terça-feira, 27 de setembro de 2022

SE PUTIN FIZER GUERRA NUCLEAR O MUNDO REAGIRÁ

 

Guerra na Ucrânia

Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo


O presidente russo, Vladimir Putin: analistas concordam que há risco real de Moscou usar armas nucleares táticas na Ucrânia, mas não há consenso sobre como seria a resposta| Foto: EFE/EPA/ILYA PITALEV/SPUTNIK/KREMLIN

Na semana passada, ao anunciar a mobilização de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a fazer ameaças de utilizar armas nucleares no conflito iniciado em fevereiro.

O líder russo disse que esses armamentos poderiam ser usados para “defender” o território do país, já antevendo as anexações que estão sendo votadas em referendos no leste e no sul ucraniano que terminam nesta terça-feira (27). A Ucrânia e o Ocidente já adiantaram que não vão reconhecer os resultados dessas consultas, marcadas por denúncias de irregularidades e coação.

Essa ameaça do Kremlin desperta algumas questões principais: trata-se de um risco real ou é um blefe de Putin? Caso a Rússia utilizasse armas nucleares, onde e como seriam esses ataques? E qual seria a reação do mundo?

Em um artigo para o New York Times, Jonathan Stevenson, membro sênior do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, e Steven Simon, do Centro de Estudos Internacionais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), destacaram que o uso de armas nucleares táticas pela Rússia, que têm exponencialmente menos poder, mas que ainda podem produzir uma explosão de até 50 quilotons de TNT (o rendimento da bomba de Hiroshima foi de cerca de 15 quilotons), abriria um novo capítulo da história militar, de consequências imprevisíveis.

“As armas nucleares táticas [sua presença no arsenal das potências nucleares e o uso político da ameaça de sua utilização] estão desestabilizando o delicado equilíbrio da dissuasão. Elas reduzem as barreiras ao uso nuclear e tornam imprecisa a fronteira entre a guerra convencional e a nuclear”, explicaram.

Para o analista militar Alessandro Visacro, há chances reais de a Rússia usar armas nucleares táticas nos próximos meses, pelo fato de Moscou “precisar colher uma vitória” num conflito que o especialista aponta como sendo uma guerra “por procuração” com o Ocidente, e também pelo aumento nas tensões, em que nenhum lado busca uma desescalada.

“Progressivamente, estão sendo aumentadas as apostas, e essas apostas, numa diplomacia até mesmo irresponsável e inconsequente, já ultrapassaram vários limites. Só o fato de você ter um conflito armado hoje no leste europeu já é algo que é completamente desnecessário. Isso denota o desastre de uma diplomacia que ao longo das últimas décadas tem cometido erros gravíssimos”, destacou.

O também analista militar Paulo Filho concorda que o risco é real. “O uso de armamento nuclear é um tabu, só foi utilizado duas vezes, em Hiroshima e Nagasaki, pelos Estados Unidos, em 1945, e depois nunca mais. Mas é uma ação que não pode ser descartada. Se o Putin se sentir completamente sem saída, é possível que ele as use, o que escalaria o conflito num nível inimaginável”, alertou o especialista.

Se há certo consenso entre analistas militares de que Putin pode realmente usar armas nucleares táticas na Ucrânia, o mesmo não pode ser dito quando a questão é qual seria a reação caso esse ataque acontecesse.

No fim de semana, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse em entrevista à CBS News que os Estados Unidos advertiram a Rússia a respeito dessa questão. “Comunicamos diretamente, em privado, em níveis muito elevados do Kremlin, que qualquer uso de armas nucleares terá consequências catastróficas para a Rússia, que os Estados Unidos e nossos aliados responderão decisivamente”, afirmou.

Richard K. Betts, professor na Universidade de Columbia e membro sênior adjunto do think tank americano Conselho de Relações Exteriores, apontou em artigo para a revista Foreign Affairs que os Estados Unidos poderiam responder de três formas: condenar o ataque nuclear, mas não fazer nada militarmente; usar também armas nucleares; ou entrar na guerra diretamente com ataques aéreos convencionais em larga escala e mobilização de forças terrestres, sem recorrer a armamento nuclear.

“Todas essas alternativas são ruins porque não existem opções de baixo risco para lidar com o fim do tabu nuclear. Uma resposta de guerra convencional seria a menos ruim das três porque evitaria os maiores riscos das opções mais fraca e mais forte”, argumentou, citando a “luz verde” que seria dada ao Kremlin pela primeira escolha e a escalada nuclear inimaginável que poderia resultar da segunda.

No caso de uma resposta também nuclear da OTAN, a aliança militar do Ocidente, Betts escreveu que a noção prevalente é que haveria um ataque “olho por olho”, ou seja, proporcionar à Rússia um estrago proporcional ao do primeiro ataque do Kremlin. A outra seria responder numa escala maior. Nesse caso, os riscos seriam as consequências para a população ucraniana, caso o ataque contra as tropas russas fosse dentro do país invadido, ou gerar uma “guerra ilimitada” se a resposta fosse em território russo.

Afastamento de China e Índia?
Paulo Filho, porém, não acredita que a OTAN entraria diretamente na guerra da Ucrânia mesmo após um ataque russo com armas nucleares táticas.

“Acho que eles [países da OTAN] aumentariam o apoio em armamento convencional, fornecendo alguns que ainda não foram oferecidos. Por exemplo, sistemas de armas Patriot, antiaéreos e antimísseis, mísseis de alcance superior a 70 km para o sistema lançador múltiplo de foguetes Himars, então, armamentos convencionais mais avançados para apoiar melhor o esforço de guerra ucraniano. E a OTAN também aumentaria a retórica contra a Rússia, o fornecimento de dinheiro e material [à Ucrânia], mas se envolver diretamente na guerra, não”, explicou, citando o fato de a Ucrânia não integrar a aliança militar.

O analista militar destacou que o uso de armas nucleares poderia levar até mesmo aliados a se distanciar de Putin.

“Se a Rússia usar uma arma nuclear tática na Ucrânia, eles [Kremlin] podem, por exemplo, usá-la num ponto remoto, pouco habitado, que causasse relativamente poucas baixas e pouca contaminação nuclear, apenas como uma forma de aviso, de que estariam dispostos a empregar esse armamento”, argumentou Paulo Filho.

“Agora, se fosse usada uma arma dessas em Kyiv, por exemplo, tentando eliminar o presidente [Volodymyr] Zelensky e seu governo, isso causaria uma comoção internacional muito grande e os russos ficariam completamente isolados. Não teriam apoio de ninguém, nem da China, nem da Índia. E isso seria uma postura claramente ofensiva, o que contrariaria toda a retórica russa de que somente utilizaria armas nucleares para se defender”, complementou o especialista.

Paulo Filho citou ainda que um ataque em território russo, tanto nuclear quanto convencional, “seria a Terceira Guerra Mundial”, por isso acredita que essa possibilidade não será considerada pelo Ocidente. Entretanto, isso não significa que Kyiv não continuará tentando recuperar as regiões ocupadas nos oblasts onde estão sendo realizados referendos de anexação pela Rússia.

“Quando o Putin faz esses referendos de anexação em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, está criando uma retórica para sua própria população, de que aquilo passou a ser território russo. Mas é claramente um truque, então, o Ocidente não se sentirá obrigado a considerar aquilo território russo e os ucranianos continuarão atacando”, explicou Paulo Filho.

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SE LULA VENCER ENFRENTAREMOS MAIS ESSA PROVAÇÃO

 

Não se desespere!

Por
Paulo Polzonoff Jr.


Colombiana chora a vitória do comunista Gustavo Petro. Lutaremos. E sobreviveremos.| Foto: EFE/ Luis Eduardo Noriega

“Senhor, onde os meus planos não são os Seus, destrua-os!”

  • atribuído a Santo Agostinho

Não gosto de títulos na forma de perguntas, mas neste caso não deu para evitar. Talvez por causa da minha voz aveludada, da minha testa lombrosiana ou dos meus olhos pequenos e inerentemente tristes, as pessoas acreditam que tenho respostas para algumas dúvidas que só não tiram meu sono porque… Bom, porque eu tenho muito sono mesmo. E a pergunta que mais ouvi nos últimos dias é justamente a que o trouxe até aqui: o que será de nós se Lula vencer as eleições?

O mais surpreendente é que tenho, sim, uma resposta para essa pergunta. Uma resposta que até aqui vem sendo recebida com decepção. Com cansaço. Ou, na melhor das hipóteses, tem entrado por um ouvido e saído pelo outro. Mas paciência. Me basta que nos bares, cafés, pontos de ônibus e filas de banco eu ofereça a resposta com a melhor das intenções. E, no mais, meu controle sobre as palavras que digo ou escrevo termina assim que elas se tornam ondas sonoras ou pulsos eletromagnéticos na tela do seu computador ou celular.

Antes de ouvir a resposta, porém, quero dizer que a simples menção a essa angústia eleitoral/existencial onipresente no brasileiro a menos de uma semana para as eleições presidenciais é sinal de que há algo de muito, muito, muito errado com a forma como encaramos a política (e a vida). Afinal, é nessa política que somos levados a depositar esperanças e temores antes reservados a Deus e à natureza, respectivamente. Você não se escandaliza com isso?

Pois deveria. Repare na gravidade de acreditar que as decisões individuais de milhões de desconhecidos que votam pelas mais diferentes razões equivalem a um furacão ou terremoto e, por isso, representam uma ameaça à sua, à minha, à nossa existência. Ou então que essas mesmas decisões representam a possibilidade de ver realizada uma fantasia de perfeição. Perceba como a ideia do voto como um gesto de consequência extrema, seja ela a esperança ou o pesadelo, coloca sobre os ombros das pessoas comuns, de mim e de você, um peso que ninguém é capaz de suportar.

Ninguém quer ouvir aquele barulhinho chato lá da urna e pensar que seu voto representará o desespero de outra pessoa. Da mesma forma, ninguém quer jamais ter a oportunidade de jogar na cara de amigos, familiares ou colegas de trabalho que o voto deles representa de alguma forma a aniquilação do adversário.

Em se tratando de ideias (e, para todos os efeitos, a disputa democrática é apenas um confronto de ideias), é loucura pensar que apenas dois algarismos digitados numa máquina podem representar a ruína ou salvação de uma pessoa ou país. E, no entanto, é exatamente isso que eu e você andamos pensando nos últimos dias. Isto é, que nossos votos nos salvarão de um futuro horrível ou nos empurrarão para um tenebroso abismo sobre o qual voam em círculos famintas aves de rapina.

Resposta
Aos que me perguntam “o que será de nós se o Lula ganhar”, portanto, tenho respondido com duas palavras unidas por uma conjunção adversativa. Então seriam três palavras? Que seja: lutaremos e sobreviveremos. Parece uma resposta à toa, dita até com certo enfado. Longe disso. É minha resposta mais sincera a esse dilema que tem como pano de fundo outro: que poder temos nós diante das tais forças históricas? Mesmo sem articular assim a questão, há quem neste exato momento, diante de uma camiseta verde-amarela ou uma bandeira do PT, sofre porque se sente esmagado pelo mundo. Como se um indivíduo não fosse capaz de resistir à eventual perversidade da maioria.

É. Somos. O que não quer dizer que essas mesmas forças históricas, a depender de quem ocupe o poder, não nos humilharão nem nos farão sofrer. Sem meias palavras: se Lula vencer a eleição, acredito que a cruz de cada um ficará um bocado mais pesada. Valores que rejeitamos nos serão impostos. Teremos mais dificuldade para comprar o pão nosso de cada dia. Talvez até trabalhar fique mais difícil. Sem falar nos sapos morais (e moraes) que teremos de engolir ao nos sabermos rodeados por pessoas dispostas a votar num ex-presidiário que é marionete de progressistas e comunistas. Mas lutaremos. E sobreviveremos.

Não sei se você é desses que está aí todo desesperado, oscilando entre a esperança e o pânico a cada nova pesquisa eleitoral. Sem conseguir se imaginar exultante ou infeliz no dia 3 de outubro. Se não for, ótimo. Ignore este parágrafo . Se for, recomendo entusiasmadamente a leitura de “Em Busca de Sentido”, de Viktor Frankl. Há algo de poderoso em saber que, mesmo em meio a uma das maiores tragédias humanas de todos os tempos, uma tragédia causada pela adoração a um homem, um partido e uma ideia corrompida de ciência, havia atitudes honradas e demonstrações de amor.

Lutaremos. Cada qual com sua arma, mas sem a afetação da resistência esquerdista ao fascismo imaginário. Uns farão discursos acalorados nas tribunas da Câmara ou do Senado. Outros proferirão sentenças baseadas em princípios. Haverá os que lutarão com o riso ou a vontade de fazer rir. Tem também os que simplesmente se ajoelharão diante de Deus. Seja como for, enfrentaremos mais esta provação e, por mais que me doa reproduzir aqui um lugar-comum, dela sairemos fortalecidos. Se não enquanto povo, enquanto indivíduos.

E sobreviveremos, estimado leitor. Sobreviveremos. Riremos num dia e choraremos noutro. Reclamaremos do excesso ou da falta de trabalho. Ralharemos contra as gerações mais novas. Se houver fila para comprar pão, diremos a um desconhecido que tudo está caro e que já não faz tanto frio no inverno quanto antigamente. Dos planos que continuaremos fazendo, uns se concretizarão e outros não. Nosso amor será retribuído aqui e rejeitado ali. Sobreviveremos – até não sobrevivermos mais, porque este é o curso natural das coisas.

Dessa forma, no último dia de nossas vidas, e independentemente do que acontecer neste domingo e nos quatro anos seguintes, com alguma sorte poderemos olhar nos olhos dos nossos bisnetos e, num derradeiro suspiro, confessar: lutei e vivi.

MULHER DE DIREITA VENCE NA ITÁLIA

 

Europa
Que ela tenha sucesso

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Giorgia Meloni na sede de seu partido, em 25 de setembro: ela será a primeira mulher a governar a Itália.| Foto: Ettore Ferrari/EFE/EPA

O Brasil tem 418 mil eleitores que votam nas eleições italianas e podem eleger um senador e dois deputados, que representam 12 países do continente americano. Tentaram eleger o Emerson Fittipaldi, nosso campeão de Fórmula 1, e o Andrea Matarazzo, que trabalhou no governo Fernando Henrique, para uma vaga no Senado italiano. Só que a Argentina tem 756 mil eleitores na Itália, e elegeram Mario Borghese; Fittipaldi teve 31 mil votos e Matarazzo, 27 mil. Quanto aos dois deputados, um já era parlamentar: Fábio Porta mora em São Paulo, mas é italiano, e teve 22 mil votos. Também foi eleito o argentino Franco Tirelli, que teve 44 mil votos.

Mas o mundo inteiro está falando é de uma jornalista que é deputada há muito tempo, cerca de 20 anos: Giorgia Meloni, nascida em Roma, tem 45 anos, é mãe de uma menina, foi líder estudantil, ministra da Juventude no governo Berlusconi, e é uma das fundadoras do Fratelli d’Italia (“Irmãos da Itália”), um partido conservador, de direita. Ela ganhou muito bem a eleição e vai ter maioria na Câmara e no Senado, o sonho de todo chefe de governo.

Meloni é a primeira mulher a chefiar a Itália, e poderá aplicar as teses que tem defendido a respeito de nacionalismo, controle de imigração e mais independência em relação à União Europeia – ela critica os burocratas de Bruxelas, onde funciona a sede da UE, que tem atrapalhado a Itália. Meloni defende Deus, pátria e família, princípios cristãos, é contra as teorias LGBT, casamento de pessoas do mesmo sexo, aborto e ideologia de gênero.


Essa foi a vontade da maioria dos eleitores italianos, e agora torcemos para tudo dar certo com Meloni, que já está fazendo contatos com outras lideranças conservadoras de direita na Espanha, na Polônia e na Hungria, para fazer uma grande frente contra essa invasão de soberania e essas tentativas de “governo mundial”. Sobretudo, o que me chama a atenção é sua defesa da soberania italiana. Aqui no Brasil, há gente que está pouco ligando para a nossa soberania sobre a Amazônia, dizendo que os organismos internacionais têm força sobre a Amazônia; são os mesmos que pouco ligaram para o patrimônio da Petrobras, dado de presente para a Bolívia na época de Evo Morales.

Ciro se mantém na campanha e não quer saber de “voto útil”
Ciro Gomes fez muito bem: criou expectativa e todos foram acompanhar o que ele diria às 10 horas dessa segunda-feira; houve gente que até tirou da cabeça que ele renunciaria. Mas não, Ciro reafirmou sua candidatura, rejeitou a pregação de “voto útil” de Lula – assim como Simone Tebet também já havia dito “não” – e disse que está se preparando para ir ao segundo turno. O interessante é que os dois principais candidatos acham que resolvem no primeiro turno; um, baseado nas pesquisas, e o outro, baseado nas ruas. Daqui a pouco vamos saber.

O importante é que nós não desperdicemos nosso voto, que pensemos no futuro de nossos filhos e netos. Isso é a coisa mais importante, porque qualquer desastre afeta o país mesmo depois que o mandatário for embora; as consequências do que acontecer de ruim vão ficar. É bom que a gente lembre disso, tenha a consciência de eleitor e pense muito antes de votar.


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EUROPA NÃO TEM MORAL PARA DAR INSTRUÇÕES AMBIENTAIS

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

gas pressure gauge on background of frozen flag of European Union, energy crisis in European countries in the winter season, transition to renewable energy sources, the increase in natural gas prices


| Foto: Bigstock

A Europa, definitivamente, não se cansa de oferecer aos países inferiores mais e mais lições sobre como as sociedades devem se comportar – e como devem ser governadas, é claro, porque os seus burocratas e os seus governos sabem fazer isso melhor do que ninguém. Quanto mais civilizada, responsável e globalista se torna, mais instruções a Europa tem a transmitir. A última delas é francamente assombrosa: a ministra do Meio Ambiente da Suíça propôs que as pessoas passem a tomar banho juntas, para economizar a energia gasta com o aquecimento da água. Não especificou quantas pessoas deveriam tomar esse tipo de banho solidário. Duas? Três? Mais? O que ela disse é que a Suíça tem de reduzir em 15% o seu consumo para evitar cortes de energia neste inverno que vem chegando. Isso mesmo: banho junto. Que tal?

Imaginem se o presidente Jair Bolsonaro fizesse uma proposta dessas – o que o mundo iria dizer? É melhor nem imaginar. Mas como a coisa vem da Suíça, é considerada o máximo de sabedoria, consciência ambiental e boa governança que a humanidade pode pretender. É tudo um perfeito disparate. Uma das definições mais precisas que já foram dadas sobre o papel dos governantes diz que a única função útil de sua existência é tornar a vida das pessoas mais cômoda – o resto é conversa trapaceira de ciência política. Temos, então, o seguinte exercício em demência: em pleno ano 2022 do século XXI, uma dirigente de um dos países tidos como um dos mais avançados do mundo propõe que a sua população se submeta ao incômodo diário de gastar menos água no banho, ou tomar menos banhos. Para que esse exagero de tomar banho todo dia? E qual será o próximo passo da ministra ecológica: dizer que as pessoas devem ir menos ao banheiro, para economizar a água de descarga das privadas? Já se pensou nisso.

Imaginem se o presidente Jair Bolsonaro fizesse uma proposta dessas – o que o mundo iria dizer? É melhor nem imaginar. Mas como a coisa vem da Suíça, é considerada o máximo de sabedoria, consciência ambiental e boa governança que a humanidade pode pretender

Figuras como essa ministra, e soluções como as suas, são o resultado inevitável de anos seguidos de submissão automática dos governos civilizados, virtuosos e inclusivos da Europa ao fanatismo crescente da “causa ambiental”. Na sua aflição sem limites para parecerem ambientalmente corretíssimos com o “planeta”, caíram na irresponsabilidade – em benefício de grupos politicamente desajustados, que não firam eleitos por ninguém e querem impor uma conduta a todos, abandonaram seus deveres na busca e na manutenção de fontes de energia. Fingiram, para agradar à militância ecológica, que era possível manter a população nos mesmíssimos níveis de conforto, sem ninguém abrir mão de nada, e ao mesmo tempo reprimir a produção de energia – um dos demônios atuais da histeria ambiental. Deu na única coisa que poderia dar: crise. Com a suspensão no fornecimento russo de combustíveis, a Europa se vê agora, às portas do inverno, no desespero de encontrar energia para se aquecer. Os governos terão, até o fim do ano, de gastar 500 bilhões de euros para conter os aumentos brutais nas contas de energia. Só conter: os aumentos dispararam, e já atingiram alturas que o consumidor mal consegue pagar, quando consegue. É um desastre para economias que já vêm sofrendo com crescimento baixo, inflação em alta, desemprego e o resto.

Enquanto isso, continuam todos de joelhos diante das seitas que militam contra “a mudança no clima”, o “consumo”, a “destruição da Amazônia” etc. – e escutam as recomendações da ministra suíça para tomar banho junto.


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NASA COLIDE SONDA COM ASTERÓIDE

 

Foto: Johns Hopkins/NASA, Steve Gribben/APL

Por Redação – Jornal Estadão

Agência enviou no ano passado sonda em direção a corpo celeste chamado Dimorphos, com objetivo de mudar sua trajetória e combater possíveis ameaças à Terra

Com o objetivo de testar defesas contra ameaças à Terra, a Nasa, agência espacial americana, iniciou nesta segunda-feira, 26, mais uma fase da missão Dart (em inglês: Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide), que pretende mudar a trajetória de um corpo celeste capaz de causar problemas ao planeta no futuro. Uma aeronave viajou a cerca de seis quilômetros por segundo em direção ao meteoro Dimorphos, pequena lua de 160 metros de diâmetro que ronda o Sistema Solar, e colidiu com o mesmo para mudar sua órbita.

O resultado do impacto, ocorrido às 20h14 no horário de Brasília, com transmissão ao vivo no canal da agência no YouTube, será medido por telescópios. O objetivo da missão é testar métodos de defesa planetária contra corpos celestes que possam representar uma ameaça à humanidade – no caso da Dart, a meta é redirecionar o alvo.

A missão

Com uma hora restando para a colisão, a NASA atualizou que a rota do Dimorphos estava estável e que eles tinham uma visão clara do asteroide. Na casa de 47 minutos até o impacto, o objeto teve o alvo travado em si. A Dart chegou a distancia de 7 mil milhas (cerca de 11 mil quilômetros) quando faltavam 30 minutos, com imagem, dados e sistemas estáveis.

Funcionários da Nasa celebram impacto bem sucedido contra asteroide como parte da missão Dart
Funcionários da Nasa celebram impacto bem sucedido contra asteroide como parte da missão Dart Foto: Jim Watson/AFP

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Restando 21 minutos, a agência já podia focar apenas no traqueamento da espaçonave até a Dimorphos, pois a precisão também estava travada, a 4,5 mil milhas (7,24 mil km).

A quatro minutos do impacto, a Dart já estava a apenas 100 milhas (160 km) do asteroide, e às 20h14 no horário de Brasília, como previsto, a nave colidiu com o objeto.

”Nós temos impacto!’” anunciou Elena Adams, do Controle da Missão à agência de notícias AP, no momento em que o objetivo foi alcançado. “Estamos embarcando em uma nova era da humanidade”, disse Lori Glaze, diretora da divisão de ciência planetária da NASA. Apesar do sucesso e a empolgação da agência, é possível que ainda leve semanas para coletar os resultados e determinar o quanto a órbita do asteroide foi modificada.

A proximidade com a Terra permitirá que especialistas em defesa planetária meçam o impacto. A escolha da data foi proposital, pois a cada 770 dias, o Didymos, sistema onde o Dimorphos está localizado, fica a 11 milhões de quilômetros de nós.

Em 2024, a nave Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), visitará o aglomerado para analisar a colisão com mais detalhes. A missão utiliza elementos de energia cinética e será avaliada também sua capacidade de repetição para que seja estabelecida como uma técnica sólida.

No novembro de 2021, a Nasa lançou a sonda Dart a bordo de um foguete Falcon 9 da Space-X
No novembro de 2021, a Nasa lançou a sonda Dart a bordo de um foguete Falcon 9 da Space-X Foto: Bill Ingalls/Nasa/AFP

O alvo da Nasa nunca teve risco de causar um “armaggedon” em si. No entanto, são conhecidos atualmente cerca de 25 mil asteroides próximos ao planeta, em escala espacial, que representam ameaça, mesmo com chances baixas – e isso é somente 40% do que pode ser o número total.

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Segundo a agência, o sucesso da missão é fundamental para traçar um plano estratégico e realizar testes também em outros corpos celestes. “Estamos trabalhando para adicionar mais rochas espaciais ao nosso catálogo e, enquanto isso, tentando descobrir como garantir que nenhuma atinja a Terra”, disse Thomas Zurbuchen, integrante da diretoria de missão científica da Nasa, no lançamento da operação, em 2021.

Além de combater possíveis “agentes do apocalipse”, a Dart também está focada em desenvolvimento de tecnologia autônoma. Na sonda, foram implementados algoritmos que permitem a viagem sem um operador. Em caso de sucesso e bons resultados, a exploração espacial evoluiria em comunicação – ou o descarte da mesma. Atualmente, as informações enviadas às naves pelo comando demoram algum tempo para que cheguem, o que não permite controle em “tempo real”.

Asteroide na Rússia

O ímpeto em acelerar o desenvolvimento de defesas planetárias foi impulsionado pela queda de um asteroide de 18 metros de diâmetro na cidade de Chelyabinsk, na Rússia, que gerou uma onda de choque e causou danos a seis municípios. A explosão feriu mais de 1600 pessoas e causou danos estimados em US$ 30 milhões (cerca de R$ 153,5 milhões).

Apesar do susto, impactos do tipo são comuns na história da Terra. Diariamente, objetos caem na atmosfera do planeta e são queimados pelas suas proteções naturais. O perigo real surge quando o corpo mede mais de 100 metros de diâmetro, pois esses têm mais chances de não se desintegrarem e são mais difíceis de detectar. De acordo com a Nasa, a entrada de meteoros e cometas do tipo ocorrem uma vez a cada 20 mil anos.

Asteroides maiores, como o responsável pela extinção dos dinossauros há quase 66 milhões de anos – com aproximadamente 10 quilômetros de diâmetro – são mais fáceis de serem notados com antecedência. No entanto, a técnica testada pela agência americana ainda não será suficiente para evitar um desastre global, mas sim danos locais.

CORRUPÇÃO É A PRAGA BRASILEIRA

Artigo
Por
Adriana Ventura

fotos para ilustração Dinheiro, corrupção, imposto


Imagem ilustrativa.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Ela une tudo e todos. Une da pior maneira, corroendo a vida de quem trabalha, estuda ou cuida da casa. Seria o caso de dizer que a corrupção infesta a nossa sociedade e é uma enfermidade amplamente difundida e que ainda espera ter sua “vacina” adotada de Norte a Sul.

Definir corrupção, para os leigos, é simples – o resultado de quem obtém vantagem por meios considerados ilícitos. Corrupção vem do latim corruptus, ou seja, quebrar em pedaços, decompor. Corromper tem mesmo o sentido de “tornar pútrido”. Quem exerce cargo público comete esse crime quando recebe benefícios por fazer (ou deixar de fazer) o que se espera seja feito em função do cargo que ocupa.

Desvio de conduta, lavagem de dinheiro, fraude e improbidade administrativa, assim como peculato e prevaricação, são os casos mais frequentes, de efeitos bastante complexos por aqui, para dizer o mínimo.

Senão vejamos: em 2021, o Brasil ocupou a 94ª posição, entre 180 países, no ranking de corrupção organizado pela Transparência Internacional. E tudo poderia ser diferente, caso o Congresso Nacional usasse de suas prerrogativas para avançar pautas fundamentais no combate à corrupção.


Editorial: O eleitor e o combate à corrupção
O que precisa mudar no tabuleiro da democracia brasileira
Eleições e corrupção: é preciso falar sobre a gestão pública
“Jeitinho brasileiro”: uma expressão lastimável e perigosa
Exemplos? Criar legislações eficazes, que reduzam a impunidade; fiscalizar os atos do Executivo e fortalecer as instituições fiscalizadoras, desestimulando condutas ilícitas com vigilância constante; exigir transparência nos dados públicos, servindo-se de mais tecnologia; buscar a descentralização do poder na tomada de decisões e estimular a cidadania, promovendo a participação de instituições e sociedade na discussão de medidas anticorrupção.

Porém, das 35 pautas prioritárias do governo federal apresentadas na Câmara e no Senado entre 2020 e 2022, nenhuma fez referência ao combate à corrupção. Pior: já ficou claro que a atual Presidência da Câmara não tem a menor intenção de colocar esse tipo de pauta em votação. O combate à corrupção não faz parte da agenda prioritária do Congresso Nacional.

“A luta contra a corrupção não será vencida por nocaute, mas sim por pontos”, já alertou Carlos Ayres de Brito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Esse deve ser de fato o mantra capaz de inspirar brasileiros a exigir outra atitude por parte de todos; afinal, nunca se denunciou tanto corrupção em jornais e TV. No Congresso Nacional, é preciso aprovar leis que restrinjam o foro privilegiado, eliminando os privilégios; aumentem o rigor na punição dos crimes cometidos, incluindo os de partidos políticos e campanhas eleitorais; atuem com firmeza contra a improbidade administrativa, aplicando instrumentos do direito penal e processual eficientes.

Desde março de 2019, a Frente Ética de Combate à Corrupção, que inclui centenas de deputados federais e senadores, tem alimentado discussão e ações entre setores dos Três Poderes, entidades e sociedade civil, atraindo de ex-ministros a ONGs e instituições  internacionais. Bala de prata para acabar com a corrupção não há, sabe-se bem. Mas o combate à praga que devasta corpo e alma do país está em andamento, ainda que a pequenos passos.

Adriana Ventura é presidente da Frente Parlamentar Ética Contra a Corrupção.

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ADAPTAR LOJA FÍSICA PARA CLIENTES DEFICIENTES

 

Boby Vendramin, Diretor de Marketing e Mídia LATAM da Purple-Lens

An Israeli flag blows in the wind from an elevated view of the Western Wall. Jewish orthodox believers read the Torah and pray facing the Western Wall, also known as Wailing Wall or Kotel in Old City in Jerusalem, Israel. It is small segment of the structure which originally composed the western retaining wall of the Second Jewish Temple atop the hill known as the Temple Mount to Jews and Christians.

Quanto maior o número de pessoas circulando na loja, maiores serão as chances de vendas e consulta de clientes. Mas quando a estrutura da loja não está adequada para pessoas com certas limitações, sejam motoras ou visuais, muitos consumidores deixam de visitar o comércio e o negócio deixa de vender. Uma loja física precisa ter o máximo de facilidades para receber as pessoas e sabemos que reconstruir a loja é caro, gera transtornos e o resultado pode não ser o esperado. A solução? Adaptar a loja física, sem mexer na fundação do prédio.

A mesma coisa acontece nas lojas online. Muitos sites não foram criados para receber tráfego de pessoas com limitações visuais, auditivas ou de mobilidade. Essa é uma preocupação muito recente que, tal qual nas lojas físicas, não existia, mas que pode ser adaptado. Para Boby Vendramin, Diretor de Marketing e Mídia LATAM da Purple-Lens, desenvolvedora israelense da ferramenta, é possível pavimentar os caminhos online de qualquer estrutura web criando acessos, independente da arquitetura utilizada pelo site: “É um plug in automático, tecnologia israelense capaz de transformar qualquer site simples ou truncado em uma verdadeira experiência para qualquer usuário. Basta fazer um cadastro e instalar o código de incorporação. Assim que estiver instalado, o site já conta com as funcionalidades de acessibilidade”.

Plug in modifica e melhora o site

Para um maior aproveitamento da solução, também há um scanner que realiza uma varredura em todo o site apontando todas as melhorias necessárias para boas práticas de código acessível. Quando há alguma dificuldade na estrutura do site, que o Purple Lens não consegue resolver automaticamente, um relatório aponta exatamente dentro do código que deverão ser feitas.

Testando antes da contratação

Outra vantagem da ferramenta é a possibilidade de experimentar todas as funcionalidades do sistema por 14 dias antes da aquisição. Isso torna o processo de ajuste à acessibilidade totalmente livre de riscos: “Se no final deste teste não houver satisfação por parte do usuário, nenhuma cobrança será feita. Isso também dá a oportunidade às agências e freelancers de demonstrarem na prática o potencial da ferramenta antes da contratação” completa Boby.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por mais de 165.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por mais de 2.850.000 de pessoas, valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

ABSURDO - LULA QUER IDENIZAÇÃO DO ESTADO POR SUA PRISÃO

 

ITALO NOGUEIRA E VICTORIA AZEVEDO – Folha de São Paulo

O Ex-Presidiário gosta do dinheiro público e quer mais esse além do que ele já retirou.

RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em ato no Rio de Janeiro, neste domingo (25), que o Estado terá que “devolver” e lhe “pagar os prejuízos que eles causaram” em sua vida enquanto ele esteve preso.

As declarações foram dadas no momento em que Lula dizia que foi absolvido nos processos em que respondia na Justiça.

O petista recordou declaração do jornalista William Bonner durante sabatina no Jornal Nacional, em agosto, em que ele relembrou os julgamentos do ex-presidente na Lava Jato e o fato de ele ter tido suas condenações anuladas.

“Achei honroso o William Bonner no dia que fui na entrevista da Globo, ele teve a grandeza de dizer: ‘Presidente, o senhor não deve mais nada à Justiça desse país’. E quem deve são eles a mim. Porque em algum momento o Estado vai ter que devolver e me pagar os prejuízos que eles causaram na minha vida”, disse Lula em ato na quadra da Portela, no Rio de Janeiro.

“Eles sabiam [que] eu não tinha nenhum problema de ficar lá, não tinha nenhum problema. Até porque eu já tinha sido preso em [na década de] 80 e fiquei 31 dias preso. Depois eu lembrei: por que estou preocupado de estar preso se o nosso querido Mandela ficou 27 anos e saiu para governar a África do Sul?”, seguiu o petista.

No discurso, Lula também disse que é “culpado de ser inocente” e criticou o ex-juiz Sergio Moro e o presidenciável Ciro Gomes (PDT) por declarações em que eles afirmaram que o ex-presidente não havia sido absolvido nos processos.

“O [Sergio] Moro fala que não [fui absolvido]. Ouvi o Ciro falando ‘não, você não foi absolvido’. Fui absolvido em 26 processos, duas vezes na ONU e pela Suprema Corte”, disse Lula.

A declaração do ex-presidente foi criticada e serviu como munição para ataques de bolsonaristas nas redes sociais.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), compartilhou trecho do discurso de Lula e escreveu que essa fala é “para cuspir na cara de todos os brasileiros de bem”.

“O Brasil ainda está devendo ao ladrão? O raivoso Lula quer terminar o serviço”, escreveu.

O assessor para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, também criticou a fala de Lula e disse no Twitter que o ex-presidente “deu com as línguas nos dentes”.

“Entregou seu plano de tomar dos cofres públicos o dinheiro do povo brasileiro para ‘compensá-lo’ por ter sido preso e condenado como líder do maior esquema de corrupção do mundo”, escreveu.

O ex-presidente ficou 580 dias preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.

Em abril deste ano, o Comitê de Direitos Humanos da ONU concluiu que os procuradores da Lava Jato e Moro foram parciais em relação aos casos investigados contra o ex-presidente.

Naquele momento, o advogado Cristiano Zanin, que representa o petista, afirmou à imprensa que o governo brasileiro teria que comunicar a ONU, em um prazo de até 180 dias, quais medidas ele iria tomar para “reparar danos causados ao ex-presidente Lula” e para evitar que procedimentos identificados na Lava Jato possam ocorrer com outros brasileiros.

CONGRESSO ATUAL NÃO SE MOBILIZA PARA FAZER AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS NO STF

 

Judiciário
Por
Olavo Soares
Brasília


Detalhe da estátua da Justiça, que fica na frente do STF.| Foto: Nelson Jr./STF

Propostas apresentadas por deputados federais e senadores que buscam mudanças na composição e no funcionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) atravessam anos sem tramitação e têm se acumulado nas gavetas virtuais do Congresso Nacional. Os projetos atacam pontos como os mecanismos de escolha dos membros da Corte, a duração dos mandatos dos ministros e a sistemática de impeachment dos integrantes do STF.

Via de regra, as proposições não chegam nem sequer a ser rejeitadas; seu destino, no geral, é aguardar apreciação em comissões ou a designação de relatores – o que habitualmente não têm prazo limite para ocorrer. Algumas das propostas são defendidas por representantes da esquerda e da direita. Ainda assim, não obtêm força política para avançarem.

Duas ideias que também buscavam modificar o Supremo acabaram se enfraquecendo em um estágio ainda anterior: não conseguiram, ao menos até o momento, reunir os apoios necessários para sua tramitação. Ambas são projetos idealizados no formato de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que, para terem seu pontapé inicial formal no Legislativo, demandam a assinatura de 171 deputados.

Os dois projetos são de autoria de deputados defensores do presidente Jair Bolsonaro (PL): Domingos Sávio (PL-MG) e Paulo Eduardo Martins (PL-PR), e se tornaram conhecidos no último mês de junho. A proposta de Sávio foi apelidada de “PEC anti-STF”, porque tinha como principal meta diminuir o poder da Corte. Entre outras determinações, a proposta dava ao Congresso a possibilidade de rever decisões tomadas pelo Supremo. Já a proposição de Martins dificulta a tomada de decisões monocráticas por parte dos ministros do STF e restringe a possibilidade de sindicatos e partidos políticos apresentarem ações na corte.

Propostas para mudar escolha para o STF e que estabelecem mandato para ministros
No início de 2020 o então presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), divulgou as prioridades do ano para o Legislativo, e entre elas estava uma proposta que revia o modelo de nomeação dos ministros do STF. O projeto tinha autoria do senador Lasier Martins (Podemos-RS) e relatoria do então senador Antonio Anastasia (PSD-MG), atualmente ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

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A proposta determinava que cada integrante do Supremo seria selecionado pelo presidente da República a partir de uma lista tríplice formada por um colegiado constituído por sete membros, entre eles representantes do TCU, do próprio STF e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Hoje, o presidente da República é quem escolhe um nome de qualquer cidadão brasileiro acima de 35 anos com “notável saber jurídico e reputação ilibada”.

O texto do projeto ainda determinava que os membros da corte passariam a ter mandato fixo de 10 anos. Atualmente, a única limitação de tempo é a idade do ministro, que tem de se aposentar compulsoriamente quando completa 75 anos de idade.

A deflagração da pandemia de coronavírus subverteu as prioridades que o Congresso tinha no início de 2020 e impediu o avanço da proposta que mudaria o STF. Mas mesmo após a melhoria da crise sanitária da Covid-19, o tema saiu de cena, e não está hoje entre os assuntos em destaque no Congresso.

Com isso, o projeto de Lasier Martins foi para a lista de espera, assim como um do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), protocolado em 2015, que também estabelecia mandato de 10 anos aos ministros do Supremo.

Quatro anos depois de Cunha Lima, foi a vez de o deputado Paulo Ganime (Novo-RJ) apresentar outro projeto com novas regras para a escolha de ministros e para o tempo de mandato. Pela proposição, os ministros seriam selecionados de forma alternada, com o direito à indicação variando entre presidente da República, Câmara dos Deputados, Senado e o próprio STF. Ganime sugeriu ainda que os mandatos fossem de 12 anos.

O tratamento recebido pelo projeto de Ganime é um símbolo do destino dado às proposições sobre o tema – e também de como esse assunto se espalha pelas diferentes vertentes ideológicas. A proposta de Ganime foi “apensada” a uma outra de 2012. No linguajar do Congresso, apensar significa fazer com que dois projetos de teor semelhante tramitem juntos. A ideia é evitar o retrabalho.

O projeto de 2012 apensado ao de Ganime previa mandatos de sete anos aos ministros do STF e foi apresentado pelo ex-deputado Nazareno Fonteles (PT-PI). E, por sua vez, esse projeto de Fonteles havia sido apensado a um de 2008, proposto por Neilton Mulim (PP-RJ). A proposição de Mulim não passou por tramitações significativas nos últimos cinco anos.

O Congresso ainda discutiu um projeto da então senadora Marta Suplicy (SP) que cria uma nova sistemática para os prazos relacionados à nomeação de novos ministros do STF. Atualmente, o presidente da República é livre para fazer sua escolha para o Supremo quando quiser, e o Senado também não tem um prazo delimitado para apreciar a indicação.

A proposta de Marta previa que o presidente teria três meses para indicar o nome, e o Senado 45 dias para aprová-lo ou rejeitá-lo. O projeto chegou a ter algum avanço nos meses iniciais após ser apresentado, mas está inativo há pelo menos um ano.

Impeachment de ministros do Supremo é tratado em projetos
O Congresso ainda discute – também a passos lentos – projetos que reveem os mecanismos de impeachment de ministros do STF. Hoje, o impeachment é conduzido pelo presidente do Senado. Qualquer cidadão pode pedir o afastamento e cassação, mas a decisão sobre a abertura ou não de um processo compete exclusivamente ao presidente do Senado.

Duas dessas proposições ampliam o leque dos crimes de responsabilidade que são passíveis de impeachment de ministros do STF. Em uma delas é definido como crime de responsabilidade emitir opinião sobre processos ainda em curso. Os dois projetos são de autoria de deputados aliados do governo Bolsonaro: Chris Tonietto (PL-RJ) e Paulo Eduardo Martins.

PEC da Bengala no Judiciário venceu a gaveta
Em 2017, a imposição de prazo para o mandato de ministros do STF chegou a ser aprovada em uma comissão da Câmara que discutia a reforma política. A proposição havia sido apresentada pelo então deputado Vicente Cândido (PT-SP). Mas não prosperou quando a Câmara votou a reforma política. O trecho sobre os ministros do STF foi suprimido, e não voltou ao debate.

Dois anos antes, o Congresso havia aprovado uma rara proposta de emenda à Constituição de impacto no Judiciário: a chamada “PEC da Bengala”. A proposição elevou de 70 para 75 anos o prazo para aposentadoria compulsória dos integrantes do STF e de demais tribunais superiores. A aprovação da “PEC da Bengala”, ao estender o tempo de trabalho dos ministros, impediu a então presidente Dilma Rousseff (PT) de indicar novos nomes para o STF. À época, a Câmara era presidida por Eduardo Cunha, adversário da petista.

Nos últimos anos, uma iniciativa que reverte os efeitos da “PEC da Bengala” chegou a ter avanços na Câmara. A ideia é defendida pela deputada Bia Kicis (PL-DF), apoiadora do presidente Bolsonaro, e determina que a aposentadoria compulsória volte a ser aos 70 anos.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/stf-projetos-para-mudancas-no-supremo-se-acumulam-nas-gavetas-do-congresso/
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A ECONOMIA É UM DOS MAIORES DESAFIOS DO PRÓXIMO GOVERNO

Editorial
Gazeta do Povo

(Brasília, DF – 01/02/2017) Mastro da Bandeira Nacional na Praça dos Três Poderes, vista do Palácio do Planalto. Foto: Guilherme Britto/PR


Mastro da Bandeira Nacional na Praça dos Três Poderes, visto do Palácio do Planalto: saúde pública, educação e geração de emprego devem ser prioridades do presidente eleito, segundo pesquisa.| Foto: Guilherme Britto/PR

O governo que for escolhido pelo eleitor em outubro para a gestão dos próximos quatro anos enfrentará extensa lista de problemas e desafios, alguns relativos ao curto prazo e outros vinculados ao longo prazo. As carências e os obstáculos estão praticamente diagnosticados, restando saber como o Poder Executivo e o Poder Legislativo atuarão para que o país conseguir prosperar rumo à melhoria das condições de vida da população. Seja quem forem os eleitos, eles deverão responder à sociedade com programas e propostas, num primeiro momento, e com medidas concretas na ação executiva do dia a dia. Os grandes objetivos socioeconômicos são sempre os mesmos: aumentar a produção nacional a taxas acima do crescimento populacional, como condição necessária para expandir a renda por habitante, superar a miséria e reduzir a pobreza.

O desafio de melhorar as condições de bem-estar social médio da população é imenso, pois, segundo estimativas extraídas dos dados do IBGE, a população atingirá 216 milhões de habitantes em 2023, dos quais pelo menos 25% são pobres ou miseráveis. Não há divergências quanto aos objetivos gerais, ficando as discordâncias por conta das medidas e projetos a serem implantados e em que ordem serão executados. O governo e os parlamentares que assumirão em janeiro próximo terão de lidar, no curto prazo, com cinco problemas econômicos: desemprego, inflação, saúde fiscal, dívida pública e juros. O primeiro aspecto a ser entendido é que esses problemas estão todos interligados e são de responsabilidade não só do governo federal, mas também dos governos estaduais e municipais.

O Brasil tem condições propícias ao crescimento econômico e desenvolvimento social. Resta esperar que os eleitos tenham a competência para escolher as políticas públicas certas e executá-las com eficiência

O setor público não se resume apenas ao governo federal, mas este é o ator principal no sucesso ou fracasso da condição futura nacional. Todo governo tem de lidar com o curto prazo, pois é do êxito na gestão deste que se define o cenário para o êxito do crescimento e da melhoria social no longo prazo. O bom desempenho na gestão daqueles cinco problemas citados é requisito necessário para o sucesso no longo prazo e para definir os rumos da economia do país. Seguindo a ordem da lista, o primeiro e mais premente desafio diz respeito à luta incessante para tentar trazer o desemprego para 5% da população economicamente ativa. Para isso, o Brasil necessita gerar 5 milhões de empregos novos, praticamente todos no setor privado, e o pré-requisito número um para obter sucesso nessa empreitada é o crescimento firme e contínuo do PIB. O crescimento do PIB, por sua vez, requer segurança jurídica e ambiente institucional favorável à atração de empreendedores nacionais e investidores estrangeiros dispostos a colocar seu dinheiro no Brasil.

O segundo desafio é o enquadramento da inflação na meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, também pelo efeito que a inflação tem no incentivo ou desestímulo aos investimentos privados. Nesse ponto, os sinais atuais são bons, pois o repique da inflação, levando-a a mais de 10% no acumulado de 12 meses, foi consequência de fatores como a retomada pós-pandemia e choques de oferta, valendo citar a crise hídrica e a invasão da Ucrânia como eventos que ajudaram a piorar o quadro inflacionário – um fenômeno que não se limita ao Brasil, mas é global, a ponto de Estados Unidos e outras economias desenvolvidas terem registrado inflação anualizada superior à brasileira.

O terceiro desafio – o controle das contas fiscais – tem conexão direta com a inflação. A decisão de elevar substancialmente os gastos com programas sociais de ajuda aos afetados pela pandemia foi perfeitamente justificada, dado o elevado número de brasileiros que perderam parcial ou totalmente sua renda durante o isolamento social. No entanto, em condições normais, sem crises graves, o controle fiscal é obrigação dos gestores públicos, sendo algo relativamente fácil de realizar. Tal controle é importante para a criação do ambiente institucional favorável à atração de investimentos e, adicionalmente, contribui com o combate à inflação.


O equilíbrio fiscal, por sua vez, ajuda na administração do quarto desafio: o controle da dívida pública, que abre espaço para aumento dos investimentos do governo, aumenta os fundos disponíveis no sistema bancário para financiamento privado ao diminuir a pressão do governo por novos empréstimos e, como consequência, deixa de pressionar a taxa de juros para cima. A contenção da taxa de juros – o quinto desafio de nossa relação – por si só provoca aumento do consumo, aumento dos investimentos e, ao exigir menores despesas do governo com encargos da dívida, ajuda na redução do déficit público.

A boa gestão desses cinco elementos macroeconômicos tem efeito favorável significativo sobre o crescimento econômico. Assim, qualquer que seja o governante, a sociedade deve pressionar para que essa linha seja seguida, inclusive porque, apesar dos problemas derivados da pandemia, da crise hídrica e da guerra, o Brasil está em situação momentânea melhor até mesmo que muitos países desenvolvidos. Os indicadores de Estados Unidos, Europa e vários países latino-americanos, para ficar em alguns exemplos, estão inferiores aos brasileiros, demonstrando que o Brasil tem condições propícias ao crescimento econômico e desenvolvimento social. Resta esperar que os eleitos tenham a competência para escolher as políticas públicas certas e executá-las com eficiência.

ELEIÇÕES 2022
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EX-ASSESSOR DE TRUMP CRITICA A ATUAÇÃO DE MINISTRO DO STF

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