Ayman al Zawahiri, morto no fim de semana em uma operação com
drone no Afeganistão, era o número 2 do grupo terrorista em 2001 e
substituiu bin Laden| Foto: Reprodução/Fox News
Em um vídeo, Joe
Biden anunciou a morte de Ayman al-Zawahiri, líder da Al-Qaeda. Ele foi
morto em um ataque aéreo na manhã de domingo, em Cabul, capital do
Afeganistão. al-Zawahiri foi um dos mentores dos atentados do 11 de
Setembro de 2001. Na época, ele era o segundo em comando da organização
jihadista, atrás de Osama bin Laden. O que a morte de al-Zawahiri nesse
momento pode significar?
Segundo informações do governo dos EUA, a operação foi resultado de
meses de trabalho de inteligência. O primeiro passo foi a identificação
do terrorista e de sua família em Cabul, reconstruindo seus padrões de
comportamento, incluindo “períodos prolongados” na varanda da residência
onde ele estava. Também foram feitos modelos da residência e avaliação
da melhor maneira de atingi-lo.
A autorização do plano avaliado veio no dia 25 de julho, com o uso de
um drone munido com dois mísseis Hellfire R9X, uma nova variante do
armamento produzida para atingir pessoas. O míssil, de conhecimento
público desde 2019 apenas, não possui carga explosiva, confiando em sua
força cinética e no uso de lâminas para tirar a vida do alvo.
Finalmente, no dia 30, a missão foi executada.
Confiar no Talibã
Tem-se aqui o primeiro ponto de análise. Na véspera de um ano do
aniversário do retorno do Talibã ao poder no Afeganistão, al-Zawahiri
esteve em Cabul por meses. E não foi em um complexo remoto de cavernas
ou em alguma casa abandonada, mas ele residia em uma casa confortável no
centro da capital, perto do palácio presidencial. Algo inimaginável sem
o apoio explícito do Talibã.
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, afirmou que o Talibã
violou o Acordo de Doha ao abrigar o terrorista. Pelo Acordo para
Trazer a Paz ao Afeganistão, assinado em fevereiro de 2020, o Talibã
rejeitava todo tipo de cooperação com grupos como Al-Qaeda. E, como
avisado diversas vezes aqui em nosso espaço, se uma coisa era provada na
História recente, é que o Talibã não é um ator de boa-fé.
O grupo diversas vezes quebrou acordos assinados e usou de perfídia
durante as guerras no Afeganistão. Aceitar negociar com o Talibã e
assinar o acordo de Doha foi um dos principais erros da política externa
do governo Donald Trump. Não era necessária uma “bola de cristal”,
apenas notar o histórico recente do grupo, cuja cooperação com a
Al-Qaeda, além de notória, era marcada pelos benefícios econômicos ao
Talibã.
Jihadismo
Mesmo com a morte de al-Zawahiri, o indício agora é de que o grupo
voltou a contar com um refúgio, um espaço físico de onde pode operar e
se reorganizar. Quem sabe, até, brigar pelo protagonismo entre os grupos
jihadistas, já que a Al-Qaeda perdeu espaço, principalmente para o
Daesh, o chamado Estado Islâmico. O Daesh, inclusive, também é rival do
Talibã.
O próximo ponto é o que isso significa para o jihadismo
internacional. Na prática, não muito. O médico al-Zawahiri era um
teólogo, uma simbólica liderança “espiritual”, não um combatente ou
articulador de paixões extremistas. Também não era abastado como bin
Laden. Inclusive, nos últimos anos, a Al-Qaeda progressivamente
tornou-se mais regionalizada, com diferentes grupos locais com
autonomia, do Sahel ao Iraque.
A morte do teólogo pode representar, então, uma de duas coisas. Ou
uma nova liderança do grupo emerge e volta a centralizar a Al-Qaeda,
pensando em grandes atentados, ou o modelo atual de grupos regionais
operando de acordo com seus contextos locais é consagrado, fazendo da
Al-Qaeda uma espécie de aliança internacional de grupos jihadistas
variados.
Folga para Joe Biden
Finalmente, temos o maior vencedor nessa situação toda, o governo Joe
Biden. Em meio uma inflação recordista nas últimas quatro décadas e uma
economia em recessão, após dois trimestres de encolhimento, Biden
conseguirá uma “trégua” no noticiário. A inflação será alternada nos
noticiários com gráficos espetaculares reconstituindo a operação, com
mais uma declaração de “vitória” na Guerra ao Terror.
Não é muito diferente do que seus antecessores fizeram. Barack Obama
garantiu sua reeleição anunciando a morte de Osama bin Laden em 2011.
Biden, então vice-presidente, está na famosa foto tirada na Casa Branca
durante a operação. Em 2019 foi a vez de Trump transmitir um
pronunciamento, agora sobre a morte de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do
Daesh, morto na Síria.
A vitória do governo Biden, entretanto, não durará muito. Em alguns
dias já terá desaparecido do noticiário e os problemas econômicos
retomarão seu protagonismo. O que é sintoma de outro problema. O acúmulo
de pequenas vitórias táticas pelos EUA nas últimas décadas, eliminando
seus inimigos, mas, estrategicamente, não sabe para onde ir e não
consegue estabelecer uma política de longo prazo. Até o próximo
al-Zawahiri.
Há uma discussão entre os nossos representantes na Câmara Federal: se
supermercado pode vender aqueles medicamentos que não têm necessidade
de receita médica, que hoje só se vendem na farmácia. Só para lembrar,
você encontra muita coisa na farmácia que está no supermercado, como
aparelho de barbear, pasta dental, xampu, até sandália… E o
supermercado? Já que não precisa de receita médica, fica mais fácil
oferecer o medicamento lá, dá mais acesso às pessoas e o preço fica mais
barato.
Os supermercados ainda afirmam que não há farmácia em cerca de 20%
dos municípios. Já os farmacêuticos dizem que esses profissionais, com
curso superior, têm de estar na farmácia e são os melhores conselheiros
para quem vai comprar remédio, sabem o uso da dose, para que serve,
mesmo que não exija receita médica. Mas tem gente que compra pelo site
da farmácia, então é a mesma coisa que comprar em um supermercado.
Nos Estados Unidos, a gente entra no supermercado e tem de tudo. E às
vezes tem até um cantinho, um balcão de farmácia com a exigência de
receita médica. Mas é uma coisa que os nossos representantes deviam nos
perguntar, fazer um levantamento e ver o que preferimos. Eu acho que
tudo que fica mais fácil para o consumidor é melhor e facilita a vida de
todo mundo.
Senadoras candidatas e política de armas Duas senadoras do
Mato Grosso do Sul, uma das regiões de maior progresso do país, são
candidatas à Presidência da República. Agora, além da senadora Simone
Tebet, do MDB, temos a senadora Soraya Thronicke, que era do PSL,
apoiadora de Bolsonaro, e agora está no União Brasil, fusão do PSL e do
Democratas. O que separa as duas é a política de armas. A senadora
Soraya é a favor das armas, para as pessoas se defenderem suas vidas e
patrimônio. Já a senadora Tebet disse que, se for eleita presidente,
revoga tudo que favoreça a arma.
Só para lembrar, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, da
qual eu participei, o presidente Bolsonaro lembrou que o referendo de
2004, em que 64% dos brasileiros foram a favor das armas, não foi
respeitado e fizeram aquele Estatuto do Desarmamento na nossa cara,
desafiando a democracia, que é a vontade da maioria. Em 2016, mostrou
Bolsonaro na entrevista, tivemos 61 mil homicídios; em 2021, depois que
ele assinou vários decretos e os ministros da Justiça e da Defesa, além
do comandante do Exército, assinaram portarias, o número de homicídios
caiu em 20 mil, para 41 mil. Ou seja, o medo do bandido de encontrar
resistência salvou 20 mil vidas. É preciso que a gente considere isso.
Liberdade econômica e agronegócio em alta Aliás, o presidente
falou por uma hora e meia nessa entrevista e mostrou por que o Brasil
está diferente do resto do mundo. É o país que está com passo certo. Em
2019 veio a Lei da Liberdade Econômica, a desregulamentação, a
desburocratização, centenas de portarias foram revogadas, inclusive
normas da fiscalização do trabalho, e com isso se estimulou o
empreendedorismo, a produção, aliviando as empresas.
Houve também uma pacificação na terra, embora eu tenha sabido que
em Lábrea (AM) está havendo invasão de gente que já tinha tirado uma boa
área da proteção ambiental e agora está tocando fogo numa fazenda. A
titulação da terra – mais de 330 mil títulos foram distribuídos –
resolveu muita coisa. O presidente falou no apoio ao agronegócio com
fertilizantes da Rússia, que estão garantindo a produção aqui, mesmo com
guerra. E com o 5G, que vai dar mais um impulso para a tecnologia no
agro. O nosso agro está avançadíssimo; eu lembro do tempo em que a gente
ficava com inveja daquela região central dos EUA, o meio-oeste, mas
hoje não. Hoje o nosso Centro-Oeste ganha.
Vocês possuem a lista dos amigos que atravessaram a última década e ainda são eleitos do seu coração?
Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo
Minha primeira e mais antiga amiga foi minha irmã Rose. Meu fiel
amigo no primário (hoje seria a primeira etapa do Ensino Fundamental)
foi o Raul.
Cultivei amizade no Ensino Fundamental com a Simone e a Mariângela.
No Ensino Médio, fiquei próximo da Márcia e do Jorge. Fazíamos grupos de
estudos. Eu era melhor em História e Português; o Jorge tentava nos
ensinar Física e Matemática.
Na faculdade, reencontrei a Simone e me aproximei da Virgínia.
Encontrei também o Sérgio, que seria pioneiro na vinda a São Paulo para a
pós-graduação. Ele acabou me convencendo a imitá-lo.
Na vida de professor, fiquei muito amigo da Valderez e do José Alves.
Quando criei meu escritório, surgiu a amizade com o Igor. As idas ao
Rio fizeram surgir o Ricardo. A busca de bons médicos levou-me ao Jairo e
à Luci. A CNN me trouxe Gabriela.
Sou cercado de muitos amigos. Identifiquei alguns nomes, omitindo muitos, claro. A lista é bem maior.
A música A Lista (Oswaldo Montenegro) nos desafia a pensar
na passagem do tempo. “Quantos você ainda vê todo dia, quantos você já
não encontra mais?”
Nas formaturas, existia o hábito algo kitsch de cantar “amigos para
siempre”. Bem, eternidade é um desejo, raramente realidade. Os amigos
vêm e vão, podem mudar, porque a vida é rápida. Mesmo sabendo que não
existe algo fixo no universo, confio nos meus amigos, sinto falta deles.
Amo ter uma noite com longas conversas e busco amparo nos momentos
difíceis.
Já fui traído… Existe “chifre” na amizade? Sim, infelizmente. São os
que nos atacaram pelas costas ou se revelaram infiéis a um segredo
guardado. Acontece. Somos humanos. Talvez doa mais do que ataques de
inimigos. O “fogo amigo” é algo destrutivo nas guerras, na política e
nas amizades.
Voltando à música: vocês possuem a lista dos amigos que atravessaram a
última década e ainda são eleitos do seu coração? Quem era sua amizade
mais íntima em 2012? Onde ela está?
Meus amigos e minhas amigas me fazem falta. A maioria existe há
muitos anos. Somos sobreviventes da vida e de nós mesmos. Imagino
encerrar a vida com alguns ao meu redor, como em uma cena do filme As Invasões Bárbaras.
Comeríamos, beberíamos uma última vez e riríamos com sentimentos
intensificados pelo fim próximo. Vivi com eles e, feliz, morreria
olhando para meu círculo íntimo. É uma esperança: amigos na luz da vida e
no mistério da morte. Afinal, amigos deveriam ser uma esperança para
sempre.
Representação tridimensional de placas da proteína beta-amiloide (em cor escura) afetando neurônio.| Foto: Bigstock / SciePro
Uma
aparente fraude pode ter resultado no desperdício de milhões de dólares
de financiamento público destinados às pesquisas sobre o Alzheimer,
atrasando a descoberta da cura da doença. Investigações conduzidas pelo
médico neurocientista Matthew Schrag, da Universidade Vanderbilt, no
estado americano do Tennessee, e pela revista Science apontaram sinais
de imagens adulteradas ou duplicadas em dezenas de artigos científicos,
alguns deles importantes para a aprovação do medicamento Simufilam, da
farmacêutica Cassava Sciences.
A doença de Alzheimer, um tipo de neurodegeneração que afeta
principalmente a memória dos idosos, ainda é incurável. Diferentes
intervenções que reduzam o risco já foram propostas: de tomar café a
fazer palavras cruzadas e tomar uma dose anual da vacina para gripe. Há
também um componente genético. Quando teve o seu genoma sequenciado em
2007, o codescobridor da estrutura do DNA James Watson não quis saber se
carregava variantes genéticas de predisposição para a doença, pois “não
há muito o que possamos fazer”.
Uma das bases genéticas propostas para o Alzheimer envolve a proteína
beta-amiloide, que se acumula em placas nos neurônios, prejudicando sua
função. Diferentes tentativas de desenvolver drogas com base nessa
hipótese fracassaram. Com o Simufilam veio algo novo: aparente fraude.
Schrag foi contratado por um cachê de 18 mil dólares como
investigador pelo advogado de dois outros neurocientistas interessados
na falência da Cassava Sciences, segundo reportagem da revista Science.
Schrag analisou a literatura científica e encontrou sinais de imagens
adulteradas ou duplicadas em dezenas de artigos, incluindo aqueles dos
quais a aprovação da droga depende. O relatório da investigação foi
enviado às principais agências de fomento de pesquisa dos Estados
Unidos.
Um dos artigos impugnados pela investigação de Schrag é um estudo
publicado na revista Nature em 2006 citado por mais de dois mil outros
estudos, segundo o próprio periódico, que acrescentou uma nota de
preocupação à publicação. O primeiro autor é Sylvain Lesné, da
Universidade de Minnesota. O artigo relata a descoberta de um subtipo da
beta-amiloide que causaria demência similar ao Alzheimer em roedores. O
ano de publicação marcava cem anos desde que o próprio neuropatologista
alemão Alois Alzheimer, que dá nome à doença, observou as placas de
proteína no cérebro de um paciente vítima de demência. Que as placas de
beta-amiloide realmente estão nos pacientes, há poucas dúvidas. A
questão premente é se são causa ou consequência da degeneração.
Fabricações “chocantemente óbvias” O cientista detetive evita a
palavra fraude pois não tem acesso a possíveis imagens originais não
publicadas, mas aponta que há sinais indicativos de problemas. A Science
conduziu uma investigação própria de seis meses que corroborou os
achados de Schrag e encontrou motivos para duvidar de mais de 70 imagens
nos estudos de Lesné, entre outros. Lesné não respondeu ao contato da
revista. Em maio deste ano, ele obteve a aprovação de uma verba de
pesquisa do governo americano de mais de US$760 mil com validade de
cinco anos. Um responsável pela aprovação da verba foi coautor do estudo
de 2006.
Elisabeth Bisk, bióloga molecular e consultora em análise forense de
imagens, disse à revista científica que “os resultados experimentais
obtidos podem não ter sido os desejados, e os dados podem ter sido
adulterados para se encaixar melhor numa hipótese”. Para ela, há figuras
que parecem montagens feitas a partir de imagens de diferentes
experimentos. Algumas são fabricações “chocantemente óbvias”, comentou a
especialista em Alzheimer Donna Wilcock, da Universidade de Kentucky.
As imagens são, na maior parte, fotos de resultados do teste
conhecido como “Western blot”, que mostra as proteínas como bandas em
blocos de gel. Por mais cuidado que se tenha na manipulação, é raríssimo
que duas bandas fiquem com formatos ou imperfeições iguais, o que seria
indício de manipulação. Nos estudos de Lesné, há fileiras inteiras de
bandas idênticas.
Se as suspeitas forem confirmadas, são dezenas a centenas de milhões
de dólares em financiamento público de pesquisa desperdiçados. Somente
em 2021, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA investiram 287
milhões em pesquisas que mencionam a beta-amiloide e o Alzheimer.
Cientistas que propõem hipóteses diferentes para explicar a doença de
Alzheimer reclamam de uma “máfia da amiloide” que dificulta seu acesso a
recursos e forma cartéis no principal processo decisório da publicação
de artigos — a revisão por pares.
Alguns, como John Forsayeth, professor de neurocirurgia da
Universidade da Califórnia, comparam a hipótese da beta-amiloide a
modelos ptolomaicos do sistema solar que punham a Terra no centro.
Quando enfrentavam problemas na ideia de que os planetas giram em
órbitas circulares em torno da Terra, os astrônomos ptolomaicos, em vez
de abandoná-la, propunham que as órbitas não pareciam à primeira vista
com círculos porque eram círculos sobre círculos, ou “epiciclos”. Grande
esforço para não mudar de ideia — como quem adultera fotos de proteínas
para defender uma hipótese favorita sobre a doença de Alzheimer.
Karen Ashe, uma médica neurocientista colaboradora de Lesné e
coautora do estudo de 2006, é reticente a rebater completamente os
problemas achados por Schrag, mas foi a um fórum online onde Schrag
encontrou os primeiros indícios para dar explicações alternativas. Ela
forneceu algumas imagens originais em maior resolução. Mas as imagens só
aumentaram as suspeitas de Schrag, dando mais detalhe das bandas
copiadas.
Outro coator de Lesné é Denis Vivien, biólogo celular da Universidade
de Caen na Normandia, em cinco dos artigos suspeitos. Vivien crê que os
artigos sobreviverão ao escrutínio, mas confessa que já desconfiava do
colega. Quando estavam trabalhando para um artigo que seria publicado na
revista Nature Neuroscience, Vivien achou algumas fotos preparadas por
Lesné suspeitas e pediu a estudantes que refizessem o experimento. Os
estudantes falharam em replicar o resultado. Confrontado, Lesné negou
que havia algo errado. Vivien diz que removeu o artigo da esteira da
publicação “para preservar minha integridade científica” e rompeu
contato com o colaborador.
Apesar de ser relutante em afirmar
certeza de fraude, Matthew Schrag medita: “Você pode trapacear para
publicar um artigo. Pode trapacear para conseguir uma verba. [Mas] não
pode trapacear para curar uma doença. A biologia não se importa”. Ele
acredita que a beta-amiloide ainda pode ter algo a ver com as causas do
Alzheimer. Mas as fundações estão abaladas.
Sobre as reclamações contra a “máfia da amiloide”, o psicólogo
britânico Stuart Ritchie comenta em seu livro de 2020 Science Fictions
(“Ficções Científicas”, em tradução livre) que “as histórias de bullying
e intimidação que acontecem quando os pesquisadores desafiam a hipótese
amiloide sugerem uma área na qual o viés se tornou coletivo, onde novas
ideias não alcançam a vez que merecem, e onde os cientistas
rotineiramente falham em aplicar a norma do ceticismo organizado às suas
próprias teorias favorecidas”.
Especialista em tecnologia, Mário Aguilar, mostra quais pontos devem ser considerados antes de investir nesse universo
O futuro chegou e não é mais apenas um fruto da imaginação dos filmes
antigos. Já faz um bom tempo que estamos convivendo com os ambientes
virtuais que imitam o mundo real. Isso é o metaverso: uma imersão que
mistura realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial
para criar um universo paralelo onde a interação acontece por meio de
avatares.
Um mundo que ganhou vida no universo dos games e vem conquistando
cada vez mais espaço no mundo dos negócios. Para o especialista em
tecnologia e apresentador do canal WorkStars
(https://workstars.com.br/), Mario Aguilar, no Brasil o metaverso ainda
tem muitas empresas e setores para conquistar.
“Podemos afirmar que o metaverso ainda está em seu estágio
embrionário. Poucas e tímidas experiências e ações foram realizadas nos
últimos doze meses pelo mercado corporativo brasileiro. Da mesma forma
que as empresas lá atrás, tiveram que criar sites, e posteriormente se
posicionarem nas redes sociais, chegando a criar e estar dentro de
marketplaces para poderem comercializar seus produtos e serviços,
inevitavelmente já está na hora das empresas pensarem como irão se
posicionar dentro do metaverso”, enfatizou.
O termo vem gerando curiosidade do público consumidor desde que o
Facebook decidiu renomear o nome do grupo em outubro de 2021 para Meta,
no sentido de mostrar que o direcionamento da empresa será em busca de
avanços na área do metaverso a partir de agora. A tendência é que
gradualmente o mundo virtual seja uma extensão do nosso mundo e corpo
físicos.
Isso já acontece nas cidades virtuais onde é possível comprar um
terreno e construir o seu espaço por meio de criptomoedas para usufruir
de uma vida paralela de lazer e consumo, sendo as duas mais famosas: The
Sandbox e a Decentraland. Em 2020, por exemplo, o Fortnite (jogo criado
pela Epic Games) recebeu um aporte no valor de R$ 5,56 bilhões para
desenvolver a criação de seu próprio metaverso. E foi justamente nesse
ambiente que aconteceu um show histórico do artista Travis Scott e onde a
Renner inaugurou uma loja fazendo uma enquete dentro do jogo para a
escolha das estampas de peças comercializadas na loja virtual.
E as ações não pararam por aí. No Carnaval 2021, Engov, Tinder e
Trindent foram patrocinadoras do evento que aconteceu dentro do clássico
jogo GTA. A Nike e a Ralph Lauren criaram um espaço na plataforma
Roblox para interagir com seus clientes. A Nike trazendo os modelos de
tênis físicos para o virtual e a Ralph Lauren criando uma rede social
onde os usuários interagem por meio de avatares.
Então, estar na vanguarda é muito importante para toda empresa. Mas,
vale ressaltar que no caso do metaverso as ações precisam ser muito bem
planejadas e definidas para gerar resultados positivos e coerentes com o
público-alvo. O que acontece atualmente é que existem muitos universos
distintos e descentralizados, ou seja, experiências isoladas que não
proporcionam engajamento, evolução em compras e nem interação com outros
produtos correlacionados. Para Mário Aguilar essa dispersão é um dos
grandes desafios que deve ser levado em consideração na hora de
investir.
“Infelizmente o cenário pode ser um pouco desanimador. Hoje existe um
grande número de metaversos distintos que não conversam entre si. Por
outro lado, ainda é pequeno o número de usuários que frequentam estes
ambientes imersivos. E por fim, o grande obstáculo da barreira
econômica, já que o montante de investimento para que a empresa esteja
bem posicionada dentro do metaverso é alto diante do retorno”, explicou.
A grande sacada para não ficar de fora desse novo cenário, é investir
no metaverso com inteligência, sem alocar grandes verbas e priorizando o
conhecimento para depois gerar ações. Porque, apesar dos pontos
negativos, a perspectiva futura continua sendo muito boa. O esperado é
que o número de usuários dobre a cada seis meses, nos próximos três
anos. Inclusive com iniciativas de grandes marcas como Microsoft, Google
e Apple.
“O primeiro passo para todo empresário é entender sobre o assunto,
aprender como acontecem as relações comerciais dentro desses espaços,
quais moedas são trocadas e qual o melhor ambiente para que sua empresa
esteja presente. Uma marca que costuma investir em patrocínio de
esportes de velocidade pode investir exatamente da mesma maneira dentro
de um jogo de corrida de carros, por exemplo. O mais importante é que o
investimento faça sentido e seja para o público certo”, finalizou.
Sobre o especialista
Com vinte e sete anos dedicados à área de TI – desde hardware,
software, sistemas, ERP (Enterprise Resource Planning), CRM (Customer
Relationship Management), BI (Business Intelligence) e aplicativos
móveis -, Mario recentemente está surfando na 4ª Onda da Tecnologia:
realidade aumentada, realidade virtual, metaverso e inteligência
artificial! Fundador da edtech GLED International Education, plataforma
de aceleração da língua inglesa, atualmente é apresentador do quadro
Tech News, no canal WorkStars, e host do Sport Drops para o streaming
Brisaplay. Além disso, Mario se tornou investidor-anjo de WorkStars em
2022.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
Campanha do presidente Jair Bolsonaro e aliados da base acreditam
que economia vai ajudar o projeto de reeleição, mas especialistas fazem
ressalvas.| Foto: André Coelho/EFE
O comitê de campanha do
presidente Jair Bolsonaro (PL) e a base política estão entusiasmados com
as notícias da economia brasileira nas últimas semanas. Cada vez mais
aliados e integrantes do núcleo político da candidatura incorporam a
melhora de indicadores em discursos e comentários nas redes sociais.
Pouco a pouco, a campanha esboça as estratégias para convencer o
eleitorado de que a reação econômica é fruto de ações do governo. Mas
alguns sinais já estão dados e incorporados no próprio discurso de
Bolsonaro.
“Zeramos impostos federais do gás de cozinha desde o ano passado e do
diesel há quatro meses. E foi colocado um teto do ICMS, que é o imposto
estadual, não apenas para combustível, mas para a energia elétrica,
para as comunicações e para o transporte. Temos certeza que teremos
deflação no corrente mês”, disse o presidente na convenção do PL que
oficializou sua candidatura.
Estados retomam pressão contra teto do ICMS com STF como novo front A
revisão para cima das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB); a desaceleração da inflação após queda de preços de combustíveis
e energia elétrica; e a redução do desemprego aos menores níveis em
sete anos, com geração de empregos formais, são três dos principais
fatos econômicos destacados no governo, no comitê de campanha e na base
política.
A criação de postos de trabalho com carteira assinada, captada pelo
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foi destacada por
Bolsonaro na última quinta-feira (28). O país gerou 278 mil empregos
formais em junho e mais de 1,3 milhão no primeiro semestre.
“Assim como um agricultor não gera os frutos, mas cuida do solo para
que seja fértil e produtivo, um presidente não cria empregos, mas
trabalha para tornar o ambiente fértil e favorável para a iniciativa
privada, que é quem realmente gera. É exatamente isso que estamos
fazendo”, comentou o presidente no Twitter.
Aliados da base também destacam os sinais de recuperação da economia.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), destacou no Twitter o
avanço de alguns indicadores econômicos. “Má notícia para os pessimistas
de plantão! Estamos na contramão do mundo, mas isso é bom! Inflação em
baixa, PIB em alta. Desemprego com a menor taxa dos últimos anos.
Estamos trabalhando com o Brasil real, que vai prosperando, melhorando,
avançando”, comentou.
As comemorações de Bolsonaro e Lira são exemplos de como a
coordenação eleitoral e a base política querem transmitir ao eleitor a
mensagem de que o governo e parlamentares agiram para conter a alta dos
preços, gerar empregos, consumo e crescimento econômico. Economistas e
cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo dizem que a campanha do
presidente tem motivos para comemorar, mas eles têm dúvidas sobre o
alcance, em termos de intenção de voto, da melhora dos indicadores.
Como os estímulos à economia podem ajudar a campanha de Bolsonaro A
reversão do quadro de avanço da inflação e baixo crescimento econômico
tem, entre suas causas, um “pacote de bondades” encampado pelo Congresso
e pelo governo. Nas últimas semanas houve a promulgação da Emenda
Constitucional 123/22 – a PEC dos Benefícios, antes chamada de PEC
Kamikaze pelo ministro da Economia, Paulo Guedes – e a sanção da Lei
Complementar 194/22, que fixou um “teto” de incidência do ICMS sobre
combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo.
Os efeitos das ações do governo e do Congresso trazem boas notícias
no curto prazo, afirma o economista-chefe da Necton Investimentos, André
Perfeito. Em razão dos impactos das medidas, ele revisou a projeção de
aumento do PIB neste ano de 0,5% para 1,5%, e baixou de 9% para 7% a
estimativa para o IPCA, considerado o indicador oficial de inflação.
Setores que respondem de maneira mais contundente ao gasto público,
como o comércio e os serviços, tendem a apresentar melhor dinâmica e
impulsionar o crescimento econômico devido à injeção de recursos em
programas sociais como o Auxílio Brasil e o vale-gás, além da criação de
vouchers para taxistas e caminhoneiros autônomos. Na esteira desse
movimento, outros setores também podem ser beneficiados, como a
indústria.
A desaceleração da inflação e o crescimento da atividade ajudam a
desencadear uma criação líquida de empregos que, em uma perspectiva de
curto prazo, deve ajudar a campanha de Bolsonaro. “Isso vai se traduzir
em melhora do presidente nas pesquisas? A minha opinião é que sim, pode
haver efeitos em um cenário eleitoral”, diz Perfeito.
O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio
Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, prevê deflação em julho e não
descarta uma outra queda de preços em agosto por força da redução
tributária. O cenário construído sugere a ele que, além de desaceleração
da inflação, aumento de empregos e crescimento econômico, Bolsonaro
chegará às eleições com índices de confiança do consumidor e do
empresário em alta.
“É natural que medidas como as tomadas acelerem o crescimento
econômico e tragam um ambiente positivo para a economia no curto prazo.
Bolsonaro vai chegar na eleição com alguns indicadores bons, como é o
caso do emprego, um indicador superimportante, só que todos esses pontos
de melhora partem de um nível ruim”, diz.
Apesar dos esforços do governo e da base para construir um cenário
eleitoral favorável no curto prazo, Luz e Perfeito acreditam que o
governo pode ter dificuldades para transformar em votos os sinais de
melhora da economia. Outros economistas também entendem que a percepção
de crescimento pode ser insuficiente para impulsionar a campanha e
assegurar a reeleição.
Quais indicadores sugerem sinal de alerta à reeleição de Bolsonaro A
despeito de alguns indicadores positivos, os juros compõem um fator que
sugere cautela quanto ao potencial eleitoral da recente reação
econômica. A taxa básica (Selic) deve encerrar o atual ciclo de aperto
monetário em torno de 14%, com média de juros real de 5% em 2022, alerta
o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.
“Com juros altos, você provoca desemprego e derruba salários. Os
juros subiram muito, não derrubaram o emprego, mas derrubaram os
rendimentos”, alerta. Silveira prevê uma queda em 2022 de 4,2% do
rendimento médio real — ou seja, já descontada a inflação. Para
compensar a política monetária restritiva e melhorar o desempenho do
mercado de trabalho e, consequentemente das empresas, o governo e o
Congresso encamparam a PEC dos Benefícios.
Para Silveira, os efeitos da Emenda Constitucional sobre a economia
podem ser suficientes para assegurar uma alta do PIB de 1,5%, devido à
expectativa de alta de 3,7% da massa de rendimentos real (a soma as
remunerações de todos os trabalhos). Porém, ele acredita que esses
fatores serão insuficientes para mostrar uma melhora significativa ao
eleitor no terceiro trimestre e em outubro, período crucial para a
campanha de Bolsonaro considerando o primeiro e segundo turnos.
“Eu acho que os efeitos da PEC Kamikaze vão chegar um pouco tarde”,
diz Silveira. “Não sei se vai dar tempo para gerar uma melhora
substantiva da economia e levar o eleitor indeciso a cravar um voto no
Bolsonaro”, explica.
O sócio-diretor da MacroSector destaca que, além de os resultados
econômicos não serem persistentes, ainda há uma grande fatia de pessoas
desempregadas e desalentadas (as que desistiram de procurar emprego).
Por esses motivos, outros analistas também entendem que a campanha
presidencial pode encontrar dificuldades para convencer o eleitor.
O economista-chefe da Necton Investimentos destaca que, embora tenha
subido nas últimas medições, o rendimento médio real (já descontada a
inflação) ainda está em patamares de 2012, o que sugere a ele uma
dificuldade para a campanha de Bolsonaro reverter uma percepção ruim em
relação à economia por parte da grande massa de eleitores.
“No primeiro momento, a economia até pode ajudar nas pesquisas, mas
desconfio que o efeito pode ser muito modesto e trava na questão da
inflação e renda. O momento é insuficiente para apagar ou alterar a
percepção das pessoas a respeito da piora que já teve. O presidente está
com um grande problema na mão. O que fez até agora gera alívio de curto
prazo, mas não sei se é o suficiente para reverter uma leitura ruim”,
pondera Perfeito.
O economista e cientista político Ricardo Sennes, fundador e
sócio-diretor da consultoria Prospectiva, concorda que os efeitos
econômicos das medidas do governo podem ser insuficientes para sobrepor a
percepção negativa existente até então. “Do ponto de vista eleitoral, é
possível ter um certo efeito, mas é pouco provável que reponha o grosso
das perdas que ainda se mostram para a economia de maneira geral”,
avalia.
“A massa salarial ainda está 10% abaixo do que era no período
pré-pandemia. Essas medidas teriam que compensar de alguma maneira esses
10% da redução e acho que não vão conseguir fazer essa compensação.
Esse pico inflacionário que estamos vivendo, que tende a baixar nos
próximos meses, consume fortemente a capacidade de compra de segmentos
importantes da população”, complementa.
Campanha de Bolsonaro já vê melhora de percepção após pacote O
comitê de campanha e aliados de Bolsonaro estão confiantes de que as as
“bondades” às vésperas do período eleitoral vão se sobrepor a uma
percepção ruim do eleitorado sobre a economia. A campanha desenha
estratégias para comunicar os feitos do governo na propaganda eleitoral,
que começa dia 16. Para interlocutores, é uma questão de tempo que a
candidatura à reeleição consiga votos de eleitores indecisos.
O comitê da campanha também alinhou com a base política estratégias
para defender o legado do governo. A previsão feita no núcleo político é
de que nas próximas semanas as medidas econômicas devem se refletir de
forma mais clara em uma redução na margem para o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorais.
A campanha de Bolsonaro entende que a última pesquisa Datafolha já dá
indícios de uma melhora na percepção do eleitorado em relação à
economia (confira a metodologia). Caiu cinco pontos percentuais o índice
de beneficiários do Auxílio Brasil que dizem não votar no presidente de
jeito nenhum, e a rejeição dele entre as mulheres caiu sete pontos em
relação ao levantamento anterior.
Segundo a pesquisa mais recente, 54% dos brasileiros que recebem o
Auxílio Brasil se recusam a votar no presidente. Entre as mulheres, o
índice é o mesmo. De acordo com o Datafolha, Bolsonaro também subiu três
pontos percentuais entre eleitores que ganham até dois salários
mínimos. Essa é a principal faixa de renda da pesquisa, equivalente a
53% dos entrevistados. Eleitores que ganham até dois salários mínimos
estão entre os potenciais beneficiários do Auxílio Brasil.
O cientista político e sociólogo Paulo Baía, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que há fundamentos
para o otimismo do comitê da candidatura de Bolsonaro. “A população tem
visão curta sobre a economia, ela não vai lembrar da inflação de quatro
meses atrás. Quem lembra disso somos nós especialistas, a classe média
alta e os ricos”, sustenta.
A leitura mais imediatista de grande parte da população é atribuída
por Baía aos menos abastados. “A população mais humilde pensa no agora,
no hoje, esquece com muito mais rapidez. As categorias que usamos em
pesquisas de opinião e mercado, E, D e C, C2 e C1, e B2, ou seja, as
classes médias baixas, os pobres e os miseráveis, esquecem com muita
rapidez a inflação de quatro meses atrás”, destaca. “E por quê? Porque a
população consegue consumir mais, está se sentindo melhor já agora,
mesmo antes do Auxílio Brasil de R$ 600, só com a diminuição do ICMS”,
complementa.
O economista e cientista político Ricardo Sennes concorda que os
efeitos econômicos do pacote de bondades podem surtir impactos
eleitorais por atingir as classes mais baixas da sociedade, que incluem
mulheres e negros, mas mantém seu entendimento acerca do curto alcance
que a dinâmica econômica teria sobre o potencial eleitoral.
“É verdade que os pacotes endereçam muito fortemente uma população
que, do ponto de vista eleitoral, estava mais propensa a [votar em]
Lula. Quando pega o perfil de quem recebe o Auxílio Brasil, é
basicamente classes D e E, tem muita mulher e negros”, avalia o
sócio-diretor da Prospectiva. “Se não repõem as perdas de massa salarial
de assalariados, por outro lado, focam muito no público que é
anti-Bolsonaro, que, hoje, pesa nas pesquisas.”
Quais os alertas dos especialistas sobre a política de curto prazo Auxilie
ou não a campanha de Bolsonaro, o pacote de bondades tem chances
significativas de deixar um legado econômico negativo para quem vencer
as eleições deste ano.
Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio
Grande do Sul (Farsul), os R$ 41,25 bilhões injetados na economia podem
levar a um aumento da inflação.
“Todo crescimento econômico é bom, só que esse atual é o músculo que
cresce com anabolizante, não com exercício. Eu estaria comemorando um
crescimento se tivéssemos feito uma reforma tributária e administrativa
para aumentar a produtividade, tornar o gasto mais eficiente e gerar
mais resultados, não por aumento de gastos”, analisa Antonio da Luz.
O economista da Farsul pondera que o cenário atual é diferente do de
2020, quando o governo injetou recursos para salvar a economia em meio à
pandemia. “A inflação atual é fruto de uma medida correta. A oferta
agregada se retraiu e a demanda agregada aumentou por força dos gasto do
governo, o que, se não fosse feito, levaríamos 20 ou 30 anos para
recuperar o tecido econômico. Mas no momento em que se joga mais R$ 50
bilhões, isso vai contra os esforços desinflacionários”, diz.
A perspectiva de melhora no curto prazo em detrimento de uma
expectativa de piora a médio e longo prazo já está contabilizada nos
cálculos da Necton Investimentos para 2023. A projeção de alta
inflacionária levou a corretora a rever uma alta do IPCA de 3,5% para
5,1%, afirma André Perfeito.
“Os ruídos que deixa para frente são relevantes, tanto que as taxas
de juros não caíram por conta disso, porque se sabe que os efeitos são
transitórios. É tudo muito excepcional e fora da normalidade, e isso
gera uma discussão e preocupação a respeito de 2023 adiante”, diz o
economista.
O economista e cientista político Ricardo Sennes reforça as
preocupações para a economia em 2023, sobretudo pela ótica da perda de
credibilidade do país e seus impactos sobre o chamado custo Brasil.
“Isso significa juros mais altos e câmbio mais baixo, é a medida
clássica do populismo. Uma das principais ferramentas de gestão das
finanças públicas, que é o teto de gastos, está completamente
desacreditado, e não é o primeiro atentado”, diz o sócio-diretor da
Prospectiva.
O cientista político e sociólogo Paulo Baía, da UFRJ, afirma que, do
ponto de vista estrutural de uma teoria de economia política, as medidas
aplicadas são uma “catástrofe”.
“Não corrigem o passado e abrem um abismo para o futuro. O que está
acontecendo não é uma estratégia de política econômica, é uma estratégia
exclusivamente de política eleitoral”, avalia.
O economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector
Consultores, concorda que logo os impactos do pacote de bondades vão se
transformar em desequilíbrio fiscal. “Se não neste ano, no ano que vem”,
diz. Porém, ele prevê um cenário econômico menos adverso.
“Em 2023, se não ocorrer nenhuma outra tragédia internacional, como a
China invadir Taiwan, a economia brasileira pode ter uma inflação mais
baixa. Os combustíveis estão caindo de maneira gradual e consolidada,
mas só no ano que vem que vai se perceber isso, porque aí você vai ter
um efeito menor dos juros, da baixa do preço dos combustíveis, de taxa
de desemprego menor, e dos fundamentos da economia e commodities em
escala global”, avalia.
Metodologia das pesquisas citadas
Sobre o levantamento do Datafolha de julho, o instituto entrevistou
2.556 eleitores entre os dias 27 e 28 de julho em 183 cidades. O
levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e está
registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo
BR-01192/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais
ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Sobre a pesquisa Datafolha divulgada em junho, o instituto
entrevistou 2.556 eleitores entre os dias 22 e 23 de junho em 181
cidades. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e
está registrado no TSE com o protocolo BR-09088/2022. A margem de erro é
de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de
confiança é de 95%.
Lula defende que mudanças no sistema de impostos sejam feitas “ponto a ponto”.| Foto: Ricardo Stuckert/PT
Após
diversas tentativas frustradas de uma reforma tributária ampla nos
últimos governos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diz
que, caso eleito este ano, pensa em trabalhar em uma tramitação
“fatiada” de alterações no modelo de impostos do país. Sem entrar em
detalhes, ele já declarou que quer tornar mais progressivo o sistema de
tributação, de modo a satisfazer tanto empresários quanto consumidores, e
que pode unificar tributos.
“Eu não sei se a gente tem que continuar falando em reforma
tributária [ampla], que é uma coisa muito complexa”, disse, na última
quinta-feira (28), durante evento da Confederação Nacional de
Transportes (CNT). “Quem sabe a gente pega os pontos cruciais e, ponto
por ponto, consiga fazer com que aconteça um modelo de tributação que a
gente possa satisfazer tanto a quem produz quanto a quem consome”,
sugeriu.
Um dia antes, em entrevista ao portal UOL, Lula disse que é possível
adotar um modelo de imposto único sobre consumo, além de taxar lucros e
dividendos. “Política tributária pode ser um IVA [imposto sobre valor
agregado], pode ser alguma coisa em que a gente consiga diminuir a
quantidade de impostos, que a gente diminua a burocratização, mas que a
gente faça com que as pessoas paguem sobre lucros e dividendos”, disse.
Em abril, em encontro com as centrais sindicais, o petista já havia
afirmado que é preciso que as classes mais altas recolham mais tributos
do que os mais pobres. “Vamos ter que fazer uma reforma tributária que
leve em conta que quem ganha mais tem que pagar mais. Uma reforma que
não permita que a pessoa que viva com seu salário de 3, 4 mil reais, ao
comprar um produto, pague o mesmo que paga o presidente de um banco”,
disse.
Estudo recente conduzido por pesquisadores do Centro de Estudos da
Metrópole (CEM), da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da
Samambaia Filantropia, mostrou que apenas 5% de quase 5 mil proposições
legislativas relacionadas à questão tributária visaram tornar o regime
mais progressivo.
Hoje há ao menos três propostas de emenda à Constituição (PEC) em
tramitação no Congresso que versam sobre mudanças estruturais no modelo
de tributação brasileiro – as PECs 45/2019, 110/2019 e 7/2020. Promessa
de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), a reforma do sistema de
impostos acabou não avançando durante o atual governo, principalmente em
razão de uma disputa de interesses de governo federal, estados e
municípios, setores da indústria e até mesmo entre Câmara e Senado.
Caso volte à Presidência, Lula pode aproveitar partes dos textos já
em tramitação. “É um esforço que estamos fazendo. Ter um projeto
completo, abrangente, de reforma tributária, mas construir uma
estratégia de encaminhamento fatiado”, disse o coordenador do plano de
governo do candidato petista, Aloizio Mercadante, à agência de notícias
Reuters.
Para o candidato, uma nova proposta de política tributária tem mais
chances de avançar se partir da discussão com os diversos segmentos
envolvidos. “Não queremos negar ao empresário, ao banqueiro, ao
comerciante, ao fazendeiro, o direito de falar. Mas eles têm que falar
em uma mesa de negociação onde os trabalhadores estejam representados”,
declarou, em abril.
A estratégia é a mesma adotada no segundo governo de Lula, que, no
entanto, não prosperou. O próprio ex-presidente lembrou, durante o
evento da CNT, a experiência. “Em abril de 2007, eu levei ao Congresso
uma proposta de política tributária construída, primeiro, com todos os
presidentes de federações de indústrias deste país; segundo, com todas
as lideranças políticas do Congresso Nacional; e depois, com todos os
partidos políticos, e mais com as centrais sindicais”, relatou. “E mais
ainda, com 27 governadores de estado.”
“Quando eu levei a proposta de reforma tributária para o Congresso
Nacional, eu achei que ia ser votada como aquelas votações de prestação
de contas no sindicato: ‘quem é a favor fica como está, quem é contra,
levanta a mão’. A verdade é que quando se escolheu o relator, que foi o
[então deputado federal] Sandro Mabel [PL-GO, à época no MDB], a reforma
tributária não andou, e até hoje não aconteceu nada.”
Arrecadação sobe mais que o PIB e país tem maior carga tributária em 12 anos Maior carga em 12 anos: quais impostos mais pesam sobre pessoas e empresas no Brasil O que dizem as três PECs sobre reforma tributária em tramitação no Congresso Desde
a promulgação da Constituição de 1988, houve propostas de reforma
tributária em praticamente todos os governos. Segundo a Câmara dos
Deputados, somente três delas chegaram a ser aprovadas em comissão
especial da Casa, mas nenhuma foi à votação em plenário: a PEC 175/1995,
no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB); a PEC 233/2008, no governo
Lula; e a PEC 293/2004, no governo Michel Temer (MDB).
No primeiro ano do mandato de Bolsonaro, foram apresentadas
paralelamente, na Câmara dos Deputados, a PEC 45, de autoria do deputado
Baleia Rossi (MDB-SP), e, no Senado, a PEC 110, que teve à frente o
senador Davi Alcolumbre (União-AP). Dessas, a segunda foi a que mais
avançou, já tendo relatório favorável à admissibilidade, do senador
Roberto Rocha (PSDB-PA), na CCJ do Senado.
Em linhas gerais, a proposta da PEC 110 é unificar tributos sobre
consumo em um modelo de IVA “dual”, com um imposto de competência
federal e um de responsabilidade de estados e municípios. No entanto,
sob pressão de diversos setores da iniciativa privada, a votação do
parecer vem sendo adiada desde o início do ano e não deve mais ocorrer
em 2022.
Nenhuma das duas propostas é totalmente aceita pelo governo, que, no
ano passado, preferiu encaminhar uma reforma “fatiada”, iniciando com
alterações específicas no Imposto de Renda (PL 2.337/2021) e unificação
dos tributos federais PIS e Cofins em um único imposto, a Contribuição
sobre Bens e Serviços (PL 3.887/2020).
Com forte resistência de estados e municípios, o primeiro até chegou a
ser aprovado na Câmara, mas está parado desde setembro de 2021 na
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O segundo até hoje não
teve sequer relatório apresentado.
Em maio, uma terceira PEC, a 7/2020, de autoria do deputado Luiz
Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), que já havia tido parecer
favorável da CCJ da Câmara no fim de 2021, avançou com a instalação de
uma comissão especial específica. O texto, que visa limitar a
arrecadação pública a apenas três tributos – sobre renda, consumo e
propriedade –, no entanto, não deve ir à votação na atual legislatura em
razão do início da campanha eleitoral.
Enquanto isso, o governo tem adotado medidas no sentido de reduzir a
carga de impostos, em alguns casos de forma temporária e em outros,
definitiva. Entre as mais recentes estão o corte linear de 35% no IPI, a
desoneração provisória de tributos federais sobre gasolina e etanol, e o
patrocínio ao projeto que limitou o ICMS cobrado por estados sobre
combustíveis, energia elétrica, transporte público e telecomunicações.
O presidente argentino, Alberto Fernández, e a vice-presidente,
Cristina Kirchner, nas sessões do Congresso da Nação, em Buenos Aires,
em março de 2022| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni
Mais um
desdobramento da crise econômica na Argentina: a dívida do Banco Central
do país subiu US$ 36 bilhões (quase R$ 187 bilhões) na gestão de
Alberto Fernández. O valor representa 80% do crédito do Fundo Monetário
Internacional (FMI) direcionado à Argentina (de quase US$ 45 bilhões ou
R$ 233 bilhões).
Há dois anos com uma política monetária expansiva, ou seja, de
crescimento da oferta do peso argentino, o governo segue aumentando suas
despesas e suas dívidas (os passivos), a ponto de alcançar um
descontrole preocupante e as consequências batem à porta: uma inflação
que passa dos 64% ao ano e a deterioração das reservas do Banco Central.
De acordo com o economista Fernando Marull, em entrevista ao jornal
La Nacion, quando Fernández chegou à Casa Rosada, os estoques de
passivos representavam 5% do PIB e hoje chegam a 11%.
“O que estamos vendo são as consequências de ter emitido 11 pontos do
PIB em dois anos. Isso não é de graça e aqui você vê as consequências
disso”, ressaltou o analista.
O crescimento dessas despesas do Banco Central argentino supera os
indicadores de 2018, quando explodiu a corrida cambial no governo de
Mauricio Macri.
Poucas saídas na política econômica argentina “Diminuir a
inflação implica em reduzir a emissão monetária, que é, atualmente, a
única fonte de financiamento do governo para responder ao
descontentamento social”, disse o economista argentino Juan Luis Bour,
diretor da Fundação de Pesquisas Econômicas Latino-Americanas, sediada
em Buenos Aires.
Ele ainda indicou que a economia argentina tem “uma margem de manobra
reduzida”, já que a emissão monetária (impressão de dinheiro) vai
contra os objetivos fiscais assinados pelo acordo com o FMI. O documento
prevê, por parte da Argentina, uma redução do déficit orçamentário a
0,9% do PIB em 2024, contra os atuais cerca de 4%.
Além disso, uma política externa frágil aumenta a falta de
credibilidade do país, eleva os preços e semeia o pânico nos mercados
financeiros. O “dólar blue”, o que circula no mercado informal, chegou a
350 pesos, mais do que o dobro do seu valor na taxa oficial.
Não há dólares para pagar De acordo com o advogado e professor da
Universidade de Buenos Aires Flavio Gonzalez, o maior problema da
Argentina hoje não é o tamanho da dívida externa em comparação com o
PIB, mas a falta de dólares para pagar essa dívida. “Existem países com
uma dívida proporcionalmente superior, mas aqui não há dólares para
cumprir com essas obrigações”, explicou.
A política de altos gastos do Estado é, segundo Gonzalez, o principal
erro econômico das gestões kirchneristas. “A condição econômica é
estável, o problema é sempre o déficit fiscal”, reforçou.
A escalada do dólar na Argentina está relacionada, principalmente, ao
cenário econômico desfavorável, incertezas após a renúncia de Martín
Guzmán do cargo de ministro da Economia, além das restrições temporárias
ao mercado de câmbio impostas pelo país.
Em momentos de instabilidade econômica, o consumidor e o investidor
costumam buscar moedas mais fortes, como o dólar. Com isso, é maior a
procura da moeda no mercado paralelo.
Quanto mais “dólar blue” está em circulação em um país, mais o
sistema fica fragilizado: mais suscetível a crimes, operações de lavagem
de dinheiro e sonegação fiscal. Além disso, dificulta ainda mais o
controle do que entra e sai do país.
Duas semanas atrás, o Banco Central da Argentina ordenou limites à
obtenção de dólares por cidadãos e a posse de determinadas ações por
empresas que operam no mercado formal de câmbio.
Os argentinos só podem comprar até US$ 200 (cerca de R$ 1.037) por
mês em dinheiro. Já as empresas têm acesso apenas a um volume de divisas
equivalente ao importado no ano passado mais 5%. Caso seja necessário
mais dólares, elas precisarão fazer o levantamento de recursos via
crédito. A intenção das medidas impostas pelo governo é frear a elevada
fuga de dólares e a perda de reservas da Argentina.
Contexto político desfavorável Uma valsa de ministros da Economia
tenta mudar os rumos da crise argentina. Em 27 dias, o país teve três
pessoas representando a pasta.
Martín Guzmán renunciou em 2 de julho, pressionado pela
vice-presidente Cristina Kirchner, que se opunha aos movimentos do
ex-ministro no controle do déficit fiscal. Ele foi o grande responsável
pelo acordo com o FMI.
Dois dias depois, Silvina Batakis assumiu o ministério indicada por
Kirchner, prometendo “buscar o equilíbrio nas contas públicas”, mas as
medidas populistas dela não agradaram e mantiveram a desconfiança no
mercado.
Na semana passada, foi anunciada a posse de Sergio Massa, que estava à
frente da Câmara dos Deputados e é ex-ministro de Cristina.
Gonzalez aponta que, apesar das questões econômicas que assombram
hoje o país, os problemas políticos da Argentina é que fazem com que
“não existam soluções”.
Para Gonzalez, independentemente de quem esteja no ministério ou até
mesmo na presidência, quem comanda o país é Cristina Kirchner. “Não
creio que esse governo possa cumprir com as metas com qualquer ministro
porque não está no DNA kirchnerista combater o déficit fiscal”, alertou
Gonzalez.
Estátua da Justiça diante do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Nesta quarta-feira teremos um julgamento importante no Supremo, e que
tem a ver com eleição. Sabem por quê? Porque existe a Lei da Ficha
Limpa, segundo a qual quem foi condenado em segunda instância não pode
ser candidato. Mas os políticos, no ano passado, mudaram uma segunda
lei, a Lei de Improbidade Administrativa. O que é condenação por
improbidade? É quando o sujeito é um administrador desonesto; mas os
políticos decidiram que aquele que fez sem querer, por ingenuidade, por
ignorância, não pode ser tratado igual ao que fez de forma
mal-intencionada para meter a mão no dinheiro.
Eu não sei; afinal, o sujeito que vira prefeito, governador,
ministro, presidente da República, secretário, tem de conhecer a lei, se
inteirar do serviço público, pois está administrando dinheiro dos
outros. Não é dinheiro anônimo, é dinheiro do suor do pagador de
impostos. Tem de ser tratado de joelhos, como algo sagrado. Agora dizem
“mas é só culposo, não tinha dolo, pobrezinho, vai ter de repor o
dinheiro?” Pois esse político, então, não precisa repor dinheiro público
e nem ficar impedido de se eleger, é isso que o Supremo vai decidir. O
próprio Supremo, aliás, já decidiu fazer isso com Lula, inspirado por
Fachin.
Cinco anos atrás, Lula era condenado; hoje ele é candidato a presidente
O STJ cria insegurança jurídica no caso de José Roberto Arruda E o
Superior Tribunal de Justiça está envolvido em uma outra questão. O
presidente do STJ tinha dado uma liminar ou duas, no começo de julho,
liberando o ex-governador, ex-senador, ex-preso e ex-condenado em duas
instâncias José Roberto Arruda para ser candidato. Ele está com os bens
bloqueados por supostos desvios na reforma do estádio Mané Garrincha
para a Copa do Mundo, esteve envolvido na Operação Caixa de Pandora,
relativa a propinas. Foi preso quando era governador, foi preso de novo
por causa do estádio, já teve de renunciar ao mandato no Senado para não
ser cassado pelo escândalo do painel eletrônico, em 2001.
Mas o presidente do STJ deu a liminar e Arruda quase saiu candidato
ao governo do Distrito Federal, da capital do país. Acabou fazendo um
acordo com o atual governador, Ibaneis Rocha: Arruda apoia a reeleição
dele e o governador, em troca, apoia o nome da mulher de Arruda, a
ex-ministra e deputada Flávia Arruda, para o Senado, enquanto Arruda se
candidataria a deputado federal. Só que agora um outro ministro, dos 33
do STJ, derrubou as liminares, dizendo que as peças de defesa usadas
para conseguir a liminar eram idênticas às que já tinham sido rejeitadas
anteriormente. Então, temos insegurança jurídica aliada à leniência com
fatos envolvendo dinheiro de pagador de impostos. Não se pode ser
leniente com isso; vejam o que a China faz com os que mexem com o
dinheiro dos impostos…
Manifesto dos advogados de direita já tem mais assinaturas que o da Faculdade de Direito da USP
Para terminar, queria falar sobre o manifesto dos advogados de
direita do Brasil, que saiu na quinta-feira, depois do manifesto da
Faculdade de Direito da USP, assinado por banqueiros de São Paulo. Pois
este segundo manifesto já tem mais assinaturas que o primeiro, que omite
as questões de falta de liberdade. Aliás, o nome do texto dos advogados
de direita é “Em defesa do Brasil e das liberdades do povo”; diz que
sem liberdade não há democracia, e sem justiça não há liberdade. É
importante citar, uma vez que outro dia eu falei daquele primeiro
manifesto.
MANIFESTO À NAÇÃO BRASILEIRA
EM DEFESA DO BRASIL E DAS LIBERDADES DO POVO, PELO POVO E PARA POVO.
Nós, o povo brasileiro, na defesa do Brasil e do direito às
Liberdades do Povo, pelo Povo e para o Povo, e em apoio ao Presidente do
Brasil Jair Messias Bolsonaro nos dirigimos à Nação Brasileira, para declarar que sem liberdade não há democracia,
sem justiça não há liberdade, sem honra não há respeito, sem dever não
há ordem e progresso, sem piedade não há amor e humildade, e sem
esperança iremos sucumbir.
Há em nosso País a gravíssima tentativa da consolidação da “ditadura
do pensamento único” que vem impondo a censura e desmonetização dos
meios de comunicação independentes e de perfis de redes sociais de
brasileiros.
Testemunhamos a instauração de inquéritos ilegais e inconstitucionais
com o simples objetivo de criminalizar a opinião contrária, pelo órgão
que deveria zelar pelos direitos fundamentais da população, mas que
seguem abolindo nossas liberdades individuais e garantias fundamentais.
Somos um povo pacífico que ama sua nação, que defende a democracia e
as liberdades. Não podemos renunciar às liberdades que Deus nos deu.
Nosso dever é lutar pelo que já conquistamos, por aquilo que cremos,
por nossa fé, pelo direito de ir e vir, pelo direito de livre expressão.
Qualquer pessoa deve ter o seu direito de se expressar livremente,
sem qualquer tipo de limites. A liberdade de expressão é o que permite o
diálogo entre pontos de vista diferentes, inclusive os antagônicos.
Sem o direito de se expressar, sem essa liberdade, todos os demais
direitos estarão prejudicados. A liberdade de expressão inclui o direito
a fazer críticas, ou seja, de criticar quem quer que seja. Parcela da
população brasileira hoje não pode usufruir desse direito. Está sendo
impedida por pessoas que deveriam garantir.
Não é aceitável que um lado tente imputar a nós, um povo livre e
pacífico, a condição de incentivadores de atos antidemocráticos e de
divulgadores de fake news. A verdade é que uma pequena parcela da população detentora de poder não aceita críticas. Não aceita escutar a opinião do POVO, PODER SUPREMO DE UMA NAÇÃO DEMOCRÁTICA.
Os milhões de cidadãos brasileiros, incluindo o Presidente da
República Federativa do Brasil, o Exmo. Sr. Jair Messias Bolsonaro, em
suas liberdades individuais buscam posicionar-se perante a sociedade
com opiniões acerca de temas importantes para nação, no entanto,
sofrem ataques infundados por pessoas que não respeitam opiniões
diferentes das suas.
Nossas convicções de DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E LIBERDADE em nada
ofendem quem quer que seja e tampouco ameaça a democracia como tanto
repetem.
Precisamos estar unidos para defender as LIBERDADES, porque SEM LIBERDADE NÃO HÁ DEMOCRACIA.
Por fim, concluímos este Manifesto com a seguinte expressão do
pensador político, historiador e escritor francês Alexis de
Tocqueville: “Democracia amplia a esfera da liberdade
individual, o socialismo a restringe. Democracia atribui todo o valor
possível de cada homem; socialismo faz de cada homem um mero agente, um
mero número. Democracia e socialismo não têm nada em comum além de uma
palavra: igualdade. Com uma grande diferença: enquanto a democracia
procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade no
controle e na servidão”.
Deus seja Louvado.
Brasil acima de Tudo.
República Federativa do Brasil, 28 de julho de 2022.
O ex-presidente Lula tem dito e repetido,
durante a sua campanha eleitoral para voltar à presidência, que o
“Movimento dos Sem-Terra”, e tudo aquilo que vem junto com ele, terá um
lugar de “importância” em seu governo. Pode ser mentira, para segurar o
apoio da “esquerda radical” com mais uma promessa que não sabe se vai
cumprir ou não. Mas, de qualquer jeito, é o que ele está dizendo que vai
fazer; seu vice Geraldo Alckmin, aliás, não tira mais da cabeça o boné
do MST. É a mais violenta declaração de hostilidade ao agronegócio que
um candidato poderia fazer em público. O MST, esse mesmo a quem ele
promete dar poderes extraordinários se ganhar a eleição, não prega
apenas a “reforma agrária”, ou “mudanças no modelo”; está exigindo, em
voz alta, a eliminação pura e simples de todo o sistema de produção que
existe hoje na agricultura brasileira.
Em suas reuniões, comícios e atos públicos em geral, os líderes do
MST – gente que, nessas ocasiões, fala em “dialética”, “agregado
econômico” e “modelo político” – diz, exatamente com essas palavras, que
o agronegócio é “o inimigo do povo brasileiro”. Tem de ser “destruído”,
e o seu lugar vai ser ocupado pelos “homens e mulheres” que “produzem
alimentos saudáveis” e que estão no campo para cumprir metas sociais; em
vez de buscarem o “lucro” estarão servindo “à sociedade”, etc. etc.
etc. Não querem mudanças no sistema; querem a destruição do sistema.
Não querem acesso a terras hoje não cultivadas e que poderiam ser
exploradas. Querem tomar dos seus proprietários o patrimônio que eles
construíram com o seu trabalho; querem ficar com o que já está pronto
com o esforço, o talento e o capital alheios.
O MST diz em seus discursos que a soja é uma “inimiga do Brasil”.
Todo o agronegócio, segundo afirmam os seus chefes, é um “modelo de
poder” que tem de ser eliminado da face da Terra. Os agricultores e
pecuaristas, mais os técnicos, os pesquisadores e os trabalhadores
especializados do agro, são delinquentes sociais que precisam ser
reprimidos pelo governo. É essa gente que Lula promete levar para dentro
do Palácio do Planalto. É com eles que quer governar o Brasil. É esse o
futuro que está preparando.
O MST, esse mesmo a quem ele promete dar poderes extraordinários se
ganhar a eleição, não prega apenas a “reforma agrária”, ou “mudanças no
modelo”; está exigindo, em voz alta, a eliminação pura e simples de todo
o sistema de produção que existe hoje na agricultura brasileira
O agronegócio brasileiro é, já há anos, o mais eficiente e
bem-sucedido setor da economia brasileira. É ele que garante a liquidez
internacional do Brasil em divisas, com os recordes seguidos que
consegue nas exportações
e fornece ao país os dólares para pagar as suas importações. É
ele que alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo afora, além da população
brasileira. É ele que transformou o Brasil num dos dois ou três maiores
produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo – ou, como
acontece em muitos casos, no número 1. O agro sustenta e faz prosperar
toda uma cadeia de produção na indústria, no comércio e no universo da
tecnologia. Fornece emprego, renda e impostos. É por isso tudo,
precisamente, que o MST exige a sua destruição: o agro é a prova mais
indiscutível de que o capitalismo deu certo no campo brasileiro, e a
ideia de liberdade econômica no setor agrário é intolerável para a
esquerda nacional. Não pode continuar tendo sucesso, portanto; tem de
ser banida.
A agricultura, a pecuária e o restante da atividade rural não deram
certo no Brasil por causa da “reforma agrária”, nem da distribuição de
terras, nem da “propriedade coletiva” ou de outros embustes defendidos
pelo MST e seus associados na esquerda brasileira. Deram certo por
fazerem exatamente o contrário de tudo o que é pregado pelo “campo
progressista” – e, desta maneira, prejudicarem os interesses materiais e
políticos dos proprietários do “movimento social”. Seus principais
aliados, hoje, são as forças econômicas multinacionais que, em defesa do
seu caixa, declararam guerra ao agronegócio do Brasil – com a desculpa
de estarem defendendo o meio ambiente, o “clima” e a floresta amazônica.
Lula, hoje, é a sua esperança.