Por Alexandre Garcia | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Estão descobrindo que a pandemia causou um caos na educação,
principalmente na alfabetização. Dados do Ideb e do Saeb, que são
índices de avaliação da educação básica estão mostrando isso. Aí os
jornais estão noticiando: foi a pandemia. Não foi a pandemia. Foram os
arautos da pandemia, os cúmplices da Covid que fizeram isso porque todos
sabemos que a Covid afeta adulto e raramente afetaria criança.
Confundimos tudo e tivemos dois anos sem educação. Um imenso erro o
que aconteceu. Entre tantos outros erros que foram cometidos,
gravíssimos, que inclusive causaram mortes como, por exemplo, não tratar
as pessoas doentes.
Pausa na campanha O presidente da República, Jair Bolsonaro, foi
aos funerais da rainha Elizabeth II e agora vai a Nova York discursar na
ONU, interrompendo a campanha eleitoral. Meu registro é do brilho da
primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Elegante, bonita, com traje
apropriado para a ocasião. Uma lady em plena corte de St James, assim é
chamada a corte inglesa.
Bolsonaro vai fazer discurso na 77ª Assembleia-Geral da ONU e depois
volta para a campanha quando, a gente sabe, estarão faltando poucos dias
para a eleição.
Mais um queixoso se defende Mais uma lá no Supremo Tribunal
Federal que é difícil de a gente entender tendo a mínima noção de
Justiça. Eu imagino um estudante de Direito como fica, um juiz de
primeira instância como fica diante disso. O ex-senador Magno Malta fez
uma acusação ao ministro do STF Luís Roberto Barroso, que o ministro
Barroso considerou calúnia e apresentou uma queixa à Justiça. Só que
apresentou ao seu próprio tribunal, aos seus próprios pares. Os seus
próprios pares vão julgar uma queixa de calúnia contra um deles.
Não só vão julgar como já estão julgando. O relator é o ministro Alexandre de Moraes, que votou para tornar Malta réu.
E Magno Malta nem tem foro privilegiado, caso típico de primeira
instância para saber se é verdade aquele crime atribuído a Barroso dito
por Magno Malta. Se for verdade, Magno Malta está livre; se não for
verdade é calúnia. Mas não no Supremo.
É um absurdo que os companheiros de tribunal julguem um caso em que o
queixoso é um deles. Imagine se o queixoso votar! Não seria surpresa
porque aquele inquérito do fim do mundo é isso, é o queixoso, o ofendido
movendo a ação para se defender. Isso é vingança.
As liminares de Fachin
Fica um registro, teve um caso de marido que matou a mulher aqui em
Brasília. Ele quebrou uma pia em casa e usou os cacos da pia para matar a
mulher. Assim como a arma do Adélio Bispo foi uma faca, não foi um
revolver. E o ministro Edson Fachin, nas suas liminares que estão se
aproximando da maioria, está restringindo o uso de arma de fogo quando o
instrumento básico para um homicídio é o cérebro do agressor. Ele usa
um pau, uma pedra, uma faca, um lápis, uma caneta, um prego, um martelo,
um machado, uma pá. Eu acho que as pessoas não se deram conta ainda de
que é preciso desarmar os espíritos.
A maior parte (21) dos nomes que foram condenados, acusados ou
investigados na operação tenta vagas na Câmara e no Senado; três
disputam o cargo de governador
Isabella Alonso Panho, especial para o Estadão
Além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao menos outros 25 antigos alvos da Operação Lava Jato disputam
as eleições deste ano. A grande maioria (19 candidatos) busca se eleger
como deputado federal, dois tentam o Senado e apenas um almeja uma
cadeira na Assembleia Legislativa do seu Estado. Outros três nomes se
candidataram ao cargo de governador. Depois de passar um ano e sete
meses na prisão após ser condenado na Operação Lava Jato a cumprir pena
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do
Guarujá, Lula recuperou os direitos políticos e agora tenta voltar ao
Palácio do Planalto.
A Lava Jato foi deflagrada em março de 2014, por ordem do então juiz
federal Sérgio Moro, candidato ao Senado pelo Podemos no Paraná. Até ser
extinta, em 2021, a operação viveu 80 fases e levou para o banco dos
réus empreiteiros, doleiros, lobistas e políticos.
Entre os 26 políticos que agora registraram suas candidaturas na
Justiça Eleitoral, alguns foram acusados criminalmente pela força-tarefa
de Curitiba ou pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – nos casos
de detentores de prerrogativa de foro no Superior Tribunal de Justiça ou
no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, em vários desses casos, as
denúncias foram rejeitadas judicialmente, por inépcia ou insuficiência
de provas, e os acusados nem réus se tornaram.
A prisão do ex-presidente petista marcou o auge da operação, que
começou a declinar com a decisão de Moro de deixar a magistratura e
virar ministro da Justiça e da Segurança Pública do presidente Jair
Bolsonaro, eleito em 2018 no rastro do discurso de combate à corrupção.
SALDO. Refletido também na disputa eleitoral deste
ano, o saldo da Lava Jato é uma oposição entre críticos e defensores
contundentes da operação. Entre os algozes, a avaliação é de que, em
nome do enfrentamento da corrupção, a Lava Jato permitiu e autorizou
todos os meios disponíveis, inclusive os ilegais durante as
investigações e processos. Seus defensores, protagonizados pelo
ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, e o próprio Moro – que
também são candidatos a cadeiras no Congresso Nacional –, afirmam que a
operação foi alvo de um movimento orquestrado de desmonte, que livrou
acusados que agora tentam voltar à cena política.
A complexidade da operação resultou numa disputa pelo “espólio” da
Lava Jato, tanto pelos agentes dos mecanismos de controle, quanto pelos
que foram investigados e presos, destaca Clodomiro Bannwart, advogado e
pós-doutor em Filosofia pela Unicamp. Ele avalia que, neste cenário de
discursos que flertam com o rompimento institucional, “a corrupção
parece engalfinhada nas entranhas do estado de direito, maculando e
pervertendo as instituições por dentro”.
‘ATESTADO’. Como aponta Silvana Batini, professora
da FGV do Rio de Janeiro e doutora em direito público pela PUC, embora a
participação de ex-alvos da Lava Jato nas eleições “faça parte do
jogo”, “a lei não dá um atestado de idoneidade”. Pela legislação
eleitoral vigente, ficam impedidos de concorrer apenas os candidatos que
possuam condenação transitada em julgado (sem possibilidade de recurso)
por alguns crimes. “A pessoa pode estar respondendo a vários
inquéritos, pode estar até condenada numa primeira instância, e ela
continua elegível”, afirma Battini.
Na avaliação da professora, uma possibilidade para a formação do voto
nestas eleições, é que “o eleitor construa os seus próprios critérios
políticos de elegibilidade”.
“A Lava Jato expôs ao Brasil um esquema de corrupção sem precedentes,
tanto em relação ao montante roubado dos cofres públicos quanto ao
número de autoridades envolvidas”, disse Dallagnol, que atuou como
coordenador da extinta força-tarefa em Curitiba e também busca na
política um novo caminho. Ele é candidato a uma cadeira na Câmara pelo
Podemos.
Coordenador jurídico da campanha de Lula, o advogado Cristiano Zanin
se tornou um dos críticos mais ácidos da Lava Jato e da atuação de Moro e
“determinados” ex-procuradores nos processos que condenaram o
ex-presidente. “Vencemos 26 procedimentos jurídicos que foram
indevidamente abertos contra Lula na Justiça brasileira e também o
comunicado que fizemos ao Comitê de Direitos Humanos em 2016.”
Sobre os candidatos investigados na operação, Dallagnol é enfático:
“Acredito que essas pessoas não tenham idoneidade nem reputação
ilibada”. Confira a seguir a lista com 26 candidatos que foram
mencionados, indiciados, processados ou condenados na operação. A
reportagem fez contato com cada um, por meio de seus advogados e
assessores. Contudo, até a conclusão da reportagem, nem todos
responderam aos questionamentos realizados.
Políticos investigados na Operação
Lava Jato são candidatos em 2022. Fotos: Dida Sampaio/Estadão, André
Dusek/Estadão, Dida Sampaio/Estadão, Fábio Pozzebom/Agência Brasil,
Ernesto Rodrigues/Estadão e Ricardo Almeida/ANPR
Retorno às urnas de alvos da operação
Lula (PT)
Em abril do ano passado, o Supremo Tribunal Federal derrubou as
condenações impostas pela Lava Jato a Lula. Em junho, a Corte concluiu
que o então juiz Sérgio Moro foi parcial quando condenou o ex-presidente
na ação do triplex do Guarujá, o que abriu caminho para Lula disputar a
eleição presidencial de outubro.
Eduardo Cunha (PTB-SP)
Preso e condenado na Lava Jato, o ex-presidente da Câmara teve o
mandato cassado em 2016, o que o deixou inelegível por oito anos. Em
agosto, no entanto, ele foi beneficiado por uma decisão provisória da
Justiça Federal em Brasília que suspendeu os efeitos da cassação, o que
permitiu sua candidatura a deputado federal.
Aécio Neves (PSDB-MG)
O então senador foi denunciado em 2017 por corrupção e obstrução da
Justiça com base na delação dos empresários do Grupo J&F – Aécio foi
acusado pelo recebimento de R$ 2 milhões em propina. Em março deste
ano, a Justiça Federal em São Paulo absolveu o hoje deputado, que este
ano disputa a reeleição.
Arthur Lira (PP-AL)
Investigado no “quadrilhão do PP”, por suspeita de arrecadar e
receber propina repassada ao partido, o presidente da Câmara foi
denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. A
denúncia foi rejeitada em fevereiro deste ano pelo STF. Lira busca a
reeleição.
Beto Richa (PSDB-PR)
Ex-governador do Paraná, o tucano foi preso na Operação Integração,
desdobramento da Lava Jato que mirou propinas de concessionárias de
pedágios. Candidato a deputado federal, Richa foi denunciado pelos
crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Romero Jucá (MDB-RR)
Candidato a senador em outubro, o emedebista foi denunciado sob
acusação de integrar o “quadrilhão do PMDB”, que, segundo a
Procuradoria, recebeu R$ 864 milhões em propinas do esquema de corrupção
instalado na Petrobras.
Affonso Monnerat (PP-RJ)
Denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização
criminosa, quando foi secretário de governo do ex-governador do Rio de
Janeiro Luiz Fernando Pezão (MDB), Monnerat foi condenado por
supostamente ter participado de uma organização criminosa estruturada
anteriormente por Sérgio Cabral.
Ao Estadão, o candidato afirma sua inocência:
“Consegui uma vitória importante: o desmembramento do meu processo, para
ter mais celeridade no julgamento do meu recurso, já que nenhum
empresário ou colaborador tenha falado que participei de qualquer ato
ilícito”.
Afonso Hamm (PP-RS)
O candidato foi citado por Alberto Youssef em um depoimento, contudo,
a Procuradoria-geral da República arquivou o inquérito por falta de
provas em setembro de 2017.
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
Em 2017 o candidato foi investigado por supostamente participar de
uma organização criminosa junto de outros parlamentares do PP. Contudo,
em 2021, o STF arquivou o inquérito.
Aline Corrêa (União Brasil-PE)
Denunciada por peculato, a candidata afirma que “toda pessoa que atua
na vida pública está sujeita a denúncias, na maioria das vezes por
motivações políticas. No meu caso foi exatamente o que aconteceu, a
ponto de o Ministério Público Federal pedir ‘o arquivamento do caso da
Deputada Aline Corrêa pela inexistência de linha investigatória
potencialmente idônea’. E o Poder Judiciário confirmou este
arquivamento. Portanto, sempre fui e sempre continuarei sendo uma
Deputada ficha limpa”.
Cacá Leão (PP-BA)
Não chegou a ser denunciado.
Delcídio do Amaral (PTB-MS)
Denunciado pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de
dinheiro, o candidato afirma através de sua assessoria que seus direitos
políticos foram restabelecidos “após a Justiça Federal declarar que foi
vítima de uma armação”. A votação do TRF-1 foi unânime a favor do
candidato.
Fernando Collor (PTB-AL)
O ex-presidente foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa.
Fernando Pimentel (PT-MG)
Pimentel chegou a ser investigado por uma suposta interferência nas
investigações da Lava Jato. Contudo, o STJ arquivou o inquérito por
falta de provas em agosto de 2017. Em nota, através de sua assessoria, o
candidato afirma que “jamais teve qualquer relação com a operação Lava
Jato e, por isso, nunca foi alvo de nenhuma das operações realizadas no
RJ, SP e PR. Nas investigações da operação Acrônimo, em que esteve
injustamente envolvido, foi absolvido em todas, sem exceção”.
Gladson Cameli (PP-AC)
Não chegou a ser denunciado.
João Leão (PP-BA)
Não foi denunciado.
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Não há denúncia contra o candidato.
Luis Carlos Heinze (PP-RS)
Não chegou a ser denunciado.
Luiz Fernando Faria (PSD-MG)
Denunciado por corrupção passiva qualificada.
Mário Negromonte Junior (PP-BA)
Em nota enviada pelo seu advogado, Carlos Fauaze, o candidato
denunciado por lavagem de dinheiro afirma que “a denúncia oferecida pelo
Ministério Público Federal foi rejeitada por unanimidade. Tecnicamente
isso significa dizer que o Deputado Mário Negromonte Júnior sequer foi
processado no âmbito da referida operação, eis que os elementos
levantados contra si durante as investigações foram considerados
insuficientes para permitir o início do processo”.
Missionário José Olímpio (PL-SP)
Não há denúncia contra o candidato.
Renato Delmar Molling (PP-RS)
Não foi denunciado.
Roseana Sarney (MDB-MA)
Em nota, a assessoria da candidata afirma que ela “nada tem a comentar”, pois a PGR arquivou a investigação por falta de provas.
Sandes Júnior (PP-GO)
Ao Estadão, o candidato afirma que “vários
parlamentares do meu partido foram investigados. Eu tive o meu processo
arquivado por absoluta falta de provas e de consistência pelo ministro
Fachin”.
Vander Loubet (PT-MS)
Denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Waldir Maranhão (PDT-MA)
Não foi denunciado.
Duas perguntas para Carlos Velloso, ex-ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)
Pelo menos 26 candidatos nestas eleições foram alvo da Lava
Jato. Muitos deles beneficiados pela anulação de processos e pela
mudança de entendimento do STF a respeito da execução da pena e da
competência. Como vê isso?
Na maioria dos casos, parece-me, teria ocorrido a modificação da
jurisprudência do Supremo pela ocorrência de Caixa 2 em campanha
eleitoral. Entendeu-se, então, pela competência da Justiça Eleitoral,
para onde os processos foram remetidos. Outros casos foram beneficiados
com a mudança da jurisprudência do STF a respeito do início da execução
da pena. O meu entendimento pessoal é outro, conforme já escrevi a
respeito. Mas decisão da Justiça não se discute.
Como avalia a volta à política de candidatos com pendências judiciais?
Ora, se são elegíveis, segundo a legislação eleitoral, não cabe
deixar de ser registrada a candidatura, cabendo ao eleitor acolher ou
desacolher os nomes dos candidatos com pendência judicial.
Em procissão, caixão da monarca deixou o Palácio de Westminster após
cinco dias de um velório aberto ao público que reuniu milhares de
pessoas
LONDRES – Após uma procissão de cerca de 10 minutos do Palácio de Westminster, a sede do Parlamento britânico, o caixão da rainha Elizabeth II chegou
à Abadia de Westminster, onde cerca de 2 mil pessoas acompanharão seu
funeral de Estado. A igreja é a mesma onde a monarca casou, em 1947, e
foi coroada cinco anos depois.
Mais cedo, em procissão, caixão da rainha Elizabeth II deixou o
Palácio de Westminster após cinco dias de um velório público que atraiu
milhares de pessoas.
“Eu sou a ressurreição e a vida”, cantava o coral, frase bíblica
usada em todos os funerais de Estado para reis e rainhas desde o século
XVIII.
A família real seguiu o caixão durante a procissão de entrada na
Abadia de Westminster. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da
rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de
nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe
Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.
Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate, acompanhados
de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As
duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de
sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan
Markle.
O cortejo durou menos de 10 minutos e foi acompanhado por membros da
Marinha Real e dos Fuzileiros Navais Reais. A procissão foi liderada por
cerca de 200 músicos, incluindo tocadores de flauta e tambor dos
regimentos escoceses e irlandeses.
A carruagem que leva Elizabeth II é a mesma que carregou os reis
Edward VII, George V e George VI, o pai da monarca. Também foi usado no
funeral do ex-premier Wiston Churchill.
Fim do velório público
O velório público de Elizabeth II terminou após cinco dias de filas gigantescas que chegaram a atingir mais de 8 quilômetros.
A fila de súditos que espera para entrar no Palácio de Westminster e prestar uma última homenagem foi interrompida diversas vezes, e o tempo de espera estimado chegar a 14 horas.
De acordo com o sistema de monitoramento em tempo real do governo
britânico, a estrutura organizada – com mais de 500 banheiros portáteis e
cerca de 1 mil funcionários trabalhando na organização – alcançou a
“capacidade máxima”. Mesmo após o fechamento para novas entradas,
milhares de pessoas que já estavam na fila continuaram esperando
pacientemente para ver o caixão da rainha.
“Southwark Park (o fim da fila) atingiu a capacidade máxima. A
entrada está suspensa por pelo menos seis horas”, tuitou o governo
britânico, pouco depois de anunciar que a espera para chegar ao Palácio
de Westminster era de 14 horas.
Apesar da longa espera, os britânicos que aguardam na fila dizem não
se arrepender do esforço para se despedir de Elizabeth II. Moradora de
Londres, Caroline Quilty disse que chegou à fila por volta das 4 da
manhã desta sexta-feira. “Acho que é um momento na história, e se eu não
viesse celebrá-lo e vê-lo e fazer parte disso, acho que realmente me
arrependeria”, afirmou.
Um dos momentos mais esperados da parte pública do velório de
Elizabeth II – cujo caixão continua em Westminster até a segunda-feira,
19, quando será levado para o funeral no Castelo de Windsor -, acontece
nesta sexta: a chamada vigília dos príncipes, cerimônia solene que deve
reunir o rei Charles III, a princesa Anne e os príncipes Andrew e
Edward. A tradição remonta a 1936, quando os quatro filhos de George V
velaram o caixão do pai.
Charles e seus irmãos já velaram o caixão de Elizabeth II em
Edimburgo na segunda-feira, enquanto os súditos escoceses prestavam
homenagem à monarca. Durante 10 minutos, eles permaneceram com as
cabeças inclinadas ao lado do caixão de carvalho, vestidos com seus
trajes militares, com exceção de Andrew, de quem a própria rainha
retirou a honraria no ano passado por seu envolvimento em um escândalo
sexual. A vigília desta sexta deve começar às 19h30 (15h30 em Brasília).
Antes da vigília, rei Charles III e a rainha consorte Camilla Parker
Bowles viajaram para o País de Gales, último destino do primeiro giro do
herdeiro do trono britânico pelas quatro nações do Reino Unido. Charles
III, que passou um período da juventude no país e ocupou o cargo de
príncipe de Gales por décadas, é esperado em Cardiff para um momento de
oração e reflexão em homenagem a sua falecida mãe.
Incidentes no velório
O anúncio da suspensão da fila foi feito horas após um ataque a
facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente
próxima da fila, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de
segurança, que investiga o incidente, descartou uma motivação
terrorista. Os policiais atacados estão fora de perigo, informou o
prefeito de Londres, Sadiq Khan.
Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma
delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão
histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto
para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do
Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores
britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da
China à minoria uigur na região de Xinjiang.
O gabinete da presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, se
recusou a comentar na sexta-feira uma reportagem do jornal americano Politico sobre a questão envolvendo a delegação chinesa.
Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico,
mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido
deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber
os convidados”.
Inovação. É o que todo mundo busca na carreira e nos negócios. Mas
quando a gente acompanha a quantidade de coisas novas aparecendo por aí,
parece que tudo é invenção de outro mundo e que apenas grandes mentes e
marcas gigantes são capazes de fazer isso acontecer… Nada disso. A
inovação pode e deve fazer parte da sua rotina e funcionar em vários
níveis. Sabe como?
O termo “inovação” tem origem no latim “innovatio”, que significa
“renovação”. Então, basicamente, indica transformar algo sem alterar sua
essência. Nesse caso, quando uma empresa decide reconstruir sua
identidade visual, alterando logotipo e embalagens dos produtos, por
exemplo, ela pode estar sendo inovadora.
Ou seja, inovar não é, necessariamente, reinventar a roda. É criar ou
explorar algo novo e ter sucesso nisso. Pode ser pensando em produtos,
processos ou até mesmo em uma nova forma de gestão.
É claro, o simples ato de explorar algo novo pode dar errado. E esse é
o caminho natural para quem inova: não ter medo de correr riscos ou se
apegar às opiniões externas. Você só inova se fizer primeiro, sem ter
garantias de que vai dar certo.
Como fazer?
Quando olhamos para as empresas, há 3 tipos de inovações possíveis
1 – Inovação de produtos e serviços
Aqui, o objetivo é sempre criar as melhores versões, tendo como
pressuposto a ideia que aqueles resultados nunca são os finais – há
sempre o que pode ser melhorado.
2 – Inovação de modelos de negócio
Foi o que fez a Amazon quando a varejista criou a Amazon Web
Services, sua companhia focada em computação em nuvem. Apenas no ano
passado, a iniciativa teve uma receita anual de US$ 40 bilhões.
A inovação de modelos de negócio existe quando uma companhia traz um
novo modelo de negócios para seu ecossistema ou até mesmo pivota
completamente, tendo bons resultados.
3 – Inovação em cultura e gestão
Neste caso, antigos processos e “modos de fazer” são revisitados.
Acontece quando os funcionários de uma companhia deixam de ser movidos
pelo controle e passem a ser por contexto, permitindo que tomem pequenas
decisões diariamente e seja criada, no final, uma empresa mais ágil.
Essa inovação pode acontecer em processos internos ou externos
Em todos esses casos, novas mercados e possibilidades se abrem,
criando novas oportunidades de inovação. Uma trilha que você nunca deve
deixar de perseguir!
Resumindo
Pratique a inovação diariamente, mas de maneira objetiva e focada.
Correr riscos faz parte, desde que seja de forma controlada e
mensurável. Outro ponto fundamental da inovação é que ela não acontece
de uma hora para outra, mas sim ao final de descobertas e testes
contínuos. Sendo assim, não demore e comece já!
A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma Plataforma
Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um
forte relacionamento com a tecnologia.
Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito
inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades
do mercado.
Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no
modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o
mercado já oferece para se destacar ainda mais.
Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma
ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a
inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a
concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas
funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até
mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.
A inovação é
a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções
criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas
pelo mercado.
Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A jornalista britânica Catherine Belton antecipa que a
insustentabilidade económica da invasão da Ucrânia pela Rússia vai levar
a que haja mudanças no Kremlin, pela ação de elementos mais
“progressistas” dentro da elite.
Em entrevista à agência Lusa, a propósito da publicação em Portugal
do livro “Os Homens de Putin: Como o KGB se apoderou da Rússia e depois
atacou o Ocidente”, Belton reconheceu ter sido apanhada de surpresa pela
invasão da Ucrânia, tal como a maioria dos peritos na Rússia, mas
acredita que se veem cada vez mais sinais de uma saturação por parte das
elites na Rússia.
“Penso que muitos nas elites, aqueles que fizeram as suas fortunas na
era de Ieltsin, ficaram chocados e surpreendidos. A comunidade dos
serviços secretos internacionais também, mas depois toda a gente se
habituou. O mesmo com a população. Ligam a TV e fingem que não se passa
nada. As sanções têm um impacto, mas a Rússia sobrevive. Substituem-se
bens de consumo por outros provenientes da China, da Turquia, as coisas
parecem iguais, mas não são e vai ficar muito, muito pior”, afirmou a
agora jornalista do Washington Post.
A antiga jornalista da Reuters e ex-correspondente do Financial Times
em Moscovo acredita que a Rússia vai enfrentar um “aperto maciço devido
à enorme quebra nas receitas de energia”.
“Penso que vai haver muitas dificuldades pela frente. Embora os
‘falcões’ em torno [do Presidente russo, Vladimir] Putin tenham
fortalecido a sua posição — e são eles quem conduz o esforço da guerra
-, acredito que, no final, não vai ser sustentável e a dada altura
haverá elementos mais progressistas, possivelmente de dentro dos
serviços de segurança, que vão tentar mudar a situação, porque precisam
que a Rússia sobreviva”, disse Belton.
Questionada sobre a leitura que faz de esse esforço de mudança ter de
vir do topo e não da população em geral, Catherine Belton lembrou que a
repressão é agora “quase total” e que um cidadão pode enfrentar 15 anos
na cadeia por criticar a guerra.
Belton deu o exemplo de declarações de Mikhail Khodorkovsky que, numa
palestra recente, questionava quem se lembrava de protestos de rua na
Alemanha de Leste: “E porquê? Porque era uma ditadura muito autoritária e
totalitária”.
“Terá de vir da elite e não tenho dúvida de que vai acontecer, mas é
uma questão de quanto tempo vai demorar. Quando se atinge o ponto em que
se sabe que a economia do país vai ficar sem dinheiro, isso também pode
gerar agitação de baixo para cima, porque as pessoas têm de comer”,
frisou a jornalista.
“Os Homens de Putin” chega às livrarias portuguesas no dia 22 de
setembro, pela Ideias de Ler, depois de, em 2020, ter sido classificado
como dos melhores livros do ano por publicações como o Financial Times
ou a New Statesman.
Ao longo de mais de 500 páginas, que demoraram sete anos a ser
preparadas, Belton traça o retrato do presidente russo e das pessoas que
o rodearam e rodeiam na ascensão e manutenção do poder, incluindo os
múltiplos esquemas económicos e políticos que lhes permitiram destruir
opositores e reforçar as suas posições.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia
causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões
de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -,
de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise
de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin,
com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para
segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e
imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827
civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito
aquém dos reais.
Seja sempre o primeiro a saber. Sexto ano consecutivo Escolha do
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Continuidade do processo de privatização dos Correios, que
tramita no Congresso, dependerá do resultado das eleições
presidenciais.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo
Uma
das principais promessas do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições
de 2018, o programa de privatização de estatais, capitaneado pelo
ministro da Economia, Paulo Guedes, andou pouco. Sem considerar
subsidiárias, a única grande desestatização foi a venda do controle
acionário da Eletrobras, concluída em junho deste ano.
“Fica uma frustração das privatizações. Vendemos R$ 260 bilhões de
subsidiárias. Na Petrobras vendemos subsidiárias e conseguimos vender a
Eletrobras. A política é que vai te abrindo janelas de oportunidade.
Você sabe o que quer fazer, mas não consegue fazer. Em todas as
dimensões andamos um pouco”, disse Guedes em agosto, durante o evento
Tag Summit 2022.
Mais especificamente, o governo conseguiu reduzir o total de empresas
estatais federais de 209, ao fim de 2018, para 155 no primeiro
trimestre de 2022, segundo a última atualização da Secretaria de
Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério da
Economia, consolidada antes da venda da Eletrobras. No balanço estão
consideradas 48 empresas de controle direto da União e 107 subsidiárias,
das quais 42 sediadas no exterior.
Estatais faturam R$ 1 trilhão e têm maior lucro em 13 anos; governo ficou com R$ 43 bilhões Na
atual campanha, as opiniões dos candidatos à presidência em relação à
venda de empresas estatais variam bastante. Confira a seguir o que
pretende fazer cada presidenciável em relação às companhias:
Lula quer suspender privatizações dos Correios e da Petrobras Em
seu plano de governo, o ex-presidente e candidato novamente ao cargo
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende a necessidade de “proteger o
patrimônio do país” e de “recompor o papel indutor e coordenador do
Estado e das empresas estatais”, que seriam responsáveis pelo processo
de desenvolvimento econômico e pelo progresso “social, produtivo e
ambiental do país”.
O candidato do PT não apenas propõe fortalecer os bancos públicos
como pretende suspender o processo de privatização dos Correios, da
Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), cujos trâmites tiveram
início no atual governo. Meses atrás, deu a entender que reverteria a
venda do controle da Eletrobras à iniciativa privada caso eleito, mas no
último dia 12, em entrevista à CNN Brasil, negou ter falado em rever
privatizações.
Na lista de propostas registrada no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), o ex-presidente diz se opor à privatização da Eletrobras, “maior
empresa de geração de energia elétrica da América Latina, responsável
por metade das linhas de transmissão do país”. No texto, afirma que é
preciso “recuperar o papel da empresa como patrimônio do povo,
preservando nossa soberania energética, e viabilizando programas como o
Luz para Todos”.
Para a Petrobras, o petista afirma que mudará seu plano estratégico e
de investimentos, orientando-os para a segurança energética, a
autossuficiência nacional em petróleo e derivados e a garantia do
abastecimento de combustíveis no país.
“Voltará a ser uma empresa integrada de energia, investindo em
exploração, produção, refino e distribuição, mas também atuando nos
segmentos que se conectam à transição ecológica e energética, como gás,
fertilizantes, biocombustíveis e energias renováveis. É preciso
preservar o regime de partilha, e o fundo social do pré-sal deve estar,
novamente, a serviço do futuro”, diz seu plano de governo.
Também consta de suas propostas o fortalecimento de Banco do Brasil,
Caixa Econômica Federal, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (Basa) e
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Para ele, as instituições
têm a missão de fomentar o desenvolvimento econômico, social e ambiental
e a oferta de crédito a longo prazo e de garantias em projetos
estruturantes, “compromissados com a sustentabilidade financeira dessas
operações”.
“Empresas que são grandes estatais federais são essas três: Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras, praticamente. As restantes
são empresas menores. Se pegarmos as três grandes empresas, não é
prioridade privatizar nenhuma. Já temos bancos de menos, se for reduzir
ainda mais… O que precisamos é reduzir o custo do dinheiro”, disse o
ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na
chapa de Lula, no fim de agosto, durante evento da Associação Brasileira
da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Bolsonaro quer continuar venda de estatais; BB está na lista de Guedes O
presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, marca posição
diametralmente oposta à do petista quando o assunto é participação do
Estado na economia. Seu plano de governo defende ampliar e fortalecer o
processo de desestatização e de concessões. “Liberar o Estado para que
ele possa ser mais eficiente naquilo que é sua vocação foi uma das
premissas do governo atual e continuará sendo no próximo mandato”, diz o
documento.
Segundo o texto, a desestatização ou privatização e as concessões,
bem como outras parcerias públicas de investimentos, desonera o Estado
de atividades “que podem perfeitamente ser exercidas por entes privados”
e favorece que “recursos públicos humanos, financeiros e materiais
possam ser dedicados a aspectos que aumentem o bem-estar da população e
gerem valor ao cidadão”.
O candidato à reeleição cita a desestatização da Eletrobras como um
exemplo de que os resultados positivos são, segundo ele, praticamente
imediatos, “pois estimula a oferta de energia, a competitividade e a
livre concorrência (com a ampliação e a melhoria da qualidade e a
redução dos preços dos serviços) e a captação de mais investimentos para
o setor”.
“Dentre os benefícios dessa desestatização, ainda em 2022, serão
pagos R$ 5 bilhões destinados à Conta de Desenvolvimento Energético
(CDE), com o objetivo de atenuar os reajustes tarifários na conta de luz
do consumidor e subsidiar políticas setoriais”, diz o plano de governo
do chefe do Executivo.
No atual mandato de Bolsonaro, o governo deu início ao processo de
privatização da Petrobras e da PPSA, com a inclusão de ambas na carteira
do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A medida foi anunciada
em maio pelo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em um de
seus primeiros atos após substituir Bento Albuquerque, demitido em razão
da insatisfação do presidente com as sucessivas altas no preço dos
combustíveis.
Ao longo da atual gestão, também esteve em discussão a privatização
dos Correios, mas o processo acabou não avançando. Em agosto de 2021, a
Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei (PL) 591/2021, que abre
caminho para a venda da empresa. Ao chegar ao Senado, no entanto, o
texto estacionou e não houve mais movimentações desde então.
Em setembro do ano passado, durante evento promovido pela
International Chamber of Commerce (ICC) Brasil, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, disse que o plano econômico do governo para os próximos
dez anos inclui ainda a privatização do Banco do Brasil, embora em março
deste ano tenha lamentado que Bolsonaro seja contra a ideia.
Ciro Gomes disse que vai retomar controle estatal da Eletrobras e ampliá-lo na Petrobras O
ex-governador do Ceará e candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) já
disse que, por princípio, não é contra privatizações. Em agosto, reunido
com representantes da Associação Comercial de São Paulo, ele elogiou,
por exemplo, a desestatização das telecomunicações e a atuação da
iniciativa privada no setor aeroportuário. Apesar disso, declarou-se
“radicalmente contra” a privatização da Petrobras e da Eletrobras,
segundo declaração registrada pelo jornal “Valor Econômico”.
No caso da estatal petrolífera, o candidato defende aumentar o
controle do Estado. Em sabatina promovida pelos jornais “Valor” e “O
Globo” e pela rádio CBN, ele disse que sua ideia é que o governo federal
detenha 60% da empresa, a partir da compra de 9,5% das ações
ordinárias, com direito a voto.
Em relação à Eletrobras, ele disse, em maio, ainda antes da venda do
controle acionário da companhia, que, se eleito, reverteria o processo.
“Nenhum país do mundo entrega ao capital privado, muito menos o
estrangeiro, seu regime de águas. E ela dá lucro. Por que vamos
privatizar isso? Ou seja, se privatizar eu tomo de volta. Com as devidas
indenizações, naturalmente”, afirmou em uma sabatina ao jornal “Correio
Braziliense”.
O pedetista também já se manifestou frontalmente contra a
privatização dos Correios. “Na forma e no conteúdo, a privatização dos
Correios é um crime contra o patrimônio, contra a inteligência e contra a
honra dos brasileiros”, escreveu em suas redes sociais em agosto de
2021, após a aprovação do PL 591 pela Câmara dos Deputados.
Ciro Gomes quer revogar teto de gastos para ampliar os investimentos na educação Simone Tebet defende privatização da Valec e da EPL, mas é contra venda de Petrobras e Correios Embora
afirme em seu programa registrado no TSE que, sob sua gestão, o país
terá “o governo das concessões, das parcerias público-privadas, das
privatizações e da desestatização”, a candidata do MDB à presidência,
Simone Tebet, já se manifestou publicamente contra a venda à iniciativa
privada do controle da Petrobras e dos Correios.
“Sou radicalmente contra a privatização da Petrobras na sua
inteireza. Podemos discutir [a privatização de] algumas subsidiárias,
porque não se mexe naquilo que está dando lucro e colocando dinheiro
vivo na saúde, na educação, na questão ambiental, e que, através dos
dividendos, inclusive está trazendo recursos para que a gente possa
cobrir o rombo e gastar com o social”, disse, no início de agosto, no
programa Roda Viva.
Em sabatina promovida pelos jornais “Valor” e “O Globo” e pela rádio
CBN, a senadora disse que, se eleita, não quer “privatizar por
privatizar”. “O Brasil está precisando de posicionamentos centrados. Não
é oito ou 80; não é ser a favor de todas as privatizações ou ser
estatizante”, afirmou.
Ela disse ser favorável à privatização de empresas como a Valec
Engenharia, Construções e Ferrovias e a Empresa de Planejamento e
Logística (EPL), responsáveis pela prestação de serviços na área de
projetos, estudos e pesquisas para subsidiar o planejamento da
infraestrutura, da logística e dos transportes no país.
No Senado, ela votou contra a medida provisória que abriu caminho
para a privatização da Eletrobras, mas, segundo ela, o voto se deu em
razão de “jabutis” presentes no texto que acabou aprovado. Ainda no ano
passado, em sabatina do “Correio Braziliense”, ela disse que, se eleita
presidente, vai eliminar “com uma canetada” os dispositivos dos quais
discorda, entre eles a previsão de construção de termelétricas e de um
gasoduto no Nordeste, que beneficiaria apenas “meia dúzia de lobistas”.
No mês passado, ao jornal “O Estado de S.Paulo”, ela disse se opor à
privatização dos Correios. “Defendo que os Correios preservem nas mãos
do Estado o monopólio (a exclusividade) do serviço postal. E mantenha a
participação da iniciativa privada na logística de serviços e entrega de
mercadorias em todo o Brasil”, declarou em nota ao veículo.
Simone Tebet diz que escolha para PGR será obrigatória pela lista tríplice se eleita Demais candidatos vão da privatização total à estatização total Felipe
D’Ávila (Novo) é a favor da privatização de todas as empresas que estão
sob controle estatal, conforme defende seu plano de governo. “Algumas
pessoas perguntam: por que privatizar? Porque privatização é aumento da
concorrência. Mais concorrência resulta em produtos e serviços melhores e
mais baratos para o cidadão”, escreveu em suas redes sociais em agosto.
VEJA TAMBÉM: Felipe D’Avila quer acabar com as decisões monocráticas do STF
Candidata do União Brasil, a senadora Soraya Thronicke cita em seu
programa de governo parcerias com a iniciativa privada, mas não fala em
venda de estatais. Em 2021, ela votou a favor da medida provisória que
abriu caminho para a privatização da Eletrobras. “Eu entendo que o
Estado tem de ser o necessário, defendo propostas de privatização, mas
não somos extremistas em nada”, disse, no início do mês, em entrevista
ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
Soraya Thronicke diz que reformas tributária e administrativa vão sair do papel se eleita As
campanhas de Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB) e Léo Péricles
(UP), os nomes mais à esquerda na corrida ao Planalto, não apenas se
posicionam contra qualquer desestatização, como defendem a reestatização
de estatais que já foram privatizadas.
Vera Lúcia propõe a retomada de 100% do capital da Petrobras pelo
Estado, o controle da Vale pelos trabalhadores e a “expropriação dos
fundos financeiros e das empresas multinacionais em operação no país”.
Quem é Vera Lúcia, pré-candidata do PSTU que promete Brasil “socialista e revolucionário” Péricles
promete rever as concessões de portos, aeroportos e estradas
brasileiras e constituir monopólio público em áreas como geração de
energia, telecomunicações, produção de combustíveis, entregas e
encomendas interestaduais e internacionais.
Já a candidata do PCB defende, além da retomada de antigas estatais,
que ela define como “bens patrimoniais que foram roubados”, que sejam
punidos “severamente todos os envolvidos”. Propõe ainda estabelecer o
monopólio do Estado sobre a exploração das riquezas minerais e da
biodiversidade, e estender o controle público sobre todas as empresas
que produzem bens essenciais à vida, como água, energia elétrica, saúde,
educação, transporte e infraestrutura, que seriam geridas com controle
social, em acordo com conselhos de trabalhadores das próprias empresas.
Sofia Manzano promete liberação das drogas e desmilitarização da polícia
O plano de governo do PTB, que tem Padre Kelmon como candidato,
defende a redução do Estado por meio da descentralização,
desregulamentação e privatização “de serviços e meios de produção nos
quais o Estado não se faz necessário e a iniciativa privada é capaz de
atuar”. “As empresas estatais remanescentes terão de ser
autossustentáveis, e o Tesouro Nacional não poderá mais cobrir os seus
déficits”, diz o documento.
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do pastor Silas Malafaia
discursa para seguidores em Londres.| Foto: Reprodução Facebook Jair
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebido por
centenas de apoiadores em Londres neste domingo (18). O chefe do
executivo nacional viajou ao Reino Unido para o funeral da rainha
Elizabeth II nesta segunda-feira (19) junto com chefes de estado de
outros países.
Bolsonaro chegou à capital britânica às 8h30 locais (4h30 no horário
de Brasília). Do aeroporto, o presidente foi para a casa do embaixador
do Brasil em Londres, onde foi recebido por apoiadores que fecharam o
trânsito na rua. O presidente vai ficar hospedado em um hotel próximo do
Hyde Park.
Da sacada da residência do embaixador, Bolsonaro discursou para os
seguidores vestidos de verde e amarelo. Aos gritos de “mito”, o
presidente voltou a repetir que vai ganhar a eleição no primeiro turno. O
presidente está em segundo nas pesquisas eleitorais, atrás do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apoiadores que foram à casa do embaixador do Brasil em Londres
receber o presidente Jair Bolsonaro.| Reprodução Facebook Jair Bolsonaro
Viajaram na comitiva o filho mais novo do presidente, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro, além do assessor Fabio Wajngarten e do pastor
Silas Malafaia.
Bolsonaro vai ainda neste domingo por volta das 13h50 locais ao
Westminster Hall, local onde a rainha Elizabeth II está sendo velada. Às
17h locais, o presidente será recepcionado pela família real no Palácio
de Buckingham.
Mourão e Lira viajam para não assumirem presidência e se complicarem na eleição De Londres, o presidente segue para Nova York (EUA), onde participa da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
A rainha faleceu no último dia 8 no Castelo de Balmoral, na Escócia,
uma das residências oficiais da família real britânica. Com a morte de
Elizabeth II, seu filho mais velho tornou-se rei sobe o nome de Charles
III.
Primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, é exemplo de defesa
do nacionalismo econômico com isolacionismo internacional.| Foto: ATTILA
KISBENEDEK/AFP
As palavras de uma língua nascem a partir de uma
origem (geralmente uma língua anterior muitas vezes bastante antiga),
ganham nova ortografia, morfologia e fonética, e passam a ser faladas e
escritas na comunicação entre os seres humanos, por meio dos processos
de construção de frases, que é o agrupamento de palavras com funções
específicas dentro do texto. A comunicação falada e escrita entre as
pessoas faz da linguagem uma das mais belas características dos humanos,
o único ser com capacidade de exprimir pensamentos, ideias,
sentimentos, vontades e informações por esse meio. Toda língua sofre a
influência de outras línguas e culturas, de forma que sua riqueza
vocabular se amplia de forma inesgotável. A língua portuguesa falada no
Brasil é um arcabouço de vocabulário rico que, sem preconceitos, recebeu
a influência de dezenas de línguas, entre elas o inglês, o alemão, o
francês, o árabe, o italiano e o espanhol.
Porém, ocorre um fenômeno social espontâneo que toma uma palavra e
lhe atribui mais de um significado, até mesmo com sentido oposto em
alguns casos. Quando uma palavra ou expressão pode ser tomada com
sentidos diferentes ou com sentidos opostos, a comunicação fica
prejudicada, sendo necessário adicionar notação a respeito do
significado que lhe está sendo dado por aquele que a expressa. Há tempo,
é isso que vem ocorrendo com a palavra “nacionalismo”, especialmente em
cotejo com a palavra “patriotismo”. A confusão requer esclarecimento e
definição de seu significado e contexto para que não pareça se estar
dizendo uma coisa quando se quer dizer outra diferente.
Enquanto o patriotismo é favorável à integração com o mundo e à
abertura internacional, por entender que as elas favorecem o
desenvolvimento, o nacionalismo é o oposto: limita a integração e, por
isso, priva o país dos benefícios trazidos por inovações e tecnologias
Se “nacionalismo” vem de “nação” e “patriotismo” vem de “pátria”, e
considerando que “nação” é um território, devidamente demarcado, que
abriga um povo sob a mesma língua (ou línguas), a mesma Constituição, o
mesmo governo e afinidades culturais, e que “pátria” é o local onde se
nasce e ao qual se pertence como cidadão, parece aceitável definir
“nacionalismo” e “patriotismo” com o mesmo significado. Ou seja,
“nacionalista” e “patriota” seria alguém que respeita, ama, defende e
tem devoção a sua nação, sua pátria… ou seu país (mais uma palavra
próxima das outras duas). Essa introdução é necessária para justificar
que é até aceitável a compreensão comum de que nacionalismo e
patriotismo signifiquem a mesma coisa. Porém, ao aprofundar e refinar os
significados, nas disciplinas da Economia, Sociologia e Ciência
Política atribui-se uma diferença essencial entre os significados de
nacionalismo e patriotismo.
A importância da distinção entre as duas expressões está no fato de
que ambas estão sempre presentes nos discursos, propostas e planos de
governo, como também no debate público eleitoral. Agora mesmo, em face
do 7 de Setembro e sua importância como a data da independência do
Brasil em relação ao império de Portugal, acrescido do fato de que o
Brasil está completando 200 anos desde sua independência, o nacionalismo
e o patriotismo entraram na ordem do dia e nas falas públicas,
estimulados por este momento de eleições federais e estaduais.
A diferença essencial se resume em um ponto: o patriotismo é uma
característica de quem ama, defende, respeita e faz o melhor pelo
progresso de sua pátria (sua nação ou seu país, como se queira), mas sem
nenhuma rejeição ou negação do que vem de outras nações, pelo
contrário: o patriotismo é “integracionista” e busca ligar a nação com o
resto do mundo para compartilhar, comercializar e importar o que for
capaz de ajudar a nação a se desenvolver. O patriotismo implica abrir a
nação para o exterior, importar e exportar, estimular a vinda de
capitais estrangeiros para o país, importar as inovações e as
tecnologias modernas necessárias ao crescimento econômico e facilitar o
fluxo de mercadorias, capitais, pessoas e operações econômicas em geral.
Assim, o patriotismo é essencialmente integracionista, jamais
rejeicionista.
Já o nacionalismo passou a constar da literatura política,
econômica e sociológica como sendo uma doutrina que prega a defesa da
nação, porém rejeitando a abertura ao exterior e fechando o país à
integração econômica, financeira, comercial, tecnológica e cultural. Em
nome do nacionalismo, há alguns anos chegou-se ao extremo de tentar a
proibição do uso de palavras estrangeiras no Brasil, e projetos de lei
foram apresentados por deputados federais em momentos diferentes. A
Coreia do Norte, país de um comunismo ferrenho, age assim, isto é,
rejeitando até mesmo palavras estrangeiras mesmo quando são apenas
denominações para máquinas ou tecnologias que o mundo não conhecia.
Parece algo sem importância, mas esse tipo de atitude é um dos símbolos
do nacionalismo rejeicionista.
Dito isso, enquanto o patriotismo é favorável à integração com o
mundo e à abertura internacional, por entender que as políticas feitas
com base nesse princípio favorecem o desenvolvimento do país, o
nacionalismo é o oposto: rejeita a abertura internacional, limita a
integração com o resto do mundo e, por isso, priva o país dos benefícios
das inovações e tecnologias inventadas em outras nações. A propósito, a
economia brasileira é considerada uma das mais fechadas do mundo e, sob
esse aspecto, os governos brasileiros sempre foram nacionalistas,
portanto rejeicionistas, especialmente nas décadas de 1950 a 1970, época
em que o país poderia ter alcançado o desenvolvimento econômico e
social se, depois da Segunda Guerra Mundial, a doutrina abraçada pelos
políticos, governo e sociedade fosse o patriotismo sem nacionalismo.
Nos anos 1970, por exemplo, houve uma onda de rejeição e hostilização
às empresas multinacionais sob a ação de vários parlamentares federais,
principalmente deputados e senadores filiados ao antigo MDB, com viés
esquerdista. Essa onda em nada serviu ao Brasil e acabou por afugentar
investidores estrangeiros que poderiam ter despejado bilhões de dólares
em empresas instaladas no território nacional. A prática rejeicionista
já havia prosperado na década de 1950, fazendo que o Brasil, altamente
dependente de suprimentos internacionais, seguisse atrasado, com baixo
crescimento e perigosamente vulnerável a importações, sem as quais o
país entraria em colapso. Tudo isso feito em nome de um suposto
“nacionalismo”, palavra bonita usada por governantes e políticos para
convencer a população de que eles eram verdadeiros defensores do Brasil,
quando sua prática significava dificultar a inserção internacional da
economia brasileira e retardar a absorção de tecnologias estrangeiras,
políticas que impediram o país de superar o subdesenvolvimento, apesar
de suas riquezas naturais abundantes.
O mais importante
pré-requisito para a formulação e implementação de políticas industriais
e tecnológicas para a defesa brasileira é de natureza conceitual e está
relacionado com um correto entendimento sobre a natureza do problema.
Praticamente qualquer tecnologia ou produto pode ter aplicação na
defesa. Entretanto, existem diferenças cruciais entre eles, do ponto de
vista de seu uso, custo, complexidade, importância estratégica e
características de mercado e da cadeia produtiva, que implicam em
diferentes impactos em políticas públicas de defesa.
O Ministério da Defesa, no Livro Branco da Defesa Nacional (LBDN),
versão 2013, definiu os seguintes segmentos da Base Industrial de Defesa
(BID): armas leves munições e explosivos; armas não letais; armas e
munições pesadas; sistemas eletrônicos e sistemas de comando e controle;
plataforma naval militar; plataforma terrestre militar;plataforma
aeroespacial militar; e propulsão nuclear. Do ponto de vista de
características de mercado, em quase todos esses segmentos existem
indústrias que também fornecem produtos considerados de uso dual, para
um mercado civil relevante e diversificado, capaz de sustentá-las.
Assim, essas empresas demandam menor atenção por parte do Estado.
Para produtos de defesa estratégicos e seus insumos mais críticos,
não há alternativa senão desenvolver e sustentar, com elevada prontidão,
uma Base Industrial de Defesa (BID) específica para eles.
Entretanto, produtos realmente estratégicos e seus insumos críticos
não são encontrados no “mercado”, porque são submetidos a severos
controles por parte do Estado que domina as tecnologias. Adicionalmente,
além de complexos, são caros e especificados sob medida para uso
exclusivo das Forças Armadas (FFAA). Ou seja, as empresas que os
fornecem, muitas delas consideradas estratégicas para o país, operam em
um mercado com características monopsônicas do lado da demanda – há
apenas um comprador possível, as FFAA.
Da mesma forma, o elevado custo unitário desses produtos e as sempre
presentes limitações orçamentárias em tempos de paz, tornam quase
impossível sustentar mais de uma empresa com essas características para
um mesmo produto. Assim, do lado da oferta, o mercado para esse tipo de
indústria tem características de monopólio. Em todos os países existe
uma relação simbiótica entre essas empresas, que cuidam da oferta, e o
Estado, que administra a demanda. Isso implica em que deve haver uma
regulação e um controle mais rígidos do Estado sobre essas indústrias.
Essa necessidade já havia sido apontada na primeira versão da Estratégia
Nacional de Defesa, aprovada pelo Congresso em 2012. Entretanto, nada
foi feito nesse sentido até hoje.
A distinção entre um produto estratégico de defesa e outro que não é
estratégico tem uma finalidade prática, com enorme impacto em políticas
públicas. A diferença principal é exatamente a possibilidade real de ser
fornecido pelo mercado ou não, com implicações na necessidade de o
Estado alocar recursos do orçamento não só para desenvolvê-los, mas
também para sustentar as indústrias que os produzem. Em conclusão, para
produtos de defesa estratégicos e seus insumos mais críticos, não há
alternativa senão desenvolver e sustentar, com elevada prontidão, uma
Base Industrial de Defesa (BID) específica para eles. O desenvolvimento e
a sustentação das empresas de defesa brasileira realmente estratégicas,
que correspondem ao “núcleo duro” da BID, é responsabilidade estatal,
tanto quanto o desenvolvimento e sustentação das FFAA e, por isso, têm
que estar contemplados no orçamento de defesa.
Feito esse breve resumo da natureza do setor industrial de defesa
brasileira, é importante abordar outros pré-requisitos para seu
desenvolvimento e sustentação, via políticas industriais e tecnológicas
específicas.
O primeiro pré-requisito para qualquer política industrial e
tecnológica para defesa é definir e priorizar objetivos estratégicos e
claros, para serem alcançados em um dado período de tempo. Sem saber
qual o destino de uma jornada, todos os caminhos estarão inevitavelmente
errados. Sem priorizar, o risco de dispersão de recursos é grande.
Em artigo recente publicado pela Gazeta do Povo foi proposto um
objetivo estratégico, voltado a reduzir a elevada dependência do Brasil
em tecnologias críticas e produtos estratégicos de defesa, em um prazo
razoável: “alcançar, em um período de 24 anos uma significativa
autossuficiência em altas e média-altas tecnologias críticas para o
desenvolvimento de produtos de defesa considerados estratégicos e a
criação e/ou consolidação das empresas estratégicas capazes de conceber,
desenvolver, fabricar e manter esses produtos.”
Um pré-requisito para que esse objetivo possa ser alcançado é a
existência de competência por parte do Estado para definir e priorizar
quais são as tecnologias críticas e produtos de defesa estratégicos e
para conceber e executar as ações necessárias para desenvolvê-los no
país. Esse problema foi abordado em outro artigo que apresenta propostas
para organizar as instituições brasileiras que cuidam da demanda de
produtos e tecnologias de defesa.
Dois pré-requisitos adicionais merecem atenção. São eles os critérios
para considerar uma empresa de defesa como estratégica para o país e a
existência de financiamento para os investimentos em defesa brasileira.
Abordarei especificamente o primeiro deles.
O MD, através da Comissão Mista da Indústria de Defesa (CMID) tem
sido pouco seletivo na atribuição do selo de estratégico para produtos
de defesa. Basta ver as portarias do MD que contém essas classificações.
Existem mais de 100 empresas consideradas estratégicas e uma rápida
análise da relação permite concluir que o principal critério adotado foi
a questão da desoneração fiscal via Regime Especial de Tributação para a
Indústria de Defesa (RETID). Ou seja, aparentemente a classificação
Empresa Estratégica de Defesa tem sido atribuída a qualquer empresa
nativa (controlada por brasileiros), sem levar em consideração a sua
essencialidade para a defesa, ou se existem ou não restrições de acesso
no mercado internacional e a possibilidade dela se sustentar atuando no
mercado civil.
Essa liberalidade impede que o MD possa priorizar aquilo que é mais
importante e depende totalmente de recursos do orçamento de defesa. Por
este motivo existe uma necessidade de alterar a lei 12.598 de 22 de
março de 2012, criando mais alternativas para classificar empresas de
interesse da defesa. Uma possibilidade seria criar uma nova categoria de
Empresa Estratégica de Defesa, que atenda simultaneamente pelo menos
aos seguintes critérios: seja controlada por brasileiros; produza
produtos de defesa que sejam considerados estratégicos e críticos para a
composição de unidades militares combatentes, ou de comando e controle,
ou seus insumos críticos e dependa para sua sobrevivência das compras
feitas pelo Estado (atuem em mercado monopsônico.
Essas indústrias, que podem ser públicas, privadas ou mistas, são
basicamente aquelas responsáveis pelo desenvolvimento e manufatura de
produtos estratégicos complexos, ou seus insumos que dependam de altas e
médias-altas tecnologias, severamente controladas pelos países que as
detêm. Exemplo disso são as indústrias de aeronaves, mísseis, navios de
guerra, carros de combate, radares, sonares, veículos não tripulados,
robôs, satélites e seus lançadores, munições inteligentes, equipamentos
de guerra eletrônica, entre outros.
A quantidade de empresas com essas características será
inevitavelmente muito inferior ao que hoje é considerado estratégico
pelo MD, o que tornaria exequível sua sustentação pelo orçamento da
defesa brasileira, com o reforço de recursos obtidos com exportações,
sempre que possível.
Eduardo Siqueira Brick é professor titular (aposentado) da
Universidade Federal Fluminense e pesquisador do Núcleo de Estudos de
Defesa, Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial (UFFDefesa) e
do e do Centro de Defesa & Segurança Nacional (CEDESEN).
“Patinho feio” americano virou indústria das que mais crescem no Brasil
Por Marcos Tosi
Usina de produção de etanol de milho da Inpasa em Sinop, Mato Grosso| Foto: Inpasa / Divulgação
O
etanol de milho, até uma década atrás, era visto quase como uma
excentricidade americana. Praticamente só existia nos Estados Unidos e
carregava a má fama de ser um produto sem competitividade, que se
mantinha por ser altamente subsidiado. Em poucos anos, aconteceu o
improvável: o combustível feito da mesma matéria-prima dos sucrilhos já
responde por 15%, cerca de 4,5 bilhões de litros, do total de etanol
produzido no Brasil. E em vez de ser antagonista da cana-de-açúcar,
virou um aliado, garantindo o abastecimento de etanol na entressafra.
Não sem motivo, os americanos foram os primeiros a apostar alto no
potencial do etanol de milho no Brasil. O quadro de excedentes de
produção no Centro-Oeste chamou atenção dos investidores. Por vezes, o
frete para levar o milho aos portos custava mais do que a própria carga.
Assim, a primeira usina 100% de etanol de milho do país, a FS
Bioenergia, foi levantada em 2017 no “corn belt” mato-grossense, em
Lucas do Rio Verde, com recursos da brasileira Fiagril somados aos
dólares da americana Summit Agricultural Group. Antes, em 2015, a
Usimat, de Campos de Júlio (MT), tinha sido pioneira na tecnologia flex,
operando com cana-de-açúcar e milho, em diferentes épocas do ano.
Desde então, o crescimento tem sido a passos largos. A própria FS
Bioenergia está construindo uma terceira usina no país, em Primavera do
Leste (MT), com investimento de R$ 2,3 bilhões. Operam no país 18 usinas
de etanol de milho, outras 5 passam por ampliação e 10 aguardam
autorização para construção.
Disponibilidade de milho acelerou industrialização
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) apontam que, em 2019, foram utilizadas 3,4 milhões de toneladas de
milho para produção de etanol. Em 2020, foram 5,8 milhões de toneladas
e, no ano passado, 7,6 milhões. “É um pulo muito grande. É difícil ver
algum outro segmento com um acréscimo de demanda tão grande, em tão
pouco tempo. Foi uma industrialização interna que aproveitou a
oportunidade de todo esse produto que estava à disposição”, observa
Lucilio Alves, pesquisador do Cepea-Esalq/USP.
A solução consagrada para produção de etanol no Brasil, a partir da
cana-de-açúcar, sempre teve a seu favor um maior rendimento por hectare:
75 toneladas de cana, contra uma média de 4,4 toneladas por hectare do
milho. Uma parte dessa diferença era tirada pelo milho devido ao alto
teor de açúcar, que faz render 430 litros de etanol por tonelada, contra
90 litros retirados de uma tonelada de cana. Mesmo assim, o etanol de
milho ainda custa um pouco mais caro. No entanto, quando se coloca na
equação o milho de segunda safra – que rende 90 sacas num hectare que já
produziu 70 sacas de soja no mesmo ano – a balança pende para o lado do
cereal.
O que também ajudou o combustível de milho a decolar no Brasil, além
da já citada sazonalidade complementar à safra da cana-de-açúcar, e a
abundante oferta de matéria-prima, foram os coprodutos da extração do
etanol. Uma tonelada de milho, após virar etanol, produz ainda em torno
de 300 a 320 quilos de resíduos secos que viram ração (DDGs, ou resíduo
seco de destilaria com solúveis) e 12 a 15 litros de óleo de alto valor
agregado.
Vista de planta de etanol de milho em Sinop, no Mato Grosso| Inpasa / Divulgação
Etanol de milho criou equilíbrio de mercado no Centro-Oeste O Mato
Grosso, que concentra as usinas de etanol de milho, é também o maior
produtor do cereal no país, e colheu neste ano 39 milhões de toneladas.
Deste montante, apenas 18% se transformam em etanol. Glauber Silveira,
diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), vê
espaço para esta participação subir, em breve, para 30%. “O etanol
contribuiu demais com o Mato Grosso, porque criou todo um equilíbrio de
mercado. Hoje você tem a indústria de etanol comprando antecipadamente. E
está agregando valor àquele milho que era exportado, e agora vira
etanol, vira DDGS. Isso sem dúvida é muito bom para o estado, os
municípios e para o produtor”, destaca Silveira.
O avanço do combustível de milho no país deve-se muito à
complementaridade que oferece para usinas de cana, que passam a operar
no modelo flex. Essas usinas do Centro-Oeste, tradicionalmente, ficavam
boa parte do ano com o parque industrial ocioso, de novembro a março, na
entressafra da cana-de-açúcar. Com o milho integrado, a usina passa a
oferecer etanol o ano inteiro.
Qual é a matriz de etanol mais barata ou competitiva? De cana ou de
milho? “Não tem isso do que é mais barato. São modelos de produção
diferentes. O etanol de cana tem a vantagem de gerar biomassa para fazer
vapor e energia. O etanol de milho precisa investir em áreas de
florestamento, para gerar a energia consumida no processo. Para alguns
pode ser um gargalo, mas na verdade é oportunidade de um outro cluster
de negócio se desenvolver, que é a área de madeira florestada, para
servir às usinas de etanol de milho”, observa Guilherme Nolasco,
presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
Usinas de Etanol de Milho Em OperaçãoEm ampliaçãoEm autorização de construção Fonte: UNEM Mais infográficos
Etanol de milho brasileiro é mais sustentável do que o americano Se
os americanos inventaram o etanol de milho, coube aos brasileiros
tornar essa indústria mais sustentável. Por lá, queima-se combustível
fóssil (gás natural) na produção. Por aqui, a energia demandada vem da
madeira de reflorestamento. Outra vantagem é o uso do milho de segunda
safra, ou safrinha. “É um milho que não compete com a produção e a
oferta de alimento. Pelo contrário. Nossas compras são antecipadas um ou
dois anos à frente, assim, estou estimulando o plantio de segunda
safra. De 2017 a 2021, a área de milho segunda safra no Mato Grosso
cresceu 50%. Estamos crescendo a produção sem avançar em novas áreas.
Isso é economia circular sustentável”, destaca Nolasco.
O que não falta é espaço para o etanol de milho crescer. Atualmente o
Mato Grosso cultiva segunda safra de milho em apenas 60% da área
destinada no verão à soja. O ciclo virtuoso se completa com a geração de
ração animal, DDGS, que tem favorecido a intensificação da pecuária no
Centro-Oeste, ampliando os rebanhos confinados ou semiconfinados.
“Estamos encurtando o ciclo do boi, diminuindo o abate em um ano, o
que leva a produzir mais carne em menos espaço, e disponibilizando
terras de pastagens de baixa produtividade para o cultivo de grãos. É
uma relação ganha-ganha. Os Estados Unidos não têm essa economia
circular, porque lá a pecuária já é intensificada e eles não produzem
milho de segunda safra. Eles também não usam energia de floresta
plantada. Não gostamos de fazer essa comparação, mas, no final do dia,
nosso etanol é muito mais sustentável em função de todo esse ciclo de
vida”, argumenta o médico veterinário que dirige a Unem.
Ainda sobram milho e espaço para crescer Em sete anos, com a
incorporação de novas tecnologias, a produtividade de etanol por
tonelada de milho no Brasil teve ganho de eficiência de 20%, saindo de
380 litros por tonelada para 440. Atualmente, a produção do combustível
consome cerca de 10% do milho produzido no país, ou 11 milhões de
toneladas, das quais 3 a 4 milhões são “devolvidas” na forma de ração
DDGS, que alimenta aves, suínos, bovinos e peixes. Outras 40 milhões de
toneladas de milho são exportadas em grão. “Temos ainda grande
oportunidade de avançar nesses excedentes”, conclui Nolasco.