Nesta quarta fiz uma visita aos Correios e recebi relatos de todos os
diretores da empresa: da área financeira, de logística, operações
administrativas, segurança… E descobri uma coisa. Na minha cabeça,
estatal é casa da mãe Joana, os partidos políticos mandam, não é de
ninguém – é “do povo brasileiro”, mas não é de ninguém. Aí só dá
prejuízo, só dá problema.
Mas dava prejuízo, dava problema, era a casa da mãe Joana, era tudo
isso antes de 2019. Não havia dinheiro para a folha de pagamento. Os
Correios foram roubados no seu fundo de previdência; não foi nenhum
funcionário que roubou, foram partidos políticos que roubaram os
funcionários, que estão pagando o prejuízo agora no contracheque.
Mas agora os Correios deram R$ 3,7 bilhões de lucro, o Tesouro
Nacional saiu ganhando, os funcionários saíram ganhando, tiveram
aumento. E a empresa é um sucesso de logística em tudo: diminuiu o prazo
de entrega, tornou-se uma empresa eficiente outra vez, como já tinha
sido há 30 anos ou mais, voltou a estar no topo do prestígio popular e
todo mundo tem orgulho de trabalhar lá.
Qual é o milagre? É muito trabalho, 24 horas por dia, sete dias por
semana; é boa administração, autônoma, sem nenhuma influência de
político ou partido, apenas a vontade de cuidar bem de uma empresa.
Então fica o registro: fui surpreendido ao saber que é possível ter boa
estatal nesse país, desde que bem administrada e sem aparelhamento de
partido político.
Vamos falar um pouquinho de decisões do TSE. Uma boa decisão,
unânime, foi acatar a sugestão das Forças Armadas de fazer testes
aleatórios de urnas em algumas cidades. Pena que não é uma quantidade
maior de urnas; ainda acho que é um número pequeno, mas já é alguma
coisa. Depois que visitei os Correios e vi o sucesso na entrega do Enem,
de todos esses programas que envolveram milhões de brasileiros, eu
disse aos diretores que bem poderiam ser eles a fazer a eleição nesse
país… Enfim, poderia haver mais testes para termos mais segurança e
tranquilidade, mas é o que temos até agora.
Também por unanimidade, o TSE proibiu que a campanha da reeleição do
presidente da República use imagens do Sete de Setembro. Curiosamente,
também na quarta-feira o Tribunal de Contas da União, que é um órgão do
Poder Legislativo, mandou para o arquivo o mesmo assunto do Sete de
Setembro do ano passado, dizendo que não havia nada a investigar porque
não se usou dinheiro público nas manifestações. E agora o TSE veta a
propaganda exatamente pela suspeição de que se usou dinheiro público,
porque as festas foram organizadas pelo poder público.
Mas a manifestação popular foi feita apenas com pessoas que vieram de
graça, que não cobraram nada para vir. Ninguém pagou o ônibus,
sanduíche ou acampamento. Os manifestantes vieram porque quiseram,
convocados pelo presidente. Parece que o TSE quer dizer que o povo não
pode se manifestar espontaneamente, e que essa manifestação espontânea
não pode ser usada a favor do presidente na campanha. Fica muito
estranho – mas eu também admito que, como a lei eleitoral permite que
governadores, prefeitos e presidentes da República e seus vices, sendo
candidatos, não precisam se desincompatibilizar e podem permanecer no
cargo, é preciso ter um cuidado muito grande para evitar que se use a
coisa pública na campanha eleitoral.
O fim do chip físico de operadora no iPhone 14 não foi a primeira vítima da empresa americana
A Apple fez de novo: a nova vítima da empresa é o cartão SIM, mais conhecido como chip de operadora. O iPhone 14 será
vendido sem a tradicional bandeja de chip físico no mercado americano.
Em vez disso, por padrão, o smartphone terá o eSIM, um chip digital que
não pode ser removido por ser uma parte interna do próprio telefone.
O eSIM deu as caras em 2016 em um smartwatch da Samsung. Desde então, vários aparelhos adotaram a tecnologia, incluindo o Apple Watch.
No entanto, no mundo dos celulares, sempre foi a segunda opção, e nunca
a única. A medida impõe uma transição global para o eSIM, uma vez que é
comum tanto entre brasileiros quanto entre turistas de outros países
comprar um iPhone quando viajam aos Estados Unidos.
O que mudou no iPhone
Leitor de CD
A primeira vez que a Apple ajudou a matar uma tecnologia na história
recente foi em 2008, quando a empresa anunciou o MacBook Air. O aparelho
era extremamente fino e foi tirado de um envelope por Steve Jobs
durante a apresentação, algo impensável para a época que era marcada por
laptops espessos e com duração de bateria questionável.
Mas não foi só o design dos notebooks que a Apple mudou. Ela tirou um
componente que era onipresente em computadores até então: o leitor de CD.
Ele sumiu primeiro da linha Air e, mais tarde, de todos os seus
laptops. A medida veio em uma época em que a App Store como a conhecemos
hoje sequer existia. Tudo ainda era embrionário, mas a companhia fez
uma aposta no futuro sem olhar para trás.
Entrada de fone de ouvido
No iPhone 7, em 2016, outra decisão de eliminar uma tecnologia foi ainda mais polêmica. Chegava ao fim o conector de 3,5 milímetros para fones de ouvido.
Essa tecnologia é mais antiga do que pode parecer. O primeiro fone com
fio foi inventado em 1891, pelo engenheiro francês Ernest Mercadier.
Desde então, as mudanças evolucionárias vieram até que o acessório
atingisse o patamar atual.
Os fones de ouvido Bluetooth começaram a nascer em 1989, com a
invenção de Nils Rydbeck, à época, chefe de tecnologia da Ericsson
Mobile. A criação era baseada em versões mais simples que já eram
pesquisadas desde a década de 1960.
A Apple só entrou no negócio de fones de ouvido com Bluetooth a
partir de 2016, o mesmo ano em que optou por tirar o conector de 3,5 mm
do iPhone.
Flash
A tecnologia Flash, da Adobe, também foi um dos
alvos da empresa fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak. O Flash foi
abertamente criticado por Jobs em 2010, em uma carta pública, e apontado
como principal causa de erros nos Macs daquela época.
O Flash foi crucial na web 1.0. Ele permitiu a criação de animações,
apresentações e jogos em uma época que isso era quase impossível de ser
feito para rodar em PCs pouco potentes. Sabe aqueles joguinhos e
apresentações que circulavam em correntes de e-mail? A maioria deles era
feita na tecnologia da Adobe. E a Apple deixou o iPhone sem ela mesmo
assim ainda no começo da década passada.
Para Jobs, o Flash tinha problemas de segurança cibernética, era
menos eficiente para a execução de vídeos do que formato aberto H.264 e a
App Store poderia oferecer o acervo de games que o iPhone precisava.
Além de tudo isso, Jobs ressaltou que o Flash fora criado para os
computadores, consumia muita bateria e não funcionava bem em telas
sensíveis ao toque. De fato, o Flash foi aposentado pela Adobe por ser
uma plataforma datada. Mas a morte do Flash foi lenta e o fim do suporte
aconteceu só no fim de 2020.
Carregador na caixa
A Apple também removeu a tomada do carregador da caixa do iPhone
desde 2020, argumentando o bem que a medida traria ao meio ambiente e a
transição para o uso de tecnologias de carregamento sem fio. No entanto,
essa migração tecnológica ainda não aconteceu e a Apple enfrenta
problemas com órgãos de defesa do consumidor por vender um produto de
alto valor sem a tomada do carregador.
Simone Tebet propõe a mais justa cobrança de tributos dos mais pobres, conforme a análise do Movimento ‘Pra ser Justo’
BRASÍLIA – O movimento suprapartidário “Pra Ser Justo” fez um
mapeamento dos programas de governo e das falas dos quatro
presidenciáveis mais bem pontuados nas pesquisas sob a ótica de uma reforma tributária sobre o consumo e avaliou que Simone Tebet (MDB) é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres, seguida de Ciro Gomes (PDT) e, depois, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A de Jair Bolsonaro (PL) é considerada pelo estudo a mais injusta.
O grupo reúne entidades, instituições, empresários, empreendedores,
especialistas e acadêmicos. Inclui Endeavor, CDPP, CLP e Destrava
Brasil, entidades da sociedade civil empenhadas na reformulação do
sistema tributário brasileiro. Defende uma reforma dos impostos mais
simples e com justiça social: ricos pagam mais, pobres pagam menos.
O movimento analisou as propostas usando como referência sete
princípios mínimos defendidos pelo movimento para uma boa reforma:
unificação dos tributos federais, estaduais e municipais num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de
base ampla, adoção de crédito financeiro, princípio de cobrança no
destino (onde a mercadoria é consumida em vez de onde é fabricada),
existência mínima de benefícios fiscais (como isenções e subsídios) e
menos alíquotas, além da devolução dos tributos para pessoas de menor
renda e manutenção da carga tributária global atual, ou seja, sem
aumento de impostos.
Desigualdades
Líder e porta-voz do “Pra Ser Justo”, Renata Mendes diz que a
prioridade do governo eleito deveria ser uma reforma tributária que
reduza as desigualdades sociais e econômicas. Por isso, o foco na
reforma dos tributos cobrados sobre o consumo (bens e serviços). Eles
representam 44% de tudo que é arrecadado no País, e sua cobrança é
considerada injusta e complexa. Para a população mais pobre, essa
tributação onera 26% do orçamento familiar, enquanto, para os mais
ricos, apenas 10%. Para as empresas, é considerada a mais burocrática e
cara do mundo, entre 141 países. “Nosso papel não é partidário, é o de
trazer uma discussão qualificada e bem mais acessível a todos”, diz
Renata. O movimento apresentou as sugestões para cada um dos
presidenciáveis.
Gerente do “Pra Ser Justo”, Marina Thiago destaca que Simone Tebet é a
candidata até agora que mais traz o tema da reforma tributária com
profundidade ao explicar os seus planos de governo, enquanto Bolsonaro
está no lado oposto. A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes,
também foi monitorada. Guedes tem feito mais menção à reforma de
tributação da renda associada ao financiamento do Auxílio Brasil.
Para o movimento, o programa e as falas de Lula e a sua equipe
indicam a intenção de debater a reforma, mas os posicionamentos de Lula
indicariam que esse ponto pode ter prioridade menor do que outros temas
tributários, como o Imposto de Renda. Por outro lado, o movimento
considera positivo que membros da campanha, como Wellington Dias e Aloizio Mercadante, mencionem a PEC 110, proposta de reforma ampla no Senado, como ponto de partida para as discussões em 2023.
O que mapeou o ‘Pra ser Justo’
• Simone Tebet (MDB)
O programa propõe uma ampla reforma tributária e afirma a intenção de
reavaliar os benefícios fiscais, com metas anuais de redução. Menciona
uma reforma no Imposto de Renda (IR), com a intenção de combater a
desigualdade. Em seus posicionamentos, Simone Tebet e a coordenadora
econômica do programa, Elena Landau, prometem implementar a reforma
tributária nos primeiros seis meses de 2023. Além disso, o programa e os
posicionamentos da candidata estão em linha com a sua trajetória, que é
majoritariamente favorável à reforma. Foi uma das signatárias da PEC
110 e, como presidente da CCJ, cobrou compromisso do governo com a
agenda.
• Ciro Gomes (PDT)
O programa propõe uma ampla reforma tributária sobre o consumo.
Afirma a intenção de reavaliar os benefícios fiscais, com reduções no
primeiro ano de governo, e menciona mudanças em outras bases, como a
tributação de lucros e dividendos no IR e a implementação do imposto
sobre grandes fortunas. Em seus posicionamentos, Ciro Gomes mencionou a
reforma tributária sobre o consumo e o IVA. Apesar de destacar essa
intenção, ele alega haver grandes resistências por parte dos entes
federativos mais ricos, o que demandaria mais articulação durante o seu
governo.
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• Lula (PT)
O programa propõe uma ampla reforma tributária e menciona a intenção
de uma reforma do IR para corrigir as desigualdades. Em suas falas, Lula
menciona a reforma tributária sobre o consumo, mas relembra os desafios
políticos enfrentados no Congresso com as duas propostas que enviou, em
2003 e 2008. Também mencionou a intenção de propor novamente uma rodada
de negociações. Apesar dos posicionamentos favoráveis, em reunião na
Fiesp, o candidato mencionou a possibilidade de propor mudanças menores
por meio de um fatiamento da reforma. O programa e as falas de Lula e
sua equipe indicam a intenção de debater a reforma tributária. Porém,
ainda é sucinto em relação à tributação do consumo, não havendo menção
ao IVA. Os posicionamentos também indicam que esse ponto pode ter uma
prioridade menor que outros temas tributários durante o governo, como o
IR.
• Jair Bolsonaro (PL)
O programa menciona a intenção de realizar reformas estruturantes
para garantir emprego e renda, simplificar a legislação e reduzir a
carga tributária. Mas o programa e as falas de Bolsonaro e sua equipe
ainda não incluem explicitamente a intenção de uma reforma tributária
ampla sobre o consumo, que implemente um Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS), modelo adotado em 170 países e que é recomendado pela OCDE. A
única proposta com maior detalhamento é a correção na tabela do IR para
isentar quem recebe até cinco salários mínimos, em referência ao projeto
de lei 2.337, de 2021, em tramitação – embora esse projeto proponha
atualmente isentar as rendas a partir de R$ 2,5 mil mensais. Em
discursos este ano, tanto Bolsonaro quanto Guedes têm mencionado a
intenção de diminuir tributos da folha de pagamentos.
Rock in Rio usa cão-robô para fazer a segurança do festival. Netflix
entra para o mercado de games. LG lança plataforma de NFT. Essas são
algumas das últimas novidades de grandes marcas.
Perceba como elas apostam em inovações que não necessariamente tem a ver com o core do negócio.
Isso acontece porque não basta oferecer o melhor produto, é preciso
conhecer novos comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo
diferente e inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos
concorrentes.
Por exemplo, o cão-robô do Rock in Rio, usa tecnologia 5G, faz rondas
graças à inteligência artificial implementada nele e detecta eventos
suspeitos. Tudo é reportado em tempo real para os agentes de segurança
(humanos) do festival.
O resultado? Além de facilitar a ronda do evento, virou celebridade,
atraiu o olhar do público e viralizou nas redes sociais (alô,
marketing). Os robôs foram desenvolvidos pela famosa empresa de robótica
Boston Dynamics.
Já a Netflix, que criou um serviço disruptivo, agora tem enfrentado a
concorrência direta (caso você queira se aprofundar, leia este artigo).
Entre várias iniciativas para não ficar para trás, o streaming entrou
para o bilionário mercado de games.
A estratégia está em abocanhar o público gamer, mas também em
oferecer uma nova experiência para os usuários, já que os jogos têm
temas dos títulos do streaming. Ou seja, é uma forma de engajar
espectadores que buscam entretenimento além de filmes e séries.
Por fim, a LG, uma das mais tradicionais marcas, lançou uma
plataforma de NFT (token não fungível) dedicada à compra e venda de
tokens pela televisão. Não à toa. Uma das formas de se manter relevante
no mercado é estar de olho nas inovações do agora e entender como
aplicá-las no negócio.
Inovar não é uma tarefa fácil. Está mais para uma maratona do que uma corrida de 100 metros, né? Mas aqui estão algumas dicas:
Tire as ideias do papel. A melhor maneira para inovar é colocando em
prática. Desta forma e com a análise de dados, você vai entender se de
fato é uma boa ideia e quais pontos deve ajustar.
Use o método 80/20 do Google. Em 80% do tempo, as pessoas focam em
suas tarefas, e nos 20% restantes, a empresa incentiva que elas se
envolvam em projetos de outras áreas e busquem inovação que faça a
companhia crescer. Um dos maiores cases de sucesso dessa metodologia no
Google é o Gmail.
Resumindo
Para inovar, é preciso enxergar além do core da sua empresa. Isso
porque, não basta oferecer o melhor produto, é preciso conhecer novos
comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo diferente e
inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos concorrentes.
Uma boa dica é tirar a ideia do papel e executá-la.
7 empresas que morreram nos últimos anos por não inovar
Entenda como não repetir os erros de companhias gigantes que foram ultrapassadas por inovações
Inovação é o que mantém as empresas vivas. Não há como negar mais
isso. Se a sua empresa não inova, muito provavelmente outra companhia
virá e tomará seu lugar. E o pior: isso também afeta empresas que já
foram grandes inovadoras em seus dias.
Para continuar inovando, empresas podem tomar dois caminhos:
conversar com startups ou criar programas de P&D (pesquisa e
desenvolvimento) dentro de suas casas. Aqui preferimos a primeira opção,
sai mais barato e efetivo para grandes empresas.
Outra opção é conhecer empresas de grande sucesso que foram à
falência por não inovarem. Aqui nós trazemos os grandes cases do mercado
com nomes como Blockbuster, Kodak, Yahoo!, Xerox, MySpace, Atari,
Blackberry, AOL, Nokia e Hitachi. Eles te dão uma noção de como algumas
mudanças de perspectiva poderiam ter salvado – talvez seja o que falta
na sua empresa também.
Conheça 7 empresas gigantes que faliram nos últimos anos:
1. Blockbuster
Esse é um dos casos mais famosos das últimas décadas. Quem não tem
memórias de ir até uma “locadora” para alugar alguns filmes? Bom. Essa
era já morreu e levou a maior franquia desse segmento junto com ela. A
Blockbuster era uma companhia gigante e com uma grande clientela fiel. E
mesmo assim, morreu em pouquíssimos anos, quase de maneira surreal.
As pessoas deixaram de alugar DVDs para assistir através de serviço
de streaming em demanda, como Netflix e Amazon Prime Video (e aqui no
Brasil ainda teve a crueldade da pirataria para completar). Para piorar:
a companhia teve a oportunidade de comprar a Netflix em 2000 e não
comprou – resolveu focar as forças em ser a melhor varejista possível, o
que acabou indo por terra quando as pessoas deixaram de visitar suas
lojas para alugar DVD. Tudo bem, na época a Netflix era só um serviço de
DELIVERY de DVD. A empresa faliu em 2013, depois de patinar por anos. É
ainda mais doloroso saber que ela teve a faca e o queijo na mão, mas
tomou as decisões erradas.
Atualmente, só sobrou uma Blockbuster aberta em todo o mundo – na
cidade de Bent, estado americano do Oregon. Ela continua aberta por dois
motivos: a) saudosistas da região vão para lá, além de muitos turistas e
b) o dono não paga aluguel no terreno da loja. Ou seja, isso atesta que
o modelo de negócios da empresa ruiu completamente, dando lugar a outra
coisa nova e melhor.
2. Kodak
Outra história famosíssima de marca super popular, reconhecida,
praticamente sinônimo de seu setor e que faliu por falta de inovação. Na
década de 1970, a Kodak chegou a ser dona de 80% da venda das câmeras e
de 90% de filmes fotográficos. E na mesma década, ela mesma inventou o
que ia falir a empresa: a câmera digital. E surpreendentemente, ela
ainda foi quase líder neste mercado, quando começou a competir.
Eles poderiam ter ido ainda melhor se tivessem acordado lá atrás. O
que aconteceu é que, prevendo que câmera digital iria prejudicar a venda
de filmes, eles engavetaram a tecnologia. Duas décadas depois, as
câmeras digitais apareceram com força e quebraram a Kodak. Ela até
tentou sobreviver, lançou câmeras digitais, mas seu nome não era mais
sinônimo de fotografia como tinha sido décadas atrás. Faliu em 2012 e
acabou com uma marca famosíssima, que, embora esteja de volta nos dias
de hoje com algumas iniciativas interessantes, não é mais a mesma.
É muito importante lembrar que as empresas que quebraram a Kodak
tiveram uma série de problemas na frente. O caso mais interessante
talvez seja da GoPro, que é extremamente focada em hardware de captação
de imagens. Como o celular passou a fazer esse tipo de trabalho, esse
tipo de companhia também passou a ter problemas, demitindo centenas de
funcionários recentemente. Ou seja, não basta inovar uma vez: precisa
também seguir a inovação.
3. Yahoo!
Em 2005 o Yahoo! era o maior portal de internet do mundo e chegou a
valer US$ 125 bilhões. Pouco mais de 10 anos depois, a companhia foi
vendida por um preço modestíssimo para a Verizon, apenas por US$ 4,8
bilhões. Uma fração dos US$ 44,6 bilhões oferecidos pela Microsoft em
2008, quando a empresa já estava em crise. Tudo isso para sacramentar a
morte da empresa como companhia independente.
Recentemente, a Verizon vendeu seu conglomerado de mídia – que inclui
o Yahoo e a AOL – por US$ 5 bilhões para o fundo de capital privado
Apollo Global Management.
O que deu errado? O posicionamento da companhia e a falta de
inovação. Ela poderia ser o maior portal de pesquisa da internet, mas
decidiram ser um portal de mídia. Foi por isso que não compraram o
Google e não conseguiram comprar o Facebook. Aliás, a primeira
oportunidade de comprar o Google foi por US$ 1 milhão, quando a atual
empresa mais valiosa do mundo era só uma startup.
4. Xerox
Se as outras histórias são mais famosas, essa é a mais espetacular na
minha opinião. Ela não faliu (eu menti para você no título da matéria,
desculpa!), mas vale muito menos do que duas décadas atrás, mesmo sendo
uma das companhias que ajudaram a criar várias tecnologias que usamos
atualmente – com um dos times mais inovadores de toda a história. E seu
nome, que é sinônimo no Brasil de cópia, hoje é muito menos relevante.
O PARC (Palo Alto Research Center) da Xerox tinha objetivo de criar
novas tecnologias inovadoras. E conseguiram: computadores, impressão à
laser, Ethernet, peer-to-peer, desktop, interfaces gráficas, mouse e
muito mais. Steve Jobs só criou a interface gráfica de seus computadores
após uma visita ao centro da Xerox, no coração do Vale do Silício. E
ele não foi o único a “copiar” uma tecnologia deles com o intuito de
lucrar. Muitos outros o fizeram e ganharam bastante dinheiro com as
tecnologias desenvolvidas pela Xerox.
Contudo, um player do mercado pouco aproveitou das tecnologias
desenvolvidas pela companhia: a própria Xerox. Isso é uma prova de que
não adianta ter um time de inovação dentro da sua empresa criando coisas
sensacionais. Inovação também é gestão. Não adianta ter os melhores
inovadores na companhia se seus gerentes não conseguem implementar essas
inovações para o mercado – uma regra de ouro para Larry Page, fundador
do Google.
5. MySpace
A primeira grande rede social dos Estados Unidos, que teve o mesmo
destino do Orkut. O MySpace começou a ganhar fôlego e tração baseada na
ideia de que as pessoas queriam se conectar com outras ao redor do
mundo, dividir fotos e outras mídias. Parecia bacana, mas a plataforma
estagnou.
Pouco tempo depois, o Facebook surgiu do nada e tomou o espaço do
MySpace facilmente, criando inúmeras novas funcionalidades. O Facebook
se tornou muito popular em pouco tempo e roubou todo o espaço que o
MySpace tinha. Foi vendido para um grupo gigante e depois sumiu. Seu
irmão mais novo vale mais de US$ 800 bilhões e é uma das empresas mais
promissoras do mundo.
6. Atari
Outra empresa do Vale do Silício que foi engolida pelos competidores
por produzir produtos de qualidade questionáveis (alguém se lembra do
jogo do ET?). Não bastou criar um mercado gigante de videogames
praticamente sozinha, inovando com o Pong ou com o Atari 2600.
A companhia superaqueceu o mercado de videogames no início da década
de 1980 e chegou a ter que enterrar milhares de fitas não vendidas e
assumir o prejuízo. Quando o mercado se recuperou, outras empresas mais
inovadoras haviam tomado a liderança, como a Nintendo. A Atari até
tentou entrar novamente no mercado, mas nunca mais teve sucesso. Faliu,
ressuscitou, faliu de novo e atual fase da empresa foi vendida em 2008
apenas para manter a valiosa marca viva.
7. BlackBerry
Mais uma grande empresa que faliu recentemente e que você vai lembrar
do que ocorreu. A real inventora do smartphone foi a RIM no começo dos
anos 2000. A companhia chegou a ter mais de 50% do mercado de celulares
nos Estados Unidos, em 2007. Contudo, naquele mesmo ano, começou a sua
derrocada.
O primeiro iPhone foi lançado no dia 29 de junho de 2007. A
Blackberry ignorou as tecnologias que o iPhone estava trazendo, como o
touch-screen e julgou que a empresa nunca seria capaz de se tornar o
standard corporativo por não conseguir lidar com a segurança a nível de
e-mail empresarial.
Mas a Apple dominou o mercado de consumidores pessoas-físicas e
promoveu o BYOD (Bring Your Own Device, traga seu próprio aparelho)
dentro das empresas. Com isso, o mercado foi redefinido e a Blackberry
perdeu quase todo seu marketshare. A empresa faliu e atualmente tenta se
redefinir lentamente, com aparelhos que usam o sistema operacional
Android.
O QUE A SUA EMPRESA PODE APRENDER COM ESSES EXEMPLOS?
A lista de empresas que faliram por falta de inovação vai mais longe,
mas essas 7 representam grande valor histórico e de mercado. A Kodak,
por exemplo, surgiu de uma grande invenção, soube galgar nas inovações
ao longo de anos, mas se sentiu ameaçada pelas câmeras digitais.
E isso não tem a ver só com as adaptações tecnológicas e inovadoras
dentro da empresa, como bem nos mostrou a Xerox. Uma gestão que não
inova, a falta de olhar para o cliente, a não implementação de uma
rotina de aprendizagem contínua, todos esses são fatores que fazem com
que empresas não aguentem.
A questão aqui é: como está a sua empresa neste cenário de mudanças? Ela segue se adaptando ou parou no tempo?
A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma Plataforma
Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um
forte relacionamento com a tecnologia.
Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito
inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades
do mercado.
Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no
modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o
mercado já oferece para se destacar ainda mais.
Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma
ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a
inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a
concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas
funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até
mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.
A inovação é
a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções
criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas
pelo mercado.
Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
“Defeso eleitoral” Renan Ramalho – Gazeta do Povo Brasília
Edson Fachin e Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE,
rejeitaram nove pedidos de publicidade do governo| Foto: Antonio
Augusto/TSE
Desde o início de julho, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) vetou nove dos 28 pedidos do governo Jair Bolsonaro já
analisados para veicular campanhas institucionais, propagandas e
pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV sobre suas ações. Pela
Lei Eleitoral, nos três meses que antecedem a eleição (período conhecido
como “defeso eleitoral”), a administração federal é obrigada a submeter
à Corte as peças de publicidade que pretende divulgar nos meios de
comunicação, na internet, nas redes e nas ruas.
Isso porque, nesse período, a norma proíbe aos agentes públicos
anunciar atos, programas, obras, serviços e campanhas “salvo em caso de
grave e urgente necessidade pública”, exceção que deve sempre ser
aferida pela Justiça Eleitoral. No caso do governo federal, essa decisão
cabe ao presidente do TSE. Um levantamento feito pela reportagem mostra
que de 2 julho para cá, os ministros Edson Fachin e Alexandre de
Moraes, que ocuparam o cargo desde então, reconheceram urgência e
gravidade para autorizar 19 campanhas e rejeitar nove.
Nesse último grupo, há quatro pedidos do governo para autorizar o
ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a realizar pronunciamentos no
horário nobre, em todos os canais de TV e emissoras de rádio, para
incentivar a população a se vacinar contra a poliomielite, a rubéola, o
sarampo, a febre amarela e a varíola dos macacos.
Há ainda um pedido rejeitado para veiculação de campanha de vacinação
contra a raiva animal; duas campanhas vetadas para convocação de
formandos na área de saúde para o serviço militar obrigatório; outras
duas campanhas ligadas ao Dia Nacional do Consumo e outra de alerta à
população sobre cuidados em áreas de dutos da Transpetro.
Vetos a pronunciamentos sobre a vacinação No primeiro pedido por
pronunciamentos a favor da vacinação, a Secretaria de Comunicação
(Secom) apontou utilidade pública, no sentido de “reduzir o risco de
reintrodução do poliovírus e garantir proteção contra diversas doenças
imunopreveníveis”. Inicialmente, o governo pedia que o pronunciamento
fosse realizado no dia 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde.
Fachin, no entanto, rejeitou esse primeiro pedido, por entender que
não foi demonstrada gravidade ou urgência num pronunciamento de
“comemoração ao Dia Nacional da Saúde”. “Trata-se, enfim, de uma
comemoração e não de situação que agasalhe providência informada pelo
caráter de gravidade ou, tampouco, urgência”, diz a decisão, assinada em
28 de julho.
No dia 2 de agosto, o ministro Fachin autorizou o lançamento da
Campanha Nacional de Poliomielite e de Multivacinação 2022, para
veiculação de propagandas na mídia, entre 8 de agosto e 9 de setembro,
para convocar os pais a vacinarem os filhos. Neste caso, que não
envolvia um pronunciamento, ele verificou “interesse público, na medida
em que assegura o direito à informação e à saúde e oportuniza acesso às
vacinas, contribuindo para o aumento das coberturas vacinais e
eliminação das doenças imunopreveníveis”.
Ainda assim, o governo insistiu na tentativa de fazer um
pronunciamento. Num novo pedido, submeteu o texto que seria lido por
Queiroga, em que ele enaltece o sucesso e a abrangência do Programa
Nacional de Imunizações (PNI), que erradicou a poliomielite em 1989, e
alerta para o perigo de ressurgimento da doença, que causa paralisia
infantil.
“Precisamos agir agora, para evitar a reintrodução de enfermidades
como a poliomielite e a rubéola, bem como controlar casos de sarampo e
febre amarela […] Quero me dirigir, especialmente aos pais e mães deste
Brasil, e convidá-los a levar seus filhos aos postos de vacinação. Não é
aceitável que pessoas, especialmente as crianças, adoeçam e morram de
enfermidades para as quais já existe vacina há muitos e muitos anos. É
fundamental o empenho de todos, dos governos e da sociedade, para
recuperarmos os altos índices de vacinação e protegermos todos os
brasileiros”, diziam trechos do pronunciamento.
O objetivo é que ele fosse exibido nos dias nos dias 9, 10 ou 11 de
agosto. Fachin, no entanto, negou o pedido, pois considerou que a tônica
do discurso não era a vacinação, mas outras partes que narravam a
atuação do Ministério da Saúde “no passado remoto e próximo, além de
renovar a pretensão de manifestar-se sobre o Dia Nacional da Saúde”. Por
fim, argumentou que a Constituição “desautoriza a personificação de
programas da administração pública federal”, especialmente no período
das eleições.
Ainda em agosto, a Secom tentou pela terceira vez autorização para o
pronunciamento, desta vez junto a Alexandre de Moraes, que assumiu a
presidência do TSE no dia 16. O órgão apresentou um texto semelhante,
mas mais enxuto. Moraes, no entanto, rejeitou, lembrando que uma
campanha de mídia com as informações sobre a vacinação já havia sido
autorizada por Fachin, “inexistindo a necessária demonstração da
gravidade ou urgência que justifiquem a aparição da figura do Ministro
da Saúde em cadeia nacional”.
O novo presidente do TSE repetiu o argumento do antecessor contra a
personificação e que havia intuito “nitidamente político-eleitoral”,
especialmente em trechos em que o ministro exaltava o SUS, o PNI e na
saudação final, em que diria “Deus abençoe o nosso Brasil!”.
No dia 22 de agosto, Moraes ainda negou outro pedido de
pronunciamento, desta vez para incentivar a vacinação contra a varíola
dos macacos.
A Secom apontou a existência de mais de 2 mil casos no país, a
situação de emergência internacional e a necessidade de manifestação do
ministro da Saúde para evitar o “desespero coletivo da sociedade diante
do temor de uma doença desconhecida”. “A inserção do pronunciamento, em
tom de alerta e esclarecimento, com informações claras e objetivas, tem o
potencial maior de despertar a conscientização da população sobre os
cuidados, prevenção e as orientações em caso de sintomas e de
confirmação da doença – ações individuais essenciais para a proteção da
saúde coletiva e de extrema importância neste momento”, argumentou o
órgão. O plano era veicular o pronunciamento nos dias 18, 19, 20 ou 21
de agosto.
Moraes, no entanto, rejeitou, novamente alegando que uma campanha com
peças publicitárias já havia sido autorizada, se opondo à aparição do
ministro, com base no princípio da impessoalidade.
Além desses pronunciamentos, o TSE inicialmente também vetou a
veiculação de uma campanha de vacinação contra a raiva animal. Em 15 de
agosto, um dia antes de deixar o comando do tribunal, Edson Fachin
observou que as propagandas começariam no dia 10, mas que não haveria
data final, o que, segundo ele, prejudica a análise sobre a gravidade e
urgência. Depois, verificou que, nos últimos 12 anos, foram notificados
somente 45 casos de raiva em humanos. O governo recorreu e, só no dia 1º
de setembro, 20 dias depois do marco inicial para veiculação da
campanha, Alexandre de Moraes a autorizou, ao verificar que só neste ano
foram registrados cinco casos, levando à morte três adolescentes e duas
crianças, sendo quatro indígenas.
VEJA TAMBÉM: Próximo presidente continuará governando por medida provisória. Por que isso é ruim Em 2022, PT tem 13 candidatos aos governos estaduais. Quais têm chances de vencer? Tempo para abrir empresa no Brasil caiu 82% em três anos. Quais os estados mais rápidos Campanhas autorizadas pelo TSE, mas com restrições
Dos 28 pedidos de publicidade institucional do governo analisados até
a última sexta-feira (9), data de fechamento desta reportagem, o TSE
havia autorizado a veiculação de 19 campanhas, sendo 11 por parte de
Edson Fachin e oito por parte de Alexandre de Moraes.
Na área de saúde, foram permitidas a divulgação de propagandas
informativas – mas sem pronunciamentos – sobre a vacinação contra
diversas doenças, como Covid, hepatites virais, poliomielite e varíola
dos macacos. Também foi autorizada campanha a favor da amamentação.
Na área da educação, foram liberadas campanhas para avisar estudantes
sobre datas e formas de inscrição no Prouni (programa de bolsas de
estudo no ensino superior), para adesão ao Fies (que concede empréstimos
para pagamento de mensalidades em faculdades privadas), de ingresso no
Instituto Federal Catarinense (escola técnica profissionalizante), para
provas do Encceja (exame que certifica adultos nos ensinos fundamental e
médio) e para inscrição de graduandos em medicina em residências
médicas.
Também foram permitidas campanhas sobre o Censo 2022, de alertas
sobre incêndios, de pagamento de taxas em áreas da União ocupadas por
particulares, e também da comemoração do Bicentenário da Independência.
Todas essas autorizações, no entanto, vieram acompanhadas de uma
série de restrições do TSE. Em praticamente todas, não se permite menção
ao governo federal e, em várias, a propaganda sequer poderia divulgar o
endereço eletrônico gov.br, que disponibiliza uma série de serviços
online para os cidadãos. Os ministros permitiram apenas a aparição do
ministério responsável pelo programa e do link específico para ele na
internet.
Em algumas decisões, Fachin afirmou que a menção ao governo federal
implicaria em promoção da atual gestão de Bolsonaro, o que provocaria
desequilíbrio na disputa eleitoral. Moraes agiu de forma semelhante, em
alguns casos, proibindo até que o endereço na internet do serviço
contivesse a abreviação “gov”.
“Defiro a liminar para autorizar a veiculação da referida publicidade
institucional, permitida apenas a identificação do Ministério da Saúde,
órgão responsável pela campanha, devendo ser afastada no material
publicitário, porém, a alusão a sítio da internet contendo, mesmo de
forma abreviada, menção ao ‘governo’”, decidiu o ministro, por exemplo,
ao autorizar a campanha de incentivo à dose de reforço da vacina contra a
Covid.
Dentro do governo, a avaliação é que essas restrições são exageradas e
podem prejudicar o acesso fácil a informações úteis para o atendimento
nos serviços públicos. A proibição de pronunciamentos também é
criticada, pois considera-se que uma manifestação verbal do ministro tem
muito mais peso, abrangência e eficácia para incentivar a vacinação.
Congresso Nacional tem se empenhado em encontrar formas de se
apropriar de parcelas ainda maiores do Orçamento da União.| Foto: Pedro
França/Agência Senado
Quando a população vai às urnas e elege um novo governo, espera que o
eleito seja capaz de implantar o programa que apresentou durante a
campanha eleitoral. Isso pode ser feito por meio da escolha de ministros
e outros cargos de primeiro escalão, mas também por meio de
investimentos e gastos naquilo que o governante considera prioritário.
Ao menos deveria ser assim, mas no caso brasileiro qualquer presidente
da República, independentemente de viés político-ideológico, tem uma
margem estreitíssima de escolha: de todo o Orçamento da União, apenas 6%
está genuinamente à disposição do governante para usar naquilo que
considerar mais importante – todo o resto está comprometido em despesas
de execução obrigatória ou cuja escolha não está nas mãos do Executivo, e
sim do Legislativo.
O engessamento é fruto da “sociedade de desconfiança” em que vivemos,
na qual sempre se pressupõe o pior da parte dos representantes eleitos –
embora seja preciso dizer que não poucas vezes eles efetivamente dão
razões para tal. Estipula-se porcentagens mínimas de investimento em
saúde e educação porque se imagina que, sem tal exigência, os gestores
deixarão esses serviços à míngua; as emendas parlamentares tornam-se
impositivas porque, do contrário, elas serão usadas como ferramenta de
barganha em que a liberação é trocada por apoio em votações importantes
(como de fato já o foram em muitas ocasiões). Em uma “sociedade de
confiança”, pelo contrário, um gestor seria livre para alocar os
recursos públicos onde considerasse necessário, e seria devidamente
punido pelo eleitor quatro anos depois caso não investisse bem;
Executivo e Legislativo dialogariam com liberdade sobre os gastos
considerados importantes pelos parlamentares, sem imposições nem
barganhas.
O teto de gastos força gestores a compreender que o dinheiro público
não é infinito e que, por isso, é preciso fazer escolhas, uma tarefa que
políticos detestam porque sempre deixa insatisfeitos
Em vez de o país trabalhar para chegar a este nível, prefere-se o
caminho mais fácil do engessamento, deixando-se essa margem mínima – uma
das menores do mundo – para os gastos discricionários do governo,
enquanto todo o resto é engolido por despesas “carimbadas” pela
Constituição, por outras leis e pela vontade dos congressistas, que
tentam reduzir ainda mais essa margem e se apropriar de parcela ainda
maior do Orçamento. O instrumento mais recente é o das “emendas de
relator”, uma ferramenta que existe para pequenas correções de caráter
técnico no Orçamento, mas que nos últimos anos se transformou em uma
imoralidade que envolve dezenas de bilhões de reais. O Congresso já
tentou transformá-las em impositivas no Orçamento de 2020, e o acinte
foi tanto que até um notório adversário do governo, como o senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apoiou o veto presidencial afirmando que
havia um “golpe parlamentarista” em andamento. Para o Orçamento de 2023,
o caráter impositivo dessas emendas voltou a ser sugerido, mas sem
sucesso.
Como, então, desengessar o Orçamento? O alvo mais óbvio tem sido o
teto de gastos, o instrumento de ajuste fiscal aprovado em 2016 e que
limita a despesa global do governo, corrigindo-a apenas pela inflação. O
teto, no entanto, está longe de ser o problema. Pode-se até argumentar
que aprová-lo antes das reformas da Previdência e administrativa não foi
a melhor ideia, e que teria sido melhor primeiro reduzir no médio e
longo prazo parte importante dos gastos “carimbados” aprovando tais
reformas, para só então impor o teto. Mas ele efetivamente impede que
governos gastadores comprometam o futuro do país e garante que eventuais
receitas extraordinárias sirvam para reduzir a dívida pública, em vez
de serem torradas, não raro contratando-se despesas permanentes. Não nos
passa despercebido o fato de que o próprio teto de gastos também é, de
certa forma, sintoma da “sociedade de desconfiança”, pois traz embutido o
pressuposto de que, sem esse freio, governantes gastarão como se não
houvesse amanhã; é preciso trabalhar para que ele um dia se torne
desnecessário, com gestores empenhados em tratar com respeito o dinheiro
tomado do contribuinte brasileiro.
Mas, enquanto isso não ocorre, o país precisa aprender a aplicar
uma das virtudes do teto: ele força gestores a compreender que o
dinheiro público não é infinito e que, por isso, é preciso fazer
escolhas. Essa é tarefa que políticos detestam, pois tais escolhas
sempre deixarão alguém descontente – aliados, grupos de pressão,
corporações; sempre é muito mais simples elevar a despesa para que todos
saiam satisfeitos. E será possível fazer melhores escolhas se
finalmente as reformas que atacam o gasto público forem realizadas, em
conjunto com a aplicação dos “três Ds” defendidos por Paulo Guedes desde
a campanha de 2018: desindexar, desvincular e desobrigar. Isso pode ser
feito de forma gradual, abrindo espaço aos poucos no Orçamento para
elevar a margem que o governo teria para usar como achar melhor e
implantar seu programa de governo. Afinal, quando um governante não pode
executar suas plataformas porque praticamente todo o dinheiro já está
empenhado em outras finalidades, também o eleitor vê traídos os seus
anseios para o país.
A Justiça, estátua na Praça dos Três Poderes, fachada do Supremo Tribunal Federal| Foto: Agência Brasil
Projeto
de lei enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso
Nacional regulamenta a Polícia Judicial – que pode fazer investigações,
com atividades de inteligência e contrainteligência, próprias da atuação
da Polícia Federal. A alteração na lei ocorre na forma da troca da
expressão “agente de segurança” para “policial judicial”. O decreto
prevê ainda um benefício salarial aos policiais judiciais – a
possibilidade de acúmulo da gratificação por atividade de segurança com
função ou cargo comissionado.
O PL 2.447/2022 faz a transposição das alterações promovidas pela
Resolução nº 344/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a Lei
11.416/06. A Resolução organizou a Polícia Judicial de forma
infra-legal. O anteprojeto enviado ao Congresso na semana passada foi
elaborado em sessão administrativa do STF, com a participação de
representantes do Sindicado dos Servidores do Poder Judiciário
(Sindjus).
Em nota publicada no seu site, na última sexta-feira (9), o Sindjus
registra que o próprio CNJ, durante o processo de aprovação da Resolução
nº 344, afirmou ser “necessário o adensamento dessa norma junto ao
Poder Legislativo. Trata-se, portanto, de consolidar algo que já está
sendo vivenciado, com sucesso, no dia a dia dos tribunais”.
O que pode fazer o policial judicial Além das funções próprias da
polícia administrativa no âmbito dos tribunais, como segurança das
instalações físicas e proteção pessoal de autoridades, a Resolução 344,
assinada pelo ministro Dias Toffoli, prevê como atribuições da Polícia
Judicial realizar investigações preliminares de interesse institucional,
operar equipamentos específicos de segurança no desempenho das
atividades de inteligência e contrainteligência, interagir com unidades
de segurança de outros órgãos públicos na execução de atividades de
interesse do tribunal e realizar atividades de inteligência na produção
do conhecimento para a segurança orgânica e institucional do tribunal.
O art. 7º da Resolução diz que a polícia judicial deve prover meios
de inteligência necessários a garantir aos magistrados e servidores da
Justiça o pleno exercício das suas atribuições. “Entende-se por
atividade de inteligência o exercício permanente e sistemático de ações
especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou
potenciais aos ativos do Poder Judiciário, orientadas para a produção e
salvaguarda de conhecimentos necessários ao processo decisório no âmbito
da segurança institucional”.
STF explica mudanças e acúmulo de cargos O PL 2.447/2022 altera a
Lei 11.416/2006. Na sua justificativa, o STF informa que o projeto tem
por objetivo a atualização das menções feitas pela referida lei aos
cargos de “segurança institucional” e a possibilidade de acúmulo da
gratificação de segurança com cargo em comissão. “As alterações procuram
adequar a lei aos recentes aperfeiçoamentos da área de segurança, além
de proporcionar a estabilidade jurídica para a atuação, identidade
própria, e um ganho qualitativo enorme”, diz a justificativa.
O Supremo informou ainda que outros órgãos do Poder Judiciário
regulamentaram, internamente, o exercício do poder de polícia
institucional, ao fazerem referência aos cargos da área de segurança
institucional utilizando de nomenclaturas atuais.
Sobre o acúmulo de gratificações e cargos comissionados, o STF
afirmou que essa medida estimulará a assunção, pelos inspetores e
agentes de Polícia Judicial, de funções comissionas e cargos em comissão
na área de segurança, contribuindo assim para a recomposição de seus
quadros. O tribunal acrescentou que “a permissividade da nova redação
não gera aumento no orçamento porque os órgãos do Judiciário já elaboram
suas propostas orçamentários incluindo os valores necessários para o
pagamento das gratificações, além das funções e cargos comissionados”.
O blog questionou o STF se não seria necessária uma nova lei que
tratasse na carreira “policial judicial”, com a forma de ingresso no
serviço. Não seria necessária outra formação e treinamento para o
ingresso na nova carreira? O blog também perguntou se a Polícia
Judicial pode desenvolver atividades de inteligência. Não houve resposta
até a publicação da reportagem.
Soldados da Guarda de Honra ucraniana hasteiam uma bandeira
nacional em Odesa, Ucrânia, 23 de agosto de 2022.| Foto:
EFE/EPA/STRINGER
Com o reforço de armamento de países do
Ocidente, os ucranianos conseguiram fazer tropas russas recuarem até a
fronteira. Essa virada da Ucrânia na guerra que começou em 24 de
fevereiro pressiona a Rússia a tomar novos posicionamentos diante do
conflito. Em todas as opções que restam ao presidente russo, Vladimir
Putin, há grandes chances de seu país sair perdendo militar e
politicamente.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse nesta
terça-feira (13) que mais de 300 cidades que estavam sob controle russo
foram retomadas pelo país, como resultado de uma contraofensiva
ucraniana que ganhou força no final do mês passado. O território
confirmado é de 3.800 km2 e, segundo ela, a reconquista real deve ser de
“quase o dobro”.
As forças russas controlavam cerca de um quinto do país no sul e no
leste até o começo da semana passada, mas a Ucrânia está agora na
ofensiva em ambas as áreas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na
segunda-feira (12) que as forças ucranianas fizeram “progressos
significativos” com o apoio ocidental para garantir que tenham o
equipamento necessário.
Washington anunciou seu mais recente programa de armas para a Ucrânia
na semana passada, incluindo munição para sistemas anti-foguetes, e já
havia enviado sistemas de mísseis terra-ar, capazes de derrubar
aeronaves. O armamento de qualidade é apontado como um dos principais
fatores que levaram ao sucesso nessa primeira grande contraofensiva
ucraniana.
Somado a ele, está a estratégia militar do país, que, segundo Marcelo
Suano, professor de relações internacionais e diretor do Centro de
Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (CEIRI), deve ter
garantido grandes baixas entre as tropas russas, apesar de ser
impossível calcular em meio à guerra de informações.
“As perdas das tropas russas estão sendo muito grandes. Você não recua se não tiver grandes perdas”, lembrou o professor.
Suano ainda destacou que o tempo de conflito pode estar comprometendo
a capacidade da Rússia de repor suas reservas de equipamentos,
combustível, alimento e soldados.
Novos conflitos podem prejudicar a Rússia A Rússia não pode
mobilizar para a Ucrânia soldados que estão em outros territórios,
criando vácuos e perdendo força em outros países. E é exatamente nesse
cenário que um vizinho da Rússia, o Azerbaijão, reacendeu um conflito ao
bombardear a Armênia na madrugada desta terça-feira. Pelo menos 49
soldados morreram e três civis ficaram feridos.
As duas ex-repúblicas soviéticas têm confrontos desde a década de
1980 sobre a fronteira do Nagorno-Karabakh – reconhecido
internacionalmente como território do Azerbaijão, mas povoado por
armênios étnicos. Os países se acusam mutuamente de ataques
fronteiriços, que se repetem esporadicamente.
Rapidamente, a diplomacia russa anunciou que estava preocupada com a situação e se colocou como mediadora dos conflitos.
“A Rússia tem apenas ferramentas políticas na região. Não tem
recursos militares. Duas mil forças de paz em Karabakh e uma base
militar na Armênia não são um recurso suficiente”, afirmou à Agência EFE
o diretor do Instituto do Cáucaso com sede em Yerevan, Alexandr
Iskanderian.
O ex-ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Tofik
Zulfugarov, argumentou que “não é do interesse da Rússia, dadas suas
dificuldades na Ucrânia, complicar as relações com o Azerbaijão e o
principal aliado dele: a Turquia”.
No entanto, Putin também não pode tirar parte desses soldados que
garantem a paz na Armênia para fortalecer os combates na Ucrânia.
Possíveis consequências Com o fortalecimento da Ucrânia e a
impossibilidade de concentrar suas tropas em um único conflito, a Rússia
fica pressionada a encontrar novas saídas. Declarar a guerra como
perdida não é uma alternativa para Vladimir Putin. Portanto, uma das
possibilidades é que ele, enfim, anuncie que está, de fato, numa guerra.
Em nenhum momento desde a invasão da Ucrânia em fevereiro o
presidente russo utilizou essa palavra para tratar da invasão. Putin
fala em “operação militar especial” e é essa ideia que ele vende para a
população do país.
“Declarar uma guerra, sem ter uma justificativa para isso, colocaria a
Rússia como um invasor”, lembrou Suano, e essa não é a mensagem que
Putin quer passar internamente aos russos.
Ainda assim, se de fato ele optar por uma escalada do conflito e
aumentar os ataques, utilizando possíveis armas mais potentes – talvez
até partir para uma guerra nuclear -, terá que mobilizar tropas que
estão em outros conflitos ou contar com países como China e Coreia do
Norte, que provavelmente não terão interesse em investir em uma guerra
com potencial de se tornar mundial.
Putin também pode tentar arrastar o conflito nesse mesmo ritmo por
mais tempo, o que pode gerar um enfraquecimento do interesse dos outros
países pela guerra na Ucrânia, tornando-o um confronto cada vez mais
isolado.
E, à medida que o tempo passa, Putin é questionado por líderes
políticos pelos erros estratégicos e pela falta de resultados, enquanto
milhares de soldados morrem no país vizinho.
Enfraquecimento de Putin Insatisfeitos com essa situação, sete
deputados russos de São Petersburgo pedem a destituição de Putin. Os
legisladores enviaram na sexta-feira (9) uma carta oficial à câmara
baixa do país, em que descreveram que as hostilidades na Ucrânia
“colocam em risco a segurança da Rússia e de seus cidadãos, além da
economia”.
Os deputados também destacaram que a guerra não conseguiu frear a
Otan – pelo contrário, fez com que a aliança se expandisse pelo leste
europeu – e sugeriram que Putin seja destituído por traição à nação,
conforme o artigo 93 da Constituição do país.
Outra carta, enviada diretamente a Putin, também foi escrita pelos
legisladores. “Sua retórica de intolerância e agressão mergulhou a
Rússia de novo na Guerra Fria”, destacaram os deputados. “A Rússia
voltou a ter medo e ódio, ameaçando o mundo inteiro com armas
nucleares”, descreveram.
“Nós pedimos que você se retire do cargo, porque suas opiniões e seu
modelo de gestão estão completamente ultrapassados e impedem o
desenvolvimento da Rússia e de nosso potencial humano”, declararam os
deputados diretamente a Putin.
Abbas Galliamov, cientista político entrevistado pelo jornal francês
Le Monde, lembrou que parte da população começa a perceber que “Putin
faz piada enquanto mata nossos garotos. Ele os enviou à morte e se
diverte como se nada estivesse acontecendo”.
Rosa Weber ficará no comando do Judiciário até outubro de 2023, quando se aposenta.| Foto: Carlos Alves Moura/STF
A partir de hoje já está aberta uma consulta popular da Aneel, a
Agência Nacional de Energia Elétrica. Querem ouvir, de todos os
consumidores de energia elétrica, se gostariam que a concessionária
oferecesse também pagamento da conta mensal de eletricidade pelo Pix,
que é essa grande novidade brasileira que outros países estão
incorporando, e que deixou os bancos sem a taxa, a comissão de
transferência. Porque só 15% das concessionárias disseram que estão
permitindo pagamento por Pix, as outras nem se envolveram nisso. Então,
se essa consulta que vai durar um mês e meio, quarenta e cinco dias,
provar a ideia do Pix, a Agência Nacional de Energia Elétrica vai
obrigar todas as concessionárias a aceitar pagamento por Pix. Claro que
não exclusivamente, quem quiser continuar pagando por débito em conta,
ou qualquer outra forma, pode pagar, está livre. Mas a concessionária
vai ser obrigada a aceitar o pagamento pelo Pix.
Está facilitando a vida das pessoas, assim como abrir empresa.
Milhões de brasileiros, que ficaram desempregados na pandemia, abriram
milhões de pequenas empresas porque está fácil agora abrir empresa. Era
uma tragédia, agora está muito fácil.
E a outra boa notícia nessa área econômica é que de novo baixou o gás
de cozinha, a gasolina continuou baixando, o etanol também. Minha
mulher mencionou, na última vez que encheu o tanque, que pagou quase
R$500 e que agora pagou R$300 ou algo assim, de gasolina. Eu ainda estou
pagando caro o diesel.
Mudando um pouco de assunto, naquele discurso de posse da ministra
Rosa Weber, no Supremo, como presidente, ela reafirma uma grande vontade
de cumprir a Constituição. Óbvio, ela é obrigada a isso, todos nós
somos obrigados. Ainda mais ministro de Supremo, que é o guardião da
Constituição. E falou também em obedecer ao devido processo legal,
reafirmou que o judiciário não age de ofício, ou seja, por iniciativa
própria.
Aí eu fico esperançoso, ela tem apenas um ano, mas que cumpra isso.
Tirando o judiciário dos seus desvios, botando de novo nos trilhos.
Porque tem lá um inquérito, que começou com Toffoli, que está baseado no
regimento interno, que já foi derrubado. O artigo em que se baseou pela
Constituição de 1988, que obriga a ter Ministério Público em qualquer
inquérito. É essencial, porque se o Ministério Público ou a polícia não
tomam iniciativa de um inquérito, um juiz jamais pode tomar a
iniciativa, isso não faz sentido. Com o agravante de que no caso desse
inquérito, o juiz é o suposto agredido. Imagina que coisa incrível, só
numa monarquia absoluta seria possível ao rei fazer tudo: é ofendido,
investiga, policia, julga, acusa, enforca. O que ela vai fazer em
relação a isso?
O devido processo legal que engloba o sistema é o seguinte: quando o
acusador, agente do judiciário, cuja função é acusar, não encontra
nenhum crime num determinado inquérito, e avisa a juíza que não vai
acusar, porque não tem crime, é óbvio que o juiz arquiva, acabou. Mas um
juiz do Supremo não está fazendo isso. Continua insistindo com processo
depois da Procuradoria Geral da República informar que não encontrou
crime nos oito empresários que estavam conversando, exercendo seu livre
direito, garantido pela Constituição, numa cláusula pétrea, no artigo
5º, no artigo 220, isso é garantido pela Constituição. Então, eu
gostaria muito de saber o que ela vai fazer com isso. Tomara que consiga
fazer alguma coisa, porque o ministro Fux, quando tomou posse na
presidência, anunciou que o Supremo estava sofrendo críticas, sofrendo
uma destruição por ser usado por pequenos partidos sem voto na Câmara e
no Senado como instrumento. Não tem voto na Câmara para resolver, então
coloca o Supremo para resolver, e aí se mete numa questão que é política
e não é constitucional. E ele não conseguiu, em dois anos. Ela só vai
ter tempo até 2 de outubro do ano que vem, pois ela se aposenta. Tomara
que consiga, mas eu não encontrei no discurso uma firme de vontade de
resolver. Pelo menos não no discurso.
Calma aí! Não precisa me botar no pau-de-arara
nem enfiar uma agulha sob as minhas unhas. Confesso de livre e
espontânea vontade que assisti a um filme de Godard. Na verdade, foram
dois ou três. Não me vanglorio, mas também não me arrependo. Aliás, se
me arrependo de alguma coisa é de não ter beijado a moça que me
acompanhou naquela sessão no mofado Cine Ritz. Como era o nome dela
mesmo?
Não lembro. Assim como não me lembro do filme. Do cinema, contudo, me
lembro bem. Entrar no Cine Ritz da década de 1990, com aquele odor
inesquecível de mofo, urina, café e xerox ainda quentinha, era se sentir
imediatamente mais inteligente. Quase superior. E ser reconhecido entre
os três ou quatro espectadores que lotavam as sessões dos
filmes-cabeças era, sei lá, a glória. Ou deve ter sido. Nunca aconteceu
comigo.
Tinha também o Luz e o Groff. Era nesses cinemas fedidos e
claustrofóbicos que nós, pretensos gênios (não pense que não te
reconheci aí de boina, Sabbag), admirávamos as obras dos gênios – com gê
maiúsculo tipo iluminura. E Jean-Luc Godard, que faleceu ontem (13),
aos 91 anos de idade, era um desses gênios. Dizem. Não tenho culpa.
Quando cheguei a este mundo, já estava assim: Godard e toda aquela
tchurminha da nouvelle vague eram gênios incontestes. E, por
consequência, motivo de muita angústia para nós, intelectualoides de 20
anos que tomavam chuva e passavam frio à espera de a Cinemateca abrir.
Afinal, se não nos empolgávamos com a nova obra de Godard (lembrei o
nome do filme que queria citar no primeiro parágrafo: “Para Sempre
Mozart”) éramos tidos por caipiras, provincianos e ignorantes. Pior
ainda se não entendíamos a narrativa sempre muito brilhante e profunda,
pontuada por revolucionários jump cuts. Ora, só os energúmenos, idiotas e
analfabetos, os que morreram por dentro, os que não têm a poesia
correndo no sangue, os inferiores é que não entendiam Godard. Que, no
mais, não é para ser entendido, e sim para ser sentido. (Perdi as contas
de quantas vezes ouvi, a sério, essa balela aí).
Quem não apreciava Godard (pronuncia-se “godarde” mesmo) era porque
estava contaminado com o lixo tóxico produzido pelos grandes estúdios
estadunidenses. Aquele blá, blá, blá todo de bicho-grilo apavorado com a
possibilidade de o Bug do Milênio provocar um apocalipse. Para ser
filosófica, poética, estética, ética, psicológica e politicamente boa, a
obra de arte tinha de ser ser sobretudo chata, enfadonha, arrastada,
morosa e tediosa. Ou, como se dizia na época dos bichos-grilos de
verdade, cacete.
Para piorar, essa inteligência bocejante tinha de estar envolta num
hermetismo intransponível. Ou, por outra, acessível apenas a uns poucos
iluminados. Desvende uma só chave semiológica num frame de Godard e você
se torna imediatamente um intelectual(oide). Do tipo de (des)taca os
elementos das palavras com (para)êntesis.
Por sorte, percebi rapidamente toda a impostura que cercava aquele
mundinho. Mas isso é história para outro texto, porque este está
chegando ao fim com um lamento. Afinal, era para ser um texto que
aproveitasse a triste efeméride para, assim meio proustianamente, falar
sobre os diferentes cheiros dos cinemas onde eram exibidos os filmes de
arte (pronuncia-se “ártchy”). Era para ser também uma homenagem à
pretensão juvenil. Essa que está em falta hoje em dia. Mas não deu
tempo.
E o que acabou saindo foi isso aí. Um texto que, me ocorre agora,
pode soar desrespeitoso para os fãs do cineasta, aos quais peço
antecipadamente desculpas. Não foi minha intenção. É que Godard, para
mim, há algum tempo deixou de ser uma pessoa de carne e osso e que
faleceu ontem (13), e virou praticamente um adjetivo a ser usado para se
referir a tudo o que é pernóstico. A essa ideia de contemplação que
requer nota de rodapé e índice onomástico.
Antes de encerrar, preciso reforçar aqui que não me lembro do nome da
moça que me fez companhia no cinema naquele dia. Não sei se era morena
ou loira, embora provavelmente fosse linda e inteligente como todas as
mulheres que já se interessaram por mim. Também gostaria de acrescentar
que minha esposa é maravilhosa. E dizer que não, ela não está de modo
algum aqui ao meu lado, fazendo a internacionalmente conhecida “boquinha
do ódio” e me fulminando com o olhar de quem é muito serena e não sente
ciúme algum do marido.