Roubou, nunca pediu desculpa, ganhou do STF a anulação dos seus processos e ainda reclama. É puro Lula
J.R. Guzzo – Jornal Estadão
O ex-presidente Lula acaba
de revelar para o Brasil e para o resto do mundo um fenômeno
extraordinário e até hoje mantido em sigilo para toda a humanidade.
Disse, numa entrevista, que “o PT está cansado de pedir desculpas”.
Coitado do PT. Deve estar sofrendo em silêncio o seu cansaço, pois, se
existe uma coisa realmente indiscutível na política brasileira, é que
ninguém neste país ou fora dele, em nenhum momento, jamais ouviu o PT
pedir desculpas por absolutamente nada. Teria a obrigação de fazer isso
pelo menos uma vez por ano, no Dia da Confissão Geral dos Pecados – em
nenhuma época, em todos os 500 anos de história do Brasil, roubou-se
tanto dinheiro público como nos dois governos de Lula. Nunca fez, nem
uma vez que fosse. Fez o contrário, isso sim: há anos, desde que se
descobriu e se provou a roubalheira desesperada de sua passagem pelo
governo, enche a paciência de todos com sua choradeira diária, hipócrita
e arrogante sobre o que chama de “perseguição”. Roubou, nunca pediu
desculpa por ter roubado, ganhou de presente do STF a anulação dos seus
processos penais e ainda reclama. É puro Lula.
Quem diz que o ex-presidente é ladrão não é a imprensa, nem os seus
adversários na campanha: é a Justiça brasileira, que o condenou pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e
por nove magistrados diferentes. Como atravessar uma eleição inteira
para a Presidência sem tocar nesse assunto, como Lula exige desde o
começo? É um problema que nem ele, nem ninguém, consegue resolver. Estão
aí as confissões públicas dos corruptos, nos processos de Curitiba.
Está aí a devolução de milhões em dinheiro roubado – alguém, por acaso,
devolve dinheiro que não roubou? Está aí a delação do seu principal
ministro, Antonio Palocci,
até hoje não respondida. É disso, na verdade, que Lula e o PT estão
cansados – de serem chamados de ladrões, e não terem nada para
responder.
Da mesma forma como querem esconder o passado, querem também, neste
momento, esconder o futuro – acabam de anunciar que não vão revelar aos
eleitores o programa de governo que pretendem aplicar caso sejam
eleitos. Isso mesmo: pedem que o cidadão vote em Lula para presidente,
mas não querem dizer por que, nem o que vão fazer com o seu voto. Não
querem dizer se vão apoiar o aborto. Se vão implantar a censura, com seu
“controle social dos meios de comunicação”. Se vão romper o teto legal
dos gastos públicos, ressuscitar o imposto sindical ou acabar com a
reforma da Previdência. É o desrespeito declarado ao eleitor – o vício
mais antigo da indecência política brasileira.
Tudo depende agora de como a Otan responderá ao eventual emprego de armas nucleares
Lourival Sant’Anna – Jornal Estadão
A discussão sobre os meios de conter Vladimir Putin ganhou
novos contornos depois da ameaça do presidente russo de usar armas
nucleares sob pretexto de garantir a “integridade territorial” de seu
país. Não porque a chantagem seja nova, mas porque veio acompanhada de
preparativos para a anexação de quatro províncias da Ucrânia ocupadas pelos militares russos.
Repetindo o roteiro seguido na Crimeia e em partes de Donetsk e Luhansk, a administração militar russa impôs a realização de referendos sobre integrar-se à Rússia.
A “consulta” é feita sob coação dos militares, que chegam a bater na
porta de moradores para colher seu voto verbal. O resultado é uma
previsível e fraudulenta vitória do “sim”.
O próximo passo é a anexação ao território russo das províncias de Kherson e Zaporizhzia,
ao sul, e das partes recém-conquistadas de Donetsk e Luhansk, ao leste.
A comunidade internacional não reconhecerá essas anexações.
Mas elas bastarão para Putin alegar que a contraofensiva para
recuperar os territórios ucranianos viola a soberania russa. E assim
recorrer ao arsenal nuclear, embora a doutrina aceita entre as potências
nucleares é a de que esse tipo de arma só pode ser empregado para se
defender de um ataque nuclear.
Putin encara a derrota na Ucrânia como ameaça existencial. As
premissas são as mesmas que o levaram à invasão: a simulação de uma
ameaça externa para justificar sua perpetuação no poder como único líder
capaz de proteger a Rússia.
Imagens da invasão da Ucrânia pela Rússia
Ele é acusado de tantos crimes que, se deixar o poder, corre o risco de terminar a vida na prisão.
A mobilização de até 300 mil soldados russos não
surtirá resultados, porque eles estarão ainda menos treinados e
motivados que seus precursores. O caminho da Rússia está mapeado. Tudo
depende agora de como a Otan responderá ao eventual emprego de armas
nucleares. Ao que tudo indica, serão armas táticas, de potência limitada
a um raio pequeno, mas com as mesmas consequências calamitosas da
radiação.
O secretário-geral da Otan,
Jens Stoltenberg, disse que a organização “não se envolverá no mesmo
tipo de retórica nuclear imprudente e perigosa que o presidente Putin”.
Mas acrescentou: “Fomos claros em nossas comunicações com a Rússia sobre
as consequências sem precedentes, sobre o fato de que a guerra nuclear
não pode ser vencida pela Rússia.”
Significa que a Otan usará todos os meios de que dispõe para que os
crimes de guerra de Putin não compensem. As etapas serão: prover a
Ucrânia com mais armas e treinamento; se não for suficiente, enfrentar
os russos numa guerra convencional; finalmente, em caso extremo,
recorrer ao arsenal nuclear.
* COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’ E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS
Marcelo Mendes – Economista e gerente geral da KRJ
O mundo não para de consumir. O homem não para de extrair. Porém,
nesse desequilíbrio com o planeta, a inovação e o conhecimento
científico caminham para propor soluções a fim de compensar essa
destruição promovida pelo capitalismo humano. O aproveitamento dos
recursos naturais sem agredir o meio ambiente é o único caminho para
assegurar a sobrevivência das próximas gerações.
Um dos elementos mais essenciais na vida das pessoas é a
eletricidade. Chegou ao Brasil em 1879 – mesmo ano da criação da lâmpada
por Thomas Edison – trazida por D. Pedro II, que pediu permissão à
Edison para implementar seus equipamentos no país para fins de
iluminação pública.
Antes disso, o homem tentou outras formas de gerar energia. Baseado
nos conceitos da ciência, a eletricidade era produzida como resultado
das reações químicas que ocorrem em uma célula eletrolítica, dando
origem, em 1800, à pilha voltaica.
No entanto, nos anos 50, mais precisamente em 1954, surgiu nos
Estados Unidos a primeira célula fotovoltaica, dando início à utilização
dos painéis solares já em 1958. Porém, no Brasil, essa inovação só
chegou em 2011 com a construção da usina de energia solar de Tauá,
localizada no Estado do Ceará.
Retornando aos tempos atuais, a utilização de eletricidade é
fundamental para a sobrevivência humana, para o desenvolvimento da
indústria, entre outros. O Brasil vivencia uma fase econômica em que o
aumento da geração não consegue acompanhar o aumento da demanda, fazendo
com que sejam necessárias fontes não renováveis, como as usinas
térmicas – o que eleva o custo da geração, encarecendo a conta para o
consumidor.
Ademais, o aumento no consumo de energia elétrica, em razão do
consumo acelerado, promoveu a construção de mais usinas hidrelétricas.
Elas não poluem o ar, mas causam enormes impactos ambientais em virtude
da quantidade de água represada, a fim de mover as turbinas na produção
da energia elétrica.
Diante desse fato, buscam-se cada vez mais alternativas limpas, que
são extremamente benéficas ao planeta e a população. A construção de
mais usinas solares vem crescendo constantemente, acompanhando a demanda
que aumenta proporcionalmente. Segundo dados da Absolar – Associação
Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – o país ultrapassou a marca de
um milhão de consumidores que geram a própria energia através de fonte
solar. Com projeções altas, a previsão para este ano é que sejam
injetados R$ 50 bilhões na economia do país.
Ainda, conforme dados do setor, as gerações de energia solar
ultrapassaram 17 GW, o que representa mais de 8% da capacidade total
instalada na matriz energética brasileira, criando oportunidades no
segmento com a geração de mais de 500 mil novos empregos.
De acordo com o levantamento do Global Market Outlook for Solar Power
2022-2026, a capacidade solar global dobrou nos últimos três anos,
alcançando a marca de 1 terawatt, em abril de 2022, e a previsão é
dobrar para 2,3 TW em 2025. O estudo acrescenta ainda que a energia
advinda do sol é a renovável de mais rápido crescimento, representando
mais da metade dos 302 GW de capacidade limpa instalada
internacionalmente em 2021.
O Brasil é líder no mercado do segmento na América Latina, com
estimativa de se tornar um dos principais players globais nos próximos
anos, projetando alcançar 54 gigawatts (GW) de capacidade solar total
até 2026. A demanda atual por essa inovação transfere esse legado para o
futuro, aderindo a produção da própria energia, economizando, além do
recurso financeiro, nossos recursos naturais.
Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda,
empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de
reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.
São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os
negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.
Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento
das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de
consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas
possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os
negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e
se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade,
personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e
serviços.
Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do
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Corrosão da democracia Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Corrupção impacta na percepção que cidadãos têm sobre país e
contribui para enfraquecimento da democracia.| Foto: Arquivo/Gazeta do
Povo
Qual o custo da corrupção para o Brasil? O valor exato que o
país perde com os desvios de dinheiro é algo difícil – ou melhor,
impossível – de se calcular. “A corrupção que a gente mensura é sempre
aquela que não deu certo, a que foi detectada por um órgão de
investigação”, explica o advogado Michael Mohallem, consultor sênior da
Transparência Internacional no Brasil. Ele ressalta também que os
efeitos da corrupção não se resumem a questões financeiras, sendo parte
de um processo de desconfiança do poder público.
A Transparência Internacional avalia o problema pelo mundo por meio
de um levantamento em que mede a percepção sobre a corrupção que existe
em cada um dos países. O Brasil não vai bem no indicador – é apenas o
96º país com a menor percepção de corrupção.
Um dos fatores que pode explicar o mau desempenho do Brasil é a
existência ainda pequena de órgãos de prevenção e combate à corrupção
dentro das estruturas estatais. O Tribunal de Contas da União (TCU)
verificou em 2021 que menos de 2% das organizações públicas do Brasil
têm um sistema de proteção adequado para a iniciativa. Segundo o órgão,
as instituições mais fragilizadas para a corrupção são as da esfera
municipal.
Apesar da dificuldade na metodologia, algumas estimativas podem dar
um indicativo do tamanho do rombo. Um estudo de 2019 do Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revelou que a corrupção
custa 29 dias de trabalho dos brasileiros, o que equivale a R$ 160
bilhões, 8% de tudo o que é produzido no país.
Outra pesquisa, elaborada em 2010 pela Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), apontou o montante da corrupção em R$ 82
bilhões por ano, o correspondente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional.
Em termos globais, a corrupção custaria aos poderes públicos US$ 1
trilhão, pagos em suborno, e US$ 2,6 trilhões, desviados da sua
finalidade original, segundo uma pesquisa da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Além destes cálculos, outra possibilidade de mensuração do tamanho
dos efeitos da corrupção é o olhar sobre o montante devolvido pelos
responsáveis pelo crime que acabaram processados judicialmente e
condenados.
Aqui no Brasil, o exemplo mais célebre deste tipo de situação é o
relacionado à Lava Jato. A operação conseguiu resgatar R$ 22 bilhões,
decorrentes de acordos de leniência firmados entre o poder público e
acusados. Os números contemplam todo o período que a operação esteve em
vigor, entre 2014 e 2021.
Corrupção e gastos públicos: alguns comparativos O valor que a
Lava Jato repatriou corresponde a 10 anos do orçamento federal para o
auxílio-gás. O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) remetido pelo
governo de Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso no fim de agosto indicou que
as despesas com o fundo que facilita o acesso ao gás de cozinha estão
estimadas em R$ 2,2 bilhões para o ano de 2023.
Já o valor reservado para o Auxílio Brasil, o programa de assistência
social que substituiu o Bolsa Família, é de R$ 105 bilhões. É menos do
que os R$ 160 bilhões estimados como custo anual da corrupção no Brasil
segundo o IBPT. O dinheiro indicado pelo governo federal prevê o
pagamento do auxílio em R$ 405 mensais aos beneficiários, algo
contestado pela oposição e cuja revisão deve contar com o apoio até de
lideranças governistas. Hoje, o benefício mensal do Auxílio Brasil está
em R$ 600 – este valor é válido até dezembro próximo.
O rombo da corrupção estimado pelo IBPT também chega a superar o
valor previsto pelo governo federal para a saúde em 2023. Os gastos com a
saúde estão cotados em R$ 149,9 bilhões, de acordo com o projeto da
LOA.
A proposta da lei orçamentária ainda está em tramitação no Congresso e
deverá sofrer modificações até sua aprovação, mas a espinha dorsal do
texto tende a ser mantida pelos parlamentares.
Os custos para além do dinheiro
Michael Mohallem, da Transparência Internacional, diz considerar
importante o debate sobre as verbas desviadas. Mas ele enfatiza ser
necessário pensar também sobre os aspectos não-financeiros da corrupção.
Segundo ele, a corrupção tem efeitos que resultam numa diminuição da
confiança sobre o poder público, o que pode resultar em um
enfraquecimento da democracia.
“Nós temos que pensar também no impacto que é a queda da confiança
nas instituições públicas”, ressalta. Ele lembra que pesquisas de
opinião costumam apontar as esferas eleitas do poder público, como os
ocupantes de cargos e instituições a exemplo da Câmara dos Deputados,
entre as de menor credibilidade do país. Levantamento de 2021 do
instituto Paraná Pesquisas apontou que Câmara e Senado estão em último
lugar entre as instituições mais confiáveis.
Mohallem ressalta que a corrupção está presente em todos os países,
dos mais aos menos desenvolvidos. A diferença, segundo ele, está no
quanto a corrupção está “incorporada” no sistema público. Os países
menos desenvolvidos têm a corrupção como um fator endêmico e constante
de suas estruturas – o que se explica, entre outros fatores, pela quebra
de confiança, o que gera um efeito de bola de neve. “É um ciclo que se
cria. Por isso que é necessário controlar a corrupção e evitar essa
retroalimentação”, afirma.
Bolsonaro vai aproveitar ausência de Lula para enfatizar
escândalos de corrupção nos governos petistas sem haver réplicas ou
direito de resposta| Foto: André Coelho/ EFE
O presidente Jair
Bolsonaro (PL) confirmou participação no debate do pool liderado por SBT
e CNN, neste sábado (24), às 18h15. A estratégia desenhada junto aos
coordenadores eleitorais é aproveitar a audiência televisiva para focar
no antipetismo a fim de polarizar a discussão contra o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não irá ao evento do SBT/CNN.
A ausência do candidato petista é até vista como positiva dentro da
campanha. Interlocutores afirmam que será uma oportunidade para
Bolsonaro subir o tom nas críticas sem que haja réplica do ex-presidente
ou pedido de direito de resposta.
O objetivo dos estrategistas do candidato do PL é elevar a rejeição
de Lula e evitar que o petista consiga atrair o voto útil nessa reta
final de campanha. O planejamento traçado pelo presidente também aposta
na absorção do voto útil. Para isso, cogita manter o discurso de
comparar Lula e o PT a países governados por regimes de esquerda,
inclusive ditatoriais.
A comparação visa induzir o eleitor a acreditar que, se Lula vencer
as eleições, a economia sofrerá impactos ou haverá risco de atentar
contra os direitos humanos no país. A estratégia mira majoritariamente o
eleitor da classe média e foi realçada por Bolsonaro na última
quinta-feira (22), em Manaus. “Não queremos que amanhã aconteça com o
Brasil o que atualmente acontece com a Venezuela”, discursou.
Outra aposta de Bolsonaro no debate é ressaltar os escândalos de
corrupção nas gestões petistas. Esta é uma tônica já explorada pelo
presidente, a despeito de não ter surtido muitos efeitos até o momento
na busca por mais votos.
Pauta de costumes também é cogitada pela campanha de Bolsonaro Parte
dos estrategistas eleitorais do presidente também defende que ele fale
sobre pautas de costumes, como ideologia de gênero e aborto, no debate
do SBT/CNN. Para alguns coordenadores da campanha, seria uma resposta
estratégica à mais recente propaganda de Lula. O candidato do PT subiu o
tom contra o presidente ao relembrar falas dele em defesa da tortura e
agressivas em relação às mulheres, bem como comentários negativos feitos
durante a pandemia de Covid-19, além de suspeitas sobre sua família
pela compra de imóveis.
Para estrategistas de Bolsonaro, a campanha de Lula também fez sua
aposta pelo “medo” ao tentar desqualificar o presidente. Por esse
motivo, uma parcela dos coordenadores defende que a pauta com maior
potencial de absorção de votos é a de costumes e valores, não a sobre
corrupção.
A lógica entre os entusiastas dessa estratégia é convencer o eleitor
de que uma possível vitória de Lula implicaria em insegurança pública e
fortalecimento do narcotráfico, legalização do aborto, regulamentação da
imprensa e das mídias sociais e rediscussão da ideologia de gênero no
Congresso.
A estratégia de relembrar os casos de corrupção de Lula não surtiu
grande efeito sobre o eleitorado até agora, admitem alguns
interlocutores da campanha após análises internas.
Por isso, a possibilidade de Bolsonaro falar sobre pauta de costumes e
valores nos debates seria a sinalização de uma nova “etapa” do
planejamento eleitoral nessa reta final de campanha. Embora ele tenha
feito referências a essa agenda e parte de seu conteúdo seja usada nas
redes sociais por aliados, ela ainda não ganhou destaque nas propagandas
eleitorais na rede nacional de rádio e TV.
Campanha de Bolsonaro se divide sobre a participação em debates A
opção por participar do debate deste sábado no SBT, e possivelmente no
da TV Globo na próxima quinta-feira (29), não foi uma decisão unânime
dentro da campanha.
O sentimento entre alguns coordenadores eleitorais de Bolsonaro não
mudou desde o primeiro debate, organizado pela TV Band, quando o
presidente foi atacado por outros candidatos e acusado de ser agressivo
com mulheres após reagir mal a uma pergunta da jornalista Vera
Magalhães. Uma parcela defende que o ideal é ele não comparecer a outros
debates por entender que é muito esforço e energia gasta para oferecer
palanque a presidenciáveis sem grande expressividade.
A confirmação de que Lula não irá ao debate do SBT/CNN deu ainda mais
argumentos para a ala da campanha que defendia que ele não
participasse. Bolsonaro ouviu os conselhos, mas decidiu ir assim mesmo.
Um dos motivos ditos por ele é o compromisso junto aos eleitores e a
audiência potencial que o programa pode atingir com a sua participação.
O argumento em torno da audiência é semelhante ao da ala da campanha
que defende a participação de Bolsonaro no deste sábado e no debate da
Globo. Para esse grupo, é preciso valorizar o alcance midiático e os
ganhos potenciais de votos que o presidente pode absorver dentro da
estratégia de enfrentamento com Lula, estando o ex-presidente presente
ou não.
Um dos coordenadores que partilha da visão de que Bolsonaro deve ir
sim aos debates é o ministro das Comunicações, Fábio Faria. “É uma
oportunidade para ele falar fora da bolha, para pessoas que muitas vezes
só veem notícias negativas”, afirmou na quarta-feira (21) ao Spaces da
Folha de S. Paulo no Twitter, espécie de programa de rádio veiculado na
rede social.
O que mais Bolsonaro vai falar no debate do SBT
Embora a estratégia base seja polarizar os debates, Bolsonaro também
irá preparado para falar sobre economia, questões sociais e ações
adotadas para as mulheres em seu governo. Todos os estrategistas da
campanha entendem que ele também precisa ser propositivo, principalmente
em temas voltados para políticas públicas.
A ideia é seguir um roteiro elaborado por estrategistas que valorize o
antipetismo paralelamente às falas que enalteçam o legado do governo
sobre a economia, como a desaceleração da inflação, a geração de
empregos e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O mesmo já foi
adotado nas propagandas eleitorais.
Destaques aos feitos do governo durante a pandemia, como o auxílio
emergencial, e ações sociais como o Auxílio Brasil devem estar presentes
no discurso. A conclusão das obras do Rio São Francisco no Nordeste
também deve ter algum destaque. Segundo interlocutores, o objetivo no
campo propositivo é apresentar um discurso alinhado ao que foi feito por
Bolsonaro na abertura dos debates gerais da 77ª Assembleia Geral da
ONU.
Isso inclui falas sobre as mulheres. A campanha de Bolsonaro acredita
que adversários políticos possam provocá-lo sobre o tema, ou mesmo
jornalistas possam fazer perguntas a respeito. Por isso, ele foi
aconselhado a falar sobre a redução do feminicídio e leis sancionadas
que atendem as mulheres.
O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na
Câmara, concorda com as estratégias traçadas pela campanha, inclusive
com a ida aos debates. Para ele, o presidente sairá bem sucedido se
“falar verdades”, seja no campo propositivo ou dentro da estratégia de
polarização.
“Por mim, Bolsonaro deveria pegar pesado no debate falando a verdade,
que o Brasil pode virar uma Venezuela, assim como a Argentina. É
preciso desmascarar a esquerda que diz que Lula é inocente e mostrar que
a economia está excelente, apesar da guerra e pandemia. Se fosse o PT
já estava quebrado”, diz. Sobre as mulheres, Bibo também acha que é
prudente ter cautela. “Ele pode se conter um pouco. Não faz nada de mal,
porque ninguém é perfeito”, acrescenta.
Lula evita debate do SBT/CNN para focar no da Globo: o que está por trás da estratégia Por Wesley Oliveira – Gazeta do Povo Brasília
Debate da TV Globo está marcado para próxima quinta-feira (29), três dias antes do primeiro turno| Foto: Renato Pizzutto/TV Band
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou oficialmente que
não comparecerá ao debate deste sábado (24) organizado por um pool de
veículos de comunicação que inclui, entre outros, o SBT e a CNN Brasil. A
decisão é vista como parte de uma estratégia de preparação para o
debate da TV Globo, considerado decisivo. Além da expectativa de
audiência maior, o evento da principal emissora de tevê do país ocorrerá
na quinta-feira (29) que antecede o primeiro turno.
Será a última grande chance que Lula terá para convencer eleitores
indecisos e tentar vencer a eleição presidencial sem a necessidade de um
segundo turno. Para isso, o petista precisa obter no dia 2 de outubro
mais de 50% dos votos válidos (que exclui brancos e nulos). Uma das
apostas da campanha é no voto útil de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de
Simone Tebet (MDB).
Todos os outros presidenciáveis com representação no Congresso
confirmaram presença no evento do SBT/CNN, que reúne ainda o jornal O
Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e as rádios Eldorado e
Nova BrasilFM. Inclusive o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aceitou o
convite oficialmente nesta sexta-feira (23). O debate no SBT começa às
18h15.
“Eu adoraria participar porque eu tenho um profundo prazer de
participar de debate, é bom. Lamentavelmente, o debate do SBT demorou um
pouco. Minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool, quando
veio a resposta do debate, eu já tinha agenda no Rio e em São Paulo”,
disse Lula em Ipatinga (MG), onde cumpriu agenda de campanha nesta
sexta.
Já Lula fará dois atos na cidade de São Paulo neste sábado: o
primeiro será no bairro do Grajaú, na zona sul, às 11 horas, e o segundo
comício será em Itaquera, zona leste, às 17 horas. No domingo, ele
estará no Rio de Janeiro.
“O Lula quer viajar, quer voltar a Minas Gerais, ir mais uma vez a
São Paulo. Por esse motivo, de dificuldade de agenda, nós estamos
priorizando viagens”, afirmou Edinho Silva, responsável pela comunicação
da campanha petista, à CNN justificando a ausência do ex-presidente no
debate. “É uma opção da coordenação da campanha”, completou.
Em nota, o pool de veículos de comunicação que promove o debate deste
sábado disse que recebeu com “surpresa” a justificativa do
ex-presidente para se ausentar do debate. “Diferentemente do que foi
declarado pelo candidato, a formação do pool deu-se antes mesmo da
sugestão feita por sua campanha, com a parceria firmada originalmente
entre SBT, VEJA, NovaBrasil e Estadão/Eldorado, ainda em março deste
ano”, informou.
Ainda de acordo com o comunicado, “em 22 de março, os quatro grupos
enviaram formalmente email às campanhas presidenciais, comunicando a
realização do debate e informando as datas escolhidas para os confrontos
do primeiro e do segundo turno. E, em 28 do mesmo mês, foi realizada a
primeira reunião presencial com representantes dos candidatos
convidados. A campanha de Lula esteve presente em tal reunião, assim
como em todas as demais reuniões convocadas para discutir os detalhes e
regras do debate”.
Por fim, o pool afirmou que “lamenta a decisão do candidato de não
participar, por entender que o debate é um dos mais importantes
instrumentos para fomentar a democracia e ajudar o eleitor na hora do
voto”.
Um olho na audiência e outro no voto útil Integrantes da campanha
afirmam que, ao priorizar o debate da Globo, que conta com a maior
audiência do Brasil, Lula pretende amarrar a estratégia pelo chamado
voto útil. Para isso, o petista vem sendo treinado para possíveis
confrontos diretos com Ciro Gomes e Simone Tebet.
Em 2018, o debate da emissora teve média de 22 pontos no Ibope. Com a
atualização do número de telespectadores feita pela Kantar Ibope, este
índice representaria hoje 4,5 milhões de pessoas diante da TV somente na
Grande São Paulo.
Os eleitores de Ciro e de Tebet são os mais cortejados por Lula na
busca pela vitória ainda no primeiro turno. Ambos têm atacado o petista
por causa dessa estratégia.
No voto útil, o eleitor abre mão de um candidato que acredita ter
poucas chances de vitória para votar em outro melhor colocado nas
pesquisas.
“Voto útil é o voto do futuro, não é nem tentar voltar às velhas
fórmulas do passado, que não deram certo, que ficaram quatro mandatos e
não fizeram o dever de casa. E muito menos manter um governo insensível,
que não planeja, não conhece as realidades do Brasil e só vive criando
crises artificiais para esconder a sua incompetência e a sua
incapacidade”, disse Tebet recentemente, em menções veladas a Lula e
Bolsonaro.
O objetivo da campanha petista é usar a grande audiência da Globo
para sensibilizar o eleitorado a votar em Lula e encerrar a eleição no
dia 2 de outubro.
O que Lula pretende dizer no debate da TV Globo Sob orientação da
campanha, Lula já se prepara para rebater possíveis questionamentos
sobre corrupção por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate da
TV Globo. O petista deve contra-atacar citando as compras de imóveis em
dinheiro por parte da família Bolsonaro.
Desde que a reportagem do portal UOL revelou que ao menos 51 dos 107
imóveis da família Bolsonaro foram pagos com dinheiro em espécie, o
atual presidente ainda não foi questionado diretamente sobre o tema
pelos seus adversários. O entorno de Lula avalia que esse tema pode
acabar desestabilizando Bolsonaro durante o debate.
Nesta sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal
determinou a retirada do ar das reportagens do UOL sobre transações
imobiliárias da família Bolsonaro. A decisão liminar atendeu a um
recurso da defesa do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ). A campanha de Lula já vem explorando o caso da compra de
imóveis em sua propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Outro assunto que o ex-presidente pretende explorar no debate são as
suspeitas de corrupção no MEC, que resultaram na demissão e posterior
prisão do ministro Milton Ribeiro. A avaliação é de que as respostas
podem acuar Bolsonaro no embate sobre a pauta corrupção.
Em sabatina com Ratinho, Lula dribla perguntas sobre propostas e opta por valorizar feitos de seus mandatos Após críticas recentes ao setor, Lula acena ao agronegócio e defende armas no campo Quem são os candidatos a governador mais rejeitados pelo eleitorado, segundo as pesquisas A
estratégia dos aliados de Lula ocorre depois que o candidato do PL
explorou os casos de corrupção dos governos petistas durante o primeiro
debate da TV Band, ocorrido no final de agosto. Na ocasião, a avaliação
foi de que o petista não soube se explicar e acabou saindo derrotado do
embate direto com o atual presidente.
O próprio Lula, em entrevista a uma rádio de Belém, três dias após o
debate, deixou transparecer que a resposta que deu a Bolsonaro sobre
corrupção na Petrobras não tinha sido satisfatória.
“Obviamente que o debate da Bandeirantes, do jeito que ele é
formulado, cria muita dificuldade para o debate de verdade, que é o
enfrentamento entre os candidatos. Mas haverá outros debates e outras
oportunidades. Vamos provar quem é quem na política brasileira”,
amenizou na ocasião.
Campanha quer Lula sereno, mas combativo ao ser atacado A
expectativa dos assessores de Lula é de que o ex-presidente não suba o
tom contra os adversários e demonstre um tom sereno e calmo diante de
questionamentos dos adversários. Apesar disso, avaliam que o petista vai
precisar ser combativo e incisivo durante o debate da Globo.
Paralelamente, a campanha espera que o debate da Globo seja usado por
Lula para falar diretamente com segmentos do eleitorado. É esperado que
Lula faça acenos diretos para as mulheres e para eleitores da classe
média. Esses dois grupos são tidos com os mais estratégicos para que o
petista vença ainda no primeiro turno.
Lula deve fazer ainda um apelo para que o eleitorado compareça às
urnas no dia 2 de outubro. Além de atrair eleitores de Ciro e de Tebet, a
campanha do PT acredita que evitar a abstenção do eleitorado no
primeiro turno será determinante na estratégia adotada para essa reta
final da campanha.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e o
ministro da Economia, Paulo Guedes, em foto de 2019.| Foto: Fabio
Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em todos os seus comunicados recentes após as reuniões do Copom, o
Banco Central vem alertando para um “risco fiscal” decorrente do
abandono das políticas de austeridade. Mesmo depois de passada a
emergência da pandemia, que fez o governo gastar centenas de bilhões de
reais a mais que o previsto em 2020 com medidas importantes e
necessárias como o auxílio emergencial, a ajuda às pequenas empresas e
as compensações no programa de manutenção do emprego, os gastos
continuaram aumentando enquanto reformas importantes como a
administrativa ficaram estagnadas. Na segunda-feira, em entrevista a uma
rádio gaúcha, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o BC
“cometeu alguns erros” ao manter o tom alarmista ao longo de 2021, já
que o ano acabou melhor que o imaginado.
Apesar da crítica, Guedes fez uma série de elogios ao presidente do
BC, Roberto Campos Neto, e atenuou suas observações até por saber que,
no fim das contas, estão ambos do mesmo lado. O alarmismo, de acordo com
o ministro, não tem nada do “quanto pior, melhor” dos adversários do
governo; seria um “erro técnico” causado pela tendência de olhar apenas
para um lado da questão – “o BC estava preocupado com o fiscal e eu com o
juro negativo”, disse Guedes, acrescentando que “o BC errou por não
perceber que mudamos o eixo da economia. O BC errou ao falar o tempo
todo em risco fiscal, desajuste fiscal, quando íamos para superávit”.
Mas, ao focar apenas o resultado, também o ministro acaba cometendo o
mesmo equívoco que ele atribui ao Banco Central, pois houve e continua
havendo motivos muito justificados para os alertas da autoridade
monetária.
Negar o “risco fiscal” apoiando-se em resultados que, embora
louváveis, devem-se a mais receita e não a menos despesa é dar chance
para que o risco se transforme em uma triste realidade
Para começar, o superávit primário de 2021, o primeiro desde 2013,
foi possível apenas graças ao desempenho expressivo de estados e
municípios, pois o resultado da União, embora bem melhor que o esperado,
ainda foi um déficit primário de R$ 35,1 bilhões. Além disso, não houve
redução substancial na despesa do governo em relação a 2020,
descontando-se a inflação e sem considerar os gastos com a pandemia, que
foram muito maiores em 2020 e introduziam uma distorção nas
comparações. É bem provável que neste ano também o governo central
registre superávit primário – meses atrás, imaginava-se que isso só
ocorreria em 2025 –, mas a União só voltará ao azul graças a receitas
extraordinárias, como a antecipação de dividendos de estatais, e ao
crescimento na arrecadação. O problema (e o risco de que tanto fala o
Banco Central) está no outro lado, o da despesa.
Mesmo deixando-se de lado toda a despesa extraordinária com as
medidas de combate à Covid e a seus efeitos na economia, o Estado
brasileiro está inflando os seus gastos quando deveria estar trabalhando
para reduzi-los. Uma combinação de imoralidades como o fundão eleitoral
e as emendas de relator, gambiarras como a PEC dos Precatórios e
benefícios como o Auxílio Brasil de R$ 600 estão pressionando o único
mecanismo que preserva alguma austeridade fiscal no país, o teto de
gastos. Em alguns casos, governo e Congresso concordaram com
“puxadinhos” que desmoralizam o teto, burlando-o na prática, mesmo que
com endosso legal. A própria existência do teto, a julgar pelo discurso
de alguns candidatos à Presidência da República, corre risco. Tudo isso
cria, sim, um “risco fiscal” já percebido pelo mercado, que cobra juros
mais altos para emprestar dinheiro ao Tesouro, consequência de uma menor
confiança na solidez fiscal do país – “saúde fiscal”, aliás, costuma
ser um dos itens em que o Brasil sempre amarga os últimos lugares no
Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation.
O Brasil tem um ministro da Economia e um presidente de Banco
Central com inquestionáveis credenciais liberais, algo que só beneficia o
país. O trabalho de ambos é parte das razões pelas quais estamos
elevando as previsões de crescimento e reduzindo as estimativas de
inflação, enquanto no resto do mundo ocorre o contrário. Mas não podemos
perder de vista que o futuro traz uma série de desafios e
bombas-relógio fiscais que não estão sendo desarmadas. Despesas novas
são incorporadas ao orçamento sem que imoralidades, desperdícios, gastos
ineficientes ou redundantes sejam eliminados, e sem que reformas como a
administrativa sejam realizadas, de forma a racionalizar o gasto
público. Negar o problema apoiando-se em resultados que, embora
louváveis, devem-se a mais receita e não a menos despesa é dar ao “risco
fiscal” a chance de se tornar uma triste realidade.
Artigo Por Deroy Murdock – Gazeta do Povo The Daily Signal
“Em vez de agradável, Biden é raivoso, desagradável, vingativo e
cada vez mais totalitário. Biden é o Erich Honecker das Américas.”|
Foto: EFE/EPA/Yuri Gripas
“Ele é tão legal!”
Uma das principais razões pelas quais Joe Biden ocupa a Casa Branca é que muitos eleitores o consideraram um cara legal.
“Seria divertido tomar uma cerveja com o vovô bacana!” Ou assim foi o
que pensaram. Quaisquer que sejam suas ideias, Biden seria muito mais
caloroso do que o malvado Donald J. Trump.
Então, como vão as coisas?
Em vez de agradável, Biden é raivoso, desagradável, vingativo e cada vez mais totalitário.
Resumindo: Joe Biden é o Erich Honecker da América.
Assim como o último ditador da Alemanha Oriental, Biden não tolera
dissidências. Ele vilipendia mais de 74 milhões de americanos que
votaram em Trump como “republicanos ultra-MAGA”, “extremistas” e
“semi-fascistas”.
Pior ainda, o camarada Joe Honecker colocou o FBI – a Stasi da América, ou polícia secreta – para aterrorizar os dissidentes.
• O ataque sem precedentes à propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na
Flórida, em uma disputa sobre documentos confidenciais ou (por Trump)
não-confidenciais, deveria ter sido resolvido no tribunal, na pior das
hipóteses, não sob a mira de uma arma. Esses materiais “confidenciais”
incluíam documentos legais de Trump, documentos fiscais, registros
médicos, passaportes, outros materiais não pertinentes, bem como roupas
da ex-primeira-dama Melania Trump e até itens do quarto do filho
adolescente Barron.
•O FBI apreendeu os telefones celulares de pelo menos nove aliados de
Trump, incluindo o ex-funcionário do Departamento de Justiça Jeffrey
Clark; Presidente da Comissão da Liberdade da Câmara, Scott Perry,
R-Pa.; o presidente do Partido Republicano de Nevada, Michael McDonald; o
estrategista de campanha Mike Roman; o especialista em segurança
eleitoral Douglas Frank; e o fundador do My Pillow, Mike Lindell.
• A guerra radical do regime Honecker-Harris ao privilégio
advogado-cliente ignorou essa antiga norma legal. O FBI invadiu os
escritórios e roubou telefones dos consultores jurídicos de Trump. Estes
incluem John Eastman, Boris Epshteyn, Rudolph W. Giuliani e Victoria
Toensing.
• Esses americanos estão entre os 35 a 40 apoiadores de Trump que
sofreram invasões do FBI, intimações federais ou ambos. Meu colega da
Fox News, Tucker Carlson, citou intimações relevantes. Eles estão
investigando americanos que fizeram “qualquer alegação de que o
vice-presidente e/ou o presidente do Senado tinham autoridade para
rejeitar ou optar por não contar os eleitores presidenciais”.
Não há nada de ilegal em afirmar que o vice-presidente exerce certos poderes.
“A vice-presidente Kamala Harris define os preços da gasolina. Se você está pagando muito, diga a ela para abaixá-los.”
Essa afirmação é um absurdo? Sim.
É ilegal? De jeito nenhum!
Da mesma forma, os americanos são livres para usar o argumento ainda
discutível de que o vice-presidente influencia quais votos do Colégio
Eleitoral podem ou não ser aceitos quando uma sessão conjunta do
Congresso certifica cada eleição presidencial.
Essa “negação eleitoral” é a atividade interna favorita do Partido Democrata.
No plenário da Câmara, os democratas levantaram em voz alta dúvidas
sobre a justiça das eleições de 1968, 2000, 2004 e 2016. Eles
argumentaram que os votos eleitorais de certos estados deveriam ser
substituídos por outros.
Certo ou errado, de acordo com a Constituição dos EUA e a Lei de
Contagem Eleitoral de 1887, os democratas tinham todo o direito de
perguntar se Richard Nixon, George W. Bush e Trump ganharam a Casa
Branca de forma justa e honesta. Os democratas estavam em seu direito
mesmo quando alegaram estranhamente que Trump roubou o Alabama e o
Wyoming, apesar de ganhar 62% e 68% dos votos nesses estados.
Os republicanos, dentro e fora do Congresso, também tinham e têm todo
o direito legal de se opor às eleições de 2020 por todas as razões e de
todas as maneiras que os democratas fizeram nos anos anteriores.
Quando os democratas afirmam que os republicanos trapacearam, eles ganham aplausos por sua coragem política.
Quando os republicanos alegam que os democratas trapacearam, eles são
parados pelo FBI, confrontados em público, privados de seus celulares,
submetidos a invasões domiciliares, presos na frente de suas famílias e
amigos e jogados na cadeia.
Para democratas e republicanos, isso é chamado de liberdade de
expressão. Ela permanece protegida pela Primeira Emenda. Se Biden e seus
capangas, o procurador-geral Merrick Garland e o diretor do FBI,
Christopher Wray, não entendem tudo isso, então eles não têm a
capacidade elementar para fazer seu trabalho. Nesse caso, eles devem
renunciar imediatamente.
A Alemanha Oriental foi kaput [acabou] em 1990. Ressuscitar aqui seria dummkopf [idiota].
Deroy Murdock é colaborador da Fox News em Manhattan e editor colaborador da National Review Online.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro
Alexandre de Moraes, declarou que o desrespeito às opiniões dos artistas
não será tolerado pela Justiça Eleitoral| Foto: EFE/ Joédson Alves
Olavo
de Cavalho falava e escrevia muito sobre todo tipo de coisa, de modo
que seria uma proeza acertar em tudo o que falasse ou escrevesse. No
entanto, é fácil identificar uma hipótese política defendida por ele em
toda a sua vida pública, a saber: que a Nova República é um conchavo
entre esquerdistas gramscianos que ocuparam as artes e a TV para se
investir de legitimidade. PT e PSDB, duas facções da esquerda uspiana,
eram apresentados ao público como antagonistas radicalmente opostos. O
PSDB, em especial, era apresentado como direitista. José Serra,
ex-presidente da UNE, era a extrema-direita em pessoa, porque – imaginem
só – durante as eleições se colocava contra o aborto e ia à missa.
De lá para cá a coisa mudou tanto, que os candidatos da chapa de
esquerda em 2018, Fernando Haddad do PT e Manuela Dávila do PCdoB, esta
uma feminista, passaram a ir à missa para incluir as imagens no horário
eleitoral. A “extrema-direita direita” de 2010 era a única esquerda
viável em 2018. E o PSDB sumiu do mapa da disputa presidencial.
Olavo de Carvalho morreu na metade do primeiro mandato de Jair
Bolsonaro. A tese que sustentava então era a da Revolução Brasileira,
documentada por Josias Teófilo em seu Nem tudo se desfaz. Segundo
pensava, sem querer, a esquerda brasileira deflagrou em junho de 2013
uma revolução conservadora. Os protestos originalmente convocados pela
esquerda ganharam adesão das massas, que acabaram mudando a pauta. O
grande beneficiário dessa revolução foi Jair Bolsonaro. No entanto, a
chegada da direita à presidência não é suficiente para concluir a
revolução, haja vista que todo Estado está aparelhado, e, na cultura, a
casta gramsciana ainda apita.
O Judiciário manda respeitar a casta artística Creio que dois
movimentos desta eleição explicitaram que Olavo tinha razão. O primeiro
foi a formação da chapa Lula/Alckmin à presidência, chancelando a teoria
de que a Nova República era um teatro das tesouras. Alckmin foi um dos
maiores nomes do tucanato paulista, e, ao contrário de Serra e FHC, não
tem nenhuma ligação histórica com o marxismo. Ao contrário, deixou
correr a notícia falsa de que pertence ao Opus Dei. Foi o principal
adversário de Lula na eleição presidencial de 2006, quando os petistas
não hesitavam em chamá-lo de nazista. Na de 2018, num PSDB já
irrelevante, fez discursos inflamados contra Lula, chamando-o de ladrão e
dizendo que jamais poderia voltar à presidência. Não obstante, ei-los
aí, unidos numa única chapa. Veículos tucanos de São Paulo, que outrora
tratavam Lula como o demônio na terra, agora mudaram de alvo e tratam a
eleição do ex-capeta como desejável.
O outro movimento ocorreu ontem. O ministro-em-chefe Alexandre de
Moraes declarou que o desrespeito às opiniões dos artistas não será
tolerado pela Justiça Eleitoral. Não só às pessoas dos artistas, mas às
opiniões dos artistas. Num Estado teocrático, clérigos devem gozar desse
prestígio. Em repúblicas democráticas seculares, um pronunciamento
desses é estranho pra chuchu.
Aqui sabemos que não se trata de todos os artistas, mas sim da
beautiful people. Afinal, quando essa turma defende “os negros”, “as
mulheres”, “os gays”, já ficava implícito que eram só os negros, as
mulheres e os gays progressistas. É para votar em mulher, mas não Bia
Kicis ou Janaína Pascoal. É para votar em negro, mas não Fernando
Holiday ou Hélio Negão. Gay bom, só Jean Wyllys e David Miranda; a
Jessicão do Paraná, não.
Assim, sabemos que Sérgio Reis, Josias Teófilo, Regina Duarte não
contam como artistas. (Sérgio Reis é artista e foi perseguido por suas
opiniões pelo mesmo ministro-em-chefe.) Artistas são os que se
cristalizaram nos anos 80 como opositores da ditadura, os seus
sucessores que reivindicam o rótulo de MPB, e… Como tudo decaiu entre
eles, artistas são Anitta, Luísa Sonza e Linn da Quebrada. Creio que um
apreciador de música que não soubesse nada da política brasileira jamais
gostaria de Chico Buarque e Anitta ao mesmo tempo. Mais fácil gostar de
Chico Buarque e Sérgio Reis ao mesmo tempo.
Sabemos muito bem que “os artistas” aludidos por Alexandre de Moraes
são uma casta que faz networking e escolhe quem fica dentro ou fora.
Anitta é bem-vinda no apartamento da mulher de Caetano; Sérgio Reis,
não.
Agora veio a público o poder da máfia político-cultural denunciada
por Olavo. A “classe artística” gramsciana integra a classe dominante da
Nova República. Quem mexer com ela sofrerá sanções de Xandão. Liberdade de expressão absoluta expõe a sociedade ao despotismo dos mais ricos Eleições indiretas, oposição controlada e como a elite midiática imita a ditadura militar Bolsonaro e o youtuber: como atacar um líder democraticamente eleito se tornou sinônimo de defender a democracia.
Complemento à hipótese de Olavo
Estamos num processo revolucionário. A situação é confusa: como
previsto, o presidente ganhou, mas não levou. O Judiciário acossa o
Legislativo e o Executivo. No plano exterior, os países da OTAN acusam o
Brasil de queimar a Amazônia, e já tentaram incluir “emergência
climática” como um motivo para invadir países. Se Bolsonaro resolvesse
cortar as asas do Judiciário, poderia facilmente se colocar na posição
de pária ditatorial, e não demoraria muito para que as forças
autodeclaradas democráticas quisessem depor o genocida que vai “destruir
o planeta”.
Aliás, é curioso que Olavo tenha denunciado tanto os mecanismos
multilaterais como a ONU ou a OTAN, que visariam à implementação de um
governo mundial, e seus pupilos continuem achando que o Ocidente
representa o Bem na luta contra o Mal, encarnado por China e Rússia.
Institucionalmente, o Ocidente de hoje está longe de ser o Bem. Este
Ocidente é o sonho totalitário de H. G. Wells.
Mas voltemos ao Brasil. A eleição de Bolsonaro não foi em vão, e é
certo que a situação do Brasil estaria pior caso o PT ou o PSDB
estivessem no governo em 2020. Quem tem dúvidas, veja o autoritarismo
dos estados governados por esses partidos durante a pandemia. Atualmente
estamos num regime de transição. De que rumo a quê?
Creio que se trate de uma transição de sede de poder, movida não só
pelos costumes, mas também pela economia. O Centro-Oeste é uma região em
ascensão graças ao agronegócio – uma semente plantada lá atrás, por
Alysson Paulinelli na Embrapa, estatal criada por Médici. Foi no governo
Lula, porém, que ocorreu o boom das commodities, quando a China passou a
comprar de nós em grande quantidade.
O Brasil da Nova República é um Brasil paulistano, uspiano. São Paulo
é historicamente um estado industrial. No entanto, por motivos que
desconheço, o crescimento do agronegócio (centrado no Centro-Oeste) foi
acompanhado pela desindustrialização (centrada no Sudeste). E São Paulo,
deixando de ser potência industrial, passou a ser potência financeira.
Seus banqueiros passaram a concentrar poder no Brasil.
E isto é fácil de explicar. Pouco depois de assumir o governo, Lula
quitou antecipadamente a dívida externa brasileira com o FMI. Nossos
juros eram de 4% ao ano. Para fazer isso, porém, Lula fez um outro
empréstimo, este com juros de até 12,75% ao ano. É por isso que os
banqueiros e os farialimers adoram Lula.
Se o agronegócio seguir seu caminho, não tem pra ninguém. A elite
financeira sediada em São Paulo aderiu ao ESG para conter o pum da vaca e
a extinção das girafas da Amazônia. Para conservar o seu poder dentro
do país, só colocando-o como uma periferia do Ocidente globalista e
decadente.
Policiais russos detêm participantes de um protesto contra a
mobilização parcial devido ao conflito na Ucrânia, no centro de São
Petersburgo, Rússia, 21 de setembro de 2022.| Foto: EFE/EPA/ANATOLY
MALTSEV
No último dia 21 de setembro, Vladimir Putin anunciou uma
“mobilização parcial” das forças armadas russas para a “operação
militar especial” na Ucrânia. O discurso foi transmitido na manhã de
Moscou, madrugada no Brasil, e estava previsto para o dia anterior, no
horário nobre noturno. As implicações e, principalmente, os resultados
do pronunciamento explicam a mudança de horário, para um momento mais
discreto.
Segundo Putin, a decisão é “totalmente adequada às ameaças que
enfrentamos. Nomeadamente, para proteger a nossa pátria, a sua soberania
e integridade territorial, e para garantir a segurança do nosso povo e
do nosso povo nos territórios libertados.”. Para ele, “hoje nossas
forças armadas estão operando em uma linha de frente que ultrapassa mil
quilômetros, opondo-se não apenas às formações neonazistas, mas a toda a
máquina militar do Ocidente coletivo”.
Para lutar a guerra, então, seria necessária a “mobilização parcial”,
na qual “apenas os cidadãos que estão atualmente nas reservas e,
sobretudo, aqueles que serviram nas Forças Armadas, possuem habilidades
militares e experiência relevante. Somente eles estarão sujeitos ao
recrutamento”. Já em relação ao Ocidente e à OTAN, Putin afirmou que a
Rússia usaria todos os meios necessários para se defender, colocando
explicitamente uma escalada nuclear como uma opção na mesa.
Mobilização e referendos
A questão da mobilização foi tratada aqui em nosso espaço apenas
alguns dias atrás, em coluna do dia 13 de setembro. A Rússia precisaria
poder mobilizar mais de seu poderio militar para poder retomar
superioridade contra a Ucrânia, que tem a vantagem de lutar uma guerra
defensiva, e recebe constante fluxo de equipamentos bélicos modernos do
Ocidente.
Além dos reveses sofridos pela Rússia na guerra na Ucrânia, outras
crises e conflitos congelados em que a Rússia está envolvida, como no
Cáucaso, tornam ainda mais imperativa a necessidade russa de mobilizar
mais soldados. Isso é necessário para compensar o fato de que a Rússia
não pode simplesmente retirar seus soldados atualmente em outras
regiões. Hoje, apenas soldados profissionais servem na “operação militar
especial”, com altos índices de evasão e de recusa.
Na véspera do discurso, inclusive, foram aprovadas leis mais rígidas
para deserção e recusa em ir ao front para lidar com esse problema.
Outro tema presente no discurso de Putin foi o apoio aos referendos
separatistas planejados em quatro oblasts ucranianos ocupados, Luhansk,
Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia. Os referendos seriam para votar uma
secessão da Ucrânia e eventual pedido de adesão à Federação Russa.
Esse foi o processo que ocorreu em 2014, quando da anexação da
Crimeia, que, via a consulta popular, declarou formalmente independência
e, posteriormente, solicitou a adesão à Federação Russa. Para o governo
russo, isso dá legitimidade popular ao processo. Para os críticos, o
voto foi uma farsa ilegal feita sob ocupação. O argumento russo é de que
a independência de Kosovo abriu esse precedente.
As autoridades ucranianas já afirmaram que não vão reconhecer esses
referendos e uma eventual formalização da anexação territorial poderia
ter duas implicações. Em relação ao processo de paz, o reconhecimento do
voto poderia ser colocado na mesa como uma exigência russa. Ou, ao
menos, servir de barganha. Já em termos militares, os referendos
poderiam implicar que ataques contra esses territórios seriam vistos
como ataques contra o Estado russo. De acordo com a constituição russa, é
necessário que o Estado esteja sob ameaça para que o uso de armamento
nuclear seja justificado, por exemplo.
Reação popular Após o discurso de Putin foi a vez do ministro da
Defesa, Sergei Shoigu, se pronunciar, detalhando o que seria a
“mobilização parcial”. O intuito é de arregimentar trezentos mil homens,
com regiões da Rússia precisando cumprir determinadas cotas.
Supostamente, algumas categorias serão isentas, como jovens atualmente
em universidades. O mecanismo de “cotas regionais” serve ao propósito de
focar o recrutamento em regiões mais afastadas e com minorias
não-russas.
Por exemplo, um proporcionalmente maior recrutamento de chechenos e
daguestaneses. Isso diminuiu o recrutamento de russos étnicos em grandes
centros, como Moscou, locais mais suscetíveis a protestos. Também
enfraquece regiões que poderiam ser, elas mesmas, focos de tensão. No
caso das duas regiões citadas no Cáucaso, o separatismo é sempre um
risco. Finalmente, são regiões com menos elos culturais e históricos com
a Ucrânia.
Isso é algo que também já explicamos aqui em nosso espaço. O fato é
que a maioria dos russos não vê os ucranianos como inimigos e não apoia a
guerra. Não tem interesse nenhum em ir morrer numa guerra que não vêem
sentido, contra alguém que não acreditam que seja um inimigo. Até a
retórica de luta contra grupos neonazistas perdeu força nos últimos
meses, mesmo dentre os grupos mais nacionalistas. Nessa semana, também,
por exemplo, Rússia e Ucrânia, mediados pela Turquia, realizaram uma
troca de prisioneiros que envolveu mais de cem integrantes do infame
batalhão Azov.
E tudo isso pode ser visto na reação ao pronunciamento de Putin.
Manifestações de rua, com milhares de presos. Vôos lotados para os
poucos países que ainda aceitam turistas russos. Engarrafamento nas
fronteiras terrestres com Finlândia, Mongólia e Cazaquistão. O russo
médio não está interessado nessa guerra, muito diferente do ucraniano,
motivado por ver o conflito como uma guerra pela sobrevivência.
Os reveses militares russos dos últimos meses afetam não apenas a
moral da tropa, mas também o interesse popular no conflito. Mesmo sob
forte censura, está muito claro que a situação não é favorável. Fere
ainda mais a imagem do governo um episódio como o que envolveu o filho
do porta-voz do Kremlin. Um programa de televisão fez uma “pegadinha”
com ele, se passando por um recrutador, e o rapaz disse, em rede
nacional, que resolveria o seu serviço militar “por outros meios”.
Boa parte dos russos hoje sabe que a guerra não será lutada pelo
filho dos poderosos, com ou sem mobilização, seja geral ou parcial.
Apenas a mobilização não vai resolver os problemas da Rússia, ela
precisaria ser parte de uma estratégia mais ampla de como encarar a
guerra. Da maneira como foi feita, incluindo a mudança de horário do
anúncio, pareceu mais desespero e um governo acuado.
Por Marcela Villar e João Scheller – Jornal Estadão
Dos 448 deputados federais candidatos à reeleição, 28 apresentaram uma média de um projeto de lei ou menos por ano na atual legislatura. Neste pleito, eles buscam mais um mandato na Câmara – a Casa do Congressoque
representa o povo brasileiro e, enquanto instituição do Poder
Legislativo, tem entre as funções básicas justamente a elaboração, o
debate e a aprovação de leis. Quatro desses parlamentares não
encaminharam projeto algum: Nilson Pinto (PSDB-PA), Junior Lourenço (PL-MA),Cristiano Vale (PP-PA) e Hermes Parcianello (MDB-PR).
Ao todo, foram 15.929 projetos levados à Câmara pelos 513 deputados
ao longo de pouco mais de três anos e meio. A média é de 31 iniciativas
por congressista – cerca de oito por ano. Especialistas ouvidos pelo Estadão ponderam
que a atuação de um deputado não deve ser resumida à apresentação de
PLs, porém eles são o principal e mais corriqueiro instrumento do
Legislativo.
O Estadão coletou as informações no Portal da
Transparência da Casa. O levantamento considera as propostas de lei
feitas até o início deste mês e descarta deputados suplentes ou aqueles
que se licenciaram do cargo para assumir outras funções, como Teresa Cristina (PP-MS) e Onyx Lorenzoni (PL-RS), ambos ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL).
Há 23 anos em Brasília, Nilson Pinto, por exemplo, está desde 2015
sem sugerir um PL. “Não acredito que este país precise de mais uma
leizinha, que mais parece regimento de prédio ou de associação”, afirmou
ao Estadão. O deputado disse que tem se empenhado na elaboração de Propostas de Emendas à Constituição (PECs). No atual mandato, ele apresentou uma e redigiu 36 emendas a PECs, além de participar da elaboração do Orçamento. Todas as iniciativas, no entanto, foram em coautoria.
Já Parcianello, que chegou à capital federal antes, em 1995, está no
sétimo mandato e, desde 2012, não propõe nenhum PL. Frangão, como é
conhecido, é vice-líder do MDB desde 2005 e já foi membro de quatro
comissões, como suplente e titular. Procurados, nem ele nem assessores
responderam à reportagem. Lourenço não foi localizado. Cristiano Vale,
por sua vez, afirmou que “não visualizou nenhum problema específico”
para motivar a apresentação de um PL.
Demandas sociais
Cientista político e diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Julio Rocha disse
que trabalho não falta aos deputados. “A quantidade reduzida de
projetos de lei significa que a ação parlamentar também é reduzida. Não
há como fazer uma quantificação, mas um projeto por ano é muito
insuficiente, porque as demandas sociais são constantes”, afirmou. Rocha
pontuou, no entanto, que outras funções devem ser levadas em conta na
atividade parlamentar.
Entre as atribuições de congressistas estão a fiscalização do Poder
Executivo e a participação em comissões ou ainda na atividade
partidária, por exemplo. “Um deputado que tem muito poder na instituição
não precisa apresentar projetos, ele pode investir seu poder apoiando
pautas com as quais concorda. Não necessariamente o deputado que
apresenta o projeto é o mais importante daquela articulação política que
faz com que a proposta vire lei”, disse João Feres, cientista político e
membro do Observatório Brasileiro do Legislativo (OBL), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
A maior parte dos parlamentares citados, no entanto, além de
apresentar poucos ou nenhum PL, não teve destaque geral em outras áreas
de atuação na Câmara. Segundo índice do Legisla Brasil, plataforma que analisa a produtividade parlamentar a partir de 17 indicadores,
26 dos deputados citados são classificados com nota 2, de uma escala de
1 de 5, e um deles, Parcianello, tem nota 1. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), em razão de mudança no registro de nome durante a legislatura, ainda não consta da análise da plataforma.
Não acredito que este país precise de mais uma leizinha, que mais parece regimento de prédio ou de associação
Nilson Pinto (PSDB-PA), deputado federal
“O que a gente fez foi pegar o que está na Constituição sobre o
trabalho que os deputados têm de exercer. Em resumo, eles devem
legislar, fiscalizar e representar a população”, disse Luciana Elmais,
cofundadora da organização. “O que fizemos foi distribuir essas três
obrigações em vários indicadores para ver se eles estão cumprindo com
elas”, afirmou.
Propostas apensadas
Dos 57 projetos de lei propostos pelos 28 deputados, 33 foram
aprovados. Somente dois deles foram de autoria individual. Todos os
outros foram apensados, ou seja, aglutinados com projetos semelhantes já
apresentados por colegas.
Dentre eles estão alguns de grande relevância, como o PL 1.895/2021 adicionado ao PL 373/2021, que tratou do pagamento do auxílio emergencial até o final de dezembro de 2021. Já o PL 3.189/2019, juntado ao PL 10.996/2018, de autoria de Fernando Monteiro (PP-PE), atualizou o Marco Legal do Saneamento Básico, e o PL 2.287/2022, de João Carlos Bacelar (PL-BA), alterou o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para desvincular o pagamento de multas do pagamento do licenciamento de veículos. Ele foi inserido no PL 40/2020.
Procurado pela reportagem, Bacelar disse que prefere sugerir projetos
de impacto, que tragam benefícios para a população. Monteiro não foi
localizado.
Um deputado que tem muito poder na instituição não precisa
apresentar projetos, ele pode investir seu poder apoiando pautas com as
quais concorda
João Feres, cientista político e membro do Observatório Brasileiro do Legislativo (OBL)
Houve também projetos de lei menos relevantes, como três dos quatro sugeridos pelo deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE)
para nomear viadutos. Foi aprovada também a sugestão de se instituir o
Dia Nacional da Força Jovem Universal, grupo da Igreja Universal, no segundo sábado de janeiro, de Jorge Braz (Republicanos-RJ)
e outros parlamentares, que agora aguarda pela apreciação no Senado.
Coelho Filho e Braz não retornaram às tentativas de contato da
reportagem.
‘Sou obrigado?’
Questionados sobre a baixa produtividade de projetos de lei
apresentados, os deputados minimizam a importância da apresentação do
tipo de proposta durante a atividade parlamentar. Parte deles justifica o
fato pela atuação em comissões ou atividades partidárias, enquanto há
quem questione a necessidade de apresentar novas mudanças na legislação.
Para o deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA),
por exemplo, “quantidade não é qualidade”. “Não adianta termos 10 mil
leis sem elas serem cumpridas”, afirmou. A resposta é semelhante com a
do deputadoJosé Priante (MDB-PA).
Ele afirmou que existem muitos “projetos desinteressantes” propostos na
Câmara e destacou sua participação como presidente de comissão e nas
votações.
Já Márcio Biolchi (MDB-RS) disse que os quatro anos comandando seu partido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
fizeram com que a apresentação de PLs não fosse prioridade. “O menor
problema no Brasil é lei. Em vez de concentrar na apresentação de
propostas, me dedico a avaliar as que estão tramitando”, afirmou.
O deputadoGiacobo (PL-PR)
também não vê a necessidade de propor novas leis, em razão da
quantidade de PLs já existentes. “Sou obrigado a colocar? Já tem
bastante projeto em andamento”, disse. Já Stefano Aguiar (PSD-MG)
ficou surpreso ao saber que havia proposto somente dois PLs desde 2019.
Ele pediu para verificar o número com sua secretária por não se lembrar
de cor de um PL relevante que tenha sugerido. Ela foi procurada, mas
não deu retorno à reportagem.
O deputado Dimas Fabiano (PP-MG) destacou, em nota, a presença em plenário e a posição de primeiro lugar no ranking Observatório Político da Confederação Nacional dos Municípios. “Exibir números de criação de leis não soluciona os problemas do País”, afirmou. A opinião é próxima à da do deputado Júlio Cesar (PSD-PI),
que disse acreditar que o número de PLs é “um critério muito raso” para
se analisar a atividade parlamentar. Ele destaca ainda sua participação
como presidente de comissões, vice-líder partidário e coordenador da
bancada do Nordeste.
Sou obrigado a colocar? Já tem bastante projeto em andamento
Giacobo (PL-RR), deputado federal
O deputado Giovani Feltes (MDB-RS) afirmou ter
priorizado a aprovação de projetos vindos do Executivo e outros já
apresentados à Câmara. “Apesar de serem dois projetos de sua autoria
exclusiva, participa como coautor em outros textos que tramitam na
Casa”, afirmou, em nota. A informação, no entanto, não consta do Portal
da Transparência da Câmara.
Os deputados Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE), Fernando Monteiro (PP-PE), Jorge Braz (Republicanos-RJ), João Marcelo Souza (MDB-MA), Mauro Lopes (PP-MG), Misael Varella (PSD-MG), Paulo Freire Costa (PL-SP), Sérgio Brito (PSD-BA), Gelson Azevedo (PL-RJ), Paulo Azi (União Brasil-BA), André Abdon (PP-AP), Luiz Carlos (PSDB-AP), Alcides Rodrigues (Patriota-GO), Átila Martins (PSD-AM),
Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Hermes Parcianello (MDB-PR) e
Junior Lourenço (PL-MA) não retornaram às tentativas de contato da
reportagem até a publicação deste texto.