O ex-presidente e candidato à Presidência Lula.| Foto: Ricardo Stuckert/PT
Ele
é o candidato dos ministros supremos, sem os quais nem poderia
concorrer. De inocente não tem nada. Inocentado não foi. Acumulou
condenações em três instâncias. No TRF e no STJ, por unanimidade, com
provas sobradas. Corrupção e lavagem de dinheiro… Teve até a pena
aumentada e, de repente, depois de cinco anos, resolveram
“descondená-lo”. Virou o candidato da velha imprensa, da imprensa
velhaca, de artistas órfãos do dinheiro público. Sempre foi o escolhido
dos banqueiros, de empresários fajutos – os reis da boquinha –, dos
donos da boca, traficantes, terroristas, bandidos.
Ele adora um ditador, os de Cuba, da Venezuela, da África. Financiou
esses tiranos com o dinheiro dos brasileiros. Não à toa, acha o regime
totalitário chinês um exemplo a ser seguido. Aplaude Daniel Ortega, da
Nicarágua, que persegue religiosos e a imprensa. Acha lindo defender o
aborto e a censura. Quer abraçar o globalismo, e a soberania nacional
que se exploda. Quer que acreditem que há boas intenções, que há bondade
numa aliança, desde o início, construída sobre enganações, uma aliança
do mal.
O voto em Lula é o resultado do ódio à verdade, ao mundo real, o ódio a si mesmo. É uma tentativa de liquidar a esperança
Sua campanha pode tudo, pode mentir à vontade… “A alma mais honesta
deste país” está liberada para falar o que quiser. E as besteiras que
fala não viram manchetes, não geram questionamentos. Ele representa um
mundo sem fim de absurdos. Querem fingir que não houve roubalheira,
mensalão, petrolão, que ninguém pilhou estatais e fundos de pensão, que
ninguém foi condenado e preso, que bilhões não foram devolvidos aos
cofres públicos. E é bom separar um troquinho porque Lula já avisou que
quer ser indenizado.
Ele não tem plano de governo, só tem ameaças. Ao agronegócio, à
liberdade econômica, ao Estado enxuto e competente, às liberdades
individuais, à liberdade de expressão… Não sabe como gerar empregos, o
que o atual governo tem feito, mesmo com pandemia e uma guerra na
Europa. Entenda-se, de uma vez por todas, não há como apontar um país
sequer em que o sistema econômico socialista tenha dado certo. Lula não
foi bom, não é bom e nunca será. Suas ideias não eram boas, não são boas
e nunca serão.
Mentiras, bobagens e gafes Comunistas, corruptos e narcotraficantes Cadê o criminoso? Não
há amor na psicopatia. Não há bondade em quadrilhas. Não há
esquecimento redentor, que transforme alguém tão ruim na melhor pessoa
do mundo. O voto em Lula é o resultado do ódio a um governo que tem
muitas qualidades. É, no fim das contas, o ódio à verdade, ao mundo
real, o ódio a si mesmo. É uma tentativa de liquidar a esperança, que
tremula na bandeira verde e amarela. A bandeira vermelha, e isso não
mudará, nos serve apenas como um alerta de perigo.
Em meio a sinais ameaçadores de Moscou sobre escalar a guerra,
sugerindo até o uso de armas nucleares, as forças ucranianas pressionam
adiante com seu ataque contra as tropas russas no leste e no sul, em
regiões que a Rússia pretende declarar território russo nesta
sexta-feira. E autoridades do governo ucraniano estão perseguindo também
uma vantagem em propaganda, postando em redes sociais instruções em
língua russa a respeito de como os soldados russos podem se render em
segurança.
Zelenski tem se esforçado para sinalizar que não está desdenhando da
ameaça russa. Ele disse não acreditar que Putin esteja blefando em suas
ameaças de escalada militar ou uso de armas nucleares.
Mas o presidente ucraniano também marcou publicamente os recentes
sucessos da Ucrânia na quarta-feira, entregando medalhas a 320 soldados e
outros membros de serviços de segurança em razão do contra-ataque deste mês na região de Kharkiv, no nordeste ucraniano.
A Rússia acionou seus planos de reivindicar território da Ucrânia
depois da ofensiva ucraniana romper as linhas do Exército russo e
forçá-lo a abandonar milhares de quilômetros quadrados.
Ao reivindicar território ucraniano, a Rússia pretende afirmar que a
Ucrânia está atacando território russo, não ao contrário. Autoridades
russas têm falado em defender suas terras a qualquer custo, sugerindo o possível uso de armas nucleares. A Rússia também anunciou uma convocação militar para alistar centenas de milhares de novos soldados.
O estratagema já está em andamento: líderes que representam a Rússia
em quatro regiões ucranianas viajaram para Moscou para solicitar
formalmente ao presidente Vladimir Putin a
integração de suas regiões à Rússia após referendos fraudulentos
apoiarem ostensivamente a ideia. Um palco foi montado na Praça Vermelha.
Em Kiev, as autoridades estão respondendo com o mesmo toque de
arrogância que tem caracterizado suas declarações públicas ao longo de
toda a guerra, apesar de respostas mais cautelosas dos aliados
ocidentais.
“Se querem viver, corram”, afirmou Zelenski em seu discurso noturno
da quarta-feira, falando russo e se dirigindo aos soldados russos. “Se
vocês querem viver, se rendam. Se querem viver, lutem nas ruas de seu
país por sua liberdade.”
O ministro da Defesa ucraniano, Olexii Reznikov, afirmou em uma
conferência de especialistas em segurança que muitas nações ocidentais
tinham achado que o governo ucraniano colapsaria no início da invasão
russa, mas se equivocaram. “Os ucranianos jamais se renderão”, afirmou
ele.
Depois da contraofensiva na região de Kharkiv, a iniciativa no campo
de batalha pendeu para o lado da Ucrânia, afirmaram analistas militares.
As tropas ucranianas têm pressionado a partir de várias direções a
cidade de Liman, sob controle russo, no leste da Ucrânia, e parecem ter
estabelecido um cerco completo.
Se soldados russos forem capturados ou forçados a fugir por uma
estrada que continua sob seu controle, isso representaria uma derrota
embaraçosa para os russos em uma região que eles estão se mobilizando
para declarar parte de seu país.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia pretende
capturar ao menos toda Donetsk, onde fica Liman. A Ucrânia controla
agora cerca de metade da região.
A queda de Liman também minaria as linhas de defesa russas no leste
da Ucrânia, escreveu o Instituto para o Estudo da Guerra, um grupo de
análise dos Estados Unidos.
Ataques de foguetes e mísseis russos atingiram duas cidades
ucranianas, Dnipro e Krivii Rih, entre a noite da quarta-feira e a
madrugada da quinta-feira, danificando residências, matando dois civis e
ferindo outros 15. O governo ucraniano não divulga informações sobre
baixas militares decorrentes de ataques russos.
Ucranianos comuns, prontos para esperar o pior da Rússia depois dos
bombardeios de áreas civis e da descoberta de covas coletivas em
territórios retomados pelo Exército ucraniano, estão aflitos. Muitos
expressam em redes sociais seu medo da guerra nuclear.
“O próximo ataque será nuclear, em breve”, afirmou o músico Stanislav
Kotliar no Facebook. “Esta é a principal razão pela qual mandei as
pessoas que amo para a Alemanha, apesar delas quererem ficar na Polônia:
para afastá-las da nuvem radioativa.”
Ainda assim, até analistas ucranianos e ex-autoridades de segurança
consideram a ameaça nuclear da Rússia um sinal de fraqueza em vez de
força. Oleksandr Daniliuk, ex-secretário do Conselho de Segurança
Nacional e Defesa da Ucrânia, afirmou em entrevista que a Ucrânia não
cessará suas ofensivas se a Rússia declarar as quatro regiões território
russo.
Se as linhas russas continuarem a colapsar depois da chegada dos
reforços da mobilização, afirmou ele, isso aumentaria o risco de um
ataque nuclear tático. Mas ele acrescentou: “Para Putin, seria uma
ilusão pensar que a Ucrânia e o Ocidente recuarão. É importante
continuar retomando território ocupado pela Rússia. É isso o que Putin
está tentando evitar, então é isso o que devemos fazer”.
“Eu leio”, disse Elon Musk ao ser perguntado sobre como aprendeu a fazer foguetes
Elon Musk é um dos empreendedores mais conhecidos do mundo. Vem dele
as decisões que decidem o futuro de empresas como Tesla, Starlink,
Hyperloop e SpaceX.
No topo da lista de bilionários da Forbes em 2022 e com previsões de
se tornar o primeiro trilionário do mundo em 2024, o empresário divide
opiniões com o público sobre suas polêmicas e ações rápidas.
Um dos seus maiores objetivos é o futuro da humanidade, portanto, a
maioria dos seus recursos são destinados à pesquisas para a produção de
energia limpa. Além disso, ele lidera projetos de desenvolvimento
aeroespacial, internet, inovações automobilísticas, pesquisas na área de
inteligência artificial e neurotecnologia.
E se tem algo que ele já deixou muito claro é que: a literatura sempre foi uma grande fonte de inspiração para os seus negócios.
Veja 5 livros que foram importantes na trajetória de Elon Musk:
O Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams
Se você gosta de ficção, esse é para você: o livro conta a história
do mochileiro que tentou escapar da destruição da Terra pegando uma
carona com uma nave alienígena.
Além disso, o autor – Douglas Adams – cria personagens inesquecíveis e
situações mirabolantes para debochar da burocracia, dos políticos, da
“alta cultura” e de diversas instituições atuais.
Segundo Musk, a história “era instrumental ao seu pensamento” e se
apaixonou de primeira. Inclusive, ao lançar um Tesla Roadster ao espaço
em fevereiro, ele inseriu a frase “Don’t panic”, que está presente na
capa de uma das primeiras edições da saga, no monitor do carro.
Capa do livro Capa do livro O Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams (Fonte: Amazon)
Benjamin Franklin: Uma Vida Americana, de Walter Isaacson
Benjamin Franklin foi uma das figuras mais influentes de sua época
com suas descobertas científicas e ideias filosóficas que ficaram
conhecidas mundialmente.
Ele foi a primeira pessoa a provar que raios são eletricidade e também é o responsável pela criação das lentes bifocais.
O livro é uma biografia que conta sua história – que ultrapassa o seu
próprio tempo, e mostra como a colaboração de Franklin em documentos
como a Declaração de Independência Americana ajudou a moldar o mundo
moderno.
Musk sempre diz que Benjamin Franklin é um de seus heróis.
Capa do livro Benjamin Franklin: Uma Vida Americana, de Walter Isaacson (Fonte: Amazon)
Structures: Or Why Things Don’t Fall Down, de J.E. Gordon
Você já se perguntou por que as pontes suspensas não desmoronam sob
oito faixas de tráfego? Como as barragens retêm ou cedem sob milhares de
galões de água? Ou quais princípios orientam o projeto de um
arranha-céu?
Se a resposta for sim, este livro vai aliviar sua ansiedade e
responder às suas dúvidas. JE Gordon tira a engenharia de seus termos
técnicos confusos, comunicando seus princípios fundadores em prosa
acessível e espirituosa.
Quando Musk fundou a SpaceX, ele reservou um tempo para estudar os
fundamentos da ciência dos foguetes, e um dos livros que ajudou o
empresário foi esse.
Capa do livro Structures: Or Why Things Don’t Fall Down, de J.E. Gordon (Fonte: Amazon)
Superinteligência, por Nick Bostrom
Algo nós já sabemos: o cérebro humano possui algumas aptidões
ausentes nos cérebros dos demais seres vivos e nossa posição dominante
no planeta se deve a isso. Mas e se algum dia os cérebros artificiais
superarem a inteligência dos cérebros humanos?
Esse é o principal tema do livro – e uma das preocupações de Elon
Musk, que já chegou a fazer um tweet dizendo que uma IA pode ser mais
perigosa do que armas nucleares.
Capa do livro Superinteligência, por Nick Bostrom (Fonte: Amazon)
O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien
Mais uma ficção. A história narra o conflito contra o mal que se
alastra pela Terra-média, através da luta de várias raças – Humanos,
Anões, Elfos, Ents e Hobbits – contra Orques, para evitar que o “Anel do
Poder” volte às mãos de seu criador Sauron, o Senhor Sombrio.
Musk diz que aprendeu com a trilogia que não se deve desistir de uma
causa que é importante, mesmo que ela a esteja o levando para a
perdição.
Capa do Livro o Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien
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O desejo de mudar, de transformar, de acreditar, são
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nossa história trouxa essa capacidade que temos de nos reinventar e de
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O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), subiu o tom nesta 4ª feira (28.set.2022) contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, por abrir apuração sobre o vazamento de investigação sigilosa no gabinete presidencial. “Alexandre, quem vazou foi você. Seja homem, Alexandre, seja homem. Tudo você bota culpa na PF”, disse em transmissão no seu canal do YouTube.
Moraes foi o principal alvo de Bolsonaro na live. “Que
eleição é essa? O que está acontecendo, TSE, Alexandre de Moraes? Vocês
arranjam maneiras de não se garantir a possibilidade de diminuirmos e
muito a possibilidade de fraude.”
Bolsonaro voltou a dizer que desconfia da auditoria das urnas
eletrônicas. Disse ainda que gravou sua reunião com o ex-chanceler do
Paraguai Rubén Ramírez Lezcano,
chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) na
observação do processo eleitoral, e solicitou ao encarregado um
relatório para dizer que os aparelhos não são auditáveis.
“Um caso hipotético: alguém fala que houve fraude. O que vocês vão fazer para dizer que não houve fraude ou que houve fraude?”, disse. E continuou:
“Faça um relatório preliminar, assinado pelos seus técnicos, porque, na possibilidade de alguém questionar a legitimidade [da eleição],
você vai escrever antecipadamente que as urnas são inauditáveis’. Pedi
isso para ele, em nome da democracia, da transparência, do povo
paraguaio”.
Horas antes, o TSE disse em nota que os questionamentos à segurança das urnas feitos pelo partido do presidente Jair Bolsonaro são mentirosos e buscam “tumultuar o processo eleitoral” e atentar contra o Estado Democrático de Direito. Moraes também determinou que o caso seja investigado no inquérito das fake news, que corre no Supremo.
Ainda na transmissão, Bolsonaro disse que determinará que as Forças
Armadas garantam o voto dos eleitores vestidos de verde e amarelo.
O chefe do Executivo citou uma publicação que atribuía ao TSE suposta
proibição de eleitores que forem votar com a camisa da seleção.
Bolsonaro, então, se irritou: “Não vai ter eleição em seção que proibir verde e amarelo”, disse. A Corte, na verdade, recebeu proposta para proibir o adereço a mesários.
“Como é que é, Alexandre de Moraes? Proibir usar camisa da
seleção? É interferência demais. Tá com medo do quê? Do mar de verde e
amarelo? Preocupado com o mar de verde amarelo votar e aparecer nome do
Lula ganhando? É isso, TSE? É isso?”, disse.
Bolsonaro não disse de onde transmitia sua live, mas citou “despesa enorme” com a transmissão. O TSE vetou transmissões feitas pelo candidato do PL dentro do Palácio da Alvorada.
“Estou escondido fazendo live, uma despesa enorme levando-se em conta o que gastaria se tivesse no Alvorada.” Os
candidatos ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e
ao Senado por São Paulo, Marcos Pontes (PL), participaram.
Entenda o caso
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou
uma apuração do vazamento de informações sigilosas de uma investigação
sobre movimentações financeiras consideradas suspeitas, que teriam sido
feitas no gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moraes decidiu abrir um procedimento administrativo sigiloso. O juiz
auxiliar do ministro, Airton Vieira, comandará a apuração. Leia a íntegra da decisão (134 KB).
Entre as providências determinadas por Moraes, está o envio de ofício ao delegado da PF Fábio Alvarez Shor, responsável pela investigação, para que preste informações sobre o vazamento.
“Notadamente no que diz respeito ao acesso, no âmbito policial,
às decisões proferidas nos autos da referida Pet e aos relatórios
produzidos nos autos, bem como forneça os nomes de todos os policiais
federais que têm conhecimento dos assuntos investigados na Pet
mencionada”, escreveu Moraes.
Em reportagem publicada na 2ª feira (26.set), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que a PF identificou mensagens que levantaram suspeitas de investigadores no telefone do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.
A PF analisou movimentações financeiras destinadas ao pagamento de
contas pessoais da família do chefe do Executivo e de pessoas próximas
da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entre elas uma tia, não identificada.
O material no telefone de Cid, entre mensagem, fotos e áudios
trocados com outros funcionários da Presidência, indicaria a realização
de saques em dinheiro. A pedido da PF, o ministro Alexandre de Moraes,
do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a quebra de sigilo bancário de Cid.
As transações consideradas suspeitas no gabinete de Bolsonaro estão
sendo analisadas em inquérito policial. Não há até o momento acusação ou
confirmação das suspeitas levantadas pela PF. O Poder360 apurou que o ajudante de ordens não havia sido informado sobre a quebra de seu sigilo.
Em live em seu canal no YouTube na 3ª feira (27.set), Bolsonaro disse que as transações em questão são relacionadas a contas pessoais,
como a mensalidade da antiga escola de sua filha Laura. Também pediu a
Moraes para que esquecesse a primeira-dama e acusou o ministro de ter
passado a informação para a imprensa. “Foi o Alexandre de Moraes que vazou, não foi a PF, não.”
Saques
A Presidência da República afirmou que as transações financeiras
feitas no gabinete de Bolsonaro, que estão sob análise da Polícia
Federal, foram realizadas a partir da conta pessoal do chefe do
Executivo. O Planalto negou que os saques considerados suspeitos tenham
origem em dinheiro público.
“Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente”, afirmou à reportagem. “O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal.”
Desde janeiro de 2019, o cartão corporativo pessoal de Bolsonaro está “zerado”, segundo o Planalto.
De acordo com a Presidência, os saques e depósitos fazem parte das
funções da Ajudância de Ordens. A Ajudância de Ordens faz parte da
composição do gabinete do presidente da República. O artigo 8 do decreto 10.374, de 2020, que trata das funções da assessoria especial e do gabinete da Presidência, determina que:
“À Ajudância de Ordens compete:
“I – prestar os serviços de assistência direta e imediata ao
Presidente da República nos assuntos de natureza pessoal, em regime de
atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem;
“II – receber as correspondências e os objetos entregues ao
Presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos
setores competentes; e
“III – realizar outras atividades determinadas pelo Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República.”
Uma das transações questionadas envolve uma tia de Michelle
Bolsonaro, que teria recebido pagamentos fracionados por atuar como babá
da filha mais nova do presidente. De acordo com o Planalto, o “auxílio
financeiro da primeira-dama à tia se dá por questões de confiança
pessoal e segurança, já que ela sempre cuidou da filha Laura por ocasião
das ausências da primeira-dama”.
De acordo com a Folha, a quebra de sigilo foi realizada
dentro do caso que apurava suposto vazamento de inquérito sigiloso da PF
sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral). Cid passou a ser investigado por ter auxiliado
Bolsonaro no dia em que o presidente divulgou o caso envolvendo o TSE e o
ataque hacker.
Em maio de 2022, o ministro Alexandre de Moraes uniu a investigação
das declarações do presidente sobre o processo eleitoral ao inquérito
que apura a suposta atuação de uma milícia digital contra a democracia.
Eis a íntegra da nota da Presidência divulgada em 27.set.2022, às 10h39:
“A Secretaria Especial de Comunicação Social informa que a
Ajudância de Ordens da Presidência presta serviços de assistência direta
e imediata ao Presidente da República também nos assuntos de natureza
pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília
ou em viagem.
“O desempenho de atividades notadamente particulares para atender
o senhor Presidente da República, como, por exemplo, o pagamento de
contas e boletos bancários está amparado pelo art. 8º do Anexo I, do
Decreto 10.374, de 2020. Não ocorre ‘triangulação’ com outros Ajudantes
de Ordens, mas as mensagens trocadas entre os integrantes da Ajudância
de Ordens referem-se às missões distribuídas entre eles para atendimento
das demandas inerentes ao cargo.
“Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos
exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente. O auxílio financeiro
da Primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e
segurança, tendo em vista que, nas ausências da Primeira-Dama, é ela
quem cuida da filha do casal.
“Nenhum dos recursos referidos pelo repórter da Folha de São
Paulo tem origem no suprimento de fundos. O Presidente da República
nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal”.
Quem é Cid
Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, Cid é o chefe da
Ajudância de Ordens e acompanha o presidente em suas atividades diárias,
inclusive em viagens. Também participa das transmissões ao vivo feitas
por Bolsonaro. Por auxiliar diretamente o chefe do Executivo em lives, o tenente-coronel é mencionado em 2 casos em que declarações de Bolsonaro são questionadas pela PF.
O chanceler Carlos França, o presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid em viagem ao Japão em 2019
Além de ter participado da live em que Bolsonaro vazou
suposto inquérito sigiloso sobre o ataque ao TSE, o ajudante de ordens
também estava presente quando Bolsonaro declarou que estudos “sugerem” que pessoas vacinadas contra a covid-19 “estão desenvolvendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”.
Em 2020, Cid também foi ouvido pela PF por causa de trocas de mensagens com o blogueiro Allan dos Santos.
As conversas foram identificadas pela PF no celular de Allan, que é
alvo de 2 inquéritos no STF: um apura a disseminação de notícias falsas
contra o Supremo; o outro, a organização de milícias digitais criadas
para atacar instituições democráticas.
Bolsa brasileira subiu pouco mais de 7% desde o início do ano,
enquanto, no mundo, a queda média das principais bolsas chega a 23%.|
Foto: Sebastião Moreira/EFE
O mau humor dos investidores em
relação às perspectivas para a economia global e, em menor grau, uma
certa cautela com a proximidade das eleições acentuaram tensões no
mercado financeiro brasileiro nos últimos dias. Ainda assim, analistas
continuam apontando que o Brasil é a “bola da vez” do investimento
estrangeiro entre os países emergentes.
“Acreditamos que os ativos brasileiros possam seguir em uma tendência
de redução de risco e valorização nos próximos meses, mesmo com as
eleições estando próximas”, apontaram analistas da XP em relatório
divulgado na manhã de terça-feira (27). Do início do ano até terça, a
bolsa brasileira acumulou valorização de 7,5% em dólares, ao passo que
as principais bolsas do mundo sofreram perdas de 23,1%, em média,
segundo o índice MSCI Global.
Nos Estados Unidos, o principal mercado global de ações, os dois
principais indicadores (o S&P 500 e o Dow Jones) recuaram 20% no
ano. Na Nasdaq, a bolsa que reúne principalmente empresas de tecnologia,
a queda foi maior: 30%. A justificativa, segundo Gabriela Joubert,
analista do banco Inter, é de que essas empresas são mais sensíveis à
alta nos juros que o banco central norte-americano está promovendo para
combater a inflação.
Para a estrategista Jennie Li, da XP, o Brasil está bem posicionado
em relação a seus pares. “Comparando a rentabilidade da renda variável
brasileira com juros reais, a bolsa por aqui está bem atrativa.”
VEJA TAMBÉM: Copom reforça que juros devem seguir elevados por um período longo OCDE projeta maior crescimento para a economia brasileira em 2022 Investimento produtivo também está em alta Não
é só no investimento em carteira, como é conhecido o financeiro, que o
Brasil está bem. O mesmo ocorre em relação ao investimento produtivo.
Segundo o Banco Central, o saldo do Investimento Direto no País (IDP) –
dinheiro aplicado por estrangeiros na economia “real” – foi de US$ 65,6
bilhões, ou 3,73% do PIB, no intervalo de 12 meses até julho. É o melhor
desempenho desde março de 2020.
De janeiro a julho de 2022, o IDP teve saldo de US$ 52,6 bilhões, 57%
acima do mesmo intervalo do ano passado e o maior valor em uma década
para esse período do ano. Nos 12 meses de 2021, os ingressos haviam sido
de US$ 46,4 bilhões. Em todos os casos citados, os valores do IDP são
líquidos, isto é, já foram descontadas as saídas de capital.
Dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e
Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) mostram que, em 2021, o
Brasil foi o sexto principal destino para investimentos estrangeiros no
setor produtivo, atrás de Estados Unidos, China, Hong Kong, Cingapura e
Canadá. Pela contabilidade da Unctad, foram aplicados US$ 50,4 bilhões
em investimentos estrangeiros no setor produtivo do Brasil.
O que favorece o investimento estrangeiro no Brasil Os especialistas explicam que uma série de fatores favorece o investimento estrangeiro no Brasil:
o país foi um dos primeiros a reagir à expansão da inflação mundial, aumentando a taxa de juros; o Brasil tem ativos com valores atraentes e grande exposição aos setores que os investidores querem; países
que disputam o capital estrangeiro com o Brasil não estão atraentes
devido a fatores internos. É o caso de Argentina, Rússia e Turquia; diversos riscos geopolíticos lá fora, além da guerra entre a Rússia e a Ucrânia; e risco de recessão em algumas das principais economias mundiais, por causa da alta dos juros. Uma
vez que se antecipou, o Brasil já conseguiu dar uma trégua no aperto
monetário. Após 12 altas consecutivas desde março de 2021, o Banco
Central decidiu manter a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano na mais
recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A manutenção
ocorre após registros de deflação em julho, agosto e na parcial de
setembro.
O Banco Central, porém, não descarta novas altas, dizendo estar
atento à evolução da atividade econômica, à dinâmica da inflação de
serviços, às expectativas para a inflação de 2024 e às perspectivas
fiscais. Um dos recados da ata da última reunião foi que os juros tendem
a continuar altos por um longo período.
No resto do mundo, o tempo da política monetária é outro. Os Estados
Unidos devem continuar elevando suas taxas por causa da inflação, que
fechou os 12 meses encerrados em agosto em 8,3%, segundo o US Bureau of
Labor Statistics. Lá, a meta de inflação anual é de 2%.
O fenômeno deve ser acentuado no Reino Unido, depois de a
primeira-ministra, Liz Truss, e o ministro da Economia, Kwasi Kwarteng,
anunciarem os maiores cortes de impostos em meio século, o que deve
forçar o Banco Central local a aumentar ainda mais as taxas de juros. A
inflação por lá é a maior dos últimos 40 anos.
Quem também está em um processo de aumento de juros causa da forte
inflação é a zona do euro. Os preços tiveram uma alta anual de 9,1% em
agosto, motivada por questões energéticas e de reajuste nos alimentos. É
o triplo da alta verificada no mesmo período do ano passado.
Nesta semana, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) revisou para baixo as projeções de crescimento para o
mundo. Agora, a estimativa para as 20 maiores economias é de uma
expansão de 2,8%. Em junho, era de 3% e, em dezembro, 4,5%.
Enquanto isso, a instituição fez um forte ajuste – para cima – em sua
projeção para o PIB brasileiro de 2022, que foi de 0,6% para 2,5%, mas
ao mesmo tempo baixou de 1,2% para 0,8% a expansão esperada para 2023.
“A economia brasileira está relativamente bem em relação ao resto do
mundo, sejam os emergentes ou países desenvolvidos”, diz o gestor de
renda variável da Warren, Eduardo Grübler.
O ponto médio das projeções coletadas pelo Banco Central e publicadas
no relatório Focus sinaliza para um crescimento do PIB de 2,67% e de
uma inflação de 5,88% em 2022. Para o ano que vem, as medianas são de
0,5% e 5%, respectivamente.
Li, da XP, avalia que o país está bem posicionado quando se olha para
fora. “Comparando a rentabilidade da renda variável brasileira com
juros reais, a bolsa por aqui está bem atrativa”, diz. Segundo ela, essa
rentabilidade é influenciada por dois segmentos bastante cobiçados no
momento: bancos e commodities, que juntos respondem por mais de 60% do
Ibovespa.
Victor Beyrutti, economista da Guide Investimentos, destaca que outro
fato a se considerar é que os Estados Unidos e a Europa entraram em
2022 com a bolsa nas máximas históricas, enquanto o Brasil estava mais
distante de seu melhor momento.
Na renda fixa, o país tem um importante trunfo: oferece uma boa
relação entre risco e retorno. Tem os maiores juros reais (já descontada
a inflação) do mundo, à frente de México, Colômbia, Chile e Indonésia.
Levantamento feito pela gestora de fundos de investimento Infinity
mostra que por aqui os juros reais são de 8,22% ao ano, considerando a
inflação e os juros futuros dos próximos 12 meses.
O Brasil também se beneficia da má situação de concorrentes que
disputam espaço no portfólio do investimento estrangeiro. A Argentina
está em meio a uma crise e foi obrigada a renegociar o acordo que tinha
com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A Rússia está às voltas com
uma campanha militar problemática na Ucrânia, que já lhe rendeu sanções
internacionais e pode render novas. E a Turquia tem uma política
econômica errática.
Outro fator que favorece o Brasil é a distância dos principais
problemas geopolíticos: além da guerra na Ucrânia, há as tensões entre
os Estados Unidos e a China e entre esta e Taiwan.
Quais as tendências para o investimento estrangeiro no Brasil em 2023
Para o diretor da Nova Futura Asset, Pedro Paulo Silveira, uma
combinação de três percepções pode manter o mercado otimista por mais
tempo. São elas:
o Brasil agiu rápido para controlar a inflação e teve sucesso; o país está superando as expectativas em relação ao crescimento e à política fiscal; e o resultado eleitoral – qualquer que seja – será bom para o país. Li,
da XP, também acredita que os ativos brasileiros possam seguir em uma
tendência de redução de risco e valorização nos próximos meses.
Para ela, os trunfos do país são a grande exposição na bolsa
brasileira aos setores que os investidores querem no momento, como
commodities e bancos, o valor atraente das ações e as altas taxas de
juro na renda fixa.
Beyrutti, da Guide, acredita que é preciso esperar o cenário
pós-eleições. Um dos fatores que pesam é o menor otimismo em relação à
economia mundial, marcada por alta inflação e crescimento menor, que
poderia levar a uma migração dos investidores a papéis mais seguros,
como os títulos do Tesouro americano.
Ex-ministro Henrique Meirelles se com Lula em ato com ex-presidenciáveis.| Foto: Ricardo Stuckert/PT
Planos de governo são peças que, se muitas vezes acabam esquecidas
por aqueles que são eleitos, não deixam de ser um indicador importante a
respeito da direção que um candidato pretende imprimir em seu mandato
caso vença as eleições. Durante a campanha, podem ser submetidos ao
escrutínio da imprensa, de especialistas em cada área e, principalmente,
do eleitor, que tem todo o direito de saber como os postulantes a um
cargo executivo pretendem governar. Todos os candidatos à Presidência da
República em 2022 entregaram seus planos ao Tribunal Superior Eleitoral
– menos Lula, que se contentou em apresentar à corte eleitoral apenas
diretrizes genéricas, desejando assim um “cheque em branco” do
brasileiro, de preferência ainda no primeiro turno para não ter de ver
suas ideias e sua biografia questionadas por mais quatro semanas.
Não que a sociedade não saiba as linhas gerais do programa
lulopetista: estatismo exacerbado, descontrole no gasto público,
controle da imprensa e da sociedade civil organizada, reversão de
avanços importantes no campo trabalhista, retomada da camaradagem com
ditaduras latino-americanas, hostilidade ao agronegócio e
recrudescimento dos conflitos no campo com o fortalecimento do “exército
de Stédile”, promoção do aborto e da pauta identitarista… tudo isso já
foi defendido pelo próprio Lula ou por outros líderes petistas ao longo
da campanha, mas sem a formalização que viria com o protocolo de um
plano no TSE.
Um desempenho de 20 anos atrás e o mero fato de não ser Jair
Bolsonaro não bastam para que Lula venha pedir voto ao brasileiro, muito
menos para convencer eleitores de outros candidatos a migrar para sua
candidatura já no primeiro turno
A estratégia, em primeiro lugar, é um enorme desrespeito ao eleitor e
a seu direito de conhecer com maiores detalhes o que cada candidato
propõe. Mas ela também serve a outro propósito: o de poder misturar o
discurso radical que mobiliza a militância com acenos que cooptam mais
apoios entre aqueles que não estão automaticamente alinhados ao petismo.
Ao tratar seu plano como uma “metamorfose ambulante”, sujeito a
alterações até o último momento, Lula consegue puxar para seu palanque
alguém como Henrique Meirelles – apesar de ele ser filiado a um partido
que tem candidato próprio ao Planalto –, o pioneiro do recente ajuste
fiscal que Lula quer deixar para trás.
Sem definir um plano de governo, Lula se limita a repetir indicadores
do período 2003-2010 e quer fazer o eleitor acreditar que basta apertar
seu número na urna que aqueles tempos retornarão. No entanto, o
contexto econômico em que Lula venceu sua primeira eleição, 20 anos
atrás, é radicalmente diferente do atual. Além disso, o petista esconde
um detalhe importante: se no início de seu período no Planalto o tripé
macroeconômico herdado de Fernando Henrique Cardoso foi respeitado,
garantindo a sensatez na política econômica, foi no fim da passagem de
Lula pela Presidência que foram lançadas as bases da “nova matriz
econômica” que o “poste” por ele escolhido para sucedê-lo aplicou à
risca, causando a pior recessão da história do país. Não há como
dissociar a era Lula da era Dilma, apesar dos esforços do PT em apagar
da história os anos finais do partido no poder.
Desprezo pelo povo
Um desempenho de 20 anos atrás e o mero
fato de não ser Jair Bolsonaro não bastam para que Lula venha pedir
voto ao brasileiro, muito menos para convencer eleitores de outros
candidatos a migrar para sua candidatura de forma a resolver a disputa
já no primeiro turno. Sem plano de governo, o petista quer que os
brasileiros embarquem em um voo cego, recorrendo ao proverbial “la
garantia soy yo”, demonstrando mais uma vez aquela arrogância de quem se
julga o único capaz de salvar o Brasil sem precisar dizer como o fará
caso volte ao Planalto.
Entre tantas falsas certezas, meu medo é o de que uma única
pessoa, Alexandre de Moraes, realmente saiba já o resultado das eleições
2022.| Foto: EFE
Vai dar Lula no primeiro turno. Que nada, vai
dar Bolsonaro no primeiro turno. Vocês são dois idiotas, vamos ter
segundo turno e o Lula ganha do Bolsonaro. Deixe de falar bobagem! Vai
dar Bolsonaro no segundo turno. Aposto que vai dar Lula no segundo
turno, margem apertada, convulsão social, o combo todo. Todo mundo está
errado e a Terceira Via vai surpreender. Ouvi dizer que, em caso de
empate, é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral quem decide. É
verdade?
Por esses dias todo mundo camufla as dúvidas sob uma reluzente camada
de certezas baseadas em delírios e conspirações. As justificativas são
muitas e variadas. Para uns, Lula vai ganhar porque o povão está se
vingando. Para outros, a vitória de Lula representa é a vingança da
elite contra esse mesmo povão. Já os que têm certeza absolutíssima da
vitória de Bolsonaro falam em voto envergonhado e em Datapovo.
Só da Terceira Via é que realmente ninguém mais fala. Ninguém
acredita. A não ser que uma formiguinha resolva passear perigosamente
pelos sistemas do TSE, cause um curto-circuito na engrenagem infalível,
vire inseto frito e, assim, sacrifique sua vidinha em nome da
democracia. E de um resultado tão improvável quanto o arrependimento de
Alexandre de Moraes.
Não estou reclamando. De jeito nenhum. Nutro uma admiração genuína
por quem tem as certezas que me faltam. Aqui de onde contemplo a
humanidade, ou melhor, a brasilidade, ou melhor ainda, a curitibanidade
em todo o seu esplendor frio e úmido, vejo com especial interesse como
todo mundo é capaz de unir pontos que simplesmente escapam das minhas
mãos. As pessoas trocam dados e disse-me-disses e sinais esotéricos e
informações desencontradas que acabaram de receber e narrativas sem
sentido e, com essas coisas, cozinham o sopão que alimenta suas
certezas.
Como não admirar isso?! E depois ainda me dizem que o homem
contemporâneo enfrenta uma crise do imaginário. Que nada! A imaginação
nunca foi tão importante para os brasileiros, que a ela recorrem depois
de cada pesquisa, de cada declaração do candidato, de cada decisão do
TSE e de cada debate. Uma pena que toda essa imaginação não possa
aflorar na forma de livros ou filmes magistrais porque, primeiro, falta
talento aos artistas que têm acesso ao dinheiro e, segundo, é capaz de o
TSE mandar prender todo mundo por fake news.
Eu, sabendo só que nada sei, fico observando e colhendo muita opinião
bichada na esperança de encontrar o Argumento Perfeito que me dê
tranquilidade ou que me deixe apreensivo de uma vez por todas. Se me
dizem para ficar de olho no dólar, por exemplo, eu fico. Se me
aconselham a dar ouvido à minha intuição, está mais do que dado. Se me
sugerem pedir asilo político na Embaixada da Itália, vou logo procurando
o endereço. Se me mandam rezar, eu rezo, ué.
Me tranquiliza saber que está todo mundo exercitando a fantasia e
projetando felicidades para o já mítico Dia Seguinte. É sinal de que
ainda mantemos algo que nos torna essencialmente humanos: o sonho. Por
outro lado, o que me incomoda é a possibilidade de a certeza quanto ao
resultado das eleições de 2022 existir para uma única pessoa. Sim, ela
mesma: a autoridade que deveria garantir que a dúvida saudável, própria
do processo democrático, pairasse sobre toda a sociedade.
Segunda-feira (3) será o dia do “eu te disse!”, do “eu avisei!”, do
“eu já sabia!” e, porque vivemos numa época um tanto quanto perversa, do
“só você que é idiota não tinha percebido isso!”. Analistas dirão que a
vitória ou a derrota tem explicação nos astros ou na mais nova teoria
da comunicação de massa ou na mais recente tese da ciência política. Eu
mesmo escreverei algo, na esperança de nunca envergonhar o Paulo do
futuro. O que, convenhamos, é uma missão quase impossível.
Vitória de Romeu Zema em 2018 foi um dos casos de erros graves
cometidos por pesquisas de intenção de voto.| Foto: Gil
Leonardi/Imprensa MG
Esta quinta-feira é Dia Mundial do Coração. É um dia destinado à
prevenção de doenças cardíacas, porque o coração é o que mais mata no
planeta Terra, segundo a Organização Mundial de Saúde: são 18 milhões de
mortes por ano. Mas está difícil segurar o coração assim, dias antes da
eleição mais animada e mais polarizada que eu já vi. O segundo turno
entre Lula e Collor em 1989 foi bastante polarizado, mas agora está
mais, até porque o eleitorado é muito maior: 156 milhões de brasileiros
serão chamados às urnas obrigatoriamente.
Tem gente que está com coração aos pulos, porque acredita nas
pesquisas. Mas vi no Twitter do Vinícius Mariano um levantamento de 30
erros graves dos dois principais institutos de pesquisa na eleição de
2018 para senador. Fulano de Tal estava em quarto lugar três dias antes
da eleição e foi eleito. Outro, que estava em terceiro lugar, foi
reeleito. Um estava em primeiro, bem longe dos outros, coisa de 50% a
10%, mas foi o de 10% que ganhou a eleição.
Para governador aconteceu a mesma coisa; alguns citados por ele foram
Carlos Moisés, de Santa Catarina; Wilson Witzel, do Rio de Janeiro; e
Romeu Zema, de Minas: estavam todos lá atrás, não tinham a menor chance
cinco dias antes da eleição, segundo os grandes institutos de pesquisa.
Para a Presidência, aquele que acabou eleito presidente perdia para todo
mundo, só não perdia para Marina Silva, se não me engano. Ou seja, foi
tudo um fiasco em 2018.
Alguém me explique: por que ainda tem quem acredite? Por masoquismo?
Não sei. Muitos acreditam por interesse, pra usar como propaganda. Eles
me pegaram em 2018, vão me pegar de novo só se eu permitir. Muito
obrigado ao jornalista Vinícius Mariano, que fez esse levantamento para
nos lembrar do que aconteceu em 2018.
Moraes mostra sala de totalização de votos Na quarta-feira o
presidente da Justiça Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, mostrou a
sala de totalização ao ministro da Defesa, ao presidente do PL e a
representantes dos outros partidos. Na verdade não é bem a sala de
totalização; ali se monitora a chegada, porque depois há um computador
maior que vai somar tudo. Funciona no terceiro andar de um majestoso e
faraônico palácio, construído para abrigar uma Justiça Eleitoral que na
verdade é um órgão administrativo para organizar uma eleição a cada dois
anos. Por isso que outros países não têm Justiça Eleitoral, são
secretarias de Estado que fazem tudo, por exemplo, nos Estados Unidos,
mas essa é uma outra questão.
Agora todos sabem quem é o padre Kelmon Que estranho: peguei a
agenda dos candidatos na quarta-feira e só um candidato, o atual
presidente, candidato à reeleição, estava nas ruas: em Santos (SP),
fazendo motociata. Os outros todos tinham compromissos fechados.
Não resta dúvida de que o debate no SBT deu projeção ao padre Kelmon.
Ele não foi o grande vencedor, mas deu um salto. Todos passaram a saber
quem é esse tal padre, que era vice na chapa do Roberto Jefferson. Mas
Jefferson foi impedido de concorrer porque, mesmo sendo indultado,
continua ficha-suja, assim como Daniel Silveira, que também que foi
indultado e segue ficha-suja. O que não é o caso do ex-presidente, que
foi condenado, teve o processo anulado e depois virou um ficha-limpa;
segundo o Supremo, são questões diferentes.
São é coisas muito estranhas, que acabaram denunciadas no New York
Times, levando o jornalista Claudio Humberto a observar que tudo o que o
New York Times está denunciando não aparece na grande imprensa
brasileira. Que mico, não? Que omissão, que coisa incrível. Sempre vi a
grande imprensa brasileira se espelhar no New York Times, pois agora o
New York Times está mostrando como se faz jornalismo.
Por Fernanda Guimarães e Luciana Dyniewicz – Jornal Estadão
‘Campanha pelo voto útil é uma violência’, diz Candido Bracher
Total de dinheiro para os candidatos e partidos chegou a R$ 545 milhões e se aproximou do total registrado em 2018
Na reta final do primeiro turno das eleições, o empresariado colocou a
mão no bolso e aumentou as doações feitas para as campanhas. Em cerca
de duas semanas, o volume de recursos doados dobrou e já superou os R$
545 milhões. O valor se aproxima do total doado em 2018, considerando
também as quatro semanas entre o primeiro e segundo turno, quando
alcançou R$ 560 milhões no ano em que Jair Bolsonaro foi eleito, de
acordo com dados compilados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Hoje, são 43 pessoas que doaram R$ 1 milhão ou mais às campanhas. Há 15 dias, eram 14.
O dono do grupo Cosan, Rubens Ometto,
segue na dianteira no ranking das doações por pessoas físicas, com R$
8,8 milhões, ultrapassando o total doado por ele em 2018, quando tirou
do bolso R$ 7,5 milhões. O empresário aumentou suas doações em R$ 3
milhões, ou 53%, em duas semanas. A principal beneficiária de Ometto, um
dos homens mais ricos do Brasil, foi a direção nacional do
Republicanos, que recebeu R$ 3 milhões. Há 15 dias, a direção nacional
do PSD era a maior beneficiária, com R$ 2 milhões – número que não foi
alterado.
Em nota, a assessoria de imprensa da Cosan afirmou que as “doações
eleitorais feitas por Rubens Ometto Silveira Mello são realizadas em
caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior
Eleitoral e demais normas aplicáveis”.
Desde a reforma eleitoral em 2015, as empresas foram proibidas de
doar para legendas e candidatos. Já as doações de pessoas físicas para
campanhas eleitoras podem ser feitas, segundo o TSE, por transferência
bancária, com a devida indicação do CPF do doador. O valor pode ser de
até 10% dos rendimentos brutos da pessoa no ano anterior à eleição.
Nos últimos dias antes da ida às urnas, o dono dacalçadista Grendene, Alexandre Grendene,
também ampliou o valor de suas doações, que agora somam R$ 5,9 milhões.
No começo do mês, Alexandre era o quarto maior doador do País, com R$
2,5 milhões. Hoje, ele ocupa a segunda colocação. O principal destino do
dinheiro do empresário segue sendo Roberto Argenta, que concorre ao
governo do Rio Grande do Sul pelo PSC e é dono da também calçadista
gaúcha Beira Rio. A campanha de Argenta recebeu R$ 1,9 milhão de
Alexandre, que é acionista minoritário da Beira Rio. Procurado, Argenta
preferiu não comentar.
O empresário do setor calçadista também destinou R$ 1 milhão para a
campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro e R$ 1 milhão para o
candidato ao Senado pelo Ceará Camilo Santana (PT). Ainda no Ceará, Estado em que a Grendene tem unidades de produção, os candidatos ao governo Elmano de Freitas (PT) e Capitão Wagner (União)
receberam R$ 750 mil e R$ 375 mil do empresário, respectivamente. A
direção municipal do PDT na capital do Estado se beneficiou de R$ 750
mil.
Pedro Grendene, cofundador da Grendene ao lado do
irmão, subiu, nos últimos dias pré-primeiro turno, para a terceira
colocação entre os maiores doadores. Duas semanas atrás, ele não
aparecia no ranking dos dez maiores doadores. Os dois primeiros
beneficiados são Camilo Santana, do PT, com R$ 1 milhão, e o presidente
Jair Bolsonaro, com o mesmo montante.
Pedro Grendene destinou o mesmo volume de recursos que seu irmão aos
candidatos ao governo do Ceará. No total, as doações do empresário
chegam a R$ 4,5 milhões. Procurada, a Grendene afirmou não comentar as
decisões pessoas de seus acionistas. A reportagem não conseguiu contato
com Pedro e Alexandre Grendene.
Outro nome ausente no ranking dos maiores doadores há duas semanas, Pedro de Godoy Bueno, controlador do grupo do setor de saúde Dasa,
aparece agora em quinto lugar. O empresário distribuiu a candidatos a
deputados estaduais e federais R$ 2,95 milhões. Quatro líderes indígenas
receberam R$ 150 mil cada um: Vanderlecia Ortega dos Santos (candidata da Rede à deputada federal pelo Amazonas), Maial Paiakan Kaiapó (candidata da Rede à deputada federal pelo Pará), Célia Xakriabá (candidata do Psol à deputada federal por Minas Gerais) e Almir Suruí (candidato do PDT à deputado federal por Rondônia). Procurado, o empresário não comentou.
Ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro e controlador da Localiza, Salim Mattar é
o quarto maior doador pessoa física dessa eleição. O montante repassado
aos candidatos, no entanto, quase não se alterou nas últimas duas
semanas: passou de R$ 3,1 milhões para R$ 3,2 milhões. O empresário não
destinou, até o momento, recursos para Bolsonaro ou o atual partido do
presidente, o PL. Dentre os seus ex-colegas de governo, o ex-ministro do
Meio Ambiente Ricardo Salles recebeu R$ 250 mil.
Mattar afirmou, em nota, estar “apoiando predominantemente, mas não
exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e
deputado estadual, pelo partido Novo, de cujos valores liberais
compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral”.
Também aparecem na lista dos maiores doadores o empresário do setor agropecuário e sócio da consultora Dan-Hebert Valter Egidio da Costa (R$ 2,6 milhões), o vice-presidente da Calçados Beira Rio, Heitor Vanderlei Linden (R$ 2,6 milhões), o ex-presidente do Itaú Unibanco Candido Bracher (R$ 2,5 milhões).
Linden não ampliou os recursos repassados às campanhas nos últimos
dias, mas Costa não aparecia entre os dez maiores doadores antes. A
reportagem não conseguiu contato com Costa e Linden não quis comentar o
assunto.
Bracher aumentou as doações de R$ 1,5 milhão para R$ 2,5 milhões. Dos
beneficiários de Bracher, 27 são candidatos ao Senado e,
principalmente, à Câmara dos Deputados, sendo a maior parte deles do
PSDB. O executivo se diz preocupado com a situação do Legislativo brasileiro. Bracher ainda doou R$ 125 mil à direção nacional do MDB, R$ 100 mil ao candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marcelo Freixo, e R$ 50 mil ao do Acre pelo PT, Jorge Viana.
Erro na contabilidade
Na última terça-feira, 27, uma doação de R$ 800 bilhões surgiu no
ranking de doações do TSE: tratava-se de uma professora de uma
universidade federal. Procurada pela reportagem, a professora disse que
um erro havia ocorrido e que já havia entrado em contato com o TSE. Ela
chegou a enviar o comprovante à reportagem. Sua doação, de R$ 800, era
para uma candidata a deputada federal pelo Rio Grande do Sul. Na
quarta-feira, o erro havia sido corrigido.
Homens russos estão fugindo para países vizinhos para evitar a
convocação para lutar na guerra da Ucrânia; Kremlin vai parar de emitir
passaportes para convocados
As forças do Serviço Federal de Segurança da Rússia, a principal
agência sucessora do KGB, foram mobilizadas nas passagens de fronteira
para garantir que os reservistas não deixem o país “sem cumprir as
formalidades de fronteira”, disse o serviço em comunicado.
Muitos continuaram na fila mesmo tendo recebido a notificação, alguns deles desistiram de fugir, segundo a mídia estatal russa.
Na semana passada, Vladimir Putin assinou uma lei que endurece a pena
para soldados que se recusarem a combater e fugirem da convocação
obrigatória. As mudanças introduzem pela primeira vez no Código Penal do
país conceitos como “mobilização, lei marcial e tempo de guerra”.
Pela nova lei, a rendição voluntária é agora punível com 15 anos de
prisão, já o soldado que desertar durante o período de mobilização ou de
guerra (caso dos convocados agora), pode ser punido com até 10 anos de
prisão.
Segundo ONGs, manifestantes detidos em Moscou são obrigados a escolher entre ir para a guerra ou a cumprir a pena de prisão.
A corrida para as fronteiras começou horas depois do anúncio do
presidente Vladimir Putin, na semana passada, de uma convocação militar
afetando centenas de milhares de russos, e o fluxo só aumentou desde
então.
Embora o Kremlin tenha rejeitado relatos de que em breve poderá
proibir quase todos os homens em idade militar de deixar o país, muitos
russos não se arriscaram.
Na terça-feira, nas fronteiras da Geórgia, Casaquistão e até
Mongólia, seus números continuaram a aumentar, atingindo quilômetros de
fronteira.
No Casaquistão, respondendo aos pedidos de fechamento da fronteira de
quase 8 mil quilômetros com a Rússia, o presidente Kassim-Jomart
Tokaiev pediu “humanidade, paciência e organização”, dizendo que os
russos foram “forçados a sair por causa da atual situação
desesperadora”.
Com carros alinhados por quilômetros em sua fronteira e esperas de
mais de 48 horas, a Geórgia disse que permitiria que os visitantes
entrassem a pé. O número de pedidos de entrada quase dobrou na semana
passada, para cerca de 10.000 por dia, disse o ministro do Interior do
país.
Cenas como as da fronteira da Rússia com a Geórgia e com a Mongólia
também ocorreram nas divisas com o Casaquistão e a Finlândia. A Rússia
não fechou suas fronteiras, e os guardas, aparentemente, deixam as
pessoas saírem do país.
A fila de carros e caminhões tentando sair se formou em um ponto de
passagem no lado russo da fronteira, segundo a empresa norte-americana
Maxar Technologies, que divulgou as fotos na segunda-feira.
“O engarrafamento provavelmente continuou mais ao norte da área
fotografada”, disse a empresa com sede nos EUA. Fotos aéreas da empresa
mostram veículos serpenteando em outra longa fila perto da fronteira da
Rússia com a Mongólia.
Os carros também estão alinhados nas fronteiras da Rússia com a
Finlândia e o Casaquistão desde a semana passada, quando Putin anunciou a
convocação de pelo menos 300 mil reservistas para lutar na guerra na
Ucrânia. Foi a primeira mobilização de reservistas da Rússia desde a 2ª
Guerra.
A confusão sobre quem poderia ser convocado também levou milhares de
pessoas a fugir, juntamente com o medo de que as fronteiras da Rússia
pudessem ser fechadas para homens em idade militar.
Eles não têm muitas opções se não quiserem se deslocar para a
Ucrânia. As nações bálticas fecharam suas fronteiras terrestres. Nos
últimos dias, pilhas de bicicletas abandonadas perto de postos de
fronteira apareceram em imagens de mídia social.
Rússia vai parar de emitir passaportes para convocados
A Rússia não emitirá mais passaportes para pessoas convocadas para o
Exército, informou o portal de informações do governo nesta
quarta-feira, em um momento em que dezenas de milhares de pessoas já
deixaram o país fugindo da mobilização parcial anunciada pelo presidente
Vladimir Putin na semana passada.
“Se um cidadão já foi convocado para cumprir o serviço militar ou se
recebeu intimação (para mobilização ou alistamento), o seu passaporte
internacional será rejeitado”, diz o portal de informação. Nesse caso,
“será entregue uma nota ao cidadão para explicar o motivo da rejeição e o
prazo de validade da medida”.
Cidadãos russos precisam de um passaporte internacional para viajar
para a maioria dos países estrangeiros, com exceção de Armênia,
Bielorrússia, Casaquistão e Quirguistão para onde podem ir com o
passaporte interno, equivalente a um documento de identidade. Apesar
disso, encontrar voos para sair da Rússia ainda é uma tarefa complicada e
extremamente cara: um voo de Moscou para Baku, no Azerbaijão, podia ser
encontrado por até 665 mil rublos (R$ 61,6 mil).
Nos últimos dias, no entanto, países como a Noruega e a Turquia registraram um aumento de chegadas de cidadãos russos.
Depois de anunciar a mobilização parcial de 300 mil reservistas, o
governo estabeleceu uma série de restrições a quem poderia ser chamado,
como homens com mais de quatro filhos menores de idade, pessoas acima de
determinada idade, além de determinados profissionais, como professores
e do setor de Tecnologia da Informação.
Putin anuncia ‘mobilização parcial’ de russos em idade de combate
Medida foi tomada no país pela última vez na 2ª Guerra, quatro
regiões controladas por Moscou na Ucrânia anunciaram referendos para
integração a Rússia
No começo da semana, no entanto, o governo russo admitiu “erros” na
convocação de reservistas, após uma série de denúncias vindas de todas
as partes do país, e de críticas vindas até mesmo de aliados.
Vários estudantes disseram à AFP que foram convocados, apesar de as
autoridades terem prometido que seriam excluídos na campanha de
mobilização. No sábado, Putin assinou um decreto confirmando que os
estudantes de centros de formação profissional e de ensino superior
ficarão isentos.
Outra situação que criou polêmica é o caso de manifestantes contra a
ofensiva na Ucrânia que receberam ordens de mobilização durante sua
custódia. O Kremlin disse que, nesses casos, “não havia nada ilegal”.
Em meio às convocações, que em algumas áreas ocorrem no meio da
noite, as redes sociais foram inundadas de denúncias de violações das
próprias regras do Kremlin. Sob pressão, alguns aliados, como a chefe da
rede RT, Margarita Simonyan, estão expondo certos casos — cabe
ressaltar que Simonyan, uma das principais propagandistas do Kremlin,
defende ferrenhamente a chamada “operação militar especial”.
A presidente da Câmara Alta do Parlamento, Valentina Matviyenko,
também pediu no domingo atenção dos governadores, que supervisionam as
campanhas de mobilização. Um dia antes, a Rússia anunciou a substituição
de seu general de mais alta patente a cargo da logística, em plena
campanha de mobilização./ W.POST, NYT e AP