sábado, 24 de setembro de 2022

ESTRATÉGIA DE BOLSONARO IR NO DEBATE HOJE E ESTRATÉGIA DO LULA DE NÃO IR

Antipetismo

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

AME7434. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 15/09/2022.- El presidente brasileño, Jair Bolsonaro, participa en un evento de celebración del cumpleaños del pastor evangélico Silas Malafaia, hoy, en Río de Janeiro (Brasil). EFE/ André Coelho


Bolsonaro vai aproveitar ausência de Lula para enfatizar escândalos de corrupção nos governos petistas sem haver réplicas ou direito de resposta| Foto: André Coelho/ EFE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou participação no debate do pool liderado por SBT e CNN, neste sábado (24), às 18h15. A estratégia desenhada junto aos coordenadores eleitorais é aproveitar a audiência televisiva para focar no antipetismo a fim de polarizar a discussão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não irá ao evento do SBT/CNN.

A ausência do candidato petista é até vista como positiva dentro da campanha. Interlocutores afirmam que será uma oportunidade para Bolsonaro subir o tom nas críticas sem que haja réplica do ex-presidente ou pedido de direito de resposta.

O objetivo dos estrategistas do candidato do PL é elevar a rejeição de Lula e evitar que o petista consiga atrair o voto útil nessa reta final de campanha. O planejamento traçado pelo presidente também aposta na absorção do voto útil. Para isso, cogita manter o discurso de comparar Lula e o PT a países governados por regimes de esquerda, inclusive ditatoriais.

A comparação visa induzir o eleitor a acreditar que, se Lula vencer as eleições, a economia sofrerá impactos ou haverá risco de atentar contra os direitos humanos no país. A estratégia mira majoritariamente o eleitor da classe média e foi realçada por Bolsonaro na última quinta-feira (22), em Manaus. “Não queremos que amanhã aconteça com o Brasil o que atualmente acontece com a Venezuela”, discursou.

Outra aposta de Bolsonaro no debate é ressaltar os escândalos de corrupção nas gestões petistas. Esta é uma tônica já explorada pelo presidente, a despeito de não ter surtido muitos efeitos até o momento na busca por mais votos.

Pauta de costumes também é cogitada pela campanha de Bolsonaro
Parte dos estrategistas eleitorais do presidente também defende que ele fale sobre pautas de costumes, como ideologia de gênero e aborto, no debate do SBT/CNN. Para alguns coordenadores da campanha, seria uma resposta estratégica à mais recente propaganda de Lula. O candidato do PT subiu o tom contra o presidente ao relembrar falas dele em defesa da tortura e agressivas em relação às mulheres, bem como comentários negativos feitos durante a pandemia de Covid-19, além de suspeitas sobre sua família pela compra de imóveis.

Para estrategistas de Bolsonaro, a campanha de Lula também fez sua aposta pelo “medo” ao tentar desqualificar o presidente. Por esse motivo, uma parcela dos coordenadores defende que a pauta com maior potencial de absorção de votos é a de costumes e valores, não a sobre corrupção.

A lógica entre os entusiastas dessa estratégia é convencer o eleitor de que uma possível vitória de Lula implicaria em insegurança pública e fortalecimento do narcotráfico, legalização do aborto, regulamentação da imprensa e das mídias sociais e rediscussão da ideologia de gênero no Congresso.

A estratégia de relembrar os casos de corrupção de Lula não surtiu grande efeito sobre o eleitorado até agora, admitem alguns interlocutores da campanha após análises internas.

Por isso, a possibilidade de Bolsonaro falar sobre pauta de costumes e valores nos debates seria a sinalização de uma nova “etapa” do planejamento eleitoral nessa reta final de campanha. Embora ele tenha feito referências a essa agenda e parte de seu conteúdo seja usada nas redes sociais por aliados, ela ainda não ganhou destaque nas propagandas eleitorais na rede nacional de rádio e TV.


Campanha de Bolsonaro se divide sobre a participação em debates
A opção por participar do debate deste sábado no SBT, e possivelmente no da TV Globo na próxima quinta-feira (29), não foi uma decisão unânime dentro da campanha.

O sentimento entre alguns coordenadores eleitorais de Bolsonaro não mudou desde o primeiro debate, organizado pela TV Band, quando o presidente foi atacado por outros candidatos e acusado de ser agressivo com mulheres após reagir mal a uma pergunta da jornalista Vera Magalhães. Uma parcela defende que o ideal é ele não comparecer a outros debates por entender que é muito esforço e energia gasta para oferecer palanque a presidenciáveis sem grande expressividade.

A confirmação de que Lula não irá ao debate do SBT/CNN deu ainda mais argumentos para a ala da campanha que defendia que ele não participasse. Bolsonaro ouviu os conselhos, mas decidiu ir assim mesmo. Um dos motivos ditos por ele é o compromisso junto aos eleitores e a audiência potencial que o programa pode atingir com a sua participação.

O argumento em torno da audiência é semelhante ao da ala da campanha que defende a participação de Bolsonaro no deste sábado e no debate da Globo. Para esse grupo, é preciso valorizar o alcance midiático e os ganhos potenciais de votos que o presidente pode absorver dentro da estratégia de enfrentamento com Lula, estando o ex-presidente presente ou não.

Um dos coordenadores que partilha da visão de que Bolsonaro deve ir sim aos debates é o ministro das Comunicações, Fábio Faria. “É uma oportunidade para ele falar fora da bolha, para pessoas que muitas vezes só veem notícias negativas”, afirmou na quarta-feira (21) ao Spaces da Folha de S. Paulo no Twitter, espécie de programa de rádio veiculado na rede social.

O que mais Bolsonaro vai falar no debate do SBT

Embora a estratégia base seja polarizar os debates, Bolsonaro também irá preparado para falar sobre economia, questões sociais e ações adotadas para as mulheres em seu governo. Todos os estrategistas da campanha entendem que ele também precisa ser propositivo, principalmente em temas voltados para políticas públicas.

A ideia é seguir um roteiro elaborado por estrategistas que valorize o antipetismo paralelamente às falas que enalteçam o legado do governo sobre a economia, como a desaceleração da inflação, a geração de empregos e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O mesmo já foi adotado nas propagandas eleitorais.

Destaques aos feitos do governo durante a pandemia, como o auxílio emergencial, e ações sociais como o Auxílio Brasil devem estar presentes no discurso. A conclusão das obras do Rio São Francisco no Nordeste também deve ter algum destaque. Segundo interlocutores, o objetivo no campo propositivo é apresentar um discurso alinhado ao que foi feito por Bolsonaro na abertura dos debates gerais da 77ª Assembleia Geral da ONU.

Isso inclui falas sobre as mulheres. A campanha de Bolsonaro acredita que adversários políticos possam provocá-lo sobre o tema, ou mesmo jornalistas possam fazer perguntas a respeito. Por isso, ele foi aconselhado a falar sobre a redução do feminicídio e leis sancionadas que atendem as mulheres.

O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), vice-líder do partido na Câmara, concorda com as estratégias traçadas pela campanha, inclusive com a ida aos debates. Para ele, o presidente sairá bem sucedido se “falar verdades”, seja no campo propositivo ou dentro da estratégia de polarização.

“Por mim, Bolsonaro deveria pegar pesado no debate falando a verdade, que o Brasil pode virar uma Venezuela, assim como a Argentina. É preciso desmascarar a esquerda que diz que Lula é inocente e mostrar que a economia está excelente, apesar da guerra e pandemia. Se fosse o PT já estava quebrado”, diz. Sobre as mulheres, Bibo também acha que é prudente ter cautela. “Ele pode se conter um pouco. Não faz nada de mal, porque ninguém é perfeito”, acrescenta.

Lula evita debate do SBT/CNN para focar no da Globo: o que está por trás da estratégia
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília


Debate da TV Globo está marcado para próxima quinta-feira (29), três dias antes do primeiro turno| Foto: Renato Pizzutto/TV Band

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou oficialmente que não comparecerá ao debate deste sábado (24) organizado por um pool de veículos de comunicação que inclui, entre outros, o SBT e a CNN Brasil. A decisão é vista como parte de uma estratégia de preparação para o debate da TV Globo, considerado decisivo. Além da expectativa de audiência maior, o evento da principal emissora de tevê do país ocorrerá na quinta-feira (29) que antecede o primeiro turno.

Será a última grande chance que Lula terá para convencer eleitores indecisos e tentar vencer a eleição presidencial sem a necessidade de um segundo turno. Para isso, o petista precisa obter no dia 2 de outubro mais de 50% dos votos válidos (que exclui brancos e nulos). Uma das apostas da campanha é no voto útil de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB).

Todos os outros presidenciáveis com representação no Congresso confirmaram presença no evento do SBT/CNN, que reúne ainda o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e as rádios Eldorado e Nova BrasilFM. Inclusive o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aceitou o convite oficialmente nesta sexta-feira (23). O debate no SBT começa às 18h15.

“Eu adoraria participar porque eu tenho um profundo prazer de participar de debate, é bom. Lamentavelmente, o debate do SBT demorou um pouco. Minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool, quando veio a resposta do debate, eu já tinha agenda no Rio e em São Paulo”, disse Lula em Ipatinga (MG), onde cumpriu agenda de campanha nesta sexta.

Já Lula fará dois atos na cidade de São Paulo neste sábado: o primeiro será no bairro do Grajaú, na zona sul, às 11 horas, e o segundo comício será em Itaquera, zona leste, às 17 horas. No domingo, ele estará no Rio de Janeiro.

“O Lula quer viajar, quer voltar a Minas Gerais, ir mais uma vez a São Paulo. Por esse motivo, de dificuldade de agenda, nós estamos priorizando viagens”, afirmou Edinho Silva, responsável pela comunicação da campanha petista, à CNN justificando a ausência do ex-presidente no debate. “É uma opção da coordenação da campanha”, completou.

Em nota, o pool de veículos de comunicação que promove o debate deste sábado disse que recebeu com “surpresa” a justificativa do ex-presidente para se ausentar do debate. “Diferentemente do que foi declarado pelo candidato, a formação do pool deu-se antes mesmo da sugestão feita por sua campanha, com a parceria firmada originalmente entre SBT, VEJA, NovaBrasil e Estadão/Eldorado, ainda em março deste ano”, informou.

Ainda de acordo com o comunicado, “em 22 de março, os quatro grupos enviaram formalmente email às campanhas presidenciais, comunicando a realização do debate e informando as datas escolhidas para os confrontos do primeiro e do segundo turno. E, em 28 do mesmo mês, foi realizada a primeira reunião presencial com representantes dos candidatos convidados. A campanha de Lula esteve presente em tal reunião, assim como em todas as demais reuniões convocadas para discutir os detalhes e regras do debate”.

Por fim, o pool afirmou que “lamenta a decisão do candidato de não participar, por entender que o debate é um dos mais importantes instrumentos para fomentar a democracia e ajudar o eleitor na hora do voto”.

Um olho na audiência e outro no voto útil
Integrantes da campanha afirmam que, ao priorizar o debate da Globo, que conta com a maior audiência do Brasil, Lula pretende amarrar a estratégia pelo chamado voto útil. Para isso, o petista vem sendo treinado para possíveis confrontos diretos com Ciro Gomes e Simone Tebet.

Em 2018, o debate da emissora teve média de 22 pontos no Ibope. Com a atualização do número de telespectadores feita pela Kantar Ibope, este índice representaria hoje 4,5 milhões de pessoas diante da TV somente na Grande São Paulo.

Os eleitores de Ciro e de Tebet são os mais cortejados por Lula na busca pela vitória ainda no primeiro turno. Ambos têm atacado o petista por causa dessa estratégia.

No voto útil, o eleitor abre mão de um candidato que acredita ter poucas chances de vitória para votar em outro melhor colocado nas pesquisas.

“Voto útil é o voto do futuro, não é nem tentar voltar às velhas fórmulas do passado, que não deram certo, que ficaram quatro mandatos e não fizeram o dever de casa. E muito menos manter um governo insensível, que não planeja, não conhece as realidades do Brasil e só vive criando crises artificiais para esconder a sua incompetência e a sua incapacidade”, disse Tebet recentemente, em menções veladas a Lula e Bolsonaro.

O objetivo da campanha petista é usar a grande audiência da Globo para sensibilizar o eleitorado a votar em Lula e encerrar a eleição no dia 2 de outubro.

O que Lula pretende dizer no debate da TV Globo
Sob orientação da campanha, Lula já se prepara para rebater possíveis questionamentos sobre corrupção por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate da TV Globo. O petista deve contra-atacar citando as compras de imóveis em dinheiro por parte da família Bolsonaro.

Desde que a reportagem do portal UOL revelou que ao menos 51 dos 107 imóveis da família Bolsonaro foram pagos com dinheiro em espécie, o atual presidente ainda não foi questionado diretamente sobre o tema pelos seus adversários. O entorno de Lula avalia que esse tema pode acabar desestabilizando Bolsonaro durante o debate.

Nesta sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou a retirada do ar das reportagens do UOL sobre transações imobiliárias da família Bolsonaro. A decisão liminar atendeu a um recurso da defesa do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A campanha de Lula já vem explorando o caso da compra de imóveis em sua propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Outro assunto que o ex-presidente pretende explorar no debate são as suspeitas de corrupção no MEC, que resultaram na demissão e posterior prisão do ministro Milton Ribeiro. A avaliação é de que as respostas podem acuar Bolsonaro no embate sobre a pauta corrupção.


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A estratégia dos aliados de Lula ocorre depois que o candidato do PL explorou os casos de corrupção dos governos petistas durante o primeiro debate da TV Band, ocorrido no final de agosto. Na ocasião, a avaliação foi de que o petista não soube se explicar e acabou saindo derrotado do embate direto com o atual presidente.

O próprio Lula, em entrevista a uma rádio de Belém, três dias após o debate, deixou transparecer que a resposta que deu a Bolsonaro sobre corrupção na Petrobras não tinha sido satisfatória.

“Obviamente que o debate da Bandeirantes, do jeito que ele é formulado, cria muita dificuldade para o debate de verdade, que é o enfrentamento entre os candidatos. Mas haverá outros debates e outras oportunidades. Vamos provar quem é quem na política brasileira”, amenizou na ocasião.

Campanha quer Lula sereno, mas combativo ao ser atacado 
A expectativa dos assessores de Lula é de que o ex-presidente não suba o tom contra os adversários e demonstre um tom sereno e calmo diante de questionamentos dos adversários. Apesar disso, avaliam que o petista vai precisar ser combativo e incisivo durante o debate da Globo.

Paralelamente, a campanha espera que o debate da Globo seja usado por Lula para falar diretamente com segmentos do eleitorado. É esperado que Lula faça acenos diretos para as mulheres e para eleitores da classe média. Esses dois grupos são tidos com os mais estratégicos para que o petista vença ainda no primeiro turno. 

Lula deve fazer ainda um apelo para que o eleitorado compareça às urnas no dia 2 de outubro. Além de atrair eleitores de Ciro e de Tebet, a campanha do PT acredita que evitar a abstenção do eleitorado no primeiro turno será determinante na estratégia adotada para essa reta final da campanha.

 

O BANCO CENTRAL ALERTA SOBRE O RISCO FISCAL

 

Editorial
Paulo Guedes
Por
Gazeta do Povo


O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em foto de 2019.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em todos os seus comunicados recentes após as reuniões do Copom, o Banco Central vem alertando para um “risco fiscal” decorrente do abandono das políticas de austeridade. Mesmo depois de passada a emergência da pandemia, que fez o governo gastar centenas de bilhões de reais a mais que o previsto em 2020 com medidas importantes e necessárias como o auxílio emergencial, a ajuda às pequenas empresas e as compensações no programa de manutenção do emprego, os gastos continuaram aumentando enquanto reformas importantes como a administrativa ficaram estagnadas. Na segunda-feira, em entrevista a uma rádio gaúcha, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o BC “cometeu alguns erros” ao manter o tom alarmista ao longo de 2021, já que o ano acabou melhor que o imaginado.

Apesar da crítica, Guedes fez uma série de elogios ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e atenuou suas observações até por saber que, no fim das contas, estão ambos do mesmo lado. O alarmismo, de acordo com o ministro, não tem nada do “quanto pior, melhor” dos adversários do governo; seria um “erro técnico” causado pela tendência de olhar apenas para um lado da questão – “o BC estava preocupado com o fiscal e eu com o juro negativo”, disse Guedes, acrescentando que “o BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia. O BC errou ao falar o tempo todo em risco fiscal, desajuste fiscal, quando íamos para superávit”. Mas, ao focar apenas o resultado, também o ministro acaba cometendo o mesmo equívoco que ele atribui ao Banco Central, pois houve e continua havendo motivos muito justificados para os alertas da autoridade monetária.

Negar o “risco fiscal” apoiando-se em resultados que, embora louváveis, devem-se a mais receita e não a menos despesa é dar chance para que o risco se transforme em uma triste realidade

Para começar, o superávit primário de 2021, o primeiro desde 2013, foi possível apenas graças ao desempenho expressivo de estados e municípios, pois o resultado da União, embora bem melhor que o esperado, ainda foi um déficit primário de R$ 35,1 bilhões. Além disso, não houve redução substancial na despesa do governo em relação a 2020, descontando-se a inflação e sem considerar os gastos com a pandemia, que foram muito maiores em 2020 e introduziam uma distorção nas comparações. É bem provável que neste ano também o governo central registre superávit primário – meses atrás, imaginava-se que isso só ocorreria em 2025 –, mas a União só voltará ao azul graças a receitas extraordinárias, como a antecipação de dividendos de estatais, e ao crescimento na arrecadação. O problema (e o risco de que tanto fala o Banco Central) está no outro lado, o da despesa.

Mesmo deixando-se de lado toda a despesa extraordinária com as medidas de combate à Covid e a seus efeitos na economia, o Estado brasileiro está inflando os seus gastos quando deveria estar trabalhando para reduzi-los. Uma combinação de imoralidades como o fundão eleitoral e as emendas de relator, gambiarras como a PEC dos Precatórios e benefícios como o Auxílio Brasil de R$ 600 estão pressionando o único mecanismo que preserva alguma austeridade fiscal no país, o teto de gastos. Em alguns casos, governo e Congresso concordaram com “puxadinhos” que desmoralizam o teto, burlando-o na prática, mesmo que com endosso legal. A própria existência do teto, a julgar pelo discurso de alguns candidatos à Presidência da República, corre risco. Tudo isso cria, sim, um “risco fiscal” já percebido pelo mercado, que cobra juros mais altos para emprestar dinheiro ao Tesouro, consequência de uma menor confiança na solidez fiscal do país – “saúde fiscal”, aliás, costuma ser um dos itens em que o Brasil sempre amarga os últimos lugares no Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation.


O Brasil tem um ministro da Economia e um presidente de Banco Central com inquestionáveis credenciais liberais, algo que só beneficia o país. O trabalho de ambos é parte das razões pelas quais estamos elevando as previsões de crescimento e reduzindo as estimativas de inflação, enquanto no resto do mundo ocorre o contrário. Mas não podemos perder de vista que o futuro traz uma série de desafios e bombas-relógio fiscais que não estão sendo desarmadas. Despesas novas são incorporadas ao orçamento sem que imoralidades, desperdícios, gastos ineficientes ou redundantes sejam eliminados, e sem que reformas como a administrativa sejam realizadas, de forma a racionalizar o gasto público. Negar o problema apoiando-se em resultados que, embora louváveis, devem-se a mais receita e não a menos despesa é dar ao “risco fiscal” a chance de se tornar uma triste realidade.


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BIDEN PROCEDE COMO UM DITADOR DA ALEMANHA ORIENTAL

 

Artigo
Por
Deroy Murdock – Gazeta do Povo
The Daily Signal


“Em vez de agradável, Biden é raivoso, desagradável, vingativo e cada vez mais totalitário. Biden é o Erich Honecker das Américas.”| Foto: EFE/EPA/Yuri Gripas

“Ele é tão legal!”

Uma das principais razões pelas quais Joe Biden ocupa a Casa Branca é que muitos eleitores o consideraram um cara legal.

“Seria divertido tomar uma cerveja com o vovô bacana!” Ou assim foi o que pensaram. Quaisquer que sejam suas ideias, Biden seria muito mais caloroso do que o malvado Donald J. Trump.

Então, como vão as coisas?

Em vez de agradável, Biden é raivoso, desagradável, vingativo e cada vez mais totalitário.

Resumindo: Joe Biden é o Erich Honecker da América.

Assim como o último ditador da Alemanha Oriental, Biden não tolera dissidências. Ele vilipendia mais de 74 milhões de americanos que votaram em Trump como “republicanos ultra-MAGA”, “extremistas” e “semi-fascistas”.

Pior ainda, o camarada Joe Honecker colocou o FBI – a Stasi da América, ou polícia secreta – para aterrorizar os dissidentes.

• O ataque sem precedentes à propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em uma disputa sobre documentos confidenciais ou (por Trump) não-confidenciais, deveria ter sido resolvido no tribunal, na pior das hipóteses, não sob a mira de uma arma. Esses materiais “confidenciais” incluíam documentos legais de Trump, documentos fiscais, registros médicos, passaportes, outros materiais não pertinentes, bem como roupas da ex-primeira-dama Melania Trump e até itens do quarto do filho adolescente Barron.

•O FBI apreendeu os telefones celulares de pelo menos nove aliados de Trump, incluindo o ex-funcionário do Departamento de Justiça Jeffrey Clark; Presidente da Comissão da Liberdade da Câmara, Scott Perry, R-Pa.; o presidente do Partido Republicano de Nevada, Michael McDonald; o estrategista de campanha Mike Roman; o especialista em segurança eleitoral Douglas Frank; e o fundador do My Pillow, Mike Lindell.

• A guerra radical do regime Honecker-Harris ao privilégio advogado-cliente ignorou essa antiga norma legal. O FBI invadiu os escritórios e roubou telefones dos consultores jurídicos de Trump. Estes incluem John Eastman, Boris Epshteyn, Rudolph W. Giuliani e Victoria Toensing.

• Esses americanos estão entre os 35 a 40 apoiadores de Trump que sofreram invasões do FBI, intimações federais ou ambos. Meu colega da Fox News, Tucker Carlson, citou intimações relevantes. Eles estão investigando americanos que fizeram “qualquer alegação de que o vice-presidente e/ou o presidente do Senado tinham autoridade para rejeitar ou optar por não contar os eleitores presidenciais”.

Não há nada de ilegal em afirmar que o vice-presidente exerce certos poderes.

“A vice-presidente Kamala Harris define os preços da gasolina. Se você está pagando muito, diga a ela para abaixá-los.”

Essa afirmação é um absurdo? Sim.

É ilegal? De jeito nenhum!

Da mesma forma, os americanos são livres para usar o argumento ainda discutível de que o vice-presidente influencia quais votos do Colégio Eleitoral podem ou não ser aceitos quando uma sessão conjunta do Congresso certifica cada eleição presidencial.

Essa “negação eleitoral” é a atividade interna favorita do Partido Democrata.

No plenário da Câmara, os democratas levantaram em voz alta dúvidas sobre a justiça das eleições de 1968, 2000, 2004 e 2016. Eles argumentaram que os votos eleitorais de certos estados deveriam ser substituídos por outros.

Certo ou errado, de acordo com a Constituição dos EUA e a Lei de Contagem Eleitoral de 1887, os democratas tinham todo o direito de perguntar se Richard Nixon, George W. Bush e Trump ganharam a Casa Branca de forma justa e honesta. Os democratas estavam em seu direito mesmo quando alegaram estranhamente que Trump roubou o Alabama e o Wyoming, apesar de ganhar 62% e 68% dos votos nesses estados.

Os republicanos, dentro e fora do Congresso, também tinham e têm todo o direito legal de se opor às eleições de 2020 por todas as razões e de todas as maneiras que os democratas fizeram nos anos anteriores.

Quando os democratas afirmam que os republicanos trapacearam, eles ganham aplausos por sua coragem política.

Quando os republicanos alegam que os democratas trapacearam, eles são parados pelo FBI, confrontados em público, privados de seus celulares, submetidos a invasões domiciliares, presos na frente de suas famílias e amigos e jogados na cadeia.

Para democratas e republicanos, isso é chamado de liberdade de expressão. Ela permanece protegida pela Primeira Emenda. Se Biden e seus capangas, o procurador-geral Merrick Garland e o diretor do FBI, Christopher Wray, não entendem tudo isso, então eles não têm a capacidade elementar para fazer seu trabalho. Nesse caso, eles devem renunciar imediatamente.

A Alemanha Oriental foi kaput [acabou] em 1990. Ressuscitar aqui seria dummkopf [idiota].

Deroy Murdock é colaborador da Fox News em Manhattan e editor colaborador da National Review Online.


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TSE PROÍBE CRÍTICAS ÀS MANIFESTAÇÕES DOS ARTISTAS

 

Nova República

Por
Bruna Frascolla


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, declarou que o desrespeito às opiniões dos artistas não será tolerado pela Justiça Eleitoral| Foto: EFE/ Joédson Alves

Olavo de Cavalho falava e escrevia muito sobre todo tipo de coisa, de modo que seria uma proeza acertar em tudo o que falasse ou escrevesse. No entanto, é fácil identificar uma hipótese política defendida por ele em toda a sua vida pública, a saber: que a Nova República é um conchavo entre esquerdistas gramscianos que ocuparam as artes e a TV para se investir de legitimidade. PT e PSDB, duas facções da esquerda uspiana, eram apresentados ao público como antagonistas radicalmente opostos. O PSDB, em especial, era apresentado como direitista. José Serra, ex-presidente da UNE, era a extrema-direita em pessoa, porque – imaginem só – durante as eleições se colocava contra o aborto e ia à missa.

De lá para cá a coisa mudou tanto, que os candidatos da chapa de esquerda em 2018, Fernando Haddad do PT e Manuela Dávila do PCdoB, esta uma feminista, passaram a ir à missa para incluir as imagens no horário eleitoral. A “extrema-direita direita” de 2010 era a única esquerda viável em 2018. E o PSDB sumiu do mapa da disputa presidencial.

Olavo de Carvalho morreu na metade do primeiro mandato de Jair Bolsonaro. A tese que sustentava então era a da Revolução Brasileira, documentada por Josias Teófilo em seu Nem tudo se desfaz. Segundo pensava, sem querer, a esquerda brasileira deflagrou em junho de 2013 uma revolução conservadora. Os protestos originalmente convocados pela esquerda ganharam adesão das massas, que acabaram mudando a pauta. O grande beneficiário dessa revolução foi Jair Bolsonaro. No entanto, a chegada da direita à presidência não é suficiente para concluir a revolução, haja vista que todo Estado está aparelhado, e, na cultura, a casta gramsciana ainda apita.

O Judiciário manda respeitar a casta artística
Creio que dois movimentos desta eleição explicitaram que Olavo tinha razão. O primeiro foi a formação da chapa Lula/Alckmin à presidência, chancelando a teoria de que a Nova República era um teatro das tesouras. Alckmin foi um dos maiores nomes do tucanato paulista, e, ao contrário de Serra e FHC, não tem nenhuma ligação histórica com o marxismo. Ao contrário, deixou correr a notícia falsa de que pertence ao Opus Dei. Foi o principal adversário de Lula na eleição presidencial de 2006, quando os petistas não hesitavam em chamá-lo de nazista. Na de 2018, num PSDB já irrelevante, fez discursos inflamados contra Lula, chamando-o de ladrão e dizendo que jamais poderia voltar à presidência. Não obstante, ei-los aí, unidos numa única chapa. Veículos tucanos de São Paulo, que outrora tratavam Lula como o demônio na terra, agora mudaram de alvo e tratam a eleição do ex-capeta como desejável.

O outro movimento ocorreu ontem. O ministro-em-chefe Alexandre de Moraes declarou que o desrespeito às opiniões dos artistas não será tolerado pela Justiça Eleitoral. Não só às pessoas dos artistas, mas às opiniões dos artistas. Num Estado teocrático, clérigos devem gozar desse prestígio. Em repúblicas democráticas seculares, um pronunciamento desses é estranho pra chuchu.

Aqui sabemos que não se trata de todos os artistas, mas sim da beautiful people. Afinal, quando essa turma defende “os negros”, “as mulheres”, “os gays”, já ficava implícito que eram só os negros, as mulheres e os gays progressistas. É para votar em mulher, mas não Bia Kicis ou Janaína Pascoal. É para votar em negro, mas não Fernando Holiday ou Hélio Negão. Gay bom, só Jean Wyllys e David Miranda; a Jessicão do Paraná, não.

Assim, sabemos que Sérgio Reis, Josias Teófilo, Regina Duarte não contam como artistas. (Sérgio Reis é artista e foi perseguido por suas opiniões pelo mesmo ministro-em-chefe.) Artistas são os que se cristalizaram nos anos 80 como opositores da ditadura, os seus sucessores que reivindicam o rótulo de MPB, e… Como tudo decaiu entre eles, artistas são Anitta, Luísa Sonza e Linn da Quebrada. Creio que um apreciador de música que não soubesse nada da política brasileira jamais gostaria de Chico Buarque e Anitta ao mesmo tempo. Mais fácil gostar de Chico Buarque e Sérgio Reis ao mesmo tempo.

Sabemos muito bem que “os artistas” aludidos por Alexandre de Moraes são uma casta que faz networking e escolhe quem fica dentro ou fora. Anitta é bem-vinda no apartamento da mulher de Caetano; Sérgio Reis, não.

Agora veio a público o poder da máfia político-cultural denunciada por Olavo. A “classe artística” gramsciana integra a classe dominante da Nova República. Quem mexer com ela sofrerá sanções de Xandão.
Liberdade de expressão absoluta expõe a sociedade ao despotismo dos mais ricos
Eleições indiretas, oposição controlada e como a elite midiática imita a ditadura militar
Bolsonaro e o youtuber: como atacar um líder democraticamente eleito se tornou sinônimo de defender a democracia.


Complemento à hipótese de Olavo

Estamos num processo revolucionário. A situação é confusa: como previsto, o presidente ganhou, mas não levou. O Judiciário acossa o Legislativo e o Executivo. No plano exterior, os países da OTAN acusam o Brasil de queimar a Amazônia, e já tentaram incluir “emergência climática” como um motivo para invadir países. Se Bolsonaro resolvesse cortar as asas do Judiciário, poderia facilmente se colocar na posição de pária ditatorial, e não demoraria muito para que as forças autodeclaradas democráticas quisessem depor o genocida que vai “destruir o planeta”.

Aliás, é curioso que Olavo tenha denunciado tanto os mecanismos multilaterais como a ONU ou a OTAN, que visariam à implementação de um governo mundial, e seus pupilos continuem achando que o Ocidente representa o Bem na luta contra o Mal, encarnado por China e Rússia. Institucionalmente, o Ocidente de hoje está longe de ser o Bem. Este Ocidente é o sonho totalitário de H. G. Wells.

Mas voltemos ao Brasil. A eleição de Bolsonaro não foi em vão, e é certo que a situação do Brasil estaria pior caso o PT ou o PSDB estivessem no governo em 2020. Quem tem dúvidas, veja o autoritarismo dos estados governados por esses partidos durante a pandemia. Atualmente estamos num regime de transição. De que rumo a quê?

Creio que se trate de uma transição de sede de poder, movida não só pelos costumes, mas também pela economia. O Centro-Oeste é uma região em ascensão graças ao agronegócio – uma semente plantada lá atrás, por Alysson Paulinelli na Embrapa, estatal criada por Médici. Foi no governo Lula, porém, que ocorreu o boom das commodities, quando a China passou a comprar de nós em grande quantidade.

O Brasil da Nova República é um Brasil paulistano, uspiano. São Paulo é historicamente um estado industrial. No entanto, por motivos que desconheço, o crescimento do agronegócio (centrado no Centro-Oeste) foi acompanhado pela desindustrialização (centrada no Sudeste). E São Paulo, deixando de ser potência industrial, passou a ser potência financeira. Seus banqueiros passaram a concentrar poder no Brasil.

E isto é fácil de explicar. Pouco depois de assumir o governo, Lula quitou antecipadamente a dívida externa brasileira com o FMI. Nossos juros eram de 4% ao ano. Para fazer isso, porém, Lula fez um outro empréstimo, este com juros de até 12,75% ao ano. É por isso que os banqueiros e os farialimers adoram Lula.

Se o agronegócio seguir seu caminho, não tem pra ninguém. A elite financeira sediada em São Paulo aderiu ao ESG para conter o pum da vaca e a extinção das girafas da Amazônia. Para conservar o seu poder dentro do país, só colocando-o como uma periferia do Ocidente globalista e decadente.


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A POPULAÇÃO DA RÚSSIA DETESTA A GUERRA NA UCRÂNIA

 

Guerra na Ucrânia
Ainda menos com mobilização

Por
Filipe Figueiredo

St. Petersburg (Russian Federation), 21/09/2022.- Russian policemen detain participants of an unauthorised protest against the partial mobilisation due to the conflict in Ukraine, in central St. Petersburg, Russia, 21 September 2022. Russian President President Putin has signed a decree on partial mobilization in the Russian Federation, with mobilization activities starting on 21 September. Russian citizens who are in the reserve will be called up for military service. On 24 February 2022 Russian troops entered the Ukrainian territory in what the Russian president declared a ‘Special Military Operation’, starting an armed conflict that has provoked destruction and a humanitarian crisis. (Protestas, Rusia, Ucrania, San Petersburgo) EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV


Policiais russos detêm participantes de um protesto contra a mobilização parcial devido ao conflito na Ucrânia, no centro de São Petersburgo, Rússia, 21 de setembro de 2022.| Foto: EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV

No último dia 21 de setembro, Vladimir Putin anunciou uma “mobilização parcial” das forças armadas russas para a “operação militar especial” na Ucrânia. O discurso foi transmitido na manhã de Moscou, madrugada no Brasil, e estava previsto para o dia anterior, no horário nobre noturno. As implicações e, principalmente, os resultados do pronunciamento explicam a mudança de horário, para um momento mais discreto.

Segundo Putin, a decisão é “totalmente adequada às ameaças que enfrentamos. Nomeadamente, para proteger a nossa pátria, a sua soberania e integridade territorial, e para garantir a segurança do nosso povo e do nosso povo nos territórios libertados.”. Para ele, “hoje nossas forças armadas estão operando em uma linha de frente que ultrapassa mil quilômetros, opondo-se não apenas às formações neonazistas, mas a toda a máquina militar do Ocidente coletivo”.

Para lutar a guerra, então, seria necessária a “mobilização parcial”, na qual “apenas os cidadãos que estão atualmente nas reservas e, sobretudo, aqueles que serviram nas Forças Armadas, possuem habilidades militares e experiência relevante. Somente eles estarão sujeitos ao recrutamento”. Já em relação ao Ocidente e à OTAN, Putin afirmou que a Rússia usaria todos os meios necessários para se defender, colocando explicitamente uma escalada nuclear como uma opção na mesa.

Mobilização e referendos 

A questão da mobilização foi tratada aqui em nosso espaço apenas alguns dias atrás, em coluna do dia 13 de setembro. A Rússia precisaria poder mobilizar mais de seu poderio militar para poder retomar superioridade contra a Ucrânia, que tem a vantagem de lutar uma guerra defensiva, e recebe constante fluxo de equipamentos bélicos modernos do Ocidente.

Além dos reveses sofridos pela Rússia na guerra na Ucrânia, outras crises e conflitos congelados em que a Rússia está envolvida, como no Cáucaso, tornam ainda mais imperativa a necessidade russa de mobilizar mais soldados. Isso é necessário para compensar o fato de que a Rússia não pode simplesmente retirar seus soldados atualmente em outras regiões. Hoje, apenas soldados profissionais servem na “operação militar especial”, com altos índices de evasão e de recusa.

Na véspera do discurso, inclusive, foram aprovadas leis mais rígidas para deserção e recusa em ir ao front para lidar com esse problema. Outro tema presente no discurso de Putin foi o apoio aos referendos separatistas planejados em quatro oblasts ucranianos ocupados, Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia. Os referendos seriam para votar uma secessão da Ucrânia e eventual pedido de adesão à Federação Russa.

Esse foi o processo que ocorreu em 2014, quando da anexação da Crimeia, que, via a consulta popular, declarou formalmente independência e, posteriormente, solicitou a adesão à Federação Russa. Para o governo russo, isso dá legitimidade popular ao processo. Para os críticos, o voto foi uma farsa ilegal feita sob ocupação. O argumento russo é de que a independência de Kosovo abriu esse precedente.

As autoridades ucranianas já afirmaram que não vão reconhecer esses referendos e uma eventual formalização da anexação territorial poderia ter duas implicações. Em relação ao processo de paz, o reconhecimento do voto poderia ser colocado na mesa como uma exigência russa. Ou, ao menos, servir de barganha. Já em termos militares, os referendos poderiam implicar que ataques contra esses territórios seriam vistos como ataques contra o Estado russo. De acordo com a constituição russa, é necessário que o Estado esteja sob ameaça para que o uso de armamento nuclear seja justificado, por exemplo.

Reação popular 
Após o discurso de Putin foi a vez do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, se pronunciar, detalhando o que seria a “mobilização parcial”. O intuito é de arregimentar trezentos mil homens, com regiões da Rússia precisando cumprir determinadas cotas. Supostamente, algumas categorias serão isentas, como jovens atualmente em universidades. O mecanismo de “cotas regionais” serve ao propósito de focar o recrutamento em regiões mais afastadas e com minorias não-russas.

Por exemplo, um proporcionalmente maior recrutamento de chechenos e daguestaneses. Isso diminuiu o recrutamento de russos étnicos em grandes centros, como Moscou, locais mais suscetíveis a protestos. Também enfraquece regiões que poderiam ser, elas mesmas, focos de tensão. No caso das duas regiões citadas no Cáucaso, o separatismo é sempre um risco. Finalmente, são regiões com menos elos culturais e históricos com a Ucrânia.

Isso é algo que também já explicamos aqui em nosso espaço. O fato é que a maioria dos russos não vê os ucranianos como inimigos e não apoia a guerra. Não tem interesse nenhum em ir morrer numa guerra que não vêem sentido, contra alguém que não acreditam que seja um inimigo. Até a retórica de luta contra grupos neonazistas perdeu força nos últimos meses, mesmo dentre os grupos mais nacionalistas. Nessa semana, também, por exemplo, Rússia e Ucrânia, mediados pela Turquia, realizaram uma troca de prisioneiros que envolveu mais de cem integrantes do infame batalhão Azov.

E tudo isso pode ser visto na reação ao pronunciamento de Putin. Manifestações de rua, com milhares de presos. Vôos lotados para os poucos países que ainda aceitam turistas russos. Engarrafamento nas fronteiras terrestres com Finlândia, Mongólia e Cazaquistão. O russo médio não está interessado nessa guerra, muito diferente do ucraniano, motivado por ver o conflito como uma guerra pela sobrevivência.

Os reveses militares russos dos últimos meses afetam não apenas a moral da tropa, mas também o interesse popular no conflito. Mesmo sob forte censura, está muito claro que a situação não é favorável. Fere ainda mais a imagem do governo um episódio como o que envolveu o filho do porta-voz do Kremlin. Um programa de televisão fez uma “pegadinha” com ele, se passando por um recrutador, e o rapaz disse, em rede nacional, que resolveria o seu serviço militar “por outros meios”.

Boa parte dos russos hoje sabe que a guerra não será lutada pelo filho dos poderosos, com ou sem mobilização, seja geral ou parcial. Apenas a mobilização não vai resolver os problemas da Rússia, ela precisaria ser parte de uma estratégia mais ampla de como encarar a guerra. Da maneira como foi feita, incluindo a mudança de horário do anúncio, pareceu mais desespero e um governo acuado.


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VÁRIOS DEPUTADOS CONCORREM À REELEIÇÃO SEM APRESENTAR NENHUM PROJETO

 

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Por Marcela Villar e João Scheller – Jornal Estadão

Dos 448 deputados federais candidatos à reeleição, 28 apresentaram uma média de um projeto de lei ou menos por ano na atual legislatura. Neste pleito, eles buscam mais um mandato na Câmara – a Casa do Congresso que representa o povo brasileiro e, enquanto instituição do Poder Legislativo, tem entre as funções básicas justamente a elaboração, o debate e a aprovação de leis. Quatro desses parlamentares não encaminharam projeto algum: Nilson Pinto (PSDB-PA), Junior Lourenço (PL-MA), Cristiano Vale (PP-PA) e Hermes Parcianello (MDB-PR).

Ao todo, foram 15.929 projetos levados à Câmara pelos 513 deputados ao longo de pouco mais de três anos e meio. A média é de 31 iniciativas por congressista – cerca de oito por ano. Especialistas ouvidos pelo Estadão ponderam que a atuação de um deputado não deve ser resumida à apresentação de PLs, porém eles são o principal e mais corriqueiro instrumento do Legislativo.

Quatro deputados não propuseram projeto de lei algum na última legislatura da Câmara
Quatro deputados não propuseram projeto de lei algum na última legislatura da Câmara  Foto: Dida Sampaio/Estadão – 09/02/2022

Estadão coletou as informações no Portal da Transparência da Casa. O levantamento considera as propostas de lei feitas até o início deste mês e descarta deputados suplentes ou aqueles que se licenciaram do cargo para assumir outras funções, como Teresa Cristina (PP-MS) e Onyx Lorenzoni (PL-RS), ambos ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL).

Há 23 anos em Brasília, Nilson Pinto, por exemplo, está desde 2015 sem sugerir um PL. “Não acredito que este país precise de mais uma leizinha, que mais parece regimento de prédio ou de associação”, afirmou ao Estadão. O deputado disse que tem se empenhado na elaboração de Propostas de Emendas à Constituição (PECs). No atual mandato, ele apresentou uma e redigiu 36 emendas a PECs, além de participar da elaboração do Orçamento. Todas as iniciativas, no entanto, foram em coautoria.

Já Parcianello, que chegou à capital federal antes, em 1995, está no sétimo mandato e, desde 2012, não propõe nenhum PL. Frangão, como é conhecido, é vice-líder do MDB desde 2005 e já foi membro de quatro comissões, como suplente e titular. Procurados, nem ele nem assessores responderam à reportagem. Lourenço não foi localizado. Cristiano Vale, por sua vez, afirmou que “não visualizou nenhum problema específico” para motivar a apresentação de um PL.

Demandas sociais

Cientista político e diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Julio Rocha disse que trabalho não falta aos deputados. “A quantidade reduzida de projetos de lei significa que a ação parlamentar também é reduzida. Não há como fazer uma quantificação, mas um projeto por ano é muito insuficiente, porque as demandas sociais são constantes”, afirmou. Rocha pontuou, no entanto, que outras funções devem ser levadas em conta na atividade parlamentar.

Deputados federais Nilson Pinto (PSDB-PA), Hermes Parcianello (MDB-PR), Cristiano Vale (PP-PA) e Junior Lourenço (PL-MA) não propuseram Projetos de Lei na última legislatura
Deputados federais Nilson Pinto (PSDB-PA), Hermes Parcianello (MDB-PR), Cristiano Vale (PP-PA) e Junior Lourenço (PL-MA) não propuseram Projetos de Lei na última legislatura Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

Entre as atribuições de congressistas estão a fiscalização do Poder Executivo e a participação em comissões ou ainda na atividade partidária, por exemplo. “Um deputado que tem muito poder na instituição não precisa apresentar projetos, ele pode investir seu poder apoiando pautas com as quais concorda. Não necessariamente o deputado que apresenta o projeto é o mais importante daquela articulação política que faz com que a proposta vire lei”, disse João Feres, cientista político e membro do Observatório Brasileiro do Legislativo (OBL), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A maior parte dos parlamentares citados, no entanto, além de apresentar poucos ou nenhum PL, não teve destaque geral em outras áreas de atuação na Câmara. Segundo índice do Legisla Brasil, plataforma que analisa a produtividade parlamentar a partir de 17 indicadores, 26 dos deputados citados são classificados com nota 2, de uma escala de 1 de 5, e um deles, Parcianello, tem nota 1. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), em razão de mudança no registro de nome durante a legislatura, ainda não consta da análise da plataforma.

Não acredito que este país precise de mais uma leizinha, que mais parece regimento de prédio ou de associação

Nilson Pinto (PSDB-PA), deputado federal

“O que a gente fez foi pegar o que está na Constituição sobre o trabalho que os deputados têm de exercer. Em resumo, eles devem legislar, fiscalizar e representar a população”, disse Luciana Elmais, cofundadora da organização. “O que fizemos foi distribuir essas três obrigações em vários indicadores para ver se eles estão cumprindo com elas”, afirmou.

Propostas apensadas

Dos 57 projetos de lei propostos pelos 28 deputados, 33 foram aprovados. Somente dois deles foram de autoria individual. Todos os outros foram apensados, ou seja, aglutinados com projetos semelhantes já apresentados por colegas.

Dentre eles estão alguns de grande relevância, como o PL 1.895/2021 adicionado ao PL 373/2021, que tratou do pagamento do auxílio emergencial até o final de dezembro de 2021. Já o PL 3.189/2019, juntado ao PL 10.996/2018, de autoria de Fernando Monteiro (PP-PE), atualizou o Marco Legal do Saneamento Básico, e o PL 2.287/2022, de João Carlos Bacelar (PL-BA), alterou o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para desvincular o pagamento de multas do pagamento do licenciamento de veículos. Ele foi inserido no PL 40/2020.

Procurado pela reportagem, Bacelar disse que prefere sugerir projetos de impacto, que tragam benefícios para a população. Monteiro não foi localizado.

Um deputado que tem muito poder na instituição não precisa apresentar projetos, ele pode investir seu poder apoiando pautas com as quais concorda

João Feres, cientista político e membro do Observatório Brasileiro do Legislativo (OBL)

Houve também projetos de lei menos relevantes, como três dos quatro sugeridos pelo deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE) para nomear viadutos. Foi aprovada também a sugestão de se instituir o Dia Nacional da Força Jovem Universal, grupo da Igreja Universal, no segundo sábado de janeiro, de Jorge Braz (Republicanos-RJ) e outros parlamentares, que agora aguarda pela apreciação no Senado. Coelho Filho e Braz não retornaram às tentativas de contato da reportagem.

‘Sou obrigado?’

Questionados sobre a baixa produtividade de projetos de lei apresentados, os deputados minimizam a importância da apresentação do tipo de proposta durante a atividade parlamentar. Parte deles justifica o fato pela atuação em comissões ou atividades partidárias, enquanto há quem questione a necessidade de apresentar novas mudanças na legislação.

Para o deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), por exemplo, “quantidade não é qualidade”. “Não adianta termos 10 mil leis sem elas serem cumpridas”, afirmou. A resposta é semelhante com a do deputado José Priante (MDB-PA). Ele afirmou que existem muitos “projetos desinteressantes” propostos na Câmara e destacou sua participação como presidente de comissão e nas votações.

Já Márcio Biolchi (MDB-RS) disse que os quatro anos comandando seu partido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) fizeram com que a apresentação de PLs não fosse prioridade. “O menor problema no Brasil é lei. Em vez de concentrar na apresentação de propostas, me dedico a avaliar as que estão tramitando”, afirmou.

Câmara dos Deputados encaminhou mais de 15 mil projetos de lei na última legislatura, uma média de 31 por deputado ou oito por ano por parlamentar
Câmara dos Deputados encaminhou mais de 15 mil projetos de lei na última legislatura, uma média de 31 por deputado ou oito por ano por parlamentar  Foto: Wilton Junior/Estadão – 07/09/2022

O deputado Giacobo (PL-PR) também não vê a necessidade de propor novas leis, em razão da quantidade de PLs já existentes. “Sou obrigado a colocar? Já tem bastante projeto em andamento”, disse. Já Stefano Aguiar (PSD-MG) ficou surpreso ao saber que havia proposto somente dois PLs desde 2019. Ele pediu para verificar o número com sua secretária por não se lembrar de cor de um PL relevante que tenha sugerido. Ela foi procurada, mas não deu retorno à reportagem.

O deputado Dimas Fabiano (PP-MG) destacou, em nota, a presença em plenário e a posição de primeiro lugar no ranking Observatório Político da Confederação Nacional dos Municípios. “Exibir números de criação de leis não soluciona os problemas do País”, afirmou. A opinião é próxima à da do deputado Júlio Cesar (PSD-PI), que disse acreditar que o número de PLs é “um critério muito raso” para se analisar a atividade parlamentar. Ele destaca ainda sua participação como presidente de comissões, vice-líder partidário e coordenador da bancada do Nordeste.

Sou obrigado a colocar? Já tem bastante projeto em andamento

Giacobo (PL-RR), deputado federal

O deputado Giovani Feltes (MDB-RS) afirmou ter priorizado a aprovação de projetos vindos do Executivo e outros já apresentados à Câmara. “Apesar de serem dois projetos de sua autoria exclusiva, participa como coautor em outros textos que tramitam na Casa”, afirmou, em nota. A informação, no entanto, não consta do Portal da Transparência da Câmara.

Os deputados Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE), Fernando Monteiro (PP-PE), Jorge Braz (Republicanos-RJ), João Marcelo Souza (MDB-MA), Mauro Lopes (PP-MG), Misael Varella (PSD-MG), Paulo Freire Costa (PL-SP), Sérgio Brito (PSD-BA), Gelson Azevedo (PL-RJ), Paulo Azi (União Brasil-BA), André Abdon (PP-AP), Luiz Carlos (PSDB-AP), Alcides Rodrigues (Patriota-GO), Átila Martins (PSD-AM), Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Hermes Parcianello (MDB-PR) e Junior Lourenço (PL-MA) não retornaram às tentativas de contato da reportagem até a publicação deste texto.

O MERCADO DE TECNOLOGIA É UM PROBLEMA MUNDIAL

 

Com déficit global de mão de obra em tecnologia, Brasil tem potencial para avançar e atender escassez em todo o mundo

Engels Rego, cofundador da Unyleya

Para cofundador da Unyleya Educacional, uma das pioneiras na oferta de educação superior a distância no país, a necessidade de suprir a alta demanda de profissionais em TI em nível global é uma boa oportunidade para o país.

O déficit de mão de obra no mercado de tecnologia é um problema mundial. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Korn Ferry, é estimada uma perda de 8,5 trilhões de dólares na produção global até o ano de 2030 por falta de profissionais qualificados. Por outro lado, esse cenário preocupante para o setor, cria uma oportunidade para o Brasil, uma vez que o país tem potencial para avançar na exportação de talentos e serviços, auxiliando na mitigação desse problema.

Para Engels Rego, cofundador da Unyleya, uma das maiores ofertantes de pós-graduação EAD do país, esse déficit cria um novo espaço para o desenvolvimento de carreiras digitais no Brasil. “Hoje, temos uma taxa de desemprego de 9,3% no país e, por outro lado, milhares de jovens com habilidades requeridas pelo mercado, e que nem percebem o potencial que têm para trabalhar na área de tecnologia. Há, então, uma grande oportunidade de atender a dor do setor e conduzir esses potenciais talentos para as carreiras digitais. O Brasil pode e deve se tornar um grande exportador de talentos em TI”, explica o executivo, que representa investimentos europeus no Brasil.

Diante desse cenário, investidores e empresas de diversos mercados da Europa veem o país não somente como uma fonte, mas também como um expoente formador de mão de obra capacitada e qualificada para o setor de tecnologia. Nesse sentido, Engels entende que a necessidade de suprir a alta demanda de profissionais tem resultado em olhares atentos e movimentações interessantes de investidores e companhias internacionais, que já têm buscado formar e recrutar profissionais brasileiros, seja para emigrar ou para trabalhar remoto para empresas de fora do Brasil.

Os últimos estudos da Brasscom revelaram que, aqui mesmo, no Brasil, até 2024, teremos 70 mil vagas em tecnologia, mas apenas 46 mil profissionais formados na área.

Diante desse déficit, que só aumenta o gargalo do setor, empresas de todos os portes, de startups a grandes empresas, têm recorrido a parcerias com instituições de ensino para qualificar esses jovens antes mesmo da graduação”, explica o executivo.

Programas estratégicos de formação ganham espaço

Dentro deste contexto, a criação de programas estratégicos de formação, atração e retenção de talentos tem se transformado em uma solução para muitas das grandes empresas do segmento. Um ótimo exemplo dessa iniciativa é a proDevs, que conecta instituições públicas e privadas a jovens em formação técnica.

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Recentemente, a marca fechou uma parceria com o programa AMS – inspirado no modelo de sucesso P-Tech, desenvolvido pela IBM no exterior -, fruto de sua cooperação com o Centro Paula Souza, no estado de São Paulo. O objetivo da associação é enriquecer o currículo acadêmico dos cursos técnicos ofertados nas ETECs e FATECs, com experiências profissionalizantes diferenciadas, pautadas em desafios reais e formação complementar focada nas habilidades profissionais mais demandadas atualmente pelo mercado.

Segundo Paulo Camargo, sócio e diretor da empresa, devido à conexão direta com o mercado de trabalho, esse tipo de curso técnico e profissionalizante é uma alternativa ainda mais assertiva para os jovens. “Os estudantes desenvolvem nessas formações as skills que as empresas irão exigir”, reforça.

Além da formação, a proDevs realiza um trabalho mais amplo, que começa no recrutamento técnico, alocação e orientação de carreira para profissionais de tecnologia. “Somos a única empresa hoje que atua de ponta a ponta. Recrutamos, formamos e alocamos um profissional pronto para as companhias na área de tecnologia e ajudamos as equipes de RH a destinarem seus esforços a trabalhos mais estratégicos dentro das suas organizaçõe”, completa.

Para o executivo, a grande vantagem para as empresas está justamente na descoberta e mineração desses talentos com rapidez e assertividade. “Nesse aspecto, temos no Brasil um grande potencial, que já atrai olhares de fora. É preciso ampliar esse conceito para uma escala industrial, que possa resolver o problema do déficit de mão de obra na área de tecnologia em escala nacional e internacional”, destaca. “O segmento tem potencial para crescer, e precisamos ser agentes transformadores do Brasil nessa jornada”, finaliza Camargo.

Sobre a proDevs

A proDevs conecta talentos e empresas para construção de novas carreiras digitais, impulsionando a nova economia. A empresa atua de ponta a ponta no processo, descobrindo, recrutando e capacitando talentos de forma inovadora, e alocando esses profissionais em empresas de tecnologia ou que buscam a transformação digital. A proDevs hoje realiza recrutamento técnico, hunting, alocação de times e especialistas, consultoria e projetos especiais.

Para mais informações, entrevistas e/ou ajuda com pautas sobre o setor entre em contato:

Assessoria de Imprensa – MOTIM

Gabriel Luzzi Bacci – gabriel.luzzi@motim.cc – (11) 94143-4010

Isabela Rodrigues – isabela.rodrigues@motim.cc – (11) 99945-4959

Luís de Magalhães – luis.magalhaes@motim.cc – (11) 95292-8049

Com déficit global de mão de obra em tecnologia, Brasil tem potencial para avançar e atender escassez em todo o mundo

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Recentemente, a marca fechou uma parceria com o programa AMS – inspirado no modelo de sucesso P-Tech, desenvolvido pela IBM no exterior -, fruto de sua cooperação com o Centro Paula Souza, no estado de São Paulo. O objetivo da associação é enriquecer o currículo acadêmico dos cursos técnicos ofertados nas ETECs e FATECs, com experiências profissionalizantes diferenciadas, pautadas em desafios reais e formação complementar focada nas habilidades profissionais mais demandadas atualmente pelo mercado.

Segundo Paulo Camargo, sócio e diretor da empresa, devido à conexão direta com o mercado de trabalho, esse tipo de curso técnico e profissionalizante é uma alternativa ainda mais assertiva para os jovens. “Os estudantes desenvolvem nessas formações as skills que as empresas irão exigir”, reforça.

Além da formação, a proDevs realiza um trabalho mais amplo, que começa no recrutamento técnico, alocação e orientação de carreira para profissionais de tecnologia. “Somos a única empresa hoje que atua de ponta a ponta. Recrutamos, formamos e alocamos um profissional pronto para as companhias na área de tecnologia e ajudamos as equipes de RH a destinarem seus esforços a trabalhos mais estratégicos dentro das suas organizaçõe”, completa.

Para o executivo, a grande vantagem para as empresas está justamente na descoberta e mineração desses talentos com rapidez e assertividade. “Nesse aspecto, temos no Brasil um grande potencial, que já atrai olhares de fora. É preciso ampliar esse conceito para uma escala industrial, que possa resolver o problema do déficit de mão de obra na área de tecnologia em escala nacional e internacional”, destaca. “O segmento tem potencial para crescer, e precisamos ser agentes transformadores do Brasil nessa jornada”, finaliza Camargo.

Sobre a proDevs

A proDevs conecta talentos e empresas para construção de novas carreiras digitais, impulsionando a nova economia. A empresa atua de ponta a ponta no processo, descobrindo, recrutando e capacitando talentos de forma inovadora, e alocando esses profissionais em empresas de tecnologia ou que buscam a transformação digital. A proDevs hoje realiza recrutamento técnico, hunting, alocação de times e especialistas, consultoria e projetos especiais.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

ELEIÇÕES NO BRASIL PREOCUPAM OS EUA

 

Não há muitas coisas em que ferrenhos opositores em Washington – como o estrategista de Donald Trump Steve Bannon e o senador socialista Bernie Sanders – consigam concordar. Mas ambos, e muitos outros políticos e agentes públicos, reconhecem de modo unânime que há muito em jogo quando os brasileiros forem às urnas, no próximo dia 2.

Apoiadora de Bolsonaro em manifestação© Reuters

“Esta será uma das eleições mais intensas e dramáticas do século 21”, afirmou Steve Bannon à BBC News Brasil.

“O destino da democracia do Brasil e de sua relação com os Estados Unidos será decidido nas próximas eleições”, declarou o senador Patrick Leahy, um dos cinco senadores aliados de Sanders a propor no Congresso do país uma resolução para “apoiar as instituições democráticas brasileiras”.

E embora autoridades brasileiras nos EUA se esquivem de comentar ou digam que o pleito é um “não assunto” na relação entre os dois países, em uma recente recepção na capital americana em comemoração aos 200 anos da independência do Brasil esse era justamente o pano de fundo da maior parte das conversas.

Lula teria semelhanças com Biden e Bolsonaro, com Trump© Getty Images

No espelho

Os destinos das duas maiores democracias das Américas parecem ter se entrelaçado nos últimos tempos. EUA e Brasil enfrentam desafios semelhantes e compartilham interesses comuns. Ambos lideram o ranking de países com maior número absoluto de mortos por covid-19 e enfrentam níveis de inflação acima de 8%.

Os dois países também produzem commodities semelhantes – e por isso competem nos mercados internacionais. Enquanto o Brasil é o maior produtor de soja e laranja, seguido pelos EUA, respectivamente na segunda e quarta posições, os americanos estão à frente na produção de milho, carne bovina, peru e frango, com o Brasil em segundo ou terceiro.

Mas enquanto competem com o Brasil, os EUA veem o país se tornar o principal destino de investimentos da China em 2021, um golpe considerável para os americanos em sua zona de influência mais óbvia, a América Latina, na disputa com ares de Guerra Fria entre Washington e Pequim.

Por tudo isso, era de se esperar que o interesse sobre quem deve comandar o Brasil no ano que vem fosse alto. A novidade, no entanto, está na quantidade de manifestações públicas sobre o assunto de altos funcionários ou representantes dos EUA meses antes da votação.

“Há um interesse maior e isso se deve à ameaça de ruptura democrática”, diz Carlos Gustavo Poggio, especialista em relações Brasil-EUA e professor do Berea College, no Kentucky.

Desde a redemocratização, argumenta ele, os pleitos foram pacíficos, sem sobressaltos. “Agora temos um presidente que não deixa muito claro se vai obedecer aos resultados das urnas e que tem uma relação próxima com os militares”, diz Poggio.

Banners da campanha de Lula em Brasília© Getty Images

Desde que venceu a eleição em 2018, Bolsonaro tem repetido acusações de fraude eleitoral sem nenhuma evidência. O Brasil tem urnas eletrônicas desde 1996 – e nenhuma fraude sistemática foi registrada até hoje.

Durante uma recente visita ao Reino Unido para assistir ao funeral da rainha Elizabeth, Bolsonaro disse que, se receber menos de 60% dos votos, “aconteceu algo de anormal no TSE”, o Tribunal Superior Eleitoral. Nas pesquisas de intenção de voto, no entanto, ele nunca ultrapassou 35% e está cerca de 10 pontos percentuais atrás de Lula.

Embora tenha dito pontualmente que, se perder, “vai passar a faixa e se recolher”, Bolsonaro lançou sistematicamente suspeitas ao processo eleitoral, mesmo tendo admitido não ter provas do que diz, e sobre sua própria reação diante dos resultados.

Para muitas autoridades americanas, seu posicionamento ecoa o de Donald Trump, que lançou falsas alegações de fraude sobre a democracia americana antes e depois de sua derrota para Joe Biden.

“Brasil e Estados Unidos são espelhos um do outro”, diz o ex-vice-secretário de Estado dos EUA Thomas Shannon, que também atuou como embaixador dos EUA no Brasil no início dos anos 2010. “O que acontece com uma dessas duas democracias acontece com a outra”, ele completa.

Em um discurso recente à nação, Biden foi claro ao dizer que acreditava que o movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again ou Torne a América Grande de Novo, na tradução para o português) era uma ameaça à democracia.

Apoiadores de Trump invadem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021© Reuters

Há quem veja no forte interesse dos EUA nessas eleições no Brasil uma forma de os americanos confrontarem seus próprios fantasmas de 6 de janeiro de 2021, quando os apoiadores de Trump invadiram o Capitólio dos EUA enquanto a vitória eleitoral de Biden estava sendo certificada. O saldo foi de cinco mortos e de cenas que trincaram a auto-imagem do país.

O historiador da Brown University, James Green, que estuda Brasil há mais de 40 anos, diz que foi a primeira vez que ele viu o termo pejorativo “República de Bananas”, que pessoas nos EUA costumavam reservar aos vizinhos com processos políticos caóticos na América Latina, sendo aplicado por americanos ao seu próprio país.

Em julho, diante de uma plateia americana, o então presidente do TSE, Edson Fachin, afirmou em Washington que o Brasil corria o risco não só de repetir o 6 de janeiro, mas de vivenciar algo ainda “mais grave”.

Diante de tudo isso, os americanos começaram a se mover mais intensamente desde o fim do primeiro semestre. Em entrevista à BBC News Brasil, em maio, a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, afirmou que “o que precisa acontecer no Brasil são eleições livres e justas, usando as estruturas institucionais que serviram bem a vocês (brasileiros) no passado”.

Pouco antes, uma conversa entre o chefe da CIA, William Burns, e ministros de Bolsonaro foi vazada. No diálogo, Burns pedia ao presidente brasileiro que parasse de lançar dúvidas sobre as eleições. Bolsonaro negou que a conversa tivesse ocorrido.

Eleições no Brasil: a ação sem precedentes das Forças Armadas

Os políticos também entraram em campo. O senador Leahy juntou-se a Bernie Sanders e outros quatro senadores democratas para apresentar uma resolução de apoio às instituições democráticas no Brasil que recomenda, entre outras coisas, que os EUA reconheçam o vencedor do pleito brasileiro imediatamente após o anúncio do resultado pelo TSE, para desencorajar qualquer possibilidade de contestação.

E na Câmara dos Representantes, os democratas tentaram – e não conseguiram – aprovar uma medida que suspenderia a ajuda militar ao Brasil se as Forças Armadas abandonassem sua neutralidade política.

“Às vezes a mensagem é formal, outras vezes é vazamento, mas tudo está tentando transmitir o pensamento de Washington”, diz Nick Zimmerman, consultor sênior do Brazil Institute e ex-assessor de política externa da Casa Branca no governo Barack Obama.

Enquanto o Brasil acelerou a devastação da Amazônia, a pauta do aquecimento global se tornou prioritária nos EUA e na Europa Ocidental© Getty Images

Para Zimmermann, o que está em jogo não é só a situação no Brasil, mas uma questão mais ampla de política internacional dos Democratas e de parte dos Republicanos sobre as ameaças globais à democracia.

“A ordem democrática multilateral construída após a Segunda Guerra Mundial está em risco de uma forma que jamais esteve nos últimos 80 anos. E isso é algo que os Estados Unidos vão lutar para defender”, diz Zimmerman.

Trump dos Trópicos e Lula em estilo Biden

Questionar o processo eleitoral não é a única semelhança entre Trump e Bolsonaro, que também é conhecido fora do Brasil como “Trump dos Trópicos”.

Ambos fizeram campanha como outsiders, prometendo lutar contra as elites políticas, mesmo que Bolsonaro já fosse um veterano no Congresso Nacional.

Ambos incentivaram o nacionalismo e a posse de armas, e denunciaram os chamados “globalismo” e “ideologia de gênero”. Ambos dominaram a comunicação direta com o eleitor via redes sociais.

Bannon compara o bolsonarismo ao movimento Maga, de Donald Trump© Reuters

“Bolsonaro é um grande herói para todos nós”, diz Bannon, que vê o Brasil como parte fundamental de um movimento populista de direita global.

“Ele está no nível do [primeiro-ministro húngaro conservador e autoritário] Viktor Orbán como alguém que defende a soberania e construiu um movimento popular de bases. Ele tem evangélicos, ele tem pessoas da classe trabalhadora. Se você olhar para o bolsonarismo do Brasil, é muito parecido com o movimento Maga”, diz Steve Bannon.

Do outro lado dessa disputa eleitoral, está Lula, cuja trajetória os americanos comparam com a do próprio Biden.

Ambos vieram de origens humildes, de famílias de trabalhadores braçais, e se tornaram referências nacionais na política, ocupando altíssimos postos antes de voltar às urnas: Biden como vice-presidente de Obama, Lula como presidente.

Ambos sempre tiveram na negociação seu principal ativo e costuraram coalizões amplas para garantir que os dois líderes populistas de seus países tivessem apenas um mandato.

No caso de Lula, há 8 ex-candidatos a presidente entre seus aliados, que incluem do líder do movimento dos trabalhadores sem teto, Guilherme Boulos, ao ex-presidente do Bank of Boston, Henrique Meirelles.

Do lado americano, Biden foi capaz de unir desde o socialista Bernie Sanders a alguns republicanos, como o ex-secretário de Estado de George Bush, Colin Powell, falecido em 2021.

Além da intrigante semelhança entre os dois principais candidatos lá e cá e da possibilidade de uma eleição contestada, há outra razão pela qual o Brasil está na agenda dos políticos americanos e europeus.

Nos últimos anos, o Brasil acelerou o processo de desmatamento da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. O governo Bolsonaro reduziu o orçamento para conter a devastação do bioma. No ano passado, seu então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi investigado e acusado pelos EUA de estar envolvido no tráfico ilegal de madeira, o que ele nega. Ao mesmo tempo, o tema foi se firmando como prioridade tanto no atual governo dos Estados Unidos como na Europa Ocidental.

Agenda Verde e Esquerda

Para Shannon, ficou claro ao mundo que decisões tomadas no Palácio do Planalto vão impactar a vida de bilhões de pessoas no Planeta.

Durante sua campanha eleitoral de 2020, Biden sugeriu que os americanos liderassem a criação de um fundo internacional de bilhões de dólares que ajudaria o Brasil a pagar pela preservação da área florestal.

A promessa, no entanto, nunca saiu do papel. O principal motivo, segundo pessoas a par do assunto na administração, foi a falta de confiança de que o governo Bolsonaro cumpriria as metas firmadas.

Bolsonaro afirma que o Brasil é referência na preservação ambiental e que as políticas adotadas para a região são também uma questão de soberania nacional e de desenvolvimento econômico.

Lula tem falado muito sobre sua intenção de proteger a Amazônia e conseguiu atrair o apoio de Marina Silva, ambientalista internacionalmente respeitada e sua ex-ministra do Meio Ambiente por cinco anos.

Marina, no entanto, deixou de ser ministra de Lula denunciando falta de prioridade da agenda verde no segundo mandato do petista e, tanto Lula quanto sua sucessora, Dilma Rousseff, levaram a cabo a construção de uma série de hidrelétricas no meio da Amazônia, o que causou sérios danos à floresta e sua população nativa.

Biden chegou a propor criação de fundo internacional pró-Amazônia durante sua campanha em 2020© EPA

Se a nova postura mais verde de Lula agrada aos Estados Unidos, há muito mais insatisfação com sua relação próxima com os regimes de Cuba, Nicarágua e Venezuela – o que Lula tem tentado suavizar com declarações sobre a necessidade de alternância de poder nesses países.

Lula também foi um grande defensor do BRICS, bloco formado por Índia, Rússia, China, África do Sul e Brasil, que alguns viam como um desafio ao poder ocidental.

Em contraste, sob Bolsonaro em 2019, pela primeira vez na história, o Brasil votou a favor do embargo dos EUA a Cuba, junto com os próprios EUA e Israel, e contra 187 outros países.

Diante de Biden, Bolsonaro teria lembrado que ele funciona como um escudo contra o que chama de “disseminação do comunismo” na América Latina.

Ainda assim, mesmo sob protestos dos americanos, o presidente brasileiro visitou o presidente Vladimir Putin em Moscou em 2022, apenas duas semanas antes do início da guerra na Ucrânia.

Para Shannon, independentemente de quem vença a eleição, o Brasil será um grande jogador internacional, com quem os EUA precisam trabalhar, sem pretensões de dominar.

“A diferença entre o Brasil e os EUA é que os EUA são uma superpotência global e eles sabem disso”, diz ele. “O Brasil é uma superpotência e ainda não descobriu.”

– Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63003434

GOVER NO LULA NÃO CONCORDA COM AS REDES SOCIAIS LIVRES DE CENSURA

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