Pode ser difícil conciliar essa sensação de caos com dados e
projeções de longo prazo que mostram, segundo muitas métricas, que o
mundo em geral está se tornando um lugar melhor.
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A guerra é hoje uma ocorrência mais rara, segundo alguns índices, do
que foi ao longo dos 50 anos passados – e quando ocorre é
significativamente menos mortífera. Genocídios e atrocidades em massa
também são cada vez menos comuns. A expectativa de vida, o grau de
escolaridade e os padrões de vida se elevaram a picos históricos.
E fome, mortalidade infantil e pobreza extrema também apresentaram
declínio constante nas décadas recentes, o que liberta centenas de
milhões de pessoas dos fatores que, conforme demonstram os números,
estão entre as principais ameaças à humanidade. Então por que razão
sempre parece que, apesar de todos os dados, as coisas só pioram?
Há alguns motivos para essa aparente discrepância, sendo uns mais
alentadores que outros, com exceção de um importante fator: o estado da
democracia, segundo o qual o mundo não está melhorando nem um pouco.
Ganhos sutis
As melhorias mais significativas observadas atualmente no mundo
tendem a ser graduais, transcorrendo ao longo de gerações. Centenas de
milhões de pessoas podem viver vidas mais saudáveis e seguras do que
seus pais. Mas essas mudanças, com frequência sutis, elevam os padrões
de vida em sociedades inteiras num mesmo momento, o que torna mais
difícil que os indivíduos as notem.
Tendemos a julgar nosso desempenho em comparação às pessoas que nos
cercam ou em comparação com nosso passado recente – não em comparação a
marcos abstratos ou gerações anteriores. E muitas das mudanças mais
positivas tratam de prevenção.
Ninguém nota quando guerras não acontecem, parentes não morrem
vítimas de doenças e crianças não morrem na infância. Mas tente visitar
uma sociedade turbulenta – Hong Kong invadida pelo autoritarismo ou, digamos, o Líbano com
a economia em queda livre – e dizer para as pessoas que elas vivem numa
era de bem-estar ascendente e ameaças cada vez menores. Você
provavelmente se deparará com olhares incrédulos.
E graças à internet, com o consumo de notícias extremamente maior do
que jamais foi, mesmo as pessoas longe das crises vivem atualmente em um
mundo digital repleto constantemente de notícias terríveis. Uma
reportagem a respeito de acontecimentos graves, como um massacre ou a
guerra na Ucrânia, torna-se onipresente em nossas vidas.
Calamidades
Se seus feeds de redes sociais e as telas de sua casa exibem uma
torrente constante de calamidades, isso é capaz de alimentar uma
sobrepujante – apesar de certas vezes descabida – sensação de ameaça,
como se o mundo inteiro estivesse afundando.
Quando as pessoas dizem sentir que o mundo está desmoronando, elas
não se referem a métricas de longo prazo, como expectativa de vida. Em
vez disso, elas tendem a sentir que a humanidade está sitiada por
turbulências e emergências num grau em que jamais esteve.
Mas existe um argumento, ainda que capaz de alentar apenas algum
economista, de que as crises na atualidade são tanto mais raras quanto
menos graves do que as crises no passado recente.
Consideremos os meados dos anos 90, época de que os americanos tendem
a recordar como um momento de estabilidade global e otimismo. Se não
vivêssemos hoje um período de turbulência excepcional, aquele mundo não
pareceria certamente melhor em comparação?
Na realidade, o oposto é verdadeiro. Os meados da década de 90 testemunharam genocídios em Ruandae na Bósnia; anos de guerra na Europa em meio à dissolução da Iugoslávia; crises de fome devastadoras no Sudão, na Somália e na Coreia do Norte; guerras civis em mais de uma dúzia de países; repressões e golpes de Estado demais para enumerar.
Tais eventos eram realmente mais comuns nos anos 90 do que hoje.
Décadas anteriores foram, na maioria dos aspectos, ainda piores.
Mas é menos provável você se recordar de cada desastre que ocorreu
décadas atrás tão vividamente quanto se lembrar, digamos, do ataque
terrorista ou da crise política desta semana. E as reduções na
ocorrência dessas crises apenas reduziram os problemas do mundo, não os
erradicaram.
Fome
Ninguém comemora que a mais recente crise de fome foi menos grave do
que as anteriores, especialmente as famílias ameaçadas – e especialmente
sabendo que guerras futuras ou crises relacionadas ao clima sempre
podem provocar as seguintes. Ainda assim, a sensação de que o mundo está
piorando não é universal. Na realidade, ocorre principalmente entre
moradores de países ricos, como os EUA.
Sucessivas pesquisas constataram que a maioria das pessoas em países de renda baixa e média, como Quênia ou Indonésia, tende a expressar otimismo em relação ao futuro, a respeito de si mesmas e suas sociedades.
Otimismo
Esses países abrigam a maior parte da população mundial, sugerindo
que o otimismo é, acredite ou não, a sensação que prevalece no mundo.
Afinal, esses países são os locais onde esses ganhos no longo prazo em
saúde e bem-estar são mais pronunciados.
Muitas dessas regiões também passaram por décadas de conflitos civis e instabilidades durante a Guerra Fria, quando EUA e União Soviética os tratavam como campos de batalha impulsionando déspotas e insurgentes.
Mas essas mesmas pesquisas também tendem a constatar que, em países
ricos, a maioria dos entrevistados expressa pessimismo a respeito do
futuro. Muito disso pode se dever à perspectiva de mobilidade social, em
vez de decorrer das manchetes globais. Moradores de países de baixa
renda tendem a acreditar que seu futuro econômico será melhor, enquanto
nos países ricos as pessoas acham difícil isso ocorrer.
Mas o pessimismo a respeito das próprias circunstâncias pessoais pode
facilmente se tornar pessimismo a respeito do mundo. Pesquisas
realizadas nos EUA constataram que pessoas com pouca esperança de avanço
financeiro também sentem que o país está piorando como um todo e
desaprovam os líderes políticos. A erosão dos empregos seguros para a
classe trabalhadora, enquanto o emprego na manufatura foge para o
exterior e os sindicatos de trabalhadores definham, é atribuída a
irrupção de grande parte da reação populista no Ocidente.
Anos 90
Então não surpreende, segundo essa visão, que os americanos tenham
considerado os anos 90 um período de paz e prosperidade global – mesmo
que aquela década tenha sido de paz e prosperidade principalmente para
os americanos.
Mas futuros econômicos estagnados dificilmente são a única razão para
o pessimismo nos países ricos. Apesar de todas as métricas que mostram a
constante melhoria no mundo, em uma delas o mundo realmente encara uma
erosão dramática e desestabilizadora: na democracia.
Declínio Democrático
Por sete décadas, o número de países considerados democráticos
cresceu. A qualidade média dessas democracias – em termos de eleições
justas, estado de direito e coisas do tipo – também melhorou
constantemente. Mas esse crescimento passou a diminuir cerca de 20 anos
atrás. E há cinco ou seis anos, pesquisadores têm constatado que o
número de democracias no mundo tem encolhido pela primeira vez desde a 2.ª Guerra.
As democracias existentes também têm se tornado menos democráticas,
mais polarizadas e mais propensas a disfunções políticas ou colapso
franco. Considere a ascensão de governos autoritários na Hungria, nas
Filipinas e na Rússia, os ataques ao Judiciário na Polônia, o extremismo
hindu na Índia e os temores de um golpe de Estado ocorrer no Brasil.
Esses podem ser os casos especificamente mais graves, mas são
vanguardas de uma tendência global. Assim como os EUA, onde analistas da
democracia descrevem seus índices em queda constante.
Em razão de países mais ricos serem mais propensos à democracia, eles
também são mais propensos a serem afligidos por essa tendência. Isso
pode justificar o pessimismo nesses países. Também é capaz de ajudar a
explicar por que, para os americanos, pode parecer que o mundo inteiro
está se desintegrando.
Para os americanos, a quem lhes tocou passar a maior parte de suas
vidas em uma sociedade segura e estável, a mudança para uma crise
política aparentemente sem fim é desestabilizadora – capaz de fazer o
mundo parecer um lugar mais obscuro e aterrador, o que pode fazer
eventos distantes geograficamente também parecerem mais assustadores e
desconcertantes.
Padrões
As pessoas buscam naturalmente padrões no mundo. Experimente algo uma
vez, especialmente se a experiência for traumática, e você passará a
encontrar a mesma situação em toda parte.
Para os americanos subitamente sintonizados, digamos, nas ameaças
domésticas de fraude eleitoral ou distúrbio civil, eventos similares que
transcorrem em outros países subitamente lhes parecem muito mais
viscerais.
Tudo isso pode se somar. Algumas crises distantes que os americanos
poderiam ter desprezado, classificando-as como não relacionadas entre si
30 anos atrás, podem hoje parecer conectadas. Podem até parecer provas
do fim do mundo. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Você conhece a história da Kodak? Saiba como ele foi a maior empresa
de fotografia do planeta e chegou à falência em 2012 por falta de
inovação.
Você certamente lembra (ou já ouviu falar) da Kodak, a maior empresa
de fotografia que o planeta já viu. Ela entrou com um pedido de falência
em 2012 e praticamente morreu por falta de inovação. Embora ela esteja
tentando renascer após a parada forçada, a companhia não chega nem perto
do que ela já foi.
No final da década de 70, a Kodak tinha 90% das vendas de filmes e
85% das vendas de câmeras nos Estados Unidos, o principal mercado do
mundo, e uma presença fortíssima ao redor do mundo (inclusive o Brasil).
Tinha 100.000 empregados e um lucro de bilhões.
Atualmente, companhia tem apenas 6.000 colaboradores e foi esvaziada
na sua crise na última década: a empresa vendeu ativos e patentes que
construiu em décadas de sucesso e inovação. Na verdade, mais de 120 anos
de história, já que a companhia foi fundada em 1889 e passou pela
falência em 2012.
Como foi o surgimento da empresa Kodak?
A companhia nasceu na cidade de Rochester, no Estado de Nova York,
nos Estados Unidos. Sua história tem início em 1880, quando George
Eastman – que na época trabalhava na Eastman Dry Plate Company –
desenvolveu um papel que podia ser coberto de emulsão fotográfica.
Essa foi a primeira de uma série de invenções que permitiu a Kodak se
tornar a Kodak. Em 1883, outro especialista em fotografias, William
Walker, entrou para a companhia e, em 1885, inventou algo que poderia
segurar uma série destes papéis. Naquele mesmo ano, Eastman comprou uma
patente de David Houston para um rolo e continuou a desenvolvê-lo.
Dois anos mais tarde, um outro inventor chamado Hannibal Goodwin
criou um filme de nitrocelulose e em 1888, Emile Reynaud colocou algumas
perfurações neste filme de nitrocelulose. Eastman então juntou tudo e
criou o primeiro rolo de filme comercial e a primeira câmera Kodak, que
usava este filme. E assim, a invenção de Eastman criou a fotografia
amadora praticamente sozinha.
Um adendo interessante: Thomas Edison, o inventor da lâmpada, chegou a
melhorar a invenção de Eastman, reduzindo o filme de 40 milímetros para
35 e criando o Kinetoscópio, um aparelho capaz de gravar imagens em
movimento. A invenção de Edison foi tão importante quanto a de Eastman e
criou a indústria do cinema.
O primeiro Kinetoscópio criado em 1891
Como surgiu a marca “Kodak”?
Eastman registrou a marca Kodak em 1888, um ano antes de fundar a
empresa, inicialmente chamada de Eastman Company. Em 1892, vendo o
sucesso de sua própria marca, Eastman mudou o nome da empresa para
Eastman Kodak.
O nome Kodak não significa nada, apenas a letra favorita de Eastman
seguida de uma combinação quase aleatória, mas com uma boa sonoridade e
fácil de lembrar. Ele acreditava que uma marca precisava ser “curta,
vigorosa e incapaz de ser escrita de forma errada a ponto de destruir
sua identidade”. Além disso, para ele uma marca não deveria significar
nada.
Ele não era publicitário, mas acertou em cheio na sua marca e no
primeiro slogan para a Kodak – “You Press the Button, We Do The Rest”,
ou seja, “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”, ainda em 1889.
A primeira câmera da Kodak foi um sucesso e, em pouco tempo, a
companhia estava produzindo uma série de câmeras diferentes: em 1895
veio a Pocket Kodak, de US$ 5, e em 1900 a Brownie, de US$ 1 e feita de
papelão. A Brownie era tão barata que praticamente popularizou a ideia
de foto descartável.
Os grandes feitos e a era de ouro da Kodak
As próximas três décadas foram de muitos lucros para a Kodak, que se
transformou em uma grande corporação neste período. Ganhou milhões de
dólares e continuou investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento. Em
1935, a empresa faria uma de suas maiores invenções: o Kodachrome, o
primeiro filme a cores da companhia produzido em massa.
Infelizmente, George Eastman não sobreviveu para ver isto. Ele se
matou em 1932, tirando sua própria vida com uma arma. Sua jornada
empreendedora havia chegado ao fim, mas a companhia que ele criou havia
se transformado numa gigante, garantindo seu legado.
O Kodachrome foi produzido em todas as versões possíveis: 8, 16, 35,
120, 116 e 828 milímetros e foi vendido até 2009, quando a empresa
abandonou a produção por conta da vitória da câmera digital.
A 2ª Guerra Mundial ajudou a Kodak a se tornar ainda mais inovadora:
ela desenvolveu um filme capaz de detectar quanto de radiação os
cientistas do Projeto Manhattan (que desenvolveu a Bomba Atômica)
estavam recebendo. Efetivamente, isso ajudou o desenvolvimento de
diversas tecnologias de análises clínicas, inclusive o Raio X.
Além disso, a tecnologia de microfilme fez com que os exércitos
reduzissem radicalmente a quantidade de sacos de informação que eram
transmitidos. Espiões se tornaram mais eficientes, passando informações
com mais segurança e sendo pegos com menos frequência.
A Kodak era a 62ª companhia em termos de contratos com o governo
americano durante a segunda guerra mundial e chegou a produzir granadas
para ajudar no esforço de guerra. A relação foi levada para a década de
60, onde a Kodak forneceu os filmes e câmeras que produziram as
primeiras imagens da Terra em satélites americanos e de homens na lua.
O Kodachrome foi o primeiro filme a cores da Kodak
Como a Kodak criou o digital ainda no seu ápice
Nesta época, a Kodak ganhava muito dinheiro também pela impressão de
fotos em cores e tinha receitas de US$ 4 bilhões, algo próximo de US$ 50
bilhões em dólares de hoje. Foi nesta época, no começo da década de 70,
que a Kodak atingiu seu ápice.
A companhia, em 1975, criou o que iria destruí-la algumas décadas
depois: Steve Sasson, um engenheiro da empresa, desenvolveu uma câmera
digital capaz de tirar fotos de até 0.1 megapixel. A companhia ainda
continuou desenvolvendo tecnologias nesta linha: em 1986, uma câmera de 1
megapixel e em 1991 a primeira câmera digital em que o usuário via
exatamente o que seria capturado na hora de tirar fotografia (algo comum
para todas as câmeras atualmente).
Outras invenções famosas da Kodak nesta época foram as telas de OLED,
que foram desenvolvidas em 1979 e produzidas pela primeira vez em 1999,
permitindo aumentar e muito a qualidade das imagens. A companhia vendeu
este segmento para a LG em 2009, quando já estava em crise. Além disso,
a empresa criou o padrão RGGB, usado em todas as câmeras digitais.
Contudo, a companhia não levou as câmeras digitais para o mercado na
hora que foi inventado. Tinha medo que isso acabasse prejudicando as
vendas de filmes e câmeras tradicionais.
Embora fosse uma ideia inovadora e tivesse uma longa lista de
patentes, a empresa nunca quis que isso fosse para o mercado
propriamente dito, e por conta disto, foi ultrapassada principalmente
por gigantes japonesas: Canon, Sony e Fuji.
Quais foram as principais invenções e inovações feitas pela Kodak?
Como pode perceber, a empresa, mesmo não dando o devido valor à
chegada do digital, tem a sua importância dentro do mundo da fotografia.
Por isso, fizemos um compilado das principais inovações feitas pela Kodak. Veja só:
Criação do primeiro filme de rolo e câmera de fotografar de fácil manuseio.
Primeiro modelo de câmera de bolso, chamada de Pocket Kodak.
Desenvolvimento do primeiro filme a cores, cujo nome era Kodachrome.
Produção da primeira câmera fotográfica com controle de exposição
automático e oito velocidades no obturador. O nome: Super Six-20.
Invenção da primeira câmera digital, em 1975, mas que ficou apenas como protótipo.
Criação da primeira câmera DSLR, já com o uso de cartões de memória.
Foi por meio de uma parceria com a Apple que a primeira câmera digital comercializada foi criada: a QuickTake.
Invenção do primeiro sensor de megapixel.
Qual foi o erro da Kodak?
Ela podia ser uma inovadora, mas não se moveu rápido o suficiente
para adentrar no mercado novo de câmeras digitais que estava se formando
no início dos anos 90. Um detalhe é que no começo da década a empresa
pensou em fazer uma transição “lenta” para as câmeras digitais.
Em 1994, produziu a QuickTake junto com a Apple e em 1996 lançou duas
câmeras digitais, DC-20 e DC-25. Contudo, continuou a vender essas
câmeras como “de nicho”, com baixa implementação da estratégia digital.
Afinal, a liderança da companhia não imaginava (ainda) um mundo sem
filmes tradicionais e tinha pouco incentivo para mudar.
Na virada do século, porém, a empresa (com um novo CEO) resolveu
entrar de vez neste mercado e lançou a linha EasyShare – depois de
estudar a fundo o comportamento dos seus clientes e perceber que era
inevitável a mudança.
A companhia chegou a inventar uma linha de produtos auxiliares, como
uma pequena impressora que podia imprimir suas fotos digitais quase
instantaneamente.
A Kodak, porém, não botou muito esforço na sua cadeia de suprimentos,
o que derrubou sua lucratividade. Em 2001, ela era a 2ª colocada no
mercado norte-americano para câmeras digitais, com cerca de 25% do
mercado, mas perdia US$ 60 para cada câmera que ela fazia. Outras
empresas eram mais eficientes e lucravam.
Aquele ano foi especialmente importante: as vendas de filmes caíram
muito no final do ano, conforme os usuários começavam a usar mais e mais
câmeras digitais. Contudo, a empresa acreditou que a queda era um
efeito passageiro por conta do 11 de Setembro e pensou que poderia
“diminuir a agilidade da mudança” através de um marketing agressivo.
Não deu certo, a empresa viu sua fatia do mercado cair para 15% em
2003 e 9,6% em 2007 (colocando-a em 4º lugar). Novas concorrentes
asiáticas estavam chegando para tomar o espaço da Kodak e ela não estava
em uma posição de dominância. Na época, esse tipo de receita já era
importante para a companhia: a Kodak faturava US$ 5,7 bilhões por ano
com câmeras digitais.
Com o surgimento dos smartphones, a Kodak ainda foi uma das primeiras
a morrer. Outras competidoras como a GoPro capturaram os mercados de
nicho e a Sony ainda vendia algumas câmeras digitais.
A crise tomou conta da Kodak, que perdeu relevância e saiu do S&P
500 em dezembro de 2010, sinalizando que já não era uma das principais
empresas norte-americanas. A companhia nesta época gastava mais do que
arrecadava e estava torrando seu caixa rapidamente.
Em junho de 2011 as suas reservas eram de US$ 957 milhões, contra US$ 1,6 bilhão 1 ano antes.
Um pequeno desespero tomou conta da companhia, que tentou ganhar
dinheiro com suas patentes, processando empresas como Apple e
BlackBerry. Não deu muito certo e a empresa vendeu suas patentes para
uma grande lista de empresas que incluem a própria Apple, Google,
Facebook, Microsoft e Amazon, pouco antes de pedir a falência.
A companhia conseguiu um crédito com o Citi para sobreviver ao
processo, totalizando US$ 950 milhões. Poucos anos depois, conseguiu
sair da falência – mas sendo uma fração da antiga companhia fundada por
George Eastman.
No fim, a Kodak foi morta pela inabilidade de transformar o produto que ela mesmo criou em algo relevante para ela mesma.
O que sua empresa pode aprender com a história da Kodak?
Essa história, tão amplamente já estudada e compartilhada, ensina uma coisa muito importante: O FUTURO NÃO É MAIS SINGULAR, ELE É PLURAL.
No passado, todo mundo olhava para o futuro e não enxerga formas
diferentes de fazer as coisas. Mas, com a tecnologia evoluindo cada vez
mais, toda e qualquer hipótese de futuro passou a ser válida.
A Kodak poderia ter “adivinhado” que a câmera digital seria o futuro?
Talvez não. Mas poderia ter ignorado essa possibilidade. Com certeza,
não.
PS1: a Kodak, anos depois, tentou recuperar o tempo perdido. Lançou
suas câmeras digitais e colocou no mercado até mesmo um smartphone. Não
funcionou.
PS2: a Kodak também não quebrou ou desapareceu, como muitos
acreditam. Ela ainda existe, está avaliada em US$ 430 milhões. Mas este
valor é uma fração do que ela já foi ou do que poderia ter sido.
PS3: Steven entrou para o Hall da Fama como um dos maiores inventores
de todos os tempos e, desde então, recebeu várias outras condecorações
ao redor do mundo.
Ao longo da jornada, a empresa passou por momentos de muito brilho.
Começou pequena, mas revolucionária, criando um artigo que mudaria os
rumos de como as pessoas guardavam memórias – o jeito como a gente
consome e entende fotografia hoje se deve muito a Kodak.
Depois, foi crescendo, se adaptando e seguindo em confluência com o
mercado, garantindo uma época de ouro e tanto para a marca. Mas não foi
suficiente: descobrir um jeito digital, que facilitaria a vida das
pessoas e tornaria o método mais acessível e esconder com medo de perder
mercado já indicava que algo daria muito errado, você não acha?
Uma das premissas da transformação digital, inclusive, é pensar em
cooperação porque nem sempre uma empresa tem a resposta, mas juntas
podem criar o melhor cenário para ambas.
Mas para entender ainda melhor o cenário, nada melhor do que entender
o consumidor, não é? Criar uma jornada de compras, entender o que o
agrada e, claro, como ele vai se comportar com as mudanças que estão por
vir. Nesse caso, mudanças que mudariam para sempre o jeito como nos
relacionamos com a fotografia.
Ao ver que a Kodak foi do topo à derrocada, quais insights surgem
para o jeito como sua empresa funciona hoje? Se quiser saber como ela se
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projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas
considerações importantes:
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma
permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão
interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não
estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar
potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos:
computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
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moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
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seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
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ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Educação Por Ana Carolina Curvello – Gazeta do Povo
Escola cívico-militar de Canoas passou a funcionar em junho de 2022| Foto: Alisson Moura / Prefeitura de Canoas
O
Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), considerado uma
das vitrines do governo Bolsonaro na área da educação, tem se expandido
de forma lenta pelo Brasil e ainda sofre resistência por parte de
alguns educadores e juízes. Lançado em setembro de 2019, trata-se de uma
ação do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Defesa,
que visa trazer aspectos da gestão escolar dos colégios militares,
regidos por leis estaduais, e aplicá-los em um programa nacional.
Em um caso recente, em junho deste ano, o juiz José Eduardo Cordeiro
Rocha, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo,
suspendeu a instalação de uma unidade do programa alegando que as
escolas cívico-militares teriam um caráter “nitidamente ideológico”. A
Secretaria de Educação (Seduc-SP) informou que está analisando
tecnicamente a decisão e pode recorrer da liminar, se for o caso. Mesmo
com a suspensão, a secretaria de São Paulo informou que apenas duas
unidades estaduais fazem parte do Pecim, uma em Pirassununga e outra no
Guarujá. Ambas passaram pelo processo de adesão ao programa.
Sobre as escolas cívico-militares no Brasil, o ministro da Educação,
Victor Godoy, informou que 130 colégios já foram implantados em todo o
país e a meta é alcançar 216 escolas ainda neste ano. Ele participava da
inauguração de uma unidade em Picos (PI) no fim de junho. “Nós já temos
mais de 130 escolas implantadas em todo o país, temos uma meta de 216
que era para o ano que vem e a gente vai antecipar para este ano,
implantar estas 216 escolas. É um programa muito bem-sucedido, que tem
inclusive uma fila de espera de mais de 300 municípios para adentrar”,
afirmou o ministro no evento.
Segundo informações do Ministério da Educação, o programa está
presente em 25 estados e no Distrito Federal. Ao todo, 320 municípios
manifestaram interesse em aderir ao programa, mas somente 42 foram
selecionados para participar do Pecim. Até o final do ano passado, foram
5.986 profissionais capacitados por meio da plataforma on-line, 85.292
alunos atendidos e 4.219 professores envolvidos no modelo
cívico-militar.
Questionado sobre a lentidão no processo de instalação das escolas
cívico-militares, o MEC não se posicionou. Mas alguns gestores ouvidos
pela reportagem afirmaram que se trata de um processo burocrático e que
exige a aprovação da comunidade escolar para ser implantado.
Situação em alguns estados que implantaram o programa A Gazeta do
Povo entrou em contato com algumas secretarias de Educação para saber
como está a implantação do programa nas escolas. A adesão dos estados e
municípios ao programa é voluntária e nem todos governos estaduais
aderiram ao programa do governo federal.
Na planilha de implementação das escolas cívico-militares,
disponibilizada pelo MEC, consta que em pelo menos dez estados somente
escolas municipais aderiram ao Pecim. São eles: Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Espírito Santo e Rio de
Janeiro.
Sob a gestão de Rui Costa (PT), a Bahia não aderiu ao programa
federal de implantação de escolas cívico-militares, mas foi o estado que
mais avançou na militarização de escolas em 2019. Segundo a Secretaria
de Educação da Bahia, o estado conta com aproximadamente 100 escolas com
regras militares.
Distrito Federal O modelo das escolas cívico-militares já está
consolidado no Distrito Federal. São 13 unidades de ensino contempladas
na gestão compartilhada entre as secretarias de Educação e de Segurança
Pública, e outras quatro com o Ministério da Educação.
O projeto é destinado a estudantes do 6º ao 9º ano do ensino
fundamental e do ensino médio. Nessas unidades, os profissionais da
educação ficam responsáveis, exclusivamente, pelo trabalho pedagógico e
profissionais da segurança cuidam da disciplina.
Em 13 de junho, a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação
(Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT), requisitou à Secretaria de Educação do Distrito Federal novas
informações sobre as escolas que estão em processo de adesão ao
programa, assim como o cronograma e as etapas do procedimento. A pasta
informou que 12 unidades de ensino fizeram adesão ao programa, mas no
site da SEEDF estão listadas 17. Dessas, segundo a promotoria, dez não
estão no ranking de escolas com maiores indicadores de vulnerabilidade
escolar (IVE) – um dos critérios para a unidade poder funcionar no novo
modelo.
Dias depois, em 25 de junho, uma escola na região administrativa de
Samambaia teve a consulta pública para implementação do modelo
cívico-militar suspensa pela justiça. Segundo informações divulgadas
pelo Metrópoles, a Promotoria de Educação que afirmou a região
administrativa já tem uma escola nesse modelo. Além disso, segundo o
MPDFT, também não foi levado em conta o critério de volume de
ocorrências policiais.
Em nota, a Secretaria de Educação do DF informou que “a audiência
pública referente a implementação do modelo cívico-militar no Centro de
Ensino Fundamental 427 será remarcada. A SEEDF informa ainda que está
dentro do prazo determinado para responder a nova requisição de
informações da Proeduc”.
A recomendação da justiça do DF é para que, enquanto as respostas
sobre a adesão ao programa não forem fornecidas, a votação de novas
escolas permaneça suspensa. Existem outras três escolas em processo de
implantação na mesma região.
Goiás A Secretaria de Educação de Goiás informou que o programa
foi lançado com a previsão de instalação de duas unidades
cívico-militares, e conta atualmente com seis escolas. A sétima unidade
será inaugurada no município de Cidade Ocidental no segundo semestre
deste ano. “A implantação foi feita na região mais vulnerável, que é o
entorno do Distrito Federal”, informou a secretaria.
As escolas já em funcionamento no novo modelo cívico-militar estão
localizadas nos municípios de Águas Lindas de Goiás, Valparaíso,
Luziânia, Planaltina, Padre Bernardo e Santo Antônio do Descoberto.
Paraná No Paraná, a secretaria de educação informou que são 12
colégios cívico-militares do modelo federal e 195 colégios
cívico-militares do modelo estadual. Segundo a secretaria, as escolas
que aderiram ao programa federal estão nos municípios de Colombo (1),
Lapa (1), Cascavel (2), Curitiba (2), Foz do Iguaçu (1), Guarapuava (1),
Londrina (1), Rolândia (1), Apucarana (1) e Ponta Grossa (1).
Rio Grande do Sul No Rio Grande do Sul, o município de Canoas
inaugurou em 27 de junho a sua primeira escola no modelo cívico-militar,
conforme orientações do programa do Ministério da Educação.
Na inauguração, a diretora da escola, Jacqueline Fernandes, destacou a
importância da unidade para a comunidade escolar. “A escola
Cívico-Militar trouxe aos nossos alunos um comprometimento com a
disciplina, ordem e respeito. Observamos, a cada dia que passa, um
entrosamento para atingir as metas propostas pelo projeto. A comunidade
está muito satisfeita com o trabalho desenvolvido com seus filhos. Os
militares estão engajados junto ao Projeto Político-Pedagógico da
escola, e trabalham em parceria com os docentes”, comentou ela em
entrevista ao site da prefeitura.
“Não há influência sobre a grade pedagógica. O que mais se altera são
as questões relacionadas à gestão das relações. Da porta da sala de
aula para dentro, a autonomia é do professor e da equipe diretiva. Eles
[militares] vão intervir mais no processo de regras, disciplina, boas
condutas e valores éticos, civis e morais”, afirmou a secretária de
Educação, Beth Colombo.
Minas Gerais Em Minas Gerais, a Secretaria de Educação informou
que “oito escolas da rede estadual de ensino integram o Programa
Nacional das Escolas Cívico Militares (Pecim) e, atualmente, uma unidade
segue em processo de indicação para a adesão”.
Conforme informações da pasta, Minas Gerais aderiu ao programa em
2020 e optou pelo Modelo I de Disponibilização de Pessoal, onde o
Ministério da Educação se compromete a enviar o efetivo militar e, em
contrapartida, o estado deve investir nos seguintes itens: reforma e
investimento na infraestrutura escolar, quadro de pessoal, aquisição de
itens de identificação da unidade e licitação dos uniformes.
Amazonas O Amazonas também participa do Programa das Escolas
Cívico-Militares desde 2020, conta com três unidades, e está em processo
de implementação de mais três escolas neste ano. Atualmente, as
unidades de ensino passam por capacitações, planejamento e treinamentos
exigidos para a implantação do programa.
Das seis escolas, cinco são em Manaus e uma em Tabatinga. Na capital,
são: Escola Estadual Professor Nelson Alves (2020), Escola Estadual
Professora Tereza Siqueira Tupinambá (2020), Escola Estadual Professor
Reinaldo Thompson (2020), Escola Estadual Fueth Paulo Mourão (2022),
Escola Estadual Homero de Miranda Leão (2022). Em Tabatinga, a Escola
Estadual Conceição Xavier Alencar (2022).
Tocantins A rede estadual de ensino do Tocantins conta com nove
unidades escolares que integram o Programa Nacional das Escolas
Cívico-Militares (Pecim), segundo informações da Secretaria de Educação.
“O Pecim é um programa de grande relevância que oportuniza a
diversidade do ensino na rede, novos investimentos na estrutura das
unidades de ensino e que atende o interesse da população e dos
estudantes tocantinenses.”, ressaltou a secretaria.
O programa O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares
(Pecim) é desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), com apoio do
Ministério da Defesa e das Forças Armadas.
Os militares atuam no apoio à gestão escolar e à gestão educacional,
enquanto professores e demais profissionais da educação seguem
responsáveis pelo trabalho didático-pedagógico. O modelo tem o objetivo
de melhorar o processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas,
considerando situação de vulnerabilidade social e baixo desempenho do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Nas unidades de ensino dos estados e municípios que têm interesse em
aderir ao programa, os gestores realizam uma consulta pública e a
comunidade escolar decide se aceita ou não a mudança. Cabe à secretaria
responsável informar ao órgão federal qual foi a resposta da população.
Caso haja interesse do MEC, a unidade passa pelo processo de preparação e
capacitação, e depois implementa o programa no ano letivo seguinte.
As instituições contempladas precisam seguir os seguintes critérios,
conforme a Portaria 1.072/20: 1) estar em uma região de vulnerabilidade
social e com baixo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb); 2) estar localizada na capital do estado, municípios da
região metropolitana ou em cidades de maior densidade populacional (de
acordo com o último Censo do IBGE); 3) oferecer as etapas Ensino
Fundamental II e/ou Médio e, preferencialmente, atender de 500 a 1000
alunos nos dois turnos (manhã e tarde); 4) possuir a aprovação da
comunidade escolar para a implantação do modelo, por meio de consulta
pública presencial ou eletrônica.
Publicada em 2019, reportagem da Gazeta do Povo explicou que as
escolas cívico-militares se diferenciam das escolas militares porque
continuam a empregar os professores da rede pública de ensino e, nessa
configuração, elas também têm sido referência de qualidade de ensino. O
estudo mostrou que se as notas fossem analisadas separadamente os alunos
de escolas federais e militares teriam garantido ao Brasil o melhor
resultado entre os países da América do Sul que participaram do Pisa
2018.
Mas, para a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas
Educacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-diretora de educação
do Banco Mundial Claudia Costin, o modelo cívico-militar não deveria ser
o caminho para garantir uma educação de qualidade. “Temos que melhorar a
qualidade da educação. Gastar mais dinheiro com policiais e bombeiros
não vai ajudar em nada. No curto prazo, pode até aumentar o Ideb, mas,
no longo prazo, vamos estar robotizando as crianças e não é disso que a
gente precisa. Precisamos melhorar a qualidade, formando professores,
valorizando profissionalmente e avaliando continuamente a qualidade da
educação onde estamos acertando e errando”, argumentou.
A opinião não é consenso entre os especialistas. Em entrevista à
Gazeta do Povo, Pedro Caldeira, professor na Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, pesquisador na área de educação e diretor do núcleo
de educação do grupo Docentes Pela Liberdade (DPL), afirmou que o
formato das escolas cívico-militares é positivo especialmente pelo foco
dado ao respeito aos professores, às regras da escola, aos símbolos
nacionais e pela centralização nas aprendizagens dos conteúdos. Para
Caldeira, o modelo tende a contribuir para superar problemas típicos em
muitas redes de ensino, como comportamentos inadequados de parte dos
alunos nos contextos escolares, desinteresse de parte dos estudantes e
suas famílias pelas aprendizagens e, em casos extremos, a presença e o
consumo de drogas dentro ou no entorno das escolas.
Ele ponderou, porém, que esse não é o único modelo alternativo ao
formato das atuais escolas das redes públicas. “Mesmo o engessamento
legal e normativo a que as escolas brasileiras estão sujeitas permite
que outros modelos possam ser pensados, concebidos e implantados. As
próprias escolas cívico-militares são o melhor exemplo, mas poderiam ser
pensados outros modelos”, diz o pesquisador.
Por ampla maioria, Câmara aprova PEC dos Benefícios, que cria R$
41,2 bi em despesas excepcionais até dezembro.| Foto: Paulo
Sergio/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados aprovou nesta
terça-feira (12) em primeiro turno o texto-base da chamada PEC dos
Benefícios. A proposta de emenda à Constituição cria R$ 41,25 bilhões em
despesas excepcionais destinadas ao pagamento – às vésperas da eleição –
de uma série de benefícios sociais e econômicos, com duração até 31 de
dezembro. A medida recebeu 393 votos favoráveis e apenas 14 contrários,
maioria muito superior ao mínimo necessário de 308 apoiadores.
Os principais pontos da PEC dos Benefícios são fim da fila de espera e
aumento no valor do Auxílio Brasil, alta de 100% no vale-gás, concessão
de voucher de R$ 1 mil mensais aos caminhoneiros e criação de uma
espécie de bolsa-combustível para taxistas.
Os deputados ainda precisam aprovar o texto em um segundo turno de
votação, o que deve acontecer nesta quarta-feira (13). O presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu suspender a sessão antes da
apreciação de destaques, que são sugestões de alteração votadas em
separado, por causa de problemas técnicos que estavam dificultando a
votação de deputados pelo sistema remoto.
A PEC já passou pelo Senado e, uma vez que os pontos aprovados ali
não sofreram alteração de mérito na Câmara, poderá seguir diretamente
para promulgação após aprovação em segundo turno.
O que o pacote de benefícios do governo Bolsonaro pode fazer pelo PIB e pela inflação Para
evitar violações à Lei de Eleições, que proíbe a criação de benefícios
sociais em ano de pleito, a PEC reconhece estado de emergência no país,
mas o dispositivo está na mira da oposição, que tentará derrubá-lo
apesar de ter se posicionado favoravelmente ao mérito da proposta.
As críticas à medida se concentraram em suposto caráter eleitoreiro
da PEC. Mais cedo nesta terça, na mesma Câmara, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, negou e classificou a proposta como “um exercício de
responsabilidade fiscal”. “Eu acredito que temos um presidente popular,
não acredito que temos um presidente populista. O presidente tem dado
apoio exatamente às medidas que são fisicamente consequentes e
responsáveis”, disse Guedes.
O custo total das medidas está estimado em R$ 41,25 bilhões. Os
benefícios, entretanto, não vão provocar furo no teto de gastos. Serão
bancados por receitas extraordinárias, como a capitalização da
Eletrobras, dividendos acumulados da Petrobras (que são a parcela de
lucro paga à União) e outros recursos além da previsão orçamentária.
Quais são os benefícios da PEC aprovada A PEC promove alta no
valor pago aos beneficiários do Auxílio Brasil, com acréscimo de R$ 200
mensais. O aumento aprovado terá custo total de R$ 26 bilhões, elevando o
valor de R$ 400 para R$ 600 até o mês de dezembro. A proposta também
prevê o cadastramento de 1,6 milhão de novas famílias, zerando a fila de
espera dos cidadãos elegíveis ao programa.
O auxílio-gás, pago bimestralmente, vai dobrar de valor no período. O
benefício repassa 50% do preço médio do botijão de 13 kg a famílias
inscritas do CadÚnico (o Cadastro único para Programas Sociais do
governo federal). A estimativa é de custo de R$ 1,05 bilhão até o final
do ano.
Há ainda previsão de direcionamento de R$ 5,4 bilhões aos
caminhoneiros por meio de vouchers de R$ 1 mil mensais. Terão direito ao
benefício os profissionais cadastrados no Registro Nacional de
Transportes Rodoviários de Cargas (RNTRC). Para o recebimento não será
preciso comprovar a compra de diesel no período de recebimento.
Já o auxílio a ser pago a taxistas deve ser de R$ 200 mensais para
cobrir custos com combustível. O benefício deve totalizar R$ 2 bilhões e
será destinados a trabalhadores cadastrados.
Também compõem o pacote um reforço orçamentário de R$ 500 milhões
para o programa Alimenta Brasil (que promove compra de alimentos de
pequenos produtores e sua destinação para famílias em situação de
insegurança alimentar), compensação total de R$ 2,5 bilhões para estados
e municípios que ofereçam gratuidade a idosos no transporte coletivo e
subsídio de R$ 3,8 bilhões ao etanol, a ser pago como crédito tributário
para a manutenção da competitividade do álcool frente à gasolina.
Tramitação abreviada por sessão relâmpago e outras medidas
O texto discutido e aprovado pelos deputados é um substitutivo. Nele,
o relator Danilo Forte (União –CE) consolidou em projeto único a PEC
dos Benefícios e a PEC 15/2022, que cria incentivos fiscais para os
biocombustíveis, minimizando o impacto de lei complementar que reduziu a
competitividade das alternativas limpas em face dos combustíveis
fósseis.
Como a segunda proposta tinha estágio de tramitação mais avançado, o
ajuste permitiu acelerar a discussão da primeira, atendendo interesse do
governo Jair Bolsonaro.
Outros procedimentos que abreviaram o tempo de tramitação foram a
realização de uma sessão plenária relâmpago no início da manhã da última
quinta-feira (que durou um minuto e contou como prazo regimental para o
andamento do texto) e a aprovação de um requerimento que dispensou a
matéria do cumprimento de intervalo obrigatório (o interstício) entre a
aprovação em Comissão Especial a entrada na pauta de votações.
Fora do Congresso, a proposta é alvo de investigação do Tribunal de
Contas da União (TCU). A apuração foi aberta a partir de pedido feito
pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, que aponta
inconstitucionalidade da proposta e incompatibilidade com o teto de
gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro André Mendonça rejeitou dois pedidos pela suspensão da tramitação da proposta.
A inflação continua desafiando qualquer tendência neste ano de 2022.
Após dois meses de forte desaceleração, quando caiu de 1,62% em março
para 1,06% em abril e 0,47% em maio, o IPCA de junho voltou a subir,
registrando 0,67%. Ainda que tenha vindo levemente abaixo do esperado
pelo mercado financeiro, o índice foi suficiente para fazer o acumulado
de 12 meses subir ligeiramente, de 11,73% em maio para 11,89%.
Todos os nove grandes grupos de preços pesquisados tiveram alta no
mês passado, e o setor de serviços, o último a se recuperar do baque
causado pelas restrições econômicas para conter a pandemia de Covid-19,
tem a inflação acumulada mais alta dos últimos sete anos. No entanto,
mesmo com o repique da inflação há alguns números que merecem destaque
positivo. Ao contrário do que vinha ocorrendo até pouco tempo atrás,
combustíveis e energia elétrica não foram os carros-chefe da inflação de
junho – pelo contrário, com queda de 0,72% na gasolina, 6,41% no etanol
e 1,07% na energia elétrica; a única exceção foi o óleo diesel, que
aumentou 3,82%. Desta vez, o maior efeito individual no IPCA veio dos
planos de saúde, que sozinhos responderam por 0,1 ponto porcentual da
inflação de junho. Como se trata de um caso em que o reajuste é
autorizado por uma agência reguladora, a ANS, este é o tipo de aumento
que não deve ocorrer novamente no futuro próximo. Além disso, também
houve uma queda no índice de difusão: a porcentagem dos 377 de produtos e
serviços pesquisados pelo IBGE que tiveram alta baixou de 72% em maio
para 67% em junho.
As pressões que podem puxar a inflação para baixo são contrabalançadas pelo temor de mais desequilíbrio fiscal
Uma série de circunstâncias está levando economistas e instituições
do mercado financeiro a projetar uma nova desaceleração da inflação
neste segundo semestre, com chance até mesmo de deflação em julho. A
redução forçada das alíquotas de ICMS sobre energia elétrica,
combustíveis e telecomunicações, aprovada pelo Congresso em meados de
junho, ainda não teve seu efeito totalmente refletido nos índices de
inflação. Além disso, uma redução recente nas cotações internacionais de
petróleo eliminou a defasagem que se verificava nos preços praticados
internamente pela Petrobras, eliminando a necessidade de novos reajustes
no curtíssimo prazo, embora seja impossível prever o comportamento do
preço do barril nas próximas semanas.
Essas pressões que podem puxar a inflação para baixo, no entanto, são
contrabalançadas pelo temor de mais desequilíbrio fiscal, especialmente
com a aprovação da PEC dos Benefícios, que aumenta despesas
governamentais fora do teto de gastos. Enquanto a proposta ainda
amadurecia no Senado, o dólar já superava os R$ 5, depois de ter passado
quase um mês abaixo deste valor; com a perspectiva de a PEC passar
também na Câmara, a moeda norte-americana já oscila na casa dos R$ 5,40.
Além disso, a curva de juros futuros está em alta, significando que os
investidores exigem um prêmio maior para seguir emprestando dinheiro ao
Brasil, em sinal de maior desconfiança na capacidade do país de manter
suas contas em ordem – um movimento que se repete sempre que a classe
política abandona a disciplina fiscal.
A este cabo de guerra de desfecho imprevisível ainda se somam as
incertezas quanto à economia mundial e à possibilidade de recessão em
países desenvolvidos, o prolongamento da guerra na Ucrânia e a
insistência chinesa em lockdowns de combate à Covid que interrompem
cadeias produtivas globais. As projeções para o IPCA cheio de 2022 estão
caindo – nas duas últimas edições do boletim Focus a previsão ficou
abaixo de 8% –, mas é possível que a persistência da pressão
inflacionária leve o Copom a intensificar ou prologar o aperto monetário
atual, com consequências sérias sobre o crescimento e a geração de
empregos.
Votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) chegou a
emperrar no Congresso por causa da obrigatoriedade da execução das
emendas de relator: após pressão política, impositividade foi retirada
da redação final| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A impositividade da execução das emendas de relator foi retirada
do texto-base do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de
2023 sob o argumento de que a legislação ainda carece de uma
regulamentação específica, mas esse é apenas um pretexto para a forte
oposição política que sofreu a pauta nos bastidores.
A exclusão da obrigatoriedade de execução das tecnicamente chamadas
emendas do identificador de resultado primário nº 9, as RP9, surgiu de
uma pressão política encampada por PSDB, Podemos, Novo e PT contra uma
articulação patrocinada pelo Centrão, especialmente pelo presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O grupo político que apoia o governo federal e a reeleição do
presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiou a impositividade das emendas de
relator ainda em junho, bem como sua inclusão no parecer do relator da
LDO, o senador Marcos do Val (Podemos-ES). Lira defendeu nos bastidores
que as emendas seriam uma forma de “aperfeiçoamento” do Orçamento. Já
interlocutores dizem que seria uma forma de engessar a execução
orçamentária em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) nas eleições.
A hipótese de execução obrigatória das RP9 provocaria, na prática,
maior concentração de poder nas mãos do Congresso. Hoje, Lira dá as
cartas e articula a liberação das emendas em acordo com o relator do
Orçamento e com o ministro-chefe da Casa Civil. Em um cenário de
impositividade, quer Bolsonaro seja reeleito ou Lula vença as eleições, o
Parlamento concentraria ainda mais poderes. Por meio de emendas, o
Congresso já tem, hoje, o controle de cerca de 24% de todo o valor para
gastos não obrigatórios e investimentos
Em virtude da possibilidade de hipertrofia de poderes do Congresso e
de Lula ganhar as eleições e ter sua gestão diretamente impactada, o PT
foi um dos que mais batalhou para evitar a execução obrigatória das
emendas de relator. “A oposição inteira se colocou a favor da derrubada
da impositividade”, afirma reservadamente um senador.
O movimento dos opositores ao governo foi acompanhado pelo PSDB,
Podemos e Novo, que deram sinais de que apresentariam um destaque para
suprimir a redação na LDO caso o próprio relator não excluísse do texto
final. O líder tucano no Senado, Izalci Lucas (DF), disse ao site O
Antagonista que a vontade do Centrão era “manter a impositividade”. Com
receio de uma derrota na votação do destaque que pediria a retirada da
obrigatoriedade, o grupo político recuou e chegou a um acordo pela
exclusão do trecho após reunião de líderes nesta manhã.
“Sincericídio” do relator e pressão de Pacheco derrubam impositividade Além
da pressão dos partidos políticos, senadores e deputados entendem que o
próprio relator da LDO, senador Marcos do Val, elevou a pressão
política contra a inclusão da execução obrigatória das emendas de
relator no texto final ao afirmar em entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo que recebeu R$ 50 milhões em emendas do chamado orçamento secreto
por ter apoiado a campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência do
Senado, em fevereiro de 2021.
Segundo o senador, o próprio Pacheco teria dito a ele que líderes
partidários, de bancada e outros senadores que apoiassem sua eleição
receberiam os recursos das emendas de relator para a destinação às suas
bases políticas. Aliado de Bolsonaro, Marcos do Val afirma que sua
“parte” seria de “R$ 10, R$ 15, R$ 20 [milhões]” com “base [no apoio]” à
eleição do senador.
A negociação se deu nos bastidores entre Pacheco e o então presidente
do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que teve o apoio do
governo federal e do então ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz
Eduardo Ramos, para negociar a destinação de verbas das emendas de
relator entre os senadores. Até mesmo senadores da oposição chegaram a
acordos como os relatados por Marcos do Val.
A admissão do relator com detalhes da negociação sobre as RP9 irritou
Pacheco, que, segundo afirmam reservadamente senadores, se irritou com a
repercussão negativa e também atuou junto a líderes partidários para
excluir a impositividade das emendas de relator da redação final votada
na sessão do Congresso desta terça.
Pacheco divergiu de Lira e se posicionou contrário nos bastidores
sobre a obrigatoriedade dos repasses das RP9 ainda em junho, quando o
assunto começou a tomar corpo nos bastidores. Para o presidente do
Senado, o Congresso deveria se debruçar primeiro sobre medidas que
garantam a transparência dos recursos.
Outros senadores mais críticos a Pacheco entendem, porém, que o
presidente da Casa foi, no mínimo, conivente com a discussão da
impositividade das emendas de relator e pouco atuou para barrá-las na
LDO. Nos corredores do Senado, parlamentares acreditam que o
“sincericídio” de Marcos do Val teve um peso mais determinante do que os
movimentos mais recentes de Pacheco e seu entorno político.
A entrevista concedida pelo relator da LDO deu embasamento à
notícia-crime protocolada pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) no
Supremo Tribunal Federal (STF) contra Pacheco e Alcolumbre por suposta
corrupção ativa, e Marcos do Val por suspeita de corrupção passiva. O
parlamentar, apontado como um dos mais atuantes nos bastidores para
evitar a impositividade das RP9, também protocolou uma representação
contra os três senadores no Conselho de Ética.
O senador Lasier Martins (Podemos-RS), líder do bloco parlamentar
Juntos pelo Brasil, que congrega o Podemos e o PSDB, entende que a
entrevista de Marcos do Val foi determinante para a pressão política que
provocou a retirada do trecho sobre a impositividade.
“Isso despertou todo mundo e causou a revolta a um número grande de
parlamentares, principalmente senadores do Podemos, que fizeram questão
de, imediatamente, desmentir que todos nós havíamos recebido recursos, o
que não é verdade. Fez com que o Marcos, tentando se corrigir, tivesse a
iniciativa de retirar”, analisa.
Podemos alerta para impositividade velada às emendas de relator na LDO Lasier
Martins alerta, contudo, que a exclusão da obrigatoriedade de execução
das emendas de relator se dá apenas de maneira velada na redação da LDO
aprovada pelo Congresso. À exceção de Marcos do Val, a bancada do
Podemos pondera que a proposta mantém imposições indiretas para o
pagamento das RP9.
Na prática, o relator da LDO excluiu o artigo 81-A, que previa a
“obrigatoriedade de execução das programações incluídas ou acrescidas”
às RP9. Porém, foi mantido o artigo 13, que obriga o governo federal a
fazer uma reserva de recursos dentro do Orçamento para o custeio das
emendas de relator, que podem chegar a R$ 19 bilhões em 2023.
“Eu entendo que, quando se obriga o governo por lei a colocar algo no
orçamento, está obrigando a pagar aquilo”, critica o senador Oriovisto
Guimarães (Podemos-PR), vice-líder do partido. Em 2021, ele foi o
relator de receitas do projeto Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022.
“Me questiono se a impositividade, de fato, foi tirada, uma vez que
deverá estar na PLOA de 2023 e na Lei Orçamentária Anual uma previsão de
R$ 19 bilhões para poder pagar essas emendas de relator”, complementa.
Governo e Congresso querem mudar a Lei das Estatais, criada após a
Lava Jato para evitar interferências político-partidárias nessas
empresas. Você é a favor ou contra a mudança na lei? A favor Contra Outro
dispositivo criticado por Guimarães é o artigo 71, que dispensa a
licença ambiental para projetos financiados com as RP 9. “O artigo diz
que a ausência da licença ambiental não impede que o dinheiro seja
destinado à construção de uma ponte, por exemplo. É um desrespeito que
atropela a legislação ambiental, é seríssimo”, critica.
O senador pondera que deveriam haver regras claras para a
distribuição das RP9. Mesmo regulamentadas no ano passado, elas ainda
carecem de transparência. “É um desrespeito à sociedade, como que
distribui dinheiro sem critério claro? Todo e qualquer dinheiro público
você distribui com critério. Tudo isso é muito bem regulado, o orçamento
secreto não”, destaca.
O senador Lasier Martins tem entendimento alinhado a respeito das
emendas de relator. “Nós, do Podemos, somos contra o orçamento
escandaloso, o orçamento secreto. Nós nos damos por muito satisfeitos
com as emendas individual e de bancada, e entendemos que a RP9 é uma
emenda para comprar votos. É imoral, é discriminatória, é seletiva, só
alguns ganham e levam verbas para paróquias regionais e deixam faltando
recursos para obras de infraestrutura no país”, argumenta.
VEJA TAMBÉM: PEC dos Benefícios é aprovada na Câmara dos Deputados em primeiro turno Preço médio da energia vai cair quase 20%, diz governo. Veja a redução estimada para cada estado Mais rentável do mundo? Compare o lucro da Petrobras com o de outras petroleiras Como fica a relação entre Congresso e Planalto sem a impositividade das RP9 Mesmo
“derrotado” sem a impositividade das emendas de relator, Arthur Lira e o
Centrão não saem politicamente enfraquecidos. Afinal, o presidente da
Câmara e seu entorno político ainda poderão barganhar o apoio a pautas
do governo federal ao empenho de até R$ 19 bilhões em emendas de relator
em 2023 com Bolsonaro, caso seja reeleito, ou Lula.
Inclusive, deputados do Centrão e da base mais “raiz” de Boslonaro
admitem que Lira tem a intenção de negociar a liberação de emendas de
relator após as eleições deste ano, quando a legislação eleitoral voltar
a permitir o repasse de transferências de recursos para estados e
municípios. Aliados admitem à Gazeta do Povo que seria uma forma de
assegurar sua reeleição à presidência da Câmara em 2023.
O senador Oriovisto Guimarães prevê dois grandes efeitos com a
não-impositividade das emendas de relator. “Um deles é a continuação
descarada do ‘toma lá da cá'”, desabafa. O outro impacto é a hipertrofia
dos poderes de Lira e Pacheco para negociar a liberação de recursos. O
vice-líder do Podemos destaca que a LDO foi aprovada com a redação do
artigo 77-A, que divide a assinatura das RP9 entre o relator do
Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB), e o presidente da
Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado federal Celso Sabino (União
Brasil-PA).
“Antes, ficava tudo na mão do relator. Agora, vai ficar nas mãos do
relator e também do presidente da CMO, um deputado que foi colocado pelo
Arthur Lira. A liberação dos recursos vai precisar da assinatura dos
dois. Qual é a leitura que se faz? Que parte do controle disso vai estar
na mão do Arthur Lira e parte disso vai estar nas mãos do Rodrigo
Pacheco, um do Senado e um da Câmara”, diz Guimarães.
Dentro desse contexto, o senador do Podemos prevê que tanto Pacheco
quanto Lira poderão tirar proveito político para suas candidaturas à
reeleição em 2023. “Ganhe quem ganhar, vamos ter nova eleição para
presidente do Senado e da Câmara. Perceba como os dois estão com poder
para definir verbas e como isso pode ajudar o Lira, por exemplo, que vai
querer a reeleição”, analisa o senador paranaense.
O que o relator da LDO diz sobre as críticas às emendas de relator O
relator da LDO, senador Marcos do Val, rebateu as críticas da bancada
do Podemos aos trechos questionados aprovados na redação final. Sobre o
artigo 13, ele disse na sessão de segunda-feira (11) que o dispositivo
não tem “nada a ver com a impositividade”, mas, sim, com a execução.
O senador também disse que o artigo 77-A foi feito exatamente para
assegurar a “desconcentração do poder” do relator do Orçamento. “O
relator não é mais o único a indicar, e isso aumentou ainda mais. Isso
passou a ser mais um instrumento de controle dentre vários outros que
nós colocamos no relatório como medidas de transparência”, diz.
O presidente da Comissão de Mista de Orçamento, deputado Celso
Sabino, parabenizou a redação do artigo 77-A, inclusive o parágrafo 5º.
“Define que, obrigatoriamente, na transparência prevista na LDO,
contemplará o nome do parlamentar que indicou, ainda que a indicação
seja feita por um ente público ou por alguma organização da sociedade
civil”, declarou.
Outro parlamentar que elogiou o artigo 77-A foi o deputado federal
Hildo Rocha (MDB-MA), primeiro-vice-líder do MDB. Ele também concorda
que o parágrafo 5º melhora “muito” a transparência das emendas de
relator. “Quero aqui ressaltar e parabenizar o relator da LDO e os
consultores legislativos tanto da Câmara como do Senado”, disse o
emedebista ao ler o trecho. “A figura dos usuários externos ainda
continuará, mas tem que ter um parlamentar apadrinhando aquele usuário
externo”, acrescentou.
O parágrafo 5º do artigo 77-A diz que a transparência sobre a
indicação de emendas de relator assinadas pelo presidente da CMO e do
relator da lei orçamentária anual “abrangerá necessariamente o nome do
parlamentar solicitante, ainda quando o seu pleito se fundamentar em
demanda que lhe tenha sido apresentada por agentes públicos ou por
representantes da sociedade civil”.
Em 12 de julho de 2017, Sergio Moro condenou Lula pelo caso do tríplex do Guarujá.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo Gazeta do Povo
Sergio Moro finalmente disse que será candidato ao Senado pelo
Paraná. E pelo União Brasil. Eu fico me perguntando, ele fez de novo o
que já tinha feito com Bolsonaro… Porque só há uma vaga para o Senado,
Alvaro Dias quer continuar lá e é do Podemos. É o padrinho político de
Moro, foi quem o levou para o Podemos, mas Moro já saiu do partido
também e agora está no União Brasil.
Aliás, não foi só com o presidente Bolsonaro que Moro fez isso. Ainda
ontem estive com a deputada Carla Zambelli; fui ao casamento dela e ele
foi o padrinho. Depois, ele revelou conversas pessoais com a deputada,
disse que ela insistia para ele não deixar o ministério, que ele poderia
ser ministro do Supremo, revelou isso. Passando por cima de um código
de honra, que pena.
O aniversário de uma condenação E no dia em que Moro anunciou a
candidatura, fez aniversário uma condenação proferida por ele em 2017.
No dia 12 de julho daquele ano, Moro condenou Lula a nove anos e meio de
prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex
do Guarujá. Uma condenação que foi confirmada pelo Tribunal Regional
Federal, que se não me engano até aumentou a pena, e depois confirmada
de novo pelo Superior Tribunal de Justiça, que é o órgão máximo para
Código Penal.
O Supremo é para Constituição, para direito constitucional. O máximo é
o Superior Tribunal de Justiça, que antes havia negado todos os
recursos de Lula; como sabemos, Edson Fachin anulou tudo porque disse
que o processo não devia estar na 13.ª Vara de Curitiba. E é o mesmo
Fachin que preside as eleições, e aquele que foi solto por ele agora é
candidato. Se você contar isso na Alemanha, na França, na Itália, na
Inglaterra, nos Estados Unidos, vão rir da gente. Não vão acreditar que
aconteceu isso e estamos olhando. Não sei o que é pior, o que foi feito
ou nossa passividade.
ONGs escondidas na floresta Advogados de Lula vão ter muita coisa para explicar sobre contador Faltam informações sobre o estado de saúde de Jorge Guaranho Eu
fui saber por que a gente não tem detalhes do Jorge Guaranho, que matou
Marcelo Arruda na Sociedade Recreativa Esportiva da Segurança de
Itaipu. Os dois trocaram tiros, um morreu, o outro está na UTI em estado
grave e foi transferido para outro hospital ontem. Mas não ficamos
sabendo quantos tiros ele levou e o resultado daquele massacre de
pontapés que deram enquanto ele estava baleado no chão; pontapés na
cabeça, no rosto, no tórax, nas costas, no peito. Diz que a família não
permite que o boletim médico seja divulgado. Eu gostaria muito de saber
sobre o laudo pericial de lesões, é um caso que ainda precisa ser
totalmente esclarecido.
Até Al Gore reconhece que a Amazônia é dos brasileiros E, por fim,
Al Gore, que foi vice-presidente dos Estados Unidos e é um defensor da
natureza, foi entrevistado pela Folha de S.Paulo, que puxou para ver se
Gore falava mal do presidente, mas ele só falava bem. Disse que não se
lembrava muito bem da conversa com Bolsonaro em Davos, na Suíça, em
2019, mas afirmou que a internacionalização da Amazônia é uma história
ridícula e absurda, que é um assunto para os brasileiros e que tem de
ver a criação de empregos, respeitando o meio ambiente. Exatamente isso
que os defensores da soberania fazem. Ainda ontem, eu estava conversando
com a presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputada Carla
Zambelli, e com o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, e os
dois falavam nisso. São 24 milhões de amazônidas, que estão na região
mais pobre do país, sentados ou vivendo em cima da maior riqueza do
planeta. E por isso a pessoa pega o recurso que está à sua mão, mesmo
porque não tem meios de ir para outro lugar tentar outra coisa. Então é
preciso resolver essa questão, porque a Amazônia Legal é metade do
Brasil, ou mais da metade.
Na
madrugada de segunda-feira (11), uma mulher grávida foi estuprada pelo
médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra na própria sala de parto.
Enquanto a equipe médica realizava a cirurgia de cesárea, a parturiente
estava severamente anestesiada, e durante aproximadamente dez minutos, o
médico anestesista inseriu sua genitália na boca da grávida, que estava
adormecida por conta das altas doses de anestesia. Após concluir o ato
libidinoso, o médico limpou os resíduos de seu ato do rosto e da boca da
vítima.
As auxiliares de saúde que participaram de algumas cesáreas onde o
médico era anestesista já tinham notado um comportamento suspeito dele,
pois, em outras ocasiões, ele permanecia ao lado do rosto das gestantes e
cobria a visão dos demais médicos e auxiliares com os panos cirúrgicos
ou com seu próprio avental. No dia dos fatos, uma enfermeira conseguiu
gravar com um celular o comportamento criminoso do médico, e por conta
disso, ele foi preso em flagrante por estupro de vulnerável.
Esse crime, previsto no artigo 217-A, § 1º do Código Penal, ocorre
quando a vítima tem uma enfermidade ou doença mental que impede o
discernimento para praticar o ato sexual, ou quando há outra causa que a
impossibilite de oferecer resistência ao estupro, como, por exemplo, se
estiver sob o efeito de substância entorpecente, ou até mesmo nos casos
de embriaguez elevada. Essa modalidade de estupro de vulnerável também
ocorre quando a vítima tem menos de 14 anos, mesmo que ela consinta com o
ato sexual.
A hediondez, a gravidade do crime praticado contra uma mulher
grávida, recomenda que esse agressor permaneça afastado do convívio
social durante todo o processo
O ilícito de estupro, principalmente o de vulnerável, é considerado
um crime hediondo, o que significa que o delinquente que pratica esse
crime terá um maior rigor da lei, como não poder receber anistia, graça
ou indulto, e iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.
Sobre a prisão em flagrante realizada, importante deixar claro que
ela pode ocorrer não somente quando o indivíduo está cometendo o crime,
mas também logo após a prática do ilícito penal. No caso concreto, o
médico foi preso em flagrante, e, dentro de 24 horas, será realizada a
chamada audiência de custódia, onde o juiz irá analisar as
circunstâncias da prisão e também poderá converter a prisão em flagrante
em prisão preventiva.
A prisão preventiva pode ser decretada pelo juiz desde que haja um
pedido da polícia ou do Ministério Público nos casos em que o crime é
grave, e também quando não for recomendável a liberdade do preso, pois
ele poderia continuar cometendo crimes semelhantes e colocar a ordem
pública em risco. Acredito que neste caso a prisão preventiva será
decretada, pois é inaceitável que um médico que pratica um crime dessa
gravidade e tão repugnante seja colocado em liberdade.
Após a realização das investigações, onde as auxiliares de enfermagem
serão ouvidas, e possivelmente familiares de outras vítimas – foi
noticiado que outras mulheres começaram a denunciar o médico – o
promotor de Justiça, integrante do Ministério Público Estadual, irá
processar o anestesista Giovanni Quintella Bezerra pelo crime de estupro
de vulnerável, e ao final do processo, ele poderá ser condenado às
penas de 8 a 15 anos de reclusão. Seguramente os advogados do médico
irão ajuizar habeas corpus e inúmeros recursos objetivando a soltura do
investigado, contudo, é primordial que ele permaneça preso para se
evitar que outros crimes semelhantes possam ocorrer.
O simples fato de o médico não ter antecedentes criminais não é
suficiente para colocá-lo em liberdade, pois a hediondez, a gravidade do
crime praticado contra uma mulher grávida, que estava dando a luz
severamente sedada e vulnerável, recomenda que esse agressor permaneça
afastado do convívio social durante todo o processo. Caso fosse solto,
ele poderia, em tese, vir a ameaçar as enfermeiras e testemunhas do
crime.
Este repugnante caso nos faz abordar outra questão, a necessidade da
aprovação da PEC da prisão após condenação em segunda instância (PEC
199/19). É imprescindível e urgente que essa proposta de emenda
constitucional seja aprovada para que criminosos que sejam condenados
pelos tribunais já comecem a cumprir sua pena. Não há o menor sentido em
que estupradores, sequestradores, traficantes, homicidas e grandes
corruptos permaneçam fora da cadeia por anos até que o processo termine.
Muitas vezes, essa conclusão somente acontece após 10, 15 ou 20 anos,
resultando na prescrição do crime e na impunidade, que é um dos grandes
males de nosso país.
Por fim, todos esperam que a justiça seja feita, e que esse médico
permaneça preso e que responda de forma devida por esse e por
eventualmente outros crimes que tenha praticado.
Duração do conflito exaure exércitos e aliados e risco de se estender até o inverno europeu piora crises atuais
THE NEW YORK TIMES – Quando tentam explicar os recentes avanços das operações do Exército russo na Ucrânia,
algumas autoridades ucranianas se acostumaram a dizer: “Todos os russos
burros já morreram”. Trata-se de um elogio ambíguo, querendo dizer que
os russos finalmente encontraram uma maneira mais eficaz de combater
esta guerra, já que seu incompetente desempenho anterior matou milhares
deles.
Precisamente em razão da guerra na Ucrânia parecer
ter se estagnado numa arrastada guerra de desgaste — com os russos
ficando principalmente na retaguarda e simplesmente bombardeando e
disparando fogo de artilharia contra as cidades do leste ucraniano,
arruinando-as para depois avançar — você poderia pensar que a pior fase
deste conflito acabou.
Você estaria equivocado.
Acredito que a guerra na Ucrânia está prestes a entrar em uma nova
fase, com base no seguinte fato: Muitos soldados e generais russos podem
ter morrido, mas os resolutos aliados da Otan estão
cansados. Esta guerra já contribuiu para um enorme aumento nos preços
do gás natural, da gasolina e dos alimentos na Europa — e se o conflito
continuar ao longo do inverno, muitas famílias nos países da União Europeia poderão ter de escolher entre comer ou se aquecer.
Como resultado, acredito que a nova fase da guerra será o embate
entre o que qualifico como a “estratégia de inverno” de Vladimir Putin e
a “estratégia de verão” da Otan.
É óbvio que Putin está disposto a continuar abrindo caminho com fogo
na Ucrânia, na esperança de que a elevada inflação sobre os preços da
energia e dos alimentos na Europa eventualmente frature a aliança
atlântica. Suas escolhas parecem ser: Se as temperaturas ficarem mais
baixas que o normal na Europa; e se a oferta global de petróleo e gás
ficar mais baixa que o normal; e se os preços-médios globais ficarem
mais altos que o normal; e se apagões de eletricidade decorrentes da
escassez de energia se tornarem algo generalizado; haverá uma boa chance
de os membros europeus da Otan começarem a pressionar o presidente da
Ucrânia, Volodmir Zelenski, a perseguir um acordo com a Rússia —
qualquer acordo — para o fim dos combates.
Então, Putin deve certamente estar dizendo aos seus soldados e
generais exaustos: “Aguentem até o Natal. O inverno é nosso amigo”. Não é
uma estratégia tresloucada. Conforme Jim Tankersley, do Times, noticiou
semana passada: “Autoridades da Casa Branca temem que uma a nova rodada
de penalidades europeias destinadas a diminuir o fluxo de petróleo
russo até o fim do ano poderia fazer os preços aumentarem novamente,
castigando mais consumidores que já sofrem e mergulhando os Estados
Unidos e outras economias numa severa recessão. Esta sucessão de eventos
poderia exacerbar a grave crise alimentar que já assola países de todo o
mundo”.
Os esforços da Otan e da UE para diminuir as exportações de petróleo
russo para a Europa, seguiu a reportagem, “poderiam fazer os preços do
barril do petróleo saltarem para US$ 200 ou mais, o que se traduziria em
americanos pagando US$ 7 pelo galão de gasolina”. Gasolina vendida a
US$ 9 ou US$ 10 por galão já não é algo incomum na Europa, onde os
preços do gás natural aumentaram “cerca de 700%”, segundo noticiou a
Bloomberg, “desde o início do ano passado, empurrando o continente para a
beira da recessão”.
Enquanto isso, autoridades da Otan, dos EUA e da Ucrânia estão
certamente dizendo a si mesmas: “Sim, o inverno é nosso inimigo. Mas o
verão e o outono podem ser nossos amigos — SE formos capazes de infligir
um castigo verdadeiro no cansado Exército de Putin neste momento, então
no mínimo ele aceitará um cessar-fogo”.
Essa estratégia também não é nada tresloucada. Putin pode estar
alcançando alguns avanços no leste da Ucrânia, mas sob um preço
extremamente elevado. Numerosas análises militares sugerem que a Rússia
sofreu no mínimo 15 mil baixas de militares em menos de cinco meses — um
número de mortes estarrecedor — e provavelmente outros 30 mil soldados
russos ficaram feridos. Mais de mil tanques e peças de artilharia da
Rússia foram destruídos.
Autoridades americanas me dizem que Putin não possui nem de perto
neste momento soldados suficientes para romper as defesas no leste
ucraniano e tomar o porto de Odessa, para conseguir furtar a Ucrânia de
seu acesso ao mar e estrangular sua economia.
Conforme Neil MacFarquhar, do Times, noticiou no fim de semana, Putin
precisa desesperadamente de mais forças simplesmente para manter seu
impulso recente no leste e já “manobra secretamente” para conseguir
colocar mais soldados no front “sem apelar para uma conscrição nacional
politicamente arriscada. Para compensar a escassez de soldados no front,
o Kremlin está se valendo de uma combinação entre minorias étnicas
empobrecidas, ucranianos dos territórios separatistas, mercenários e
unidades militarizadas da Guarda Nacional”, além de prometer grandes
incentivos em dinheiro para voluntários.
Putin está relutante em convocar mais soldados porque isso revelaria
que a ação que ele classificou para o seu povo como uma mera “operação
militar especial” na Ucrânia não é apenas algo muito maior, mas também
algo muito pior.
Nada indica que Putin esteja disposto a buscar um acordo de paz
definitivo, mas poderá ser impossível forçá-lo a um cessar-fogo desse
tipo
A Otan claramente espera que o Exército ucraniano possa usar os novos
Sistemas de Artilharia com Foguetes de Alta Mobilidade (HIMARS) M142
que os EUA transferiram para Kiev para infligir uma quantidade
significativamente maior de mortes e destruição sobre as forças russas
na Ucrânia durante o verão e o outono. Desta forma, os avanços de Putin
poderão não apenas estagnar, mas até mesmo perder terreno, e o
presidente russo poderá se sentir compelido a concordar com um
cessar-fogo, uma grande troca de prisioneiros, retiradas humanitárias e
melhores condições para as exportações de alimentos da Ucrânia — tudo
isso ajudaria a fazer baixar a inflação e, com sorte, reduziria a
pressão dos aliados europeus da Ucrânia para Kiev simplesmente
estabelecer qualquer tipo de acordo com Putin.
Nada indica que Putin esteja disposto a buscar um acordo de paz
definitivo, mas poderá ser impossível forçá-lo a um cessar-fogo desse
tipo — o que causaria alívio nos mercados de energia e alimentos.
Por todas essas razões, eu argumentaria que a guerra na Ucrânia está
prestes a entrar em sua fase mais perigosa desde a invasão russa, em
fevereiro: A estratégia de inverno de Putin encarará a estratégia de
verão da Otan.
Não surpreende que uma vice-primeira-ministra ucraniana, Irina
Vereshchuk, tenha insistido a moradores dos territórios ocupados pela
Rússia no sul da Ucrânia que deixem o local rapidamente para que os
russos não possam usá-los como escudo humano durante a esperada
contraofensiva ucraniana. “Vocês precisam encontrar alguma maneira de
sair daí, porque nossas Forças Armadas estão chegando para a
desocupação”, afirmou ela. “Haverá uma luta imensa.”
Lastimavelmente, não há como prever o que Putin poderá fazer se suas
forças ficarem estagnadas outra vez ou perderem terreno. Isso poderia
torná-lo mais aberto ao cessar-fogo. Poderiam também forçá-lo a
empreender uma mobilização nacional para levar mais soldados para o
campo de batalha.
Só estou certo de uma coisa: Esta guerra não Ucrânia não vai acabar —
realmente acabar — enquanto Putin estiver no poder em Moscou. Isso não é
um chamado por sua derrubada. Cabe aos russos decidir isso. É
simplesmente a observação de que esta guerra sempre foi a guerra de
Putin. Ele a concebeu pessoalmente, planejou, comandou e justificou a
ação. É impossível para ele imaginar que a Rússia sem a Ucrânia é
verdadeiramente uma grande potência. Então, ainda que possa ser
impossível obrigar Putin ao cessar-fogo, duvido que isso seja mais do
que passageiro.
Em suma: Esta guerra na Ucrânia está tão longe de acabar que nem consigo imaginar como ela vai acabar. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO