Para o cientista político Creomar de Souza, fundador da consultoria
política Dharma, que analisa risco político, o segundo turno das
eleições presidenciais entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro
(PL), que acontecerá no dia 30 de outubro, pode ter margem apertada, se
tornando uma disputa “decidida no detalhe”.
Com o país fortemente dividido em suas preferências políticas e uma
diferença pequena no resultado do primeiro turno (de pouco mais de cinco
pontos percentuais), a menor margem histórica entre dois candidatos à
presidência que foram para 2º turno, o cenário não parece imutável na
percepção do cientista, deixando espaço para uma possível virada inédita
em eleições brasileiras.
“Não se pode desprezar a capacidade do bolsonarismo de comparecer no
dia 30 de outubro e nem o interesse do presidente da República usar a
máquina pública para fazer campanha. Também não se pode ignorar o
interesse de forças políticas que hoje apoiam o presidente da República
de criarem ‘bondades’ [anúncios de políticas públicas voltadas à
conquista de eleitores] diversas nessas próximas semanas para que eles
tenham resultados favoráveis a eles”, disse de Souza, que também é
professor na Fundação Dom Cabral
Entre as “bondades” citadas pelo analista, está a estratégia adotada
pelo governo de antecipar o calendário de pagamentos do Auxílio Brasil
em outubro. Os repasses estavam previstos entre o dia 18 e 31, conforme o
Número de Identificação Social (NIS) dos beneficiários. Agora os
pagamentos serão feitos a partir do dia 11 e terminarão no dia 25, cinco
dias antes do segundo turno das eleições.
Bolsonaro também prometeu pagar o 13º salário a mulheres chefes de
família e anunciou um programa de renegociação de dívidas da Caixa. O
banco também reduziu a taxa de juros a micro e pequenas empresas, o que,
na visão do especialista, visa captar mais votos.
Ataques à imagem do adversário
A diferença de votos entre Bolsonaro e Lula foi de 6,2 milhões no primeiro turno.
Para conseguir o que seria uma virada inédita no segundo turno,
Bolsonaro precisa aumentar sua votação — atraindo votos de eleitores que
optaram por outros candidatos (como Ciro Gomes e Simone Tebet), dos que
não votaram no primeiro turno e também de eleitores que votaram em
Lula.
Uma das possíveis estratégias de Bolsonaro no segundo turno é atrair votos dos eleitores que optaram por Simone Tebet.
Apesar de Tebet ter declarado apoio a Lula, o cientista político
considera que parte da base de eleitores da candidata derrotada do MDB é
de centro-direita — e que eles rejeitam Lula e o PT, podendo
possivelmente votar em Bolsonaro no segundo turno.
Para Creomar de Souza, a pergunta decisiva do segundo turno é: “o
Bolsonaro candidato é maior ou menor que o número de eleitores de
direita no Brasil?”
“Com os dados do primeiro turno, ficou claro que Bolsonaro é menor do
que a direita [ou seja, não é o favorito de todos dentro desse espectro
político], já que tivemos a terceira colocada como uma candidata de
centro-direita, a Simone Tebet, que levou 4,16% dos votos.”
Mas Bolsonaro é, segundo o analista, o ponto de coesão não só de boa
parte da direita, como também alcança parte dos eleitores do centro, que
também rejeitam Lula.
“Creio que para conquistar o voto de eleitores que não optaram por
Bolsonaro no primeiro turno, sua militância vai tentar estabelecer com o
máximo de força possível uma ideia de que o bolsonarismo é a última
barreira de contenção a um retorno do petismo, e isso pode fazer com que
eleitores conservadores que optaram por outros candidatos anteriormente
engajem na campanha e deem votos a Bolsonaro nessa corrida final.”
“As pesquisas mostram que eleitores de Ciro e Tebet, que são votos em
disputa entre Lula e Bolsonaro, ainda estão bastante divididos entre as
duas campanhas. Para conquistá-los, a tentativa foca na desconstrução
do Lula em relação a valores morais. Isso trafega por um discurso que já
estamos vendo em uso pelos bolsonaristas – o de que é uma disputa
daqueles que tem religião contra aqueles que não tem religião.”
Os pontos a favor de Lula
Como fatores que beneficiam Lula, de Souza avalia que o candidato do
PT conseguiu romper uma barreira ideológica ao conseguir apoios de
figuras consideradas da centro-direita.
“Nomes como Simone Tebet e Fernando Henrique Cardoso, que não votaram
no PT, isso é uma novidade no quadro político. Já os apoios que o
Bolsonaro recebeu até agora são mais do mesmo. Não há ninguém que entrou
no palanque que possamos dizer ‘esse eu não esperava’.”
Mas o desafio para Lula, na análise de Creomar de Souza, é aumentar a
taxa de transferência dos votos que Tebet recebeu para o candidato do
PT — já que parte desse eleitorado tende a votar nulo ou a até a migrar
sua escolha para Bolsonaro.
“A resposta para isso é quanto ela vai se engajar na campanha, já que
ela é a boa novidade dessa campanha eleitoral, mostrando-se articulada,
corajosa e disposta a discutir temas importantes. Vai depender de o
quão grande será seu poder de convencimento com o seu eleitor”, afirma.
Votos em disputa
Entre os pontos que contribuem para deixar o resultado ‘em aberto’
até este momento da disputa, está, na opinião de Creomar de Souza, a
divulgação intensa de conteúdos que pretender manchar a imagem de um ou
de outro candidato.
“Segundos turnos são historicamente momentos de decisões acirradas,
mas este, especificamente, está bastante intenso, o que gera uma
tendência de que a qualidade do debate caia”, aponta o analista.
Discussões que colocam em pauta a religião, como o discurso feito por
Bolsonaro em loja maçônica, assim como uma declaração antiga do
presidente sobre o aborto ser uma decisão do casal, foram muito
compartilhadas pelo eleitorado da esquerda, o que na análise do
cientista, é uma novidade no ‘jogo político’.
“Durante a eleição de 2018, a ala bolsonarista se sentiu muito
confortável com a ideia de que só ela podia jogar esse tipo de jogo, em
adotar essa estratégia que também é muito usada pelo MBL (Movimento
Brasil Livre) [movimento liberal de direita]. Mas nessa eleição a
esquerda também passou a compartilhar esse tipo de conteúdo, embora
ainda o faça menos.”
Para ele, é possível que os conteúdos contribuam para prejudicar a
imagem principalmente de Bolsonaro, já que grande parte do eleitorado do
presidente tem perfil ou admira uma postura conversadora.
“Essa questão da maçonaria, por exemplo, causou desconforto a ponto
de Bolsonaro vir a público dizer ‘Sou presidente de todos.’ Há alguns
que são bolsonaristas ou petistas ‘raiz’, que não mudam de lado por
nada. Agora, em um segundo turno tão apertado, cada voto conta, e para
isso, há duas missões. Uma é fazer com que aquele que não votaria em
você, vote, e a outra, é fazer com que mesmo que determinado eleitor não
te escolha, ele também se desiluda com oponente — e para isso os
mensagens como essas, que prejudicam a imagem dos candidatos, podem
criar um risco.”
O analista aponta que os institutos de pesquisa acertaram, dentro da
margem de erro, sobre a quantidade de votos que Lula poderia receber,
mas tiveram dificuldade em medir o desempenho de Bolsonaro, que causou
surpresa ao alcançar um resultado um tanto quanto mais expressivo do que
as pesquisas indicavam.
Fábrica
– indústria – produção – emprego – desemprego – maquinas – borracha –
pneu – recapagem – recapadora – recapagem de pneus agricolas – pneus de
caminhão – industria rodoviaria – mão de obra – Imagens de funcionários
trabalhando na recapagem de pneus de trator e maquinas agricolas na
Recapadora Taquarense na Cidade indústrial de Curitiba –
Economia brasileira deve crescer 2,8% neste ano, de acordo com as
projeções revisadas do FMI.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do
Povo/Arquivo Há certo consenso sobre os principais problemas
econômicos brasileiros, bem como sobre quais os principais objetivos que
deverão ser perseguidos pelo próximo governo e pela sociedade, com
vistas a fazer o país chegar a 2030 com melhorias sensíveis na renda por
habitante e nos indicadores de bem-estar social. Do lado dos problemas,
destacam-se o baixo crescimento econômico; a pobreza que, pelos
critérios do Banco Mundial, atinge um quarto da população; a existência
de 14 milhões de brasileiros classificados como miseráveis; o desemprego
elevado, apesar da melhora neste ano; o déficit habitacional; o elevado
analfabetismo funcional; a baixa qualidade do sistema educacional; e os
precários indicadores de saúde em certas regiões. Por óbvio, esses não
são os únicos males sociais, porém os remédios exigidos para curá-los
acabam sendo os mesmos capazes de tratar outras precariedades, entre
elas a má distribuição de renda.
Os objetivos começam com o principal deles: a necessidade de o país
crescer de forma sustentada – ou seja, todos os anos – a uma taxa anual
média em torno de 4%, considerando que o crescimento médio da população
ficará ao redor de 0,6% nos próximos anos. Sendo assim, a pergunta
essencial é: o que o país precisa fazer para cumprir a prioridade maior,
que é o crescimento econômico? As divergências não se concentram no
diagnóstico nem na prioridade a ser perseguida, mas nos caminhos e nas
políticas destinadas a fazer o país ter êxito em seus propósitos. As
campanhas eleitorais não têm sido pródigas na análise e debates sobre
esses problemas, pois os temas relevantes não são discutidos ou são
tratados de forma superficial e com ideias gerais de baixa qualidade
intelectual.
Ao governo cabe melhorar tanto quanto possível o ambiente
institucional e a segurança jurídica necessários a estimular as
atividades econômicas
Vale mencionar que o “herói” do capitalismo, aquele que é o pilar
principal do empreendedorismo e do crescimento, é o empresário, no
sentido lato da palavra, ou seja, todo aquele que implanta unidades
produtivas, desenvolve uma atividade, produz bens ou serviços, emprega
pessoas e, por consequência, gera produto, renda e impostos. Nessa
classificação, empresários (ou empreendedores) são todos os que fazem
investimentos em empresas de todos os setores e os profissionais
autônomos. O Estado, no sentido de setor público em todos os níveis, é
necessário sobretudo para resolver problemas e atender necessidades que
fogem à capacidade individual ou da sociedade civil organizada para sua
solução, e o braço executivo do Estado, o governo, depende do
crescimento das atividades privadas para, com o aumento da arrecadação
tributária, elevar sua capacidade de fazer obras e oferecer serviços
públicos, pois os impostos representam uma fração do produto nacional.
Quanto maior o produto nacional, maior será o total arrecadado pelo
setor estatal, ainda que mantida a mesma carga tributária.
No setor público, uma agravante é que, para implantar um dado bloco
de leis e as políticas públicas que lhes correspondam, faz-se necessário
desmontar o arcabouço legal e as práticas de intervenção governamental
vinculadas à estrutura anterior vigente ineficiente e viciada. Isto é,
não se tratando de ação nova instituída sobre um território vazio, mas
de prática que exige desmontar o que está vigendo, as resistências são
imensas e os custos são elevados. Esse é o caso, por exemplo, da própria
reforma tributária. A estrutura de impostos, taxas e contribuições
existentes atualmente, sob a qual funcionam os municípios, os estados, o
Distrito Federal e a União, conta com mais de 80 tributos. Uma
verdadeira reforma exigiria demolir o atual edifício tributário e
renegociar as fatias de cada ente estatal, com sua gama de interesses e
conflitos. A primeira razão que dificulta a reforma tributária é a
enorme dificuldade de conciliar os interesses de municípios, estados e
União quanto à participação de cada um no bolo tributário e como será
distribuída a competência para cobrar os novos tributos.
A compreensão da sociedade e dos políticos sobre esses aspectos e
problemas existe em bom nível; logo, a principal atitude que o país
deve adotar consiste num elenco de medidas capazes de promover o
ambiente institucional adequado ao crescimento. Um corpo de leis e
regras que incentivem a atividade empresarial e políticas públicas
estimuladoras da iniciativa privada são urgentes e necessários. Para
isso, é preciso colocar o empresário, o empreendedor, como o elemento
central do crescimento econômico que dará suporte às melhorias sociais.
Nunca é demais repetir a frase lapidar de Roberto Campos: o respeito ao
produtor de riqueza é o começo da solução da pobreza. O empreendedor
enfrenta riscos de mercado, sofre as agruras da instabilidade natural da
economia, tem de buscar eficiência para sobreviver à concorrência,
incorre em elevados custos de obediência às intervenções governamentais,
de forma que ao governo cabe melhorar tanto quanto possível o ambiente
institucional e a segurança jurídica necessários a estimular as
atividades econômicas. Uma vez encerrada a campanha para o segundo
turno, é hora de o país voltar sua atenção para esses assuntos, dada sua
relevância no objetivo de fazer o Brasil crescer e melhorar seus
indicadores sociais.
PT pede nova censura contra Gazeta e quer impedir cobertura sobre Lula e Ortega
Por Mariana Braga – Gazeta do Povo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: Fernando Bizerra/EFE
A
coligação do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
acionou novamente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de
retirada de conteúdo do site da Gazeta do Povo que explica, com fatos
históricos, a relação do líder petista com o ditador nicaraguense Daniel
Ortega. Além disso, a coligação pede censura prévia para que o jornal
seja impedido de fazer novas reportagens que demonstrem a ligação de
Lula com ditadores. A ação foi aberta na terça-feira (11), véspera de
feriado, e será analisada pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino. A
pedido da campanha de Lula, no início do mês o ministro já havia
determinado a remoção do tuíte de uma notícia publicada pela Gazeta do
Povo cujo título era: “Ditadura apoiada por Lula tira sinal da CNN do
ar”.
Na nova ação, os advogados da campanha do PT voltam a pedir a censura
de reportagem da centenária Gazeta do Povo sob a alegação de que há a
“veiculação de conteúdos sabidamente inverídicos” que afirmam que “Luiz
Inácio Lula da Silva apoiaria suposto regime autoritário na Nicarágua e,
a partir disso, seria favorável à prática de atos ilícitos”. Desta vez,
a reportagem questionada pelo PT tem o título: “Relacionamento entre
Lula e ditador da Nicarágua está bem documentado”. O conteúdo reúne
diversos fatos históricos de conhecimento público sobre a relação do
petista com Ortega. Também são alvo do pedido de censura outros perfis
em redes sociais que repercutiram o caso.
Além do jornal, a coligação de Lula pede censura de conteúdos
publicados por 12 perfis, entre elas o do colunista Rodrigo Constantino,
que escreve na Gazeta do Povo. Também estão na lista a deputada federal
Carla Zambelli (PL); o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL); o
assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da
República, Filipe Martins; o ministro de Minas e Energia, Adoldo
Sachsida; a empresa Azcomm de Comunicação; a responsável do perfil
@taoquei1 no Twitter, Barbara Zambaldi Destefani; o responsável pelo
perfil @Alanghani no Twitter, Alan Nader Ackel Ghani; e os
representantes pelos perfis Stark, Rafael Fontana e Sérgio Vitória.
A coligação descreve na ação que “o perigo do dano encontra-se na
perpetuação de desinformações que maculam a lisura do processo
eleitoral, configurando propaganda eleitoral negativa contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores,
por meio de publicações veiculadas na internet”.
“As publicações dessa natureza são compartilhadas e espalhadas em
velocidade exponencial, de modo a aumentar significativamente o alcance
das desinformações aos eleitores e às eleitoras, ampliando, desta forma,
o impacto negativo das publicações objeto desta representação”,
argumenta o PT na ação.
Por fim, os petistas requerem “que o Twitter, Instagram e provedores
de internet adotem todas as providências cabíveis quanto ao ponto – de
modo a excluir essas e outras publicações que também versem sobre a
fantasiosa relação de Lula com o ditador Ortega”.
A equipe jurídica do jornal avalia que este segundo pedido de censura
“é muito mais amplo”, pois pretende-se “impedir publicações sobre o
tema”. Por isso, foi protocolada no TSE uma defesa preliminar, com o
objetivo de que a defesa seja ouvida antes da decisão sobre a censura.
A Constituição é clara na defesa da liberdade de imprensa. Em seu
artigo 5º, diz que “é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença”. A complementa em seu artigo 220: “A manifestação do
pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição”. E finaliza com: “É vedada toda e qualquer
censura de natureza política, ideológica e artística.” Fica óbvio que o
pedido requerido ao TSE é expressamente contrário ao diz que a carta
constitucional.
“A Gazeta do Povo está sendo alvo, mais uma vez e de forma dolosa, de
uma sequência de ataques do Partido dos Trabalhadores. Atacar a
imprensa é também atacar a democracia. Buscar a censura prévia, como
demanda o partido, além de flagrantemente inconstitucional é uma tática
baixa de tentativa de reescrever a história e, com isso, manipular o
debate eleitoral, com óbvios reflexos na cultura democrática”, afirma a
diretora da Gazeta do Povo, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola. “Nós
somos um jornal centenário, fundado em 1919, que sempre defendeu a
liberdade de expressão e a independência e credibilidade das
instituições. Por isso, nos entristece observar a rápida erosão do
debate público, que, a princípio, conta com o silêncio de grande parte
da sociedade. A censura prévia de uma cobertura jornalística, conforme
demandada pelo PT, deveria ser combatida por todos, independentemente de
suas visões políticas ou ideológicas”, completa.
Por mais de cem anos, a Gazeta tem exercido o jornalismo profissional
pautado em rigorosos padrões éticos e em estrito respeito ao Direito e,
para além, ao Estado Democrático de Direito. Conquistou por diversas
vezes as maiores premiações jornalísticas brasileiras. Foi reconhecida,
inclusive, por premiações internacionais que enalteceram o trabalho
cuidadoso com que o jornal aplica em suas apurações jornalísticas e que
têm impacto na sociedade.
O presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ),
Marcelo Rech, repudiou a nova tentativa de censura. “É triste e
assustador se constatar que ainda hoje se tente censurar a imprensa no
Brasil. Mesmo que o tema jornalístico já não fosse de amplo domínio
público, a censura à imprensa é flagrantemente inconstitucional e retira
da população o direito de se informar livremente. A ANJ espera que as
autoridades judiciárias respeitem os preceitos mais básicos da
Constituição e rejeitem mais essa tentativa de censura contra um jornal
com mais de 100 anos de história e amplo respeito na comunidade.”
A relação bem documentada entre Lula e Ortega A coligação
eleitoral de Lula alega que “a Gazeta do Povo, que foi impedida de
manter no ar reportagem supostamente jornalística que tentava incutir na
mente do eleitor a falsa ideia de que Lula e Ortega seriam aliados, fez
nova publicação”. O PT também citam que “a notícia já classificada como
inverídica por diversas vezes”.
Mas a nova reportagem da Gazeta do Povo questionada por Lula cita
fatos que provam a relação entre o candidato Lula ao ditador da
Nicarágua, Daniel Ortega. Uma das primeiras aproximações explícitas foi a
fundação do Foro de São Paulo, organização que diz em site próprio que
foi fundada “a partir de uma convocatória dos ex-presidentes Lula e
Fidel Castro a partidos, movimentos e organizações de esquerda em julho
de 1990”.
Fidel Castro foi o ditador de Cuba por 46 anos. O partido de Ortega,
Frente Sandinista de Liberación Nacional (FSLN), é listado como membro,
junto ao partido da ditadura venezuelana (Partido Socialista Unido da
Venezuela – PSUV). Em 2018, quando o ditador da Nicarágua reprimiu a
oposição, com mais de 360 vítimas fatais, o Foro de São Paulo publicou
nota em “apoio irrestrito” ao “camarada Daniel Ortega”, denunciando “o
vandalismo da direita e das organizações financiadas pela
contrarrevolução que, com o apoio do imperialismo ianque, encheram de
luto os lares nicaraguenses”.
Em 2007, Lula, na época presidente da República, visitou a Nicarágua
após vitória eleitoral de Ortega. Como noticiou na época a BBC Brasil,
Lula disse que sentiu uma emoção diferente visitando o país, pois foi lá
que conheceu Fidel Castro. “Vivi todo o trabalho que o presidente
Daniel Ortega fez para consolidar a Nicarágua como país soberano”, disse
Lula na época, prometendo tantos acordos quanto necessários para
promover a “justiça social” no país. O próprio nicaraguense fez as vezes
de motorista para buscar o amigo no aeroporto.
Os acordos vieram: em 2009, foi concluído um plano de construção
da Usina Hidrelétrica de Tumarin com investimento de 500 milhões de
dólares com participação do BNDES (banco estatal brasileiro). Corrigindo
com a inflação e a cotação atual do dólar, equivalem a R$3,6 bilhões
hoje. O plano era da Eletrobrás e de uma empresa afiliada à empreiteira
Queiroz Galvão. Em 2014 e 2016, o diretor presidente da Queiroz Galvão
foi preso pela operação Lava Jato, acusado de corrupção, lavagem de
dinheiro, organização criminosa e tentativa de obstrução de
investigação. O Tribunal de Contas da União (TCU) impediu o repasse de
recursos para a construção da hidrelétrica em 2016. Na época, o
orçamento tinha subido para US$1,2 bilhão (R$7,7 bilhões hoje).
Em matéria de 28 de julho de 2010, o site G1 informou que Lula
expressava intimidade com o ditador: brincou que ambos integrariam um
“eixo do mal” durante uma recepção oficial a Ortega. A matéria especula
que seria uma menção direta ao termo do presidente americano George W.
Bush para seus adversários na Guerra do Iraque: sinal de uma irmandade
em oposição aos Estados Unidos, bandeira comum na esquerda
latino-americana. “Nossa relação é parte integrante de um eixo
latino-americano e caribenho, em franca expansão, que busca modelos de
desenvolvimento progressistas”, disse o candidato.
O mês de novembro de 2021 é crucial para entender que a relação
amistosa de Lula e do PT com o regime de Ortega perdura. Defendendo
Ortega em uma entrevista ao jornal El País, Lula perguntou “Por que
Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder, e Daniel Ortega não? Por que
Margaret Thatcher pode ficar 12 anos no poder, e Chávez não?” No dia 10,
o PT apagou discretamente uma nota de apoio a Ortega depois que ele foi
“eleito” para seu quinto mandato, resultado amplamente considerado
fraudulento, com todos os opositores do ditador presos ou exilados.
No início de outubro, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que o Twitter e o Facebook
removessem 31 postagens que apontam o apoio do ex-presidente à ditadura
de Daniel Ortega na Nicarágua, seguindo o primeiro pedido do PT ao TSE.
A censura judicial atingiu também um tuíte da Gazeta do Povo, de 22
de setembro, com a notícia de que o regime de Ortega havia cortado o
sinal do canal de notícias CNN naquele país.
Entidades da sociedade civil repudiaram censura à Gazeta do Povo Após
a censura imposta pelo TSE, diversas entidades saíram em defesa da
Gazeta do Povo. Uma delas foi a Associação Nacional de Jornais (ANJ),
que já repudiou nesta quarta-feira a nova ação do PT.
O Instituto Liberdade e Justiça apontou caráter abusivo da decisão do
ministro e manifestou preocupação com a censura. “Vejo com preocupação
que juízes, incentivados pela atuação do Supremo Tribunal Federal,
estejam tomando decisões teratológicas, em sede de liminares, para
impedir que as pessoas tenham acesso a fatos que encontram respaldo na
realidade”, afirmou o diretor-presidente da organização, Giuliano
Miotto. “Este é o caso da decisão que foi proferida contra a Gazeta do
Povo, jornal que atua de forma exemplar e compromissada com a verdade
dos fatos. Por isso, o Instituto Liberdade e Justiça, na minha pessoa,
repudia com veemência esta decisão. Sabemos que a continuar essa marcha
abusiva do judiciário, estaremos em breve mergulhados em uma das piores
ditaduras que se pode existir e contra a qual não há a quem recorrer”,
reforçou Miotto.
A Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) informou que
considera preocupante a remoção do conteúdo, já que o tuíte censurado
apenas citava um fato verídico noticiado também por outros veículos de
comunicação. “O caso ganha seriedade ainda maior quando se considera que
a temática censurada guarda relação com violações aos direitos humanos
na América Latina, assunto de relevância para os debates políticos no
período eleitoral e que compõe a missão institucional da Anajure”,
destacou a nota assinada pela presidente da entidade, Edna Zilli.
O Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) publicou em seu
site oficial uma nota de repúdio. Assinada pelo presidente do instituto,
Thiago Rafael Vieira, a manifestação destacou a importância da
liberdade de imprensa como garantia constitucional, bem como a previsão
constitucional de vedação à censura.
A Rede Liberdade, por sua vez, divulgou na semana passada, que foi
coassinado por outras 21 entidades, no qual condenou veementemente a
medida restritiva à liberdade de imprensa empreendida pelo ministro do
TSE. “Como defensores do Estado Democrático de Direito não nos parece
razoável que um veículo de comunicação não possa expor conteúdos
verdadeiros e facilmente verificáveis em virtude da possibilidade de
gerar prejuízo a alguma candidatura política. É justamente ao longo do
período eleitoral que informações se tornam mais valiosas ante a
necessidade de tomada de decisão dos eleitores em relação aos candidatos
que desejam ocupar um cargo público”, declaram as entidades.
As organizações que subscreveram o manifesto foram: Instituto Mises
Brasil; Instituto de Estudos Empresariais (IEE); União Juventude e
Liberdade; Instituto de Formação de Líderes de Goiânia; Instituto de
Formação de Líderes do Rio de Janeiro; Instituto Atlantos; Instituto de
Formação de Líderes de Belo Horizonte; Instituto Liberdade; Instituto de
Formação de Líderes Curitiba; Grupo Domingos Martins; Instituto Liberal
de São Paulo; Instituto de Formação de Líderes Florianópolis; Instituto
de Formação de Líderes Jovem de Belo Horizonte; Juventude Libertária de
Sergipe; Instituto Livre Mercado; Instituto Libercracia; Instituto
Liberal do Triângulo Mineiro; Clube Farroupilha; Instituto de Formação
de Líderes Brasil; Instituto de Formação de Líderes Jovem São Paulo;
Students for Liberty Brasil; e Instituto de Formação de Líderes de
Brasília.
Por fim, o Movimento Advogados do Brasil (MABr), entidade
suprapartidária que conta com cerca de dez mil advogados associados e
atua na defesa dos direitos fundamentais, também divulgou nota de
repúdio à conduta do ministro do TSE, destacando-a como incompatível com
um regime democrático. “A bem da verdade, o livre pensamento e a
divulgação de fatos só podem subsistir em democracias sólidas, que
primam pela liberdade; do contrário, ela fatalmente estará sob ameaça”,
diz o comunicado do MABr.
Artigo Rafael Serrano Tradução de Bruna Frascolla – Gazeta do Povo Aceprensa
The
word Porn printed on a piece of paper hanging on fishing hook over pink
background. Conceptual image about the addiction to pornography.
“A indústria do pornô é tóxica em seu modo de produção e de consumo. Coloniza os cérebros.”| Foto: Bigstock
“Deve-se
seguir tolerando a existência de uma indústria que gera tal violência e
maltrato às mulheres, que promove um sistema de dominação e
mercantilização do corpo da mulher e que pode ter consequências
desastrosas para a formação da identidade sexual, em especial dos
jovens?” É a questão posta pelas autoras de um relatório do Senado
francês sobre o negócio da pornografia, depois de descrever os abusos
que comete e os danos que ele causa.
O relatório, publicado na semana passada, veio a público após seis
meses de trabalho, incluindo audiências a portas fechadas com mulheres
que trabalharam para produtoras pornográficas. O título que
deram, Porno: l’enfer du décor, brinca com a expressão l’envers du
décor (equivalente a “o outro lado da moeda”) para dizer que na cadeia
da produção pornográfica se esconde um inferno. As autoras pretendem,
com seu trabalho, “abrir por fim os olhos de todos para a violência
sistemática” que inflige essa “indústria tóxica”.
Tradicionalmente se aplicou à pornografia uma certa tolerância, que
consiste em restringi-la mais ou menos, sem proibi-la de modo geral. Mas
as quatro senadoras, de distintas tendências políticas – da direita à
esquerda –, que elaboraram o relatório afirmam que hoje a pornografia é
tão violenta e perigosa, que é justo questionar suas práticas “e sua
própria existência”.
Consumo massivo e precoce
A pornografia já não é um tipo de filme confinado a cinemas de nicho.
A internet mudou radicalmente o modo em que se produz e consome.
Em meados da primeira década deste século apareceram os sites de
pornografia que baseiam o seu negócio no tráfego massivo, mediante a
oferta de materiais gratuitos, para vender espaços publicitários. Assim
cresceram os grandes colossos do pornô, dos quais o número um mundial é a
multinacional canadense MindGeek, dona de sites como Pornhub, Redtube
ou YouPorn.
Na década seguinte, a difusão aumentou ainda mais porque as redes
sociais (Facebook, Instagram…) e os aplicativos de mensagem (WhatsApp,
Telegram…) se converteram em canais de links para os sites
pornográficos.
Como consequência, segundo as estimativas da Arcom (o órgão regulador
das comunicações audiovisuais e digitais na França), 19 milhões de
franceses consomem pornô mensalmente, dos quais 12% são menores: 1,1
milhão com 15 a 18 anos de idade e 1,2 milhão que não chegaram aos 15.
Exploração de mulheres Essa expansão da audiência veio acompanhada
por uma grande mudança no sistema de produção. Para alimentar os sites
de distribuição massiva, produziu-se uma explosão de produtores à margem
das empresas tradicionais. Surgiu um enorme setor amador ou
semi-profissional que fabrica pornô de baixo custo em quantidades
imensas.
Esse fenômeno, diz o relatório, levou a uma tremenda degradação moral
dos produtos. Em busca da audiência massiva, foram acrescentando aos
poucos doses mais altas de brutalidade e violência. Como o pornô, à
semelhança das drogas, gera tolerância, para seguir atraindo o público
viciado é preciso continuar a espiral. Hoje o pornô duro
(hardcore, gonzo) é o mais consumido.
Assim, a pornografia em geral abandonou toda pretensão artística.
Sobra o argumento: para mostrar cenas sexuais bizarras e violentas (são
90%, diz o relatório), não precisa contar história nenhuma. Quem paga o
preço desse recrudescimento são sobretudo as atrizes, que no caso dos
vídeos de baixo custo não costumam ser profissionais. As novas
produtoras exploram mulheres jovens, vulneráveis econômica ou
psicologicamente. Algumas, que testemunharam perante as quatro
senadoras, relataram os procedimentos empregados consigo para
subjugá-las e desumanizá-las, de modo que se prestassem a agressões e a
aberrações – porque não há efeitos especiais.
“A indústria do pornô é tóxica em seu modo de produção e de consumo. Coloniza os cérebros.”
Essas atrizes, acrescenta o relatório, raramente exercem a profissão
com proteção laboral. Muitas vezes apenas são forçadas a assinar um
contrato de cessão de direitos de imagem claramente abusivos. Se alguma
vez quiserem cancelar a cessão, pedir-lhes-ão de três a cinco mil euros,
soma que vem a ser dez vezes o que ganhou pelo trabalho. Isto converte
em letra morta o direito de retratação… Fora que, uma vez que um vídeo
circula na internet, é muito difícil retirá-lo.
Uma indústria tóxica À vista de tudo isso, uma das autoras do
relatório, a vice-presidente do Senado Laurence Rossignol, socialista,
dá este diagnóstico: “A indústria do pornô é tóxica em seu modo de
produção e de consumo. Coloniza os cérebros”. O relatório assinala
alguns dos prejuízos que causa nos jovens: traumas, transtornos do sono
ou da atenção, visão deformada e violenta da sexualidade, dificuldade
para ter trato normal com pessoas do outro sexo, sexualização precoce… E
adverte que também os adultos sofrem danos semelhantes.
Se a isto se acrescenta que “a exibição de estupros e a erotização da
violência sexual” servem a um “sistema de dominação e de violência
contra as mulheres”, há motivos, segundo o relatório, para considerar a
pornografia um problema de política pública. Nesta linha vão as
recomendações das autoras.
Por exemplo, propõem tipificar como delito as violências sexuais
cometidas na produção de materiais pornográficos. Também insiste em
facilitar que as atrizes exploradas denunciem as produtoras (há agora
dois casos nos tribunais franceses) e em efetivar o direito ao
esquecimento, obrigando à retirada gratuita de vídeos quando uma pessoa
filmada retira o consentimento.
Como proteger os menores? Outro capítulo de recomendações é
dedicado à proteção dos menores. Uma das principais é estabelecer e
exigir um sistema efetivo de verificação da idade, como manda uma lei
francesa de 2020. Este é um ponto difícil, como se viu no processo
judicial, atualmente em curso, da Arcom contra Pornhub e outros quatro
distribuidores de pornografia online.
Não se encontrou ainda um sistema eficaz de verificação da idade, para bloquear o acesso de menores ao pornô na internet.
A Arcom os acusa de infringir a lei por não bloquear de modo eficaz o
acesso dos menores. Mas não está claro que possam fazê-lo, pois até
agora não se encontrou um sistema que comprove a idade do internauta e,
ao mesmo tempo, não o identifique. Esta incompatibilidade entre eficácia
e privacidade motivou que no Reino Unido finalmente se renunciasse ao
projeto de implantar uma medida como a francesa: o Children’s Code só
exige aplicar algum procedimento, ainda que falível, e comunicá-lo à
autoridade.
O problema é que a lei de 2020 ordena verificar a idade, mas não diz
como fazer. Isto permitiu que o Pornhub se opusesse à queixa com um
questionamento prévio da constitucionalidade: alega que a infração de
que é acusado não está claramente definida, o que é contrário a um
princípio geral do Direito. O tribunal aceitou o questionamento prévio à
Corte de Cassação, que tem agora seis meses para decidir se o remete ao
Conselho Constitucional. Assim, a causa entrou em impasse.
O relatório das senadoras defende que se pode encontrar um
procedimento seguro de verificação. Em concreto, recomenda a proposta da
CNIL (a agência francesa de proteção de dados pessoais): uma
comprovação a cargo de uma entidade independente, que se faça de
intermediária e opere com um sistema de barreira dupla de anonimato
(frente ao serviço de verificação e frente ao site pornô). Mas isso não
se experimentou ainda.
De todo modo, a chave pode estar no último aparte de recomendações,
que se resume em “educar”. As senadoras sublinham que os cidadãos e as
instituições têm que tomar consciência do quão daninha se tornou a
pornografia. Já não é mais um vício privado: é um verdadeiro problema
público a ser levado a sério. “É preciso parar de desviar o olhar.”
Justiça e Direito Decisões absurdas constrangem ministros do STF
Por Alexandre Garcia
| Foto: Pixabay
Hoje é um dia importante para a eleição de segundo turno em Alagoas. O
Superior Tribunal de Justiça, numa sessão extraordinária, com 15 dos 33
ministros, vai examinar a decisão da ministra Laurita Vaz, em liminar,
que afastou por 180 dias o governador de Alagoas, Paulo Dantas, no
âmbito da operação Edema da Polícia Federal. Foi a pedido do Ministério
Público por um escândalo de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro na
Assembleia Legislativa, quando ele era deputado estadual. Envolve a
mulher dele, prefeita de Batalha, e uma irmã.
Interessante que o pai dele, Luiz Dantas, três semanas atrás gravou
um vídeo denunciando o filho, dizendo que o filho estava sob má
influência. Eu imagino que ele queira se referir a Renan Calheiros, que
está apoiando Paulo Dantas. Lula também está apoiando Paulo Dantas como
candidato a governador, seria reeleição. O outro candidato é apoiado
pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, pelo prefeito de Maceió e por
Bolsonaro. Ele é do União Brasil. Se chama Rodrigo Cunha.
Grande diferença é a palavra do pai do governador afastado É
importante porque Alagoas já deu, pelo menos na minha memória, três
presidentes da República. Deodoro, Floriano e Collor. Por isso é
importante uma eleição em Alagoas, por isso é importante essa decisão. E
a grande diferença é a manifestação do pai do governador. Dizendo que
prefere interromper um erro para que o erro não se perpetue. Que dói no
coração do pai, mas que o filho se desencaminhou. E, portanto, não
aprova os atos do filho, pela honra da família, dignidade da família e
em respeito ao povo alagoano. Luiz Dantas, ex-deputado estadual. Gravou
duas vezes inclusive sobre este mesmo assunto.
Queria fazer um registro sobre a Justiça Eleitoral que fez muitas
campanhas – Barroso quando era presidente fez, principalmente ele –
contra o que a novilíngua convencionou chamar de fake News. É o
conhecido boato, a conhecida mentira, a cascata, que sempre houve, mas
querem imputar isso às redes sociais. Por isso puseram um nome em
inglês, como se fosse novidade, trazida pela rede social. E não é.
Justiça Eleitoral não tem licença para censurar Com toda a
campanha, não adiantou. Há uma enxurrada de mentiras por toda parte.
Rede social, a mídia tradicional, meu Deus do céu! Claro, os ânimos
estão aquecidos com a eleição, há uma polarização muito grande, os
eleitores, os candidatos idem. Só que a justiça eleitoral tem que ficar
de cabeça fria. Então, em todas as queixas, não pode cair em qualquer
uma assim, que revele que está desobedecendo o artigo 220 da
Constituição, que veda qualquer tipo de censura.
Que muitas vezes é censura, porque é notícia. É o caso da Gazeta do
Povo, por exemplo, que noticiou a notícia. Que Ortega, o ditador da
Nicarágua, apoiou Lula. Isso é notícia, não é uma invenção.
Então, sim, tem que agir lá naqueles que estão produzindo em série
noticias falsas, compondo os mais absurdos. Eu vi um absurdo de um
sujeito que inventa um atendimento numa emergência do hospital, e o
atendimento é atrapalhado por uma manifestação de rua. Fazem de tudo,
enfim.
É hora de restaurar o devido processo legal Compete à gente
discernir, separar o joio do trigo, a mentira da verdade. Eu fico
estarrecido. Eu vi a entrevista do Zé Trovão para o Paulo Alceu, no
Conexão ND, de Santa Catarina. E o Zé Trovão está lá com tornozeleira
eletrônica, foi preso por crime de opinião. Qual foi o crime dele? Ah,
ele pediu intervenção militar e pediu para interditar o Supremo. Isso é
crime de opinião! Ele fez alguma coisa nesse sentido? Ele pegou um
fuzil? Ele jogou uma granada? Ele reuniu gente, instruiu gente para
derrubar o Supremo? Não, foi opinião. Ele deu uma opinião.
É livre a expressão do pensamento. E ele não guardou anonimato. O que
é proibido é anonimato. Mas foi punido, foi preso. Foi preso por quem?
Pelo juiz de primeira instância, que é a jurisdição dele? Não. Por um
juiz da Suprema Corte. Ele não tinha foro privilegiado. Agora é que vai
ter, no dia em que ele for diplomado. Então, a gente está assistindo a
essas coisas e os ministros do Supremo estão constrangidíssimos.
Por que isso faz mal à Suprema Corte, isso é terrível. Fazendo mal
para a Suprema Corte, faz mal para a democracia. Então, a gente vê essas
coisas, compara, vai descobrindo em que absurdos estamos metidos, no
ponto mais alto da Justiça. É preciso voltar à normalidade, ao devido
processo legal.
Pilatos: símbolo da soberba de quem se recusa a fazer uma escolha para não desagradar seus pares.| Foto: Reprodução/ Twitter
Estou
há horas tentando decifrar o que escrevi no bloquinho. Acontece com
frequência e, nessas ocasiões, sempre me lembro dos velhos cadernos de
caligrafia que odiava preencher. Eis que, depois de muito ponderar sobre
um “t” que parece um “l”, dos hieroglifos tiro uma reflexão apressada e
que dizia: “Pôncio Pilatos é um dos personagens mais abomináveis dos
Evangelhos. Um homem que não foi capaz de fazer uma escolha moral
simples e óbvia. Respeito mais quem faz uma escolha errada do que quem
se omite. Não é hora de lavar as mãos”.
E não é mesmo!
O problema com esse tipo de referência a Pôncio Pilatos, ainda mais
quando aplicada a uma circunstância específica, a escolha política óbvia
entre Jair Bolsonaro e o amigão do Ortega, Lula, é que sempre aparece
alguém para fazer a ressalva fatídica e desonesta de que um dos objetos
da escolha não é Jesus. E eu não sei?! Por acaso tenho cara de
idólatra?! – dá vontade de responder, mas não respondo. Foi uma
observação desse tipo que me fez desistir de tornar pública a reflexão,
reduzindo-a a uns garranchos num caderninho.
E me obrigando a ser mais explícito do que a Lei Geral das Crônicas
autoriza. Os pilatinhos contemporâneos que empinam o nariz para dizer
que, entre Bolsonaro e Lula, preferem lavar as mãos e ficar em casa
cozinhando o galo ou ainda indo até a seção eleitoral só para admirar o
que eles consideram um espetáculo deprimente, não estão fazendo uma
escolha entre o Filho de Deus e um bandidinho. Até porque não foi essa a
escolha que Pilatos se omitiu de fazer. Ele não sabia do caráter divino
de Jesus. A realidade como ele a enxergava naquela situação, portanto,
pressupunha uma escolha moral simples e óbvia entre dois homens: um que
ele sabia ser um bandido (e, ao que consta, até um assassino), e outro
no qual ele não via nenhum sinal de culpa.
Veja só: não é a covardia o que incomoda no ponciopilatismo de que
sofrem os liberais ou conservadores de alta estirpe. Por outra, é a
soberba, a arrogância e a prepotência de quem se considera indigno de
sujar as mãos na “tosquice” de Bolsonaro para impedir a volta do amigo
de Daniel Ortega, que não venceu nem assumiu e já está dando mostras de
seu caráter autoritário.
De volta a Pôncio Pilatos, personagem que não me sai da cabeça, fico
aqui pensando no que ele faria se não tivesse a opção de lavar as mãos.
De sair pela tangente. De estufar o peito para dizer “não vou nem me
levantar da poltrona”. De enfrentar filas só para dizer que não prefere
nem um nem outro. Os cínicos dirão que Pilatos teria escolhido Barrabás
de qualquer maneira. Já os fiéis da Igreja Copta acreditam que ele teria
escolhido Jesus. Por isso, fizeram de Pilatos um santo.
Da mesma forma, me pergunto em quem esses aí que confessam a opção
autoindulgente pelo voto nulo/branco ou abstenção votariam se fossem
obrigados a fazer a escolha. Não “A” escolha nem uma escolha: esta
escolha que temos hoje diante de nós, entre o homem falho, às vezes
insuportável e repugnantemente falho, e um barrabás arquetípico. Entre a
imagem fabricada de ameaça à democracia e a realidade provada de ameaça
à democracia. Entre um defensor da vida que fala palavrão e dá de
ombros para a liturgia do cargo e um abortista que promete picanha e
cervejinha para o povão.
Mais do que de uma suposta orfandade ideológica por parte dos
conservadores-raiz, o ponciopilatismo nasce da já mencionada soberba, e
também da vaidade e da frouxidão moral que são a marca registrada dos
intelequituais (apud Millôr) brasileiros. Inclusive e sobretudo os que
clamam para si o título de “intelequitual di direita”. A vaidade é
aquela de não querer ser visto como uma espécie de leproso político por
seus pares; e a frouxidão moral é aquela que procura a citação perfeita
para justificar o voto nulo que, ele sabe, eu sei e nós sabemos, tende a
favorecer Lula.
Não que minha estima tenha lá algum valor no grande ou no pequeno
esquema das coisas, mas de fato respeito mais aqueles que optam
explicitamente pelo barrabás de Garanhuns do que os que lavam as mãos,
deixando, ão-ão-ão, a decisão para a multidão. Afinal, por mais
equivocados que sejam e são, os isentões petistas (sic) ao menos assumem
a responsabilidade pela própria escolha – uma escolha equivocada, mas
que não se esconde sob o manto da arrogância.
No mais, sinto ser eu a lhe dizer, mas é bem provável que seus pares o
olhem com reprovação independentemente do seu voto. E, no paredão, seja
ele real ou simbólico, de nada lhe servirá aquela citação do filósofo
Xis ou do cientista político Ypsilon que você, conservador, escolheu com
tanto cuidado para justificar as mãos agora limpíssimas – e também
caladíssimas, imobilíssimas, mortíssimas.
Por Denise Luna e Gabriel Vasconcelos – Jornal Estadão
Estatal aposta em novo Plano Estratégico de 2023 até 2027 para
contemplar a modernização de refinarias e ter um olhar mais atento para
energia limpa
Plano Estratégico 2023-2027 da Petrobrasvirá
mais forte que o anterior, turbinado pela a incorporação dos
investimentos necessários à exploração da Margem Equatorial, fronteira
tratada como um possível “novo pré-sal”. Essa é a principal aposta da
estatal para aumentar suas reservas de petróleo.
Além da nova fronteira, o plano deve contemplar a modernização de
refinarias e ter um olhar mais atento para energia limpa. Com isso, a
estatal planeja adaptar suas refinarias à produção de biocombustíveis de
alto valor agregado, tipo o bioqueresene de aviação, e também reforçar
investimentos na descarbonização da produção e em estudos para projetos
em energia eólica offshore destinada à produção de hidrogênio verde.
“Do ponto de vista de transição energética, a gente pretende
prosseguir consistente com aquilo que já fizemos: olhar projetos de
descarbonização com o objetivo de desenvolver produtos renováveis e
obviamente buscando a transição por meio da diversificação rentável, ou
seja, quais novos negócios ou atividades a Petrobras pretende priorizar
com vistas a um universo de longo prazo”, afirmou recentemente o diretor de Governança e Conformidade da estatal, Salvador Dahan, sobre o novo plano.
Para o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor da UFRRJ, Maurício Tolmasquim,
uma maior atenção da Petrobras a fontes renováveis é bem-vinda,
sobretudo se direcionada à eólica offshore, já que a companhia domina
boa parte da infraestrutura logística para atuar em alto mar.
“Mas não adianta ser uma previsão simbólica, tem de ser um montante
que permita à Petrobras recuperar o tempo perdido. Ela já está atrás na
corrida pela energia renovável no Brasil, sendo a grande ausência na
notificação de interesse por áreas (no mar) para eólica offshore ao
Ibama”, observa Tolmasquin. O especialista lembra que, motivadas pela
transição energética, grandes petroleiras como Shell, Total e Equinor
têm feito esforços para se converter em empresas de energia limpa no
longo prazo, meta que a Petrobras já teve fortemente associada a
biocombustíveis, mas que ficou em segundo plano nos últimos anos.
Foi por causa do pré-sal que os investimentos da estatal deram um
salto na década passada, para mais de US$ 200 bilhões, encolhendo
posteriormente para menos da metade deste valor no plano formulado em
2016, devido ao alto endividamento da companhia. Nos últimos sete anos, o
total investido nunca ultrapassou os US$ 100 bilhões. As projeções
indicam que os aportes devem continuar abaixo desse patamar, apesar de
tenderem a ser maiores em comparação com o plano anterior, avaliam
especialistas.
No plano anterior (2022-2026) a previsão era de investimentos de US$
68 bilhões. Desse montante, U$ 57,3 bilhões estavam previstos para
exploração e produção (E&P), dos quais menos de 10%, US$ 5,5 bilhões
para exploração, a maior parte nas bacias do Sudeste (58%), mas também
da Margem Equatorial (38%). Essa frente deve ser reforçada este ano,
puxando o investimento total para cima.
O Estadão/Broadcastapurou que o
plano 2023-2027 da estatal também deve deixar para trás a previsão de
apenas uma nova plataforma de exploração e produção em 2022 (FPSO
Guanabara), para inserir mais unidades até 2027, o que vai elevar o
valor dos investimentos. O número final, no entanto, ainda não foi
finalizado, e continua em discussões técnicas antes de ser apresentado
ao Conselho de Administração da companhia.
Fontes da companhia confirmaram que a exploração da Margem Equatorial
vai receber atenção especial. A licença para perfuração do primeiro
poço é esperada para novembro, após teste de simulação para provar ao
Ibama que a empresa tem condições de conter eventual derramamento de
petróleo. Hoje o investimento reservado para a nova conquista até 2026 é
de US$ 2 bilhões, volume que tende a ser incrementado no próximo plano.
Plataforma de exploração de Petróleo no Rio de Janeiro. Foto: Fabio Motta/Estadão
A empresa planeja, assim como em outros locais nos quais atua,
desenvolver projetos sócio-ambientais na região, que também deverão
constar no plano, como informou ao Broadcast o gerente executivo
responsável pela área, Mario Carminatti.
Na exploração e produção da nova fronteira serão adotadas tecnologias
que utilizam algoritmos de última geração; inteligência de dados e
computadores de alto desempenho (HPC); ampliação da operação remota, que
prometem reduzir riscos ambientais, o que pode elevar os investimentos
da estatal nos próximos anos.
Iniciativas de baixo carbono
Os esforços de descarbonização devem ser reforçados, mas sem grandes
mudanças na ordem de prioridade. No plano divulgado no fim do ano
passado, essa “frente de baixo carbono” teria investimento de US$ 2,8
bilhões em cinco anos, sendo pouco mais de R$ 2 bilhões, para a
descarbonização das operações atuais, e apenas R$ 730 milhões para
desenvolvimento de biocombustíveis e pesquisa e desenvolvimento em
energias renováveis com vistas à “diversificação rentável” em novos
negócios. Fontes da companhia e agentes de mercado esperam que essa
última frente seja reforçada, ainda que não a ponto de ocupar papel de
destaque nas finanças da Petrobras.
Segundo um consultor que presta serviço à Petrobras, a companhia deve
preparar um plano “resiliente e flexível” ao resultado das eleições. A
estratégia da companhia, diz ele, deve sofrer ajustes finos a depender
do próximo presidente, mas não mudará no essencial, que é o enfoque
crescente em exploração e produção, negócio principal da estatal.
A fonte confirma o aumento de investimento para fazer frente à
campanha na Margem Equatorial, mas, também, para aumentar o rendimento
do pré-sal. Em paralelo, diz o consultor, a companhia deve perseguir
papel relevante na transição energética, mais centrada na
descarbonização da cadeia que já domina, em vez de investimentos
decisivos em energia renovável. Estes projetos devem aparecer no plano,
mas ainda na condição de estudos.
“Não vamos ver a Petrobras investindo em (energia) solar e eólica
como faz a Shell. O core vai continuar a ser petróleo e gás e seu
processamento. Então a política ESG (governança ambiental, social e
corporativa, em inglês) ainda deve observar mais esse universo”, afirma
uma fonte. A empresa, porém, deve indicar no PE 2023-2027 os primeiros
passos para uma possível parceria com a norueguesa Equinor para gerar
energia eólica offshore, avaliou.
De fato, segundo o diretor Relacionamento Institucional e de Sustentabilidade, Rafael Chaves, os pilares do novo plano estratégico já têm norteado anúncios recentes da companhia.
“O anúncio (de comercialização) do diesel R5 (5% renovável) mostra
que o biorrefino é estratégico para a Petrobras, área em que a gente vai
continuar investindo”, disse. “A gente já tem declarado que vai fazer
uma planta dedicada para explorar o mercado de querosene de aviação
baseado em conteúdo renovável.”
Segundo Chaves, não há hierarquia na frente de sustentabilidade do
plano, mas “três dimensões diferentes” que se equivalem: descarbonização
do barril, o biorrefino, e a preservação de florestas e reflorestamento
como apoio à essa agenda. “O biorrefino está mais maduro, mas todas
(essas dimensões) são promissoras, seria prematuro dizer que uma virá em
detrimento da outra”, afirmou.
Um ponto de estresse da preparação do plano é a estratégia para o
tamanho e nem tanto a natureza do parque de refino. Isso porque há clara
polarização entre os dois candidatos à presidência: o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende à manutenção e até recompra de
refinarias, enquanto o governo atual indica preferência pela venda
desses ativos.
Já foi mais do que provado que atualmente no mundo dos negócios é
essencial a formação de uma boa rede de contatos. O chamado networking é
uma ótima maneira de expandir esses contatos, sendo que, diversas
vezes, a melhor maneira de se viver é entre amigos. E por quê não trazer
os conceitos da amizade para um negócio? De acordo com uma pesquisa
divulgada pela The Adler Group, cerca de 85% das oportunidades de
trabalho são preenchidas através de indicações vindas de contatos,
provando o valor de conhecer pessoas e manter boas relações com elas no
ambiente profissional.
15 dicas para recuperar a autoestima no trabalho
Pandemia, Síndrome de Burnout, desmotivação, infelicidade no ambiente
de trabalho, alto índice de depressão, esses foram temas em alta nos
últimos meses, mas com algumas medidas é possível reverter esse
cenários; especialistas listam dicas
O último ano foi marcado por muitos debates sobre a infelicidade no
mercado de trabalho. Um dos temas recorrentes foi a crescente nos casos
de Síndrome de Burnout, em pessoas que extrapolavam as horas de trabalho
em home office. O transtorno que é causado pelo esgotamento físico e
mental, devido a rotina de trabalho exaustiva, é um exemplo de como as
empresas precisam se reinventar para não prejudicar os colaboradores e
até sua presença no mercado. Outros temas debatidos também foram o
aumento do turnover nas empresas, além do estresse e problemas com
sono/concentração devido a pandemia.
Em meio às mudanças na vida profissional e pessoal, se adaptar pode
se tornar um processo difícil e doloroso e que também pode trazer danos
para a autoestima. Para se ter ideia, de acordo com uma pesquisa
realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, o Brasil
lidera os casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. De acordo
com o estudo, o país é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e
depressão (59%). Números como esses mostram como a saúde mental dos
brasileiros foi afetada durante a pandemia.
De acordo com Tomás Camargos, sócio-fundador da VIK – startup que
nasceu para ajudar as empresas a melhorarem a saúde de seus
colaboradores, implementando um programa que visa transformar a vida das
pessoas e o resultado das corporações -, as empresas devem enxergar a
saúde como um investimento e não como uma linha de custo para a empresa.
“As boas organizações precisam investir no bem-estar dos membros da
equipe para evitarem, futuramente, gastarem com doenças causadas pelo
sedentarismo e estresse, por exemplo. Isso também permite com que elas
diminuam consideravelmente os custos das organizações com plano de
saúde, absenteísmo e baixa produtividade. No Brasil. esse movimento vem
acontecendo, em que a preocupação com a saúde está cada vez mais
consciente e estratégica para as corporações”, revela.
Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica
pela PUC de SP, sentir-se bem tem sido um desafio para muitas pessoas e
colaboradores nessa fase de pandemia. “As frustrações comprometeram até
mesmo a autoestima, já que muitas pessoas não conseguiram realizar os
projetos que tinham planejado. Esse aumento nos casos de depressão e
ansiedade se deram também por conta das mudanças drásticas na rotina,
além de todo o medo e incerteza que vieram junto. Às pessoas ficaram com
as emoções à flor da pele, o que prejudica o equilíbrio e contribui
para a baixa autoestima”, explica.
Abaixo, os especialistas listam 15 dicas para recuperar a autoestima no trabalho. Confira:
1 – Faça amigos no trabalho: ter uma amizade no
trabalho torna os colaboradores mais engajados e felizes. Isso é o que
diz uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup que revela a
importância de ter um melhor amigo no ambiente profissional. “Muitas
vezes, com a correria do dia a dia, as empresas deixam de lado o
incentivo para que as equipes se conheçam, uma das formas de mudar esse
cenário é optar por programas de gamificação que levem engajamento,
saúde e socialização entre os colaboradores”, indica Camargos.
Para ele, é possível incentivar essa relação de amizade por meio de
atividades físicas. “Durante o programa corporativo de saúde e
integração desenvolvido pela VIK, por exemplo, os colaboradores de uma
determinada empresa participam de uma competição virtual de atividade
física, por meio de um sistema gamificado e suas atividades físicas
aparecem em um ranking que funciona como uma rede social saudável. O
programa gera um movimento interessante, as pessoas começam a conversar
em torno de um assunto prazeroso e, naturalmente, as relações são
suavizadas ao longo do período”, explica.
2 – Procure por grupos de Networking: é possível
fazer parte de grupos online ou presenciais em uma região. “Além de
possibilitar conhecer novas pessoas, todos estão abertos para conversar e
melhorar suas habilidades. Nessas reuniões, também é possível treinar a
desenvoltura, comportamento e abordagens”, sugere Mara Leme Martins,
PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil – Business Network Internationa,
3 – Saia da zona de conforto e converse com novas pessoas:
quando se trata de networking, é importante falar com as pessoas e
pensar em maneiras criativas de construir o seu negócio. “Dedique tempo
aos relacionamentos que você já tem. Estenda a mão e pergunte se as
pessoas estão bem, se há algo que você pode fazer para ajudá-las”,
explica Mara Leme Martins, PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil – Business
Network International.
4 – Cuidados com sua saúde física e mental: o Brasil
é um dos países mais sedentários da América Latina. Segundo uma
pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase metade
dos brasileiros – 47% – não praticam exercícios suficientes para manter
o corpo saudável. Outro dado alarmante é sobre a saúde mental da
população, já que o país tem o maior índice de prevalência da doença na
América Latina. As empresas podem ajudar a transformar os hábitos e a
rotina dos funcionários. “É fundamental que os líderes pensem no impacto
da saúde no potencial humano e a importância da implementação de
programas de saúde/qualidade de vida para os colaboradores. Por isso,
devem disponibilizar momentos de lazer, atividades físicas em grupo,
meditação e confraternização”, aconselha Camargos.
Além da mudança na prática de atividade física e no sedentarismo, a
implementação de programas de humanização afeta outros setores da vida
dos colaboradores. “Percebemos as transformações de hábitos nos
participantes mais conscientes quando se trata de nutrição, álcool,
cigarro, diminuição do estresse e melhora no sono/concentração”, conta
Tomás.
5 – Faça terapia: a falta de autoestima pode ser uma
ponte para quadros de ansiedade, medos, fobias e até para depressão.
“Procurar um profissional pode ser necessário e ajuda no sentido de
fazer com que o paciente entre no processo de autoconhecimento, trazendo
mais segurança e autonomia para sua vida. Além disso, contribui no
controle das emoções, fortalecendo a autoconfiança e autoaceitação.
Existem abordagens e técnicas bastante eficazes que podem ser a chave
para a melhora do bem-estar emocional da pessoa”, explica Vanessa
Gebrim.
6 – Seja agradável: desenvolver a simpatia ajuda a
abrir portas no networking. Estar aberto para conversar ou expressar
essa vontade ajuda muito no primeiro contato e a quebrar o gelo. “Uma
ótima oportunidade para desenvolver esse ponto é participar de alguns
grupos ou reuniões de empreendedores”, sugere Mara Leme Martins.
7 – Ouça o que os outros dizem: saber ouvir e
compartilhar é fundamental para vencer a timidez. “O ambiente do BNI é
norteado pelo compartilhamento de recursos. Esses podem ser de ordem
material ou imaterial, como talentos, habilidades, conhecimentos,
informações, contatos, saberes, experiências e tantas outras riquezas
que todos temos. Colaborar é um movimento natural do ser humano, que tem
prazer em se colocar à serviço do todo, ao contrário do que fomos
levados a acreditar”, aconselha Mara.
8 – Esteja alinhado com o propósito da empresa em que trabalha:
de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e
Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida
está conectado com seu trabalho atual. “Mais do que um salário alto e
benefícios, os colaboradores querem se sentir uma parte fundamental da
empresa. Hoje, vida pessoal e profissional estão interligadas, somos uma
mesma pessoa”, acrescenta Camargos.
As corporações que não se adaptarem vão ser ultrapassadas. “As
startups são a prova de como esse cenário mudou, ninguém quer mais
passar horas sentado no escritório, sem um momento de interação ou com
roupas sociais desconfortáveis. As pessoas procuram qualidade de vida,
horários flexíveis e experiências novas”, finaliza Camargos.
9. Se olhe e se entenda: é importante entender que
tudo o que a pessoa fizer que, de alguma forma, contribua para que ela
se orgulhe de si, a ajudará a fortalecer sua autoestima. “Quando a
pessoa está focada em seus aspectos negativos, a insegurança certamente
estará presente em sua rotina e relacionamentos. Dentro do processo de
autoconhecimento, a pessoa aprende a gerenciar suas emoções e desenvolve
sentimentos positivos sobre si e sobre o mundo”, conclui a psicóloga
Vanessa Gebrim.
10. Lei da Reciprocidade: é importante ter a visão
de que a confiança colaborativa é a moeda mais valiosa nos negócios –
nos relacionamentos e na vida. O marketing de referência e indicações
nunca foram tão importantes quanto nos dias de hoje, em que as empresas
precisam conquistar novos clientes, presencialmente ou remotamente, para
não colocar em risco a sua operação.
“Os empreendedores, sendo tímidos ou não, precisam aprender os
benefícios da filosofia “Givers Gain”, ou seja, “Se eu lhe ajudar
indicando negócios, você vai se interessar em me ajudar também”. “É a
Lei da Reciprocidade em ação no mundo dos negócios”, conclui Mara Leme
Martins.
11 – Procure uma rede de mulheres empreendedoras:
começar algo novo sempre é difícil, mas quando se tem apoio e com quem
contar no caminho, as coisas acabam se tornando um pouco mais fáceis. “O
Mulheres Aceleradas, por exemplo, é uma comunidade para mulheres que já
empreendem e também para as que desejam começar a empreender. Não
importa a região em que a empresária está, ela pode fazer parte. A
plataforma tem o interesse genuíno em oferecer ajuda a essas mulheres,
aproveitando os meus conhecimentos técnicos e experiência na área. O
objetivo é fazer com que elas percebam que têm com quem contar e que não
precisam trilhar esse caminho cheio de desafios sozinhas”, explica a
mentora de negócios e empreendedora Larissa DeLucca, CEO da Negócios
Acelerados e fundadora da plataforma Mulheres Aceleradas.
12 – Tenha confiança no seu trabalho: é fato que não
se pode negar a realidade do preconceito e machismo contra mulheres e
mães no mercado de trabalho atual. “Não deveria ser assim, mas é a
realidade, para se destacar a mulher tem que ser tecnicamente muito
melhor qualificada do que qualquer homem que exerça a sua mesma função e
ainda ter garra para dar conta, com mestria das suas duplas e, às
vezes, triplas jornadas de trabalho. Mas na minha visão, o principal é
ser uma profissional focada em resultados. Se o resultado final do seu
trabalho é acima da média, isso vai ser o seu cartão de visitas”, diz a
empreendedora.
13. Não tenha medo de falhar: as outras pessoas,
muitas vezes, costumam desencorajar as mulheres a seguirem seus sonhos e
montar seu próprio negócio. Mas é preciso contrariá-los, confiar no seu
potencial e deixar o medo de lado para seguir em frente. “Quando se
começa um negócio novo, é normal ter medo de falhar e, em alguns
momentos, de não fazer um bom trabalho. O que não pode acontecer é
deixar com que esse medo te paralise. Errar em alguns momentos faz parte
da jornada, o mais importante é continuar estudando e aprendendo para
não cometer os mesmos erros e ir melhorando nos pontos que costuma ter
uma maior dificuldade”, complementa a mentora de negócios e
empreendedora Larissa DeLucca.
A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO
Moysés Peruhype Carlech
A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz
divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a
atenção para as seguintes questões:
• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou
pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.
• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas
para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.
• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.
• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.
• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se
expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação,
vendas, etc.
• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:
a) Digitalização dos Lojistas;
b) Apoio aos lojistas;
c) Captura e gestão de dados;
d) Arquitetura de experiências;
e) Contribuição maior da área Mall e mídia;
f) Evolução do tenant mix;
g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;
h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;
i) Convergência do varejo físico e online;
j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;
k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;
l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;
m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.
Vantagens competitivas da Startup Valeon:
• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar
rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a
Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando
para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.
• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos
contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam
dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses
parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do
Aço para os nossos serviços.
• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois
são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.
• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.
• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do
mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas
desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na
divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso
funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia,
inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande
empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar
tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos
manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em
como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.
• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de
divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu
faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao
site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.
Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:
• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;
• Atraímos visualmente mais clientes;
• Somos mais dinâmicos;
• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;
• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;
• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.
• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em
buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para
impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as
suas vendas.
Proposta:
Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas
Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de
divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que
os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.
Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada
empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços,
telefone, WhatsApp, etc.
O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja
também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a
oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de
divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma
Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa
livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua
empresa seja oficializada.
A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando
para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as
melhores marcas do varejo e um mix de opções.
O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o
cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de
compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.
Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que
pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa
plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é
muito abaixo do valor praticado pelo mercado.
Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:
O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
A
Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por
categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja,
tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos
clientes com as lojas.
Não se trata da
digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos
ambientes online e offline na jornada da compra.
No
país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram
três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas,
estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem
retirar o produto em lojas físicas.
O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/) tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 165.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 2.800.000 de visitantes.
O
site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja
favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar
ou receber o pedido com rapidez.
A Plataforma
Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da
exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de
atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo,
cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados,
revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo,
diversão de músicas, rádios e Gossip.
Nós
somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos
tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história
ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.
Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
Crianças mais distraídas e desinteressadas? O que está por trás da mudança de comportamento de crianças e adolescentes? Entenda.
Você certamente já percebeu que as crianças não são mais como eram
antes. Se por um lado muitas vezes são ultra estimuladas, em outros
momentos se mostram desinteressadas por tarefas simples do dia a dia,
sobretudo as que não envolvem tecnologia ou algum tipo de recompensa.
A infância é o período em que formamos uma espécie de “pacote de
referências” que usaremos por toda vida, dentre eles, muitos aspectos de
regulação do comportamento ao contexto ambiental.
A neurocientista do SUPERA, Livia Ciacci, explica que as habilidades
comportamentais dependem das diversas situações de interação. “Quando o
contexto ambiental varia entre relações presenciais e virtuais,
precisamos incluir isso nos aprendizados de competências e atitudes da
criança. Ela precisa começar a entender como regular seu comportamento
em uma conversa pessoal ‘olho no olho’ e em um meio digital”, detalhou.
Um mundo cada vez mais digital para as novas gerações
É bastante comum percebemos educadores desatualizados, sem tempo
dedicado para estudar as vantagens de cada tecnologia e com receio de
incluí-las nas suas práticas, além de pais que usam e disponibilizam o
acesso às essas tecnologias em casa, mas eles mesmos têm dificuldades em
autorregular o tempo que gastam ou como fazem uso.
Imagine agora: qual é a experiência da criança que alterna entre um
ambiente onde acessa vários dispositivos com vídeos, cores, sons e
interações instantâneas e outro ambiente onde tem que lidar
pacientemente com papel, lápis e outras crianças?
“É muitíssimo provável que ela se interesse bem mais pelo universo
digital. A escola não pode ficar à margem do avanço tecnológico, o uso
crítico e construtivo das Tecnologias de Informação e Comunicação deve
ocorrer a partir da Educação Infantil. E as famílias devem dedicar um
tempo para refletirem sobre como lidam com mídias e tecnologias digitais
e se tornarem exemplos de um uso responsável e controlado, auxiliando a
criança a entender como adequar seu comportamento também”, detalhou.
A neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro explica ainda
que mídias passivas são ruins para as habilidades interpessoais,
criatividade, resolução de problemas, imaginação e desenvolvimento da
empatia, porque a criança não precisa “fazer algo”, está tudo pronto ali
na tela. Com o uso excessivo, ela ficará ansiosa sempre que estiver
longe dessas mídias e terá muito menos tolerância e paciência cognitiva
para lidar com situações novas e “mais lentas”.
O uso constante de tecnologia está mudando o cérebro das crianças?
A exposição exagerada a esses meios pode também trazer alguns riscos à
saúde das crianças, como por exemplo: problemas de visão (exposição
próxima à luz das telas); distração das tarefas cotidianas, como ir
tomar banho, dormir e se alimentar na hora certa, o que afeta a rotina e
diminui o aprendizado do autocuidado.
A maior mudança percebida e discutida até o momento por especialistas
está no circuito de leitura no cérebro. Como os seres humanos não
nascem leitores, mas capazes de identificar formatos e atribuir
significados, esta habilidade precisa ser construída. Não temos um
programa de base genética para reorganizar os circuitos neurais em prol
da leitura.
Assim como não temos um padrão prévio de leitura no cérebro, também
não temos um circuito de leitura ideal ou estático com o passar das
gerações.
Os neurônios são originalmente dedicados à atividade de responder a
estímulos visuais, na alfabetização e no hábito de leitura esses
neurônios se engajam na nova tarefa de reconhecer letras e palavras.
Se nessa fase de alfabetização existe um uso aumentado de telas, esse
circuito terá uma configuração diferente. Segundo Livia Ciacci,
neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, cada mídia de
leitura trabalha mais certos processos cognitivos em detrimento de
outros. “Quando lemos nas telas digitais fazemos movimentos em
zigue-zague com os olhos, como em um caça-palavras. Captamos o contexto,
pulamos para as conclusões, e isso atrapalha a compreensão em
profundidade e a noção de continuidade do texto”, alertou.
Preciso me preocupar?
A neurocientista Maryanne Wolf explora bastante as diferenças da tela
para o papel em seu livro “O cérebro no mundo digital”, apontando que a
atenção e foco são totalmente diferentes e incrementados pela leitura
impressa.
“Como os avanços tecnológicos são um caminho sem volta e isso pode
afetar diretamente a capacidade do ser humano de receber informações, é
importante que os pais busquem um equilíbrio entre o mundo virtual e
físico como um caminho mais seguro. Neste contexto, a ginástica para o
cérebro oferece grande suporte para trabalhar a concentração, memória e
raciocínio da criança, colaborando para o seu desenvolvimento integral e
para além das telas”, concluiu.