A ideia é de Eugène Ionesco. Dois amigos conversam. Jean tenta
corrigir maus hábitos de Bérenger, bebedor inveterado. A solução para
uma vida melhor estaria em passar os momentos disponíveis de “uma
maneira inteligente”. Como? Jean dá a fórmula: “Visite os museus, leia
revistas literárias, assista a conferências. Isso acabará com suas
angústias e formar-lhe-á o espírito. Em quatro semanas, você será um
homem culto”.
Citei O Rinoceronte, obra de referência do chamado teatro do
Absurdo. “Rindo se corrigem os costumes”, diziam os antigos romanos. O
humor é uma forma de escola moral. O humor estaria no tempo curto:
quatro semanas?
Vou misturar Maquiavel e Machado (Teoria do Medalhão). Só precisa
parecer culto, não ser. Estando em São Paulo em 2022 (meu ponto), no ano
de 1959 em Paris (Ionesco), na Florença do Renascimento (Maquiavel) ou
no Rio de Janeiro do fim do Império (Machado), parecer seria superior a
ser no mercado de consumo social.
As fórmulas são universais. Vista-se inteiramente de preto e parecerá
mais magro. Poste fotos com muitos filtros e perceberão seu ser um
pouco mais jovem. Jesus condenou, e Maquiavel exaltou: o sepulcro pode
estar caiado de branco, mas… quem irá cavar em busca da podridão do
conteúdo? Importa o túmulo alvo e público, bem cuidado e exuberante. Os
cemitérios foram a primeira rede social do mundo. Lá estavam informações
positivas e flores, e homens insuportáveis, e mulheres abomináveis
passaram à eternidade com frases motivacionais: saudades eternas, pai
exemplar, mãe extremosa…
Tumbas são construídas sobre solo consagrado. Vamos ao profano mesmo.
Em um mês, você pode ter frequentado (em caráter intenso e excepcional)
quatro museus. Conseguiria, graças ao recurso das redes com que Ionesco
não contava, acessar quatro palestras boas. Conseguiria ler, com
proveito, talvez duas revistas literárias. Se iniciar o programa que a
personagem Jean indica, talvez consiga um recorte curatorial: buscar
apenas imagens de mulheres nos museus, ler atentamente sobre as obras e,
depois, ver as palestras sobre feminismo. Por fim, destacar nas
revistas os estudos sobre mulheres na literatura.
Assim, após as semanas iniciais de cultura, se acontecesse de alguém
conversar sobre mulheres na arte, você poderia dar dados bem
estruturados sobre o tema e, com certeza, pareceria culto e consciente.
Maquiavel aprovaria, mas, como você sabe, ele está – sem esperança – no
inferno. O cinismo sempre funciona e nunca será louvado em público.
*Luiz Antonio da Assunção – Farmacêutico Bioquímico
Quem nunca se automedicou que atire a primeira pedra. Caso se lembre
de onde está a pedra. O uso de certos medicamentos, sem um devido
monitoramento, pode acarretar em diversos efeitos colaterais, entre
eles, o mal de Alzheimer.
Segundo estimativas, a previsão é que, em 2050, haja um aumento em
150% nos casos de demência e doenças neurodegenerativas, e esse aumento é
impulsionado por pacientes que fazem uso contínuo de medicamentos sem
acompanhamento periódico.
Os indivíduos com 16 anos ou mais que tomam medicamentos por conta
própria representam 89% da população, conforme pesquisa do Instituto de
Ciência, Tecnologia e Qualidade em parceria com o Datafolha, revelando
um aumento significativo em relação à 2014, quando esse percentual era
de 76%.
Quanto aos pacientes que tomam medicamentos de uso contínuo para
tratamento de patologias, sabe-se que é uma parcela alta da população –
sendo este um dado alarmante. O acesso a alguns desses medicamentos –
uma vez prescrito por um médico – é fácil e, proporcionalmente,
incontrolável, por não haver um monitoramento regular do uso prolongado
dessa medicação.
A grande maioria dos remédios podem trazer efeitos colaterais, mas
são necessários para cura e/ou tratamento de dores e doenças. Porém, uma
classe de medicamentos de uso pontual ou contínuo podem acarretar
problemas maiores ao que o paciente quer tratar naquele momento.
Hoje, três classes de medicamentos precisam de um acompanhamento de
perto de um farmacêutico clínico, que, tecnicamente, classificam-os como
sendo da família dos “prazóis”, como o Omeprazol e o Pantoprazol –
usados para tratamento gástrico; os “pans”, como o Diazepam e o
Clonazepam – indicados para crises de ansiedade e tratamento de
problemas neurológicos; e as estatinas, usadas para diminuição do
colesterol.
Tais remédios são muito eficazes no que se propõem. No entanto, esses
mesmos medicamentos, administrados por um longo tempo, são os grandes
responsáveis por aumentar as chances nos pacientes de desenvolver uma
doença neurodegenerativa, e, se nada mudar em relação a esse
comportamento, estima-se que, em 2050, haja um aumento de 150% desse
tipo de patologia.
A grande maioria dos pacientes, que fazem uso sequencial dessas
medicações, não tem conhecimento dos altos riscos que estão se
submetendo. Esses remédios podem fazer com que essas pessoas tenham um
declínio cognitivo e talvez até recebam o diagnóstico de Alzheimer, por
não estar sendo acompanhado por um especialista.
Por isso, é imprescindível realizar um monitoramento de todos aqueles
pacientes que fazem o uso contínuo de medicamentos, e essa função é
justamente do farmacêutico clínico, que conhece o indivíduo e analisa os
medicamentos que ele administra – e não do médico, que é responsável
por diagnosticar a doença e prescrever a medicação.
Virgilio Marques dos Santos, CEO da FM2S Educação e Consultoria
No artigo de hoje, quero compartilhar uma experiência que tive no
final de semana, ao ir comprar pão para o lanche do sábado à noite.
Chegando à padaria, vi um senhor tentando empurrar seu carro ladeira
acima e seu filho, já adulto, dentro do carro. Chamou-me atenção a cena,
haja vista que era de se esperar que ambos se ajudassem na tarefa. Como
não aguento ver alguém e não ajudar, resolvi me aproximar.
O senhor ficou muito animado ao me ver e disse que o filho não estava
ajudando, pois estava em recuperação de uma cirurgia. Justificativa
feita, iniciei a tarefa física de empurrar o carro ladeira acima. O
problema, porém, foi que o senhor pedia ao filho que conduzisse o
veículo no assento do passageiro – o que, obviamente, não dava certo.
Depois de empurrar o carro ladeira acima três vezes sem conseguir
estacioná-lo, o senhor começou a brigar com o filho. “Poxa”, dizia ele,
“você não consegue estacionar”. O filho, por sua vez, retrucava e dizia
que era impossível estacionar do passageiro. E, eu lá, suando e
esperando a discussão terminar. Não aguentando mais ver a cena, fiz a
sugestão que o filho saísse do carro e o senhor assumisse o volante.
Quando me vi sozinho, o peso do carro dobrou e empurrá-lo exigiu toda
a tração que meu chinelo era capaz de dar. Nisso, parou uma moça e veio
nos ajudar. Foi uma situação reconfortante. Juntos, continuamos a
empurrar o carro e o senhor a tentar dirigi-lo, sem muita maestria.
Depois de três tentativas começamos ajudá-lo com dicas de como manobrar.
Ao final, ele conseguiu. Findo o processo, nos agradeceu e cada um
tomou seu rumo.
O que refleti sobre o acontecimento?
Primeiro: ajudar o próximo é muito importante. Ao ver alguém em
apuros, ofereça ajuda. Sentir-se acolhido nessas horas é condição
fundamental para nos sentirmos humanos. Segundo: se você começar a
ajudar, logo em seguida outras pessoas irão se juntar a você. Não sei se
é da nossa evolução como espécie, mas funciona. Terceiro: se você
conseguiu o engajamento de outras pessoas para resolver um problema,
lidere corretamente. Tenha calma com a situação que saiu-lhe ao
controle. Quarto: não discuta com os seus, na frente dos que lhe ajudam.
Quinto: se está num time com problema, mesmo que combalido por uma
cirurgia, ajude. Não fique sentado à espera, se você puder andar.
Sobre liderança
Na situação que presenciei, ficou claro como era importante o senhor
ter liderado a galera que o ajudava. Quando sou recurso em algum
projeto, espero que o líder conduza corretamente o veículo para a vaga
desejada. No caso, passar 10 minutos fazendo força para alguém não
conseguir transformar seu trabalho em algo útil é frustrante. Se isso
acontece numa empresa, tenha certeza, haverá risco dos seus
colaboradores procurarem alternativas melhores.
Também fiquei incomodado com a discussão do pai e do filho, pois não
adiantava buscar um culpado. O senhor, imbuído da tarefa de liderar o
estacionamento, não deveria reclamar do filho por não conseguir fazê-lo.
Deveria dar instruções claras sobre como esse teria de proceder para
resolver o problema. Na experiência que tivemos, ficou clara a falta de
liderança do pai em relação ao problema.
Sobre engajamento
Aqui, as lições foram mais positivas. Ver uma moça parar o carro e
nos ajudar na tarefa foi uma lição de humanidade. E, o mais importante, a
certeza de que ao iniciar uma empreitada cuja causa é nobre, outros
irão ajudá-lo.
Num país polarizado, como o que vivemos, às vezes nos esquecemos de
como podemos compartilhar objetivos e trabalhar juntos por eles,
independentemente das opiniões divergentes em algumas coisas. Nem todos
os meus amigos professam a mesma fé ou torcem para o mesmo time;
entretanto, o portfólio de coisas que fizemos juntos é bem extenso.
Num projeto de melhoria, sempre iremos enfrentar o medo da baixa
adesão e a angústia pelo sucesso. Mas a certeza de que dará certo é
condição fundamental para começá-lo. Precisa estar convencido disso,
pois é essencial para convencer os demais da causa que defende e que os
demais precisarão defender consigo.
Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?
Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)
Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra
fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local,
pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas
na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer
“milão” é “caro demais”.
Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios
na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A
lógica deveria ser justamente a inversa.
Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.
O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam
conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR
DIA!).
Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.
Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?
Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?
Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?
Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?
Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…
Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?
Absolutamente nenhuma além da internet.
E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?
Marketing Digital é barato, mas não é de graça.
Vamos fazer uma conta de padaria:
Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?
Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.
Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.
Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando
metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada
carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.
Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.
Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta
pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno
de R$ 5,51.
Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.
Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…
E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.
Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco
explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números
disparados na frente do marketing tradicional.
Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.
Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você
deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para
o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?
Deixo a reflexão.
Preferências de Publicidade e Propaganda
Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago
Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para
divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais
veículos de propaganda você tem preferência?
Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das
empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros
meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.
Vantagens da Propaganda no Rádio Offline
Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.
É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda
existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou
produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio
funciona bem demais!
De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas
vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender
que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará
entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim,
concretizar suas vendas.
Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline
Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que
costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no
rádio. Frequentemente, os rádios também são usados como ruído de
fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles
também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o
ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo
quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao
usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,
A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade
para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de
marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a
mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente
estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que
não estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de
alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários
dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Governo federal pode ter, em 2022, o primeiro superávit primário desde 2013.| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo
Em 2021, o setor público consolidado do Brasil registrou superávit
primário (antes do pagamento de juros da dívida) pela primeira vez desde
2013, com saldo positivo de R$ 64,7 bilhões. No entanto, aquele número
se devia principalmente ao bom desempenho de estados e municípios; a
União ainda registrou déficit primário de R$ 35,1 bilhões, muito menor
que o projetado. Em abril deste ano, quando o governo enviou ao
Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023, a
estimativa era de que o governo central (Tesouro Nacional, Previdência
Social e Banco Central) só tivesse superávit primário em 2025. Quatro
meses depois, no entanto, há grande chance de a União voltar ao azul já
em 2022.
Alguns fatores de melhoria nas contas públicas estão relacionados à
evolução do mercado de trabalho: menos pessoas sem trabalho reduzem o
gasto governamental com benefícios ligados ao desemprego, e mais
brasileiros com carteira assinada elevam as contribuições para a
Previdência Social. A arrecadação como um todo vem crescendo graças ao
avanço da atividade econômica, que está superando as expectativas, mas
conta também com um empurrãozinho da inflação, já que produtos e
serviços mais caros criam uma base de arrecadação maior. Mas é nas
chamadas “despesas extraordinárias” que está o trunfo de 2022: a
antecipação de dividendos de estatais e os recursos oriundos de novos
contratos de geração de energia, consequência da privatização da
Eletrobras, é que devem virar o jogo, tirando a União do déficit
primário e levando-a ao superávit.
O país tem uma janela curtíssima para fazer seu ajuste fiscal em
momento mais favorável, eliminando pelo menos alguns riscos antes que
haja uma inflexão na atividade econômica
Este momento pode não ser o ideal em termos absolutos, já que temos
indicadores ainda preocupantes, como desemprego, inflação e juros altos,
mas demonstra que o país está mais forte do que se imaginava no início
do ano, e isso significa que há oportunidades que precisamos aproveitar
melhor. Receitas extraordinárias são, como diz o nome, algo excepcional,
sem garantia de que haverá repetição; não há como um governo contar
sempre com elas para fechar as contas no azul. O Brasil pode fechar 2022
com crescimento na casa dos 2% – estimativas mais otimistas falam em 3%
–, mas o próximo ano promete dificuldades, com o fraco desempenho
mundial puxando o Brasil para baixo. As projeções para o PIB de 2023
colhidas no Boletim Focus recuam na mesma intensidade com que as
previsões para 2022 sobem.
Internamente, a atividade econômica deve sentir com mais intensidade
os efeitos da elevação dos juros para conter a inflação –
tradicionalmente, aumentos na Selic levam alguns meses para “atingir” a
economia – e há uma série de elementos que pressionam o gasto público,
como a possibilidade de o Auxílio Brasil continuar a ser de R$ 600 no
próximo ano, uma promessa de campanha dos principais candidatos à
Presidência da República. A transformação de despesas temporárias em
permanentes foi um dos fatores de risco apontados pelo Copom em sua
última reunião: além de jogar mais dinheiro na economia, o que pode
elevar a demanda por alguns produtos e serviços, com efeitos na
inflação, mais gasto público reduz a confiança do investidor na saúde
fiscal do país, eleva o prêmio exigido para se emprestar dinheiro ao
Tesouro e afeta negativamente o câmbio.
O país tem, portanto, uma janela curtíssima para fazer seu ajuste
fiscal em momento mais favorável, eliminando pelo menos alguns desses
riscos antes que haja uma inflexão na atividade econômica. No entanto,
essa janela já está completamente tomada por uma campanha eleitoral em
que a austeridade e o controle da despesa pública não figuram entre os
grandes puxadores de voto – e, pior ainda, com candidatos atacando
abertamente mecanismos como o teto de gastos, ameaçando colocar a perder
todo um trabalho de saneamento das contas públicas que ainda está longe
de terminar. As reformas administrativa e tributária são essenciais,
mas, ao que tudo indica, se o eleitor escolher em outubro um governo
comprometido com elas, será preciso realizá-las em um cenário mais
turbulento que o atual.
Caminhoneiros misturados a manifestantes na Esplanada dos Ministérios em 7 de setembro de 2021.| Foto: Alan Santos/PR
Há
cerca de seis meses, a área de segurança institucional do Supremo
Tribunal Federal (STF) vem se reunindo com outros órgãos de segurança
pública para garantir a segurança do edifício da Corte e dos próprios
ministros no próximo dia 7 de setembro. Assim como no ano passado, as
comemorações da Independência serão marcadas por manifestações de apoio
ao governo e possivelmente de protestos contra o STF.
Em 2021, em Brasília, dezenas de caminhões de todo o país chegaram na
véspera e estacionaram na Esplanada dos Ministérios – muitos se
posicionaram na pista entre a Câmara Federal e o Ministério das Relações
Exteriores e a menos de um quilômetro do STF. Na época, alguns
caminhoneiros falavam abertamente, durante o ato, em invadir a Corte.
Com faixas, vários manifestantes incentivavam a expulsão de ministros do
Supremo. Uma barreira com mais de uma centena de policiais militares se
posicionou e impediu qualquer tentativa de dano.
Agora, segundo apurou a Gazeta do Povo no STF, a polícia judicial da
Corte se articulou com órgãos de segurança do Distrito Federal para
barrar a entrada de caminhões na Esplanada. Eles poderão entrar na
capital federal, mas serão encaminhados para outro local, onde não
representem ameaça de invasão e depredação de edifícios da alta
administração central.
Além disso, junto com os órgãos de segurança pública, o setor de
inteligência da polícia do STF tentará identificar quem chegará a
Brasília, quais meios de transporte utilizarão e onde pretendem se
posicionar. “Tenho certeza que nada vai chegar ao STF”, disse um alto
funcionário do setor, sob condição de reserva.
Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (21), o
presidente do STF, Luiz Fux, admitiu que a área de segurança foi
surpreendida no ano passado, pois esperava que os caminhões chegassem ao
local só no dia 7, e não no dia 6.
“Havia veladamente uma informação de que tentariam chegar perto do
Supremo. Um grupo radical falava em invadir o Supremo. Posso
diagnosticar este como o momento mais delicado. Tivemos que passar a
madrugada acordados e vigilantes para que não houvesse nenhum incidente.
Algumas barreiras que estabelecemos foram vencidas. Mas o batalhão de
choque da Polícia Militar conseguiu contê-los para que não chegassem nem
perto do prédio. Tínhamos informações de que a entrada de um caminhão
no prédio do STF poderia causar a própria implosão da sede”, disse Fux.
O STF fica localizado na Praça dos Três Poderes, ao redor da qual
estão também o Congresso e o Palácio do Planalto. Em 2021, não houve
desfile militar na Esplanada, por causa da pandemia, mas o presidente
Jair Bolsonaro compareceu ao local no final da manhã para discursar do
alto de um caminhão de som para apoiadores. Ele protestou contra as
medidas do ministro Alexandre de Moraes em inquéritos contra seus
apoiadores.
Na época, Moraes passou a investigar e mandou prender vários
apoiadores do presidente que, nas redes sociais, insultavam e ameaçavam
os ministros. Até hoje, ele conduz quatro investigações contra
Bolsonaro, inclusive nos inquéritos das “fake news” e no das “milícias
digitais”. Neste ano, o presidente voltou a criticar o ministro e chegou
a denunciá-lo no STF por abuso de poder – a acusação foi arquivada no
dia seguinte pelo ministro Dias Toffoli.
Nas últimas semanas, Bolsonaro deu sinais de pacificação: recebeu o
ministro no Palácio da Alvorada e aceitou o convite dele para posse como
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na cerimônia, no dia
16, o presidente trocou afagos com Moraes, sentando-se a seu lado.
Neste ano, ainda não é certo que Bolsonaro vá discursar num ato em
Brasília. Após sua presença no tradicional desfile militar, a previsão é
que siga direto para o Rio de Janeiro, onde manifestantes farão um ato
de apoio na Avenida Atlântica, em Copacabana, e depois embarque para São
Paulo, onde participa de manifestação na Avenida Paulista, à tarde.
Dentro do STF, a área de segurança trabalha com a hipótese de “risco
elevado” no evento. Isso inclui não apenas possíveis ataques à sede do
tribunal, mas também cenários de atentados contra ministros. Assim como
no ano passado, é provável que policiais infiltrados se façam presentes
na manifestação à paisana, para monitorar possíveis agressores. Há até
mesmo preparação para resgate de ministros, caso suas residências sejam
alvos de ataques.
“Nosso planejamento vai desde a situação mais tranquila à mais
dramática possível. A gente se prepara para o pior, mas torce pelo
melhor”, diz o mesmo funcionário da área de segurança do STF.
Ataques cibernéticos críticos ao STF cresceram Além da proteção
física dos ministros e de suas instalações, o STF também tem investido
na segurança cibernética. Um levantamento da área já identificou,
somente nos primeiros sete meses de 2021, 2.434.627 ataques, dos quais
93,88% de nível “crítico”.
Servidores da área dizem que, em ano passados, a quantidade já foi
maior, passando de 4 milhões, mas nunca com tamanha fatia de
criticidade. O ataque é considerado assim quando efetivamente pode
comprometer a integridade dos dados do tribunal, que incluem processos
judiciais e documentos administrativos. “É quando o atacante chega na
porta do cofre”, diz um desses funcionários, também sob condição de
reserva.
Os quatro tipos de ataque mais comuns são o sequestro de dados, no
quais o hacker consegue bloquear o acesso de seu detentor e cobrar uma
contrapartida para sua liberação; o acesso e exploração de dados
sensíveis e não públicos, para obtenção de ganhos e informação
privilegiada; a invasão ao site para deixar uma mensagem de protesto na
página inicial; e a derrubada do site e dos serviços online por meio de
acessos simultâneos em massa, via robôs, que sobrecarregam o sistema.
O ataque mais grave identificado ocorreu em abril do ano passado, e
foi do segundo tipo, para obtenção de dados. A área de segurança da
informação conseguiu barrar o acesso, localizou a origem e os hackers
foram presos.
Para fazer frente aos ataques cibernéticos, o STF tem multiplicado os
investimentos em segurança da informação. Em 2019, o orçamento para a
área foi de R$ 648,6 mil; em 2020, passou para R$ 1,5 milhão; em 2021,
subiu para R$ 1,8 milhão; neste ano é de R$ 8 milhões e, em 2023, a
previsão é que sejam investidos R$ 10,8 milhões.
A preocupação com essa área aumentou justamente durante a pandemia,
quando o STF também acompanhou a tendência mundial, no setor público e
privado, de ampliar a digitalização de suas atividades. Atualmente,
praticamente 100% dos processos judiciais e administrativos do tribunal
estão no ambiente digital.
Sobre a entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao Jornal
Nacional, fica a dúvida: será que o telejornal mais importante do país
se comunica com o povo?| Foto: Reprodução/ Globoplay
Dizer que
Jair Bolsonaro e Jornal Nacional são como água e azeite seria um
eufemismo. Os dois estão mais para ácido e base mesmo. Desde 2018, ou
antes, o telejornal que ao longo de décadas informou o Homer Simpson
brasileiro optou por fazer uma oposição inflexível ao atual presidente.
Assim, acabou por alienar uma parcela do público – justamente o homem
comum com o qual tão bem se comunicava.
Daí porque a entrevista do candidato à reeleição era tão aguardada.
Eu, de minha parte, preparei uns sanduichezinhos de bolacha Maizena com
um Toddy bem quentinho para enfrentar o frio e a peleja entre a dupla
William Bonner & Renata Vasconcellos e Jair Bolsonaro. Até criei um
bolão no grupo Bilionários do Zap para apostarmos em quantas vezes o
presidente falaria “talquei” e quantas vezes os apresentadores
revirariam os olhinhos.
Antes de falar da entrevista propriamente dita, vale um comentário
sobre a suposta desimportância do evento. Ora, se o próprio presidente
se dispôs a sair de Brasília para ser entrevistado nos estúdios da
emissora é porque reconhece o poder da Rede Globo. Cotidianamente, o
Jornal Nacional talvez tenha abandonado o Homer para falar apenas com as
Lisas Simpsons da vida. Mas pode apostar que, na hora de conversar com o
líder máximo da nação, até o mais alienado Homer Simpson larga o
YouTube para se sentar no velho sofá surrado diante da TV de tubo.
Agora silêncio que a entrevista vai começar.
E começou pesado (mas sem panelaço, como esperavam alguns). Um
William Bonner com a barba por fazer, o que era impensável há alguns
anos, foi logo perguntando sobre golpe. Mas não foi num tom ameno, nem
lá muito educado. Bonner perguntou retratando Bolsonaro como um vilão de
história em quadrinhos. O presidente respondeu expondo suas dúvidas
(aquelas que já está todo mundo cansado de saber) sobre o sistema
eleitoral e insistindo no discurso de que só quer mais transparência.
Com voz mansa, lá veio a réplica citando todas as instituições que
“atestam a segurança das urnas” e falando em “orgulho” das urnas
eletrônicas. Daí veio o sorrisinho e aquilo, confesso, me desmontou. Se
ainda restavam ilusões, elas se perderam de vez com esse sorrisinho. Mas
eu não sou o assunto deste texto, e sim a entrevista de Jair Bolsonaro
ao Jornal Nacional. Diante do sorriso condescendente, Bolsonaro
interrompeu o discurso de Bonner para dizer “Fique tranquilo. Teremos
eleições”.
Mais golpe. Bonner critica os apoiadores de Bolsonaro, chamando-os
(uma ênclise!) de golpistas e alienando parte de seu público. Mas acho
que já falei disso lá na introdução. Bolsonaro insiste na defesa da
liberdade e até critica o AI-5. Bonner interrompe e fala em “tirar esse
estresse” e exige o compromisso de que Bolsonaro respeite o resultado
das urnas. Mais do que isso, cobra que Bolsonaro contenha os apoiadores.
“Pandemia, candidato”, diz Renata Vasconcellos antes de elencar os
pecados do presidente Jair Bolsonaro: a postura pessoal contra a vacina,
o uso de hidroxicloroquina, o jacaré. “O senhor desestimulou a
vacinação. Isso não tem nada a ver com liberdade”, disse a sofista,
digo, jornalista. “Figura de linguagem?”, pergunta a jornalista, e tem
início um debate surreal sobre a famosa história de virar jacaré. Estou
mesmo assistindo a isso?
Renata Vasconcellos insiste na pandemia e repete a ladainha da CPI da
Covid. “Muitos viram isso como sinal de falta compaixão”, diz a
jornalista sobre algumas posturas do presidente durante a pandemia.
“Você se arrepende?”, insiste ela. Bolsonaro se sai com auxílio
emergencial e com a solidariedade que ele vê como real, e não a
simbólica e politicamente correta cobrada por Vasconcellos. “Então você
chama isso de ‘politicamente correto’?”, pergunta espertamente a
jornalista.
Começa a parte da entrevista que fala sobre economia. Bonner pinta um
cenário de desastre e, nas entrelinhas, acusa o presidente e a equipe
econômica de incompetência. Mais sorrisinhos. “A grande vacina da
economia foi feita em 2019”, responde Bolsonaro, citando por alto a
melhora no índice de desemprego. Ele diz ainda que o mundo inteiro passa
por dificuldades. Percebendo que economia não prejudicaria Bolsonaro,
Renata Vasconcellos vem com o papo de “incentivo ao desmatamento”.
“Uma coisa é incêndio natural e outra coisa é o desmatamento”, diz
Vasconcellos quando Bolsonaro menciona incêndios florestais na Europa e
Estados Unidos. Uau. “A quem interessa proteger um trator usado para
derrubar árvores?”, pergunta um indignado Bonner, ao que Bolsonaro
tenta, sem sucesso, explicar que a Amazônia é enorme, do tamanho da
Europa Ocidental, e que ele apenas cumpre a lei. O “cumpre a lei”
incomoda Bonner, que passa a bola para a colega. Vasconcellos então fala
que o mundo vê o Brasil como um país destruidor de florestas. Imagem,
imagem, imagem. Bolsonaro responde dizendo que a Alemanha voltou a usar
combustíveis fósseis e fala que há uma diferença entre a realidade e a
“imagem”. Será que cola entre o povão?
Aliás, me dou conta de que falta à entrevista perguntas voltadas para
o Homer Simpson. Será que isso tudo tem alguma relevância para o homem
comum? Enquanto estou pensando nisso, Bolsonaro começa a falar sobre o
agronegócio. “Vamos ver se o Brasil começa a mudar essa imagem”, diz
William Bonner, mudando de assunto. E lá vem papo sobre política,
Centrão, base do governo e outros assuntos de elite. Hora de abrir mais
um parágrafo.
“Por que eleitores traídos deveriam acreditar no senhor?”, pergunta
Bonner, que ouve um petardo. “Você está me estimulando a ser ditador”,
solta Bolsonaro, sua única frase de efeito até agora, explicando que os
acordos políticos são necessários para o avanço das reformas. Bolsonaro
fala em Auxílio Brasil e diz que o PT votou contra a PEC dos Precatórios
que permitiram o pagamento de R$600 do programa. Ao ouvir “o PT votou
contra”, Bonner faz questão de corrigir o presidente.
Bonner não fala em PT. Fala em “governos anteriores”. E volta a
mencionar o bicho-papão chamado Centrão. “O senhor sempre foi do Centrão
ou nunca foi do Centrão?”, pergunta Bonner. Bolsonaro se enrola, diz
que no tempo dele não havia Centrão e emenda: “O que importa é que
estamos sem corrupção”. À medida que Bolsonaro vai citando a equipe de
governo, Renata Vasconcellos o interrompe. “Vou falar de um assunto
importantíssimo para o futuro do Brasil: a educação”, diz a jornalista,
fazendo uma grave acusação de corrupção envolvendo o ex-ministro Milton
Ribeiro e pastores.
Bonner começa a falar sobre interferência na Polícia Federal. O
cinegrafista dá um close no presidente, que mostra sinais de irritação.
Bolsonaro menciona Moro e diz que ninguém comanda a PF dessa forma.
William Bonner menciona uma associação de delegados da Polícia Federal
falando no desgaste à imagem da instituição. Uma associação de delegados
da Polícia Federal. “Já acabou?”, pergunta Bolsonaro quando Renata
Vasconcellos anuncia que o presidente tem um minuto para as
considerações finais.
Com uma calma surpreendente e alguns níveis acima da dos
entrevistadores, Bolsonaro faz as considerações finais. “Fizemos o
possível para que a população sofresse o menos possível”, diz. E começa a
citar os feitos do governo. Fizemos isso e fizemos aquilo. O esperado
que ele diga nessa hora. Consulto o relógio. Faltam 10 segundos. Nove,
oito, sete… “Acabou?”, pergunta Bolsonaro. “Eu poderia ficar aqui horas
conversando”.
Lavoura de milho em Guarapuava (PR).| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
O que era para ser uma safrinha de milho vai ser uma grande safra,
44% maior que a anterior. Como vocês sabem, o milho tem duas safras; a
principal é a primeira, e a outra vem ali para aproveitar a terra, entre
safras. Só que vão colher, segundo a Conab, 87 milhões de toneladas de
milho. Com isso, o Brasil empata com Estados Unidos e China como os
maiores produtores de milho do mundo.
E, como nós sabemos, milho não é só para o consumo humano. Está na
espiga, na farinha, em todos os subprodutos do milho, que são infinitos;
mas também na carne que comemos. Porque o milho é uma parte muito
importante na ração animal, tanto avícola quanto suinícola e bovina. E
para o cavalo também. Essa safra vai chegar ao fim no ano com 271
milhões de toneladas, recorde histórico.
Estamos chegando perto dos 300 milhões de toneladas. Quando eu
comecei a cobrir economia, lá no início dos anos 1970, nossa safra era
de algo em torno de 30 milhões de toneladas. Imagine que, nesse período,
ela se multiplicou por dez. Não existe país no mundo que consiga isso.
Claro que houve também expansão no cerrado, em todas essas áreas novas
no Tocantins, em Goiás, no oeste de Minas, no oeste da Bahia, no sul do
Piauí, no sul do Maranhão, no Mato Grosso, principalmente no sul do
Pará. Ninguém segura esse país para alimentar o mundo, essa é a nossa
possibilidade. E vejam o que é a produtividade: eu lembro de quando se
dizia que estava ótimo colher 3 mil quilos por hectare. Hoje temos o
dobro disso, e já há quem esteja colhendo o triplo, 9 mil quilos por
hectare. É tecnologia combinada com o suor do trabalho.
O coração de Dom Pedro chega para o bicentenário da Independência Queria
mencionar a chegada ao Brasil do coração de Dom Pedro I, o homem que
proclamou a Independência – por mais que tenha sido sua mulher, a
princesa austríaca Maria Leopoldina, quem assinou o decreto de
independência em 2 de setembro, escrevendo a Dom Pedro dizendo que ele
tinha de declarar logo a independência. Ele puxou a espada e declarou o
Brasil livre lá onde estava, à margem do Riacho Ipiranga, em São Paulo.
Ali há um monumento onde repousam seus restos mortais, menos o coração;
foram postos lá no Sesquicentenário, na celebração de 150 anos da
Independência. Eu cobri essa chegada do corpo, que foi a todas as
capitais brasileiras com muita festa.
Na manhã ou na tarde desta terça, o coração do primeiro imperador do
Brasil chegará ao Palácio do Planalto. E terá honras de chefe de Estado,
pois se trata do primeiro imperador brasileiro – assim como nesta
segunda-feira, na base aérea onde chegou o coração, estava erguida no
topo do mastro a bandeira do Brasil imperial, com o fundo verde dos
Bragança, o losango amarelo dos Habsburgo da imperatriz e o brasão
imperial, trocado depois pelo céu brasileiro no Rio de Janeiro, em 15 de
novembro de 1889, com o dístico positivista “Ordem e progresso”. É
assim que estamos nos preparando para os 200 anos da Independência.
Estão tratando um fanfarrão como a ameaça que ele não é E mais um
absurdo: há um sujeito preso porque ameaçou, pela internet, “caçar”
Lula, Gleisi, ministros do Supremo. Ora, quem ameaça pela internet não
vai cumprir. Por acaso Adélio Bispo pôs ameaça na internet? Quem
pretende fazer algo mesmo não se expõe dessa maneira. E a Polícia
Federal ainda diz que ele põe em risco, tenta abolir o Estado
Democrático de Direito. Estão tratando esse fanfarrão como se fosse um
super-homem, como se ele tivesse instrumentos na mão para abolir o
Estado Democrático de Direito, para abolir o direito de ir e vir, a
liberdade de culto, de reunião; como se pudesse prender um deputado,
atacar a liberdade de expressão, inventar censura, prender gente, fazer
inquérito sem Ministério Público… Ele não tem poder para fazer nada
disso; só quem tem esse poder pode ameaçar o Estado Democrático de
Direito – não só ameaçá-lo como fracioná-lo.
De todas as mentiras que o MST conta e que a
mídia publica obedientemente a cada dia, cobrindo um leque que vai das
“queimadas na Amazônia” até o envenenamento da população brasileira pelo
uso de “agrotóxicos”, nenhuma é tão safada quanto a que os seus chefes
utilizam com mais barulho: a de que o MST é a favor da reforma agrária. É
o oposto, justamente – o MST é contra a reforma agrária. Na verdade, é
hoje o maior inimigo da reforma agrária em todo o Brasil. É simples.
Reforma de verdade no campo, para promover prosperidade entre os
agricultores pobres e reduzir as desigualdade e injustiças, significa
dar terra a quem quer trabalhar – junto com o título oficial de
propriedade que vai fazer do beneficiado, legalmente, um verdadeiro
proprietário rural. É a única reforma agrária que existe. O resto é
pura, simples e absoluta tapeação. Pois muito bem: o MST, sem qualquer
disfarce, é abertamente contra a distribuição de títulos aos
“camponeses”, como eles chamam o homem do campo.
Se isso não é sabotar a reforma agrária, o que seria? Ainda outro
dia, os chefes do MST impediram à força a distribuição de títulos aos
novos proprietários de uma área rural no Pará, no assentamento de
Palmares. Não adiantou nada. Uma vez escrito no papel, o título fica
valendo como uma escritura de propriedade, e o MST não pode fazer coisa
alguma a respeito; o INCRA simplesmente entregou os papéis em outra
ocasião, pouco depois. Mas mostra de maneira indiscutível a aberração
que o “movimento dos sem- terra” construiu no Brasil: uma organização
que diz lutar pelos pobres do campo, e vive de doações para manter as
suas “lutas”, é contra a entrega de terras para eles. Essa entrega está
sendo feita pelo governo – e a esquerda brasileira não admite,
simplesmente não admite, que esse governo, “antidemocrático” e sabe lá
Deus quanta coisa mais, faça o que ela jamais foi capaz de fazer.
Nos últimos três anos, o governo já entregou 370.000 de propriedades –
mais do que os governos Lula e Dilma, somados, fizeram em quase catorze
anos no poder. Ou seja, na prática, quem está realmente fazendo a
reforma agrária no Brasil é a administração do presidente Bolsonaro, e
não Lula. É uma humilhação para o MST-PT-etc., que veem exposta a sua
mentira. Mas a luta contra a entrega de títulos é também a tentativa
desesperada de combater o progresso no campo e impor o modelo
totalitário da esquerda para a agricultura brasileira. O MST não quer
que se faça transferência de propriedade na área rural; não quer que o
agricultor sem terra possa ser dono de sua terra. Quer tirar terras dos
atuais proprietários, através da “desapropriação”, e passar tudo para o
seu controle direto, com o objetivo de fazer a “exploração coletiva” das
fazendas. Os agricultores pobres continuariam sem ser donos de nada,
trabalhando para o “coletivo”. Continuariam escravos.
Essa entrega está sendo feita pelo governo – e a esquerda brasileira
não admite, simplesmente não admite, que esse governo, “antidemocrático”
e sabe lá Deus quanta coisa mais, faça o que ela jamais foi capaz de
fazer.
O que o MST quer é um regime de senzala para a agricultura
brasileira, onde o senhor da Casa Grande é ele próprio – e só ele. Lula
promete em seus comícios que esses campeões da “reforma agrária” vão ter
posições de “importância” em seu governo.
Quem olha para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, jamais poderia
imaginar as extraordinárias transformações pelas quais passou esta
metrópole em apenas vinte e poucos anos. Onde antes havia deserto,
atualmente há bairros prósperos. Largas avenidas, novos shoppings e
prédios modernos surgiram – incluindo o Burj Khalifa, o prédio mais alto
do mundo atualmente.
Em apenas duas décadas, a população de Dubai praticamente triplicou e
os rendimentos médios aumentaram, sendo comparáveis a boa parte do
mundo desenvolvido.
COmo documenta Douglas Carswell,
que lá esteve recentemente, o que era um mar de areia na entrada do
Golfo Pérsico, há quarenta anos, agora é um grande centro cosmopolita em
plena expansão. O aeroporto de Dubai é hoje um dos mais movimentados do
mundo, em termos de tráfego. Suas ruas, escritórios e shoppings estão
repletos de pessoas de todas as nacionalidades, fazendo desta cidade um
posto avançado da globalização.
Mas qual é, afinal, o segredo de Dubai? Não são os recursos naturais.
Ao contrário da maioria de seus vizinhos, eles têm pouco petróleo, gás
ou outros minerais. Terras agrícolas, então, nem pensar. E, ainda assim,
eles prosperam muito mais que os vizinhos encharcados de petróleo. Por
quê? Porque têm o ingrediente chave para a prosperidade em todas as
culturas, continentes e épocas. Assim como Veneza, no passado distante,
ou Hong Kong e Cingapura, hoje, a economia de Dubai floresceu porque
está voltada para a facilitação dos negócios, com baixos impostos e
poucas regulações econômicas. Mas acima de tudo porque lá impera o
Estado de Direito e instituições voltadas ao aprimoramento da confiança
mútua.
Só para se ter uma ideia do quão seriamente eles tratam essas
instituições, no coração do distrito financeiro de Dubai fica o Centro
Financeiro Internacional de Dubai (DIFC). A constituição dos EAU foi
especificamente alterada, em 2004, a fim de dar ao DIFC uma jurisdição
autônoma, dentro de cujos limites os negócios são conduzidos, sob as
leis do Reino Unido. O DIFC tem até seus próprios tribunais para
resolução de controvérsias comerciais, não raro presididos por juízes da
Inglaterra, Cingapura, Hong Kong e outros países do Commonwealth. Quem
investe e tem negócios em Dubai conta com índices de segurança jurídica
melhores que na maioria dos países.
Ao contrário do que possa parecer a alguns, Dubai está longe de ser
um caso isolado. O Banco Mundial publicou, em 2006, um extenso e
detalhado trabalho intitulado “Onde está a Riqueza das Nações”,
cujo objetivo foi medir a participação de três diferentes tipos de
capitais – natural (recursos naturais), produtivo (bens de capital) e
intangível (capital humano e qualidade das instituições) – na produção
de riqueza de 120 países.
Os resultados mostraram que, quanto mais desenvolvidas (em termos de
renda per capta) são as nações, menos elas dependem dos recursos
naturais e mais utilizam os chamados capitais intangíveis na produção de
suas riquezas. Neste aspecto, a comparação dos índices verificados
entre os dez primeiros e os dez últimos do ranking analisado é bastante
ilustrativa. Enquanto a participação dos capitais naturais no produto
total de nove dos dez países mais ricos varia entre 0 e 3% (a exceção é a
Noruega, com 12%), nos países mais pobres ela nunca é inferior a 25%.
Por outro lado, os capitais intangíveis têm um peso médio superior a 80%
nas economias avançadas, à medida que navegam por índices que vão de 40
a 60% na maioria dos dez países mais pobres.
Na verdade, o Banco Mundial considera que “o capital humano e o valor
das instituições constituem a maior parcela da riqueza em praticamente
todos os países”. De toda riqueza produzida no mundo, o estudo do BIRD
estimou em apenas 5% a contribuição dos capitais naturais, contra 17%
dos capitais produtivos e nada menos que 77% dos intangíveis. Desses
intangíveis, o estado de direito explica 57%, enquanto a educação é
responsável por 36%.
Em outras palavras, os países ricos são em grande parte ricos por
causa de seu capital intangível, que compreende as habilidades de suas
populações e a qualidade das instituições que sustentam a atividade
econômica – como a confiança entre as pessoas, um sistema judicial
eficiente, direitos de propriedade claros e governo efetivo na defesa da
vida e das propriedades. Todo esse capital intangível aumenta a
produtividade do trabalho e resulta em maior riqueza total.
A Suíça marca 99,5 pontos em 100 possíveis no índice do estado de
direito e os EUA atingem 91,8. Em contrapartida, a pontuação da Nigéria é
de 5,8; Burundi’s 4.3; e 16.4 da Etiópia. Os membros da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE – têm uma pontuação
média de 90, enquanto a África Subsaariana tem sombrios 28.
A riqueza natural dos países ricos é uma proporção minúscula de sua
riqueza total – tipicamente de 1% a 3% -, mas eles obtêm mais valor
daquilo que extraem. Cultivos, pastagens e florestas são mais valiosos
nos países ricos porque podem ser combinados com outros capitais para
produzir mais valor.
No geral, a riqueza média per capita nos países ricos da Organização
para o Desenvolvimento da Cooperação Econômica (OCDE) é de US $ 440.000,
consistindo de US $ 10.000 em capital natural, US $ 76.000 em capital
produzido e US $ 354.000 em capital intangível. (A Suíça tem a maior
riqueza per capita, US $ 648.000) Dubai – a exemplo de Suíça, Japão,
Cingapura, Hong Kong, Mônaco e tantos outros – é um lembrete gritante do
fato de que não há nada predeterminado sobre o lugar de um país no
mundo. Os países – e principalmente aqueles que os governam – têm sua
própria responsabilidade, para o bem ou para o mal.
O pioneiro trabalho do Banco Mundial demonstra de forma convincente
que as “fontes do desenvolvimento” são o estado de direito e um bom
sistema de educação. A grande questão que seus pesquisadores não
respondem é: como as sociedades em desenvolvimento podem se livrar dos
populistas e demagogos que saqueiam suas riquezas e os mantêm pobres com
políticas avessas ao livre mercado?
Esses verdadeiros arautos do subdesenvolvimento desprezam o exemplo
dos países que venceram a pobreza, especialmente no que concerne às
instituições e ao ambiente de negócios. Temas como Estado de direito,
previsibilidade jurídica, respeito à propriedade privada, liberdade
econômica, cumprimento de contratos, desburocratização, combate à
corrupção, eficiência e parcimônia com o gasto público não têm qualquer
relevância para eles.
*Administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de
Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João
Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”.
Escreve regularmente para o site do Instituto Liberal.
Ministro Alexandre de Moraes receberá ministro da Defesa e diretor-geral da PF no mesmo dia| Foto: Abdias Pinheiro/TSE A
reunião entre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira,
nesta terça-feira (23), poderá selar a paz entre as duas instituições no
processo eleitoral. Pelo menos essa é a expectativa dos dois lados,
embora ministros da Corte Eleitoral saibam que o presidente Jair
Bolsonaro (PL) poderá, a qualquer momento, voltar a questionar a votação
eletrônica.
Dentro do governo, a expectativa também é de um acordo entre as
partes, na aposta de que Moraes, por ter mais habilidade política que
seu antecessor, Edson Fachin, além de relações mais fortes dentro das
Forças Armadas, faça alguma concessão aos militares. Não só atendendo,
ainda que parcialmente, um dos pedidos para aprimorar procedimentos de
fiscalização das urnas eletrônicas, mas também conferindo prestígio às
Forças Armadas.
Os militares se incomodaram com os antecessores de Moraes, os
ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, em razão de declarações
consideradas ofensivas. O primeiro disse, no ano passado, num evento
acadêmico internacional, que as Forças Armadas estavam “sendo orientadas
para atacar o processo e tentar desacreditá-lo” – Nogueira, em nota,
disse que era uma “ofensa grave” e “irresponsável”. Fachin, por sua vez,
disse neste ano que as eleições são um assunto para “forças
desarmadas”. O incômodo na Defesa se deu porque as Forças Armadas foram
convidadas para aperfeiçoar o sistema e levaram a missão a sério.
Mais ainda: quando os militares apresentaram recomendações de
melhoria, para aumentar o número de urnas testadas, técnicos do TSE
negaram sob o argumento de que eles cometeram erros no conceito e de
metodologia de cálculo da amostragem. Depois disso, as reuniões de
Fachin com Nogueira cessaram e o ministro ignorou um pedido da Defesa
para uma reunião conjunta e exclusiva entre as equipes de tecnologia das
duas casas para tentar um acordo.
Agora, a expectativa dentro da ala política do governo é que Moraes,
que compreende melhor a cabeça dos militares – teve contatos frequentes
com ele quando era ministro da Justiça, entre 2016 e 2017 – saiba
conversar melhor e pacifique a relação. Caciques do Centrão querem
eliminar de vez o enfrentamento de Bolsonaro com o TSE. Sabem que,
atualmente, Moraes tem grande força política e apoio da maioria das
instituições, e não titubearia em aplicar medidas duras contra o
presidente se ele insistir em apontar fraude nas urnas eletrônicas sem
apresentar uma prova confiável.
A demonstração de poder e o recado de que não haverá mais tolerância
com esse discurso ficaram claros na posse de Moraes na presidência do
TSE, na última terça-feira (16). Sem provocações ou indiretas para
Bolsonaro – que se sentou a seu lado e teve um tratamento respeitável e
amistoso –, o ministro fez um discurso enfático em defesa das urnas
eletrônicas, sendo bastante aplaudido pela elite do sistema político
reunido na cerimônia.
Moraes indicou que ataques sem qualquer fundamento às urnas
representam uma afronta à Justiça Eleitoral e à democracia. Além disso,
usou expressões que já escreveu em decisões contra investigados no
inquérito das fake news e das milícias digitais, no âmbito do Supremo
Tribunal Federal (STF). O sinal é de que fará o mesmo na campanha em
defesa das urnas.
O que os militares querem do novo presidente do TSE
A audiência com Moraes foi pedida por Nogueira, que esteve presente
na posse – ele ficou na terceira fileira do plenário, atrás de outros
ministros do governo. Em nenhum momento, em sua fala, o presidente do
TSE mencionou a participação das Forças Armadas no processo eleitoral,
que neste ano foi ampliada para incluir a fiscalização do sistema, ao
lado de outras instituições, como a Polícia Federal e o Ministério
Público.
A agenda oficial informa que será uma visita de cortesia apenas entre
os dois, de alto nível, e sem a participação de técnicos de um lado e
de outro, como queria a Defesa. Servidores do TSE se opõem ao principal
pedido da Defesa, de mudar o teste de integridade das urnas, que é feito
no dia das eleições.
Ele consiste em retirar das seções eleitorais cerca de 600 máquinas
espalhadas pelo país e levá-las para Tribunais Regionais Eleitorais
(TREs) de cada estado, onde servidores fazem duas votações simuladas e
paralelas, escolhendo os mesmos candidatos: uma é registrada em cédulas e
outra é digitada na urna eletrônica. Tudo é filmado em detalhes e, ao
final, os resultados são comparados – até hoje, nunca houve
discrepância.
A Defesa propõe que o mesmo teste seja feito nas próprias seções
eleitorais, e que a urna a ser testada seja ativada pela biometria de
eleitores comuns – o objetivo é simular da maneira mais próxima possível
o funcionamento da urna numa eleição real. A suspeita é de que exista
um código malicioso na urna que, percebendo que ela não passa por uma
eleição real e sim um teste, faça com que se comporte de maneira
íntegra, o que não ocorreria normalmente.
Militares e técnicos em segurança entendem que essa é a forma
fundamental para testar efetivamente as urnas. Eles consideram que a
inspeção do código-fonte, permitida pelo TSE com ano de antecedência,
não é suficiente, porque nada garante que o arquivo disponibilizado para
as entidades fiscalizadoras seja exatamente o mesmo que será instalado
nas urnas.
Servidores e técnicos do TSE são contra mudar o teste de integridade
neste momento, muito próximo da eleição, pois implicaria em custos
financeiros, dificuldades logísticas e burocráticas, porque alteraria
todo o procedimento já preparado pelos TREs, que incluem contratos com
empresas de auditoria que acompanham a votação paralela em suas
instalações.
Essa dificuldade já foi externada pelo ex-presidente do TSE Edson
Fachin ao advogado Tarcísio Vieira Neto, chefe da equipe jurídica de
Bolsonaro. Numa reunião recente, o ministro disse que o TSE multiplicou
por seis o número de urnas testadas, atendendo parcialmente outra
recomendação da Defesa, e que não haveria recursos e servidores
suficientes para enviar a cada uma das 600 seções eleitorais onde seria
feito o teste no modelo proposto pelo ministério.
Os militares, por sua vez, entendem que eles mesmos poderiam garantir
a segurança do procedimento, uma vez que, historicamente, junto com
forças policiais, ajudam a operacionalizar transporte e guarda das urnas
eletrônicas. Também já admitem a possibilidade de o teste não ser feito
em todas as 600 seções, mas apenas em parte delas.
Como vice de Fachin, Alexandre de Moraes participou das decisões para
a preparação das eleições e manterá, pelo menos até o pleito,
praticamente os mesmos servidores nas áreas técnicas. É um fator de
dificuldade para o atendimento do pedido da Defesa.
Dentro do TSE, a aposta é que, ainda que negue essa mudança, ele
possa convencer Nogueira a recuar nos questionamentos e recomendações,
até mesmo pela demonstração de apoio político e institucional que deu em
sua posse.
No mesmo dia da reunião com Nogueira, nesta terça, Moraes receberá o
diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, e o diretor
de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF, Caio Pelim. Como já
foi ministro da Justiça, Moraes também já chefiou a PF e tem influência
sobre vários quadros importantes da corporação, que nunca embarcou nas
críticas de Bolsonaro em relação às urnas.