O ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas foi um dos vários aliados
de Bolsonaro a ter votação expressiva no primeiro turno.| Foto: Douglas
Gomes/divulgação
Vamos para o segundo turno em 30 de outubro – para presidente e
governador em alguns estados. Andei fazendo as contas e cheguei a 30
milhões de eleitores que não foram votar, que deixaram que os outros
decidissem por eles. Achei estranho o resultado, porque esperava uma
decisão em primeiro turno a favor de Bolsonaro, pelo amarelo que vi nas
filas de votação no Brasil inteiro, não apenas em Brasília. E pelas
manifestações de um lado e de outro: a tradicional militância do PT
estava silenciosa, discreta, enquanto os “amarelos” estavam todos
exibindo a bandeira nacional, festejando.
Mas a votação acabou com esse resultado em que Lula termina com 5
milhões de votos à frente de Bolsonaro, e ficamos nos perguntando de
onde saíram esses votos. Porque, se olharmos as eleições estaduais,
Bolsonaro elegeu quase todos os seus candidatos a governador e senador,
com exceção de alguns – a mais marcante delas, a do meu amigo Gilson
Machado, em Pernambuco, que fez uma excelente campanha para o Senado,
mas não conseguiu a vaga.
Em toda parte, auxiliares do presidente venceram: a ex-ministra
Damares Alves foi um trator em Brasília, fez quase o dobro dos votos da
Flávia Arruda. Bia Kicis, uma das maiores apoiadoras de Bolsonaro, foi a
mais votada no Distrito Federal para deputada federal, e o mesmo quase
aconteceu com a Carla Zambelli, em São Paulo, a maior apoiadora do
presidente na Câmara, que ficou em segundo. Magno Malta, ligadíssimo a
Bolsonaro, volta ao Senado. Gustavo Gayer, que é conhecido apoiador do
presidente nas redes sociais, foi o segundo mais votado em Goiás. Tereza
Cristina, no Mato Grosso do Sul, teve quatro vezes mais votos que o
ex-ministro Mandetta para o Senado. O Capitão Contar, que teve o apoio
de Bolsonaro “renovado” no último debate, vai para o segundo turno.
No Rio, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi o deputado
federal mais votado, e Romário foi reeleito senador; Cláudio Castro foi
reeleito governador com o dobro de votos de Marcelo Freixo. No Rio
Grande do Norte, Rogerio Marinho, também ex-ministro de Bolsonaro, foi
eleito senador; no Rio Grande do Sul, e o atual vice de Bolsonaro,
general Mourão, ganhou para o Senado e o ex-ministro Onyx Lorenzoni vai
para o segundo turno contra o ex-governador Eduardo Leite. O deputado
Hiran Gonçalves, grande apoiador de Bolsonaro na Câmara, derrotou Romero
Jucá e será senador por Roraima. O ex-secretário da Pesca Jorge Seif se
elegeu senador por Santa Catarina, derrotando veteranos como Raimundo
Colombo e Dario Berger. Jorginho Mello, outro aliado de Bolsonaro no
Senado, vai para o segundo turno contra o PT para o governo catarinense.
Em São Paulo, nem se fala. As pesquisas diziam que Tarcísio de
Freitas e o astronauta estavam lá atrás; pois Marcos Pontes foi eleito
senador com 50% dos votos e Tarcísio vai para o segundo turno já com uma
diferença grande sobre Haddad. Lembro, ainda, das pessoas que ficaram
contra Bolsonaro: Katia Abreu teve três vezes menos votos que a
professora Dorinha em Tocantins. E a Lava Jato foi vitoriosa no Paraná,
onde Ratinho Junior fez mais que o dobro dos votos de Roberto Requião.
Sergio Moro deixou Alvaro Dias em terceiro lugar para o Senado, e Deltan
Dallagnol foi o mais votado para deputado federal. São resultados
cheios de significado.
Em Minas, o segundo maior colégio eleitoral, Zema passeou, reeleito
em primeiro turno. O pessoal todo votou pra senador no Cleitinho
Azevedo. Para deputado, no Nikolas Ferreira; como é que toda essa gente
vai votar no Lula? Mas Lula venceu em Minas, e foi fundamental esse
resultado dele no primeiro turno. Então, fica essa dúvida sobre de onde
vieram tantos votos para o PT.
E as pesquisas erraram. Nove pesquisas davam entre 31% e 39% para
Bolsonaro – no Datafolha, 33%; no Ipec 31% – e ele teve mais de 43%. É
tudo difícil de digerir por enquanto.
Vitória bolsonarista Senado: veja como fica a distribuição de forças Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Senado é historicamente visto como a casa dos parlamentares mais experientes| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
As
eleições deste domingo (2) indicaram os ocupantes de 27 cadeiras do
Senado e consagraram o partido do presidente Jair Bolsonaro. O PL fez 6
senadores e agora tem 14 representantes no Senado, a maior bancada da
casa.
A vice-liderança fica com o PSD, que ficará com 11 nomes. A terceira posição é do União Brasil, de 10 senadores.
Composição do Senado em 2022
Fonte: TSE. Mais infográficos
O ambiente pró-Bolsonaro que o Senado passará a ter em 2023 diverge
do cenário atual, em que a casa, embora não seja exatamente dominada
pela oposição, fez jogo duro para o presidente durante todo o mandato do
atual chefe do Executivo.
O Senado, por exemplo, instalou a CPI da Covid, que foi conduzida por
adversários de Bolsonaro, e não avançou com pedidos de impeachment de
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma demanda do presidente e
seus aliados. O presidente do Senado é Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que em
muitas vezes divergiu publicamente de Bolsonaro, especialmente em
assuntos ligados às urnas eletrônicas e à segurança do processo
eleitoral.
O Senado tem 81 membros e faz sua renovação de forma alternada: em
uma eleição são selecionados um representante para cada estado e para o
Distrito Federal, totalizando 27 parlamentares, e na seguinte são dois
para cada unidade da federação, o que resulta em 54 vagas. Os eleitos
tomarão posse em fevereiro.
A renovação de 2022 pode ser maior, caso os senadores que disputam as
eleições para os governos de seus estados sejam vitoriosos. Estão na
disputa do segundo turno os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo
Braga (MDB-AM), Rogério Carvalho (PT-SE) e Rodrigo Cunha (UB-AL). Se
eles vencerem, seus primeiros suplentes assumem os mandatos.
Como está o Senado hoje
Atualmente, a maior bancada do Senado é a do MDB, que tem 13
representantes. Na relação estão desde parlamentares eleitos em 2014 e
2018 e também suplentes que estão no exercício do mandato, como Ivete da
Silveira (SC) e Luiz Pastore (ES).
A segunda colocação é do partido do presidente do Senado, o PSD. Além
de Pacheco, a agremiação conta com outros 11 representantes. Três deles
buscaram a renovação de seus mandatos neste domingo, Alexandre Silveira
(MG), Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM). Alencar e Aziz venceram a
eleição e Silveira foi derrotado.
PP e Podemos, ambos com oito nomes cada, têm as terceiras maiores
bancadas. O único nome do Podemos que disputou a reeleição foi Alvaro
Dias (PR), que acabou derrotado. Lasier Martins (RS) concorreu a uma
vaga de deputado e os demais estão na metade de seus mandatos.
Os partidos de Lula e Bolsonaro, PT e PL, têm sete senadores cada,
assim como o União Brasil, da agora ex-presidenciável Soraya Thronicke
(MS).
Confira a relação dos eleitos em 2022 AC Alan Rick (União Brasil)
Jair Bolsonaro em ato de campanha na véspera do primeiro turno:
votação real superou prognósticos da maioria das pesquisas de intenção
de voto divulgadas no sábado.| Foto: Sebastião Moreira/EFE
Em uma
disputa muito mais equilibrada do que as pesquisas de opinião
indicavam, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente,
ex-presidiário e ex-condenado Lula (PT) foram para o segundo turno da
disputa pelo Palácio do Planalto. Bolsonaro chegou a liderar a apuração
durante boa parte do tempo, mas Lula o ultrapassou na metade final da
contagem de votos e terminou com cinco pontos porcentuais de vantagem,
considerando-se apenas os votos válidos. A estratégia petista de pedir o
“voto útil” em Lula para encerrar a disputa já no primeiro turno não
prosperou por apenas 1,7 ponto porcentual, a quantidade que faltou para
Lula superar a barreira dos 50%.
E, justamente porque este primeiro turno foi mais acirrado que o
previsto, novamente o desempenho desastroso dos institutos de pesquisa
deve ganhar relevância, a ponto de ter sido destacado na imprensa
internacional. A eleição de 2018 foi marcada por erros nada menos que
grotescos, em que os resultados reais foram radicalmente diferentes
daqueles apontados às vésperas do pleito. Foi assim com os desempenhos
de Romeu Zema em Minas Gerais, Wilson Witzel no Rio de Janeiro, e Carlos
Moisés em Santa Catarina; ainda que se possa alegar que pesquisas são
“retratos de momento”, em nenhum desses casos houve algo que pudesse
causar tamanha reviravolta em poucas horas. Os erros foram ainda mais
numerosos na disputa para o Senado, na qual, alegou-se à época, o fato
de haver duas cadeiras em jogo levou a muitas escolhas de última hora
que desbancaram candidatos cuja eleição era dada como certa, como
Roberto Requião e Beto Richa no Paraná, Dilma Rousseff em Minas Gerais,
José Fogaça no Rio Grande do Sul e Eduardo Suplicy em São Paulo.
Jogar a culpa dos erros de 2018 nas costas de uma suposta
volubilidade do eleitor foi apenas uma maneira de empurrar o problema
para a frente, e ele volta a explodir bem diante dos institutos, que
precisam admitir que o produto que entregam não está correspondendo ao
que se promete
Quatro anos depois, houve uma nova série de erros bastante
significativos, como o desempenho do ex-ministro Tarcísio Gomes de
Freitas (PL), que vai para o segundo turno em São Paulo com sete pontos
de vantagem sobre um Fernando Haddad (PT) que era o líder absoluto das
pesquisas. Ou a reeleição em primeiro turno do fluminense Cláudio Castro
(PL), quando as sondagens davam como certo um segundo turno contra
Marcelo Freixo (PSB). A situação não foi diferente em disputas para o
Senado – desta vez, sem a desculpa das duas vagas –, em que houve erros
significativos em estados como o Espírito Santo, onde Magno Malta (PL)
derrotou a líder Rose de Freitas (MDB); Paraná, em que Sergio Moro
(União Brasil) venceu e Alvaro Dias (Podemos), líder das pesquisas,
terminou em terceiro lugar; São Paulo, onde Marcos Pontes (PL) desbancou
Márcio França (PSB) por 13,5 pontos porcentuais de vantagem, quando a
pesquisa mais benéfica ao ex-ministro o mostrava rigorosamente empatado
com o ex-governador paulista; e Rio Grande do Sul, onde o general
Hamilton Mourão (Republicanos) se elegeu senador apesar de figurar em
terceiro lugar nas pesquisas.
Por fim, é preciso também mostrar que, assim como ocorrera em 2018, a
performance eleitoral de Bolsonaro no primeiro turno foi amplamente
subestimada por todos os principais institutos de pesquisa. Enquanto a
votação de Lula pode ser considerada dentro da margem de erro das
pesquisas, ou muito próxima dela, várias sondagens de véspera colocavam o
atual presidente com menos de 40%. Este fato, aliás, chama a atenção
para um “padrão” nos erros de 2018 e 2022: os candidatos cujas votações
são bem superiores ao projetado pelas pesquisas costumam ser
conservadores, de centro-direita ou direita; já aqueles com intenções de
voto “infladas” nas pesquisas são seus oponentes de centro-esquerda ou
esquerda, como ocorreu agora com os paulistas Haddad e França.
Que isso tenha ocorrido em duas eleições gerais sucessivas é
sinal de que existe algo muito grave no mundo dos institutos de
pesquisa. O “retrato do momento” está desfocado, distorcido, alterado
por lentes coloridas. Na melhor das hipóteses, metodologias equivocadas
estão levando a resultados radicalmente diferentes da realidade – algo
que deveria ter sido corrigido já a partir de 2018, tamanhas as
diferenças entre o que diziam as pesquisas e o que disseram as urnas.
Jogar tudo nas costas de uma suposta volubilidade do eleitor foi apenas
uma maneira de empurrar o problema para a frente, e ele volta a explodir
bem diante dos institutos, que precisam vir a público e fazer seu mea
culpa, admitindo que o produto que entregam não está correspondendo ao
que se promete.
Também a imprensa, com este episódio, precisa rever o tratamento que
dá às pesquisas de intenção de voto. Já há muitos anos a Gazeta do Povo,
por exemplo, fez a opção de não destacar como manchetes os resultados
de tais pesquisas, limitando-se a apresentar seus dados ao
leitor-eleitor como um serviço relevante, pois “os resultados divulgados
têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças
políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro”, como escrevemos
ao fim de cada publicação com dados de pesquisas eleitorais. Se essa
influência está ocorrendo como resultado de números enviesados, mesmo
que de forma não intencional, é chegada a hora de outros veículos se
questionarem sobre a real dimensão que tais pesquisas merecem em seu
noticiário.
O senador eleito Sergio Moro (dir.) ao lado do deputado federal
reeleito Felipe Francischini.| Foto: Fernando de Jesus/ Gazeta do Povo
O
eleitor do Paraná demonstrou, neste domingo, que mantém apoio à
Operação Lava Jato e mandou para o Congresso Nacional os dois principais
personagens da maior operação de combate à corrupção da história do
país, com votações consagradoras. O juiz da maioria das ações penais que
tramitaram na 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, foi eleito
senador pelo estado, enquanto o coordenador da força-tarefa no
Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol foi o deputado federal mais
votado do estado. A bancada ainda será reforçada por Rosangela Moro,
mulher do novo senador paranaense, eleita deputada federal em São Paulo.
A eleição para o Senado coroa uma primeira candidatura conturbada de
Sergio Moro. O ex-juiz, que estava trabalhando na iniciativa privada,
nos Estados Unidos, desde que deixou o Ministério da Justiça, em 2020,
voltou para o Brasil em novembro de 2021 para ser o pré-candidato à
Presidência da República da “terceira via”. Moro filiou-se ao Podemos, a
convite do senador Alvaro Dias, a quem acabou derrotando nesta eleição.
Em abril, o ex-juiz trocou de partido, buscando uma legenda com maior
estrutura para seu projeto nacional, filiando-se ao União Brasil, mas,
logo, sofreu um revés interno, com o partido barrando sua candidatura a
presidente e lançando-o pré-candidato ao Senado por São Paulo. No
entanto, seu domicílio eleitoral paulista foi negado pela Justiça
Eleitoral e ele acabou disputando a eleição pelo Paraná, polarizando a
campanha contra seu ex-padrinho político, Alvaro Dias (Podemos).
Neste domingo, no entanto, Moro teve tranquila vantagem de 10 pontos
percentuais sobre Dias, mas travou uma disputa acirrada com Paulo
Martins (PL). Moro recebeu pouco mais de 33% dos votos válidos, ante 29%
de Martins e 24% de Alvaro Dias. O resultado mostra um acerto da
estratégia de campanha de Moro, que focou no eleitor bolsonarista, não
tratando, em sua campanha, das desavenças com o presidente que o levaram
a sair do governo e nacionalizando seu discurso ao apresentar-se como
antagonista ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, o
ex-juiz conseguiu conter o crescimento de Martins, candidato oficial de
Bolsonaro e do governador reeleito Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
Moro também utilizou a estratégia de associar Alvaro Dias à esquerda,
explorando a presença do PSB na coligação do adversário, além de uma
declaração de petistas sobre “voto útil” no candidato do Podemos para
tentar evitar a eleição de Moro.
“Foi uma eleição difícil porque nós lutamos contra todo um sistema
político, que não queria a gente em Brasília e, por isso, se posicionou
contra nós. Tivemos poucos aliados políticos, mas tivemos aliados
valorosos. Vamos retomar a luta pela integridade, pelo combate à
corrupção e pela honestidade na política, que é o pressuposto de tudo
para gente mudar esse país”, comentou Moro, ao chegar no Tribunal
Regional Eleitoral do Paraná para comemorar a vitória.
“Lava Jato renasceu como uma fênix”
Já Deltan Dallagol seguiu o caminho inicial de Moro, deixando o
Ministério Público federal para filiar-se ao Podemos, mas manteve-se no
partido mesmo após a mudança de Moro. Chegou à eleição como favorito e
confirmou essa condição, sendo o deputado federal mais votado no Paraná,
com a segunda maior votação da história, com 344.917 votos. Só Ratinho
Junior, em 2010, com 359 mil votos, teve uma votação maior que a
recebida por Deltan neste domingo.
“O recado que a sociedade está mandando é um recado claro para os
corruptos: que a Lava Jato renasceu hoje como uma fênix. Não das cinzas,
mas das urnas, a partir do coração das pessoas. O povo deixou uma
mensagem muito clara de que os corruptos não vão nos vencer”, comentou
Dallagnol à coluna. “Para a gente analisar o futuro do combate à
corrupção vai depender muito da composição do Congresso. Uma, duas,
cinco, dez pessoas não vão mudar o Brasil. Por isso, a gente precisa da
nossa força e do apoio das pessoas a essa causa, o combate à corrupção”.
Deltan já deixou claro que a eleição deste domingo marca o início de
uma carreira política que ele pretender ser de longo prazo. “A
capacidade nossa de acabar com o foro privilegiado, de aprovar a prisão
em segunda instância e outras medidas contra a corrupção vai depender
dessa configuração do Congresso. Se não tivermos um Congresso bom neste
momento, vamos ter que lutar por isso para a próxima legislatura. Não
adianta a gente achar que a luta contra as injustiças históricas e
arraigadas vão ser vencidas da noite para o dia. Precisaremos de anos,
décadas, e, novamente, do apoio das pessoas”, afirmou. “Além da pauta do
combate à corrupção, defenderemos a reforma política, reforma
tributária, reforma administrativa, uma educação com melhores resultados
e uma política pública nacional em relação aos autistas. Não saí
buscando um cargo. Saí por uma transformação, que sei que será de longo
prazo”, concluiu.
Para que o produto, oferecido pelo lojista em sua loja virtual,
chegue até o consumidor, um meio de intermediação se faz necessário.
Afinal, sem um contato, os clientes nem mesmo conhecerão a loja em
questão. É nesse momento que os canais de venda surgem como ferramentas
altamente relevantes. Basicamente, eles atuam fazendo a ponte entre o
consumidor e o dono de um comércio — seja uma loja física, seja um
e-commerce — viabilizando, assim, a interação entre as duas partes.
É importante ressaltar, porém, que a efetividade desses pontos de
conexão — entre cliente e lojista — está diretamente relacionada à
eficiência com que são utilizados. Pensando nisso, preparamos este
conteúdo para apresentar os melhores canais de venda para os donos de
e-commerce e listar algumas dicas para que eles sejam usados de maneira
mais efetiva. Confira!
Melhores canais de venda
Plataforma própria
Pensando em toda a operação de um e-commerce, é fácil chegar à
conclusão de que o canal de venda mais relevante é a sua plataforma
própria. Isto é, um site particular devidamente configurado e registrado
em nome do dono do negócio.
A grande vantagem de contar com uma plataforma própria é que o
lojista tem mais liberdade para oferecer os seus produtos e criar
ofertas. Além disso, nesse modelo de operação, ele não precisa lidar com
taxas de administração.
O sucesso de uma plataforma própria está diretamente relacionado à
qualidade dos produtos, ao seu preço — incluindo o frete — e à
divulgação. Nesse contexto, é indispensável que o proprietário crie a
sua loja virtual pensando nos motores de busca e no SEO. Além disso, ele
deve usar as redes sociais de maneira inteligente para atrair o público
para o seu negócio.
Marketplace
Dentre os canais de venda para negócios online, podemos dizer que os
marketplaces estão entre os mais tradicionais. Afinal, hoje em dia, é
difícil para uma pessoa pensar em fazer compras na internet sem usar
algumas plataformas, como a Valeon— mesmo que seja apenas para uma
pesquisa de preço.
Esses “shoppings” virtuais abrem espaço para que lojas sejam criadas
dentro de sua plataforma. A Valeon não cobra um valor fixo e nem recebe
comissão a cada venda realizada, cobramos apenas uma pequena
mensalidade. A grande vantagem dos marketplaces é que eles atraem um
grande número de visitantes todos os dias. Para transformar esses
visitantes em clientes, porém, o lojista precisa se destacar, oferecendo
produtos de qualidade e um bom atendimento.
Redes sociais
Atualmente, o lojista não pode separar as redes sociais das
estratégias de marketing de seu e-commerce. Afinal, por meio delas, o
cliente é capaz não apenas de conferir as novidades em sua loja virtual,
mas também de tirar dúvidas e até mesmo de realizar compras. A Valeon
divulga o seu Site Marketplace em todas as Redes Sociais.
Nesse cenário, é dever do empreendedor compreender o uso de tais
ferramentas e estar presente naquelas mais alinhadas ao modelo da sua
loja online. É necessário que ele entenda a melhor linguagem para se
comunicar com os seus clientes e que identifique determinados fatores,
como o melhor horário para se fazer postagens e a quantidade ideal de
publicações por dia.
Melhores canais de venda
Plataformas de Ads
Por mais efetivas que sejam as redes sociais, muitas vezes, a
concorrência — e a falta de experiência do lojista — faz com que o seu
alcance seja limitado. Nesse contexto, as plataformas de Ads, como o
Google Ads e o Facebook Ads, surgem como soluções úteis.
Ao fazer uso delas, o dono de um e-commerce pode impulsionar um post
de suas redes sociais para um grande número de pessoas ou fazer com que a
sua loja apareça em primeiro lugar nas pesquisas feitas nos motores de
busca. Mas, uma vez que a eficiência desses anúncios está diretamente
ligada a uma segmentação adequada de público, é importante que o
empreendedor compreenda esse fator antes de recorrer a elas.
Plataforma eficiente
Outro fator importante — quando pensamos nos recursos essenciais no
e-commerce — é a plataforma em que ele será hospedado, o Servidor. O que
faz todo o sentido, quando levamos em consideração que a plataforma
será responsável por armazenar e garantir a eficácia de todas as funções
da loja online. Nesse aspecto o Site da Valeon está hospedado na melhor
plataforma disponível no momento.
O ideal é que o lojista opte por uma plataforma moderna, compatível
com ferramentas — como o envio de e-mail marketing — e amigável com as
boas práticas de SEO.
Além disso, a plataforma em questão deve ser capaz de se adaptar ao
crescimento do e-commerce, garantindo suas funcionalidades conforme o
número de vendas, e de acessos, aumenta.
NOSSA MARCA. NOSSO ESTILO!
COMPARTILHAMOS CONHECIMENTO PARA EXECUTARMOS COM SUCESSO
NOSSA ESTRATÉGIA PARA REVOLUCIONAR O MODO DE FAZER PROPAGANDA DAS
EMPRESAS DO VALE DO AÇO.
O desejo de mudar, de transformar, de acreditar, são
fundamentais para irmos além. São agentes propulsores da realização de
sonhos. Já o empreendedorismo está presente no DNA dos brasileiros e
nossa história trouxa essa capacidade que temos de nos reinventar e de
nos conectarmos com você internauta e empresários que são a nossa razão
de existir.
E todos esses elementos combinados e levados ao território da internet, torna o que era bom ainda melhor. Na internet e através
do Site da Valeon, podemos proporcionar o início do “virar de chaves”
das empresas da região para incrementar as suas vendas.
Assim, com inovação e resiliência, fomos em busca das
mudanças necessárias, testamos, erramos, adquirimos conhecimento,
desenhamos estratégias que deram certo para atingirmos o sucesso, mas
nada disso valeria se não pudéssemos compartilhar com vocês essa
fórmula.
Portanto, cá estamos! Na Plataforma Comercial Marketplace da
VALEON para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos
produtos e serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada dos
nossos serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e
público.
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos compublicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para asmarcas
exporem seus produtos e receberem acessos. Justamente por reunir uma
vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon
atrai uma grande diversidade evolume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do
mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas
desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na
divulgação de suas Empresas e durante esses três anos de nosso
funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia,
inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina das empresas.
Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências,
inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados
com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a
diferença buscando estar sempre um passo à frente.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
País chega ao 1.º turno polarizado e com dois projetos para escolher Por Leonardo Desideri – Gazeta do Povo Brasília
Os candidatos a presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: EFE/Joédson Alves; Sérgio Dutti/PSB
O
Brasil chega ao primeiro turno da eleição presidencial de 2022, neste
domingo (2), com 11 opções na urna, mas é quase certo que o resultado
caminha para duas possibilidades: a volta ao poder do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) ou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
Há seis anos, em março de 2016, o atual presidente viajou a Curitiba
e, em manifestação perto da sede da Polícia Federal, soltou foguetes
para comemorar a condução coercitiva de Lula, que prestaria seu primeiro
depoimento à Operação Lava Jato. Já naquela data, Bolsonaro falava como
candidato à Presidência da República: “Pela primeira vez a direita vai
mostrar sua cara. Temos propostas e temos voz. O processo da roubalheira
do PT era um projeto político, que graças a Deus está acabando”,
afirmou, em declaração à Gazeta do Povo.
Dois anos depois, em 2018, Lula começaria a cumprir a sua pena de 12
anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e
Bolsonaro seria eleito presidente da República. O petista nunca recebeu
um veredito de absolvição – como tenta insistentemente sugerir ao longo
desta campanha –, e as provas de sua participação em um megaesquema de
corrupção com o objetivo de perpetuar o PT no poder continuam sendo
robustas; mas, em uma sequência de decisões controversas com inegável
teor político, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a condenação dele
em 2021 e definiu que Lula poderia se candidatar.
No meio-tempo das decisões do Supremo que recolocaram Lula no jogo, a
pandemia da Covid-19 criou problemas inesperados para Bolsonaro. O
presidente precisou lidar com os efeitos socioeconômicos das medidas de
isolamento social, ao mesmo tempo em que entrava em intenso conflito com
políticos de dentro e fora do governo, formadores de opinião influentes
e o próprio STF por conta de seus posicionamentos polêmicos sobre
lockdown, vacinas e tratamento para a Covid.
Mesmo após a passagem de Lula pela prisão e os efeitos negativos da
pandemia sobre a imagem de Bolsonaro, a sensação de que a eleição
estaria polarizada entre os dois cresceu progressivamente no país, seja
pela falta de apelo popular dos vários políticos que se apresentaram
como potenciais alternativas – a chamada “terceira via” –, seja pelo
carisma das duas figuras que chegam como favoritas à disputa deste
domingo.
A votação para as eleições de 2022, que ocorrerá de forma simultânea
em todo o Brasil, começa às 8h do horário de Brasília e vai até as 17h
deste domingo.
Terceira via não conseguiu furar polarização O ex-juiz Sergio
Moro (União Brasil), o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), a
senadora Simone Tebet (MDB) e o candidato Ciro Gomes (PDT) foram todos
cogitados como possíveis alternativas à polarização entre Bolsonaro e
Lula. Nenhum deles chegou próximo de vingar. Moro e Doria nem mesmo se
tornaram candidatos a presidente.
Para o cientista político Christian Lohbauer, a dificuldade de se
constituir uma terceira via nestas eleições começa no fato de que os
dois principais candidatos são grandes conhecidos do público. “É uma
eleição plebiscitária. É uma disputa em que o povo elege entre duas
histórias de vida”, afirma. “Algo inédito é que um ex-presidente
concorre contra um presidente. As pessoas, o cidadão comum, conhecem
muito essas figuras. Para alguém aparecer como terceira via, teria que
ser uma figura com a mesma dimensão. E não tem. Isso contribui para
dificultar a terceira via.”
Para além da popularidade dos dois, contudo, Lohbauer vê outro
empecilho para a terceira via: a sua falta de organização e de carisma.
“Esse movimento forçado, de gente bacana, bonita e cheirosa, para lançar
um candidato de terceira via não tem mais força política nenhuma. Me
choca alguém achar que vai organizar uma coisa desse tipo 90 dias antes
da eleição. Não vai mesmo. Estava na cara que ia acontecer isso. Lançar
uma candidatura como a da Simone Tebet – que é uma figura respeitável,
tem uma carreira política, teve cargos públicos relevantes, não é de São
Paulo e Rio, ou seja, [tem] todo um perfil bonitinho… Mas você achar
que vai pegar uma figura como essa, que 90% dos brasileiros não sabiam
quem era… Não vai chegar nem a 5%. Como eles acham que vão lançar uma
candidatura como essa em três meses? O cidadão olha e fala: ‘Quem é
essa? De onde ela apareceu?’ Os próprios políticos falam: ‘Quem é essa?
Já conversou comigo?’ Querem achar que vão resolver um problema aos 47
do segundo tempo. Não vão. Vai ser Bolsonaro e Lula mesmo”, comenta.
Paulo Kramer, doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), aponta também a identificação
dos principais nomes da terceira via com um modo de fazer política que
não é mais capaz de atrair o eleitor brasileiro. “A terceira via, para o
eleitor médio, tem muito aquela cara da velha política, que o
eleitorado, de uma maneira geral, repudia. Na política, a interpretação
vale mais do que os fatos. Sabemos que nem Lula nem Bolsonaro são
‘outsiders’. Sabemos que ambos estão dentro do sistema já há muito
tempo. Mas, de qualquer maneira, eles conseguem projetar para seus
públicos a imagem de que eles são antissistema, coisa que os candidatos
da chamada terceira via não conseguem.”
Lula e Bolsonaro continuam com um forte poder de mobilização do povo,
cada qual a seu modo, observa o sociólogo Lucas Azambuja, professor do
Ibmec-BH. “A máquina de mobilização do PT, por mais que talvez não seja
do mesmo tamanho que foi no passado, ainda exerce influência –
principalmente quando ela tem do lado, de maneira consciente ou
inconsciente, a colaboração de artistas, de alguns jornalistas e de
parte das instituições de ensino que transmitem certa visão de mundo”,
diz.
“Já o Bolsonaro soube capitalizar muito bem este momento que a gente
vive hoje na política em que a mobilização é muito mais importante
através das redes sociais e com a linguagem de redes sociais do que a
mobilização característica do PT, que é a mobilização de bar, de
associações, de sindicatos e tudo mais”, complementa Azambuja.
Para Lohbauer, Bolsonaro e Lula têm algo muito parecido: a capacidade
de transmitir proximidade com o povo. “O Lula é um encantador de
serpentes, um mago, um Macunaíma, um mentiroso, que cumpre o ideal
weberiano do populista demagógico já conhecido universalmente. E o
Bolsonaro fala uma linguagem muito próxima das pessoas, faz umas
piadinhas inconvenientes, ignora o plural… Isso, se não for natural, vai
ser identificado como mentiroso e não vai ter efeito. Se for autêntico,
é muito poderoso”, comenta.
O aumento da popularidade de Bolsonaro no Brasil coincidiu com a
ascensão, na opinião pública, das chamadas pautas de costumes – isto é,
um conjunto de temas relacionados a valores fundamentais cuja discussão
era monopolizada por formadores de opinião de esquerda e que a velha
política não se interessava em abordar: aborto, ideologia de gênero,
liberdade de expressão, porte de armas, drogas, enfrentamento da
violência etc.
“Principalmente na eleição de 2018, Bolsonaro tinha um discurso muito
coerente com uma parcela expressiva da população que começou a não ter
medo de se definir como direita, de se identificar com pautas
conservadoras”, diz Azambuja.
De olho nessa parcela do eleitorado, Lula fez alguns movimentos para
tentar atrair evangélicos e, pela primeira vez, sentiu a necessidade de
falar com frequência em Deus durante a campanha. O petista, no entanto,
deixou escapar falas que tendem a repelir de imediato grande parte dos
cristãos do país. Deixou claro, por exemplo, que simpatiza com a ideia
de expandir o direito ao aborto, e não conseguiu reprimir sua essência
marxista, reiterando durante a campanha o mesmo tipo de discurso de
estímulo ao conflito que marcou toda sua carreira política.
Em relação ao combate ao narcotráfico e à violência urbana, o petista
já sugeriu que pretende retomar ideias falidas que levaram o país aos
maiores índices de homicídios de sua história, afetando especialmente os
pobres. Lula propõe menos rigor na repressão e uma “atualização de
doutrinas” na formação dos profissionais de segurança pública, aderindo a
um discurso cada vez mais comum na extrema-esquerda de aversão à classe
policial e racialização do debate sobre a violência.
“Com essa história de jogar brancos contra pretos, nordestinos contra
sulistas, ricos contra pobres, MST contra o agronegócio, quem instaurou
esse clima [de conflito] no país foi o lulopetismo. E tem provado do
seu próprio veneno nos últimos quatro ou cinco anos”, afirma Paulo
Kramer.
Para o cientista político, o fato de Bolsonaro e Lula exacerbarem com
mais clareza duas visões de mundo conflitantes é o motivo principal
pelo qual os dois chegam como favoritos à Presidência. “Eles traduzem
melhor e com mais eloquência do que qualquer outro candidato duas visões
antagônicas de Brasil. A terceira via fica naquela coisa morna, nem lá
nem cá. Muito embora a gente tenha no Parlamento um multipartidarismo
exacerbado, quando se trata das disputas para o Executivo, o que a gente
tem é o ‘contra’ e o ‘a favor’. É sempre assim.”
Bolsonaro e Lula opõem busca por liberalização da economia contra Estado regulador
Na economia, Bolsonaro e Lula também apresentam, ao menos à primeira vista, visões opostas do que seria ideal para o Brasil.
Bolsonaro chegou ao poder com a promessa de um governo “conservador
nos costumes e liberal na economia”, em oposição ao Estado mais
regulador dos 14 anos da era PT. A pandemia dificultou o plano
liberalizante do ministro da Economia Paulo Guedes.
Mas, ainda assim, houve uma tentativa inédita nesse sentido, de
acordo com Lohbauer. “Se você olhar o primeiro ano do governo Bolsonaro,
eles fizeram um exercício genuíno de mudança de estrutura. Fizeram uma
limpeza da dívida. Ficaram muito longe de aplicar um plano liberal,
porque não conseguiram privatizar nada. Existe uma resistência das
corporações, que faz parte da história de nosso país, contra a redução
do tamanho do Estado. Mas eles começaram. Se não houvesse a pandemia,
eles iam conseguir? Acho que não iam conseguir, porque há muitas forças
contra uma agenda liberal de verdade no Brasil. Mas esse governo tentou.
E logo veio a pandemia. Quando vem a pandemia, não tem plano liberal
que se aplique em um ambiente de emergência, de guerra, de fome, de
queda de PIB. Não tem. Até os países do mundo com perfil mais liberal
fizeram programas sociais massivos, com recurso público na veia”,
comenta.
Para Lohbauer, o desastre na administração das estatais e a vista
grossa para as invasões de terra, por si só, já deveriam ser suficientes
para o brasileiro rechaçar a volta de uma gestão petista da economia.
Bolsonaro teve “menos tempo e mais dificuldade para governar, e o que
ele entregou foi bem menos pior em matéria de governança, corrupção,
transparência, crescimento, investimentos etc.”, afirma ele.
Outro ponto importante para qualquer análise, de acordo com o
especialista, é que o PT pegou a economia em circunstâncias
privilegiadas. “Não dá para comparar maçã com banana, comparar o
crescimento econômico do período do PT com o crescimento econômico do
período do Bolsonaro. Para começar, a Dilma teve dois anos de pujança
mundial, comercial e econômica, e o Brasil cresceu -3% e -3,5% em 2015 e
2016. Isso é o PT. Essa é a capacidade que eles têm de adotar políticas
públicas econômicas erradas e fazer com que o país cresça -3,5%
enquanto o mundo cresce 5%. No atual governo, aconteceu algo que não
ocorreu nos últimos 100 anos: uma pandemia universal, uma paralisação da
economia mundial, um endividamento absoluto de todas as economias,
inclusive as economias desenvolvidas. E o Brasil passou pela pandemia
com uma situação econômica administrável. O país conseguiu atravessar a
pandemia, e os primeiros resultados de retomada estão aí nos números
oficiais”, observa.
Para ele, o PT desperdiçou oportunidades de promover um crescimento
expressivo do Brasil não só na gestão de Dilma como também no período em
que Lula governou o país. “O período dos governos Lula, primeiro e
segundo, pelo menos até 2008, foi um dos períodos de maior crescimento
da história da economia mundial. Deu ferro, soja, milho e petróleo a
preços impagáveis. E o Brasil recebeu tanto dinheiro como nunca recebeu
na vida, e gastou tudo, se endividou ainda mais. Isso foi o período do
Lula. As pessoas têm que estudar história recente. Querem comparar essa
passagem histórica com a atual, agora, com a pandemia? Não dá”, afirma.
Para Paulo Kramer, na hipótese de Lula ganhar a eleição, “ele teria
espaço de manobra para fazer política econômica muito mais limitado do
que teve quando governou o Brasil pela primeira vez”. “Primeiro, por
causa de todas as dificuldades que a herança do lulopetismo deixou,
provando a inviabilidade de uma política econômica baseada mais no
Estado que no mercado. Há, por outro lado, uma direita de conservadores e
liberais que já não têm medo de se assumir publicamente – e eu não me
refiro apenas aos políticos, mas também aos eleitores, ao povo. Tudo
isso vai criar um ambiente de limitações”, diz.
Na opinião de Lohbauer, o problema de Lula na economia começa na
imprevisibilidade – até agora, o candidato não deixou claro o que
pretende fazer, como apontou editorial recente da Gazeta do Povo. “Como
‘la garantía soy yo’, pode sair qualquer coisa. Ele faz o que quer e
fala o que quer. Ninguém questiona nada. Não duvido que eles resolvam
tributar a exportação agrícola. Isso seria um verdadeiro desastre. Tem
quem diga que ele não faria isso, mas não dá para ter ideia do que o PT
faria. Só tenho a convicção de que a qualidade da administração federal
cairia de forma absoluta. Já é ruim, e ficaria pior ainda”, diz.
Já o governo Bolsonaro, em caso de reeleição, deverá mostrar – já sem
as limitações impostas pela pandemia – até que ponto a sua crença em
uma agenda liberal e na importância da responsabilidade fiscal se
sobrepõe ao populismo imediatista. Para Kramer, isso não significa que
Bolsonaro deva deixar de lado as políticas sociais. “Não existe
contradição entre uma política social ativa e vigorosa e uma economia
liberal. Até porque o liberal sabe que o que é capaz de resgatar com
eficiência e rapidez a dívida social é a economia de mercado, e não a
economia estatizada. A economia estatizada leva a estagnação, corrupção,
crescimento negativo e estouro das contas públicas.”
Lohbauer comenta que, mesmo que ganhe, Bolsonaro não deverá conseguir
implementar uma agenda liberal autêntica. “Se ele ganhar e tiver um
segundo mandato completo, não consegue trazer nesse período uma
transformação para um país liberal. O que pode conseguir, e eu tenho
esperança de que consiga, é uma retomada de desenvolvimento, que é uma
coisa que a gente não vê desde 2008. Isso envolve criação de riqueza,
criação de emprego e aumento de renda. Isso já seria um pedaço de uma
agenda liberal, para começar a pensar em agenda liberal verdadeira”,
observa.
Serviço Uso do celular, horário de votação, e-Título, candidatos Por Gazeta do Povo
Veja na Gazeta do Povo como votar na eleição do dia 2 de outubro,
onde está a sua zona de votação e os documentos obrigatórios.| Foto:
Arquivo/Gazeta do Povo
Os brasileiros vão às urnas no dia 2 de
outubro escolher quem será o próximo presidente da República e mais
outros quatro cargos. Mas, é preciso ficar atento às regras do que pode e
o que não pode neste dia, como levar o celular na cabine de votação, se
precisa do título de eleitor impresso ou pode ser o digital, quais os
documentos obrigatórios, o horário de abertura e fechamento das urnas,
entre outros.
Para ajudar o eleitor a tirar as principais dúvidas sobre o domingo
de eleição, a Gazeta do Povo preparou uma série de orientações com base
na Resolução 23.669/2021, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que
determina as regras para o pleito.
Veja, abaixo, as orientações do que pode e o que não pode no dia, com mais informações em cada uma delas.
Horário e local de votação Programe-se para votar. O TSE unificou a
votação em todos os estados seguindo o horário de Brasília,
independentemente do fuso em algumas regiões. Com isso, todos os
brasileiros vão votar entre 8 e 17 horas, com adequações no Norte e em
Fernando de Noronha. Veja aqui qual o horário de votação no seu estado.
Após saber qual o horário de funcionamento das urnas, é preciso
descobrir o local de votação. Nos títulos eleitorais impressos em papel,
você encontra os números da zona e da seção em que está cadastrado, mas
é necessário conferir antes se o endereço ainda é aquele que está
habituado. Para isso, basta fazer uma consulta no site do TSE, veja aqui
como fazer isso.
Para quem já tem o e-Título, o aplicativo de celular com o título de
eleitor digital, basta abrir o aplicativo e localizar o endereço da zona
e da seção eleitoral. Saiba aqui como baixar o e-Título no seu celular.
Não pode arma de fogo Se você não está a serviço de nenhuma força
de segurança, não pode portar armas de fogo a menos de 100 metros das
seções eleitorais, mesmo com autorização, de acordo com a nova redação
da Resolução 23.669/2021. Saiba aqui quem pode e quem não pode entrar na
zona eleitoral com arma de fogo e quais as sanções por descumprimento.
Camiseta, adesivo ou broche de candidato Está liberado o uso de
camiseta, adesivo, broche ou boné alusivos a candidatos ou partidos no
local de votação, desde que de forma silenciosa e apenas na sua
vestimenta. Chegar com o seu celular tocando o jingle de campanha em
alto e bom som? Não mesmo, e nem andar com vários amigos juntos vestindo
as mesmas roupas, o que pode caracterizar boca de urna. Veja aqui que
tipo de manifestação a favor do seu candidato é permitida no dia da
votação.
Documentos para votar Após identificar o seu local de votação,
você vai precisar levar o seu título de eleitor impresso e um documento
com foto que o identifique, mesmo que já esteja expirado. Caso já tenha o
e-Título instalado e validado no celular, não precisa de nenhum
documento a mais. No local de votação, todos os eleitores terão a
identificação feita também por biometria. Saiba aqui quais documentos
podem ser usados no dia da votação e o que acontece se a biometria não
for registrada.
Não pode celular
Após a identificação, você será orientado a ir para a cabine de
votação, mas precisará deixar o seu telefone celular desligado com o
mesário, de acordo a nova redação da resolução 23.669/2021. O objetivo é
evitar que os brasileiros registrem o seu voto – que é secreto. Saiba
mais sobre a proibição aqui.
Ordem de votação e “cola” dos candidatos O eleitor pode recorrer a
popular “colinha” com os números dos candidatos para votar, mas precisa
escrever os números em um papel. Ela é realmente necessária nas
eleições deste ano. Afinal, você vai votar para cinco cargos, nesta
ordem: deputado federal (4 números), deputado estadual ou distrital (5
números), senador (3 números), governador (2 números) e presidente (2
números). Veja aqui qual será a ordem dos candidatos nas urnas
eletrônicas.
Não pode votar com acompanhantes
A não ser que você realmente precise de ajuda para votar, como
apertar as teclas da urna eletrônica, é proibido entrar com algum
acompanhante na cabine de votação. E não, nem mesmo o seu filho pequeno
pode te ajudar a exercer a sua cidadania. Saiba aqui quem pode e quem
não pode entrar com você na cabine de votação.
Que urna eletrônica diferente é essa? Alguns brasileiros vão
encontrar uma urna eletrônica diferente nesta eleição daquela que estão
habituados. É um modelo novo, mais moderno, que faz parte do projeto de
atualização dos equipamentos. Além de ter um tamanho maior e de melhor
processamento, o modelo oferece mais recursos de acessibilidade a quem
possui alguma deficiência visual ou auditiva. Conheça aqui a diferença
entre as urnas que serão usadas nesta eleição.
Falhas na urna eletrônica
As urnas eletrônicas utilizadas nas eleições brasileiras passam por
diversos testes de funcionamento e têm suas baterias carregadas para
funcionarem durante todo o dia de votação. No entanto, se algum problema
ou falha acontecer, há um plano de contingência para cada ocorrência
que não afeta a coleta dos votos – e nem o acesso externo, já que a urna
não é conectada a nenhum tipo de rede com e sem fio. Saiba aqui o que
fazer caso a urna eletrônica apresente alguma falha na hora em que você
for votar.
Não poderei votar, como justifico o voto? É possível justificar o
voto pela internet, através do e-Título e nas próprias zonas eleitorais
tanto antes como após a votação. No entanto, para cada período há regras
específicas, como prazo máximo de justificativa dependendo do motivo da
ausência. Saiba aqui como justificar seu voto e a data limite para
isso.
Não votei no primeiro turno, posso votar no segundo?
Sim, pois o TSE considera cada turno da eleição uma votação única.
Você só não pode votar se o seu título tiver sido cancelado ou em
situação eleitoral irregular. Saiba aqui o que pode ou não te impedir de
votar no segundo turno das eleições.
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição no pleito do próximo domingo (2)| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Qualquer
um que acompanha o mínimo sobre a política brasileira no exterior já
leu ou já ouviu afirmações de que, se derrotado, o presidente Jair
Bolsonaro não entregará o poder. Há meses, por sinal, a conjunção
subordinativa condicional “se” nem aparece mais nas afirmações cada vez
mais comuns e nos mais diversos idiomas. O que era uma dúvida virou uma
certeza. Bolsonaro vai perder a eleição e dará um golpe. De Washington a
Pequim, o clima é de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já
ganhou. Mas há uma pergunta necessária que até agora ninguém fez para
Lula e as instituições brasileiras: e se Bolsonaro vencer a eleição?
Os institutos de pesquisa, os analistas de vários dos principais
meios de comunicação, os relatórios dos bancos sustentam que a questão
acima não é necessária. Afinal, a eleição deste domingo é apenas uma
formalidade. “Lula já ganhou”.
Mas volto à pergunta: E se Bolsonaro vencer a eleição?
Lula, os partidos que lhe dão sustentação, os movimentos de esquerda,
as instituições (entre as quais é preciso ressaltar o Supremo Tribunal
Federal e suas linhas auxiliares no Tribunal de Contas da União e
Congresso) e a imprensa estarão dispostos a aceitar o resultado?
Essa é uma pergunta necessária, mas que vem sendo negligenciada. Por
mais incômodo e improvável que possa parecer para muitos, Bolsonaro pode
vencer a eleição. Caso o improvável aconteça, como o resultado das
urnas será encarado?
A eleição de Bolsonaro em 2018 não só surpreendeu, como chocou, quem
apostou na infalibilidade das sondagens. Problema também registrado nos
Estados Unidos, em 2016, quando Donald Trump venceu uma eleição que era
considerada “garantida” para a sua opositora, a democrata Hillary
Clinton.
Não se trata de duvidar dos institutos que tentam prever os
resultados com base em entrevistas e métodos estatísticos. Mas não é
nada razoável tratar como dogma o que pretende ser visto com ciência. A
dúvida, nesses casos, é mais do que necessária. É virtude.
O clima de “já ganhou” nos corredores de Washington, D.C. (lembre-se
de que estou falando de Lula, obviamente), é tão generalizado que não se
discute ou negocia mais nada sem considerar que o próximo presidente do
Brasil será o petista.
A recente eleição para a diretoria da Organização Panamericana de
Saúde (Opas) talvez seja o melhor exemplo. O brasileiro Jarbas Barbosa
foi eleito com o apoio dos bolivarianos. Ex-membro da direção nacional
do PT, foi carreado até a direção da Opas pelos padrinhos petistas. Além
do próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que endossou a
candidatura e determinou que se movesse céus e terra para angariar os
votos necessários, o petista teve o apoio irrestrito do colombiano
Gustavo Petro, que retirou o apoio ao candidato de seu país e orientou
sua diplomacia a trabalhar pelo PT; e do mexicano Andrés Manuel López
Obrador, que fez o mesmo em favor de Barbosa.
Sem falar, é claro, do apoio e voto de Cuba, que tem na Opas uma espécie de sucursal de seus interesses em Washington.
Não é diferente na indústria do lobby. Em entrevista ao jornal Valor,
o lobista Thomas Shannon, que já teve em sua carteira o presidente da
Argentina, Alberto Fernández, e o de El Salvador, Nayib Bukele, não
esconde a torcida por Lula. Para Shannon, que foi embaixador dos Estados
Unidos e ocupou temporariamente a função de secretário de Estado, há
uma expectativa pela volta de Lula. Segundo ele, o “Lula é bem conhecido
pelo governo dos EUA, tanto por republicanos quanto por democratas. Os
EUA tiveram uma relação muito produtiva [com o Brasil] durante sua
presidência”.
Muita gente pensa assim. Assim como muitos pensam que a capital do Brasil é Buenos Aires.
A democracia brasileira está definitivamente sob teste. E uma das
questões é: e se Bolsonaro vencer? Nesse cenário absurdo para muitos, a
vontade da maioria vai desagradar pesos-pesados de Brasília. Estariam
eles dispostos a se sujeitar ao resultado? Ou, para “salvar a
democracia”, vale matá-la e depois esperar que ela ressuscite?
Putin discursa na Praça Vermelha, em Moscou, ao lado dos líderes
de ocupação das áreas ucranianas anexadas pela Rússia .| Foto:
EFE/EPA/SERGEI KARPUKHIN/SPUTNIK/KREMLIN
Com a recente ordem de
mobilização “parcial” de combatentes russos e a anexação de territórios
invadidos na Ucrânia, a guerra parece ter cruzado uma linha a partir de
onde não é mais possível retornar.
Diferentemente do sentimento em 24 de fevereiro, quando a queda de
Kyiv era quase dada como certa, não é mais possível dizer quem vai
vencer a guerra. Após a cerimônia de anexação de Kherson, Luhansk e
partes de Donetsk e Zaporizhzhia na sexta-feira (30), o presidente russo
Vladimir Putin sinalizou para o retorno à mesa de negociações de paz.
Mas isso ocorre em um momento em que os ucranianos detêm a iniciativa
no campo de batalha e o presidente Volodymyr Zelensky respondeu que só
negociará com o próximo presidente russo – sugerindo uma eventual queda
de Putin. A invasão foi brutal demais para que a atual geração de
ucranianos seja capaz de perdoar e esquecer.
Putin prepara seus contingentes de soldados recém-convocados para
tentar prolongar a guerra ao máximo – à espera de que governos europeus
caiam pela pressão da inflação e da crise energética, ou que um
presidente mais amigável chegue à Casa Branca em 2024. Sua esperança é
que o Ocidente corte o apoio econômico e militar que tem sido vital para
a sobrevivência da Ucrânia.
Por causa disso, o destino de ucranianos e russos vai depender de um
fator intangível muito importante: como o mundo vai encarar a partir de
agora o apoio de Washington e de seus aliados europeus a Kyiv na guerra?
Dentro dos EUA e no sul global (grupos de países em desenvolvimento
que inclui o Brasil), o envolvimento indireto de Washington na Ucrânia
vem sendo comparado à segunda invasão americana ao Iraque, em 2003 – uma
operação moralmente injustificável, que se baseava numa busca por armas
de destruição em massa inexistentes.
Outra associação comum é com a retirada militar atrapalhada do
Afeganistão em 2021 – após quase 20 anos de uma operação militar de
resposta aos atentados de 11 de setembro que tinha embasamento legal,
mas que gerou críticas sobre a legitimidade do intervencionismo
norte-americano.
Parte dessas associações de imagem pode ser atribuída a um esforço de
propaganda russo, inserido na atual guerra de informação e na tentativa
russa de evitar o isolamento diplomático.
Mas a Ucrânia não é o Iraque de 2003. Dessa vez, o Ocidente não está
envolvido em uma guerra de contrainsurgência para impor valores – ou
simplesmente eleições – a uma cultura completamente diferente. Pelo
contrário, está oferecendo apoio, indireto mas vital, para uma
democracia estabelecida que luta para não ser anexada no projeto
expansionista e autoritário da Rússia.
Em um artigo publicado na revista americana Foreign Affairs, o
professor de história da Universidade de Yale Timothy Snyder comparou a
situação atual na Ucrânia com o Acordo de Munique, de 1938 – episódio
que ajudou a desencadear a anexação da Tchecoslováquia pela Alemanha e a
Segunda Guerra Mundial.
Na ocasião, a Alemanha nazista reivindicava a posse dos Sudetos, um
território da Tchecoslováquia onde havia maioria de alemães étnicos. O
processo aconteceu de forma semelhante ao que a Rússia faz com a Ucrânia
hoje. Hitler acusava a democracia tcheca de autoritarismo e de
violações de direitos de alemães étnicos que viviam em seu território.
Putin faz o mesmo com a Ucrânia.
Segundo Snyder, a Tchecoslováquia tinha forças armadas decentes, a
melhor indústria de armas da Europa e defesas naturais melhoradas pela
construção de linhas de fortalezas nas montanhas. Segundo o historiador,
talvez a Alemanha não tivesse conseguido bater os tchecos em uma guerra
aberta, ou ao menos teria tido uma grande dificuldade para fazê-lo –
isso se a Tchecoslováquia tivesse recebido apoio de seus aliados da
época, a França e o Reino Unido.
Mas Édouard Daladier (então premiê da França), Neville Chamberlain
(premiê do Reino Unido) e Benito Mussolini (líder da Itália) decidiram
entregar os Sudetos a Hitler para apaziguá-lo, sem ao menos deixar o
governo tcheco participar das negociações. Esse foi o pacto de Munique.
Winston Churchill, um dos maiores críticos de Chamberlain à época,
afirmou na ocasião: “Você pôde escolher entre a guerra e a desonra. Você
escolheu a desonra e vai receber a guerra”.
Após tomar os Sudetos sem combate, a Alemanha anexou toda a
Tchecoslováquia. Com as armas pilhadas no país, invadiu em seguida a
Polônia e sua campanha militar ganhou momentum – o que atraiu aliados e
deflagrou a guerra.
Snyder especula que, se Hitler tivesse enfrentado uma batalha dura na
Tchecoslováquia, talvez o apelo popular de seu regime tivesse sido
menor e o Reino Unido e a França teriam tido tempo de se preparar para o
combate. Isso eventualmente poderia ter impedido a deflagração da
Segunda Guerra.
Putin está enfrentando uma batalha dura na Ucrânia. Para o
historiador, o mundo pode estar hoje em um cenário semelhante ao de 1938
– com a diferença de que o Ocidente dessa vez decidiu agir e mandar
socorro a uma democracia colocada em xeque por um regime autoritário.
Mas, para se evitar uma guerra nuclear, o apoio vem sendo em forma de
sanções e isolamento de Moscou, além de remessas de recursos
financeiros, armamentos e informações de inteligência – sem o envio de
tropas.
Não é possível saber com certeza até onde vai o apetite expansionista
de Putin. Ele invadiu a Geórgia em 2008 e ao fazer isso percebeu que
suas Forças Armadas precisavam ser modernizadas. Isso foi implementado
de forma parcial. Em 2014, anexou a Crimeia e fomentou movimentos
separatistas no Donbas ucraniano.
Sabe-se, por meio de ensaio publicado por ele em 2021, que suas
ambições são inspiradas em uma visão distorcida da história, segundo a
qual a Rússia atual teria “direito natural” de dominar uma série de
territórios vizinhos. Este foi o tema da nossa coluna na semana passada.
Em discurso na sexta-feira, ele disse que “gerações de russos” já
lutaram pelas terras em processo atual de anexação na Ucrânia. Isso
seria uma possível referência à expansão militar promovida pela
imperatriz Catarina II no século 18. Putin também classificou o Ocidente
como “inimigo” e uma ditadura de elites voltadas contra todas as
sociedades, que professam uma religião satanista.
No seu ensaio do ano passado, o presidente russo lamentou decisões do
período soviético tomadas por Lenin, que separaram diversas regiões que
ele acreditava serem por direito da Rússia.
Se os planos de Putin forem retomar os territórios do que chama de
“Rússia histórica”, então cidadãos de países como Estônia, Letônia,
Lituânia, Finlândia, Polônia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Geórgia,
Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão e
Tadjiquistão devem ter razão para se preocupar. Também é uma incógnita
se Putin desejaria reaver essas áreas militarmente ou por meio de
influência política ou instalação de governos títeres.
Putin está preparando mais 300 mil homens para enviar à Ucrânia. Mas
há indícios no próprio decreto de mobilização parcial (que tem artigos
secretos) de que o número pode passar de um milhão de soldados – o que
dobraria o efetivo das Forças Armadas da Rússia. Não se mobiliza um
contingente assim só para fazer pressão diplomática.
As tropas podem ser destinadas a manter as regiões já conquistadas na
Ucrânia – e sufocar movimentos de resistência – ou podem ser usadas em
novas ofensivas que podem até extrapolar o território ucraniano.
Estado totalitário Mas ao formar esse novo exército, Putin quebra
um acordo informal que tinha com o povo russo: “impunidade para as ações
do governo em troca de privacidade e prosperidade para os cidadãos”.
Na medida em que os recrutadores batem nas portas dos cidadãos
russos, o debate político volta à sociedade. As trapalhadas do início da
mobilização parcial – como a convocação de deficientes e idosos –
coloca em evidência a incompetência e a falta de determinação dos
militares russos e alimenta ainda mais o nascente debate político.
Para continuar com a formação de seu novo exército, Putin terá que
endurecer ainda mais os instrumentos de repressão às liberdades
individuais do país. Ele terá, por exemplo, que evitar mais episódios de
incêndios de centros de recrutamento e assassinatos de recrutadores. Se
não fizer isso, pode perder a capacidade de governar. A Rússia vai se
tornar cada vez mais um Estado totalitário e policial.
Assim, uma eventual vitória russa na Ucrânia pode significar o
fortalecimento não só de Putin e de seu projeto expansionista, mas
estimular a proliferação de outros governos autocráticos, classificados
por Snyder como “tirânicos”.
Ou seja, segundo o historiador, o resultado dessa guerra vai
estabelecer os princípios das relações diplomáticas do século 21 e
influenciar diretamente o futuro das democracias.
Além disso, se a Ucrânia e seus aliados do Ocidente não forem capazes
de reconquistar Kherson, Luhansk, partes de Donetsk, Zaporizhzhia e a
Crimeia (tomada pela Rússia em 2014), o mundo pode retornar a uma era
mais violenta, que até então tinha praticamente acabado junto com a
Segunda Guerra: a era das guerras motivadas por conquista territorial.
Os piores aspectos desse tipo de guerra são os efeitos sobre a
população civil – que sempre acaba submetida a políticas de repressão e
até é alvo de políticas de retirada ou aniquilação para diminuição de
densidade populacional de determinadas áreas.
Alguns desses aspectos já ocorreram nos sete meses de guerra na
Ucrânia. Alguns exemplos são o bombardeio indiscriminado de alvos civis e
militares em Mariupol e Kharkiv e a alegada remoção forçada de
contingentes populacionais ucranianos inteiros de áreas ocupadas e sua
transferência para o interior remoto da Rússia.
Ameaça nuclear A última tentativa de ressuscitar esse tipo de
conflito para expansão de territórios havia sido feita pelo Iraque, ao
invadir o Kwait em 1990. O país acabou expulso do território vizinho por
uma coalizão ocidental.
Mas o Iraque não tinha armas de destruição em massa, como se provou
na desastrada invasão americana seguinte, em 2003. A Rússia, por outro
lado, é a detentora do maior arsenal nuclear do planeta e vem ameaçando
usá-lo caso as áreas recentemente anexadas sejam atacadas.
Embora as ameaças tenham que ser tratadas com seriedade, é pouco
provável que a Rússia quebre o chamado “tabu nuclear”, mesmo se utilizar
uma bomba de natureza tática (de menor poder de destruição). Isso
porque tal ação poderia levar a OTAN (aliança militar ocidental) a
participar diretamente do conflito, com o envio de tropas, navios e
aeronaves. Esse é um cenário que Putin quer evitar.
As recentes ameaças de usar bombas nucleares parecem mais uma
tentativa russa de dissuadir o Ocidente de enviar armas convencionais
ainda mais poderosas para a Ucrânia.
Se não conseguir um acordo de paz para dizer que a Rússia venceu a
guerra ao anexar 20% do território ucraniano, Putin vai tentar estender o
conflito usando mais recrutas e armas convencionais.
Críticos do Ocidente podem argumentar que a indústria americana está
lucrando ao vender armas para serem usadas na guerra da Ucrânia e
exportar gás para o mercado europeu.
O Reino Unido e a União Europeia, por sua vez, já estão se
endividando para tentar lidar com a escassez de energia e a inflação em
crescimento, resultantes das sanções à Rússia.
Mas, do ponto de vista do Ocidente, se Putin não for detido agora, o
que está em jogo não é só a economia, mas o próprio futuro da liberdade
dos povos e da democracia – diante do autoritarismo e do expansionismo
por vias militares da estratégia russa.
O desafiador ato de anexação realizado pelos russos na última
sexta-feira deve levar as potências ocidentais a avaliar a viabilidade
de medidas como a inclusão da Ucrânia na OTAN (o que legalmente é bem
complicado), a imposição de um teto mundial de preços para exportação de
petróleo ou o envio de armas ainda mais potentes para a Ucrânia.
Por isso, é esperado que Washington e seus aliados tentem retratar
cada vez mais seu apoio indireto à Ucrânia como parte de uma guerra
justa, desvinculada das campanhas de contrainsurgência do século 21 no
Oriente Médio. Para ter sucesso, eles deverão mostrar que o apoio à
Ucrânia pode parar a Rússia agora e assim impedir (e não deflagrar) uma
Terceira Guerra Mundial.
Site The Intercept publicou fortes críticas à Assembleia de Deus
por cartilha que reafirma princípios cristãos às vésperas da eleição.|
Foto: Unsplash
Li a cartilha da editora Kaleo para a Assembleia
de Deus de Santa Catarina, inteira, antes de ler o chilique jornalístico
do The Intercept, publicado em 20 de setembro. E sigo me perguntando se
a redação desse grande jornal foi instalada no planeta Terra ou pelo
menos aqui perto, na Lua.
O que defende a “cartilha raivosa” dos crentes catarinenses, como a
rotularam os autores da pérola jornalística? Em essência, coisas de
crentes. Coisas que se ouvem (em versões incultas, concedo) nos
corredores das igrejas, em seus grupos on-line e em suas casas: que o
marxismo é ateísta, que o todo com as partes sabidamente doentes do
PNDH-3 foram coisa de Lula et caterva, que a revolução sexual é
incompatível com a religião cristã, que a cultura do movimento LGBTQIA+ é
incompatível com a religião cristã, que segundo a Bíblia Deus criou
homem e mulher – e o gênero não pode ser separado do sexo biológico –,
que o feminismo ajudou a aumentar o número de divórcios, que o divórcio
deve ser combatido, que a esquerda tende a descurar, quando não destruir
ativamente, a instituição familiar etc.
Ademais, essa perspectiva geral sempre foi ensinada, de um jeito ou
de outro, em todas as grandes igrejas, e alguns dos pontos acima são
ensinados até mesmo por aquelas igrejas mais modernizadas e abertas a
alguns valores progressistas. Então, por que o chilique?
Porque isso pode afetar… as eleições, quem diria!
Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência, nem à
subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os pastores
estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu direito, e os
pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito
É claro que a teologia das igrejas sempre afetou, afeta e deve mesmo
afetar as eleições. A teologia cristã afeta tudo, seja ela bem-feita ou
malfeita. A teologia calvinista favoreceu as revoluções constitucionais
na Europa. A teologia dos puritanos racistas os fez legitimar a
escravidão nos EUA. A teologia dos “cristãos alemães” os fez apoiar
Hitler. A teologia dos Quakers, dos metodistas e de alguns anglicanos os
fez abolicionistas, como foi o caso do grande William Wilberforce. A
teologia de São João Crisóstomo o fez defender o direito dos pobres. A
teologia de Bartolomeu de las Casas o fez defender os índios. A Teologia
da Libertação fez o PT se fantasiar como “o partido de Deus” e
desestabilizar o país. A teologia da “igreja confessante” a fez produzir
a declaração de Barmen, contra a manipulação estatal e ideológica do
regime nazista, e por isso a maior parte dos seus signatários foi
enviada por Hitler para o front oriental, onde morreram congelados ou
nas baionetas russas.
E é a ateologia progressista – incluindo a conversa fiada de que os
evangélicos são companheiros desorientados, que o problema é a
liderança, e eles que só precisam de um bom pastor para votar
corretamente e retornar ao aprisco revolucionário – o que está por trás
da crítica serelepe levantada pelo Intercept.
Tenho minhas críticas à cartilha. Penso que ela não deveria ter
recomendado o conservadorismo como o ponto de partida da visão cristã de
ética e sociedade, sem mais. E essa é a minha crítica
teológico-política: isso está simplesmente errado, e eu disse isso
diretamente a um dos pastores responsáveis pelo documento. Tratei disso
aqui na Gazeta, quando apontei o fato incontornável de que a libertação
de Israel do Egito, relatada no Êxodo, envolveu o desmantelamento de um
discurso de ordem idólatra e uma batalha de Deus contra os opressores. A
fé bíblica afirma uma ordem criacional, mas às vezes tem uma posição
“revolucionária” (não no sentido marxiano, evidentemente) diante do
establishment.
Medo-de-crente O que as igrejas deveriam fazer com seus membros progressistas? Seja
qual for a teologia política cristã, ela precisará balancear claramente
Criação e Êxodo, conservação e transformação. Como fazer isso é outra
história, que não cabe desfiarmos aqui.
Mas suponhamos que eu esteja certo e a cartilha tenha errado a mão
nesse ponto; nada muda, absolutamente. A Igreja Católica há séculos
desenvolve a sua doutrina social, revisando e refinando suas posições, e
já condenou tanto o marxismo ateu quanto o capitalismo laissez-faire. A
Doutrina Social da Igreja trata a família como célula básica da
sociedade, e condena todos os pecados que o Intercept costuma celebrar.
Como eu já mencionei antes e insisto, toda igreja tem o direito de
ensinar a sua doutrina àqueles que quiserem ser seus membros, e os pais
têm o direito de dar a seus filhos a educação religiosa e moral de sua
preferência. Não havendo incitação ao ódio a pessoas, nem à violência,
nem à subversão da democracia, as igrejas estão no seu direito. Os
pastores estão no seu direito. As escolas dominicais estão no seu
direito, e os pais que mandam seus filhos para lá estão no seu direito.
E aí está a raiz da reportagem raivosa da Intercept: o que incomodou
não foram os erros na cartilha dos crentes, mas os seus acertos. O
documento que eles atacam rejeita ideias morais caras à esquerda.
É claro que a teologia das igrejas sempre afetou, afeta e deve mesmo
afetar as eleições. A teologia cristã afeta tudo, seja ela bem-feita ou
malfeita
A cartilha faz algumas generalizações realmente enervantes, como
quando condena o feminismo em bloco ou quando culpa o “marxismo
cultural” por toda a desordem no campo da ética sexual, como se o
liberalismo e o capitalismo não tivessem culpa nenhuma (e eu mesmo já
fiquei, por assim dizer, roxo de tanto discutir o tema nessa coluna).
Nesse caso, no entanto, os jornalistas deveriam ser jornalistas e
apontar os erros. Os erros. Mas o que eles fazem é puxar alguns fios
soltos para condenar o discurso inteiro.
Consideremos o subtítulo da matéria, que vai direto no calcanhar de
Aquiles da cartilha: associar o feminismo à zoofilia é mesmo demais. Mas
e quanto à pedofilia? Também o seria, não fosse a própria Simone de
Beauvoir uma defensora da descriminalização da pedofilia. Que azar,
gente! Então, me pergunto: do que esses jornalistas estão reclamando? O
trabalho deles não é entregar informação?
O que a matéria faz, no melhor estilo do jornalismo contemporâneo, é
acusar uma “raiva santa”, um “ódio” etc., sentimentalizando a coisa.
Mentira, a cartilha não é raivosa; é apenas explícita sobre o valor das
ideias: algumas ideias merecem ser ignoradas, e algumas são tão ruins
que merecem ser detestadas. Ora, meus amigos, ninguém tem de respeitar
ideias que lhe parecem detestáveis. O candomblecista não tem de
respeitar o monoteísmo; ele tem de respeitar os monoteístas. O marxista
não tem de respeitar o conservadorismo; ele tem de respeitar os
conservadores. E os cristãos não têm de respeitar as degenerações morais
da esquerda brasileira. Eles têm, sim, de representá-las do modo mais
honesto possível, ao fazer suas críticas; mas respeitá-las? Oh, céus!
Que fanfarronice!
Algumas ideias merecem ser ignoradas, e algumas são tão ruins que
merecem ser detestadas. Ora, ninguém tem de respeitar ideias que lhe
parecem detestáveis
Reivindico, aqui, os meus direitos de cidadão e meus deveres de
evangélico: a agenda moral da esquerda brasileira é detestável. Críticas
desonestas contra a infeliz são dignas de toda a reprovação, mas
poderia isso redimi-la da sua feiura natural? Não obstante a
incompetência da crítica evangélica conservadora, a geringonça não vale
um tostão.
Tivesse eu poderes para tanto, declararia aberta a temporada das
cartilhas eclesiásticas! E pra já mesmo, a partir de segunda-feira. Que
as igrejas formem comissões teológicas e componham suas cartilhas de
doutrina social e política, para crianças, jovens, adolescentes,
mulheres, homens e idosos. Que as igrejas leiam e discutam em seus
grupos essas denúncias jornalísticas desesperadas, e exponham de casa em
casa esses órgãos ideológicos metidos a magistério teológico.
O candomblecista não tem de respeitar o monoteísmo; ele tem de
respeitar os monoteístas. O marxista não tem de respeitar o
conservadorismo; ele tem de respeitar os conservadores. E os cristãos
não têm de respeitar as degenerações morais da esquerda brasileira
E, em vez de se infiltrar nas igrejas estabelecidas, a militância
laicista pode dar um trato mais honroso ao seu recalque. Ela pode também
plantar suas igrejas sem Deus, formar suas famílias sem biologia, fazer
suas orações de punho cerrado, ensinar seus filhos a “amar” (pegar)
todo mundo no fim de semana, e esperar alegremente o Sol, que é para
todos, virar uma gigante vermelha e engolir a Terra, junto com sua
utopia igualitária.
Mas enquanto não chega esse tão esperado dia, vamos honrar John
Locke, John Stuart Mill, a nossa Constituição, e aprender a tolerar uns
aos outros. Afinal, só Deus poderia curar nossas divergências; mas até
nisso nós divergimos, não é?