Pilatos: símbolo da soberba de quem se recusa a fazer uma escolha para não desagradar seus pares.| Foto: Reprodução/ Twitter
Estou
há horas tentando decifrar o que escrevi no bloquinho. Acontece com
frequência e, nessas ocasiões, sempre me lembro dos velhos cadernos de
caligrafia que odiava preencher. Eis que, depois de muito ponderar sobre
um “t” que parece um “l”, dos hieroglifos tiro uma reflexão apressada e
que dizia: “Pôncio Pilatos é um dos personagens mais abomináveis dos
Evangelhos. Um homem que não foi capaz de fazer uma escolha moral
simples e óbvia. Respeito mais quem faz uma escolha errada do que quem
se omite. Não é hora de lavar as mãos”.
E não é mesmo!
O problema com esse tipo de referência a Pôncio Pilatos, ainda mais
quando aplicada a uma circunstância específica, a escolha política óbvia
entre Jair Bolsonaro e o amigão do Ortega, Lula, é que sempre aparece
alguém para fazer a ressalva fatídica e desonesta de que um dos objetos
da escolha não é Jesus. E eu não sei?! Por acaso tenho cara de
idólatra?! – dá vontade de responder, mas não respondo. Foi uma
observação desse tipo que me fez desistir de tornar pública a reflexão,
reduzindo-a a uns garranchos num caderninho.
E me obrigando a ser mais explícito do que a Lei Geral das Crônicas
autoriza. Os pilatinhos contemporâneos que empinam o nariz para dizer
que, entre Bolsonaro e Lula, preferem lavar as mãos e ficar em casa
cozinhando o galo ou ainda indo até a seção eleitoral só para admirar o
que eles consideram um espetáculo deprimente, não estão fazendo uma
escolha entre o Filho de Deus e um bandidinho. Até porque não foi essa a
escolha que Pilatos se omitiu de fazer. Ele não sabia do caráter divino
de Jesus. A realidade como ele a enxergava naquela situação, portanto,
pressupunha uma escolha moral simples e óbvia entre dois homens: um que
ele sabia ser um bandido (e, ao que consta, até um assassino), e outro
no qual ele não via nenhum sinal de culpa.
Veja só: não é a covardia o que incomoda no ponciopilatismo de que
sofrem os liberais ou conservadores de alta estirpe. Por outra, é a
soberba, a arrogância e a prepotência de quem se considera indigno de
sujar as mãos na “tosquice” de Bolsonaro para impedir a volta do amigo
de Daniel Ortega, que não venceu nem assumiu e já está dando mostras de
seu caráter autoritário.
De volta a Pôncio Pilatos, personagem que não me sai da cabeça, fico
aqui pensando no que ele faria se não tivesse a opção de lavar as mãos.
De sair pela tangente. De estufar o peito para dizer “não vou nem me
levantar da poltrona”. De enfrentar filas só para dizer que não prefere
nem um nem outro. Os cínicos dirão que Pilatos teria escolhido Barrabás
de qualquer maneira. Já os fiéis da Igreja Copta acreditam que ele teria
escolhido Jesus. Por isso, fizeram de Pilatos um santo.
Da mesma forma, me pergunto em quem esses aí que confessam a opção
autoindulgente pelo voto nulo/branco ou abstenção votariam se fossem
obrigados a fazer a escolha. Não “A” escolha nem uma escolha: esta
escolha que temos hoje diante de nós, entre o homem falho, às vezes
insuportável e repugnantemente falho, e um barrabás arquetípico. Entre a
imagem fabricada de ameaça à democracia e a realidade provada de ameaça
à democracia. Entre um defensor da vida que fala palavrão e dá de
ombros para a liturgia do cargo e um abortista que promete picanha e
cervejinha para o povão.
Mais do que de uma suposta orfandade ideológica por parte dos
conservadores-raiz, o ponciopilatismo nasce da já mencionada soberba, e
também da vaidade e da frouxidão moral que são a marca registrada dos
intelequituais (apud Millôr) brasileiros. Inclusive e sobretudo os que
clamam para si o título de “intelequitual di direita”. A vaidade é
aquela de não querer ser visto como uma espécie de leproso político por
seus pares; e a frouxidão moral é aquela que procura a citação perfeita
para justificar o voto nulo que, ele sabe, eu sei e nós sabemos, tende a
favorecer Lula.
Não que minha estima tenha lá algum valor no grande ou no pequeno
esquema das coisas, mas de fato respeito mais aqueles que optam
explicitamente pelo barrabás de Garanhuns do que os que lavam as mãos,
deixando, ão-ão-ão, a decisão para a multidão. Afinal, por mais
equivocados que sejam e são, os isentões petistas (sic) ao menos assumem
a responsabilidade pela própria escolha – uma escolha equivocada, mas
que não se esconde sob o manto da arrogância.
No mais, sinto ser eu a lhe dizer, mas é bem provável que seus pares o
olhem com reprovação independentemente do seu voto. E, no paredão, seja
ele real ou simbólico, de nada lhe servirá aquela citação do filósofo
Xis ou do cientista político Ypsilon que você, conservador, escolheu com
tanto cuidado para justificar as mãos agora limpíssimas – e também
caladíssimas, imobilíssimas, mortíssimas.
Por Denise Luna e Gabriel Vasconcelos – Jornal Estadão
Estatal aposta em novo Plano Estratégico de 2023 até 2027 para
contemplar a modernização de refinarias e ter um olhar mais atento para
energia limpa
Plano Estratégico 2023-2027 da Petrobrasvirá
mais forte que o anterior, turbinado pela a incorporação dos
investimentos necessários à exploração da Margem Equatorial, fronteira
tratada como um possível “novo pré-sal”. Essa é a principal aposta da
estatal para aumentar suas reservas de petróleo.
Além da nova fronteira, o plano deve contemplar a modernização de
refinarias e ter um olhar mais atento para energia limpa. Com isso, a
estatal planeja adaptar suas refinarias à produção de biocombustíveis de
alto valor agregado, tipo o bioqueresene de aviação, e também reforçar
investimentos na descarbonização da produção e em estudos para projetos
em energia eólica offshore destinada à produção de hidrogênio verde.
“Do ponto de vista de transição energética, a gente pretende
prosseguir consistente com aquilo que já fizemos: olhar projetos de
descarbonização com o objetivo de desenvolver produtos renováveis e
obviamente buscando a transição por meio da diversificação rentável, ou
seja, quais novos negócios ou atividades a Petrobras pretende priorizar
com vistas a um universo de longo prazo”, afirmou recentemente o diretor de Governança e Conformidade da estatal, Salvador Dahan, sobre o novo plano.
Para o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor da UFRRJ, Maurício Tolmasquim,
uma maior atenção da Petrobras a fontes renováveis é bem-vinda,
sobretudo se direcionada à eólica offshore, já que a companhia domina
boa parte da infraestrutura logística para atuar em alto mar.
“Mas não adianta ser uma previsão simbólica, tem de ser um montante
que permita à Petrobras recuperar o tempo perdido. Ela já está atrás na
corrida pela energia renovável no Brasil, sendo a grande ausência na
notificação de interesse por áreas (no mar) para eólica offshore ao
Ibama”, observa Tolmasquin. O especialista lembra que, motivadas pela
transição energética, grandes petroleiras como Shell, Total e Equinor
têm feito esforços para se converter em empresas de energia limpa no
longo prazo, meta que a Petrobras já teve fortemente associada a
biocombustíveis, mas que ficou em segundo plano nos últimos anos.
Foi por causa do pré-sal que os investimentos da estatal deram um
salto na década passada, para mais de US$ 200 bilhões, encolhendo
posteriormente para menos da metade deste valor no plano formulado em
2016, devido ao alto endividamento da companhia. Nos últimos sete anos, o
total investido nunca ultrapassou os US$ 100 bilhões. As projeções
indicam que os aportes devem continuar abaixo desse patamar, apesar de
tenderem a ser maiores em comparação com o plano anterior, avaliam
especialistas.
No plano anterior (2022-2026) a previsão era de investimentos de US$
68 bilhões. Desse montante, U$ 57,3 bilhões estavam previstos para
exploração e produção (E&P), dos quais menos de 10%, US$ 5,5 bilhões
para exploração, a maior parte nas bacias do Sudeste (58%), mas também
da Margem Equatorial (38%). Essa frente deve ser reforçada este ano,
puxando o investimento total para cima.
O Estadão/Broadcastapurou que o
plano 2023-2027 da estatal também deve deixar para trás a previsão de
apenas uma nova plataforma de exploração e produção em 2022 (FPSO
Guanabara), para inserir mais unidades até 2027, o que vai elevar o
valor dos investimentos. O número final, no entanto, ainda não foi
finalizado, e continua em discussões técnicas antes de ser apresentado
ao Conselho de Administração da companhia.
Fontes da companhia confirmaram que a exploração da Margem Equatorial
vai receber atenção especial. A licença para perfuração do primeiro
poço é esperada para novembro, após teste de simulação para provar ao
Ibama que a empresa tem condições de conter eventual derramamento de
petróleo. Hoje o investimento reservado para a nova conquista até 2026 é
de US$ 2 bilhões, volume que tende a ser incrementado no próximo plano.
A empresa planeja, assim como em outros locais nos quais atua,
desenvolver projetos sócio-ambientais na região, que também deverão
constar no plano, como informou ao Broadcast o gerente executivo
responsável pela área, Mario Carminatti.
Na exploração e produção da nova fronteira serão adotadas tecnologias
que utilizam algoritmos de última geração; inteligência de dados e
computadores de alto desempenho (HPC); ampliação da operação remota, que
prometem reduzir riscos ambientais, o que pode elevar os investimentos
da estatal nos próximos anos.
Iniciativas de baixo carbono
Os esforços de descarbonização devem ser reforçados, mas sem grandes
mudanças na ordem de prioridade. No plano divulgado no fim do ano
passado, essa “frente de baixo carbono” teria investimento de US$ 2,8
bilhões em cinco anos, sendo pouco mais de R$ 2 bilhões, para a
descarbonização das operações atuais, e apenas R$ 730 milhões para
desenvolvimento de biocombustíveis e pesquisa e desenvolvimento em
energias renováveis com vistas à “diversificação rentável” em novos
negócios. Fontes da companhia e agentes de mercado esperam que essa
última frente seja reforçada, ainda que não a ponto de ocupar papel de
destaque nas finanças da Petrobras.
Segundo um consultor que presta serviço à Petrobras, a companhia deve
preparar um plano “resiliente e flexível” ao resultado das eleições. A
estratégia da companhia, diz ele, deve sofrer ajustes finos a depender
do próximo presidente, mas não mudará no essencial, que é o enfoque
crescente em exploração e produção, negócio principal da estatal.
A fonte confirma o aumento de investimento para fazer frente à
campanha na Margem Equatorial, mas, também, para aumentar o rendimento
do pré-sal. Em paralelo, diz o consultor, a companhia deve perseguir
papel relevante na transição energética, mais centrada na
descarbonização da cadeia que já domina, em vez de investimentos
decisivos em energia renovável. Estes projetos devem aparecer no plano,
mas ainda na condição de estudos.
“Não vamos ver a Petrobras investindo em (energia) solar e eólica
como faz a Shell. O core vai continuar a ser petróleo e gás e seu
processamento. Então a política ESG (governança ambiental, social e
corporativa, em inglês) ainda deve observar mais esse universo”, afirma
uma fonte. A empresa, porém, deve indicar no PE 2023-2027 os primeiros
passos para uma possível parceria com a norueguesa Equinor para gerar
energia eólica offshore, avaliou.
De fato, segundo o diretor Relacionamento Institucional e de Sustentabilidade, Rafael Chaves, os pilares do novo plano estratégico já têm norteado anúncios recentes da companhia.
“O anúncio (de comercialização) do diesel R5 (5% renovável) mostra
que o biorrefino é estratégico para a Petrobras, área em que a gente vai
continuar investindo”, disse. “A gente já tem declarado que vai fazer
uma planta dedicada para explorar o mercado de querosene de aviação
baseado em conteúdo renovável.”
Segundo Chaves, não há hierarquia na frente de sustentabilidade do
plano, mas “três dimensões diferentes” que se equivalem: descarbonização
do barril, o biorrefino, e a preservação de florestas e reflorestamento
como apoio à essa agenda. “O biorrefino está mais maduro, mas todas
(essas dimensões) são promissoras, seria prematuro dizer que uma virá em
detrimento da outra”, afirmou.
Um ponto de estresse da preparação do plano é a estratégia para o
tamanho e nem tanto a natureza do parque de refino. Isso porque há clara
polarização entre os dois candidatos à presidência: o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tende à manutenção e até recompra de
refinarias, enquanto o governo atual indica preferência pela venda
desses ativos.
Já foi mais do que provado que atualmente no mundo dos negócios é
essencial a formação de uma boa rede de contatos. O chamado networking é
uma ótima maneira de expandir esses contatos, sendo que, diversas
vezes, a melhor maneira de se viver é entre amigos. E por quê não trazer
os conceitos da amizade para um negócio? De acordo com uma pesquisa
divulgada pela The Adler Group, cerca de 85% das oportunidades de
trabalho são preenchidas através de indicações vindas de contatos,
provando o valor de conhecer pessoas e manter boas relações com elas no
ambiente profissional.
15 dicas para recuperar a autoestima no trabalho
Pandemia, Síndrome de Burnout, desmotivação, infelicidade no ambiente
de trabalho, alto índice de depressão, esses foram temas em alta nos
últimos meses, mas com algumas medidas é possível reverter esse
cenários; especialistas listam dicas
O último ano foi marcado por muitos debates sobre a infelicidade no
mercado de trabalho. Um dos temas recorrentes foi a crescente nos casos
de Síndrome de Burnout, em pessoas que extrapolavam as horas de trabalho
em home office. O transtorno que é causado pelo esgotamento físico e
mental, devido a rotina de trabalho exaustiva, é um exemplo de como as
empresas precisam se reinventar para não prejudicar os colaboradores e
até sua presença no mercado. Outros temas debatidos também foram o
aumento do turnover nas empresas, além do estresse e problemas com
sono/concentração devido a pandemia.
Em meio às mudanças na vida profissional e pessoal, se adaptar pode
se tornar um processo difícil e doloroso e que também pode trazer danos
para a autoestima. Para se ter ideia, de acordo com uma pesquisa
realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, o Brasil
lidera os casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. De acordo
com o estudo, o país é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e
depressão (59%). Números como esses mostram como a saúde mental dos
brasileiros foi afetada durante a pandemia.
De acordo com Tomás Camargos, sócio-fundador da VIK – startup que
nasceu para ajudar as empresas a melhorarem a saúde de seus
colaboradores, implementando um programa que visa transformar a vida das
pessoas e o resultado das corporações -, as empresas devem enxergar a
saúde como um investimento e não como uma linha de custo para a empresa.
“As boas organizações precisam investir no bem-estar dos membros da
equipe para evitarem, futuramente, gastarem com doenças causadas pelo
sedentarismo e estresse, por exemplo. Isso também permite com que elas
diminuam consideravelmente os custos das organizações com plano de
saúde, absenteísmo e baixa produtividade. No Brasil. esse movimento vem
acontecendo, em que a preocupação com a saúde está cada vez mais
consciente e estratégica para as corporações”, revela.
Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica
pela PUC de SP, sentir-se bem tem sido um desafio para muitas pessoas e
colaboradores nessa fase de pandemia. “As frustrações comprometeram até
mesmo a autoestima, já que muitas pessoas não conseguiram realizar os
projetos que tinham planejado. Esse aumento nos casos de depressão e
ansiedade se deram também por conta das mudanças drásticas na rotina,
além de todo o medo e incerteza que vieram junto. Às pessoas ficaram com
as emoções à flor da pele, o que prejudica o equilíbrio e contribui
para a baixa autoestima”, explica.
Abaixo, os especialistas listam 15 dicas para recuperar a autoestima no trabalho. Confira:
1 – Faça amigos no trabalho: ter uma amizade no
trabalho torna os colaboradores mais engajados e felizes. Isso é o que
diz uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup que revela a
importância de ter um melhor amigo no ambiente profissional. “Muitas
vezes, com a correria do dia a dia, as empresas deixam de lado o
incentivo para que as equipes se conheçam, uma das formas de mudar esse
cenário é optar por programas de gamificação que levem engajamento,
saúde e socialização entre os colaboradores”, indica Camargos.
Para ele, é possível incentivar essa relação de amizade por meio de
atividades físicas. “Durante o programa corporativo de saúde e
integração desenvolvido pela VIK, por exemplo, os colaboradores de uma
determinada empresa participam de uma competição virtual de atividade
física, por meio de um sistema gamificado e suas atividades físicas
aparecem em um ranking que funciona como uma rede social saudável. O
programa gera um movimento interessante, as pessoas começam a conversar
em torno de um assunto prazeroso e, naturalmente, as relações são
suavizadas ao longo do período”, explica.
2 – Procure por grupos de Networking: é possível
fazer parte de grupos online ou presenciais em uma região. “Além de
possibilitar conhecer novas pessoas, todos estão abertos para conversar e
melhorar suas habilidades. Nessas reuniões, também é possível treinar a
desenvoltura, comportamento e abordagens”, sugere Mara Leme Martins,
PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil – Business Network Internationa,
3 – Saia da zona de conforto e converse com novas pessoas:
quando se trata de networking, é importante falar com as pessoas e
pensar em maneiras criativas de construir o seu negócio. “Dedique tempo
aos relacionamentos que você já tem. Estenda a mão e pergunte se as
pessoas estão bem, se há algo que você pode fazer para ajudá-las”,
explica Mara Leme Martins, PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil – Business
Network International.
4 – Cuidados com sua saúde física e mental: o Brasil
é um dos países mais sedentários da América Latina. Segundo uma
pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase metade
dos brasileiros – 47% – não praticam exercícios suficientes para manter
o corpo saudável. Outro dado alarmante é sobre a saúde mental da
população, já que o país tem o maior índice de prevalência da doença na
América Latina. As empresas podem ajudar a transformar os hábitos e a
rotina dos funcionários. “É fundamental que os líderes pensem no impacto
da saúde no potencial humano e a importância da implementação de
programas de saúde/qualidade de vida para os colaboradores. Por isso,
devem disponibilizar momentos de lazer, atividades físicas em grupo,
meditação e confraternização”, aconselha Camargos.
Além da mudança na prática de atividade física e no sedentarismo, a
implementação de programas de humanização afeta outros setores da vida
dos colaboradores. “Percebemos as transformações de hábitos nos
participantes mais conscientes quando se trata de nutrição, álcool,
cigarro, diminuição do estresse e melhora no sono/concentração”, conta
Tomás.
5 – Faça terapia: a falta de autoestima pode ser uma
ponte para quadros de ansiedade, medos, fobias e até para depressão.
“Procurar um profissional pode ser necessário e ajuda no sentido de
fazer com que o paciente entre no processo de autoconhecimento, trazendo
mais segurança e autonomia para sua vida. Além disso, contribui no
controle das emoções, fortalecendo a autoconfiança e autoaceitação.
Existem abordagens e técnicas bastante eficazes que podem ser a chave
para a melhora do bem-estar emocional da pessoa”, explica Vanessa
Gebrim.
6 – Seja agradável: desenvolver a simpatia ajuda a
abrir portas no networking. Estar aberto para conversar ou expressar
essa vontade ajuda muito no primeiro contato e a quebrar o gelo. “Uma
ótima oportunidade para desenvolver esse ponto é participar de alguns
grupos ou reuniões de empreendedores”, sugere Mara Leme Martins.
7 – Ouça o que os outros dizem: saber ouvir e
compartilhar é fundamental para vencer a timidez. “O ambiente do BNI é
norteado pelo compartilhamento de recursos. Esses podem ser de ordem
material ou imaterial, como talentos, habilidades, conhecimentos,
informações, contatos, saberes, experiências e tantas outras riquezas
que todos temos. Colaborar é um movimento natural do ser humano, que tem
prazer em se colocar à serviço do todo, ao contrário do que fomos
levados a acreditar”, aconselha Mara.
8 – Esteja alinhado com o propósito da empresa em que trabalha:
de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e
Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida
está conectado com seu trabalho atual. “Mais do que um salário alto e
benefícios, os colaboradores querem se sentir uma parte fundamental da
empresa. Hoje, vida pessoal e profissional estão interligadas, somos uma
mesma pessoa”, acrescenta Camargos.
As corporações que não se adaptarem vão ser ultrapassadas. “As
startups são a prova de como esse cenário mudou, ninguém quer mais
passar horas sentado no escritório, sem um momento de interação ou com
roupas sociais desconfortáveis. As pessoas procuram qualidade de vida,
horários flexíveis e experiências novas”, finaliza Camargos.
9. Se olhe e se entenda: é importante entender que
tudo o que a pessoa fizer que, de alguma forma, contribua para que ela
se orgulhe de si, a ajudará a fortalecer sua autoestima. “Quando a
pessoa está focada em seus aspectos negativos, a insegurança certamente
estará presente em sua rotina e relacionamentos. Dentro do processo de
autoconhecimento, a pessoa aprende a gerenciar suas emoções e desenvolve
sentimentos positivos sobre si e sobre o mundo”, conclui a psicóloga
Vanessa Gebrim.
10. Lei da Reciprocidade: é importante ter a visão
de que a confiança colaborativa é a moeda mais valiosa nos negócios –
nos relacionamentos e na vida. O marketing de referência e indicações
nunca foram tão importantes quanto nos dias de hoje, em que as empresas
precisam conquistar novos clientes, presencialmente ou remotamente, para
não colocar em risco a sua operação.
“Os empreendedores, sendo tímidos ou não, precisam aprender os
benefícios da filosofia “Givers Gain”, ou seja, “Se eu lhe ajudar
indicando negócios, você vai se interessar em me ajudar também”. “É a
Lei da Reciprocidade em ação no mundo dos negócios”, conclui Mara Leme
Martins.
11 – Procure uma rede de mulheres empreendedoras:
começar algo novo sempre é difícil, mas quando se tem apoio e com quem
contar no caminho, as coisas acabam se tornando um pouco mais fáceis. “O
Mulheres Aceleradas, por exemplo, é uma comunidade para mulheres que já
empreendem e também para as que desejam começar a empreender. Não
importa a região em que a empresária está, ela pode fazer parte. A
plataforma tem o interesse genuíno em oferecer ajuda a essas mulheres,
aproveitando os meus conhecimentos técnicos e experiência na área. O
objetivo é fazer com que elas percebam que têm com quem contar e que não
precisam trilhar esse caminho cheio de desafios sozinhas”, explica a
mentora de negócios e empreendedora Larissa DeLucca, CEO da Negócios
Acelerados e fundadora da plataforma Mulheres Aceleradas.
12 – Tenha confiança no seu trabalho: é fato que não
se pode negar a realidade do preconceito e machismo contra mulheres e
mães no mercado de trabalho atual. “Não deveria ser assim, mas é a
realidade, para se destacar a mulher tem que ser tecnicamente muito
melhor qualificada do que qualquer homem que exerça a sua mesma função e
ainda ter garra para dar conta, com mestria das suas duplas e, às
vezes, triplas jornadas de trabalho. Mas na minha visão, o principal é
ser uma profissional focada em resultados. Se o resultado final do seu
trabalho é acima da média, isso vai ser o seu cartão de visitas”, diz a
empreendedora.
13. Não tenha medo de falhar: as outras pessoas,
muitas vezes, costumam desencorajar as mulheres a seguirem seus sonhos e
montar seu próprio negócio. Mas é preciso contrariá-los, confiar no seu
potencial e deixar o medo de lado para seguir em frente. “Quando se
começa um negócio novo, é normal ter medo de falhar e, em alguns
momentos, de não fazer um bom trabalho. O que não pode acontecer é
deixar com que esse medo te paralise. Errar em alguns momentos faz parte
da jornada, o mais importante é continuar estudando e aprendendo para
não cometer os mesmos erros e ir melhorando nos pontos que costuma ter
uma maior dificuldade”, complementa a mentora de negócios e
empreendedora Larissa DeLucca.
A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO
Moysés Peruhype Carlech
A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz
divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a
atenção para as seguintes questões:
• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou
pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.
• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas
para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.
• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.
• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.
• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se
expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação,
vendas, etc.
• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:
a) Digitalização dos Lojistas;
b) Apoio aos lojistas;
c) Captura e gestão de dados;
d) Arquitetura de experiências;
e) Contribuição maior da área Mall e mídia;
f) Evolução do tenant mix;
g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;
h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;
i) Convergência do varejo físico e online;
j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;
k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;
l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;
m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.
Vantagens competitivas da Startup Valeon:
• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar
rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a
Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando
para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.
• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos
contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam
dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses
parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do
Aço para os nossos serviços.
• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois
são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.
• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.
• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do
mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas
desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na
divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso
funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia,
inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande
empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar
tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos
manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em
como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.
• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de
divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu
faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao
site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.
Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:
• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;
• Atraímos visualmente mais clientes;
• Somos mais dinâmicos;
• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;
• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;
• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.
• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em
buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para
impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as
suas vendas.
Proposta:
Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas
Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de
divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que
os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.
Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada
empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços,
telefone, WhatsApp, etc.
O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja
também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a
oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de
divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma
Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa
livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua
empresa seja oficializada.
A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando
para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as
melhores marcas do varejo e um mix de opções.
O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o
cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de
compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.
Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que
pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa
plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é
muito abaixo do valor praticado pelo mercado.
Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:
O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
A
Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por
categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja,
tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos
clientes com as lojas.
Não se trata da
digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos
ambientes online e offline na jornada da compra.
No
país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram
três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas,
estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem
retirar o produto em lojas físicas.
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A Plataforma
Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da
exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de
atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo,
cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados,
revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo,
diversão de músicas, rádios e Gossip.
Nós
somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos
tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história
ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.
Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
Crianças mais distraídas e desinteressadas? O que está por trás da mudança de comportamento de crianças e adolescentes? Entenda.
Você certamente já percebeu que as crianças não são mais como eram
antes. Se por um lado muitas vezes são ultra estimuladas, em outros
momentos se mostram desinteressadas por tarefas simples do dia a dia,
sobretudo as que não envolvem tecnologia ou algum tipo de recompensa.
A infância é o período em que formamos uma espécie de “pacote de
referências” que usaremos por toda vida, dentre eles, muitos aspectos de
regulação do comportamento ao contexto ambiental.
A neurocientista do SUPERA, Livia Ciacci, explica que as habilidades
comportamentais dependem das diversas situações de interação. “Quando o
contexto ambiental varia entre relações presenciais e virtuais,
precisamos incluir isso nos aprendizados de competências e atitudes da
criança. Ela precisa começar a entender como regular seu comportamento
em uma conversa pessoal ‘olho no olho’ e em um meio digital”, detalhou.
Um mundo cada vez mais digital para as novas gerações
É bastante comum percebemos educadores desatualizados, sem tempo
dedicado para estudar as vantagens de cada tecnologia e com receio de
incluí-las nas suas práticas, além de pais que usam e disponibilizam o
acesso às essas tecnologias em casa, mas eles mesmos têm dificuldades em
autorregular o tempo que gastam ou como fazem uso.
Imagine agora: qual é a experiência da criança que alterna entre um
ambiente onde acessa vários dispositivos com vídeos, cores, sons e
interações instantâneas e outro ambiente onde tem que lidar
pacientemente com papel, lápis e outras crianças?
“É muitíssimo provável que ela se interesse bem mais pelo universo
digital. A escola não pode ficar à margem do avanço tecnológico, o uso
crítico e construtivo das Tecnologias de Informação e Comunicação deve
ocorrer a partir da Educação Infantil. E as famílias devem dedicar um
tempo para refletirem sobre como lidam com mídias e tecnologias digitais
e se tornarem exemplos de um uso responsável e controlado, auxiliando a
criança a entender como adequar seu comportamento também”, detalhou.
A neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro explica ainda
que mídias passivas são ruins para as habilidades interpessoais,
criatividade, resolução de problemas, imaginação e desenvolvimento da
empatia, porque a criança não precisa “fazer algo”, está tudo pronto ali
na tela. Com o uso excessivo, ela ficará ansiosa sempre que estiver
longe dessas mídias e terá muito menos tolerância e paciência cognitiva
para lidar com situações novas e “mais lentas”.
O uso constante de tecnologia está mudando o cérebro das crianças?
A exposição exagerada a esses meios pode também trazer alguns riscos à
saúde das crianças, como por exemplo: problemas de visão (exposição
próxima à luz das telas); distração das tarefas cotidianas, como ir
tomar banho, dormir e se alimentar na hora certa, o que afeta a rotina e
diminui o aprendizado do autocuidado.
A maior mudança percebida e discutida até o momento por especialistas
está no circuito de leitura no cérebro. Como os seres humanos não
nascem leitores, mas capazes de identificar formatos e atribuir
significados, esta habilidade precisa ser construída. Não temos um
programa de base genética para reorganizar os circuitos neurais em prol
da leitura.
Assim como não temos um padrão prévio de leitura no cérebro, também
não temos um circuito de leitura ideal ou estático com o passar das
gerações.
Os neurônios são originalmente dedicados à atividade de responder a
estímulos visuais, na alfabetização e no hábito de leitura esses
neurônios se engajam na nova tarefa de reconhecer letras e palavras.
Se nessa fase de alfabetização existe um uso aumentado de telas, esse
circuito terá uma configuração diferente. Segundo Livia Ciacci,
neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, cada mídia de
leitura trabalha mais certos processos cognitivos em detrimento de
outros. “Quando lemos nas telas digitais fazemos movimentos em
zigue-zague com os olhos, como em um caça-palavras. Captamos o contexto,
pulamos para as conclusões, e isso atrapalha a compreensão em
profundidade e a noção de continuidade do texto”, alertou.
Preciso me preocupar?
A neurocientista Maryanne Wolf explora bastante as diferenças da tela
para o papel em seu livro “O cérebro no mundo digital”, apontando que a
atenção e foco são totalmente diferentes e incrementados pela leitura
impressa.
“Como os avanços tecnológicos são um caminho sem volta e isso pode
afetar diretamente a capacidade do ser humano de receber informações, é
importante que os pais busquem um equilíbrio entre o mundo virtual e
físico como um caminho mais seguro. Neste contexto, a ginástica para o
cérebro oferece grande suporte para trabalhar a concentração, memória e
raciocínio da criança, colaborando para o seu desenvolvimento integral e
para além das telas”, concluiu.
Servidor da Justiça Eleitoral e militares do Exército no transporte de urnas eletrônicas| Foto: Divulgação/Ministério da Defesa
Passados
quase 10 dias do primeiro turno das eleições, o Ministério da Defesa
ainda não se manifestou publicamente sobre o resultado da fiscalização
que fez nas urnas eletrônicas. A pasta também não enviou qualquer
avaliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por isso, o Tribunal de
Contas da União (TCU), que desde o ano passado faz uma auditoria mais
ampla (e bastante favorável) do sistema eletrônico de votação, passou a
cobrar das Forças Armadas o que, afinal, elas verificaram durante e após
o primeiro dia do pleito.
A Gazeta do Povo e outros veículos de imprensa também vêm
questionando a Defesa sobre o resultado da fiscalização, mas sem
resposta oficial, até o momento. A reportagem apurou, com fontes dentro
da pasta, que o trabalho de análise dos dados continua, e que, por ora,
não há previsão de entrega de um relatório ou documento com o resultado
da fiscalização.
Oficiais envolvidos na questão dizem que não há qualquer obrigação
nesse sentido por parte das entidades fiscalizadoras do processo
eleitoral e que eventuais observações e sugestões decorrentes da
fiscalização serão direcionadas ao TSE, caso se avalie que isso seja
necessário.
Na última segunda-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve
na sede da pasta com o ministro Paulo Sérgio Nogueira. Segundo relatos
de um general presente, que pediu para não ser identificado, Bolsonaro
teria visto, “rapidamente”, como os técnicos vêm trabalhando na
fiscalização. Não teria sido apresentado nenhum relatório, nem ele teria
feito qualquer orientação. O presidente só teria parabenizado a equipe
como importante contribuição para a democracia. Além disso, teria
tratado do apoio de segurança prestado pelos militares na votação – eles
estiveram presentes em 4.578 locais de votação, em 456 municípios de 11
estados.
Nesta terça-feira (11), o jornal O Globo noticiou que o presidente
teria sido informado que nada problemático foi detectado na
fiscalização, mas que teria vetado a divulgação desse resultado e dito
“que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não
batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto”. O relato não
foi confirmado pela Defesa.
Desde o fim do ano passado, a participação dos militares na
fiscalização das eleições é envolta em polêmica, pelo receio de que uma
avaliação negativa ou alguma suspeita levantada pelos militares acerca
da integridade das urnas venha a ser usada por Bolsonaro para contestar
uma eventual derrota na disputa eleitoral. Há muitos anos, ele lança
dúvidas sobre o sistema eletrônico de votação e intensificou as críticas
no ano passado, quando o Congresso rejeitou a proposta de voto
impresso.
As Forças Armadas, que historicamente contribuíram para transportar e
proteger as urnas eletrônicas em locais longínquos ou perigosos, foram
chamadas pelo TSE para participar da fiscalização – como já faziam TCU,
Polícia Federal, Ministério Público, entre outras instituições –, no
intuito de atestar a integridade das urnas e aplacar a desconfiança do
presidente e de seus eleitores. Bolsonaro, no entanto, cobrou um
trabalho aprofundado e os militares passaram então a questionar
procedimentos do TSE e a sugerir melhorias.
Como é a fiscalização das Forças Armadas nas urnas Algumas
sugestões foram aceitas e outras descartadas. Uma das mais importantes –
de realizar o teste de integridade nas urnas dentro das seções e com
uso da biometria de eleitores voluntários – foi aceita em parte pelo
TSE. O teste é feito no dia das eleições e consiste em retirar das
seções uma certa quantidade de urnas, digitar nelas votos previamente
preparados e inscrevê-los também em cédulas, para ao final comparar os
resultados. O teste geralmente é feito nos Tribunais Regionais
Eleitorais (TREs), mas neste ano 58 das 641 urnas submetidas a ele foram
verificadas nos próprios locais de votação com biometria de eleitores.
O objetivo desse formato foi aproximar na maior medida do possível a
votação simulada da eleição real. No início do ano, quando estava sob o
comando do ministro Edson Fachin, o TSE recusou essa sugestão. Mas, em
setembro, após assumir a Corte, Alexandre de Moraes articulou sua
implementação junto aos TREs, sem a participação direta dos militares. A
testagem nos moldes sugeridos pelas Forças Armadas foi concebida como
um “projeto piloto” do próprio TSE, que ficaria de avaliar se realmente
valeria a pena mantê-lo futuramente.
Na semana passada, Moraes anunciou que nenhum problema foi verificado
nessas 58 urnas testadas com biometria nas seções. “Como só poderia
acontecer, obviamente, conferiram os votos dados nas urnas com os votos
dados em papel […] Novamente, no primeiro turno das eleições de 2022, se
repetiu o que houve nas eleições de 2020, 2018, 2016, 2014, 2012, 2010,
2008, 2006, 2004 e 2002. Vinte anos de absoluta lisura das urnas
eletrônicas, com comprovação imediata pelo teste de integridade”,
afirmou no plenário da Corte, em tom de exaltação.
Desde que o TSE resolveu implementar o teste com biometria, a Defesa
evitou se manifestar. E o mesmo ocorreu após as eleições. Não se sabe,
ao certo, se e como os militares acompanharam esses testes nas 58 seções
eleitorais, e de que modo avaliaram o que foi feito.
Duas semanas antes da eleição, veio à tona, por meio da imprensa, que
os militares fariam outro tipo de fiscalização, de verificar se dados
da votação impressos em boletins de urna de 385 seções eleitorais
espalhadas pelo país corresponderiam àqueles divulgados pelo TSE ao fim
da eleição e que integram o resultado oficial da totalização. Boletins
são documentos emitidos por cada urna com soma dos votos recebidos por
cada candidato naquela seção.
O resultado oficial divulgado pelo TSE é feito com base em arquivos
digitais desses mesmos boletins, que são publicados pela Corte após a
eleição, justamente para que qualquer eleitor confira se o documento
físico gerado na seção corresponde àquele usado na totalização. A
conferência feita pelas Forças Armadas também não foi divulgada até o
momento.
TCU fiscaliza a fiscalização das Forças Armadas Ainda antes das
eleições, o TCU questionou a Defesa sobre os critérios para a definição
da amostra. E, no último dia 7, o órgão voltou a pedir à pasta o
resultado dessa fiscalização. No ofício, o subprocurador Lucas Rocha
Furtado disse que, como o tribunal também faz uma auditoria do sistema,
“é imprescindível o acompanhamento da atuação de agentes chaves que de
alguma forma participem do processo eleitoral”. Ainda defendeu a
publicidade e a transparência de atos do poder público e argumentou que o
sigilo não cabe nesse caso.
“A Constituição Federal, em seu art. 5º, XXXIII, admite o sigilo em
raras hipóteses, uma delas quando a informação seja imprescindível à
segurança do Estado, e, neste caso, é a segurança do Estado que sairá
fortalecida com a divulgação de tais informações”, diz o documento,
encaminhado à Defesa pelo ministro Bruno Dantas, presidente em exercício
do TCU.
Dantas mantém relação próxima com os ministros do TSE e do Supremo
Tribunal Federal (STF) e tem apresentado relatórios bastante favoráveis
ao sistema de votação numa auditoria aberta pelo TCU no ano passado.
Semanas antes da eleição, o órgão anunciou que também faria uma
conferência dos boletins de urna, semelhante ao que seria feito pelos
militares, mas com uma abrangência maior, com a coleta de 4.577 extratos
de votação.
Na última sexta-feira (7), o secretário-geral da presidência do TCU,
Frederico Carvalho Dias, auxiliar direto de Dantas, esteve no TSE para
entregar a José Levi, secretário-geral do TSE e braço direito de Moraes,
a relação dessas urnas que terão os boletins verificados. “É uma
satisfação enorme contar com o acompanhamento do TCU, que é sério,
construtivo, sempre presente e que fortifica o trabalho da Justiça
Eleitoral”, disse Levi.
Enquanto mantém uma posição distante da Defesa, a Corte Eleitoral tem
colaborado para a fiscalização do Tribunal de Contas. Prova é que,
segundo o próprio TCU, o TSE ficou de enviar ao órgão os boletins de
urnas das 4.577 urnas, que compõem a amostra escolhida pelos auditores.
Até o momento, porém, o TCU não divulgou o resultado dessa conferência.
PL submergiu após auditoria própria virar objeto de investigação Outra
auditoria cujo resultado até o momento não apareceu foi a realizada
pelo PL, o partido de Bolsonaro. Um resumo com as conclusões foi
divulgado por deputados da legenda na semana antes do primeiro turno. O
documento, de duas páginas, apontava risco de invasões internas e
externas aos sistemas do TSE, e alertava para o poder de servidores
manipularem o resultado das eleições sem deixar rastros. A auditoria foi
feita em cerca de três meses, e foi baseada em avaliações que o próprio
TSE fez sobre sua gestão da segurança da informação.
A divulgação do resumo provocou uma dura reação de Moraes, que chamou
o documento de “mentiroso e fraudulento” e resolveu investigar sua
confecção e pagamento no âmbito do inquérito das fake news, que conduz
no STF. O PL não divulgou a íntegra da auditoria e informou ao TSE que
não usou recursos do fundo partidário para contratar o serviço.
Nesta terça, insatisfeito com a resposta, o corregedor-geral do TSE,
Benedito Gonçalves, que também passou a investigar a auditoria, intimou o
PL a informar a origem dos recursos usados para pagar o Instituto Voto
Legal (IVL), que realizou o trabalho. Segundo informações já apuradas
pelo TSE, ao menos R$ 450 mil foram pagos pelo partido ao instituto.
Novas reduções de preço nas refinarias mantiveram a gasolina e o IPCA em queda.| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo
Em uma sequência que não ocorria desde 1998, o Brasil registrou três
meses seguidos de deflação. O IPCA de setembro se manteve no campo
negativo, com -0,29%, depois do -0,68% de julho e do -0,36% de agosto – o
acumulado desta sequência, -1,32%, é maior que o da deflação entre
julho e setembro de 1998, que somou -0,85%. Com o índice de setembro, a
inflação acumulada dos últimos 12 meses recuou mais de 1,5 ponto
porcentual e agora está em 7,17%. Já a inflação do ano é de 4,09%, ainda
dentro da tolerância da meta do ano, que é de 3,5% com 1,5 ponto para
cima ou para baixo. No entanto, ainda que o mercado financeiro esteja
revendo para baixo suas previsões do IPCA de 2022 a cada semana, será
muito difícil que o índice cheio termine abaixo dos 5%.
Mais uma vez, a grande responsável pela deflação é a gasolina. O
efeito da redução de ICMS aprovada em junho já ficou para trás, mas a
Petrobras continuou baixando os preços do combustível nas refinarias, em
linha com a tendência de queda nas cotações internacionais do petróleo,
registrada nos últimos meses. Devido ao grande peso que a gasolina tem
na composição do IPCA, as oscilações negativas têm o potencial de puxar o
índice todo para baixo, assim como os combustíveis também foram os
grandes “vilões” da inflação nas épocas de alta.
Um governo pouco ou nada comprometido com o urgente ajuste fiscal,
com o respeito ao teto de gastos e com as reformas macroeconômicas tem
tudo para jogar fora o esforço de trazer o IPCA de volta a níveis
aceitáveis
Em setembro, no entanto, também houve boas notícias no grupo
Alimentação e Bebidas, que recuou 0,51% – a primeira deflação do ano
para este grupo. Essa redução foi fortemente influenciada pela queda no
preço do leite longa vida, que baixou 13,71% no mês passado, depois de
altas expressivas como os 25,46% de julho. Isso já era esperado, pois
alguns fatores sazonais que reduziam a oferta e encareciam a produção
foram eliminados, embora isso ainda não tenha sido suficiente para
trazer o preço dos laticínios de volta aos patamares anteriores à alta
registrada neste inverno. Já os serviços seguem subindo acima da
inflação média: 8,50%, no acumulado dos últimos 12 meses.
Para o curto prazo, as perspectivas ficaram ligeiramente mais
sombrias com o anunciado corte na produção de petróleo anunciado pela
Opep+ (o cartel que reúne grandes produtores da commodity, mais a
Rússia). Ainda que a redução comece a vigorar apenas em novembro, o
anúncio já bastou para que o petróleo revertesse a tendência de queda e
voltasse a subir, o que pode pressionar a Petrobras. Mesmo assim, o
mercado financeiro segue convicto de que o IPCA acumulado continuará em
queda até terminar o ano em 5,71%, de acordo com o mais recente boletim
Focus. Isso significa que as inflações de outubro, novembro e dezembro
deste ano, ainda que voltem ao campo positivo, deverão ser menores que
as do último trimestre do ano passado (1,25%, 0,95% e 0,73%
respectivamente).
Já para o médio e longo prazo, o resultado do segundo turno da
eleição presidencial será fundamental. Gastança governamental e desordem
nas contas públicas geram inflação, e um governo pouco ou nada
comprometido com o urgente ajuste fiscal, com o respeito ao teto de
gastos e com as reformas macroeconômicas tem tudo para jogar fora o
esforço de trazer o IPCA de volta a níveis aceitáveis. Um governo
verdadeiramente empenhado em praticar a responsabilidade fiscal, pelo
contrário, poderá até mesmo ajudar a encurtar o período de aperto
monetário que o Copom vem julgando prudente alongar até ter a certeza de
que a inflação estará domada. Esta é uma das escolhas que o eleitor
terá diante de si no dia 30.
Proposta que circula em Brasília prevê aumentar de 11 para 16 o número de ministros do STF| Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
A
ideia de ampliar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF), como forma de reequilibrar a relação entre os poderes, voltou a
circular em Brasília. O assunto virou foco de atenção de vários dos
atuais integrantes da Corte, críticos da medida, e também de deputados
que já trabalharam ou discutiram a proposta nos últimos anos.
Em conversa com alguns parlamentares, a Gazeta do Povo constatou que
há interesse, na direita e na esquerda, em discutir o assunto de forma
mais abrangente, mas focando em outras mudanças que reduzam o poder da
Corte. No Centrão, o interesse na ampliação de ministros é mais
evidente. Representantes de todos os grupos, no entanto, dizem que o
mais apropriado é discutir o tema a partir de fevereiro de 2023, na
próxima legislatura. Esta visão é compartilhada pelos presidentes da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O assunto ressurgiu porque, na última sexta-feira (7), o
vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
afirmou que irá trabalhar por um número maior de cadeiras no STF, pelo
fim das decisões monocráticas e pela fixação de mandatos para os
integrantes da Corte. “Nossa Suprema Corte tem invadido contumazmente
aquilo que tem sido atribuições do Executivo e do Legislativo e, muitas
vezes, rasgando o devido processo legal”, disse, numa entrevista à
GloboNews.
No domingo (9), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista a
dois canais do YouTube que a proposta chegou a ele na semana passada e
que decidiria se a encamparia após as eleições. Mas acrescentou que,
caso reeleito, poderia descartar a sugestão se o “Supremo baixar um
pouco a temperatura”. Nesta terça-feira (11), durante agenda política em
Pelotas (RS), Bolsonaro voltou atrás. Disse a jornalistas que aumentar o
número de ministros do STF “não está no meu plano de governo” e que
esse assunto é uma “invenção” da imprensa.
Aumento da base de apoio a Bolsonaro no Congresso alimenta discussão O
fato é que o STF voltou ao centro das discussões políticas depois que a
eleição aumentou a base de apoio de Bolsonaro na Câmara e no Senado.
Desde o início do atual mandato, o presidente reclama de decisões dos
ministros que contrariam suas políticas; a crítica é compartilhada por
muitos parlamentares que também veem ingerência indevida da Corte em
leis aprovadas no Congresso.
Um aumento na composição diluiria o poder de cada ministro e poderia
dar a Bolsonaro, caso reeleito, maioria na Corte. Hoje, ele já tem dois
indicados entre os 11 ministros: Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
Num eventual próximo mandato, terá direito a indicar mais dois. Numa
eventual ampliação para 16 no número total de ministros, como se
discute, Bolsonaro ainda poderia fazer mais cinco indicações. Assim,
terá indicado nove ministros entre os 16, com maioria no STF.
A ideia é mal vista entre vários dos atuais integrantes do STF, que
consideram a medida autoritária e, que se adotada, o Brasil seguiria o
caminho de Venezuela, Hungria e Polônia, com presidentes que concentram
muito poder. Os ministros evitam falar em público sobre o assunto, para
não dar a ele mais visibilidade. Afinal, cada um perderia poder. Mas
dois ministros aposentados vieram a público na segunda-feira (10)
expressar contrariedade, sinalizando a visão da maioria da Corte
atualmente.
Marco Aurélio Mello, que deixou o STF no ano passado, disse que a
ideia é “saudosismo puro”. “No regime de exceção houve o aumento para 16
(AI-2). Logo a seguir a razão imperou. Arroubo de retórica que não
merece o endosso dos homens de bem. O meio justifica o fim e não o
inverso”, afirmou à BBC.
Celso de Mello, que se aposentou em 2020, disse em nota que a ideia
sempre surgiu em “períodos de exceção” e “para sufocar a independência
da Corte” – citou medidas nesse sentido de Getúlio Vargas, em 1931, e do
general Castello Branco, em 1969. A pretensão de Bolsonaro e seus
apoiadores, afirmou, visa “a perversa e inconstitucional finalidade de
controlar o STF e de comprometer o grau de plena e necessária
independência que os magistrados e os corpos judiciários devem possuir,
em favor dos próprios jurisdicionados”. Acrescentou que a medida seria
inconstitucional por ferir a separação de poderes, cláusula pétrea da
Constituição de 1988.
Também na segunda, num aceno aos atuais ministros do STF, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro no
segundo turno, criticou a ideia, classificando-a como uma “tentativa de
destruir as instituições que garantem a democracia”. “Tive a sorte de
indicar seis ministros da Suprema Corte e não indiquei nenhum amigo. Os
que indiquei foi por currículo de gente indicada e nunca pedi um favor.
Tenho orgulho de ter indicado seis e nunca pedi um favor porque eles não
foram indicados para me ajudar, foram indicados para cumprir o papel da
Suprema Corte que está escrito na Constituição. É assim que deve ser”,
disse o petista, durante um comício.
O que dizem deputados envolvidos na discussão sobre ampliar o STF O
líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), importante voz do
Centrão, afirmou que eventual ampliação no número de ministros atenderia
a uma “necessidade de enquadramento do ativismo do Judiciário”.
“O ambiente é que define a possibilidade da mudança. Então, se o
Judiciário permanecer neste nível de ativismo político, com decisões
tomadas por gostar ou não de determinado governo, ou por querer ou não
ter mais poder, ou pensar numa ditadura do Judiciário, que acham que
pode ser alcançada, isso vai ter reação do Poder Legislativo, de forma
muito severa”, afirmou à GloboNews na segunda-feira. Ele deu como
exemplo o inquérito das fake news, tocado com mão de ferro pelo ministro
Alexandre de Moraes contra apoiadores de Bolsonaro.
Um outro deputado reeleito do Centrão, sempre a par das discussões
que envolvem o Judiciário, afirmou à reportagem, sob a condição de
reserva, que o tema “vai estar na pauta” em 2023. “Qual vai ser o
desenrolar, o que será feito, não sei. Mas há um sentimento generalizado
de incômodo sobre como o Supremo vem agindo, extrapolando suas funções
constitucionais. Mas isso envolve emenda constitucional, é debate
grande. Mas que vai vir na próxima legislatura, com certeza”, disse.
Há nove anos, tramita na Câmara uma proposta de emenda à Constituição
(PEC 275/2013) que aumenta de 11 para 15 o número de ministros do STF.
Mas não só isso: o tribunal julgaria menos processos, somente aqueles de
estrita interpretação e aplicação da Constituição – não seria mais a
última instância para causas individuais, papel que caberia ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ), que também seria ampliado, passando de 33
para 60 ministros.
Os integrantes do STF seriam escolhidos de forma diferente. Para cada
vaga, seriam indicados três nomes: um pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), do Judiciário; outro pelo Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP); outro pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O
presidente da República, portanto, perderia poder de indicação.
A aprovação não caberia somente ao Senado, mas também à Câmara – o
candidato precisaria ser aprovado pela maioria de todos os senadores e
deputados. “O novo sistema de nomeação tornaria muito difícil, senão
impossível, exercer com êxito alguma pressão em favor de determinada
candidatura; além de estabelecer, já de início, uma seleção de
candidatos segundo um presumível saber jurídico”, diz a justificativa.
Autora da proposta, a deputada reeleita Luiza Erundina (Psol-SP)
avalia que, desde o ano passado, ela foi deturpada para favorecer
Bolsonaro, pois deputados ligados ao presidente passaram a adotá-la
somente para aumentar o número de ministros, defendendo que a indicação
continue com o chefe do Executivo. “Como se trata de uma PEC de minha
autoria, uma parlamentar de oposição e antibolsonarista, eles pretendiam
desvirtuá-la e usá-la para um propósito antidemocrático, em razão do
conflito entre o presidente, seu governo e o STF”, afirma.
Ela diz que a iniciativa partiu da então presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), Bia Kicis (PL-DF) – a deputada não atendeu
à reportagem. Para Erundina, a defesa da proposta, nesse momento, é uma
“jogada eleitoreira e de perseguição do Executivo sobre o Judiciário”.
Ela defende que a PEC seja discutida em sua essência, de mudança da
competência do STF, a partir do ano que vem, ouvindo também a opinião do
Judiciário.
Último relator da proposta, entre setembro de 2019 e abril deste ano,
o deputado reeleito Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), de
direita, é contrário à ampliação de ministros. “Não acredito que o
aumento será a solução. A redução do poder que é. Estão querendo
diminuir o atual poder de cada ministro, mas, efetivamente, os novos
ministros vão ter muito poder, o mesmo que os atuais. É mais poder na
mão de mais gente. Não acho isso positivo”, diz.
Para ele, é preciso reduzir o poder geral do STF por meio de
outros quatro mecanismos: tornar o Supremo somente um tribunal
constitucional; fixar mandatos para os ministros; escolhê-los entre
juízes de carreira; e acabar com as decisões monocráticas (individuais).
Ele já começou a coletar assinaturas para apresentar uma nova PEC nesse
sentido. Já tem apoio de 30 deputados, faltam mais 140. Se conseguir,
quer apresentar essa proposta ainda neste ano para que seja discutida e
votada a partir do ano que vem.
Antes de Orleans e Bragança, a relatora da proposta de Erundina,
entre julho de 2019 a março de 2021, foi a deputada Clarissa Garotinho
(União Brasil-RJ), de centro-direita e apoiadora de Bolsonaro. Ela não
se opõe à ampliação do STF, mas entende que a Câmara deve ter
participação na aprovação dos nomes. Considera, por fim, que há chance
de a proposta avançar se o presidente for reeleito.
“É uma proposta que já tramita na Câmara desde o ano de 2013, ou
seja, já não é nenhuma novidade, sendo perfeitamente possível a partir
de agora acelerar a sua tramitação. E acredito que encontrará muito
apoio na direita, mas também no centro e na esquerda, tanto é que a
autora da proposta é uma deputada do Psol”, afirma. De qualquer modo,
também avalia que seria um tema para 2023, não para este ano.
Consultado pela reportagem, o líder do governo no Senado, Carlos
Portinho (PL-RJ), disse, por meio de sua assessoria, que o ideal é
discutir o tema no ano que vem.
O que dizem os presidentes da Câmara e do Senado sobre a proposta
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça que
“não é adequado” discutir uma proposta para aumentar o número de
ministros do STF durante o período eleitoral. “Este assunto, neste
momento, não é adequado. O adequado é a gente estar discutindo as
propostas de cada candidato para o que vai fazer para o Brasil”, disse
ele em entrevista ao portal UOL.
“A gente está perdendo oportunidades, nos momentos eleitorais, de
discutir o país. Nós vamos discutir reformas, ou não? O que vamos fazer
com a reforma trabalhista? O que vamos fazer com a reforma
previdenciária?”, completou o presidente da Câmara.
Indagado se é favorável a uma ampliação da Suprema Corte, Lira disse
que não faria juízo de valor sobre o tema. “Eu não posso, como
presidente da Casa, emitir opinião nesse sentido porque não há nada
caminhando nesse sentido, não há nada andando nesse sentido, não há nada
em vias de se votar nisso para que esse assunto esteja presente na
discussão do segundo turno”, afirmou.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou também
nesta terça que a proposta para aumentar o número de ministros do
Supremo é “incoerente” e “inadequada”. Ele disse “estranhar” que esse
debate esteja sendo feito durante o período eleitoral.
“Me estranha muito neste momento estar se discutindo o tema dessa
natureza, a ampliação de estrutura do Poder Judiciário, em especial do
Supremo Tribunal Federal. Me parece que isso é inclusive incoerente com a
lógica dos que defendem uma redução da competência do Supremo”,
afirmou.
“Há muitos que defendem uma redução dessa competência, que o Supremo
se torne uma Corte Constitucional, que se fortaleça as primeiras
instâncias e as segundas instâncias jurisdicionais no Brasil. Então isso
é incoerente com esse discurso, ou seja, pretende aumentar uma
estrutura que acaba importando em mais gastos, em mais recursos públicos
envolvidos. Portanto, me parece um momento inadequado para essa
discussão”, disse Pacheco.
Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas, foi afastado do cargo
por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).| Foto: Carlos Villa
Verde/Assembleia Legislativa de Alagoas
Nesta terça saiu mais uma pesquisa eleitoral. É uma saturação de
pesquisas. É um bom negócio, descobriram que é um bom negócio, dá um bom
dinheiro. Encontram quem pague e, o pior, encontram quem acredite.
Essa pesquisa é de um experiente marqueteiro pernambucano. E o que me
chamou atenção é que foram entrevistadas 1,1 mil pessoas. Para
representar mais de 156 milhões de eleitores brasileiros. Vocês acham
isso possível? Dividam 156 milhões por 1,1 mil e vocês vão chegar à
conclusão de que, nessa pesquisa, uma pessoa tem de representar o voto
de 142 mil eleitores. Por mais que se aplique a estatística, descobrir
em tal lugar uma pessoa assim, assado, de nível tal, para representar
142 mil… Se você quiser acreditar, viva a ciência da bola de cristal.
Em Alagoas, STJ afasta governador Mas a notícia mais importante
desta terça foi o afastamento, por ordem da ministra Laurita Vaz, do
Superior Tribunal de Justiça (que é quem trata de julgar governadores),
do governador de Alagoas, Paulo Dantas, que é do MDB de Renan Calheiros,
está apoiando Lula e tem o apoio de Lula; ele é candidato, no segundo
turno, contra Rodrigo Cunha, do União Brasil, apoiado por Arthur Lira,
pelo prefeito de Maceió e por Bolsonaro. No primeiro turno, Cunha fez
26% e Dantas, 46%.
O governador foi pego em uma operação chamada Edema, desencadeada
pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e aprovada pela juíza
relatora, que pegou o caso lá no Superior Tribunal de Justiça. Ele foi
afastado na terça; na quinta, 15 ministros do STJ, que tem 33 no total,
se reúnem para decidir se mantém ou não o afastamento. A denúncia é de
organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro; também foram
alvos a mulher de Dantas, que é prefeita de Batalha, e a irmã dele. Em
jogo, o desvio de R$ 54 milhões da Assembleia Legislativa, ou melhor,
dos impostos do povo, quando ele era deputado estadual. Vamos esperar
para ver a decisão do STJ.
O caso é icônico porque Alagoas é feudo de Renan Calheiros, mas
também é o estado de Arthur Lira, que foi o deputado federal mais votado
ali; é um estado nordestino em cuja capital o prefeito apoia Bolsonaro,
uma exceção na região. De repente, Alagoas se torna exceção também na
eleição para governador, depois dessa ação da Justiça. E, falando em
apoios a Bolsonaro no Nordeste, em Pernambuco tivemos Mendonça Filho,
ex-vice-governador, ex-secretário de Agricultura, ex-deputado federal, e
ex-ministro da Educação de Michel Temer, agora eleito para a Câmara,
também declarou voto ao presidente.
Candidatos seguem rodando o Brasil em busca de votos Nesta terça,
Bolsonaro esteve em Balneário Camboriú (SC) e depois foi pra Pelotas
(RS), onde há uma grande feira do doce, para ver se ganha ainda mais
votos onde já foi vitorioso. Por outro lado, Lula esteve na Baixada
Fluminense, onde não ganhou em nenhum município, para tentar ganhar mais
votos com apoio do prefeito de Belford Roxo. É a movimentação das
eleições, que leva políticos para lá e para cá.
Muita gente de fora está dando palpite na campanha de Lula Está
havendo problemas dentro do PT porque muita gente anda dando palpite.
Pegaram um coordenador de campanha, o Randolfe Rodrigues, que é de outro
partido, da Rede; dias atrás, convidaram para coordenador de campanha o
presidente do PDT, Carlos Lupi. E até a candidata do MDB à Presidência,
Simone Tebet, também está dando palpite, dizendo que os petistas não
deviam usar vermelho para não assustar as pessoas. Já viu, isso vai dar
problema.
Explosão em ponte que liga Rússia à Crimeia.| Foto: Reprodução/BBC
Se
a repercussão internacional for um critério de eficácia, a Rússia não
adotou a melhor tática possível nos últimos dias. No dia oito de
outubro, uma grande explosão foi registrada na Ponte da Crimeia, que
cruza o estreito de Kerch, ligando a península ao território russo no
continente. Como retaliação, a Rússia realizou uma série de ataques com
mísseis contra o território ucraniano. Em um balanço dos dois eventos, a
imagem russa saiu afetada e, principalmente, com poucos ganhos
militares em compensação.
A Ponte da Crimeia começou a ser construída em fevereiro de 2016,
após a anexação russa da Crimeia. Além do seu propósito de
infraestrutura, a construção da ponte, que é a mais longa da Europa,
também possuía propósitos políticos e simbólicos, de conectar a Crimeia à
Rússia. Ela foi inaugurada em maio de 2018, com a presença de Vladimir
Putin. A ponte conta tanto com pistas rodoviárias quanto trilhos
ferroviários.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a ponte tem sido essencial
para a logística de guerra russa, transportando tropas, material bélico e
combustível para a Crimeia. A península contém algumas das principais
bases militares russas na região e foi dali que partiu a ofensiva ao sul
da Ucrânia, como o oblast de Kherson. Tanto pelo seu valor simbólico,
de ser uma obra russa após a ocupação, quanto por essa importância
logística, as autoridades ucranianas, diversas vezes, afirmaram que a
ponte era um alvo legítimo.
Ataque
No citado dia oito de outubro, um caminhão explodiu na ponte, em
paralelo a um trem de carga com diversos vagões para transporte de
combustível, material inflamável. Um enorme incêndio danificou a ponte
no local da explosão, causando o desabamento de parte das faixas
rodoviárias e a destruição de um trecho dos trilhos ferroviários. Três
civis russos morreram. Não houve nenhuma reivindicação oficial do
ataque, mas diversos veículos de imprensa ucranianos afirmaram que foi
uma operação do serviço secreto ucraniano.
Diversas autoridades russas também afirmaram que a responsabilidade
do ataque é ucraniana. No dia nove, Vladimir Putin afirmou que “não há
dúvida” de que foi “um ato de terrorismo destinado a destruir
infraestrutura civil” e “planejado, realizado e ordenado pelos serviços
especiais ucranianos”. É importante notar duas palavras dentre as usadas
por Putin: terrorismo e civil. Ou seja, o governo russo busca diminuir a
importância militar do alvo, classificando a ponte apenas como civil e
que o ataque foi, então, um ato de terror, não de guerra.
Em um aspecto internacionalmente menor, a Rússia ordenou uma série de
investigações, já que todos os veículos na ponte supostamente são
inspecionados. Como agentes ucranianos realizaram essa operação e quais
os culpados pelas falhas de segurança são algumas das perguntas que vão
mobilizar o governo russo, sem dúvidas. Já a retórica de que a ponte era
um alvo civil e que o ocorrido não foi um ato de guerra, entretanto,
não ganhou força.
Mísseis e repercussão
Sequer dentro da Rússia, inclusive, com comentaristas de canais
alinhados ao governo sendo praticamente forçados a reconhecer que o
ataque foi um trunfo ucraniano. No dia dez de outubro foi a vez da
retaliação russa. Nesse caso, “retaliação” não é um termo da coluna, mas
algo declarado pelo governo russo, incluindo o próprio Vladimir Putin.
Segundo o governo ucraniano, a Rússia disparou 83 mísseis e munições
errantes de diversos modelos contra o território da Ucrânia, com as
defesas ucranianas abatendo 43 desses.
É importante frisar a origem dos números pois, numa guerra, a disputa
de narrativas e de propaganda é vital, então os números devem ser
vistos com ceticismo. Já segundo o governo russo, os alvos dos mísseis
seriam instalações de infraestrutura de energia e transporte, como
termelétricas e pontes. Diversos mísseis atingiram a capital Kiev,
incluindo locais sem conexão direta com o esforço de guerra, como
universidades e museus. No total, ao menos onze civis morreram, com
dezenas de feridos.
A diferença entre um ataque localizado à uma ponte e uma chuva de
mísseis que destrói alvos tanto militares quanto civis não passou
despercebida na comunidade internacional. E, assim como no caso dos
referendos nas regiões ucranianas ocupadas, as condenações não vieram
dos tradicionais rivais da Rússia, mas também de seus aliados e países
próximos. A Índia expressou “profundas preocupações” com “a mais recente
escalada de conflito na Ucrânia” e “mortes de civis”. A China pediu por
uma desescalada. Israel, onde parcela considerável da população tem
origem russa e um país que tem se mantido neutro, “condenou fortemente”
os “ataques russos” contra “cidades e civis”.
A imagem russa já está bastante afetada negativamente após a invasão
da Ucrânia, e é óbvio que uma melhoria nessa imagem não ocorrerá da
noite para o dia. Também é claro que isso não ocorrerá da parte de
países como EUA e Reino Unido. Ainda assim, uma resposta totalmente
desproporcional como a ocorrida vai apenas alienar a Rússia de seus
aliados. Também representa um desperdício de recursos em uma guerra que
se mostra difícil para Moscou. Principalmente, mostra que a Rússia
sentiu o golpe após a explosão na Ponte da Crimeia.
Lula e Guilherme Boulos.| Foto: Nelson Almeida/AFP
“Alguém
tem que colocar juízo na campanha do Lula”, escreveu a senadora Simone
Tebet em mensagem enviada a apoiadores do líder petista. No último
comício da campanha do ex-presidente, realizado em Belo Horizonte, o
grito mais alto dos militantes era “vai dar PT”. A ex-candidata do MDB
tem manifestado receio ao excesso de vermelho na campanha de Lula Sua
avaliação é de que as pessoas que estão votando no PT não o fazem por
simpatia ao partido, mas contra Jair Bolsonaro.
Desde que colocou seu nome no tabuleiro eleitoral, Lula tem evitado
dar detalhes de seu programa de governo. Numa entrevista para a revista
Time em maio de 2022, o petista afirmou que não se “discute política
econômica antes de ganhar as eleições”. Lula assumiu uma posição de
condestável da República, como se o fato de ter exercido a presidência
lhe desse a licença poética para não prestar contas do que pretende
fazer caso alcance o poder. Como se sabe, o Brasil de 2023 será muito
diferente do Brasil de 2003.
Do alto de sua suprema arrogância, Lula deve achar que recebeu votos
integralmente porque os eleitores o consideram um salvador da pátria, um
ungido, uma espécie de outro mito.
A própria Folha de São Paulo, em editorial publicado essa semana,
apontou que o ex-presidente “parece esperar que o retorno ao Planalto se
dê por mera gravidade, ou pelo reconhecimento de feitos passados. Ou,
ainda, porque os eleitores nada mais teriam a perder e estariam
propensos a endossar qualquer alternativa ao quadro atual”.
Lula fez mais de 57 milhões de votos no 1º de outubro. Do alto de sua
suprema arrogância, deve achar que os recebeu integralmente porque os
eleitores o consideram um salvador da pátria, um ungido, uma espécie de
outro mito. A avaliação da senadora Tebet parece fazer mais sentido. Ali
está um conjunto muito grande de brasileiros que apenas não querem
Bolsonaro. Há também um contingente gigantesco de pessoas que anularam
seus votos, votaram em outros candidatos ou não foram votar. O que Lula e
seus apoiadores têm a dizer para essa parte da sociedade? Qual sua
agenda para além da bolha? Bolsonaro já tem a sua: o antipetismo.
A vitória de Bolsonaro no 7 de Setembro não significa sua vitória nas eleições Além
de Simone Tebet, o candidato petista recebeu apoio de Henrique
Meirelles e outros economistas liberais importantes que ajudaram na
formulação do Plano Real. Entre eles André Lara Resende, Edmar Bacha e
Pedro Malan. Diante disso seria o caso de dispensar Aloizio Mercadante e
outros entusiastas da agenda petista, apresentando as linhas gerais de
um programa econômico consistente e confiável. Nada disso até aqui. O
petista parece ser sua própria garantia. Mas do que, exatamente?
Até aqui, a campanha do Lula vem sendo representada no debate público
por Guilherme Boulos e tipos ridículos como André Janones. Até José
Dirceu apareceu para dar sua letrinha esses dias. No Roda Viva, Boulos
chegou a dizer que a presença de Alckmin e outros na campanha não são
mais do que sinalizações genéricas em nome de expressões não petistas do
eleitorado, mas que não representam compromissos formais. Enquanto os
sectários de esquerda falam pelos cotovelos, o bolsonarismo cola em Lula
o risco da venezualização da economia brasileira.