sábado, 1 de outubro de 2022

RÚSSIA ANEXA TERRITÓRIOS UCRANIANOS CONQUISTADOS

 


“Proteção total”, escalada militar: os próximos passos após a anexação russa de mais territórios ucranianos

Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo


Manifestantes pró-Rússia comemoram em Luhansk o decreto de adesão à Federação Russa, nessa sexta-feira (30)| Foto: EFE/EPA/STRINGER

Ao assinar nesta sexta-feira (30) os decretos para a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, abriu um novo capítulo no conflito iniciado com a invasão russa ao país vizinho, em 24 de fevereiro.

Conforme sinalizado pelo anúncio que Putin fez na semana passada de mobilização de 300 mil reservistas, ao considerar esses territórios agora parte da Federação Russa, o Kremlin lhes conferirá a chamada “proteção total”.

O termo foi usado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, no último fim de semana, quando ainda estavam sendo realizados os referendos para anexação dessas regiões.

“Todo o território do Estado russo que já foi ou pode ser adicionalmente formalizado na Constituição de nosso país certamente se beneficiará de proteção total”, afirmou Lavrov, durante entrevista coletiva em Nova York. “Como poderia ser diferente? Todas as leis, doutrinas, conceitos e estratégias da Federação Russa são aplicáveis em todo o seu território.”

No anúncio da mobilização dos reservistas, Putin já havia avisado que a Rússia estaria disposta a usar “todos os meios disponíveis”, o que inclui armamentos nucleares táticos, para defender o território russo.

Alexander Baunov, membro do think tank americano de política externa Carnegie Endowment, disse à CNN que o discurso de Putin se torna mais agressivo com as anexações, como se dissesse aos seus inimigos: “Vocês decidiram lutar conosco na Ucrânia, agora tentem lutar conosco na Rússia, ou, para ser mais preciso, no que chamamos de Rússia”.

Em 2020, Putin atualizou a doutrina nuclear da Rússia, ao prever que armas desse tipo podem ser utilizadas “no caso de agressão contra a Federação Russa com o uso de armas convencionais, quando a própria existência do Estado estiver ameaçada”.

O Ocidente e a Ucrânia, entretanto, refutam a tática de Putin e estão dobrando a aposta. Os aliados de Kyiv, que não reconhecem os referendos, considerados por eles fraudulentos e nos quais foi tomado 15% do território ucraniano (a maior incorporação por uso da força na Europa desde a Segunda Guerra Mundial), já estão intensificando as sanções contra Moscou e a ajuda militar ao governo de Volodymyr Zelensky, que reiterou que o país invadido seguirá lutando para recuperar essas regiões.

“Todo o território do nosso país será libertado desse inimigo”, disse o presidente. “A Rússia já sabe disso. Ela sentiu o nosso poder”, complementou, fazendo referência aos avanços das últimas semanas da contraofensiva ucraniana.

Outra questão que colabora para esse aumento das hostilidades é que a Rússia precisa consolidar seu domínio sobre as áreas incorporadas nesta sexta-feira. “É necessário, no mínimo, libertar todo o território da República Popular de Donetsk”, havia adiantado o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

A Rússia já controla praticamente todo o território de Luhansk e Kherson, mas ainda precisa tomar metade de Donetsk e Zaporizhzhia.

Outra consequência da assinatura dos decretos nesta sexta-feira é que Putin deve fazer grandes investimentos nas quatro regiões. Para emplacar a narrativa de que os russos são gestores melhores que os ucranianos, Putin desenvolveu grandes projetos de infraestrutura na Crimeia depois que, em 2014, a população da península ucraniana aprovou a adesão à Rússia num referendo também marcado por denúncias de irregularidades e sem reconhecimento da maioria da comunidade internacional.

Na última terça-feira (27), o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, alegou que a população da Crimeia “tem vivido melhor desde então”. “Temos investido muito na região, e vamos fazer o mesmo em Donbas”, afirmou.

A dúvida é se a Rússia, com sua economia fortemente atingida pelas sanções do Ocidente, terá condições financeiras e práticas de fazer grandes obras em quatro regiões que são campos de batalha (Donetsk e Luhansk, desde 2014, quando separatistas pró-russos iniciaram uma guerra civil em Donbas). E se ficará em posse dessas regiões tempo o suficiente para isso.


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PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO TOMA LÁ DA CÁ PREJUDICA O BRASIL

 


Loteamento de cargos marca a política nacional: o “toma lá, dá cá” é inevitável?
Por
Olavo Soares -Gazeta do Povo
Gazeta do Povo


Bolsonaro é cercado por deputados em sessão especial do Congresso: tentativa de formar base do governo com bancadas parlamentares fracassou já no primeiro ano de governo.| Foto: Alan Santos/PR

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu, em entrevista recente à CNN, que houve distribuição de vagas a partidos aliados em seu governo, e que a prática pode se repetir se ele voltar ao Palácio do Planalto: “acontece em qualquer democracia do mundo. Quando você ganha uma eleição, você faz uma composição para ganhar as eleições”. O principal rival do petista na eleição – o presidente Jair Bolsonaro (PL) – também já admitiu que negocia com os partidos do chamado Centrão e que cede cargos em troca de apoio político.

A distribuição de cargos, também conhecida como “toma lá, dá cá”, foi identificada em todos os governos brasileiros desde a redemocratização – lista formada por José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Bolsonaro.

A materialização do processo se dá com a presença dos mesmos políticos em governos tão diferentes entre si. Dois ministros atuais – Fábio Faria (Comunicações) e Ciro Nogueira (Casa Civil) – estiveram ao lado do PT e hoje endossam o governo Bolsonaro.


O Congresso tem também muitos nomes que prestaram apoio a governos de diferentes ideologias. Um exemplo célebre é o do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que foi vice-líder nos governos FHC e Lula.

O processo, porém, não é restrito aos cargos e figuras públicas mais conhecidos. Os escalões inferiores também são alvo da distribuição a partidos aliados. Bolsonaro, por exemplo, cedeu o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ao PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro Ciro Nogueira.

Outro órgão habitualmente cobiçado pelos políticos e “entregue” pelos comandantes do poder é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A concessão dos postos se transforma em apoio ao governante de ocasião e, em muitos casos, acaba abrindo uma porta para a corrupção.

Rigor na lei, um caminho para superar o problema
Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 se apresentando como um “outsider” na política. Um dos momentos marcantes de sua campanha há quatro anos se deu quando o hoje ministro Augusto Heleno, general da reserva, cantou “se gritar pega Centrão, não fica um meio irmão”, trocando a palavra “ladrão” por “Centrão” no samba de Bezerra da Silva. Hoje, o presidente disputa a eleição filiado a um partido de centro (PL) e apoiado por outros dois (PP e Republicanos).

O presidente alega que precisa distribuir espaços no governo para ter governabilidade e, assim, implantar as políticas públicas que deseja. A justificativa do “inevitável” foi também apresentada pelo PT para ganhar apoio de antigos adversários – e o partido citou isso à época da primeira eleição de Lula e volta ao argumento nos dias atuais, quando tem como candidato a vice-presidente o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB).

O cientista político e professor universitário Marco Aurélio Nogueira, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), avalia que a distribuição de cargos a aliados não é um fator problemático por si só. O erro, segundo ele, é o modo como isso se dá no Brasil.

“Não há problema em se repartir um governo com aliados. Mas isso deveria ser feito com base em questões programáticas. Do tipo: ‘vou entregar este ministério ao seu partido porque sei que ele vai ser capaz de implantar políticas públicas que se encaixam com o que eu defendo’. Mas no Brasil, a entrega atende a outros propósitos”, afirma.

Também professora universitária, a jornalista e cientista politica Deysi Cioccari acredita que o quadro de loteamento de cargos, embora histórico, se agravou durante as gestões do PT – e isso não foi revertido pelos governos Temer e Bolsonaro.

Segundo ela, o Brasil deveria passar por mudanças em sua legislação para dificultar o acesso a alguns cargos, como por exemplo a exigência de aprovação pelo Senado de nomes indicados. Isso, em sua avaliação, colocaria estes cargos no debate público e travaria uma simples nomeação em troca de apoio político.

O exemplo que vem dos Estados Unidos
Cioccari e Nogueira citam os Estados Unidos como exemplo de como a distribuição de cargos a aliados é algo não exclusivo do Brasil, mas também presente em outras democracias pelo mundo. “Quando os democratas ganham as eleições [dos EUA], trocam todo mundo que ocupa os cargos e loteiam entre os seus. É a mesma coisa para os republicanos”, diz o professor.

Mas as diferenças entre Brasil e EUA, segundo eles, se dão por um rigor maior da legislação e por um tamanho menor do Estado no país norte-americano. Nogueira acredita que o Brasil tem em sua estrutura federal cargos de pouca relevância prática, e que são instituídos justamente para serem loteados. Cioccari reforça o quadro e ressalta que, nos EUA, a aprovação pelo Poder Legislativo se aplica a 54% dos cargos federais. “Não é como aqui, em que o presidente assume e vai loteando sua estrutura”, diz.

Bancadas temáticas, a “utopia” de Bolsonaro

A entrega do DNOCS ao PP de Arthur Lira, que ocorreu em 2020, foi uma espécie de símbolo do fracasso de um projeto de relacionamento que Bolsonaro queria ter com o Congresso. Até aquele momento, o presidente tinha como bandeira o diálogo não necessariamente com partidos, mas com as bancadas temáticas do Legislativo.

A ideia era construir sua base de apoio em torno de grupos como os deputados e senadores evangélicos, os ruralistas, a frente da segurança pública (“bancada da bala”) e outras categorias. O presidente achava que esses segmentos, que o apoiavam desde a campanha de 2018, se converteriam em uma base sólida e trariam facilidade nas votações do Congresso.

O projeto, porém, esbarrou no rigor das normas de Câmara e Senado, e também na alta flexibilidade destas bancadas informais. Os regimentos do Congresso ainda dão muito privilégio aos partidos – por exemplo, os líderes partidários têm o poder de orientar suas bancadas ao “sim” ou “não” durante uma votação, e qualquer voto em sentido oposto gera controvérsias.

Além disso, as frentes partidárias, que são os grupos do Congresso que juntam os parlamentares de acordo com bandeiras de interesse, detêm pouco poder regimental, o que enfraquece suas ações.


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CRUZEIRO É O CAMPEÃO DA SÉRIE B

 

Bruno Furtado – Superesportes

Ele está na história por reconduzir o Cruzeiro à elite nacional, pelo título da Série B e por ser o primeiro técnico estrangeiro a levantar um caneco com a camisa azul. Este é Paulo Pezzolano, uruguaio de 39 anos que chegou desconhecido e se tornou um ‘ídolo’ dos cruzeirenses.

Em 2023, os desafios de Pezzolano serão ainda mais difíceis. O Cruzeiro terá pela frente o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e a Série A© Staff Images/Cruzeiro

Não bastasse ter atingido todos os objetivos propostos pela gestão do Cruzeiro SAF, liderado por Ronaldo, Pezzolano fez tudo isso com futebol de qualidade: intenso, ofensivo e sem expor a defesa.

Em 52 jogos sob seu comando, o Cruzeiro marcou 85 gols e sofreu apenas 39. Foram 33 vitórias, nove empates e 10 derrotas. O aproveitamento geral é de 69,23%.

Na Série B, os números saltam mais aos olhos: 74% de aproveitamento. O Cruzeiro chegou ao título com 71 pontos e seis rodadas de antecedência. Foram 21 vitórias, oito empates e três derrotas em 32 apresentações.

Pezzolano é o quarto técnico estrangeiro da história do Cruzeiro. Seus antecessores não conquistaram títulos.

O primeiro foi o também uruguaio Ricardo Diéz, em 1953. Ele dirigiu o time em 12 jogos, com quatro vitórias, três empates e cinco derrotas.

O argentino Filpo Núñez teve, por sua vez, duas passagens pelo Cruzeiro. A primeira, em 1955, e a segunda, em 1970. Foram 30 jogos no total, com 11 vitórias, oito empates e 11 derrotas.

O último estrangeiro a assumir o Cruzeiro antes da ‘era Pezzolano’ foi o português Paulo Bento, em 2016. Em 17 jogos, obteve seis vitórias, três empates e oito derrotas. Ele dirigiu o time no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.

A partir de 2023, os desafios de Paulo Pezzolano serão ainda mais difíceis. O Cruzeiro terá pela frente o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e a Série A do Campeonato Brasileiro. Entre as metas estará ser novamente campeão, manter-se na elite e conseguir uma vaga em torneios sul-americanos na temporada seguinte.

SE O PT GANHAR A IMPRENSA SÓ PODERÁ FALAR BEM DO SEU GOVERNO

 

Foto: JL Rosa/AFP

Por Luiz Vassallo – Jornal Estadão

Ex-presidente fez ao menos 11 menções sobre regulamentação de meios de comunicação; ele agora diz que decisão caberá ao Congresso

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, não cumpriu a promessa de sua campanha de apresentar um plano de governo detalhado. Lula, contudo, usou a corrida eleitoral para reafirmar ideias que dialogam com obscuras propostas dos recentes governos petistas.

Em um contexto marcado por aceno às militâncias e ataques a desafetos, ele fez ao menos 11 menções à regulamentação da mídia – boa parte durante a pré-campanha e a campanha – e críticas ferozes à atuação da Operação Lava Jato.

O levantamento foi feito pela reportagem do Estadão – jornal que, em sua história de quase 150 anos, sempre rechaçou tentativas oficiais, veladas ou não, de coibir a liberdade de expressão.

Ex-presidente Lula durante agenda em Fortaleza; proposta petista de regulamentação dos meios de comunicação é pouco detalhada
Ex-presidente Lula durante agenda em Fortaleza; proposta petista de regulamentação dos meios de comunicação é pouco detalhada Foto: JL Rosa/AFP 30/09/2022

As pesquisas eleitorais, na véspera da votação em primeiro turno, indicam vantagem expressiva de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Com foco no antibolsonarismo, o petista se apresentou como um candidato conciliador, capaz de reunir em torno de si uma frente ampla democrática.

No entanto, o uso constante de referências a mandatos anteriores como garantia de sua candidatura, a resistência em condenar ditaduras de esquerda e a ausência de detalhamento de propostas tornam incerto o perfil do governo em eventual vitória nas urnas.

‘Espoliação’

Em relação à regulação da mídia, em pouco mais de um ano, o petista transitou de declarações como a necessidade de um novo marco regulatório contra o que chamou de “espoliação de meia dúzia de famílias que mandam na comunicação brasileira”, à garantia do “melhor direito de resposta”. Falou em “convocar plenárias, congressos, palestras” para a sociedade dizer “como tem que ser feito” e terminou afirmando que essa missão caberá ao Congresso Nacional.

Em fevereiro, disse à Rádio Clube, do Recife, ser “vítima” da Rede Globo, ao passo em que defendia a proposta. Em seu plano preliminar de governo – esboço encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, sem dar maiores detalhes, o petista também defende a pauta, que é aplaudida, principalmente, pela militância petista.

Durante o segundo mandato de Lula na Presidência, a Secretaria de Comunicação Social, então comandada pelo jornalista Franklin Martins, elaborou um projeto para criar um marco regulatório da comunicação eletrônica no País.

O chamado anteprojeto para a Lei de Comunicação Eletrônica não chegou a ser encaminhado para o Congresso e foi engavetado na gestão de Dilma Rousseff. Entre os pontos considerados na época estava a criação de uma agência reguladora única para a comunicação social.

A regulamentação dos meios de comunicação, pouco detalhada e mencionada como um tema a ser debatido no Congresso, não é a única proposta pouco clara no programa, que promete “compromisso social”, “colocar o povo no orçamento”, a “restauração das condições de vida da imensa maioria da população brasileira”, e o “estímulo a projetos inovadores”.

O plano é chamado de “diretrizes e bases” e foi tratado como provisório por petistas. No entanto, Lula acabou não registrando um documento final com propostas mais detalhadas.

Carteirinha

Grande parte da campanha lulista tem sido calcada em eventos para a militância do PT, recheados de uniformizados com camisetas do partido ou estampadas com a face do ex-presidente. Esses encontros ocupam pelo menos dois ou três dias da agenda do ex-presidente desde o início da campanha. Sempre com o mesmo roteiro. No público, apenas petistas de carteirinha. No palco, aliados da campanha que servem de “escadinha” ao petista. Tudo, sempre, transmitido pelas redes sociais de Lula, e um roteiro que intercala discursos de apoio a Lula e jingles de campanha.

Em entrevistas e atos públicos, o petista fez menções, durante a campanha, de propostas que nem sequer são citadas em seu plano de governo, como uma reforma administrativa e a desoneração da produção, em jantares e agendas com o empresariado. A eles, Lula tem repetido que sua grande garantia para ser um bom presidente são seus mandatos encerrados há mais de uma década.

O ex-presidente, que sempre se gabou de dar independência às instituições e órgãos de investigação. Petistas próximos de Lula se dividem entre defensores de que ele nomeie um aliado no comando da Procuradoria-Geral da República, uma espécie de “Augusto Aras para chamar de seu”, ou alargue os critérios para além da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, historicamente defendida por Lula. Em mais de uma entrevista, o ex-presidente afirmou que prefere fazer “mistério” sobre como decidirá o ocupante do cargo que fará escrutínio de um eventual governo. Além de criticar duramente a Lava Jato, tem feito, também, referências a como seus governos do passado deram independência às instituições.

Questionado sobre escândalos de corrupção como o mensalão e os esquemas de propinas em contratos da Petrobras que assolaram seu governo, o ex-presidente tem relativizado a dimensão destes episódios, sem qualquer autocrítica a respeito do que ocorreu na era petista. Tem, também, sugerido que são menores do que as mazelas do governo Jair Bolsonaro. “Fizeram um tremendo Carnaval com mensalão e hoje estão aprovando um orçamento secreto, que é a maior excrescência desse País”, disse, durante um evento em Brasília. Na última semana, o petista repetiu esse discurso a empresários. O PT não comentou.

A censura ao ‘Estadão’ no período republicano

  • Mordaça: O Estado de S. Paulo foi alvo de governantes durante toda a República. A 1.ª Guerra trouxe ao País o estado de sítio e, ao Estadão, a mordaça que durou do dia 24 de novembro de 1917 até 28 de fevereiro de 1918.
  • Espaço em branco: A direção resistiu à ação da censura, controlada pelo governador Altino Arantes, do Partido Republicano Paulista (PRP), deixando em branco o espaço de artigos ou trechos amputados pelo gabinete de polícia. A ação autoritária golpeou 22 vezes o jornal.
  • Estado Novo: O jornal foi novamente alvo. Soldados da ditadura de Getúlio Vargas invadiram a sede do Estadão em 25 de março de 1940 sob a falsa acusação de que a direção conspirava contra o governo.
  • Editorial: O jornal seria novamente alvo em 13 de dezembro de 1968, quando a edição que trazia o editorial As instituições em frangalhos, escrito por Julio de Mesquita Filho, foi impedida de circular. Com AI-5, censores se instalaram na redação, que passou a publicar versos de Camões.

INOVAÇÃO É BUSCAR O QUE OS OUTROS AINDA NÃO FIZERAM

 

Cristiano Kruel – Chief Innovation Officer da StartSe

Inovação é um tema que não pode sair das nossas cabeças. Afinal, como diz o nosso Cristiano Kruel, Chief Innovation Officer da StartSe, temos sempre que buscar “fazer o que os outros ainda não fizeram”. Inclusive tópico quente quando se olha para o quanto a vida mudou em um cenário pandêmico, não é?

De acordo com um levantamento feito pela McKinsey, 84% dos CEOs acreditam que a inovação é fundamental para o crescimento. Entretanto, só 6% dos CEOs estão satisfeitos com seu desempenho em inovação.

Esteja você satisfeito ou não, é sempre possível melhorar. Mas por onde começar?

Ana Webb, pesquisadora especialista transformação, diz que “você precisa usar as tendências para te ajudar a re-perceber o futuro. Para ajudar a influenciar o futuro.” Re-percepção, para ela, é a essência da criatividade, inovação e a qualidade essencial de bons líderes. Nesse contexto, não se trata de prever o futuro e sim lidar com as incertezas para tomar melhores decisões hoje.

Você pode se inspirar no mercado e acompanhar de perto o que está sendo feito. Inclusive como o CEO da Ford, Jim Farley, que demonstrou publicamente o impacto da montadora Tesla e como as inovações feitas por ela impactam todo o setor. A empresa vem fazendo mudanças históricas, tanto na forma de vender como no modelo de negócios.

O exemplo da Microsoft

Se hoje temos tantos exemplos de gestão de negócios inovadora, muito se deve à Microsoft, que popularizou os sistemas operacionais de computadores e permitiu que pudéssemos ter ótimas opções hoje, sem as quais é até difícil de imaginar o mundo contemporâneo.

A gestão integrada da Microsoft também buscou não ficar apenas em seu produto que trouxe resultados tão positivos e fez com que ela avançasse para outras áreas, ainda dentro da tecnologia computacional, mas em diferentes vertentes, do Xbox à Azure, plataforma para execução de aplicativos e serviços.

Como fazer? 🤔

Praticar a inovação na tomada de decisões envolve estar sempre em dia com as principais novidades que estão transformando o mercado. Mas isso não basta. Também é fundamental buscar soluções novas e aprender sobre os conceitos que ainda estão sendo validados pelo mercado – afinal, se você esperar um estudo aprofundado antes de tomar sua decisão, pode acabar atrasando e perder o posto de inovador. Esse é um dos princípios fundamentais das startups e pode ser seguido por qualquer liderança em empresas de qualquer porte.

Guiar-se pela inovação também exige questionar sempre os caminhos fáceis e que já foram trilhados antes. Inovar é sinônimo de descoberta e apenas novas perguntas abrem espaço para novas respostas. Não se contente com o que já é conhecido: explore alternativas mais simples e integradas.

Resumindo

Toda decisão pode ser guiada pela inovação, mas não esqueça de se mirar nos grandes exemplos do mercado, conhecer as condições atuais e buscar sempre novos conceitos e conhecimentos de quem está vivendo diariamente com foco inovador. E o mais importante: comece agora mesmo!

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

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Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

NO DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS MUITO BATE-BOCA E MASSACRE DO LULA

Na Globo
Como foi o último debate presidencial antes do 1º turno
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo

BRA125. BRASÍLIA (BRASIL), 30/09/2022. – Brasileños observan el último debate con los candidatos que compiten por la presidencia de Brasil, hoy en Brasilia (Brasul). EFE/ Joédson Alves.


Debate com presidenciáveis na TV Globo foi marcado por troca de ofensas, acusações e duros embates entre candidatos| Foto: Joédson Alves/EFE

O terceiro e último debate entre os candidatos à Presidência da República antes da votação em primeiro turno, veiculado na noite desta quinta-feira (29) pela TV Globo, foi marcado por fortes embates entre os presidenciáveis presentes, sobretudo no primeiro e no terceiro blocos, em que os temas para a realização das perguntas eram livres de acordo com as regras determinadas pela emissora.

Como já era esperado, os enfrentamentos mais ríspidos se deram entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mas outros presidenciáveis também participaram de confrontos entre si. Em alguns momentos do debate, a temperatura abaixou e os candidatos passaram a debater propostas de governo.

Lula, em especial, foi alvo de questionamentos a respeito dos escândalos de corrupção em seu governo por quase todos os participantes – somente Simone Tebet (MDB) evitou direcionar esses questionamentos ao petista. A emedebista, no entanto, assim como outros candidatos, pressionou Bolsonaro especialmente quanto ao chamado orçamento secreto. Apesar dos diversos confrontos entre Lula e Bolsonaro, nenhum dos dois fez pergunta direta ao outro – os embates ocorreram em perguntas e respostas a outros candidatos e, principalmente, por meio de uma série de direitos de respostas concedidos.


Acompanhe abaixo como foi o debate na TV Globo:

Debate inicia com forte embate entre Lula e Bolsonaro
A primeira pergunta do primeiro bloco foi feita por Ciro Gomes (PDT) a Lula. O pedetista questionou números econômicos durante os governos petistas. Lula defendeu-se apresentando números sobre desemprego, benefícios a pessoas em pobreza, programas sociais e reforma agrária. Ciro rebateu dizendo que se afastou do governo petista devido a “contradições graves” econômicas e morais. O candidato também questionou os números mostrados por Lula. Por fim, o petista questionou a saída de Ciro em seu governo e voltou a defender que fez a “maior política de inclusão social da história do país”.

Na sequência, padre Kelmon (PTB) selecionou Bolsonaro para indagá-lo sobre eventual manutenção do Auxílio Brasil. Bolsonaro, na resposta, confirmou que o programa de renda seria mantido “com responsabilidade fiscal”, como já havia feito em outras oportunidades. O atual presidente também citou o aumento do benefício, na comparação com o programa de renda das gestões petistas, quando ainda era denominado Bolsa Família.

Padre Kelmon aproveitou para fazer críticas a políticas de esquerda. “Estamos procurando cada vez mais colocar isso como informação para que as pessoas tenham confiança de que nessa eleição precisam escolher homens de direita”.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB), Luiz Felipe D’Ávila (NOVO), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) no estúdio da TV Globo, para participar do debate entre candidatos à Presidência da República.

Os candidatos Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB), Luiz Felipe D’Ávila (NOVO), Soraya Thronicke (União Brasil), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) no estúdio da TV Globo, para participar do debate entre candidatos à Presidência da República.| Victor Pollak/Globo
Bolsonaro, na tréplica, disse que Lula foi o “chefe de uma grande quadrilha”. “Nós não podemos continuar no país da roubalheira. O governo que nos antecedeu não tinha qualquer compromisso, qualquer respeito com a família brasileira”. Disse, ainda, que o governo petista apoia a ideologia de gênero e a legalização das drogas.

Bolsonaro disse, ainda, que durante seu governo “acabou com a mamata, em especial da grande mídia”.

Lula obteve direito de resposta devido à fala anterior de Bolsonaro. O ex-presidente defendeu-se apontando denúncias de corrupção relacionadas a membros de seu governo. Bolsonaro também obteve direito de resposta e voltou a chamar Lula de “ex-presidiário”, como havia feito no debate anterior, no SBT.

Lula obteve novo direito de resposta e disse que, caso eleito, faria decreto para acabar com sigilos determinados durante o governo Bolsonaro.

Na sequência, Felipe d’Ávila (Novo) pediu a Ciro Gomes comentar os escândalos de corrupção da era petista. Ciro aproveitou para dizer que após os governos petistas houve a pior crise econômica da história. Disse também que a corrupção se generalizou durante o período. “R$ 16 bilhões foram devolvidos. De onde veio essa montanha de dinheiro? Quando devolviam, diziam: ‘roubei no governo do PT com o conhecimento do Lula’. Muitos depoimentos disseram isso”.

Na sequência, Bolsonaro questionou Simone Tebet a respeito de declaração de sua vice, a senadora Mara Gabrilli (PSDB), a respeito da suposta participação do ex-presidente na morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, assassinado em 2002. Simone declarou que confia em sua vice, mas lamentou que a questão tenha sido trazida durante o debate, disse que achava isso uma “covardia” e pediu que fossem tratados temas sobre projetos de governo.

Na réplica, Bolsonaro abordou as ações do governo no atendimento à população vulnerável durante a pandemia. A emedebista criticou, na tréplica, que as acusações entre os candidatos estejam à frente do debate de ideias. Simone também fez acusações a Bolsonaro quanto à gestão do governo durante a pandemia.

Lula pediu direito de resposta quanto à acusação envolvendo Celso Daniel. O petista negou as acusações e disse que Celso Daniel era seu amigo. “A Polícia Civil deu por encerrado. O Ministério Público deu por encerrado, decidiram que é um crime comum”.

Em seguida, a presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil) foi questionada por Lula sobre propostas para acabar com a fome. A candidata citou que o imposto único federal, principal proposta de sua campanha, contribuiria para reduzir impostos e melhorar as condições dos mais pobres. Soraya também fez críticas a escândalos de corrupção durante o governo de Lula. O ex-presidente mencionou leis aprovadas durante seu governo que tratam do combate à corrupção.

Nesse bloco, Bolsonaro ainda teve direito a outro direito de resposta e questionou acusações de Lula sobre decretações de sigilo e atraso de vacinas. “Tu foi condenado em três instâncias por unanimidade. E o processo deixou de existir porque tinha um amiguinho no STF que disse que você tinha que ser julgado em Brasília e não em Curitiba”, afirmou o atual presidente.

Soraya perguntou a padre Kelmon sobre alegados erros do governo Bolsonaro durante a pandemia. Em resposta, o candidato questionou itens do programa de governo da presidenciável do União Brasil. Soraya, na sequência, acusou padre Kelmon de ser cabo eleitoral de Jair Bolsonaro.

A última pergunta do primeiro bloco foi feita por Simone Tebet a Felipe d’Ávila a respeito de propostas sobre política de saúde política. O candidato do Novo falou sobre a importância na digitalização dos prontuários no Sistema Único de Saúde (SUS), em especial no atendimento à saúde primária. Na réplica, Simone mencionou propostas para cumprir a promessa de zerar as filas do SUS em seu eventual governo. Felipe d’Ávila, por fim, mencionou a parceria com o setor privado para avançar na saúde pública como proposta em seu eventual governo.

Meio ambiente, agronegócio e educação são debatidos no segundo bloco
No início do segundo bloco, em que havia temas sorteados para as perguntas, o candidato do Novo questionou novamente Lula sobre denúncias de corrupção. O ex-presidente evitou responder diretamente e passou a discursar sobre cotas raciais, que era o tema previamente selecionado para a pergunta. O ex-presidente aproveitou a ocasião para defender suas bandeiras de combate à pobreza.

Em seguida, Bolsonaro foi questionado por Simone Tebet sobre políticas relacionadas a mudanças climáticas. A candidata também acusou o atual governo de ser responsável pelo maior desmatamento em 15 anos.

Bolsonaro defendeu-se dizendo que o Brasil é exemplo para o mundo em preservação ambiental e que o país é, dentre as principais economias do mundo, o que menos emite gases do efeito estufa. Disse, ainda, que colocou as Forças Armadas para combater incêndios e que há uma “briga de narrativas” na temática do meio ambiente relacionado ao agronegócio. Sobre o agronegócio, o atual presidente defendeu feitos do seu governo, em especial quanto à titulação de terras e a negociação com Vladimir Putin, presidente da Rússia, para manter a exportação de fertilizantes ao Brasil após o início da guerra na Ucrânia.

Na temática da educação, Padre Kelmon perguntou para Ciro Gomes sobre propostas para incluir mais pessoas pobres no ensino superior. O pedetista respondeu dizendo que propõe transformar a educação pública brasileira em todos os níveis em uma das dez melhores do mundo em 15 anos.

Na sequência, Soraya Thronicke, após fazer acusações ao governo Bolsonaro, perguntou a Padre Kelmon sobre o combate ao racismo. O sacerdote disse que todas as raças são irmãs e que não aceita políticas que criem divisões. Disse que na esquerda há retórica política para usar o combate ao racismo para dividir a sociedade.

A pergunta do tema seguinte, relações com o Congresso Federal, foi feita por Jair Bolsonaro a Felipe d’Ávila. O presidente perguntou sobre a visão do candidato sobre loteamento de cargos em troca de apoio do parlamento. O presidenciável do Novo questionou o chamado “orçamento secreto” presente no governo Bolsonaro.

Adotado em 2020 pelo Congresso Nacional, o “orçamento secreto ou paralelo” é como ficaram conhecidas as emendas de relator (identificadas pelo código RP-9) no Orçamento Federal, que destinam uma fatia dos recursos públicos da União para livre execução de deputados e senadores em obras e melhorias em seus redutos eleitorais. Não há ingerência do poder Executivo na destinação desses recursos. O projeto de lei orçamentária de 2023 reserva R$ 19,4 bilhões para as emendas de relator.

Ao responder, Bolsonaro negou que o orçamento secreto seja de sua responsabilidade. “Eu não indico um só centavo nesse dito orçamento secreto. Ele é totalmente administrado pelo relator, ou da Câmara ou do Senado. Não existe da minha parte qualquer conivência com esse orçamento”.

A pergunta feita na sequência, sobre meio ambiente, foi feita por Lula a Simone Tebet. O petista aproveitou para atacar o governo Bolsonaro em relação a políticas sobre mudanças climáticas. Em resposta, a emedebista disse que em seu governo haveria desmatamento ilegal zero, fortalecimento dos órgãos de fiscalização e que haveria “meio ambiente e agronegócio, natureza e desenvolvimento”.

Ciro Gomes, ao perguntar sobre a criação de empregos, falou sobre seus programas de governo, de renda, de renegociação de dívidas e de empregabilidade. Soraya, ao responder, argumentou que sua proposta do imposto único federal teria o “condão de ajudar na criação de empregos”.

Novos embates no terceiro bloco

No terceiro bloco, de tema livre, houve novos episódios de embates ríspidos entre os candidatos, com destaque a Lula e padre Kelmon. O candidato do PTB questionou Lula sobre declarações de ex-integrantes do seu governo, em delações, sobre escândalos de corrupção. O ex-presidente voltou a dizer que foi absolvido em 26 processos dentro do Brasil e pela Suprema Corte – o que já foi desmentido pela Gazeta do Povo. As falas foram seguidas de um intenso bate-boca entre os candidatos, que fez com que o debate fosse paralisado pela produção do programa.

Na primeira pergunta, Bolsonaro perguntou a d’Ávila sobre os impactos de um governo de esquerda voltar ao poder. “Seria um desastre. A esquerda voltar ao poder nós já sabemos. É mais Estado intervindo na economia, prejudicando o mercado, separando o Brasil das cadeias globais de valor. Ou seja, é tudo o que nós não queremos. Nós precisamos avançar com a agenda liberal”, disse o candidato do Novo.

Felipe d’Ávila também mencionou a importância do avanço das reforma tributária e trabalhista para beneficiar a economia do país e gerar mais empregos.

Na réplica, Bolsonaro mencionou feitos do seu governo na área econômica, como redução de 35% do IPI para quatro mil produtos e redução de impostos federais nos combustíveis. Bolsonaro prometeu ainda que, no início de eventual novo mandato, a reforma tributária seria aprovada no Congresso.

À frente, Felipe d’Ávila falou sobre privatizações com Simone Tebet. A presidenciável disse que, caso eleita, seu governo seria parceiro da iniciativa privada. Sobre privatizações disse que “aquilo que é bom tem que ficar na mão do Estado se essa for a responsabilidade dele (…). Tem algumas estatais que são da essência do serviço público e nós temos que aproveitá-las”.

Ciro Gomes, em seguida, perguntou a Bolsonaro sobre esquemas de “corrupção generalizada” em seu governo. O atual presidente negou que existam casos de corrupção e passou a destacar feitos do seu governo na área econômica.

No questionamento seguinte, Lula perguntou a Ciro Gomes sobre propostas de políticas públicas para a cultura. O pedetista, em resposta, se comprometeu a recriar o Ministério da Cultura e a rever as leis de fomento, sendo a principal delas a Lei Rouanet.

Ao comentar sobre educação, Simone Tebet reforçou sua promessa de dar R$ 5 mil para todos os alunos que concluírem o ensino médio. Comprometeu-se ainda com ensino médico técnico em período integral e a levar internet para todas as escolas públicas.

Em direito de resposta ao final do terceiro bloco, Bolsonaro voltou a dizer que o Executivo não tem gerência sobre o orçamento secreto. “Vocês têm a chance agora, por ocasião da votação do orçamento normal, de tirar esses R$ 19 bilhões do orçamento secreto e suprir as demais áreas”, afirmou, em direção a Simone Tebet e Soraya Thronicke, que são senadores.

Saúde pública, habitação e cultura: temas abordados no último bloco
No bloco final, de temas pré-definidos, Soraya Thronicke usou o tema sorteado, de segurança pública, para perguntar a Bolsonaro sobre sua aceitação ou não ao resultado das eleições. Bolsonaro rebateu dizendo que a candidata do União Brasil havia pedido cargos em seu governo. Na réplica, Soraya também perguntou a Bolsonaro se ele havia se vacinado – na resposta, o atual presidente defendeu sua gestão de compra de vacinas durante a pandemia.

Simone Tebet aproveitou sua pergunta sobre o tema de gastos públicos para questionar Lula sobre desperdício de dinheiro público, desvios e corrupção. O petista respondeu mencionando índices econômicos de seu governo. Após perguntas de Simone Tebet sobre privatizações, Lula se comprometeu a fortalecer estatais em seu eventual governo.

Na sequência, Bolsonaro foi sorteado para perguntar sobre política cultural. O atual presidente fez críticas ao funcionamento da Lei Rouanet durante governos petistas. Padre Kelmon argumentou que em outros governos, a cultura foi banalizada. “No meu governo, se eu for eleito, faremos a cultura o meio para que as pessoas de fato façam o Brasil lá fora ser valorizado e respeitado mais ainda”. Afirmou, também, que dedicaria recursos de políticas culturais apenas para pequenos artistas.

Ciro Gomes perguntou a Soraya Thronicke se ela privatizaria a Petrobras caso eleita. A candidata do União Brasil aproveitou para alfinetar o governo federal alegando poucas privatizações e propostas liberais.

Felipe d’Ávila perguntou a Simone Tebet sobre como melhorar a coordenação do SUS, encabeçada pelo governo federal, com estados e municípios. A candidata do MDB mencionou a necessidade de aumentar recursos e tecnologia para a saúde pública, atualizar a tabela SUS e aumentar a atenção a idosos e pessoas com deficiência.

Padre Kelmon, ao perguntar para Felipe d’Ávila sobre habitação, aproveitou para valorizar o programa Casa Verde e Amarelo, do governo Bolsonaro, dizendo que “oferece moradia com dignidade”. Apontou, ainda, que ampliaria o programa, caso eleito. O presidenciável do Novo mencionou ações de regularização fundiária de um prefeito de seu partido como exemplo de descentralização de Brasília voltada a políticas de habitação.

A última pergunta do debate foi feita por Lula a Ciro Gomes com a temática da agricultura. O petista questionou Ciro sobre o aumento do desmatamento ilegal para aumentar a produção agrícola, ao que o pedetista respondeu que deve ser reprimido “com toda a dureza”. Ciro retomou sua proposta de zoneamento econômico ecológico, para determinar quais locais da Amazônia podem ser desmatados e quais não podem.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/como-foi-o-debate-candidatos-presidencia-tv-globo/
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O STF VAI CONTINUAR SENDO ATIVISTA AINDA POR MUITO TEMPO

 

Eleições

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo


Ministro Ricardo Lewandowski, que completa 75 anos em 2023 e terá que se aposentar, com Alexandre de Moraes, durante sessão plenária do STF| Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ativismo judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, que tem repercutido até mesmo na imprensa internacional, pode se tornar ainda mais extremo, dependendo do resultado das eleições presidenciais deste domingo (2). Com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber – que completam 75 anos durante o próximo mandato – o chefe do Executivo terá a tarefa de nomear, pelo menos, dois novos ministros para a Corte, já em 2023. Isso significa um Supremo um pouco mais à direita (se ainda não mais conservador), em caso de reeleição de Bolsonaro – cuja promessa é indicar dois nomes que “jamais serão favoráveis ao aborto” – ou ainda mais progressista, caso Lula vença o pleito.

Embora os dois ministros na iminência da aposentadoria tenham sido indicados por presidentes do PT (Rosa Weber foi indicação de Dilma Rousseff, em 2011, e Ricardo Lewandowski, de Lula, em 2006), Lewandowski, por exemplo, votou contra o aborto em caso de anencefalia, em 2012. Na época, ele afirmou que qualquer decisão envolvendo um tema de tamanha relevância e complexidade deveria ser precedida de amplo debate público e submetida ao crivo do Congresso Nacional. De acordo com especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, no entanto, a tendência é que novas nomeações da esquerda ao STF tenham posicionamento menos conservador em pautas caras à população, como aborto, ideologia de gênero e descriminalização de drogas.

“Temos uma Suprema Corte extremamente politizada, marcada pelo ativismo judicial, que deveria se restringir ao que é levado a ela em termos de constitucionalidade ou não das leis. Entretanto, a Corte abre inquéritos, promove investigações que fogem de sua alçada, é autora, investigadora e juíza da causa. Isso tudo está saltando aos olhos, não tem como esconder a militância do STF. Até o New York Times, que é um jornal progressista, reconhece isso”, contextualiza o advogado civilista e previdenciário Afonso Oliveira, membro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

“Suponhamos que o presidente Bolsonaro seja reconduzido, ele terá a oportunidade de indicar mais dois juízes técnicos, e o STF terá quatro juízes com um perfil mais conservador, mais à direita, julgando conforme a lei e a Constituição. Apesar de não formar maioria [uma vez que são 11 ministros no total], já teremos um ponto de equilíbrio maior, porque hoje o Supremo é majoritariamente progressista e político, com nove indicados por presidentes de esquerda e ideologia marxista”, analisa Oliveira. “Suponhamos que Lula vença, os dois próximos indicados seguirão a mesma linha dos que lá já estão há muito tempo. E creio que teremos consolidado a intervenção do Judiciário nos demais poderes”, prevê o advogado.

O professor de Filosofia do Direito André Gonçalves Fernandes, que é pós-doutor em Antropologia Filosófica e em Filosofia e História da Educação, recorda como nomeações mais conservadoras à Suprema Corte dos Estados Unidos resultaram na recente reversão da decisão Roe vs. Wade, que legalizou o aborto em todo o país em 1973. “Vimos isso com Trump, na nomeação de Brett Kavanaugh, Neil Gorsuch e Amy Cony Barrett, que tornou possível a alteração de Roe vs. Wade, algo que eu nunca imaginei que seria revertido”, afirma. “Se formada por pessoas sérias, essas Cortes têm a sensibilidade de perceber qual o sentir do povo e a retidão de observar o clima, a situação, ainda que decidam de maneira contrária. Então, em tese, se ganhar [para a Presidência] o candidato A ou B, altera, sim [esse cenário]”, completa.

Aborto 
Entre as pautas que tramitam atualmente no STF, está a descriminalização do aborto até três meses de gestação, cuja relatora é a ministra Rosa Weber. O pedido foi enviado à Corte pelo PSOL, em 2017. Atualmente, o aborto é tipificado como crime pelo Código Penal, com pena de até três anos para quem aborta e de até quatro para quem ajuda no procedimento. A punição não é aplicada em casos de anencefalia, estupro ou risco à vida da mãe.

Se de um lado, Bolsonaro sempre deixou claro seu posicionamento contrário ao aborto, em abril deste ano, Lula declarou que “todo mundo deveria ter direito” a ele, posicionando-se a favor da legalização. “Aqui no Brasil não faz (aborto) porque é proibido, quando, na verdade, deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar”, afirmou.

No mês seguinte à declaração do petista, uma pesquisa realizada pelo PoderData mostrou qual o sentimento do brasileiro em relação ao tema: 59% da população do país é contra a liberação do aborto no Brasil, taxa 4% maior do que a registrada no primeiro mês do ano. A parcela de cidadãos que afirmou ser favorável à liberação do aborto no país foi de 24%, mesmo percentual registrado na pesquisa anterior. Os que não sabiam somaram 17%.

“Essa eleição é de grande importância, talvez a mais importante dos últimos anos da nossa história republicana. Não estamos escolhendo o próximo presidente, mas qual será nosso regime, se vamos dar uma guinada à esquerda e ter um regime socialista, como alguns países aderiram: o Chile, com a proposta de nova Constituição, a Argentina, que vai bater uma inflação de mais de 100% ao ano, a Colômbia, que aboliu forças policias e legalizou as drogas”, acrescenta Afonso Oliveira. Para o advogado, duas indicações mais conservadoras podem ajudar a alcançar um “equilíbrio maior no debate e na tomada de decisão” em pautas que estão no STF, “como aborto, descriminalização das drogas, ideologia de gênero, família e educação”.

Leis abertas a maior interpretação 
Fernandes alerta que, se antigamente, a função de julgar se limitava a uma aplicação pura e simples da lei escrita ao caso concreto, nos últimos 20 anos as leis trazem cláusulas mais abertas, permitindo a discricionaridade do juiz [liberdade de optar por uma dentre várias soluções válidas perante o direito]. “Isso é ótimo. Mas um problema da Filosofia Analítica entrou no Direito e, com isso, passou-se a ressignificar não só essas cláusulas abertas, mas conceitos jurídicos centrados em uma tradição de dois mil anos a partir do zero. Essa tentação atinge um juiz de primeira instância, mas muito mais uma Suprema Corte. Nesse caldo, a tentação do juiz de ‘reescrever a Constituição’, sem poder constituinte, é enorme”, alerta o professor.

Com base nas “últimas votações do Supremo em assuntos de interesse nacional”, em que “ficam só os dois nomeados pelo atual presidente [os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça]”, Fernandes acredita em uma diminuição “na margem de risco de se reescrever a Constituição”, em caso de reeleição e de nomeação de mais dois ministros de mesmo perfil. “Vai demandar uma maioria mais qualificada, porque hoje é goleada. Teoricamente, dificulta o ativismo judicial do STF, que terá mais ministros contrários a essa prática, não só autoritária, mas abusiva e antidemocrática”, defende.

Uma virada no posicionamento do Supremo, como a que foi vista nos EUA, porém, “é uma construção”, pondera Afonso Oliveira. “Em um primeiro mandato se nomeiam dois ministros, no segundo mais dois. Daqui 12 ou 16 anos, tendo continuidade esse viés de direita na Presidência, haverá a oportunidade de nomear outros, porque há mais ministros que completam 75 anos nos próximos anos”, projeta.

“O modus operandi na política, como na vida em comunidade, é o avanço em alguns assuntos e retrocesso em outros. Tudo é um processo. Só há alterações bruscas em rupturas institucionais, como golpes de estado ou revoluções. O progresso contínuo positivista é um mito, em condições normais de temperatura e pressão é tudo um processo”, acrescenta André Gonçalves Fernandes.

Modelo semelhante ao americano 

Especialista em Direito Constitucional e Civil, o advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal é crítico ao sistema de nomeação de ministros para o STF, “quase cópia” do sistema norte-americano. No Brasil, de acordo com o artigo 101 da Constituição, “o Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”. A nomeação é feita pelo Presidente da República, e a escolha precisa ser aprovada por maioria absoluta do Senado Federal. O mandato dura até o ministro completar 75 anos de idade.

“Isso não é muito comum em outros países que são exemplos no mundo do Direito, como Itália, França e Alemanha por exemplo. Essa forma de escolha tem se demonstrado inaplicável no país. No próprio EUA se mostra complicada, vide essa decisão do aborto modificada, que datava de 1973. Veja quanto tempo levou para o entendimento da Suprema Corte para corrigir um erro que tinha feito e ainda não corrigiu por completo”, exemplifica.

“A vitaliciedade não fez bem para a Justiça brasileira, some-se a isso o ativismo judicial cada vez mais forte no país, temos o STF hoje, umas das instituições que é das menos admiradas pelo público”, argumenta.

Vidigal acredita que modelos como alguns europeus, com mandato por tempo limitado, sem possibilidade de reeleição, e composição mais técnica que política, proporcionariam uma Corte com “atualização mais real para o momento da democracia”. “Não dá para ficar só na mão do presidente escolher, com a ratificação do Senado – no Brasil, só uma vez não se ratificou [desde a criação do STF em 1890, apenas cinco indicações do presidente foram derrubadas pelos senadores, todas em 1894, no governo do marechal Floriano Peixoto]. Até porque no sistema eleitoral brasileiro, se você perguntar a 3 milhões de brasileiros se votaram em quem queriam, 2997 milhões dirão ‘votei no menos pior’”, critica.

“Se fossem aplicadas exigências mínimas para cargo de ministro da Suprema Corte, seria mais benéfico para o país. Também seria importante haver impedimentos, como a pessoa não ter alçado cargo de ministro nos dez últimos anos, porque acaba se fazendo política nesse cargo, e isso o ajuda a ser aprovado. A pessoa não é escolhida por capacidade técnica”, afirma Vidigal. O ministro do STF Alexandre de Moraes, por exemplo, foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Temer, em 2016.

Mais impactos das eleições 
O advogado Afonso Oliveira recorda que, além das indicações ao STF, o presidente eleito também tem poder de nomear desembargadores e juízes no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e nos Tribunais Regionais Federais, que são a segunda instância da Justiça Federal brasileira. “A corte que mais impacta é o STF, mas as outras que formam os graus recursais do poder judiciário e também terão grande impacto”, lembra.

Na opinião de Oliveira, as eleições deste fim de semana também podem resultar em um “Senado mais equilibrado”, com base mais forte para o governo e o “desengavetamento de dezenas de denúncias contra ministros do STF”. “O primeiro ministro que vier a ser julgado pelo Senado, ainda que não se confirme seu impeachment, terá recebido o recado que o Senado está observando e determina os limites constitucionais para a atuação desses ministros. Só o fato de abrir processos assim é uma sinalização clara, republicana, de que o Judiciário pode muito, mas não podem tudo”, reforça.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-novo-stf-pode-ser-ainda-mais-ativista-que-o-atual/
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BOLSONARO ELEITO O QUE SERÁ DE NÓS?

 

Decisão do TSE
DIREITO DE RESPOSTA

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Em mais uma fantasia do autor, Lula chora a vitória de Bolsonaro: o que será de nós?| Foto: Reprodução/ Twitter

Não sei se você chegou a ver, mas na terça-feira (27) publiquei um texto intitulado “O que será de nós se Lula vencer as eleições”. O texto se baseava apenas na pergunta que me fazem insistentemente há algumas semanas e na minha tentativa de responder a essa questão que, antes de ser eleitoral, é existencial.

Qual não foi minha surpresa, quando, dois dias mais tarde, recebi um e-mail do Tribunal Superior Eleitoral exigindo que eu escrevesse “um texto de igual teor sobre as mazelas que se abaterão sobre o povo brasileiro no caso de uma vitória do presidente fascista Jair Bolsonaro”? Mentira, claro. Não recebi e-mail nenhum. Mas só o fato de por um segundo você ter acreditado em mim mostra bem a que nível chegou a confiança nas instituições.

A verdade é que nunca tinha parado para pensar no que será de mim/nós se Bolsonaro vencer as eleições porque tenho o privilégio (mais um, além de ser cristão, homem, branco, de classe média, marido da Dani, pai do D., dono da Catota e ainda por cima bonito!) de viver rodeado por pessoas que ou não comungam do antibolsonarismo psicótico ou disfarçam muito bem. Estou aqui tentando puxar pela memória, mas não me ocorre mesmo nenhum amigo que tenha qualquer receio de enfrentar mais quatro anos de Bolsonaro.

“Nem entre jornalistas?!”, você me pergunta, incrédulo. Esse, aliás, é o grupo do “disfarça bem” a que me referia. Mas não, não entre eles. Mesmo os mais petistas dos jornalistas que me cercam sabem que o fascismo de Bolsonaro é imaginário, enquanto o ressentimento de Lula é bem real. Os petistas, jornalistas ou não, acreditam que surfarão nesse ressentimento. Mas só porque faltaram à aula de história na qual se ensina que as revoluções devoram seus filhos. E eu estou velho cansado para lhes ensinar isso.

De qualquer forma, lá vou eu fazer o exercício de imaginação. Me sento na posição de índio, mantenho a coluna bem reta, respiro fundo, sinto a calma me invadindo e, com algum esforço, escuto até mesmo o som de uma cítara ao longe. Pronto. Agora já posso prever um futuro segundo mandato de Bolsonaro e. Mas o que é isso que estou vendo, meu Deus?!

Resposta
Calma! O que me assusta nessa fantasia não é massacre de trans nem modernos porões da ditadura. O que me assusta na possibilidade de termos Bolsonaro por mais quatro anos no poder é a perpetuação do fascismo imaginário, com sua promessa cotidiana de golpe; os falsos escândalos do tipo se-colar-colou; as CPIs do Nada e do Coisa Nenhuma; o chororô dos artistas; as conjunções adversativas; a rejeição estética, etc. Sinceramente, não sei se tenho saúde para aguentar mais versões do “Hino ao Inominável”.

Sem meias palavras: se Bolsonaro vencer a eleição, não acredito que a cruz de cada um fique necessariamente mais leve. Porque o Brasil continuará sendo. Apesar da reeleição de Bolsonaro, o espírito progressista insistirá em questionar os valores da tal cultura judaico-cristã. A gasolina talvez fique mais barata por um tempo, para voltar a subir de acordo com o preço internacional do petróleo – e as pessoas continuarão sem entender como funciona o mercado de commodities. Grandes artistas do século XX morrerão e lamentaremos não ter substitutos à altura. Sem falar que o prefeito de Curitiba insistirá na instalação de radares pela cidade.

Mas, à semelhança da resposta que dei para a pergunta “O que será de nós se Lula vencer?”, me sinto obrigado a dizer que: lutaremos e sobreviveremos. Ouviremos o mais recente megassucesso da Anitta e escreveremos uma crônica. Participaremos do curso Tecnoturbomachofascismo 2 – Agora o Inimigo é o Mesmo, de Márcia Tiburi. Leremos qualquer outro livro que passe na caatinga, com personagens infantis tecendo altas considerações ideológicas contra o capitalismo. Assistiremos a filmes que santificam terroristas de esquerda que te matavam pelo teu bem. E assim por diante. Ou seja, lutaremos.

(Sei que não fazia muito sentido manter a primeira pessoa do plural depois de “sobreviveremos”, mas achei que a mudança para o singular seria brusca demais e soaria mal.  Mas você sabe que estou falando que eu ouvirei Anitta, farei o curso, lerei o romance-tese e assistirei ao filme intelectualmente desonesto, né? Você não. Você só terá o prazer de continuar lendo minhas incursões por essas festas estranhas com gente esquisita).

E sobreviveremos, estimado leitor. Ah, se sobreviveremos! Riremos num dia e choraremos noutro. Reclamaremos do excesso ou da falta de trabalho. Ralharemos contra as gerações mais novas. Se continuar havendo perseguição e ativismo judicial no STF, denunciaremos e escreveremos sátiras e comporemos paródias. Dos planos que continuaremos fazendo, uns se concretizarão e outros não. Nosso amor será retribuído aqui e rejeitado ali. Sobreviveremos – até não sobrevivermos mais, porque este é o curso natural das coisas.


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CANDIDATOS DE PEQUENOS PARTIDOS PODEM GANHAR DOS PARTIDOS GRANDES

Eleições

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é candidato ao Senado pelo RS.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Aconteceu quinta, no Rio Grande do Sul, e serve para todos os estados que têm uma enxurrada de candidatos ao Senado. A eleição para o Senado é majoritária, ganha quem tiver mais votos, não importa que sejam só 10% – se houver muitos candidatos, o vitorioso pode ter 12%, o segundo lugar ter 9% e o terceiro, 8%. Na verdade, em todos os estados podemos fazer uma divisão em duas partes. Não vou chamar de “esquerda” ou “direita”; pensemos em um grupo que reúne ideias, posições e doutrinas parecidas, e é maior que um outro grupo, que tem menos candidatos. Pois esse grupo que tem menos pessoas (portanto, menos votos), mas também tem menos candidatos, pode eleger o senador.

Pode parecer estranho, mas a contagem é essa. Imaginem só: Um lado tem 12 milhões de pessoas e dois candidatos; o outro tem 20 milhões de eleitores, mas cinco candidatos. Pode acontecer de o mais votado entre esse grupo maior ficar com 8 milhões de votos, enquanto o mais votado daquele grupo menor consegue 10 milhões. O grupo minoritário vai conseguir fazer o senador. Então, é preciso tomar cuidado com isso.

Por que conto essa história? Porque a candidata do Partido Progressista ao Senado pelo Rio Grande do Sul, a vereadora Comandante Nádia Gerhard, renunciou à candidatura em favor do candidato general Mourão. Mas agora não há mais tempo de mudar a urna eletrônica; os votos que ela receber não serão transferidos para Mourão pela Justiça Eleitoral, quem tem de fazer isso é o eleitor, na hora de teclar. Então, é bom tomar cuidado caso haja mais casos de renúncias em favor de outro candidato nessa reta final porque a transferência não é automática; se um dia antes da eleição presidencial um dos candidatos disser que renuncia em favor de Fulano, não significa que os votos dessa pessoa serão contados para o Fulano pela Justiça Eleitoral.


O duplo padrão da Justiça brasileira
Observadores internacionais estão aí, mas o que eles vão conseguir observar?
Os observadores estrangeiros já chegaram. É bom lembrarmos que, tradicionalmente, observador estrangeiro vem a convite ou é enviado por um organismo internacional para ver se estão roubando a eleição. Caso da Nicarágua, da Venezuela, vai gente lá para ver o que está acontecendo. Os observadores vieram para cá, vão verificar se o eleitor vai votar livremente, que não há pressão, que não há nenhum tipo de coação, e depois vão acompanhar a apuração. Na maior parte do mundo, 99% do planeta, é mais fácil que no Brasil, porque os observadores e os fiscais acompanham a contagem manual dos votos. Para ver a computação eletrônica eu já não sei; imagino que esses fiscais, esses observadores sejam superentendidos no mundo digital para poder dar uma olhada, desconfiar ou confiar. Enfim, tomara que dê tudo certo. Todo mundo quer isso.

Previsões para a economia em 2022 só melhoram

Só para lembrar as previsões econômicas do Banco Central para o fim do ano: inflação de 5,8% e crescimento de 2,7% – eu aposto em 3%. E esse crescimento está muito bom para a indústria, os serviços e o comércio, que geram muito emprego. O agro até que está estável, mas a produção garante alimento e balança comercial. A consequência disso é que no mês de agosto foram abertas 278,6 mil vagas com carteira assinada. Já são 1,8 milhão de vagas neste ano de 2022.


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ESQUERDA DA ITÁLIA CHAMA A PRIMEIRA MINISTRA ELEITA DE FASCISTA IGUAL A DAQUI

 

Por
J.R. Guzzo


| Foto: EFE

A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, definiu a si própria com a seguinte descrição: “Sou mulher, mãe, italiana e cristã”. O que poderia haver de tão perigoso assim numa frase como essa? Mas aí é que está: sua definição foi carimbada pela imprensa europeia, mundial e brasileira, automaticamente, como uma prova de que ela é “extremista”, “fascista”, “totalitária” e, pior do que tudo, uma “ameaça à democracia”. Giorgia é condenada, também, por ser a política mais popular da Itália de hoje – isso é considerado como crime de “populismo”, nome com o qual se deprecia atualmente a atuação de todo adversário conservador que tem a maioria do seu lado.

Giorgia Meloni é a última prova da doença, até agora aparentemente sem cura, que infecciona cada vez mais a vida política dos países que foram um dia as grandes democracias do mundo: a ideia de que se o governante eleito não for de esquerda ele é uma “ameaça à democracia”. Essa ameaça é tanto maior, para as classes intelectuais, os devotos do “politicamente correto” e as castas burocráticas que mandam na Europa sem nunca ter tido um único voto na vida, quanto maiores forem as votações de quem não concorda com eles todos. Nada é mais insuportável do que isso: o apoio que um político conservador recebe do eleitorado. A população, nesses casos, é tida como “recalcada”, “autoritária” e incapaz de fazer as escolhas que a elite quer que sejam feitas.

Giorgia é condenada, também, por ser a política mais popular da Itália de hoje – isso é considerado como crime de “populismo”, nome com o qual se deprecia atualmente a atuação de todo adversário conservador que tem a maioria do seu lado

Giorgia Meloni é acusada, como se fosse uma delinquente política, por ter posições diferentes do pensamento único de esquerda – e, pior ainda, por ter o apoio da maioria do eleitor italiano nessas suas posições. Ela é contra o aborto, por exemplo, e essas últimas eleições provaram que milhões de cidadãos pensam exatamente igual; qual é o crime, aí? Nenhum, é claro, mas as mentes civilizadas da Europa e do mundo ficaram horrorizadas. Ela é contra o aborto? Então só pode ser uma fascista empenhada em levar a Itália 100 anos para trás, de volta ao fascismo de Mussolini. Ela é contra a imigração descontrolada; diz que não se pode resolver a pobreza na África trazendo os africanos para a Europa, e sim permitindo que a África se desenvolva economicamente. Horror, de novo – sobretudo quando ela mostra que todos esses países igualitários, inclusivos e progressistas da União Europeia exploram de forma destrutiva os recursos naturais da África, se beneficiam do trabalho infantil e se comportam como potências coloniais; a França, por exemplo, continua a emitir as moedas de 14 países.

A nova chefe do governo italiano é denunciada como extremista por ser favorável ao primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, cujo pecado mortal é ser anticomunista, ganhar todas as eleições que disputa e nunca violar nenhuma lei de seu país. Outra prova do direitismo populista de Giorgia Meloni é o seu esforço para minimizar com subsídios do erário publico os aumentos monstruosos nas contas de energia elétrica, que subiram até 500% em um ano; acham que isso vai contra a “orientação da comunidade” e não beneficia os imigrantes pobres da África. Ela é contra as sanções à Rússia, que não trouxeram benefício absolutamente nenhum para a Itália; só prejuízo. Eis aí, para as mentes progressistas, mais uma ameaça à democracia.

Giorgia Meloni, acima de tudo, comete o desafio imperdoável de pensar com a própria cabeça, propor medidas que os seus eleitores aprovam e não levar a sério, como mandam as leis religiosas da mídia mundial, a política miúda das merkels, macrons e outras nulidades absolutas, com pose de estadista, que levaram a Europa à situação em que ela está no momento – recessão, inflação recorde, mendicância energética e medo do frio no próximo inverno. Giorgia, em suma, não é uma “globalista”. Por isso, e por todo o resto, não tem perdão – e não terá nunca.

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