segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A DIREITA GANHA ELEIÇÕES NA ITÁLIA

 

Eleições gerais
Agência EFE – Gazeta do Povo


Giorgia Meloni, líder do Irmãos da Itália, deve ser a nova primeira-ministra.| Foto: Ettore Ferrari/EFE

A líder do partido Irmãos de Itália (FdI), Giorgia Meloni, disse que a coalizão de direita que venceu as eleições gerais italianas deste domingo (25) vai governar para unir o país.

Esta foi a primeira declaração pública de Meloni depois que sua legenda, uma das três que formam a coalizão direitista, foi a mais votada no pleito. Com isso, ela deve se tornar a primeira mulher a governar a Itália.

Em discurso em um hotel nos arredores de Roma no início da madrugada de segunda-feira (26), Meloni evitou tons triunfalistas e garantiu que a coalizão também composta pela Liga, de Matteo Salvini, e o Força Itália, de Silvio Berlusconi, governará “para que os italianos possam se orgulhar de serem italianos”.

De acordo com os resultados parciais, o FdI foi o partido mais votado, com cerca de 26%, e a coalizão obteve 43%, contra 26% do bloco progressista liderado pelo Partido Democrata (PD).

“Os italianos deram uma indicação clara a partir das urnas, e a indicação é para um governo de centro-direita sob a orientação do Irmãos de Itália”, disse Meloni. Ela também afirmou que é “hora de os italianos terem novamente um governo que saia de uma indicação nas urnas”.

Meloni lamentou que a campanha eleitoral tenha sido “agressiva e violenta” e ressaltou que “a Itália e a União Europeia precisam da contribuição de todos para a complexa situação em que nos encontramos”.

Ela também se mostrou descontente com a taxa de abstenção no pleito – 36% – e declarou como objetivo “reconstruir a relação entre o Estado e os cidadãos”.

Quem é Giorgia Meloni, política conservadora que pode se tornar a próxima premiê da Itália

Por
Fábio Galão


Giorgia Meloni é líder do partido conservador Irmãos da Itália, que aparece nas pesquisas em empate técnico na liderança com o centro-esquerdista Partido Democrático| Foto: EFE/EPA/ALESSANDRO DI MEO

Em 25 de setembro, os italianos foram às urnas para as eleições gerais no país, antecipadas devido ao colapso da coalizão do primeiro-ministro Mario Draghi. Na disputa, aparece como favorita a deputada Giorgia Meloni, de 45 anos e líder do partido conservador Irmãos da Itália. Como vencedora, ela será a primeira premiê mulher da história italiana.

Nas últimas pesquisas, a legenda de Meloni aparecia em empate técnico na liderança com o centro-esquerdista Partido Democrático, liderado por Enrico Letta.

Para garantir a maioria no Parlamento, os Irmãos da Itália têm como trunfo a aliança com a direitista Liga Norte, de Matteo Salvini (crítico da imigração ilegal, como Meloni), e o partido de centro-direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, em cujo governo Meloni foi ministra da Juventude entre 2008 e 2011.

A deputada é acusada por seus opositores de ser neofascista, já que o símbolo dos Irmãos da Itália tem uma chama com as cores da bandeira italiana que também aparecia no logo do Movimento Social Italiano, legenda neofascista fundada após a Segunda Guerra Mundial (e extinta em 1995). Além disso, em 2019, Meloni apoiou Caio Giulio Cesare Mussolini, bisneto do ditador Benito Mussolini, na sua candidatura ao Parlamento Europeu.

Entretanto, a deputada nega posições extremistas. “A direita italiana relegou o fascismo à história há décadas, condenando inequivocamente a supressão da democracia e as ignominiosas leis contra os judeus”, disse Meloni numa mensagem gravada em inglês, francês e espanhol que foi divulgada na semana passada.

Embora seja crítica de aspectos burocráticos da União Europeia, a deputada também negou que pretenda tirar a Itália do bloco.

“Há dias venho lendo artigos na imprensa internacional sobre as próximas eleições para um novo governo na Itália, nos quais sou descrita como um perigo para a democracia e para a estabilidade italiana, europeia e internacional”, disse Meloni na mensagem, acrescentando que essas análises consideram que uma vitória dos Irmãos da Itália seria “um desastre, levando a uma virada autoritária, à saída da Itália do euro e outras bobagens desse tipo”. “Nada disso é verdade”, garantiu.

Para enfatizar o argumento de que a Itália seguirá próxima dos seus parceiros no Ocidente, Meloni destacou que num eventual governo seu a Itália continuará apoiando a Ucrânia na guerra contra a Rússia – os aliados políticos da deputada já manifestaram posições alinhadas a Moscou antes da guerra, visto que Berlusconi é amigo de Vladimir Putin e Salvini elogiou o presidente russo, e seus partidos questionaram o envio de armas para os ucranianos.

“Sempre defendemos e apoiamos a causa ucraniana, não apenas porque acreditamos na causa, mas também porque a Itália não pode arriscar ser o elo fraco da aliança ocidental”, afirmou Meloni à emissora estatal RAI no final de julho. “[O Ocidente] precisa saber que pode contar conosco. Eu não toleraria qualquer hesitação neste ponto.”

Mãe de uma menina de cinco anos, Meloni é cristã e já se manifestou contra a ideologia de gênero e o “fundamentalismo climático”.

Lorenzo Pregliasco, presidente da empresa de pesquisas YouTrend, disse à agência Associated Press que as pesquisas de opinião indicam que Meloni é percebida pelos italianos como “uma líder que tem ideias claras – nem todos concordam com essas ideias, é claro”.

“Ela é creditada como tendo uma abordagem consistente e coerente sobre política. Ela não fez concessões”, acrescentou Pregliasco.


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GASTANÇA DO EX-PRESIDENTE LULA

 

Por
Lúcio Vaz


Lula durante comício da campanha para presidente da República| Foto: Ricardo Stuckert/PT

O candidato a presidente pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, gastou R$ 607 mil com diárias e passagens para seguranças e assessores em viagens pelo Brasil e exterior no período pré-eleitoral e já na campanha oficial – todas pagas com a verba de ex-presidente. Os salários dos sete seguranças e assessores nesse período somaram mais 420 mil. Incluindo despesas com combustível, locação de veículos e telecomunicações, a conta para o contribuinte fechou em R$ 1,05 milhão.

As despesas dos seis ex-presidentes – José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer – somaram R$ 3,9 milhões até julho. Até janeiro deste ano, a gastança estava em R$ 75 milhões. A Lei 7.474/86 diz que os ex-presidentes têm direito aos serviços de quatro servidores para segurança e apoio pessoal, mais dois veículos oficiais blindados (R$ 108 mil cada) com motoristas – tudo pago pela Presidência da República.

Em 2002, passaram a contar também com dois assessores com cargos em comissão de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) nível 5. Fazem parte da equipe de apoio a Lula um capitão reformado, 2 primeiros-tenentes da ativa, 3 segundos-sargentos e 1 servidor civil.

A ex-presidente Dilma já utilizou essa estrutura na sua tentativa de eleição para o Senado por Minas Gerais, em 2018. Sua equipe de apoio recebeu 350 diárias num total de R$ 100 mil, durante a campanha. A despesa total, incluindo passagens aéreas, chegou a R$ 153 mil, em valores atualizados. Dilma não foi eleita. Naquele ano, ela também fez um roteiro de 12 dias por Espanha e Estados Unidos, em defesa da liberdade de Lula, com despesas de R$ 204 mil aos cofres públicos.

Os candidatos à Presidência da República contam ainda com a segurança de agentes da Polícia Federal – cujos custos estão sob sigilo. Mas a principal fonte de financiamento da campanha de Lula é o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, que destina dinheiro público aos candidatos nas eleições de 2022. Até agora, Lula já recebeu R$ 90 milhões – quase a totalidade originado do “Fundão”. Despesas no valor de R$ 58 milhões já estão contatadas. O ranking de fornecedores é liderados pela M4 Comunicação e Propaganda, que faz a campanha de Lula, com R$ 26 milhões.


Lula foi acompanhado pela equipe destinada a ex-presidentes em 16 capitais mais 10 cidades de médio porte. O roteiro para Manaus, Belém e São Luís, de 27 de agosto e 3 de setembro – custou um total de R$ 42 mil. Sete seguranças e assessores se alternaram nos eventos nas três capitais. Ao lado do senador Eduardo Braga (MDB), candidato ao governo do estado, e do senador Omar Aziz (PSD), ex-presidente da CPI da Covid, Lula lembrou o seu programa com maior apelo eleitoral: “Eu tenho noção do que foi acabar com a fome nesse país, reconhecido pela Organização das Nações Unidas”.

Em Belém, onde declarou apoio ao governador Helder Barbalho (MDB), Lula criticou a mudança do programa social Minha Casa Minha Vida para Casa Verde e Amarelo. “Que babaquice é essa de tudo ser verde amarelo? Casa Verde e Amarelo, Carteira de Trabalho Verde e Amarelo. Por causa dela, os empregos estão quase todos na informalidade. Os trabalhadores perderam seus direitos. É essa carteira de trabalho que nós queremos? Não”, afirmou.

Em São Luís, o ex-presidente subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro. Disse que o atual presidente “não derramou uma lágrima” pelas vítimas da Covid. “Esse genocida não merece estar na presidência da República”. Afirmou que decidiu disputar a presidência para o país não ser “destruído pela “incompetência de um fascista”, “alguém que conta sete mentiras por dia”. Prometeu ainda revogar os decretos de Bolsonaro que ampliam prazos de sigilo sobre documentos. “Quem não deve não teme. Não deve esconder nem um dia. Ele está tentando esconder por 100 anos”.

No dia 29 de julho, Lula esteve na convenção do PSB que aprovou a coligação com a federação PT/PV/PCdoB, no hotel Meliá, em Brasília. As despesas com a equipe de apoio somaram R$ 66 mil, sendo R$ 42 mil com passagens par seguranças e assessores. Naquele evento, defendeu uma mudança na relação do presidente da República com as Forças Armadas. “Uma relação em que cada um cumpra a sua função, e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como se fosse um objeto na mão dele”.

Criticou também a reunião do presidente com embaixadores: “Nunca imaginei que veríamos um presidente cometendo a idiotice chamar os embaixadores de 70 países para mentir e vender uma ideia falsa de que a democracia corre risco por causa das urnas eletrônicas”. E chamou seus eleitores para a rua: “Daqui pra frente é tudo em lugar aberto. Temos que ir pra rua pra mostrar que o povo brasileiro quer democracia de verdade. Não podemos ceder a esse fanfarrão”.

No dia 21 de julho, esteve em Recife, Garanhuns e Serra Talhada, em Pernambuco. O deslocamento dos sete integrantes da equipe de apoio custou R$ 34 mil. Em Recife, Lula disse que o voto favorável de petistas à PEC que permitiu ao governo ampliar benefícios sociais às vésperas da eleição foi “um ato de humanidade”. Mas fez um alerta: “Se Bolsonaro pensa que vai ganhar o voto do povo dando isso por três meses, terá uma grande lição. O povo vai pegar o dinheiro e não vai votar nele”.

“Tomado pelo ódio, fanatismo”
Lula fez ato público no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em 12 de julho. As despesas com os seguranças e assessores pagos pela Presidência somaram R$ 22 mil. Lula lamentou a escalada de violência política que culminou com o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda. Disse que estão tentando fazer da campanha eleitoral “uma guerra”. “Nós não precisamos brigar. A nossa arma é a nossa tranquilidade. Não temos que aceitar provocação”, disse Lula. Afirmou, ainda, que o homem que atirou em Marcelo estava tomado pelo “ódio, loucura, fanatismo e sectarismo”.

E retomou o tema Covid: “Se o Bolsonaro quiser visitar as pessoas pelas quais ele é responsável pelas mortes, ele vai ter muita viagem. Porque ele não chorou uma lágrima pelas mais de 600 mil vítimas da Covid. Nunca se preocupou em visitar uma criança órfã, e são muitas. Nunca se preocupou em visitar uma viúva que perdeu o seu marido”. Disse que Bolsonaro tem um “comportamento desumano, do mal”.

Palanque no México
A viagem de Lula ao México serviu com o mais um palanque pré-eleitoral para Lula. Em discurso na Câmara dos Deputados daquele país, em 3 de março, o ex-presidente destacou resultados da política de inclusão social de seu governo, que “retirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, ampliou e democratizou o acesso ao ensino superior”, segundo nota publicada na página do Instituto Lula”. As despesas com diárias e passagens de seguranças e assessores somaram R$ 96 mil.

Ele também aproveitou a viagem para criticar o atual governo: “Assistimos hoje à volta de flagelos como desemprego, fome, destruição dos direitos trabalhistas, devastação do meio ambiente, desrespeito aos direitos humanos e às minorias, ataques à democracia. As consequências da ascensão da extrema direita no Brasil são os cerca de 650 mil mortos pela Covid, os 14 milhões de desempregados, e os 116 milhões de brasileiros que sofrem algum grau de insegurança alimentar. Pessoas que só conseguem comer uma vez por dia. E pessoas que simplesmente não têm o que comer”.

O blog fez contato com a assessoria de Lula e lembrou que o ex-Presidente fez dezenas de viagens na pré-campanha e também no período oficial de campanha acompanhado por seguranças e assessores pagos pela Presidência da República, conforme a Lei 7.474/1986. Questionou, então, se essa despesa paga pela Presidência, incluindo diárias, passagens e o salário dos servidores, não fere a Lei Eleitoral. Não houve resposta até a publicação da reportagem.

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JUSTIÇA INTERFERE NA CAMPANHA DO BOLSONARO

 

Decisões do TSE

Por
Alexandre Garcia


Ministro do TSE Benedito Gonçalves, responsável por algumas das decisões contra a campanha de Jair Bolsonaro.| Foto: Divulgação/STJ

Foi autorizado no sábado (24) o terceiro lote do auxílio a caminhoneiros e taxistas. São 360 mil caminhoneiros autônomos e quase 300 mil taxistas. Já foram subsidiados com R$ 877 milhões, por causa do preço do combustível, que, aliás, está baixando.

Outro número que eu queria que vocês pensassem a respeito: as pessoas me abordaram perguntando se eu acreditava em pesquisa. Eu disse: depende. Quanto é 1% do total dos eleitores brasileiros? Um milhão e 560 mil. Aí eu pergunto: você acreditaria que entrevistando 1% isso garante que representa o todo, 100% dos eleitores? Claro que não.

Só que as pesquisas não entrevistam nem 1%, entrevistam 0,00 qualquer coisa. As pesquisas estão entrevistando de 2 mil pessoas a 7 mil e poucas pessoas. Então, não tem representatividade.

Vocês podem dizer: a ciência das pesquisas escolhe as cidades certas, a idade das pessoas, a profissão, a escolaridade… mas veja: no Paraguai, onde são cerca de 7 milhões de eleitores, fica mais fácil fazer uma pesquisa com 7 mil pessoas, fica mais realista. Agora, com 156 milhões? Aí sinto muito, só se eu fosse muito ingênuo para aceitar.

Justiça impede campanha do presidente
Vejam só o que está acontecendo: a Justiça Eleitoral, especialmente pelo ministro Benedito Gonçalves, aquele que recebeu uns tapinhas na bochecha do ex-presidente Lula, está proibindo tudo da campanha do presidente Jair Bolsonaro. Proibiu mostrar as imagens de Londres, imagens de Nova York e agora proíbe qualquer imagem que seja feita no Palácio Alvorada, no Palácio do Planalto, ou alguma atividade do presidente.

Um amigo me disse o seguinte: a Justiça Eleitoral está proibindo que o presidente da República esteja na campanha de Jair Bolsonaro. Eu acrescentei: a despeito de a lei permitir. Ora, se a lei permite que o governador dispute a eleição e não saia do governo, o presidente da República também é candidato ao mesmo tempo. Não tem como separar, só que agora está se separando. Mas se não pode, paciência, fazer o quê?

Barroso manda mais que vereadores e TJ
O ministro Luís Roberto Barroso manda mais que 25 vereadores de Curitiba, mais que o Tribunal de Justiça do Paraná. Aquele vereador que profanou um templo católico e foi julgado na Câmara de Vereadores – Renato Freitas -: a Comissão de Ética votou para tirar o mandato dele, por falta de decoro. Depois deu 25 a 5 no plenário. O vereador ainda recorreu ao Tribunal de Justiça, o tribunal confirmou a decisão da Câmara dizendo que não se mete, é interna corporis, questão interna do Poder Legislativo.

Aí ele recorreu ao Supremo, caiu na mão do ministro Barroso, o ministro sozinho, monocraticamente, disse que isso é liberdade de expressão para defender os negros. E não mencionou ou desconheceu que uma cláusula pétrea da Constituição determina a proteção aos locais de culto. O nome disso é profanação, então, é mais um caso pra gente registrar a nossa vontade de cidadão de fazer com que a Constituição Brasileira seja respeitada. Porque aí se respeitam todos os direitos, nossos direitos que lá estão previstos.

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NASA VAI FAZER COLIDIR SONDA COM ASTEROIDE

 

Foto: Johns Hopkins/NASA, Steve Gribben/APL

Por Redação – Jornal Estadão

Agência enviou no ano passado sonda em direção a corpo celeste chamado Dimorphos, com objetivo de mudar sua trajetória e combater possíveis ameaças à Terra

Com o objetivo de testar defesas contra ameaças à Terra, a Nasa, agência espacial americana, iniciará nesta segunda-feira, 26, mais uma fase da missão Dart (em inglês: Teste de Redirecionamento de Duplo Asteroide), que pretende mudar a trajetória de um corpo celeste capaz de causar problemas ao planeta no futuro. Uma aeronave viajará a cerca de seis quilômetros por segundo em direção ao meteoro Dimorphos, pequena lua de 160 metros de diâmetro que ronda o Sistema Solar e, se tudo der certo, o impacto modificará sua órbita.

O resultado da colisão, prevista para ocorrer às 20h14 com transmissão ao vivo no canal da agência no YouTube, será medida por telescópios.

A proximidade com a Terra permite que especialistas em defesa planetária observem e meçam o impacto da sonda que atingirá o asteroide. A escolha da data foi proposital, pois a cada 770 dias, o Didymos, sistema onde o Dimorphos está localizado, fica a 11 milhões de quilômetros de nós.

Em 2024, a nave Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), visitará o aglomerado para analisar a colisão com mais detalhes. A missão utiliza elementos de energia cinética e será avaliada também sua capacidade de repetição para que seja estabelecida como uma técnica sólida.

No novembro de 2021, a Nasa lançou a sonda Dart a bordo de um foguete Falcon 9 da Space-X
No novembro de 2021, a Nasa lançou a sonda Dart a bordo de um foguete Falcon 9 da Space-X Foto: Bill Ingalls/Nasa/AFP

O “alvo” da Nasa não tem risco de causar um “armaggedon” em si. No entanto, são conhecidos atualmente cerca de 25 mil asteroides próximos ao planeta, em escala espacial, que representam ameaça, mesmo com chances baixas – e isso é somente 40% do que pode ser o número total.

Segundo a agência, o sucesso da missão é fundamental para traçar um plano estratégico e realizar testes também em outros corpos celestes. “Estamos trabalhando para adicionar mais rochas espaciais ao nosso catálogo e, enquanto isso, tentando descobrir como garantir que nenhuma atinja a Terra”, disse Thomas Zurbuchen, integrante da diretoria de missão científica da Nasa, no lançamento da operação, em 2021.

Além de combater possíveis “agentes do apocalipse”, a Dart também está focada em desenvolvimento de tecnologia autônoma. Na sonda, foram implementados algoritmos que permitem a viagem sem um operador. Em caso de sucesso e bons resultados, a exploração espacial evoluiria em comunicação – ou o descarte da mesma. Atualmente, as informações enviadas às naves pelo comando demoram algum tempo para que cheguem, o que não permite controle em “tempo real”.

Asteroide na Rússia

O ímpeto em acelerar o desenvolvimento de defesas planetárias foi impulsionado pela queda de um asteroide de 18 metros de diâmetro na cidade de Chelyabinsk, na Rússia, que gerou uma onda de choque e causou danos a seis municípios. A explosão feriu mais de 1600 pessoas e causou danos estimados em US$ 30 milhões (cerca de R$ 153,5 milhões).

Apesar do susto, impactos do tipo são comuns na história da Terra. Diariamente, objetos caem na atmosfera do planeta e são queimados pelas suas proteções naturais. O perigo real surge quando o corpo mede mais de 100 metros de diâmetro, pois esses têm mais chances de não se desintegrarem e são mais difíceis de detectar. De acordo com a Nasa, a entrada de meteoros e cometas do tipo ocorrem uma vez a cada 20 mil anos.

Asteroides maiores, como o responsável pela extinção dos dinossauros há quase 66 milhões de anos – com aproximadamente 10 quilômetros de diâmetro – são mais fáceis de serem notados com antecedência. No entanto, a técnica testada pela agência americana ainda não será suficiente para evitar um desastre global, mas sim danos locais.

EMPRESAS PRECISAM DE UMA FORÇA DE TRABALHO CRIATIVA

 

Paulo Oliveira, gerente de marketing da Apdata

O sucesso de uma empresa depende da sua capacidade de inovar e desenvolver novas soluções, para isso, é preciso que exista uma força de trabalho criativa, ágil e com vários conjuntos de habilidades. Um estudo da Harvard Business Review realizado com 1.700 corporações e em oito países, descobriu que diversas empresas tiveram uma receita de inovação 19% maior do que empresas que não possuem um quadro de colaboradores diversificado.

A definição de diversidade e inclusão pode ser interpretada de diversas maneiras, mas ainda assim, em sua essência, está o entendimento de que cada ser é único e deve ser respeitado. Isso inclui raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual, necessidades especiais, status econômico, religião, ideal político, idade e habilidades.

Há muitas evidências a favor de uma força de trabalho diversificada e inclusiva, não apenas em termos de desenvolvimento de novas ideias, mas também na criação de um ambiente atraente e acolhedor para quem procura uma organização para se desenvolver profissionalmente. Os esforços para incluir diversidade e inclusão em uma corporação são necessários para criar um ambiente onde todos se sintam bem-vindos e possam contribuir com suas melhores ideias e talentos.

O ambiente de trabalho ideal para os millennials

A geração Y ou geração do milênio – pessoas que nasceram entre 1981 e 1996 – representam 34% da população mundial, ou seja, os millennials são maioria e constituem 70% da força de trabalho no mercado atual, segundo dados coletados pela FGV.

Os profissionais desta geração costumam ter a autoestima mais elevada. Outra grande característica é o fato de tenderem a ter uma criatividade aflorada, e são extremamente conectados com questões sociais, como política, sustentabilidade, luta de classes, entre outros.

Os millennials não toleram preconceitos e isso faz com que procurem ambientes – pessoais ou profissionais – que se adequem aos seus ideais. De acordo com uma pesquisa de 2019 da World Economic Forum, 47% dos millennials procuram ativamente a diversidade no local de trabalho, o que significa que essa questão deve ser uma preocupação primordial para as organizações que buscam atrair os melhores e mais preparados profissionais.

Criando uma atmosfera inclusiva

Há muitas maneiras pelas quais as empresas podem aprimorar seus esforços de inclusão. Uma forma simples de começar a abordar esse assunto com a equipe é realizar treinamentos sobre sensibilidade cultural, incluir palestras sobre o tema no cotidiano da corporação, e aos poucos, criar um ambiente inclusivo no qual todos sejam bem-vindos para expressar suas opiniões.

Mas mais importante do que criar programas e engajar os funcionários, as organizações devem garantir que suas políticas e práticas reflitam a importância de abraçar a diversidade e a inclusão, não só dentro, mas fora da empresa também. Isso pode abranger: incluir metas inteligentes que envolvam diversidade, assumir o compromisso de contratar uma força de trabalho inclusiva e desenvolver projetos de inclusão que sejam abertos ao público.

Por que a diversidade e inclusão são importantes para as organizações?

A inclusão no local de trabalho é uma das chaves mais importantes para a retenção. Quando os funcionários não sentem que suas ideias, presença ou contribuições são realmente valorizadas ou levadas a sério por sua organização, eles acabam saindo.

Uma pesquisa realizada pela Great Place To Work mostrou que um local de trabalho diversificado e inclusivo pode ter:

Maior crescimento de receita;

Maior disponibilidade para inovar;

Maior capacidade de recrutar um conjunto diversificado de talentos;

Retenção de colaboradores 5,4 vezes maior.

Ter uma cultura inclusiva no local de trabalho não apenas ajudará a empresa a atrair um conjunto diversificado de colaboradores, mas também a reter os diversos talentos conquistados até então. O estudo também mostrou que quando o funcionário confia que ele e seus colegas são tratados de forma justa, independente da raça, orientação sexual ou idade, tem:

9,8 vezes mais chances de ficar feliz ao ir trabalhar;

6,3 vezes mais chances de ter orgulho do seu trabalho;

5,4 vezes mais chances de querer construir uma carreira na empresa

Quando as empresas adotam a diversidade e a inclusão, equipes diversas costumam ser mais criativas e inovadoras, o que leva a novas ideias e soluções para garantir que a organização permaneça competitiva em um mundo cada vez mais focado em questões sociais e nivelando o campo de atuação para grupos sub-representados.

As empresas que adotam a diversidade também tendem a ser mais bem-sucedidas em alcançar um público mais amplo. Em suma, está claro que abraçar a diversidade não é apenas a coisa certa a fazer, mas também é algo extremamente positivo para os negócios.

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domingo, 25 de setembro de 2022

CHINA CONDENA EUA SOBRE INTERFERÊNCIA EM TAIWAN

 

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O chanceler chinês, Wang Yi, alertou que qualquer um que tente impedir a reunificação de seu país e Taiwan será “esmagado pelas rodas da história”. A fala se deu em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, neste sábado (24).

Wang ainda declarou que só quando o continente e a ilha voltarem a ser um só território “haverá paz”. “Devemos combater firmemente as atividades separatistas de independência de Taiwan e dar passos mais enérgicos para nos opormos à interferência externa”, disse ele.

Taipé rompeu com Pequim em 1949, quando nacionalistas que haviam sido derrotados pelas tropas de Mao Tse-tung fugiram para a ilha e ali forjaram um governo capitalista. A região se autodenomina independente, mas as autoridades chinesas a consideram uma província separatista rebelde, que deve ser recuperada.

Um dos meios que usam para isso é isolando-a diplomaticamente, numa política conhecida como “uma só China”. Esta estabelece que países só podem ter relação com Pequim, gigante econômica, ao romperem laços com Taipé.

No entanto, os Estados Unidos mantêm uma “ambiguidade estratégica” em relação ao assunto, concebida tanto para evitar uma invasão chinesa quanto para dissuadir a ilha de provocar a China declarando-se independente.

Uma visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan no mês passado pôs em xeque esta ambiguidade. Pelosi foi a mais alta autoridade americana a visitar a região em 25 anos, e sua viagem atingiu diretamente pontos sensíveis da administração de Xi Jinping.

As declarações de Wang Yi na ONU agora têm, portanto, os EUA como principal alvo, em consonância com a diplomacia cada vez mais assertiva do país asiático. O discurso linha-dura reflete uma veemência comum para os chineses quando se trata da ilha.

O chanceler chinês havia se reunido na véspera com seu análogo americano, Antony Blinken. Já no encontro, havia advertido o representante sobre o apoio crescente dos EUA à ilha rebelde –um projeto de lei que obrigaria Washington a vender suprimentos militares a Taipé, de modo a garantir sua defesa contra as forças de Pequim, avançou recentemente no Senado.

A aproximação dos americanos com a ilha também foi mencionada pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, na mesma Assembleia-Geral, momentos depois. “Eles estão brincando com fogo no caso de Taiwan”, afirmou, acusando os americanos de tentarem subjugar uma série de áreas na Ásia.

Na semana passada, o próprio presidente russo, Vladimir Putin, defendeu a o princípio da “China única” em um discurso. Nem ele, nem Xi foram pessoalmente a Nova York este ano.

Moscou tem em Pequim um de seus aliados mais poderosos hoje –os chineses exercem o que analistas chamam de uma “neutralidade pró-Rússia” na Guerra da Ucrânia, reiterando a soberania de Kiev, mas sem condenar os russos pela invasão. Dias antes do início do conflito, as duas nações assinaram um pacto de amizade sem limites, que tem como base a hostilidade comum à liderança global dos Estados Unidos.

Mas o prolongamento da guerra e a perspectiva de derrota de Putin têm representado um revés estratégico para o regime liderado por Xi.

Em seu discurso, Wang pediu que Rússia e Ucrânia não permitam que a guerra transborde para além de suas fronteiras. Chamando o conflito de “crise ucraniana”, ele ainda afirmou que a prioridade de Pequim neste momento é “facilitar as negociações de paz”, e que o país asiático “tem feito esforços para resolver os problemas de todas as partes de maneira construtiva”.

SEMIPRESIDENCIALISMO PODE SER VOTADO APÓS A ELEIÇÃO

 

Novo sistema
Mais poder ao Congresso
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília


Bolsonaro em visita à Câmara: novo sistema prevê mais poderes ao Congresso.| Foto: Paulo Sergio Prime

A Câmara dos Deputados está discutindo uma proposta para adotar o semipresidencialismo no Brasil – modelo no qual o presidente da República, eleito pelo voto popular, dividiria poderes com um primeiro-ministro aprovado pelo Congresso. O debate sobre o tema é liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defensor da iniciativa que já deu sinais de que gostaria de colocar o assunto em votação depois das eleições. Mas, para que a ideia avance, será preciso aprovar uma Proposta da Emenda à Constituição (PEC) na Câmara e também no Senado.

A ideia em discussão é que o novo sistema, se aprovado, seja implantado apenas a partir de 2030. Não se aplicaria, portanto, ao mandato do presidente da República que será escolhido em outubro. Os defensores da proposta alegam que a implantação em 2030 permite que a discussão de agora não seja contaminada pelo clima político atual.

O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), discorda da proposta e vê na discussão um pretexto para enfraquecer um possível futuro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Lopes, o discurso de implantação a partir de 2030 poderia ser mudado na tramitação da proposta e a vigência do novo modelo ser posta em prática de imediato.

O semipresidencialismo, de acordo com a proposta em discussão, criaria no Brasil a figura do primeiro-ministro. O presidente da República continuaria existindo, e ainda seria eleito por voto popular. Ele, porém, seria apenas o chefe de Estado (que é mais uma função mais simbólica, de representação do país e garantia da harmonia entre poderes). A função de chefe de governo, que é quem efetivamente governa, seria entregue ao primeiro-ministro. Pela proposta, o presidente escolheria um nome para ser o primeiro-ministro. Mas o Congresso teria de aprovar essa nome. Hoje, o presidente acumula as duas funções.

Segundo os defensores da iniciativa, ela cria “corresponsabilidade” entre o Parlamento e a Presidência da República. O primeiro-ministro, além de aprovado pelo Congresso, estaria permanentemente sob a “ameaça” de ser destituído caso perca o apoio de deputados federais e senadores. A rejeição formal por parte do Legislativo levaria à queda do primeiro-ministro, com o processo de escolha e aprovação de um nome sendo reiniciado a partir daí.

O modelo semipresidencialista, com suas peculiaridades locais, é adotado em países como Portugal e França. Essas duas nações serviram de referência para os defensores da iniciativa e para o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), autor do relatório da proposta que tramita numa comissão especial.

A diferença para o parlamentarismo clássico é que, no sistema semipresidencialista, o presidente da República tem mais poderes. Uma das atribuições que seria mantida com o presidente, por exemplo, é a de veto a projetos aprovados pelo Congresso. Mas a definição exata dessas responsabilidades não foi definida até agora. O entendimento é que isso seria afinado na ocasião do debate para a aprovação do modelo propriamente dito, ou mesmo permaneceria em aberto, para ser regulado ao longo dos anos.

O projeto em curso também não determina de forma direta se o semipresidencialismo já seria implantado após uma decisão favorável ao Congresso ou se seria submetido a uma votação popular, como um referendo. Entre os defensores da implantação do semipresidencialismo, há apoiadores dos dois diferentes modos para colocá-lo (ou não) em vigência. É mais uma questão que seria resolvida com a tramitação definitiva no Congresso.

Semipresidencialismo fortaleceria o Congresso
A ideia do semipresidencialismo é discutida há pelo menos dois anos na Câmara. O deputado Samuel Moreira apresentou uma PEC em agosto de 2020 sugerindo a implantação do modelo.

Mas a discussão ganhou mais corpo a partir de março deste ano, quando o presidente da Casa, Arthur Lira, determinou a criação de um grupo de trabalho para debater o sistema. O grupo é capitaneado por Moreira e contou com representantes de diferentes partidos, como PL, MDB, União Brasil e Novo. Não fez parte do grupo a oposição de esquerda ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o líder petista Reginaldo Lopes, o PT entende que “a legislatura atual não tem legitimidade” para discutir a modificação no sistema. “Nós só participaríamos de uma discussão deste perfil se ela fosse inserida em um debate maior sobre reforma política, talvez dentro de uma nova constituinte”, diz.

Além dos deputados, o grupo formou um conselho consultivo composto por pesos-pesados do direito e da política, como o ex-presidente Michel Temer e os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim e Ellen Gracie.

Em geral, tanto os deputados que participaram do grupo quanto os membros do conselho consultivo e os convidados para audiências são favoráveis à implantação do semipresidencialismo. A abordagem comum entre eles é que o modelo presidencialista, no Brasil, se mostrou insuficiente para administrar as diferentes instâncias de poder e é um dos fatores que explica as crises e a instabilidade histórica que marca o país.

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Integrante do grupo, o deputado Enrico Misasi (MDB-SP) diz que a adoção do semipresidencialismo “significaria uma grande modernização do sistema de governo”. O parlamentar define como “irracional” a acumulação de funções de chefe de Estado e de Governo que existe no modelo atual.

Para Misasi, o sistema também traria soluções para um dos problemas habituais do contexto político nacional, que é a relação entre o Executivo e o Congresso. “No presidencialismo, a relação se dá de forma posterior [ao começo de um governo]. Já no semipresidencialismo, a relação é fruto de uma maioria [no Parlamento]. O governo começa com uma coalizão que garante sustentação política”, diz.

O deputado acrescenta que as atividades do grupo de trabalho, ao enfatizarem que uma mudança só ocorreria em 2030, derrubaram a principal rejeição existente em torno do tema, que é a de sugerir que a modificação serviria para prejudicar Lula ou o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da vitória deles na eleição.

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) diz ser favorável ao modelo. Ele entende que o Congresso é o poder “mais próximo da sociedade, de quem ouve constantemente as suas reivindicações”. Ele também afirma que “está na hora” de voltar a debater sistemas de governo no Brasil, cerca de 30 anos após o plebiscito de 1993 que confirmou o presidencialismo, em oposição ao parlamentarismo e à monarquia.

O senador, porém, afirma que não vê a possibilidade de conclusão do tema ainda em 2022. Para ele, seria mais favorável aguardar a nova composição do Senado. O Senado poderá renovar um terço de suas vagas nas eleições deste ano. Já na Câmara, as 513 cadeiras estarão submetidas à renovação.


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ENEM E O NOVO ENSINO MÉDIO

 

Itinerários formativos
Por
Gabriele Bonat – Gazeta do Povo

Exame Nacional do Ensino Médio,Enem


Exame Nacional do Ensino Médio terá mudanças a partir de 2024.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá mudanças a partir de 2024, com opção de escolher uma área do conhecimento para a prova do segundo dia e também com questões discursivas. Em 2021, o Ministério da Educação (MEC) publicou a portaria n° 521 que instituiu o cronograma nacional de implementação do novo ensino médio. Consequentemente, pelas novas alterações na grade curricular dos alunos, o Enem também sofrerá alterações. A Gazeta do Povo conversou com especialistas para entender o impacto e as principais modificações no exame.

O coordenador-geral de Ensino Médio (COGEM) do MEC, Fernando Wirthmann, explicou que o novo formato do Enem só irá ser implementado a partir de 2024, com alterações feitas de forma gradual nos próximos dois anos. “Nesse ano de 2022, tivemos adesão da 1ª série no novo formato do ensino médio. Em 2023, será a 1ª e 2ª série. E 2024 todas as séries do ensino médio”, afirmou.

A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que estabeleceu uma mudança no ensino médio ampliando o tempo do estudante em sala de aula que antes era de 800 horas para 1.000 horas anuais. Os alunos também terão a possibilidade de escolher os “itinerários formativos”, ou seja, a grade horária pode ser alterada conforme a área do conhecimento e formação técnica que o estudante pretende aprofundar e prosseguir no futuro, em um possível curso superior.

Com isso, por essa ampliação na grade horária, o novo ensino médio está pensado para ser em tempo integral. “As escolas são totalmente livres para organizar a carga horária por ano (há vários modelos curriculares para isso) desde que atendam as diretrizes de 1.800 horas para a formação básica geral e 1.200 horas para os itinerários formativos. Tudo isso em 3 anos”, explicou o doutor em educação, Danilo Briskievicz.

Devido a essas modificações, apesar de continuar sendo em dois dias, no primeiro dia do Enem a prova irá abranger a formação geral básica, pautada nas competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). No segundo dia de prova, o aluno poderá escolher entre quatro opções, com base na área que buscará se aprofundar em um curso superior: Linguagens; Matemática; Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

O intuito é preparar o aluno para o ensino superior, pois ao saber o curso que deseja cursar na universidade, o estudante já pode focar nessa área de estudo no ensino médio. Embora o objetivo seja benéfico, há a possibilidade de o aluno se preparar ao longo de três anos para um determinado curso e por fim, no último ano, decidir ir para outra área diferente.

Questionado sobre isso, o coordenador-geral de Ensino Médio do MEC, Fernando Wirthmann, confirmou ser uma realidade possível. Ele comentou que os alunos de 15 e 16 anos estão em uma fase de autoconhecimento e planejamento sobre o futuro profissional. Dessa forma, Wirthmann destacou que em qualquer formato do ensino médio essas dúvidas e mudanças de curso superior pelos vestibulandos podem ocorrer.

O doutor em educação Danilo Briskievicz apontou que o desafio desse novo formato do ensino médio é que a qualidade do desenvolvimento das habilidades e competências seja o mais próximo da equidade. Ele criticou o fato de algumas escolas privadas insistirem na ideia de que o ensino médio é uma preparação para o Enem. “Quando de fato deviam se preocupar em preparar para a vida, para a socialização, para a democracia e especialmente para a vivência plena da cidadania. Essa ideia de ‘preparar para o Enem’ é estratégia pedagógica e comercial para as escolas particulares”. Apesar disso, ele também afirmou que outro desafio é que as escolas públicas consigam ofertar com qualidade esse novo formato para que os alunos consigam boas notas no Enem.

Além das mudanças na prova, a perspectiva é de inserção de questões dissertativas no exame. “No primeiro dia, a ideia é que tenha a redação e a inserção de outras questões discursivas e no segundo dia, um número maior de questões discursivas”, afirmou o coordenador-geral de Ensino Médio do MEC. Segundo ele, há um estudo em andamento no Inep para essas modificações, e também para uma evolução tecnológica para a correção da prova.


Preparação para o novo Enem 

Ainda é cedo para os alunos estarem preparados para esse novo Enem, pois as maiores mudanças começam em 2024. O coordenador de Itinerários Formativos e Olimpíadas Científicas do Poliedro Colégio, Thiago Pavan, comentou que na formação geral básica, a preparação para o exame continua sendo a mesma. “A grande diferença está na carga horária das trilhas de aprendizagem escolhidas pelos alunos a partir do primeiro ano, os chamados itinerários formativos, assim eles se aprofundam em temas e assuntos relacionados à área de interesse que pretendem cursar na universidade”.

De acordo com Pavan, a matriz de referenciais deve sair no final deste ano e com isso será possível entender como será esse novo formato e também a melhor forma de preparar os estudantes. Pavan apontou que o novo ensino médio deve desenvolver competências como liderança, argumentação e pensamento crítico.

Wirthmann informou também que já foram apresentadas as modificações para as secretarias de educação de todos os Estados. Em 2021 e no primeiro semestre de 2022, o MEC realizou discussões sobre o novo Enem em parceria com Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Segundo Fernando Wirthmann, os 27 Estados tiveram representação no estudo para a concretização desse novo formato do ensino médio.


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VOTOS BRANCOS E NULOS NÃO ANULAM A ELEIÇÃO

Boato

Por
Raquel Derevecki


Mensagens falsas circulam pelas redes sociais afirmando que votos brancos e nulos poderiam interferir no processo de apuração| Foto: Reprodução/Senado

Optar pelo voto nulo ou em branco não interfere na apuração das eleições e nem em sua anulação, caso a maioria dos eleitores escolha essas alternativas. A informação foi divulgada neste domingo (25) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que esse boato começou a circular pelas redes sociais. “Para começar, é importante entender que os votos em branco e os nulos não possuem valor algum”, informa o Tribunal. “Eles são descartados do processo de apuração e considerados apenas como estatística”.

De acordo com o alerta emitido pela instituição, o candidato eleito é aquele que obtiver a maioria dos votos válidos — destinados a um candidato ou a um partido. Dessa forma, a Constituição Brasileira estabelece que sejam excluídos da contagem votos em branco e nulos.

No entanto, é possível escolher essa modalidade de voto para algum cargo eletivo e selecionar o candidato ou partido em outro. “Se o eleitor votar apenas para presidente da República e optar por votar em branco para deputados, o voto para presidente vai valer do mesmo jeito”, explica o TSE, ao ressaltar também que votos nulos e em branco são considerados inválidos, então não interferem no resultado final e nem beneficiam candidatos. “Isso não passa de um boato”.

O tribunal ainda reitera que, se mais de 50% dos eleitores anular o voto ou votar em branco, a eleição será contabilizada normalmente com os votos válidos realizados no pleito. Segundo o TSE, a eleição só será remarcada se a Justiça Eleitoral constatar que a nulidade atingiu mais de metade dos votos do país por fraude no pleito, como, por exemplo, eventual cassação de candidato eleito.


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PUTIN MANIPULA A HISTÓRIA

Conflito no leste europeu
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


Refugiada de Mariupol, Ucrânia, assiste em Moscou ao pronunciamento televisivo de Vladimir Putin na última quarta-feira (21), no qual o presidente russo anunciou a mobilização de 300 mil reservistas| Foto: EFE/Sergei Ilnitsky

O presidente russo, Vladimir Putin, tem uma interpretação da história que vem sendo comparada por analistas a uma narrativa da época do czarismo, na qual a Rússia se outorgava o direito de dominar as nações vizinhas. Com base nessa visão de mundo, Putin vem utilizando personagens de séculos passados e recortes de fatos que dão um viés bem diferente da história aceita mundialmente para tentar justificar a invasão da Ucrânia.

Não é novidade que a guerra se desenrola em meio a uma disputa de narrativas e versões, que tentam justificar ações tanto do Kremlin como da OTAN (aliança militar ocidental). Nesse contexto, começou a ganhar atenção o argumento russo de que a invasão aconteceu em resposta à expansão da OTAN para o leste – o que teria sido interpretado por Moscou como uma ameaça às suas fronteiras.

Mas então, por que quando a Finlândia e a Suécia anunciaram em junho que queriam entrar para a OTAN, Putin não as invadiu? Pelo contrário, ele afirmou que o Kremlin “não tem problemas com a Suécia e com a Finlândia como tem com a Ucrânia”.

Uma interpretação possível é que geograficamente é mais fácil para um exército invadir a Rússia pela fronteira com a Ucrânia do que pela Suécia ou pela Finlândia.

Mas outra hipótese é que o presidente russo acredita que tem direito histórico – ou mesmo divino, segundo alguns analistas – de incorporar a Ucrânia à “Grande Rússia”. Essa hipótese ganhou muita força com a análise de um ensaio publicado em 2021 em nome de Putin sob o título “Sobre a Unidade Histórica dos Russos e Ucranianos”. Ele está disponível na página do Kremlin, em inglês.

Esse texto apresenta tanto argumentos consistentes para a tese de Putin, como uma série de fatos históricos distorcidos, apresentados apenas parcialmente ou retirados de contexto.

“Expansão da OTAN ou questão mais histórica, o que motiva a Rússia? Na minha opinião, são as duas coisas”, afirmou o historiador da Universidade de São Paulo (USP) Angelo Segrillo, mestre em língua e literatura russa pelo Instituto Pushkin, de Moscou, e autor do livro “O Declínio da União Soviética: um estudo das causas” (Editora Record).

“A expansão da OTAN é um grande problema para a Rússia. Qualquer grande potência não aceita ser cercada por uma aliança militar estrangeira. Mas com a Ucrânia tem essa coisa especial, tem uma guerra historiográfica”, disse Segrillo.

Tanto ucranianos como russos têm origem no chamado povo Rus, que existiu entre os séculos 9 e 13 na região chamada Kyivan Rus. Eles eram uma confederação de cidades-estados, que coexistiam no leste europeu em um sistema de vassalagem ao Grande Príncipe de Kyiv (um título semelhante ao de um rei medieval).

Na versão de Putin dessa história, o Grande Príncipe Vladimir I se converteu ao cristianismo em 988 e assim se tornou o santo dos cristãos ortodoxos. Mas, segundo o presidente russo, esse príncipe pertencia a Moscou, não a Kyiv.

Porém, Moscou só foi criada mais de 150 anos depois. A primeira referência à cidade data de 1147. Ela foi fundada por um familiar de um dos grandes príncipes de Kyiv.

Segundo Segrillo, entre os séculos 13 e 15, a região de Kyivan Rus foi dominada pelos mongóis. Quando a dominação acabou, o povo Rus se reuniu em ao menos três diferentes grupos, que hoje correspondem aos ucranianos, bielorrussos e russos.

Nos séculos seguintes, os russos conseguiram formar um império forte, mas os ucranianos não. Eles tiveram seu território anexado por uma série de impérios que dominaram a região – inclusive o Império Russo.

Os imperadores russos Pedro, o Grande, e Catarina II conquistaram boa parte do que hoje é o território da Ucrânia dos impérios Otomano e Sueco. Putin não só destaca esse fato para argumentar que a Ucrânia não existiu como nação independente, como parece se inspirar na história desses imperadores.

“Todos juravam lealdade ao soberano, então, teoricamente, não existiria uma subordinação dos ucranianos aos russos. Tanto que quando houve a incorporação [da maioria dos territórios ucranianos ao Império Russo no século 18], a soberana era uma alemã, Catarina II, a Grande, ela era alemã de origem, por exemplo”, disse Segrillo.

Cultura

Putin argumenta que russos e ucranianos partilham da mesma herança cultural. Ele cita, por exemplo, o poeta ucraniano Tara Shevchenko, que escrevia poesia em ucraniano e prosa em russo. Além do escritor Nikolay Gogol, que escrevia em russo, mas se baseava em temas do folclore ucraniano.

O presidente russo justifica a existência de uma língua ucraniana dizendo que muitos anos de fragmentação resultaram em “peculiaridades linguísticas regionais”.

Na verdade, ucranianos e russos têm influências culturais bastante distintas, segundo a especialista em literatura Anastasiya Kuchkovska.

De acordo com ela, os mitos e lendas que basearam a literatura russa são originados em idiomas fino-úgricos, de sociedades de características nômades que ocupavam áreas das atuais Finlândia, Lapônia, Hungria e Sibéria. Já a base do folclore ucraniano está mais ligada à Citia (que hoje ficaria nos territórios da Romênia, Bulgária e partes do rio Danúbio) e a grupos de amazonas da Antiguidade.

Mas, segundo Kuchkovska, apesar da manipulação, parte da argumentação do presidente Putin tem fundamento. Nas regiões que hoje formam a fronteira da Ucrânia com a Rússia no leste, há muitas semelhanças culturais entre os dois povos.

O mandatário russo também usa argumentos linguísticos em seu ensaio. Ele diz que a palavra em russo que teria dado origem ao nome Ucrânia tem o sentido de “periferia”. Ele também designa os ucranianos com uma palavra que quer dizer “pequenos russos”.

“Putin tenta resgatar uma visão que não é só dele, que vem desde a época czarista, de que os ucranianos eram os irmãos menores”, disse Segrillo.

Putin e o comunismo

A principal crítica de Putin ao comunismo se direciona ao líder bolchevique Vladimir Lenin. O presidente russo diz acreditar que Lenin foi o culpado pela divisão do território da Rússia e da criação da Ucrânia – segundo ele, um país que nunca havia existido antes.

Ou seja, os czares reinaram sobre uma Rússia unificada, porém formada por uma grande quantidade de diferentes etnias e nacionalidades. Elas eram mantidas sob só um governo por meio da força.

Durante a Guerra Civil Russa, entre 1918 e 1920, parte da Ucrânia chegou a declarar independência. Putin diz que a ideia de que o povo ucraniano não pertence à Rússia teria sido fabricada pela elite polonesa e também por intelectuais do povo que ele chama de “pequenos russos” – ou seja, os próprios ucranianos.

Para chegar ao poder, os bolcheviques prometeram que as diversas nacionalidades da futura União Soviética não seriam discriminadas – e por isso ganharam grande apoio. Segundo Segrillo, foi Lenin quem defendeu que o nacionalismo fosse incorporado ao comunismo. Ele entrou em choque com Rosa Luxemburgo, que achava que as nações poderiam se voltar contra o Partido Comunista. Mas a opinião de Lenin venceu.

A Ucrânia e outras nações foram então reconhecidas como repúblicas separadas da Rússia e incorporadas à União Soviética. Porém, as promessas de liberdade para qualquer nação que desejasse sair do bloco nunca foram cumpridas.

Com o fim da União Soviética em 1991, a Ucrânia obteve sua independência e assim permaneceu até 2014, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia e rebeldes apoiados por Moscou tomaram regiões de Luhansk e Donetsk.

A atual invasão da Ucrânia faria então parte de uma tentativa de Putin de corrigir um erro histórico cometido por Lenin. Porém, os argumentos históricos de Putin não levam em conta que grandes partes da Ucrânia – que antes da União Soviética pertenciam à Polônia, à Áustria e à Galícia – nunca fizeram parte da Rússia.

“A questão de Putin é unir os russos nessa condição de grande potência, unir brancos, os antigos czaristas, com os vermelhos”, disse Segrillo.

Laços de sangue
Segundo o historiador da USP, quando tenta justificar a guerra afirmando que querem proteger “russos étnicos”, Putin e seus aliados agem por uma lógica de difícil compreensão para povos ocidentais, como os brasileiros.

No Brasil, nossa visão de mundo é voltada para o conceito de “Estado-Nação”. Ou seja, um país não deve tentar interferir no que acontece no território do vizinho. Além disso, a nacionalidade de uma pessoa é definida pelo local em que ela nasce.

Mas na Europa há conceitos diferentes. Em muitos países, a nacionalidade é transmitida por critérios de hereditariedade e cultura. Assim, aos olhos de Putin, parte da nação russa não está só na Rússia. Há os chamados russos étnicos na Ucrânia, na Transnístria, na Bessarábia (hoje Moldávia), na Rutênia (que abrange partes da Eslováquia, Ucrânia e Polônia) e em diversas ex-repúblicas soviéticas.

“Putin se vê como o ‘defensor’ da nação russa como um todo, dentro ou fora da Rússia”, disse Segrillo.

Neonazismo
Uma das justificativas usadas pelo Kremlin para tentar motivar seus soldados e legitimar a invasão em 24 de fevereiro de 2022 foi “desnazificar” a Ucrânia.

Putin se baseou no fato de que movimentos nacionalistas ucranianos, especialmente o UPA, de Stephan Bandera, lutaram ao lado dos nazistas contra a União Soviética na Segunda Guerra. Os nacionalistas ucranianos depois acabaram traídos pelos nazistas.

Em um esforço de propaganda, o Kremlin tentou associar a imagem do UPA a integrantes do Batalhão Azov, uma unidade militar ucraniana que teria cerca de 20% de seus integrantes adeptos de preceitos neonazistas.

Mas Putin extrapolou esse raciocínio. Em seu conceito de história, os ucranianos são nazistas não porque concordam com as teorias de Adolf Hitler e seu nacional-socialismo, mas porque se recusaram a se subordinar à Rússia. Para reforçar essa ideia, a propaganda russa começou a produzir e divulgar imagens de ucranianos utilizando símbolos nazistas.

A maior parte desse esforço destina-se ao público interno da Rússia – principalmente seus militares. Como convencer e motivar jovens russos a matar seus vizinhos ucranianos? Uma estratégia eficaz foi classificá-los como neonazistas.

Esse tipo de solução parece estar nos manuais russos desde os tempos dos czares. Segundo Kuchkovska, na época da imperatriz Catarina II, os Cossacos de Zaporizhzhia – povo tradicional do sul da Ucrânia – foram vilanizados e classificados como ladrões e foras da lei – para justificar sua expulsão ou mesmo extermínio. Com o banimento dos últimos cossacos, Catarina II assegurou o fim da autonomia da região.

Kuchkovska, que nasceu em Zhytomyr, na região central da Ucrânia, afirmou acreditar que a manipulação histórica feita pelo Kremlin tem como alvo principal a população russa. “Não me sinto ofendida. A Ucrânia é independente e tem sua história. Eu tenho tanta confiança nisso que a manipulação de Putin soa como algo ridículo”, disse.

“Isso também não significa que eu concorde com o Ocidente. Eu gosto do meu povo, dos ucranianos”, disse.

Expansão da OTAN
Diferente dos temas acima, os acontecimentos recentes relacionados à expansão da OTAN no período pós-soviético estão ainda longe de serem consolidados em uma versão da história aceita mundialmente.

Desde o fim da Guerra Fria, 14 países aderiram à OTAN. A maioria deles havia vivido por décadas sob a dominação soviética e viram na aliança militar ocidental uma forma de se proteger contra uma eventual nova tentativa de expansão da Rússia.

A aliança sempre adotou uma política de “portas abertas” e não impediu nenhuma nação que atendesse a pré-requisitos técnicos de entrar no bloco – exceto a Rússia.

O entendimento de Putin é bem diferente. Para ele, é o Ocidente que tem pressionado cada vez mais nações a entrar na aliança. Ele culpa, por exemplo, os Estados Unidos e seus aliados por incitar e financiar o movimento pró-Ocidente na Ucrânia que derrubou um presidente ucraniano pró-Rússia e o substituiu por um mais amigável à Europa em 2014.

O episódio ficou conhecido como Revolução de Maidan – em referência à praça principal de Kyiv. A versão da ala pró-Maidan foi lutar pela liberdade de se alinhar ou não com quem o povo ucraniano quiser e assim decidir democraticamente.

Já para Putin, essa foi uma mudança de identidade forçada – cujos efeitos ele comparou em seu ensaio à detonação de uma bomba nuclear em solo russo.

Em paralelo, cada vez mais analistas ocidentais discutem se a postura da OTAN pode ter provocado a invasão russa na Ucrânia.

Outro ponto que deve ficar para os historiadores do futuro é se os Estados Unidos e seus aliados apoiaram a Ucrânia apenas para enfraquecer a Rússia, ou se forneceram armas, recursos e inteligência motivados pela defesa de um país soberano que foi atacado por seu vizinho mais forte – só por pensar diferente.

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