma jeito”.
“Toda vez que ele ou alguém de seu grupo é apanhado praticando o
malfeito, me acusa para tentar encobrir suas safadezas. Foi o STJ que
viu fortes indícios de corrupção e determinou o afastamento do
governador de Alagoas”, disse.
Esplanada dos Ministérios, Brasília.| Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Partindo
da obviedade de que uma eventual vitória de Lula no dia 30 de outubro
trará ao Brasil uma enxurrada de tragédias, convido o leitor a fazer um
recorte mais específico para a Esplanada dos Ministérios, onde são
elaboradas e executadas a maioria das políticas públicas do governo
federal. Aqueles que se arriscarem no angustiante exercício de pensar o
que tanto mudaria da gestão Bolsonaro para um novo mandato petista,
certamente chegariam à correta conclusão de que nenhum outro ministério
passaria por uma deformação tão intensa quanto o de Direitos Humanos.
Seria como água e óleo, dia e noite ou qualquer outra dicotomia que
ilustre como a chegada de uma realidade substitui completamente a outra,
numa separação total, sem nada aproveitar, dada a diferença quase
ontológica entre uma linha de pensamento e outra. Não é exagero dizer
que o abismo a separar as duas gestões seria ainda mais profundo do que
aquele que afetaria o ministério da Educação, no qual as discrepâncias
também não seriam nada desprezíveis.
No final de 2018, quando Damares Alves foi convidada a assumir a
pasta, alguns amigos estiveram à frente da idealização do novo
ministério. Testemunhei de perto que o seu nascimento passou longe de
ser mera troca de equipe, como se a nova turma fosse apenas executar “no
automático” aquilo que já se fazia. Isso foi o que aconteceu na
transição FHC-Lula, mas agora tratava-se de uma verdadeira revolução
conceitual. Pela primeira vez desde a redemocratização, a agenda da
pasta não seria mais ditada por ONGs progressistas – a maioria delas de
fora do país – que acentuam a radicalismo de suas pautas ano após ano.
Dessa vez fez-se o que sempre deveria ter sido feito: partiu-se da
Constituição Federal, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e de
outros tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a
Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamada de Pacto de São
José da Costa Rica, e a Convenção de Viena, de 1993.
Foi desse sólido fundamento que surgiu a ideia de destacar no nome do
próprio ministério a instituição da família e a mulher, resultando no
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Não foi por
marketing, mas por coerência e opção de foco. O tema da mulher merece um
artigo futuro específico, mas no caso da família é na Constituição que
se encontram afirmações como “a família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado”. Mesmo assim, nas gestões tucana e petista o tema,
quando não era frontalmente repudiado, conseguia no máximo ser tratado
de modo tangencial, limitando-se a distribuição de benefícios
financeiros, como o Bolsa Família, ou àquilo que chamavam de
planejamento familiar, e que na prática nunca foi além da simplória
disseminação de formas para evitar filhos. Só se falava na instituição
familiar propriamente dita quando o objetivo era “desconstruí-la”,
apresentando a família tradicional, formada por pai, mãe e filhos, como
uma realidade distante, anacrônica, e intrinsecamente preconceituosa. É
claro que essa visão era verbalizada com mais frequência pelos mais
extremistas dentro do antigo MDH, e eles nunca foram poucos, já que essa
era justamente a pasta na qual o petismo alocava seus radicais. Era a
válvula de escape para os histriônicos da Esplanada em sua insaciável
necessidade de acenar à militância.
Aqueles que se arriscarem no angustiante exercício de pensar o que
tanto mudaria da gestão Bolsonaro para um novo mandato petista,
certamente chegariam à correta conclusão de que nenhum outro ministério
passaria por uma deformação tão intensa quanto o de Direitos Humanos
Na gestão Bolsonaro, sob a chefia de Damares, o ministério ganhou
pela primeira vez em sua história uma Secretaria Nacional da Família e
a implementação de políticas para a família passou a ser tratada como
prioridade absoluta, uma visão muito mais condizente com o que a
Constituição de 88 estabeleceu. A equipe técnica que lá trabalhou por
esses quase quatro anos foi escolhida a dedo entre os maiores
especialistas no assunto e, graças à visão mais ampla e profunda do
tema, não se limitavam a ver a família como mera receptora de benefícios
sociais e instruções pré-fabricadas em gabinetes de ideólogos. Eles
estudaram a realidade familiar no Brasil, sua história, sua importância
na sociedade e as consequências nocivas de sua gradativa
desestruturação. Foi assim, usando a razão, que se chegou a iniciativas
absolutamente inovadoras como a Estratégia Nacional de Fortalecimento
dos Vínculos Familiares, o Programa de Equilíbrio Trabalho-Família e o
Reconecte, que destaca o problema do uso imoderado de novas tecnologias
nas relações familiares – telas demais e convívio de menos.
Conseguem imaginar projetos com esse grau de sensibilidade e clareza
sobre as famílias brasileiras vinda de uma gestão Lula? Óbvio que não,
pois o que veio daquele ministério nos tenebrosos 13 anos em que o PT
esteve no poder foram coisas como o Plano Nacional de Direitos Humanos
(PNDH-3), que, entre outras bandeiras peculiares, propunha o relaxamento
da ação policial contra usuários de drogas, a “desconstrução da
heteronormatividade” e defendia oficialmente a descriminalização do
aborto “considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus
corpos”. Aliás, trazer no currículo provas robustas de que se tratava de
um notório defensor do aborto parecia ser critério essencial na seleção
de ministros para a pasta. Foi o caso, por exemplo, da inesquecível
Maria do Rosário (2011 – 2014). No caso de concretização do pesadelo de
um novo mandato para Lula, quem desponta à frente para assumir o MDH é o
deputado federal comunista Orlando Silva (PCdoB-SP), que fracassou em
se reeleger. Silva é o atual presidente da Comissão de Direitos Humanos
da Câmara e protagonizou uma das polêmicas mais intensas da atual
legislatura como autor do Estatuto das Famílias do Século XXI, proposta
que, na prática, legalizava o incesto e a poligamia no Brasil.
Colocar o PT de volta no comando do Ministério de Direitos Humanos,
portanto, significa expulsar a instituição familiar para bem longe das
preocupações do Estado. A única família que interessa para Lula e o
consórcio de interesses que o apoia é aquela que se lembra do Bolsa
Família e vota treze, sem dar um pio sobre as agressões do petismo
contra tudo o que os pais e mães zelosos consideram mais sagrado.
Crimes e desvios E o que pode mudar isso Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
As organizações municipais são o braço do poder público com o maior grau de exposição à corrupção| Foto: EFE/Fernando Bizerra
A
corrupção, que costuma no Brasil ser relacionada a grandes esquemas e à
esfera federal, se reproduz com intensidade em menor escala, no âmbito
das prefeituras e das câmaras de vereadores. As organizações municipais
são o braço do poder público com o maior grau de exposição ao problema,
segundo pesquisa elaborada no ano passado pelo Tribunal de Contas da
União (TCU). Os desvios envolvem, entre outras fontes de recurso, verbas
de origem federal, como as do Fundo de Participação do Municípios (FPM)
e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Para especialistas, o quadro se explica pela falta de capacitação dos
gestores locais e também por uma ainda pequena cultura de transparência
no poder público.
Segundo o TCU, menos de 2% das organizações públicas do país
possuem um sistema de proteção adequado contra a corrupção e 82% das
instâncias de poder do Brasil detêm risco alto ou muito alto de serem
atingidas pelo crime. O Poder Legislativo municipal é o ponto de maior
fragilidade.
“Essas informações do relatório para nós são mais do que óbvias e as
recebemos sem nenhuma surpresa”, afirmou o economista Bernardo Mota,
presidente do Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e
ao Financiamento do Terrorismo (IPLD-FT). Segundo ele, o quadro se dá
porque “não há um modelo padronizado de transparência e governança para
todos os municípios”.
“Existe um quadro de falta de preparação para o combate à corrupção,
com falta de preparo dos agentes que deveriam coibir o problema. É fácil
para o político enganar a população”, apontou a advogada Manuella
Mácola.
Como funciona a corrupção local Os mecanismos pelos quais a
corrupção se desenvolve na esfera municipal não são diferentes dos que
costumam ser citados quando a prática se dá no plano nacional:
superfaturamento em compras, licitações fraudadas e empresas de
“laranjas” recebendo recursos, por exemplo.
Há ainda desvios que são motivados por convênios firmados entre o
governo federal e as administrações municipais. “Por exemplo, quando o
Ministério da Justiça anuncia que quer auxiliar as guardas municipais a
adquirir equipamento, ou quando o Ministério da Agricultura quer enviar
recursos para a compra de retroescavadeiras”, destacou a advogada
Bárbara Mácola.
Mota reforçou que a falta de uma sistematização adequada e a presença
de mecanismos de transparência frágeis contribuem para que a corrupção
do nível municipal seja, via de regra, “premiada” com a impunidade.
“A grande diferença nos casos em município são os altos índices de
impunidade, pela pouca transparência na gestão dos órgãos públicos,
proximidade entre as pessoas em municípios muito pequenos, o que faz com
que as relações pessoais e institucionais se confundam podendo levar a
uma vista grossa ou inação em casos que deveriam ser analisados e não
são”, acrescentou Mota.
As advogadas Bárbara e Manuella acrescentam que, em muitas ocasiões,
os problemas se dão não necessariamente por uma falta de honestidade dos
gestores públicos, mas também por carência de capacitação.
Um exemplo citado por elas é o de um prefeito que foi condenado pelo
TCU por ter recebido verbas da Caixa Econômica Federal para construir
bocas de lobo pela cidade, e acabou destinando os recursos para outras
obras viárias. “Era um prefeito que não tinha conhecimento técnico para
cumprir o que era esperado”, destacou Bárbara. Há ainda situações,
segundo a advogada, em que os prefeitos podem ser responsabilizados por
desvios cometidos por subordinados, como secretários.
Tanto Mota quanto Bárbara e Manuella destacam que as irregularidades
podem acontecer em cidades de diferentes portes e localizações – ou
seja, não há um perfil de município que esteja imune à corrupção. Mas a
tendência maior é o de ocorrência de crimes em localidades menos
desenvolvidas e mais distantes das capitais estaduais.
Como consertar o problema
O combate à corrupção na escala municipal, segundo especialistas, se
dá pelo fortalecimento das instituições e pela capacitação dos gestores
locais.
Mudanças na legislação são também bem-vindas: a advogada Bárbara cita
como exemplo uma determinação de que os recursos que envolvem alguns
tipos de transação pelo poder público só podem ser movimentados por meio
de transferências bancárias. A medida proíbe a manipulação de dinheiro
vivo, o que inibe uma proposital falta de controle do destino das
verbas. Ela também aponta que a adesão a sistemas de governança – o que
pode ser feito de forma individualizada pela prefeitura, sem uma
“autorização” do poder estadual – corresponde a outro avanço.
Para Bernardo Mota, os avanços podem se dar por meio de um pacto entre os gestores das diferentes localidades.
“Uma união de esforços de todas as autoridades envolvidas para se ter
uma estratégia coordenada no combate à corrupção, incluindo treinamento
e intercâmbio para troca de experiências, sistemas de tecnologia da
informação integrados e até a possibilidade de implementação de ações
conjuntas que envolvessem autoridades das diversas esferas, sem
duplicação de esforços onde cada um atuasse no seu âmbito de
competência, mas podendo intercambiar informações e outros dados que
permitam uma melhor avaliação do todo que está sendo analisado”,
reforçou.
Assim como um jornalista, um professor é um bom contador de
histórias. Todo mundo que tenha passado por uma sala de aula tem alguma
para contar, seja uma superação, uma conquista ou até mesmo um caso mais
divertido. Faz parte do cotidiano do educador ter uma narrativa mais
engajadora que desperta olhares, talentos, interesses e que cria
ocasiões para situações acontecerem. Não por acaso, história, em latim, é
chamada de fabula.
A “boa fábula” é aquela que, além de verdadeira e transformadora, vai
além do óbvio, levando ciências sociais para a aula de algoritmo, ao
debater os mecanismos das redes sociais; matemática para a aula de
literatura, ao explicar a métrica dos poemas parnasianos; ou a História
para as classes de Biologia, quando aborda o darwinismo. Neste Dia do
Professor, conheça algumas dessas histórias que geram impacto na vida de
educadores e estudantes:
Desenvolvimento do estudante e o “ser professor”
Rodrigo Ramos, Coordenador de Ensino da Escola Vereda, conta sobre
uma experiência que o marcou quando era professor de teatro. Uma aluna
tinha dificuldade para falar em público. Num momento de medo, a
estudante chorou e explicou que tinha pavor de “estar em evidência”.
Rodrigo, então, a acolheu e a estimulou a se desenvolver cada vez mais,
propondo dinâmicas em grupo e brincadeiras. Após esse trabalho de
inclusão, propôs uma apresentação individual e ela “brilhou”, disse que
estava pronta, mas com medo, e Rodrigo a encorajou em seu desafio.
O que mais lhe marcou foi uma carta da mãe dessa aluna, relatando
muitas preocupações com o desenvolvimento da filha: “ela me mandou uma
carta agradecendo pelo trabalho e pediu para que eu continuasse o
desenvolvendo. Ela já tinha levado a filha dela em terapia e nunca nada
tinha conseguido ser tão eficiente quanto as aulas de teatro”. “Então,
para mim, ser professor é sobre essas situações, saber que eu agi e
mudei positivamente a vida de uma pessoa e eu acredito que para qualquer
educador isso é algo impagável”, acrescenta.
Assessoria pedagógica x ensino de matemática
Outra boa inspiração vem da educadora Nádia Moya, que foi professora
de escola pública durante 35 anos e, agora, busca devolver o que
aprendeu para o ensino público: “sou fruto de escola pública, fui
professora e me aposentei após 22 anos de sala de aula e quase 13 na
coordenadoria”. Durante sua carreira, alfabetizou muitos alunos e foi
reconhecida por sua forma de educar, foi indicada a escrever um livro de
alfabetização e produziu um artigo para o livro Inovações Radicais da
Alfabetização Brasileira, da Universidade de Stanford.
Hoje, Moya é assessora pedagógica da Matific Brasil, sendo
responsável pela coordenação dos projetos públicos da vertente voltada
às escolas do governo, o projeto GOV. Ela se emociona com sua trajetória
de conquistas: “É muita luta, às vezes não tinha água na escola, nós
professoras levávamos comida para as crianças. É muito especial olhar
para trás e ver que meu trabalho fez, e ainda faz, a diferença”,
destaca.
Tecnologia como a melhor aliada do educador
Outro caso interessante é o de Fabrício Garcia, fundador da Qstione,
empresa dedicada a atender as demandas pedagógicas e de avaliação dos
estudantes na educação básica e na educação superior. Fabrício é, antes
de tudo, um professor da área da saúde, apaixonado pelas novas
tecnologias educacionais. Seu foco principal de trabalho está em ajudar
instituições de ensino e professores a implementarem novas tecnologias
que aumentam a eficiência educacional, justamente por acreditar que os
recursos tecnológicos são o caminho mais simples para democratizar a
educação de qualidade no Brasil.
“A empresa teve início a partir de minhas dores. Era professor do
curso de Medicina e também dei aula em vários cursos da área de saúde.
Além disso, fui coordenador de curso e diretor acadêmico. No papel de
educador, sentia muito em não poder dar ao estudante o melhor feedback,
algo visto por ele como frustrante. Daí, a necessidade de melhorar as
aferições”, destaca o educador e empreendedor.
Antirracismo e professores
E por falar em boas histórias, em agosto, a Camino School, escola
trilíngue localizada na zona Oeste de São Paulo, participou de uma
narrativa contada para muitas pessoas no Centro Cultural São Paulo com o
lançamento do “Manual para Escolas Antirracistas”. Um dos autores e
professores responsáveis pela elaboração do material em formato de livro
é Léo Bento, professor de Social Studies e coordenador de engajamento
social da escola – além de ser professor, Bento é ativista do movimento
negro, integrante do coletivo Faixa Preta. Iniciativas como essa fazem
diferença. Inclusive, em razão desse projeto, o docente foi indicado
para o prêmio Destaque Educação, na categoria Convivência Positiva, uma
realização do EducaWeek 2022.
“É tão gratificante participar de uma iniciativa como essa, que visa
erradicar o racismo das instituições de ensino brasileiro, utilizando o
recurso que mais compete aos docentes: a educação. O manual tem uma
didática bem acessível para professores, gestores, mantenedores,
familiares e alunos, ou seja, é bem democrático. A indicação, ao meu
ver, reforça que estamos no caminho certo”, destaca Bento.
Bilinguismo: time to practice!
Aprender significa adquirir conhecimento, entretanto, sem um
envolvimento ativo do aluno na busca pela fluência de uma língua
estrangeira, como o inglês, não há avanço. É nesse cenário que entra a
figura do professor. “Ensinar inglês não deve ser apenas focar em
gramática e vocabulário, é preciso entender o contexto por trás da
língua e as culturas que a influenciam”, aponta a consultora pedagógica
da Red Balloon, Thais Wanderley. Na Red Balloon, a metodologia parte do
princípio de um ensino-aprendizado contextualizado, ou seja, que carrega
atividades relevantes, dinâmicas e capazes de conectar o estudante ao
mundo.
Dessa forma, as crianças e adolescentes entendem que o conhecimento
adquirido ultrapassa a aula, percebendo como pode ser aplicado no
próprio cotidiano. “Ainda é necessário diversificar ao máximo nossas
atividades para que alunos com diferentes tipos de aprendizado possam se
sentir incluídos e desenvolvidos. Se não formos hábeis de captar a
atenção e interesse do nosso aluno, não conseguimos ensinar”, ressalta.
Cultura maker: “mãos à obra”
Outra história relevante para contar é a parceria do Instituto
Verdescola com o Sesi-SP, que acaba de lançar uma Sala Maker na unidade
de São Sebastião, litoral de São Paulo. Muito diferente daquele conceito
de aula expositiva, por meio desse projeto, os professores têm em suas
mãos ferramentas fundamentais para instigar as chamadas competências do
século XXI em seus alunos e, principalmente, dar voz a eles no processo
de ensino-aprendizagem. Os estudantes precisam ser protagonistas na
evolução dos próprios conhecimentos.
O laboratório de fabricação digital incentivará estudantes a
trabalhar a criatividade e o raciocínio lógico por meio de atividades
práticas e projetos interdisciplinares com uso de tecnologia 3D,
educação ambiental e oficinas de empreendedorismo. “A ideia é atender,
em média, 700 jovens que frequentam o instituto no contraturno escolar,
abrangendo, assim, a educação infantil e os ensinos fundamental I e II”,
explica Elane Tonin, Gerente Pedagógica do Instituto Verdescola.
Sinais podem ser detectados até 9 anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas
Foto: Redação
Por Roberta Jansen – Jornal Estadão
Pessoas que viriam a desenvolver a doença apresentavam dificuldades
na execução de algumas tarefas quase uma década antes do diagnóstico,
revela estudo no Reino Unido
RIO – Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido,
revelaram que é possível detectar sinais precoces de demência até nove
anos antes de o paciente receber um diagnóstico específico, como Alzheimer.
No trabalho publicado nesta sexta-feira, 14, na publicação Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association,
o grupo de cientistas analisou informações do Biobank, o banco de dados
biomédicos britânico. A equipe descobriu sinais de dificuldades em
várias áreas específicas, como a solução de problemas e a lembrança de
números específicos.
As descobertas levantam a possibilidade de, no futuro, pacientes em
maior risco de desenvolver algum tipo de demência fossem mapeados para
intervenções precoces ou para testes clínicos de novos medicamentos.
Atualmente, existem poucos tratamentos eficazes para demências ou
outras doenças degenerativas, como o Parkinson. Em parte, isso ocorre
porque as doenças só são diagnosticadas depois que os sintomas aparecem,
embora a degeneração propriamente dita comece muito anos (e até
décadas) antes. Isso significa que, quando os pacientes são recrutados
para testes clínicos de novos tratamentos, pode já ser muito tarde para
que o curso da doença seja alterado.
A análise das informações reunidas no banco de dados biomédicos
revelou que pessoas que desenvolveram Alzheimer já apresentavam um
desempenho pior do que indivíduos saudáveis em tarefas de resolução de
problemas, tempo de reação a estímulos, capacidade de lembrar de
números, memória prospectiva (nossa capacidade de lembrar de algo para
fazer mais tarde), entre outros. Isso também foi constatado em pessoas
que desenvolveram uma forma rara de demência chamada de demência
frontotemporal.
Remédio para diabetes pode diminuir risco de demência
Um estudo publicado ainda esta semana na revista científica BMJ Open Diabetes Research & Care descobriu também que alguns medicamentos contra a diabete podem reduzir em até 22% o risco de demência em
pacientes. Segundo os pesquisadores, as descobertas ajudam a planejar
melhor a seleção de medicamentos para pacientes com diabete tipo 2 e com
alto risco de demência, quadro clínico que afeta as funções cerebrais e
está associado aos seus dois subtipos principais, Alzheimer e demência vascular.
Os cientistas compararam o risco de aparecimento de demência em
pacientes com diabete tipo 2, a partir dos 60 anos, tratados com três
classes de medicamentos: sulfonilureia (SU), tiazolidinediona (TZD) e metformina (MET).
O tratamento durou pelo menos um ano e, após este período, o grupo que
tomou TZD teve um risco 22% menor de ter qualquer tipo de demência em
comparação aos participantes que usaram apenas a MET.
Segundo eles, os resultados trazem contribuição significativa à
literatura sobre os efeitos de medicamentos contra diabetes para a
demência. O estudo, entretanto, é considerado de caráter observacional. A
equipe acredita que pesquisas futuras podem redirecionar agentes
antidiabéticos orais para a prevenção de demência e podem considerar
priorizar o uso de TZD.
Valter Pieracciani – SIMPI – Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo.
“As pessoas têm um certo receio à tecnologia e inovação, mas na
verdade não é nada assustador. Inovação são aquelas melhorias que o
empresário faz o tempo todo e que seus associados fazem porque senão não
estariam vivos”, palavras de Valter Pieracianni, empresário e
especialista em inovação.
De acordo com Valter, sempre que um empresário está fazendo ou
melhorando um produto novo para aumentar a sua competitividade, está
inovando. Além disso, há inovação também na gestão como, por exemplo, a
utilização de tecnologias simples que conseguem reduzir custos. “Muita
coisa do que a gente chama de assistência técnica é inovação. Boa parte
do marketing é inovação”, esclarece Valter.
A boa notícia é que a inovação é incentivada pelo governo, porque ela
traz prosperidade. “No mundo todo é assim os governos financiam o
risco, a inovação, a tecnologia, porque isso traz prosperidade, traz
emprego, traz desenvolvimento econômico”, esclarece Valter.
Um padrão médio de um projeto de financiamento tem quatro anos de
carência, com oito a 10 anos para pagar com juros subsidiados, o que
significa entre 4% e 5% ao ano abaixo da inflação. “Não deixe dinheiro
em cima da mesa. Muita coisa do que você faz é classificável como
inovação. Junte tudo isso e tome o seu imposto de volta por meio dos
incentivos fiscais”, finaliza Valter.
Novos recursos do BNDES
Em 2020, devido a pandemia, o governo colocou à disposição a redução
dos impostos e recursos do governo através do BNDES para as empresas a
taxas subsidiadas.
“Por causa do aumento da inflação e o incremento da taxa de juros
muitas empresas estão sofrendo. Então, novamente, o governo coloca à
disposição mais de 20 bilhões através do BNDES”, alerta o economista
Salvatore Milanese.
Para conseguir um empréstimo o faturamento deve ser entre 300 mil e
300 milhões, e a contabilidade deve estar em ordem. O prazo máximo para
esse financiamento é de 60 meses e você pode se beneficiar inclusive de
uma carência que vai de 6 a 12 meses.
Crédito Digital
O crédito digital é uma grande alternativa para conseguir crédito. Os
recursos são disponibilizados com apoio da tecnologia e histórico
financeiro de pagamentos, chamado score.
Lembra Marcos Travassos, da Money Money Invest, “não se esqueçam, as
fintechs são uma grande alternativa para as empresas, mas é importante
cuidar do seu score, ou seja, do seu comportamento enquanto um bom
pagador”.
NOSSA MARCA. NOSSO ESTILO!
COMPARTILHAMOS CONHECIMENTO PARA EXECUTARMOS COM SUCESSO
NOSSA ESTRATÉGIA PARA REVOLUCIONAR O MODO DE FAZER PROPAGANDA DAS
EMPRESAS DO VALE DO AÇO.
O desejo de mudar, de transformar, de acreditar, são
fundamentais para irmos além. São agentes propulsores da realização de
sonhos. Já o empreendedorismo está presente no DNA dos brasileiros e
nossa história trouxa essa capacidade que temos de nos reinventar e de
nos conectarmos com você internauta e empresários que são a nossa razão
de existir.
E todos esses elementos combinados e levados ao território da internet, torna o que era bom ainda melhor. Na internet e através
do Site da Valeon, podemos proporcionar o início do “virar de chaves”
das empresas da região para incrementar as suas vendas.
Assim, com inovação e resiliência, fomos em busca das
mudanças necessárias, testamos, erramos, adquirimos conhecimento,
desenhamos estratégias que deram certo para atingirmos o sucesso, mas
nada disso valeria se não pudéssemos compartilhar com vocês essa
fórmula.
Portanto, cá estamos! Na Plataforma Comercial Marketplace da
VALEON para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos
produtos e serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada dos
nossos serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e
público.
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos compublicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para asmarcas
exporem seus produtos e receberem acessos. Justamente por reunir uma
vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon
atrai uma grande diversidade evolume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do
mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas
desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na
divulgação de suas Empresas e durante esses três anos de nosso
funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia,
inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina das empresas.
Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências,
inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados
com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a
diferença buscando estar sempre um passo à frente.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
Senadora eleita pelo PP, a ex-ministra Tereza Cristina é apontada
como um nome que pode pleitear a presidência do Senado em 2023.| Foto:
José Cruz/Agência Brasil
Enquanto a eleição presidencial não se
decide, outra disputa começa a movimentar os bastidores políticos em
Brasília. A proclamação do resultado das eleições para o Congresso
Nacional, no dia 2 de outubro, deu início às articulações para comandar
as duas casas do Legislativo federal em 2023. Na Câmara, o deputado
federal Arthur Lira (PP-AL), atual presidente, desponta como favorito à
reeleição. No Senado, a permanência do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
para mais dois anos na presidência da Casa é uma incógnita.
Embora os parlamentares neguem haver uma influência direta nas
eleições internas – marcadas para ocorrer no primeiro dia da nova
legislatura, em fevereiro do ano que vem –, a definição da corrida para a
Presidência da República no próximo dia 30 de outubro terá um peso
importante. O cenário com a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) é um,
enquanto que com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é outro.
Basta observar a situação que se desenha no Senado. Enquanto Lira
caminha para uma reeleição tranquila na Câmara, independentemente da
vitória de Lula ou Bolsonaro, Pacheco deverá ter uma missão um pouco
mais complicada. Duas razões sustentam essa análise: o colégio eleitoral
menor na comparação com a Câmara (são 81 senadores contra 513
deputados), o que torna a costura política mais complicada, e a ascensão
de uma bancada forte do PL e de outros partidos aliados a Bolsonaro na
próxima legislatura.
Há o entendimento de que, ao longo de sua presidência, Pacheco
construiu uma aliança sólida e pode ter força para pleitear sua
permanência para o biênio 2023-2024. Mas o atual presidente da República
não esconde o desejo de eleger um aliado para comandar o Senado e, por
consequência, o próprio Congresso.
A fim de superar Pacheco, Bolsonaro e aliados já têm alguns nomes
cotados para a presidência do Senado. São citados os recém-eleitos
Tereza Cristina (PP-MS), Damares Alves (Republicanos-DF), Rogério
Marinho (PL-RN) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS), e os senadores
Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Ciro Nogueira (PP-PI) e Carlos Portinho
(PL-RJ).
Damares já admitiu que pode concorrer à presidência do Senado em
2023, mas deixou claro que isso dependeria do aval de Bolsonaro, caso
seja reeleito. “Se Bolsonaro disser que me deixa ser candidata à
presidência do Senado, eu serei. Você pensa o sonho: a primeira mulher a
assumir a presidência do Senado”, disse ela, na última quarta-feira
(5), em coletiva de imprensa. “Não estou brincando, estou falando
sério”, acrescentou.
A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos deixou claro,
porém, que abriria mão disso caso Tereza se candidate. “Eu só abriria
mão por ela. A ideia é dar ao Senado opções. Ela seria uma grande
presidente”, afirmou.
Líder do governo no Senado, Portinho disse ser “natural” o PL
reivindicar a presidência – o partido elegeu oito novos senadores e
poderá ter até 15 cadeiras em 2023. “Agora podemos ser a maior bancada e
é ainda mais natural uma construção com as nossas bases como PP,
Republicanos, além de outros partidos com quem mantemos boa relação no
Senado, como PSD, MDB, Podemos, PSDB, União”, disse ao jornal O Estado
de São Paulo.
Mesmo se Lula vencer a eleição ao Planalto, a força dos partidos
encabeçados pelo PL pode impedir a recondução de Pacheco, que é vista
com simpatia pelo candidato petista em razão das manifestações públicas a
favor da democracia e das instituições. O atual presidente do Senado
saiu em defesa das urnas eletrônicas, do sistema eleitoral e do Supremo
Tribunal Federal em mais de uma oportunidade, tornando-se um contrapeso
importante em um momento de grave polarização política.
Como estão as conversas sobre a eleição para a presidência do Senado A
despeito dos nomes sondados, interlocutores da campanha de Bolsonaro e
senadores eleitos afirmam reservadamente à Gazeta do Povo que as
discussões não são prioritárias neste momento. O objetivo é assegurar a
reeleição do presidente para, depois, concentrar os esforços no tema.
Em reunião com senadores na última quarta-feira (5), incluindo os
eleitos, Bolsonaro negou ter discutido a eleição no Congresso. “Não
discutimos isso agora; isso é atribuição lá da Câmara e do Senado. Eu
sou um mero espectador nessa questão”, disse a jornalistas. Um senador
eleito reforçou que o assunto não foi debatido no encontro.
Porém, outros aliados reconhecem que, mesmo sem ser um tema
prioritário, existem nomes “sobre a mesa”. “Tem alguns nomes fortes,
como a Tereza e o Rogério, mas é um debate ainda muito distante. É algo
que só vai ganhar força após 30 de outubro”, afirma um interlocutor da
campanha. Ou seja, os rumos das conversas dependem da eleição
presidencial.
Interlocutores de Damares dizem que ela marcou posição e asseguram
não ser um blefe suas pretensões de liderar o Congresso em caso de
reeleição de Bolsonaro. Já o entorno de Flávio Bolsonaro aponta que ele
não tem pretensões de disputar a presidência do Senado em caso de
vitória do pai no segundo turno.
Líder do PL no Senado, Flávio se mostra disposto a negociar apoio em
respeito à divisão de poderes. O parlamentar está disposto a atuar pela
articulação do nome a ser definido pela base política e não descarta
apoiar algum senador de outra legenda, embora seu partido tenha a
pretensão de disputar o pleito e tenha, inclusive, manifestado isso a
Rodrigo Pacheco.
A bancada do PL pode chegar a 15 senadores, dependendo do resultado
do segundo turno das eleições estaduais. Os senadores Marcos Rogério
(RO) e Jorginho Mello (SC) disputam os governos em seus estados. Se
perderem, manterão seus mandatos e engrossarão sua legenda. Se vencerem,
serão substituídos por suplentes do PSDB e MDB, respectivamente.
Historicamente, o Senado costuma ser presidido pela maior bancada
partidária, o que reforça o pleito da ala do PL que deseja ter a
presidência do Senado. Porém, a legenda está consciente e disposta a
negociar um nome que possa se sagrar vencedor. Por isso, nomes do
Republicanos e até do PP não estão descartados, a despeito da provável
candidatura de Lira na Câmara.
Em caso de reeleição de Lira e eleição de um senador do PP para
chefiar o Senado, o partido presidido pelo atual ministro da Casa Civil,
Ciro Nogueira, ficaria com ambas as presidências do Congresso.
Por que Bolsonaro quer um aliado no lugar de Pacheco A intenção de
aliados do atual presidente da República ao pleitear a presidência do
Senado tem motivações diversas. Além da disputa de poder e consequente
desidratação de Pacheco, o objetivo em caso da reeleição de Bolsonaro é
assegurar uma presidência mais alinhada com a Câmara e o Palácio do
Planalto.
Lira e Pacheco se distanciaram ao longo da última gestão e deputados
se queixam de pautas aprovadas pela Câmara que “travam” no Senado. Já
Bolsonaro e sua base mais “raiz” se queixam do abandono ou morosidade de
pautas defendidas pelo governo. Após a reunião com senadores na última
semana, Bolsonaro manifestou seu desejo de aprovar a regularização
fundiária e outras pautas que, para ele, tramitarão de forma mais
“uniforme” e com mais agilidade com o novo Congresso.
A tramitação do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) é outra pauta defendida por Bolsonaro. O próprio presidente
apresentou um pedido contra o ministro Alexandre de Moraes, que foi
rejeitado por Pacheco. Durante a campanha, o candidato à reeleição disse
que, se reeleito, levará para “dentro das quatro linhas da
Constituição” uma “minoria que pensa que pode muito”, em referência aos
membros da Suprema Corte, constantemente acusados de ativismo judicial.
O atual presidente do Senado, por sua vez, atua para permanecer no
cargo com a promessa de que, se reeleito, manterá uma gestão
independente e soberana. Além de rejeitar o pedido de impeachment contra
Moraes, Pacheco travou a votação do homeschooling, não pautou a matéria
que flexibiliza o registro, a posse e a comercialização de armas de
fogo e munições, e devolveu ao governo uma medida provisória (MP) que
alterava o Marco Civil da Internet, por exemplo.
Aliados mais próximos e simpatizantes de seu mandato prometem
articular pela reeleição. O senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) sinalizou
apoio a Pacheco em fala no plenário na última terça-feira (4). “Tenho
certeza que, daqui para frente, vamos trabalhar pela sua reeleição
merecida”, comentou.
“Fiquei indignado com a posição de um líder do governo Bolsonaro
[Portinho] já dizendo que o próximo presidente do Senado tem que ser do
partido do Bolsonaro. Calma. Primeiro que ele não ganhou a eleição,
segundo turno é dia 30. Que os novos senadores cheguem aqui com os pés
no chão, com humildade”, afirmou Kajuru.
Aliados de Pacheco acreditam que, se o ex-presidente Lula for eleito,
ele poderá ter maior força para pleitear a reeleição. Alguns senadores
apontam, porém, que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) é um dos cotados
do petista para presidir o Senado em caso de vitória nas urnas.
Em foto de 2010, o então presidente Lula recebe o nicaraguense
Daniel Ortega no Palácio do Itamaraty, em Brasília.| Foto: Fernando
Bizerra Jr/EFE
Além da mentira pura e simples, a censura antidemocrática e
inconstitucional: estas são as armas do petismo para impedir que o
eleitor saiba quem são e o que fazem os amigos de Lula na América
Latina, e o sofrimento que eles impõem aos povos que vivem sob o seu
jugo. É por isso que, depois de pedir e conseguir a censura de dezenas
de publicações em mídias sociais (inclusive desta Gazeta do Povo) sobre a
aliança entre Lula e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, o PT voltou
a acionar o TSE, desta vez pedindo a remoção de conteúdos do próprio
site da Gazeta, além de pretender que o jornal não produza novos
conteúdos sobre o apoio do petismo aos regimes ditatoriais
latino-americanos. O pedido está nas mãos do ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, o mesmo responsável pela censura promovida no início deste
mês; uma definição pode sair a qualquer momento.
Basta a simples leitura da reportagem que o PT quer tirar do ar para
que a mentira petista fique evidente. A amizade que une Lula e Ortega
dura décadas, ao menos desde a fundação do Foro de São Paulo. As
evidências apresentadas ao longo do texto são tantas que chega a ser
inacreditável que os advogados petistas as classifiquem como
“desinformação”, “conteúdos sabidamente inverídicos” e – a cereja do
bolo – “fantasiosa relação de Lula com o ditador Ortega”, já que essa
relação não tem absolutamente nada de “fantasiosa”, embora seja notável o
ato falho que reconhece o caráter ditatorial do regime nicaraguense.
Ressalte-se que a solicitação petista falha grotescamente em apontar
onde estariam as mentiras em cada um dos fatos descritos na reportagem,
limitando-se à tentativa genérica de desqualificação e à alegação de que
ela constituiria “propaganda eleitoral negativa”, quando na verdade
estamos falando não de propaganda, mas de jornalismo feito com o rigor
que o assunto exige, e da exposição de fatos que o eleitor tem todo o
direito de conhecer para ajudá-lo a formar a decisão que tomará diante
das urnas no dia 30.
Os ditadores de esquerda latino-americanos são apoiados por Lula e
pelo PT, e ainda o são mesmo depois de o caráter ditatorial de seus
regimes estar evidente a todos. “Fantasioso” não é expor tudo isso ao
leitor brasileiro; é pretender que tudo isso jamais tenha existido
A ânsia de mentir do petismo é tão grande que se partiu até mesmo
para a tentativa de negar, contra todos os fatos, que exista uma relação
de parceria ideológica entre Lula e Ortega, quando seria mais simples
tentar alegar que a relação existe, mas que o petista não aprovaria os
métodos ditatoriais de seus amigos. Mas até nisso o petismo falharia,
pois o que não faltam são manifestações de endosso petista a cada
vitória eleitoral forjada – não apenas na Nicarágua, mas também na
Venezuela bolivariana –, além do silêncio total a respeito da repressão
promovida pelos regimes nicaraguense, venezuelano e cubano. Se Lula ou o
PT desaprovam ações de seus comparsas, jamais tornaram pública tal
reprovação.
O leitor/eleitor que buscar uma palavra de Lula e do PT a respeito do
fechamento de igrejas e da prisão de religiosos na Nicarágua, ou da
violência estatal promovida para reprimir protestos de rua na Venezuela e
em Cuba, terá procurado em vão. O mais perto que Lula chegou de
criticar Ortega foi feito de forma condicional, quando, em entrevista ao
El País, o petista comparou a longevidade de Ortega no poder (fruto de
violência, mudanças constitucionais e fraude eleitoral) ao período de
governo de Angela Merkel na Alemanha, uma democracia parlamentarista.
Foi necessário que as repórteres do diário espanhol lembrassem Lula de
que os adversários de Ortega foram presos ou exilados, ao que o petista
respondeu: “Se o Daniel Ortega prendeu a oposição para não disputar a
eleição como fizeram no Brasil contra mim, ele está completamente
errado”. A “crítica”, assim, vem acompanhada de um esperto “se”, além de
Lula não resistir à menção da própria prisão, ocorrida não para
alijá-lo do pleito de 2018, mas devido a uma condenação judicial baseada
em fartas evidências.
O oposto, sim, é muito mais frequente. Na mesma entrevista ao El
País, Lula minimizou a severa repressão cubana aos protestos de julho de
2021 dizendo que “a polícia bate em muita gente, no mundo inteiro a
polícia é muito violenta”. Logo após as manifestações por liberdade, as
maiores na ilha em muitas décadas, o partido divulgou comunicado de
“apoio ao povo e ao governo cubano” sem mencionar os protestos e
culpando os Estados Unidos pelas mazelas que o comunismo impõe a Cuba. O
roteiro se repete em praticamente todos os casos em que os povos
oprimidos pelos ditadores amigos do petismo tentam se insurgir contra
seus algozes. Na “menos pior” das hipóteses, as notas petistas se
limitam a falar em “violência” de forma genérica, sem imputar abusos aos
governos amigos, insinuando que se trata de conflito generalizado ou
que eles apenas responderam a agressões anteriores.
Estas são as verdades que o petismo tenta, agora, esconder recorrendo
à censura. Os ditadores de esquerda latino-americanos são apoiados por
Lula e pelo PT, e ainda o são mesmo depois de o caráter ditatorial de
seus regimes estar evidente a todos. Este apoio vai além de mera
amizade, manifestando-se de forma institucional por meio do Foro de São
Paulo e por negócios mui amigos realizados com Nicarágua, Cuba e
Venezuela durante a passagem petista pelo Palácio do Planalto. O petismo
não criticou e não critica os abusos cometidos por Fidel Castro, Raúl
Castro, Miguel Díaz-Canel, Hugo Chávez, Nicolás Maduro e Daniel Ortega.
“Fantasioso” não é expor tudo isso ao leitor brasileiro; é pretender que
tudo isso jamais tenha existido.
Por isso, é obrigação do Poder Judiciário resistir a todas essas
tentativas de macular o debate político pela via da censura, da
supressão de informação indubitavelmente verdadeira. É justamente porque
o período eleitoral é especialmente desafiador na missão de separar a
verdade da mentira e da desinformação que os tribunais têm o dever
especial de tratar cada demanda da forma mais criteriosa possível, sem
embarcar no afã censor que vem, infelizmente, marcando decisões recentes
das cortes eleitorais, uma tendência que é urgente reverter.
“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença”, diz o inciso
IX do artigo 5.º de nossa Constituição. “A manifestação do pensamento, a
criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta
Constituição”, continua a Carta Magna em seu artigo 220, que ainda
afirma, em seu parágrafo 2.º, que “é vedada toda e qualquer censura de
natureza política, ideológica e artística”. Lula e suas linhas
auxiliares na política e na opinião pública passaram meses descrevendo o
petista como a encarnação da democracia em oposição a um suposto
autoritarismo. Mas autênticos democratas não pedem censura, não ordenam
censura, não aplaudem censura nem se omitem diante da censura. A torpeza
do petismo se revela mais uma vez nesta tentativa ignominiosa de abolir
as liberdades de expressão e de imprensa, calar o bom jornalismo e
esconder do eleitor a verdade sobre os regimes que o petismo mais
admira.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, vetou investigações do
Cade e da PF contra institutos de pesquisas.| Foto: LR Moreira
/Secom/TSE.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
ministro Alexandre de Moraes, proibiu na noite desta quinta-feira (13)
investigações contra os institutos de pesquisa de opinião por parte do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Polícia Federal
(PF). O ministro considerou que os dois órgãos não têm competência legal
para conduzir os procedimentos.
Para o presidente do TSE, cabe à Justiça Eleitoral “a fiscalização
das entidades de pesquisa, inclusive com a participação e possibilidade
de impugnação dos envolvidos e com o exercício de poder de polícia para
garantir a legitimidade eleitoral”.
O presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, determinou nesta quinta a
abertura de um inquérito administrativo para investigar um suposto
conluio entre Ipespe, Datafolha e Ipec. Além disso, a PF abriu um
inquérito para investigar institutos de pesquisas eleitorais a pedido do
ministro da Justiça, Anderson Torres, após a campanha do presidente
Jair Bolsonaro (PL) apontar divergências entre resultados de pesquisas e
o resultado do primeiro turno.
“Ambas as determinações – MJ e CADE – são baseadas, unicamente, em
presunções relacionadas à desconformidade dos resultados das urnas com o
desempenho de candidatos retratados nas pesquisas, sem que exista
menção a indicativos mínimos de formação do vínculo subjetivo entre os
institutos apontados ou mesmo práticas de procedimentos ilícitos”,
escreveu Moraes.
“Diante do exposto, torno sem efeito ambas as determinações,
vedando-se a instauração tanto do procedimento administrativo pelo Cade,
quanto do inquérito policial pela polícia federal, por incompetência
absoluta de seus órgãos prolatores e ausência de justa causa”, disse o
ministro.
Moraes determinou ainda o envio da decisão à Corregedoria-Geral
Eleitoral e à Procuradoria-Geral Eleitoral para que sejam apuradas
possíveis práticas de abuso de autoridade, desvio de finalidade e abuso
de poder político “com intenção de favorecer determinada candidatura”
por parte do Ministério da Justiça e do Cade.
Comunicação Pedidos de censura do PT podem ser prenúncio sobre regulação da mídia que Lula propõe Por Leonardo Desideri – Gazeta do Povo Brasília
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: Ricardo Stuckert
Os
insistentes pedidos de censura do PT ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) contra órgãos de imprensa podem ser um prenúncio do que o partido
faria caso retornasse ao poder. O candidato petista à Presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva, tem manifestado há tempos seu desejo de promover
uma regulamentação da mídia, e a tendência autoritária que o partido tem
escancarado nas últimas semanas ao demandar a censura de alguns meios
de comunicação – incluindo a Gazeta do Povo – pode ser a tônica de uma
eventual legislação do tipo.
“É de clareza solar que a maioria, senão todos estes pedidos, carecem
de fundamentação constitucional, além de revelar as pretensões futuras
do partido, caso chegue ao poder”, opina o advogado Emerson Grigollette,
especialista em Direito Digital, que faz a defesa de alguns
investigados no inquérito das fake news e é ele próprio vítima de um dos
pedidos de censura feitos pelo PT, por conta de postagens em redes
sociais.
Na visão do jurista, “a pior parte” é que membros do Judiciário têm
validado alguns dos pedidos, “sob o fundamento equivocado de necessidade
de preenchimento de ‘lacunas’ legais”. “A legislação negativa, ou seja,
o fato de o Congresso deixar de legislar sobre certos pontos, também é
uma forma de legislar, pois representa a vontade do povo de que aquele
ponto não necessita de regulação complementar”, diz.
Para Grigollette, regular os meios de comunicação alegando a
necessidade de preenchimento de supostas lacunas legais, como pretende
Lula caso assuma a chefia do Executivo, “não é apenas temeroso, mas uma
clara afronta aos princípios e fundamentos do estado republicano
democrático”. “É difícil acreditar que, em um eventual novo governo
petista, não venhamos a sofrer dramaticamente com uma censura ainda mais
severa, senão uma perseguição massiva, cruel e covarde promovida pela
esquerda contra quem eles entenderem ser seus adversários políticos.
Basta ver que chegamos a um ponto em que ser advogado de pessoas de
direita é justificativa para censurar o próprio advogado. Isso é a
legitimação e normalização de uma ditadura, pois o que diferencia uma
democracia de uma ditadura é o direito de defesa. Não há direito de
defesa nas ditaduras”, afirma.
O que se sabe sobre a regulação da mídia que Lula e o PT pretendem promover Para
saber o que Lula pretende com uma eventual regulamentação da mídia, é
preciso entender o que propõe Franklin Martins, seu homem de confiança
no campo da comunicação. Ele é autor de um projeto sobre o tema que o PT
planejava implementar durante o governo de Dilma Rousseff. A
ex-presidente acabou não levando a cabo a proposta.
Em um discurso de agosto de 2021 em Natal, Lula chegou a lamentar a
omissão de Dilma nesse ponto. “Nós deixamos para o governo Dilma dar
entrada [no projeto]. Não sei por que não deram entrada no Congresso
nacional. Mas também não vou discutir por que não deram entrada”,
afirmou.
A proposta de Franklin Martins fala em “democratizar” a imprensa e
inclui a criação do Conselho Nacional de Comunicação, órgão colegiado
com composição representativa dos poderes públicos e de setores da
sociedade civil, para estabelecer normas e políticas públicas do setor
da comunicação. A criação de conselhos desse tipo foi uma marca dos
governos petistas, e costuma ser um caminho para o aparelhamento do
Estado.
Os conselhos geralmente reservam metade dos assentos a membros do
poder público e outra metade a organizações da sociedade civil. No caso
dos representantes do poder público, alguns conselhos podem até
apresentar certo equilíbrio ideológico; mas, entre as organizações da
sociedade civil, há quase sempre um grande predomínio de entidades de
caráter progressista.
Como são os próprios membros dos conselhos que elegem seus
sucessores, as entidades podem votar para perpetuar o predomínio do viés
progressista mesmo quando o governo muda de tendência ideológica.
Assim, os conselhos acabam sendo uma forma de preservar células
esquerdistas em diferentes áreas do Executivo independentemente do viés
do governo eleito pelo povo. Essa, aliás, tem sido uma das pedras no
sapato do governo Bolsonaro em diferentes ministérios.
Os conselhos costumam ter caráter fiscalizador e emitem recomendações
e resoluções que podem ter influência sobre as políticas públicas
promovidas pelo Executivo. Por exemplo, em 2019, em pleno governo
Bolsonaro, uma resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) adicionou
às diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) o “direito ao aborto
legal”. O documento pregava, entre outras coisas, a necessidade de uma
“jornada de lutas para o enfrentamento do projeto conservador e
ultraliberal em curso”. Ele só foi revogado em 2021, pelo ministro da
Saúde Marcelo Queiroga.
Uma eventual regulação da mídia pelo PT conforme as propostas de
Franklin Martins poderia ter o Conselho Nacional de Comunicação como
elemento-chave. Assim, o partido não precisaria mais recorrer ao
Judiciário e poderia abrir caminho para um controle dos meios de
comunicação a partir do próprio Executivo, apoiando-se na etiqueta de
“participação da sociedade civil” que se atribui aos conselhos e, com
isso, conferindo uma fachada democrática a eventuais censuras.