quinta-feira, 15 de setembro de 2022

CORREIOS DÁ LUCRO

 

Estatais

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Nesta quarta fiz uma visita aos Correios e recebi relatos de todos os diretores da empresa: da área financeira, de logística, operações administrativas, segurança… E descobri uma coisa. Na minha cabeça, estatal é casa da mãe Joana, os partidos políticos mandam, não é de ninguém – é “do povo brasileiro”, mas não é de ninguém. Aí só dá prejuízo, só dá problema.

Mas dava prejuízo, dava problema, era a casa da mãe Joana, era tudo isso antes de 2019. Não havia dinheiro para a folha de pagamento. Os Correios foram roubados no seu fundo de previdência; não foi nenhum funcionário que roubou, foram partidos políticos que roubaram os funcionários, que estão pagando o prejuízo agora no contracheque.

Mas agora os Correios deram R$ 3,7 bilhões de lucro, o Tesouro Nacional saiu ganhando, os funcionários saíram ganhando, tiveram aumento. E a empresa é um sucesso de logística em tudo: diminuiu o prazo de entrega, tornou-se uma empresa eficiente outra vez, como já tinha sido há 30 anos ou mais, voltou a estar no topo do prestígio popular e todo mundo tem orgulho de trabalhar lá.

Qual é o milagre? É muito trabalho, 24 horas por dia, sete dias por semana; é boa administração, autônoma, sem nenhuma influência de político ou partido, apenas a vontade de cuidar bem de uma empresa. Então fica o registro: fui surpreendido ao saber que é possível ter boa estatal nesse país, desde que bem administrada e sem aparelhamento de partido político.


Vamos falar um pouquinho de decisões do TSE. Uma boa decisão, unânime, foi acatar a sugestão das Forças Armadas de fazer testes aleatórios de urnas em algumas cidades. Pena que não é uma quantidade maior de urnas; ainda acho que é um número pequeno, mas já é alguma coisa. Depois que visitei os Correios e vi o sucesso na entrega do Enem, de todos esses programas que envolveram milhões de brasileiros, eu disse aos diretores que bem poderiam ser eles a fazer a eleição nesse país… Enfim, poderia haver mais testes para termos mais segurança e tranquilidade, mas é o que temos até agora.

Também por unanimidade, o TSE proibiu que a campanha da reeleição do presidente da República use imagens do Sete de Setembro. Curiosamente, também na quarta-feira o Tribunal de Contas da União, que é um órgão do Poder Legislativo, mandou para o arquivo o mesmo assunto do Sete de Setembro do ano passado, dizendo que não havia nada a investigar porque não se usou dinheiro público nas manifestações. E agora o TSE veta a propaganda exatamente pela suspeição de que se usou dinheiro público, porque as festas foram organizadas pelo poder público.

Mas a manifestação popular foi feita apenas com pessoas que vieram de graça, que não cobraram nada para vir. Ninguém pagou o ônibus, sanduíche ou acampamento. Os manifestantes vieram porque quiseram, convocados pelo presidente. Parece que o TSE quer dizer que o povo não pode se manifestar espontaneamente, e que essa manifestação espontânea não pode ser usada a favor do presidente na campanha. Fica muito estranho – mas eu também admito que, como a lei eleitoral permite que governadores, prefeitos e presidentes da República e seus vices, sendo candidatos, não precisam se desincompatibilizar e podem permanecer no cargo, é preciso ter um cuidado muito grande para evitar que se use a coisa pública na campanha eleitoral.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/lucro-correios-tse-urnas-sete-de-setembro/
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TECNOLOGIAS DA APPLE

 

Foto: REUTERS/Carlos Barriaa

Por Lucas Agrela – Jornal Estadão

O fim do chip físico de operadora no iPhone 14 não foi a primeira vítima da empresa americana

Apple fez de novo: a nova vítima da empresa é o cartão SIM, mais conhecido como chip de operadora. O iPhone 14 será vendido sem a tradicional bandeja de chip físico no mercado americano. Em vez disso, por padrão, o smartphone terá o eSIM, um chip digital que não pode ser removido por ser uma parte interna do próprio telefone.

O eSIM deu as caras em 2016 em um smartwatch da Samsung. Desde então, vários aparelhos adotaram a tecnologia, incluindo o Apple Watch. No entanto, no mundo dos celulares, sempre foi a segunda opção, e nunca a única. A medida impõe uma transição global para o eSIM, uma vez que é comum tanto entre brasileiros quanto entre turistas de outros países comprar um iPhone quando viajam aos Estados Unidos.

O que mudou no iPhone

Leitor de CD

A primeira vez que a Apple ajudou a matar uma tecnologia na história recente foi em 2008, quando a empresa anunciou o MacBook Air. O aparelho era extremamente fino e foi tirado de um envelope por Steve Jobs durante a apresentação, algo impensável para a época que era marcada por laptops espessos e com duração de bateria questionável.

Mas não foi só o design dos notebooks que a Apple mudou. Ela tirou um componente que era onipresente em computadores até então: o leitor de CD. Ele sumiu primeiro da linha Air e, mais tarde, de todos os seus laptops. A medida veio em uma época em que a App Store como a conhecemos hoje sequer existia. Tudo ainda era embrionário, mas a companhia fez uma aposta no futuro sem olhar para trás.

Entrada de fone de ouvido

No iPhone 7, em 2016, outra decisão de eliminar uma tecnologia foi ainda mais polêmica. Chegava ao fim o conector de 3,5 milímetros para fones de ouvido. Essa tecnologia é mais antiga do que pode parecer. O primeiro fone com fio foi inventado em 1891, pelo engenheiro francês Ernest Mercadier. Desde então, as mudanças evolucionárias vieram até que o acessório atingisse o patamar atual.

Os fones de ouvido Bluetooth começaram a nascer em 1989, com a invenção de Nils Rydbeck, à época, chefe de tecnologia da Ericsson Mobile. A criação era baseada em versões mais simples que já eram pesquisadas desde a década de 1960.

A Apple só entrou no negócio de fones de ouvido com Bluetooth a partir de 2016, o mesmo ano em que optou por tirar o conector de 3,5 mm do iPhone.

Fim da entrada de fone de ouvido forçou a Apple a incluir um adaptador no iPhone 7
Fim da entrada de fone de ouvido forçou a Apple a incluir um adaptador no iPhone 7  Foto: Jason Reed/Reuters

Flash

A tecnologia Flash, da Adobe, também foi um dos alvos da empresa fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak. O Flash foi abertamente criticado por Jobs em 2010, em uma carta pública, e apontado como principal causa de erros nos Macs daquela época.

O Flash foi crucial na web 1.0. Ele permitiu a criação de animações, apresentações e jogos em uma época que isso era quase impossível de ser feito para rodar em PCs pouco potentes. Sabe aqueles joguinhos e apresentações que circulavam em correntes de e-mail? A maioria deles era feita na tecnologia da Adobe. E a Apple deixou o iPhone sem ela mesmo assim ainda no começo da década passada.

Para Jobs, o Flash tinha problemas de segurança cibernética, era menos eficiente para a execução de vídeos do que formato aberto H.264 e a App Store poderia oferecer o acervo de games que o iPhone precisava. Além de tudo isso, Jobs ressaltou que o Flash fora criado para os computadores, consumia muita bateria e não funcionava bem em telas sensíveis ao toque. De fato, o Flash foi aposentado pela Adobe por ser uma plataforma datada. Mas a morte do Flash foi lenta e o fim do suporte aconteceu só no fim de 2020.

Carregador na caixa

A Apple também removeu a tomada do carregador da caixa do iPhone desde 2020, argumentando o bem que a medida traria ao meio ambiente e a transição para o uso de tecnologias de carregamento sem fio. No entanto, essa migração tecnológica ainda não aconteceu e a Apple enfrenta problemas com órgãos de defesa do consumidor por vender um produto de alto valor sem a tomada do carregador.

PRESIDENCIÁVEIS PENSAM EM COBRANÇA DE IMPOSTOS DIFERENTES

 

Foto: Fabio Motta/Estadão

Por Adriana Fernandes – Jornal Estadão

Simone Tebet propõe a mais justa cobrança de tributos dos mais pobres, conforme a análise do Movimento ‘Pra ser Justo’

BRASÍLIA – O movimento suprapartidário “Pra Ser Justo” fez um mapeamento dos programas de governo e das falas dos quatro presidenciáveis mais bem pontuados nas pesquisas sob a ótica de uma reforma tributária sobre o consumo e avaliou que Simone Tebet (MDB) é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres, seguida de Ciro Gomes (PDT) e, depois, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A de Jair Bolsonaro (PL) é considerada pelo estudo a mais injusta.

O grupo reúne entidades, instituições, empresários, empreendedores, especialistas e acadêmicos. Inclui Endeavor, CDPP, CLP e Destrava Brasil, entidades da sociedade civil empenhadas na reformulação do sistema tributário brasileiro. Defende uma reforma dos impostos mais simples e com justiça social: ricos pagam mais, pobres pagam menos.

Simone Tebet é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres; proposto de Jair Bolsonaro é considerada pelo estudo a mais injusta.
Simone Tebet é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres; proposto de Jair Bolsonaro é considerada pelo estudo a mais injusta. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O movimento analisou as propostas usando como referência sete princípios mínimos defendidos pelo movimento para uma boa reforma: unificação dos tributos federais, estaduais e municipais num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de base ampla, adoção de crédito financeiro, princípio de cobrança no destino (onde a mercadoria é consumida em vez de onde é fabricada), existência mínima de benefícios fiscais (como isenções e subsídios) e menos alíquotas, além da devolução dos tributos para pessoas de menor renda e manutenção da carga tributária global atual, ou seja, sem aumento de impostos.

Desigualdades

Líder e porta-voz do “Pra Ser Justo”, Renata Mendes diz que a prioridade do governo eleito deveria ser uma reforma tributária que reduza as desigualdades sociais e econômicas. Por isso, o foco na reforma dos tributos cobrados sobre o consumo (bens e serviços). Eles representam 44% de tudo que é arrecadado no País, e sua cobrança é considerada injusta e complexa. Para a população mais pobre, essa tributação onera 26% do orçamento familiar, enquanto, para os mais ricos, apenas 10%. Para as empresas, é considerada a mais burocrática e cara do mundo, entre 141 países. “Nosso papel não é partidário, é o de trazer uma discussão qualificada e bem mais acessível a todos”, diz Renata. O movimento apresentou as sugestões para cada um dos presidenciáveis.

Gerente do “Pra Ser Justo”, Marina Thiago destaca que Simone Tebet é a candidata até agora que mais traz o tema da reforma tributária com profundidade ao explicar os seus planos de governo, enquanto Bolsonaro está no lado oposto. A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi monitorada. Guedes tem feito mais menção à reforma de tributação da renda associada ao financiamento do Auxílio Brasil.

Para o movimento, o programa e as falas de Lula e a sua equipe indicam a intenção de debater a reforma, mas os posicionamentos de Lula indicariam que esse ponto pode ter prioridade menor do que outros temas tributários, como o Imposto de Renda. Por outro lado, o movimento considera positivo que membros da campanha, como Wellington Dias e Aloizio Mercadante, mencionem a PEC 110, proposta de reforma ampla no Senado, como ponto de partida para as discussões em 2023.

O que mapeou o ‘Pra ser Justo’

• Simone Tebet (MDB)

O programa propõe uma ampla reforma tributária e afirma a intenção de reavaliar os benefícios fiscais, com metas anuais de redução. Menciona uma reforma no Imposto de Renda (IR), com a intenção de combater a desigualdade. Em seus posicionamentos, Simone Tebet e a coordenadora econômica do programa, Elena Landau, prometem implementar a reforma tributária nos primeiros seis meses de 2023. Além disso, o programa e os posicionamentos da candidata estão em linha com a sua trajetória, que é majoritariamente favorável à reforma. Foi uma das signatárias da PEC 110 e, como presidente da CCJ, cobrou compromisso do governo com a agenda.

• Ciro Gomes (PDT)

O programa propõe uma ampla reforma tributária sobre o consumo. Afirma a intenção de reavaliar os benefícios fiscais, com reduções no primeiro ano de governo, e menciona mudanças em outras bases, como a tributação de lucros e dividendos no IR e a implementação do imposto sobre grandes fortunas. Em seus posicionamentos, Ciro Gomes mencionou a reforma tributária sobre o consumo e o IVA. Apesar de destacar essa intenção, ele alega haver grandes resistências por parte dos entes federativos mais ricos, o que demandaria mais articulação durante o seu governo.

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• Lula (PT)

O programa propõe uma ampla reforma tributária e menciona a intenção de uma reforma do IR para corrigir as desigualdades. Em suas falas, Lula menciona a reforma tributária sobre o consumo, mas relembra os desafios políticos enfrentados no Congresso com as duas propostas que enviou, em 2003 e 2008. Também mencionou a intenção de propor novamente uma rodada de negociações. Apesar dos posicionamentos favoráveis, em reunião na Fiesp, o candidato mencionou a possibilidade de propor mudanças menores por meio de um fatiamento da reforma. O programa e as falas de Lula e sua equipe indicam a intenção de debater a reforma tributária. Porém, ainda é sucinto em relação à tributação do consumo, não havendo menção ao IVA. Os posicionamentos também indicam que esse ponto pode ter uma prioridade menor que outros temas tributários durante o governo, como o IR.

• Jair Bolsonaro (PL)

O programa menciona a intenção de realizar reformas estruturantes para garantir emprego e renda, simplificar a legislação e reduzir a carga tributária. Mas o programa e as falas de Bolsonaro e sua equipe ainda não incluem explicitamente a intenção de uma reforma tributária ampla sobre o consumo, que implemente um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), modelo adotado em 170 países e que é recomendado pela OCDE. A única proposta com maior detalhamento é a correção na tabela do IR para isentar quem recebe até cinco salários mínimos, em referência ao projeto de lei 2.337, de 2021, em tramitação – embora esse projeto proponha atualmente isentar as rendas a partir de R$ 2,5 mil mensais. Em discursos este ano, tanto Bolsonaro quanto Guedes têm mencionado a intenção de diminuir tributos da folha de pagamentos.

INOVAÇÃO NA CORREIRA E NOS NEGÓCIOS

 

StartSe

🎸 Rock in Rio usa cão-robô para fazer a segurança do festival. Netflix entra para o mercado de games. LG lança plataforma de NFT. Essas são algumas das últimas novidades de grandes marcas.

Perceba como elas apostam em inovações que não necessariamente tem a ver com o core do negócio.

Isso acontece porque não basta oferecer o melhor produto, é preciso conhecer novos comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo diferente e inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos concorrentes.

Por exemplo, o cão-robô do Rock in Rio, usa tecnologia 5G, faz rondas graças à inteligência artificial implementada nele e detecta eventos suspeitos. Tudo é reportado em tempo real para os agentes de segurança (humanos) do festival.

O resultado? Além de facilitar a ronda do evento, virou celebridade, atraiu o olhar do público e viralizou nas redes sociais (alô, marketing). Os robôs foram desenvolvidos pela famosa empresa de robótica Boston Dynamics.

Já a Netflix, que criou um serviço disruptivo, agora tem enfrentado a concorrência direta (caso você queira se aprofundar, leia este artigo). Entre várias iniciativas para não ficar para trás, o streaming entrou para o bilionário mercado de games.

A estratégia está em abocanhar o público gamer, mas também em oferecer uma nova experiência para os usuários, já que os jogos têm temas dos títulos do streaming. Ou seja, é uma forma de engajar espectadores que buscam entretenimento além de filmes e séries.

Por fim, a LG, uma das mais tradicionais marcas, lançou uma plataforma de NFT (token não fungível) dedicada à compra e venda de tokens pela televisão. Não à toa. Uma das formas de se manter relevante no mercado é estar de olho nas inovações do agora e entender como aplicá-las no negócio.

Inovar não é uma tarefa fácil. Está mais para uma maratona do que uma corrida de 100 metros, né? 😅 Mas aqui estão algumas dicas:

Tire as ideias do papel. A melhor maneira para inovar é colocando em prática. Desta forma e com a análise de dados, você vai entender se de fato é uma boa ideia e quais pontos deve ajustar.

Use o método 80/20 do Google. Em 80% do tempo, as pessoas focam em suas tarefas, e nos 20% restantes, a empresa incentiva que elas se envolvam em projetos de outras áreas e busquem inovação que faça a companhia crescer. Um dos maiores cases de sucesso dessa metodologia no Google é o Gmail.

Resumindo 📝

Para inovar, é preciso enxergar além do core da sua empresa. Isso porque, não basta oferecer o melhor produto, é preciso conhecer novos comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo diferente e inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos concorrentes. Uma boa dica é tirar a ideia do papel e executá-la.

7 empresas que morreram nos últimos anos por não inovar

Entenda como não repetir os erros de companhias gigantes que foram ultrapassadas por inovações

Inovação é o que mantém as empresas vivas. Não há como negar mais isso. Se a sua empresa não inova, muito provavelmente outra companhia virá e tomará seu lugar. E o pior: isso também afeta empresas que já foram grandes inovadoras em seus dias.

Para continuar inovando, empresas podem tomar dois caminhos: conversar com startups ou criar programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento) dentro de suas casas. Aqui preferimos a primeira opção, sai mais barato e efetivo para grandes empresas.

Outra opção é conhecer empresas de grande sucesso que foram à falência por não inovarem. Aqui nós trazemos os grandes cases do mercado com nomes como Blockbuster, Kodak, Yahoo!, Xerox, MySpace, Atari, Blackberry, AOL, Nokia e Hitachi. Eles te dão uma noção de como algumas mudanças de perspectiva poderiam ter salvado – talvez seja o que falta na sua empresa também. 

Conheça 7 empresas gigantes que faliram nos últimos anos:

1. Blockbuster

Esse é um dos casos mais famosos das últimas décadas. Quem não tem memórias de ir até uma “locadora” para alugar alguns filmes? Bom. Essa era já morreu e levou a maior franquia desse segmento junto com ela. A Blockbuster era uma companhia gigante e com uma grande clientela fiel. E mesmo assim, morreu em pouquíssimos anos, quase de maneira surreal.

As pessoas deixaram de alugar DVDs para assistir através de serviço de streaming em demanda, como Netflix e Amazon Prime Video (e aqui no Brasil ainda teve a crueldade da pirataria para completar). Para piorar: a companhia teve a oportunidade de comprar a Netflix em 2000 e não comprou – resolveu focar as forças em ser a melhor varejista possível, o que acabou indo por terra quando as pessoas deixaram de visitar suas lojas para alugar DVD. Tudo bem, na época a Netflix era só um serviço de DELIVERY de DVD. A empresa faliu em 2013, depois de patinar por anos. É ainda mais doloroso saber que ela teve a faca e o queijo na mão, mas tomou as decisões erradas.

Atualmente, só sobrou uma Blockbuster aberta em todo o mundo – na cidade de Bent, estado americano do Oregon. Ela continua aberta por dois motivos: a) saudosistas da região vão para lá, além de muitos turistas e b) o dono não paga aluguel no terreno da loja. Ou seja, isso atesta que o modelo de negócios da empresa ruiu completamente, dando lugar a outra coisa nova e melhor.

2. Kodak

Outra história famosíssima de marca super popular, reconhecida, praticamente sinônimo de seu setor e que faliu por falta de inovação. Na década de 1970, a Kodak chegou a ser dona de 80% da venda das câmeras e de 90% de filmes fotográficos. E na mesma década, ela mesma inventou o que ia falir a empresa: a câmera digital. E surpreendentemente, ela ainda foi quase líder neste mercado, quando começou a competir.

Eles poderiam ter ido ainda melhor se tivessem acordado lá atrás. O que aconteceu é que, prevendo que câmera digital iria prejudicar a venda de filmes, eles engavetaram a tecnologia. Duas décadas depois, as câmeras digitais apareceram com força e quebraram a Kodak. Ela até tentou sobreviver, lançou câmeras digitais, mas seu nome não era mais sinônimo de fotografia como tinha sido décadas atrás. Faliu em 2012 e acabou com uma marca famosíssima, que, embora esteja de volta nos dias de hoje com algumas iniciativas interessantes, não é mais a mesma.

É muito importante lembrar que as empresas que quebraram a Kodak tiveram uma série de problemas na frente. O caso mais interessante talvez seja da GoPro, que é extremamente focada em hardware de captação de imagens. Como o celular passou a fazer esse tipo de trabalho, esse tipo de companhia também passou a ter problemas, demitindo centenas de funcionários recentemente. Ou seja, não basta inovar uma vez: precisa também seguir a inovação.

3. Yahoo!

Em 2005 o Yahoo! era o maior portal de internet do mundo e chegou a valer US$ 125 bilhões. Pouco mais de 10 anos depois, a companhia foi vendida por um preço modestíssimo para a Verizon, apenas por US$ 4,8 bilhões. Uma fração dos US$ 44,6 bilhões oferecidos pela Microsoft em 2008, quando a empresa já estava em crise. Tudo isso para sacramentar a morte da empresa como companhia independente.

Recentemente, a Verizon vendeu seu conglomerado de mídia – que inclui o Yahoo e a AOL – por US$ 5 bilhões para o fundo de capital privado Apollo Global Management.

O que deu errado? O posicionamento da companhia e a falta de inovação. Ela poderia ser o maior portal de pesquisa da internet, mas decidiram ser um portal de mídia. Foi por isso que não compraram o Google e não conseguiram comprar o Facebook. Aliás, a primeira oportunidade de comprar o Google foi por US$ 1 milhão, quando a atual empresa mais valiosa do mundo era só uma startup.

4. Xerox

Se as outras histórias são mais famosas, essa é a mais espetacular na minha opinião. Ela não faliu (eu menti para você no título da matéria, desculpa!), mas vale muito menos do que duas décadas atrás, mesmo sendo uma das companhias que ajudaram a criar várias tecnologias que usamos atualmente – com um dos times mais inovadores de toda a história. E seu nome, que é sinônimo no Brasil de cópia, hoje é muito menos relevante.

O PARC (Palo Alto Research Center) da Xerox tinha objetivo de criar novas tecnologias inovadoras. E conseguiram: computadores, impressão à laser, Ethernet, peer-to-peer, desktop, interfaces gráficas, mouse e muito mais. Steve Jobs só criou a interface gráfica de seus computadores após uma visita ao centro da Xerox, no coração do Vale do Silício. E ele não foi o único a “copiar” uma tecnologia deles com o intuito de lucrar. Muitos outros o fizeram e ganharam bastante dinheiro com as tecnologias desenvolvidas pela Xerox.

Contudo, um player do mercado pouco aproveitou das tecnologias desenvolvidas pela companhia: a própria Xerox. Isso é uma prova de que não adianta ter um time de inovação dentro da sua empresa criando coisas sensacionais. Inovação também é gestão. Não adianta ter os melhores inovadores na companhia se seus gerentes não conseguem implementar essas inovações para o mercado – uma regra de ouro para Larry Page, fundador do Google.

5. MySpace

A primeira grande rede social dos Estados Unidos, que teve o mesmo destino do Orkut. O MySpace começou a ganhar fôlego e tração baseada na ideia de que as pessoas queriam se conectar com outras ao redor do mundo, dividir fotos e outras mídias. Parecia bacana, mas a plataforma estagnou.

Pouco tempo depois, o Facebook surgiu do nada e tomou o espaço do MySpace facilmente, criando inúmeras novas funcionalidades. O Facebook se tornou muito popular em pouco tempo e roubou todo o espaço que o MySpace tinha. Foi vendido para um grupo gigante e depois sumiu. Seu irmão mais novo vale mais de US$ 800 bilhões e é uma das empresas mais promissoras do mundo.

6. Atari

Outra empresa do Vale do Silício que foi engolida pelos competidores por produzir produtos de qualidade questionáveis (alguém se lembra do jogo do ET?). Não bastou criar um mercado gigante de videogames praticamente sozinha, inovando com o Pong ou com o Atari 2600.

A companhia superaqueceu o mercado de videogames no início da década de 1980 e chegou a ter que enterrar milhares de fitas não vendidas e assumir o prejuízo. Quando o mercado se recuperou, outras empresas mais inovadoras haviam tomado a liderança, como a Nintendo. A Atari até tentou entrar novamente no mercado, mas nunca mais teve sucesso. Faliu, ressuscitou, faliu de novo e atual fase da empresa foi vendida em 2008 apenas para manter a valiosa marca viva.

7. BlackBerry

Mais uma grande empresa que faliu recentemente e que você vai lembrar do que ocorreu. A real inventora do smartphone foi a RIM no começo dos anos 2000. A companhia chegou a ter mais de 50% do mercado de celulares nos Estados Unidos, em 2007. Contudo, naquele mesmo ano, começou a sua derrocada.

O primeiro iPhone foi lançado no dia 29 de junho de 2007. A Blackberry ignorou as tecnologias que o iPhone estava trazendo, como o touch-screen e julgou que a empresa nunca seria capaz de se tornar o standard corporativo por não conseguir lidar com a segurança a nível de e-mail empresarial.

Mas a Apple dominou o mercado de consumidores pessoas-físicas e promoveu o BYOD (Bring Your Own Device, traga seu próprio aparelho) dentro das empresas. Com isso, o mercado foi redefinido e a Blackberry perdeu quase todo seu marketshare. A empresa faliu e atualmente tenta se redefinir lentamente, com aparelhos que usam o sistema operacional Android.

O QUE A SUA EMPRESA PODE APRENDER COM ESSES EXEMPLOS?

A lista de empresas que faliram por falta de inovação vai mais longe, mas essas 7 representam grande valor histórico e de mercado. A Kodak, por exemplo, surgiu de uma grande invenção, soube galgar nas inovações ao longo de anos, mas se sentiu ameaçada pelas câmeras digitais.

E isso não tem a ver só com as adaptações tecnológicas e inovadoras dentro da empresa, como bem nos mostrou a Xerox. Uma gestão que não inova, a falta de olhar para o cliente, a não implementação de uma rotina de aprendizagem contínua, todos esses são fatores que fazem com que empresas não aguentem.

A questão aqui é: como está a sua empresa neste cenário de mudanças? Ela segue se adaptando ou parou no tempo?

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inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

TSE VETA PROPAGANDAS DE PUBLICIDADE DO GOVERNO

 

Por

“Defeso eleitoral”
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília


Edson Fachin e Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, rejeitaram nove pedidos de publicidade do governo| Foto: Antonio Augusto/TSE

Desde o início de julho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou nove dos 28 pedidos do governo Jair Bolsonaro já analisados para veicular campanhas institucionais, propagandas e pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV sobre suas ações. Pela Lei Eleitoral, nos três meses que antecedem a eleição (período conhecido como “defeso eleitoral”), a administração federal é obrigada a submeter à Corte as peças de publicidade que pretende divulgar nos meios de comunicação, na internet, nas redes e nas ruas.

Isso porque, nesse período, a norma proíbe aos agentes públicos anunciar atos, programas, obras, serviços e campanhas “salvo em caso de grave e urgente necessidade pública”, exceção que deve sempre ser aferida pela Justiça Eleitoral. No caso do governo federal, essa decisão cabe ao presidente do TSE. Um levantamento feito pela reportagem mostra que de 2 julho para cá, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que ocuparam o cargo desde então, reconheceram urgência e gravidade para autorizar 19 campanhas e rejeitar nove.

Nesse último grupo, há quatro pedidos do governo para autorizar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a realizar pronunciamentos no horário nobre, em todos os canais de TV e emissoras de rádio, para incentivar a população a se vacinar contra a poliomielite, a rubéola, o sarampo, a febre amarela e a varíola dos macacos.

Há ainda um pedido rejeitado para veiculação de campanha de vacinação contra a raiva animal; duas campanhas vetadas para convocação de formandos na área de saúde para o serviço militar obrigatório; outras duas campanhas ligadas ao Dia Nacional do Consumo e outra de alerta à população sobre cuidados em áreas de dutos da Transpetro.

Vetos a pronunciamentos sobre a vacinação
No primeiro pedido por pronunciamentos a favor da vacinação, a Secretaria de Comunicação (Secom) apontou utilidade pública, no sentido de “reduzir o risco de reintrodução do poliovírus e garantir proteção contra diversas doenças imunopreveníveis”. Inicialmente, o governo pedia que o pronunciamento fosse realizado no dia 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde.

Fachin, no entanto, rejeitou esse primeiro pedido, por entender que não foi demonstrada gravidade ou urgência num pronunciamento de “comemoração ao Dia Nacional da Saúde”. “Trata-se, enfim, de uma comemoração e não de situação que agasalhe providência informada pelo caráter de gravidade ou, tampouco, urgência”, diz a decisão, assinada em 28 de julho.

No dia 2 de agosto, o ministro Fachin autorizou o lançamento da Campanha Nacional de Poliomielite e de Multivacinação 2022, para veiculação de propagandas na mídia, entre 8 de agosto e 9 de setembro, para convocar os pais a vacinarem os filhos. Neste caso, que não envolvia um pronunciamento, ele verificou “interesse público, na medida em que assegura o direito à informação e à saúde e oportuniza acesso às vacinas, contribuindo para o aumento das coberturas vacinais e eliminação das doenças imunopreveníveis”.

Ainda assim, o governo insistiu na tentativa de fazer um pronunciamento. Num novo pedido, submeteu o texto que seria lido por Queiroga, em que ele enaltece o sucesso e a abrangência do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que erradicou a poliomielite em 1989, e alerta para o perigo de ressurgimento da doença, que causa paralisia infantil.

“Precisamos agir agora, para evitar a reintrodução de enfermidades como a poliomielite e a rubéola, bem como controlar casos de sarampo e febre amarela […] Quero me dirigir, especialmente aos pais e mães deste Brasil, e convidá-los a levar seus filhos aos postos de vacinação. Não é aceitável que pessoas, especialmente as crianças, adoeçam e morram de enfermidades para as quais já existe vacina há muitos e muitos anos. É fundamental o empenho de todos, dos governos e da sociedade, para recuperarmos os altos índices de vacinação e protegermos todos os brasileiros”, diziam trechos do pronunciamento.

O objetivo é que ele fosse exibido nos dias nos dias 9, 10 ou 11 de agosto. Fachin, no entanto, negou o pedido, pois considerou que a tônica do discurso não era a vacinação, mas outras partes que narravam a atuação do Ministério da Saúde “no passado remoto e próximo, além de renovar a pretensão de manifestar-se sobre o Dia Nacional da Saúde”. Por fim, argumentou que a Constituição “desautoriza a personificação de programas da administração pública federal”, especialmente no período das eleições.

Ainda em agosto, a Secom tentou pela terceira vez autorização para o pronunciamento, desta vez junto a Alexandre de Moraes, que assumiu a presidência do TSE no dia 16. O órgão apresentou um texto semelhante, mas mais enxuto. Moraes, no entanto, rejeitou, lembrando que uma campanha de mídia com as informações sobre a vacinação já havia sido autorizada por Fachin, “inexistindo a necessária demonstração da gravidade ou urgência que justifiquem a aparição da figura do Ministro da Saúde em cadeia nacional”.

O novo presidente do TSE repetiu o argumento do antecessor contra a personificação e que havia intuito “nitidamente político-eleitoral”, especialmente em trechos em que o ministro exaltava o SUS, o PNI e na saudação final, em que diria “Deus abençoe o nosso Brasil!”.

No dia 22 de agosto, Moraes ainda negou outro pedido de pronunciamento, desta vez para incentivar a vacinação contra a varíola dos macacos.

A Secom apontou a existência de mais de 2 mil casos no país, a situação de emergência internacional e a necessidade de manifestação do ministro da Saúde para evitar o “desespero coletivo da sociedade diante do temor de uma doença desconhecida”. “A inserção do pronunciamento, em tom de alerta e esclarecimento, com informações claras e objetivas, tem o potencial maior de despertar a conscientização da população sobre os cuidados, prevenção e as orientações em caso de sintomas e de confirmação da doença – ações individuais essenciais para a proteção da saúde coletiva e de extrema importância neste momento”, argumentou o órgão. O plano era veicular o pronunciamento nos dias 18, 19, 20 ou 21 de agosto.

Moraes, no entanto, rejeitou, novamente alegando que uma campanha com peças publicitárias já havia sido autorizada, se opondo à aparição do ministro, com base no princípio da impessoalidade.

Além desses pronunciamentos, o TSE inicialmente também vetou a veiculação de uma campanha de vacinação contra a raiva animal. Em 15 de agosto, um dia antes de deixar o comando do tribunal, Edson Fachin observou que as propagandas começariam no dia 10, mas que não haveria data final, o que, segundo ele, prejudica a análise sobre a gravidade e urgência. Depois, verificou que, nos últimos 12 anos, foram notificados somente 45 casos de raiva em humanos. O governo recorreu e, só no dia 1º de setembro, 20 dias depois do marco inicial para veiculação da campanha, Alexandre de Moraes a autorizou, ao verificar que só neste ano foram registrados cinco casos, levando à morte três adolescentes e duas crianças, sendo quatro indígenas.

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Campanhas autorizadas pelo TSE, mas com restrições

Dos 28 pedidos de publicidade institucional do governo analisados até a última sexta-feira (9), data de fechamento desta reportagem, o TSE havia autorizado a veiculação de 19 campanhas, sendo 11 por parte de Edson Fachin e oito por parte de Alexandre de Moraes.

Na área de saúde, foram permitidas a divulgação de propagandas informativas – mas sem pronunciamentos – sobre a vacinação contra diversas doenças, como Covid, hepatites virais, poliomielite e varíola dos macacos. Também foi autorizada campanha a favor da amamentação.

Na área da educação, foram liberadas campanhas para avisar estudantes sobre datas e formas de inscrição no Prouni (programa de bolsas de estudo no ensino superior), para adesão ao Fies (que concede empréstimos para pagamento de mensalidades em faculdades privadas), de ingresso no Instituto Federal Catarinense (escola técnica profissionalizante), para provas do Encceja (exame que certifica adultos nos ensinos fundamental e médio) e para inscrição de graduandos em medicina em residências médicas.

Também foram permitidas campanhas sobre o Censo 2022, de alertas sobre incêndios, de pagamento de taxas em áreas da União ocupadas por particulares, e também da comemoração do Bicentenário da Independência.

Todas essas autorizações, no entanto, vieram acompanhadas de uma série de restrições do TSE. Em praticamente todas, não se permite menção ao governo federal e, em várias, a propaganda sequer poderia divulgar o endereço eletrônico gov.br, que disponibiliza uma série de serviços online para os cidadãos. Os ministros permitiram apenas a aparição do ministério responsável pelo programa e do link específico para ele na internet.

Em algumas decisões, Fachin afirmou que a menção ao governo federal implicaria em promoção da atual gestão de Bolsonaro, o que provocaria desequilíbrio na disputa eleitoral. Moraes agiu de forma semelhante, em alguns casos, proibindo até que o endereço na internet do serviço contivesse a abreviação “gov”.

“Defiro a liminar para autorizar a veiculação da referida publicidade institucional, permitida apenas a identificação do Ministério da Saúde, órgão responsável pela campanha, devendo ser afastada no material publicitário, porém, a alusão a sítio da internet contendo, mesmo de forma abreviada, menção ao ‘governo’”, decidiu o ministro, por exemplo, ao autorizar a campanha de incentivo à dose de reforço da vacina contra a Covid.

Dentro do governo, a avaliação é que essas restrições são exageradas e podem prejudicar o acesso fácil a informações úteis para o atendimento nos serviços públicos. A proibição de pronunciamentos também é criticada, pois considera-se que uma manifestação verbal do ministro tem muito mais peso, abrangência e eficácia para incentivar a vacinação.


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PIORES REPRESENTANTES ELEITOS ENGESSÃM O ORÇAMENTO

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Congresso Nacional tem se empenhado em encontrar formas de se apropriar de parcelas ainda maiores do Orçamento da União.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Quando a população vai às urnas e elege um novo governo, espera que o eleito seja capaz de implantar o programa que apresentou durante a campanha eleitoral. Isso pode ser feito por meio da escolha de ministros e outros cargos de primeiro escalão, mas também por meio de investimentos e gastos naquilo que o governante considera prioritário. Ao menos deveria ser assim, mas no caso brasileiro qualquer presidente da República, independentemente de viés político-ideológico, tem uma margem estreitíssima de escolha: de todo o Orçamento da União, apenas 6% está genuinamente à disposição do governante para usar naquilo que considerar mais importante – todo o resto está comprometido em despesas de execução obrigatória ou cuja escolha não está nas mãos do Executivo, e sim do Legislativo.

O engessamento é fruto da “sociedade de desconfiança” em que vivemos, na qual sempre se pressupõe o pior da parte dos representantes eleitos – embora seja preciso dizer que não poucas vezes eles efetivamente dão razões para tal. Estipula-se porcentagens mínimas de investimento em saúde e educação porque se imagina que, sem tal exigência, os gestores deixarão esses serviços à míngua; as emendas parlamentares tornam-se impositivas porque, do contrário, elas serão usadas como ferramenta de barganha em que a liberação é trocada por apoio em votações importantes (como de fato já o foram em muitas ocasiões). Em uma “sociedade de confiança”, pelo contrário, um gestor seria livre para alocar os recursos públicos onde considerasse necessário, e seria devidamente punido pelo eleitor quatro anos depois caso não investisse bem; Executivo e Legislativo dialogariam com liberdade sobre os gastos considerados importantes pelos parlamentares, sem imposições nem barganhas.

O teto de gastos força gestores a compreender que o dinheiro público não é infinito e que, por isso, é preciso fazer escolhas, uma tarefa que políticos detestam porque sempre deixa insatisfeitos

Em vez de o país trabalhar para chegar a este nível, prefere-se o caminho mais fácil do engessamento, deixando-se essa margem mínima – uma das menores do mundo – para os gastos discricionários do governo, enquanto todo o resto é engolido por despesas “carimbadas” pela Constituição, por outras leis e pela vontade dos congressistas, que tentam reduzir ainda mais essa margem e se apropriar de parcela ainda maior do Orçamento. O instrumento mais recente é o das “emendas de relator”, uma ferramenta que existe para pequenas correções de caráter técnico no Orçamento, mas que nos últimos anos se transformou em uma imoralidade que envolve dezenas de bilhões de reais. O Congresso já tentou transformá-las em impositivas no Orçamento de 2020, e o acinte foi tanto que até um notório adversário do governo, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apoiou o veto presidencial afirmando que havia um “golpe parlamentarista” em andamento. Para o Orçamento de 2023, o caráter impositivo dessas emendas voltou a ser sugerido, mas sem sucesso.

Como, então, desengessar o Orçamento? O alvo mais óbvio tem sido o teto de gastos, o instrumento de ajuste fiscal aprovado em 2016 e que limita a despesa global do governo, corrigindo-a apenas pela inflação. O teto, no entanto, está longe de ser o problema. Pode-se até argumentar que aprová-lo antes das reformas da Previdência e administrativa não foi a melhor ideia, e que teria sido melhor primeiro reduzir no médio e longo prazo parte importante dos gastos “carimbados” aprovando tais reformas, para só então impor o teto. Mas ele efetivamente impede que governos gastadores comprometam o futuro do país e garante que eventuais receitas extraordinárias sirvam para reduzir a dívida pública, em vez de serem torradas, não raro contratando-se despesas permanentes. Não nos passa despercebido o fato de que o próprio teto de gastos também é, de certa forma, sintoma da “sociedade de desconfiança”, pois traz embutido o pressuposto de que, sem esse freio, governantes gastarão como se não houvesse amanhã; é preciso trabalhar para que ele um dia se torne desnecessário, com gestores empenhados em tratar com respeito o dinheiro tomado do contribuinte brasileiro.


Mas, enquanto isso não ocorre, o país precisa aprender a aplicar uma das virtudes do teto: ele força gestores a compreender que o dinheiro público não é infinito e que, por isso, é preciso fazer escolhas. Essa é tarefa que políticos detestam, pois tais escolhas sempre deixarão alguém descontente – aliados, grupos de pressão, corporações; sempre é muito mais simples elevar a despesa para que todos saiam satisfeitos. E será possível fazer melhores escolhas se finalmente as reformas que atacam o gasto público forem realizadas, em conjunto com a aplicação dos “três Ds” defendidos por Paulo Guedes desde a campanha de 2018: desindexar, desvincular e desobrigar. Isso pode ser feito de forma gradual, abrindo espaço aos poucos no Orçamento para elevar a margem que o governo teria para usar como achar melhor e implantar seu programa de governo. Afinal, quando um governante não pode executar suas plataformas porque praticamente todo o dinheiro já está empenhado em outras finalidades, também o eleitor vê traídos os seus anseios para o país.


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STF QUER A CRIAÇÃO DA JUSTIÇA JUDICIÁRIA

 


Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Estátua A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, praça dos três poderes, Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF)


A Justiça, estátua na Praça dos Três Poderes, fachada do Supremo Tribunal Federal| Foto: Agência Brasil

Projeto de lei enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso Nacional regulamenta a Polícia Judicial – que pode fazer investigações, com atividades de inteligência e contrainteligência, próprias da atuação da Polícia Federal. A alteração na lei ocorre na forma da troca da expressão “agente de segurança” para “policial judicial”. O decreto prevê ainda um benefício salarial aos policiais judiciais – a possibilidade de acúmulo da gratificação por atividade de segurança com função ou cargo comissionado.

O PL 2.447/2022 faz a transposição das alterações promovidas pela Resolução nº 344/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a Lei 11.416/06. A Resolução organizou a Polícia Judicial de forma infra-legal. O anteprojeto enviado ao Congresso na semana passada foi elaborado em sessão administrativa do STF, com a participação de representantes do Sindicado dos Servidores do Poder Judiciário (Sindjus).

Em nota publicada no seu site, na última sexta-feira (9), o Sindjus registra que o próprio CNJ, durante o processo de aprovação da Resolução nº 344, afirmou ser “necessário o adensamento dessa norma junto ao Poder Legislativo. Trata-se, portanto, de consolidar algo que já está sendo vivenciado, com sucesso, no dia a dia dos tribunais”.

O que pode fazer o policial judicial
Além das funções próprias da polícia administrativa no âmbito dos tribunais, como segurança das instalações físicas e proteção pessoal de autoridades, a Resolução 344, assinada pelo ministro Dias Toffoli, prevê como atribuições da Polícia Judicial realizar investigações preliminares de interesse institucional, operar equipamentos específicos de segurança no desempenho das atividades de inteligência e contrainteligência, interagir com unidades de segurança de outros órgãos públicos na execução de atividades de interesse do tribunal e realizar atividades de inteligência na produção do conhecimento para a segurança orgânica e institucional do tribunal.

O art. 7º da Resolução diz que a polícia judicial deve prover meios de inteligência necessários a garantir aos magistrados e servidores da Justiça o pleno exercício das suas atribuições. “Entende-se por atividade de inteligência o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais aos ativos do Poder Judiciário, orientadas para a produção e salvaguarda de conhecimentos necessários ao processo decisório no âmbito da segurança institucional”.

STF explica mudanças e acúmulo de cargos
O PL 2.447/2022 altera a Lei 11.416/2006. Na sua justificativa, o STF informa que o projeto tem por objetivo a atualização das menções feitas pela referida lei aos cargos de “segurança institucional” e a possibilidade de acúmulo da gratificação de segurança com cargo em comissão. “As alterações procuram adequar a lei aos recentes aperfeiçoamentos da área de segurança, além de proporcionar a estabilidade jurídica para a atuação, identidade própria, e um ganho qualitativo enorme”, diz a justificativa.

O Supremo informou ainda que outros órgãos do Poder Judiciário regulamentaram, internamente, o exercício do poder de polícia institucional, ao fazerem referência aos cargos da área de segurança institucional utilizando de nomenclaturas atuais.

Sobre o acúmulo de gratificações e cargos comissionados, o STF afirmou que essa medida estimulará a assunção, pelos inspetores e agentes de Polícia Judicial, de funções comissionas e cargos em comissão na área de segurança, contribuindo assim para a recomposição de seus quadros. O tribunal acrescentou que “a permissividade da nova redação não gera aumento no orçamento porque os órgãos do Judiciário já elaboram suas propostas orçamentários incluindo os valores necessários para o pagamento das gratificações, além das funções e cargos comissionados”.

O blog questionou o STF se não seria necessária uma nova lei que tratasse na carreira “policial judicial”, com a forma de ingresso no serviço. Não seria necessária outra formação e treinamento para o ingresso na nova carreira?
O blog também perguntou se a Polícia Judicial pode desenvolver atividades de inteligência. Não houve resposta até a publicação da reportagem.


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UCRÂNIA VIRA SOBRE A RÚSSIA E RECUPERA TERRITÓRIOS

Guerra na Ucrânia

Por
Mariana Braga


Soldados da Guarda de Honra ucraniana hasteiam uma bandeira nacional em Odesa, Ucrânia, 23 de agosto de 2022.| Foto: EFE/EPA/STRINGER

Com o reforço de armamento de países do Ocidente, os ucranianos conseguiram fazer tropas russas recuarem até a fronteira. Essa virada da Ucrânia na guerra que começou em 24 de fevereiro pressiona a Rússia a tomar novos posicionamentos diante do conflito. Em todas as opções que restam ao presidente russo, Vladimir Putin, há grandes chances de seu país sair perdendo militar e politicamente.

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse nesta terça-feira (13) que mais de 300 cidades que estavam sob controle russo foram retomadas pelo país, como resultado de uma contraofensiva ucraniana que ganhou força no final do mês passado. O território confirmado é de 3.800 km2 e, segundo ela, a reconquista real deve ser de “quase o dobro”.

As forças russas controlavam cerca de um quinto do país no sul e no leste até o começo da semana passada, mas a Ucrânia está agora na ofensiva em ambas as áreas.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na segunda-feira (12) que as forças ucranianas fizeram “progressos significativos” com o apoio ocidental para garantir que tenham o equipamento necessário.

Washington anunciou seu mais recente programa de armas para a Ucrânia na semana passada, incluindo munição para sistemas anti-foguetes, e já havia enviado sistemas de mísseis terra-ar, capazes de derrubar aeronaves. O armamento de qualidade é apontado como um dos principais fatores que levaram ao sucesso nessa primeira grande contraofensiva ucraniana.

Somado a ele, está a estratégia militar do país, que, segundo Marcelo Suano, professor de relações internacionais e diretor do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (CEIRI), deve ter garantido grandes baixas entre as tropas russas, apesar de ser impossível calcular em meio à guerra de informações.

“As perdas das tropas russas estão sendo muito grandes. Você não recua se não tiver grandes perdas”, lembrou o professor.

Suano ainda destacou que o tempo de conflito pode estar comprometendo a capacidade da Rússia de repor suas reservas de equipamentos, combustível, alimento e soldados.

Novos conflitos podem prejudicar a Rússia 
A Rússia não pode mobilizar para a Ucrânia soldados que estão em outros territórios, criando vácuos e perdendo força em outros países. E é exatamente nesse cenário que um vizinho da Rússia, o Azerbaijão, reacendeu um conflito ao bombardear a Armênia na madrugada desta terça-feira. Pelo menos 49 soldados morreram e três civis ficaram feridos.

As duas ex-repúblicas soviéticas têm confrontos desde a década de 1980 sobre a fronteira do Nagorno-Karabakh – reconhecido internacionalmente como território do Azerbaijão, mas povoado por armênios étnicos. Os países se acusam mutuamente de ataques fronteiriços, que se repetem esporadicamente.

Rapidamente, a diplomacia russa anunciou que estava preocupada com a situação e se colocou como mediadora dos conflitos.

“A Rússia tem apenas ferramentas políticas na região. Não tem recursos militares. Duas mil forças de paz em Karabakh e uma base militar na Armênia não são um recurso suficiente”, afirmou à Agência EFE o diretor do Instituto do Cáucaso com sede em Yerevan, Alexandr Iskanderian.

O ex-ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Tofik Zulfugarov, argumentou que “não é do interesse da Rússia, dadas suas dificuldades na Ucrânia, complicar as relações com o Azerbaijão e o principal aliado dele: a Turquia”.

No entanto, Putin também não pode tirar parte desses soldados que garantem a paz na Armênia para fortalecer os combates na Ucrânia.

Possíveis consequências 
Com o fortalecimento da Ucrânia e a impossibilidade de concentrar suas tropas em um único conflito, a Rússia fica pressionada a encontrar novas saídas. Declarar a guerra como perdida não é uma alternativa para Vladimir Putin. Portanto, uma das possibilidades é que ele, enfim, anuncie que está, de fato, numa guerra.

Em nenhum momento desde a invasão da Ucrânia em fevereiro o presidente russo utilizou essa palavra para tratar da invasão. Putin fala em “operação militar especial” e é essa ideia que ele vende para a população do país.

“Declarar uma guerra, sem ter uma justificativa para isso, colocaria a Rússia como um invasor”, lembrou Suano, e essa não é a mensagem que Putin quer passar internamente aos russos.

Ainda assim, se de fato ele optar por uma escalada do conflito e aumentar os ataques, utilizando possíveis armas mais potentes – talvez até partir para uma guerra nuclear -, terá que mobilizar tropas que estão em outros conflitos ou contar com países como China e Coreia do Norte, que provavelmente não terão interesse em investir em uma guerra com potencial de se tornar mundial.

Putin também pode tentar arrastar o conflito nesse mesmo ritmo por mais tempo, o que pode gerar um enfraquecimento do interesse dos outros países pela guerra na Ucrânia, tornando-o um confronto cada vez mais isolado.

E, à medida que o tempo passa, Putin é questionado por líderes políticos pelos erros estratégicos e pela falta de resultados, enquanto milhares de soldados morrem no país vizinho.

Enfraquecimento de Putin 
Insatisfeitos com essa situação, sete deputados russos de São Petersburgo pedem a destituição de Putin. Os legisladores enviaram na sexta-feira (9) uma carta oficial à câmara baixa do país, em que descreveram que as hostilidades na Ucrânia “colocam em risco a segurança da Rússia e de seus cidadãos, além da economia”.

Os deputados também destacaram que a guerra não conseguiu frear a Otan – pelo contrário, fez com que a aliança se expandisse pelo leste europeu – e sugeriram que Putin seja destituído por traição à nação, conforme o artigo 93 da Constituição do país.

Outra carta, enviada diretamente a Putin, também foi escrita pelos legisladores. “Sua retórica de intolerância e agressão mergulhou a Rússia de novo na Guerra Fria”, destacaram os deputados. “A Rússia voltou a ter medo e ódio, ameaçando o mundo inteiro com armas nucleares”, descreveram.

“Nós pedimos que você se retire do cargo, porque suas opiniões e seu modelo de gestão estão completamente ultrapassados e impedem o desenvolvimento da Rússia e de nosso potencial humano”, declararam os deputados diretamente a Putin.

Abbas Galliamov, cientista político entrevistado pelo jornal francês Le Monde, lembrou que parte da população começa a perceber que “Putin faz piada enquanto mata nossos garotos. Ele os enviou à morte e se diverte como se nada estivesse acontecendo”.


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PARECE QUE A NOVA PRESIDENTE DO STF VAI CONTINUAR PERSEGUINDO O BOLSONARO

Por
Alexandre Garcia


Rosa Weber ficará no comando do Judiciário até outubro de 2023, quando se aposenta.| Foto: Carlos Alves Moura/STF

A partir de hoje já está aberta uma consulta popular da Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica. Querem ouvir, de todos os consumidores de energia elétrica, se gostariam que a concessionária oferecesse também pagamento da conta mensal de eletricidade pelo Pix, que é essa grande novidade brasileira que outros países estão incorporando, e que deixou os bancos sem a taxa, a comissão de transferência. Porque só 15% das concessionárias disseram que estão permitindo pagamento por Pix, as outras nem se envolveram nisso. Então, se essa consulta que vai durar um mês e meio, quarenta e cinco dias, provar a ideia do Pix, a Agência Nacional de Energia Elétrica vai obrigar todas as concessionárias a aceitar pagamento por Pix. Claro que não exclusivamente, quem quiser continuar pagando por débito em conta, ou qualquer outra forma, pode pagar, está livre. Mas a concessionária vai ser obrigada a aceitar o pagamento pelo Pix.

Está facilitando a vida das pessoas, assim como abrir empresa. Milhões de brasileiros, que ficaram desempregados na pandemia, abriram milhões de pequenas empresas porque está fácil agora abrir empresa. Era uma tragédia, agora está muito fácil.

E a outra boa notícia nessa área econômica é que de novo baixou o gás de cozinha, a gasolina continuou baixando, o etanol também. Minha mulher mencionou, na última vez que encheu o tanque, que pagou quase R$500 e que agora pagou R$300 ou algo assim, de gasolina. Eu ainda estou pagando caro o diesel.

Mudando um pouco de assunto, naquele discurso de posse da ministra Rosa Weber, no Supremo, como presidente, ela reafirma uma grande vontade de cumprir a Constituição. Óbvio, ela é obrigada a isso, todos nós somos obrigados. Ainda mais ministro de Supremo, que é o guardião da Constituição. E falou também em obedecer ao devido processo legal, reafirmou que o judiciário não age de ofício, ou seja, por iniciativa própria.

Aí eu fico esperançoso, ela tem apenas um ano, mas que cumpra isso. Tirando o judiciário dos seus desvios, botando de novo nos trilhos. Porque tem lá um inquérito, que começou com Toffoli, que está baseado no regimento interno, que já foi derrubado. O artigo em que se baseou pela Constituição de 1988, que obriga a ter Ministério Público em qualquer inquérito. É essencial, porque se o Ministério Público ou a polícia não tomam iniciativa de um inquérito, um juiz jamais pode tomar a iniciativa, isso não faz sentido. Com o agravante de que no caso desse inquérito, o juiz é o suposto agredido. Imagina que coisa incrível, só numa monarquia absoluta seria possível ao rei fazer tudo: é ofendido, investiga, policia, julga, acusa, enforca. O que ela vai fazer em relação a isso?

O devido processo legal que engloba o sistema é o seguinte: quando o acusador, agente do judiciário, cuja função é acusar, não encontra nenhum crime num determinado inquérito, e avisa a juíza que não vai acusar, porque não tem crime, é óbvio que o juiz arquiva, acabou. Mas um juiz do Supremo não está fazendo isso. Continua insistindo com processo depois da Procuradoria Geral da República informar que não encontrou crime nos oito empresários que estavam conversando, exercendo seu livre direito, garantido pela Constituição, numa cláusula pétrea, no artigo 5º, no artigo 220, isso é garantido pela Constituição. Então, eu gostaria muito de saber o que ela vai fazer com isso. Tomara que consiga fazer alguma coisa, porque o ministro Fux, quando tomou posse na presidência, anunciou que o Supremo estava sofrendo críticas, sofrendo uma destruição por ser usado por pequenos partidos sem voto na Câmara e no Senado como instrumento. Não tem voto na Câmara para resolver, então coloca o Supremo para resolver, e aí se mete numa questão que é política e não é constitucional. E ele não conseguiu, em dois anos. Ela só vai ter tempo até 2 de outubro do ano que vem, pois ela se aposenta. Tomara que consiga, mas eu não encontrei no discurso uma firme de vontade de resolver. Pelo menos não no discurso.


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POPULARIZAÇÃO DA CHATICE COMO SINÔNIMO DE INTELIGÊNCIA

 

Jump cut

Por
Paulo Polzonoff Jr.


| Foto: EFE

Calma aí! Não precisa me botar no pau-de-arara nem enfiar uma agulha sob as minhas unhas. Confesso de livre e espontânea vontade que assisti a um filme de Godard. Na verdade, foram dois ou três. Não me vanglorio, mas também não me arrependo. Aliás, se me arrependo de alguma coisa é de não ter beijado a moça que me acompanhou naquela sessão no mofado Cine Ritz. Como era o nome dela mesmo?

Não lembro. Assim como não me lembro do filme. Do cinema, contudo, me lembro bem. Entrar no Cine Ritz da década de 1990, com aquele odor inesquecível de mofo, urina, café e xerox ainda quentinha, era se sentir imediatamente mais inteligente. Quase superior. E ser reconhecido entre os três ou quatro espectadores que lotavam as sessões dos filmes-cabeças era, sei lá, a glória. Ou deve ter sido. Nunca aconteceu comigo.

Tinha também o Luz e o Groff. Era nesses cinemas fedidos e claustrofóbicos que nós, pretensos gênios (não pense que não te reconheci aí de boina, Sabbag), admirávamos as obras dos gênios – com gê maiúsculo tipo iluminura. E Jean-Luc Godard, que faleceu ontem (13), aos 91 anos de idade, era um desses gênios. Dizem. Não tenho culpa. Quando cheguei a este mundo, já estava assim: Godard e toda aquela tchurminha da nouvelle vague eram gênios incontestes. E, por consequência, motivo de muita angústia para nós, intelectualoides de 20 anos que tomavam chuva e passavam frio à espera de a Cinemateca abrir.

Afinal, se não nos empolgávamos com a nova obra de Godard (lembrei o nome do filme que queria citar no primeiro parágrafo: “Para Sempre Mozart”) éramos tidos por caipiras, provincianos e ignorantes. Pior ainda se não entendíamos a narrativa sempre muito brilhante e profunda, pontuada por revolucionários jump cuts. Ora, só os energúmenos, idiotas e analfabetos, os que morreram por dentro, os que não têm a poesia correndo no sangue, os inferiores é que não entendiam Godard. Que, no mais, não é para ser entendido, e sim para ser sentido. (Perdi as contas de quantas vezes ouvi, a sério, essa balela aí).

Quem não apreciava Godard (pronuncia-se “godarde” mesmo) era porque estava contaminado com o lixo tóxico produzido pelos grandes estúdios estadunidenses. Aquele blá, blá, blá todo de bicho-grilo apavorado com a possibilidade de o Bug do Milênio provocar um apocalipse. Para ser filosófica, poética, estética, ética, psicológica e politicamente boa, a obra de arte tinha de ser ser sobretudo chata, enfadonha, arrastada, morosa e tediosa. Ou, como se dizia na época dos bichos-grilos de verdade, cacete.

Para piorar, essa inteligência bocejante tinha de estar envolta num hermetismo intransponível. Ou, por outra, acessível apenas a uns poucos iluminados. Desvende uma só chave semiológica num frame de Godard e você se torna imediatamente um intelectual(oide). Do tipo de (des)taca os elementos das palavras com (para)êntesis.

Por sorte, percebi rapidamente toda a impostura que cercava aquele mundinho. Mas isso é história para outro texto, porque este está chegando ao fim com um lamento. Afinal, era para ser um texto que aproveitasse a triste efeméride para, assim meio proustianamente, falar sobre os diferentes cheiros dos cinemas onde eram exibidos os filmes de arte (pronuncia-se “ártchy”). Era para ser também uma homenagem à pretensão juvenil. Essa que está em falta hoje em dia. Mas não deu tempo.

E o que acabou saindo foi isso aí. Um texto que, me ocorre agora, pode soar desrespeitoso para os fãs do cineasta, aos quais peço antecipadamente desculpas. Não foi minha intenção. É que Godard, para mim, há algum tempo deixou de ser uma pessoa de carne e osso e que faleceu ontem (13), e virou praticamente um adjetivo a ser usado para se referir a tudo o que é pernóstico. A essa ideia de contemplação que requer nota de rodapé e índice onomástico.

Antes de encerrar, preciso reforçar aqui que não me lembro do nome da moça que me fez companhia no cinema naquele dia. Não sei se era morena ou loira, embora provavelmente fosse linda e inteligente como todas as mulheres que já se interessaram por mim. Também gostaria de acrescentar que minha esposa é maravilhosa. E dizer que não, ela não está de modo algum aqui ao meu lado, fazendo a internacionalmente conhecida “boquinha do ódio” e me fulminando com o olhar de quem é muito serena e não sente ciúme algum do marido.


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