Giorgia Meloni, líder do Irmãos da Itália, deve ser a nova primeira-ministra.| Foto: Ettore Ferrari/EFE
A
líder do partido Irmãos de Itália (FdI), Giorgia Meloni, disse que a
coalizão de direita que venceu as eleições gerais italianas deste
domingo (25) vai governar para unir o país.
Esta foi a primeira declaração pública de Meloni depois que sua
legenda, uma das três que formam a coalizão direitista, foi a mais
votada no pleito. Com isso, ela deve se tornar a primeira mulher a
governar a Itália.
Em discurso em um hotel nos arredores de Roma no início da madrugada
de segunda-feira (26), Meloni evitou tons triunfalistas e garantiu que a
coalizão também composta pela Liga, de Matteo Salvini, e o Força
Itália, de Silvio Berlusconi, governará “para que os italianos possam se
orgulhar de serem italianos”.
De acordo com os resultados parciais, o FdI foi o partido mais
votado, com cerca de 26%, e a coalizão obteve 43%, contra 26% do bloco
progressista liderado pelo Partido Democrata (PD).
“Os italianos deram uma indicação clara a partir das urnas, e a
indicação é para um governo de centro-direita sob a orientação do Irmãos
de Itália”, disse Meloni. Ela também afirmou que é “hora de os
italianos terem novamente um governo que saia de uma indicação nas
urnas”.
Meloni lamentou que a campanha eleitoral tenha sido “agressiva e
violenta” e ressaltou que “a Itália e a União Europeia precisam da
contribuição de todos para a complexa situação em que nos encontramos”.
Ela também se mostrou descontente com a taxa de abstenção no pleito –
36% – e declarou como objetivo “reconstruir a relação entre o Estado e
os cidadãos”.
Quem é Giorgia Meloni, política conservadora que pode se tornar a próxima premiê da Itália
Por Fábio Galão
Giorgia Meloni é líder do partido conservador Irmãos da Itália,
que aparece nas pesquisas em empate técnico na liderança com o
centro-esquerdista Partido Democrático| Foto: EFE/EPA/ALESSANDRO DI MEO
Em
25 de setembro, os italianos foram às urnas para as eleições gerais no
país, antecipadas devido ao colapso da coalizão do primeiro-ministro
Mario Draghi. Na disputa, aparece como favorita a deputada Giorgia
Meloni, de 45 anos e líder do partido conservador Irmãos da Itália. Como
vencedora, ela será a primeira premiê mulher da história italiana.
Nas últimas pesquisas, a legenda de Meloni aparecia em empate técnico
na liderança com o centro-esquerdista Partido Democrático, liderado por
Enrico Letta.
Para garantir a maioria no Parlamento, os Irmãos da Itália têm como
trunfo a aliança com a direitista Liga Norte, de Matteo Salvini (crítico
da imigração ilegal, como Meloni), e o partido de centro-direita Forza
Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, em cujo governo
Meloni foi ministra da Juventude entre 2008 e 2011.
A deputada é acusada por seus opositores de ser neofascista, já que o
símbolo dos Irmãos da Itália tem uma chama com as cores da bandeira
italiana que também aparecia no logo do Movimento Social Italiano,
legenda neofascista fundada após a Segunda Guerra Mundial (e extinta em
1995). Além disso, em 2019, Meloni apoiou Caio Giulio Cesare Mussolini,
bisneto do ditador Benito Mussolini, na sua candidatura ao Parlamento
Europeu.
Entretanto, a deputada nega posições extremistas. “A direita italiana
relegou o fascismo à história há décadas, condenando inequivocamente a
supressão da democracia e as ignominiosas leis contra os judeus”, disse
Meloni numa mensagem gravada em inglês, francês e espanhol que foi
divulgada na semana passada.
Embora seja crítica de aspectos burocráticos da União Europeia, a deputada também negou que pretenda tirar a Itália do bloco.
“Há dias venho lendo artigos na imprensa internacional sobre as
próximas eleições para um novo governo na Itália, nos quais sou descrita
como um perigo para a democracia e para a estabilidade italiana,
europeia e internacional”, disse Meloni na mensagem, acrescentando que
essas análises consideram que uma vitória dos Irmãos da Itália seria “um
desastre, levando a uma virada autoritária, à saída da Itália do euro e
outras bobagens desse tipo”. “Nada disso é verdade”, garantiu.
Para enfatizar o argumento de que a Itália seguirá próxima dos seus
parceiros no Ocidente, Meloni destacou que num eventual governo seu a
Itália continuará apoiando a Ucrânia na guerra contra a Rússia – os
aliados políticos da deputada já manifestaram posições alinhadas a
Moscou antes da guerra, visto que Berlusconi é amigo de Vladimir Putin e
Salvini elogiou o presidente russo, e seus partidos questionaram o
envio de armas para os ucranianos.
“Sempre defendemos e apoiamos a causa ucraniana, não apenas porque
acreditamos na causa, mas também porque a Itália não pode arriscar ser o
elo fraco da aliança ocidental”, afirmou Meloni à emissora estatal RAI
no final de julho. “[O Ocidente] precisa saber que pode contar conosco.
Eu não toleraria qualquer hesitação neste ponto.”
Mãe de uma menina de cinco anos, Meloni é cristã e já se manifestou
contra a ideologia de gênero e o “fundamentalismo climático”.
Lorenzo Pregliasco, presidente da empresa de pesquisas YouTrend,
disse à agência Associated Press que as pesquisas de opinião indicam que
Meloni é percebida pelos italianos como “uma líder que tem ideias
claras – nem todos concordam com essas ideias, é claro”.
“Ela é creditada como tendo uma abordagem consistente e coerente
sobre política. Ela não fez concessões”, acrescentou Pregliasco.
Lula durante comício da campanha para presidente da República| Foto: Ricardo Stuckert/PT
O
candidato a presidente pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, gastou R$
607 mil com diárias e passagens para seguranças e assessores em viagens
pelo Brasil e exterior no período pré-eleitoral e já na campanha oficial
– todas pagas com a verba de ex-presidente. Os salários dos sete
seguranças e assessores nesse período somaram mais 420 mil. Incluindo
despesas com combustível, locação de veículos e telecomunicações, a
conta para o contribuinte fechou em R$ 1,05 milhão.
As despesas dos seis ex-presidentes – José Sarney, Fernando Collor,
Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer – somaram R$ 3,9
milhões até julho. Até janeiro deste ano, a gastança estava em R$ 75
milhões. A Lei 7.474/86 diz que os ex-presidentes têm direito aos
serviços de quatro servidores para segurança e apoio pessoal, mais dois
veículos oficiais blindados (R$ 108 mil cada) com motoristas – tudo pago
pela Presidência da República.
Em 2002, passaram a contar também com dois assessores com cargos em
comissão de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) nível 5. Fazem
parte da equipe de apoio a Lula um capitão reformado, 2
primeiros-tenentes da ativa, 3 segundos-sargentos e 1 servidor civil.
A ex-presidente Dilma já utilizou essa estrutura na sua tentativa de
eleição para o Senado por Minas Gerais, em 2018. Sua equipe de apoio
recebeu 350 diárias num total de R$ 100 mil, durante a campanha. A
despesa total, incluindo passagens aéreas, chegou a R$ 153 mil, em
valores atualizados. Dilma não foi eleita. Naquele ano, ela também fez
um roteiro de 12 dias por Espanha e Estados Unidos, em defesa da
liberdade de Lula, com despesas de R$ 204 mil aos cofres públicos.
Os candidatos à Presidência da República contam ainda com a segurança
de agentes da Polícia Federal – cujos custos estão sob sigilo. Mas a
principal fonte de financiamento da campanha de Lula é o Fundo Especial
de Financiamento de Campanha, que destina dinheiro público aos
candidatos nas eleições de 2022. Até agora, Lula já recebeu R$ 90
milhões – quase a totalidade originado do “Fundão”. Despesas no valor de
R$ 58 milhões já estão contatadas. O ranking de fornecedores é
liderados pela M4 Comunicação e Propaganda, que faz a campanha de Lula,
com R$ 26 milhões.
Lula foi acompanhado pela equipe destinada a ex-presidentes em 16
capitais mais 10 cidades de médio porte. O roteiro para Manaus, Belém e
São Luís, de 27 de agosto e 3 de setembro – custou um total de R$ 42
mil. Sete seguranças e assessores se alternaram nos eventos nas três
capitais. Ao lado do senador Eduardo Braga (MDB), candidato ao governo
do estado, e do senador Omar Aziz (PSD), ex-presidente da CPI da Covid,
Lula lembrou o seu programa com maior apelo eleitoral: “Eu tenho noção
do que foi acabar com a fome nesse país, reconhecido pela Organização
das Nações Unidas”.
Em Belém, onde declarou apoio ao governador Helder Barbalho (MDB),
Lula criticou a mudança do programa social Minha Casa Minha Vida para
Casa Verde e Amarelo. “Que babaquice é essa de tudo ser verde amarelo?
Casa Verde e Amarelo, Carteira de Trabalho Verde e Amarelo. Por causa
dela, os empregos estão quase todos na informalidade. Os trabalhadores
perderam seus direitos. É essa carteira de trabalho que nós queremos?
Não”, afirmou.
Em São Luís, o ex-presidente subiu o tom contra o presidente Jair
Bolsonaro. Disse que o atual presidente “não derramou uma lágrima” pelas
vítimas da Covid. “Esse genocida não merece estar na presidência da
República”. Afirmou que decidiu disputar a presidência para o país não
ser “destruído pela “incompetência de um fascista”, “alguém que conta
sete mentiras por dia”. Prometeu ainda revogar os decretos de Bolsonaro
que ampliam prazos de sigilo sobre documentos. “Quem não deve não teme.
Não deve esconder nem um dia. Ele está tentando esconder por 100 anos”.
No dia 29 de julho, Lula esteve na convenção do PSB que aprovou a
coligação com a federação PT/PV/PCdoB, no hotel Meliá, em Brasília. As
despesas com a equipe de apoio somaram R$ 66 mil, sendo R$ 42 mil com
passagens par seguranças e assessores. Naquele evento, defendeu uma
mudança na relação do presidente da República com as Forças Armadas.
“Uma relação em que cada um cumpra a sua função, e não ter um presidente
que trata as Forças Armadas como se fosse um objeto na mão dele”.
Criticou também a reunião do presidente com embaixadores: “Nunca
imaginei que veríamos um presidente cometendo a idiotice chamar os
embaixadores de 70 países para mentir e vender uma ideia falsa de que a
democracia corre risco por causa das urnas eletrônicas”. E chamou seus
eleitores para a rua: “Daqui pra frente é tudo em lugar aberto. Temos
que ir pra rua pra mostrar que o povo brasileiro quer democracia de
verdade. Não podemos ceder a esse fanfarrão”.
No dia 21 de julho, esteve em Recife, Garanhuns e Serra Talhada, em
Pernambuco. O deslocamento dos sete integrantes da equipe de apoio
custou R$ 34 mil. Em Recife, Lula disse que o voto favorável de petistas
à PEC que permitiu ao governo ampliar benefícios sociais às vésperas da
eleição foi “um ato de humanidade”. Mas fez um alerta: “Se Bolsonaro
pensa que vai ganhar o voto do povo dando isso por três meses, terá uma
grande lição. O povo vai pegar o dinheiro e não vai votar nele”.
“Tomado pelo ódio, fanatismo” Lula fez ato público no Centro de
Convenções Ulysses Guimarães, em 12 de julho. As despesas com os
seguranças e assessores pagos pela Presidência somaram R$ 22 mil. Lula
lamentou a escalada de violência política que culminou com o assassinato
do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda. Disse que
estão tentando fazer da campanha eleitoral “uma guerra”. “Nós não
precisamos brigar. A nossa arma é a nossa tranquilidade. Não temos que
aceitar provocação”, disse Lula. Afirmou, ainda, que o homem que atirou
em Marcelo estava tomado pelo “ódio, loucura, fanatismo e sectarismo”.
E retomou o tema Covid: “Se o Bolsonaro quiser visitar as pessoas
pelas quais ele é responsável pelas mortes, ele vai ter muita viagem.
Porque ele não chorou uma lágrima pelas mais de 600 mil vítimas da
Covid. Nunca se preocupou em visitar uma criança órfã, e são muitas.
Nunca se preocupou em visitar uma viúva que perdeu o seu marido”. Disse
que Bolsonaro tem um “comportamento desumano, do mal”.
Palanque no México A viagem de Lula ao México serviu com o mais um
palanque pré-eleitoral para Lula. Em discurso na Câmara dos Deputados
daquele país, em 3 de março, o ex-presidente destacou resultados da
política de inclusão social de seu governo, que “retirou 36 milhões de
pessoas da extrema pobreza, ampliou e democratizou o acesso ao ensino
superior”, segundo nota publicada na página do Instituto Lula”. As
despesas com diárias e passagens de seguranças e assessores somaram R$
96 mil.
Ele também aproveitou a viagem para criticar o atual governo:
“Assistimos hoje à volta de flagelos como desemprego, fome, destruição
dos direitos trabalhistas, devastação do meio ambiente, desrespeito aos
direitos humanos e às minorias, ataques à democracia. As consequências
da ascensão da extrema direita no Brasil são os cerca de 650 mil mortos
pela Covid, os 14 milhões de desempregados, e os 116 milhões de
brasileiros que sofrem algum grau de insegurança alimentar. Pessoas que
só conseguem comer uma vez por dia. E pessoas que simplesmente não têm o
que comer”.
O blog fez contato com a assessoria de Lula e lembrou que o
ex-Presidente fez dezenas de viagens na pré-campanha e também no período
oficial de campanha acompanhado por seguranças e assessores pagos pela
Presidência da República, conforme a Lei 7.474/1986. Questionou, então,
se essa despesa paga pela Presidência, incluindo diárias, passagens e o
salário dos servidores, não fere a Lei Eleitoral. Não houve resposta até
a publicação da reportagem.
Ministro do TSE Benedito Gonçalves, responsável por algumas das
decisões contra a campanha de Jair Bolsonaro.| Foto: Divulgação/STJ
Foi autorizado no sábado (24) o terceiro lote do auxílio a
caminhoneiros e taxistas. São 360 mil caminhoneiros autônomos e quase
300 mil taxistas. Já foram subsidiados com R$ 877 milhões, por causa do
preço do combustível, que, aliás, está baixando.
Outro número que eu queria que vocês pensassem a respeito: as pessoas
me abordaram perguntando se eu acreditava em pesquisa. Eu disse:
depende. Quanto é 1% do total dos eleitores brasileiros? Um milhão e 560
mil. Aí eu pergunto: você acreditaria que entrevistando 1% isso garante
que representa o todo, 100% dos eleitores? Claro que não.
Só que as pesquisas não entrevistam nem 1%, entrevistam 0,00 qualquer
coisa. As pesquisas estão entrevistando de 2 mil pessoas a 7 mil e
poucas pessoas. Então, não tem representatividade.
Vocês podem dizer: a ciência das pesquisas escolhe as cidades certas,
a idade das pessoas, a profissão, a escolaridade… mas veja: no
Paraguai, onde são cerca de 7 milhões de eleitores, fica mais fácil
fazer uma pesquisa com 7 mil pessoas, fica mais realista. Agora, com 156
milhões? Aí sinto muito, só se eu fosse muito ingênuo para aceitar.
Justiça impede campanha do presidente Vejam só o que está
acontecendo: a Justiça Eleitoral, especialmente pelo ministro Benedito
Gonçalves, aquele que recebeu uns tapinhas na bochecha do ex-presidente
Lula, está proibindo tudo da campanha do presidente Jair Bolsonaro.
Proibiu mostrar as imagens de Londres, imagens de Nova York e agora
proíbe qualquer imagem que seja feita no Palácio Alvorada, no Palácio do
Planalto, ou alguma atividade do presidente.
Um amigo me disse o seguinte: a Justiça Eleitoral está proibindo que o
presidente da República esteja na campanha de Jair Bolsonaro. Eu
acrescentei: a despeito de a lei permitir. Ora, se a lei permite que o
governador dispute a eleição e não saia do governo, o presidente da
República também é candidato ao mesmo tempo. Não tem como separar, só
que agora está se separando. Mas se não pode, paciência, fazer o quê?
Barroso manda mais que vereadores e TJ O ministro Luís Roberto
Barroso manda mais que 25 vereadores de Curitiba, mais que o Tribunal de
Justiça do Paraná. Aquele vereador que profanou um templo católico e
foi julgado na Câmara de Vereadores – Renato Freitas -: a Comissão de
Ética votou para tirar o mandato dele, por falta de decoro. Depois deu
25 a 5 no plenário. O vereador ainda recorreu ao Tribunal de Justiça, o
tribunal confirmou a decisão da Câmara dizendo que não se mete, é
interna corporis, questão interna do Poder Legislativo.
Aí ele recorreu ao Supremo, caiu na mão do ministro Barroso, o
ministro sozinho, monocraticamente, disse que isso é liberdade de
expressão para defender os negros. E não mencionou ou desconheceu que
uma cláusula pétrea da Constituição determina a proteção aos locais de
culto. O nome disso é profanação, então, é mais um caso pra gente
registrar a nossa vontade de cidadão de fazer com que a Constituição
Brasileira seja respeitada. Porque aí se respeitam todos os direitos,
nossos direitos que lá estão previstos.
Agência enviou no ano passado sonda em direção a corpo celeste
chamado Dimorphos, com objetivo de mudar sua trajetória e combater
possíveis ameaças à Terra
Com o objetivo de testar defesas contra ameaças à Terra, a Nasa, agência espacial americana, iniciará nesta segunda-feira, 26, mais uma fase da missão Dart (em
inglês: Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide), que pretende
mudar a trajetória de um corpo celeste capaz de causar problemas ao
planeta no futuro. Uma aeronave viajará a cerca de seis quilômetros por
segundo em direção ao meteoro Dimorphos, pequena lua de 160 metros de diâmetro que ronda o Sistema Solar e, se tudo der certo, o impacto modificará sua órbita.
O resultado da colisão, prevista para ocorrer às 20h14 comtransmissão ao vivo no canal da agência no YouTube, será medida por telescópios.
A proximidade com a Terra permite que especialistas em defesa
planetária observem e meçam o impacto da sonda que atingirá o asteroide.
A escolha da data foi proposital, pois a cada 770 dias, o Didymos, sistema onde o Dimorphos está localizado, fica a 11 milhões de quilômetros de nós.
Em 2024, a nave Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA),
visitará o aglomerado para analisar a colisão com mais detalhes. A
missão utiliza elementos de energia cinética e será avaliada também sua
capacidade de repetição para que seja estabelecida como uma técnica
sólida.
O “alvo” da Nasa não tem risco de causar um “armaggedon” em si. No
entanto, são conhecidos atualmente cerca de 25 mil asteroides próximos
ao planeta, em escala espacial, que representam ameaça, mesmo com
chances baixas – e isso é somente 40% do que pode ser o número total.
Segundo a agência, o sucesso da missão é fundamental para traçar um
plano estratégico e realizar testes também em outros corpos celestes.
“Estamos trabalhando para adicionar mais rochas espaciais ao nosso
catálogo e, enquanto isso, tentando descobrir como garantir que nenhuma
atinja a Terra”, disse Thomas Zurbuchen, integrante da diretoria de
missão científica da Nasa, no lançamento da operação, em 2021.
Além de combater possíveis “agentes do apocalipse”, a Dart também
está focada em desenvolvimento de tecnologia autônoma. Na sonda, foram
implementados algoritmos que permitem a viagem sem um operador. Em caso
de sucesso e bons resultados, a exploração espacial evoluiria em
comunicação – ou o descarte da mesma. Atualmente, as informações
enviadas às naves pelo comando demoram algum tempo para que cheguem, o
que não permite controle em “tempo real”.
Asteroide na Rússia
O ímpeto em acelerar o desenvolvimento de defesas planetárias foi
impulsionado pela queda de um asteroide de 18 metros de diâmetro na
cidade de Chelyabinsk, na Rússia, que gerou uma onda de choque e causou
danos a seis municípios. A explosão feriu mais de 1600 pessoas e causou
danos estimados em US$ 30 milhões (cerca de R$ 153,5 milhões).
Apesar do susto, impactos do tipo são comuns na história da Terra.
Diariamente, objetos caem na atmosfera do planeta e são queimados pelas
suas proteções naturais. O perigo real surge quando o corpo mede mais de
100 metros de diâmetro, pois esses têm mais chances de não se
desintegrarem e são mais difíceis de detectar. De acordo com a Nasa, a
entrada de meteoros e cometas do tipo ocorrem uma vez a cada 20 mil
anos.
Asteroides maiores, como o responsável pela extinção dos dinossauros
há quase 66 milhões de anos – com aproximadamente 10 quilômetros de
diâmetro – são mais fáceis de serem notados com antecedência. No
entanto, a técnica testada pela agência americana ainda não será
suficiente para evitar um desastre global, mas sim danos locais.
O sucesso de uma empresa depende da sua capacidade de inovar e
desenvolver novas soluções, para isso, é preciso que exista uma força de
trabalho criativa, ágil e com vários conjuntos de habilidades. Um
estudo da Harvard Business Review realizado com 1.700 corporações e em
oito países, descobriu que diversas empresas tiveram uma receita de
inovação 19% maior do que empresas que não possuem um quadro de
colaboradores diversificado.
A definição de diversidade e inclusão pode ser interpretada de
diversas maneiras, mas ainda assim, em sua essência, está o entendimento
de que cada ser é único e deve ser respeitado. Isso inclui raça, etnia,
identidade de gênero, orientação sexual, necessidades especiais, status
econômico, religião, ideal político, idade e habilidades.
Há muitas evidências a favor de uma força de trabalho diversificada e
inclusiva, não apenas em termos de desenvolvimento de novas ideias, mas
também na criação de um ambiente atraente e acolhedor para quem procura
uma organização para se desenvolver profissionalmente. Os esforços para
incluir diversidade e inclusão em uma corporação são necessários para
criar um ambiente onde todos se sintam bem-vindos e possam contribuir
com suas melhores ideias e talentos.
O ambiente de trabalho ideal para os millennials
A geração Y ou geração do milênio – pessoas que nasceram entre 1981 e
1996 – representam 34% da população mundial, ou seja, os millennials
são maioria e constituem 70% da força de trabalho no mercado atual,
segundo dados coletados pela FGV.
Os profissionais desta geração costumam ter a autoestima mais
elevada. Outra grande característica é o fato de tenderem a ter uma
criatividade aflorada, e são extremamente conectados com questões
sociais, como política, sustentabilidade, luta de classes, entre outros.
Os millennials não toleram preconceitos e isso faz com que procurem
ambientes – pessoais ou profissionais – que se adequem aos seus ideais.
De acordo com uma pesquisa de 2019 da World Economic Forum, 47% dos
millennials procuram ativamente a diversidade no local de trabalho, o
que significa que essa questão deve ser uma preocupação primordial para
as organizações que buscam atrair os melhores e mais preparados
profissionais.
Criando uma atmosfera inclusiva
Há muitas maneiras pelas quais as empresas podem aprimorar seus
esforços de inclusão. Uma forma simples de começar a abordar esse
assunto com a equipe é realizar treinamentos sobre sensibilidade
cultural, incluir palestras sobre o tema no cotidiano da corporação, e
aos poucos, criar um ambiente inclusivo no qual todos sejam bem-vindos
para expressar suas opiniões.
Mas mais importante do que criar programas e engajar os funcionários,
as organizações devem garantir que suas políticas e práticas reflitam a
importância de abraçar a diversidade e a inclusão, não só dentro, mas
fora da empresa também. Isso pode abranger: incluir metas inteligentes
que envolvam diversidade, assumir o compromisso de contratar uma força
de trabalho inclusiva e desenvolver projetos de inclusão que sejam
abertos ao público.
Por que a diversidade e inclusão são importantes para as organizações?
A inclusão no local de trabalho é uma das chaves mais importantes
para a retenção. Quando os funcionários não sentem que suas ideias,
presença ou contribuições são realmente valorizadas ou levadas a sério
por sua organização, eles acabam saindo.
Uma pesquisa realizada pela Great Place To Work mostrou que um local de trabalho diversificado e inclusivo pode ter:
Maior crescimento de receita;
Maior disponibilidade para inovar;
Maior capacidade de recrutar um conjunto diversificado de talentos;
Retenção de colaboradores 5,4 vezes maior.
Ter uma cultura inclusiva no local de trabalho não apenas ajudará a
empresa a atrair um conjunto diversificado de colaboradores, mas também a
reter os diversos talentos conquistados até então. O estudo também
mostrou que quando o funcionário confia que ele e seus colegas são
tratados de forma justa, independente da raça, orientação sexual ou
idade, tem:
9,8 vezes mais chances de ficar feliz ao ir trabalhar;
6,3 vezes mais chances de ter orgulho do seu trabalho;
5,4 vezes mais chances de querer construir uma carreira na empresa
Quando as empresas adotam a diversidade e a inclusão, equipes
diversas costumam ser mais criativas e inovadoras, o que leva a novas
ideias e soluções para garantir que a organização permaneça competitiva
em um mundo cada vez mais focado em questões sociais e nivelando o campo
de atuação para grupos sub-representados.
As empresas que adotam a diversidade também tendem a ser mais
bem-sucedidas em alcançar um público mais amplo. Em suma, está claro que
abraçar a diversidade não é apenas a coisa certa a fazer, mas também é
algo extremamente positivo para os negócios.
A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional,
desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em
divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo
as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade,
ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como
vantagem competitiva.
Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um
marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das
empresas da região e alavancar as suas vendas.
A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região
no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma
proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior
de mais clientes e públicos.
Diferenciais
A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de
forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus
serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
A
ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para
todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o
nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à
comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
A ValeOn
atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos
pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no
comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
A
ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das
suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil
habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os
produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a
micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua
audiência.
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Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade,
comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de
nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.
Visão:
Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de
Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando
relacionamentos duradouros.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O chanceler chinês, Wang Yi, alertou que
qualquer um que tente impedir a reunificação de seu país e Taiwan será
“esmagado pelas rodas da história”. A fala se deu em seu discurso na
Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, neste sábado (24).
Wang ainda declarou que só quando o continente e a ilha voltarem a
ser um só território “haverá paz”. “Devemos combater firmemente as
atividades separatistas de independência de Taiwan e dar passos mais
enérgicos para nos opormos à interferência externa”, disse ele.
Taipé rompeu com Pequim em 1949, quando nacionalistas que haviam sido
derrotados pelas tropas de Mao Tse-tung fugiram para a ilha e ali
forjaram um governo capitalista. A região se autodenomina independente,
mas as autoridades chinesas a consideram uma província separatista
rebelde, que deve ser recuperada.
Um dos meios que usam para isso é isolando-a diplomaticamente, numa
política conhecida como “uma só China”. Esta estabelece que países só
podem ter relação com Pequim, gigante econômica, ao romperem laços com
Taipé.
No entanto, os Estados Unidos mantêm uma “ambiguidade estratégica” em
relação ao assunto, concebida tanto para evitar uma invasão chinesa
quanto para dissuadir a ilha de provocar a China declarando-se
independente.
Uma visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos,
Nancy Pelosi, a Taiwan no mês passado pôs em xeque esta ambiguidade.
Pelosi foi a mais alta autoridade americana a visitar a região em 25
anos, e sua viagem atingiu diretamente pontos sensíveis da administração
de Xi Jinping.
As declarações de Wang Yi na ONU agora têm, portanto, os EUA como
principal alvo, em consonância com a diplomacia cada vez mais assertiva
do país asiático. O discurso linha-dura reflete uma veemência comum para
os chineses quando se trata da ilha.
O chanceler chinês havia se reunido na véspera com seu análogo
americano, Antony Blinken. Já no encontro, havia advertido o
representante sobre o apoio crescente dos EUA à ilha rebelde –um projeto
de lei que obrigaria Washington a vender suprimentos militares a Taipé,
de modo a garantir sua defesa contra as forças de Pequim, avançou
recentemente no Senado.
A aproximação dos americanos com a ilha também foi mencionada pelo
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, na mesma
Assembleia-Geral, momentos depois. “Eles estão brincando com fogo no
caso de Taiwan”, afirmou, acusando os americanos de tentarem subjugar
uma série de áreas na Ásia.
Na semana passada, o próprio presidente russo, Vladimir Putin,
defendeu a o princípio da “China única” em um discurso. Nem ele, nem Xi
foram pessoalmente a Nova York este ano.
Moscou tem em Pequim um de seus aliados mais poderosos hoje –os
chineses exercem o que analistas chamam de uma “neutralidade pró-Rússia”
na Guerra da Ucrânia, reiterando a soberania de Kiev, mas sem condenar
os russos pela invasão. Dias antes do início do conflito, as duas nações
assinaram um pacto de amizade sem limites, que tem como base a
hostilidade comum à liderança global dos Estados Unidos.
Mas o prolongamento da guerra e a perspectiva de derrota de Putin têm
representado um revés estratégico para o regime liderado por Xi.
Em seu discurso, Wang pediu que Rússia e Ucrânia não permitam que a
guerra transborde para além de suas fronteiras. Chamando o conflito de
“crise ucraniana”, ele ainda afirmou que a prioridade de Pequim neste
momento é “facilitar as negociações de paz”, e que o país asiático “tem
feito esforços para resolver os problemas de todas as partes de maneira
construtiva”.
Novo sistema Mais poder ao Congresso Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Bolsonaro em visita à Câmara: novo sistema prevê mais poderes ao Congresso.| Foto: Paulo Sergio Prime
A
Câmara dos Deputados está discutindo uma proposta para adotar o
semipresidencialismo no Brasil – modelo no qual o presidente da
República, eleito pelo voto popular, dividiria poderes com um
primeiro-ministro aprovado pelo Congresso. O debate sobre o tema é
liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defensor da
iniciativa que já deu sinais de que gostaria de colocar o assunto em
votação depois das eleições. Mas, para que a ideia avance, será preciso
aprovar uma Proposta da Emenda à Constituição (PEC) na Câmara e também
no Senado.
A ideia em discussão é que o novo sistema, se aprovado, seja
implantado apenas a partir de 2030. Não se aplicaria, portanto, ao
mandato do presidente da República que será escolhido em outubro. Os
defensores da proposta alegam que a implantação em 2030 permite que a
discussão de agora não seja contaminada pelo clima político atual.
O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), discorda da proposta e
vê na discussão um pretexto para enfraquecer um possível futuro mandato
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Lopes, o discurso de
implantação a partir de 2030 poderia ser mudado na tramitação da
proposta e a vigência do novo modelo ser posta em prática de imediato.
O semipresidencialismo, de acordo com a proposta em discussão,
criaria no Brasil a figura do primeiro-ministro. O presidente da
República continuaria existindo, e ainda seria eleito por voto popular.
Ele, porém, seria apenas o chefe de Estado (que é mais uma função mais
simbólica, de representação do país e garantia da harmonia entre
poderes). A função de chefe de governo, que é quem efetivamente governa,
seria entregue ao primeiro-ministro. Pela proposta, o presidente
escolheria um nome para ser o primeiro-ministro. Mas o Congresso teria
de aprovar essa nome. Hoje, o presidente acumula as duas funções.
Segundo os defensores da iniciativa, ela cria “corresponsabilidade”
entre o Parlamento e a Presidência da República. O primeiro-ministro,
além de aprovado pelo Congresso, estaria permanentemente sob a “ameaça”
de ser destituído caso perca o apoio de deputados federais e senadores. A
rejeição formal por parte do Legislativo levaria à queda do
primeiro-ministro, com o processo de escolha e aprovação de um nome
sendo reiniciado a partir daí.
O modelo semipresidencialista, com suas peculiaridades locais, é
adotado em países como Portugal e França. Essas duas nações serviram de
referência para os defensores da iniciativa e para o deputado Samuel
Moreira (PSDB-SP), autor do relatório da proposta que tramita numa
comissão especial.
A diferença para o parlamentarismo clássico é que, no sistema
semipresidencialista, o presidente da República tem mais poderes. Uma
das atribuições que seria mantida com o presidente, por exemplo, é a de
veto a projetos aprovados pelo Congresso. Mas a definição exata dessas
responsabilidades não foi definida até agora. O entendimento é que isso
seria afinado na ocasião do debate para a aprovação do modelo
propriamente dito, ou mesmo permaneceria em aberto, para ser regulado ao
longo dos anos.
O projeto em curso também não determina de forma direta se o
semipresidencialismo já seria implantado após uma decisão favorável ao
Congresso ou se seria submetido a uma votação popular, como um
referendo. Entre os defensores da implantação do semipresidencialismo,
há apoiadores dos dois diferentes modos para colocá-lo (ou não) em
vigência. É mais uma questão que seria resolvida com a tramitação
definitiva no Congresso.
Semipresidencialismo fortaleceria o Congresso A ideia do
semipresidencialismo é discutida há pelo menos dois anos na Câmara. O
deputado Samuel Moreira apresentou uma PEC em agosto de 2020 sugerindo a
implantação do modelo.
Mas a discussão ganhou mais corpo a partir de março deste ano, quando
o presidente da Casa, Arthur Lira, determinou a criação de um grupo de
trabalho para debater o sistema. O grupo é capitaneado por Moreira e
contou com representantes de diferentes partidos, como PL, MDB, União
Brasil e Novo. Não fez parte do grupo a oposição de esquerda ao
presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o líder petista Reginaldo Lopes, o PT entende que “a
legislatura atual não tem legitimidade” para discutir a modificação no
sistema. “Nós só participaríamos de uma discussão deste perfil se ela
fosse inserida em um debate maior sobre reforma política, talvez dentro
de uma nova constituinte”, diz.
Além dos deputados, o grupo formou um conselho consultivo composto
por pesos-pesados do direito e da política, como o ex-presidente Michel
Temer e os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim e Ellen
Gracie.
Em geral, tanto os deputados que participaram do grupo quanto os
membros do conselho consultivo e os convidados para audiências são
favoráveis à implantação do semipresidencialismo. A abordagem comum
entre eles é que o modelo presidencialista, no Brasil, se mostrou
insuficiente para administrar as diferentes instâncias de poder e é um
dos fatores que explica as crises e a instabilidade histórica que marca o
país.
Governo tem 6% do orçamento à sua disposição, e Congresso quer diminuir essa fatia
Qual é a eficácia dos mecanismos de controle do STF e por que papel do Senado é crucial
Democracia, liberdade econômica e menos corrupção: o que explica o sucesso dos países Integrante
do grupo, o deputado Enrico Misasi (MDB-SP) diz que a adoção do
semipresidencialismo “significaria uma grande modernização do sistema de
governo”. O parlamentar define como “irracional” a acumulação de
funções de chefe de Estado e de Governo que existe no modelo atual.
Para Misasi, o sistema também traria soluções para um dos problemas
habituais do contexto político nacional, que é a relação entre o
Executivo e o Congresso. “No presidencialismo, a relação se dá de forma
posterior [ao começo de um governo]. Já no semipresidencialismo, a
relação é fruto de uma maioria [no Parlamento]. O governo começa com uma
coalizão que garante sustentação política”, diz.
O deputado acrescenta que as atividades do grupo de trabalho, ao
enfatizarem que uma mudança só ocorreria em 2030, derrubaram a principal
rejeição existente em torno do tema, que é a de sugerir que a
modificação serviria para prejudicar Lula ou o atual presidente Jair
Bolsonaro (PL) no caso da vitória deles na eleição.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) diz ser favorável ao modelo. Ele
entende que o Congresso é o poder “mais próximo da sociedade, de quem
ouve constantemente as suas reivindicações”. Ele também afirma que “está
na hora” de voltar a debater sistemas de governo no Brasil, cerca de 30
anos após o plebiscito de 1993 que confirmou o presidencialismo, em
oposição ao parlamentarismo e à monarquia.
O senador, porém, afirma que não vê a possibilidade de conclusão do
tema ainda em 2022. Para ele, seria mais favorável aguardar a nova
composição do Senado. O Senado poderá renovar um terço de suas vagas nas
eleições deste ano. Já na Câmara, as 513 cadeiras estarão submetidas à
renovação.
Itinerários formativos Por Gabriele Bonat – Gazeta do Povo
Exame Nacional do Ensino Médio terá mudanças a partir de 2024.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá mudanças a partir de 2024,
com opção de escolher uma área do conhecimento para a prova do segundo
dia e também com questões discursivas. Em 2021, o Ministério da Educação
(MEC) publicou a portaria n° 521 que instituiu o cronograma nacional de
implementação do novo ensino médio. Consequentemente, pelas novas
alterações na grade curricular dos alunos, o Enem também sofrerá
alterações. A Gazeta do Povo conversou com especialistas para entender o
impacto e as principais modificações no exame.
O coordenador-geral de Ensino Médio (COGEM) do MEC, Fernando
Wirthmann, explicou que o novo formato do Enem só irá ser implementado a
partir de 2024, com alterações feitas de forma gradual nos próximos
dois anos. “Nesse ano de 2022, tivemos adesão da 1ª série no novo
formato do ensino médio. Em 2023, será a 1ª e 2ª série. E 2024 todas as
séries do ensino médio”, afirmou.
A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional que estabeleceu uma mudança no ensino médio ampliando o tempo
do estudante em sala de aula que antes era de 800 horas para 1.000 horas
anuais. Os alunos também terão a possibilidade de escolher os
“itinerários formativos”, ou seja, a grade horária pode ser alterada
conforme a área do conhecimento e formação técnica que o estudante
pretende aprofundar e prosseguir no futuro, em um possível curso
superior.
Com isso, por essa ampliação na grade horária, o novo ensino médio
está pensado para ser em tempo integral. “As escolas são totalmente
livres para organizar a carga horária por ano (há vários modelos
curriculares para isso) desde que atendam as diretrizes de 1.800 horas
para a formação básica geral e 1.200 horas para os itinerários
formativos. Tudo isso em 3 anos”, explicou o doutor em educação, Danilo
Briskievicz.
Devido a essas modificações, apesar de continuar sendo em dois dias,
no primeiro dia do Enem a prova irá abranger a formação geral básica,
pautada nas competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). No segundo dia de prova, o aluno poderá escolher entre quatro
opções, com base na área que buscará se aprofundar em um curso superior:
Linguagens; Matemática; Ciências da Natureza e Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas.
O intuito é preparar o aluno para o ensino superior, pois ao saber o
curso que deseja cursar na universidade, o estudante já pode focar nessa
área de estudo no ensino médio. Embora o objetivo seja benéfico, há a
possibilidade de o aluno se preparar ao longo de três anos para um
determinado curso e por fim, no último ano, decidir ir para outra área
diferente.
Questionado sobre isso, o coordenador-geral de Ensino Médio do MEC,
Fernando Wirthmann, confirmou ser uma realidade possível. Ele comentou
que os alunos de 15 e 16 anos estão em uma fase de autoconhecimento e
planejamento sobre o futuro profissional. Dessa forma, Wirthmann
destacou que em qualquer formato do ensino médio essas dúvidas e
mudanças de curso superior pelos vestibulandos podem ocorrer.
O doutor em educação Danilo Briskievicz apontou que o desafio desse
novo formato do ensino médio é que a qualidade do desenvolvimento das
habilidades e competências seja o mais próximo da equidade. Ele criticou
o fato de algumas escolas privadas insistirem na ideia de que o ensino
médio é uma preparação para o Enem. “Quando de fato deviam se preocupar
em preparar para a vida, para a socialização, para a democracia e
especialmente para a vivência plena da cidadania. Essa ideia de
‘preparar para o Enem’ é estratégia pedagógica e comercial para as
escolas particulares”. Apesar disso, ele também afirmou que outro
desafio é que as escolas públicas consigam ofertar com qualidade esse
novo formato para que os alunos consigam boas notas no Enem.
Além das mudanças na prova, a perspectiva é de inserção de questões
dissertativas no exame. “No primeiro dia, a ideia é que tenha a redação e
a inserção de outras questões discursivas e no segundo dia, um número
maior de questões discursivas”, afirmou o coordenador-geral de Ensino
Médio do MEC. Segundo ele, há um estudo em andamento no Inep para essas
modificações, e também para uma evolução tecnológica para a correção da
prova.
Preparação para o novo Enem
Ainda é cedo para os alunos estarem preparados para esse novo Enem,
pois as maiores mudanças começam em 2024. O coordenador de Itinerários
Formativos e Olimpíadas Científicas do Poliedro Colégio, Thiago Pavan,
comentou que na formação geral básica, a preparação para o exame
continua sendo a mesma. “A grande diferença está na carga horária das
trilhas de aprendizagem escolhidas pelos alunos a partir do primeiro
ano, os chamados itinerários formativos, assim eles se aprofundam em
temas e assuntos relacionados à área de interesse que pretendem cursar
na universidade”.
De acordo com Pavan, a matriz de referenciais deve sair no final
deste ano e com isso será possível entender como será esse novo formato e
também a melhor forma de preparar os estudantes. Pavan apontou que o
novo ensino médio deve desenvolver competências como liderança,
argumentação e pensamento crítico.
Wirthmann informou também que já foram apresentadas as modificações
para as secretarias de educação de todos os Estados. Em 2021 e no
primeiro semestre de 2022, o MEC realizou discussões sobre o novo Enem
em parceria com Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Segundo Fernando Wirthmann, os 27 Estados tiveram representação no
estudo para a concretização desse novo formato do ensino médio.
Mensagens falsas circulam pelas redes sociais afirmando que votos
brancos e nulos poderiam interferir no processo de apuração| Foto:
Reprodução/Senado
Optar pelo voto nulo ou em branco não interfere
na apuração das eleições e nem em sua anulação, caso a maioria dos
eleitores escolha essas alternativas. A informação foi divulgada neste
domingo (25) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que esse
boato começou a circular pelas redes sociais. “Para começar, é
importante entender que os votos em branco e os nulos não possuem valor
algum”, informa o Tribunal. “Eles são descartados do processo de
apuração e considerados apenas como estatística”.
De acordo com o alerta emitido pela instituição, o candidato eleito é
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos — destinados a um
candidato ou a um partido. Dessa forma, a Constituição Brasileira
estabelece que sejam excluídos da contagem votos em branco e nulos.
No entanto, é possível escolher essa modalidade de voto para algum
cargo eletivo e selecionar o candidato ou partido em outro. “Se o
eleitor votar apenas para presidente da República e optar por votar em
branco para deputados, o voto para presidente vai valer do mesmo jeito”,
explica o TSE, ao ressaltar também que votos nulos e em branco são
considerados inválidos, então não interferem no resultado final e nem
beneficiam candidatos. “Isso não passa de um boato”.
O tribunal ainda reitera que, se mais de 50% dos eleitores anular o
voto ou votar em branco, a eleição será contabilizada normalmente com os
votos válidos realizados no pleito. Segundo o TSE, a eleição só será
remarcada se a Justiça Eleitoral constatar que a nulidade atingiu mais
de metade dos votos do país por fraude no pleito, como, por exemplo,
eventual cassação de candidato eleito.
Conflito no leste europeu Luis Kawaguti – Gazeta do Povo
Refugiada de Mariupol, Ucrânia, assiste em Moscou ao
pronunciamento televisivo de Vladimir Putin na última quarta-feira (21),
no qual o presidente russo anunciou a mobilização de 300 mil
reservistas| Foto: EFE/Sergei Ilnitsky
O presidente russo,
Vladimir Putin, tem uma interpretação da história que vem sendo
comparada por analistas a uma narrativa da época do czarismo, na qual a
Rússia se outorgava o direito de dominar as nações vizinhas. Com base
nessa visão de mundo, Putin vem utilizando personagens de séculos
passados e recortes de fatos que dão um viés bem diferente da história
aceita mundialmente para tentar justificar a invasão da Ucrânia.
Não é novidade que a guerra se desenrola em meio a uma disputa de
narrativas e versões, que tentam justificar ações tanto do Kremlin como
da OTAN (aliança militar ocidental). Nesse contexto, começou a ganhar
atenção o argumento russo de que a invasão aconteceu em resposta à
expansão da OTAN para o leste – o que teria sido interpretado por Moscou
como uma ameaça às suas fronteiras.
Mas então, por que quando a Finlândia e a Suécia anunciaram em junho
que queriam entrar para a OTAN, Putin não as invadiu? Pelo contrário,
ele afirmou que o Kremlin “não tem problemas com a Suécia e com a
Finlândia como tem com a Ucrânia”.
Uma interpretação possível é que geograficamente é mais fácil para um
exército invadir a Rússia pela fronteira com a Ucrânia do que pela
Suécia ou pela Finlândia.
Mas outra hipótese é que o presidente russo acredita que tem direito
histórico – ou mesmo divino, segundo alguns analistas – de incorporar a
Ucrânia à “Grande Rússia”. Essa hipótese ganhou muita força com a
análise de um ensaio publicado em 2021 em nome de Putin sob o título
“Sobre a Unidade Histórica dos Russos e Ucranianos”. Ele está disponível
na página do Kremlin, em inglês.
Esse texto apresenta tanto argumentos consistentes para a tese de
Putin, como uma série de fatos históricos distorcidos, apresentados
apenas parcialmente ou retirados de contexto.
“Expansão da OTAN ou questão mais histórica, o que motiva a Rússia?
Na minha opinião, são as duas coisas”, afirmou o historiador da
Universidade de São Paulo (USP) Angelo Segrillo, mestre em língua e
literatura russa pelo Instituto Pushkin, de Moscou, e autor do livro “O
Declínio da União Soviética: um estudo das causas” (Editora Record).
“A expansão da OTAN é um grande problema para a Rússia. Qualquer
grande potência não aceita ser cercada por uma aliança militar
estrangeira. Mas com a Ucrânia tem essa coisa especial, tem uma guerra
historiográfica”, disse Segrillo.
Tanto ucranianos como russos têm origem no chamado povo Rus, que
existiu entre os séculos 9 e 13 na região chamada Kyivan Rus. Eles eram
uma confederação de cidades-estados, que coexistiam no leste europeu em
um sistema de vassalagem ao Grande Príncipe de Kyiv (um título
semelhante ao de um rei medieval).
Na versão de Putin dessa história, o Grande Príncipe Vladimir I se
converteu ao cristianismo em 988 e assim se tornou o santo dos cristãos
ortodoxos. Mas, segundo o presidente russo, esse príncipe pertencia a
Moscou, não a Kyiv.
Porém, Moscou só foi criada mais de 150 anos depois. A primeira
referência à cidade data de 1147. Ela foi fundada por um familiar de um
dos grandes príncipes de Kyiv.
Segundo Segrillo, entre os séculos 13 e 15, a região de Kyivan Rus
foi dominada pelos mongóis. Quando a dominação acabou, o povo Rus se
reuniu em ao menos três diferentes grupos, que hoje correspondem aos
ucranianos, bielorrussos e russos.
Nos séculos seguintes, os russos conseguiram formar um império forte,
mas os ucranianos não. Eles tiveram seu território anexado por uma
série de impérios que dominaram a região – inclusive o Império Russo.
Os imperadores russos Pedro, o Grande, e Catarina II conquistaram boa
parte do que hoje é o território da Ucrânia dos impérios Otomano e
Sueco. Putin não só destaca esse fato para argumentar que a Ucrânia não
existiu como nação independente, como parece se inspirar na história
desses imperadores.
“Todos juravam lealdade ao soberano, então, teoricamente, não
existiria uma subordinação dos ucranianos aos russos. Tanto que quando
houve a incorporação [da maioria dos territórios ucranianos ao Império
Russo no século 18], a soberana era uma alemã, Catarina II, a Grande,
ela era alemã de origem, por exemplo”, disse Segrillo.
Cultura
Putin argumenta que russos e ucranianos partilham da mesma herança
cultural. Ele cita, por exemplo, o poeta ucraniano Tara Shevchenko, que
escrevia poesia em ucraniano e prosa em russo. Além do escritor Nikolay
Gogol, que escrevia em russo, mas se baseava em temas do folclore
ucraniano.
O presidente russo justifica a existência de uma língua ucraniana
dizendo que muitos anos de fragmentação resultaram em “peculiaridades
linguísticas regionais”.
Na verdade, ucranianos e russos têm influências culturais bastante
distintas, segundo a especialista em literatura Anastasiya Kuchkovska.
De acordo com ela, os mitos e lendas que basearam a literatura russa
são originados em idiomas fino-úgricos, de sociedades de características
nômades que ocupavam áreas das atuais Finlândia, Lapônia, Hungria e
Sibéria. Já a base do folclore ucraniano está mais ligada à Citia (que
hoje ficaria nos territórios da Romênia, Bulgária e partes do rio
Danúbio) e a grupos de amazonas da Antiguidade.
Mas, segundo Kuchkovska, apesar da manipulação, parte da argumentação
do presidente Putin tem fundamento. Nas regiões que hoje formam a
fronteira da Ucrânia com a Rússia no leste, há muitas semelhanças
culturais entre os dois povos.
O mandatário russo também usa argumentos linguísticos em seu ensaio.
Ele diz que a palavra em russo que teria dado origem ao nome Ucrânia tem
o sentido de “periferia”. Ele também designa os ucranianos com uma
palavra que quer dizer “pequenos russos”.
“Putin tenta resgatar uma visão que não é só dele, que vem desde a
época czarista, de que os ucranianos eram os irmãos menores”, disse
Segrillo.
Putin e o comunismo
A principal crítica de Putin ao comunismo se direciona ao líder
bolchevique Vladimir Lenin. O presidente russo diz acreditar que Lenin
foi o culpado pela divisão do território da Rússia e da criação da
Ucrânia – segundo ele, um país que nunca havia existido antes.
Ou seja, os czares reinaram sobre uma Rússia unificada, porém formada
por uma grande quantidade de diferentes etnias e nacionalidades. Elas
eram mantidas sob só um governo por meio da força.
Durante a Guerra Civil Russa, entre 1918 e 1920, parte da Ucrânia
chegou a declarar independência. Putin diz que a ideia de que o povo
ucraniano não pertence à Rússia teria sido fabricada pela elite polonesa
e também por intelectuais do povo que ele chama de “pequenos russos” –
ou seja, os próprios ucranianos.
Para chegar ao poder, os bolcheviques prometeram que as diversas
nacionalidades da futura União Soviética não seriam discriminadas – e
por isso ganharam grande apoio. Segundo Segrillo, foi Lenin quem
defendeu que o nacionalismo fosse incorporado ao comunismo. Ele entrou
em choque com Rosa Luxemburgo, que achava que as nações poderiam se
voltar contra o Partido Comunista. Mas a opinião de Lenin venceu.
A Ucrânia e outras nações foram então reconhecidas como repúblicas
separadas da Rússia e incorporadas à União Soviética. Porém, as
promessas de liberdade para qualquer nação que desejasse sair do bloco
nunca foram cumpridas.
Com o fim da União Soviética em 1991, a Ucrânia obteve sua
independência e assim permaneceu até 2014, quando a Crimeia foi anexada
pela Rússia e rebeldes apoiados por Moscou tomaram regiões de Luhansk e
Donetsk.
A atual invasão da Ucrânia faria então parte de uma tentativa de
Putin de corrigir um erro histórico cometido por Lenin. Porém, os
argumentos históricos de Putin não levam em conta que grandes partes da
Ucrânia – que antes da União Soviética pertenciam à Polônia, à Áustria e
à Galícia – nunca fizeram parte da Rússia.
“A questão de Putin é unir os russos nessa condição de grande
potência, unir brancos, os antigos czaristas, com os vermelhos”, disse
Segrillo.
Laços de sangue Segundo o historiador da USP, quando tenta
justificar a guerra afirmando que querem proteger “russos étnicos”,
Putin e seus aliados agem por uma lógica de difícil compreensão para
povos ocidentais, como os brasileiros.
No Brasil, nossa visão de mundo é voltada para o conceito de
“Estado-Nação”. Ou seja, um país não deve tentar interferir no que
acontece no território do vizinho. Além disso, a nacionalidade de uma
pessoa é definida pelo local em que ela nasce.
Mas na Europa há conceitos diferentes. Em muitos países, a
nacionalidade é transmitida por critérios de hereditariedade e cultura.
Assim, aos olhos de Putin, parte da nação russa não está só na Rússia.
Há os chamados russos étnicos na Ucrânia, na Transnístria, na Bessarábia
(hoje Moldávia), na Rutênia (que abrange partes da Eslováquia, Ucrânia e
Polônia) e em diversas ex-repúblicas soviéticas.
“Putin se vê como o ‘defensor’ da nação russa como um todo, dentro ou fora da Rússia”, disse Segrillo.
Neonazismo Uma das justificativas usadas pelo Kremlin para tentar
motivar seus soldados e legitimar a invasão em 24 de fevereiro de 2022
foi “desnazificar” a Ucrânia.
Putin se baseou no fato de que movimentos nacionalistas ucranianos,
especialmente o UPA, de Stephan Bandera, lutaram ao lado dos nazistas
contra a União Soviética na Segunda Guerra. Os nacionalistas ucranianos
depois acabaram traídos pelos nazistas.
Em um esforço de propaganda, o Kremlin tentou associar a imagem do
UPA a integrantes do Batalhão Azov, uma unidade militar ucraniana que
teria cerca de 20% de seus integrantes adeptos de preceitos neonazistas.
Mas Putin extrapolou esse raciocínio. Em seu conceito de história, os
ucranianos são nazistas não porque concordam com as teorias de Adolf
Hitler e seu nacional-socialismo, mas porque se recusaram a se
subordinar à Rússia. Para reforçar essa ideia, a propaganda russa
começou a produzir e divulgar imagens de ucranianos utilizando símbolos
nazistas.
A maior parte desse esforço destina-se ao público interno da Rússia –
principalmente seus militares. Como convencer e motivar jovens russos a
matar seus vizinhos ucranianos? Uma estratégia eficaz foi
classificá-los como neonazistas.
Esse tipo de solução parece estar nos manuais russos desde os tempos
dos czares. Segundo Kuchkovska, na época da imperatriz Catarina II, os
Cossacos de Zaporizhzhia – povo tradicional do sul da Ucrânia – foram
vilanizados e classificados como ladrões e foras da lei – para
justificar sua expulsão ou mesmo extermínio. Com o banimento dos últimos
cossacos, Catarina II assegurou o fim da autonomia da região.
Kuchkovska, que nasceu em Zhytomyr, na região central da Ucrânia,
afirmou acreditar que a manipulação histórica feita pelo Kremlin tem
como alvo principal a população russa. “Não me sinto ofendida. A Ucrânia
é independente e tem sua história. Eu tenho tanta confiança nisso que a
manipulação de Putin soa como algo ridículo”, disse.
“Isso também não significa que eu concorde com o Ocidente. Eu gosto do meu povo, dos ucranianos”, disse.
Expansão da OTAN Diferente dos temas acima, os acontecimentos
recentes relacionados à expansão da OTAN no período pós-soviético estão
ainda longe de serem consolidados em uma versão da história aceita
mundialmente.
Desde o fim da Guerra Fria, 14 países aderiram à OTAN. A maioria
deles havia vivido por décadas sob a dominação soviética e viram na
aliança militar ocidental uma forma de se proteger contra uma eventual
nova tentativa de expansão da Rússia.
A aliança sempre adotou uma política de “portas abertas” e não
impediu nenhuma nação que atendesse a pré-requisitos técnicos de entrar
no bloco – exceto a Rússia.
O entendimento de Putin é bem diferente. Para ele, é o Ocidente que
tem pressionado cada vez mais nações a entrar na aliança. Ele culpa, por
exemplo, os Estados Unidos e seus aliados por incitar e financiar o
movimento pró-Ocidente na Ucrânia que derrubou um presidente ucraniano
pró-Rússia e o substituiu por um mais amigável à Europa em 2014.
O episódio ficou conhecido como Revolução de Maidan – em referência à
praça principal de Kyiv. A versão da ala pró-Maidan foi lutar pela
liberdade de se alinhar ou não com quem o povo ucraniano quiser e assim
decidir democraticamente.
Já para Putin, essa foi uma mudança de identidade forçada – cujos
efeitos ele comparou em seu ensaio à detonação de uma bomba nuclear em
solo russo.
Em paralelo, cada vez mais analistas ocidentais discutem se a postura da OTAN pode ter provocado a invasão russa na Ucrânia.
Outro ponto que deve ficar para os historiadores do futuro é se os
Estados Unidos e seus aliados apoiaram a Ucrânia apenas para enfraquecer
a Rússia, ou se forneceram armas, recursos e inteligência motivados
pela defesa de um país soberano que foi atacado por seu vizinho mais
forte – só por pensar diferente.