sábado, 17 de setembro de 2022

CARTA DAS STARTUPS PARA OS CANDIDATOS

Eleições 2022

Dínamo – Rodrigo “Kiko” Afonso, Diretor Presidente e Felipe Matos, Diretor Vice-Presidente

A Dínamo, think tank de políticas públicas para startups e ponte entre a sociedade civil organizada (startups, associações, empresas, etc) e o governo, acaba de produzir uma carta aos candidatos das eleições de 2022. O texto destaca pautas essenciais para fomento do ecossistema de inovação brasileiro para os próximos anos. Segue abaixo:

O Brasil vive um momento inédito e decisivo em sua história – eleições presidenciais em um período em que nunca estivemos tão polarizados politicamente. Soma-se nesse contexto uma crise econômica e os diversos efeitos de uma pandemia global. Tudo isso em uma sociedade cada vez mais conectada, onde tudo pode viralizar e se tornar alvo de julgamento na velocidade das redes sociais, sempre a um clique de distância de praticamente todo cidadão.

Ao mesmo tempo, entendemos que, do ponto de vista econômico e da matriz produtiva, o Brasil e o mundo vivem um momento crítico de transição. Estamos vivendo uma nova revolução industrial, pautada pela aceleração tecnológica cada vez mais acentuada, em que soluções automatizadas, impulsionadas por inteligência artificial, mecanização e redes cada vez mais velozes e onipresentes. Essa revolução deve ser responsável por um movimento de substituição em massa de empregos tradicionais, começando por aqueles de menor qualificação – onde se situam a maioria dos brasileiros.

Um exemplo é o trabalhador do campo. Temos visto recordes de safras e aumento de exportações, simultaneamente a uma redução na quantidade de empregos no meio rural. A tecnologia e automação no campo melhoram a produtividade pir um lado, mas ao mesmo tempo reduzem o volume de mão-de-obra necessária.

Nesse contexto, o ecossistema de startups tem uma importância ainda mais fundamental na geração de novos tipos de empregos. As startups são o principal nascedouro das novas soluções tecnológicas. E, via de regra, apesar de alto risco em sua fase inicial, apresentam um crescimento exponencial quando bem sucedidas, dada à natureza de alta escalabilidade de suas soluções. Não à toa, vimos o nascimento de dezenas de unicórnios – empresas avaliadas em mais de U$ 1 bilhão – no Brasil nos últimos 4 anos, algumas delas tendo atingido a marca em poucos anos. Estimular o surgimento e crescimento dessas inovações localmente vai ser cada vez mais crucial para as economias mundiais.

A rápida velocidade de crescimento de startups, associada a um baixo investimento inicial – sem necessidade de infra-estruturas complexas, em comparação com o setor industrial, por exemplo – as torna ainda mais estratégicas em momentos de recuperação econômica. Elas geram empregos de forma rápida, crescente e são ambientalmente mais corretas, se comparadas à indústria tradicional. Também trazem intrinsecamente diversos efeitos benéficos para a economia. São consideradas “portadoras de futuro”, já que oferecem soluções inovadoras que geram um aumento da eficiência de todo tipo de processo. Desse modo, a própria adesão dessas soluções pela sociedade gera incrementos de eficiência no sistema produtivo, aumentando a competitividade econômica.

Startups também são alavancadoras do investimento, já que são fortes veículos de atração de capital – tanto de origem interna como externa. Diferentemente do investimento do capital especulativo, os investimentos em startups são injetados diretamente na economia, com a geração de empregos diretos e contratação de produtos e serviços e pagamentos de impostos. Se considerarmos que boa parte dos profissionais de startups são geralmente de alta qualificação e bem remunerados, cada emprego no setor alavanca a geração de diversos outros empregos indiretos ao longo da cadeia econômica.

Há ainda uma dimensão estratégica no desenvolvimento de ecossistemas locais de startups, ligados ao domínio tecnológico. Os países produtores de tecnologias de alto valor agregado tendem a concentrar divisas ao vendê-las aos demais. Do ponto de vista do trabalho, muitos empregos de baixa qualificação tendem a ser substituídos por poucos postos de trabalho, altamente qualificados, dentro dessas empresas. Por isso, é estrategicamente importante que os países busquem construir, atrair e fixar empresas tecnológicas em seus territórios para evitar a fuga de cérebros para outros países, o famoso “brain drain”.

Países do mundo todo já entenderam que investir em startups é um ótimo negócio para promover o desenvolvimento econômico e social, com efeitos benéficos no curto e longo prazo, inclusive na arrecadação estatal. Um estudo realizado pela consultoria britânica Grant Thornton, em parceria com a Associação Anjos do Brasil, baseado em casos internacionais, mostra que cada R$ 1,00 aplicado em investimento anjo, R$ 5,84 são gerados na economia e R$ 2,21, em forma de tributação. Por isso, vários países desenvolvem políticas públicas de incentivo, estímulo e apoio ao desenvolvimento do ecossistema de startups, que seguem crescendo e se ampliando de forma ainda mais intensa entre as grandes economias mundiais.

É aqui que mora o desafio e, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para o Brasil. Podemos ser vítimas ou protagonistas desse movimento, a depender de como nos posicionamos em relação às nossas prioridades, investimentos e políticas estruturantes ligadas ao setor. De fato, é inevitável sofrer os efeitos negativos da substituição de empregos em massa que se anuncia. Mas podemos nos posicionar como geradores de soluções tecnológicas, que promoverão os novos empregos e geração de renda nesta nova era.

Mas quando não temos clareza das prioridades e não fazemos os devidos investimentos para criar condições reais ao desenvolvimento de uma cultura e negócios digitais, estamos assumindo o risco de ficarmos apenas com o lado negativo dessa equação: a queda em massa de empregos pouco qualificados aqui e escassez de mão de obra qualificada que dificulta o crescimento das empresas, em troca da geração de novos postos de trabalho qualificados para engenheiros de computação e de negócios de grande potencial, em regiões como o Vale do Silício, Europa, China e Índia.

O ecossistema de startups e empreendedorismo inovador brasileiro evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda enfrenta desafios bastante relevantes para atingir todo seu potencial de desenvolvimento, especialmente em relação à falta de um ambiente regulatório, fiscal e burocrático adequado, assim como a ausência de profissionais qualificados em quantidade suficiente, investimentos mal distribuídos, dentre outros.

A Dínamo é composta por um grupo de especialistas desse setor, que na última década atuou em diferentes subáreas e desde 2015 se reuniu nesta associação, com o objetivo de representar o ecossistema junto ao poder público, apoiando a elaboração e melhoria de políticas públicas voltadas à promoção de um ambiente que favoreça a inovação tecnológica no Brasil.

Reunimos neste documento, o resumo de um conjunto de iniciativas e políticas públicas estruturantes, que entendemos serem fundamentais para direcionar o desenvolvimento do ecossistema de inovação, empreendedorismo e startups em face aos desafios e oportunidades do momento atual. Nossas propostas estão divididas em 7 eixos, que em nossa visão compõem os pilares de formação do ecossistema. São eles:

Talento

Investimento

Ambiente Regulatório

Cultura

Densidade

Diversidade

Talento

A formação de talentos preparados para pensar e atuar em inovação é essencial para o crescimento das startups no país e um dos desafios com os quais os candidatos às eleições de 2022 precisarão lidar. Nós da Dínamo lutamos por políticas públicas e amplas iniciativas que visem preparar jovens para um novo mercado de trabalho: inovador, tecnológico, disruptivo e diverso.

Na última década houve uma drástica redução de recursos federais e estaduais nas áreas de Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Inovação. Entidades da sociedade civil e agentes públicos têm lutado pela garantia dos recursos estabelecidos por lei e pela aplicação de recursos da forma devida. Sem eles, é impossível garantir o desenvolvimento de novas frentes de conhecimento e novas tecnologias – frequentes fontes de soluções para problemas da sociedade e gerar riqueza econômica.

Por isso, é muito importante para o país que haja uma retomada nos investimentos em C&T&I nas ICTs por parte do Governo Federal e Estadual.

Há também recursos disponíveis sendo subutilizados, o que gera devolução do valor para o Tesouro Nacional e uso para o pagamento de dívidas da União. É o caso do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), criado em 1969, com o objetivo de financiar a inovação e o desenvolvimento científico e tecnológico, para promover o desenvolvimento econômico e social do País. Ele esteve sob a ameaça de redução e bloqueio nos últimos anos, mas ainda permanece preservado, conforme o que está estabelecido em lei “os créditos orçamentários previstos para o FNDCT não devem sofrer limitação de empenho” (Fonte: Agência Senado).

Algumas iniciativas que poderiam ser tomadas em relação à geração de talentos no Brasil:

Incentivos ao incremento dos cursos superiores de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics)

O Brasil tem um dos maiores gaps do mundo na formação de talentos em STEM em comparação a outras áreas de conhecimento. Formamos 35 vezes mais advogados e administradores do que profissionais na área de STEM. E este gap tem aumentado, enquanto a demanda do mercado por profissionais de STEM aumenta exponencialmente

Uma das propostas da Dínamo para esse tema é que o MEC e a Capes apliquem incentivos para que o setor privado e público criem cursos em STEM. É preciso facilitar a burocracia e modificar os critérios para criação e aprovação dos cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, além de criar incentivos fiscais ao setor privado. Essas medidas também se aplicam aos cursos livres e às iniciativas que conectem o poder público e o mercado para agilizar a formação de profissionais desta área.

Tecnologia e Empreendedorismo como áreas formativas no Novo Ensino Médio

O novo ensino médio iniciado este ano revela um esforço em avançarmos sobre a pauta urgente da empregabilidade e da formação do jovem para o mercado de trabalho. A iniciativa encontra desafios para o pleno sucesso, como é o caso da escassez de professores especializados nas diferentes áreas profissionais, em especial, em STEM.

Ainda que resolvidos estes obstáculos, entendemos que apenas essa reforma não será suficiente para resolver a gritante necessidade de empregos de qualidade para os atuais trabalhadores e para as novas gerações que estão chegando ao mercado. Assim como, para garantir aos empreendimentos de base tecnológica, a oferta de profissionais capacitados para criar e operar esses negócios.

Entendemos que além do ensino especializado em STEM, é preciso um letramento em programação básica para todos os jovens, assim como o desenvolvimento da competência língua inglesa e das habilidades chamadas soft skills como: resolução de problemas, trabalho em equipe, comunicação, adaptabilidade, criatividade e outras constantemente demandadas pelo mercado e pela vida em sociedade. Além da oportunidade de conhecer e experimentar a vivência empreendedora, como forma de estimular e desenvolver habilidades para os negócios desde essa etapa formativa e definidora de escolhas profissionais.

Ensino de Empreendedorismo no Ensino Superior

No Ensino Superior, já percebemos avanços na introdução de disciplinas ligadas ao Empreendedorismo ao currículo. Porém ainda falta a integração dessas disciplinas às demais e uma visão trans e multidisciplinar, uma vez que o tema do empreendedorismo é transversal à formação profissional e possui conexões com diversas outras disciplinas e saberes.

É amplamente difundido que o empreendedorismo não se aprende de forma teórica, mas sim por meio de vivência. Esta vivência é em grande parte intensificada e enriquecida por meio de práticas coletivas, em grupos e em comunidades de apoio e aprendizado. A Dínamo entende que é necessário aperfeiçoar o “ensino de empreendedorismo” hoje praticado nas universidades públicas e privadas, por meio da implementação de novas metodologias de aprendizagem, que favoreçam a experiência, como é o caso do aprendizado por projetos, que envolve a solução de demandas reais de mercado.

Startup Visa

Diversos países do mundo suprem sua falta de mão-de-obra qualificada em STEM com o Startup Visa. Trata-se de uma solução de curto prazo, um visto de trabalho especial para talentos nas áreas estratégicas das empresas de tecnologia. Além de suprir a falta profissionais qualificados, traz diferentes conhecimentos, culturas e experiências internacionais para o país, aprimorando e diversificando o ecossistema de inovação daquele país.

A Dínamo acredita que esta seria uma alternativa ao menos temporária para o Brasil, pois permitiria assim, mais tempo para que o país invista na formação sólida de talentos locais dentro de casa e possa suprir as demandas em médio e longo prazo.

Investimento

Essencial para o surgimento de startups, o capital de risco precisa de um ambiente regulatório que incentive aquelas pessoas que desejam tomar o risco de investir em um negócio inovador – ainda que com grande potencial de crescimento e receita.

Para desenvolvermos o raciocínio, basta comparar aos incentivos do investidor em outros segmentos, tão importantes para a economia do país:

Se um investidor coloca seu dinheiro em títulos da dívida pública, quanto mais tempo deixar o dinheiro aplicado, mais ele vai receber incentivos na forma de desconto progressivo sobre o imposto de renda;

Se investir em imóveis, terá a isenção do imposto sobre ganho de capital se o usar o valor obtido com a venda de um imóvel para a compra de um novo;

Se investir em carteiras imobiliárias, pagará imposto apenas sobre o saldo final de todos os ganhos e perdas, e não sobre cada empreendimento individualmente.

Do outro lado, há diversos investimentos em renda-fixa como CDB’s, que são usados em boa parte por bancos para oferecer crédito para seus clientes a juros abusivos ou em fundos que investem em títulos internacionais e/ou ações de empresas internacionais ou nacionais que focam basicamente em dividendos. Entendemos que esse tipo de investimento é de baixo interesse econômico para o país, uma vez que mantém o dinheiro “parado”, sem gerar empregos, impostos e melhorias para o país.

Mas ainda assim, estes investimentos se beneficiam dos mesmos incentivos fiscais e tributários de investimentos que geram riqueza para o país.

Enquanto isto, o setor que gera a grande maioria dos novos empregos, novos impostos e contribuem para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, como é o caso das startups, sofre com um modelo que afasta investidores, essenciais para seu desenvolvimento. Não devemos ver o sucesso de empresas como Nubank, iFood e outras como um case de sucesso do ecossistema regulatório brasileiro, mas sim como um sucesso APESAR do sistema regulatório, fiscal e tributário. São empreendedores que conseguiram superar todos estes desafios para se tornarem unicórnios e criarem, em poucos anos, algumas das maiores empresas do país.

A Dínamo entende que é fundamental aprofundar as discussões sobre taxação de investimentos de risco e riscos legais para estes investidores sintam-se encorajados a manter e ampliar seus investimentos no país e para que as startups brasileiras não levem seus CNPJs para fora do país, movimento que tem acontecido devido à burocracia e aos altos riscos tributários e legais envolvidos nestas operações no Brasil.

Em abril deste ano, o Congresso brasileiro votou pela manutenção do veto feito presidencial ao artigo 7º do Marco Legal das Startups, instituído pela Lei Complementar Nº 182, de 1º de junho de 2021. Esse veto tirou do marco mecanismos de apoio ao investimento em startups reivindicados pela comunidade de inovação há anos. Assim, as atuais condições de tributação tendem a aumentar os custos e barreiras para aportes em startups nos modelos investimento anjo, investimento efetuado por aceleradoras e incubadoras, por fundos de seed capital, enfim, todo o investimento privado efetuado em startups em estágio inicial. Para se aprofundar na discussão deste veto, acesse nosso artigo aqui

Neste eixo, algumas pautas são fundamentais:

Apoio ao Investimento Anjo

O mundo todo já compreendeu a importância do investimento Anjo para as startups, que é o investimento de maior risco que há, e que pode gerar as futuras tecnologias e empregos que o Brasil tanto precisa. Não à toa, diversos países do mundo oferecem maior proteção e apoio tributário e fiscal para este tipo de investimento. A Dínamo acredita que apenas criando mecanismos de incentivo será possível contar com esse tipo de aporte.

Afinal, o investimento anjo gera aumento direto na receita de um país. Um estudo da consultoria britânica Grant Thornton realizado em parceria com a Associação Anjos do Brasil, baseado em casos internacionais, mostra que cada R$ 1,00 aplicado em investimento anjo gera R$ 5,84 na economia e R$ 2,21 de tributação. Não existe renúncia fiscal, o fluxo de caixa tributário é sempre positivo.

Ampliação do Equity Crowdfunding

Similar ao investimento-anjo, o equity crowdfunding é uma modalidade que permite o investimento coletivo em startups pela internet. Pequenos investidores do tipo pessoa física se reúnem por meio de plataformas online e compram pequenas cotas em uma empresa nascente de tecnologia.

A Dínamo considera que, desde que implementado por meio da instrução CVM 588, o equity crowdfunding vem aos poucos ganhando mais relevância, especialmente com as novas revisões regulatórias que ampliaram limites de investimentos. Ainda assim, entendemos que o mecanismo carece de maior liquidez na saída dos investidores para que possa explorar todo seu potencial no país.

Em julho deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Resolução 88, que regulamenta as plataformas de equity crowdfunding que permitem o investimento 100% on-line. E a partir de então, as companhias poderão captar mais dinheiro com investidores pessoas físicas e as plataformas poderão intermediar negociações subsequentes. Essa foi uma medida importante, mas ainda faltam avanços para regulamentar o funcionamento mais amplo do mercado secundário. A proposta é que os investidores possam vender suas participações para vários outros investidores, incluindo não somente os que participaram da mesma captação, mas também para outros daquela ou de outras plataformas de equity crowdfunding.

Afinal, novamente é preciso reforçar o dado de que os investimentos em startups são de longo prazo, podendo levar anos ou até uma década para concretizar a venda ou IPO da startup, e consequente saída para os investidores. Com um mercado secundário mais dinâmico, haveria maior liquidez, o que poderia atrair maiores volumes de capital.

Incentivo à pessoa física

Entendemos que é preciso ampliar o volume de investimento máximo que pode ser feito por investidor não qualificado anualmente. Hoje o limite é de R$ 20 mil reais ou 10% da renda anual. Consideramos que esse limite, baseado apenas na renda, não gera muita atratividade em investidores individuais com maior capacidade de investimento. Nossa proposta é que além da renda, fosse também considerado o patrimônio e o limite de 10% fosse aplicado sobre o maior valor. Um exemplo: as pessoas físicas com renda igual a X e patrimônio (reservas financeiras e bens de valor) equivalente a 10X, poderiam utilizar esse recurso para investir em startups, o que aumentaria o seu potencial de investimento em 10x. Desta forma, o valor total permitido para investimento desta categoria seria ampliado de forma significativa.

Descentralização de capital

Existe hoje no Brasil uma grande concentração de capital no âmbito dos investimentos, ou seja, poucas empresas captam grande parte do capital disponível. Esta desproporcionalidade reproduz o que ocorre historicamente no mercado com negócios tradicionais e perpetua a desigualdade de oportunidade para negócios de determinados nichos, geografias e perfil de empreendedores.

A Dínamo acredita que é fundamental criar incentivos para descentralizar os investimentos como estratégia para:

a diversificação de negócios criados;

a riqueza de perspectivas e experiência do ecossistema;

o aumento da capacidade de desenvolvimento de soluções para demandas de segmentos da sociedade, muitas vezes menosprezados e que podem representar grandes oportunidades de negócios;

oportunizar a geração de renda, receita e empregos de forma mais distribuída na sociedade, o que traz impacto social direto sobre essas populações.

Defendemos também que é necessário o incentivo tributário adicional e a redução de burocracia para os investimentos alocados em negócios:

fora dos grandes centros econômicos e fora do eixo Sudeste-Sul, em especial nas regiões mais pobres do país, como as regiões Norte e Nordeste e no interior do país;

que estejam em diferentes fases do desenvolvimento e diferentes setores;

liderados por mulheres, pessoas negras e demais grupos sub-representados.

Diversidade

Desde sua fundação, em 2015, a Dínamo tem a diversidade como parte de seu pilar de atuação “Sociedade”. A partir de 2021, decidimos priorizar esse pilar e nos aprofundarmos no estudo do tema Diversidade e Inclusão. Cientes da complexidade envolvida, buscamos apoio de uma consultora externa, especialista em D&I nas organizações. Nossa intenção é primeiramente compreender a questão com a profundidade e o cuidado necessários para, então, atuar de forma mais consciente e efetiva no debate e nas proposições práticas junto à sociedade e governo.

Para nós da Dínamo, é essencial para o país um ambiente mais diverso e inclusivo, com políticas que incentivem a entrada de mulheres, pessoas negras e pessoas de menor renda neste ecossistema, não apenas como mão de obra, mas também como criadores de soluções, tomadores de decisões, empregadores e em qualquer papel existente no ecossistema.

De acordo com dados do IBGE (2019), a população brasileira é 56% negra, 51,2% de mulheres, sendo 28% de mulheres negras – estas compondo então o maior contingente populacional do país . No entanto, a composição do ecossistema de startups não é proporcional à distribuição demográfica brasileira: somente 5,8% das startups brasileiras é liderada por pessoas pretas (ABStartups) e apenas 4,7% por mulheres (Female Founders Report 2021).

Essa falta de representatividade percebida acima se repete para todos os grupos minorizados. Mas devido ao volume de pessoas atingidas e ao fato de que estas questões serem estruturais de nossa cultura e demandam grande esforço de mudança, a Dínamo decidiu iniciar seus estudos sobre Diversidade nas Startups, focando nos grandes desafios enfrentados por mulheres e pessoas negras, tanto no acesso à linha de chegada do empreendedorismo tecnológico como na permanência e sucesso na trajetória empreendedora.

Para nós da Dínamo, além de ser um ambiente que exclui a grande maioria da população, este modelo elitizado perpetua uma inovação focada no consumo e não no atendimento às demandas e necessidades da grande maioria da população.

Como forma de promover um ambiente de startups mais diverso e inclusivo, a Dínamo desenvolve algumas iniciativas:

Mapeamentos em Diversidade e Startups

Em 2021 organizamos o 1o Mapeamento sobre Políticas Públicas em Startups e Diversidade, com foco em informar as iniciativas e políticas públicas inspiradoras no Brasil e no mundo. O documento foi lançado no evento CASE 2021 e traz bons exemplos para a criação e ampliação destas iniciativas em todo o território nacional.

E em 2022, continuamos o estudo, com o 2o Mapeamento, lançado em evento aberto em 28 de julho na Google for Startups. Desta vez, nosso foco foi o Brasil e buscamos mostrar como estão as iniciativas públicas que visam promover um ecossistema de empreendedorismo e inovação mais diverso. Conheça os Mapeamentos aqui.

Grupo de Trabalho:

Em paralelo, criamos um Grupo de Trabalho (GT) multidisciplinar voltado à temática de D&I. O GT é composto por pessoas com experiência em Políticas Públicas e atuação nos ecossistemas de empreendedorismo e tecnologia e que vem de grupos minorizados.

O objetivo do GT é analisar o contexto de desigualdade que enfrentamos hoje no ecossistema de empreendedorismo e startups e a partir da inteligência coletiva que emerge do próprio grupo, construir proposições de políticas públicas e ações afirmativas que possam contribuir para a maior representatividade, diversidade e inclusão no ecossistema de startups. Conheça o GT aqui.

Os mecanismos de apoio e fomento ao ecossistema de Startups devem contemplar a questão do aumento da diversidade em todas implementações.

Como exemplo, o governo da Itália implementou um Fundo Garantidor para empréstimos de bancos para Startups oferecendo garantia de até 80% em caso de não pagamento aos bancos. Porém se a Startup for liderada por mulheres, esse percentual sobe para 90%, e se ainda for de uma região de grande vulnerabilidade do país, 30% do valor seria a fundo perdido, não reembolsável.

Estes mecanismos podem se somar aos incentivos para as Startups, oferecendo melhores oportunidades para populações e regiões mais vulnerabilizadas.

Ambiente Regulatório

Pelo seu alto risco, o ambiente de startups exige um processo mais ágil e flexível nas questões tributária, trabalhista e legal.

As discussões sobre a temática junto ao governo procuram propor medidas e discutir leis que possam tornar o ambiente de negócios mais preparado para as empresas inovadoras no país.

Apesar da recente aprovação do Marco Legal das Startups, em que o Dínamo foi a entidade que provocou o debate e trouxe muitas das propostas colocadas em discussão, diversos pontos essenciais para o ecossistema de startups ficaram de fora por falta de ousadia e visão do governo e congresso. Isso acabou frustrando o ecossistema com o Marco Legal com poucas evoluções significativas para as Startups. Por isso, propomos a retomada do debate destes pontos para que possamos de fato ter um ecossistema competitivo internacionalmente e que possa inspirar jovens empreendedores a criarem suas empresas inovadoras no Brasil. Dentre estas proposta destacamos:

Sociedade Anônima simplificada e optante pelo Simples

Devido ao fato de as startups terem sócios investidores que não participam da operação do negócio, o societário ideal para elas seria a Sociedade Anônima (SA). No entanto, de acordo com a legislação atual, as SAs não podem aderir ao regime tributário Simples Nacional, o que gera altos custos tributários para as startups desde as fases iniciais.

Nós da Dínamo pleiteamos que as startups sejam incluídas neste regime tributário enquanto estiverem na faixa de faturamento prevista pelo Simples, independentemente do formato jurídico

Stock options regulamentadas como operações mercantis

Atualmente, as stock options são utilizadas pelas startups como estratégia de atração e retenção de talentos, uma vez que forma de atrair e reter talentos, algo fundamental para o sucesso do negócios. As startups oferecem ações para seus colaboradores e parceiros em condições especiais, que em contrapartida compram essas ações acreditando no seu sucesso.

Atualmente no Brasil, há uma interpretação de que a natureza tributária das stock options é remuneratória. Mas para nós da Dínamo, as stock options deveriam ser consideradas uma “operação mercantil”, uma vez que a aquisição de ações de uma startup não tem relação direta com o trabalho prestado à empresa. Além disso, esta transação implica em riscos e possivelmente, tributação sobre ganhos de capital para o profissional que as adquiriu.

Contratos temporários para startups

Por trabalhar com tecnologias e negócios inovadores, as startups, em seus primeiros anos, possuem um alto risco de não dar certo. Nesse sentido, é preciso oferecer uma opção de contratos temporários adaptados para a realidade das startups em seus primeiros anos de vida, garantindo direitos do trabalhador. Esse modelo evita a PEJotização do setor e garante que o risco de se inovar no Brasil não seja destrutivo para o empreendedor de Startups.

Na Itália, facilita-se a contratação e término na fase de maior risco das Startups, justamente compreendendo a natureza de alto risco de empresas que têm a inovação com sua base de existência..

Modernização trabalhista

Existem grandes desafios a serem cuidados por sociedade e governos, no que tange às relações trabalhistas que foram seriamente impactadas com o surgimento de novas tecnologias e modelos de negócios. Isso, claro, não deve ser motivo para a precarização do trabalhador, mas para reflexão no que tange a atualização de conceitos e modelos de relações de trabalho para se adequar às mudanças decorrentes da inovação tecnológica.

Por exemplo, como efeito da pandemia, por conta do desafio colocado com o isolamento social, o trabalho remoto avançou e se demonstrou possível em diversas situações antes não consideradas. Diversos órgãos do governo, inclusive, já adotaram este formato de trabalho junto aos servidores públicos, como o próprio TCU, para citar apenas um exemplo.

Este exemplo nos traz uma série de reflexões que precisam ser objeto de amplo debate entre governo, empresas e, em especial, trabalhadores, para que se possa avançar em modelos mais atualizados, que privilegiem a produtividade, agilidade e flexibilidade proporcionada pelas novas tecnologias, sem perder de vista a dignidade do ser humano que realiza o trabalho.

No caso dos trabalhadores de aplicativos, é preciso criar alternativas para tornar viável e sustentável a coexistência dos novos modelos de negócio e de novos jeitos de trabalhar, muitas vezes, desejados pelos próprios trabalhadores, ao mesmo tempo em que proporcionando dignidade e proteções sociais mínimas aos trabalhadores. A flexibilidade dos horários de trabalho, e possibilidade de trabalhar ao mesmo tempo para múltiplos aplicativos, não permite um encaixe adequado da CLT a essa relação. E mesmo a regulação de Micro Empreendedor Individual não abarca de forma adequada a questão, ao não oferecer proteções sociais importantes ao trabalhador e deixar apenas por sua ação direta o recolhimento de contribuição social, que muitas vezes não é feito, por desconhecimento ou necessidade financeira pessoal e acaba retirando benefícios do trabalhador. Entendemos que é preciso construir um regime flexível, com adaptações da CLT, bem como do próprio MEI para melhor se adequar a esta realidade.

Já para trabalhadores chamados de “super qualificados”, profissionais de tecnologia altamente demandados, por exemplo, o desafio é outro. Com altos salários, startups têm dificuldades em contratá-los e retê-los, o que leva a pejotização, por um lado, e à necessidade de emissão de stock options – opção de participação em ações da empresa contratante – de outro.

No ambiente de inovação tecnológica, é preciso diferenciar os modelos de trabalho dos grupos de trabalhadores – os muito qualificados e os pouco qualificados:

De um lado temos profissionais altamente qualificados, cobiçados e remunerados, com possibilidade de negociar seus contratos de trabalho com maior liberdade e flexibilidade;

De outro, temos os trabalhadores pouco qualificados, com salários menores e de substituição mais fácil, que carecem de “poder de negociação” para conseguirem negociar suas condições de trabalho de forma ampla, garantindo dignidade.

O fato é que o modelo atual de relação trabalhista, fundamentado na CLT, tem restringido as empresas que necessitam de mão de obra altamente qualificada e que precisam manter os talentos no país. A Pejotização do mercado de tecnologia e inovação é um fato recorrente e a atual legislação já não abrange e regulamenta as negociações que acontecem com os trabalhadores altamente qualificados. Ao mesmo tempo, esse tipo de prática de flexibilização e livre negociação, se utilizada de forma indiscriminada e ampla, oferece um risco de perda de direitos para trabalhadores pouco qualificados.

Em um momento em que todos os países desenvolvidos do mundo criam leis para atração de talentos qualificados, o Brasil precisa compreender que é preciso pensar em modelos de retenção destes talentos no país. Uma das várias partes deste complexo problema é o fato de que a CLT – nos moldes atuais – engessa a contratação de profissionais de alta qualificação. Por isso, entendemos que a flexibilização de negociação deveria poder ocorrer para relações de trabalhos com salários a partir de determinados patamares, como forma de manter a dignidade do trabalhador em vulnerabilidade social e ao mesmo tempo modernizar relações de maior complexidade e qualificação profissional.

Para além disso, é preciso debater os modelos novos de trabalho para trabalhadores não qualificados, com a ampla oferta de plataformas e aplicativos que intermediam a prestação de serviços por indivíduos com empresas, como é o caso de entregadores e motoristas de aplicativos. Se ao mesmo tempo este modelo traz desafios no que tange a precarização do trabalho, ele tem sido uma das únicas alternativas de trabalho para milhões de brasileiros. O que nos leva à reflexão:

Como criar um modelo que traga direitos, sem quebrar um modelo de serviço já consolidado no mundo?

A Dínamo entende que é preciso modernizar a CLT para que ela possa de fato, regulamentar as relações de trabalhadores altamente qualificados que atuam em regimes de trabalho diferenciados e flexíveis.

Da mesma forma, defendemos ampliar as categorias do MEI ou outro regime equivalente, para melhor atender a necessidade destes trabalhadores atualmente em condição precária. A categoria “motorista de aplicativo” poderia ser incluída dentre as opções de MEI. Como exemplo, as empresas empregadoras poderiam recolher contribuição social para estes trabalhadores na fonte, e garantir uma contribuição mínima para trabalhadores ativos em suas plataformas, assegurando o acesso à proteção social em casos de acidente, doença, maternidade, paternidade, por exemplo.

Mínimo Integral

Uma boa prática que pode representar uma alternativa a pejotização e precarização é a criação do chamado “Mínimo Integral”, já aplicado na Colômbia, no qual, faz-se um cálculo sobre o que seria “necessário para se viver em uma família com qualidade de vida e dignidade”, próximo ao que hoje o DIEESE faz no Brasil.

Os trabalhadores em posições mais operacionais, com menor escolaridade e empregabilidade, são considerados mais vulneráveis e recebem geralmente abaixo do “mínimo integral”.

Já aqueles trabalhadores com maior renda/ escolaridade/ competência em áreas de grande demanda, como as STEMs, tem renda superior ao mínimo integral e podem ser considerados “hipersuficientes” e portanto, aptos a negociar sua remuneração, benefícios e formato de trabalho de forma mais livre, diretamente junto ao empregador, em valores acima do “Mínimo Integral”.

Diversos países do mundo adotam critérios diferenciados de contratos de trabalho, mas é importante também compreender que o Brasil é um país extremamente desigual e não se pode comparar o mercado de trabalho daqui com os padrões Europeus ou Americanos, por exemplo. Precisamos aprender com os modelos internacionais, mas pensar a sua adaptação para a realidade brasileira.

Cultura

Mudando nossa forma de pensar

Ecossistemas de sucesso são aqueles que conseguem criar a cultura empreendedora e inovadora entre os diversos atores do meio. Como por exemplo, sociedades que compreendem melhor que inovar e empreender envolve riscos e que falhar nesse mercado é parte integrante do aprendizado para o sucesso.

Disseminar esta cultura para a universidade, corporações e governos é essencial para que cada dia mais, empreendedores tirem suas idéias do papel e criem soluções inovadoras e disruptivas que resolvam demandas e gerem riqueza para a sociedade.

Assim como no Eixo Talento, essas são pautas essenciais para o desenvolvimento das startups no Brasil:

Empreendedorismo no Ensino Básico, Médio e Superior

Experiência prática, vivência em comunidades, hubs, cultura de experimentação

Mas neste eixo em especial, reforçamos o fato de que a forma como esses itens são implementados pode – ou não – ajudar a construir e fortalecer uma cultura de empreendedorismo de base tecnológica. O que pressupõe compreender vocações e necessidades locais, envolver atores locais e regionais de inovação, comunidades, sociedade civil organizada e governos na discussão das iniciativas mais adequadas a cada contexto no que tange à criar e manter estruturas que favoreçam a cultura de startups.

Reconhecimento público

É reconhecidamente muito importante que os casos de sucesso sejam identificados, premiados e tornem-se amplamente conhecidos da comunidade de startups e da sociedade como um todo. O reconhecimento das histórias que deram certo tem inúmeros papéis no fortalecimento da cultura “startupeira”: ensina boas práticas de negócios e soft skills, motiva pessoas que desejam empreender ou que já empreendem, mas estão passando por desafios semelhantes, mostra que é possível atravessar os obstáculos a despeito do ambiente ainda ser hostil às startups, gera identificação entre os startupeiros “se ele pode, eu também”.

Apoio e promoção de eventos de Tecnologia e Inovação

Como parte do incentivo ao desenvolvimento do ecossistema, é fundamental a criação de eventos regulares e gerem valor para a comunidade local de empreendedores. No Brasil e no mundo tempos exemplos de grandes eventos que mobilizam milhares de startupeiros, investidores e outros atores do ecossistema, mas para além destas iniciativas grandiosas, para desenvolver a cultura de empreendedorismo tecnológico, é preciso haver oportunidades de encontro, integração, conteúdo e que gerem benefício mútuo a todas as partes.

Iniciativas simples e de baixo custo realizadas de forma orgânicas e localmente já geram grande benefício como happy hours, bate papos e rodas de conversa. Mas nos casos em que o evento – por menor que seja – tem um objetivo claro, organização estruturada, conexão com as demandas da comunidade e é realizado de forma consistente, ou seja, regular, ele se torna peça chave para o desenvolvimento da cultura empreendedora. Isso porque permite aos participantes respirar as mesmas ideias, debater questões, estabelecer uma linguagem comum e desenvolver soluções a partir deste encontro humano – serendipidade!

Densidade

Colisões geram negócios

Aproximar talentos e empreendedores ajuda a gerar novas idéias e inovações. Ao criar hubs ou clusters de inovação, cidades aumentam drasticamente as possibilidades de surgimento de novos negócios.

Apoiar políticas públicas de criação de zonas de inovação para startups, focando em aproximar mentes com diferentes talentos é parte essencial do processo de crescimento do ecossistema do país.

Neste eixo, algumas pautas são fundamentais:

Incentivo à formação de hubs de inovação como é o caso do Porto Digital, parque tecnológico fundado em 2000, em Recife (PE) em região antes degradada. A partir da revitalização e incentivo fiscal foi possível atrair e manter negócios inovadores que geram densidade e grande riqueza de conexões. 

Incentivo à criação de hubs/ ecossistemas fora da região Sul e Sudeste, para promover inovação a partir de diferentes cenários, perspectivas, culturas e necessidades que cada região do país apresenta e para distribuir de forma mais equânime a receita e os talentos que serão atraídos para esses hubs.

Incentivo à criação de hubs/ ecossistemas setoriais/ temáticos conforme diagnóstico de vocação econômica local. Trata-se de uma iniciativa que promove o desenvolvimento de cidades e regiões e deve ser liderado pelo poder público em âmbito municipal e estadual.

Incentivo a criação de hubs/ ecossistemas de Inovação corporativos como é o caso de hubs com notório sucesso como: Cubo, Inovabra, Oxigênio. 

Conclusão

Ao observar as políticas públicas existentes, entendemos que muitas vezes não é preciso criar políticas e programas “do zero”. Nossas pesquisas demonstram que há no Brasil e no mundo inúmeros exemplos de políticas públicas e iniciativas de grande impacto em prol do desenvolvimento do ecossistema de startups, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Alguns exemplos são as iniciativas que temos descrito em nossos playbooks e Mapeamentos aqui citados. Estes exemplos constituem um valioso ponto de partida para que medidas bem sucedidas possam ser replicadas e ampliadas em nosso país de forma mais rápida e efetiva, para que possamos aperfeiçoar e ajustar as experiências já existentes ao nosso contexto e nos inspirar para criar novos projetos de lei e novas iniciativas.

O que mais nos falta é um plano de longo prazo e a consistência na aplicação das leis aprovadas e continuidade dos programas, especialmente nas trocas de governos. Entendemos que muitas das iniciativas já estruturadas e implementadas poderiam ter sua aplicação ampliada e aperfeiçoada mediante a mensuração dos resultados que geram. Em nossas pesquisas sobre políticas públicas para Startups inovação e empreendedorismo em vigor no Brasil, temos nos defrontado com o desafio de encontrar dados sobre os resultados das políticas públicas, o que dificulta a avaliação e a decisão por sua continuidade e/ou aprimoramento. Todos os países que hoje têm liderança global em tecnologia e inovação, têm dados sobre o impacto de suas políticas públicas no tema, e são essenciais para demonstrar ao próprio poder público como este tipo de investimento retorna em muito para o país. É fundamental que haja investimento público nesta frente para que, a partir de dados, seja possível tomar decisões sobre políticas públicas de forma profissional e objetiva.

Entendemos que país tem evoluído em suas políticas para inovação e tecnologia, mas também afirmamos que é preciso acelerar as mudanças que afetam diretamente o ecossistema brasileiro especialmente o acesso à educação, capital, modelo tributário e condições para o exercício de um empreendedorismo de base tecnológica mais justo e equânime. E é pensando em acelerar as transformações que desejamos experimentar na sociedade, que a Dínamo aproveita esta oportunidade para reafirmar seu compromisso de ser uma ponte entre a sociedade civil organizada (startups, associações, empresas, etc.) e o governo, em suas diferentes instâncias, por meio de articulação política, conteúdo e apoio especializado em discussões sobre o tema startups. Somos um movimento focado em construir uma agenda positiva e convergente com os diversos atores do ecossistema, ajudando assim a dinamizar a evolução das startups no país e dessa forma, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e a justiça social no país.

Com esta carta, intencionamos que os candidatos tenham a oportunidade de conhecer as necessidades e anseios do setor de startups e então, que participem deste debate na construção das soluções mais republicanas para as questões apresentadas e ainda, que se comprometam com a implementação das propostas presentes neste documento.

Rodrigo “Kiko” Afonso, Diretor Presidente

Felipe Matos, Diretor Vice-Presidente

Associação Dínamo

https://www.dinamo.org.br/

 

UCRÂNIA REAGE E DERROTA A RÚSSIA

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Imagem retirada de vídeo mostra ucranianos hasteando a bandeira de seu país na cidade de Balakliya, que estava sob controle russo e foi recapturada no início de setembro.| Foto: Ukraine Defense Ministry handout/EFE/EPA

A bandeira ucraniana voltou a tremular em centenas de localidades na região de Kharkiv, no nordeste do país. O mesmo vem ocorrendo nos arredores de Kherson, no sul da Ucrânia, muito perto da península da Crimeia. O sucesso da contraofensiva ucraniana alimenta a esperança de que a campanha de agressão russa tenha chegado a um ponto de inflexão, mas também provoca uma série de temores a respeito de como Vladimir Putin reagirá para não sair desmoralizado desta aventura provocada por seus delírios imperialistas.

No leste do país, as tropas russas estão cedendo milhares de quilômetros quadrados de área antes ocupada por elas – em alguns casos, os russos chegaram a ser empurrados de volta à fronteira entre Rússia e Ucrânia. Em seus relatórios, o Ministério da Defesa russo não menciona a contraofensiva ucraniana e se limita a afirmar que está apenas “reagrupando” tropas para reforçar sua presença na região de Donetsk (que, assim como Luhansk, pertence à Ucrânia, mas tem população de maioria étnica russa), mas analistas militares vêm observando que o movimento se parece mais com uma fuga que com um deslocamento programado, com os russos inclusive deixando para trás evidências de crimes de guerra. No sul do país, a inteligência ucraniana diz ter identificado um movimento de saída de famílias de autoridades de ocupação, que estariam deixando a Crimeia, península ilegalmente anexada por Putin em 2014, para voltar à Rússia.

O recente sucesso ucraniano em sua contraofensiva é propício para que as nações ocidentais redobrem seus esforços de ajuda militar e financeira

Esta virada ucraniana se deve à combinação entre a tenacidade dos defensores e a ajuda ocidental, seja com armamentos que vêm impedindo os russos, por exemplo, de impor superioridade aérea no território da Ucrânia, seja com sanções que estão afetando a indústria bélica russa. Mas os próprios russos fizeram escolhas que também limitam suas ações. A invasão da Ucrânia tem o status de “operação militar especial”, pois uma declaração de guerra caracterizaria formalmente a Rússia como responsável pelo conflito diante da comunidade internacional. No entanto, a ausência dessa declaração impede Putin de convocar uma mobilização geral de seu exército, impossibilitando-o de reforçar a presença invasora na Ucrânia e substituir tropas cansadas ou debilitadas.

No cenário ucraniano, não importa apenas o que Putin fará, mas quando. Sem os fracassos recentes russos, ele poderia esperar pacientemente até o inverno – mas não como em 1812 ou 1942, pois os ucranianos, ao contrário dos franceses napoleônicos ou dos nazistas, estão preparados para lutar em baixas temperaturas. Desta vez, a cartada russa consiste na chantagem energética, que já começou, mas ficaria ainda mais intensa à medida que o frio atingisse os países europeus dependentes do gás russo. A Europa corre para buscar alternativas, como novos fornecedores e a reativação de usinas a carvão ou nucleares, e os europeus já estão pagando muito mais pela energia. Seria um cenário confortável para Putin arrancar concessões e reduzir o apoio ocidental à Ucrânia, mas a contraofensiva ucraniana pode forçá-lo a adiantar uma resposta.


Se o autocrata russo concluir que já não tem muito mais a perder diante de uma comunidade internacional que já o vê como agressor, a declaração de guerra e consequente mobilização geral poderiam levar a uma segunda reviravolta. E nunca pode ser descartada a possibilidade do uso de armas de destruição em massa, como armas químicas ou bombas nucleares de baixa intensidade – no início da invasão, houve denúncias a respeito do uso de bombas termobáricas e bombas de fragmentação, também condenadas por convenções internacionais. Estas são hipóteses que desde já precisam ser rechaçadas por todos os líderes mundiais com muito mais veemência que em ocasiões anteriores – basta lembrar como Barack Obama desmoralizou sua própria política de “linha vermelha”, estabelecida em 2012, ao não fazer nada quando o sírio Bashar al-Assad usou armas químicas contra sua população em 2013.

O recente sucesso ucraniano em sua contraofensiva é propício para que as nações ocidentais redobrem seus esforços de ajuda militar e financeira, e, no caso dos europeus, mostrem que eventuais sacrifícios causados por dificuldades no abastecimento de energia são necessários para frear Vladimir Putin. Se este ímpeto não for perdido, e se ainda restar um mínimo de bom senso ao autocrata russo para que não cometa nenhuma loucura ainda maior, podemos vislumbrar o retorno das tropas russas às posições que ocupavam antes de 24 de fevereiro (talvez, até mesmo com a recuperação da Crimeia), e um fim para a guerra.

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CAMPANHA DO PRESIDENCIÁVEL LULA É A QUE MAIS GASTOU

 

Prestação de contas parcial
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo


Candidato a presidente da República, Lula gastou R$ 51,1 milhões dos R$ 89,8 milhões arrecadados pela campanha até agora.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Nesta quinta-feira (15), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou a prestação de contas parcial das campanhas de todos os candidatos, referente às movimentações financeiras ocorridas até 8 de setembro.

Entre os presidenciáveis, até o momento, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) já desembolsaram R$ 146,2 milhões em despesas de campanha, o equivalente a 72% dos R$ 202 milhões arrecadados até o momento.

Lula lidera tanto na arrecadação, quase integralmente composta por recursos dos fundos eleitoral e partidário, quanto nos gastos – o candidato petista já gastou quase 60% do permitido pela Justiça Eleitoral. Bolsonaro, por outro lado, é o que gastou menos. Já Soraya gastou R$ 5 milhões a mais do que a campanha arrecadou até o momento.

A prestação de contas final deverá ser feita até o 30º dia posterior às eleições para todos os candidatos que não concorrerem no segundo turno. Havendo segundo turno, as contas referentes aos dois turnos deverão ser prestadas até o 30º dia após o dia da votação.

Veja abaixo os números financeiros das campanhas dos presidenciáveis até agora:

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Até o momento, a campanha de Lula é, disparada, a que mais arrecadou recursos, com R$ 89,8 milhões. A fonte de quase a totalidade desse montante (99,2%) são os fundos eleitoral e partidário. Em doações privadas, o ex-presidente arrecadou R$ 688 mil, distribuídos entre financiamento coletivo (“vaquinhas” digitais) e contribuições individuais.

De acordo com as regras do TSE, o limite de gastos de campanhas eleitorais para presidente no primeiro turno é de R$ 88,9 milhões, ou seja, a campanha petista já possui mais do que pode legalmente gastar nesta etapa da campanha.

Lula também lidera os gastos – foram R$ 51,1 milhões até agora, isto é, quase 60% do total permitido.

Entre os 20 doadores individuais, a maior quantia veio do empresário palestino Shawqi Hilal Mohd Naser (R$ 100 mil), que mora no Brasil desde a década de 1980. A segunda maior doação veio do deputado federal Márcio Macedo, do PT (R$ 23,9 mil), e a terceira é do advogado Manoel Caetano Ferreira Filho (R$ 23,7 mil), que já compôs a defesa do petista.

Entre os demais contribuintes estão o jornalista Chico Pinheiro, os ex-ministros de governo de Lula e atuais coordenadores de campanha Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho, Janja, esposa de Lula, e Maria Lucia Alckmin, esposa do candidato a vice na chapa do petista, Geraldo Alckmin (PSB).

Os maiores gastos da campanha de Lula até o momento estão concentrados na produção para rádio e TV. A uma das empresas contratadas pela campanha já foram pagos R$ 25,9 milhões, o que coloca a empresa como a quinta com maior faturamento no fornecimento de serviços a candidatos dentre todas nestas eleições.

Gastos com publicidade na internet, produção de eventos, impressões gráficas e advogados também estão entre os principais gastos da campanha. Somente com fotografia, a campanha já empenhou R$ 1,3 milhão, enquanto o gasto com advogados foi de quase R$ 3 milhões.

Jair Bolsonaro (PL)
A campanha à reeleição de Bolsonaro arrecadou, até o momento, R$ 27,4 milhões, sendo que 61% desse montante referem-se aos fundos partidário e eleitoral, e o restante vem de doações privadas.

A maior doação (R$ 1 milhão) foi feita pelo produtor rural Oscar Luiz Cervi. O segundo maior doador (R$ 600 mil) é Odílio Balbinotti Filho, empresário do agronegócio e filho do ex-deputado federal Odílio Balbinotti. Em terceiro lugar no ranking de contribuições está o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, que contribuiu com R$ 500 mil.

Entre os principais doadores da campanha de Bolsonaro também está Gilson Lari Trennepohl, que doou R$ 350 mil. O empresário é filiado ao União Brasil, partido de Soraya Thronicke, adversária na corrida presidencial. O restante dos valores vem de contribuições individuais de mais de 800 doadores.

Até o momento, os gastos da campanha de Bolsonaro são de R$ 15,1 milhões, ou seja, 55% do total arrecadado e 16,9% do permitido segundo os critérios da Justiça Eleitoral. A maior concentração de despesas está na produção para rádio e TV (R$ 6,3 milhões), seguida de agências de publicidade (R$ 5,9 milhões).

Outros gastos relevantes estão na produção de eventos de campanha e na contratação de uma empresa de pesquisa de mercado.


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A VOLTA DO LULISMO É PREJUDICIAL AO PAÍS

 


Por
Rodrigo Constantino

Rio de Janeiro – Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do lançamento da campanha Se é público é para todos, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas (Fernando Frazão/Agência Brasil)



O movimento conservador ainda é muito incipiente em nosso país. Precisamos não só reeleger o único candidato à Presidência mais alinhado com o conservadorismo, como aumentar – e muito – a presença da direita no Congresso. Pela primeira vez em muito tempo o eleitor de direita passa a ter mais de uma boa opção como deputado estadual, federal ou mesmo senador. Nomes que já demonstraram firmeza na defesa desses valores.

Mas há alguns casos delicados, que exigem reflexão pragmática. O voto ideal pode ser inimigo do voto necessário. Tudo vai depender de qual a prioridade, qual a meta mais importante. Do meu ponto de vista, isso não poderia estar mais claro: é impedir que lulistas cheguem ao poder. O lulismo é o maior câncer da política nacional, pois junta a corrupção com a ideologia totalitária. Evitar que a casa seja tomada por cupins é mais importante do que decidir a decoração dos cômodos.

Isso vai demandar um grau de espírito público raro na política. Cada um tem seu projeto pessoal, seus interesses, seu ego. Mas a direita precisa estar unida, inclusive com o centro, se o intuito for mesmo barrar a volta do ladrão e seus comparsas à cena do crime. Claro que não dá para confiar num típico “centrista moderado”, de perfil tucano. Mas se a escolha é entre isso e PT, não resta muita dúvida do que fazer.

Vejamos o caso do Amazonas. Segundo pesquisas, Omar Azis, aquele da CPI circense que virou palanque lulista, lidera com cerca de 30%, enquanto Arthur Virgílio do PSDB e o Coronel Menezes do PL disputam o segundo lugar com cerca de 20% cada. Não seria melhor se um deles declarasse apoio no outro para impedir a vitória do lulista? Não é fácil chegar a tal acordo, claro, mas sem dúvida seria melhor para o povo.

O mesmo cenário se repete na Bahia. Otto Alencar, o lulista da mesma CPI patética, lidera com quase 40%, enquanto Cacá Leão do PP tem pouco mais de 15% e Raissa Soares do PL tem quase 10%. Derrotar aquele que foi elogiado por Lula por ter “humilhado aquela médica japonesa” na CPI não deveria ser a prioridade aqui?

No meu querido Rio temos um caso complicado: Romário não é nada confiável para conservadores, mas Daniel Silveira nem sabe se poderá ser mesmo senador caso eleito, enquanto o lulista Molon avança. Romário é ruim, mas Molon é muito pior!

Se o centro e a direita não se unirem, aqueles que trabalhavam para Lula na CPI continuarão no Senado, criando inúmeros obstáculos e boicotando o governo no caso de reeleição de Bolsonaro. Nunca é trivial abandonar uma disputa em prol de quem está na frente e tem mais chances de derrotar o inimigo comum, mas é algo crucial se essa for mesmo a prioridade. E creio que deveria ser…

Antilulistas do todo o mundo, uni-vos!

Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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ONLYFANS É UM ANTRO DE PORNOGRAFIA

Pornografia

Por
Maria Clara Vieira – Gazeta do Povo

TERNOPIL, UKRAINE – SEPTEMBER 6, 2022 Onlyfans paper logotype on bunch of brazilian reals bills lies on black laptop keyboard buttons


Matérias sobre pessoas que enriqueceram no OnlyFans dominam a imprensa nacional. O problema é que elas são uma minoria.| Foto: BigStock Photo

Qualquer internauta que pesquise notícias em português sobre o OnlyFans, rede social que permite a comercialização de conteúdo adulto, encontra rapidamente dezenas de histórias de pessoas que afirmam ter enriquecido na plataforma. “Ícones do OnlyFans destacam as vantagens da plataforma”, anuncia uma coluna publicada no último mês de agosto. “Por lá, até 2021, já existiam mais de 150 milhões de usuários cadastrados e 1,5 milhão de criadores de conteúdo”, continua o texto. “Mas, afinal, qual o lado bom deste fenômeno que ainda é carregado de estigma e de tabus?”.

Se, por um lado, uma pesquisa recente revelou que mais de 50% das modelos que vendem conteúdo íntimo no OnlyFans o fazem sem que seus pais e amigos saibam, por outro, o esforço que parte da imprensa brasileira faz para arrefecer o dito “estigma” sobre a plataforma – que, diga-se de passagem, rendeu nada menos do que 2,62 bilhões de dólares ao acionista majoritário nos últimos 18 meses – é digno de nota.

Casos como o da ex-professora que diz ter ficado milionária em três anos na rede, da atriz que diz se sentir “mais segura financeiramente”, da ex-frentista que afirma ter faturado mais de meio milhão de dólares e da “ex-miss BumBum” que “conquistou a liberdade financeira” no OnlyFans aparecem dia após dia em alguns dos principais portais de notícias do país.

“Pornografia dos privilegiados”

Ocorre que, a exemplo do que acontece com o restante da indústria sexual, não é preciso investigar muito a fundo para perceber que os alardeados “sucessos” do OnlyFans são mais uma face do que a ensaísta canadense Melinda Selmys chama de “pornografia dos privilegiados”, na qual “a experiência de um pequeno grupo é apresentada como a norma, enquanto as realidades violentas, coercitivas e traumatizantes da indústria do sexo desaparecem com o uso da varinha mágica da ‘escolha’”.

Ainda em 2020 – ano no qual o OnlyFans cresceu cerca de 600% em meio à pandemia -, a revista britânica The Spectator alertou para a presença não apenas de atrizes, cantoras e celebridades virtuais entre os usuários (são elas, é claro, as que mais faturam com os “nudes”), mas de mulheres desempregadas que precisavam pagar as contas e acabavam se arrependendo da exposição. Uma das entrevistadas pela reportagem contou que excluiu a conta depois que um de seus “clientes” publicou uma de suas fotos sem sutiã em um site aberto de pornografia.

“Cada assinante me pagava dez dólares por semana e, tirando a comissão do OnlyFans, eu ficava com 8 dólares. Precisava conseguir o maior número possível de assinantes para conseguir pagar meu aluguel, o que significa postar novas fotos o dia todo, todos os dias e concordar com pedidos cada vez mais explícitos. No final, me senti exausta e degradada, e cancelei minha inscrição”, contou a mulher à reportagem.

Tudo à venda?

O relato não deveria ser surpresa: segundo informações fornecidas pelo próprio aplicativo, o ganho médio dos criadores de conteúdo é de 180 dólares (cerca de 940 reais, menos de um salário mínimo) por mês. O problema é que mesmo este valor passa uma falsa dimensão do problema, dado que 1% das contas recebe um terço de todo o dinheiro arrecadado na plataforma, de modo que a maior parte dos usuários recebe menos de 800 reais por mês.

Em contrapartida, ainda que o negócio fosse lucrativo para uma parcela maior dos usuários, é sempre o caso de se perguntar, a exemplo do que propõe o professor de Harvard Michael Sandel, se é ético que determinadas esferas da vida humana – como o sexo, tão atrelado à própria dignidade – sejam expostos à lógica do mercado. “Queremos uma sociedade onde tudo esteja à venda? Ou será que existem certos bens morais e cívicos que não são honrados pelo mercado e que o dinheiro não compra?”, questiona o autor.

No ano passado, foi a vez do New York Times acordar para o “outro lado” do sucesso do OnlyFans: uma das entrevistadas pelo jornal é uma jovem de 22 anos que, demitida três vezes durante o pico da crise e sem dinheiro para arcar com as mensalidades da faculdade, recorreu ao OnlyFans, a despeito do temor de não conseguir outros empregos no futuro.

Finalmente, em maio deste ano, outra reportagem destrinchou o fenômeno dos “cafetões digitais”: homens que, literalmente, abriram “agências virtuais” para “auxiliar” mulheres que desejem lucrar na plataforma. “O OnlyFans é uma grande oportunidade não apenas para moças sexy, mas para os homens também. O que estou propondo aqui é a cafetinagem eletrônica” (N/E: a expressão utilizada pelo entrevistado foi “e-pimping”), afirmou um dos personagens da matéria.

Segundo uma “sobrevivente do OnlyFans”, estes homens costumam abordar modelos via Twitter oferecendo o “gerenciamento” de sua imagem virtual em troca de conteúdo. “As pessoas estão desesperadas e caem nessa por ingenuidade. Isso naturalmente cria uma oportunidade perfeita para chantagem e outros tipos de manipulação. Acontece o tempo todo e não é falado o suficiente”, revela a fonte anônima.

Abuso sexual infantil
A exposição de jovens mulheres desesperadas a um mercado degradante e a consequente exploração das mesmas por empresários ávidos por lucro – a começar pelo próprio criador da plataforma, Timothy Stokely — é só a ponta do iceberg de problemas que acompanha o crescimento exponencial do OnlyFans, um enredo que segue à risca o padrão das grandes empresas de tecnologia que se vêem às voltas com acusações de material pornográfico ilegal circulando em suas plataformas. À denúncia da presença de menores de idade na rede, o OnlyFans meramente “reforçou estar em dia com as medidas de segurança”.

Enquanto isso, grupos como o National Center on Sexual Exploitation (NCOSE) – uma das mais antigas organizações nos Estados Unidos a abordar a intrínseca relação entre pornografia, prostituição, exploração sexual e tráfico humano –  acumulam novas denúncias: um investigador do Departamento de Segurança Interna dos EUA chegou a reportar à ONG que encontra entre 30 e 50 imagens de abuso sexual infantil por dia “claramente vindas do OnlyFans”.

Para o NCOSE, o OnlyFans é, em suma, um grande “esquema de pirâmide” da exploração sexual, além de oferecer um “ambiente seguro” para práticas que, aos poucos, ganham a atenção da imprensa internacional. Por que o Brasil insiste em atrelar o uso da plataforma ao “empoderamento” feminino é uma pergunta a ser feita por quem quer que se preocupe a sério com a dignidade dos mais vulneráveis.

Em artigo para a revista conservadora First Things, Samuel D. James lembra que no Inferno de Dante, os que lucram com a exploração da sexualidade alheia são punidos com maior severidade do que os promíscuos. “A ordem social progressista contemporânea é uma ordem de trabalhadores”, pontua o autor. “Corpos nus trabalhando dia e noite, sacrificando sua dignidade e reputação pela oportunidade de ciscar as migalhas que caem da mesa da Big Tech”.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/exploracao-abusos-e-desespero-por-tras-da-lenda-da-riqueza-facil-no-onlyfans/
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CORTE NO IMPOSTO IPI CONTINUA VALENDO

 

Foto: Câmara Municipal de Manaus

Por Weslley Galzo – Jornal Estadão

Decreto do Governo permitiu redução do IPI para produtos não concorrentes com os da Zona Franca de Manaus

BRASÍLIA – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem revogar uma medida cautelar concedida por ele próprio, em maio deste ano, que havia suspendido a redução da cobrança do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).

A decisão do ministro faz voltar a valer o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que permitiu a redução do IPI apenas para produtos que não concorram com os da Zona Franca de Manaus. Moraes entendeu que, após a cautelar, a Advocacia-Geral da União e o presidente ampliaram o conjunto de informações disponíveis no processo.

Amazonas é o Estado mais dependente de sua capital: Manaus, com sua Zona Franca, contribui com 77,7% do PIB estadual
Amazonas é o Estado mais dependente de sua capital: Manaus, com sua Zona Franca, contribui com 77,7% do PIB estadual Foto: Divulgação

O Ministério da Economia informou ao STF ter aprovado um novo decreto, em agosto deste ano, que garantiu a redução de 35% no IPI da maioria dos itens fabricados no Brasil sem tirar a competitividade dos bens produzidos no polo amazônico.

A decisão anterior de impedir a redução do IPI foi dada por Moraes em ação apresentada pelo partido Solidariedade.

Segundo o Solidariedade argumentou à época, a redução do imposto afetaria o “equilíbrio na competitividade”, “haja vista que retira o incentivo fiscal compensatório para se produzir no coração da Amazônia e assim ocupá-la economicamente e afastar a cobiça internacional”, colocando-se em risco “a sobrevivência econômica de todo um Estado”.

Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), o novo decreto restabelece alíquotas sobre 170 produtos também fabricados na Zona Franca de Manaus, o que representaria um índice superior a 97% de preservação de todo o faturamento ali instalado. No polo industrial amazônico, são fabricados eletrodomésticos, veículos, motocicletas, bicicletas, TVs, celulares, aparelhos de ar-condicionado, computadores, entre outros produtos

LULA INSULTOU BRASILEIROS QUE COMPARECERAM NAS MANIFESTAÇÕES DE 7 DE SETEMBRO

 


  1. ESTADÃO
  2. POLÍTICA

J.R. Guzzo – Jornal Estadão

Petista trata eleitores que não estão do mesmo lado como inimigos ao associar manifestações do 7 de Setembro à Ku Klux Klan

São Bernardo do Campo SP 15 11 2020-O ex presidente Luis Inacio Lula da Silva votou em ABC hoje pela manhã. foto Ricardo Stuckert

ex-presidente Lula, que promete todos os dias “devolver” a paz, a concórdia e a alegria ao Brasil, disse que as imensas manifestações de massa em favor do presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, com mais de 1 milhão de pessoas nas ruas de todo o País, foram uma “reunião da Ku Klux Klan”, a infame sociedade secreta americana que se transformou em símbolo do racismo mundial. Isso mesmo: todo aquele mar de gente, de todas as condições sociais e etnias, que cobriu as cidades brasileiras de verde e amarelo, se resumiu a um encontro de desajustados racistas. É possivelmente o pior insulto jamais feito ao povo brasileiro por um político. Havia uma multidão na rua, manifestando em paz e em ordem suas preferências políticas – um direito que é assegurado a todos os cidadãos pela Constituição Federal do Brasil. Mas, para Lula, eram todos bandidos.

Manifestantes durante desfile cívico-militar no 7 de Setembro em Brasília em comemoração do bicentenário da Independência
Manifestantes durante desfile cívico-militar no 7 de Setembro em Brasília em comemoração do bicentenário da Independência Foto: Wilton Junior/Estadão

É esse, exatamente, o julgamento público que Lula faz dos brasileiros que não concordam com ele – são marginais, gente indesejável que comete o crime coletivo de sair à rua para exibir as taras políticas do seu racismo e outras deformidades. É esse o amor que ele prega em sua campanha eleitoral – e essa a compreensão que tem pelos milhões de brasileiros que não querem votar nele. Lula afirma, o tempo todo, que o seu adversário nas eleições presidenciais provoca a “divisão” do povo, prega o ódio e não respeita opiniões contrárias. E ele? Chamar os manifestantes do 7 de Setembro de fanáticos da Ku Klux Klan (ou “Cuscuz Klan”, como disse) seria por acaso um gesto democrático diante de posições diferentes das suas – ou um apelo à união, ou uma mensagem de paz? É claro que não. O candidato do PT, com essa agressão às multidões que levantaram a bandeira do Brasil e as cores nacionais na comemoração dos 200 anos da independência, mostrou o tamanho exato do seu desrespeito pelo eleitorado brasileiro; quem não está do mesmo lado é inimigo, e não um ser humano que exerce o seu direito a ter opiniões próprias. Parece uma prévia, também, do tratamento que reserva em seu governo, caso vença as eleições, para quem preferiu o outro candidato.

Lula não está sozinho em sua decisão de separar os brasileiros em apenas duas categorias: lulistas de um lado, delinquentes de outro. O ministro Luís Roberto Barroso, que como todo o resto do STF não para de falar em democracia, disse que as manifestações do Sete de Setembro seriam úteis para se calcular o número exato de fascistas no Brasil. Para ele, o cidadão que exerce o direito de expressar suas convicções indo à praça pública, como ocorreu nas manifestações pró-Bolsonaro, é um amaldiçoado político; declarar voto num candidato legítimo à presidência da República, na opinião do ministro, é uma demonstração de “sentimento antidemocrático”. É este o tipo de conduta imparcial que se pode esperar hoje da alta justiça brasileira.

POLÍTICAS MONETÁRIAS DE UM PAÍS

 

Alison Correia, um dos principais influenciadores de finanças do Brasil e CEO da TopGain

Especialista em finanças explica como as políticas monetárias estão em todos os lugares

O que passa na sua cabeça quando você ouve o termo “política monetária”? Provavelmente algo muito complicado, distante da sua realidade ou até mesmo, algo do governo. Apesar do nome complicado, a política monetária de um país está em todos os lugares: no preço que você paga no mercado, nos boletos que você quita e até mesmo, nas suas compras do cartão de crédito.

Para explicar melhor sobre esse termo, conversamos com o especialista Alison Correia, um dos principais influenciadores de finanças do Brasil e CEO da TopGain, plataforma informativa sobre investimentos. “Assim como todos nós precisamos controlar os nossos ganhos e gastos e estabelecer metas de investimento, um país também precisa. E para isso, damos o nome de política econômica”, explica.

A política econômica é formada basicamente por três pilares: política fiscal, política cambial e a política monetária. A política fiscal é o orçamento de um país, ou seja, seu controle de receitas e despesas. Já a política cambial é a relação financeira do país com outros países, isto é, como ele administra o câmbio dentro do seu território. 

A política monetária é responsável por controlar o dinheiro que circula no país, que não pode ser excessivo, elevando a inflação, nem pouco, que pode disparar a busca por empréstimo e aumentar os juros. Por isso, podemos dizer que se o Brasil fosse uma pessoa física, por exemplo, a política econômica seria sua planilha de controle financeiro. “Esses pilares servem para equilibrar as contas de um país e evitar problemas como inflação alta, desemprego e economia parada.”, completa Correia.

Em outras palavras, cada pilar da política econômica cuida de um aspecto da economia e a política monetária cuida da forma como o dinheiro circula no país. Dinheiro demais faz com que a inflação dispare. A inflação é, basicamente, um aumento generalizado dos preços de bens e serviços pela maior quantidade de dinheiro em circulação. Ela diminui o poder de compra das pessoas e responde aquela velha pergunta da infância “não é só imprimir mais dinheiro?” Não. Afinal, ao imprimir, mais dinheiro estará circulando no país e a inflação irá nas alturas.

Por outro lado, dinheiro de menos faz com que as taxas de juros disparem. A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, de maneira simplificada. Ela define o valor a ser pago pelo dinheiro e é usada para controlar a inflação. Ela é definida e calculada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, a cada 45 dias. Em 2019, por exemplo, a Taxa Selic foi uma das menores da história. Quando a Selic é alterada para baixo, os rendimentos dos investimentos atrelados a ela também caem. Isso faz com que os custos dos bancos diminuam também e é provável que os juros cobrados por empréstimos, por exemplo, caiam junto. O oposto acontece quando a Selic aumenta. No entanto, pode acontecer do banco não repassar essas quedas da Selic para o consumidor final, aumentando assim o seu spread, ou seja, seu lucro.

“É preciso ter em mente que a política monetária principal de qualquer banco central, de qualquer país, é equilibrar o ecossistema que lhe beneficia. Eles não foram criados para beneficiar as pessoas e sim, para fazer com que as contas do governo estejam superavitárias, ou seja, com mais arrecadação que despesa”, esclarece o especialista, que compartilha diariamente sua visão do mercado nas redes sociais e ensina seus seguidores questões técnicas do ramo.

Saber como funcionam as políticas econômicas e cada um dos seus pilares é essencial para entender o seu comportamento com o dinheiro que você ganha e que você gasta. Quando você entende o que está por trás de uma ação – aumento da Selic para controlar a inflação, por exemplo – é possível estudar qual é a melhor direção para o seu dinheiro. Para ensinar melhor sobre o mercado financeiro, Alison Correia também realiza operações reais ao vivo para uma melhor interação e aprendizado dos alunos em seu Instagram @alisoncorreia.

Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?

Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)

Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local, pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer “milão” é “caro demais”.

Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A lógica deveria ser justamente a inversa.

Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.

O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR DIA!).

Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.

Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?

Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?

Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?

Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?

Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…

Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Absolutamente nenhuma além da internet.

E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?

Marketing Digital é barato, mas não é de graça.

Vamos fazer uma conta de padaria:

Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?

Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.

Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.

Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.

Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.

Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno de R$ 5,51.

Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.

Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…

E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.

Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números disparados na frente do marketing tradicional.

Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.

Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?

Deixo a reflexão.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

BOLSONARO VAI AOS FUNERAIS DA RAINHA ELIZABETH E TAMBÉM À ONU

 

Agenda internacional

Por
Rodolfo Costa
Brasília


Bolsonaro durante seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU em 2019: presidente discursará novamente na terça-feira (20)| Foto: Alan Santos/PR

O comitê da campanha de Jair Bolsonaro (PL) acredita que a agenda internacional que o presidente cumprirá na próxima semana possa beneficiar sua candidatura à reeleição. Ele irá ao funeral da rainha Elizabeth II, em Londres, na segunda-feira (19), e no dia seguinte discursará na 77ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

A campanha espera que os compromissos no exterior transmitam a Bolsonaro uma imagem de prestígio enquanto chefe de Estado e candidato à reeleição, a despeito de serem agendas do presidente da República.

Em relação ao funeral da monarca britânica, coordenadores eleitorais asseguram que o intuito não é usar a cerimônia como plataforma eleitoral. Admitem, porém, que, do ponto de vista pragmático, é uma chance para realçar a imagem de estadista do presidente ao aproveitar a exposição natural que receberá da imprensa.

Quanto à presença na Assembleia-Geral da ONU, a campanha admite que é uma oportunidade clara para Bolsonaro usar como palanque eleitoral. Não à toa, interlocutores do núcleo político antecipam que a ideia é fazer um discurso voltado para o público interno.

O que esperar da presença de Bolsonaro no funeral de Elizabeth II
A ida de Bolsonaro ao funeral de Elizabeth II cumpre uma formalidade diplomática. Ele comparecerá à cerimônia na Abadia de Westminster, em Londres, junto de outros chefes de Estado, bem como políticos e a família real britânica. A primeira-dama Michelle Bolsonaro deve acompanhar o marido.

Depois do funeral, o caixão será levado em procissão para o Castelo de Windsor, onde será sepultado. O enterro será na Capela de São Jorge, no terreno do castelo. O corpo da monarca será colocado ao lado do marido, o príncipe Philip; do pai, o rei George 6º; da mãe, a rainha-mãe Elizabeth; e da irmã, a princesa Margaret.

A estadia de Bolsonaro será curta, mas relevante. Para o comitê da campanha, será importante para realçar o status de chefe de Estado da maior economia da América Latina e a importância que o país tem no cenário internacional. Cientes de que a cerimônia terá a cobertura da imprensa, coordenadores eleitorais vislumbram otimistas de que a exposição midiática permitirá à população brasileira e eleitores em potencial conferir a interação do presidente com os chefes de outros países.

Para isso, ele terá de dar uma pausa na agenda de campanha eleitoral. No sábado (17), Bolsonaro visita Pernambuco e havia a possibilidade de ele permanecer no estado até domingo (18). Mas isso foi descartado após o Itamaraty receber o convite para o funeral de Elizabeth II. O presidente embarca para Londres na noite de sábado.

Na última segunda-feira (12), ele visitou a embaixada do Reino Unido, em Brasília, para assinar o livro de condolências pela morte da rainha. O presidente estava acompanhado da primeira-dama.

A ida de Bolsonaro será curta e, portanto, é imprevisível saber se haverá espaço para um encontro com a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, mas algum encontro bilateral é “sempre possível”, disse o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Itamaraty, embaixador Paulino Franco.

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (15) para falar sobre a Assembleia-Geral da ONU, Franco esclareceu não ter informações sobre a agenda de Bolsonaro em Londres. Mas destacou que, “em havendo a possibilidade de encontros” na capital inglesa, uma conversa “é sempre do interesse de outros líderes europeus e do presidente”. “[Mas] não sei se permitirá uma flexibilidade grande para encontros. Será tudo com o passar muito marcado”, ponderou.

Como será a agenda de Bolsonaro na ONU
Na noite de segunda-feira (19), Bolsonaro embarca para Nova York, onde será o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (20). O pronunciamento será voltado para o público interno como uma estratégia eleitoral, admitem interlocutores do núcleo político da campanha.

O objetivo é converter votos de eleitores hoje dispostos a votar em alguma candidatura da terceira via e convencer a escolha da parcela indecisa do eleitorado. Para isso, interlocutores admitem que trechos do discurso podem ser usados dentro da estratégia de comunicação eleitoral nas redes sociais.

Segundo coordenadores eleitorais, o discurso terá como foco exaltar o legado do governo e deve contemplar pontos abordados nos outros anos. Para isso, serão destacados diferentes temas, como: a recuperação econômica e dos investimentos; os esforços ao combate à pandemia da Covid-19 e à guerra na Ucrânia; as ações do governo pela defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável; e a importância do Brasil para a segurança alimentar mundial.

O objetivo é apresentar o governo como o responsável por ter colocado o país no rumo de uma economia liberal que evitou maiores danos causados pela pandemia, pela guerra na Ucrânia, e como sua atuação coloca o Brasil em um papel de destaque na América Latina e no mundo. A meta é transmitir a imagem de que a gestão zelou pelos empregos, pela vida e sempre defendeu as liberdades.

Na coletiva de imprensa sobre a participação da delegação brasileira na ONU, o embaixador Paulino Franco esclareceu que, em última instância, a construção do texto final do discurso cabe à Presidência da República. Ele reconheceu, porém, que o Itamaraty preparou subsídios e sugestões que embasam uma “prestação de contas” à comunidade internacional, com ideias sobre a pandemia, o conflito na Ucrânia, e acerca do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.

Sobre a hipótese de um discurso ao público interno, Paulino acredita que o presidente “separará as duas coisas”, mas entende que ele não pode “deixar de ser, também, um candidato à reeleição”. “A separação é necessária, mas mas nem sempre é perfeita. Depende da ocasião, do momento e da interlocução que os líderes tenham com outros líderes”, ponderou o secretário de Assuntos Multilaterais Políticos.


Agenda de viagens pode trazer bônus internos e externos à campanha
A análise feita reservadamente por interlocutores da campanha sobre os possíveis ganhos eleitorais da agenda de viagens de Bolsonaro é endossada pelo deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e ex-vice-presidente do colegiado.

Para o parlamentar, Bolsonaro ganha não apenas no âmbito interno, mas também externo, a começar pela possibilidade da construção da ideia de um estadista. “Que, até agora, diria que a mídia tem feito de tudo para descredenciá-lo”, criticou Orleans e Bragança. Para ele, a agenda externa será uma oportunidade para contrapor a opinião pública mundial que constrói uma uma imagem “totalmente inverídica” do presidente.

“E que precisa ser debelada com ações como essa. Não apenas pela presença, mas também pela comunhão de alguns rituais e valores da comunidade internacional. Uma vez se mostrando com deferência, respeito, isso só ajuda a opinião pública externa com relação ao presidente e também tem impactos internos também”, opinou.

Do ponto de vista da política externa, a agenda permite a Bolsonaro ganhar capital diplomático ao assumir um compromisso com a comunidade internacional. “É uma sinalização de que ele está aberto ao diálogo, mas acho que a postura diplomática e também comercial e estratégica que o presidente conduz tem sido um dos pontos fortes do governo”, elogiou.

Para o parlamentar, a política de Bolsonaro inaugurou uma nova vertente “soberanista” que recolocou o Brasil em um nível de respeitabilidade internacional. “Porque a gente é um país vassalo das vontades de outros que se julgam mais poderosos e sofisticados, mas o presidente deu um ‘tapa na mesa’ e está se posicionando. E ninguém mais brinca com o Brasil nesse sentido, e isso é fundamental”.

Sob a ótica da política interna e eleitoral, Orleans e Bragança entende que as viagens ajudam Bolsonaro a convencer uma parcela do eleitorado que, hoje, está com candidatos da terceira via. “Por uma questão identitária, muitos não gostam do jeito do presidente por achá-lo cáustico e informal para o cargo. Essa parcela da opinião pública que tentou se construir na terceira via não vota no presidente”, disse. “Mas com ele se posicionando internacionalmente como o chefe de Estado que sei que consegue ser, essas opiniões somem ou são reduzidas a nada”, acrescentou.

O especialista em relações internacionais Thales Castro, coordenador do curso de ciência política da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), concorda com a análise de que a candidatura pode ser fortalecida com as viagens. “Sem dúvidas é possível obter apoio ao mostrar que tem prestígio ao estar no meio de grandes líderes mundiais no funeral da rainha. Isso desconstrói a narrativa da esquerda de que Bolsonaro não tem prestígio internacional e que a imagem do Brasil está prejudicada”, disse. “Já o discurso na ONU garante a ele palanque para falar ao público doméstico”, completou.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/como-ida-onu-funeral-rainha-inglaterra-ajuda-campanha-bolsonaro/
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TSE PROÍBE DIVULGAÇÃO DAS IMAGENS DE 7 DE SETEMBRO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), fala diante de centenas de seus apoiadores durante manifestação do 7 de Setembro.| Foto: EFE/Joedson Alves

Faz algum sentido que um candidato a cargo público seja impedido de usar imagens de comícios, atos que demonstram a dimensão do apoio popular que ele tem, em suas peças de propaganda eleitoral? Pois o Tribunal Superior Eleitoral acaba de decidir que sim: por unanimidade, na terça-feira, a corte manteve a liminar concedida pelo ministro Benedito Gonçalves no sábado, proibindo que Jair Bolsonaro use as imagens dos eventos do Sete de Setembro em Brasília e no Rio de Janeiro em seu material de campanha. Uma decisão que foi muito além do razoável e do que poderia se justificar em uma situação como essa.

Na liminar, Gonçalves – aquele mesmo que foi flagrado conversando muito amistosamente com Lula na recente posse de Alexandre de Moraes como presidente do TSE – determinou que a campanha de Bolsonaro deve “cessar a veiculação de todo e qualquer material de propaganda eleitoral, em todos os meios, que utilizem imagens do Presidente da República capturadas durante os eventos oficiais de comemoração do Bicentenário da Independência, atos realizados em Brasília/DF e no Rio de Janeiro/RJ no dia 07/09/2022”. No entanto, apesar de a decisão se referir a “eventos oficiais”, o entendimento que vem sendo aplicado é o de que mesmo as imagens dos atos de campanha, que já não tinham caráter oficial, também não podem ser utilizadas.

O trabalho da corte eleitoral é o de impedir vantagens indevidas, e não o de impor desvantagens indevidos

A alegação da coligação encabeçada pelo PT, que foi ao TSE solicitar a proibição do uso das imagens, é a de que ambos os atos, o oficial e o de campanha, se tornaram uma coisa só, bancada com dinheiro público. No entanto, a afirmação não se sustenta por motivos muito evidentes. A comemoração do Bicentenário da Independência – esta, sim, bancada com recursos públicos – é um evento que consiste em desfile oficial cívico-militar, com a presença de Bolsonaro (portando a faixa presidencial) e outras autoridades em tribuna de honra. Já o comício, ainda que tenha ocorrido logo na sequência do desfile, pode ser claramente distinguido do evento oficial por uma série de circunstâncias: Bolsonaro já não porta a faixa e se desloca para outro palanque “custeado pelo Movimento Brasil Verde e Amarelo”, como afirma a própria liminar, ou seja, sem recursos públicos.

Mesmo a alegação de que Bolsonaro se beneficia, “‘ainda que indiretamente, de toda a estrutura organizada oficialmente’ e que havia atraído pessoas para comemorar o Bicentenário da Independência” não se sustenta; uma vez terminado o desfile cívico-militar – que tradicionalmente atrai muitos brasileiros em inúmeras cidades do país, independentemente de preferência político-partidária –, permaneceu para o comício quem assim o desejou. E não exageramos ao afirmar que boa parte dos presentes à Esplanada dos Ministérios neste Sete de Setembro estava mais interessada em apoiar Bolsonaro que em ver os carros armados e as tropas em desfile. O mesmo raciocínio, em sua inteireza, se aplica aos atos do Rio de Janeiro, onde o trio elétrico foi custeado pelo pastor Silas Malafaia – novamente, segundo o próprio texto da liminar.

Pode-se admitir, em nome do princípio da isonomia, que a campanha de Bolsonaro não possa utilizar as imagens dos atos oficiais, já que participar deles na condição de chefe de Estado é algo que não estava ao alcance de nenhum dos outros candidatos; pode-se, ainda, restringir o uso de imagens feitas pela TV Brasil, que é veículo de imprensa oficial. Mas a interferência do TSE deveria terminar ali. Não há razoabilidade alguma em se impedir a campanha de Bolsonaro de usar as imagens realizadas nos comícios, tanto em Brasília quanto no Rio, caso sejam oriundas de fontes não oficiais, seja de empresas contratadas pela campanha para a produção de vídeos, seja de imagens amadoras fornecidas por apoiadores.

A campanha de Bolsonaro tem evitado usar qualquer imagem do Sete de Setembro para não dar brechas a novas punições do TSE, mas a corte também está se omitindo em sua tarefa de deixar claro qual o alcance exato da liminar confirmada em plenário. No início do julgamento de terça-feira, o advogado Tarcísio Vieira, que representa a campanha de Bolsonaro, questionou se a proibição também se aplicava a tudo o que houvesse ocorrido antes e depois da cerimônia oficial; Gonçalves respondeu dizendo que a questão seria avaliada posteriormente. Da mesma forma, ficou sem resposta um pedido feito antes do julgamento, para que fosse permitido o uso de imagens não oficiais dos atos de campanha (ou seja, excluídos os desfiles cívico-militares). Esse esclarecimento é de suma importância, e é algo que os ministros poderiam muito bem ter definido já enquanto julgavam a liminar de Gonçalves.

O trabalho da corte eleitoral é o de impedir vantagens indevidas, e não o de impor desvantagens indevidos. Enquanto não vier uma definição mais precisa do alcance da decisão do TSE, qualquer outro candidato que tenha realizado comícios em seu apoio no dia da Independência pode usar as imagens do ato como bem entender, menos Jair Bolsonaro. Se o uso de imagens oficiais feitas em eventos oficiais fere de fato a isonomia entre os competidores, a dita “paridade de armas” também sai prejudicada quando um candidato fica impedido de veicular imagens produzidas de forma não oficial em atos de campanha, enquanto aos demais essa possibilidade fica aberta. Se o TSE não for capaz de compreender essa distinção básica, estará se portando como agente político e deixando de lado a necessária imparcialidade.


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