domingo, 7 de agosto de 2022

ENSINO TRADICIONAL BRASILEIRO PERDE 40% DO POTENCIAL DAS CRIANÇAS

 

15/07/2022Henri Navesuh
Educação & Capacitação   

Modelo nórdico pode aprimorar resultados da educação formando pessoas e profissionais mais felizes e capazes.

40% do potencial das crianças é desperdiçado no ensino tradicional brasileiro

O ensino tradicional brasileiro corre o risco de se tornar obsoleto. De acordo com o Relatório de Capital Humano Brasileiro, estudo inédito do Banco Mundial, uma criança brasileira nascida em 2019 deve alcançar em média apenas 60% do seu capital humano potencial ao completar 18 anos. O objetivo do levantamento é alertar governos sobre a necessidade de investir em pessoas, e a educação é parte fundamental desse processo, por isso é preciso criar alternativas.

Diante disso, Luciana Pinheiro, mestre e doutora em linguística e uma das diretoras da Winsford Global Education, destaca a importância de adotar um novo modelo de ensino que faça com que as crianças se tornem boas em aprender, mas também em viver. “As aprendizagens que acontecem dentro da sala de aula devem ter muita conexão real com o mundo das crianças. Fazer essa ligação é fundamental para que o aprendizado tenha significado real para elas”, pontua.

Isso é confirmado por dados do relatório The Future of Jobs (O futuro dos empregos), do Fórum Econômico Mundial. No futuro, é estimado que 65% das crianças que estão começando os estudos hoje realizarão trabalhos que ainda sequer existem. 

Modelo finlandês
Os esforços para corrigir os resultados da educação nacional devem começar de imediato e, para isso, o modelo pedagógico finlandês é uma ótima opção do que se seguir. Dados mostram que o ensino do país nórdico alcança o primeiro lugar em rankings como o de melhor educação primária, melhor educação para o futuro, maior letramento e bem-estar e felicidade.

Esse formato tem registrado crescimento em todo o mundo e defende um ensino menos padronizado em relação a avaliações que alimentam a competitividade, como as provas, e mais focados na cooperação e na adoção de novas tendências para o desenvolvimento de habilidades.

Dentre as principais mudanças no formato estrangeiro está a transformação na arquitetura das salas de aula, que não possuem fileiras de cadeiras voltadas para uma lousa, e no fim do foco na competitividade e no controle para favorecer o aprendizado mútuo.

Fonte: Plena Estratégias Criativas

Brasil desperdiça 40% do talento de suas crianças, diz estudo inédito do Banco Mundial

Antes da pandemia, seriam necessários 60 anos para país atingir nível de capital humano dos países desenvolvidos, diz estudo inédito; crise sanitária agravou ainda mais esta situação.

Por BBC

04/07/2022 07h31  Atualizado há um mês


Banco Mundial estima que PIB do Brasil poderia ser 158% maior, se crianças desenvolvessem todo seu potencial e país chegasse a pleno emprego — Foto: Getty Images via BBC

Banco Mundial estima que PIB do Brasil poderia ser 158% maior, se crianças desenvolvessem todo seu potencial e país chegasse a pleno emprego — Foto: Getty Images via BBC

O que uma criança vivendo nas ruas e fora da escola em São Paulo e uma jovem negra formada na universidade que não consegue emprego em Salvador têm em comum?

Ambas fazem parte do contingente de talentos que são desperdiçados todos os dias no Brasil.

Uma criança brasileira nascida em 2019 deve alcançar em média apenas 60% do seu capital humano potencial ao completar 18 anos, calcula estudo inédito do Banco Mundial, ao qual a BBC News Brasil teve acesso.

Isso significa que 40% de todo o talento brasileiro é deixado de lado, na média nacional.

Nos rincões mais vulneráveis, o desperdício de potencial superava os 55% antes da pandemia, estima a instituição. Com a crise sanitária, a situação se agravou e, em apenas dois anos, o Brasil reverteu dez anos de avanços no acúmulo de capital humano de suas crianças.

“Agora, mais do que nunca, as ações não podem esperar”, alerta o banco, no Relatório de Capital Humano Brasileiro, que deverá ser lançado nesta semana.

O estudo é parte do Human Capital Project do Banco Mundial, iniciativa lançada em 2018 para alertar governos quanto à importância de se investir em pessoas. O relatório brasileiro é o primeiro focado em um país específico.

O banco estima que o PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos por um país) do Brasil poderia ser 2,5 vezes maior (158%), se as crianças brasileiras desenvolvessem suas habilidades ao máximo e o país chegasse ao pleno emprego.

Capital humano e potencial desperdiçado

Capital humano é o conjunto de habilidades que os indivíduos acumulam ao longo da vida, explica Ildo Lautharte, economista do Banco Mundial e um dos autores do estudo.

Essas habilidades acumuladas determinam, por exemplo, o nível de renda e as oportunidades de trabalho que uma pessoa vai ter em sua vida. E impactam a produtividade, o tamanho do PIB e a capacidade de gerar riqueza de um país.

Índice de Capital Humano é mais baixo no Norte e Nordeste, mas há também desigualdades significativas dentro dos Estados e das regiões — Foto: Banco Mundial

Índice de Capital Humano é mais baixo no Norte e Nordeste, mas há também desigualdades significativas dentro dos Estados e das regiões — Foto: Banco Mundial

Para comparar esse potencial acumulado nos diferentes países e nas diversas regiões, Estados e municípios em cada país, o Banco Mundial desenvolveu o ICH (Índice de Capital Humano), um indicador que combina dados de educação e saúde, para estimar a produtividade da próxima geração de trabalhadores, se as condições atuais não mudarem.

Os dados que compõem o ICH são: taxas de mortalidade e déficit de crescimento infantil; anos esperados de escolaridade e resultados de aprendizagem; e taxa de sobrevivência dos adultos.

Com base nesse conjunto de dados, o indicador varia de 0 a 1, sendo 1 o potencial pleno — ou seja, não ter déficit de crescimento ou morrer antes dos 5 anos, receber educação de qualidade e se tornar um adulto saudável.

Aplicando essa metodologia ao Brasil, o banco chegou a um ICH de 0,60, que significa que uma criança brasileira nascida em 2019 deve atingir apenas 60% de todo seu potencial aos 18 anos. O país está abaixo de países de desenvolvidos como Japão (0,81) e Estados Unidos (0,70) e de pares latino-americanos como Chile (0,65) e México (0,61), mas acima de outros países em desenvolvimento mais pobres como Índia (0,49), África do Sul (0,43) e Angola (0,36).

“O Brasil precisaria de 60 anos para alcançar o nível de capital humano alcançado pelos países desenvolvidos ainda em 2019”, estima o Banco Mundial. “Não há tempo a perder.”

‘Muitos Brasis’

A instituição financeira internacional alerta, porém, que a média nacional é apenas uma parte da história e que há muitas desigualdades dentro do país.

Por regiões, por exemplo, em 2019, o ICH do Norte e do Nordeste era de 56,2% e 57,3%, enquanto para Sul, Centro-Oeste e Sudeste variava de 61,6% a 62,2%.

“60% a 70% dessa desigualdade regional é explicada pela educação”, afirma Lautharte. “Isso inclui tanto os anos que a criança fica na escola, como a qualidade da educação, isto é, se ela consegue aprender aquilo que deveria ter aprendido na escola.”

“Mas além dessa desigualdade regional, que já é esperada por quem conhece o Brasil, chama atenção a desigualdade dentro de um mesmo Estado ou uma mesma região”, observa.

Por exemplo, enquanto o município de Ibirataia na Bahia tem um ICH de 44,9%, similar a países africanos muito pobres como Gana e Gabão, Cocal dos Alves no Piauí, com um ICH de 74%, está mais próximo dos índices da Itália e da Áustria.

Embora todas as regiões tenham melhorado seu ICH ao longo dos anos — o estudo analisa o período de 2007 a 2019 —, a desigualdade persiste com o passar do tempo.

Por exemplo, o Índice de Capital Humano médio das regiões Norte e Nordeste em 2019 era similar ao das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em 2007 — ou seja, uma lacuna de 12 anos.

Índice de Capital Humano das regiões Norte e Nordeste em 2019 era similar ao das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em 2007 — Foto: Banco Mundial

Índice de Capital Humano das regiões Norte e Nordeste em 2019 era similar ao das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em 2007 — Foto: Banco Mundial

Desigualdade racial crescente

O Banco Mundial chama atenção também para a desigualdade racial no desenvolvimento do potencial dos brasileiros.

Segundo o estudo, a produtividade esperada de uma criança branca em 2019 era de 63% do seu potencial, comparado a 56% para uma criança negra e 52% para uma indígena.

Mas, ainda mais grave, é que essa desigualdade está aumentando ao longo do tempo.

Isso porque o ICH das crianças brancas avançou 14,6% entre 2007 e 2019, enquanto o índice para crianças negras variou 10,2% e o das indígenas ficou praticamente estável (0,97%).

Para Ildo Lautharte, a explicação aqui novamente está nas desigualdades educacionais.

“O Brasil teve muito sucesso em termos de acesso à educação, conseguimos fazer com que a quase totalidade das crianças esteja na escola. A grande questão agora é a qualidade dessa educação e isso tem um componente racial muito elevado”, diz o economista.

Diferença de potencial entre brancos, negros e indígenas aumentou ao longo do tempo — Foto: Banco Mundial

Diferença de potencial entre brancos, negros e indígenas aumentou ao longo do tempo — Foto: Banco Mundial

Lautharte observa que essa diferença nos resultados de aprendizagem está ligada tanto à qualidade do ensino, quanto às condições das crianças, que partem de bases muito desiguais.

Mercado de trabalho e o talento desperdiçado das mulheres

O Banco Mundial analisa também o que acontece quando todo esse potencial chega ao mercado de trabalho. E aqui, o quadro é ainda mais preocupante.

O ICHU (Índice de Capital Humano Utilizado) pondera o ICH com a taxa de emprego nos mercados de trabalho formal e informal. O objetivo é analisar quanto do capital humano é de fato aproveitado pelo mercado de trabalho.

No Brasil, o ICHU é de 39%, estima o Banco Mundial, o que significa que o mercado de trabalho brasileiro desperdiça boa parte dos seus talentos devido à baixa ocupação.

Aqui, chama a atenção também a desigualdade entre homens e mulheres.

Olhando para o ICH, as mulheres chegam aos 18 anos com potencial acima dos homens. Elas tinham um Índice de Capital Humano de 60% em 2019, contra 53% para eles. A diferença se explica por fatores diversos. Por exemplo, as mulheres tendem a abandonar menos a escola para trabalhar e, por isso, acumulam em média mais tempo de estudo do que os homens. Além disso, elas tendem a viver mais, tanto por questões de saúde, como da maior propensão dos homens (particularmente dos negros) a morrer por causas violentas.

No entanto, apesar de as mulheres terem acúmulo de capital humano acima dos homens aos 18 anos, elas são menos aproveitadas no mercado de trabalho.

Enquanto o ICHU delas é de 32%, o deles é de 40%. Isso se deve a fatores que vão desde profissões que ainda hoje são entendidas como predominantemente masculinas, até a desigualdade no trabalho doméstico e no cuidado dos filhos.

“Só política pública pode fazer com que essa diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho diminua”, diz Lautharte.

“Esse é um ponto onde o Brasil ainda engatinha, outros países já estão fazendo muito mais, com políticas muito mais ativas para aumentar a inserção da mulher no mercado de trabalho. Esse desperdício é particularmente grave entre mulheres negras, são talentos desperdiçados.”

Pandemia fez Brasil andar dez anos para trás

Se o Brasil já desperdiçava o potencial de suas crianças antes da pandemia, a crise sanitária só agravou essa situação, destaca o Banco Mundial.

“Em termos de saúde infantil, por exemplo, mais 3,5 em cada 10 mil crianças não sobreviveram até os 5 anos de idade em 2021, em comparação a 2019, no Sudeste do Brasil”, cita o banco, no relatório. “Além disso, cerca de 80 mil crianças podem sofrer déficit de crescimento no Brasil devido à pandemia.”

Na educação, as escolas ficaram fechadas por 78 semanas, um dos fechamentos mais longos do mundo. Consequentemente, a parcela de crianças que não sabem ler e escrever saltou 15 pontos percentuais entre 2019 e 2021, observa a instituição financeira internacional. Com tudo isso, o Índice de Capital Humano do Brasil caiu de 60% para 54% entre 2019 e 2021, estima o Banco Mundial, voltando ao nível de 2009. “Em dois anos, a pandemia de Covid-19 reverteu o equivalente a uma década de avanços do ICH no Brasil”, observa o Banco Mundial.

O caminho para a recuperação será longo, diz a instituição.

“Considerando-se a taxa de crescimento antes da pandemia, o ICH levará de 10 a 13 anos para retornar ao patamar de 2019 no Brasil. Ou seja, o Brasil chegaria novamente ao ICH de 2019 somente em 2035.”

Para Lautharte, reverter esse quadro passa por um grande esforço de políticas públicas, com recomposição da aprendizagem, que deve ser combinado com a agenda de combate à fome, de fortalecimento dos programas de transferência de renda e de políticas de saúde pública.

Além disso, diz o economista, o Brasil precisa aprender consigo mesmo. Por exemplo, a bem sucedida experiência educacional do Ceará pode ser replicada em outros Estados e municípios.

“Mesmo antes da pandemia, o Brasil tinha 52% das crianças com 10 anos que não conseguiam ler um parágrafo adaptado para a idade delas. Então nosso objetivo não deve ser voltar para o pré-pandemia, mas avançar para um cenário melhor”, diz Lautharte.

“Temos agora uma oportunidade para repensar algumas coisas e fortalecer outras. Então conhecer os ‘muitos Brasis’ é fundamental para saber onde investir e quem precisa de mais ajuda.”

Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62018496

RECOMENDAÇÕES PARA VIAGENS COM CACHORROS

 

Camilli Chamone – Geneticista

Olá! Em viagens em família, é recomendável levar o cachorro? Camilli Chamone, consultora sobre bem-estar e comportamento canino e editora de todas as mídias sociais “Seu Buldogue Francês”, traz recomendações importantes para ajudar nesta decisão.

Viagem em família: levar ou não o cachorro?

Geneticista traz recomendações que prezam pelo bem-estar do peludo e, consequentemente, de seus donos

Viagem em família pode ser uma ótima oportunidade para relaxar e recarregar as energias. Com programação fechada, hospedagem e transporte garantidos, vem a dúvida: e o cachorro? Levar ou não? E, se ficar, qual a melhor opção?

Segundo Camilli Chamone, geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino, editora de todas as mídias sociais “Seu Buldogue Francês” e, também, criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, são muitas as variáveis para responder a estas questões, mas todas giram em torno de um foco: prezar pela segurança e pelo bem-estar do animal. E isso passa por, obrigatoriamente, conhecer suas particularidades e necessidades.

“Para tomar essa decisão, tente responder: sair de casa será melhor, para o meu cachorro, do que ficar? Só leve se a resposta for positiva”, enfatiza.

Alguns pontos importantes para esta decisão envolvem logísticas, como duração da viagem, meio de transporte e local de destino.

“Cães não devem ser transportados em bagageiros de ônibus, pois são pouco ventilados. E, no avião, só se, além de tolerarem calor, já serem habituados a usar a caixa de transporte. Já para viagem em cabine, precisam ser calmos e educados, até para não incomodarem as outras pessoas”, pontua a geneticista.

Além disso, se já apresentam comportamentos agressivos, o ideal é não arriscar uma mudança de ambiente, pois isso poderá causar mais transtornos do que benefícios – para eles e para seus donos.

Caso a escolha seja por inserir o peludo na viagem, é fundamental que o lugar seja condizente com suas necessidades naturais, incluindo, por exemplo, contato com sol, terra, mato e cachoeiras, permitindo que fareje prolongadamente as árvores e brinque tranquilo. Por isso, destinos que envolvam a natureza, com passeios, são boas opções. “Se o local não for apropriado e ele ficar trancado, sozinho, em quarto de hotel, melhor não submetê-lo a esse estresse”, pontua.

E, se a escolha for por não levá-lo, Chamone aponta três caminhos com foco em seu bem-estar: hospedar em um hotel para cães, com supervisão contínua de profissionais; manter em casa, com uma pessoa de confiança; ou deixar na casa de familiar ou amigo.

Em todos os casos, se o animal não conhece as pessoas ou o ambiente no qual ficará neste período, é imprescindível passar por uma adaptação – algo a ser feito com, no mínimo, 30 dias de antecedência.

“O desenvolvimento cognitivo de um cachorro é o mesmo que o de uma criança de dois anos de idade. Logo, o que faríamos se precisássemos deixar nosso filho de dois anos na casa de alguém? Com certeza, não seria com um desconhecido”, exemplifica.

Segundo a geneticista, os cães não têm noção da impermanência. Com isso, entendem que o cenário vivido no momento é definitivo. “Eles não têm a percepção de que o dono vai voltar; por isso, é comum que, ao serem colocados em locais totalmente desconhecidos, entrem em luto e em um quadro grave de sofrimento. Eles entendem que foram abandonados ali”, pontua.

Por isso a necessidade da adaptação gradual, ou seja, levar o cachorro no local que vai ficar aos poucos, bem antes da viagem ocorrer. “Comece deixando-o ali por algumas horas. Depois, por um período; dali mais uns dias, por mais tempo, e assim sucessivamente. Com isso, ele já vai se habituando ao novo ambiente”.

No caso de hoteizinhos, é preciso identificar os que entendem de comportamento canino, pois recebem outros animais por ali e precisam saber gerenciar o convívio entre eles.

Caso a opção seja por deixá-lo na casa de amigos ou familiares na qual ele já está habituado a ir, esse cuidado pode ser dispensado, pois já é um lugar seguro e conhecido. A mesma lógica serve para o animal que permanecer em sua própria casa.

No entanto, seja qual for a opção, Chamone aponta a importância de manter a rotina, pois cães são muito apegados a ela – se muda de uma hora para outra, pode gerar estresse, afetando até o funcionamento do seu sistema imunológico.

“Não raro, cachorros afastados de forma abrupta de casa e das pessoas nas quais convivem desenvolvem doenças de pele, otite, infecção intestinal e vômitos. Manter rotina e fazer adaptação gradual (quando necessário) são ações que evitam o sofrimento desse baque emocional e, consequentemente, não compromete o funcionamento do sistema imunológico”, ressalta.

Assim, se o animal passeia todo dia – algo, inclusive, ideal para sua saúde física e mental –, é recomendável, por exemplo, contar com um serviço de dog walker. “Também é essencial propiciar o enriquecimento do ambiente – além de passeios, brinquedos interativos ou um osso para roer; assim, o cão se mantém entretido e sem tempo ocioso”.

Com esses cuidados, é possível curtir plenamente a viagem em família, com ou sem o peludo, com a certeza de que, independentemente da escolha, o bem-estar e a segurança estarão garantidos.

LIÇÕES PARA COLABORADORES E GESTORES

 

*Gabriel Kessler – CGO do Dialog.ci

Em 2020 e 2021 o cenário econômico global foi afetado por causa da pandemia – a qual deixou grandes lições para gestores de negócios. Para se ter uma ideia, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB (Produto Interno Bruto) sofreu uma queda histórica de 9,7% no segundo trimestre de 2020.

Assim, as empresas tiveram que enxergar novas possibilidades de crescimento em meio a dificuldades, sendo que uma delas foi o fortalecimento da relação empresa-colaborador e da cultura organizacional.

Esses dois pontos são extremamente importantes dar esteio a empresas de todos os portes em momentos de crise. Uma lição foi a valorização da comunicação entre funcionários e gestores de forma remota e constante para evitar ruídos e desalinhamentos que pudessem interferir no desempenho das tarefas.

Abaixo, listo as 10 lições que os colaboradores aprenderam em 2021. Confira:

1. Tecnologia e equipes estruturadas têm de ter total foco no cliente e na resolução de possíveis problemas.

2. Planejamento com opções A, B e C são fundamentais para um bom andamento das corporações nesse momento de readaptação.

3. Lidar com novas gerações de colaboradores requer da liderança entendê-las e, sobretudo, as engajar. Acredito que o uso de tecnologias e formatos que se assemelham com redes sociais são boas alternativas nesse sentido.

4. Conhecer colaboradores significa também gerar e analisar métricas de alcance, absorção e engajamento.

5. Encontrar influenciadores internos é um benefício, já que todas as empresas têm alguns colaboradores que são mais “populares”. Esse colaborador pode ajudar tanto no processo de comunicação dentro da empresa, quanto engajar outros colegas.

6. Flexibilização em relação à quantidade de dias que o colaborador precisa estar presente no escritório. Hoje, o modelo híbrido é bem mais aceito no mundo corporativo e há ferramentas que contribuem para manter a cultura organizacional em pleno funcionamento.

7. O colaborador precisa conhecer diferentes setores e unidades da empresa e incentivá-lo a publicar conteúdos em canais horizontais de comunicação interna, descentralizando a função que normalmente é atribuída a um único departamento, criando uma cultura de comunicação horizontal.

8. A contratação de novos talentos para as empresas passou por uma implantação de processos realizados de forma remota no recrutamento, no onboarding e no engajamento do dia a dia.

9. Uma preparação adequada na política de trabalho remoto fez toda a diferença para desenvolver planos de contingência no gerenciamento das equipes que trabalhavam de forma remota.

10. Para finalizar, considero importante também ressaltar que a comunicação da empresa pode andar de forma integrada com o RH. As redes sociais corporativas também tornaram possível entregar métricas aos gestores de RH e ter uma visão clara do alcance, absorção e eficácia dos comunicados internos.

 A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 98.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 982.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 6 de agosto de 2022

CHINA INICIA EXERCÍCIOS MILITARES AO REDOR DE TAIWAN

 

Maior manobra já realizada na área incluiu lançamento hoje de 11 mísseis balísticos e deve durar até o domingo

Por

Agência O Globo


China inicia exercícios militares inéditos em torno de Taiwan
Reprodução – 01.08.2022China inicia exercícios militares inéditos em torno de Taiwan

As  Forças Armadas chinesas iniciaram nesta quinta-feira exercícios militares com munição real em torno de Taiwan, nas maiores manobras de guerra já realizadas pela China na região, representando na prática um teste para um bloqueio naval e aéreo da ilha autogovernada que Pequim considera parte integral do seu território.

Os exercícios começaram à 12h locais (1h no Brasil) e vão durar até as 12h de domingo (13h no Brasil), segundo a emissora estatal CCTV. Eles foram anunciados há dois dias, em represália à visita a Taiwan da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, que a China considerou uma violação da sua soberania e um estímulo à independência da ilha.

“Durante esses exercícios de combate reais, seis zonas principais ao redor da ilha foram selecionadas e, no período, todos os navios e aeronaves não devem entrar nas áreas marítimas e no espaço aéreo relevantes”, informou a CCTV. Umas das zonas fica a apenas 20 quilômetros de Kaohsiung, a principal cidade do Sul de Taiwan.Comece o dia bem-informado com as principais notícias da manhã

A ilha de Taiwan é separada do separada do território continental chinês por um estreito vital para a navegação comercial, que em sua largura máxima tem 180 quilômetros de extensão e, na mínima, 130 quilômetros.

De acordo com autoridades taiwanesas, 11 mísseis balísticos Dongfeng foram disparados em águas ao norte, sul e leste da ilha. Não está claro se a trajetória dos mísseis incluiu zonas que a ilha considera serem do seu mar territorial nem muito menos se os projéteis sobrevoaram o território.

O ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, disse que o país está verificando se cinco dos mísseis caíram em sua zona econômica exclusiva.

No início da noite em Pequim, manhã no Brasil, o Comando Leste do Exército de Libertação do Povo sugeriu, em dois comunicados curtos, que as manobras terminaram por hoje. Os comunicados confirmam o lançamento de “múltiplos” mísseis, em “ataques de precisão” em “áreas específicas” do Estreito de Taiwan, e informam que o bloqueio aéreo e naval foi suspenso.

“Todos os mísseis atingiram o alvo com precisão, testando os ataques de precisão e o domínio da área. Toda a missão de treinamento com munição viva foi completada com sucesso, e os controles relevantes do espaço aéreo e naval foram suspensos”, dizem os comunicados, que não deixam claro se os exercícios continuarão nos próximos dias.

As autoridades taiwanesas chamaram as ações de “irracionais” e de “ameaça à paz”. Elas disseram que estão monitorando de perto os exercícios militares da China e que suas forças estão se preparando para um conflito, mas não vão tomar a iniciativa.

“O Ministério da Defesa Nacional sustenta que manterá o princípio de se preparar para a guerra sem buscar a guerra, com a atitude de não escalar o conflito ou causar disputas”, disse a pasta em comunicado.

Hoje, mais de 40 voos de e para Taiwan foram cancelados, segundo o jornal local China Times, mas o aeroporto de Taipé informou que os cancelamentos “não necessariamente” têm a ver com os exercícios chineses.

A agência Bloomberg informou que navios comerciais continuaram a trafegar pelo estreito, com pelo menos 15 deles na região ao meio-dia de hoje, na hora local. Porém, segundo a agência, nenhum deles estava em áreas próximas à costa chinesa. Ainda de acordo com a Bloomberg, algumas companhias recomendaram que suas embarcações mudassem de rota.

Enquanto isso, a Marinha dos EUA divulgou que o porta-aviões USS Ronald Reagan estava realizando operações programadas no Mar das Filipinas, no Pacífico Ocidental, um trecho de 5,7 quilômetros quadrados de oceano, que inclui águas ao sudeste de Taiwan.

Os chanceleres da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que estão reunidos no Camboja desde quarta-feira, alertaram hoje que a situação “pode desestabilizar a região e eventualmente causar (…) conflitos abertos e consequências imprevisíveis entre grandes potências”.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, condenou os exercícios militares e considerou que a visita de Pelosi “não era uma justificativa” para eles. “Taiwan faz parte do território chinês e a intromissão em seus assuntos é uma violação de sua soberania”, respondeu o porta-voz da missão chinesa a UE, Zhang Ming.

Pequim defendeu as manobras como “justas e necessárias” e culpou os Estados Unidos e seus aliados pela escalada.

“Na atual disputa por causa da visita de Pelosi a Taiwan, os Estados Unidos são os provocadores e a China é a vítima”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, agradeceu aos países do Grupo dos Sete (G7), formado por grandes economias aliadas dos EUA, por “apoiarem a paz e a estabilidade regionais”, depois que o grupo pediu à China que resolva as tensões no Estreito de Taiwan de maneira pacífica.

Tsai, em um post no Twitter, escreveu: “Taiwan está empenhada em defender o status quo e nossa democracia. Trabalharemos com parceiros que pensam da mesma forma para manter um Indo-Pacífico livre e aberto”.

A presidente taiwanesa tem relações conturbadas com Pequim desde que foi eleita, em 2016, por não aceitar o chamado “consenso de 1992”, pelo qual os dois lados aceitam o princípio de “uma só China”, mas a ilha pode manter o sistema de autogoverno.

“O anúncio dos exercícios militares chineses representa uma clara escalada em relação à última crise no Estreito de Taiwan, em 1995-1996”, disse Amanda Hsiao, analista de China do centro de estudos International Crisis Group, referindo-se à última vez em que Pequim testou mísseis no estreito.

No entanto, analistas disseram à AFP que a China calibra as manobras para impedir que fujam do controle e deem início a um confronto direto com a ilha ou com os EUA, que têm bases e navios de guerra na região.

“A última coisa que Xi Jinping quer é uma guerra acidental”, disse Titus Chen, professor associado de ciência política da Universidade Nacional Sun Yat-Sen, em Taiwan, referindo-se ao presidente chinês.

A reunificação da ilha que tem hoje 23 milhões de habitantes ao continente é uma meta do Partido Comunista da China desde que os nacionalistas fugiram para Taiwan ao serem derrotados na guerra civil chinesa, em 1949.

Hoje, apenas 14 países têm relações diplomáticas formais com a ilha. Os Estados Unidos reconheceram o princípio de “uma só China” ao reatar com Pequim em 1979, mas mantêm o que chamam de “ambiguidade estratégica”, fornecendo armas a Taiwan.

Nos últimos anos, a ascensão econômica chinesa e a piora nas relações entre Pequim e Washington gerou acusações na China de que os EUA viriam estimulando uma mudança do status quo em Taiwan, ou seja, uma declaração de independência.

O Estreito de Taiwan é uma importante rota militar e comercial, e passaria a ser integralmente controlado pela China em caso de eventual reunificação.

APERTO MONETÁRIO PARA EVITAR A INFLAÇÃO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Sede do Banco Central, em Brasília.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Cumprindo o que havia prometido em sua reunião anterior, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou mais uma vez a taxa Selic em meio ponto porcentual, como havia feito em junho. Com isso, a taxa básica de juros passou para 13,75% ao ano, o maior patamar desde o fim de 2016, quando o país mal começava a encontrar o caminho de saída da “herança maldita” lulopetista, que legou ao Brasil a maior recessão de sua história. Mas há diferenças entre aquele fim de 2016 e este meio de 2022: naquele ano o PIB recuou mais de 3%, enquanto hoje o país está crescendo, com previsões revisadas para cima; por outro lado, a inflação de 2016 já estava recuando, depois da explosão de 2015, enquanto hoje ela ainda segue acima dos 10% no acumulado de 12 meses, justificando a nova elevação nos juros.

Em seu comunicado, o Copom afirma ter levado em consideração as importantes mudanças na tributação de itens como energia elétrica e combustíveis, que puxaram os preços para baixo de forma abrupta a ponto de estar prevista uma deflação no mês de julho – o IBGE deve divulgar os números do IPCA no próximo dia 9. Apesar dessas reduções, o comitê listou fatores de pressão inflacionária que considera suficientemente fortes para que o aperto monetário ainda seja necessário: “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais” e “a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos”. Ou seja, um elemento sobre o qual o país não tem controle algum, e outro em que as ações dos poderes Executivo e Legislativo podem tanto ajudar a puxar a inflação para baixo quanto colocar a perder o que foi conseguido com as reduções de preços de energia e combustíveis.

O caminho do gasto público indiscriminado já foi testado e se mostrou desastroso; por sua vez, o caminho das reformas e do ajuste foi exatamente o que tornou possível ao país ter os juros mais baixos deste século

Uma observação do comunicado merece atenção: “a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário”, afirma o Copom. Isso significa que o vencedor da eleição presidencial de outubro precisará cuidar para não se juntar ao argentino Alberto Fernández, que virou piada nas mídias sociais ao afirmar que “cada vez que ponemos dinero, los precios siguen subiendo”, demonstrando surpresa com o que, no fim, é a essência da inflação. Sem a retomada firme do ajuste fiscal, do respeito ao teto de gastos e de reformas que reduzam e melhorem o gasto público, medidas como a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil, por exemplo, mesmo que consideradas importantes do ponto de vista social, elevarão a pressão inflacionária.

O texto divulgado ao fim da reunião termina informando que “o Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”, apontando para uma nova elevação, mas de 0,25 ponto, ou de manutenção dos atuais 13,75% na reunião da segunda quinzena de setembro. Por enquanto, boa parte dos analistas do mercado financeiro acredita que o ciclo de aperto chegou ao fim e que a Selic deve se manter estável até meados de 2023, quando começaria a cair. Mesmo assim, o comunicado deixa a entender que os tempos de juros básicos de 2% ao ano estão definitivamente no passado, já que, no cenário de referência traçado pelo Copom, a Selic terminaria 2023 em 11% e fecharia 2024 em 8%.


Com juros mais elevados, o que deve frear os investimentos e o crescimento econômico, assumem ainda mais importância as plataformas econômicas dos candidatos à Presidência da República e como eles pretendem conter a inflação e dar condições para que a economia possa crescer. O caminho do gasto público indiscriminado e do incentivo forte ao consumo e não à poupança, sem a menor preocupação com a saúde fiscal (ou, pior ainda, com truques orçamentários e contábeis para esconder o quadro real), já foi testado e se mostrou desastroso; por sua vez, o caminho das reformas e do ajuste foi exatamente o que tornou possível ao país ter os juros mais baixos deste século, mas foi abandonado no pós-pandemia. A escolha é óbvia; resta saber se teremos candidatos e eleitores suficientemente convencidos disso.


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ELEIÇÕES E A POLARIZAÇÃO DOS CANDIDATOS

 

Partidos e candidatos

Por
Rodolfo Costa
Brasília


Bolsonaro ao lado da primeira-dama Michelle na convenção do PL que oficializou a candidatura à reeleição do presidente.| Foto: Natanael Alves/ PL

As convenções partidárias para escolha dos candidatos nas eleições foram finalizadas nesta sexta-feira (5) e deixaram sinais de como será a campanha presidencial deste ano: polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e fragilidade da terceira via. Há, ainda, uma sinalização de que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estarão no centro das discussões eleitorais. Por fim, as convenções também indicaram quais serão as estratégias e o discurso dos principais concorrentes nos próximos 60 dias de campanha.

A convenção do PL, que oficializou a candidatura de Bolsonaro à reeleição, foi realizada no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de milhares de apoiadores. O partido tinha um objetivo claro: mostrar em imagens a popularidade de Bolsonaro – algo que deve ser usado na campanha.

O evento foi marcado por críticas de Bolsonaro a Lula, à esquerda e ao STF – com direito a convocação de seus apoiadores para irem às ruas no dia 7 de setembro.

O discurso de Bolsonaro indica que ele vai reeditar, em 2022, o temor da “ameaça comunista” representada por uma possível volta do PT ao governo. Durante a convenção, ele disse que sua vida não foi fácil após ser eleito, mas declarou que o conforta “não ver sentado naquela minha cadeira um comunista”. Bolsonaro disse também que segue uma rotina de orações em que reza para que o “povo” nunca “experimente as dores do comunismo”.

Referências à religião e a defesa do conservadorismo, por sinal, devem ser outra marca da campanha do presidente. O discurso da primeira-dama Michelle Bolsonaro na convenção foi marcado por várias referências religiosas. Michelle deve participar ativamente da campanha para conquistar o voto de mulheres.

Na convenção, Bolsonaro buscou associar Lula com a agenda progressista e lembrou dos casos de corrupção nos governos do PT. O presidente buscou ainda diferenciar sua gestão, afirmando que não houve desvios ou má conduta em seu governo. “Se aparecer, vamos colaborar nas investigações”, declarou.

Mesmo com um discurso mais crítico, Bolsonaro aproveitou a convenção para apresentar as realizações de seu governo e que vão estar na sua propaganda eleitoral. E fez afagos a aliados do Centrão, uma sinalização de que ele aposta nos partidos que compõem sua base de sustentação como cabos eleitorais.

O deputado federal Bibo Nunes (RS), vice-líder do PL na Câmara, diz que as falas de Bolsonaro dão o tom da campanha, em que as discussões vão se concentrar nos feitos do seu governo e em Lula. “A convenção mostrou um presidente empolgado, animando a militância toda com um discurso propositivo de verdade. É Lula e Bolsonaro; e não tem condições de ninguém ir contra ou fazer uma terceira via”, analisa.

Quais são os sinais da convenção do PT que oficializou Lula
A convenção que oficializou a candidatura de Lula foi marcada por uma grande ausência: a do próprio ex-presidente. Mas isso foi proposital: o PT trabalha nos bastidores para que a eleição seja decidida no primeiro turno, e isso passa por fechar o maior número de alianças possíveis, tentando atrair inclusive partidos de outras correntes políticas que tinham pré-candidatos.

Essa estratégia tende a ser usada no discurso eleitoral como uma mostra de que Lula é o líder de uma frente ampla que defende a democracia em contraposição a Bolsonaro.

No mesmo dia da convenção do PT, o ex-presidente estava em Pernambuco, onde trabalhou para fechar a montagem de seu palanque no estado. Lula usou o período das convenções em articulações regionais para aparar arestas restantes e selar acordos estaduais que lhe garantam mais apoios.

O deputado federal Zé Neto (BA), vice-líder do PT na Câmara, diz que Lula acertou ao cuidar dos palanques estaduais. Segundo ele, as agendas estavam “apertadas” e era preciso dar atenção especial a alguns estados. “A eleição do PT é a eleição de um campo do país, não só de um partido. E essa aliança que compomos é muito mais consistente do que a de 2002. Há 20 anos, não tínhamos o risco que temos hoje de manter em xeque a nossa democracia”, afirma.

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), logo após a convenção que oficializou a candidatura de Lula, confirmou que a ideia do partido era fechar uma coligação ampla. A aposta foi fazer acenos a potenciais aliados de outras correntes políticas – o que se encaixa na estratégia de conquistar o maior número de eleitores, não apenas de esquerda.

Após isso, o PT conseguiu o apoio de André Janones (Avante), que desistiu de sua candidatura a presidente. E, em meio a uma disputa judicial pelo comando do Pros, conseguiu o apoio do partido. Nesse período de convenções, o PT também tentou uma frustrada aliança com o União Brasil. E uma ala do MDB tentou impedir a candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) para apoiar o PT, mas ela acabou sendo oficializada como candidata.

A entrevista coletiva de Gleisi para falar sobre a convenção também deu indicativos de alguns pontos que serão usados na campanha para criticar Bolsonaro: inflação alta, renda em queda, fome e “discurso de ódio” devem ser assuntos centrais da campanha de Lula.

E o que as convenções mostram sobre a terceira via?
O período das convenções partidárias também mostrou a fragilidade dos nomes da terceira via para romper a polarização entre Lula e Bolsonaro.

Dois pré-candidatos desistiram. André Janones (Avante-MG) decidiu apoiar Lula e Luciano Bivar (União Brasil-PE) abriu mão da disputa ao Planalto para concorrer à reeleição na Câmara – o partido então lançou a senadora Soraya Thronicke (MS), que está no meio do mandato de oito anos e não corre risco de ficar sem uma cadeira no Congresso.

Além disso, grande parte dos nomes da terceira via oficializaram a candidatura sem ter escolhido um vice. Eles esperaram até onde puderam para tentar oferecer a vaga a algum partido que os apoiasse.

O ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT) foi um dos que esperou até a última hora para definir o vice – a confirmação veio só nesta sexta, com a escolha de Ana Paula Matos, vice-prefeita de Salvador. Na convenção que oficializou sua candidatura, ele também indicou qual deve ser o tom de sua campanha: criticou tanto Lula quanto Bolsonaro em seu discurso.

Pelo menos dois candidatos enfrentaram resistência dentro de seus próprios partidos. A ala do Pros a favor de uma aliança com o PT, após reassumir judicialmente o comando da legenda, anunciou apoio a Lula. Mas, numa reviravolta na Justiça, a presidência do partido mudou de mãos novamente. E o coach Pablo Marçal foi confirmado como candidato ao Planalto. Nesta sexta, porém, uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do TSE, reconduziu o comando da legenda á ala que apoia Lula.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) também passou por divergências dentro de seu próprio partido. Uma ala que queria apoiar Lula chegou a entrar na Justiça para barrar a convenção. Mas não obteve sucesso, e Tebet foi oficializada como candidata. Isso evidenciou que a emedebista não tem o apoio integral de sua sigla, sobretudo dos diretórios do Nordeste.

Além disso, ela esperou para escolher um companheiro de chapa. A ideia original era de que fosse Tasso Jereissatti (PSDB-CE). Mas a vice ficou com a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP). Uma chapa só de mulheres deve ser um trunfo na campanha para conquistar o eleitorado feminino.

O deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA), primeiro-vice-líder do partido na Câmara, admite que os discursos e as articulações de Bolsonaro e Lula com os partidos de centro provocam um isolamento da terceira via.

Apoiador da candidatura de Tebet, Rocha avalia que o atual cenário favorece o tensionamento entre Lula e Bolsonaro e, consequentemente, enfraquece as demais campanhas. “Eles tentam polarizar para eliminar a terceira via. A turma do Lula acha mais fácil derrotar Bolsonaro e a turma do Bolsonaro acha que tem discurso mais fácil para derrotar Lula. É uma polarização que se fortalece cada vez mais”, diz.

Polarização não tem mais volta, dizem cientistas políticos
Cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que, com o centro político pulverizado, como mostraram as convenções, dificilmente Bolsonaro e Lula terão suas candidaturas ameaçadas.

“Vamos ter muitos candidatos. Alguns até serão bem votados, como Ciro Gomes e Simone Tebet. Mas não existe terceira via”, diz o sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, a fragmentação das candidaturas de centro favorece, naturalmente, Bolsonaro e Lula. O cientista político aposta que eles estarão no segundo turno. “A eleição está polarizada, e as convenções reforçaram isso.”

O cientista político Ricardo Sennes, fundador e sócio-diretor da consultoria Prospectiv, avalia que o período das convenções mostrou uma uma ligeira vantagem a Lula em relação a Bolsonaro. “Vejo um certo alinhamento na campanha do Lula em direção ao centro, na busca pelo eleitor indeciso. Na campanha de Bolsonaro, vejo uma divisão entre radicalizar e ir ao centro, como defendem lideranças do Centrão”, analisa.

“Esse certo alinhamento da cúpula de Lula e desalinhamento na cúpula de Bolsonaro pode favorecer Lula”, afirma Sennes. “O Lula parece que está gastando menos energia para sua base já garantida e está basicamente concentrando esforços no centro. Ele faz o esforço de ampliar a aliança mais ao centro.”


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EMPRESÁRIOS PASSAM AS SUAS NECESSIDADES PARA OS POLÍTICOS

 

Reivindicações e propostas

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


A Fiesp é uma das entidades empresariais que estão apresentando suas propostas aos candidatos à Presidência. Federação também os convida a assinar manifesto em defesa da democracia.| Foto: Julia Moraes/Fiesp

Às vésperas das eleições presidenciais, entidades e grupos de empresários estão fazendo esforços para passar seus “recados” aos presidenciáveis: marcando reuniões, fazendo manifestos e distribuindo documentos. É uma prática que já foi adotada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Confederação Nacional do Comércio (CNC) e Confederação Nacional do Transporte (CNT).

O modelo também vem sendo adotado por novos grupos formados por donos de empresa, ou que incluem empresários. É o caso do Esfera Brasil, que chegou a marcar um jantar para o dia 11, com o presidente Jair Bolsonaro (PL), e o Derrubando Muros, que no início do mês lançou uma agenda para o país. Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) já manifestaram interesse em se reunir com o grupo.

Os empresários são um grupo que vem sendo cortejado por Bolsonaro desde o lançamento da sua pré-campanha, em 27 de março. Levantamento feito pelo site Poder360 mostra que o presidente se encontrou com eles pelo menos 37 vezes no período. Pouco mais de 40% dos encontros foram com representantes do agronegócio. Uma das principais figuras na agenda presidencial, desde o início do mandato, é o empresário Luciano Hang, dono da Havan.


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CNI apresenta reivindicações aos candidatos
A indústria é possivelmente o setor que mais detalhou suas reivindicações aos candidatos. A CNI apresentou aos candidatos 21 estudos temáticos em áreas tão diversas quanto tributária, transporte, energia, e ambiente macroeconômico. E realizou um encontro ao qual compareceram três dos quatro primeiros colocados da mais recente pesquisa PoderData de intenção de votos – Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). A exceção foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em intenção de votos desse mesmo levantamento (confira a metodologia ao fim desta reportagem).

“A estabilidade macroeconômica é essencial, porque cria o ambiente de estabilidade. Sem ela, é impossível traçar o caminho que leva ao crescimento econômico”, explicou em nota o presidente da CNI, Robson de Braga Andrade.

No encontro, Ciro Gomes afirmou que é necessária uma indústria poderosa, que lidere o centro de estratégia de desenvolvimento do país. Ele prometeu aumentar o nível de investimento na economia, recriar o Ministério da Indústria e Comércio a assinar um pacto de cooperação entre governo e setor privado para hierarquizar o que precisa ser feito em uma época de escassez de dinheiro público.

Assim como o pedetista, Bolsonaro também se comprometeu a recriar o Ministério da Indústria e Comércio, que ele próprio extinguiu no início de sua gestão, na fusão de pastas que deu origem ao Ministério da Economia. Bolsonaro disse esperar que os Estados Unidos invistam mais no Brasil como forma de frear o crescimento do aporte de empresas da China no país.

Simone Tebet defendeu a pacificação política do país como caminho para colocá-lo na rota do crescimento econômico: “O Brasil precisa crescer, precisa de paz, precisa acabar com a polarização para ter estabilidade”.

Fiesp quer políticas industriais modernas
Outra federação tradicional no setor fabril que encaminhou propostas foi a Fiesp, cujo presidente é Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar, vice-presidente nos governos Lula (2003-10).

A entidade reivindica a adoção de políticas industriais modernas. “Um novo consenso, baseado nas experiências internacionais e levando em conta as mudanças tecnológicas e a sustentabilidade, recoloca o setor industrial como o motor da retomada econômica. Para isso são necessárias soluções estruturais e não conjunturais”, cita o texto, também encaminhado pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

Além disso, a Fiesp elaborou um manifesto em defesa da democracia, que já foi assinado por mais de cem entidades, entre elas a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), a Câmara Americana de Comércio (Amcham) e a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).

A CNI decidiu não assinar o documento, com a justificativa de que ele pode acirrar tensões e de que mantém diálogo com todos os políticos.

A federação paulista também está promovendo encontros com os candidatos. Um dos que já participou da rodada de conversas com os empresários foi Ciro Gomes, que afirmou que pretende desonerar a compra de bens de capital e reformar o sistema tributário e a Previdência como forma de alavancar a capacidade produtiva da indústria.

Bolsonaro cancelou a participação no evento da Fiesp prevista para o dia 11. Na mesma data, a entidade pretende lançar seu manifesto pela democracia. Outro documento, similar, será apresentado no mesmo dia pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Logo nos primeiros dias, esse manifesto foi assinado por banqueiros, economistas e ex-ministros do Supremo Tribunal Federal.

Segundo o G1, o presidente não descartou ir à Fiesp em outra data para debater diretrizes e prioridades com os empresários. Bolsonaro, que já havia criticado a carta da USP, afirmou que não vai assinar o manifesto da Fiesp. “Eu comprovo que sou democrata pelo que fiz”, disse.

Lula deverá se reunir no dia 9 com os industriais paulistas. Ele e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) já tiveram um encontro prévio com empresários na sede da entidade em 5 de junho. Além de Josué Gomes, participaram representantes do Bradesco, Ambev, Magazine Luiza, Iochpe, Google e Itaú. Segundo a CNN, foram discutidos temas relacionados à economia, educação, meio ambiente, comércio exterior e agronegócio.

Quem também já esteve na Fiesp foi Simone Tebet. Ela defendeu a estabilidade, a segurança jurídica e a sensibilidade social, sem perder de vista a responsabilidade fiscal, para poder zerar gradativamente a miséria, com transferência de renda. “Queremos um governo parceiro da iniciativa privada. O Estado é aquele que garante políticas públicas, mas deve deixar a iniciativa privada produzir e gerar emprego e renda”, disse a emedebista.

CNC apresenta pontos fundamentais para o crescimento
Quem também encaminhou propostas aos presidenciáveis foi a Confederação Nacional do Comércio. O documento apresenta pontos fundamentais “para a promoção do desenvolvimento econômico, a redução das desigualdades e a construção de uma paz social duradoura.”

As reivindicações do comércio e serviços estão relacionadas à legislação tributária, empresarial, trabalhista, ambiental e sindical; estabilidade macroeconômica; estímulos ao comércio exterior; racionalização do setor público; modernização da infraestrutura e atenção à educação e ao bem-estar social.

A CNC já se encontrou com Bolsonaro, Lula e Tebet, aos quais apresentou sua agenda institucional. O atual presidente afirmou que pretende recriar o Ministério da Indústria e Comércio, com representante indicado pelo setor. Promessa similar foi feita à CNI e durante reunião com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Lula abriu espaço para negociações com a entidade. “Se tudo for acordado previamente, teremos menos problemas e poderemos construir o país que sonhamos, em que as pessoas possam consumir e os empresários terem seus ganhos.”

Tebet, por sua vez, disse à confederação do comércio que é preciso “investir em empreendedorismo e entender que o mercado e a iniciativa privada são nossos parceiros”.

CNT promove rodadas de diálogo com candidatos
A Confederação Nacional do Transporte está realizando uma série de rodadas de diálogo com os presidenciáveis e está também está apresentando uma série de propostas que visam fomentar a geração de emprego, o crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental e energética. “Quanto mais uma nação produz, maior é a sua interface com o transporte e a logística”, diz o presidente da entidade, Vander Costa.

Lula foi o primeiro dos candidatos a se encontrar com representantes da entidade. Ele afirmou pretende trabalhar em uma tramitação “fatiada” de alterações no modelo tributário brasileiro. A CNT aguarda confirmações de outros candidatos para poder entregar o documento com as reivindicações do setor de transporte e logística.

Febraban se reúne com canidatos
Outra entidade que vai se reunir com os candidatos é a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). O objetivo é apresentar a visão da indústria financeira e permitir que eles falem sobre a economia brasileira. O primeiro a ser ouvido será Jair Bolsonaro (PL), que criticou a entidade por aderir ao manifesto pró-democracia da Fiesp. O encontro está marcado para segunda-feira (8). Outros candidatos também devem ser ouvidos.

Quem é o Esfera Brasil

Grupos de empresários também estão se articulando para encaminhar propostas aos candidatos ao Planalto. Um deles é o Esfera Brasil, que chegou a marcar um jantar com o presidente Jair Bolsonaro no dia 11. O evento foi desmarcado para evitar, segundo o G1, uma “saia justa” para esse grupo.

Os empresários temiam ser rotulados como apoiadores de Bolsonaro em suas críticas ao sistema eleitoral e aos manifestos pró-democracia encampados pela Fiesp e pela Faculdade de Direito da USP, que serão apresentados no mesmo dia em que ocorreria o jantar de Bolsonaro com o Esfera Brasil.

O Esfera Brasil se define como uma organização criada para fomentar o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. “Somos independentes e apartidários e temos a missão de engajar líderes em prol do Brasil, gerando discussões que vão permitir a construção de um país melhor”, destaca o grupo em seu site.

O Esfera Brasil diz que a sua missão é ser um polo aglutinador do empreendedorismo brasileiro, promovendo diálogos entre empresas, governos e instituições e estimulando debates produtivos, de forma republicana.

A organização afirma que busca trazer o equilíbrio para um país que sofre, dividido. E que defende a transparência, a ética, a pluralidade. “Apoiamos o capitalismo de stakeholder, o ESG, a diversidade, a equidade e a inclusão.”

O idealizador e presidente do grupo é João Carlos Camargo, um dos sócios da 89 Investimentos, uma gestora de recursos independente com atuação nas áreas de logística, incorporação e comunicação. É sócio das rádios Alpha FM, Band News FM, Nativa e 89 FM.

Outra figura importante no grupo é Eduardo Vieira, co-fundador e sócio do Esfera Brasil. Ele, também, é sócio líder de marketing e comunicações do Soft Bank para a América Latina.

Quem é o Derrubando Muros

Quem também pretende se encontrar com os presidenciáveis é o grupo Derrubando Muros, que reúne 102 pessoas, entre ativistas, cientistas, comunicadores, acadêmicos, empresários e políticos, e vem há meses discutindo soluções para o futuro do Brasil.

Segundo o “Estadão”, Lula, Simone Tebet e Ciro Gomes (PDT) já deram sinais de que pretendem participar das reuniões. A intenção é de que elas ocorram ainda em agosto. Ao jornal paulista, o coordenador do Derrubando Muros, Yacoff Sarkovas, disse que “serão convidados apenas candidatos do campo democrático” e que Bolsonaro “não habita este território”.

ELEIÇÕES 2022

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“Queremos demonstrar que o Brasil tem jeito e que a sociedade civil há muito assumiu o protagonismo na elaboração dos melhores diagnósticos setoriais e proposições de políticas públicas para nossos problemas crônicos”, diz Sarkovas, em nota.

O grupo avalia que há uma degradação das condições gerais do país e que o país vem remando de lado, com uma economia tradicional, pouco resiliente, basicamente produtora de commodities e serviços com pouquíssimo impacto na economia mundial.

O Derrubando Muros reúne especialistas como Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade; Fersen Lambranho, presidente do conselho da GP Investimentos; Horácio Lafer Piva, empresário ligado à Klabin; Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança da FGV; Pedro Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel); Ricardo Henriques, economista especializado em educação, desigualdade e distribuição de renda; e Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

Metodologia da pesquisa citada
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3,5 mil eleitores em 322 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 31 de julho e 2 de agosto de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-08398/2022.


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A SITUAÇÃO NO TSE ESTÁ RUÇA

 

Por
Alexandre Borges – Gazeta do Povo


Urnas eletrônicas| Foto: TRE-PR

No panteão de mitos nacionais com membros ilustres como o saci-pererê, o curupira, a mula sem cabeça e o boitatá, uma nova integrantes chega com pompa e circunstância: a “urna eletrônica não auditável, fraudável e com resultado pré-programado pelo STF”. Ela não existe, mas quem se importa? Quem perde eleição, claro, mas não sejamos indelicados com maus perdedores.

Era quase meio-dia ontem (4), quando o auditório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), principal instituição brasileira para organização e gestão das eleições, recebeu um grupo heterogêneo de pouco mais de vinte pessoas, na maioria jovens engajados e hypados, produtores de conteúdo digital escolhidos pelo movimento Redes Cordiais, que fez a gentileza de também me convidar para o evento.

Antes do início da programação do dia, que incluía palestras, um tour pelas dependências do TSE e uma aula técnica sobre o funcionamento das urnas eletrônicas, todos foram convidados a se apresentar. A cada um que resumia sua história, um TED Talk de fazer Malala Yousafzai parecer uma patricinha de shopping. Na minha vez, tive que confessar ser apenas um representante da odiada “grande mídia”, aquela chamada de esquerda pela direita e vice-versa. Agradeço os breves e gentis aplausos naquele momento de anticlímax. Sigamos.

Como resistir ao charme de uma mentira que inclui urnas hackeadas, invasores anônimos financiados por elites malignas e pervertidas, salas secretas de apuração de votos e resultados manipulados?

Por volta das duas da tarde, a umidade relativa do ar em Brasília estava em 35%, abaixo do mínimo recomendável pela OMS e pelo bom senso para um organismo humano normal sobreviver. Quanto mais seco o ar, mais chances de dor de cabeça, problemas alérgicos, olhos irritados, asma, infecções e, claro, desidratação. Alguém vai dizer que foi um plano arquitetado para alterar nosso juízo.

Neste clima ameno, fomos convidados para um agradável almoço no terraço do edifício, onde serviram um honesto strogonoff de carne, aquele prato de aceitação universal que acaba com a margem de erro dos anfitriões. Neste momento, reconheço que perdi uma grande oportunidade. Voltarei ao assunto.

As palestras, apresentações e visitações apenas confirmaram o que qualquer bípede já sabe: as urnas eletrônicas brasileiras são tão seguras quanto possível, mais do que o sistema informatizado do banco que você deposita seu dinheiro, uma informação real, verdadeira, mas enfadonha. Quem se emociona com algo que funciona?

Como resistir ao charme de uma mentira que inclui urnas hackeadas, invasores anônimos financiados por elites malignas e pervertidas, salas secretas de apuração de votos e resultados manipulados para subtrair o direito do povo escolher seu representante legítimo? Se non è vero, è ben trovato!

O espírito do tempo no Brasil está propício a teorias que incluem até cidades perdidas na Amazônia, terra plana e vermífugos que curam Covid-19. Por que não urnas que fazem parte de uma trama digna de um filme B de espionagem internacional? É neste momento que entra o strogonoff.


Mente vazia, oficina de político
A vez do generalíssimo
O que já sabemos sobre 2026
A iguaria é identificada com a Rússia, mas provavelmente foi inventada pelo chef francês Charles Briere no início do séc. XIX. Ele estaria a serviço da tradicional família Stroganov em São Petersburgo e o prato seria um amálgama de elementos clássicos das culinárias francesa e russa. Nunca saberemos se a história é verdadeira mas, de novo, quem se importa? O strogonoff é russo e não se discute. Já o estado da nossa democracia, ruça com cê cedilha, como diria o “ativista” Ivan Papo Reto.

Seria o prato principal servido ontem, na sede do TSE, uma prova de influência russa nas eleições brasileiras? O cozinheiro estaria lá para servir agentes infiltrados da antiga KGB, o temido serviço secreto já chefiado por ninguém menos que Vladmir Putin? Quantos likes e compartilhamentos um vídeo contando esta cascata não ganharia nas redes sociais? Seria o autor do vídeo convidado para um cargo de comentarista numa mídia governista, com um gordo salário vindo sabe-se lá de onde?

Seria o prato principal servido ontem, na sede do TSE, uma prova de influência russa nas eleições brasileiras? O cozinheiro estaria lá para servir agentes infiltrados da antiga KGB?

A teoria conspiratória, por mais ridícula que seja, sequer precisa ser afirmada pelo autor. Basta que ele se mostre cético, desconfiado da realidade aparente, que coce a cabeça, olhe sério para o expectador e pergunte: “você não acha tudo isso muito estranho?”. Se ele for mais ousado, pode se autoproclamar “pesquisador”, uma palavra esvaziada de significado atualmente, e lançar cursos e livros sobre os russos infiltrados na nossa eleição a partir do strogonoff.

Não tenho nada contra o prato, que minha saudosa avó, mineira e cozinheira talentosíssima, fazia como ninguém, Muito menos o strogonoff servido ontem, do qual me refastelei sem cerimônia. Os influenciadores que me acompanharam na refeição optaram por falar a verdade sobre as urnas em seus perfis, o que é a opção moral a se tomar, mas às custas de algum faturamento extra.

Como dizia Viktor Frankl, só há dois tipos de pessoas: as decentes e as indecentes. E é em momentos como esse que as diferenças ficam mais evidentes. O Brasil nunca precisou tanto de gente decente produzindo conteúdo, falta achar o modelo de negócios. Ou reencontrar a alma nacional.


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POLÍTICOS COM PROCESSOS PODEM SE ELEGER E TER O FORO PRIVILEGIADO

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  • Samuel Hanan *
Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

O eleitor brasileiro talvez nem saiba, mas nas eleições de outubro poderá eleger um candidato com vida pregressa incompatível com a moralidade que se exige de um homem público. Isso porque a lei brasileira permite a candidatura de políticos que respondem a processo na Justiça. E não são poucos nessa situação. Um levantamento realizado pelo Congresso em Foco mostrou que, em 2020, dos 513 deputados federais, pelo menos 106 eram alvo de investigação judicial. A pesquisa se baseou em inquérito e ações penais e eleitorais em tramitação, na época, no Supremo Tribunal Federal e nos tribunais eleitorais e de Justiça estaduais.

Não é exagero afirmar que muitos dos políticos respondendo a processo ou sob investigação se empenham em conquistar um novo mandato justamente para manter ou garantir o foro privilegiado, apostando inclusive na prescrição para se manter impunes.

Fazem isso abrigados pela legislação vigente, aproveitando-se de uma excrecência que o Brasil precisa abolir com urgência se deseja alcançar outro nível de civilidade democrática. Pode-se admitir como tolerável que o homem público, réu na Justiça, possa continuar no exercício do cargo até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória. Entretanto, não é possível dizer que isso é desejável, face aos valores éticos e morais universalmente consagrados, especialmente porque estamos falando de pessoas que detêm a chave do cofre do dinheiro público. Mais difícil ainda é aceitar que a esses políticos seja dada a oportunidade de buscar um novo mandato.

A história política brasileira tem exemplos de sobra de que a pena de cassação temporária dos direitos políticos, prevista para casos de improbidade administrativa, não se mostra suficiente para a moralização do sistema. Novas candidaturas de políticos condenados em primeira instância são eticamente lamentáveis e, portanto, absolutamente condenáveis. Soam como verdadeiro deboche à Justiça, ao cidadão, ao voto e à democracia.

Essa esdrúxula situação reclama alterações legislativas que o Brasil ainda não teve coragem de realizar. A principal delas seria impedir o registro da candidatura daqueles que são réus em processos judiciais em razão de atos de improbidade administrativa, peculato, corrupção passiva ou ativa e participação em organização criminosa, ainda que não se tenha sentença definitiva.

Tal restrição – obviamente baseada em lei – daria maior segurança jurídica ao sistema eleitoral e evitaria prejuízos como a possibilidade de o eleito perder o cargo no meio do mandato, em razão da questão judicial em andamento, então finalmente julgada, provocando a posse do vice ou suplente, em conturbado processo.

Não há dúvidas quanto à necessidade de medida desse gênero. Como já argumentou em voto no Supremo Tribunal Federal o ex-ministro Carlos Ayres Britto, há que se fazer a distinção entre direitos políticos e direitos individuais. Destacou com propriedade o ex-ministro que direitos políticos estão vinculados a valores e não a pessoas. E a nossa Constituição protege os princípios (valores) da probidade administrativa, da moralidade e da impessoalidade, imprescindíveis para o exercício do mandato. A proibição de candidatura de réus, portanto, não ofenderia a presunção de inocência não podendo esta ser aplicada na matéria eleitoral, bem como o trânsito em julgado não deve ser exigência para rejeição da candidatura.

Da mesma forma, não é desarrazoado supor-se que, se não houvesse o foro privilegiado no Brasil, muitos políticos-réus estariam condenados, com penas fixadas, e presos. Uma realidade absolutamente distinta da atual, propiciada pelo instituto do foro privilegiado que no Brasil protege cerca de 55.000 ocupantes de cargos públicos, dimensão sem paridade em todo o mundo. Temos, então, uma verdadeira fábrica de impunidade.

O mais razoável seria reduzir drasticamente esse privilégio, limitando-o, talvez, apenas aos chefes de Poder e sem alcançar eventual prática de crimes comuns. Em sua forma atual, o foro privilegiado é um escudo de impunidade garantida pelo mandato, em inegável distorção do sistema democrático. Um benefício pessoal às custas do voto popular perseguido por quem afronta a lei e aposta na morosidade do sistema judicial brasileiro, buscando a prescrição para escapar da pena de prisão e ainda brandir o resultado como atestado de idoneidade.

A manutenção do sistema atual é não apenas um péssimo exemplo às futuras gerações; é também um desestímulo à formação de novas lideranças políticas, de cidadãos bem intencionados e sem os velhos vícios da atividade político-partidária na qual os fins justificam os meios.

Em nome da transparência, outro princípio garantido na Constituição, seria salutar a fixação da exigência para que os candidatos a cargos públicos apresentassem ao público documentos oficiais detalhando ações judiciais em que são réus. Da mesma forma, contribuiria muito se os próprios tribunais disponibilizassem informações sobre as ações em curso envolvendo candidatos, com acesso ao público e à imprensa, sem qualquer espécie de sigilo, durante as campanhas eleitorais, principalmente.

Como o cidadão contribui para engordar os recursos do Fundo Eleitoral, do Fundo Partidário e da Propaganda Eleitoral de Rádio e Televisão – gratuita apenas no nome -, é seu direito ter acesso à completa informação sobre todos os que se lançam candidatos, a fim de que possa decidir seu voto de maneira segura e de acordo com suas convicções.

A lei precisa, sempre, garantir os direitos dos cidadãos. A democracia não pode, jamais, ter medo da verdade.

* Sobre o autor: Engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças e empresário. E-mail: samucahanan@gmail.com

 

AS FAMÍLIAS POBRES DEVEM TER AS MESMAS OPÇÕES DOS RICOS NA ESCOLHA DA ESCOLA

 

Estudo indica que é o momento de se tentar um caminho diferente e utilizar mais fortemente o setor privado para melhorar o sistema de ensino no Brasil

Comunicação Millenium

A implantação de vouchers escolares para famílias de baixa renda e cobrança de mensalidades dos alunos mais ricos das universidades públicas pode fazer com que o governo federal atenda até 33% mais alunos da educação básica com o mesmo investimento atual. Hoje, mais de 6% do PIB é destinado para educação. Esse percentual é maior que em muitos países desenvolvidos, mas até o momento não é possível ver avanços significativos em qualidade.

É o que revela o estudo produzido pelos pesquisadores Marcos Ricardo dos SantosAnamaria Camargo e Leonardo Regazzini, para o Instituto Millenium, que foi publicado hoje (06). Os autores analisaram pesquisas e dados oficiais do Brasil e de outros países para defender um sistema proposto há mais de 60 anos e já adotado lá fora. No documento, que faz parte da série Millenium Papers, os autores indicam que é o momento de se tentar um caminho diferente e utilizar mais fortemente o setor privado para melhorar a qualidade de ensino no país.

Há décadas, o Brasil segue uma mesma estratégia: investir na educação pública. O país conseguiu, com a ampliação da oferta estatal, passar de atender 21% da população em idade escolar, em 1940, para 94,5% no ano 2000, índice próximo à universalização. Entretanto, os indicadores de qualidade do ensino permanecem quase inalterados, considerando os resultados dos estudantes brasileiros em exames internacionais padronizados. 

Uma das soluções para se obter resultados diferentes é reforçar o papel da iniciativa privada na educação, com o uso de vouchers educacionais. Em vez de o governo ofertar diretamente vagas em escolas públicas, passaria oferecer vales, entregues a famílias mais pobres, que seriam usados como pagamento em instituições privadas de ensino. Assim, famílias mais pobres, que, por falta de condições financeiras, são obrigadas a aceitar um modelo único de escola que o estado lhes oferece, passariam a ter um leque maior de escolha. Com o apoio financeiro, poderiam optar entre diversas escolas privadas que, em regra, costumam obter resultados melhores.  Em suma, a mesma liberdade de escolha que os mais ricos hoje têm sobre a educação de seus filhos estaria disponível também para famílias mais pobres.

Um outro caminho para a implantação de um programa como esse no Brasil, sem aumentar o já comprometido orçamento público, seria a utilização de recursos obtidos por meio da cobrança parcial de mensalidade nas instituições públicas de ensino superior, a fim de compor um fundo de financiamento para a educação básica. Hoje as vagas em cursos universitários públicos são custeadas por impostos pagos por toda a sociedade, mas ocupadas majoritariamente por estudantes de maior renda. Com isso, há uma transferência indireta de recursos dos mais pobres, que pagam a conta, para os mais ricos, que aproveitam o curso superior “gratuito”. Essa lógica pode ser invertida com a cobrança de mensalidade nas universidades, com descontos parciais para alunos das classes intermediárias e integrais para alunos de menor renda.

O pesquisadores demonstram que o custo anual por aluno na educação básica no Brasil era de R$ 7.230, em valores de 2018 (dados do INEP) ou R$ 602,50 por mês, que pode servir de referência para a criação de um sistema de voucher de até R$ 600,00 mensais, de valor escalonado de acordo com a renda familiar. O escalonamento teria como referência as 5 faixas de renda da PNAD/IBGE, na qual o primeiro quintil é a mais pobre. 

Como exemplo, o estudo propõe separar como público-alvo hipotético um contingente de um milhão de alunos matriculados na rede pública. O montante despendido pelo poder público para custear a educação deste grupo representaria um total de R$ 600 milhões mensais, em valores de 2018.

 Se fossem oferecidos vouchers integrais no valor de R$ 600 para 39,5% desse grupo de alunos, que representam o percentual de alunos do 1º quintil de renda no ensino fundamental, a despesa para esta faixa de renda somaria R$ 237 milhões. Para os 27,9% dos alunos que pertencem ao 2º quartil de renda, o voucher unitário seria de R$ 450, o que representaria um total de R$ 125,55 milhões para a faixa. Para o 3º quintil, 16,9% dos alunos receberiam um voucher de 50%, ou seja, R$ 300, perfazendo um total de 50,7 milhões para essa faixa. Os alunos do 4º quintil receberiam uma ajuda menor: R$ 150 mensais, apenas como complemento, chegando a um total de R$ 16,95 milhões mensais. Já os alunos do 5º quintil de renda (4,3% do total) não seriam elegíveis para o programa. 

Com esse modelo, seria possível atender 956 mil alunos a um custo mensal de R$ 430,2 milhões, ou seja, o valor por aluno seria de R$ 450. Se fosse utilizado integralmente o total de R$ 600 milhões separados inicialmente – que correspondem a um milhão de alunos na rede pública –, seria possível atender a 1,333 milhão de alunos, ou seja, 33,3% a mais do que o grupo original na rede pública.

A mudança proposta neste estudo aponta que diversos países que se tornaram referência mundial em educação, tais como Finlândia, Estônia ou Holanda, não financiam o sistema educacional em si, mas sim os estudantes. A Holanda, por exemplo, usa um sistema de vouchers para 70% dos estudantes no ensino fundamental e para quase a totalidade dos estudantes do ensino médio.

Por fim, os autores observam que há um longo percurso a ser percorrido apesar do desenho técnico da política não ser difícil. O maior desafio é o convencimento político: seria preciso desviar das pressões corporativas dos sindicatos e se desapegar das velhas fórmulas, que vêm se mostrando pouco eficientes há tempo, mas continuam dominando as mentes de quem pensa a educação no país.

DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

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